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CULTURA DO TOMATEIRO 1 INTRODUÇÃO A espécie cultivada (Lycopersicon esculentum) originou-se numa região ocidental da América do Sul, na cordilheira andina, havendo espécies silvestres afins, desde a Colômbia até o norte do Chile. Antes da colonização espanhola o tomate foi cultivado no México. Hoje é a mais universal das hortaliças, sendo produzida e consumida em numerosos países. O tomateiro é uma Solanaceae perene, que pode permanecer por mais de um ano no solo, porém cultivada como anual. A planta é herbácea, com caule flexível, semi-lenhoso, que exige tutoramento para manter-se ereto. A condução no sentido vertical é o que mais convém à produção para mercado. Sem poda, o aspecto natural da planta é o de uma moita ou arbustivo rastejante. Há dois hábitos de crescimento nas cultivares plantadas no Brasil: a) indeterminado: há dominância apical e crescimento contínuo, juntamente com produção de flores e frutos, sendo que a altura pode ultrapassar 2 m. É apropriado para obtenção de frutos para mercado, exigindo tutoramento, a campo ou em estufa. No grupo Santa Cruz todas as cultivares apresentam este hábito; b) determinado: os ramos laterais crescem tanto quanto a haste principal, formando uma moita. A haste atinge pouco mais de 1 m e termina por um cacho de flores. O hábito é apropriado para a cultura rasteira destinada à indústria. No grupo Industrial todas as cultivares apresentam este hábito. A raiz principal, pivotante, destaca-se apenas na planta jovem, depois as raízes laterais e as adventícias ao caule desenvolvem-se grandemente. O sistema radicular alcança 1,5 m de profundidade, mas a maior parte dele concentra-se até 35 cm. A repicagem e o transplante muito favorecem o crescimento lateral, e a semeadura direta, a profundidade. As folhas são compostas, com número ímpar de folíolos peciolados. As flores agrupam-se em cachos, sendo hermafroditas. A planta é autógama, com taxa de alogamia inferior a 5%. O fruto é uma baga carnosa, com formato, cor, tamanho e peso muito variados. O vermelho é dado pelo carotenóide 3

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CULTURA DO TOMATEIRO

1 INTRODUÇÃO

A espécie cultivada (Lycopersicon esculentum) originou-se numa região ocidental da América do Sul, na cordilheira andina, havendo espécies silvestres afins, desde a Colômbia até o norte do Chile. Antes da colonização espanhola o tomate foi cultivado no México. Hoje é a mais universal das hortaliças, sendo produzida e consumida em numerosos países.

O tomateiro é uma Solanaceae perene, que pode permanecer por mais de um ano no solo, porém cultivada como anual. A planta é herbácea, com caule flexível, semi-lenhoso, que exige tutoramento para manter-se ereto. A condução no sentido vertical é o que mais convém à produção para mercado. Sem poda, o aspecto natural da planta é o de uma moita ou arbustivo rastejante.

Há dois hábitos de crescimento nas cultivares plantadas no Brasil:a) indeterminado: há dominância apical e crescimento contínuo, juntamente

com produção de flores e frutos, sendo que a altura pode ultrapassar 2 m. É apropriado para obtenção de frutos para mercado, exigindo tutoramento, a campo ou em estufa. No grupo Santa Cruz todas as cultivares apresentam este hábito;

b) determinado: os ramos laterais crescem tanto quanto a haste principal, formando uma moita. A haste atinge pouco mais de 1 m e termina por um cacho de flores. O hábito é apropriado para a cultura rasteira destinada à indústria. No grupo Industrial todas as cultivares apresentam este hábito.

A raiz principal, pivotante, destaca-se apenas na planta jovem, depois as raízes laterais e as adventícias ao caule desenvolvem-se grandemente. O sistema radicular alcança 1,5 m de profundidade, mas a maior parte dele concentra-se até 35 cm. A repicagem e o transplante muito favorecem o crescimento lateral, e a semeadura direta, a profundidade. As folhas são compostas, com número ímpar de folíolos peciolados. As flores agrupam-se em cachos, sendo hermafroditas. A planta é autógama, com taxa de alogamia inferior a 5%.

O fruto é uma baga carnosa, com formato, cor, tamanho e peso muito variados. O vermelho é dado pelo carotenóide licopeno que, segundo pesquisas no Japão, é anticancerígeno. Quando a película é translúcida o resultado é a coloração rosada do fruto, características de cultivares pluriloculares japonesas. Com película amarela resulta um vermelho vivo, nas cultivares americanas e brasileiras. O fruto é dividido em lóculos, com sementes envoltas em mucilagem, pequenas (300-400/g) e cobertas por pêlos.

2 CLIMA E ÉPOCA DE PLANTIO

A espécie cultivada, por ter origem próximo ao Equador, nos Andes, adapta-se melhor ao clima tropical de altitude (regiões com altitude de 800 m ou acima), sub-tropical ou temperado, seco e com alta luminosidade. É exigente em termoperiodicidade diária, ou seja: temperaturas amenas durante o dia (21-28ºC) e menores durante a noite (15-20 ºC), com uma diferença de 6-8ºC.

A temperatura média no período de cultivo deve ser de 21ºC, mas a planta pode tolerar uma amplitude de 10ºC a 34ºC. Quando submetida a temperaturas inferiores à 12ºC a planta de tomateiro tem seu crescimento reduzido, sendo sensível a geadas. Em temperaturas médias superiores a 28ºC, formam-se frutos

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com coloração amarelada em razão da redução da síntese de licopeno (responsável pela coloração vermelha típica dos frutos) e aumenta a concentração de caroteno (pigmento que confere coloração amarelada à polpa). Temperatura noturna próxima a 32ºC causa abortamento de flores, mau desenvolvimento dos frutos e formação de frutos ocos. A produção de pólen é afetada tanto por temperaturas altas (> 40ºC) quanto por temperaturas baixas (< 10ºC). Extremos térmicos (frio ou calor) ocasionam ou contribuem para ocorrerem anomalias de origem fisiológica nos frutos, tais como, podridão apical e lóculo aberto.

Altos índices pluviométricos e alta umidade relativa desfavorecem a cultura e beneficiam os patógenos (fungos e bactérias), além de prejudicar a qualidade dos frutos destinados à indústria, por causa da redução do teor de sólidos solúveis (ºBrix) e do aumento de fungos na polpa.

O tomateiro não responde significativamente ao fotoperíodo, desenvolvendo-se bem tanto em condições de dias curtos quanto de dias longos.

Altitudes maiores que 800 m permitem a tomaticultura tutorada ao longo do ano, com produtividade e qualidade elevadas, contrariamente, em qualquer altitude, a cultura rasteira deve ser semeada apenas no outono-inverno, já que a chuva é o fator limitante, pois prejudica a qualidade da matéria-prima.

3 CULTIVARES

3.1 Grupo Santa Cruz

Surgiu, inicialmente, do cruzamento natural entre as cultivares Rei Humberto e Redondo Japonês na década de 1930, com posterior seleção por agricultores. Características do grupo:

a) frutos para consumo in natura;b) plantas altas, de crescimento indeterminado;c) frutos oblongos, com diâmetro transversal menor que diâmetro

longitudinal;d) bi ou triloculares;e) resistentes ao transporte;f) peso médio do fruto variando de 80 a 200 g.Em termos de Brasil é o grupo mais aceito pelos consumidores.

Comparando com outros materiais para consumo in natura, tem preço mais baixo e o sabor, geralmente mais ácido. Algumas cultivares deste grupo: Kada, Santa Clara, Ângela I-5100, Bruna F1, Débora Max F1, Débora Plus F1, Bônus F1, Drica.

3.2 Grupo Salada

Também chamado tomatão, tomate-caqui ou tomate-maçã. Características deste grupo:

a) a planta pode apresentar crescimento indeterminado ou determinado;b) os frutos são pluriloculares com quatro ou mais lóculos;c) apresentam formato globular achatado, com diâmetro transversal maior

que diâmetro longitudinal;d) os frutos são graúdos, com peso unitário acima de 200 g, com coloração

vermelha ou rosada;e) quanto ao sabor, a maioria das cultivares, apresenta os frutos menos

ácidos que os tomates do grupo Santa Cruz.

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Algumas cultivares do grupo salada: Sunny F1, Pacific F1, Sunjay, Raisa N F1, Gisele F1, Diana F1, Rocio.

3.3 Grupo Saladinha

Algumas cultivares surgiram do cruzamento de materiais do grupo Santa Cruz e do grupo Salada. Entretanto, a maioria das cultivares tem origem na seleção de materiais do grupo Salada. Os frutos do grupo Saladinha têm formato globular achatado, são pluriloculares, cor vermelha intensa, peso entre 150 e 250 g e hábito de crescimento indeterminado. Algumas cultivares: Saladinha F1, Saladinha Plus F1, Carmem F1, Diva.

3.4 Grupo Cereja

Aqui talvez fosse melhor a denominação mini-tomate, pois existem materiais que fogem ao padrão do chamado tomate cereja, seja pelo formato periforme ou pela coloração amarela.

As variedades deste grupo possuem frutos pequenos (< 30 g) apresentando pencas com 12 a 30 frutos, dispensando o desbaste, visto que, o objetivo não é a produção de frutos grandes.

Este tipo de cultura tem mercado limitado, sendo mais utilizado para ornamentação de pratos. Alguns materiais disponíveis são: Sweet Gold F1, Sweet Million F1, Orange Sugar F1, Cereja Rubi AG 551, Mountain Belle, Yellow Pear.

3.5 Grupo Indústria

O tomate é a matéria-prima das mais importantes para a agroindústria brasileira, do qual são extraídos diversos produtos: suco, purê, extrato ou massa, ketchup, molho, tomate inteiro enlatado, etc., além do vasto uso na formulação de molhos de pizza, macarrão, carnes, peixes, sopas e caldos de carne em tablete.

A busca de maior produtividade e precocidade, época de maturação mais concentrada e outras características inerentes à qualidade do fruto para indústria, faz-se imprescindível. As cultivares para indústria apresentam as seguintes características:

a) hábito de crescimento determinado, sendo cultivadas sem tutoramento;b) em geral ciclo curto, de 100 a 130 dias;c) maturação concentrada, sendo a colheita efetuada num período de

30 dias;d) os frutos apresentam cor vermelha intensa, interna e externamente;e) polpa espessa e com poucas sementes;f) os frutos devem apresentar alto teor de sólidos, idealmente entre 5,5 e 6%

(quanto maior o teor de sólidos, menos energia para obter a massa);g) frutos ácidos, com pH menor que 4,4 (menor pH, menor tempo para

esterilização da massa);h) frutos resistentes ao transporte.

Algumas cultivares desse grupo são: Roma VF, Rossol VFN, Petomech, Rio Grande, Agrocica-Botu 7, Ipa 5, Ipa 6, Viradoro, Toro F1, Santamélia.

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3.6 Grupo Italiano (Saladete)

O grupo Italiano, também chamado Saladete, é o mais novo no mercado de tomates de consumo in natura, introduzido no final da década de 90. Características deste grupo:

a) os frutos são compridos (geralmente de 7 a 10 cm) e com diâmetro reduzido (geralmente de 3 a 5 cm), às vezes pontiagudo;

b) os frutos são biloculares;c) os frutos possuem polpa espessa, com coloração vermelha intensa,

sendo muito firmes e saborosos;d) são colhidos maduros, destinando-se ao preparo doméstico de molhos e,

também, servindo para ornamentação de pratos;e) as plantas são de crescimento indeterminado e determinado, devendo ser

conduzidas com tutoramento, em estufa ou a campo.A demanda tem sido crescente e os preços alcançados no mercado

ligeiramente superiores aos do grupo Santa Cruz e Saladinha. Entretanto, muitos consumidores ainda não o conhecem, devendo o produtor avaliar bem o mercado, antes do plantio.

Alguns materiais disponíveis são: Andréa F1, Supera F1, San Marzano, Heinz 9780, Kátia, San Vito.

4 SOLO, NUTRIÇÃO MINERAL E ADUBAÇÃO

O solo ideal para o cultivo do tomateiro deve ser profundo, de fácil drenagem, areno-argiloso, com teor de matéria orgânica em torno de 3%, e níveis adequados de nutrientes.

Ao se fazer à correção da acidez do solo, deve-se procurar um valor de pH que resulte em boa eficiência de absorção para todos os nutrientes. Para tomateiro, esse valor de pH encontra-se na faixa de 5,5 a 6,5.

A calagem é uma prática que deve ser feita a partir da análise do solo. O calcário, de preferência dolomítico, que fornece simultaneamente cálcio e magnésio, deve ser aplicado dois meses antes do plantio e incorporado à profundidade de 30 cm, utilizando-se metade da quantidade antes da aração e a outra metade antes da gradagem. Para que o calcário tenha melhor efeito, o solo deve estar com teor de umidade superior a 80% da capacidade de campo. Quando o solo apresentar pH acima de 5,0, a correção é apenas complementar, sendo o corretivo aplicado de uma só vez e incorporado com o auxílio de grade.

A marcha de absorção de nutrientes pelo tomateiro foi estudada por Gargantini & Blanco, em 1963. Os nutrientes absorvidos em maior quantidade, em ordem decrescente, foram o K, N, Ca, S, P e Mg, e, para uma produção da ordem de 41 t/ha, a extração foi aproximadamente 185 kg/ha K, 94 kg/ha N, 31 kg/ha Ca, 28 kg/ha S, 18 kg/ha P e 9 kg/ha Mg. Os nutrientes N, P, K e Mg apresentaram alta translocação dos órgãos vegetativos para os frutos enquanto que, o Ca e S, apresentaram baixa translocação. A absorção de P e Ca pelo tomateiro é relativamente constante durante o ciclo, enquanto que, os nutrientes N, K, S e Mg apresentaram um pico de absorção no período de 80 a 110 dias após a semeadura, período este que coincide com um intenso florescimento e crescimento de frutos (Figuras 1 e 2).

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Figura 1: Acúmulo de N, P e K pela planta do tomateiro cv. Santa Cruz 1639, durante os diferentes estádios de desenvolvimento.

Figura 2: Acúmulo de Ca, Mg e S pela planta do tomateiro cv. Santa Cruz 1639, durante os diferentes estádios de desenvolvimento.

4.1 Adubação para a cultura de consumo in natura

A adubação química do tomateiro deve ser orientada conforme os resultados da análise de solo (Tabela 1) e, segundo as características do material plantado (para consumo ou para indústria).

Tabela 1 Sugestão de adubação NPK de plantio, para tomateiro tutorado, em campo aberto, cultivado no sistema tradicional*, para uma produtividade esperada de 100 t/ha.

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185 kg/ha K

94 kg/ha N

18 kg/ha P

31 kg/ha Ca

28 kg/ha S

9 kg/ha Mg

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Textura do soloArgilosa Média Arenosa K2O N

Disponibilidade de P ou de K Dose de P2O5 (kg/ha) kg/ha kg/haBaixa 1200 900 600 800 400Média 1000 800 500 600 300Alto 700 600 400 400 200Muito Alto 500 400 300 200 100Fonte: Comissão (1999)*Sistema tradicional de adubação (adubo em pó ou granulado, colocado ao lado das plantas) e irrigação por infiltração através de sulcos.

No caso de solos de baixa fertilidade, como os de Cerrado, sugere-se aplicar por ocasião do plantio, juntamente com o N, P e K, sulfato de magnésio (80 a 100 kg/ha), bórax (15 a 20 kg/ha) e sulfato de zinco (5 a 10 kg/ha).

Com relação às adubações de cobertura, estas deverão ser parceladas de acordo com desenvolvimento da cultura. O parcelamento deve ser no máximo quinzenal, para evitar grandes perdas por lixiviação, percolação ou volatização (Tabela 2).

Tabela 2 Parcelamento (% do total) da adubação, em seis coberturas, em tomate tutorado.Idade da planta em dias após a semeadura para obtenção de mudas

Nutrientes 25 40 55 70 85 100 115Tranplantio Primeira Segunda Terceira Quarta Quinta Sexta

N 10 10 10 20 20 15 15P2O5 70 30 0 0 0 0 0K2O 10 15 15 20 20 15 05Fonte: Filgueira (1999).Observação: a primeira aplicação de fertilizantes em cobertura é incorporada pela amontoa.

Nas Tabelas 3 e 4 são apresentados os principais fertilizantes, fontes de macro e micronutrientes, e suas garantias mínimas.

Tabela 3 Principais fertilizantes simples utilizados como fontes de macronutrientes e suas garantias mínimas.

Teores de (%)Fertilizantes N P2O5 K2O S Ca Mg1. Uréia 44 - - - - -2. Nitrato de amônio 32 - - - - -3. Sulfato de amônio 20 - - 22-24 - -4. Nitrato de potássio 13 - 44 - - -5. Nitrato de cálcio 15,5 - - - 19 -6. Nitromag 26 - - - 8 57. Magnitra-L 7 - - - - 108. Fosfato monoamônico (MAP) 9 44-48 - - - -9. Fosfato diamônico (DAP) 16 38-45 - - - -10. Superfosfato simples - 18 - 10-12 18-20 -11. Superfosfato triplo - 41 - - 12-14 -12. Termofosfato magnesiano - 14-17 - - 18-20 713. Cloreto de potássio - - 58 - - -14. Sulfato de potássio - - 48 15-17 - 0-1.215. Sulfato de potássio e magnésio - - 18 22-24 - 4.516. Sulfato de cálcio - - - 13 16 -17. Sulfato de magnésio - - - 12-14 - 9Fonte: Comissão (1999).

Tabela 4 Principais fertilizantes simples utilizados como fontes de micronutrientes e suas garantias mínimas.

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Teores de (%)Fertilizantes B Cu Fe Mn Mo Zn1. Bórax 11 - - - - -2. Ácido bórico 17 - - - - -3. Silicato de boro 1 - - - - -4. Sulfato de cobre - 13 - - - -5. Quelato de cobre - 5 - - - -6. Óxido cúprico - 75 - - - -7. Silicato de cobre - 2 - - - -8. Sulfato ferroso - - 19 - - -9. Sulfato férrico - - 23 - - -10. Quelato de ferro - - 5 - - -11. Sulfato manganoso - - - 26 - -12. Quelato de manganês - - - 5 - -13. Óxido manganoso - - - 41 - -14. Silicato de manganês - - - 2 - -15. Molibdato de sódio - - - - 39 -16. Molibdato de amônio - - - - 54 -17. Silicato de molibdênio - - - - 0,1 -18. Sulfato de zinco - - - - - 2019. Quelato de zinco - - - - - 520. Óxido de zinco - - - - - 5021. Silicato de zinco - - - - - 3Fonte: Comissão (1999).

4.2 Adubação para a cultura do tomateiro industrial

Por ser a cultura industrial formada por cultivares de crescimento determinado e de ciclo curto, a demanda de fertilizante é relativamente pequena em relação à cultura de consumo in natura.

Para uma produtividade de 70 t/ha de frutos com boas características agroindustriais, sugere-se adubação conforme a Tabela 5.

Tabela 5 Sugestão de adubação NPK, para tomateiro industrial, em kg/ha.Textura do solo

Disponibilidadede K e P

Argilosa Média Arenosa Dose totalDoses de P2O5 K2O N

Baixa 600 500 400 200 120Média 500 400 300 150 100Alta 400 300 200 100 80Muito Alta 300 200 100 60 50Fonte: Comissão (1999).

Sugere-se o parcelamento da adubação NPK, da seguinte forma: por ocasião da semeadura, colocar 20% do N, 70% do P2O5 e 50% do K2O, aos 25 a 30 dias após a semeadura, 40% de N, 30% de P2O5 e 30% de K2O; e, aos 50 a 60 dias após a semeadura, 40% de N e 20 % de K2O.

Sugere-se ainda, em solos de baixa fertilidade, aplicar 15 a 20 kg/ha de bórax, 5 a 10 kg/ha de sulfato de zinco e 80 a 100 kg/ha de sulfato de magnésio, por ocasião do plantio.

4.3 Fertirrigação para cultura do tomateiro de consumo in natura

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A fertirrigação é o processo de adubação no qual o fertilizante é colocado em disponibilidade para a planta solubilizado em água. Neste caso, a adubação e a irrigação são feitas simultaneamente. É necessário o uso de fertilizantes extremamente solúveis e equipamentos de irrigação adaptados à fertirrigação.

Para a cultura do tomateiro, o método de fertirrigação indicado é o localizado, no qual a solução água/fertilizante é aplicada diretamente no local de maior concentração de raízes, com pequena intensidade e alta freqüência, seja em condições de campo ou em ambiente protegido.

A irrigação localizada, com o uso de tubos gotejadores com vazão de 1 a 2,5 L/h, exige água com boa qualidade, livre de microrganismos e de sólidos em suspensão que podem entupir os pequenos orifícios dos tubos gotejadores. A injeção de fertilizantes deve ser iniciada depois que todas as linhas de irrigação estiverem cheias d’água, com os gotejadores atingindo vazão constante, geralmente após 10 a 15 min do início da irrigação. O tempo de aplicação do fertilizante varia, geralmente, de 30 a 60 min, em função da capacidade da bomba injetora de fertilizantes e da vazão do tubo gotejador. Após a aplicação do fertilizante, é importante continuar a irrigação por 10 a 20 min para lavar o sistema de irrigação e evitar o entupimento dos tubos gotejadores.

Vantagens da fertirrigação:a) aplicação racional de fertilizantes com menor perda e maior eficiência no

seu uso;b) o fertilizante é colocado a tempo e a hora para a cultura;c) regula a quantidade de nutrientes a aplicar;d) proporciona um aumento no crescimento da planta e na produção;e) é um método simples e barato, pois utiliza o sistema de irrigação

existente;f) a aplicação é segura, não havendo perigo de queima das folhas, por ser

feita diretamente na região das raízes do tomateiro;g) diminui os efeitos nocivos ao meio ambiente;h) economia considerável de água;i) automatização da fertilização: grande economia de mão-de-obra.

Desvantagens da fertirrigação:a) alto custo inicial;b) possibilidade de obstrução de gotejadores se o manejo não for correto;c) requer pessoal especializado para seu manejo.

4.3.1 Solubilidade dos fertilizantes

Para se alcançar êxito na fertirrigação deve-se utilizar fontes de alta solubilidade para que, a concentração de nutrientes na solução aplicada seja, de fato, aquela calculada. Outro aspecto importante da solubilidade é que alguns fertilizantes que não apresentam dissolução completa podem causar entupimento nos emissores, principalmente dos gotejadores.

Na Tabela 6 são apresentadas as solubilidades de vários fertilizantes a temperatura de 20ºC. Quando a temperatura da água estiver abaixo da apresentada na tabela, menor quantidade de fertilizante será solubilizada. Por isso, principalmente no inverno, é necessário avaliar a temperatura da água antes de se proceder a solubilização dos fertilizantes, pois, freqüentemente se opera à temperatura da água inferior a 20ºC. A própria mistura de fertilizantes pode

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promover o abaixamento da temperatura da água, em função das reações de dissolução absorverem calor. É o ocorre quando fertilizantes nitrogenados são solubilizados. O nitrato de amônio (33,5% N) aplicado numa concentração de 10 g.L-1 promove abaixamento de 2ºC na temperatura da solução, porém numa concentração de 100 g.L-1 a temperatura diminui de 7,2ºC.

Deve-se, também, evitar fertilizantes que apresentem: a) condicionadores (usados para prevenir a quebra dos grânulos), b) substâncias como óleo ou parafina, que revestem os fertilizantes que têm problemas de higroscopicidade, c) argilas presentes nos adubos fluidos para manter o potássio em suspensão, d) outras impurezas, como óxido de ferro, presentes no cloreto de potássio vermelho, etc.

Tabela 6 Solubilidade de alguns fertilizantes a 20ºC.FERTILIZANTE SOLUBILIDADE(1)

Nitrato de amônio 118Nitrato de cálcio 102Sulfato de amônio 71Uréia 78Superfosf. Simples 2Superfosf. Triplo 4Cloreto de potássio 34Sulfato de potássio 11Map 23Dap 40Nitrato de potássio 32Cloreto de cálcio pentahidratado 67Sulfato de magnésio 71Bórax 5Sulfato de Cobre 22Sulfato de Cobre pentahidratado 24Sulfato de Ferro 24Sulfato Ferroso 33Sulfato de Manganês 105Sulfato de Zinco 75Quelatos (Fe, Cu, Mn e Zn) EDTA, DTPA AltaFonte: Landis et al. apud Lopez (1998).(1) Partes solubilizadas em 100 partes de água a 20ºC.

4.3.2 Compatibilidade dos fertilizantes

A compatibilidade entre os adubos e destes com os íons presentes na água de irrigação é outro fator de suma importância. No preparo das soluções muitas vezes é necessário misturar mais de uma fonte. Nesse caso, deve-se recorrer aos quadros de compatibilidade como o da Figura 3, afim de certificar-se se a mistura pode ou não ser realizada.

Como regra geral, o íon sulfato é incompatível com cálcio; e os fosfatos, com cálcio e magnésio. Do mesmo modo, águas ricas em cálcio e magnésio podem formar compostos insolúveis com fósforo e sulfato. A aplicação de fertilizantes incompatíveis, por exemplo, Ca(NO3)2 + K2SO4, devem ser feitas a partir de tanques independentes ou aplicados em momentos diferentes, de modo que não haja contato entre as soluções concentradas desses fertilizantes. Sempre que forem feitas misturas de fertilizantes diferentes dos utilizados convencionalmente, deve-se fazer o “teste da jarra”, que consiste em se misturar os fertilizantes em uma jarra na mesma proporção que será utilizada no reservatório, esperando por duas horas

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após a mistura. Se não ocorrer a formação de precipitado, a mistura poderá ser feita sem problemas.

Figura 3: Solubilidade de mistura de fertilizantes líquidos (algumas formulações são incompatíveis em concentrações na solução estoque, devendo ser evitadas). Fonte: Landis et al. apud Lopez (1998).

A adubação do tomateiro, via fertirrigação, pode ser feita com todos os nutrientes, para atender a demanda nutricional da espécie. Para isso, várias empresas que atuam na área de fertilizantes oferecem “pacotes” completos de nutrientes para fertirrigação. Entretanto, o produtor de tomates pode atender a demanda nutricional da planta, com o uso de fertilizantes simples, indicados para programas de fertirrigação, conformes os citados na Tabela 7. Por outro lado, quando o tomateiro é produzido no solo, seja em campo ou em estufa, o mais usual é a fertirrigação apenas com os nutrientes N, P, K e Ca. Até mesmo o P pode ser colocado no solo, totalmente por ocasião do transplantio da muda, dispensando, portanto, o seu uso através de fertirrigação. Diante disso, resta apenas o N e o K, e se necessário o Ca, na rotina da fertirrigação.

Diante da falta de maior número de pesquisas de fertirrigação para o tomateiro, publicadas no Brasil, sugere-se a mesma recomendação de N e K, em cobertura, indicada para uso em campo, via tradicional, ou uma redução da ordem de 20 a 30% daqueles valores, dependendo das condições.

Tabela 7 Produtos recomendados para fertirrigação.

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Teores (%)Fertilizantes N P2O5 K2O S Ca Mg1. Nitrato de potássio 13 - 44 - - -2. Nitrato de cálcio 15,5 - - - 19 -3. Uréia 44 - - - - -4. Nitrato de amônio 32 - - - - -5. Nitromag 26 - - - 8 56. Magnitra-L 7 - - - - 107. Fosfato monoamônio (MAP) 9 44-48 - - - -8. Fosfato diamônio (DAP) 16 38-45 - - - -9. Sulfato de potássio - - 48 15-17 - 0-1,210. Sulfato potássio e magnésio - - 18 22-24 - 4,5

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11. Sulfato de cálcio - - - 13 16 -12. Sulfato de magnésio - - - 12-14 - 9Fontes de micronutrientes - - - - - -1. Quelato de ferro 5% de Fé2. Quelato de manganês 5% de Mn3. Sulfato de cobre 13% de Cu4. Sulfato de zinco 20% de Zn5. Ácido bórico 17% de B6. Molibdato de amônio 54% de Mo7. Molibdato de sódio 39% de MoFonte: Alvarenga (2000).

A Figura 4 mostra como o ciclo do tomateiro pode ser dividido em três fases distintas. A primeira fase, que tem duração de cinco semanas, aproximadamente, vai do transplante das mudas (30 dias após a semeadura) até o início do florescimento (ao redor de 70 dias). A segunda fase vai do florescimento ao início da colheita (aos 110 - 115 dias), com cinco a seis semanas. A terceira e última fase vai do início ao final da colheita, é a mais longa, com seis a oito semanas, dependendo do manejo da cultura, no campo ou em ambiente protegido.

Figura 4: Esquema do ciclo do tomateiro, em dias, da semeadura à colheita.

Diante disso e em função da marcha de absorção de nutrientes pelo tomateiro durante o ciclo, sugere-se colocar em torno de 15% a 20% da recomendação de cobertura na primeira fase, de 25 a 30% na segunda fase e de 55 a 60% na terceira fase. Em função da exigência por Ca ser maior no período de florescimento e frutificação, sugere-se colocar em torno de 25 a 30% na segunda fase e 70 a 75% na terceira fase.

5 IMPLANTAÇÃO DA CULTURA

5.1 Semeadura direta

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É o processo de plantio usado para implantar a cultura de tomate destinada à indústria. O método é simples e consiste na semeadura feita por plantadeiras tradicionais usadas na semeadura de grãos. O uso destas semeadeiras tem como desvantagem o gasto excessivo de sementes por hectare, aproximadamente, 3 kg/ha, semente esta geralmente fornecida pela indústria.

Alguns cuidados especiais devem ser tomados para a implantação com sucesso da cultura através da semeadura direta:

a) fazer controle preventivo de plantas daninhas, com uso de herbicidas;b) semear a uma profundidade menor que 2 cm;c) fazer bom preparo do solo com total destruição de torrões e eliminação

de restos da cultura;d) manter, na fase inicial de implantação da cultura, a umidade do solo sem

excesso.O processo de plantio de tomate através da semeadura direta apresenta

como grande vantagem à economia de mão-de-obra. Entretanto, mesmo para culturas destinadas à indústria, há uma tendência em substituir o processo de plantio através de semeadura direta pelo sistema de transplantio de mudas, principalmente quando se usam híbridos.

5.2 Transplante de mudas

Os métodos para produção de mudas de tomate, antigamente usados, eram através de sementeiras e/ou copinho de jornal.

Entretanto, atualmente, recomenda-se à produção de mudas em bandejas de isopor com 128 e 200 células. Existem também no mercado bandejas de plástico com 450 e 288 células. Ambas podem ser utilizadas para produção de mudas de tomate. O uso destas bandejas tem como vantagens:

a) o ambiente adequado para germinação das sementes;b) cada planta cresce independentemente uma da outra;c) o ambiente é estéril, sem risco de patógenos freqüentes nos solos;d) o transporte das mudas é feito com facilidade;e) o rendimento por ocasião do transplante é elevado.O sistema deve possuir os seguintes componentes básicos: bandejas de

isopor, suporte para as bandejas, substrato, estrutura para irrigação e proteção.A adubação e o controle de pragas e doenças também devem ser feitos

conforme a necessidade.Existem no mercado vários tipos de substratos comerciais produzidos à base

de vermiculita, casca de pinus, turfa, casca de arroz carbonizada, fibra de côco e substrato orgânico, indicados para a produção de mudas de hortaliças. O substrato deve apresentar como principais características: ser composto por material estérial; ótima capacidade de retenção de umidade; elevada porosidade total e capacidade de aeração; e proporcionar ótimo enraizamento e crescimento das mudas.

5.3 Espaçamento no local definitivo

O espaçamento é de 1,00-1,20 x 0,40-0,70 m. Adotam-se os espaçamentos maiores quando a produção é feita no verão ou quando se propõe a produzir frutos de maior tamanho, que é o caso do tomate para mesa. Por outro lado, na produção de tomate para indústria utiliza-se os menores espaçamentos, pois não se busca produção de frutos grandes.

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Outras opções de espaçamento são as fileiras duplas, com espaçamento de 1,0 x 0,7 x 0,37 m (tomate para indústria) e 1,00 x 0,50 x 0,50 m (tomate para mesa). No entanto, na produção de tomate para mesa deve ser feita uma capação baixa, logo após a terceira ou quarta penca. O objetivo é compensar a alta densidade de plantio com um menor número de pencas por planta, de forma a possibilitar a produção de grande porcentagem de frutos graúdos.

5.4 Sistemas de condução

5.4.1 Sistema de condução com capação baixa

É um sistema usado no plantio de cultivares para o consumo in natura de crescimento indeterminado.

A cultura é implantada com o uso de fileiras simples no espaçamento de 1,00-1,20 x 0,40-0,50 m ou através de fileiras duplas no espaçamento de 1,00-1,20 x 0,40–0,50 x 0,40-0,50 m. A poda apical ou capação do tomateiro é realizada após o quarto ramo floral.

Neste sistema, utiliza-se estaqueamento individual, com estacas fincadas na vertical, com aproximadamente, 1,20 m de altura. Cada planta é totalmente desbrotada deixando apenas uma haste.

Este sistema possibilita um encurtamento do ciclo (máximo de 130 dias). Com isso, diminui sensivelmente a disseminação de doenças, possibilitando um menor custo de produção. Pelo fato de a planta ser conduzida com apenas quatro pencas, os frutos terão maior peso médio, alcançando, com isso, melhores preços.

5.4.2 Sistema de condução tradicional

O sistema de condução tradicional usado na produção de tomates de crescimento indeterminado pode ser feito da seguinte maneira:

1) com uma planta por cova e conduzido com uma haste por planta;2) com uma planta por cova e conduzido com duas hastes por planta;3) com duas plantas por cova e conduzido com uma haste por planta.O sistema de condução 1 é, preferencialmente, utilizado quando o mercado

consumidor exige apenas frutos graúdos. A produção de tomate do grupo Salada, de crescimento indeterminado, deve ser feita com este sistema.

O sistema de condução 2, é recomendado quando se usam híbridos de crescimento indeterminado (cuja semente tem preço elevado). Este sistema proporciona também um acréscimo na produção em relação ao sistema 1 de, pelo menos, 40%, daí a vantagem de seu uso.

O sistema de condução 3 é recomendado quando se faz a semeadura com duas sementes na mesma célula da bandeja. Daí, em vez de ser feito o desbaste, aproveitam-se as duas plantas para o plantio na mesma cova, conduzindo-as com uma haste por planta. É o sistema mais utilizado no plantio de cultivares não híbridas do grupo Santa Cruz. Este sistema proporciona um aumento de pelo menos 10% na produção em relação ao sistema anterior.

6 TRATOS CULTURAIS

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6.1 Amontoa

A amontoa é um trato cultural obrigatório na cultura tutorada, já que comprovadamente favorece a emissão de raízes adventícias ao caule, especialmente, quando efetuada junto com a primeira adubação em cobertura, rica em P e Ca. Esses nutrientes, juntamente com a terra úmida em contato com a haste, favorecem o surgimento de raízes que constituem um sistema radicular lateral, aumentando a eficiência da planta na utilização de água e nutrientes.

Tão logo as mudas transplantadas atinjam a altura compatível, com cerca de 30 cm, antes que tombem, promove-se o aterramento da haste, assegurando-se assim maior firmeza ao caule tenro e formando-se uma leira ao longo das fileiras. A remoção e a movimentação de terra é efetuada por meio de sulcadores ou enxada. Note-se que o tutoramento e a primeira adubação complementar em cobertura devem preceder à amontoa.

6.2 Tutoramento ou estaqueamento

Toda a produção de tomate para consumo in natura é feita usando-se tutoramento ou estaqueamento. Diversos são os sistemas, e os mais comuns são os seguintes:

6.2.1 Cerca-cruzada

É o sistema de tutoramento mais tradicional usado na cultura do tomate. A montagem do sistema de cerca-cruzada é relativamente simples, porém, demanda mão-de-obra especializada e em grande número. O bambu para a confecção das estacas deve ser novo, com 8 a 10 cm de diâmeto e ser partido ao meio.

Para a instalação do tutoramento em cerca cruzada, entre duas linhas de plantio do tomateiro, são fincadas estacas ao solo, verticalmente, a cada 8 m. Os mourões são cortados a 2,30 m de altura devendo ser fincados no solo pelo menos 0,50 m. A parte superior de cada mourão, na altura de 1,80 m, é unida com arame, de nº 14, esticado paralelo ao solo. Nas extremidades de cada fileira de plantio, deve-se colocar um mourão mais grosso, com a estrutura de segurança, chamada “espia”.

Em seguida, à 10 cm da base de cada planta, é enterrada no solo, na profundidade de 5 a 10 cm, uma “vara de bambu” de 2,30 m de comprimento. Esta deve ser inclinada até alcançar o fio de arame, no alto, entre as linhas de plantio. A mesma operação é feita para cada tomateiro. Com as estacas das plantas de duas linhas paralelas, é formado um X de “pernas curtas”, na extremidade da estaca que toca o arame.

Depois de instalada a estrutura de tutoramento, os tomateiros são amarrados às “varas de bambu”. O caule é puxado em direção da estaca sendo nela amarrado, com fibra vegetal ou tiras de polietileno, na forma de um oito. Este amarrio deve ser feito de modo a forçar a planta a se desenvolver sobre a vara de bambu. Entretanto como o tomateiro desenvolverá o seu caule em diâmetro ao longo do seu ciclo, este amarrio deve permitir este crescimento sem, contudo, estrangular a planta. No verão, esta operação é feita semanalmente. No inverno, a cada 10 a 12 dias.

6.2.2 Tutoramento vertical individual, com estaca

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O sistema de estaqueamento usando-se estacas individuais é utilizado na produção de tomate de crescimento indeterminado, cultivado com capação alta (tradicional) ou com capação baixa (sistema adensado).

No caso do sistema tradicional, as estacas de bambu são cortadas com 2,30 m e deverão ser fixadas cerca de 0,50 m no solo. No sistema de capação baixa, as estacas são cortadas com 1,50 m devendo ser fixadas no solo com 40 cm.

A vantagem do sistema de estacas individuais é que as plantas ficam mais arejadas e poderão ser pulverizadas em ambos os lados da fileira. Com isso, o sistema de controle fitossanitário pode ser melhor executado, possibilitando um melhor manejo e um menor índice de incidência de pragas e doenças em relação ao sistema de cerca-cruzada.

6.2.3 Tutoramento vertical individual, com fitilho

O sistema de tutoramento do tomateiro com uso de fitilho é usado para cultivares de crescimento indeterminado conduzido em estufa, ou para cultivares de crescimento determinado conduzidas em campo aberto.

O sistema consiste em passar um arame, na horizontal, sobre as fileiras de tomateiro. As plantas de tomate serão amarradas com fitilho e presas no arame. À medida que a planta cresce, solta-se o fitilho do arame e envolve a mesma, tornando, em seguida a prender o fitilho no arame.

Para as cultivares de crescimento determinado, a altura do arame é cerca de 1,20 m, enquanto para as cultivares de crescimento indeterminado é de 2,00 m.

6.2.4 Espaldeira ou cerca horizontal

O tomateiro pode ser tutorado em espaldeira que consiste de uma cerca de bambu ou arame nº 14. O espaldar é formado por cinco a seis fios de arame ou bambu, dispostos em posição horizontal em relação ao solo, a cada 25 a 30 cm, amarrados em estacas ou mourões reforçados, fincados no solo a cada 5 m ao longo da fileira de plantio. O tomateiro é amarrado ao fio ou ao bambu. Ao ser utilizado o arame, é necessário colocar estaca de bambu, na posição vertical, a cada três plantas, para sustentar o peso da planta.

6.3 Desbrota

Consiste na eliminação dos brotos laterais que surgem nas axilas de cada folha. Esta prática é indispensável ao tomateiro de crescimento indeterminado e tem como objetivo diminuir o número de ramas por planta, com isso diminui o número de pencas por planta, diminui o número de frutos por planta, e daí, conseqüentemente, aumenta o peso médio dos frutos produzidos.

A desbrota deve ser realizada quando os brotos ainda estão jovens, com 2 a 5 cm de comprimento. A operação é feita quebrando o broto, se possível rente à axila da folha. Não se permite, de forma nenhuma, o corte dos brotos com lâmina de canivete e nem com a unha. Neste caso poderá haver uma contaminação, planta a planta, de viroses e outros patógenos. A operação deve ser feita pelo menos duas vezes por semana, durante toda a fase do desenvolvimento da cultura.

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6.4 Poda apical ou capação

A poda apical, também chamada de capação do tomateiro, é uma prática comum na produção de tomate destinado ao consumo in natura, para cultivares de crescimento indeterminado.

Consiste na eliminação do broto terminal da (s) haste (s) do tomateiro, de maneiro que seja interrompido o crescimento vertical da planta. O objetivo da poda apical é regular o crescimento da planta e manter o controle sobre a floração e frutificação, limitando, com isso, o número de pencas por plantas, promovendo um aumento na porcentagem de frutos com maior tamanho.

Para o tomateiro conduzido de forma adensada (espaçamento de 1,00 x 0,50 x 0,50 m), recomenda-se a poda após a terceira ou quarta haste floral. Neste sistema, o menor número de pencas por planta é compensado pela maior densidade de plantio. A poda baixa possibilita a colheita de um grande percentual de frutos graúdos.

Por outro lado, na cultura de tomate conduzida no espaçamento tradicional (1,00-1,20 x 0,40-0,70 m), a poda deve ser efetuada a 1,70-1,90 m de altura, ou após a emissão da oitava a décima haste floral.

Para as cultivares de tomate do grupo Salada, de crescimento indeterminado, sugere-se que a poda seja efetuada a uma altura de 1,50 a 1,80 m, após a emissão da sexta a oitava haste floral, no máximo.

6.5 Raleamento de pencas (desbaste de frutos)

O desenvolvimento de frutos é um poderoso dreno de carbohidratos. Por isso, se uma parte dos possíveis frutos é removida em estádio de flores ou de frutos pequenos, os fotoassimilados que poderiam ter sido usados no crescimento tornam-se disponíveis para os órgãos remanescentes. Uma porção pode ser canalizada para os frutos restantes e outra para promover o crescimento vegetativo.

O desbaste de frutos na penca do tomateiro de consumo in natura é feito com o objetivo de aumentar o tamanho dos frutos.

Para as cultivares do grupo Santa Cruz e/ou do grupo Saladinha, recomenda-se fazer o desbaste, deixando no máximo seis frutos, até a quarta penca. Nas pencas superiores, sugere-se deixar um número ainda menor de frutos (quatro a cinco por haste floral).

No caso das cultivares do grupo Salada, o número de frutos por penca deve ser reduzido, deixando nas três primeiras pencas cerca de quatro a cinco frutos e nas pencas superiores três a quatro. Para algumas cultivares do grupo Salada, é desnecessário fazer o desbaste de frutos, tendo em vista que um aborto natural de flores pode ocorrer.

6.6 Irrigação

A prática de irrigação é indispensável para a cultura do tomate. O tomateiro é uma das hortaliças mais exigentes em água, com consumo acima da média.

A cultura tem sistema radicular medianamente profundo, atingindo até 1,50 m em solos profundos. A profundidade máxima de enraizamento é alcançada cerca de 60 dias após o transplantio. Mais de 80% da absorção total de água

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ocorrem na primeira camada, que vai de 0,50 a 0,70 m de solo e 100% da absorção de água pela cultura plenamente desenvolvida ocorre na camada até 1,50 m.

A demanda máxima de água ocorre durante a floração e crescimento de frutos. A irrigação excessiva durante o período de floração, entretanto, tem provocado aumento na queda de flores e redução no estabelecimento de frutos. Isso também pode causar crescimento vegetativo excessivo e atraso na maturação.

Deve-se evitar irrigações pesadas e irregulares ou períodos secos alternados com períodos úmidos. Essas oscilações do teor de umidade do solo podem provocar rachaduras nos frutos, podridão apical e queda de flores.

Na Tabela 8 estão apresentadas as necessidades médias diárias de água do tomateiro nos seus diversos estádios de desenvolvimento.

Tabela 8 Necessidades médias diárias de água do tomateiro estaqueado.Estádio de desenvolvimento mm por diaSemeadura a emergência 3 a 4Emergência a início de floração 4 a 6Floração a maturação de frutos 5 a 7Maturação a última colheita 3 a 5Fonte: Makishima & Miranda (1995).* 1 mm equivale a 10 m ou 10 caixas d’ água de 1000 L.

A princípio todos os sistemas de irrigação podem ser utilizados para a irrigação do tomateiro, devendo a escolha ter como base a análise criteriosa de fatores como tipo de solo, topografia, clima, custo do sistema, uso de mão-de-obra e energia, incidência de pragas e doenças, quantidade e qualidade de água disponível. Na Tabela 9 são apresentadas algumas características dos principais sistemas de irrigação que podem ser utilizados para a cultura.

Tabela 9 Eficiência de irrigação, custos de aquisição e implantação, uso de energia e mão-de-obra para diferentes sistemas de irrigação.

Sistema Eficiência Custo (R$/ha) Energia* (kWh/mm/ha)

Mão-de-obra (h/ha/irrigação)

Sulcos 40-70 600-1.500 0,3-3,0 1,0-3,0Aspersão portátil 60-75 800-1.500 3,0-6,0 1,5-3,5Pivô central 75-90 1.500-3.000 2,0-6,0 0,1-0,7Gotejamento 85-95 3.000-6.000 1,0-4,0 0,1-0,3Fonte: Marouelli & Silva (2000).* Altura de recalque entre 0 e 50 m. Dividir por 3,2 para estimar litros de diesel/mm/ha.

O sistema de irrigação mais usado na produção do tomate de mesa é o da irrigação por sulcos. Neste sistema a área é dividida em talhões e os sulcos de irrigação devem ter comprimentos de 15 a 20 cm de profundidade e 25 a 30 cm de largura. As maiores dimensões são utilizadas para solos de baixa velocidade de infiltração. A perda de água nesse sistema é elevada e o manejo da irrigação demanda grande mão-de-obra para preparar os sulcos e promover a irrigação propriamente dita, apresentando a vantagem de não molhar a parte aérea das plantas. O comprimento dos sulcos é determinado em função da declividade e da textura do solo.

Outro sistema também utilizado para produção de tomate de consumo in natura é através da irrigação localizada por gotejamento. Esse sistema requer um grande investimento para sua implantação (Tabela 9). Entretanto, há um menor consumo de água, possibilidade de distribuição com uma maior freqüência, menores

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perdas, menor mão-de-obra operacional, possibilidade de distribuir o adubo (N, K e Ca) juntamente com água através da fertirrigação, e o fato da água ser aplicada de forma localizada, juntamente às raízes das plantas, sem que a folhagem seja molhada. Praticamente todo tomate de consumo in natura produzido em estufa é irrigado através de gotejamento.

O terceiro sistema de irrigação, indicado para a cultura de tomate destinado à indústria, é através de aspersão. Esse sistema é recomendado para a cultura industrial devido à facilidade do seu manejo em relação aos demais sistemas, e em razão de que culturas para indústrias são plantadas em áreas extensas.

6.7 Controle de plantas daninhas

No cultivo do tomateiro é necessário manter as áreas livres da interferência de plantas daninhas, pelo menos durante o período crítico, ou seja, até que a cultura se desenvolva, cubra suficientemente a superfície do solo, e não sofra mais a interferência negativa delas.

O período crítico de interferência (PCI) é aquele em que as plantas daninhas prejudicam mais as culturas. Corresponde ao período entre o tempo máximo em que a cultura pode conviver com as plantas daninhas sem sofrer redução de produção, e o tempo mínimo, em que a cultura deve ser mantida livre de plantas daninhas para garantir uma produção racional. O único trabalho desenvolvido no Brasil sobre interferência biológica das plantas daninhas na cultura do tomate para processamento indica que elas causam reduções de até 99% na produção das lavouras implantadas a partir de semeadura direta. Nesse caso, o PCI ocorre do 21º ao 97º dias após a emergência. Para lavouras implantadas com mudas, a redução é de cerca de 75%, situando-se o PCI do 17º ao 78º dias após o transplantio das mudas.

Após o PCI até o final do ciclo, as plantas daninhas não interferem significativamente na produtividade, entretanto, ao crescerem dificultam a colheita e podem contaminar o fruto e, posteriormente, o produto industrializado. Também deve-se procurar manter a lavoura com menor infestação, para reduzir a população de hospedeiros de pragas e doenças e facilitar a colheita.

Diante disso, o uso de herbicidas é uma prática quase que obrigatória entre os produtores de tomate industrial. Neste caso, recomenda-se usar herbicidas antes da semeadura ou após as mesmas, porém antes da germinação. São os produtos de pré-plantio ou de pré-emergência.

No caso da cultura através de transplantio de mudas, os herbicidas devem ser aplicados antes ou após o mesmo. Quando aplicados após o transplantio, essa aplicação deve ser feita após a recuperação da turgescência das mudas, ou seja, quando elas não mais murcharem nas horas quentes do dia.

7 ANOMALIAS FISIOLÓGICAS

7.1 Podridão apical

A podridão apical ou podridão estilar do fruto é também vulgarmente conhecida como fundo preto. De ocorrência generalizada na cultura do tomate, é provocada pela deficiência de Ca. Além da deficiência de Ca, fatores como falta de água e excesso de sais contribuem para ocorrência dessa anomalia.

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Os sintomas ocorrem em frutos ainda verdes, no seu ápice, dando-lhes uma aparência coriácea, amarronzada, deprimida e seca. Devido à baixa mobilidade do Ca na planta, uma vez tendo ocorrido tais sintomas em uma penca, todos os frutos das pencas mais novas apresentarão a deficiência, se o controle não for feito a tempo.

Para controle da podridão apical, recomendam-se:a) calagem adequada, mediante análise química do solo, procurando elevar

o teor de Ca a níveis acima de 4 cmolc/dm3 de solo;b) manter a umidade do solo satisfatória, evitando, contudo, o excesso;c) parcelar as adubações de cobertura evitando a concentração elevada de

sais de N e K, de forma a evitar a inibição da absorção de Ca;d) plantar cultivares mais tolerantes a baixos níveis de Ca;e) aplicar cloreto de Ca e nitrato de Ca, via foliar para o controle

propriamente dito.

7.2 Lóculo aberto

Esta anomalia é causada pela deficiência de B. O sintoma é uma rachadura profunda no fruto, que expõe as sementes, provocando uma grande deformação. As cultivares do grupo Salada são mais suscetíveis à ocorrência deste distúrbio, embora possa também ocorrer em cultivares de outros grupos.

O controle do lóculo aberto é feito preventivamente, com o uso de bórax no solo, por ocasião do plantio, na dosagem de 15 a 20 kg/ha, misturado com os outros adubos de plantio. Outra medida de controle consiste no uso de ácido bórico em pulverização na concentração de 2 a 3 g/L de água, semanalmente, com o jato dirigido à penca.

7.3 Queda de flores e de frutos

Numerosos fatores ocasionam a queda de flores e frutos ainda em formação. A temperatura noturna elevada (> 33ºC) é um deles, ocasionando baixa produtividade durante o verão, em localidades de baixa altitude. Também carências ou desequilíbrios nutricionais, doenças fúngicas e bacterianas, bem como insetos contribuem para a perda de flores e frutinhos. A deficiência de P também pode provocar a queda de flores e inclusive de frutos jovens.

O fornecimento de N interfere na floração, no estabelecimento dos frutos e no desenvolvimento destes. Ao ser iniciada a formação de botões florais, um excesso de N na planta motiva a continuação de um vigoroso crescimento vegetativo, em detrimento da floração e da frutificação. Também a deficiência de N, quando a planta apresenta pesada carga de flores e frutos em desenvolvimento, ocasiona clorose nas folhas e perdas de frutinhos.

No tomateiro ocorre crescimento vegetativo, floração e frutificação, simultaneamente. Por isso, as coberturas nitrogenadas devem ser complementadas por aplicações parceladas de K, o que contribui para fixar os frutos na planta.

Como medidas de controle, sugere-se ainda uma adubação equilibrada, rica em P, e também evitar o plantio em épocas muito quentes.

7.4 Frutos amarelos

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A alta temperatura reduz ou impede a síntese do pigmento vermelho – licopeno – e favorece a formação do pigmento amarelo – caroteno. Essa é a razão pela qual regiões quentes, como a Amazônia, produzem frutos amarelados. Para que os frutos apresentem, quando maduros, coloração vermelha intensa, é necessário que se desenvolvam sob temperaturas amenas. Esta é mais uma vantagem do cultivo em regiões de altitude.

7.5 Frutos ocados

A formação de tomates que apresentam espaços no interior, cujas paredes cedem a uma leve pressão dos dedos, e com peso inferior ao normal é ocasionado por vários fatores: aplicações excessivas de N, não devidamente contrabalanceadas por adubações complementares com K; temperaturas extremas – calor e frio – impedem a boa formação interna do fruto; teores extremos de água no solo também predispõem a planta a essa anomalia.

7.6 Frutos rachados

Flutuações acentuadas no teor de água no solo ocasionam variações na turgescência, provocando rachaduras, radiais e concêntricas, nos frutos. Tais alterações repentinas são comuns durante a primavera-verão, quando a um período seco seguem-se chuvas torrenciais, com aumento na turgescência interna e rompimento da película externa. Há uma característica genética envolvida – a resistência e a elasticidade da película – sendo as modernas cultivares mais suscetíveis a essa anomalia.

A prevenção consiste na manutenção de um teor de água favorável e constante no solo, pelo controle da irrigação. Há pesquisadores que consideram que aplicações de Ca, por fortalecerem os tecidos do fruto, também contribuem para o controle. Logicamente, cultivares resistentes devem ser preferidas.

7.7 Frutos com escaldadura

A escaldadura ocorre quando o fruto é exposto diretamente à luz solar intensa, próximo à colheita, e a região afetada torna-se esbranquiçada e enrugada. A desfolha intensa, causada por fitopatógenos ou por insetos, contribui para expor os frutos. Outro fator predisponente é a utilização de cultivares que não proporcionam boa cobertura foliar aos frutos.

Esta anomalia pode ocorrer tanto na cultura tutorada, especialmente nas pencas inferiores, como na rasteira. A prevenção é feita pelo controle fitossanitário adequado e, também, pela utilização de cultivares que ofereçam boa proteção aos frutos.

7.8 Amarelo baixeiro fisiológico

O amarelecimento das folhas inferiores, com uma clorose que se inicia nas margens dos folíolos e avança para o centro em forma de “V”, com as nervuras se mantendo verdes, é o sintoma clássico da carência de Mg. Note-se que o Mg, ao contrário do Ca, se transloca das folhas mais velhas para as mais novas com rapidez. Observe-se que essa clorose afeta a totalidade das plantas, ou grupos,

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formando “manchas” dentro do tomatal. Quando o amarelecimento é ocasionado por virose, afeta comumente apenas plantas esparsas.

O controle preventivo consiste na aplicação de materiais ricos em Mg, como calcário dolomítico ou termofosfato magnesiano, que devem ser incorporados ao solo meses antes do plantio. Formulações NPK apropriadas para plantio também devem conter Mg.

Ao surgirem os sintomas iniciais da clorose, a aplicaões foliares de Mg devem ser feitas com pulverizações de solução a 1,5% de sulfato de magnésio (15 g/L), procurando-se cobrir toda a parte aérea. Pode-se repetir a pulverização dentro de sete dias, mas é prudente não insistir nas aplicações, já que pode ocorrer desequilíbrio nutricional desfavorável ao Ca. Portanto, suspendem-se as aplicações ao cessar o sintoma.

8 PRINCIPAIS DOENÇAS

8.1 Requeima ou mela (Phytophthora infestans)

Doença que ocorre em todos os locais onde se cultiva tomate, especialmente nos meses frios e úmidos. A doença dissemina em condições de umidade elevada (neblina, chuva fina, orvalho e irrigação freqüente) e temperaturas abaixo de 20ºC, podendo, entretanto, ocorrer em regiões de clima mais quente, desde que as noites sejam frias. Em condições de temperaturas acima de 30ºC, a requeima dificilmente ocorre, mas o fungo permanece vivo e pode provocar danos assim que as condições climáticas forem favoráveis.

Os sintomas manifestam-se em todos os órgãos aéreos da planta. Nas folhas, a doença se inicia com manchas com aparência úmida, que se tornam necrosadas, marrons, com um halo verde-claro. O sintoma pode atingir toda a folha, causando a sua seca. A disseminação do patógeno é extremamente rápida sob condição de umidade acima de 90%, e pode atingir o caule e os frutos. O controle é feito da seguinte forma:

a) evitar plantio próximo a lavouras velhas ou mal cuidadas de solanáceas;b) evitar plantio em terrenos de baixada úmida ou sombreados;c) balancear bem as adubações de cobertura, evitando excesso de N;d) aumentar o espaçamento com o objetivo de melhorar a ventilação entre

plantas, especialmente em época fria e úmida;e) evitar irrigações muito freqüentes, principalmente por aspersão;f) aplicar fungicidas preventivamente, preferencialmente sistêmicos e

específicos para o controle desse patógeno, em épocas de clima frio e úmido.

8.2 Pinta-preta (Alternaria solani)

Talvez seja, atualmente, a doença mais importante do tomateiro no Brasil. Ocorre com freqüência em todas as localidades onde o tomateiro é cultivado, provocando perdas enormes quando o controle químico é mal feito. O fungo dissemina rapidamente em condições de temperaturas elevadas (acima de 20ºC) e alta umidade atmosférica.

Os sintomas, na cor marrom escura, circundadas ou não por um halo amarelado, ocorrem nas folhas, caule, pecíolos e frutos. À medida que a lesão se desenvolve, formam-se anéis concêntricos, bastante característicos. Os sintomas

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aparecem inicialmente nas folhas velhas e, quando severos, em conseqüência da coalescência das lesões, provocam seca das folhas. O controle consiste em:

a) plantar sementes certificadas;b) fazer rotação de culturas;c) evitar plantios sucessivos ou próximos a lavouras velhas (mesmo que

sejam de outras espécies), que servem como fonte de inóculo;d) evitar áreas de baixadas onde ocorre formação de orvalho;e) evitar irrigações muito freqüentes;f) aplicar fungicidas preventivamente e/ou curativo (o uso de fungicidas

sistêmicos e específicos para o controle da pinta preta tem tido grande sucesso).

8.3 Murcha de fusário (Fusarium oxysporum, f. lycopersici)

De ocorrência generalizada não é mais uma doença limitante à produção de tomate devido à existência de várias cultivares comerciais resistentes. Solos ácidos e arenosos, e elevada temperatura (28ºC) favorecem a disseminação do fungo por vários anos.

O sintoma mais evidente é o amarelecimento das folhas, a partir das mais velhas, em plantas em início de frutificação. Na medida em que o amarelecimento progride ocorre à murcha da planta, geralmente nas horas mais quentes do dia, até que se torne irreversível. A murcha pode ser assimétrica, ocorrendo apenas em um lado da planta, correspondente à infecção vascular. Os sintomas se confundem com a murcha de verticílio.

A base do controle consiste em plantar cultivares ou híbridos resistentes; fazer rotação de culturas; evitar o escorrimento de água de um local infestado para áreas novas de plantio e, evitar o trânsito de máquinas e trabalhadores de lavouras doentes pra áreas não infestadas.

8.4 Podridão de esclerotínia (Sclerotinia sclerotiorum)

A podridão-de-esclerotínia ocorre em condições de temperaturas amenas, em torno de 18-20ºC, e alta umidade do solo. A doença se manisfesta normalmente quando as plantas cobrem o terreno, no caso de tomate para processamento industrial, proporcionando um microambiente úmido entre as plantas e o solo.

O apodrecimento aparece normalmente na base do caule, seguido de murcha e morte da planta. O caule atacado, ao secar, fica esbranquiçado contendo estruturas pretas do fungo (escleródios) em seu interior. O ataque pode ocorrer na parte superior das plantas afetando também os frutos.

Devem ser evitadas áreas infestadas e, em caso de ocorrer a doença, deve-se fazer rotação de culturas com gramíneas por, pelo menos cinco anos. O manejo da água de irrigação é importante para se evitar alta umidade na base da planta, principalmente em solos argilosos. O controle químico é eficiente para evitar que a doença se espalhe na parte aérea.

8.5 Rizoctoniose (Rhizoctonia solani)

Esta doença é mais afetada pela umidade do que pela temperatura. Irrigação excessiva ou chuva no final do ciclo da cultura provocam alta umidade do ambiente debaixo das plantas, facilitando a infecção dos frutos e outros órgãos de

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contato com o solo. Essa situação é muito mais comum em tomate para processamento industrial.

Causa cancros amarronzados na base das plantas jovens, que podem causar o seu tombamento. Frutos em contato com o solo, mais comumente em tomateiro para processamento industrial, desenvolvem um apodrecimento firme, de cor marrom, que fica recoberto com partículas de solo e micélio esbranquiçado do fungo.

Devem ser evitados solos argilosos, que retêm umidade por mais tempo que os arenosos, e a irrigação deve ser reduzida no final do ciclo. A colheita não deve coincidir com período chuvoso. Em áreas propensas à ocorrência da doença, deve-se preferir cultivares que permitam maior arejamento na base da planta.

8.6 Murcha bacteriana ou murchadeira (Ralstonia solanacearum)

É a mais importante doença bacteriana do tomateiro e de outras solanáceas. Além da alta temperatura (acima de 27ºC), a murcha-bacteriana dissemina rapidamente em condições de elevada umidade e pH abaixo de 7,0. Ataca diversas espécies de plantas pertencentes a mais de 30 famílias botânicas.

O sintoma da murcha bacteriana é uma murcha rápida da planta, que ocorre inicialmente nas horas mais quentes do dia, podendo no início, recuperar a turgidez durante a noite. Quando a condição para o desenvolvimento da doença é favorável, a murcha é irreversível, ficando a planta como se tivesse sido cortada no seu caule. As plantas murchas apresentam uma descoloração vascular, que pode ser visualizada ao se descascar o caule. Para confirmar o diagnóstico e evitar confusão com outras doenças vasculares, como fusário e verticílio, é recomendado o teste do copo. Corta-se um pedaço do caule de, aproximadamente, 5 cm e mergulha-o em um copo com água limpa. O teste é positivo quando, após alguns minutos, ocorre a exudação do pus bacteriano em direção ao fundo do copo.

As medidas de controle devem ser exclusivamente preventivas, destacando-se, dentre elas:

a) fazer rotação de culturas com gramíneas, tais como milho, sorgo, arroz e capins de pastagem;

b) evitar o plantio em áreas que tenham sido cultivadas com solanáceas nos últimos três anos;

c) verificar se a água de irrigação não tenha passado por outros locais infestados pela doença;

d) evitar o excesso de umidade, especialmente nos locais mais baixos do terreno;

e) controlar pragas que possam provocar danos ao sistema radicular, evitando ferimentos por onde a bactéria possa penetrar;

f) evitar o plantio em época de temperatura e umidade elevada.

8.7 Cancro-bacteriano (Clavibacter michiganensis subsp. Michiganensis)

É uma doença bastante freqüente no tomateiro para consumo in natura, entretanto de pouca importância no cultivo para indústria devido ao menor manuseio da planta. O cancro-bacteriano pode ser disseminado no tomateiro pela sua semente, por respingos de água de irrigação ou pelo manuseio das plantas nas operações de desbrota e amarração.

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Os sintomas da doença no tomateiro são uma murcha total ou unilateral das folhas mais velhas, queima das bordas dos folíolos, descoloração vascular e lesões esbranquiçadas nos frutos, lesões estas com o centro escuro e com aspecto de “olho de passarinho”. A descoloração vascular pode ser observada fazendo-se um corte longitudinal no caule.

A primeira medida de controle está relacionada com o uso de sementes certificadas, de boa qualidade, isentas de patógenos. O tratamento das sementes suspeitas de contaminação é feito através de imersão em água quente a 50ºC por vinte minutos. Outras medidas de controle recomendadas são:

a) fazer rotação de cultura;b) não irrigar com água que possa estar contaminada;c) evitar plantios próximos a lavouras mais velhas, principalmente se essas

estiverem contaminadas;d) usar estacas novas ou desinfestadas com água sanitária;e) evitar irrigação por aspersão, que facilita a dispersão da doença;f) aplicar periodicamente fungicidas à base de cobre, que apresentam um

poder bactericida, principalmente após as operações de desbrota e amarração.

8.8 Podridão mole ou talo oco (Erwinia carotovora)

É uma das principais doenças do tomateiro e que ocorre em diversas outras espécies de plantas cultivadas.

A podridão mole dissemina em condições de alta umidade e alta temperatura, sendo considerada uma bactéria oportunista, que penetra por onde a planta permite. Ferimentos ocasionados por ataque de pragas, pela enxada durante as operações de capina, pela desbrota e outros tratos culturais, podem favorecer a penetração da bactéria desde que haja temperatura e umidade satisfatória. Solos mal drenados, sujeitos a encharcamento, também favorecem o ataque.

Esta bactéria está presente na maioria dos solos brasileiros e tem a disseminação facilitada pela água, embora possa ser transmitida também por insetos, equipamentos, animais e por operários que manuseiam as plantas por ocasião dos tratos culturais.

O sintoma é uma murcha da planta provocada pela destruição da medula do caule e tecidos próximos. O caule, quando pressionado pelos dedos, se rompe evidenciando a podridão interna do tecido. Quando as condições são muito favoráveis à doença, a bactéria desenvolve-se também na parte exterior do caule, provocando a podridão-mole. A bactéria pode infectar até os frutos decompondo-o internamente.

As medidas de controle são todas preventivas e consistem no seguinte:a) plantar em solos bem drenados, não sujeitos ao encharcamento;b) utilizar águas de irrigação de boa qualidade, tomando o cuidado de

verificar a sua origem;c) evitar ferimentos nas plantas, sejam esses causados por insetos,

equipamentos ou pelo homem;d) melhorar a ventilação entre plantas, aumentando o espaçamento,

especialmente nos plantios de verão;e) evitar o excesso de N, fazendo uma adubação equilibrada, de forma que

a planta fique menos suscetível ao ataque dessa bactéria;

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f) usar fungicidas cúpricos especialmente após as operações de desbrota. Esses fungicidas têm ação bactericida;

g) dentro do possível, evitar o plantio em épocas muito quentes e úmidas.

8.9 Vírus do vira-cabeça – Tospovirus (Tomato spotted wilt virus – TSWV; Tomato chlorotic spot virus – TCSV; Groundnut ringspot virus – GRSV)

O vírus do vira-cabeça é o principal complexo virótico do tomateiro no Brasil, ocorrendo em todas as regiões de cultivo. É transmitido por várias espécies de tripes e possui mais de 70 famílias botânicas de hospedeiras (monocotiledôneas e dicotiledôneas). No Brasil, os hospedeiros mais comuns são o fumo, batata, berinjela, tomate, pimentão e alface. Entre as plantas daninhas, têm-se a maria-pretinha (Solanum nigrum), caruru (Amaranthus sp.), picão (Bidens pilosa), beldroega (Portulaca oleracea), serralha (Sonchos olaraceus) e datura (Datura stamonium). Tais plantas hospedeiras funcionam como fonte de inóculo.

O vira-cabeça provoca maiores perdas em períodos secos e quentes do ano, devido a maior população de tripes. Mudas de tomateiro quando infectadas na sementeira têm a produtividade bastante reduzida ou totalmente comprometida. Não se tem notícia da transmissão desta virose através de sementes.

Os sintomas são variáveis, entretanto um nanismo é sempre observado, sendo mais intenso quando mais cedo a planta for infectada. Os folíolos das folhas jovens apresentam aspecto bronzeado e/ou arroxeado, com pontos necróticos que podem formar pequenos anéis. A planta pode ficar totalmente necrosada e morrer. Quando a transmissão é feita mais tardiamente, a planta pode produzir frutos porém com menor tamanho e com descoloração do tecido (áreas cloróticas ou necróticas irregulares, que podem ser confundidas com as produzidas pela requeima).

O controle deve ser preventivo dando prioridade para a fase de produção das mudas. As mudas devem ser produzidas em local protegido (estufa); usar cultivares resistentes; evitar plantios próximos de plantas hospedeiras ou próximos de lavouras mais velhas do tomateiro; utilizar plantas repelentes (crotalária); armadilhas em placas azuis; pulverizar com Metarhizium anisopliae; fazer o controle químico do tripes na cultura adulta através de pulverização.

8.10 Vírus do mosaico-do-tomateiro e vírus-do-mosaico do fumo – Tobamovirus (Tomato mosaic virus – ToMV; Tobacco mosaic virus – TMV)

São viroses pertencentes ao mesmo grupo, cosmopolitas, de fácil transmissão e de distribuição generalizada. A doença pode ocorrer em plantas de qualquer idade, entretanto ocorre com a maior freqüência no terço final do ciclo. A transmissão é mecânica, principalmente através das operações manuais de transplante, amarração, desbrota e capação, bem como através do contato de implementos agrícolas. O ToMV é transmitido também através de sementes.

Os sintomas ocorrem nas folhas com um mosaico na tonalidade verde-clara e verde-escuro, raramente com áreas amarelas. Na medida em que o tempo passa as folhas podem tomar forma alongada, retorcidas com os bordos virados para cima em forma de concha, ficando ressecadas e quebradiças. Plantas atacadas ainda jovens apresentam crescimento retardado.

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O controle consiste no uso de cultivares resistentes; uso de sementes certificadas; e, como principal medida preventiva, a orientação dos operários no sentido de não tocar em plantas com sintomas e em seguida planta sadias durante os tratos culturais, além de evitar fumar cigarro de palha.

8.11 Mosaico-dourado – Geminivirus (Tomato golden mosaic virus – TGMV; Tomato Yellow Leaf Curl Vírus - TYLCV)

Climas mais secos favorecem a movimentação da mosca-branca, vetor desta virose, e resultam em danos maiores à cultura. A proximidade do tomatal a plantas hospedeiras do vetor, como cucurbitáceas e várias ornamentais, aumenta o risco de epidemias. Poucos insetos na lavoura podem causar altas infestações da virose.

Existe grande variação de sintomas, dependendo da espécie do vírus envolvida, da idade em que a planta foi infectada e da cultivar. O mais comum é um amarelecimento intenso nas folhas mais novas, seguida ou não de deformação das folhas, que ficam pequenas e em forma de colher. A planta fica subdesenvolvida.

Baseia-se no uso de cultivares resistentes (TY Fanny, Tritom F1, PaTY, Styllus F1, Densus F1); uso de mudas livres de vírus (produzidas em viveiros com tela a prova de insetos); controle de plantas daninhas (hospedeiras de geminivirus); controle racional da mosca branca com inseticidas; adoção de um período livre de tomateiro na região com duração de, aproximadamente, 30 dias.

8.12 Nematóides (Meloidogyne incognita; M. arenaria; M. hapla)

Os nematóides são responsáveis por enormes perdas na cultura do tomateiro. As espécies mais comuns que ocorrem no Brasil são Meloidogyne incognita (raça 1, 2, 3 e 4), Meloidogyne arenaria e Meloidogyne hapla. Os sintomas são caracterizados pela presença de galhas nas raízes e a diferenciação entre espécies depende do formato e da maneira como se apresentam essas galhas. O ciclo de vida dos nematóides, em regiões tropicais, se completa a cada três a cinco semanas, o que permite que várias gerações ocorram durante um ciclo de cultivo do tomateiro.

Os sintomas apresentados pelo tomateiro são caracterizados pelo pequeno desenvolvimento da planta, murcha nas horas mais quentes do dia, clorose nas folhas e senescência precoce. As galhas presentes nas raízes inibem ou bloqueiam a absorção de água e nutrientes do solo. Com isso, a planta produz um menor número de frutos e de tamanho pequeno. Além disso, as lesões provocadas pelos nematóides nas raízes favorecem a entrada de fungos e bactérias.

A multiplicação dos nematóides é favorecida por elevadas temperaturas e umidade do solo. A disseminação ocorre através de plantas e materiais infestados. Os problemas são mais sérios, na produção de tomate para consumo in natura em condições de estufa e também para produção de tomate industrial irrigados pelo sistema de “pivô central”, em áreas onde o cultivo é sucessivo com espécies suscetíveis. O controle de nematóides, em áreas já infestadas, é muito difícil e não é possível a sua total eliminação. Entretanto algumas medidas são recomendadas para reduzir a população a níveis que promovem poucos danos. Sugerem-se as seguintes medidas:

a) na fase de produção de mudas, usar substratos inertes;

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b) fazer rotação de culturas com espécies não suscetíveis, evitando o plantio sucessivo de tomates e outras solanáceas. Milho, sorgo, gramíneas usadas em pastagens, leguminosas como crotalaria, plantas nematicidas como Tagedes spp e gergilim, devem ser usadas em rotação com o tomateiro;

c) usar cultivares ou híbridos resistentes aos nematóides.

9 PRINCIPAIS PRAGAS

O tomateiro é uma das espécies mais atacadas por pragas durante o seu ciclo, desde a sementeira até a colheita dos frutos. A infestação é intensa e pode inclusive ocorrer em cultivos protegidos (casas de vegetação), causando perdas consideráveis, dependendo da intensidade. Portanto, torna-se imprescindível que tomaticultores conheçam todas as pragas que atacam a cultura, para que façam um manejo racional, com objetivo de minimizar os danos à cultura sem prejuízos e riscos à saúde humana.

A aplicação de inseticidas não deve assumir um caráter preventivo e somente deve ser feita ao se notarem sinais de ataque, e após avaliar se justifica mesmo o uso de produtos químicos.

Algumas medidas de controle integrado e preventivo de pragas são sugeridas com objetivos de minimizar a sua ocorrência e conseqüentemente os danos:

a) eliminar restos de culturas e hospedeiros naturais de pragas;b) fazer rotação sistemática de culturas;c) proteger inimigos naturais das pragas;d) utilizar, preferencialmente, cultivares ou híbridos que apresentem

resistência ao ataque de alguma praga.Por outro lado, os inseticidas ou acaricidas tem um papel importantíssimo a

cumprir no controle das pragas, e deverão ser utilizados como complemento das técnicas acima mencionadas. Entretanto, somente deverão ser utilizados quando estritamente necessários, preservando a qualidade do produto colhido, o meio ambiente e a saúde dos trabalhadores rurais. A seguir são apresentadas as principais pragas que ocorrem no tomateiro.

9.1 Lagarta-rosca (Agrotis ipsilon)

De cor cinza escura, com 45 mm de comprimento, abriga-se durante o dia no interior do solo (5-8 cm de profundidade). À noite, para se alimentar, sai do solo e corta plantas novas na região do colo.

9.2 Vaquinhas (Diabrotica speciosa)

São importantes pragas podendo causar prejuízos na sementeira ou logo após o transplantio, provocando furos nas folhas, e podendo transmitir doenças.

9.3 Mosca-branca (Bemisia tabaci e Bemisia argentifolli)

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São insetos pequenos (1 mm de comprimento com dois pares de asas membranosas) semelhantes a uma pequena mosca. Os adultos sugam a seiva na parte inferior das folhas, transmitindo o mosaico-dourado. É uma praga polífaga, atacando várias outras espécies de plantas, dentre elas hortaliças diversas, fruteiras e grandes culturas.

9.4 Tripes (Frankliniela schulzei)

É transmissor do vírus do vira-cabeça. Ataca durante todo o ciclo da cultura, mas o período mais crítico é até 60 dias após a emergência pois a infestação do vírus nesta idade pode provocar a morte das plantas. O clima quente e seco favorece a proliferação da praga. Plantas atacadas apresentam coloração prateada no início, tornando-se depois arroxeadas e com o crescimento paralisado.

O controle do tripes e da mosca-branca deve ser preventivo, quando a condição climática favorecer essas pragas, devendo iniciar na sementeira (bandejas), com utilização de telamento (proteção física), plantas repelentes (crotalária), armadilhas em placas (azuis) e inseticidas.

9.5 Traça-do-tomateiro (Tuta absoluta)

É uma praga que ocorre durante todo o ciclo da cultura, principalmente, quando o clima é seco. O ataque pode iniciar na sementeira, e suas larvas verdes-rosadas (com 7 mm de comprimento) atacam os folíolos, brotos apicais, folhas, caule, botões florais, flores e até os frutos, formando galerias transparentes. Para o controle da traça pode-se utilizar dipel (Bacillus thuringiensis), iscas com feromônios, controle biológico com Trichogramma, inseticida natural como o nim, fazer a catação de frutos no chão e inseticidas.

9.6 Larva-minadora (Liriomyza spp.)

É um inseto cujas fêmeas colocam os ovos nos folíolos e as larvas penetram nas folhas onde se desenvolvem cavando galerias ou minas, principalmente no estádio inicial da cultura. O controle é semelhante ao da traça-do-tomateiro.

9.7 Broca pequena do fruto (Neoleucinoides elegantalis)

É uma lagarta de cor rosada que, além do tomateiro, ataca berinjela, pimentão e joá. Completamente desenvolvida mede de 11 a 13 mm de comprimento. Ataca os frutos ainda bem pequenos, logo após a abertura da flor. Os ovos, brancos, são depositados no cálice e as lagartinhas logo após a sua eclosão, penetram no fruto, alimentando-se dele e desenvolvendo por 30 dias, em média. Após este período, a lagarta abandona o fruto, fazendo um orifício individual circular aberto em sua parede, passando para a fase de crisálida. O controle da lagarta da broca pequena do fruto pode ser realizado com Bouveria bassiana, dipel, inseticida natural como o nim, armadilhas de feromônio, catação de frutos no chão e pulverizações com inseticidas recomendados para tal.

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9.8 Pulgões (Macrosiphum euphorbiae e Myzus persicae)

Ocorrem durante todo o ciclo da cultura, atacando folhas, brotos terminais e até o caule. Formam colônias de insetos ápteros (sem asas) de 2 mm de comprimento, geralmente são verdes-claro e são os transmissores do vírus Y, topo amarelo e amarelo-baixeiro. Sugam a seiva e por isso as folhas ficam enroladas e engruvinhadas. Suas fezes açucaradas excretadas caindo nas folhas formam um substrato para desenvolvimento da fumagina (fungo de revestimento preto). O controle pode ser feito com o uso de proteção física (telamento), plantas repelentes, armadilhas em placas (amarelas), nim, Bouveria bassiana e inseticidas.

9.9 Ácaro-rajado (Tetranychus urticae) e do bronzeamento (Alucops lycopersici)

Ocorrem durante todo ciclo da cultura principalmente em condições de clima seco e quente. Em condições de cultivo em estufa podem tornar a mais importante praga do tomateiro. Assemelham-se a diminutas aranhas (vermes com 0,2 mm de comprimento), com quatro pares de pernas na fase adulta. Raspam a folha e sugam a seiva, deixando-as bronzeadas e, posteriormente, necrosadas até caírem. O controle é feito com acaricidas específicos e enxofre (calda sulfocálcica).

10 COLHEITA

10.1 Tomate para agroindústria

É imprescindível que os frutos completem a maturação nas plantas, para desenvolverem intensa coloração vermelha – exigida pelos consumidores de produtos industrializados, como a massa de tomate, e também o máximo de sabor e de aroma. Por norma internacional, a atrativa coloração dos produtos de tomate é obtida somente pela presença do pigmento licopeno, sendo proibida a adição de corantes. Assim, os frutos são colhidos quando se apresentarem maduros, porém ainda firmes, em pedúnculo, limpos e sem danos. O teor de sólidos solúveis, medido na polpa por meio de refratômetro, deve ser igual ou superior a 5º Brix e o pH deve situar-se entre 4,0 e 4,5.

Normalmente, são efetuadas duas colheitas manuais, o que dependendo da cultivar e de outros fatores, inicia-se aos 85–125 dias da semeadura direta. A primeira, quando 70–80% dos frutos se apresentarem completamente maduros e a segunda, dentro de 15 dias. Quanto à produtividade, sabe-se que bons tomaticultores obtêm 70–90 t/ha, chegando a 110 t/ha.

A colheita mecânica é efetuada de uma só vez, aos 120-130 dias do transplantio das mudas, seguida pela catação manual dos frutos remanescentes. Neste caso, colhe-se quando a maioria dos frutos estiver madura, sendo desejável a utilização de híbridos criados para tal tipo de colheita, com alta concentração de maturação. Essa é a tendência atual para grandes produtores, em razão da eficiência, rapidez e redução no custo de operação.

Na colheita manual, os frutos maduros são recolhidos em caixas plásticas apropriadas, comportando 20–23 kg. Tais caixas são empilhadas no caminhão, para transporte até a fábrica. Na colheita mecanizada, o transporte é feito a granel – em caminhão tipo caçamba e o carregamento é efetuado rapidamente, evitando-se a compactação excessiva, sendo os frutos descarregados no menor prazo possível.

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10.2 Tomate para mesa

Para o envio de frutos a mercados mais distantes, estes são colhidos logo que atingirem o ponto de maturação fisiológica (breaker), em que os frutos apresentam ápice com coloração avermelhada.

As colheitas são iniciadas aos 90-120 dias após a semeadura, dependendo da cultivar, do tipo de implantação da cultura, do grau de maturação exigido, etc. Cultivares de crescimento indeterminado apresentam período de colheita que se prolonga por 50 a 90 dias, conforme o estado fitossanitário e nutricional das plantas. Bons tomaticultores obtêm 90 a 150 t/ha de frutos, ou até mais, utilizando-se os novos híbridos, em cultura tutorada. Em estufa, são obtidas acima de 150 t/ha.

Após a colheita segue a seleção, no qual são eliminados os frutos imprestáveis para comercialização e/ou consumo, ou seja, que apresentem danos mecânicos, fisiológicos ou causados pelo ataque de pragas e doenças, e é feita a separação pelo estádio de maturação.

10.2.1 Classificação

É o agrupamento dos frutos pelo seu formato, tamanho e qualidade, de acordo com as normas estabelecidas por portaria do Ministério da Agricultura, publicadas no Diário Oficial em 25/02/1975, pela portaria nº 76, alterada pela portaria nº 412 de 09/10/86, que estabelece que a classificação do tomate para mesa deve obedecer a parâmetros definidos, de acordo com:

O formato do fruto (característica da cultivar) nos seguintes grupos:a) grupo I: compreende os tomates com formato oblongo, com diâmetro

longitudinal maior que o transversal, apresentando dois ou três lóculos. São os tomates conhecidos do grupo Santa Cruz. Atualmente os tomates do grupo Saladinha são também enquadrados neste grupo;

b) grupo II: abrange os tomates de formato globular achatado, com diâmetro transversal maior que o diâmetro longitudinal, apresentando quatro ou mais lóculos. São conhecidos como tomate Salada, Maçã ou Caqui.

O tamanho (maior diâmetro transversal) (Tabela 10); a qualidade (porcentagem de frutos com defeitos contidos numa embalagem padrão) (Tabelas 11):

Tabela 10 Classes de tomate em função do diâmetro do fruto.Diâmetro do fruto (mm)

Classe Grupo I Grupo IIExtra-AA Graúdo > 52 > 120Extra-A Médio 47<52 80 < 120Extra Pequeno 40<47 -Especial Miúdo 33<40 50<80

Fonte: Alvarenga (2000)

Tabela 11 Porcentagens máximas por defeitos.% permitida por tipo

Tipo de defeito 1 – Extra* 2 – Especial 3 – Primeira 4 – SegundaFruto deteriorado 0 0 0 0Fruto mal formado 0 0 5 8

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Fruto manchado, queimado e/ou amarelado

3 5 7 12

Mistura de cores 3 5 10 15Fruto passado e/ou aguado 0 1 3 5Fruto pintado 0 2 3 5Fruto ocado 3 5 8 12Fruto com rachaduras 2 5 8 12Fruto com dano mecânico 3 5 8 12

Fonte: Makishima & Miranda (1995).*Porcentagem máxima de defeitos: 1 – Extra = 7%; 2 – Especial = 15%; 3 – Primeira = 25%; 4 – Segunda = 40%.

10.2.2 Embalagem e comercialização

Após a classificação, os frutos são acondicionados em caixas de madeira conhecidas por caixas “K” – completamente inadequada, inclusive por danificar os frutos – com capacidade para 23-28 kg. Esse tipo de embalagem vem sendo, um tanto timidamente, substituído por modernas caixas de papelão ondulado e por caixas plásticas do tipo usado na colheita.

De um modo geral, a primeira etapa da comercialização é feita entre o produtor e o comerciante, através das Centrais de Abastecimento – CEASA. O principal centro de comercialização do país é o Entreposto Terminal da CEAGESP, em São Paulo. É lá que se concentra a maior parte das produções dos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. De lá é também feita à redistribuição para outras Centrais.

Ocorre flutuação estacional nos preços pagos ao tomaticultor – acentuada e imprevisível muitas vezes. Os plantios efetuados na primavera-verão enfrentam condições agroclimáticas desfavoráveis, inclusive os mais graves problemas fitossanitários, resultando em menor oferta do produto, de março a maio. Disso resulta que o tomate para mesa geralmente alcança preços mais elevados justamente nesse período. Contrariamente, no outono-inverno, as condições mais favoráveis resultam em maior oferta de junho a outubro – época na qual os preços tendem a serem mais baixos.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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