TEXTOS+GTD

5
2009 - TEXTOS PARA AUDIÇÃO MONÓLOGOS PARA ATORES E ATRIZES TEXTO 1 – DEBACOABETE (César Amorim) PENÉLOPE (gay afetado e jornalista principiante): Só um minutinho, deixa eu dar só mais esse ponto. (dá ponto). Pronto! Pois é, gente, estou aqui em Tebas com essa bomba nas mãos (joga tapeçaria fora). Aiii!!! O rei, “seu” Édipo, acaba de confessar que matou o seu próprio pai, o ex rei Laio, e ainda se casou com a própria mãe, dona Jocasta. Só que tem uma coisa: Édipo afirma que não sabia de nada, que sempre achou Jocasta muito maternal, mas que nunca ligou pra isso. Jocasta, por sua vez, afirma que o que houve entre eles não passou de um mal entendido, e que os deuses do Olímpo já se reuniram para invalidarem o matrimônio, ao menos no religioso. Uma pena, viu gente! Foi uma cerimônia tão linda! O único problema agora, são com os filhos-irmãos do “seu” Édipo, e os filhos-netos de dona Jocasta. As crianças vão ficar com o Estado até novas decisões. Agora, quem está aqui ao meu lado é a Esfinge, segundo ela mesma responsável por toda essa tragédia. E é ela quem nos dará maiores detalhes dessa estória toda. (para a Esfinge). Fala um pouquinho disso pra gente, amor!!! TEXTO 2 – DEBACOABETE (César Amorim) BETE (atriz ambiciosa, na cena que ensaia o assassinato do seu marido): (sozinha no teatro vazio). Estou tão excitada! Deixe-me ver... tenho que recapitular tudo. Ele chega. Chegou, pronto. Falo com ele, mostro o teatro, converso a respeito do meu personagem, mostro-me animada, riu bastante. (começa a gargalhar). Digo coisas como: “Ah, a Ofélia é tudo o que queria. Que mulher, que história fantástica!”. Quando estiver bem envolvido, eu me atiro nesse chão e o convido a me amar. (simula uma transa com o marido. Pára, meio enjoada). Mas a essa altura, Dóris já haverá chegado, se Deus quiser! Não precisarei fazer isso. Então, Dóris chega com a câmera, começa a fotografar, enquanto eu sirvo a champanhe e ponho o veneno... (pausa). O veneno! Onde-está-o-veneno??? Ai, não! A Dóris.... Dóris!!! (sai correndo). TEXTO 3 – DEBACOABETE (César Amorim) OFÉLIA (de Hamlet, de W. Sheakspeare, a cena da loucura): Como de outro distinguir teu fiel apaixonado? Pela concha do chapéu, as sandálias e o cajado? Quereis saber? Não, por favor, ouvi. Ai, senhora, ele está morto, ele está morto, ele está morto e inumado: - Uma lápide a seus pés, à cabeça um revaldo. Oh! ... Por favor, ouvi. Dizem que a coruja era filha de um padeiro. Ah, Senhor, sabemos o que somos, mas ignoramos o que podemos torna-nos. Deus esteja a vossa mesa. Espero que tudo se arranje. Devemos ser pacientes, mas não posso evitar o pranto, quando penso que o deitaram no chão frio. Meu irmão vai saber, e assim vos agradeço o bom conselho. Vamos, minha carruagem! Boa noite,

description

Artigo

Transcript of TEXTOS+GTD

2009 - TEXTOS PARA AUDIOMONLOGOS PARA ATORES E ATRIZESTEXTO 1 DEBACOABETE (Csar Amorim)PENLOPE (gay afetado e jornalista principiante): S um minutinho, deixa eu dar s mais esse ponto. (d ponto). Pronto! Pois , gente, estou aqui em Tebas com essa bomba nas mos (joga tapearia fora). Aiii!!! O rei, seu dipo, acaba de confessar que matou o seu prprio pai, o ex rei Laio, e ainda se casou com a prpria me, dona Jocasta. S que tem uma coisa: dipo afirma que no sabia de nada, que sempre achou Jocasta muito maternal, mas que nunca ligou pra isso. Jocasta, por sua vez, afirma que o que houve entre eles no passou de um mal entendido, e que os deuses do Olmpo j se reuniram para invalidarem o matrimnio, ao menos no religioso. Uma pena, viu gente! Foi uma cerimnia to linda! O nico problema agora, so com os filhos-irmos do seu dipo, e os filhos-netos de dona Jocasta. As crianas vo ficar com o Estado at novas decises. Agora, quem est aqui ao meu lado a Esfinge, segundo ela mesma responsvel por toda essa tragdia. E ela quem nos dar maiores detalhes dessa estria toda. (para a Esfinge). Fala um pouquinho disso pra gente, amor!!!TEXTO 2 DEBACOABETE (Csar Amorim)BETE (atriz ambiciosa, na cena que ensaia o assassinato do seu marido): (sozinha no teatro vazio). Estou to excitada! Deixe-me ver... tenho que recapitular tudo. Ele chega. Chegou, pronto. Falo com ele, mostro o teatro, converso a respeito do meu personagem, mostro-me animada, riu bastante. (comea a gargalhar). Digo coisas como: Ah, a Oflia tudo o que queria. Que mulher, que histria fantstica!. Quando estiver bem envolvido, eu me atiro nesse cho e o convido a me amar. (simula uma transa com o marido. Pra, meio enjoada). Mas a essa altura, Dris j haver chegado, se Deus quiser! No precisarei fazer isso. Ento, Dris chega com a cmera, comea a fotografar, enquanto eu sirvo a champanhe e ponho o veneno... (pausa). O veneno! Onde-est-o-veneno??? Ai, no! A Dris.... Dris!!! (sai correndo).TEXTO 3 DEBACOABETE (Csar Amorim)OFLIA (de Hamlet, de W. Sheakspeare, a cena da loucura): Como de outro distinguir teu fiel apaixonado? Pela concha do chapu, as sandlias e o cajado? Quereis saber? No, por favor, ouvi. Ai, senhora, ele est morto, ele est morto, ele est morto e inumado: - Uma lpide a seus ps, cabea um revaldo. Oh! ... Por favor, ouvi. Dizem que a coruja era filha de um padeiro. Ah, Senhor, sabemos o que somos, mas ignoramos o que podemos torna-nos. Deus esteja a vossa mesa. Espero que tudo se arranje. Devemos ser pacientes, mas no posso evitar o pranto, quando penso que o deitaram no cho frio. Meu irmo vai saber, e assim vos agradeo o bom conselho. Vamos, minha carruagem! Boa noite, senhoras, boa noite. Queridas senhoras, boa noite. Oh, espere. (colhe flores). Aqui est, erva-doce para vs, e aquilgias. Aqui est, arruda para vs, e alguma para mim, podemos cham-la erva-da-graa aos domingos oh, deveis trazer a vossa arruda por motivo diferente. Eis a margarida. Queria dar-vos violetas, mas feneceram todas quando meu pai morreu dizem que teve bom fim.DILOGOS PARA DOIS (ator e atriz ou ator e ator)TEXTO 4 CONVERSA NO CHAFARIZ (Karl Valentim)(A e B no chafariz).A Afinal de contas esse jato dgua maravilhoso.B muito bonito quando ele esguicha.A Esguichar, esguichar. O que quer dizer isso? Se ele no esguichasse no seria um jato dgua.B Que tipo de jato seria?A No seria jato nenhum.B Ah, no?A No seria jato nenhum. Seria apenas um jato que no esguicha.B Sim, mas ele est a.A Claro que ele est a.B Mas, a gente no pode v-lo.A Quando ele no esguicha no.B A gente tambm no pode escut-lo.A Quando ele esguicha, a gua murmura.B Ele murmura e ao mesmo tempo ele esguicha.A - No o jato que murmura, a gua!B Sem o jato?A No, com o jato.B A gente pode comprar um jato desses?A No.B Ento, como a prefeitura fez pra conseguir um jato desses?A um donativo.B Entregaram esguichando?A No. Primeiro preciso esburacar o cho, depois instalar o encanamento, fazer o lago, botas as flores, e ento se coloca uma grade protetora de volta.B E depois?A Depois terminou.B Mas a gente ainda no pode v-lo.A Quem?B O jato em si.A No, s quando se abre a gua que o jato comea a esguichar pro alto.B De alegria?A Bem, uma lei da natureza, da fsica, sei l. Quando se abre uma torneira, a gua esguicha pro alto.B Nem sempre. Na cozinha l de casa, quando se abre a torneira, a gua sai pra baixo.A Uma cozinha e uma praa pblica so duas coisas diferentes.B Sim, mas no se pode dizer que um jato dgua como esse seja uma coisa til.A Ele no tem nenhuma utilidade.B Ento, por que se constroem esses esguichos?A Pra enfeitar, pra olhar!B Quem?A Os habitantes da cidade.B H quanto tempo esse chafariz existe?A Desde 1860, eu acho. Quer dizer, h quase cem anos.B Bem, ento todos os habitantes de Munique j devem t-lo visto.A uma questo de gosto. As coisas belas podem ser vistas duas, trs vezes.B T certo... duas, trs vezes. Mas os velhos ou mesmo os que moram perto da praa j devem ter enchido o saco de tanto olhar.A Mas ele no foi feito somente para os habitantes da cidade, ele foi construdo principalmente para os turistas (...).B Ah, agora eu sei por que que eles botaram uma grade protetora em volta do chafariz.

TEXTO 5 A LIRA DOS VINTE ANOS (Paulo Csar Coutinho)

(Lucas e Diogo conversando).Lucas Diogo, posso te falar uma coisa?Diogo Claro, fala!Lucas No, deixa...Diogo Ah, fala, eu quero saber. O que ?Lucas Voc no acha que o mar tem haver com a liberdade?Diogo No era isso que voc ia dizer... (pausa). Voc j resolveu o que vai fazer da vida?Lucas Sei l, andar por a, conhecer gente, fazer a revoluo.Diogo Voc no tem medo de morrer?Lucas No, tenho medo de no viver.Diogo Por que voc resolveu estudar Histria?Lucas Pra entender as coisas. Voc tambm, no ?Diogo , mas s vezes no sei se por a. A Histria deles o contrrio da vida.Lucas Mas pra gente uma arma. Outro dia perguntaram na prova em que ano caiu o Imprio Romano do Ocidente. Avaliando que ns, os brbaros, j estamos s portas da universidade, respondi que o imprio vai cair agora, em 68.Diogo Avaliando que quem corrige as provas a civilizao decadente, voc vai levar pau no vestibular. Cara, voc voa durante as aulas, no sei como que se d bem. Quando entrei pro curso te achei muito estranho.Lucas Eu tambm te achei diferente, to srio com dezessete anos, meio menino precose, s vezes o professor tava l falando e eu ficava te olhando...Diogo , eu notava que voc me olhava. Por que heim?Lucas Eu gosto de olhar as pessoas... Mas voc tambm me olhava. Por qu?Diogo Tambm gosto de olhar as pessoas. (silncio).Lucas No era s isso... que era bonito imaginar Aknaton, Alexandre ou Robespierre com a sua cara.Diogo No gosto de ter a minha cara. J tive vontade de me deformar pra ter certeza de que as pessoas me procuravam por mim, no pelo meu rosto.Lucas E voc consegue perceber quando algum te v pelo que voc ?Diogo Em geral difcil, tenho o p atrs. Mas s vezes a gente sente. Acho que a beleza no est apenas em uma pessoa, algo que surge de um encontro. A beleza to outra coisa... o que eu sinto com voc e isso me d medo.Lucas Por que medo?Diogo Porque novo, no sei definir, no sei aonde vai me levar... e de todo o jeito eu quero ir.Lucas Eu tambm tinha medo... de que voc no sentisse assim, no tive coragem...Diogo Uma vez, quando eu era garoto, meu pai me pegou abraado com outro menino. Botou ele pra fora de casa, e me deu uma surra. Nem sabia porque tinha apanhado, e ns nunca mais falamos nisso. Tive namoradas e gostava delas, mas nunca deixei de achar que o amor acontece com qualquer pessoa, assim...Lucas , o amor acontece assim...Diogo Eu agora quero correr todos os riscos por voc.Lucas Me d um beijo? (Diogo beija Lucas na boca).

TEXTO 06 Monlogo das Mos - Ghiaroni (imortalizado por Procpio Ferreira).

Para que servem as mos? As mos servem para pedir, prometer, chamar, conceder, ameaar, suplicar, exigir, acariciar, recusar, interrogar, admirar, confessar, calcular, comandar, injuriar, incitar, teimar, encorajar, acusar, condenar, absolver, perdoar, desprezar, desafiar, aplaudir, reger, benzer, humilhar, reconciliar, exaltar, construir, trabalhar, escrever......As mos de Maria Antonieta, ao receber o beijo de Mirabeau, salvou o trono da Frana e apagou a aurola do famoso revolucionrio; Mcio Cvola queimou a mo que, por engano no matou Porcena; foi com as mos que Jesus amparou Madalena; com as mos David agitou a funda que matou Golias; as mos dos Csares romanos decidia a sorte dos gladiadores vencidos na arena; Pilatos lavou as mos para limpar a conscincia; os anti-semitas marcavam a porta dos judeus com as mos vermelhas como signo de morte! Foi com as mos que Judas ps ao pescoo o lao que os outros Judas no encontram. A mo serve para o heri empunhar a espada e o carrasco, a corda; o operrio construir e o burgus destruir; o bom amparar e o justo punir; o amante acariciar e o ladro roubar; o honesto trabalhar e o viciado jogar. Com as mos atira-se um beijo ou uma pedra, uma flor ou uma granada, uma esmola ou uma bomba! Com as mos o agricultor semeia e o anarquista incendeia! As mos fazem os salva-vidas e os canhes; os remdios e os venenos; os blsamos e os instrumentos de tortura, a arma que fere e o bisturi que salva. Com as mos tapamos os olhos para no ver, e com elas protegemos a vista para ver melhor. Os olhos dos cegos so as mos. As mos na agulheta do submarino levam o homem para o fundo como os peixes; no volante da aeronave atiram-nos para as alturas como os pssaros. O autor do Homo Rebus lembra que a mo foi o primeiro prato para o alimento e o primeiro copo para a bebida; a primeira almofada para repousar a cabea, a primeira arma e a primeira linguagem. Esfregando dois ramos, conseguiram-se as chamas. A mo aberta,acariciando, mostra a bondade; fechada e levantada mostra a fora e o poder; empunha a espada a pena e a cruz! Modela os mrmores e os bronzes; da cor s telas e concretiza os sonhos do pensamento e da fantasia nas formas eternas da beleza. Humilde e poderosa no trabalho, cria a riqueza; doce e piedosa nos afetos medica as chagas, conforta os aflitos e protege os fracos. O aperto de duas mos pode ser a mais sincera confisso de amor, o melhor pacto de amizade ou um juramento de felicidade. O noivo para casar-se pede a mo de sua amada; Jesus abenoava com as mos; as mes protegem os filhos cobrindo-lhes com as mos as cabeas inocentes.Nas despedidas, a gente parte, mas a mo fica, ainda por muito tempo agitando o leno no ar. Com as mos limpamos as nossas lgrimas e as lgrimas alheias. E nos dois extremos da vida, quando abrimos os olhos para o mundo e quando os fechamos para sempre ainda as mos prevalecem. Quando nascemos, para nos levar a carcia do primeiro beijo, so as mos maternas que nos seguram o corpo pequenino. E no fim da vida, quando os olhos fecham e o corao pra, o corpo gela e os sentidos desaparecem, so as mos, ainda brancas de cera que continuam na morte as funes da vida.