TIC s E EDUCAÇÃO: O blog em sala de aulas... · quantitativa do uso do blog como ferramenta de...

62
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO DE PRÁTICAS EDUCACIONAIS E CURRÍCULO CURSO DE PEDAGOGIA MARIA AMÁLIA BEZERRA SANTANA TICs E EDUCAÇÃO: O blog em sala de aula NATAL/RN 2015

Transcript of TIC s E EDUCAÇÃO: O blog em sala de aulas... · quantitativa do uso do blog como ferramenta de...

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE EDUCAÇÃO

DEPARTAMENTO DE PRÁTICAS EDUCACIONAIS E CURRÍCULO

CURSO DE PEDAGOGIA

MARIA AMÁLIA BEZERRA SANTANA

TIC’s E EDUCAÇÃO:

O blog em sala de aula

NATAL/RN

2015

2

MARIA AMÁLIA BEZERRA SANTANA

TIC’s E EDUCAÇÃO:

O blog em sala de aula

Monografia apresentada ao Curso de

Pedagogia da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte como requisito para obtenção

do título de Licenciada em Pedagogia.

Orientador: Prof. Dr. João Tadeu Weck

NATAL/RN

2015

3

MARIA AMÁLIA BEZERRA SANTANA

TIC’s E EDUCAÇÃO:

O blog em sala de aula

Monografia apresentada ao Curso de

Pedagogia da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte como requisito para obtenção

do título de Licenciada em Pedagogia.

Orientador: Prof. Dr. João Tadeu Weck

DATA DE APROVAÇÃO: _____/_____/_______

_______________________________________

Prof. Dr. João Tadeu Weck

Orientador

_______________________________________

Profa. Dra. Sandra Mara de Oliveira Souza

Membro

_______________________________________

Profa. Dra. Adja Ferreira Andrade

Membro

4

À minha família: esposo, filho,

avó, avô, mãe, irmão, tia e tio,

dedico.

5

Agradecimentos

Meus agradecimentos são a todos que me incentivaram nessa jornada, a todos que

colaboraram com minha formação pessoal, intelectual e profissional.

Agradeço especialmente

A Deus, pela vida e por ter me dado forças para passar por todas as etapas de minha formação;

Ao meu esposo, Suêldo Junior, pelo amor, paciência e ajuda nos momentos difíceis nessa

caminhada, ainda assim, pela ajuda na própria execução deste trabalho;

A meu filho, Lucas Gabriel, pela compreensão nos momentos que estive ausente, sem lhe dar

o devido carinho e atenção;

A minha mãe, Artelúcia Medeiros, pelo amor e orientação, a quem devo a formação da minha

personalidade e do meu caráter, pelas noites em que esteve comigo auxiliando este trabalho;

À minha avó, Francisca Medeiros, pelo amor e apoio nas etapas de minha vida, por auxiliar

na minha criação, pelo exemplo de mulher que ela é;

Ao meu avó, Agnaldo Bezerra, que hoje não se encontra entre nós, porém, esteve sempre

presente em minha vida, me ajudando e ensinando em todos os momentos, pelo exemplo de

homem e avô que sempre foi;

Ao meu irmão, David Bezerra, que me auxiliou nesta etapa final;

A minha tia, Bleyde Medeiros, pelo amor e carinho que sempre me deu e pelo incentivo para

concluir esta etapa de minha carreira;

Ao meu tio, Jailson Costa, pelo amor e carinho que sempre me deu desde criança, tornando-

se, em diversos momentos, a figura paterna que não tive;

Ao meu orientador, Prof. Dr. João Tadeu Weck, pela confiança, compreensão, paciência, pelo

rigor, pelos materiais disponibilizados e pelas valiosas contribuições na elaboração deste

trabalho;

Por fim, a todos os meus professores e colegas de graduação, que colaboraram em diversos

momentos, direta e indiretamente, de minha formação pessoal, intelectual e profissional.

6

RESUMO

Esta pesquisa consiste em uma análise de caso desenvolvida sob abordagem qualitativa e

quantitativa do uso do blog como ferramenta de suporte à disciplina de biologia, no auxilio ao

processo de ensino-aprendizagem de alunos da modalidade EJA da 1ª série do ensino médio

da Escola Estadual Aldo Fernandes de Melo. Partimos do pressuposto que o blog é um

recurso tecnológico que contribui no processo de ensino-aprendizagem da EJA, pelas

peculiaridades encontradas em tal modalidade, proporcionando um ambiente dinâmico e

atrativo para esses aprendizes. Discutimos as modificações na sociedade relacionadas com o

desenvolvimento das Tecnologias de Informação e Comunicação na educação – TIC’s,

ressaltando os ambientes virtuais de aprendizagem, precisamente o blog, seu conceito, origem

e caracterização, bem como a necessidade de uma formação docente inicial e continuada —

no intuito da incorporação das tecnologias da comunicação e informação na escola. Através

dos dados coletados, por meio de questionários e observações, pode se anunciar que os

resultados apontam que o blog, na qualidade de ferramenta, possui uma potencialidade

enquanto ambiente virtual de aprendizagem. Os relatos da pesquisa acerca do seu uso

evidenciaram pontos de dificuldades, bem como pontos positivos de sua contribuição na

apropriação de saberes necessários à formação crítica e reflexiva do aluno.

Palavras-chave: Blog. Educação de Jovens e Adultos. Tecnologias da Informação e

Comunicação.

7

ABSTRACT

This research consists of an analysis of the case developed under qualitative and quantitative

approach to the use of the blog as a tool for supporting a discipline of biology, and the

assistance to the teaching-learning process of students of modality YAE of 1st series of

secondary education of State School Aldo Fernandes de Melo. The presupposition that the

blog is a technological resource that contributes in the teaching-learning process of the YAE,

by peculiarities encountered in such a modality, providing an attractive and dynamic

environment for these apprentices. It is discussed the changes in society related with the

development of Information and Communication Technologies in education – ICT’s. It is

emphasized the virtual learning environments, precisely the blog, its concept, origin and

characterization, as well as the need for an initial and continued teacher training — in order of

the incorporation of the communication and information technologies in schools. Through the

data collected by means of questionnaires and comments, can announce that the results

indicate that the blog on the quality of the tool has a potential as a virtual learning

environment, the reports of the research about its use evidenced points of difficulties, as well

as positive points of its contribution in the appropriation of knowledge necessary to critical

and reflexive formation of the student.

Keywords: Blog. Young and Adult Education. Information and Communication

Technologies.

8

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Página de configuração do Blog ........................................................................... 35

Figura 2 – Página do Blog TIC’s e Educação, uso de links ................................................... 36

Figura 3 – Página do Blog TIC’s e Educação, comentários ................................................... 36

Figura 4 – Página do Blog TIC’s e Educação, arquivo do blog ............................................. 37

Figura 5 – Página do Blog TIC’s e Educação, sites educativos ............................................. 37

Figura 6 – Página do Blog TIC’s e Educação, vídeos postados ............................................. 38

Figura 7 – Página do Blog TIC’s e Educação, imagens postadas .......................................... 38

Figura 8 – Página do Blog TIC’s e Educação, visão geral ..................................................... 39

Figura 9 – 1ª Página do planejamento do professor de biologia Mauro Bittencourt ............. 41

Figura 10 – 2ª Página do planejamento do professor de biologia Mauro Bittencourt ........... 42

Figura 11 – 3ª Página do planejamento do professor de biologia Mauro Bittencourt ........... 43

Figura 12 – 4ª Página do planejamento do professor de biologia Mauro Bittencourt ........... 44

Figura 13 – 5ª Página do planejamento do professor de biologia Mauro Bittencourt ........... 45

9

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 – Quantidade de alunos por turma e turno da Escola Estadual Aldo Fernandes de

Melo......................................................................................................................................... 32

Tabela 02 – Instalações presentes da Escola Estadual Aldo Fernandes de Melo ................... 33

Tabela 03 – Recursos pedagógicos da Escola Estadual Aldo Fernandes de Melo ................. 34

Tabela 04 – Quantidade de alunos entrevistados por faixa etária .......................................... 48

10

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01 – Alunos entrevistados ......................................................................................... 49

Gráfico 02 – Utilidade da internet pelos alunos entrevistados ............................................... 49

Gráfico 03 – Recursos midiáticos utilizados para acesso à internet ...................................... 50

Gráfico 04 – Entrevistados que realizam pesquisas sobre o conteúdo de sala de aula .......... 50

Gráfico 05 – Entrevistados que acreditam que a internet pode melhorar o aprendizado ....... 51

Gráfico 06 – Entrevistados que acompanham blog ................................................................ 51

Gráfico 07 – Alunos presentes no segundo questionário ....................................................... 52

Gráfico 08 – Alunos que acessaram o blog ............................................................................ 52

Gráfico 09 – Motivo para não acessar o blog ........................................................................ 53

Gráfico 10 – Recurso midiático de acesso ao blog ................................................................ 53

Gráfico 11 – Aceitação dos alunos que acessaram o blog ...................................................... 54

Gráfico 12 – Incentivo do professor ao uso de blog .............................................................. 54

Gráfico 13 – Contribuição do blog no processo de ensino-aprendizagem ............................. 55

11

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 12

1. SOCIEDADE, TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO ..................................................................... 133

2. FORMAÇÃO DOCENTE ..........................................................................................................17

3. TIC’s ...........................................................................................................................................20

4. AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM ...................................................................22

5. O BLOG .....................................................................................................................................25

6. CARACTERÍSTICAS DA EJA .................................................................................................27

7. PROPOSTA ................................................................................................................................29

8. CARACTERIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO ...............................................................................31

9. BLOG TIC’s E EDUCAÇÃO .....................................................................................................35

10. CONTEÚDOS ABORDADOS PELO BLOG ..........................................................................40

11. METODOLOGIA .....................................................................................................................45

12. APLICAÇÃO ...........................................................................................................................48

13. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................. 556

REFERÊNCIAS .............................................................................................................................59

WEB REFERÊNCIAS ...........................................................................................................60

APÊNDICE A .................................................................................................................................61

APÊNDICE B .................................................................................................................................62

12

INTRODUÇÃO

Nos dias de hoje, as tecnologias da comunicação e da informação têm se atualizado

constantemente e, assim, seu uso vem provocando modificações de forma rápida e/ou

gradativa no modo de falar, de pensar e de agir da sociedade. Podemos constatar diariamente

a estreita relação entre as tecnologias e a sociedade, uma vez que o nosso cotidiano é

permeado de tecnologias — algumas explícitas, outras implícitas, ao fazer humano. Assim

como as tecnologias estão no cotidiano dos indivíduos, estão presentes também na escola —

de maneira direta e indireta, que, por sua vez, mesmo sendo uma instituição credenciada

oficialmente para transmissão de conhecimentos, ainda não faz uso de todo o potencial que

deveria exercer junto a esses suportes de ampliação de ensino.

Neste sentido, é necessário considerar a formação do professor como ponto de partida

e prioritário do trabalho com as Tecnologias de Informação e Comunicação – TIC’s, tendo em

vista que tal profissional necessita estar preparado para trabalhar e vivenciar as situações e os

desafios dessas atualizações na escola. É imprescindível também desconstruir a cultura de que

a escola, enquanto espaço físico, é o único local onde há conhecimento. Para isso, é

importante que as instituições de ensino busquem novas estratégias e técnicas para utilizar as

novas tecnologias em sala de aula. Nesse sentido, o uso de blogs seria, por possuir grande

potencial como ferramenta de extensão de ensino, um espaço individual e/ou coletivo que

contribui com o processo de ensino-aprendizagem, podendo ser usado estrategicamente por

um professor ou por toda uma equipe escolar.

Esta pesquisa pretende analisar o uso de blogs como auxilio no processo de ensino-

aprendizagem de alunos da modalidade EJA da 1ª série do ensino médio da Escola Estadual

Aldo Fernandes de Melo. Partimos do pressuposto de que a utilização de um blog como

ferramenta tecnológica, com o objetivo estritamente educacional, pode auxiliar e

complementar a educação além dos muros escolares, proporcionando um ambiente dinâmico,

interativo e composto de materiais em diferentes linguagens: sejam elas escritas, visuais e/ou

audiovisuais. O procedimento metodológico foi o estudo de caso e o objeto foi a turma da 1ª

série da EJA e a inserção do blog TIC’s e Educação como estratégia para contribuir com o

processo de ensino-aprendizagem dela, analisando tal ferramenta como uma possível

estratégia para inserir os alunos em ambientes virtuais de aprendizagem, como também

motivá-los na construção do conhecimento.

13

1. SOCIEDADE, TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO

Durante muitos séculos, as pessoas se comunicavam oralmente e através de cartas, e

assim passavam a informar e eram informados sobre os acontecimentos próximos e mais

longínquos. Podemos constatar diariamente a estreita relação entre as tecnologias e a

sociedade, uma vez que o nosso cotidiano é permeado de tecnologias — algumas explícitas e

outras implícitas ao fazer humano. O próprio progresso da humanidade traz consigo novas

tecnologias, que vão evoluindo de acordo com as necessidades humanas e se modernizando

para dar melhor suporte à ação humana em todas as esferas de seu cotidiano: seja no trabalho,

na vida doméstica, lazer, entre outros. Nesse sentido, um novo “momento tecnológico”

apresentou-se, apropriando-se diariamente de indivíduos que tomaram conhecimento dele, e

se tornando tão comum que já não está mais sendo visto somente como tecnologia, mas como

companhia ou como complemento.

É observável o poder exercido pelas mensagens veiculadas pelas Tecnologias da

Informação e Comunicação – TIC’s na vida dos indivíduos. Tais tecnologias provocam

modificações de forma rápida e/ou gradativa no modo de falar, pensar e agir. A mídia

televisiva é a que tem mais impactos sobre a vida da população. Segundo Melo (2008), a

mídia, aqui no Brasil, é

Constituída por nove redes nacionais, o sistema de TV aberta inclui 406

emissoras, sendo 386 privadas e 20 estatais, sintonizadas por 48 milhões de

domicílios. A rede Globo catalisa 50% dos telespectadores, figurando como campeã de audiência há vários anos. A outra metade da audiência é disputada

por oito redes concorrentes: SBT (19,4%), Bandeirantes (13,1%), Record

(9%), Rede TV (2,3%) e outras (4,3%) (MELO, 2008, p.43)

Sendo assim, ainda de acordo com Melo (2008), independentemente da idade, classe

econômica ou qualquer nível intelectual, a televisão tem se apresentado como parte do

cotidiano dos brasileiros, possuindo influência maior do que se pode mensurar. Uma vez que

essa influência determine não só comportamentos, mas forme juízo de valores, a TV passa a

incutir suas ideologias, de modo a interferir em todos os âmbitos da linguagem humana, como

estilo musical, gírias, vestimentas, incitando padrões de beleza, como também impulsionando

o consumismo exacerbado.

De acordo com Kenski (2008),

A partir da televisão os indivíduos assumiram em suas vidas valores, hábitos

e comportamentos copiados dos personagens da televisão. [...] Não

conseguem mais viver distantes da televisão e assimilam acriticamente tudo

que ali é veiculado (KENSKI, 2008, p. 24).

14

Assim como Kenski (2008) aborda, outros pesquisadores de áreas da Comunicação, Educação

e Ciências Sociais apresentam uma crítica à passividade que a programação televisiva

impregna nos indivíduos; gerando uma ausência de criticidade dos telespectadores que

passam a acreditar, vivenciar e agir de acordo com o que é transmitido pela TV, incorporando

à sua vida ideologias que não só não lhes pertence, como também não lhes servem, mas que

são aderidas como próprias.

Além da televisão, a sociedade utiliza também outras TIC’s ou, como Melo (2008, p.

29) chama, outros “artefatos midiáticos: livros, jornais, rádios, anúncios, panfletos, discos,

vídeos, celulares”. Nesse sentido, fazemos parte dessa realidade, pois esses artefatos estão

presentes a todo instante nas mais diversas localidades. De nossa casa fazemos compras,

assistimos a filmes e a seriados, sabemos de informações tanto regionais quanto nacionais ou

internacionais, nos comunicamos com pessoas do outro lado do mundo, marcamos consultas

médicas e exames, nos relacionamos socialmente/afetivamente, e são algumas destas

vantagens que atraem os indivíduos.

É pertinente afirmar que toda e qualquer evolução tem suas vantagens e desvantagens.

Atualmente, as TIC’s têm proporcionado aos indivíduos conforto e agilidade na execução de

seus projetos, sejam uma compra, uma informação, uma comunicação, etc. Assim, observa-se

que atualmente a facilidade na execução de tais atividades contribuiu para o aumento do uso

das tecnologias. Por outro lado, há um verdadeiro caos nos aspectos físicos resultantes dessas

facilidades. Detoni e Dalbosco (2011) afirmam que a obesidade e o sedentarismo são os males

do século XXI. Já Collavitti (2002 apud MELO, 2008, p. 57) vai dizer que uma das principais

causas citadas pelos dois teóricos são as consequências das “modernidades”, quanto aos

aspectos cognitivos em que cientistas associam a rapidez das informações do mundo digital a

restrição de nosso cérebro em processá-las.

Assim como as tecnologias estão no cotidiano dos indivíduos, estão presentes também

na escola de maneira direta (por meio de políticas de inserção e uso) e indireta (a partir das

referências que professores, alunos e gestores trazem do seu cotidiano). A efetiva

incorporação das TIC’s, em sua dupla dimensão (como ferramenta pedagógica e objeto

complexo de estudos), ainda engatinha. A escola, por ser a instituição credenciada

oficialmente para transmissão de conhecimentos, ainda não faz uso de todo o potencial que

deveria. Nota-se que o tradicionalismo ainda está muito presente e, desta forma, a escola

continua baseando suas práticas no uso de textos e livros didáticos que não estimulam a

15

reflexão e a criticidade do aluno na transmissão de conhecimentos e na reprodução dos

conteúdos muitas vezes automaticamente e desatualizados. Como exemplo claro do que

estamos abordando, podemos citar alguns livros de geografia que ainda apresentam Plutão

como planeta, quando na verdade, ele deixou de ser considerado um planeta desde 2006 pela

União Astronômica Internacional; o que nos mostra uma desatualização quanto aos conteúdos

dos materiais estudados.

No entanto, cabe frisar que as escolas estão se modernizado e se atualizado quanto ao

uso das TIC’s, como ferramenta de incentivo e motivação no processo de ensino-

aprendizagem. Tais práticas vêm efetivando uma construção do conhecimento a partir de

projetos coletivos e/ou individuais, tornando os ambientes escolares mais compreendidos

quanto à função de ensinar, assim como aborda Freire (2003 apud MELO, 2008), quando ele

diz que “ensinar não é transferir conhecimento, simplesmente, mas criar possibilidades para a

sua própria produção ou construção”. Observando a presença do tradicionalismo ainda

vigente na educação e as consequências dele à formação integral do aluno, percebemos que

conteúdos midiáticos podem contribuir de forma rica e prazerosa para o processo de ensino-

aprendizagem, independentemente da faixa etária ou classe social do aprendiz. É necessário

frisar que tais conteúdos são importantes para toda comunidade escolar: gestão, coordenação,

docentes e alunos poderão aproveitar os diversos aspectos encontrados; assim como Melo

(2008) afirma:

A análise de diferentes formas e conteúdos midiáticos poderá fornecer

elementos significativos para o gestor, para o professor e para o aluno em

sala de aula e nos múltiplos espaços de que a escola dispõe (MELO, 2008, p.

61).

Partindo do pressuposto de que todo esse arsenal tecnológico está presente no

cotidiano de alunos e professores, seja por quais suportes forem, ainda é espantoso a forma

como a escola procede quanto a manutenção desse material didático, e alguns profissionais

não conseguem romper com o modelo tradicional de conceber o ensino. É pertinente afirmar

que a escola, como instituição, deve aceitar e visualizar os conteúdos midiáticos como

estratégia ou recurso de aprendizagem, participando de maneira ativa na formação do aluno

através dessas estratégias, como destaca Melo (2008):

Não há mais como desconsiderar que a mídia é, em larga medida, produtora

e conformadora de discursos de todas as ordens (políticos, educativos,

econômicos, religiosos, éticos, morais, dentre outros). À instituição de ensino cabe estar atenta a essa disseminação de ideias que dizem respeito a

valores, comportamentos, atitudes, etc. no sentido de problematizá-las nos

16

tempos e espaços escolares, favorecendo as aprendizagens do mundo e sobre

o mundo (MELO, 2008, p. 27).

Segundo o pensamento de Melo (2008), a escola caracteriza-se como redentora da

sociedade; reprodutora das desigualdades sociais e transformadora da sociedade. O primeiro

papel diz respeito à forma que a criança passa a ser identificada quando está na escola; o

segundo, como a criança se percebe diante e de acordo com as relações sociais existentes; e

por último, ela é transformadora por possibilitar a mudança da sociedade. Portanto, a escola

como uma instituição deve tanto se preocupar com a formação do aluno quanto com a

formação do docente, uma vez que o professor é de fundamental importância para uma

educação de qualidade e significativa.

Vale salientar que o professor como protagonista indispensável da educação necessita

ter uma postura diferenciada, ou seja, “o professor precisa tomar atitudes que devem ser

críticas, reflexivas e orientadas pela e para a responsabilidade social” (MOURA, 2006, apud

ARAÚJO, 2008, p. 59). Assim, esse profissional necessita de um olhar especial, de uma

formação de qualidade baseada na reflexão, criticidade e ação. As tecnologias da

comunicação e da informação estão cada vez mais acessíveis à população e aos estudantes,

porém, fazer uso delas para estudar, aprofundando os conhecimentos, ainda é parte integrante

do papel do orientador-mediador, o professor, seja na intervenção presencial ou a distância.

Segundo a Pesquisa Brasileira de Mídia – PBM, no ano de 2014, o percentual de indivíduos

que utilizavam a internet diariamente era de 26%; já no ano de 2015, passou para 37%, um

aumento de 11%, o que é bastante significativo. Ainda de acordo com essa pesquisa, há uma

diferenciação regional, de idade e de escolaridade tanto no uso da internet, quanto aos

conteúdos que são acessados por esses indivíduos.

Atualmente, os recursos midiáticos mais utilizados são os computadores, notebooks,

tablets e celulares. Eles estão presentes tanto nas residências, onde as pessoas os utilizam para

acessar as redes sociais, para entretenimento, comunicação, para se informar das notícias

regionais, nacionais e internacionais, entre outras coisas; quanto nas escolas que possuem

laboratórios de informática; assim como em algumas salas de aula (computadores e data

show), onde os professores utilizam cotidianamente tais recursos no processo de ensino-

aprendizagem dos estudantes. Esses acessórios em sala de aula podem ser utilizados para

reprodução de slides, filmes de curta e longa-metragem, imagens, quanto para gestão e

acompanhamento das atividades acadêmicas, tornando-se, assim, uma ferramenta

indispensável para a prática docente.

17

2. FORMAÇÃO DOCENTE

Conforme abordado anteriormente, o desconhecimento da linguagem com que operam

as TIC’s tem provocado passividade e inversão no sentido/significado de se possuir uma TIC:

ao invés de adequarmos às nossas necessidades, acabamos por nos adequar. É surpreendente,

mas ainda há profissionais da educação que não possuem nenhuma intimidade com as

ferramentas tecnológicas que facilitam e agilizam o trabalho docente.

É importante ter em mente que nem sempre a educação utilizou as novas tecnologias.

A educação tradicional, ou tradicionalista, no Brasil, além de ser a pioneira, ainda é bastante

vigente em diversas salas de aula, o que se torna preocupante. No entanto, novas pedagogias

foram e vêm sendo experimentadas em prol de uma educação de qualidade, que se preocupe

com a formação integral do aluno.

Esse talvez seja o maior desafio da escola, hoje me dia: incorporar as TIC’s. Apesar de

identificarmos que há décadas existem projetos e políticas públicas, a efetiva incorporação

ainda não ocorreu. É importante destacar que questões, como a relação das TIC’s com o

processo de ensino-aprendizagem e a formação docente, são desafios que todos os envolvidos

no processo ensino-aprendizagem buscam responder.

Nesse sentido, é necessário considerar a formação do professor como ponto de partida

e prioritário do trabalho com as TIC’s. Sendo assim, tais profissionais necessitam estar

preparados para trabalhar e vivenciar as situações e os desafios dessa mudança na escola.

Pois, são responsáveis pela formação dos discentes, ou seja, a essência do papel do professor

está na orientação do aluno, para que ele utilize tais ferramentas no aprimoramento, na

produção e na construção de seus conhecimentos. Assim, as linguagens utilizadas, a

preparação de materiais e como serão trabalhados/abordados são questões que envolvem a

criticidade e a reflexão do docente. É evidente, também, a necessidade das políticas públicas

(um conjunto de programas desenvolvidos pelo Estado ou privados que objetiva a solução de

problemas), já que elas seriam voltadas à formação docente, tanto para inseri-los quanto

mantê-los nesta prática pedagógica de vivências e experiências, subsidiando principalmente

os materiais didáticos pedagógicos. É conveniente dizer que:

As primeiras políticas públicas na área de TIC e informática educativa

surgiram na década de 80. Importou-se do primeiro Mundo equipamentos,

teorias e metodologias. [...] No início, o objetivo era ensinar o aluno a programar, depois, investiu-se na informática educacional e na formação

genérica dos multiplicadores. Neste caminho, criou-se uma inovação, mas

ainda marcada por traços conservadores, em que muitos professores

18

continuavam a utilizar o computador com as técnicas tradicionais de ensino

(RAMOS, 2003, apud GOMES, 2005, p. 4).

Diante disso, fica evidente que a formação do professor precisa basear-se não só em

teorias, como também em metodologias, estratégias e principalmente na reflexão deste

profissional, uma vez que uma má formação profissional implicará na exclusão digital do

aluno e consequentemente dos espaços sociais, econômicos, podendo até comprometer sua

vida pessoal e profissional. Outrossim, é bom lembrar que as TIC’s estão relacionadas

também com a educação a distância. No entanto, nem sempre foi assim. Fazendo uma

pequena retrospectiva, Gomes (2005) afirma que:

A década de 50 e 60 foram marcadas pelo ensino por correspondência. Já a

década de 70 foi evidenciada pelos programas de TV. Os anos 80 sofreram a influência da telemática e a década de 90 é marcada por experiências de tele

e videoconferência via satélite e uso da internet como formas de educação

online (GOMES, 2005, p. 8).

De acordo com Gomes (2005), as tecnologias usadas para a formação docente foram

atualizando-se, daí a necessidade da escola e principalmente das universidades se prepararem

para ofertar esta devida formação, através de políticas públicas, cursos de extensão e

especializações, na busca de um profissional crítico e reflexivo. É preciso repensar a formação

dos licenciados na academia, ou seja, ainda na universidade, eles precisam cursar disciplinas

em que a proximidade e a identificação com as TIC’s se efetive, para que venham a refletir

sobre os seus conhecimentos e suas práticas docentes.

Falcão (2012) acrescenta que:

Há uma enorme carência, no âmbito educacional, de formação especifica

para os profissionais da educação. Assim como há carência, também, de

infraestrutura básica para essa formação (FALCÃO, 2012, p. 2).

Diante do que foi afirmado, sabemos que, por um lado, ainda há uma carência quanto aos

recursos tecnológicos para o treinamento dos professores. Por outro, há uma acomodação por

parte de alguns profissionais, não aproveitando as oportunidades de formação ofertadas nesse

campo. Vale ressaltar que as ofertas têm aumentado gradativamente, os governos municipais e

estaduais, principalmente federais vêm ampliado o número de vagas para formação docente

no uso de TIC’s.

Ao se pensar na formação docente, é necessário diferenciar mediação de mediatização,

mesmo ambos sendo compreendidos como o papel do professor. A mediação é caracterizada

como uma atitude e/ou comportamento do professor que se coloca como um facilitador,

19

incentivador ou motivador da aprendizagem, bem como pela forma que esse profissional

apresenta e/ou trata o conteúdo. Já a mediatização caracteriza-se pela transformação do

ambiente educativo através da introdução da tecnologia como parte do ambiente, além de

apresentar as tecnologias como melhora nas formas de relacionamentos no ambiente escolar,

demonstrando que não só a escola como espaço formal e legitimo da sociedade.

Diante do exposto, fica evidente que o papel do professor deve se basear tanto na

mediação quanto na mediatização. O docente deverá apresentar as TIC’s na prática

pedagógica, demonstrando tais abordagens com um olhar inovador e reflexivo, possibilitando

ao aluno o poder de refletir criticamente a sua inserção e participação na realidade.

20

3. TIC’s

Primeiramente, ressaltamos que a discussão do uso de Tecnologias da Informação e

Comunicação no ambiente escolar deve ser posterior ao entendimento do que são tais

tecnologias. Pois, segundo Pacievitch (2015), as TIC’s são “um conjunto de recursos

tecnológicos utilizados de forma integrada com um objetivo em comum”. Por outro lado,

acrescenta Tajra (2001) que:

As tecnologias dividem-se em três tipos: tecnologias organizadoras, que são as formas que nos relacionamos com o mundo; as tecnologias simbólicas,

que estão relacionadas com a forma de comunicação entre pessoas, como a

linguagem digital (dos computadores); e as tecnologias físicas, que são

inovações de instrumentos físicos, como a caneta esferográfica, o livro, o

telefone, o aparelho celular (TAJRA, 2001, apud ARAÚJO, 2009, p. 23).

Nessa perspectiva, as TIC’s estão em todos os ambientes, pois elas vão além do uso do

computador ou do aparelho celular. É importante destacar que as ferramentas ou tecnologias

físicas evoluem constantemente, e nas escolas há um elevado uso de notebooks, data show,

filmes, cartazes, etc. Ao passo que se atualizam as tecnologias físicas, as tecnologias

simbólicas (ligadas à comunicação) continuam, por assim dizer, estagnadas. Os indivíduos

adaptam-se rapidamente as exigências de cada novo meio, sem refletir ou mesmo conhecer as

linguagens com que devem operar, adaptando-se a maioria das ocasiões.

A superação desse analfabetismo das imagens, da comunicação e da

informação e a incorporação dessa nova razão não se darão única e exclusivamente por intermédio da escola, mas seu papel pode ser

significativo se forem desenvolvidos políticas educacionais que a valorizem,

transformando-a no espaço para a formação do novo ser humano (PRETTO,

2013, p. 123).

De acordo com o teórico, a escola atende os alunos que se apresentam como usuários

de tais tecnologias, no entanto, esse uso tem se dado de forma indiscriminada e improdutiva

no âmbito educacional e social, ou seja, somente para entretenimento e diversão. Diante de tal

situação podemos nos questionar se os usos dado à internet são somente utilizados para esses

fins? Os indivíduos, de forma geral, conseguem utilizar as TIC’s de forma produtiva?

Podemos dizer que cabe a escola usar-se de técnicas e de estratégias para subsidiar os alunos

às tecnologias, não podendo ser um muro ou uma barreira que limite o uso das novas

tecnologias pelos alunos, mas sim agir como mediadora e mediatizadora do processo de

ensino-aprendizagem nesta nova era que apresenta uma nova maneira de se pensar educação.

Para Pretto (2013), os recursos modificam todo o ambiente escolar, quando ele afirma que:

21

A presença desses recursos, como fundamento da nova educação, transforma

a escola, que passa a ser um novo espaço, físico, inclusive, qualitativamente

diferente do que vem sendo. Sua função, nessa perspectiva, será a de constituir-se em um centro irradiador de conhecimento, com o professor

adquirindo também e necessariamente outra função. Função de comunicador,

de articulador das diversas histórias, das diversas fontes de informações

(PRETTO, 2013, p. 139).

Assim, aqueles que utilizam as novas tecnologias modificam suas relações, pois estão

sempre em busca por novas socializações. Desta forma, as pessoas têm utilizado as redes

sociais como forma de comunicação entre amizades próximas e distantes. Por outro lado, uma

das questões, nessa perspectiva, é a de que tais pessoas tornam suas relações cada vez mais

individuais, ou seja, elas usam seus aparelhos como única relação com o mundo, deixando de

lado a própria comunicação física, ao vivo.

No entanto, a escola necessita visualizar esses aspectos e trabalhar de acordo com as

mudanças nas relações, nas tecnologias e nos conteúdos abordados. É imprescindível

desconstruir a ideia de que a instituição é o único local onde existe o conhecimento. Sendo

assim, é necessário criar e/ou reconstruir a autonomia desses estudantes, a autonomia de

questionar e debater os diversos conteúdos e temas abordados, de buscar o conhecimento nas

mais diversas fontes existentes sem a obrigatoriedade da escola propriamente dita, ou seja,

essa busca necessita de independência e de autonomia do aprendiz, ele precisa se sentir

motivado a buscar novos conhecimentos.

22

4. AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM

Com a evolução do aparato tecnológico e a expansão de processos formativos a

distância, surgiram os Ambientes Virtuais de Aprendizagem, conhecidos como AVAs. Tais

ambientes caracterizam-se por acesso ao seu “interior” através de senha — pouco conteúdo

fica disponível para usuários não cadastrados. Os cursos são separados em “salas virtuais” e

as ferramentas e funcionalidades do ambiente se encontram voltadas primordialmente para a

situação de ensino-aprendizagem. Há formas variadas de comunicação e interação entre os

alunos e os professores (atividades diversas, tarefas, chat, blog, fórum, etc.); o professor (ou

tutor) pode acompanhar o desenvolvimento e a participação de cada aluno separadamente,

elaborar e corrigir atividades de forma virtual, atribuir as notas, estabelecer os prazos para a

realização de atividades, enviar mensagens etc. Assim, os ambientes virtuais são práticos,

estão ao alcance de um clique e possuem o objetivo de educação a distância.

Para compreender tais ambientes nos quais a aprendizagem se dá virtualmente, é

necessário entender os aspectos que circundam a educação. Segundo Melo (2008), o processo

educacional possui dois movimentos:

O primeiro é aquele em que é feita a mediação entre o social, a prática construída e o indivíduo, no qual se forma a base dos pensamentos

individuais e coletivos e é o que possibilita a continuidade do processo

histórico da cultura; O segundo é aquele que se caracteriza pela mediação que a palavra e a imagem fazem entre o pensamento individual e o social, e

pela possibilidade que cada um tem de ser sujeito, de se reelaborar

produzindo o novo, revelando como a educação se desenvolve na tensão

entre o individual e o social (MELO, 2008, p. 55).

Nesse sentido, é pertinente afirmar que os movimentos dentro do processo educacional

passam por uma mediação entre o indivíduo e o social. Entende-se, portanto, por mediação “o

movimento de significado de um texto para o outro, de um discurso para o outro, de um

evento para outro” (THOMPSON, 1988, apud MELO, 2008, p. 33). Isso demonstra que cabe

a escola e aos profissionais da educação atualizar-se e, sobretudo, acompanhar a mudança

dentro da instituição — sempre fazendo essa mediação entre o indivíduo e o social, entre o

indivíduo e o contexto no qual ele está inserido.

Quando falamos que a “Educação remete ao desenvolvimento e ao aperfeiçoamento

das faculdades morais e intelectuais” (MELO, 2008, p. 15), deixamos evidente que a

educação de qualidade não se trata somente de uma educação formal, somente “aquela

desenvolvida nas escolas com conteúdos previamente demarcados” (GOHN, 2006, p.28).

Posto que as universidades diminuíram gradativamente suas atividades presenciais, a escola,

23

enquanto instituição formadora, busca estratégias para promover uma educação significativa

que não está diretamente interligada à sala de aula, aos livros didáticos ou à lousa — uma

desconstrução do método tradicionalista da pedagogia.

Desse modo, os ambientes virtuais de aprendizagem se apresentam como plataformas

em que a aprendizagem se efetiva e se tornam ambientes formativos de ensino a distância. É

pertinente afirmar que, diante dessas considerações, o conhecimento é construído por um

conjunto de informações que foram produzidas por um sujeito que o planejou de acordo com

seus objetivos, preparando e relacionando o contexto para seus receptores — o que resulta em

uma ação com sentido.

É pertinente afirmar também que o sujeito receptor (aluno do ambiente virtual de

aprendizagem) precisa ser valorizado, ou seja, seus desejos e expectativas necessitam ser

levados em consideração no ato do planejamento dos estudos — uma vez que o receptor deve

se sentir confortável, contextualizado e acolhido nesses ambientes. No entanto, é importante

ter em vista que existe uma desigualdade social quanto ao acesso às tecnologias físicas, alguns

deles possuem aceso livre em suas residências, mas para tantos outros esse acesso se faz

limitados ao ambiente escolar ou às casas de redes.

A internet tem proporcionado aos seus usuários uma série de benefícios, tais como

facilidade de comunicação, repasse de informações, economia de tempo, entre outros tantos.

Diante dessa realidade, a escola vem tentando andar paralelamente ao cotidiano extraescolar

do aluno, trazendo tais tecnologias que já são usadas informalmente fora, para dentro da sala

de aula — evidentemente que de maneira voltada para trabalhar aspectos educativos.

Com base em Melo (2008, p.64), “a escola cabe, além de educar o aluno no sentido de

torná-lo receptor crítico, formar o professor, apropriador crítico de linguagens, seja em termos

de conteúdo ou de tecnologia”. Isso nos faz crer que é necessária uma preocupação quanto à

formação significativa dos indivíduos que trabalham com as TIC’s (professores e gestores),

pois seus próprios alunos serão os “receptores” de tais linguagens e conteúdos. Conforme se

pode constatar em Gomes (2005), essa formação deve ser orientada por uma equipe

multidisciplinar:

Essa formação é planejada por uma equipe multidisciplinar, composta de especialistas na área de informática e de orientação pedagógica. O objetivo é

sondar as necessidades dos docentes, e, em conjunto, organizar oficinas e

cursos para supri-las, de forma que os professores adquiram progressivamente uma relativa autonomia em sua prática, dentro da

24

abordagem de projetos, utilizando recursos tecnológicos (GOMES, 2005, p.

11).

É importante frisar que a internet auxilia no processo educacional e, dessa forma, a

escola deve explorar suas diversas potencialidades — tanto da internet quanto dos aparatos

tecnológicos existentes. Atualmente, temos a disposição diversos mecanismos de

comunicação e informação, como por exemplo: chats, e-mail, blog, facebook, twitter, entre

outras redes sociais de uso diário dos indivíduos.

Araújo (2009) traz definições para algumas dessas redes sociais:

O chat (bate-papo) é uma das maneiras de efetuar comunicação, ocorre de

forma instantânea entre o emissor e o receptor. O e-mail (correio eletrônico)

funciona semelhante a um correio convencional, o emissor envia a correspondência e, quase que imediatamente, o receptor poderá recebê-la,

independente do dia, da hora e do lugar. O blog não contém apenas textos;

pode ser composto, também, por imagens, sons e links para outros endereços

da web (ARAÚJO, 2009, p. 47).

Diante do exposto, devemos ter consciência de que é necessário visualizar a expansão dos

ambientes virtuais de aprendizagem, inserindo e ampliando as diversas modalidades de ensino

(fundamental, médio e EJA) e levando em consideração que nas escolas que atendem essas

modalidades ainda há restrições quanto ao seu uso.

25

5. O BLOG

Um dos ambientes virtuais de aprendizagem encontrados na internet é o blog. Ele tem

sido usado por docentes e pela gestão da escola como um recurso na busca de materiais e de

conteúdos abordados de uma forma mais próxima com o receptor. Araújo (2009) traz

contribuições quanto à origem desse ambiente:

A expressão Weblog foi cunhada em dezembro de 1997 pelo norte americano Jorn Barger. Blog, como também é chamado, é um tipo de publicação online

que teve sua origem no hábito de logar (entrar, conectar ou gravar) à web,

fazer anotações, transcrever, comentar os caminhos percorridos pelos espaços virtuais. Por isso mesmo, os weblogs são denominados como

“diários virtuais” onde as pessoas escrevem sobre diversos assuntos de

interesse pessoal, onde são expressas ideias e sentimentos do autor ou

profissional (ARAÚJO, 2009, p. 51).

Atualmente, encontramos uma diversidade de blogs de várias categorias (esporte,

entretenimento, moda, educação, entre outros). Para acessar um blog específico, o usuário

deve estar em um computador, celular ou tablet devidamente conectado à internet, digitar o

endereço do blog desejado e acessar o conteúdo disponível daquela página. Outra

possibilidade é o usuário acessar pelos um navegador (Chrome, Internet Explorer ou Mozilla)

através de uma página de buscas (Google, Ask, Yahoo, Bing, entre outros,) e pesquisar o tema

desejado. Assim, fica evidente, pelas possibilidades existentes, que os usuários possuem uma

facilidade para acessar os blogs.

Vale salientar que o blog possui características próprias, como destaca Araújo (2009):

Apresentam-se na forma de uma página web, atualizada frequentemente,

composta por pequenos parágrafos apresentados de forma cronológica, como

uma página de notícias ou um jornal, que segue uma linha do tempo com um fato após o outro. Os textos escritos nos blogs são chamados de posts, que

podem ser escritos (postados) apenas pelo autor do blog ou, por uma lista de

membros que ele convide e autorize a postar mensagens. Esses textos,

geralmente, são acompanhados de data e horário de postagem e, de um link para acesso direto e permanente para aquele texto específico, possibilitando

discussão e troca de ideias através dos comentários, que podem ser lidos e

escritos por qualquer pessoa (ARAÚJO, 2009, p. 52).

Além disso, as configurações e formatações dessa ferramenta podem ser modificadas a

qualquer momento pelo autor ou pelas pessoas autorizadas por ele para gerir o blog.

Alterações, como nomes, imagens, cores, inclusive a estruturação e a organização do blog

podem ser realizadas, contribuindo para o contexto de um ambiente lúdico e dinâmico que,

por consequência, aproxima os aprendizes desse universo de forma rica (pois proporciona

materiais diversos) e prazerosa (pelo uso de uma nova forma de construir o conhecimento).

26

Assim, a dinamicidade que o blog oferece ao seu leitor tem contribuído para o crescimento

acelerado dos leitores, sem mencionar a linguagem popular que é utilizada, familiarizando o

usuário com as tecnologias.

É importante que a escola busque inserir-se às novas estratégias e técnicas na

utilização tecnológica em sala de aula. E o blog, nesse sentido, por possuir um potencial como

ferramenta e por ser um espaço individual ou coletivo, pode ser usado estrategicamente por

um professor ou por toda a equipe escolar contribuindo com o processo de ensino-

aprendizagem, tanto para uma turma específica (em que se abordaria os conteúdos

trabalhados), quanto como um canal de trocas de conhecimento e experiências por toda a

equipe escolar e para toda comunidade escolar.

Em Araújo (2009), encontramos os estudos de Alex Primo (2009), que apresenta

quatro tipos de blogs:

Blog profissional – esse blog individual é escrito por uma pessoa com

especialização em determinada área, na qual atua profissionalmente, cujo

impacto pode ser identificado nos posts. Não importa aqui se esse profissional possui educação formal em sua área de atuação. [...] Blog

pessoal – trata-se de uma produção individual, mas que se diferencia dos

blogs profissionais, as motivações principais que movem o blogueiro são o

prazer de expressar-se e interagir com os outros. [...] Blog grupal – são blogs produzidos por pelo menos duas pessoas. O foco é voltado para um tema de

interesses comum ao grupo. Os posts são escritos de forma individual, onde

cada participante escreve seu texto separadamente, quanto assinado por todo o grupo. [...] Blog organizacional – são também blogs coletivos, mas

apresentam restrições que se impõe à criação de posts e a interação com as

audiências. Esses blogueiros têm um cuidado especial com seus textos, por saberem que irão assiná-los como membros de uma organização; ou seja,

tudo que for escrito não será tomado como a postura de alguém em

particular, mas como fala da organização (PRIMO apud ARAÚJO, 2009, p.

55).

O blog pode ser explorado de diversas maneiras e formas dentro do ambiente escolar:

debater sobre os temas da atualidade, mostrar projetos existentes não só na escola como

também na cidade, atividades culturais realizadas, conteúdos estruturados com exibição de

filmes ou curtas-metragens, imagens ilustrando os conteúdos abordados em sala são algumas

opções de como o blog pode auxiliar na pratica pedagógica docente.

27

6. CARACTERÍSTICAS DA EJA

É necessário, primeiramente, fazer uma breve retrospectiva sobre essa modalidade.

Estima-se que o programa de Educação de Jovens e Adultos – EJA tenha surgido na época do

Brasil colônia, com a necessidade de catequização da população adulta pelos jesuítas. Só a

partir da década de 1930, a educação básica de adultos passou a se estabelecer definitivamente

no Brasil. Nesse período, o país passava pelo advento da revolução e havia uma preocupação

do governo em alfabetizar as camadas baixas da população. Saldanha (2009) afirma que o

objetivo era formar eleitores e não cidadãos com uma educação integral.

Na década de 1940, houve grandes iniciativas políticas e pedagógicas, como a

Regulamentação do Fundo Nacional do Ensino do INEP (Instituto Nacional de Estudos e

Pesquisa), que realizou estudos na área, e o surgimento de uma preocupação quanto aos

materiais didáticos para os alunos dessa modalidade específica. A EJA, a partir desse

momento, foi reconhecida como uma modalidade obrigatória no ensino público fundamental

dentro da constituição federal de 1988, como também pela Lei de Diretrizes e Bases – LDB

da Educação Nacional, sancionada em 20 de dezembro de 1996, que diz:

O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: I - Ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que não

tiveram acesso na idade própria; VI – oferta de ensino noturno regular,

adequado às condições do educando; § 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo. § 2º O não oferecimento do ensino

obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta irregular, importa

responsabilidade da autoridade competente (LDB 9.394/96, 1996).

Assim sendo, tornar esse direito realidade, possibilitando que os acessos tenham

ênfase na permanência e no sucesso escolar destes alunos, constitui-se em um grande desafio

para os docentes, bem como para toda a comunidade escolar. Cabe frisar que esse desafio

pode ser vencido através de recursos, estratégias e programas incentivadores e motivadores da

permanência dos aprendizes na modalidade EJA, bem como o comprometimento desses

alunos no próprio processo de ensino-aprendizagem.

A EJA é uma modalidade na qual os aprendizes possuem vivências diferenciadas,

laços familiares formados, trazem crenças, tradições, atitudes e valores para escola e muitos

deles já se encontram inseridos no mercado de trabalho. Esses alunos precisam ser

compreendidos, respeitados e motivados a construir seu conhecimento, uma vez que muitos

apresentam histórias de vida baseadas em dificuldades pessoais. É preciso acentuar que eles

não concluíram os estudos em idade regular por diversos motivos, como abandono da escola

28

para inserção no mercado de trabalho, gravidez precoce, dificuldades de aprendizagem,

desmotivação pelo aprendizado, etc.

Merece ressaltar que a atuação pedagógica na Educação de Jovens e Adultos requer

estratégias e/ou metodologias que proporcione ao aprendiz condições de aprendizagem

significativas; na qual o ensino dialogue com situações concretas de suas vidas, valorizando e

levando em consideração que eles possuem uma jornada diária árdua. No planejamento do

docente, os conhecimentos de mundo e as experiências de vida desses aprendizes precisam ser

contextualizados de forma concreta, adaptando parte das aulas às vivências deles.

Nessa perspectiva, é necessário trabalhar também com conteúdos atualizados e

dinâmicos, objetivos e métodos que tragam o aluno para escola de forma não obrigatória; uma

vez que os índices de repetência e evasão na modalidade EJA têm aumentado gradativamente.

Assim, repensar a prática pedagógica utilizada em sala de aula, introduzindo novas

tecnologias de uso dinâmico e regular e criando oportunidades de ensino-aprendizagem de

cunho dialógico, é se apresentar com novos métodos para ofertar uma educação de qualidade,

tendo em vista a formação de um indivíduo crítico e reflexivo.

29

7. PROPOSTA

O presente trabalho buscou analisar o uso de TIC’s, precisamente do blog pessoal

como ferramenta de contribuição no processo de ensino-aprendizagem de alunos da 1ª série

do ensino médio da EJA da Escola Estadual Aldo Fernandes de Melo.

Nas observações realizadas, o uso da lousa branca e dos livros didáticos se dava

diariamente, havendo uma utilização restrita de mídias, limitando a motivação dos alunos na

busca pelo conhecimento e na sua capacidade de refletir e aprender significativamente. No

entanto, umas das ferramentas utilizadas era o data show.

É imprescindível ressaltar que a EJA é uma modalidade que, como dito anteriormente,

possui características peculiares. Nessa modalidade há elevados índices de repetência e

evasão, rendimento escolar insatisfatório, baixa autoestima, e esses índices são

constantemente atestados e são ocasionados por diversos fatores, como a empregabilidade

(carga horária elevada de trabalho), gravidez precoce, falta de professores e a acomodação de

alguns discentes. Mas muito do que acontece ao programa se deve também ao desprazer que

os alunos sentem em manter-se no ambiente escolar, principalmente devido ao uso do material

eletrônico que só serve para preencher lacunas, e não para refletir sobre os assuntos

abordados, como afirma Orlandi (2003):

Enquanto objeto, o material didático anula sua condição de mediador. O que interessa, então, não é saber utilizar o material didático para algo. Como

objeto, ele se dá em si mesmo, e o que interessa é saber o material didático

(como preencher espaços, fazer cruzadinhas, ordenar sequencias, etc.). A

reflexão é substituída pelo autoritarismo, porque, na realidade, saber o material didático é saber manipular (ORLANDI, 2003, p. 22).

O sistema de ensino tradicionalista ainda é muito utilizado nas salas de aula,

principalmente na EJA. É observado que tais aprendizes já vêm de uma rotina dura de

trabalho, em que o cansaço físico da rotina, a idade avançada, a realidade social, econômica e

cultural em que eles se inserem são motivos que aumentam os índices já citados. Assim,

quando eles se deparam com aulas repetitivas, metodologias tradicionais, ausência de

materiais pedagógicos inovadores, entre outros aspectos negativos, se desestimulam pelo

prazer do aprendizado.

A utilização de estratégias e recursos na aprendizagem são de extrema importância. A

compreensão do docente em saber distinguir a estratégia do recurso ou a técnica que deve

30

aplicar se faz necessário, embora na prática elas estejam indissociáveis. De acordo com

Freitas (2009), estratégia e recurso ou técnica possuem significados distintos:

As estratégias de ensino são o modo de organizar o saber didático, apresentando diversas técnicas e recursos que possibilitem o alcance dos

objetivos propostos para a atividade. Significa pensar e utilizar os recursos

mais adequados para não só dinamizar as aulas, mas principalmente fazer os elos necessários entre o saber transmitido e sua sedimentação no repertório

do aluno. [...] A técnica é um tipo de saber que se aplica, normalmente, com

instrumentos e ferramentas úteis ao processo ensino-aprendizagem (FREITAS, 2009, P. 14).

Avaliando a ausência de determinados recursos, como a sala de informática na maioria

das escolas brasileiras, é necessário visualizar que grande parcela dos estudantes possuem

computador, tablet ou celular com acesso à internet, e que eles já usam em detrimento de sua

diversão ou comunicação. É necessário ressaltar que o uso de estratégias ou recursos como

mediadores do ensino-aprendizagem precisam estar direcionados e planejados para atingir

determinado objetivo. Introduzir as TIC’s sem mudar a metodologia de ensino dos professores

não garante o sucesso da aprendizagem. Neste sentido, por que tais jovens e adultos não

poderiam utilizar esses recursos para a construção e/ou ampliação de seu conhecimento?

A proposta deste trabalho visou a criação de um blog profissional, voltado para a

disciplina de Biologia, ministrada por Mauro Bittencourt. Nesse blog, foram postados os

materiais referentes aos conteúdos abordados pelo professor na II unidade da disciplina com o

uso de recursos audiovisuais (vídeos de curta metragem, uma das melhores estratégias para

EJA, uma vez que não cansa quem assiste). Com a estrutura chamativa, o blog apresenta

aspectos audiovisuais e linguagens que aproximam o aluno do lúdico, proporcionando um

conhecimento prazeroso.

Portanto, o uso das novas tecnologias apresentou-se como uma estratégia para

diminuir ou minimizar os índices de repetência e evasão da turma acompanhada, além de

contribuir para que os alunos pudessem associar os materiais inseridos no blog com os

conteúdos abordados em sala de aula com maior facilidade.

Nosso projeto anseia modificar de forma positiva e significativa a realidade da sala de

aula da EJA, no entanto, é necessário que os aspectos que dificultam o trabalho com os TIC’s,

como a ausência de computadores na escola, a falta de formação docente — tanto para

trabalhar na EJA quanto para manusear os equipamentos —, sejam revistos e melhorados em

prol de uma educação crítica, reflexiva e significativa.

31

8. CARACTERIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO

A Escola Estadual Aldo Fernandes de Melo fica localizada na Avenida Guaratinguetá,

s/n, Bairro Lagoa Azul, Natal/RN. Atualmente atende a comunidade externa e a comunidade

interna (próprios funcionários da escola), oferecendo do 1º ano ao 5º ano do ensino

fundamental no turno matutino, do 6º ano ao 9º ano do ensino fundamental no turno

vespertino e a modalidade Educação de Jovens e Adultos – EJA no turno noturno. As vagas

ofertadas são preenchidas no ato da matricula, que são realizadas no início e no meio de cada

ano letivo. A escola possui um total de 863 alunos matriculados, e desses, 210 estão

matriculados na EJA. Essa modalidade compreende alunos a partir dos 15 anos, conforme a

resolução nº 3 do Conselho Nacional de Educação – CNE:

Art. 5º Obedecidos o disposto no artigo 4º, incisos I e VII, da Lei nº 9.394/96 (LDB) e a regra da prioridade para o atendimento da escolarização

obrigatória, será considerada idade mínima para os cursos de EJA e para a

realização de exames de conclusão de EJA do Ensino Fundamental a de 15

(quinze) anos completos. Parágrafo único. Para que haja oferta variada para o pleno atendimento dos adolescentes, jovens e adultos situados na faixa de

15 (quinze) anos ou mais, com defasagem idade-série, tanto sequencialmente

no ensino regular quanto na Educação de Jovens e Adultos, assim como nos cursos; Art. 6º Observado o disposto no artigo 4º, inciso VII, da Lei nº

9.394/96, a idade mínima para matrícula em cursos de EJA de Ensino Médio

e inscrição e realização de exames de conclusão de EJA do Ensino Médio é 18 (dezoito) anos completos (Resolução nº 3, de 15 de junho de 2010).

32

Tabela 1 – Quantidade de alunos por turma e turno da Escola Estadual Aldo Fernandes de

Melo

Matutino Vespertino Noturno

Turma Quantidade de

Alunos

Turma Quantidade de

Alunos

Turma Quantidade de

Alunos

1º ano 24 6º ano

(A, B, C,

D e E)

163 5º período

(E e F)

46

2º ano 26 7º ano

(A, B e C)

79 6º período

(C e D)

57

3º ano

(A e B)

38 8º ano

(A e B)

73 7º período

30

4º ano

(A e B)

63 9º ano

(A, B e C)

94 8º período

(B e C)

38

5º ano

(A, B e

C)

90 1ª série 39

Total 245 408 210

Fonte: Elaborada pela autora com base nos dados obtidos na pesquisa.

Quanto às instalações da escola, ela possui: salas de aula, banheiros adaptados para os

alunos com Necessidades Educacionais Especiais – NEE, sala de professores, sala de direção

e secretaria, uma biblioteca com acervo significativo de livros didáticos e paradidáticos, sala

de vídeo e multimídia equipada com som, televisor e data show, sala de multimeios, sala da

coordenação pedagógica, um pátio, almoxarifados e banheiros para os professores; como

podemos conferir na tabela abaixo:

33

Tabela 2 – Instalações presentes da Escola Estadual Aldo Fernandes de Melo

Espaços Possui Não possui Quantidade

Almoxarifado X 1

Banheiro para alunos X 6

Banheiro para alunos com NEE X 2

Banheiro para professores X 2

Biblioteca X 1

Cozinha X 1

Pátio X 1

Quadra Poliesportiva X 1

Sala de Aula X 12

Sala da Coordenação Pedagógica X 1

Sala da Direção X 1

Sala de Informática X

Sala de Multimeios X 1

Sala de Professores X 1

Sala da Secretaria X 1

Fonte: Elaborada pela autora com base nos dados obtidos na pesquisa.

Dentre os materiais pedagógicos, estão inclusos os recursos visuais, auditivos e

audiovisuais mais utilizados nas escolas brasileiras. Vale salientar que o uso de tais recursos

visa a aproximação do aluno aos conteúdos abordados, e que eles sozinhos, por mais

elaborados que sejam, não garantem o sucesso da aprendizagem, mas apresentam-se como

mediatizadores desse processo. A escola pesquisada possui alguns desses recursos que

viabilizam a interatividade dos alunos com os ambientes virtuais de aprendizagem, são eles:

34

Tabela 3 – Recursos pedagógicos da Escola Estadual Aldo Fernandes de Melo

Materiais Possui Não possui

Aparelho de DVD X

Aparelho de som X

Computadores X

Data show X

Lousa mágica X

Televisão

Notebook X

Fonte: Elaborada pela autora com base nos dados obtidos na pesquisa.

35

9. BLOG TIC’s E EDUCAÇÃO

O provedor escolhido para armazenar o blog produzido nesta pesquisa foi o Blogger.

Ele está disponível em www.blogger.com e a escolha de tal provedor se deu por alguns fatores

de extrema importância:

Pela facilidade da linguagem (português – BR), enquanto que alguns blogs são em

línguas estrangeiras — devido gratuidade do sistema:

Figura 1 – Página de configurações do Blogger

Fonte: blogger.com

Acesso em 30 de novembro de 2015.

A segurança de ser editado por somente uma pessoa (quem criou) e por convidados,

obtendo um controle melhor de manutenção do blog. Segue o modelo da configuração

de uma notícia postada no blog:

Segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Aos alunos do EJA (Educação de Jovens e Adultos) da 1ª série do Ensino Médio da Escola

Estadual Aldo Fernandes de Melo:

Sejam Bem-vindos!

Neste blog, vocês encontrarão os conteúdos relativos à II unidade da disciplina

Biologia, ministrada pelo professor Mauro Bittencourt.

Postado por TIC's e Educação às 09:51

Um comentário:

36

Este provedor também permite que o blog possua uma estrutura hipertextual com links

embutidos:

Figura 2 – Página do blog TIC’s e Educação

Fonte: tecnologiamonografia.blogspot.com.br/p/especializacoes-da-membrana

Acesso em 30 de novembro de 2015.

Os visitantes possuem acesso público e gratuito ao conteúdo, podendo também postar

seus comentários:

Figura 3 – Página do blog TIC’s e Educação

Fonte: tecnologiamonografia.blogspot.com.br

Acesso em 30 de novembro de 2015.

37

Possui um armazenamento dos conteúdos postados, permanecendo um atalho para

facilitar o acesso do visitante:

Figura 4 – Página do blog TIC’s e Educação

Fonte: tecnologiamonografia.blogspot.com.br

Acesso em 30 de novembro de 2015.

Possibilita o acesso a outros sites educativos:

Figura 5 – Página do blog TIC’s e Educação

Fonte: tecnologiamonografia.blogspot.com.br

Acesso em 30 de novembro de 2015.

38

Possuem a capacidade de postagem com vídeos e imagens:

Figura 6 – Página do blog TIC’s e Educação, vídeo postado pela autora

Fonte: tecnologiamonografia.blogspot.com.br

Acesso em 30 de novembro de 2015.

Figura 7 – Página do blog TIC’s e Educação, imagem postada pela autora

Fonte: tecnologiamonografia.blogspot.com.br

Acesso em 30 de novembro de 2015.

Além de todos os recursos anteriores, o blog possui uma visão dinâmica, além de

proporcionar aos visitantes um music player, a quantidade de visualizações da página

e um tradutor:

39

Figura 8 – Página do blog TIC’s e Educação, visão geral do blog

Fonte: tecnologiamonografia.blogspot.com.br

Acesso em 30 de novembro de 2015.

40

10. CONTEÚDOS ABORDADOS PELO BLOG

O blog, como dito anteriormente, foi criado com o intuito de analisar o uso de blogs

como uma ferramenta que contribua no processo de ensino-aprendizagem da EJA,

precisamente dos alunos da 1ª série do ensino médio da Escola Estadual Aldo Fernandes de

Melo. Nesse sentido, foi necessário se pensar estratégias que colaborassem com a

permanência dos discentes em sala de aula, além da busca autônoma pelo conhecimento e a

possibilidade de incorporação desses indivíduos ao meio virtual.

O professor Mauro Bittencourt, docente da disciplina de biologia da referida turma,

proporcionou uma experiência rica aos seus alunos ao auxiliar na criação do blog TIC’s e

Educação, pois a abrangência da página possibilitou um ambiente vasto e rico de

informações. O docente concedeu o seu planejamento da II unidade do ano letivo (2015.2)

para que os conteúdos trabalhados em sala fossem postados no blog com uso de recursos

audiovisuais, imagens, textos e exercícios. Tais materiais ofereceram aos visitantes um blog

atrativo e dinâmico.

No blog, foram postados os conteúdos de acordo com o planejamento do professor,

foram criados links que facilitaram a busca pelo assunto, e a cada página aberta encontram-se

vídeos de curta metragem (pelo fato de ser rápido e bem menos cansativo) e material

explicativo sobre cada tema abordado (a cada página foi mantido o conteúdo da forma

proposta pelo docente, sem nenhuma alteração pela pesquisadora). Na visão geral do blog, os

visitantes podem comentar em todas as páginas, de forma anônima ou se identificado pelo e-

mail.

Vale salientar que anteriormente a esta pesquisa, houve um diálogo com os alunos da

turma analisada, e foi nesse momento que eles foram orientados sobre como a pesquisa iria

proceder. Ressaltamos a necessidade de respeitar aquele ambiente e que a nossa intenção não

era a de restringir ou limitar a turma, pretendíamos apenas alcançar os objetivos propostos,

com responsabilidade, seriedade e confiança que esse espaço merece.

41

Figura 9 – 1ª Página do planejamento do professor de biologia Mauro Bittencourt

Fonte: Acervo da autora.

42

Figura 10 – 2ª Página do planejamento do professor de biologia Mauro Bittencourt

Fonte: Acervo da autora.

43

Figura 11 – 3ª Página do planejamento do professor de biologia Mauro Bittencourt

Fonte: Acervo da autora.

44

Figura 12 – 4ª Página do planejamento do professor de biologia Mauro Bittencourt

Fonte: Acervo da autora.

45

Figura 13 – 5ª Página do planejamento do professor de biologia Mauro Bittencourt

Fonte: Acervo da autora.

46

11. METODOLOGIA

O procedimento metodológico foi o estudo de caso e o objeto foi a turma da 1ª série da

EJA e a inserção do blog TIC’s e Educação como estratégia para contribuir com o processo de

ensino-aprendizagem dela, analisando tal ferramenta como uma possível estratégia para

inserir os alunos em ambientes virtuais de aprendizagem, como também motivá-los na

construção do conhecimento.

Nesse sentido, foi elaborado um questionário misto (perguntas abertas e fechadas),

contendo cinco questões – conforme APÊNDICE A. Esses questionários tiveram o objetivo de

diagnosticar se os alunos utilizavam a internet, qual era o objetivo deles, se já conheciam

algum blog e se acreditavam que as TIC’s podiam contribuir no processo de ensino-

aprendizagem. A razão para a produção de tal questionário com poucas questões se deve ao

cansaço físico e mental desses jovens e adultos, assim como uma peculiaridade da turma: na

quarta-feira, são transmitidos pelas emissoras de televisão os jogos de futebol, por esse

motivo, os alunos da turma são liberados mais cedo. Haguette (1997) define entrevista como

“um processo de interação social entre duas pessoas na qual uma delas, o entrevistador, tem

por objetivo a obtenção de informações por parte do outro, o entrevistado”.

A técnica de questionário misto foi utilizada para atender nossas finalidades

exploratórias, pois nos permitiu compreender as representações que os envolvidos no

processo possuíam sobre a utilização de uma ferramenta pedagógica que possibilitou a

utilização de materiais em diferentes linguagens (escrita, visual e audiovisual). Anteriormente

a entrevista, explicamos a turma, de forma clara e detalhada, os objetivos da pesquisa, a

relevância do respeito e o compromisso com as etapas, além do comprometimento que os

alunos precisariam ter com o projeto.

O questionário foi realizado no dia 21 de outubro de 2015, em uma quarta-feira, na

sala da 1ª série do ensino médio, com 21 alunos presentes no horário da disciplina de biologia

ministrada pelo professor Mauro Bittencourt. Foi entregue uma folha para cada aluno, pois o

testa era de caráter individual. O motivo dessa estratégia foi a redução do tempo, uma vez que

o desgaste destes alunos poderia acarretar na não colaboração dos testes.

Posteriormente, foi criado o blog TIC’s e Educação, e lá foram postados todos os

questionários. Eles podem ser encontrados no endereço eletrônico:

tecnologiamonografia.blogspot.com.br. Tendo em vista a dinamicidade e a ludicidade que esta

ferramenta oportuniza, o blog foi produzido levando em consideração alguns aspectos

47

atrativos: a cor verde, por ser predominante na disciplina de biologia; a produção de um music

player contextualizado com o cotidiano dos alunos; um tradutor textual na própria página do

blog e sites educativos que motivam a pesquisa autônoma dos alunos que buscam ampliar

seus conhecimentos.

Além disso, o professor Mauro disponibilizou via e-mail a apostila da referida

disciplina para o desenvolvimento da pesquisa e criação do blog TIC’s e Educação. É

necessário compreender que os conteúdos propostos em uma unidade são diversos, e, nesse

sentido, disponibilizar todos em uma página só, poderia ocasionar cansaço da parte dos alunos

na leitura de um material extenso. Dessa forma, o conteúdo foi separado por páginas,

contendo em cada uma delas os vídeos de curta-metragem e o material explicativo

disponibilizado pelo professor. Os arquivos se encontram na parte inferior à esquerda, o que

facilitou a busca pelo material, além de imagens de reflexão e postagens de boas-vindas.

Após a criação do blog TIC’s e Educação, foi o momento de voltar à escola e

apresentá-lo para a turma. Esse momento ocorreu de forma rica e prazerosa, pois os alunos

apresentaram grande ansiedade ao ver os conteúdos e os vídeos postados, alguns mostraram

grande interesse em acessar no mesmo momento. Com o auxílio do professor, apresentamos

todas as páginas e os materiais que estavam postados. Foram exibidos pequenos trechos dos

vídeos, para motivá-los o acesso em outra ocasião. Optamos por não reproduzi-los em sala,

pois entendemos que o ato de assistir o vídeo teria que ser realizado em casa, nos momentos

disponíveis desses alunos.

Na mesma ocasião, aproveitamos para observar o comportamento dos alunos frente a

materiais em formato diferente do que normalmente eles têm contato. Segundo Ludke e André

(1986), a observação é um dos instrumentos básicos para a coleta de dados em pesquisas de

cunho qualitativo. Tal estratégia exige que o pesquisador tenha um contato direto com a

realidade para identificar dados e pistas a sobre a forma que os indivíduos relacionam-se com

a sala de aula, “com professores e materiais didáticos e que tais atores não têm consciência,

mas que orientam o seu comportamento” (LAKATOS, 1990).

Em outra visita, foi aplicado um novo questionário, conforme APÊNDICE B, para

analisar o acesso dos estudantes ao blog, bem como suas opiniões. Após análise de tais dados,

podemos compreender melhor acerca da contribuição do blog como ferramenta no processo

de ensino-aprendizagem dos alunos da EJA.

48

12. APLICAÇÃO

Na sala da 1ª série do ensino médio há exatamente trinte e nove alunos matriculados.

No entanto, para esta pesquisa, apenas vinte e um estudantes foram entrevistados. A faixa

etária deles variam de 17 a 52 anos, conforme tabela abaixo:

Tabela 4 – Quantidade de alunos entrevistados por faixa etária

Idade Quantidade

17 anos 3 alunos

18 anos 1 aluno

20 anos 2 alunos

23 anos 2 alunos

26 anos 4 alunos

28 anos 1 aluno

30 anos 1 aluno

31 anos 1 aluno

32 anos 1 aluno

37 anos 1 aluno

45 anos 1 aluno

52 anos 1 aluno

Fonte: Elaborada pela autora com base nos dados obtidos na pesquisa.

Ao analisarmos o questionário diagnóstico, tivemos uma grande quantidade de alunos

que acessavam a internet para informações, diversão, entretenimento etc. O gráfico abaixo

apresenta os dados coletados na pesquisa no tangente ao uso da internet pelos alunos. Do total

de vinte e um alunos entrevistados, vinte utilizam a internet e um não utiliza:

49

Fonte: Elaborada pela autora com base nos dados obtidos na pesquisa.

Dos vinte e um alunos entrevistados, vinte utilizam a internet por diversos motivos:

pesquisar trabalhos, informações sobre notícias, redes sociais, jogos online, esportes,

marcação de consultas médicas e para assistir ao canal YouTube (vídeos); e um não utiliza a

internet. Notamos que a pergunta proporcionou aos entrevistados uma liberdade de expressão

maior naqueles que utilizavam a internet, havendo mais de uma resposta por estudante, como

mostra o gráfico a seguir:

Fonte: Elaborada pela autora com base nos dados obtidos na pesquisa.

50

Dos vinte alunos que acessam a internet, constatou-se que os recursos midiáticos mais

utilizados partiam de notebook, computador e celular. Isso se deve também a facilidade de

manuseio, deslocamento e conectividade desses aparelhos com a internet:

Fonte: Elaborada pela autora com base nos dados obtidos na pesquisa.

Dos alunos que utilizam a internet, doze deles realizam pesquisas sobre o conteúdo

estudado em sala, sete alunos realizam ocasionalmente e um não realiza:

Fonte: Elaborada pela autora com base nos dados obtidos na pesquisa.

51

De todos os alunos entrevistados, dezesseis acreditam que a internet melhora o

processo de ensino-aprendizagem, três acreditam que a internet ajuda ao mesmo tempo em

que atrapalha e dois estudantes acreditam que a internet só atrapalha:

Fonte: Elaborada pela autora com base nos dados obtidos na pesquisa.

Dos vinte alunos que utilizam a internet, dezessete não acompanha blogs, dois

acompanham blogs de notícias, um acompanha blogs de alimentação saudável e outro

acompanha blogs de esportes:

Fonte: Elaborada pela autora com base nos dados obtidos na pesquisa.

52

No segundo questionário aplicado no dia dois de dezembro, conforme APÊNDICE B,

estiveram presentes em sala um total de vinte e dois alunos, destes, treze alunos participaram

da aplicação do primeiro questionário. Portanto, nove alunos estavam inteirando-se da

pesquisa já na etapa de sua conclusão, conforme tabela abaixo:

Fonte: Elaborada pela autora com base nos dados obtidos na pesquisa.

Dos vinte e dois alunos presentes na aplicação do segundo questionário, dezoito não

acessaram o blog TIC’s e Educação e apenas quatro alunos realizaram o acesso. Conforme

tabela abaixo:

Fonte: Elaborada pela autora com base nos dados obtidos na pesquisa.

53

Dos dezoito alunos que não acessaram o blog, cinco deles alegaram falta de tempo em

executar tal atividade, nove não sabiam da existência da pesquisa, pois não estiveram

presentes nas aulas anteriores, e quatro não conseguiram por não terem acesso a uma boa

internet – eles alegaram que a página não carregava:

Fonte: Elaborada pela autora com base nos dados obtidos na pesquisa.

Dos recursos midiáticos utilizados pelos estudantes que acessaram o blog TIC’s e

Educação, um acessou pelo celular e três pelo computador:

Fonte: Elaborada pela autora com base nos dados obtidos na pesquisa.

54

Dos quatro estudantes que acessaram o blog, três gostaram do blog pela organização,

clareza dos conteúdos e pelos vídeos que ajudaram a compreender o conteúdo. O estudante

que não gostou do blog, alegou uma dificuldade por ter acessado tal ferramenta pelo aparelho

celular. Conforme tabela abaixo:

Fonte: Elaborada pela autora com base nos dados obtidos na pesquisa.

Dos vinte e dois alunos entrevistados, nove alunos alegaram que o professor da

disciplina de biologia não incentivou o uso do blog, treze alunos relataram que houve

incentivo por parte do professor:

Fonte: Elaborada pela autora com base nos dados obtidos na pesquisa.

55

Todos os quatro alunos que acessaram o blog TIC’s e Educação relataram que ele

ajudou na compreensão dos conteúdos trabalhados em sala de aula, uma vez que os vídeos

apresentavam de forma dinâmica os assuntos abordados:

Fonte: Elaborada pela autora com base nos dados obtidos na pesquisa.

56

13. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa realizada demonstrou que o blog pode ser utilizado como uma ferramenta

pedagógica que contribui na melhoria do processo de ensino-aprendizagem, tendo em vista

que ele é um dos ambientes virtuais de aprendizagem mais utilizados por docentes e pela

gestão da escola. A dinamicidade que esse tipo de ambiente proporciona aos usuários tem

fomentado seu crescimento, além dos diversos recursos já citados que motivam o aluno na

construção de seu conhecimento. Quanto ao seu uso na escola, é necessário frisar uma

potencialidade do blog, no entanto, é preciso desconstruir ou reconstruir a cultura de que o

processo de construção do conhecimento somente se dá através de livros didáticos e da lousa.

O desafio de incorporar as TIC’s na escola deve ser viabilizado pelo professor, uma

vez que ele possui um papel fundamental na formação integral do aluno. A essência essa

contribuição se dá na orientação dos estudantes, para que eles utilizem tais ferramentas na

construção, elaboração e aprimoramento de novos conhecimentos. O docente precisa estar

preparado para trabalhar e vivenciar as situações e os desafios dessa mudança na escola.

Assim, além do desejo de inovar suas práticas, é necessária também uma formação adequada

para que esse profissional venha a ter intimidade com o uso de tecnologias digitais, sempre

levando em consideração aspectos como a linguagem utilizada, a reflexão de como tal

inserção irá ampliar o processo ensino-aprendizagem em termos de melhoria, a preparação de

materiais e como eles serão abordados. É essencial deixar claro que tais tecnologias não estão

tomando o lugar do docente, mas auxiliando-o em uma nova maneira de se fazer educação.

Com base nos dados coletados, a sala observada possui peculiaridades relevantes

como a assiduidade precária. Tal questão resultou no fato de que poucos alunos estiveram

presentes na aplicação dos dois questionários este fator tem dificultado a continuidade de

projetos e/ou programas didáticos bem como o próprio processo de ensino-aprendizagem

destes estudantes. Outro aspecto visualizado é a deficiência no tempo dedicado ao estudo

individual; é importante frisar que tanto o blog quanto qualquer outra ferramenta tecnológica

ou proposta inovadora aplicada à da educação não será eficaz se os agentes envolvidos no

processo não se desafiarem a vivenciar, bem como operacionalizar esta mudança.

Outro dado presente nas respostas dos alunos pesquisados foi a dificuldade quanto o

acesso ao blog. Eles apresentaram justificativas como a falta de tempo, o desconhecimento de

uma pesquisa na própria sala de aula, e a ausência de acesso à internet. É preciso levar em

consideração que os fatores alegados fazem parte desse nível de aprendizagem, tendo em vista

57

que os alunos são em sua maioria trabalhadores, donos de casa e pais que buscam fracionar

seu tempo extraescolar com os estudos. O desconhecimento dessa pesquisa, por exemplo, por

alguns estudantes, se deu pela ausência, o que comprometeu a participação deles nos projetos

pedagógicos executados em sala de aula. E ainda há aqueles estudantes que não possuem

acesso à internet, o que dificulta a inovação do uso de aparatos tecnológicos no processo de

ensino-aprendizagem. É preciso considerar que apesar de algumas dificuldades no acesso ao

blog citadas por alguns alunos, chamamos a atenção para os resultados positivos destacados

pelos que acessaram tal ferramenta.

A pesquisa mostrou que os alunos que acessaram o blog apresentaram em seus relatos

uma satisfação em visualizar tais conteúdos, apontando que a organização desta ferramenta

(possibilidade que o ambiente fornece de convergência das mídias), bem como sua

contribuição na apresentação de vídeos dinâmicos e curtos, ajudou a compreender os

conteúdos abordados na unidade II da disciplina de Biologia com maior facilidade. Vale

salientar que houve uma preocupação quanto à inserção desses vídeos de curta metragem no

blog, tanto no aspecto do pouco tempo que os alunos possuíam para dedicar-se aos estudos,

quanto o cuidado para que os vídeos possuíssem exatamente o conteúdo abordado em sala de

forma clara e objetiva, tendo em vista que tais conteúdos implicavam no estudo de processos

do corpo humano – processos esses que são invisíveis a olho nu.

O surgimento e a expansão dos aparelhos digitais provocaram profundas modificações

na cultura dos indivíduos e mudanças de paradigmas. Qualquer ser humano pode tornar-se

produtor e veiculador de informações e conhecimentos. O “saber” não está mais confinado em

espaços físicos restritos (bibliotecas, salas de aula, laboratórios, etc), mas disponível par ser

compartilhado.

Tendo em vista que a pesquisa buscou analisar o uso do blog como uma ferramenta de

contribuição no processo de ensino-aprendizagem, os resultados obtidos na pesquisa mostram

que o blog como recurso didático pode criar situações de produção do conhecimento; além de

estimular os estudantes a buscar, refletir e aprender significativamente; como também a

formação de habilidades e competências exigidas pela escola na atualidade.

A pesquisa buscou refletir também sobre o blog como um meio de informação, ou

seja, os materiais disponibilizados buscaram ampliar o conteúdo da sala de aula a partir do

uso de vídeos, de imagens e de links que forneceram aos discentes e provocaram um novo

olhar sobre o processo educacional.

58

Também a reflexão examinou o potencial de um blog como ferramenta de

comunicação, para que professor e os alunos aproveitassem as possibilidades de interação e

de interatividade que o espaço possibilitava. E, por último, o blog foi pensado como um meio

de expressão, em que o professor pesquisou e produziu materiais que possuíam características

próprias da turma. Nessa categoria, pensamento e criatividade podem andar lado a lado,

fornecendo aos discentes materiais que são mais facilmente identificáveis.

Todas as possibilidades acima podem ser efetivadas, mas para que isso ocorra, é mais

que necessário que todos os envolvidos no processo ensino-aprendizagem se mobilizem no

sentido de incorporar as TIC’s como artefatos culturais (que a presença e o uso provoquem

modificações nos indivíduos) e não somente como ferramentas pedagógicas, pois a tecnologia

por si só não modificará, para melhor, a educação brasileira.

59

REFERÊNCIAS

ARAUJO, Michele Menghetti Ugulino de. Potencialidades do uso do blog em educação.

Natal, 2009.

ARAUJO, Ronaldo Marcos de Lima. Formação de docentes para a educação profissional e

tecnológica: por uma pedagogia integradora da educação profissional. 2008.

FREITAS, Olga. Equipamentos e materiais didáticos. Brasília : Universidade de Brasília,

2009.

Gomes, Apuena Vieira. Andrade, Adja Ferreira de. Informática e educação: interdisciplinar

– Natal, RN: EDUFRN Editora da UFRN, 2005.

HAGUETTE, Teresa Maria Frota. Metodologias qualitativas na Sociologia. 5ª edição.

Petrópolis: Vozes, 1997.

KENSKI, V. M. Educação e tecnologias: O novo ritmo da informação. 3.ed. Campinas, SP:

Papirus, 2008.

LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica. São Paulo: Atlas 1990.

LÜDKE, Menga e ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas.

São Paulo: EPU, 1986.

MELO, José Marques de. Mídia & Educação. Belo Horizonte. Autentica editora. 2008.

ORLANDI. E. A linguagem e seu funcionamento: as formas do discurso. 4.ed. Campinas:

Pontes, 2003.

PRETTO, Nelso de Lucca. Uma escola com/sem futuro: Educação e Multimidia. 8 ed.

Salvador: EDUFBA, 2013.

60

WEB REFERÊNCIAS

DETONI, Adriano; DALBOSCO, Sabrina. Obesidade e sedentarismo: os males do século

XXI. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=0cbsQ8GORp4. Acesso em Julho

de 2015.

FALCÃO, Carla Aguiar. As convergências da EAD com o ensino presencial: o caso da

licenciatura em espanhol do IFRN. UFSCar. 2012. Disponível em

http://sistemas3.sead.ufscar.br/ojs/index.php/sied/article/viewFile/338/173. Acesso em Agosto

de 2015.

Gohn, Maria. Educação não-formal, participação da sociedade civil e estruturas

colegiadas nas escolas. Biblioteca. Científica Electrónica. 2006. Disponível em

http://www.scielo.br/pdf/ensaio/v14n50/30405.pdf. Acesso em Setembro de 2015.

GOMES, Apuena Vieira. ANDRADE, A Ferreira. Informática e educação: interdisciplinar. A

trajetória da informática na educação. 2005. Disponível em

http://www.ead.uepb.edu.br/ava/arquivos/cursos/geografia/informatica_e_educacao/info_edu_

a15.pdf. Acesso em Outubro de 2015.

LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL. Lei nº 9.394 de 20 de

dezembro de 1996. Disponível em http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf. Acesso em

Outubro de 2015.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. Resolução

Nº 3, De 3 de Junho de 2010. Disponível em

http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=10162-3-

resolucao032010cne&category_slug=marco-2012-pdf&Itemid=30192. Acesso em Novembro

de 2015.

PACIEVITH, Thais. Tecnologia da Informação e Comunicação. Disponível em

http://www.infoescola.com/informatica/tecnologia-da-informacao-e-comunicacao/. Acesso

em Agosto de 2015.

PORTAL BRASIL. Cerca de 48% dos brasileiros usam internet regularmente. Disponível

em: http://www.brasil.gov.br/governo/2014/12/cerca-de-48-dos-brasileiros-usam-internet-

regularmente. Acesso em Agosto de 2015.

SALDANHA, Leila. Histórico da EJA no Brasil. 2009. Disponível em

http://www.webartigos.com/artigos/historico-da-eja-no-brasil/17677/. Acesso em Setembro de

2015.

61

APÊNDICE A

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

1º QUESTIONÁRIO

NOME:____________________________________________________________________

D.N.:____/____/______

1. Você utiliza a internet?

( ) Sim ( ) Não

Para que?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

2. Quais os recursos midiáticos você utiliza para se conectar a internet?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

3. Você realiza pesquisas sobre o conteúdo de sala de aula?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

4. Você acha que usar a internet pode melhorar o aprendizado? Por quê?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

5. Você acompanha Blogs? Quais?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

62

APÊNDICE B

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

2 º QUESTIONÁRIO

NOME:_____________________________________________________________________

D.N.:____/____/______

1. Você acessou o blog?

( ) Sim ( ) Não

Em caso negativo, qual o motivo?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

2. Qual o recurso midiático você utilizou para acessar o blog?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

3. Você gostou do blog?

( ) Sim ( ) Não

Por quê?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

4. Você acha que o professor incentivou o uso do blog?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

5. Você acha que o blog ajudou a compreender o conteúdo de sala de aula? Por quê?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________