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CURSO BÍBLICO INTERNACIONAL ENCONTRO COM A PALAVRA Livro 11 ESTUDO DO EVANGELHO DE JOÃO (VERSÍCULO POR VERSÍCULO) (SEGUNDA PARTE - CAPÍTULOS 11-21) PR. DICK WOODWARD

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CURSO BÍBLICO INTERNACIONAL

ENCONTRO COM A PALAVRA

Livro 11

ESTUDO DO EVANGELHO DE JOÃO(VERSÍCULO POR VERSÍCULO)

(SEGUNDA PARTE - CAPÍTULOS 11-21)

PR. DICK WOODWARD

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Toda glória e honra ao Senhor nosso Deus! Este material foi escrito e impresso pelo Ministério Cooperativo Internacional (ICM - International Cooperating Ministries) para ser uma bênção em sua vida.

É permitida a reprodução total e parcial deste livro, sem a autorização por escrito do ICM, para uso pessoal e na sua igreja.

“Portanto, fortifique-se na graça que há em Cristo Jesus. E as coisas que me ouviu dizer na presença de muitas testemunhas, confia a homens fiéis, que sejam também capazes de ensinar a outros” (II Timóteo 2.1,2).

Woodward, Dick

Estudo do Evangelho de João Versículo por Versículo

(Capítulos 11–21)

Curso Bíblico InternacionalENCONTRO COM A PALAVRA

Tradução em Português: Ruth Gialluca

Correção Ortográfica: Lídia Damasceno Gialluca e Marlene Frade

Editoração Eletrônica: Elen Canto

Capa: Paulo Sergio Baeta e Jersio Dreissing

Impresso no Brasil por: Fine Graf Gráfica e Editora Ltda.

Supervisão Geral: Pr. Leandro Ferreira

E-mail: [email protected]

1ª Edição: Março de 2005 = 1.000 exemplares2ª Edição: Novembro de 2007 = 2.000 exemplares3ª Edição: Junho de 2011 = 2.500 exemplares4ª Edição: Novembro de 2014 = 3.000 exemplares5ª Edição: Junho de 2017 = 3.500 exemplares

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Nota ImportanteO material que você tem em mãos é um complemento dos estudos

que vêm sendo ministrados por uma rede variada de emissoras de rádio e pela internet (www.desfrutedeus.com) e é enviado, gratuitamente, ape-nas aos ouvintes que estão acompanhando, regularmente, os estudos por uma dessas emissoras. Para recebê-lo, basta solicitar, escrevendo para o endereço divulgado no final de cada aula.

Por se tratar de um curso, é necessário responder o questionário de cada livro; com isto você garante o recebimento do próximo, bem como de um lindo Certificado de Conclusão ao término do curso.

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ÍNDICE

Introdução (ao aluno iniciante) ...............................................................................06

CAPÍTULO 1“Os Problemas Insolúveis da Vida” (João 11.1-16) ............................................07

CAPÍTULO 2“Resposta e Relacionamento” (João 11.17-32)...............................................15

CAPÍTULO 3“Tirem a Pedra da Incredulidade” (João 11.33-57) ........................................24

CAPÍTULO 4“O Fim do Começo” (João 12.1-19) ............................................................28

CAPÍTULO 5“Chegou a Hora“ (João 12.20-50) ....................................................34

CAPÍTULO 6“O Novo Mandamento“ (João 13.1-38) ..................................................44

CAPÍTULO 7“Perguntas e Respostas“ (João 13.33 - 14.31) ..............................................56

CAPÍTULO 8“Uma Metáfora Magnífica” (João 15.1-16) ..............................................73

CAPÍTULO 9“A Obra Tremenda” (João 15.18-27) ..........................................................82

CAPÍTULO 10“O Caráter do Conselheiro” (João 16.1-33) .....................................................88

CAPÍTULO 11“A Oração do Senhor” (João 17.1-26) ................................................102

CAPÍTULO 12“A Prisão de Jesus” (João 18.1-27) ................................................................110

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CAPÍTULO 13“O Julgamento Romano de Jesus” (João 18.28 - 19.16) .........................116

CAPÍTULO 14

“Chegou a Hora” (João 19.17-42) .................................................................122

CAPÍTULO 15

“Ele Ressuscitou! - O Sinal Supremo” (João 20.1-31) ..............................132

EPÍLOGO

“Transformando Ninguém em Alguém” (João 21.1-25) ..........................142

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Introdução (ao aluno iniciante) Quando você se aprofunda na Palavra de Deus e deixa que a Palavra

transforme sua vida, coisas maravilhosas e tremendas acontecem.Bem-vindo ao ENCONTRO COM A PALAVRA. Juntos faremos um

estudo de toda a Bíblia, dividido em 13 livros. Essa jornada nos levará do Livro de Gênesis ao Apocalipse e nos dará uma visão panorâmica de cada livro da Bíblia. Observaremos a estrutura do livro, o seu contexto histórico e, o que é mais importante, buscaremos uma aplicação para nossas vidas, a partir do ensino de cada livro.

Algumas pessoas acham a Bíblia um livro confuso. Realmente, não é fácil relacionar os acontecimentos com a sua época e o seu significado. Mas, cada versículo da Bíblia é um pedacinho desse quebra-cabeça, cujo conteúdo é muito glorioso. Minha oração é que, no final dessa jornada, você tenha adquirido uma compreensão maior de cada livro da Bíblia, do modo como eles se completam, e possa situá-los dentro da história de Deus com o homem. No final, você terá uma compreensão de como Deus trabalhou nos tempos do Velho Testamento; terá também compreendido o que mudou com a vinda de Jesus Cristo e a razão da mudança; aquilo em que você antes cria no coração, será confirmado em sua mente, e você poderá testemunhar sua fé com mais confiança e conhecimento.

Espero que você faça todo o curso e convide outras pessoas para que nos acompanhem nesse estudo da Bíblia, o livro mais importante do mun-do. Faça suas malas e prepare-se para embarcar. Estamos prestes a partir!

Ferramentas que serão utilizadasSegundo o apóstolo Paulo, a única maneira de não passarmos ver-

gonha, quando se trata de Bíblia, é tornarmo-nos obreiros que manejem bem a Palavra. A única maneira de entender a Bíblia é saber usá-la. Por isso, o meu desafio é que você assuma o compromisso de estudá-la com dedicação e sinceridade. Nenhum livro merece mais dedicação e em-penho da nossa parte que a Bíblia. Se você quiser se aprofundar ainda mais neste estudo, além de dedicação e empenho há outras ferramentas que o ajudarão a ir mais fundo no conhecimento das Escrituras.

Antes de qualquer coisa você precisa de uma Bíblia e, se possível, adquira mais de uma tradução. Você também vai precisar de um cader-no para anotações.

Como qualquer outro trabalho, esse será cumprido com mais fa-cilidade e atingirá melhores resultados, se você possuir as ferramentas certas. O estudo da Bíblia fica mais produtivo, quando se utilizam os recursos disponíveis. Procure equipar-se com as ferramentas que men-cionamos e você se surpreenderá com os resultados.

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Capítulo 1

“Os Problemas Insolúveis da Vida” (João 11.1-16)

Continuaremos este estudo de onde paramos no último livro, isto é, no capítulo 11 de João, um dos capítulos mais empol-gantes deste Evangelho e, talvez, de toda a Bíblia. Nele encontra-remos respostas maravilhosas para as três perguntas que ser-vem de base para nosso estudo: “Quem é Jesus?”, “O que é fé?” e “O que é vida?”.

O contexto do capítulo 11 tem início no versículo 40 do capítulo 10, onde lemos: “Então, Jesus atravessou novamente o Jordão e foi para o lugar onde João batiza-va nos primeiros dias do seu mi-nistério. Ali ficou e muita gente foi até onde ele estava, dizendo: Embora João nunca tenha reali-zado um sinal miraculoso, tudo o que ele disse a respeito deste homem era verdade. E ali mui-tos creram em Jesus. Havia um homem chamado Lázaro. Ele era de Betânia, do povoado de Maria e de sua irmã Marta. Aconteceu que Lázaro ficou doente. Maria, sua irmã, era a mesma que der-ramara perfume sobre o Senhor

e lhe enxugara os pés com os ca-belos. Então as irmãs de Lázaro mandaram dizer a Jesus: Senhor, aquele a quem amas está doente. Ao ouvir isso, Jesus disse: Essa doença não acabará em morte; é para a glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por meio dela. Jesus amava Marta, a irmã dela e Lázaro. No entanto, quando ouviu falar que Lázaro estava doente, ficou mais dois dias onde estava” (João 10.40-42; 11.1-6).

Este capítulo maravilhoso se inicia contando a história de um homem chamado Lázaro e suas duas irmãs, Marta e Maria, que vi-viam em Betânia, subúrbio distan-te três quilômetros de Jerusalém, onde Jesus costumava ficar, quan-do se encontrava naquela cidade.

O diálogo hostil que Jesus manteve com os líderes religiosos de Jerusalém deve ter sido muito exaustivo, por isso é provável que, nessas ocasiões, Jesus se retiras-se para Betânia e se hospedasse com estas três pessoas a quem Ele muito amava.

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No final do capítulo 10, Jesus se encontra num local árido, além do Rio Jordão, onde João Batista pregava e batizava. Hoje podemos visitar a Terra Santa e fazer um passeio de quatro horas de carro ou ônibus em direção ao sul, a partir de Jerusalém. Em determi-nado momento, no meio de uma vasta região desértica, em direção à Jordânia, o guia mostra o local onde João Batista exerceu o seu maravilhoso ministério. Dizem que muitos viajavam quatro dias pelo deserto para ouvir a pregação des-te homem, a quem Jesus se referiu como o maior de todos os profetas (Mateus 11.11; Lucas 7.28).

De acordo com os últimos versículos do capítulo 10, Jesus estava no meio de uma minis-tração muito frutífera, numa re-gião desértica, quando recebeu a mensagem de que Lázaro estava gravemente enfermo. Nesse mo-mento do Seu ministério, Jesus estava enfrentando a oposição e a rejeição dos líderes religiosos de Jerusalém.

Entretanto, lemos que quando Ele foi para o deserto, seguido por uma multidão maior que a que se-guiu João Batista, entre eles se di-zia: “Embora João nunca tenha re-alizado um sinal miraculoso, tudo

o que ele disse a respeito deste homem era verdade” (10.41).

É nesse momento que nossa história se inicia, na própria Be-tânia, onde Lázaro se encontra-va doente. No original, a palavra traduzida para “doente”, usada no recado enviado pelas irmãs de Lázaro a Jesus, tem o significado de “doente de morte”.

O Evangelho de Lucas regis-tra um episódio envolvendo Marta, Maria e Jesus. O texto original de Lucas usa a palavra “moça” para se referir às duas mulheres que Je-sus estava indo visitar em Betânia (Lucas 10.38-42).

Para Marta, Jesus estava indo visitar sua casa e o mais importan-te era que tudo estivesse o mais perfeito possível. Maria, porém, era diferente de Marta, e sua pre-ocupação com respeito à visita do Mestre era outra; para ela, a Pala-vra de Deus tinha se tornado carne e estava em sua casa. O que mais importava para Maria era estar sentada aos pés de Jesus, ouvindo tudo o que Ele tinha a dizer.

Maria estava na sala partici-pando de um estudo bíblico e Mar-ta ocupava-se dos preparativos da cozinha, até que interrompeu o estudo e se queixou severamente com Jesus. Não é preciso muita

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imaginação para concluir o que Marta estava pensando; o seu tom de voz deveria ser de impaciência ao queixar-se em alto e bom som que Maria não a estava ajudando, que a tinha deixado sozinha na cozinha tomando conta de tudo. Evidentemente, Marta esperava que Jesus interviesse a seu favor naquele impasse.

Embora amasse Marta, Je-sus não tomou o seu partido, e eu tenho plena convicção de que foi com todo amor que Jesus olhou para Marta e lhe disse: “Marta, Marta, você está preocupada e inquieta com muitas coisas; to-davia, apenas uma é necessária e Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada” (Lucas 10.41,42).

São estas duas mulheres que encontramos novamente no capí-tulo 11 de João, passando por dois terríveis problemas da vida: doen-ça e morte. Mesmo com todos os avanços da ciência, as doenças e a morte ainda são dois problemas muitas vezes insolúveis. Imagine, então, como não se sentiram as duas irmãs, quando tomaram co-nhecimento da doença do irmão, a qual, fatalmente, o levaria à morte.

Esta foi a mensagem urgente que elas mandaram para Jesus no

deserto: “Senhor, aquele a quem amas está doente” (v.3). Elas não pediram nem exigiram nada; sim-plesmente informaram a Jesus o que estava acontecendo, porque sabiam que, mesmo sendo insolú-vel o caso do irmão, Jesus teria a solução.

O tipo de fé e confiança que elas tinham em Jesus responde a uma das nossas perguntas, “O que é fé?”. O recado delas ensina como devemos apresentar nossos problemas a Jesus, isto é, fazer conhecido o nosso problema, a nossa necessidade a Ele.

Minha irmã mais velha levou-me a Cristo, quando eu tinha 18 anos, e durante muito tempo ela e seu marido, que é pastor, me ajudaram no meu caminhar de fé. Diante de um problema, ela sem-pre dizia: “Ah, o Senhor sabe”. Ela falou isso quando minha es-posa ficou gravemente enferma. Lembro-me de ter-lhe dito: “E daí, você acha que isso me conso-la?”, ao que ela respondeu: “Bem, você sabe que Ele é a essência do amor, é Onipotente, o Todo Pode-roso; tudo o que você precisa sa-ber mais é que Ele conhece o seu problema insolúvel”.

Parece que foi nesse espírito que as duas irmãs mandaram o

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recado para Jesus. Devemos se-guir o exemplo delas e apresentar nossos problemas a Ele. A resposta de Jesus foi extraordinária e repre-senta um desafio para nós, porque é outra resposta para a pergunta “O que é fé?”.

Jesus disse: “Esta doença não acabará em morte” (v.4), o que não deixa de ser uma resposta deveras interessante, pois fica su-bentendido que o propósito de al-gumas doenças seja a morte. Você já pensou nisso?

A Bíblia ensina claramente que a eternidade é mais valiosa que esta vida terrena; o eterno vale mais que o temporal; não importa quantos anos Deus nos dê aqui na terra, a eternidade é melhor.

Muitos de nós sabemos que a Bíblia afirma, em diversas pas-sagens e de várias maneiras, que bênçãos espirituais estão à nossa espera na eternidade, mas não pa-ramos para refletir sobre a forma como o Senhor vai nos fazer pas-sar deste estado temporal para o eterno. Na maioria das vezes, Ele usa problemas insolúveis como do-ença e morte para nos levar dessa dimensão para a dimensão eterna.

Foi isso o que Jesus quis dizer, quando respondeu ao recado das irmãs de Lázaro: “Essa doença

não acabará em morte; é para a glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por meio dela” (v. 4).

Isso mostra que o propósito daquela doença em particular ia além do meio usado para levar para a eternidade aquele homem a quem Jesus amava; o propósito de Jesus era a glória de Deus e, através da morte e ressurreição de Lázaro, o filho seria glorificado.

Você deve se lembrar de que Jesus falou a mesma coisa no ca-pítulo 9, quando curou o cego de nascença: “Nem ele nem seus pais pecaram, mas isto aconteceu para que as obras de Deus se ma-nifestassem na vida dele” (9.3). Não há dúvida de que Jesus esta-va ensinando essa mesma verdade no capítulo 11.

Se formos egocêntricos e esti-vermos sempre pensando no pro-veito que podemos tirar de cada situação, jamais teremos em pers-pectiva a providência e a glória de Deus; porém, se Deus estiver no centro de nossas vidas, quando nos sobrevierem problemas devas-tadores, aí então saberemos per-guntar: “Senhor, como essa situa-ção devastadora, sobre a qual não tenho nenhum controle, pode glo-rificar o Seu nome em minha vida?

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CBI - Encontro com a Palavra Livro 11 11

Será que de alguma forma Jesus pode ser exaltado nisso? Será que, através dessa situação, vou con-seguir transmitir a Palavra de vida àqueles que estão vendo a minha dificuldade?”. Fazendo este tipo de pergunta você sempre encontrará propósito e significado para crises de doença e sofrimento, inclusive para um diagnóstico médico que signifique a morte.

Os versículos 5 e 6 do capí-tulo 11 sempre me causaram es-tranheza: “Jesus amava Marta, a irmã dela e Lázaro. No entanto, quando ouviu falar que Lázaro es-tava doente, ficou mais dois dias onde estava”.

Quantos de nós, pastores, se-ríamos mantidos numa igreja, se acontecesse de receber um aviso como este, de que um membro estava doente e prestes a morrer, e disséssemos: “por amar muito esta pessoa não vou atendê-la an-tes que ela morra?”.

No entanto, havia um propósi-to naquela demora de Jesus e esta história tocante parece uma síntese da que está narrada no Livro de Jó. É incontestável que Jesus permitiu àquelas duas irmãs e ao irmão de-las passarem por aquele problema de doença e morte, porque os ama-va com amor ágape, sabendo que

aquela experiência dolorosa glorifi-caria a Deus Pai e, como Filho de Deus, Ele também seria glorificado. Entretanto, não devemos deixar passar despercebida a observação de João: “Jesus amava Marta, a irmã dela e Lázaro” (v.5).

É interessante observar que no recado das irmãs de Lázaro para Jesus: “Senhor, aquele a quem amas está doente”, a palavra gre-ga usada para expressar esse amor foi “phileo”, que significa o amor de amigo ou o amor “filantrópico”; entretanto, quando lemos que Je-sus amava Marta, a irmã dela e Lázaro, a palavra grega usada foi o amor “ágape”, o que significa que Jesus amava aqueles três irmãos de uma maneira como eles jamais tinham sido amados antes.

“Depois disse aos seus dis-cípulos: Vamos voltar para a Ju-deia, e estes disseram: Mestre, há pouco os judeus tentaram apedre-jar-te e assim mesmo vais voltar para lá? Jesus respondeu: O dia não tem doze horas? Quem anda de dia não tropeça, pois vê a luz deste mundo. Quando anda de noite, tropeça, pois nele não há luz. Depois de dizer isso, prosse-guiu dizendo-lhes: Nosso amigo Lázaro adormeceu, mas vou até lá para acordá-lo. Seus discípulos

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responderam: Senhor, se ele dor-me, vai melhorar. Jesus tinha fa-lado de sua morte, mas os seus discípulos pensaram que ele es-tava falando simplesmente do sono. Então lhes disse claramen-te: Lázaro morreu e para o bem de vocês estou contente por não ter estado lá, para que vocês creiam; mas, vamos até ele. Então Tomé, chamado Dídimo, disse aos outros discípulos: Vamos também para morrermos com ele” (7-16).

Jesus explica àqueles homens que agora Ele estava para voltar para a Judeia, ou seja, para Je-rusalém, e é evidente que para Betânia, mas eles O lembraram que havia pouco tempo, conforme lemos nos capítulos 8 e 10, que os judeus tinham tentado apedre-já-Lo, por isso Lhe perguntaram: “assim mesmo vais voltar para lá?”. A resposta de Jesus foi: “O dia não tem doze horas? Quem anda de dia não tropeça, pois vê a luz deste mundo. Quando anda de noite, tropeça, pois nele não há luz” (9-10). Com isso Jesus esta-va dizendo: “Eu sei o que estou fa-zendo. Estou andando na luz; não estou tropeçando na escuridão”.

Jesus disse claramente aos discípulos que Lázaro estava mor-to e que Ele estava feliz por não

estar lá, assim eles poderiam crer. Será que Jesus estava querendo dizer que eles ainda não criam nEle? A primeira vez que Seus dis-cípulos creram foi quando Jesus operou Seu primeiro milagre num casamento na Galileia. Aqueles homens já tinham sido testemu-nhas dos milagres operados por Jesus e registrados por João nos dez primeiros capítulos do seu Evangelho.

Lembre-se que por todo o Evangelho de João encontramos respostas para a pergunta “O que é fé?” e aqui encontramos mais uma resposta para esta pergunta: “estou contente por não ter estado lá, para que vocês creiam”. Em vá-rias passagens, Jesus questionou a fé dos Seus discípulos (Mateus 8.26; 14.31; Marcos 4.40; Lucas 8.25). Está evidente que o obje-tivo de Jesus nesta história é a fé de Marta, de Maria, de Lázaro, da-queles que amavam essa família e dos Seus discípulos!

Apesar de não ser esta a in-terpretação principal desta histó-ria, pode-se fazer uma aplicação secundária muito interessante, a partir desta pergunta que Je-sus fez: “O dia não tem doze horas?”. Geralmente ignoramos que antes de Deus mandar Seu

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povo descansar no sétimo dia, Ele ordenou que trabalhassem seis dias. Nesta passagem, Jesus está dizendo que o dia tem 12 horas. Será que Ele está dizendo que devemos trabalhar 12 ho-ras por dia, 6 dias por semana? Quantas horas por semana um discípulo dedicado de Jesus deve trabalhar na Sua obra? Será que o apóstolo Paulo diria que são oito horas por dia, cinco dias por semana? Existe algum sindicato que determine isso?

Quando os irmãos de Jesus quiseram organizar Sua agen-da, Ele não Se deixou influenciar com o que eles disseram, porque sempre fazia o que agradava o Pai (João 8.29). Devemos ter em mente que neste episódio de Láza-ro, mesmo quando questionado por seus discípulos, Jesus sabia por que deveria voltar para a Ju-deia naquele momento.

ResumoAgora o autor deste Evangelho

já estabeleceu o cenário para esta história maravilhosa.

Antes de falarmos da resposta de Marta e Maria, do fato de Jesus não estar lá para impedir a morte do irmão delas e do grande milagre que se seguiu, quero tirar algumas

aplicações do início desta história.“Quem é Jesus”, no início

do capítulo 11? Jesus é o Senhor amoroso, o qual permite às pes-soas que Ele ama profundamente passarem por problemas insolú-veis, a fim de que o Deus Pai e o Filho sejam glorificados, e para que aqueles a quem Ele ama creiam nEle.

Reflita sobre algumas experi-ências semelhantes às de Marta e Maria, pelas quais você passou nos últimos anos, ou que está pas-sando agora e, até mesmo, que possa vir a passar no futuro. Você acredita que Jesus nos ama o sufi-ciente para permitir que passemos por experiências, algumas inso-lúveis, a fim de glorificar o Pai e Ele mesmo, para que a nossa fé cresça nEle e no Seu amor? Este é Jesus, na primeira parte deste capítulo.

“O que é fé” nos primeiros versículos deste capítulo? Esta pergunta é respondida por Marta e Maria, quando enviaram a men-sagem para Jesus, crendo que, se Ele soubesse que aquele a quem Ele amava estava doente e pres-tes a morrer, o amor dEle resol-veria aquele problema insolúvel. Fé é simplesmente colocar seus problemas diante de Jesus, tendo

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a convicção de que a única coisa que você precisa é saber que Ele conhece tudo sobre os seus pro-blemas. Fé é a convicção de que Ele é todo amor, Ele é onipotente e Ele fará qualquer coisa para que sua fé cresça.

Finalmente, “O que é vida”, com base nas afirmações do iní-cio deste capítulo? Vida é qualquer problema que nos faça crescer

espiritualmente; é qualquer coisa que nos leva para mais perto do nosso Deus e do nosso Senhor Je-sus Cristo.

Como somos chamados para andar e viver pela fé, vida é qual-quer coisa que aumente nossa fé nEle, que nos faça mais comple-tos nEle; é qualquer coisa que Ele permita e que, no final, contribua para nossa Vida Eterna.

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CBI - Encontro com a Palavra Livro 11 15

Capítulo 2

“Resposta e Relacionamento”(João 11.17-32)

Continuando a leitura deste capítulo, devemos destacar dois aspectos importantes: a chegada de Jesus à Betânia, que é a res-posta para o problema insolúvel de Marta e Maria, isto é, a doença e a morte do irmão, e a respos-ta de Jesus, que se refere ao Seu relacionamento com elas, no meio daquela crise, em razão de não ter chegado a tempo de salvar Lázaro da morte. Nosso relacionamento com o Senhor é sempre o fator crítico na resposta que damos aos problemas que nos sobrevêm.

Tenho certeza de que a respos-ta de Marta foi a que Jesus espera-va. Ela me faz lembrar que nossa resposta imediata aos problemas deve confirmar o nosso relaciona-mento com Cristo e a nossa fé no amor dEle por nós. A resposta de Marta é semelhante à maioria das nossas respostas, quando somos surpreendidos por alguma tragédia.

A partir do versículo 17, le-mos: “Ao chegar (em Betânia), Jesus verificou que Lázaro já es-tava no sepulcro havia quatro dias. Betânia distava cerca de três

quilômetros de Jerusalém e mui-tos judeus tinham ido visitar Marta e Maria para confortá-las pela per-da do irmão. Quando Marta ouviu que Jesus estava chegando, foi encontrá-lo, mas Maria ficou em casa. Disse Marta a Jesus: Senhor, se estivesses aqui meu irmão não teria morrido, mas sei que, mesmo agora, Deus te dará tudo o que pe-dires. Disse-lhe Jesus: O seu irmão vai ressuscitar. Marta respondeu: Eu sei que ele vai ressuscitar na ressurreição, no último dia. Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá; e quem vive e crê em mim, não morrerá eternamente. Você crê nisso? Ela lhe respondeu: Sim, Senhor, eu te-nho crido que tu és o Cristo, o Filho de Deus, que devia vir ao mundo. Depois de dizer isso, foi para casa e, chamando à parte Maria, disse-lhe: O Mestre está aqui e está cha-mando você. Ao ouvir isso, Maria levantou-se depressa e foi ao en-contro dele. Jesus ainda não tinha entrado no povoado, mas estava no lugar onde Marta o encontrara.

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CBI - Encontro com a Palavra16 Livro 11

Quando notaram que ela se levan-tou depressa e saiu, os judeus, que a estavam confortando em casa, seguiram-na, supondo que ela ia ao sepulcro, para ali chorar. Chegando ao lugar onde Jesus es-tava e vendo-o, Maria prostrou-se aos seus pés e disse: Senhor, se estivesses aqui meu irmão não te-ria morrido” (17-32).

A primeira pessoa com quem Jesus conversou ao chegar em Be-tânia foi Marta que, por sua própria iniciativa, foi até Ele. O ponto a ser destacado nessa conversa é a res-posta que ela deu aos seus proble-mas insolúveis, que eram a doença e a morte de Lázaro. Qual foi a res-posta dela? Bem, vamos ver qual foi a reação dela. Assim que soube que Jesus estava chegando, Marta foi encontrar-se com Ele e Maria fi-cou em casa. Quando Marta ficou frente a frente com Jesus, disse-lhe: “Senhor, se estivesses aqui meu irmão não teria morrido”. É interessante observar que, mais tarde, Maria fala a mesma coisa.

Não sabemos nada sobre a expressão facial nem sobre o tom de voz de Marta ao dizer aquelas palavras, porque o apóstolo João não informa nada a respeito. De acordo com os especialistas de comunicação, quando falamos,

comunicamos apenas 7% com nossas palavras; o tom de voz é responsável por 45% e 48% são transmitidos através da nossa ex-pressão facial, gestos e outras ma-neiras que demonstram o signifi-cado das nossas palavras.

Tudo o que temos registrado sobre a conversa de Jesus com as duas irmãs são as palavras. Em-bora não saibamos nada sobre o tom de voz nem sobre a expressão de Marta, podemos ter uma ideia da forma como ela falou: “Senhor, se estivesses aqui meu irmão não teria morrido”.

Com amor, Jesus dá continui-dade ao diálogo: “O seu irmão vai ressuscitar”. Jesus não estava se referindo à ressurreição dos mor-tos em Cristo que dará início à eternidade; Ele estava falando cla-ramente sobre o que estava para acontecer em seguida.

Não devemos ser excessiva-mente duros com Marta, porque, afinal, ela não sabia que Jesus estava falando sobre o que estava para acontecer. No lugar dela você estaria acreditando que um mila-gre ia acontecer? Em outras pala-vras, esta foi a resposta de Marta: “Senhor, conheço as Escrituras e sei que haverá a ressurreição do último dia”.

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A seguir, Jesus pronunciou uma das frases mais fortes do Evangelho de João; novamente Ele faz a afirmação “Eu Sou”. “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que morra, vi-verá; e quem vive e crê em mim, não morrerá eternamente. Você crê nisso?”.

Como gosto da honestida-de de Marta! Ela não disse: “Eu creio”. Acho que ela não enten-deu o que Jesus tinha acabado de dizer. Ela apenas declara no que realmente acredita e que coincide com o tema básico do Evangelho de João: “Sim, Senhor, eu tenho crido que tu és o Cristo (ou o Mes-sias), o Filho de Deus que devia vir ao mundo”.

Marta sabia em que acredita-va e acreditava no que sabia. Uma das orações mais sinceras da Bí-blia, feita em lágrimas foi: “Creio, ajuda-me a vencer a minha incre-dulidade” (Marcos 9.24). Jesus atendeu a esse pedido, porque foi uma oração sincera. Todos nós passamos por aquele ponto em que a fé termina e a incredulidade começa. O pai que fez esta oração a Jesus estava dizendo: “Aumenta o nível da minha fé e diminui o ní-vel da minha incredulidade”. Pode ter sido com esse espírito que

Jesus perguntou a Marta: “Você crê nisso?”.

Estou convencido de que Je-sus amava a honestidade de Mar-ta. Ela foi absolutamente sincera quando, em outras palavras, res-pondeu a Jesus: “O que o Senhor está me dizendo está acima do nível da minha fé e eu não posso dizer que acredito”.

Quando estamos conversando com Deus, sabemos exatamente onde termina o nível da nossa fé e onde começa o nível da dúvi-da. Que tolice da nossa parte nos aproximarmos do nosso Senhor Vivo e Ressuscitado num momen-to de crise, sem essa honestidade de Marta! Jesus Se sentia pertur-bado com aqueles que Ele intitu-lou de “hipócritas”, que usavam máscaras; porém, Ele conhecia a franqueza de Marta e sabia que ela não estava sendo hipócrita.

A declaração “Eu Sou”, que ouvimos de Jesus nesta conversa com Marta, é a essência do ca-pítulo 11 do Evangelho de João. Qualquer problema da vida que pareça insolúvel encontra respos-ta na solução de Jesus, chamada “ressurreição”, cuja definição é “vitória sobre a morte”. Jesus está dizendo: “Eu sou a solução para os problemas insolúveis, Marta.

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ESTUDO DO EVANGELHO DE JOÃO VERSÍCULO POR VERSÍCULO

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Eu não sou apenas a vitória sobre o problema da morte, Eu sou a so-lução para o problema da vida”. Mais tarde, Jesus faz a mesma declaração, quando diz: “Eu sou o Caminho a Verdade e a Vida” (14.6).

Um dos primeiros versículos deste Evangelho é: “Nele estava a vida, e esta era a luz dos homens” (1.4). Para cada capítulo que es-tudamos, fazemos a pergunta “O que é vida?”, porque, capítulo após capítulo, João fala do que é a vida. Ele fala neste livro sobre a vida que é Jesus, mas vida tam-bém é algo que Jesus faz em nós, por nós e através de nós. A vida está sempre relacionada com Je-sus, quando o autor deste Evange-lho fala de Vida Eterna.

Na conversa com Marta, Jesus afirma: “Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá”. Aqui, Jesus está falando da ressurreição do discípulo autêntico. O apóstolo Paulo se aprofunda mais no ensi-no desta questão. Ele afirma que quando os crentes em Jesus mor-rem são plantados como uma se-mente que um dia será ressuscita-da (1 Coríntios 15; 2 Coríntios 5).

Jesus vai além, neste ensino tão poderoso, quando afirma que Ele é a Ressurreição e a Vida. É

importante observar que Ele re-pete esta promessa: “quem vive e crê em mim, não morrerá eter-namente”. Na verdade, Jesus está apresentando uma aliança de res-surreição entre Ele e todo aque-le que crê nEle. Como em toda aliança, Jesus promete cumprir a parte dEle e nós devemos cumprir a nossa. Aquele que entra nessa aliança de ressurreição com Jesus deve cumprir duas exigências: a primeira é crer em Cristo (esta é uma exigência óbvia); a segunda é viver em Cristo.

Você sabia que é possível vi-ver em Cristo? Os autores do Novo Testamento usam a expressão “em Cristo” cerca de 200 vezes, refe-rindo-se aos discípulos autênticos de Jesus Cristo.

Jesus mostrou o significado desta expressão com uma metáfo-ra, quando ensinou os discípulos acerca de como ser frutífero, usan-do a ilustração da videira e seus ramos carregados de frutos. Jesus os desafiou a viverem ligados a Ele, como os ramos são ligados à videira e, por isso, dão frutos (João 15.1-16).

A expressão “em Cristo” é uma das preferidas de Paulo para descrever o relacionamento de um crente com o Cristo Vivo e

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Ressuscitado, tanto que ele usa esta expressão 97 vezes em suas cartas.

Estas duas palavras e a metá-fora usada por Jesus nos ajudam a entender a segunda parte da alian-ça que Jesus apresentou a Marta: “quem vive e crê em mim, não morrerá eternamente”. Parece que Marta não entendeu o desa-fio desta pergunta de Jesus: “Você crê nisso?”. E você, entendeu esta pergunta? Talvez, se eles tivessem tido um tempo para um estudo bí-blico, Marta tivesse entendido.

Esta é outra resposta para a pergunta “O que é fé?”. Quando estudamos o capítulo 6, apren-demos com o exemplo de Pedro que há momentos em que fé é seguir Jesus, mesmo que não O compreendamos totalmente (João 6.67,68).

O exemplo de Marta nos ensi-na o que não é fé e mostra que, às vezes, é necessário algum tempo e esforço para que compreendamos o que o Senhor nos está dizendo, quando, de repente, situações trá-gicas nos advêm. O desafio para nós é saber se cremos e se esta-mos vivendo em Cristo.

Depois da resposta sincera de Marta, ela “foi para casa e, cha-mando à parte Maria, disse-lhe:

O Mestre está aqui e está cha-mando você. Ao ouvir isso, Maria levantou-se depressa e foi ao en-contro dEle” (11.28,29).

Observe, ao estudar sobre as duas irmãs, como elas lidaram com a doença e a morte do irmão: Maria não vai ao encontro de Je-sus, enquanto Ele não a chama. Marta, no entanto, é o tipo de pes-soa que “faz a hora e não espera acontecer”, pois decide ir ao en-contro de Jesus na estrada, antes que Ele entre em Betânia. Esta é Marta! Maria não era como Marta, pois esperou até que o Senhor a chamasse e, tão logo Ele o fez, ela respondeu imediatamente.

Lemos, no versículo 32, que “Chegando ao lugar onde Jesus estava e vendo-o, Maria prostrou-se aos seus pés e disse: Senhor, se estivesses aqui, meu irmão não teria morrido”, exatamente como Marta havia dito. Não sabemos nada sobre a expressão ou sobre o tom de voz de nenhuma delas, mas temos um detalhe a mais so-bre a expressão corporal de Maria: ela prostrou-se aos pés de Jesus.

O Novo Testamento cita sete mulheres chamadas Maria. Temos alguns detalhes a mais sobre a vida desta de quem estamos tratando: como já observamos, durante a

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primeira visita de Jesus às duas irmãs, Maria ficou aos Seus pés, ouvindo Suas palavras (Lucas 10.38-42); no capítulo 12, que estudaremos posteriormente, en-contramos Maria mais uma vez aos pés de Jesus adorando-O, e aqui ela está aos Seus pés, submeten-do-se à vontade dEle. Em outras palavras, ela estava dizendo: “Se o Senhor estivesse aqui, meu irmão não teria morrido, mas eu quero que o Senhor saiba que eu O adoro do mesmo jeito. Tenho fé para acei-tar o fato de que o Senhor tem Suas razões para não ter vindo a tempo de salvar a vida do meu irmão”.

O resgateVocê consegue entender o que

está acontecendo aqui? As duas irmãs estão passando pelo proble-ma mais difícil e insolúvel de suas vidas, e o que o Senhor quer delas é a resposta certa diante do pro-blema, resposta essa que começa com o relacionamento delas com o Senhor. Após Jesus obter a respos-ta de Maria e ter sido estabelecido o relacionamento entre eles, Jesus resolve o problema insolúvel das duas irmãs, relacionado à doença e morte de Lázaro.

Quando enfrentamos este tipo de problema, pode ser que

a solução não venha nesta vida. Como morrer é tão natural como nascer, o resgate pode vir só na volta de Jesus, com a ressurrei-ção dos crentes (I Tessalonicenses 4.13-18).

Além da doença e da morte, o Senhor permite outros tipos de problemas insolúveis. Ele sabe que, se tivermos a mesma respos-ta que Maria teve, o Deus Pai e o Deus Filho serão glorificados. Todo esse processo aumentará nos-sa capacidade de crer, conhecer, amar e servir a Deus e ao nosso Senhor e Salvador.

Deus também sabe que a fé transparente e sincera que Marta demonstrou ter, nos leva a experi-mentar a glória de Deus. Ele pro-meteu a Marta que, se ela cresse, veria a glória de Deus.

Vamos ler agora a reação de Jesus diante da resposta de Marta e Maria: “Ao ver chorando Maria e os judeus que a acompanha-vam, Jesus agitou-se no espírito e perturbou-se. Onde o colocaram, perguntou ele. Vem e vê, Senhor, responderam eles. Jesus chorou. Então os judeus disseram: Vejam como ele o amava! Mas alguns deles disseram: Ele, que abriu os olhos do cego, não poderia ter impedido que este homem

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morresse? Jesus, outra vez, pro-fundamente comovido, foi até o sepulcro. Era uma gruta com uma pedra colocada à entrada. Tirem a pedra, disse Ele. Marta, irmã do morto, respondeu: Senhor, ele já cheira mal, pois já faz quatro dias. Disse-lhe Jesus: Não lhe falei que, se você cresse, veria a glória de Deus? Então tiraram a pedra. Jesus olhou para cima e disse: Pai, eu te agradeço porque me ouviste. Eu sei que sempre me ouves, mas disse isso por causa do povo que está aqui, para que creia que Tu me enviaste. Depois de dizer isso, Jesus bradou em alta voz: Lázaro, venha para fora! O morto saiu, com as mãos e os pés ligados em faixas de linho e o rosto envolto num pano. Disse-lhes Jesus: Tirem as faixas dele e deixem-no ir” (11.33,44).

Certo domingo, no início do meu pastorado, vi-me muito ner-voso, porque, depois do sermão e do encerramento do culto, teria que dirigir um culto fúnebre. Havia entre os membros da minha igreja um senhor que tinha sido pastor e já havia dirigido muitas cerimô-nias fúnebres. Ele era um judeu messiânico, um crente avivado que tinha fugido da Tchecoslová-quia para escapar de Hitler e do

Holocausto; tinha uma ótima for-mação e eu gostava muito de con-versar com ele; posso dizer que ele foi uma pessoa que me ajudou muito nos primeiros e difíceis anos de ministério.

Depois do culto da manhã, eu o cumprimentei na saída do tem-plo e lhe perguntei: “Dr. Pearl, o senhor tem alguma dica para me dar para o culto fúnebre que vou dirigir logo mais? Nunca oficiei um velório”. Ele respondeu: “Nem Je-sus. Ele só oficiava ressurreições!”. O conselho dele não me serviu muito, mas, sem dúvida alguma, o que ele disse era a pura verda-de! Jesus só oficiou ressurreições e essa é a nossa esperança.

Neste capítulo, lemos que Je-sus estava indo para um velório, mas, antes de transformar este velório numa cerimônia de ressur-reição, ele mostrou alguns pontos que devem ser observados por nós. Por exemplo, o menor versí-culo da Bíblia conta que “Jesus chorou”. No original, a palavra usada para “chorar” indica que Jesus “chorou de soluçar”. Ele demonstrou que estava triste em relação a Lázaro, tanto que as pes-soas disseram: “Vejam como ele o amava!”. Com isto Jesus mos-trou que, se chorarmos no funeral

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de algum ente querido, não quer dizer que estamos demonstrando que somos fracos na fé. Estamos apenas mostrando que amávamos aquela pessoa e que sentiremos sua falta.

Quando um dos filhos de Davi morreu, ele chorou e lamentou: “Eu irei até ela (a criança), mas ela não voltará para mim” (II Sa-muel 12.23). A convicção de que nos encontraremos com nossos queridos faz com que nosso choro seja diferente do choro daqueles que não têm esperança. Entretan-to, saber que eles não retornarão para nós nesta vida também é difí-cil de aceitarmos sem sofrer.

O ensino de Jesus que diz “Bem-aventurados os que cho-ram” tem várias aplicações. Uma delas pode ser literal. Não deve-mos jamais suprimir nem escon-der nossa dor. É bom poder chorar e Jesus mostrou que o choro pode ser uma bênção.

Aplicação pessoal e devocionalO ponto mais importante des-

te capítulo é a ressurreição de Lázaro. Jesus não apenas faz uma das Suas declarações mais impor-tantes, “Eu Sou”, como também demonstra e valida o que Ele de-clara. Ele ressuscitou Lázaro dos

mortos para mostrar que Ele pró-prio é a vitória sobre a morte, e é a Vida que todos buscamos.

A aplicação pessoal que tira-mos para nossas vidas é que, se cremos nEle e mantivermos um relacionamento com Ele, jamais morreremos. Nossa morte será apenas uma graduação e nosso funeral uma celebração à Vida Eterna. Nossa morte significará apenas que o Pastor está nos con-duzindo aos pastos verdejantes, às águas tranquilas, onde passa-remos a eternidade (Salmo 23.2).

Resumindo o que já vimos nesta história de ressurreição, po-demos responder às três pergun-tas do nosso estudo.

Quem é Jesus? Ele é a Ressur-reição, a Vitória sobre a morte; Ele é a Vida. Isso quer dizer que, dian-te da morte, Ele é a Única Solução para os problemas, humanamente falando, insolúveis.

O que é fé? Fé é responder aos problemas, por mais insolúveis que nos possam parecer, com um rela-cionamento profundo com Jesus Cristo, como vimos na resposta de Maria. É a convicção inabalável de que, se nosso Senhor não aparecer no momento que achamos que Ele deveria nos resgatar, certamente Ele tem razões para tal.

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CBI - Encontro com a Palavra Livro 11 23

Quando estamos ligados ao nosso Senhor Vivo e Ressuscitado, através do nosso relacionamento com Ele, nossos pensamentos e atitudes são como os de Jesus e compreendemos que Ele não che-ga antes que nos aconteça algo que nos causa sofrimento, porque está determinado a nos levar a ex-perimentar a vida abundante nesta existência e na eternidade.

Fé também é a resposta sin-cera de Marta ao fato inegável de doença e morte de alguém que amamos muito. Diante daquela situação difícil, ela estava feri-da e magoada, porque o Senhor, a quem ela tanto amava, não ti-nha aparecido a tempo de evitar a morte do seu irmão. Ela sabia que Ele podia tê-lo curado e isso tornou sua dor quase insuportável.

Ela dá o exemplo da fé ho-nesta que declara em que re-almente crê. O versículo 16 do capítulo 5 de Tiago poderia ser assim traduzido: “As orações de um homem honesto explodem em poder”. Às vezes, fé é concor-dar com Deus sobre onde nossa fé termina e onde nossa dúvida começa.

E “O que é vida”, de acordo com este capítulo extraordinário do Evangelho de João? Vida é a espe-rança e a paz que temos, quando sabemos que, se morrermos hoje, nossa morte será apenas uma graduação para a melhor dimen-são da nossa existência. Vida é a convicção de que, porque vivemos e cremos em Cristo, mesmo que morramos fisicamente, viveremos para sempre com Ele!

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CBI - Encontro com a Palavra24 Livro 11

Os versículos que contam o que aconteceu a seguir apresentam a metáfora de fé mais eloquente deste capítulo. Lázaro tinha sido enterrado em uma caverna e havia uma grande pedra na entrada dela. “Tirem a pedra, disse ele. Marta, irmã do morto, respondeu: Senhor, ele já cheira mal, pois já faz qua-tro dias. Disse-lhe Jesus: Não lhe falei que, se você cresse, veria a glória de Deus?” (39,40).

Como já dissemos, o Evangelho de João apresenta um significado muito profundo, como a passagem em que nos é mostrado que precisa-mos retirar a pedra da incredulida-de, quando nos encontramos diante de uma terrível adversidade, como se encontravam aquelas irmãs.

Um dos textos bíblicos que costuma ser lido nas cerimônias fúnebres fala sobre nossa con-vicção de que um dia a glória de Deus será revelada, quando aque-la pessoa querida for levantada dos mortos (I Coríntios 15.42-44; I Tessalonicenses 4.13-18).

Como eu aprecio a franqueza e a honestidade de Marta! Quando

eles estavam para remover a pe-dra, ela disse: “Senhor, ele já chei-ra mal, pois já faz quatro dias”. Depois de desafiar Marta e os que estavam presentes com a pergun-ta “Não lhe falei que, se você cresse, veria a glória de Deus?”, Jesus faz uma oração muito inte-ressante. Nessa oração, Ele falou ao Pai que estava dizendo aquelas palavras para que a multidão que estava ao redor cresse que Ele fora enviado pelo Pai (41,42).

Em Mateus 6.5 e 6 Jesus nos instruiu que devemos orar em se-creto, somente para Deus, e não para uma plateia, mas aqui Jesus está dizendo que parte de Sua oração foi feita para aqueles que O estavam ouvindo. Com isto, Jesus mostrou que, quando oramos em público, devemos ter a consciên-cia de que há pessoas nos ouvindo e unindo seus corações ao que es-tamos dizendo.

Depois que a pedra é removi-da, o grande milagre acontece com esta ordem de Jesus dada em alta voz: “Lázaro, venha para fora!”. O homem morto sai com seus pés e

Capítulo 3

“Tirem a Pedra da Incredulidade” (João 11.33-57)

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ESTUDO DO EVANGELHO DE JOÃO VERSÍCULO POR VERSÍCULO

CBI - Encontro com a Palavra Livro 11 25

mãos enrolados em panos e, a se-guir, Jesus ordena: “Tirem as fai-xas dele e deixem-no ir” (44).

Alguns teólogos veem aqui um significado mais profundo e seme-lhante ao que descobrimos no ca-pítulo 8 deste Evangelho (8.30-36). Aos líderes religiosos judeus que professaram crer em Jesus Ele disse: “Se vocês permanecerem firmes na minha palavra, verdadei-ramente serão meus discípulos. E conhecerão a verdade e a verdade os libertará” (8.31,32). Quando nos comprometemos a ser discípulos verdadeiros de Jesus e permanece-mos na Sua Palavra, experimenta-mos a libertação, como se tivésse-mos sido libertados da prisão.

Para alguns estudiosos, as fai-xas que cobriam Lázaro, quando saiu do túmulo, representam uma metáfora para nós: o crente pode ex-perimentar o poder de ressurreição no Novo Nascimento e ser libertado algum tempo depois; porém, Jesus não quer que nós, os seus discípu-los, sejamos pessoas nascidas de novo e amarradas em “roupas de sepultura”, usadas quando éramos mortos espiritualmente e vivíamos escravos do pecado.

Para mim este é o significado mais profundo da cena de Lázaro saindo da tumba ressuscitado, mas

ainda amarrado às roupas de sepul-tura. Como já comentamos, quando estudamos o capítulo 8, só depois de dez anos seguindo a Cristo como Seu discípulo foi que eu experimen-tei a liberdade da qual Jesus fala. Para mim, pessoalmente, é muito significativa esta metáfora sobre re-mover as “roupas de sepultura” da antiga vida e ser libertado.

A resposta dos judeusMais uma vez vamos ver res-

postas divididas dos judeus, dian-te dos milagres que acompanha-vam o ministério de Jesus. João afirma que alguns judeus presen-tes ao funeral de Lázaro, respon-deram favoravelmente diante do testemunho de Maria: “Muitos dos judeus que tinham vindo visitar Maria, vendo o que Jesus fizera, creram nele” (45). Eles foram tes-temunhas de algo impressionante quanto ao milagre da ressurreição e creram, quando viram Maria aos pés de Jesus, em atitude de ado-ração e submissão à Sua vontade.

Vemos, também, a hostilida-de dos líderes religiosos judeus, manifestada no diálogo entre eles e Jesus, desde a cura do paralítico junto ao Tanque de Betesda (5.1-14), que agora chega ao seu clí-max na formação de um conselho

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CBI - Encontro com a Palavra26 Livro 11

de fariseus, para arquitetarem uma estratégia, a fim de o prenderem (46-57). Antes mesmo de conclu-írem que era necessário levar Jesus à morte, o Sumo Sacerdote Caifás pronunciou uma palavra profética.

Ele achava que se não fosse tomada nenhuma atitude em re-lação às multidões que se ajunta-vam em torno do ministério extra-ordinário de Jesus a ira de Roma cairia sobre toda a nação; em razão disso, ele declarou a atitu-de politicamente correta que eles, líderes religiosos, deveriam ter: le-var Jesus à morte (46-52).

O apóstolo João comenta que Caifás estava profetizando que Jesus não seria apenas sacrificado pelos judeus que viviam em Israel, mas pelos judeus que estavam dispersos por todo o mundo. Involuntariamen-te, ele profetizou que a morte de Jesus resultaria na salvação física, ou seja, na libertação dos judeus, e também na salvação espiritual da-queles que cressem nEle. Não po-demos esquecer que os apóstolos só entenderam que o Evangelho é também para os gentios no capítulo 10 do Livro de Atos.

ResumoPoderíamos escrever muito

mais sobre os 57 versículos deste

capítulo, mas a melhor maneira de resumi-lo é respondendo às três perguntas básicas do nosso es-tudo: “Quem é Jesus?”, “O que é fé?” e “O que é vida?”, no capítulo 11 de João.

“Quem é Jesus?”. Ele é a vitória sobre a morte e Vida para aqueles que creem e vivem nEle, aqueles que têm um relacionamento com o Cristo Vivo e Ressuscitado, que têm Vida Eterna hoje e para sempre!

“O que é fé?”. Fé é enfrentar a doença e a morte crendo e vivendo nEle; é remover a pedra da incre-dulidade diante da morte para ver a glória de Deus, através do mi-lagre da vitória sobre a morte. Fé é pedir que Cristo remova nossas “roupas de sepultura” e nos liberte quando cremos. “Tirem as faixas dele e deixem-no ir”: esta ordem de Jesus é uma metáfora que transmite o significado de fé.

“O que é vida?”. De acordo com o capítulo 11 do Evangelho de João, vida é ter um relaciona-mento com o Cristo Vivo e Ressus-citado, através do qual sabemos que, porque estamos em união com Ele, viveremos eternamente. Fé é compreender que a morte físi-ca é apenas uma graduação desta vida, para a dimensão espiritual da nossa vida em Cristo.

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CBI - Encontro com a Palavra Livro 11 27

Desde o Livro de Gênesis até o Apocalipse, a Bíblia mostra que fomos criados para existir em duas dimensões e não em apenas uma. Fomos feitos pelo nosso Criador para viver na terra por um curto pe-ríodo de tempo e, para isso, Ele nos deu um corpo terreno. No entanto, também fomos criados para viver no céu, no estado eterno e, por essa razão, receberemos um corpo espi-ritual. A única maneira de o nosso corpo terreno ser equipado para viver no estado eterno é através de uma metamorfose ou de uma mu-dança completa, que só ocorre com a ressurreição, como veículo dessa mudança (I Coríntios 15).

A ressurreição não é apenas vitória sobre a morte. Deus usará este milagre para nos dar um corpo celestial, que nos equiparará para vivermos com Ele para sempre, na eternidade. Esta é a Vida Eterna descrita nesse capítulo maravilhoso da ressurreição. A Vida Eterna co-meça nesta vida, quando cremos e estabelecemos um relacionamento com o Cristo Ressuscitado.

Neste contexto, considere mais uma vez o propósito pelo qual João escreveu este Evangelho (João 20.30,31). Estes versículos são uma declaração do propósi-to de João ao escrever o quarto

Evangelho, qual seja: nos conven-cer de que Jesus é o Cristo, sendo que a parte mais importante desta declaração é a promessa de que, se crermos, teremos Vida Eterna.

Neste capítulo, aprendemos que Deus, um dia, usará o mila-gre da ressurreição para tornar a Vida Eterna uma realidade para os crentes em Jesus Cristo; porém, as palavras de Jesus para Marta mos-tram que não precisamos esperar morrer ou sermos ressuscitados para experimentarmos a Vida Eter-na. De acordo com Jesus, a Vida Eterna começa quando cremos e vivemos nEle.

Uma das respostas mais im-portantes neste Evangelho e em toda a Bíblia para a pergunta “O que é Vida?” é o desafio que Jesus lan-çou para Marta, quando seu irmão morreu: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e quem vive e crê em mim não morrerá eternamente. Você crê nisso?” (11.25,26).

Quando recebemos um diag-nóstico de morte para nós mesmos ou para algum ente querido, ou quando estamos diante do túmu-lo de alguém que amamos, nosso desafio é crer nas Boas Novas que encontramos neste capítulo da res-surreição do Evangelho de João.

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CBI - Encontro com a Palavra28 Livro 11

É assim que João inicia o ca-pítulo 12: “Seis dias antes da Pás-coa Jesus chegou a Betânia, onde vivia Lázaro, a quem ressuscitara dos mortos. Ali prepararam um jantar para Jesus. Marta servia, enquanto Lázaro estava à mesa com ele. Então Maria pegou um frasco de nardo puro, que era um perfume caro, derramou-o sobre os pés de Jesus e os enxugou com os seus cabelos e a casa encheu-se com a fragrância do perfume. Mas um dos seus discípulos, Ju-das Iscariotes, que mais tarde iria traí-lo, fez uma objeção: Por que este perfume não foi vendido e o dinheiro dado aos pobres? Seriam trezentos denários. Ele não falou isso por se interessar pelos pobres, mas porque era ladrão; sendo res-ponsável pela bolsa de dinheiro, costumava tirar o que nela era colocado. Respondeu Jesus: Dei-xe-a em paz; que o guarde para o dia do meu sepultamento, pois os pobres vocês sempre terão consi-go, mas a mim vocês nem sempre terão. Enquanto isso, uma grande multidão de judeus, ao descobrir

que Jesus estava ali, veio, não apenas por causa de Jesus, mas também para ver Lázaro, a quem ele ressuscitara dos mortos. As-sim, os chefes dos sacerdotes fi-zeram planos para matar também Lázaro, pois por causa dele muitos estavam se afastando dos judeus e crendo em Jesus” (1-11).

Este capítulo começa com mais um jantar envolvendo Marta e Maria e, como era de se esperar, Marta servia; este era o seu dom e o seu chamado. Por outro lado, Maria também confirma o seu chamado e o seu dom aos pés de Jesus, oferecendo-Lhe uma pre-ciosa oferta de adoração.

Era costume, naquela época, reclinar-se em sofás junto à mesa de refeições. Também fazia parte dos costumes daquela época recep-cionar os convidados, lavando-lhes os pés, e é num desses cenários que Maria oferece o seu sacrifício de adoração, derramando uma un-ção perfumada e muito cara sobre os pés de Jesus, cujo valor corres-pondia ao salário de um ano de um trabalhador comum.

Capítulo 4

“O Fim do Começo” (João 12.1-19)

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CBI - Encontro com a Palavra Livro 11 29

Você deve se lembrar de que, no final do capítulo 10 de Lucas, quando Marta perguntou a Jesus se Ele não se importava com o fato de que Maria não a estivesse ajudan-do, Jesus defendeu Maria. Aqui, mais uma vez, Jesus a defende, dizendo: “Deixe-a em paz; que o guarde para o dia do meu sepulta-mento, pois os pobres vocês sem-pre terão consigo, mas a mim vo-cês nem sempre terão” (7,8).

Este capítulo marca o início da segunda metade do Evangelho de João, totalmente dedicada à úl-tima e mais importante semana da vida de Jesus na terra.

Vimos, no exemplo de Láza-ro, que naquele tempo o corpo do morto era enrolado com panos, como faziam com as antigas mú-mias, e colocadas especiarias ca-ras nas bandagens, para amenizar o odor provocado pela decomposi-ção do corpo.

Ao defender Maria, Jesus faz um comentário a respeito dEle mesmo: “os pobres vocês sem-pre terão consigo, mas a mim vo-cês nem sempre terão” (8). Esta é mais uma citação que João faz neste Evangelho, com o objetivo de reforçar a divindade de Jesus.

Maria adora Jesus e Ele aceita sua adoração. Na verdade, Ele não

só aceita, mas defende o ato de adoração que ela Lhe presta. Os apóstolos Pedro e Paulo não acei-tavam que ninguém os adorasse (Atos 10.25 e 26; 14.11-18), mas Jesus era mais que um ho-mem; Ele era Deus na forma de homem, por isso aceitou a adora-ção de Maria.

Sem qualquer subterfúgio, o autor deste Evangelho comenta que não foi porque se importasse com os pobres que Judas se opôs àquela oferta, alegando que ela poderia ser destinada a eles. De forma direta, João comentou que Judas fez isto porque roubava o di-nheiro que era colocado na bolsa.

Eu gosto da forma como João escreve. No final do Novo Testa-mento, na chamada Primeira Epís-tola de João, ele ensina de forma muito clara o meio de sabermos se somos crentes verdadeiros. Ele escreve que, se temos comunhão com Cristo e continuamos a an-dar nas trevas ou se dizemos que amamos a Deus, mas não ama-mos nosso irmão, somos mentiro-sos! (I João 1.6; 4.20 e 21). Esta mesma forma direta ele usa para comentar que Judas era um ladrão e roubava o dinheiro da bolsa.

Algumas pessoas interpretam estas palavras “os pobres vocês

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sempre terão consigo, mas a mim vocês nem sempre terão”, ditas por Jesus, como se fosse uma afir-mação de que não devemos aju-dar os pobres. No entanto, o que Jesus observou foi que sempre teremos a oportunidade de ajudar os pobres, mas Ele, os discípulos não teriam por muito mais tempo. Desta forma, Jesus estava justifi-cando a oferta feita por Maria, que simbolizava a Sua morte e o Seu sepultamento.

Na leitura desta passagem, observamos que as pessoas se ajuntaram ao redor da casa, não apenas para ver Jesus, mas tam-bém para ver Lázaro, a quem Je-sus havia ressuscitado. Por esta razão, os chefes dos sacerdotes, que já estavam planejando a mor-te de Jesus, passaram a planejar também a morte de Lázaro, uma vez que o milagre da ressurreição nele operado estava levando mui-tos judeus a crerem em Jesus.

Como já vimos no capítulo 11 deste Evangelho, quando cre-mos em Cristo e vivemos nEle, não morremos, mas experimen-tamos uma ressurreição pessoal. Paulo descreve assim esta res-surreição: “Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis

que surgiram coisas novas! Tudo isso provém de Deus” (II Coríntios 5.17,18a).

O Novo Nascimento provoca em nós um tipo de metamorfose, que nos dá vitória sobre a morte. Tal experiência glorifica a Deus e exalta o nome do Filho, quando outras pessoas veem nossa trans-formação e se convertem a Jesus Cristo, como aconteceu no caso de Lázaro, cujo milagre atraiu pesso-as a Jesus.

O “Domingo de Palmas”Agora que estamos iniciando

o estudo do capítulo 12 do Evan-gelho de João, chegamos a um ponto de transição, que divide os capítulos deste Evangelho.

Aproximadamente, a primeira metade dos capítulos deste Evan-gelho cobre os 33 anos de vida da pessoa mais importante que já existiu na Terra, mas, neste capítu-lo, descobrimos que a outra meta-de do livro é dedicada totalmente à última semana de vida de Jesus.

Como é comum nos quatro Evangelhos, a última semana de vida de Jesus Cristo é mais en-fatizada, porque foi durante esta semana que Ele morreu e ressus-citou para a salvação do mundo. A partir de agora, João passa a

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descrever a semana crucialmente importante na vida e no ministério de Jesus Cristo, a qual chamamos “Semana Santa”, que começa no “Domingo de Palmas” e termina no domingo seguinte, conhecido como “Domingo de Páscoa” ou “Domingo da Ressurreição”.

O fim do começoOs três anos de pregação, en-

sino, cura e treinamento dos após-tolos estão agora quase no fim e a missão mais importante de Je-sus está prestes a acontecer. Je-sus está agora iniciando Sua obra mais importante, através da Sua morte e ressurreição, seguidas de Sua ascensão, do Dia de Pentecos-tes e com o nascimento da Igreja. A partir daí, a obra de Jesus não parou mais.

No capítulo 12 do seu Evan-gelho, João introduz o fim do co-meço da vida e do ministério de Jesus Cristo, como podemos ver neste texto: “No dia seguinte, a grande multidão que tinha vindo para a festa ouviu falar que Je-sus estava chegando a Jerusalém. Pegaram ramos de palmeiras e saíram ao seu encontro, gritan-do: Hosana! Bendito é o que vem em nome do Senhor! Bendito é o Rei de Israel! Jesus conseguiu um

jumentinho e montou nele, como está escrito: Não tenha medo, ó cidade de Sião; eis que o seu rei vem, montado num jumentinho. A princípio seus discípulos não entenderam isso. Só depois que Jesus foi glorificado, eles se lem-braram de que essas coisas es-tavam escritas a respeito dele e lhe foram feitas. A multidão que estava com ele, quando mandara Lázaro sair do sepulcro e o res-suscitara dos mortos, continuou a espalhar o fato. Muitas pessoas, por terem ouvido falar que ele re-alizara tal sinal miraculoso, foram ao seu encontro, por isso os fari-seus disseram uns aos outros: não conseguimos nada; olhem como o mundo todo vai atrás dele!” (12.12-19).

Conforme é mencionado por João, a importância deste episó-dio foi anunciada pelos profetas Zacarias (9.9) e Malaquias (3.1). A expressão “de repente” significa: “de uma maneira inesperada”, ou seja, o Messias não viria da ma-neira como todos esperavam.

Os líderes espirituais do povo judeu tinham ideias preconcebi-das sobre a forma como o Messias viria ao mundo. Suas ideias base-avam-se em textos bíblicos como o de Isaías 61.1-2 e até mesmo

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os apóstolos achavam que o Mes-sias subjugaria o Império Romano e libertaria Israel, politicamen-te (Atos 1.6). Se aqueles que se diziam “povo de Deus” tivessem realmente compreendido os profe-tas, teriam se alegrado com Jesus entrando em Jerusalém montado num jumentinho.

Ao tentarmos compreender o significado do Domingo de Palmas, devemos imaginar um embaixador representando o seu rei ou chefe de estado em um país estrangeiro. Jesus é o Embaixador que veio do céu, representando o Deus Pai em um país estrangeiro. Jesus deixou o céu para vir ao mundo e, durante o tempo que ficou aqui, fez uma obra maravilhosa. Então, Jesus estava se apresentando formalmente ao mundo como Embaixador do Céu.

Jesus não foi para a capital do mundo, para Roma, nem para as capitais do pecado, como Corinto ou Éfeso, mas Ele foi para a capital espiritual do mundo, Jerusalém, o lugar do povo de Deus e dos seus líderes. Tenho certeza de que Je-sus fez isso porque entendeu que o plano de Deus é usar o Seu povo para cumprir os Seus propósitos. Jesus sabia que o povo de Deus era um “gigante adormecido” e Ele queria acordar esse gigante.

No capítulo 21 de Mateus, está registrada a declaração de Jesus, que tomaria o Reino dos judeus e o daria àqueles que pro-duziriam frutos para o Reino, aos gentios, ou seja, você e eu, que não somos judeus (21.33-43).

O Livro de Atos registra o mi-lagre da Igreja que Cristo estava e ainda está construindo, onde en-contramos o povo de Deus, para quem o Cristo Vivo deu o Reino que Ele tomou dos judeus. Isto não quer dizer que a Igreja foi uma segunda opção dentro do plano de Cristo, pois Jesus claramente anunciou, no Evangelho de Mateus, antes de tirar o Reino dos judeus, que nem todos os poderes do inferno con-seguiriam impedir a edificação da Sua Igreja (Mateus 16.18).

De várias maneiras, a Igreja, hoje, também se encontra como um gigante adormecido; mas, se ela fosse despertada e se posicio-nasse pelo seu Senhor neste mun-do, que gigante seria!

É fácil perder a paciência com o povo de Deus e achar que Deus não vai fazer mais nada através dele, mas saiba que em toda a História da Igreja a obra de Deus tem sido feita neste mundo, atra-vés do Seu povo. A palavra “igre-ja” significa “o povo chamado”, o

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povo separado deste mundo para seguir e obedecer ao Cristo Vivo e Ressuscitado. Somos enviados ao mundo como veículos, através dos quais o Senhor salva os perdidos (João 17.18; 20.21).

Alguns dos judeus foram al-cançados pelo sermão de Jesus, conforme está registrado no fi-nal do capítulo 10 deste Evan-gelho. Jesus também alcançou

Nicodemos, aquele destacado rabino e mestre da Lei. Será que Saulo de Tarso participou de al-gum daqueles diálogos que Jesus travou com os líderes religiosos? Depois de ressuscitado, Cristo voltou para alcançar este fariseu dos fariseus, na estrada de Da-masco. Foi então que Saulo de Tarso tornou-se o grande apósto-lo Paulo.

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O relato sobre os episódios ocorridos no Domingo de Palmas é seguido de outro comentário sobre as pessoas que foram impactadas pela ressurreição de Lázaro. Elas continuaram a espalhar a Palavra. Por causa das grandes multidões que se aglomeravam ao redor de Jesus sempre que Ele aparecia, os fariseus fizeram a seguinte ob-servação: “Olhem como o mundo todo vai atrás dele!” (19). Na ver-dade, essa observação era proféti-ca, pois o plano de Deus sempre foi que o ministério de Jesus al-cançasse todo o mundo (Gênesis 12.3; Lucas 2.10).

João relata que, no auge da po-pularidade de Jesus, alguns gregos procuram o apóstolo Filipe e lhe fa-zem um pedido: “Senhor, queremos ver Jesus” (12.21). Filipe fala com André e os dois contam a Jesus. É com a mesma abordagem daqueles gregos que devemos ler este Evan-gelho, isto é, procurando por Jesus.

Os líderes da primeira igre-ja que pastoreei providenciaram uma placa que ficava em frente ao púlpito. Todas as vezes que eu

pregava, estas palavras estavam diante de mim: “Pastor, queremos ver Jesus”. Eles estavam mais que sugerindo; praticamente exigiam ver Jesus, quando eu ou algum pastor visitante estivesse pregando naquele púlpito.

Assim que Jesus soube que os gregos (gentios) estavam pro-curando por Ele, respondeu: “Che-gou a hora de ser glorificado o Fi-lho do homem” (12.23).

Até então, em todos os capí-tulos anteriores, Jesus havia dito: “A minha hora ainda não chegou” (2.4). Quando os irmãos de Jesus quiseram determinar o que Ele de-veria fazer, Ele deixou bem claro que a Sua agenda era determinada pela vontade do Pai, dizendo-lhes: “Para mim ainda não chegou o tempo certo” (7.6,8).

No capítulo seguinte, lemos que ninguém conseguiu pren-dê-lo, “porque a sua hora ainda não havia chegado” (8.20). Tudo isso foi um preparo para se enten-der a seriedade das palavras de Jesus: “Chegou a hora” (12.23). Isto quer dizer que Jesus estava

Capítulo 5

“Chegou a Hora“ (João 12.20-50)

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prestes a iniciar a Sua obra mais importante, o caminho da cruz, da morte, da ressurreição e o início da obra que continuará sendo feita até a Sua Vinda, quando Ele pas-sará a exercer o governo do Seu Reino que jamais findará.

Agora estamos prontos para a passagem mais importante de todo este Evangelho: “Chegou a hora de ser glorificado o Filho do homem. Digo-lhes verdadeiramen-te que, se o grão de trigo não cair na terra e não morrer, continuará ele só. Mas, se morrer, dará muito fruto. Aquele que ama a sua vida a perderá, ao passo que aquele que odeia a sua vida neste mundo a conservará para a vida eterna. Quem me serve precisa seguir-me e onde estou o meu servo também estará. Aquele que me serve meu Pai o honrará. Agora meu coração está perturbado e o que direi? Pai, salva-me desta hora? Não, eu vim exatamente para isto, para esta hora. Pai, glorifica o teu nome! En-tão veio uma voz dos céus: Eu já o glorifiquei e o glorificarei nova-mente. A multidão que ali estava e a ouviu disse que tinha trovejado; outros disseram que um anjo lhe tinha falado. Jesus disse: Esta voz veio por causa de vocês e não por minha causa. Chegou a hora de

ser julgado este mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo. Mas eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim. Ele dis-se isso para indicar o tipo de mor-te que haveria de sofrer. A multi-dão falou: A Lei nos ensina que o Cristo permanecerá para sempre; como podes dizer: O Filho do ho-mem precisa ser levantado? Quem é esse Filho do homem?” (23-34).

Na resposta à incredulidade deles, Jesus citou duas passagens de Isaías, o que nos leva a pergun-tar por que alguns creram e outros não. Isaías iniciou um dos seus ca-pítulos (sermões) mais importantes com a pergunta: “Quem creu em nossa mensagem? E a quem foi re-velado o braço do Senhor?” (53.1). Em outra passagem, Isaías ensina que, às vezes, a incredulidade dos homens é porque Deus lhes cegou os olhos para não crerem (6.10).

“Disse-lhes, então, Jesus: Por mais um pouco de tempo a luz es-tará entre vocês. Andem, enquan-to vocês têm a luz, para que as trevas não os surpreendam, pois aquele que anda nas trevas não sabe para onde está indo. Creiam na luz enquanto vocês a têm, para que se tornem filhos da luz. Ter-minando de falar, Jesus saiu e ocultou-se deles” (35,36).

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Nesta passagem, Jesus ex-pressa a razão por que veio ao mundo: a cruz. Quando conversou com o rabino Nicodemos, deixou bem claro qual era a Sua missão: ser levantado, o que significa ser “crucificado”, porque Ele é a Úni-ca Solução e o Único Salvador de Deus (João 3.14-21). Esta é a mesma mensagem com a qual nos deparamos aqui no capítulo 12, onde Jesus declara mais uma vez qual era a Sua missão.

Chegada a Sua hora, dian-te da proximidade da cruz, Jesus pronunciou esta linda metáfora: “Digo-lhes verdadeiramente que, se o grão de trigo não cair na terra e não morrer, continuará ele só. Mas, se morrer, dará muito fruto” (24). Jesus usava as figuras da lei natural para explicar a lei espiri-tual. Como Supremo Mestre, Ele parte do conhecido para ensinar o desconhecido, a fim de que en-tendamos as verdades espirituais. Outro exemplo disto está em Ma-teus 6.28: “Por que vocês se pre-ocupam com roupas? Vejam como crescem os lírios do campo”.

Jesus também fez uma aplica-ção deste princípio para todos os que O chamam de Senhor e se tor-nam Seus discípulos e seguidores. Ele conclui este ensinamento tão

profundo declarando que, se dize-mos que somos Seus discípulos, vamos segui-Lo e servi-Lo, aplican-do este princípio em nossas vidas: “Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome cada dia sua cruz e siga-me; pois, quem quiser salvar a sua vida, a perderá, mas, quem perder a sua vida por minha causa, este a sal-vará; pois, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder-se ou destruir a si mesmo?” (Lu-cas 9.23-25).

Em tudo Jesus ensinava os aspectos espirituais da vida. Para entendermos bem a ilustração que Ele fez, imagine uma ampulheta. Essa ampulheta representa o seu corpo e a areia que está nela a vida em seu corpo. Assim como não podemos impedir que o tempo passe, também não há como im-pedir que a areia se escoe. Jesus ensinou que não há como “econo-mizarmos” nossa vida, exatamente como o salmista escreveu: “todos os que descem ao pó se prostrarão perante ele, os que não podem re-ter a sua vida” (Salmo 22.29b).

Certa ocasião, em visita a um povo primitivo, resolvi correr na pista de pouso local, despertando a atenção das pessoas que sur-giam da mata impressionadas com

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o que eu estava fazendo, porque achavam que aquilo era desperdi-çar a vida. Na concepção delas, a melhor maneira de preservar a vida era descansar o máximo possível, porque acreditavam que quanto mais trabalhassem e queimassem energia mais rápido morreriam, quando sabemos que a verdade é exatamente o oposto disso.

Apesar de Jesus ter sido muito mais profundo no uso dessa metá-fora, o que Ele ensinou se aplica também ao nosso físico. Devemos, literalmente, praticar exercícios para nos mantermos em forma e prolongarmos nossa vida.

Lemos o seguinte em II Sa-muel 14.14: “Que teremos que morrer um dia, é tão certo como não se pode recolher a água que se espalhou pela terra”. Se você esperar ter 85 anos para pensar em um propósito para sua vida, vai ver que desperdiçou todos os seus anos e que sua vida foi semelhan-te à água que escorre sobre a terra seca e jamais pode ser recolhida.

Também podemos incorrer no erro de Esaú, que vendeu seu di-reito de primogenitura em troca de um prato de sopa (Gênesis 25.29-34). Hoje, existe muita gente que faz o mesmo, e Jesus nos advertiu quanto a este perigo: “Pois quem

quiser salvar a sua vida, a perde-rá; mas, quem perder a sua vida por minha causa e pelo evange-lho, a salvará. Pois, que adianta ao homem ganhar o mundo intei-ro e perder a sua alma? Ou, o que o homem poderia dar em troca de sua alma?” (Marcos 8.35-37).

Existem duas perguntas de grande profundidade nesta passa-gem. A primeira: “o que o homem poderá lucrar, se alguém o fizer proprietário de todas as terras do mundo e lhe der todo o dinheiro do mundo em troca de sua vida?”. A outra pergunta é: “o que o ho-mem dará em troca do seu eu?”.

A definição que podemos dar, neste caso, para a palavra “eu” se-ria “o ser humano considerado em sua individualidade”, o que signi-fica que Deus fez você único, por isso Jesus ensina que você seria tolo se trocasse sua identidade, mesmo que fosse por todos os bens do mundo e vendesse sua alma.

Esta segunda pergunta é mais introspectiva: “O que o homem dará em troca do seu eu?”. A res-posta bíblica para Esaú foi “um prato de sopa”. Ele não se valori-zou e se vendeu muito barato.

Ao morrer na cruz, Jesus es-tabeleceu um exemplo para nós, porque, além de se sacrificar

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para a nossa salvação - e essa é a essência do Evangelho de Jesus Cristo e da mensagem das epísto-las do Novo Testamento - Ele dei-xou uma filosofia de vida com Sua morte na cruz ao mostrar como escolher acertadamente a maneira da “areia escoar” da ampulheta da nossa vida. Ao falar sobre o grão que só frutifica depois que é plan-tado na terra, Jesus ensinou como sacrificar nossas vidas.

Resumo

A lição básica que tiramos deste ensino de Jesus é que não conseguimos salvar nossa pró-pria vida. Podemos desperdiçá-la, vendê-la ou sacrificá-la em pro-pósitos que não levam a nada, ou podemos sacrificá-la em propósi-tos justos para Deus, naquilo que Deus quer que façamos. Esse foi o exemplo que Jesus deixou, quan-do enfrentou o sacrifício da cruz, para o qual veio ao mundo.

Vemos neste capítulo que, quando Sua hora chegou, Jesus estava perturbado. A palavra “per-turbado” tem um significado in-teressante; ela também foi usada no capítulo 11, quando Jesus viu Maria chorando por causa da mor-te de Lázaro: “Jesus agitou-se no espírito e perturbou-se” (11.33).

Esta palavra significa “perder a serenidade”.

No caso da morte de Lázaro, Jesus estava diante das duas piores consequências do pecado: doença e morte. Ele estava perturbado com o poder do diabo e do pecado, cujo resultado estava ali, bem diante dEle, na tumba de Lázaro.

A tentação de Jesus foi regis-trada nos três primeiros Evange-lhos: Mateus, Marcos e Lucas. No capítulo 4 do Evangelho de Lucas, consta que, no final, “o diabo o deixou até ocasião oportuna” (13). Ele voltou a tentá-Lo, quando che-gou o momento da cruz. Jesus es-tava frente a frente com os poderes do inferno, quando decidiu deixar Sua vida cair na terra como uma semente e morrer, para que desse fruto. É dramática a descrição que os Evangelhos fazem de Jesus, to-mando a decisão de Se sacrificar, por causa da vontade do Pai, para a salvação do mundo.

Lemos que Jesus, com o cora-ção perturbado, orou: “Agora meu coração está perturbado, e o que direi? Pai, salva-me desta hora? Não; eu vim exatamente para isto, para esta hora. Pai, glorifica o teu nome!” (12.27,28a).

Enquanto Ele estava pen-durado na cruz, Seus inimigos

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caçoavam: “Salvou os outros, mas não é capaz de salvar a si mesmo” (Mateus 27.42a). Eles tinham ra-zão; não podemos salvar a nós mesmos e aos outros ao mesmo tempo; há uma escolha que pre-cisa ser feita: ou você salva os outros ou se salva. Foi nesta linda oração que Jesus fez sua opção: “Pai, glorifica o teu nome”, e a resposta do Pai veio de uma for-ma linda: “Então veio uma voz dos céus: Eu já o glorifiquei e o glori-ficarei novamente” (12.28). Que epitáfio bonito para a vida perfeita que Jesus Cristo viveu!

Qual é o propósito de uma vida? O propósito da vida é glori-ficar a Deus. Como glorificamos a Deus? Jesus passou Suas últimas horas com Seus apóstolos e, quan-do estava para ser preso e levado à cruz, fez uma oração magnífica (João 17). Jesus resumiu os seus 33 anos de vida na terra com es-tas palavras: “Eu te glorifiquei na terra, completando a obra que me deste para fazer” (17.4). Com esta oração Jesus mostrou como glorificamos a Deus.

O pastor e escritor americano A.W. Tozer costumava dizer que to-dos nós deveríamos fazer a seguin-te oração: “Pai, glorifique o Seu nome e pode mandar a conta pra

mim. Pode ser qualquer coisa, Pai, mas glorifique o Seu Nome”. Esta é a essência e o espírito da ora-ção que Jesus fez, quando optou por cumprir a tarefa, para a qual o Deus Pai Lhe havia incumbido: morrer na cruz. A resposta que o Pai Lhe deu foi: “Eu já o glorifiquei e o glorificarei novamente”.

Pense como o Pai foi glorifi-cado tantas vezes, através da vida perfeita de Jesus. Ao se deparar com a cruz e orar “Pai, glorifica o teu nome” e ouvir aquela respos-ta tão linda do Pai, Jesus mostrou como devemos enfrentar as crises que vêm sobre a vida de todos nós.

Será que você consegue fazer esta oração de coração? Somos tão egocêntricos! Um dos pecados ci-tados na Bíblia é o egoísmo, mas ela nos ensina que não fomos cria-dos para sermos egocêntricos e sim para termos Deus no centro de nos-sas vidas. Deus não nos criou para fazermos nossa própria vontade, mas com a capacidade de escolher entre a nossa vontade e a dEle.

Jesus deixou o exemplo ao escolher fazer a vontade do Pai, mostrando que não fomos feitos para fazer a nossa própria vontade ou para glorificarmos a nós mes-mos, mas para fazer a vontade de Deus e O glorificarmos.

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Jesus colocou em prática o que ensinou, quando deixou sua vida cair na terra, como uma se-mente, e morrer, a fim de frutificar. Depois, Ele associa a Sua própria morte e ressurreição a você e a mim, quando diz: “Quem me ser-ve precisa seguir-me” (12.26). Jesus deixa claro que Seus dis-cípulos verdadeiros, os que re-almente O seguirem, viverão no mesmo espírito, fazendo tudo o que Ele fez e ensinou. Quanto à promessa que acompanha os que compreendem e aplicam este ensi-no é: “Aquele que me serve, meu Pai o honrará”.

Lembro-me que, quando era pequeno, perguntei à minha mãe, uma mulher temente a Deus, que teve onze filhos: “Se a senhora pu-desse voltar atrás, teria tantos filhos assim?”. Ela me respondeu: “Teria, mas só depois de assumir o com-promisso de não ter vida própria”.

Há milhões de pessoas em nossa cultura que rejeitariam essa opção da minha mãe, dizendo: “Você tem que ter sua própria vida”. Hoje o pensamento que impera é que cada um tem que ter sua própria vida, sua indivi-dualidade. A filosofia humanista e secular afirma que “cada um é o centro do seu próprio universo,

que o único absolutismo que exis-te é o que você quer e o que você precisa fazer para conseguir o que quer”. Jesus, porém, ensinou: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos” (João 15.13).

No capítulo 11, na oração que fez antes de ressuscitar Lázaro, Jesus afirma que estava fazendo aquela oração não porque o Pai precisasse ouvir, mas por causa daqueles que estavam presentes e O ouviram orar. Jesus também es-clarece a dúvida que todos tiveram, quando pensaram ser um trovão ou a voz de um anjo falando com Ele, ao dizer: “Esta voz veio por causa de vocês, e não por minha causa” (12.29,30). Em duas ocasiões Je-sus disse que Ele e o Pai tinham comunhão perfeita; por estarem em constante união, um conhecia os pensamentos do outro.

Depois de afirmar que a razão daquela voz não era por causa dEle, Jesus fala de julgamento: “Chegou a hora de ser julgado este mundo; agora será expulso o príncipe des-te mundo” (31). Ele agora estava frente a frente com todos os pode-res do inferno e com o maligno.

Como já dissemos, a tenta-ção de Jesus começou no início do Seu ministério e continuou até

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o seu término, três anos depois. A vitória final contra o mal se deu quando Jesus enfrentou a cruz. Naquela ocasião, Ele fez esta importante declaração: “Mas eu, quando for levantado (quer dizer, crucificado) da terra, atrairei to-dos a mim. Ele disse isso para in-dicar o tipo de morte que haveria de sofrer” (32,33).

No terceiro capítulo deste Evangelho, João relatou a con-versa de Jesus com Nicodemos, a respeito da instrução que Moi-sés recebeu para colocar uma ser-pente de bronze numa haste, no centro do acampamento dos filhos de Israel. Quando o povo olhasse para aquela serpente, seria curado das suas picadas. Jesus relacio-nou aquele milagre à sua morte na cruz e, nos dois casos, usou a pa-lavra “levantar”. Aqui, Ele acres-centa uma linda promessa: “Mas eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim” (32). Jesus foi levantado há quase dois mil anos e milhões de pessoas já olha-ram para Ele para serem salvas.

Então os líderes religiosos per-guntaram: “A Lei nos ensina que o Cristo permanecerá para sempre; como podes dizer: O Filho do ho-mem precisa ser levantado? Quem é esse Filho do homem?” (34).

“Filho do homem” é uma expres-são bíblica que, às vezes, significa apenas “homem”, mas, quando Je-sus se referia a Ele mesmo como “Filho do homem”, a expressão ti-nha outro significado. Como somos filhos de Deus e Ele era o único Filho de Deus, neste caso Jesus es-tava declarando que Ele é O Filho do Homem. Eles não acreditavam num Messias que seria morto, por-que esperavam pelo Messias que conquistaria o reino para sempre. Se eles conhecessem melhor o Velho Testamento teriam crido no Messias, que Ele era o Cordeiro de Deus, e o cumprimento do sacrifí-cio animal oferecido na Tenda de Adoração, no deserto e no Templo de Salomão (Êxodo 12.3; Isaías 53.7; João 1.29).

Por fim, Jesus lhes respon-deu, dizendo: “Por mais um pouco de tempo a luz estará entre vocês. Andem enquanto vocês têm a luz, para que as trevas não os surpre-endam, pois aquele que anda nas trevas não sabe para onde está indo. Creiam na luz enquanto vo-cês a têm” (35,36a).

Temos aqui uma ótima defi-nição de fé. “O que você faz com aquilo que já sabe” é a maneira bá-sica e bíblica de enfocar a fé. Basi-camente, o que Jesus ensinou foi:

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“Onde não há luz, não se vê o pe-cado” (João 9.41; 15.22). Portan-to, a definição básica de pecado é “rejeição da luz”. Paulo ensina que devemos viver de acordo com a luz que temos (Filipenses 3.16). Outra resposta básica para nossa pergun-ta “O que é fé?” é: fé é andar sem-pre na luz daquilo que Deus revela.

Temor do homem ou temor de Deus

Neste capítulo, encontramos outra resposta de Jesus para o que não é fé. Lemos que algumas pes-soas criam, mas valorizavam mais a aprovação dos fariseus que a aprovação de Deus (12.42).

Ainda neste capítulo, lemos: “Então Jesus disse em alta voz: Quem crê em mim, não crê ape-nas em mim, mas naquele que me enviou. Quem me vê, vê aquele que me enviou. Eu vim ao mundo como luz, para que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas” (12.44-46).

No capítulo 7, o apóstolo João já tinha feito referência à outra oca-sião em que Jesus falou em alta voz, quando Ele se dirigiu aos sedentos e os chamou para Ele (7.37,38). Ainda no capítulo 7, Jesus foi tão veemente em suas palavras que os soldados enviados para O prende-rem voltaram dizendo: “Ninguém

jamais falou da maneira como esse homem fala” (46).

Jesus sabia como se comu-nicar e como conversar com Seus apóstolos, como podemos perce-ber através dos sermões da Mon-tanha, do Monte das Oliveiras e da Última Ceia. Ele também sa-bia como se comportar diante de uma conversa hostil, como a que manteve com os líderes judeus. Ele pregava em alta voz não ape-nas para que O escutassem, mas porque tinha grande autoridade.

Conforme está registrado no capítulo 10, Jesus afirmou que Ele e o Pai eram absolutamente um (10.30). No sermão da Última Ceia, que logo estudaremos, Ele assim afirma no diálogo que teve com os apóstolos: “Quem me vê, vê o Pai” (14.9). Que palavras maravilhosas! Jesus fala a mes-ma coisa nesta passagem: “Quem me vê, vê aquele que me enviou” (45), acrescentando: “Eu vim ao mundo como luz, para que todo aquele que crê em mim não per-maneça nas trevas” (46).

Jesus também fala sobre a di-mensão do julgamento, acerca do qual não pensamos muito: “Se al-guém ouve as minhas palavras e não lhes obedece, eu não o julgo, pois não vim para julgar o mundo,

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mas para salvá-lo” (47). Procure se lembrar desta verdade ensinada no capítulo 3: “Pois Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para conde-nar o mundo, mas para que este fosse salvo por meio dele” (3.17).

Neste capítulo 12, Jesus também falou: “Há um juiz para quem me rejeita e não aceita as minhas palavras; a própria pala-vra que proferi o condenará no último dia, pois não falei de mim mesmo, mas o Pai que me enviou me ordenou o que dizer e como falar. Sei que o seu mandamento é a vida eterna. Portanto, o que eu digo é exatamente o que o Pai me mandou dizer” (48-50).

No capítulo 7, consta a decla-ração de Jesus dizendo que o Seu ensino não é propriamente Seu, mas de Deus (7.16), enquanto que, na passagem citada no pa-rágrafo anterior, Ele declara que, como o Seu ensino e pregação são a Palavra de Deus, essa Palavra julgará você e eu (12.48).

Por aplicação, a essência do que Jesus está dizendo é: “Se você rejeita ou deixa de aplicar a Minha Palavra, ela mesma será seu juiz no dia do julgamento”.

Como já observamos, este tema se repete no ensino de Jesus: “O que fazemos com aquilo que já

sabemos”. Como Jesus disse, no capítulo 9, e dirá novamente no ca-pítulo 15: “Onde não há luz não há pecado” (9.41; 15.22), porém a luz que rejeitamos ou ignoramos nos julgará. “Eu não vim para conde-nar vocês, mas vocês se condenam, pois já Me ouviram falar as palavras do Pai e as rejeitam ou ignoram”. Foi isto o que Jesus ensinou: tudo o que sabemos será nosso juiz.

“Quem é Jesus”, no capítulo 12 de João? Ele é aquele que Se sacrifica e ora: “Glorifica o Seu nome, Pai, e pode Me mandar a conta”. Quando Jesus diz isto, Deus responde: “Eu já fiz isso e vou fazer outra vez”.

“O que é fé?”. Fé é perceber que o Espírito Santo lhe deu olhos para ver, ouvidos para ouvir e co-ração para entender. Fé é valorizar mais a aprovação de Deus que a aprovação dos homens; é viver de acordo com a luz que você já rece-beu de Deus.

“O que é vida?”. Vida é ser frutífero; é o resultado de a semen-te cair na terra e morrer para fru-tificar. Vida é o que Paulo ensina, quando ele afirma estar crucifica-do com Cristo (Gálatas 2.20).

Este é Jesus, isto é fé e isto é vida, de acordo com o capítulo 12 do Evangelho de João.

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CBI - Encontro com a Palavra44 Livro 11

Existem mais de 500 precei-tos na Bíblia e todos eles estão contidos nos Dez Mandamen-tos (Êxodo 20.3-17; Deuteronô-mio 5.7-21). Além destes, existe também o que Jesus chamou de o primeiro e maior mandamen-to: “Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu en-tendimento”; quanto ao segundo maior mandamento é “Ame o seu próximo como a si mesmo” (Ma-teus 22.37-39). O capítulo que enfocaremos a partir de agora nos introduz no “Novo Mandamento” de Jesus (13.34,35).

Antes de iniciarmos o estudo do capítulo 13 precisamos enten-der que o apóstolo João, sob a inspiração do Espírito Santo, re-gistrou o maior sermão de Jesus, o Sermão da Última Ceia.

Jesus pregou vários sermões, dos quais destacamos o Sermão da Montanha (Mateus, capítulos 5 ao 7), o Sermão do Monte das Oli-veiras (Mateus, capítulos 24 e 25) e o Sermão da Última Ceia (João, capítulos 13 ao 17).

Estudando os sermões mais importantes de Jesus, descobri-mos que um deles foi iniciado na forma de um diálogo (Mateus 24 e 25). Durante estes sermões, Jesus fazia perguntas ou deixava implí-citas as que eles poderiam fazer, a fim de estimular o diálogo com Sua audiência. Por exemplo, ao estudar o sermão mais longo de Jesus, contido no capítulo 13 e início do 14 deste Evangelho, nós descobrimos que os apóstolos fize-ram várias perguntas, e as respos-tas de Jesus são a essência do que consideramos um sermão.

O capítulo 13 é importante, pois nele vemos o término do mi-nistério de três anos de Jesus, um ministério de pregação, cura, ensi-no e treinamento dos apóstolos. Je-sus iniciou o Seu ministério público com o que chamamos de “retiro”. Se você tem acompanhado a trans-missão do Encontro com a Palavra ou tem estudado, no material im-presso, o ensino acerca do Sermão da Montanha, sabe que acredita-mos que esse sermão se realizou num retiro promovido por Jesus,

Capítulo 6

“O Novo Mandamento” (João 13.1-38)

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CBI - Encontro com a Palavra Livro 11 45

com o propósito de recrutar discí-pulos, comissionados por Ele, para serem os apóstolos, os “enviados”.

No Evangelho de Marcos, en-contramos a descrição do contex-to, no qual Jesus escolheu os Doze para estarem com Ele e, depois, serem enviados para pregarem (Marcos 3.13-19). Por esta razão, eu intitulei esse sermão de “O Pri-meiro Retiro Cristão”.

Depois de três anos, Jesus ti-nha treinado os apóstolos e o “se-minário” já tinha acabado. Antes de ir para a cruz, a última coisa que Jesus faz é organizar outro reti-ro com os doze homens, o qual in-titulei de “O Último Retiro Cristão”.

Os capítulos que passamos a estudar são de um conteúdo muito profundo, porque registram o testamento de Jesus, a comis-são dos homens que Ele treinou durante três anos, Sua missão e o ministério para o qual o Pai O comissionou.

Lavar os pés uns dos outros É assim que João começa o re-

gistro do sermão mais longo de Je-sus: “Um pouco antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que havia chegado o tempo em que deixaria este mundo e iria para o Pai, ten-do amado os seus que estavam no

mundo, amou-os até o fim. Estava sendo servido o jantar e o diabo já havia induzido Judas Iscariotes, fi-lho de Simão, a trair Jesus. Jesus sabia que o Pai havia colocado to-das as coisas debaixo do seu po-der, e que viera de Deus e estava voltando para Deus; assim, levan-tou-se da mesa, tirou sua capa e colocou uma toalha em volta da cintura. Depois disso, derramou água numa bacia e começou a la-var os pés dos seus discípulos, en-xugando-os com a toalha que esta-va em sua cintura” (13.1-5).

Que bela maneira de se ini-ciar um retiro! Os outros Evange-lhos registram que, enquanto os apóstolos caminhavam para o lu-gar onde se reuniriam para a Últi-ma Ceia, discutiam entre si sobre qual deles seria o maior no reino que Jesus ia estabelecer (Ma-teus 20.20-28; Lucas 9.46-48; 22.24-27). Alguns deles acredi-tavam que o Messias subjugaria Roma e estabeleceria o Seu reino na Terra (Atos 1.6).

Os cinco primeiros versícu-los do capítulo 13 de João regis-tram a resposta de Jesus a essa discussão, sobre qual deles seria o maior. Jesus iniciou o Seu úl-timo retiro com uma atitude que chocou aqueles doze homens. Ele

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CBI - Encontro com a Palavra46 Livro 11

tirou Sua capa e assumiu o papel de escravo. Naquela cultura, era comum o convidado ter os seus pés lavados, mas era sempre um escravo que fazia isso. Jesus, por-tanto, estava assumindo o papel de escravo ao pegar a bacia e co-meçar a lavar-lhes os pés.

Parece que a frase “e (Jesus) começou a lavar os pés dos discí-pulos” prepara-nos para algo que ia acontecer, quando Ele lavasse os pés de Pedro. Vamos ver: “Che-gou-se a Simão Pedro, que lhe disse: Senhor, vais lavar os meus pés? Respondeu Jesus: Você não compreende agora o que estou lhe fazendo; mais tarde, porém, entenderá. Disse Pedro: Nunca lavarás os meus pés. Jesus res-pondeu: Se eu não os lavar, você não terá parte comigo. Respondeu Simão Pedro: Então, Senhor, não apenas os meus pés, mas tam-bém as minhas mãos e a minha cabeça. Respondeu Jesus: Quem já se banhou precisa apenas la-var os pés; todo o seu corpo está limpo. Vocês estão limpos, mas nem todos. Pois ele sabia quem iria traí-lo, por isso disse que nem todos estavam limpos” (13.6-11).

No capítulo anterior, quando comentamos sobre o ato de Ma-ria lavar os pés de Jesus, também

comentamos sobre o costume na-quela cultura das pessoas se recli-narem ao redor da mesa. Imagine-mos todos os apóstolos reclinados à mesa com Jesus e Pedro sendo o quinto ou sexto da fila. Ao ver Jesus se aproximando com a bacia e a toalha, chegando a sua vez, ele não aguenta e fala: “Senhor, vais lavar os meus pés?”. É realmente linda a maneira como Jesus lhe respondeu: “Você não compreen-de agora o que estou lhe fazendo; mais tarde, porém, entenderá”.

Algum irmão em Cristo já la-vou os seus pés? Nunca me es-quecerei de quando o chefe de uma tribo que tinha se convertido lavou os meus pés. Eu não espe-rava aquilo e me senti como Pe-dro; fiquei surpreendido e me vi falando exatamente as mesmas palavras de Pedro: “Você vai lavar meus pés?”. Ele sorriu para mim e sabia falar em inglês o suficien-te para responder: “Exatamente como Pedro”.

Eu lhe perguntei se alguma vez algum irmão em Cristo lavou os seus pés, mas, talvez seja me-lhor eu perguntar: como você se sentiria se, sem que você esperas-se, Jesus Cristo, o Senhor dos se-nhores, o Criador do Universo, la-vasse os seus pés? Você consegue

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CBI - Encontro com a Palavra Livro 11 47

imaginar o que Pedro sentiu quan-do Jesus lhe lavou os pés?

Que resposta linda Jesus deu a Pedro: “Você não compreende agora o que estou lhe fazendo; mais tarde, porém, entenderá”. Estas palavras são muito apro-priadas para aquelas pessoas que estão chorando a morte trágica de um ente querido. Às vezes há mo-mentos trágicos e difíceis de en-tender na vida do crente, para os quais estas são as palavras mais apropriadas.

Preciso compartilhar pelo me-nos um desses momentos. Conhe-ci anos atrás um casal que estava planejando fazer o seminário teoló-gico. Durante a última viagem de serviço do marido à marinha, sua jovem esposa, junto com a espo-sa de outro marinheiro, sofreu um terrível acidente automobilístico, em que as duas jovens foram car-bonizadas na explosão do carro. As famílias, que viviam em outro esta-do, pediram que eu oficiasse aque-la dupla cerimônia fúnebre, e que eu ficasse ali mais um dia, a fim de consolá-los, de fazê-los enten-derem porque Deus permitiu que aquela tragédia acontecesse. Como é comum a esses acontecimentos, o momento da verdade foi junto ao túmulo. Pedi a Deus que me desse

uma palavra para eu falar àquelas famílias e a que pareceu mais apro-priada foi a resposta de Jesus a Pe-dro: “Você não compreende agora o que estou lhe fazendo; mais tar-de, porém, entenderá”.

Em muitas situações na vida ficamos sem ter ideia do que Deus está fazendo. Creio, de todo cora-ção, que um dia, quando conhe-cermos como somos conhecidos, receberemos as respostas para todas as nossas perguntas (I Co-ríntios 13.12), mas, até lá, essas palavras de Jesus nos confortarão.

Podemos dizer que Jesus nun-ca se incomodou com as interrup-ções, porque Ele as transformava em oportunidades. Embora pareça que Pedro estivesse fazendo uma interrupção, vemos que Jesus usou aquela oportunidade para ensinar algo. Além de falar para Pedro es-perar, porque, no final, entenderia o que estava acontecendo, Jesus traz outro ensino. Quando Pedro pediu um banho completo, Jesus disse a Pedro que ele não precisava de ou-tro banho, bastava limpar os pés.

Naquele tempo, existiam as salas de banho públicas e, depois do banho, as pessoas iam a pé para casa; como seus pés estavam molhados, grudava-lhes o pó que pegavam durante o caminho. Por

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CBI - Encontro com a Palavra48 Livro 11

isso, ao chegar em casa, lavavam apenas os pés.

Nesta metáfora, o banho re-presenta a regeneração, o nascer de novo. Quando confiamos a Cristo a nossa salvação e nasce-mos de novo, nossos pecados são lavados e nós somos purificados. Em outras palavras, tomamos um banho, porém, à medida que an-damos no mundo, nossos pés se sujam e, quando isso acontece, não precisamos “nascer de novo outra vez” nem sermos regenera-dos. Precisamos lavar os pés ou ter uma contínua purificação.

Foi por isso que o Senhor es-tabeleceu a Mesa do Senhor, a Eu-caristia ou Comunhão, depende do nome com o qual você está fami-liarizado. Ele sabia que precisaría-mos ser lembrados constantemen-te da necessidade de lavar os pés. Quando pecamos, precisamos confessar nossos pecados, confiar que Ele nos perdoa, nos purifica de toda injustiça e nos mantém puros (I João 1.9).

A seguir, João escreve: “Pois ele sabia quem iria traí-lo e, por isso, disse que nem todos es-tavam limpos” (11). Jesus teria mais a falar sobre aquele que O trairia, mas Pedro e os outros apóstolos devem ter ficado felizes,

quando Jesus lhes disse que eles já estavam limpos, pois já tinham tomado banho e precisavam ape-nas lavar os pés.

A história continua, conforme o relato de João: “Quando termi-nou de lavar-lhes os pés, Jesus tor-nou a vestir sua capa e voltou ao seu lugar. Então lhes perguntou: Vocês entendem o que lhes fiz? Vocês me chamam Mestre e Se-nhor, e com razão, pois eu o sou. Pois bem, se eu, sendo Senhor e Mestre de vocês, lavei-lhes os pés, vocês também devem lavar os pés uns dos outros. Eu lhes dei o exem-plo, para que vocês façam como lhes fiz. Digo-lhes verdadeiramen-te que nenhum escravo é maior que o seu senhor, como também nenhum mensageiro é maior que aquele que o enviou. Agora que vocês sabem estas coisas, felizes serão se as praticarem” (12-17).

Jesus perguntou aos apósto-los: “Vocês entendem o que lhes fiz?”. Você sabe dizer o que Jesus tinha feito por eles? É claro que Jesus lhes tinha lavado os pés e dado exemplo de humildade e de serviço uns para com os outros. Eles jamais se esqueceriam disso, mas o próprio Jesus explicou: “Eu lhes dei o exemplo, para que vo-cês façam como lhes fiz” (15).

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CBI - Encontro com a Palavra Livro 11 49

O apóstolo Paulo, em sua exortação à igreja de Filipos, mos-trou que podemos aplicar este ensino, tendo a mente de Cristo e servindo uns aos outros em amor (Filipenses 2.1-5). Desse ato sim-bólico, com o qual Jesus iniciou este sermão, tiramos uma apli-cação, através de duas perguntas que devemos fazer todos os dias: “Como posso servi-Lo, Senhor?” e “Como posso servir os que estão ao meu redor?”.

Talvez outra pergunta ainda melhor que devamos fazer ao Se-nhor Jesus e àqueles com quem nos relacionamos seja: “Como pos-so amá-los?”. Apesar de não ser tão evidente, Jesus tinha feito mais pelos apóstolos que simplesmente lhes lavar os pés, o que fica explíci-to logo no início do capítulo: “ten-do amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim”.

Ao lavar-lhes os pés Jesus os amou; Ele os amou desde o momento em que os conheceu e de uma maneira completamente nova para eles. Várias vezes, nes-te Evangelho, João refere-se a ele mesmo como “o discípulo a quem Jesus amava” (13.23; 19.26; 20.2; 21.20,24). João jamais se conformou com o amor com o qual Jesus o amou. Depois de sessenta

anos, na dedicatória do Livro do Apocalipse, ele escreveu sobre Je-sus: “Àquele que nos ama”.

Durante três anos, Jesus de-monstrou o Seu amor pelos após-tolos de diferentes maneiras. La-var-lhes os pés foi apenas uma dessas maneiras. Observe que os apóstolos não estavam dispostos a amar uns aos outros da mesma maneira que Jesus os havia ama-do. Esta foi a lição básica, neste exemplo de amor que Jesus lhes deu, através da lavagem dos pés.

Jesus confirma a ligação en-tre o Seu amor por eles e a lava-gem dos pés, quando anuncia um “Novo Mandamento”: “Amem-se uns aos outros. Como eu os amei vocês devem amar-se uns aos ou-tros. Com isso todos saberão que vocês são meus discípulos, se vo-cês se amarem uns aos outros” (34,35). Ao lavar-lhes os pés, Je-sus os amou. Quando Jesus falou que eles deveriam seguir o Seu exemplo e lavar os pés uns dos outros, estava lhes ensinando a amarem uns aos outros, como Ele os tinha amado, durante três anos, e quando lhes lavou os pés.

Quando aqueles homens se reuniram com Jesus, para o últi-mo retiro, todos tinham algo em comum: todos amavam Jesus,

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CBI - Encontro com a Palavra50 Livro 11

porque Jesus os tinha amado. Mais tarde, João escreveu: “Nós amamos, porque ele nos amou primeiro” (I João 4.19). Jesus amou aqueles homens e eles só amaram conforme a capacidade que tinham para responder àquele amor. Tudo o que podemos dizer deles, naquele cenáculo, por oca-sião da Última Ceia, é que Jesus os amou e eles amaram Jesus.

A essência do que Jesus disse, quando anunciou o novo manda-mento para os apóstolos, foi: “Vo-cês estão vendo este homem do outro lado da mesa? O Meu man-damento é que vocês o amem do mesmo modo como Eu os amei!”. Jesus prometeu duas consequên-cias resultantes da obediência a este mandamento: o mundo sabe-rá que somos Seus discípulos e se-remos grandemente abençoados.

Estudando a vida dos apósto-los, aprendemos que alguns deles eram zelotes, ou seja, acredita-vam na resistência judaica contra o Império Romano. Um deles era Simão. Outro apóstolo era um pu-blicano que, ao invés de lutar con-tra os romanos, trabalhava para eles, recolhendo impostos dos seus compatriotas judeus para o governo romano. O que um publicano pode-ria ter em comum com um zelote?

É interessante imaginar Si-mão, o zelote, olhando para Ma-teus, o publicano, do outro lado da mesa, e os olhos de ambos perguntando para Jesus: “O Se-nhor está dizendo que tenho que amar este homem como o Senhor me amou? Um zelote lavar os pés de um publicano e um publica-no lavar os pés de um zelote?”, enquanto os olhos de Jesus res-pondem: “Exatamente! Quando o mundo ouvir que um zelote está lavando os pés de um publicano e um publicano está lavando os pés de um zelote; que um zelote está amando um publicano e um publicano está amando um zelote, então eles saberão que vocês são Meus discípulos”.

Depois de iniciar aquele retiro com o ato simbólico da lavagem dos pés, Jesus chocou a todos com as más notícias: Ele os deixa-ria. Aparentemente, eles compre-enderam que Jesus estava falando da Sua morte: “Para onde vou, vocês não podem seguir-me ago-ra, mas me seguirão mais tarde” (36). Eles sabiam que Jesus esta-va partindo e que não poderiam ir junto com Ele.

Minha mulher e eu criamos cinco maravilhosos filhos. Sem-pre tivemos em mente que eles

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CBI - Encontro com a Palavra Livro 11 51

estariam bem preparados para o relacionamento conjugal, se vis-sem no dia a dia demonstração de carinho entre nós. Um dia, duran-te o café da manhã, nós dois es-távamos bem carinhosos um com o outro e uma das nossas filhas, antes de sair para a escola, dis-se: “Ah, então é isso o que vocês fazem quando a gente vai para a escola?”. Essa nossa filha tem um relacionamento muito bom com seu marido, incluindo o relaciona-mento afetivo e sexual. Ela apren-deu com seus pais que um crente em Jesus tem tudo para usufruir um bom relacionamento conjugal.

Jesus estava dizendo para os Seus apóstolos que, durante três anos, Ele os havia treinado e co-missionado para anunciarem ao mundo cheio de violência e cruel-dade a mensagem de amor. Jesus ensinou que a melhor maneira de comunicar esta mensagem de amor é amando uns aos outros.

Não foram necessários muitos anos para que o mundo pagão e cruel visse os seguidores de Cris-to serem mortos no Coliseu de Roma, todos juntos, abraçados, surpreendendo a todos com o amor visível que tinham uns pelos outros, mesmo naquela situação. A plateia chegava a dizer: “Veja

como eles se amam!”. Segundo dados históricos, houve pessoas que estavam assistindo àquelas mortes no Coliseu de Roma que se juntaram aos discípulos de Jesus e morreram com eles, tão impres-sionados ficaram com o amor que existia entre eles, enquanto mor-riam juntos!

Ao escrever uma de suas epís-tolas que se encontra no final do Novo Testamento, o apóstolo João apresenta dez boas razões porque devemos amar uns aos outros (I João 4.7-21). A tradição conta que João, na sua velhice, era tão fraco que para ir à igreja precisava ser carregado. Com sua voz fraca e baixa, ele costumava se dirigir à congregação, dizendo: “Filhinhos, amem uns aos outros!”. O apósto-lo do amor aprendeu o novo man-damento de Jesus.

A Nova Aliança e a Nova Comunidade

Ao anunciar o novo manda-mento durante a Última Ceia, Jesus estava dizendo aos Seus apóstolos: “Vocês assumiram um compromisso Comigo e Eu assu-mi um compromisso com vocês. Vocês estão em aliança comigo e Eu estou em aliança com vocês. Esta aliança foi firmada, quando

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lancei para vocês o seguinte de-safio: Sigam-me, e eu os farei pescadores de homens (Mateus 4.19). Há três anos, vocês as-sumiram o compromisso de Me seguir e eu fiz de vocês uma das Minhas soluções e respostas para o mundo; mas, agora, vocês devem estabelecer uma aliança e assumir um compromisso uns com os outros. Amem uns aos outros da mesma maneira que Eu tenho amado vocês!”.

Eis aí o espírito e a essência do que Jesus começou a ensinar com o Sermão da Última Ceia e o Novo Mandamento, instruindo os apóstolos a colocarem em práti-ca a verdade contida naquele ato simbólico, que iniciou o Último Retiro Espiritual. O novo manda-mento introduziu nos apóstolos a ideia da nova aliança, e esta criou uma nova comunidade, que hoje chamamos Igreja. Devemos todos orar para que a igreja que frequen-tamos seja a comunidade de amor, que Jesus instituiu, quando ensi-nou o novo mandamento.

Finalizando a introdução do Último Retiro Espiritual, Jesus fez esta linda descrição de fé: “Agora que vocês sabem estas coisas, felizes serão se as prati-carem” (17). O conhecimento é

muito valorizado em muitas cultu-ras; quanto mais você sabe, mais valorizado e reconhecido é na so-ciedade. Entretanto, esta virtude não tem valor na Igreja, de acordo com o que Jesus ensinou no Ser-mão na Última Ceia, isto é, que o mais importante é o que você faz com aquilo que sabe.

Nos quatro Evangelhos, ve-mos que Jesus deu mais valor às atitudes que às palavras (Mateus 21.28-31). Ele ensinou que prova-mos que o ensino dEle é o ensino de Deus, quando nos dispomos a praticá-lo, ao invés de apenas estu-dá-lo e conhecê-lo. Em outras pa-lavras, Ele ensinou que o fazer leva ao conhecer, enquanto a maioria em todo o mundo crê que o conhe-cer leva ao fazer (João 7.17).

Jesus deixou claro que apenas saber o que Ele ensinou, quando lavou os pés dos apóstolos, não vai trazer bênçãos para nossas vi-das e em nossos relacionamentos, mas seremos abençoados se prati-carmos o que Ele ensinou naquele Último Retiro Cristão.

Jesus concluiu o Seu Primeiro Retiro Cristão com uma ilustração muito profunda sobre a diferen-ça entre os discípulos que ouvem Suas Palavras e as praticam, e aqueles que apenas as ouvem,

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CBI - Encontro com a Palavra Livro 11 53

sem jamais pô-las em prática (Ma-teus 7.24-27).

O ato simbólico, com o qual Jesus iniciou este sermão, e o novo mandamento, que expressa o Seu amor pelos apóstolos, são os fun-damentos, sobre os quais a Igreja foi erguida. Nenhuma igreja poderá resistir às tempestades de proble-mas internos e externos, se não estiver sobre este fundamento de amor a Cristo e aos irmãos. A igreja que for erguida sobre o novo man-damento e o princípio que Jesus ensinou, quando lavou os pés dos discípulos, permanece firme, por-que está fundada sobre a Rocha, que é o Cristo Vivo e Ressuscitado.

É isso mesmo? (13.18-38)Entre o ato simbólico da lava-

gem dos pés e o novo mandamen-to, Jesus reafirmou o que já tinha dito anteriormente, que nem todos os apóstolos estavam limpos e que Ele sabia qual deles O trairia.

Nos versículos 18-20, Jesus afirma: “Não estou me referindo a todos vocês; conheço os que es-colhi. Mas isto acontece para que se cumpra a Escritura: Aquele que partilhava do meu pão voltou-se contra mim (Salmo 41.9). Estou lhes dizendo antes que aconteça, a fim de que, quando acontecer,

vocês creiam que Eu Sou. Eu lhes garanto: Quem receber aquele que eu enviar, estará me recebendo; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou”.

Depois de dizer estas pala-vras, Jesus se perturbou no espíri-to e testificou: “Digo-lhes que cer-tamente um de vocês me trairá. Seus discípulos olharam uns para os outros, sem saber a quem Ele se referia. Um deles, o discípulo a quem Jesus amava, estava re-clinado ao lado dele. Simão Pe-dro fez sinais para esse discípu-lo, como a dizer: Pergunte-lhe a quem ele está se referindo. Incli-nando-se esse discípulo para Je-sus, perguntou-lhe: Senhor, quem é? Respondeu Jesus: Aquele a quem eu der este pedaço de pão molhado no prato. Em seguida, Jesus molhou o pedaço de pão e o deu a Judas Iscariotes, filho de Simão” (13.21-26).

A Bíblia conta que assim que Judas pegou o pedaço de pão, Sa-tanás entrou nele. “O que você está para fazer, faça depressa, Jesus lhe disse. Mas ninguém ali com-preendeu, porque Jesus disse isso a ele. Como Judas era responsável pelo dinheiro, alguns deles pensa-ram que Jesus o estava mandando comprar o que precisavam para a

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festa ou dar alguma coisa aos po-bres” (26-29). A Bíblia conta que “Assim que comeu o pão, Judas saiu. E era noite” (30).

Esta é a história da traição de Jesus. Observe que João con-tinua enfatizando em seu registro que tudo o que ele está contando é o cumprimento das Escrituras, como certos episódios que foram controlados pela Providência de um Deus Soberano.

É o que vemos nas citações de Jesus, que João registra nos versí-culos 18 e 26: “Mas isto acontece para que se cumpra a Escritura: Aquele que partilhava do meu pão voltou-se contra mim” e “Res-pondeu Jesus: Aquele a quem eu der este pedaço de pão molhado no prato”. Naquele tempo, apenas amigos próximos reclinavam jun-tos à mesa e molhavam o pão no mesmo prato. Fazer isto e, depois, não ser amigo verdadeiro era con-siderado uma traição.

De acordo com os outros Evangelhos, quando Jesus falou que um deles O trairia, “eles fica-ram tristes e, um por um, lhe dis-seram: Com certeza não sou eu” (Marcos 14.19).

Sempre quis saber qual foi a reação de cada um deles, quando Jesus falou acerca do que O trairia.

Imagine como eles estavam insegu-ros e como era frágil a fé e o com-promisso deles com Jesus, poucas horas antes de o Senhor morrer na cruz pela salvação deles!

Isto se aplicou, principalmen-te, ao apóstolo Pedro, pois este capítulo se encerra com o Senhor prevendo a negação tripla de Pe-dro. Tente imaginar o seu conflito, depois de ouvir de Jesus que, an-tes que o galo cantasse, ele nega-ria o Senhor três vezes.

A previsão da negação de Pe-dro foi uma resposta a duas per-guntas que ele fez. Durante todo o tempo que passou com os apósto-los, era do estilo de Jesus desper-tar perguntas da parte deles. Por exemplo, quando Jesus disse que estava indo para um lugar que eles não podiam ir, Pedro fez estas duas perguntas: “Senhor, para onde vais?” e “Senhor, por que não pos-so seguir-te agora? Darei a minha vida por ti!” (João 13.36,37).

O final deste capítulo apresen-ta outro exemplo de um princípio bíblico que já vimos no livro ante-rior: não podemos deixar que a di-visão em capítulos e em versículos quebre a sequência da nossa lei-tura bíblica. As duas perguntas de Pedro levam os apóstolos Tomé, Fi-lipe e Judas a fazerem perguntas,

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cujas respostas de Jesus estão no capítulo seguinte.

O capítulo 13 registra, no seu final, a resposta de Jesus à pergun-ta de Pedro, mas Ele continua a res-ponder outras perguntas no capítulo 14. Essas perguntas e, principal-mente, as respostas de Jesus são a chave que desvendam o capítulo 14 para nós. Na verdade, o capítulo 14 é uma conclusão do 13.

Sugiro que você leia também o capítulo 14 e busque as respos-tas para as perguntas que Pedro fez, no final do capítulo 13, iden-tificando, também, as perguntas dos outros apóstolos. Enfoque o seu estudo nas respostas de Je-sus, que são a parte central do Seu mais longo sermão.

Ao concluir este magnífico ca-pítulo, tenho que retomar as per-guntas básicas do nosso estudo.

“Quem é Jesus”, neste capí-tulo? Jesus é o Senhor e Mestre, humilde, que assume o papel de servo e lava os pés dos apósto-los, mostrando até onde ia o Seu amor por eles, ensinando, dessa forma, que o mesmo deveria ser feito por eles.

“O que é fé?”. Fé é o que fa-zemos com o que já conhecemos; é aplicar o que aprendemos com

Jesus a respeito de humildade e amor em nosso relacionamen-to com o Senhor e com todos os que fazem parte da nossa vida. Fé é perguntar ao Senhor e àque-les com quem nos relacionamos: “Como posso servi-los?”; é fazer a pergunta: “Será que entre nós existe tanta evidência de amor como havia na primeira geração de crentes?”. Se não há evidência suficiente quanto a isso, então a fé fará o que for preciso para produ-zir essa evidência.

“O que é vida?”. Vida é o que experimentamos quando somos amados incondicionalmente, da mesma forma que Cristo amou os apóstolos; a verdadeira vida só existe quando amamos e somos amados com o amor de Cristo.

Minha oração é que através deste estudo do Evangelho de João você conheça Jesus, tenha fé e experimente a qualidade de vida que Deus tem para você. Juntos ti-ramos muitas lições dos capítulos 11 a 13 deste Evangelho.

Encerro agora com as pala-vras do nosso Senhor Jesus Cristo: “Um novo mandamento lhes dou: Amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar uns aos outros” (João 13.34).

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João inicia a segunda parte, de-dicando quatro capítulos ao relato do sermão mais longo de Jesus re-gistrado nos Evangelhos, “O Sermão da Última Ceia” (capítulos 13-17).

Os antigos rabinos ensinavam fazendo perguntas. Na verdade, eles costumavam responder uma pergunta com outra pergunta. Quando perguntaram ao rabino Hil-lel porque os rabinos sempre res-pondem uma pergunta com outra, ele respondeu: “E por que não?”.

Conforme este Evangelho des-taca, Jesus era mais que um rabino comum. Embora sendo Mestre per-feito, Ele também usou este método de perguntas e respostas para en-sinar e, deliberadamente, provocava perguntas na mente dos apóstolos, a quem Ele dirigiu este longo sermão.

Jesus pregou este sermão, quando Se encontrou pela última vez com seus discípulos, antes da Sua morte. Como o sermão foi pregado no cenário de um retiro, nós o intitulamos de “O Último Retiro Cristão”.

No início do Seu ministério de três anos, Jesus pregou outro

sermão, “O Sermão do Monte”, que nós o chamamos de “O Pri-meiro Retiro Cristão”, porque tam-bém foi pregado no cenário de um retiro. Dentre os discípulos que Je-sus desafiou no alto da montanha, Ele comissionou doze homens para serem os Seus apóstolos, “Os Chamados”. Durante três anos Je-sus os ensinou e treinou e, depois, os enviou em missões ministeriais. Agora, Jesus tinha Se retirado no-vamente com eles e estava preste a graduá-los neste treinamento de três anos em Sua companhia.

Os últimos versículos do capítu-lo 13 registram duas perguntas que Pedro fez a Jesus: “Senhor, para onde vais?” e “Senhor, por que não posso seguir-te agora? Darei a mi-nha vida por ti”. Jesus responde as perguntas de Pedro prevendo a sua tríplice negação e continua a respos-ta no início do capítulo seguinte.

Depois que Jesus respondeu as perguntas de Pedro, os apósto-los Tomé, Filipe e Judas também fizeram as suas perguntas e a res-posta de Jesus é a essência do ca-pítulo 14 do Evangelho de João.

Capítulo 7

“Perguntas e Respostas“ (João 13.33 - 14.31)

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Estou convencido de que Je-sus, deliberadamente, provocou as perguntas, quando usou o trata-mento carinhoso com eles, registra-do no final do capítulo 13: “Meus filhinhos, vou estar com vocês apenas mais um pouco. Vocês pro-curarão por mim e, como eu disse aos judeus, agora lhes digo: Para onde eu vou, vocês não podem ir” (13.33). A partir do versículo 31, do capítulo 13, até o versículo 31, do capítulo 14, a cada cinco versí-culos o texto trata do tema “ir e vir” Jesus veio a este mundo e agora está voltando ao Pai.

Ao enfatizar repetidas vezes esse conceito, Jesus estava, inten-cionalmente, provocando na men-te dos apóstolos as duas perguntas de Pedro. Ele assim o fez, porque Suas respostas são a essência da verdade, que Ele queria comparti-lhar com eles, naquele retiro.

Observe que ao dar esta res-posta para Pedro: “Para onde vou vocês não me podem seguir ago-ra, mas me seguirão mais tarde”, Jesus não estava exatamente res-pondendo à pergunta do apósto-lo. Ele não disse exatamente para onde estava indo. Ele simplesmen-te disse: “vocês não podem me seguir agora”. Pedro, então, fez a segunda pergunta: “Senhor, por

que não posso seguir-te agora? Darei a minha vida por ti”.

Aparentemente, Pedro perce-beu que Jesus estava falando de Sua morte. Como já observamos, os líderes religiosos estavam ma-nipulando as autoridades romanas num cerco contra Jesus e Seus apóstolos. O perigo pairava sobre eles e os apóstolos estavam as-sustados. Eles sabiam que talvez tivessem que morrer com Jesus, principalmente porque Jesus havia dito que eles teriam que morrer e serem enterrados como um grão de trigo na terra (12.24).

À declaração de Pedro, de que estava disposto a morrer por Jesus, Ele respondeu, dizendo: “Você dará a vida por mim? As-seguro-lhe que, antes que o galo cante, você me negará três vezes” (13.38). Imagine como estas pa-lavras foram como uma punhala-da, no coração de Pedro.

João não descreve nada sobre o tom de voz ou expressão de Je-sus ao falar aquelas palavras a Pe-dro, mas estou convencido, apesar de não poder provar, de que na-quela hora os olhos de Jesus esta-vam cheios de amor por Pedro e o Seu tom de voz era manso.

Como as palavras de Jesus devem ter perturbado os outros

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homens ao redor daquela mesa! A Bíblia conta que eles ficaram turbados em espírito, por isso as palavras seguintes de Jesus fo-ram: “Não se perturbe o cora-ção de vocês. Creiam em Deus; creiam também em mim. Na casa de meu Pai há muitos aposentos; se não fosse assim, eu lhes teria dito. Vou preparar-lhes lugar. E, se eu for e lhes preparar lugar, voltarei e os levarei para mim, para que vocês estejam onde eu estiver. Vocês conhecem o cami-nho para onde vou” (14.1-4).

Jesus disse “coração de vo-cês”, no plural, e, quando Ele falou “creiam em Deus, creiam também em mim”, estava falando com todos eles, declarando a Sua Deidade, pois se colocou no mes-mo nível que Deus.

“Vocês conhecem o caminho para onde vou”. Eu acredito que Jesus tenha dito isso para levantar outra pergunta na mente deles. Ao dizer que eles sabiam para onde Ele estava indo e de que maneira iria, Tomé, o “apóstolo da dúvida”, mordeu a isca e reagiu com a per-gunta: “Senhor, não sabemos para onde vais; como então podemos saber o caminho?” (14.5).

A resposta de Jesus a esta pergunta é um dos versículos mais

bonitos do Evangelho de João, ou talvez de toda Bíblia: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Nin-guém vem ao Pai, a não ser por mim” (14.6).

Com esta resposta que deu a Tomé, Jesus fez três declarações importantes: Ele é o Caminho, Ele é a Verdade e Ele é a Vida. Quando afirmou ser Ele o Caminho que os levaria ao lugar que estaria prepa-rando para eles, Jesus estava Se referindo à Sua morte na cruz.

A cruz de nosso Senhor repre-senta muito mais que um bonito pingente para se usar no pescoço; ela representa o caminho da nossa salvação e o caminho para o lugar que Ele prometeu àqueles que cre-em em Deus e creem nEle como Salvador.

A morte de Jesus na cruz repre-senta o seu ministério sacerdotal. Um sacerdote é aquele que interce-de diante de Deus por outra pessoa e foi isso o que Jesus fez morrendo na cruz. Através do Seu sacrifício pelos nossos pecados, Jesus abriu o caminho para você e para mim, pelo qual chegaremos a um lugar celes-tial, onde viveremos com Deus, por toda a eternidade (Isaías 53.7; João 1.29; Hebreus 2.17; 9.11-28).

Jesus poderia ter cumpri-do Sua obra salvadora vindo ao

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mundo na Sexta-feira da Paixão para morrer na cruz, mas Ele veio ao mundo e viveu aqui durante 33 anos, porque não veio apenas para morrer na cruz.

Conforme já comentamos antes, o número de capítulos do Evangelho de João dedicados à última semana da vida de Jesus mostra que a Sua morte e ressur-reição foram a parte essencial da Sua vida e de Seu ministério. En-tão, por que Ele não veio na Sex-ta-Feira da Paixão, quando morreu na cruz? A resposta é que Ele tam-bém é a Verdade.

Você se lembra do prólogo deste Evangelho? “Nele estava a vida e a vida era a luz dos ho-mens”. Ele era a Palavra, o veículo do pensamento de Deus, que ma-nifestou tudo o que Deus pensa-va em relação ao homem e o que pudesse ser compreendido por ele. Como Palavra, Ele estava com Deus no princípio; Ele era Deus e Se fez carne e habitou entre nós, para que pudéssemos ver a Sua glória, cheio de graça e de verda-de, (cf. 1.1-14).

O povo de Deus já tinha a verdade revelada através de Moi-sés e dos profetas, mas Deus quis que tivessem mais que as páginas sagradas; Ele quis que tivessem

a Palavra Viva que manifestou a mensagem de Deus; a Palavra de Deus que viveu em carne, uma vida perfeita. Deus quis que víssemos como a verdade das páginas sagra-das pode operar e agir numa vida. Foi isto que Jesus quis dizer quan-do declarou: “Eu sou a Verdade”. Ele é a Verdade em tudo o que fez e em tudo o que foi. Tal declaração com certeza inclui todas as vezes que Ele abriu Sua boca e ensinou.

A terceira parte da declaração de Jesus é “Eu sou a Vida”, o que significa que Jesus viveu e ensinou como viver uma vida perfeita. Ele mostrou o que é a Vida Eterna, a qualidade de vida sobre a qual João fala do começo ao fim do seu Evan-gelho. Esta declaração também sig-nifica que Jesus veio revelar a “vida mais que abundante” ao trazer a experiência do Novo Nascimento para aqueles com quem conversou e ensinou (10.10).

As duas palavras mais im-portantes da declaração feita em três partes são: “Eu Sou”. Quando focalizamos a resposta de Jesus para Tomé, encontramos a mais significativa declaração “Eu Sou” no Evangelho de João. Jesus não falou “Eu vim para pregar o ca-minho para a salvação e ensinar algumas verdades sobre a vida”.

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Não! A expressão mais importante da Sua declaração é “Eu Sou”: “Eu Sou o Caminho para a salvação”, “Eu sou a Verdade que vocês estão ouvindo e Eu sou a Vida que é a Luz dos homens”.

Devemos lembrar mais uma vez que, no prólogo do seu Evan-gelho, o apóstolo João destacou várias vezes que João Batista não era, mas que Jesus era. Sempre que João Batista aparece neste Evangelho diz que ele não era, enquanto Jesus aparece repetidas vezes afirmando “Eu Sou”.

Uma das citações mais mar-cantes que João faz a respeito de Jesus são as declarações “Eu Sou” que Jesus faz de Si próprio. Entre outras coisas essa afirmação signi-ficava que Ele era tudo o que ensi-nou. Ao declarar “Eu Sou a Vida”, Jesus estava dizendo que a vida que Ele viveu era um modelo que Deus deseja para todo ser humano.

O significado principal da de-claração “Eu Sou a Vida” é encon-trado no prólogo deste Evangelho. No livro anterior desta série de es-tudos do Evangelho de João, Ver-sículo por Versículo, estudamos qual foi o propósito de João ao escrever este livro. O prólogo fun-ciona como uma lista do conteúdo descrito no Evangelho de João.

De acordo com o prólogo, aqueles que respondem adequa-damente a Jesus recebem o poder de serem feitos filhos de Deus e nascem novamente, “não pela vontade da carne nem pela von-tade de algum homem” (1.13). João declarou que Jesus era a vida, o que significa que Ele deu ao homem poder para viver a mes-ma vida que Ele estava vivendo.

O estudo dos personagens do Velho Testamento revela um princí-pio que Deus usa quando quer en-sinar uma verdade: “quando você quiser comunicar uma grande ideia, vista esta ideia em alguém”. Por exemplo, quando Deus quis ensinar o conceito de fé, Ele vestiu esse con-ceito em Abraão, da mesma forma que vestiu o conceito de graça em Jacó e o conceito da Sua Providên-cia na vida de José (Gênesis, capí-tulos 12 a 24; 25 a 32; 37 a 50).

Quando Deus quis transmitir a ideia de vida eterna, mediante a qualidade de vida que Ele plane-jou para você e para mim, Ele ves-tiu este conceito na vida que Jesus viveu durante 33 anos na terra. Em seu prólogo, João não apenas declarou que a Palavra que se fez carne era a Luz, como também anunciou que a graça e a verdade vieram através de Jesus Cristo.

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Em outras palavras, Jesus era a Vida e a Luz que Ele mes-mo nos veio dar; também era (e é) o único Caminho que devemos seguir. Isso quer dizer que nós po-deremos experimentar e viver a vida que nos faz autênticos filhos de Deus, através do Novo Nasci-mento, que é o veículo de trans-formação que nos dá vida.

A empolgante aplicação pes-soal e devocional desta verdade é que o Cristo Vivo e Ressuscitado é a Vida, e vida para hoje. O Evange-lho de João não mostra apenas o perfil de um personagem histórico que viveu há quase dois mil anos, mas um personagem que está vivo hoje, e pode estar vivo em você e em mim.

Enquanto existem pessoas que questionam a existência de um Jesus histórico, um verdadeiro discípulo de Jesus escreveu: “Eu creio que Ele é, enquanto eles não sabem se Ele foi e, enquanto eles não têm certeza do que Ele fez, eu sei que Ele ainda faz”.

Outro discípulo expressou a mesma aplicação devocional, da seguinte maneira: “Jesus Cristo é tudo o que Ele diz que é e Ele faz tudo que Ele diz que pode fazer. Você é tudo o que Jesus diz que você é e você pode fazer tudo o

que Ele diz que você pode fazer, porque Ele é e Ele está em você”.

Estas são duas citações de aplicações pessoais da terceira de-claração de Jesus: “Eu Sou a Vida”.

Só um CaminhoDepois de declarar: “Eu sou o

Caminho, a Verdade e a Vida”, Je-sus não parou por aí. Ele fez outra declaração dogmática: “Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim”.

Por todo o Evangelho de João, encontramos declarações dogmá-ticas de Jesus. No terceiro capítu-lo, lemos que Jesus disse a Nico-demos: “Eu sou o Filho Unigênito de Deus e como Filho Unigênito de Deus serei levantado numa cruz. Eu sou a única Solução para o pecado deste mundo, o que quer dizer que Eu sou o Único Salvador de Deus, e é melhor você crer nis-to; porque, se você crer em Mim, será salvo, mas, se você não crer, está condenado” (cf. 3.14-18).

Jesus foi dogmático, porque a verdade é sempre absoluta. Dois mais dois somam quatro e jamais será diferente. Jesus estava afir-mando que Ele era a personificação da Verdade e que tudo o que Ele era e declarava era verdade. Portanto, Ele só podia ser dogmático. Jesus tinha que desacreditar qualquer

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outro tipo de salvação, porque Ele disse a verdade, quando declarou “Ninguém vem ao Pai senão por Mim”. Também por isso os após-tolos pregaram: “Não há salvação em nenhum outro, pois, debaixo do céu não há nenhum outro nome dado aos homens pelo qual deva-mos ser salvos” (Atos 4.12).

Vou repetir a conclusão de C. S. Lewis: “Depois de examinar as declarações dogmáticas de Jesus, resta-nos três opções: concluir que Ele era um mentiroso, ser um pou-co menos agressivo e dizer que Ele foi um lunático ou nos prostrar-mos com o rosto em terra, decla-rando que Ele é o nosso Senhor e adorá-Lo”.

Jesus ainda faz outra decla-ração, que desperta em Filipe o desejo de formular outra pergunta: “Se vocês realmente me conhe-cessem, conheceriam também o meu Pai. Já agora vocês o conhe-cem e o têm visto. Disse Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta. Jesus respondeu: Você não me conhece, Filipe, mesmo depois de eu ter estado com vo-cês durante tanto tempo? Quem me vê, vê o Pai” (7-9).

João registrou 124 referências de Jesus ao Pai, sendo 43 delas na Última Ceia com os apóstolos.

Basicamente, o que Filipe quis dizer foi: “O Senhor está sempre falando Pai, Pai, Pai. Mostra-nos o Pai e entenderemos porque Ele é tão importante para o Senhor e para nós”.

A maneira como João regis-trou a resposta de Jesus para Filipe revela uma declaração maravilho-sa da deidade de Jesus. Enquanto Lucas apresentou o Messias como um homem, que Se identificou com a nossa humanidade, o au-tor do quarto Evangelho apresen-ta Jesus como aquEle que é mais que um homem. O Jesus que João quer que conheçamos é Deus. Vi-mos como ele enfatizou isso nos capítulos 5 a 8, registrando todas as declarações que Jesus fez.

Assim como João destacou que Jesus era o Messias e o Filho de Deus, ele também enfatizou a verdade, que Jesus era Deus em forma humana (20:30,31). Quan-do Jesus diz a Filipe “Quem me vê, vê o Pai”, faz uma das declarações mais claras e enfáticas de que Ele é Deus. Jesus ainda estava respon-dendo a pergunta de Filipe, quando disse: “Você não me conhece, Fili-pe, mesmo depois de eu ter estado com vocês durante tanto tempo? Quem me vê, vê o Pai. Como você pode dizer: Mostra-nos o Pai? Você

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não crê que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu lhes digo não são apenas minhas. Ao contrário, o Pai, que vive em mim, está realizando a sua obra. Creiam em mim quando digo que estou no Pai e que o Pai está em mim; ou pelo menos creiam por causa das mesmas obras. Di-go-lhes a verdade: Aquele que crê em mim fará também as obras que tenho realizado. Fará coisas ainda maiores que estas, porque eu es-tou indo para o Pai. E eu farei o que vocês pedirem em meu nome, para que o Pai seja glorificado no Filho. O que vocês pedirem em meu nome, eu farei” (14.9-14).

Não esqueça que as pergun-tas de Pedro, Tomé, Filipe e Judas foram despertadas por afirmações que Jesus fez. Depois é a vez de Judas questionar Jesus. A respos-ta de Jesus a Judas é encontrada no restante dos versículos deste capítulo. A maneira como Jesus responde às duas perguntas leva-nos ao centro do diálogo que Ele teve com os apóstolos, naquele re-tiro que precedeu Sua prisão, mor-te e ressurreição.

O centro do diálogo da Última Ceia gira em torno da dinâmica que eles deveriam ter, para alcan-çar o mundo com o Evangelho,

que Jesus lhes tinha ensinado e vivido. Depois disso, Jesus apre-sentou um conceito, o qual Ele vai reforçar no capítulo 15, com a me-táfora da videira e os ramos (15.1-16), embora já o tivesse ensinado, quando disse “Eu e o Pai somos um” (João 10.30).

Quando Jesus perguntou a Fi-lipe: “Você não crê que eu estou no Pai e que o Pai está em mim?”, desafiou a todos com base na ine-gável realidade das obras que eles tinham testemunhado durante os últimos três anos.

Talvez, ao dizer “Eu e o Pai somos um”, Jesus tenha unido as mãos, mostrando como Ele estava em união com o Pai. Ele unido ao Pai e o Pai a Ele; Ele estava no Pai e o Pai estava nEle; os dois en-trelaçados, e cada palavra que Je-sus falava fluía do relacionamento dEle com o Pai.

Essencialmente, o que Jesus estava dizendo era: “Durante três anos, vocês ficaram fascinados com as palavras que ouviram de Mim e com as obras que Me viram realizar. Vocês precisam entender que tudo o que falei era a Palavra do Pai sendo falada na terra, atra-vés de Mim, e tudo o que fiz era a obra do Pai sendo feita na ter-ra, através de Mim, porque somos

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Um. Por isso, cada palavra que vo-cês me ouvem falar e tudo o que vocês me veem fazer, na verdade é um resultado da Minha unidade completa com o Pai”.

O versículo 12 é um dos maiores desafios do Novo Testa-mento para nós: “Aquele que crê em mim fará também as obras que tenho realizado. Fará coisas ainda maiores que estas, porque eu estou indo para o Pai”.

Enquanto os apóstolos não compreenderam o conceito de Je-sus estar no Pai e o Pai estar nEle, não puderam assimilar a realida-de gloriosa da Sua promessa, que aqueles que creem nEle falariam como Ele falava e fariam as obras que Ele fazia. Com toda certeza, eles não compreenderam a pro-messa de Jesus, de que as obras maiores se referem à quantidade e não em qualidade.

Mais adiante, no capítulo 16, versículo 17, Jesus explica que era melhor Ele partir e con-fiar Sua missão àqueles onze ho-mens. Eles iriam compreender que para experimentar essa dinâ-mica que Jesus estava começan-do a ensinar e que, mais tarde, Ele iria ilustrar com o episódio da videira, algumas coisas ainda precisavam acontecer.

O apóstolo Paulo afirmou, em Filipenses 2.7, que Jesus Se esva-ziou de alguns dos Seus atributos divinos como, por exemplo, a oni-presença, ou seja, a capacidade de estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Algum tempo de-pois, seriam muitos os discípulos, aplicando a mesma dinâmica em todo o mundo e ao mesmo tempo.

É impressionante pensar na repercussão da vida e do ministé-rio de Jesus que, durante toda Sua existência terrena, viajou apenas algumas centenas de quilômetros e não contou com rádio, televisão, computadores ou celulares.

Jesus investiu três anos da Sua vida no treinamento dos após-tolos e os desafiou naquele “Pri-meiro Retiro Espiritual”. Foi depois do retiro que Ele os comissionou para serem “apóstolos”, “os Cha-mados”, que hoje poderíamos de-nominar “missionários”. O ensino ministrado naquele retiro e regis-trado em três capítulos do Evange-lho de Mateus (5-7) é conhecido como “O Sermão do Monte”.

Os discípulos participaram dos três anos de ministério de Jesus, ouviram o Seu ensino, vi-ram todos os Seus milagres, pre-senciaram o diálogo hostil que Ele teve com os fariseus e quase

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todos os encontros que teve com muitas pessoas.

Conforme já aprendemos, quando alguns dos discípulos co-nheceram Jesus, foram desafiados pelo Senhor a ir e ver onde e como Ele vivia. Na Grande Comissão (Mateus 28.18-20), Jesus os cha-mou para que fossem fazer discí-pulos e ensinar tudo que Ele tinha ordenado, durante os três anos que estiveram com Ele, observan-do a Sua vida.

Já ouvi o seguinte comentário a respeito desse assunto: Jesus fez três coisas com aqueles homens: Ele os ensinou, enviou-os para que tivessem experiência e os treinou. Vamos ver, agora, na versão de João, como Jesus comissionou os apóstolos e os enviou para alcan-çarem o mundo para Ele.

Quando João escreveu em seu prólogo que a graça e a verda-de vieram através de Jesus Cristo, ele quis dizer que a verdade veio através de Moisés e de Jesus, que juntou a essa Verdade, que era Ele próprio, a graça, a fim de que a Verdade fosse aplicada e vivi-da. Entre outras coisas, isto quer dizer que Deus jamais pretendeu nos levar onde a Sua graça não possa nos manter; que Jesus não comissionaria ninguém sem lhe

dar a graça para que Sua comis-são seja cumprida.

Na resposta de Jesus a Filipe e a Judas, encontramos a descri-ção da dinâmica que alcançou o mundo para Ele. Quinhentos anos depois de comissionar os apósto-los, o Evangelho de Jesus Cristo já era conhecido e aceito em todo o mundo romano.

Como já observamos, no capí-tulo 16, Jesus diz o que seria ne-cessário acontecer: “É necessário que eu deixe este corpo, porque, quando isto acontecer, onde quer que estejam, Eu estarei em vocês e vocês estarão em Mim, assim como agora Eu estou no Pai e o Pai está em Mim. Portanto, onde quer que vocês estejam, Eu tam-bém estarei”.

Jesus trabalha em você e através de você; quando você cai exausto na cama para dormir, do outro lado do mundo, irmãos e irmãs que também andam com Jesus e O servem estão se levan-tando e começando mais um dia no andar com o Senhor e servi-Lo. Não existe um momento na face da terra em que Jesus não esteja sendo servido, em que Ele não es-teja Se manifestando na Sua Igreja e através dela. Este é um ensino dinâmico e está ligado à promessa

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que Ele fez: “O que vocês pedirem em meu nome, eu farei” (14.13).

Isto não quer dizer que po-demos ter tudo o que quisermos. Existem algumas condições para termos nossas orações atendi-das. Devemos pedir “em nome de Jesus” ou de uma forma que traga glorificação para o Pai. Pe-dir em nome de Jesus é pedir no lugar dEle, perguntando: “O que Jesus pediria?”. Paulo escreve que, se amamos a Deus e somos chamados de acordo com o Seu propósito, então “todas as coi-sas trabalham para o nosso bem” (Romanos 8.28). Ao lermos estas palavras, devemos nos perguntar: “para o bem de quem? Nosso ou de Deus?”.

Na pequena carta de João, no final do Novo Testamento, ele dá ênfase à condição que devemos cumprir, quando oramos. Deve-mos pedir de acordo com a vonta-de do Senhor (I João 5.14). Pedir em nome de Jesus significa pedir de acordo com a essência de Cris-to e com o que glorifica o Pai. En-tão, podemos pedir qualquer coisa que seremos atendidos.

Jesus passa a mostrar a cha-ve para esta dinâmica: “Se vocês me amam, obedecerão aos meus mandamentos. E eu pedirei ao

Pai, e ele lhes dará outro Conse-lheiro para estar com vocês para sempre, o Espírito da verdade. O mundo não pode recebê-lo, por-que não o vê nem o conhece. Mas vocês o conhecem, pois ele vive com vocês e estará em vocês. Não os deixarei órfãos; voltarei para vocês. Dentro de pouco tempo o mundo não me verá mais; vocês, porém, me verão. Porque eu vivo, vocês também viverão. Naquele dia compreenderão que estou em meu Pai, vocês em mim, e eu em vocês. Quem tem os meus man-damentos e lhes obedece, este é o que me ama. Aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me revela-rei a ele” (14.15-21).

A longa resposta de Jesus a Filipe parece ter sido preparada para despertar outra pergunta de outro apóstolo chamado Judas, nome muito comum naquela épo-ca. “Perguntou-lhe Judas, não o Iscariotes: Senhor, mas por que te revelarás a nós e não ao mundo? E Jesus respondeu: Se alguém me ama, obedecerá à minha palavra. Meu Pai o amará, nós viremos a ele e faremos morada nele. Aque-le que não me ama não obedece às minhas palavras. Estas pala-vras que vocês estão ouvindo não

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são minhas; são de meu Pai que me enviou” (22-24).

A pergunta de Judas foi boa e prática. Jesus estava dizendo que ia morrer, quando anunciou que ia partir para um lugar onde eles não podiam ir. Jesus também dis-se que, depois que Ele fosse para esse lugar, eles estariam mais per-to dEle. Judas queria saber como eles poderiam ter um relaciona-mento tão íntimo com Jesus, en-quanto os incrédulos não teriam a menor ideia desse relacionamento com o Senhor.

Jesus responde a pergunta de Judas repetindo o que disse a Filipe: “Se vocês me amam, obe-decerão aos meus mandamentos” (15). Ao responder as perguntas de Filipe e Judas, Jesus também responde “O que é fé?” e ensina que fé é sinônimo de obediência.

Tiago, o irmão de sangue de Jesus, concorda com Ele ao es-crever que não existe “apenas fé”, sem evidências que a validem. De acordo com Tiago, a fé sempre es-tará acompanhada e validada por obras ou obediência (Tiago 2.14-26). A ideia principal do que Tia-go disse é que “a fé isolada pode salvar, mas a fé nunca vem sozi-nha”. Um pastor alemão chama-do Dietrich Bonhoeffer escreveu:

“Apenas quem crê obedece e ape-nas quem obedece crê”.

Jesus também estava ensi-nando que é através da obediên-cia que um discípulo verdadeiro mostra que realmente O ama: “Se vocês realmente Me amam, de-monstrarão e validarão o seu amor por Mim obedecendo aos Meus mandamentos” (15,21).

Jesus respondeu a Judas a mesma coisa que respondeu a Filipe (9-16), relacionando a obe-diência aos Seus mandamentos e à Sua promessa: “Mas o Conse-lheiro, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, lhes en-sinará todas as coisas e lhes fará lembrar tudo o que eu lhes disse” (26). Essencialmente, o que Jesus estava dizendo a Filipe era: “Faça a sua parte e Eu farei a Minha”. Com relação a Judas, Jesus adver-tiu: “Observe o mesmo princípio, a obediência, que leva a um relacio-namento com o Pai, com o Filho e com o Espírito Santo”.

Temos sempre a tendência de achar que quando Deus quer fa-zer alguma coisa em nossas vidas é como se fôssemos uma moeda com os seus dois lados: a parte de Deus e a nossa parte, para que as coisas aconteçam. Considerando as respostas de Jesus a Filipe e a

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Judas, podemos concluir que exis-te a parte de Deus e a parte do homem no Novo Nascimento.

Será que cabe ao homem al-gum milagre no Novo Nascimen-to? De acordo com Jesus e com Tiago, definitivamente o nosso pa-pel no Novo Nascimento é “crer”. Nossa parte no Novo Nascimento é ter fé, e fé autêntica.

Quando Jesus disse a Nico-demos que temos que nascer de novo, o destacado mestre da Lei perguntou duas vezes: “como?” e Jesus respondeu com uma pala-vra: “crendo”. Nós cremos e Deus faz a parte dEle no Novo Nasci-mento. A parte de Deus é miste-riosa como o vento. Quando estu-damos o capítulo 3, aprendemos que não precisamos entender a parte de Deus no Novo Nasci-mento, assim como não precisa-mos entender os procedimentos de um parto, quando nascemos fisicamente. A única coisa que precisamos entender é que a nos-sa parte é crer.

De acordo com o ensino que Jesus ministrou aos apóstolos, quando anunciou a vinda do Es-pírito Santo, a palavra chave que abre as portas para o ministério do Espírito Santo em nossas vidas é a “obediência”. “Se vocês me

amam, obedeçam aos meus man-damentos” (14.15).

Jesus dá o Espírito Santo àqueles que O amam, demonstram e validam o amor pela obediência. No Dia de Pentecostes, quando todos aqueles sinais e maravilhas aconteceram, Pedro pregou que o Cristo Vivo e Ressuscitado estava derramando o Espírito Santo sobre os que Lhe obedecem (Atos 5.32). O pré-requisito para Cristo lhe dar o Espírito Santo com poder é a obediência.

Quando Jesus apresentou aos apóstolos o princípio para a vinda do Espírito Santo, deixou bem cla-ro que a obediência é a chave para recebê-Lo e ter um relacionamen-to com Ele. Portanto, não devemos nos surpreender com as palavras de Pedro, quando ele afirma que o Espírito Santo foi dado àqueles que Lhe obedecem.

De acordo com os primeiros capítulos do Livro de Atos, o Es-pírito Santo foi dado para revestir os discípulos de poder, a fim de obedecerem a Grande Comissão. Quando Jesus comissionou Seus seguidores, disse que eles não de-veriam fazer nada até que recebes-sem o poder do alto, o que acon-teceu no Dia de Pentecostes (Atos 1.8; 2.1,4; 5.32).

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O Espírito Santo não foi derra-mado apenas para que eles tives-sem uma experiência de alegria. O Espírito Santo foi dado para ca-pacitar os crentes a obedecerem aos mandamentos de Jesus Cristo, e principalmente para implemen-tarem a Grande Comissão.

Jesus também disse aos Seus discípulos, na Última Ceia, que man-daria o Espírito Santo, porque não queria deixá-los órfãos, e fez uma promessa de difícil entendimento.

Resumindo os versículos que registram a resposta de Jesus à pergunta de Judas, concluímos que Deus existe em três Pessoas e cada uma dessas Pessoas é Deus. São mencionadas aqui as três Pessoas da Trindade: Deus Pai, Jesus Filho e o Espírito Santo, todos habitando em você e em mim, quando obede-cemos às palavras de Jesus.

A essência do que Jesus está dizendo no capítulo 14 de João é: “Eu vou partir, mas depois que Eu voltar para o Pai, após eu fazer o que é necessário, assim que Eu deixar este corpo terreno, vocês e Eu teremos um relacionamento mais íntimo que temos agora. Eu Me revelarei a vocês e, porque Eu vivo, vocês também viverão. Esta-remos mais próximos que jamais estivemos, enquanto eu habitei

neste corpo, durante os últimos 33 anos”.

Um estudo profundo da res-posta de Jesus à pergunta de Judas mostrará a dinâmica que nos leva a ter uma intimidade com Cris-to, através do Espírito Santo, cuja essência é: “Se alguém Me ama, obedecerá ao Meu ensino. E quan-do obedecer ao Meu ensino, Meu Pai o amará e nós viremos e fare-mos nele morada. Aquele que não Me ama não obedece ao Meu ensi-no e Nós não estabeleceremos um relacionamento com ele” (23,24).

Jesus sela esta resposta com a seguinte afirmação: “Essas palavras que vocês estão ouvindo de Mim não são Minhas; elas pertencem ao Pai que Me enviou... O Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em Meu nome, ensinará tudo a vo-cês e os fará lembrar de tudo o que Eu lhes disse” (24,26).

Jesus resume a resposta que deu às cinco perguntas dos apóstolos, dizendo: “Deixo-lhes a paz; a minha paz lhes dou. Não a dou como o mundo a dá. Não se perturbe o seu coração, nem tenham medo. Vocês me ouviram dizer: Vou, mas volto para vocês. Se vocês me amassem, ficariam contentes, porque vou para o Pai, pois o Pai é maior que eu. Isso eu

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lhes digo agora, antes que acon-teça, para que, quando acontecer, vocês creiam” (27-29).

Estas palavras de paz e con-solo são seguidas por algumas realidades duras: “Já não lhes fa-larei muito, pois o príncipe deste mundo está vindo. Ele não tem nenhum direito sobre mim. Toda-via é preciso que o mundo saiba que eu amo o Pai e que faço o que meu Pai me ordenou. Levantem-se, vamo-nos daqui” (30,31).

Jesus ensinou verdades pro-fundas nas respostas dadas aos apóstolos. Pela segunda vez, Jesus os conforta, dizendo que eles não deveriam se perturbar. Devemos lembrar que aqueles homens esta-vam aterrorizados, porque sabiam que os judeus estavam tentando convencer os romanos a condena-rem Jesus à morte. Tudo o que Je-sus havia dito os fez acreditar que eles iam morrer com Ele. Lemos, no capítulo 12, que Jesus disse que eles iam cair no chão e serem en-terrados como uma semente, para que frutificassem. Era isso o que Ele esperava daqueles que se con-sideravam Seus discípulos. No fim, todos, com exceção de um, segui-ram o Senhor e foram martirizados.

A tradição conta que o autor deste Evangelho foi jogado no óleo

quente e não morreu. Ele foi exilado na Ilha de Patmos, de onde escapou e, quando já estava bem idoso, al-gumas décadas depois de os Evan-gelhos sinópticos de Mateus, Mar-cos e Lucas terem sido escritos, ele escreveu este Evangelho. Os outros dez apóstolos que ouviram as consi-derações de Jesus morreram como mártires. Provavelmente, quando Jesus pronunciou aquelas palavras, eles creram que tal sucederia.

Depois que Jesus respondeu as perguntas, pronunciou uma fra-se que pode trazer muito consolo para aqueles que tenham perdi-do alguém querido, que viveu em Cristo e O serviu. Já li este versí-culo várias vezes em velórios de servos do Senhor: “Se vocês me amassem, ficariam contentes porque vou para o Pai” (14.28).

O Sermão fúnebre de Jesus

Resumindo este capítulo, pode-mos dizer que Jesus sabia que Sua morte era iminente e resolveu pre-gar o Seu próprio sermão fúnebre.

Hoje, com todos os aparatos eletrônicos, acho que os pastores podiam deixar o seu sermão fúne-bre preparado para ser exibido para toda igreja no dia do seu velório.

Nesta mensagem, Jesus fa-lou: “Não se perturbem em seus

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corações, porque para onde eu estou indo existe um lugar. Eu vou preparar lugar para vocês, depois voltarei e os levarei para viverem nesse lugar Comigo para sempre”. A frase de Jesus anunciando que na Casa de Seu Pai há muitas moradas pode ser assim parafra-seada: “Existem muitos lugares no universo”. O céu é um lugar e nós, crentes em Jesus, vamos viver lá com o Senhor para sempre. Como acreditamos que esse lugar existe, não deveríamos deixar nossos co-rações se perturbarem.

O segundo ponto do sermão fúnebre de Jesus é: “Não se per-turbem em seus corações porque Eu enviarei o Espírito Santo”, o Paracleto. Ele seria a grande fon-te de conforto que Jesus prometeu àqueles homens durante a Última Ceia. A palavra grega “Paracleto” foi traduzida para “Consolador” ou “Conselheiro” e significa “aquele que anda ao lado e nos ajuda, nos assiste em tudo que necessitamos”.

No capítulo 16, Jesus fala mais sobre o Espírito Santo e O denomina “Conselheiro”. Esta é a segunda razão porque os Seus discípulos não deveriam se per-turbar em seus corações. Mesmo sabendo que Jesus ia morrer e os deixaria, eles não deveriam ficar

perturbados, porque o “Conselhei-ro” estaria com eles.

O terceiro ponto desse sermão fúnebre é “Não se perturbem em seus corações, porque existe uma Paz”. O discípulo que crê em Deus e em Jesus tem um otimismo ines-gotável, uma esperança de que existe um lugar e que ele vai estar com o Senhor para sempre nesse lugar. Eles creem na promessa de Jesus que existe Alguém, o Espíri-to Santo, o Conselheiro, o Conso-lador, que vai estar ao lado deles para ajudá-los e confortá-los. Nos versículos citados, Jesus afirma que aqueles que acreditam nesse lugar e nessa Pessoa já vivem a paz que Ele prometeu deixar para cada um deles (27).

Quando eles creem em Jesus e experimentam um relacionamento com o Espírito Santo, vivem o que o apóstolo Paulo chamou de “a paz de Deus, que excede todo o entendimento” (Filipenses 4.6-9). Também podemos dizer que essa é “a paz que não faz muito sen-tido”, porque é a paz que Cristo dá e que é descrita como fruto do Espírito Santo (Gálatas 5.22,23). Poucos acreditam nessa paz que Jesus dá aos Seus discípulos, atra-vés do Espírito Santo, em circuns-tâncias tão adversas.

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Com exceção de João, todos os apóstolos morreram como mártires, de maneiras indescritíveis, mas sa-bemos que eles morreram com a paz que Jesus lhes prometeu du-rante a Última Ceia. Ao fazer essa promessa, Jesus não estava falan-do da paz do mundo. Ele nos pro-meteu dar a paz que toda a huma-nidade deseja, que é a paz interior

e com outras pessoas, enfim, Jesus ensinou o oposto da frágil e enga-nosa paz que há no mundo.

Antes de encerrar aquele retiro, Jesus adverte que eles haviam de passar por tribulações neste mun-do, mas, como Ele venceu o mun-do, eles poderiam superar os sofri-mentos que passariam por causa da sua fé (16.33; I João 5.4).

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As últimas palavras do capí-tulo 14 do Evangelho de João in-dicam que Jesus e Seus apóstolos estavam deixando o Cenáculo, o lugar onde ocorreu a Última Ceia.

Eles foram para um jardim, onde Jesus usou uma metáfora para ilustrar e aplicar a essência do que Ele tinha acabado de ensinar. Até agora, a essência de tudo o que Je-sus tinha dito era que a Palavra de Deus tinha sido anunciada e a obra de Deus fora realizada, através de Jesus, porque Ele e o Pai são um.

Tudo o que eles tinham ouvido e visto Jesus fazer era uma con-sequência da gloriosa realidade do perfeito alinhamento em que Ele vivia com o Pai. Agora Jesus apresenta aos apóstolos uma das metáforas mais simples e profun-das que eles tiveram oportunida-de de ouvir. Ele puxa o galho de uma vinha carregado de frutos e, então, lhes diz: “Assim como estes ramos estão produzindo frutos em abundância, porque estão ligados à videira, se vocês estiverem em alinhamento Comigo ou ligados a Mim, também serão frutíferos”.

Jesus descreve três níveis da frutificação: nenhuma frutificação, alguma frutificação e muita frutifica-ção. Existem quatros símbolos muito profundos nesta metáfora: a videira, os ramos, o fruto e o agricultor.

Jesus é a videira; os apóstolos os ramos; o fruto é o milagre da pregação da Palavra e o agricultor que é Deus.

Existem duas proposições cla-ramente enfocadas nesta metáfo-ra: sem Jesus, os apóstolos e Seus discípulos não conseguem fazer nada, ao mesmo tempo em que, sem eles, Jesus não quer fazer nada. O fruto não cresce na videi-ra; ela é a fornecedora de energia para os ramos, onde nascem os frutos. Nesta metáfora, Jesus é a Videira à procura de ramos.

Quando Jesus ensinou, in-terpretou e aplicou esta metáfo-ra, apresentou oito razões por-que devemos ser frutíferos. Leia os dezesseis primeiros versículos do capítulo 15 de João e procure identificar essas oito razões.

“Eu sou a videira verdadei-ra, e meu Pai é o agricultor. Todo

Capítulo 8

“Uma Metáfora Magnífica” (João 15.1-16)

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ramo, que estando em mim, não dá fruto, ele corta; e todo que dá fruto ele poda, para que dê mais fruto ainda. Vocês já estão lim-pos, pela palavra que lhes tenho falado. Permaneçam em mim, e eu permanecerei em vocês. Ne-nhum ramo pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira. Vocês também não po-dem dar fruto, se não permane-cerem em mim. Eu sou a videira; vocês são os ramos. Se alguém permanecer em mim e eu nele, esse dará muito fruto; pois sem mim vocês não podem fazer coi-sa alguma. Se alguém não per-manecer em mim, será como o ramo que é jogado fora e seca. Tais ramos são apanhados, lan-çados ao fogo e queimados. Se vocês permanecerem em mim, e as minhas palavras permane-cerem em vocês, pedirão o que quiserem, e lhes será concedi-do. Meu Pai é glorificado pelo fato de vocês darem muito fruto; e assim serão meus discípulos. Como o Pai me amou, assim eu os amei; permaneçam no meu amor. Se vocês obedecerem aos meus mandamentos, permane-cerão no meu amor, assim como tenho obedecido aos mandamen-tos de meu Pai e em seu amor permaneço. Tenho lhes dito estas

palavras para que a minha ale-gria esteja em vocês e a alegria de vocês seja completa. O meu mandamento é este: Amem-se uns aos outros como eu os amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos. Vocês serão meus amigos, se fizerem o que eu lhes ordeno. Já não os chamo servos, porque o servo não sabe o que o seu senhor faz. Em vez disso, eu os tenho chamado amigos, por-que tudo o que ouvi de meu Pai eu lhes tornei conhecido. Vocês não me escolheram, mas eu os escolhi para irem e darem fruto, fruto que permaneça, a fim de que o Pai lhes conceda o que pe-direm em meu nome.” (15.1-16).

Os três anos que os apóstolos passaram com Jesus foram como um tipo de seminário para eles. O chamado “Último Retiro Cristão” poderia ser considerado como a cerimônia de formatura, e esta parte do sermão, o discurso de-dicado aos formandos. Esta men-sagem de formatura é um desafio para eles e apresenta oito razões porque eles devem ser frutíferos!

Primeira razãoA primeira coisa que Jesus

diz é que eles devem ser frutífe-ros, porque é impossível haver um

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discípulo dEle que não seja frutí-fero (2,6). Se algum ramo ligado a Jesus não der fruto, o Pai corta esse ramo e o joga fora, ficando no chão até ser colhido e atirado no fogo. Na verdade, Jesus está dizendo: “É inaceitável para Meu Pai, o Agricultor, que um ramo em Mim não dê fruto”.

Suas últimas palavras para aqueles homens que Ele treinou durante três anos revelam a pri-meira razão porque eles devem ser frutíferos: “e assim serão meus discípulos” (8). Isto quer dizer que não existe discípulo de Jesus infrutífero. Esse é um dos exemplos retirados do livro “As Palavras Duras de Jesus”. Às vezes, quando estou estudando algum sermão de Jesus, eu me pego pensando: “Não, Ele não fa-lou isso”. Esta foi uma das vezes.

Há quase vinte séculos a His-tória foi dividida entre “antes e de-pois de Cristo”. Para um homem ter vivido apenas trinta e três anos e ter marcado a História de tal for-ma é porque foi grande o impacto que Ele causou no mundo. Pode-ríamos dizer a mesma coisa com estas palavras: a vida de Jesus foi muito frutífera, por isso, todo aquele que se declara Seu discípu-lo deve mostrar a validade da sua declaração sendo também frutífero.

É inimaginável que um discípulo de Jesus Cristo não produza frutos.

Segunda razãoAinda no versículo 8, Jesus

declarou a segunda razão porque aqueles homens, nos quais Ele havia investido tanto, deveriam ser frutíferos: “Meu Pai é glori-ficado pelo fato de vocês darem muito fruto”. De que maneira Je-sus glorificou o Pai? A resposta a esta pergunta está nesta oração de Jesus: “Eu te glorifiquei na terra, completando a obra que me des-te para fazer” (17.4). Como os apóstolos iriam glorificar a Deus? Terminando a obra que Jesus lhes tinha dado para fazer. Devemos ser frutíferos, porque, assim, glo-rificamos a Deus.

Terceira e quarta razõesNo versículo 11, Jesus apre-

sentou duas razões porque aque-les Seus discípulos e nós também devemos ser frutíferos: “Tenho lhes dito estas palavras para que a minha alegria esteja em vocês e a alegria de vocês seja comple-ta”. Você já parou para pensar que cada um de nós pode encher o coração do Senhor Jesus Cristo de alegria? Quando frutificamos, enchemos o Seu coração de ale-gria. De acordo com o discurso de

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formatura de Jesus, esta é a ter-ceira razão porque os apóstolos devem ser frutíferos.

A quarta razão para ser frutífe-ro é: “e a alegria de vocês seja com-pleta”. Assim como a paz de Deus, a Sua alegria é condicional. Você já parou para pensar o que a Bíblia ensina sobre as condições para que tenhamos a alegria do Senhor? A alegria do Senhor faz parte do fru-to do Espírito (Gálatas 5.22,23). Um dos meus escritores preferidos lembra que “a dor e o sofrimento são inevitáveis, mas a miséria e o desespero, opcionais” para o crente cheio do Espírito, porque o Espírito Santo pode dar alegria, mesmo no meio da adversidade.

Essa alegria poderia ser cha-mada “alegria que não faz sen-tido”. A paz e a alegria citadas nesses versículos poderiam ser chamadas de “paz, apesar de” e “alegria, apesar de”. Podemos ex-perimentar a paz e a alegria que Jesus prometeu, independente-mente das circunstâncias, porque elas não vêm de nós. A alegria e a paz vêm do Espírito Santo ou do Cristo Ressuscitado, que vive em nossos corações.

Outro escritor de quem eu gosto muito escreveu: “Algumas pessoas imaginam que a alegria despenca do céu e cai sobre elas

e sobre outras não, mas não é isso o que as Escrituras ensinam”. De acordo com o ensino de Jesus, uma das causas da nossa alegria é a frutificação. Paulo escreveu: “Cada um examine os próprios atos e, então, poderá orgulhar-se de si mesmo, sem se comparar com ninguém” (Gálatas 6.4).

No início do meu ministério eu era pastor assistente, quando o primeiro pastor da igreja onde eu estava trabalhando, que me tutelou e me ministrou em Cristo, indicou-me para uma igreja em outra cidade. Eu não queria deixar a equipe pastoral da igreja sede para começar uma igreja nova, pois estava usufruindo o milagre, com o qual Deus estava abençoan-do aquele homem com um minis-tério tão frutífero, até que ele me explicou que eu teria alegria ainda maior, se provasse que Deus pode-ria fazer o meu ministério frutífero, citando esse versículo de Gálatas e o aplicando ao meu chamado.

Depois de treze anos, quando o Cristo Vivo e Ressuscitado me aben-çoou com um ministério frutífero naquela igreja nova, eu fiquei grato ao meu pastor. Ele sabia que o meu chamado traria alegria para o meu Senhor e para mim. Eu não quero dizer que esse processo necessa-riamente deva durar treze anos. Eu

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quero dizer que esse é o tipo de ale-gria que Jesus está descrevendo e prescrevendo, quando diz: “Tenho lhes dito estas palavras para que a minha alegria esteja em vocês e a alegria de vocês seja completa”.

Quinta razãoA quinta razão porque os

apóstolos deveriam ser frutíferos está no versículo 16: “Vocês não me escolheram, mas eu os esco-lhi para irem e darem fruto, fruto que permaneça, a fim de que o Pai lhes conceda o que pedirem em meu nome”.

Aqueles homens tinham esco-lhido seguir Jesus. Eles, delibera-damente, fizeram escolhas e assu-miram compromissos com Jesus. Aqueles que eram pescadores não O seguiram carregando suas re-des nas costas, mas abandonaram seus barcos e o negócio de pesca-ria que tinham. Dá para imaginar o que passou pelas suas cabeças, quando Jesus disse: “Vocês não me escolheram, mas eu os esco-lhi para irem e darem fruto, fruto que permaneça, a fim de que o Pai lhes conceda o que pedirem em meu nome?” (15.16).

A expressão “eu os escolhi para irem” tem o mesmo sentido de “eu os ordenei” para pastor, por exemplo. A palavra original

grega foi usada apenas três vezes no Novo Testamento e significa ser estrategicamente posiciona-do, como uma candeia colocada em um lugar onde ilumina todos, conforme a ilustração que Jesus usou no Sermão do Monte (Ma-teus 5.14-16). No versículo 16, Jesus está dizendo: “Eu os esco-lhi e os posicionei em um ponto estratégico, como uma candeia neste mundo escuro, para que vo-cês frutifiquem. Vocês têm que ser frutíferos, porque Eu os escolhi”.

Sexta razãoA sexta razão porque os após-

tolos devem ser frutíferos é porque já experimentaram o amor de Je-sus Cristo; agora o Senhor quer que eles compartilhem esse amor com o mundo “Como o Pai me amou, assim eu os amei; permaneçam no meu amor. Se vocês obedecerem aos meus mandamentos, perma-necerão no meu amor, assim como tenho obedecido aos mandamen-tos de meu Pai e em seu amor permaneço” (9,10). Jesus estava repetindo o Novo Mandamento re-gistrado em João 13.34,35.

Quando Jesus ora pelos após-tolos e por aqueles que viriam a crer nEle, pede que eles vivam de uma forma que o mundo saiba e creia que Deus amou o mundo de

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tal maneira que deu o Seu Filho Unigênito para a salvação dele. Depois, Jesus pede que, através do amor dos Seus discípulos, o mundo conheça que Deus os ama tanto quanto ama Seu único Filho (3.16; 17.22,23).

Durante três anos, aqueles ho-mens experimentaram o amor de Jesus, mas o mundo perdido não o fez. Por isso, Jesus diz aos apósto-los que eles deveriam compartilhar Seu amor com o mundo todo. Essa comissão de amor é outra razão porque aqueles que conhecem o amor de Jesus devem ser frutíferos.

No contexto deste ensino, Jesus declara que não há maior amor no mundo que o amor de uma pessoa que entrega sua vida em favor de outras (15.13).

Nas inspiradas cartas do Novo Testamento, este ensino é aplicado aos maridos, para que eles amem suas esposas como Cristo ama a Sua Igreja e se entregou pela sal-vação dela. As mulheres são ins-truídas a completarem os seus maridos, entregarem suas vidas pelos seus maridos e filhos, a não viverem voltadas para si mesmas, mas terem outras pessoas no cen-tro de suas vidas (Efésios 5.23-25; I Pedro 3.1-5).

Vivendo neste mundo “egocên-trico”, homens e mulheres estão

igualmente voltados para si mes-mos, sem condições de absorve-rem este ensino. Precisamos aten-der o desafio de Jesus, de que não há maior amor que entregar sua própria vida em favor de outros, co-meçando pelos da nossa casa.

Sétima razãoA sétima razão porque eles

devem ser frutíferos é por cau-sa do Agricultor, o Deus Pai, que está determinado a vê-los frutifi-car. Leia com atenção João 15.2 e observe comigo: quando nosso Pai do Céu encontra um ramo frutífe-ro na Sua Videira, Ele o poda para que dê mais frutos.

Muitos anos atrás, um casal amigo me ajudou a compreender esta metáfora tão profunda de Je-sus. Eles me falaram acerca da decisão que haviam tomado de se aposentarem dos negócios em uma grande empresa e compra-rem algumas videiras no norte do estado da Califórnia, nos Estados Unidos. Como não sabiam cuidar de uma vinha, eles contrataram um vinhateiro experiente, para mostrar o que eles deveriam fazer.

A primeira coisa que o agricultor lhes disse foi que eles caminhassem por toda a videira, cortando todos os ramos que não tinham produzido frutos, durante a época frutífera.

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Depois de fazer isso, eles fi-caram satisfeitos ao verem os no-vos ramos brotarem, porém o vi-nhateiro disse: “Estas são raízes parasitas; vocês precisam passar novamente pela videira, cortando todos estes ramos, porque vocês jamais terão frutos de qualidade e em quantidade, se não cortarem os brotos parasitas. Tais ramos su-gam toda seiva das videiras, impe-dindo que venham os frutos que esperamos delas”.

Meus amigos ficaram anima-dos, quando começaram a apa-recer os primeiros cachos de uva; entretanto, pela terceira vez, o velho vinhateiro disse: “Vocês vão passar de novo pela videira, cor-tando fora as uvas verdes, para que a colheita de vocês seja de qualidade e farta”.

Aquele casal me disse que, pela primeira vez, eles entende-ram esse texto tão importante da Bíblia. Jesus ensinou que quando o Pai, o Agricultor, encontra um ramo com fruto na Videira, Ele o poda, porque quer ver mais frutos produzidos naquele ramo.

A experiência daquele casal me ajudou a aplicar esta metáfora de Jesus a situações que eu estava enfrentando em minha vida e em meu ministério. Acho que o Se-nhor olhou para o meu ministério,

nos anos 70, e viu os frutos que eu estava produzindo. Eu estava em alinhamento com Ele e esta-va produzindo frutos para Ele, po-rém, Ele não estava satisfeito com a qualidade ou com a quantidade dos frutos que estava recebendo da minha vida, por isso disse: “Eu vou dar uma podada nele para que ele dê mais frutos”.

No início dos anos 80, eu co-mecei a ficar paralisado por causa de uma doença incurável. No final da década de 80, eu estava total-mente paralisado, e há anos estou tetraplégico. Quando as pessoas me veem, dizem: “Meu Deus, que provação!”. Eu, no entanto, digo que este é o tratamento de um Pai Amoroso, que me ama demais para me ver correndo de um lado para outro, ocupado com milhões de coisas, frutífero, mas não da maneira que Ele quer.

Desde 1980, estou envolvido no ministério mais frutífero de toda a minha vida. Eu jamais seria tão frutífero em meu ministério com um corpo sadio; por esta razão, eu amo o Agricultor Divino que me podou. Desta maneira, não perdi a grande oportunidade de dar fruto, o fruto que Jesus espera, “o fruto que permanece” (16).

A sétima razão para que os discípulos de Jesus dêem frutos

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é que o Pai do Céu está determi-nado a que eles frutifiquem. Em Seu amor, há momentos em que Ele nos poda, para que aumente a qualidade e a quantidade do fruto da nossa vida.

Oitava razãoA oitava e última razão porque

os apóstolos devem ser frutíferos encontra-se na primeira frase des-te ensino. Eu não organizei as ra-zões em ordem de aparição no tex-to, e estou me referindo à primeira razão por último, porque creio que esta seja a mais importante. Es-sencialmente, Jesus desafiou os Seus apóstolos a serem frutíferos, porque não há outra forma de al-cançar o mundo com o Seu Evan-gelho de salvação.

Existe um poema que fala do encontro de Jesus com anjos, de-pois da Sua Ascensão, os quais Lhe perguntam sobre os Seus 33 anos na terra e, principalmente, sobre a Sua vitória na cruz, validada pela Sua ressurreição. Um dos anjos pergunta a Jesus sobre a Grande Comissão e a obra de evangelis-mo no mundo, e Jesus responde que comissionou esta tarefa a onze apóstolos e a 500 discípulos, aproximadamente. O anjo, então, pergunta: “O que vai acontecer, se eles não conseguirem alcançar o

mundo?”. O Senhor responde: “Eu não tenho outro plano”.

ResumoO plano de Deus é colocar o

Seu poder no Seu povo, para atingir os Seus propósitos, através do Seu povo, de acordo com o Seu plano. Este é o espírito desta primeira exortação que eu estou apresen-tando por último, a fim de deixá-la bem enfatizada. Nesta linda metá-fora, Jesus é a Videira à procura de ramos. O fruto não cresce na videi-ra, mas nos ramos. Esta é uma re-velação profunda e verdadeira.

Se eu estivesse com Deus, quando Ele estabeleceu as coisas, teria aconselhado o Senhor a mu-dar esse plano, porque a natureza humana é muito fraca. Você acha que Deus sabia da fraqueza da car-ne quando tomou essa decisão? A palavra “carne” é usada na Bíblia significando “a natureza humana sem o cuidado de Deus”. Por que o Deus Todo Poderoso arquitetou um plano que limitou a propaga-ção do Evangelho à fraqueza do ser humano só Ele mesmo sabe.

Jesus tem algumas respostas para essa pergunta. Uma das ra-zões porque Deus usa os ramos humanos para produzir o fruto que permanece é porque, quando a vida e o poder de Deus fluem

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através dos ramos humanos e eles frutificam, Deus é glorificado e os ramos se enchem de alegria. Po-rém, a resposta mais importante para essa pergunta é que Deus e o Cristo Vivo e Ressuscitado não têm outro plano.

Vamos ver como Jesus usa a metáfora da videira e dos ramos para ilustrar e aplicar os conceitos do Sermão da Última Ceia. “Digo-lhes a verdade: Aquele que crê em mim fará também as obras que tenho realizado. Fará coisas ainda maiores que estas, porque eu estou indo para o Pai” (14.12).

É isso o que Jesus diz, quan-do pega um dos ramos carregados de frutos: “Como esses ramos es-tão alinhados na videira, de forma que a vida flui da videira para os ramos, a fim de produzirem frutos, assim vocês precisam estar em Mim e Eu em vocês, para que fru-tifiquem. Sem Mim não há nada que vocês possam fazer e Eu es-colhi não fazer nada sem vocês. Eu não tenho outro plano para realizar Minha obra neste mundo, além de proclamar a Minha Pala-vra e realizar a Minha obra, atra-vés de vocês e daqueles que se tornam Meus discípulos, por meio da frutificação”.

Antes de encerrarmos o comen-tário sobre os dezesseis versículos

do capítulo 15, quero fazer mais uma observação: alguns estudiosos do Velho Testamento acreditam que Jesus usou esta metáfora com base na pregação do profeta Isaías (Isaí-as 5.1-7). Os profetas se referem a Israel como a videira, e uma videira que não é frutífera. De acordo com o profeta, a vinha infrutífera é uma figura da perversidade e displicên-cia de Israel em ser o que Deus planejou para aquele povo como nação. Jesus usou esta metáfora em algumas das Suas parábolas, da mesma forma que os profetas a usaram (Mateus 21.33-40). É por isso que os estudiosos do Ve-lho Testamento acreditam que Je-sus, ali, naquele jardim, começou esta metáfora, dizendo, em outras palavras, o seguinte: “Eu sou a Videira Verdadeira, não aquela vi-deira infrutífera mencionada pelos profetas”.

Alguns sugerem que, nesta magnífica metáfora, Jesus está di-zendo aos apóstolos que a salvação, a paz, o fruto do Espírito e a vida abundante que Ele prometeu jamais seriam encontrados em um judeu religioso. Estas bênçãos sobrenatu-rais só podem ser vividas através de um relacionamento vital com Jesus, como tinham os apóstolos, principal-mente depois que se encontraram com o Cristo Vivo e Ressuscitado.

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A metáfora da videira e dos ra-mos foi a aplicação que Jesus fez para o ensino do Sermão da Última Ceia. Ele agora passa a comparti-lhar com aqueles homens a dura realidade que eles enfrentariam, quando pusessem em prática tudo o que Ele lhes designara, em Seu “discurso de formatura”, que fez para eles. Depois de uma previsão realista da oposição e perseguição que eles enfrentariam, Jesus pas-sa a dar informações mais especí-ficas sobre o trabalho do Espírito Santo neles, e através deles, de-pois da vinda do Consolador.

“Se o mundo os odeia, te-nham em mente que antes me odiou. Se vocês pertencessem ao mundo, ele os amaria como se fossem dele. Todavia, vocês não são do mundo, mas eu os esco-lhi, tirando-os do mundo; por isso o mundo os odeia. Lembrem-se das palavras que eu lhes disse: Nenhum escravo é maior que o seu senhor. Se me perseguiram, também perseguirão vocês. Se obedeceram à minha palavra, também obedecerão à de vocês.

Tratarão assim vocês por causa do meu nome, pois não conhecem aquele que me enviou. Se eu não tivesse vindo e lhes falado, não seriam culpados de pecado. Ago-ra, contudo, eles não têm descul-pa para o seu pecado. Aquele que me odeia, também odeia o meu Pai. Se eu não tivesse realizado no meio deles obras que ninguém mais fez, eles não seriam culpa-dos de pecado. Mas agora eles as viram e odiaram a mim e a meu Pai. Mas isto aconteceu para se cumprir o que está escrito na Lei deles: “Odiaram-me sem razão”. Quando vier o Conselheiro, que eu enviarei a vocês da parte do Pai, o Espírito da verdade, que provém do Pai, ele testemunhará a meu respeito. E vocês também teste-munharão, pois estão comigo des-de o princípio.” (João 15.18-27).

Os versículos acima registram como Jesus preparou os apóstolos para a perseguição e sofrimen-to que estava por vir. Durante os três primeiros séculos da História da Igreja, ser cristão era viver na ilegalidade. Houve dez períodos

Capítulo 9

“A Obra Tremenda” (João 15.18-27)

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de terrível perseguição e só depois que o Imperador Constantino abra-çou o cristianismo, em 312 dC, é que templos cristãos foram cons-truídos. A partir daí, ser cristão deixou de ser uma condição ilegal. Antes de Constantino, a Igreja se reunia nas casas, geralmente em secreto, ou se escondia em cata-cumbas, como as que existiam na capital do Império Romano.

Desde aquele tempo, a Igreja foi chamada de “igreja subterrâ-nea”, devido à prática de se reunir secretamente. Apesar de muitos não terem consciência disso, ain-da hoje milhões de cristãos se re-únem em igrejas subterrâneas, em países onde é proibido ser segui-dor declarado de Cristo.

A palavra grega para casa é “oikos”, por isso muitos estudiosos se referem à reunião em pequenos grupos da igreja subterrânea como “movimento oikos”. As orientações contidas no Novo Testamento a respeito da ordem, estrutura e fun-cionamento da Igreja, baseiam-se no fato de que a Igreja se reunia nessas condições, em pequenos grupos (I Coríntios 14.26-40). De-vido à terrível perseguição aos cren-tes em algumas partes do mundo, hoje a Igreja está novamente na direção de um “movimento oikos”,

tornando uma realidade o que a Bíblia diz sobre os últimos capítu-los da História da Igreja.

Jesus alertou: “Se o mundo os odeia, tenham em mente que antes me odiou” (João 15.18). Quando Jesus usa a palavra “mundo”, Ele está se referindo à maneira de pen-sar e sistema de valores seculares, nos quais não há um absolutismo moral. Um autêntico seguidor de Jesus tem um absolutismo moral e espiritual. Foi por isso que Jesus ensinou que Seus discípulos seriam como uma cidade construída sobre o monte, a qual não pode ser es-condida (Mateus 5.14). De acordo com Jesus, o mundo vai odiá-los, porque em tudo o que Seus segui-dores creem e constituem como seus valores entram em choque com o que o mundo crê e valoriza. A aplicação para nós, discípulos de Jesus, é muito clara.

No versículo 19, Jesus apre-senta um perfil do crente e da Igreja ao dizer “eu os escolhi, ti-rando-os do mundo”. Esta é uma descrição da Igreja.

Na língua original em que João escreveu este Evangelho, a palavra traduzida para Igreja é “ekklesia”, que significa, literalmente, “os cha-mados”. Nós, que pertencemos à Igreja de Jesus, somos “chamados”,

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mas para quê? Chamados para pre-gar dentro em meio à filosofia secu-lar, com sua maneira de pensar, seus valores e estilo de vida mundanos.

Como seguidores de Cristo, devemos entender que, quando cremos e assumimos o compro-misso de seguir Jesus, somos chamados para não pertencermos mais a este mundo. Não deve-mos ficar chocados quando des-cobrimos que o mundo não tem os valores de Cristo. O mundo jamais nos deixará esquecer que marchamos em um ritmo diferen-te e não devemos nos surpreender quando vemos que o mundo não tem os valores, os princípios mo-rais e propósitos que nós temos. Se atentarmos para as palavras de Jesus, estaremos preparados para tal experiência.

Jesus falou, ainda: “Lembrem-se das palavras que eu lhes disse: Nenhum escravo é maior que o seu senhor” (20), repetindo uma decla-ração que havia feito no início do retiro (13.16). Depois, continuou: “Se me perseguiram, também per-seguirão vocês”. Observe, agora, o lado positivo: “Se obedeceram à minha palavra, também obedece-rão à de vocês” (20).

Na verdade, Jesus quis dizer: “Vocês devem viver e servir no

mesmo mundo em que Eu vivi e servi, e podem esperar receber as mesmas respostas positivas e ne-gativas que Eu recebi. Muitos Me rejeitaram e Me perseguiram, mas alguns creram. Muitos vão perse-guir vocês, esperem por isso; po-rém, muitos crerão, seguir-Me-ão e viverão os Meus valores por causa da pregação e do ensino de vocês”.

Aplicação pessoalA palavra “testemunha”, em

grego, é a mesma que “mártir”; por esta razão, não devemos nos surpreender, quando você e eu vi-vemos, pregamos e ensinamos a Cristo, e o mundo reage ao nosso testemunho com certa presunção intelectual, contrária aos valores de Cristo. Não devemos nos es-quecer da promessa que Jesus deixou para nós: “Vocês são exem-plos de que alguns obedeceram ao ensino que recebi de Meu Pai. Da mesma forma, receberão uma resposta positiva no ministério de vocês e farão discípulos que obe-decerão ao ensino que receberam de Mim”. Quando William Tyndale foi perseguido por traduzir a Bíblia para o inglês, a fim de que pes-soas comuns a pudessem ler, ele reagiu dizendo: “Era exatamente isso o que eu esperava”.

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Devemos seguir seu exemplo e não nos surpreendermos se as pessoas nos ridicularizarem e nos perseguirem, quando anunciamos e vivemos os valores de Cristo.

Lembremo-nos do alerta que Jesus deixou, afirmando que foi sempre essa a reação do mundo às Suas testemunhas e aos Seus profetas. Logo no início do Seu ministério, Jesus advertiu os Seus discípulos, dizendo: “Ai de vocês, quando todos falarem bem de vo-cês, pois assim os antepassados deles trataram os falsos profetas” (Lucas 6.26). Portanto, devemos esperar indiferença e até hostilida-de do mundo, e ficarmos preocu-pados, quando formos elogiados e recebermos honras do mundo, o qual se opõe aos valores de Cristo que pregamos.

Existe, no entanto, a esperança de que, mesmo aqueles que zom-bam e até nos perseguem, quando pregamos o Evangelho de Cristo, possam um dia crer e obedecer, em resposta à nossa pregação e ensino. Esta não foi uma experiên-cia única do nosso Senhor, mas de todos os apóstolos, como podemos constatar no Livro de Atos.

Quando Paulo chegou à cor-rupta cidade de Corinto, onde Cristo nunca havia sido pregado,

antes do milagre do surgimento da Igreja, o Senhor apareceu-lhe e lhe disse: “Não tenha medo, continue falando e não fique calado, pois estou com você, e ninguém vai lhe fazer mal ou feri-lo, porque tenho muita gente nesta cidade” (Atos 18.9,10).

Isto é empolgante! Quando pre-gamos o Evangelho, não sabemos quem, mas sabemos, pela promes-sa de Jesus, que alguns responde-rão positivamente. Se você tiver coragem para pregar o Evangelho, verá quem são essas pessoas.

Ansioso para visitar os crentes de Roma e proclamar o Evangelho naquela cidade, Paulo escreveu: “Sei que, quando for visitá-los, irei na plenitude da bênção de Cristo” (Romanos 15.29). Quando somos convidados para pregar em algum lugar, para muitas pessoas ou para apenas uma, podemos dizer aos que nos convidaram que iremos “na plenitude da benção de Cristo”. Devemos aceitar o convite sabendo que, mesmo que haja oposição da maioria ou até mesmo persegui-ção, haverá aqueles que são “cha-mados”, que crerão e obedecerão à nossa pregação e ensino, assim como houve aqueles que creram e obedeceram à pregação e ao ensi-no de Jesus e dos apóstolos.

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Jesus avisou: “Tratarão assim vocês por causa do meu nome, pois não conhecem aquele que me enviou” (João 15.21). Ob-serve que Jesus não separava a rejeição dEle da do Pai e do Es-pírito: “Quem receber aquele que eu enviar, estará me recebendo; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou” (13.20). Confira também João 14.9-11. Jesus e o Pai são um e não dá para aceitar Um e rejeitar o Outro. Jesus fez esta afirmação várias vezes e ex-plicou que, quando Ele é rejeita-do, fica evidente o fato de que não O conhecem e também rejeitam aquEle que O enviou.

A partir do versículo 22, a declaração de Jesus é muito pa-recida com Suas palavras no ca-pítulo 9 deste Evangelho. Depois de curar o cego de nascença, Je-sus afirmou ser um tipo especial de luz, a qual dava visão aos que eram cegos, mas também revelava a cegueira daqueles que achavam que enxergavam.

Os líderes religiosos entende-ram o que Jesus estava falando e disseram: “Você está tentando dizer que somos (espiritualmen-te) cegos? E Jesus respondeu: Se vocês fossem cegos, não te-riam pecado algum. Mas, agora

vocês podem ver. Portanto, ago-ra o pecado permanece” (João 9.40,41). Que definição profunda de pecado: onde não há luz, não há pecado. Em João 8.12, lemos que Jesus disse: “Eu sou a luz do mundo”. Pecado é rejeitar aquEle que é a Luz do mundo. Portanto, a definição de um dos pecados mais sérios é rejeitar Jesus Cristo.

Isso nos faz perguntar: será que existe algum ser humano na terra que jamais recebeu a luz es-piritual? O apóstolo Paulo escreve que todos temos algum tipo de luz (Romanos 1.20), o que os teólo-gos chamam de “revelação natu-ral”. Jesus e Paulo ensinam que, se vivermos de acordo com a luz que temos, receberemos mais luz: “Tão-somente vivamos de acordo com o que já alcançamos” (Fili-penses 3.16). Portanto, é pecado não andarmos de acordo com a luz que recebemos.

Muitos anos atrás, num grupo de estudo bíblico, que era feito em uma casa, uma senhora japonesa respondeu entusiasticamente ao en-sino do primeiro capítulo da Bíblia. Com o rosto radiante, ela esperou até que todos fossem embora para que pudesse conversar comigo.

Jamais vou me esquecer da-quela conversa. Ela me disse:

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“Durante a Segunda Guerra Mun-dial, enquanto Tókio estava sendo bombardeada, eu clamei a outro Deus. Eu sabia que existia outro Deus, que era real, e eu O invoquei. Durante décadas, tive o forte pres-sentimento de que algum dia sabe-ria tudo sobre Ele. Enquanto o se-nhor ensinava sobre este Livro, eu soube em meu coração que este é o Deus Verdadeiro que invoquei, na-quele dia, no abrigo antibombas”.

A essência do pecado é a re-jeição da luz, o que quer dizer que somos responsáveis e seremos co-brados pela luz que recebemos. Ser exposto à luz espiritual é coi-sa séria, porque aumenta a nossa responsabilidade. Depois de ouvir-mos a Palavra de Deus e vermos os Seus milagres, teremos que prestar contas pelo que ouvimos e vimos. “O que fazemos com aquilo que sabemos” é o padrão de res-ponsabilidade encontrado em toda a Bíblia, principalmente neste en-sino de Jesus e na conclusão do capítulo 9 deste Evangelho.

O Conselheiro está chegandoNos últimos versículos do ca-

pítulo 15, Jesus anuncia: “Quando vier o Conselheiro, que eu enviarei as vocês da parte do Pai, o Espírito

da verdade que provém do Pai, ele testemunhará a meu respeito” (26). Uma das funções mais im-portantes do Espírito Santo é dar testemunho de Jesus. O Espírito Santo não atrai atenção para Si mesmo; Ele exalta Jesus. No ver-sículo 27, Jesus acrescenta: “E vo-cês também testemunharão, pois estão comigo desde o princípio”.

É importante que não esque-çamos a essência do que é e o que faz uma testemunha. Uma testemunha é alguém que viu ou vivenciou algo. Jesus estava di-zendo que os apóstolos tinham estado com Ele desde o princípio e agora o Espírito Santo viria e testificaria, mas eles também ti-nham que dar testemunho.

Para sermos testemunhas pre-cisamos da graça de Deus. Recebe-mos a ordem para sermos candeias posicionadas estrategicamente por Jesus, mas, também recebemos a ordem de ser testemunhas, alguém que abre sua boca e testifica sobre o que viu, ouviu e vivenciou.

O crente em Jesus tem que ser uma testemunha, alguém que testifica verbalmente. De acordo com Jesus, o Espírito Santo vai testificar, mas nós também deve-mos fazê-lo.

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Vamos iniciar o estudo do ca-pítulo 16, observando que o dis-curso de Jesus não foi interrompi-do entre o final do capítulo 15 e o início do capítulo 16: “Eu digo isso para que vocês não abandonem a sua fé. Vocês serão expulsos das sinagogas e chegará o tempo em que qualquer um que os matar pensará que está fazendo a von-tade de Deus. Eles vão fazer es-sas coisas porque não conhecem o Pai nem a mim. Mas eu digo isso para que, quando essas coi-sas acontecerem, vocês lembrem que eu já os tinha avisado. Eu não disse antes, porque ainda estava com vocês“ (1-4).

Observe que, neste trecho, Jesus enfatiza várias vezes o por-quê de estar falando estas coisas: “Eu já falei que vocês serão dis-persos... Eu lhes disse isso para que, quando chegar a hora, vocês se lembrem de que Eu os avisei... Eu não contei logo no começo, porque estava com vocês e, se Eu contasse, vocês se enche-riam de tristeza... Eu tenho muito mais para contar, muito mais que

vocês podem suportar” (1-12 tex-to parafraseado).

Fica claro, nos primeiros ver-sículos deste capítulo, que Jesus contou tudo isso, porque eles seriam expulsos das sinagogas, como expulsaram o cego de nas-cença, que foi curado, conforme vimos no capítulo 9. Jesus avisa que chegaria o tempo em que eles seriam mortos, por alguns acha-rem que com isso estariam pres-tando um serviço a Deus.

Você já foi perseguido por cau-sa de Jesus Cristo? Eu sei de cren-tes em outras partes do mundo que hoje oram pela Igreja em países, como o Brasil, onde há liberdade de culto e a Igreja não sofre, como acontece em outros lugares.

A perseguição que esses ir-mãos têm sofrido levou-os para mais perto de Deus e lhes trouxe amadurecimento de várias formas; por isso, eles não entendem que crentes que não sofram persegui-ção possam crescer e amadurecer espiritualmente.

Um grande historiador da Igre-ja observou que jamais aconteceu

Capítulo 10

“O Caráter do Conselheiro” (João 16.1-33)

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de um grupo não sofrer persegui-ção por causa do Evangelho de Jesus Cristo e por estabelecer Sua Igreja no mundo.

Será que Deus permitiu a per-seguição dos crentes, nos três pri-meiros séculos da Igreja, para que ela crescesse forte, poderosa e sa-dia como aconteceu? Eu agradeço a Deus pela paz que temos onde vivemos, mas, se passássemos por sofrimento e perseguição, deverí-amos nos lembrar da recomenda-ção de Pedro, que não devemos considerar anormalidade quando o Senhor permite tais provações (I Pedro 4.12).

Guarde as palavras de Jesus di-tas durante a Última Ceia, quando Ele preparou aqueles onze homens que estavam ao redor daquela mesa com Ele, para a perseguição que começaria horas depois.

As três características do Ministério do Espírito Santo

No capítulo 16, lemos as se-guintes palavras do Senhor: “Agora que vou para aquele que me enviou, nenhum de vocês me pergunta: Para onde vais? Porque falei estas coisas, o coração de vocês encheu-se de tristeza. Mas eu lhes afirmo que é para o bem de vocês que eu vou. Se eu não for, o Conselheiro

não virá para vocês; mas, se eu for, eu o enviarei. Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo. Do pecado, porque os homens não creem em mim; da justiça, porque vou para o Pai, e vocês não me verão mais, e do juízo, porque o príncipe deste mundo já está condenado. Tenho ainda muito que lhes dizer, mas vocês não o podem suportar agora. Mas, quando o Espírito da verdade vier, ele os guiará a toda a verda-de. Não falará de si mesmo; falará apenas o que ouvir, e lhes anun-ciará o que está por vir. Ele me glo-rificará, porque receberá do que é meu e o tornará conhecido a vocês. Tudo o que pertence ao Pai é meu. Por isso eu disse que o Espírito re-ceberá do que é meu e o tornará conhecido a vocês. Mais um pouco e já não me verão; um pouco mais, e me verão de novo” (5-16).

Eles estavam consumidos pela tristeza de saber que iam perder Je-sus. Neste contexto, nos deparamos com uma das maiores declarações a respeito do Espírito Santo: “Mas, eu lhes afirmo que é para o bem de vocês que eu vou. Se eu não for, o Conselheiro não virá para vocês; mas se eu for, eu o enviarei” (16.7).

Você já parou para pensar no carisma de Jesus e como era bom

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estar ao lado dEle? Alguma vez você pensou: “eu adoraria ter es-tado com Ele?”. Eu gosto de ima-ginar como Jesus era fisicamente. Os Evangelhos e os profetas dão algumas informações acerca das características físicas de Jesus.

O Jesus apresentado nos Evangelhos é um homem de 30 anos, facilmente reconhecido como um judeu. Os profetas in-dicam que Ele era um homem de dores, que sabia o que era padecer e que teve sua aparência desfigu-rada (Isaías 52.14; 53.3). O his-toriador judeu Josefo escreveu que Jesus era mais alto que um forte pescador, como Pedro, por exem-plo, com quem Ele andou durante três anos, porque Ele podia ser vis-to no meio da multidão, quando se aglomeravam ao Seu redor.

A maioria das pessoas imagi-na Jesus com um aspecto triste, sisudo, aparência pesada por cau-sa do peso do mundo sobre Seus ombros. Um livro intitulado “Jo-sué” levanta a seguinte pergunta: “Como seria Jesus, se estivesse vivendo hoje entre nós?”. O objeti-vo do autor é mostrar como temos ideias pré-concebidas a respeito da aparência de Jesus.

Entretanto, as últimas pala-vras de Jesus para aqueles onze

homens são muito melhores que os três anos que eles passaram juntos. Parafraseando o que Jesus lhes disse, seria o seguinte: “Para o bem de vocês é necessário que eu deixe este corpo físico e, de-pois, retorne para vocês na forma de Conselheiro”.

Enquanto Jesus ocupou um corpo físico, desistiu de alguns dos Seus atributos divinos, como a onipresença; mas, depois dessa mudança necessária para o bem dos apóstolos e da Igreja, Jesus pode estar em todos os lugares do mundo ao mesmo tempo.

Jesus também deixa bem cla-ro porque é melhor que seja assim: “Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo” (16.8). Em outra tradução, lê-se: “Ele manifestará a culpa do mundo”. Nem sempre a culpa é uma experiência emocional nega-tiva; de certa forma, a culpa pode ser sadia, pois, se uma pessoa sen-te culpa, quer dizer que ela tem al-guma integridade moral e discerni-mento de que algumas coisas são certas e outras são erradas.

Uma pessoa que não sente cul-pa é indiferente quanto ao conceito de certo e errado, ou seja, é uma pessoa que não acredita em moral. Isso também pode ser chamado de

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“relativismo moral”, que seria uma outra maneira de se referir à falta de “absolutismo moral”. Muitas pessoas tentam fugir da sua pró-pria culpa e da culpa dos outros, afirmando que não existe esse ne-gócio de certo e errado. Agir des-ta forma, porém, é como jogar um perfume sobre um tumor maligno, que precisa ser retirado.

Eu gosto muito de ler sobre o despertamento do século XVIII, quando pregadores como George Whitfield e os irmãos Wesley, na Inglaterra, e Jonathan Edwards, nos Estados Unidos, pregaram o Evangelho, obtendo resultados so-brenaturais. Eu li o seguinte teste-munho de um fazendeiro que ouviu a pregação de George Whitfield, nos Estados Unidos: “Quando ele começou a falar, eu senti aquela queimação no meu coração e, no meio de todos, caí de joelhos, cho-rando, arrependido, confessando os meus pecados”.

É assim que o Espírito Santo expõe o pecado e a culpa. Por que será que um fazendeiro se sentiu assim ao ouvir um homem pregar o Evangelho? De acordo com Je-sus, essa é uma das funções do Espírito Santo. Muita gente no lu-gar do fazendeiro sentiu um pouco de culpa, enquanto que outros não

sentiram nenhuma culpa; na ver-dade, podem até ter zombado da mensagem do Evangelho.

Como parte deste avivamento espiritual que aconteceu nos Esta-dos Unidos, Jonathan Edwards fez um sermão intitulado “Pecadores nas Mãos de um Deus Irado”. A re-ação da igreja a essa pregação foi tremenda. As pessoas foram forte-mente convencidas dos seus peca-dos, seguravam-se nos bancos da igreja, achando que iam “escorre-gar” para o inferno e, arrependidas, confessavam seus pecados.

Às vezes, eu penso que, se pre-gássemos esse mesmo sermão hoje, sem a unção do Espírito Santo que estava sobre Jonathan Edwards, as pessoas iam achar que era uma encenação cômica, porque o que faz toda a diferença é a unção e o ministério do Espírito Santo descri-to por Jesus, ao falar sobre o que significaria a vinda do Conselheiro, no ministério de pregação dos que obedeceram à Grande Comissão. Encontramos o mesmo tipo de re-ação à pregação do Evangelho no Livro de Atos, começando pela pre-gação de Pedro no Dia de Pentecos-tes e por toda a primeira geração da Igreja (Atos 2.37-47; 10.44-46).

Na Bíblia, nós encontramos respostas positivas e negativas a

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Cristo e ao Seu Evangelho. O que determinava uma e outra? Por que alguns riem enquanto outros se comovem e clamam a Deus por salvação? O ministério e a função do Espírito Santo determinam uma ou outra reação.

Jesus disse que, quando o Conselheiro viesse, exporia a cul-pa do mundo ou convenceria o mundo do pecado, da justiça e do juízo. “Do pecado, porque os ho-mens não creem em mim; da jus-tiça, porque vou para o Pai, e vo-cês não me verão mais, e do juízo, porque o príncipe deste mundo já está condenado” (9-11).

Há três maneiras pelas quais o Espírito Santo convence do pe-cado ou expõe a culpa do mundo. De acordo com Jesus, o Espíri-to Santo convence do pecado de não crer nEle. Você se lembra que Jesus declarou a Nicodemos que Ele era o Único filho de Deus, o Único Salvador de Deus e a Única Solução de Deus para o problema do pecado do mundo? (João 3.14-19). Depois de fazer esta decla-ração, Jesus acrescentou algo ainda mais dogmático, que pode ser colocado desta forma: “Aque-le que crê nesta declaração terá vida eterna, mas quem não crê no que Eu estou declarando será

condenado, não por causa dos seus pecados, mas porque não creu em Mim quando afirmei que Eu Sou o Único Filho de Deus e o Único Salvador de Deus” (3.18).

Paulo escreveu que Deus es-tava em Cristo reconciliando Con-sigo o mundo, tirando do mundo a acusação dos pecados que pe-savam sobre ele. E Ele nos con-fiou a mensagem e o ministério da reconciliação. Devemos sair pelo mundo, não mais para dizer que todos vão para o inferno por causa dos seus pecados, mas para anun-ciar as Boas Novas: “Vocês não precisam mais ir para o inferno porque, a partir do momento em que Cristo morreu na cruz, deixou de pesar a acusação dos pecados. Deus colocou sobre o Seu Único Filho, Jesus Cristo, toda acusação que havia contra todos nós” (II Coríntios 5.13 - 6.2).

Se compreendermos e crermos no que Jesus e Paulo disseram, sa-beremos que Deus não manda nin-guém para o inferno por causa dos seus pecados, nem mesmo Adolph Hitler. Ele não sofrerá condenação por causa dos seus pecados, mas por não crer em Jesus Cristo. Ele zombou de Jesus Cristo, dos Seus valores, do Seu ensino e da Sua fi-losofia de vida.

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De acordo com Jesus, o peca-do que nos condena é o de não crer nEle como o Único Salvador que Deus providenciou para a re-denção das nossas almas. Quando Jesus diz aos apóstolos que o Es-pírito Santo convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo, Ele reforça a declaração dogmáti-ca que fez a Nicodemos.

A primeira coisa de que o Es-pírito Santo nos convence é acerca do pecado que cometemos, quando não cremos em Jesus Cristo como nosso Senhor e Salvador pessoal.

Como podemos saber o que é certo e o que é errado? Será que existe um padrão absoluto para o que é certo e o que é errado? Os seguidores de Cristo respondem a esta pergunta, pensando nos Dez Mandamentos e no Sermão do Monte. De acordo com Paulo, toda a Escritura nos foi dada por Deus para nos instruir sobre a justiça (II Timóteo 3.16). Em toda a Bíblia, podemos encontrar orientação so-bre o que é certo e o que é errado.

No início deste Evangelho, João escreveu que nenhum ho-mem jamais viu Deus, mas o Seu Filho Unigênito O manifestou plenamente. Jesus revelou tudo que o homem poderia compre-ender sobre Deus. O Jesus que

encontramos neste Evangelho é a Palavra Viva, é o padrão absoluto da justiça de Deus. Sua vida é a definição viva do que é certo e do que é errado.

Um poeta britânico escreveu um poema sobre um soldado pe-cador que morreu na batalha e foi parar no céu por engano. Ao encontrar-se com Jesus, ele não O podia encarar e, triste, pergun-tou: “Senhor, por favor, posso ir para o inferno?”.

Jesus era tão puro e santo quando estava aqui, que repre-sentava o único padrão absoluto de justiça. Ele convenceu o povo da sua injustiça e nós, ao lermos no Novo Testamento, a respeito da vida de Jesus na terra, somos con-vencidos da nossa injustiça. Jesus estava dizendo que agora o Espírito Santo assumiria a responsabilidade de convencer o mundo da injustiça, porque Ele estava indo para o Pai e eles não O veriam mais (16).

Quando Jesus estava no mun-do, para descobrir o que era certo ou errado, bastava segui-Lo por onde Ele fosse. Se alguém quises-se saber alguma coisa sobre Sua filosofia de vida, valores morais ou justiça, a vida de Jesus era o padrão perfeito do que era certo; bastava ouvir os Seus ensinos tão profundos.

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A seguir, Jesus afirma que o Espírito Santo vai convencer o mundo do juízo, porque o “prínci-pe deste mundo já está condena-do” (11). Com esta afirmação, Je-sus está declarando que Satanás já foi derrotado. Não existe maior poder na terra que o de Jesus Cris-to. Mesmo que Satanás tenha o controle do que está acontecendo no mundo, para o discípulo con-trolado pelo Espírito Santo não existe poder na terra maior que o poder encontrado no Espírito do Cristo Vivo e Ressuscitado.

No versículo 11, lemos a de-claração de Jesus de que o prín-cipe deste mundo pode ser der-rotado pelo Espírito Santo. Com certeza, o apóstolo João estava se lembrando das palavras de Jesus, quando escreveu: “Filhinhos, vo-cês são de Deus e os venceram, porque aquele que está em vocês é maior que aquele que está no mundo” (I João 4.4).

A aplicação pessoal é que nós não temos que ser derrotados nem controlados pelo poder de Sata-nás. Com essas palavras Jesus está apresentando o maravilhoso ministério do Espírito Santo.

A seguir, Jesus diz: “Tenho ainda muito que lhes dizer, mas vocês não o podem suportar

agora” (12). Todas as afirmações de Jesus são tão profundas que poderíamos escrever páginas e pá-ginas sobre apenas uma delas.

Os pregadores e professores precisam entender que seus ouvin-tes têm uma capacidade limitada para o que podem ouvir e aprender a respeito da Palavra de Deus. Je-sus era absolutamente Mestre em fazer discípulos. Para pequenos grupos, Jesus ensinava colocando-os para aprender na prática. Gran-de parte do Seu método de ensino era prático, suscitando perguntas e diálogos entre os homens. É ób-vio que Jesus sabia perfeitamente quando eles tinham condição de absorver o Seu ensino.

Depois de deixar claro que ti-nha consciência do quanto eles po-diam ou não compreender naquele contexto, Jesus disse: “Quando o Espírito da verdade vier, ele en-sinará toda a verdade a vocês. Ele não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que ouviu e anunciará a vocês as coisas que estão para acontecer” (13).

Esta profecia a respeito do ministério do Espírito Santo cer-tamente inclui o ensino de Jesus a respeito dos acontecimentos fu-turos, relacionados à Sua Segun-da Vinda, citados tantas vezes em

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Suas parábolas e em Seus ensina-mentos, como no sermão do Mon-te das Oliveiras (Mateus capítulos 24 e 25), mas também tem a ver com a dura realidade daqueles ho-mens que estavam prestes a en-frentar um futuro cheio de incerte-zas e perigos.

Eles sabiam que provavel-mente seriam mártires por causa de Jesus e, com exceção do autor deste Evangelho, todos eles o fo-ram. Porém, como eles saberiam que era a estratégia e plano de Je-sus para a organização da Grande Comissão, em meio àquela cultura hostil ao Senhor e ao Evangelho, que Ele os tinha comissionado para pregar? O que eles deveriam fazer, no caso de serem presos, e como deveriam reagir diante de uma iminente execução? A respos-ta é que, quando Jesus partisse, o Espírito Santo os faria saber tudo o que eles precisariam saber.

No Livro de Atos, vemos cumprida, literalmente, a pre-visão do ministério do Espírito Santo, quando Ele veio no Dia de Pentecostes. Certamente, eles não sabiam o que fazer, mas o mesmo Espírito Santo lhes deu a sabedoria acerca do que eles precisavam, além da graça e da coragem para aplicá-la.

O Espírito Santo também re-vela o que está por vir. Ele é o verdadeiro Autor das inspiradas cartas dos apóstolos, as quais nos contam de maneira maravilhosa o que está por acontecer no mundo.

Esta é uma aplicação pessoal e devocional para nós: o Espírito Santo, descrito por Jesus com es-sas palavras, pode exercer a mes-ma função em nossas vidas hoje. Através do estudo das Escrituras, Ele mostra o que está por vir em relação à Segunda Vinda de Jesus Cristo; também guia nossas vidas hoje, dando a sabedoria de que ne-cessitamos e, também, a graça e a coragem para aplicar a sabedoria que Ele dá. Quando não sabemos o que fazer, Tiago nos exorta a pe-dir sabedoria a Deus: “Se algum de vocês tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá li-vremente, de boa vontade; e lhe será concedida” (Tiago 1.5).

Quando percebemos que não conseguimos aplicar essa sabedo-ria sem a ajuda de Deus, Ele nos dá a graça. Em um versículo reple-to de superlativos, Paulo assegura que Deus nos dará graça supera-bundante, quando entendermos que não podemos aplicar Sua sa-bedoria sem a Sua ajuda: “Deus é poderoso para fazer que lhes seja

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acrescentada toda a graça, para que em todas as coisas, em todo o tempo, tendo tudo o que é neces-sário, vocês transbordem em toda boa obra” (II Coríntios 9.8).

Depois de apresentar o futuro ministério do Espírito Santo, Je-sus diz aos Seus apóstolos: “Mais um pouco e já não me verão; um pouco mais, e me verão de novo” (16). É claro que Jesus está jogan-do mais uma isca para eles faze-rem outra pergunta. “Alguns dos seus discípulos disseram uns aos outros: O que ele quer dizer com isso: Mais um pouco e não me ve-rão; e um pouco mais e me verão de novo, porque vou para o Pai? E perguntavam: Que quer dizer um pouco mais? Não entendemos o que ele está dizendo”, (17,18).

Como já comentamos antes, neste discurso Jesus anuncia que vai morrer e que, depois da Sua morte, eles passariam a ter um re-lacionamento mais profundo com Ele. Para nós é fácil entender o que Jesus estava falando; mas, se nos colocarmos no lugar dos apóstolos, podemos compreender a dificuldade que eles tinham para entender esse discurso de Jesus.

Quando os apóstolos come-çam a questionar o que significaria “Mais um pouco e não me verão”

e “um pouco mais” Jesus introduz uma bonita ilustração sobre uma mulher dando à luz uma criança (21,22). Esta metáfora refere-se ao curto período em que eles não O veriam, quando Jesus seria tira-do deles, crucificado e sepultado, até Sua ressurreição.

Durante os quarenta dias que Jesus esteve na terra, quando Se mostrou vivo para Seus discípulos, provando Sua ressurreição, com muitas evidências infalíveis, eles tiveram uma alegria como a da mulher depois que traz seu filho ao mundo. Foi uma alegria tão inten-sa, que apagou toda tristeza que sofreram com a morte de Jesus na cruz, e aquela alegria jamais seria tirada deles.

Na oração do Pai nosso (Ma-teus 6.9-13), Jesus ensina que devemos nos dirigir a Deus em ora-ção, apresentando nossas petições em Seu nome. Essa passagem é muito importante porque apresenta um modelo de oração pessoal e, ao mesmo tempo, de oração em gru-po. Quando fazemos a oração que Jesus ensinou aos apóstolos, nos dirigimos ao Pai e não a Jesus; fala-mos com o Pai, em nome de Jesus.

A partir de versículos isolados do Novo Testamento, podemos ad-quirir a impressão de que orar é

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uma questão de entrar no quarto e apresentar uma lista de compras para Deus fazer. Se esta for nossa ideia de oração, realmente é por-que não entendemos a essência da oração de Jesus, nem do que significa orar em Seu nome, de acordo com a essência de quem Jesus era, é e será eternamente. Ele mesmo orou assim: “não seja como eu quero, mas como tu que-res” (Mateus 26.39). Viver e orar como Jesus é viver e orar de acor-do com a vontade de Deus.

Orar em nome de Jesus não significa usar uma fórmula mágica, que abre o coração de Deus para alguma coisa que Lhe pedimos em oração. Com esta instrução, Jesus está dizendo que precisamos fazer nossas petições de acordo com os Seus propósitos. Este é o mesmo princípio que o apóstolo Paulo en-sinou, quando escreveu: “Sabe-mos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito” (Romanos 8.28).

Quando estamos obedecendo à Grande Comissão e construindo a Igreja de Jesus no mundo, pode-mos pedir qualquer coisa de acor-do com a vontade de Deus, a qual nos será dada; nossa alegria será

completa, quando as pessoas cre-rem no Evangelho, e nós estare-mos em um relacionamento com o Cristo Ressuscitado, enquanto Sua Igreja é edificada neste mundo. É isto o que todos nós realmente queremos, se somos discípulos verdadeiros de Jesus Cristo.

Ao concluir Seu ensino, Jesus diz: “Embora eu tenha falado por meio de figuras, vem a hora em que não usarei mais esse tipo de linguagem, mas lhes falarei aber-tamente a respeito de meu Pai. Nesse dia, vocês pedirão em meu nome. Não digo que pedirei ao Pai em favor de vocês, pois o pró-prio Pai os ama, porquanto vocês me amaram e creram que eu vim de Deus. Eu vim do Pai e entrei no mundo; agora deixo o mundo e volto para o Pai” (25-28).

Os discípulos de Jesus, então, disseram: “Agora estás falando cla-ramente, e não por figuras. Agora podemos perceber que sabes to-das as coisas e nem precisas que te façam perguntas. Por isso cre-mos que vieste de Deus” (29,30), ao que Jesus respondeu: “Agora vocês creem? Aproxima-se a hora, e já chegou, quando vocês serão espalhados cada um para a sua casa. Vocês me deixarão sozinho, mas eu não estou sozinho, pois

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meu Pai está comigo. Eu lhes dis-se estas coisas para que em mim vocês tenham paz. Neste mundo vocês terão aflições; contudo, te-nham ânimo! Eu venci o mundo” (31-33). É assim que Jesus encer-ra o Sermão da Última Ceia.

Jesus disse a Seus apóstolos que até aquele momento tinha fa-lado por meio de parábolas e figu-ras de linguagem, com metáforas muito profundas, mas agora Ele promete que chegou o tempo em que falará claramente (25). Tenho certeza que naquele exato momen-to Jesus estava ensinando verda-des muito profundas que eles não compreendiam, mas eles disseram a Jesus: “Agora estás falando cla-ramente, e não por figuras” (29). Existe certa ironia nesta passagem. Não temos nenhum detalhe sobre o tom de voz ou a expressão facial de Jesus ao responder a Pedro, que estava se gabando diante de todos que jamais O negaria. Mais uma vez, depois de três anos de trei-namento e de um relacionamento profundo com Jesus, eles finalmen-te creram. Tenho certeza que foi com grande amor e compaixão que Jesus falou no versículo 31: “Agora vocês creem?”.

Jesus, então, faz uma im-portante previsão do que iria

acontecer em breve: “Aproxima-se a hora, e já chegou, quando vocês serão espalhados cada um para a sua casa. Vocês me deixarão so-zinho, mas eu não estou sozinho, pois meu Pai está comigo” (32). Através dos outros Evangelhos sa-bemos que Judas ia chegar com as autoridades religiosas e com soldados para prenderem Jesus.

Não devemos ser tão duros com Pedro, por causa da sua trípli-ce negação, porque, quando Jesus foi preso, “todos os discípulos O abandonaram e fugiram” (Mateus 26.56; Marcos 14.50). Quando Jesus foi preso, o número de mem-bros da Igreja passou a ser zero.

A mesma coisa aconteceu com o apóstolo Paulo. Em sua últi-ma carta, a segunda que escreveu a Timóteo, Paulo diz: “Na minha primeira defesa, ninguém apa-receu para me apoiar; todos me abandonaram. Que isso não lhes seja cobrado” (II Timóteo 4.16). A seguir, ele também escreve que não ficou sozinho: “Mas o Senhor permaneceu ao meu lado e me deu forças” (17). Jesus afirma: “Vocês me deixarão sozinho, mas eu não estou sozinho, pois meu Pai está comigo” (João 16.32).

Acho muito importante a pergunta de Jesus: “Agora vocês

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creem?” feita àqueles homens, depois de ter vivido três anos com eles. Quando foi que os apóstolos creram? No primeiro capítulo deste Evangelho, lemos que eles se com-prometeram a segui-Lo; no segun-do capítulo, quando Jesus transfor-mou a água em vinho, lemos que “os seus discípulos creram nEle”.

Depois de viver certo tempo com Ele e de ter visto Jesus operar muitos milagres, quando eles fica-ram aterrorizados com os ventos e as ondas daquela terrível tempes-tade, perguntaram em desespero a Jesus: “Mestre, não te importas que morramos?”. E Jesus respon-deu: “Por que vocês estão com tanto medo? Ainda não têm fé?” (Marcos 4.38,40).

Também acho impressionante como o mesmo Pedro, que, nos Evangelhos, negou Jesus três ve-zes, algumas semanas mais tarde é o mais destemido e corajoso lí-der dos seguidores de Jesus (Atos 2.14-36).

Pedro e João foram chamados diante do Sinédrio, que era forma-do por líderes religiosos judeus. O Sinédrio se reunia em um círculo ao redor da pessoa convocada, para se apresentar diante deles, o que quer dizer que a pessoa fica-va rodeada de fariseus, rabinos e

escribas nada amistosos, inquirin-do o acusado. Se fosse dada algu-ma resposta considerada errada, o Sinédrio ordenava o espancamen-to e até a morte do acusado. Ser convocado pelo Sinédrio era uma experiência aterrorizadora.

De acordo com a Bíblia, Pe-dro e João tinham pouca instrução, mas se tornaram homens destemi-dos, quando foram cheios do Espíri-to Santo. Eles se apresentaram cal-mos e seguros, demonstrando ter grande sabedoria ao falar. A Bíblia afirma que para o Sinédrio estava bem claro que aqueles homens ti-nham estado com Jesus (Atos 4)

Qual foi a causa de uma mu-dança tão drástica naqueles ho-mens, que se mostraram assustados e covardes, porém, apenas algumas semanas depois, tornaram-se tes-temunhas tão corajosas? A única explicação é o Dia de Pentecostes, quando foi cumprida a promessa da vinda do Espírito Santo, o Consola-dor. O comportamento sobrenatural dos apóstolos também responde uma das perguntas que serviram de base para o estudo do Evangelho de João: “O que é fé?”.

Breve resumo do capítulo 16Na parte final do Sermão da

Última Ceia, Jesus prepara os

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apóstolos para a perseguição que eles enfrentariam.

A apresentação que Jesus fez e as respostas dos apóstolos se encerram com o último versícu-lo deste capítulo: “Eu lhes disse essas coisas para que em mim vocês tenham paz. Neste mundo vocês terão aflições; contudo, te-nham ânimo! Eu venci o mundo”.

Podemos resumir as palavras de Jesus, na passagem que vai do capítulo 15, versículo 18, até o final do capítulo 16, com estes três tópicos:

Como ver o mundo“Se o mundo os odeia, tenham

em mente que antes me odiou... Se me perseguiram, também per-seguirão vocês; se obedeceram à minha palavra, também obe-decerão à de vocês” (15.18,20). “Vocês serão expulsos das sinago-gas; de fato, virá o tempo quando quem os matar pensará que está prestando culto a Deus” (16.2).

Como ver o Ministério do Espírito Santo

É importante observar que foi quando falou da perseguição que os apóstolos enfrentariam que Jesus apresentou uma descrição profunda do ministério do Espírito

Santo na vida deles, e através de-les (16.7-11).

A descrição que Jesus fez do ministério do Espírito Santo pode ser sintetizada nestes versículos: “Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo. Do pecado, porque os ho-mens não creem em mim; da jus-tiça, porque vou para o Pai, e vo-cês não me verão mais; e do juízo, porque o príncipe deste mundo já está condenado” (16.8-11).

Como entender o que Jesus está lhe dizendo

Este é um resumo das fra-ses de Jesus, que relacionam dois temas: a perseguição que se aproxima e a chegada do Espíri-to Santo, que os capacitará para suportar a perseguição: “Eu lhes tenho dito tudo isso para que vocês não abandonem a sua fé” (16.1). “Estou lhes dizendo isto para que, quando chegar a hora, lembrem-se que eu os avisei. Não lhes disse isso no princípio, porque eu estava com vocês. Agora vou para aquele que me enviou” (16.4,5). “Porque falei estas coisas, o coração de vocês encheu-se de tristeza” (16.6). “Tenho ainda muito que lhes dizer, mas vocês não o podem

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suportar agora” (16.12). “Em-bora eu tenha falado por meio de figuras, vem a hora em que não usarei mais esse tipo de lin-guagem” (16.25). “Eu lhes disse essas coisas para que em mim vocês tenham paz” (16.33).

ConclusãoMinha oração é que, através

do estudo deste Evangelho, você tenha conhecido Jesus como seu Salvador, e que você esteja vivendo

a obra miraculosa do Espírito San-to em sua vida, como aconteceu com os discípulos há quase dois mil anos.

Também oro para que esses livros o ajudem a entrar na Pala-vra de Deus, e que a Palavra de Deus entre em você. Esta é a mi-nha oração constante, porque sei que Deus faz coisas miraculosas, quando permanecemos na Sua Palavra e Sua Palavra permanece continuamente no Seu povo.

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No capítulo 17 está registrada a chamada “Oração do Senhor”, a qual não devemos confundir com a que Jesus ensinou aos Seus dis-cípulos, a “Oração do Pai Nosso” (Mateus 6.9-13).

Existe outra oração de Jesus, que deveria ser chamada “Oração do Senhor”, que está registrada nos Evangelhos de Mateus, Mar-cos e Lucas. Através dela, sa-bemos que, antes de enfrentar a cruz, Jesus disse: “Pai, se queres, afasta de mim este cálice; contu-do, não seja feita a minha vonta-de, mas a tua... estando angus-tiado, ele (Jesus) orou ainda mais intensamente; e o seu suor era como gotas de sangue que caíam no chão” (Lucas 22.42,44).

O relato desta oração inicia assim: “Depois de dizer isso, Je-sus olhou para o céu e orou: “Pai, chegou a hora, glorifica o teu Fi-lho, para que o teu Filho te glo-rifique, pois lhe deste autoridade sobre toda a humanidade, para que conceda a vida eterna a to-dos os que lhe deste. Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único

Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste. Eu te glorifiquei na terra, completando a obra que me deste para fazer. E agora, Pai, glorifica-me junto a ti, com a gló-ria que eu tinha contigo antes que o mundo existisse” (1-5).

No primeiro versículo, João escreveu: “Depois de dizer isso, Jesus olhou para o céu e orou”. Depois de dizer o quê? Depois de ter dado todo o Seu ensino no ce-náculo, durante a Última Ceia. Es-sas palavras de João referem-se à oração mais longa de Jesus e ao Seu discurso mais longo feito du-rante a Última Ceia.

Esta oração pode ser dividida em três partes. A primeira parte cor-responde aos cinco primeiros versí-culos, citados acima; a segunda, do versículo 6 ao 19, e a terceira, do versículo 20 até o versículo 26.

Nos primeiros cinco versículos da oração, depois de se dirigir a Deus como Seu Pai, aliás, como Ele nos instruiu na oração do Pai nosso, Suas primeiras palavras fo-ram: “chegou a hora”. Como já co-mentamos, esta foi uma frase que

Capítulo 11

“A Oração do Senhor” (João 17.1-26)

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CBI - Encontro com a Palavra Livro 11 103

Jesus usou em todo o Evangelho de João, principalmente no capítu-lo 12 e, agora, nesta oração. Esta “hora” obviamente não se refere a uma hora de 60 minutos, mas ao momento da Sua morte na cruz para nossa salvação.

Nos cinco primeiros versícu-los, Jesus define um dos propósi-tos de João ao escrever este Evan-gelho, isto é, que crêssemos que Jesus é o Cristo e, assim, tivés-semos a Vida Eterna (20.30,31). Nos primeiros versículos desta oração, Jesus afirma que a Vida Eterna é conhecer o Pai e o Cristo que está junto ao Pai. Ele também coloca Sua própria vida e obra diante do Pai.

Sabendo que Jesus orou pela Sua própria vida e obra, aprende-mos com Ele como podemos glori-ficar a Deus. Jesus glorificou o Pai, terminando a obra que o Pai desig-nou para Ele, durante os 33 anos em que viveu aqui, e nós também devemos glorificá-Lo.

Assim como Jesus se preocu-pou em viver e cumprir a obra de Deus aqui na terra, você e eu, de-pois que conhecemos Jesus Cristo como nosso Salvador e Senhor, de-vemos ter a mesma preocupação.

Paulo afirma em Efésios 2.8-10, que não somos salvos

pelas obras, mas para as boas obras, as quais Deus ordenou que fizéssemos.

Isso quer dizer que Deus nos salvou para um propósito nesta vida. É claro que existe um propó-sito na vida eterna; mas, a partir do momento em que Ele nos salva, até que nos leve para Sua casa, tam-bém temos um propósito a cumprir nesta vida, que é a obra para a qual Ele nos escolheu, salvou e chamou (João 15.16; Efésios 2.8-10). As-sim como Jesus orou pela obra que o Pai queria que Ele fizesse, nós devemos orar pela obra que o Se-nhor quer que façamos.

Na primeira parte desta ora-ção, Jesus faz referência à criação e a Si próprio. No relato da criação, escrito em hebraico e registrado no primeiro capítulo do Livro de Gê-nesis, o pronome pessoal, que se refere ao Criador, é usado no plural “Façamos (nós) o homem à nossa imagem” (Gênesis 1.26). Estu-dando o “Sermão da Última Ceia”, concluímos que Deus existe em três pessoas reveladas para nós como o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

No versículo 5, do capítulo 17 deste Evangelho, temos este pedido de Jesus: “Pai, glorifica-me junto a ti, com a glória que eu tinha contigo antes que o mundo

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CBI - Encontro com a Palavra104 Livro 11

existisse”. Este pedido revela que Ele existia antes da criação do mundo e que participou do mila-gre da criação (João 1.1-3). A Bí-blia também afirma que o Espírito Santo pairava sobre os primeiros estágios da criação, o que nos faz concluir que o Pai, o Filho e o Es-pírito Santo trabalharam juntos em perfeita harmonia no milagre da criação (Gênesis 1.2).

A partir desse pedido de Je-sus, também aprendemos que Ele não passou a existir, quando nasceu em Belém. Teólogos cha-mam esse fato de “existência pré-encarnada” de Jesus, o que quer dizer que Ele já existia antes que a Palavra eterna se tornasse carne e habitasse entre nós (João 1.1,14).

Jesus já existia antes de Se tornar carne e nascer em Belém; viveu em um corpo durante trin-ta e três anos; foi glorificado em um corpo ressuscitado, no qual se manifestou durante quarenta dias, depois da Sua ressurreição; três apóstolos estiveram com Jesus no chamado “Monte da Transfigura-ção”. Mateus escreveu que Jesus foi transfigurado diante desses apóstolos: “Ali ele foi transfigura-do diante deles. Sua face brilhou como o sol e suas roupas se torna-ram brancas como a luz” (Mateus

17.2). Ele conversou com Moisés e com Elias e foi completamente transformado. Mateus usa a pala-vra “transfigurado” e esta palavra é a mesma usada para descrever a transformação de uma lagarta em borboleta. Portanto, devemos incluir a transfiguração de Jesus, quando consideramos as diversas formas nas quais Jesus existiu.

Depois de escrever que ele e os outros apóstolos tinham visto e to-cado no corpo ressurreto de Jesus, o apóstolo João também escreve, no terceiro capítulo da sua Primeira Epístola, que ainda não foi revelado o que seremos, mas que seremos como Ele é agora (I João 3.1,2). Isto nos leva a perguntar: “Qual é a forma que Jesus tem agora?”.

O último pedido de Jesus nos primeiros versículos que estamos estudando é de grande profundi-dade, e nos leva a fazer a mesma pergunta que os apóstolos Lhe fi-zeram, durante o período em que viveram com Ele: “Quem é este que até o vento e o mar lhe obe-decem?” (Marcos 4.41).

Na segunda parte desta ora-ção (6-19), Jesus ora por aque-les homens em quem Ele tinha investido tanto. Jesus os recru-tou e, durante três anos, os ensi-nou e os treinou. Agora Jesus ia

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comissioná-los e capacitá-los, a fim de que alcançassem o mundo para Ele. Durante os três anos do ministério público de Jesus, eles estiveram com Ele constantemen-te e, agora, antes de enfrentar um julgamento injusto e a cruz, a úl-tima coisa que Jesus fez foi orar por eles.

A essência do Novo Manda-mento que Jesus deu aos apósto-los, durante o último retiro, deter-minava que eles estabelecessem uma nova comunidade espiritual neste mundo. Observe quantas ve-zes Jesus repete que eles devem ser um. Jesus pede por eles cinco vezes e, na terceira parte dessa oração, Jesus pede por aqueles que viriam a crer através deles. Jesus ora para que eles sejam um, como Ele era um com o Pai e o Pai um com Ele.

A essência do ensino de Je-sus na Última Ceia foi: “Eu estou no Pai e o Pai está em Mim. Toda obra que eu faço e toda palavra que falo é resultado do fato de que estou no Pai e o Pai está em Mim”. A essência da segunda e da terceira parte da oração de Jesus é para que Seus discípulos vivam em união com Ele e uns com os outros.

Observe que, na segunda par-te da oração, Jesus descreve os

homens, pelos quais Ele está oran-do: “Eu revelei teu nome àque-les que do mundo me deste. Eles eram teus; tu os deste a mim, e eles têm obedecido à tua palavra. Agora eles sabem que tudo o que me deste vem de ti, pois eu lhes transmiti as palavras que me des-te, e eles as aceitaram. Eles reco-nheceram de fato que vim de ti, e creram que me enviaste” (17.6-8).

No capítulo 16, Jesus quase dá a impressão de que eles ain-da não tinham crido nEle; mas, na Sua oração, diz que eles tinham aceitado e obedecido à Sua Pala-vra e crido nela. É provável que Je-sus já os tivesse vendo como eles seriam, depois que recebessem o revestimento do Espírito Santo, no Dia de Pentecostes.

O mundo odeia aqueles que creem na Palavra de Jesus, acei-tam-na e Lha obedecem. Jesus orou ao Pai que os protegesse en-quanto eles estivessem no mundo, porque Ele estava indo para o Pai. Eles estavam no mundo, mas não eram do mundo. Jesus os prote-geu, enquanto estava com eles; mas, agora pede ao Pai para pro-tegê-los do mal. Na Oração do Pai Nosso, Jesus ensinou-lhes a pe-dir todos os dias “não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos

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CBI - Encontro com a Palavra106 Livro 11

do mal” (Mateus 6.13). Jesus, constantemente, mostra que o po-der do mal deve ser vencido pela fé naquEle que venceu o mundo (16.33; I João 4.4; 5.4).

Jesus enfatiza o darJesus se referiu aos discípu-

los como aqueles que o Pai lhe tinha dado. Observe isto: o Pai dá ao Filho, enquanto o Filho dá àqueles homens e pede que eles dêem ao mundo tudo o que o Pai deu ao Filho.

Em uma sociedade ou parceria, tudo que você tem pertence ao seu sócio e tudo o que ele tem perten-ce a você. Jesus usa essa ilustração para falar do Seu relacionamento com o Pai e com aqueles homens: “Tudo o que tenho é de vocês e tudo o que vocês têm é Meu”. A bênção está em dizermos a Cristo: “Tudo o que eu tenho é Teu”, e o desafio é dizer para Ele em oração: “Tudo o que o Senhor tem é meu”.

No mundo, mas não do mundoJesus pede ao Pai que não os

tire do mundo, mas que os proteja do mal e dos perigos que enfren-tariam no mundo. A ênfase agora está na iminente realidade: Jesus os envia ao mundo como candeias que Ele escolheu com a missão de

fazerem discípulos em todas as nações da terra.

Jesus mostra outra preciosida-de devocional, quando ora para que eles sejam santificados ou separa-dos para o Pai pela verdade. Todo pastor ou líder espiritual deve fazer essa oração por aqueles que o Es-pírito Santo lhe deu para pastorear: “Em favor deles eu me santifico, para que também eles sejam san-tificados pela verdade” (17.19).

Neste contexto, Jesus dá a melhor definição de como buscar a Palavra de Deus. Ele pede ao Pai para santificá-los na verdade, tendo pouco antes declarado: “a tua palavra é a verdade” (17). De acordo com as palavras de Jesus, a Bíblia é a verdade e nós deve-mos, ler a Bíblia buscando a ver-dade. Muitos a lêem perguntando: “o que é isto?”.

No início deste Evangelho, vi-mos que Jesus disse que devemos buscar em Seu ensino a verdade com o compromisso de aplicá-la em nossas vidas. Só quando apli-camos a verdade é que provamos que os ensinos de Jesus são a Pa-lavra de Deus. Se nós queremos comprovar que a Bíblia toda é a Pa-lavra infalível e inspirada de Deus, devemos lê-la buscando a verda-de. Quando nos comprometemos

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CBI - Encontro com a Palavra Livro 11 107

a aplicar e obedecer à verdade que encontramos na Bíblia, provamos que ela é a Palavra de Deus. Jesus foi muito prático ao ensinar que apenas conhecer nem sempre leva a praticar. Ele ensinou - e esta tem sido a minha experiência - que o praticar sempre leva à convicção absoluta de que a Bíblia é a Pala-vra de Deus.

Jesus ora por Sua IgrejaNa terceira parte da oração

(20-26), Jesus ora por aqueles que viriam a crer, por causa daqueles onze homens. Isto quer dizer que Ele orou por você e por mim, por-que durante vinte séculos pessoas têm crido e se tornado parte da Igreja que Cristo está construindo, através do testemunho daqueles onze homens.

Na última parte desta ora-ção, Jesus está orando por você e por mim: “Minha oração não é apenas por eles. Rogo, também, por aqueles que crerão em mim, por meio da mensagem deles, para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti. Que eles também estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. Dei-lhes a glória que me deste, para que eles se-jam um, assim como nós somos

um: eu neles e tu em mim. Que eles sejam levados à plena unida-de, para que o mundo saiba que tu me enviaste e os amaste como igualmente me amaste” (20-23).

Observe, neste trecho da ora-ção, que a unidade que Jesus de-seja para nós é exemplificada na unidade que Ele tem com o Pai. No capítulo 10 deste Evangelho, Jesus afirma que Ele e o Pai são um (10.30). Esta unidade é o mo-delo para nosso relacionamento com o Pai, com nosso Salvador e uns com os outros.

Jesus não estava pedindo o tipo de unidade anunciada por muita gente hoje, uma unidade entre pessoas de diferentes credos, entre pessoas que não creem mais nas doutrinas básicas de sua fé. É fácil concordar com questões, nas quais não cremos mais.

A principal interpretação e aplicação da unidade proposta por Jesus é que Suas obras e palavras resultavam do fato de que Ele e o Pai são um: “para que todos se-jam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti” (21). Jesus já tinha ensinado esta verdade, atra-vés da metáfora da videira e os ra-mos. Foi esta unidade que Jesus pediu que o Pai desse aos após-tolos e àqueles que cressem, e se

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CBI - Encontro com a Palavra108 Livro 11

tornassem parte de Sua Igreja, a partir de então.

“Pai, quero que os que me deste estejam comigo onde eu estou e vejam a minha glória, a glória que me deste, porque me amaste antes da criação do mun-do” (24). Neste versículo, Jesus declara que queria que aqueles onze homens estivessem com Ele para que vissem a Sua glória. Ele prometeu que estaria com aqueles que pregassem o Evangelho e fi-zessem discípulos para Ele, atra-vés da História da Igreja (Mateus 28.18-20).

Assim como Ele deu a Sua glória àqueles onze homens, hoje Ele continua dando Sua glória para os que O invocam como Senhor e Salvador, e continuará a fazê-lo até que venha novamente.

Para que o mundo saiba e creiaJesus garantiu àqueles onze

homens que, quando eles experi-mentassem essa unidade, fariam as mesmas obras que Ele tinha fei-to. Agora entendemos porque Ele investiu três anos num treinamen-to com eles. Ele queria que eles experimentassem essa unidade, e fizessem as obras que Ele fez, para que o mundo soubesse e cresse em duas verdades. A primeira, que

o Pai O enviou ao mundo, e a se-gunda, que Ele os ama como ama o Seu Único Filho. Os pedidos de Jesus, contidos nos versículos 20 a 23, são de suma importância, porque são a base desta oração.

A chave para compreender-mos o foco desta oração está nes-tes dois versículos: “Pai justo, em-bora o mundo não te conheça, eu te conheço e estes sabem que me enviaste. Eu os fiz conhecer o teu nome, e continuarei a fazê-lo, a fim de que o amor que tens por mim esteja neles, e eu neles es-teja” (17.25,26).

O foco desta oração de Jesus é o mundo. Mesmo dizendo ao Pai que não está pedindo pelo mundo, ele menciona o mundo dezenove vezes nesta oração. O peso que Jesus tinha no coração aparece nestas palavras: “Pai justo, embo-ra o mundo não te conheça”. Jesus declara que não está pedindo pelo mundo, porque o mundo não co-nhece o Pai. Ele pede pelos apósto-los, porque eles O conhecem e são Seus instrumentos, para convence-rem o mundo de dois fatos do Evan-gelho, demonstrados e anunciados por Jesus, durante três anos.

Primeiro fato: Deus enviou Seu Único filho para salvação do mundo. Segundo fato: Deus ama o

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homem assim como ama Seu Úni-co Filho.

Estes dois fatos do Evangelho estão registrados no terceiro capí-tulo do Evangelho de João, quan-do Jesus disse ao rabino Nicode-mos: “Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (3.16).

De certa forma, quando Jesus orou pela Sua própria vida, nos cinco

primeiros versículos deste capítulo, Ele estava orando pelos apóstolos, porque eles foram Sua obra mais importante. Cinco séculos depois que Jesus fez esta oração, todo o Império Romano tinha abraçado a fé proclamada pelos apóstolos. Esta oração maravilhosa foi respondida, quando o Pai abençoou de maneira poderosa a estratégia do Seu Filho: alcançar o mundo, por meio dos apóstolos e daqueles que cressem através da pregação deles.

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Estamos estudando os últimos capítulos do quarto Evangelho, co-meçando com o maior relato da morte e ressurreição de Jesus en-contrado nos Evangelhos. Como já observamos, João dedicou aproxi-madamente metade do seu Evan-gelho para registrar os trinta e três anos da vida terrena de Jesus; a outra metade foi dedicada à últi-ma semana de Sua vida. A partir do capítulo 12, João inicia uma narração detalhada da última se-mana de Jesus aqui na terra.

Nos quatro últimos capítulos, João conta em detalhes a prisão, o julgamento, a crucificação e a ressurreição de Jesus Cristo. O co-mentário sobre estes últimos capí-tulos será na forma de um resumo dos acontecimentos cruciais na vida do Filho Unigênito de Deus.

O primeiro dos quatro últimos capítulos do Evangelho de João descreve a prisão de Jesus. O capí-tulo 18 inicia com a seguinte pas-sagem: “Tendo terminado de orar, Jesus saiu com os seus discípulos e atravessou o vale do Cedrom. Do outro lado havia um olival, onde

entrou com eles. Ora, Judas, o trai-dor, conhecia aquele lugar, porque Jesus muitas vezes se reunira ali com os seus discípulos. Então, Ju-das foi para o olival, levando con-sigo um destacamento de soldados e alguns guardas enviados pelos chefes dos sacerdotes e fariseus, levando tochas, lanternas e armas. Jesus, sabendo tudo o que lhe ia acontecer, saiu e lhes perguntou: A quem vocês estão procurando? A Jesus de Nazaré, responderam eles. Sou eu, disse Jesus. (E Ju-das, o traidor, estava com eles.) Quando Jesus disse: Sou eu, eles recuaram e caíram por terra. No-vamente lhes perguntou: A quem procuram? E eles disseram: A Je-sus de Nazaré. Respondeu Jesus: Já lhes disse que sou eu. Se vocês estão me procurando, deixem ir embora estes homens. Isso acon-teceu para que se cumprissem as palavras que ele dissera: Não per-di nenhum dos que me deste. Si-mão Pedro, que trazia uma espa-da, tirou-a e feriu o servo do sumo sacerdote, decepando-lhe a orelha direita. (O nome daquele servo era

Capítulo 12“A Prisão de Jesus” (João 18.1-27)

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Malco). Jesus, porém, ordenou a Pedro: Guarde a espada! Acaso não haverei de beber o cálice que o Pai me deu?” (18.1-11).

João destaca que Jesus es-tava cumprindo as Escrituras e a hora, para a qual tinha vindo ao mundo. Ele foi consistente ao res-saltar que aqueles acontecimen-tos faziam parte da Providência de Deus. Por exemplo, Jesus sa-bia tudo o que ia Lhe acontecer e cumpriu as Escrituras, livrando a vida dos Seus apóstolos.

A pergunta que Jesus fez para Pedro enfatiza o fato de que Ele estava preste a beber o cálice que o Pai queria que Ele bebesse (11). Os outros autores dos Evangelhos, principalmente Mateus, acrescen-taram o mesmo tipo de comentá-rio às biografias de Jesus.

João, também, sempre enfati-zou o fato de Jesus ser mais que um simples homem. Isto acontece nes-ta passagem, quando João registra a prisão de Jesus; no momento em que aqueles homens O foram pren-der, caíram por terra, ao ouvir Jesus dizer “Sou eu” (6), significando, es-sencialmente: “Eu sou aquEle que era, que é e que sempre será”.

Gostaria de ressaltar o signi-ficado e a importância da palavra “destacamento” usada por João,

ao registrar a prisão de Jesus, que é um grupo de seiscentos soldados romanos. É provável que aqueles soldados estivessem fortemente armados, por temerem uma re-ação da parte dos discípulos, ou que Jesus usasse poderes sobre-naturais para resistir à prisão.

Era típico do exército romano mandar um número grande de sol-dados para efetuar uma prisão. O Livro de Atos conta que foram des-tacados 470 homens, para escol-tar o apóstolo Paulo de uma prisão para outra (Atos 23.23).

A palavra empregada por João para se referir à espada que Pedro usou é o termo grego que signifi-ca uma faca longa. O que Pedro estava fazendo com aquela arma? Será que ele havia se juntado a outros discípulos que acreditavam que Jesus iria combater o poder de Roma para estabelecer o Seu reino na terra? (Atos 1.6).

A reação de Pedro à prisão de Jesus pode nos levar a várias inter-pretações; entre elas, poderíamos dizer que Pedro demonstrou ser muito corajoso ao enfrentar 600 soldados romanos, ou que ele não tinha assimilado o ensino que Je-sus tinha dado no alto da monta-nha, quando disse que devemos amar os inimigos e não resistir ao

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perverso (Mateus 5.39,44). As pa-lavras de Jesus dirigidas a Pedro, mandando-o guardar a arma, con-firmam esta segunda interpretação.

O relato de João continua: “As-sim, o destacamento de soldados com o seu comandante e os guar-das dos judeus prenderam Jesus. Amarraram-no e o levaram primei-ramente a Anás, que era sogro de Caifás, o sumo sacerdote naquele ano. Caifás era quem tinha dito aos judeus que seria bom que um homem morresse pelo povo. Simão Pedro e outro discípulo estavam seguindo Jesus. Por ser conhecido do sumo sacerdote, este discípulo entrou com Jesus no pátio da casa do sumo sacerdote, mas Pedro teve que ficar esperando do lado de fora da porta. O discípulo que era co-nhecido do sumo sacerdote voltou, falou com a moça encarregada da porta e fez Pedro entrar. Ela, en-tão, perguntou a Pedro: Você não é um dos discípulos desse homem? Ele respondeu: Não sou. Fazia frio; os servos e os guardas estavam ao redor de uma fogueira que haviam feito para se aquecerem. Pedro também estava em pé com eles, aquecendo-se” (12-18).

Não devemos ser severos com Pedro; afinal, os outros fugiram, quando Jesus foi preso. Falaremos

sobre isso com maiores detalhes, quando resumirmos o último capí-tulo deste Evangelho.

João, também, relata como foi a apresentação de Jesus diante de Anás: “Enquanto isso, o sumo sacerdote interrogou Jesus acerca dos seus discípulos e dos seus en-sinamentos. Respondeu-lhe Jesus: Eu falei abertamente ao mundo; sempre ensinei nas sinagogas e no templo, onde todos os judeus se reúnem. Nada disse em segredo. Por que me interrogas? Pergunta aos que me ouviram. Certamente eles sabem o que eu disse. Quan-do Jesus disse isso, um dos guar-das que estava perto bateu-lhe no rosto. Isto é jeito de responder ao sumo sacerdote?, perguntou ele. Respondeu Jesus: Se eu disse algo de mal, denuncie o mal, mas, se falei a verdade, por que me ba-teu? Então, Anás enviou Jesus, de mãos amarradas, a Caifás, o sumo sacerdote” (19-24).

A maneira como Jesus foi preso e tratado pelos soldados ro-manos obedeceu aos padrões da época. O inusitado foi que eles levaram Jesus primeiro diante de Anás e só depois diante de Caifás, o sumo sacerdote. Por que Jesus foi levado diante de Anás, se este não era o sumo sacerdote?

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Anás representava o poder que estava por trás de toda corrupção daquele sistema religioso que ex-plorava os judeus peregrinos, aque-les que iam a Jerusalém para as festas sagradas, as quais requeriam ofertas de sacrifícios de animais. Ele controlava toda a venda reali-zada nos quatro hectares e meio do pátio do Templo, assim como os mercados, onde os peregrinos pa-gavam setenta e cinco vezes mais o preço pelos animais que compra-vam. Caso os peregrinos adquiris-sem seus animais em outro lugar, estes eram considerados impuros pelos sacerdotes e não podiam ser oferecidos como sacrifício.

Quando os romanos destruí-ram completamente Jerusalém, no ano 70 d.C., foi encontrado no co-fre do Templo o equivalente ao que seria hoje cinco milhões de dólares.

Essa atividade corrupta era extremamente lucrativa para os líderes religiosos e, com certeza, gerava muito lucro para Anás. Tendo conhecimento dessas coi-sas, podemos entender muito bem porque Jesus, indignado, tirou do pátio do Templo todas a mesas dos comerciantes; também estas palavras de Jesus adquirem em nós sua devida importância: “A minha casa será chamada casa

de oração para todos os povos, mas vocês fizeram dela um covil de ladrões” (Marcos 11.17).

Estas informações nos aju-dam a compreender porque Anás exigiu que Jesus se apresentasse diante dele, logo depois de ter sido preso. Também podemos enten-der a cena de Jesus purificando o Templo, confrontando-se com o perverso Anás. A apresentação de Jesus diante de Anás não foi um julgamento, mas uma confronta-ção com o Seu pior inimigo.

A lei judaica dava direito ao réu de não responder nada que o pudesse incriminar. Anás mostrou que aquele julgamento era ilegal, quando interrogou Jesus. Por isso, podemos compreender, também, a razão da pergunta de Jesus: “Por que me interrogas?” Um dos guar-das do Templo bateu-lhe no rosto.

No contexto político, o povo judeu tinha sido conquistado e estava sofrendo a dura realidade da ocupação romana. Os líderes religiosos podiam realizar julga-mentos que se referiam às infin-dáveis restrições e leis, as quais eles tinham acrescentado aos mandamentos que Deus lhes en-tregara através de Moisés. Entre-tanto, Roma não dava a esses tri-bunais a autoridade para executar

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CBI - Encontro com a Palavra114 Livro 11

ninguém. Como os judeus queriam que Jesus fosse crucificado, além do julgamento religioso, seria ne-cessário também um julgamento romano. O julgamento religioso de Jesus acontece, quando Anás manda Jesus para Caifás.

Os outros Evangelhos regis-tram esse julgamento religioso, menos João. O que ele fez foi re-gistrar em detalhes o julgamento de Jesus pelo tribunal romano, diante de Pôncio Pilatos, governa-dor romano, na Judeia.

João retoma o relato da nega-ção tríplice de Pedro: “Enquanto Simão Pedro estava se aquecen-do, perguntaram-lhe: Você não é um dos discípulos dele? Ele ne-gou, dizendo: Não sou. Um dos servos do sumo sacerdote, paren-te do homem cuja orelha Pedro cortara, insistiu: Eu não o vi com ele no olival? Mais uma vez Pedro negou e, no mesmo instante, um galo cantou” (18.25-27).

Como João focalizou sua nar-rativa na prisão e no julgamento de Jesus pelo tribunal romano, ele não contou que Pedro, depois de ter negado três vezes Jesus, saiu correndo na escuridão e chorou amargamente.

O Evangelho de Lucas traz um relato emocionante de como

Jesus foi tratado diante de Anás e, também, de quando Pedro o ne-gou pela terceira vez e o galo can-tou; então, Jesus olhou para ele e, quando os seus olhos se encontra-ram, Pedro lembrou–se de que Je-sus o advertira que ele O negaria. Assim, ele se afastou e, em meio à escuridão, chorou amargamente (Lucas 22.60-62).

Por que o Espírito Santo usou Pedro para pregar com tanta ousa-dia no Dia de Pentecostes? Tenho certeza de que foi porque ele apren-deu algo com aquele episódio que o fez um canal do poder do Espírito Santo. Pedro aprendeu o que é ser “quebrantado”. Jesus havia mos-trado isso no ensino das bem-a-venturanças: “bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos céus” (Mateus 5.3).

De acordo com estudiosos, a expressão “pobre em espírito” também pode ser traduzida por “quebrantado no espírito”. A se-gunda atitude que Deus abençoa é “chorar” (Mateus 5.4). Uma das aplicações da segunda atitude bem-aventurada é que choramos enquanto aprendemos a ser que-brantados ou pobres em espírito. Pedro foi usado poderosamente no Dia de Pentecostes porque, quan-do saiu chorando amargamente

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CBI - Encontro com a Palavra Livro 11 115

no meio da escuridão, depois de ter negado Jesus três vezes, ele foi quebrantado no espírito. Pedro foi escolhido para ser o vaso usa-do pelo Espírito Santo no Dia de Pentecostes e para liderar a Igreja do Novo Testamento, porque ele tinha aprendido e experimentado as duas primeiras verdades que Jesus ensinou no alto do monte na Galileia.

Podemos parafrasear as duas bem-aventuranças com a confissão:

“Eu não posso, mas Ele pode”. Es-tou convencido de que Deus usou Pedro com poder, como líder da primeira geração da Igreja de Jesus Cristo, porque, enquanto ele chora-va na escuridão, aprendeu a confes-sar “eu não posso, mas Ele pode”. Pedro, certamente, experimentou a segunda atitude bem-aventura-da, enquanto aprendia a primeira. Aprenderemos muito mais sobre Pedro, no último capítulo deste Evangelho.

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CBI - Encontro com a Palavra116 Livro 11

Foi assim que João registrou o julgamento romano de Jesus: “Em seguida, os judeus levaram Jesus da casa de Caifás para o Pretório. Já estava amanhecendo e, para evitar contaminação cerimonial, os judeus não entraram no Pretório, pois queriam participar da Páscoa. Então Pilatos saiu para falar com eles e perguntou: Que acusação vocês têm contra este homem? Responderam eles: Se ele não fos-se criminoso, não o teríamos en-tregado a ti. Pilatos disse: Levem-no e julguem-no conforme a lei de vocês. Mas nós não temos o direito de executar ninguém, protestaram os judeus. Isto aconteceu para que se cumprissem as palavras que Je-sus tinha dito, indicando a espécie de morte que ele estava para so-frer” (28-32).

Ao estudarmos esta narrativa de João, devemos lembrar que ela não fala sobre o tom de voz usado nesse diálogo e, também, não diz nada sobre as expressões faciais e corporais daquelas pessoas. Se tivéssemos esse tipo de informa-ção sobre o diálogo de Pilatos com

os judeus, teríamos a constatação de como Pilatos odiava os líderes religiosos judeus e eles também o odiavam.

Antes de continuarmos o re-sumo do julgamento romano de Jesus, acho importante que sai-bamos alguns detalhes sobre esse governador romano, chamado Pôncio Pilatos. O historiador judeu Flávio Josefo, que viveu durante os tempos do Novo Testamento, e es-creveu sobre a história dos judeus, conta que Pilatos se tornou o go-vernador da Judeia no ano de 26 d.C. e ocupou este posto durante dez anos. Ele não teve um bom começo com os líderes religiosos judeus, pois, na primeira vez que visitou Jerusalém, vindo do seu quartel general na Cesareia, região da Palestina, os soldados o escol-taram portando bandeiras que exi-biam o busto do Imperador Tibério César, o qual era considerado um deus em Roma.

Depois do cativeiro na Babilô-nia, os judeus determinaram nun-ca mais adorar ídolos; por isso, eles se opuseram àquela imagem

Capítulo 13

“O Julgamento Romano de Jesus” (João 18.28 - 19.16)

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CBI - Encontro com a Palavra Livro 11 117

adorada pelos romanos, a qual deveriam respeitar. Eles, constan-temente, mandavam delegações a Pilatos, insistindo que aquela ima-gem fosse removida das bandeiras de seus soldados. Como gover-nador romano, Pilatos não tinha nenhuma disposição de contentar aqueles líderes religiosos.

Quando essa tensão atingiu o seu apogeu, Pilatos chamou os líderes religiosos para um encon-tro no anfiteatro, a fim de discutir essa controvérsia. Todo o anfitea-tro foi cercado e a intenção de Pi-latos era matar todos eles; porém, os judeus foram tão convictos em seus protestos que se ajoelharam, descobriram seus pescoços e dis-seram: “Preferimos ser decepados com suas espadas a ver ídolos em nossa cidade santa”.

Não sabemos bem o porquê, mas Pilatos voltou atrás, o que foi uma vitória para os judeus. Entre-tanto, por causa do orgulho ferido do governador romano, somos levados a concluir que a relação entre eles ficou mais difícil, a partir desse dia.

O segundo incidente que pro-vocou o abalo no relacionamento entre Pilatos e os líderes religiosos foi a construção de um ducto, para melhorar o abastecimento de água na cidade de Jerusalém, cujos

recursos seriam tirados do tesouro do Templo.

No incidente que envolveu a construção do ducto, houve pro-testos e revoltas nas ruas, quan-do Pilatos colocou soldados infil-trados no meio da multidão com roupas civis, portando armas. Ao seu sinal, os soldados começaram a espancar e a esfaquear pessoas, ocorrendo a morte de centenas de judeus, o que fomentou o ódio dos líderes religiosos por Pilatos.

Um terceiro episódio ocorreu quando Pilatos postou seus solda-dos com escudos dourados e com a imagem do imperador, no palá-cio de Herodes. A manifestação contrária a esse ato foi tão grande que o próprio imperador ordenou que Pilatos providenciasse a remo-ção da imagem dos escudos.

Josefo conta que, depois da morte e ressurreição de Jesus, um último incidente encerrou a carreira política de Pilatos. No ano 36 d.C., houve uma revolta em Samaria, que Pilatos conteve com métodos tão cruéis, que a própria liderança romana, na Síria, informou o impe-rador, o qual substituiu Pilatos.

Quando ele estava a cami-nho de Roma, o imperador Tibério morreu. Calígula assumiu o poder e, como ele era um homem louco,

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podemos imaginar qual foi o fim de Pilatos, quando chegou em Roma. Ele sumiu das páginas da história, a partir de então.

Estes dados históricos foram acrescentados, a fim de que com-preendamos melhor a hostilidade entre Pilatos e os líderes religiosos.

O julgamento romano de Je-sus começou com Pilatos saindo do seu palácio, para tratar com os judeus, porque estes não que-riam entrar no Pretório, pois não queriam se contaminar e serem impedidos de celebrar a Páscoa. É irônico pensar que, enquanto eles levavam o Filho de Deus para ser sacrificado, estivessem preocupa-dos em se santificarem para a ce-rimônia da Páscoa.

Pilatos saiu e perguntou aos judeus quais eram as acusações contra aquele homem. A resposta deles foi que, se Jesus não fosse um criminoso, não teria sido soli-citado aquele julgamento. Pilatos respondeu que eles deveriam levar Jesus e julgá-Lo eles próprios, de acordo com suas leis religiosas. Eles disseram que não tinham autoridade para condenar nin-guém à morte, porque era isso o que eles queriam que aconteces-se. Certamente, Pilatos previu que aquele não seria apenas mais um

julgamento, mas a manifestação de uma multidão assassina.

Todo esse cenário mostra o conflito que existia entre inimigos, neste julgamento romano - de um lado Pilatos e do outro os judeus, e entre eles muita hostilidade. João acrescenta o comentário de que tudo o que estava acontecendo era o cumprimento das profecias bíblicas sobre a morte de Jesus, o Messias (29-32).

Pilatos, então, voltou para o pa-lácio e ordenou que Jesus se apre-sentasse diante dele. Eles conversa-ram e Pilatos perguntou a Jesus se Ele era o rei dos judeus. Jesus res-pondeu dizendo que o Seu reino não era deste mundo. Durante o diálogo com Pilatos, Jesus fez uma impor-tante declaração sobre Sua missão na terra: “por esta razão nasci e para isto vim ao mundo: para testemu-nhar da verdade. Todos os que são da verdade me ouvem” (18.37).

Foi aí que Pilatos fez sua famo-sa pergunta: “Que é a verdade?”. Ele não esperou pela resposta e saiu para anunciar que não tinha encontrado bases para a acusação que pesava sobre Jesus. Pode ser que ele tenha dito isso, porque fi-cou impressionado com Jesus, ou por odiar os judeus e não querer fazer a vontade deles.

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A resposta à pergunta “Quem é Jesus?”, com base no capítulo 18 de João, é: Ele é a testemunha fiel, aquEle que veio dar testemu-nho da verdade. É trágico pen-sar que Pilatos fez esta pergunta àquEle que é a própria Verdade e não esperou pela resposta.

De acordo com o costume ju-daico-romano, um prisioneiro era colocado em liberdade durante a celebração da Páscoa. Pilatos ofereceu soltar Jesus e os judeus gritaram pelo nome do prisionei-ro Barrabás, para que este fosse solto (33-40).

O governador romano, obede-cendo a um procedimento padrão, ordenou que Jesus fosse cruelmen-te açoitado, como um criminoso comum. Eles costumavam agredir o prisioneiro com um chicote feito de tiras de couro e pontas de me-tal, ou de osso, que rasgavam a pele da vítima.

Depois de açoitarem Jesus, puseram sobre a Sua cabeça uma coroa de espinhos e Lhe vestiram um manto púrpura; também colo-caram uma venda em Seus olhos, a fim de O ridicularizarem, en-quanto O espancavam, sem qual-quer compaixão. Depois disso, Pi-latos O conduziu para fora e disse: “Eis o homem!” (19.5).

No original grego, estas pala-vras têm esta conotação: “Vejam que figura patética! Vejam que po-bre coitado!”. Alguns estudiosos acreditam que Pilatos estivesse tentando despertar a compaixão dos líderes religiosos; porém, ele deveria saber que pessoas como Anás, bem como todos que faziam parte daquele sistema corrupto, não tinham compaixão de alguém que significava uma ameaça à so-brevivência daquele esquema.

Foi por isso que acrescentei todo o conteúdo histórico, pois eu tenho certeza de que Pilatos foi mo-vido pela raiva que tinha dos judeus. Todas as suas atitudes com Jesus e com os líderes religiosos judeus con-tinham sarcasmo e desprezo. Por esta razão, não nos surpreendemos, quando lemos: “Ao vê-lo, os chefes dos sacerdotes e os guardas grita-ram: Crucifica-o! Crucifica-o! Pila-tos, porém, respondeu: Levem-no vocês e crucifiquem-no. Quanto a mim, não encontro base para acu-sá-lo. Os judeus insistiram: Temos uma lei e, de acordo com essa lei, ele deve morrer, porque se declarou Filho de Deus” (19.6,7).

É interessante e triste ao mes-mo tempo ver que os mesmos que gritaram “Hosanas”, quando Jesus entrou em Jerusalém, montando

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um jumentinho, no início daquela semana, agora gritavam pedindo Sua crucificação.

Pilatos voltou para o Pretório e, quando viu que Jesus não lhe falava, disse-Lhe: “Não me res-pondes? Não sabes que eu tenho autoridade para te soltar e autori-dade para te crucificar? Jesus lhe respondeu: Nenhuma autoridade terias sobre mim, se de cima não te fora dado” (10,11). A referên-cia de que Deus está no controle de todas as coisas é enfatizada pelo autor deste Evangelho

A partir daquele momento, Pi-latos quis libertar Jesus. Os judeus, entretanto, o pressionaram, dizen-do que qualquer um que libertasse Jesus não era amigo de César (12). Havia um círculo político em Roma chamado “Os Amigos de César”. A carreira política de Pilatos, como governador da Judeia, não ia muito bem, principalmente por causa dos líderes religiosos judeus, que, cons-tantemente, reclamavam dele. Eles instigaram uma investigação que Pilatos, definitivamente, não que-ria que acontecesse. Ele não queria que chegasse aos ouvidos de Roma a acusação de que ele não era ami-go de César.

Também pressionaram Pilatos, dizendo que Jesus se declarara rei.

Qualquer um que se declarasse rei se opunha a César e isto, no Império Romano, era punido com a morte.

Impressiona-me ler que os lí-deres judeus declararam: “Não te-mos rei, senão César” (15). Quan-do era para se opor aos impostos de Roma, eles se rebelavam, di-zendo que Deus era Rei e que eles não deveriam pagar impostos a um rei terreno. O ódio que sentiam por Jesus e a corrupção espiritu-al em que viviam revelam como eles estavam longe de Deus, na-quele período da história hebraica, quando Jesus esteve entre eles.

Pilatos saiu novamente levan-do Jesus com ele e, sentando-se no Tribunal, anunciou: “Eis o rei de vocês” (13,14).

Quando os judeus disseram: “Se deixares este homem livre, não és amigo de César, pois todo que se diz rei opõe-se a César” (12), Pilatos, literalmente, lava suas mãos e entrega Jesus para ser crucificado (Mateus 27.24).

Esse julgamento forjado de Je-sus nos traz algumas respostas para uma das três perguntas básicas do nosso estudo. “Quem é Jesus?”. Ele é a Verdade e aquEle que veio dar testemunho da verdade. Ele é o Rei dos judeus e o Juiz de toda a Terra. Quando eu penso em tudo

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o que aconteceu, vem-me à mente que um dia Pilatos será julgado por Jesus, o Rei dos reis e Senhor dos senhores (João 5.22-24; Romanos 14.11; I Timóteo 6.13-16).

O que é fé? Em tudo o que Pilatos fez, descobrimos uma res-posta negativa para esta pergunta. Pilatos julgou Jesus pelos padrões da lei romana e declarou três ve-zes que não tinha base para acusá-Lo de nada.

Mesmo tendo visto a verdade sobre Jesus, Pilatos não creu nEle. Ele ficou frente a frente com a Ver-dade e ainda perguntou: “Que é a verdade?” (18.38), sem esperar pela resposta. Pilatos é um triste exemplo do que não é fé.

E você? É igual a Pilatos? Será que você também não está frente a frente com a verdade e ainda per-gunta: “Que é a verdade?”. Eu bus-quei muito a verdade até perceber que estava diante dela sempre que pensava em Jesus. Durante anos, busquei a verdade na teologia, na filosofia e na psicologia.

O mundo inteiro está à pro-cura da verdade. A Verdade é Jesus Cristo! Ele era e é a verda-de personificada. Ele foi a maior

Testemunha da verdade que o mundo já teve, através de Sua vida e de Seus ensinamentos, que revelaram as verdades mais pro-fundas que o mundo já conheceu. Ele é aquEle que declarou: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (14.6). Jesus disse a mesma coi-sa em Sua oração sacerdotal: “a tua palavra é a verdade” (17.17). Ao deparar-se com os retratos de Cristo e os Seus ensinos tão pro-fundos neste Evangelho, desejo que a sua busca pela verdade se encerre, como aconteceu comigo, ao perceber que está face a face com a Verdade Absoluta que, pela fé, encontramos em Cristo.

Minha experiência mostra que, quando a busca pela verda-de começa e termina em Cristo, depara-se com, pelo menos, uma resposta para a pergunta “O que é a vida?”. Vida é estar continu-amente envolvido num relaciona-mento com aquEle que é a Verda-de; é ir além das páginas sagradas das Escrituras e encontrar comu-nhão com a Palavra Viva, Jesus Cristo. Principalmente para quem busca a verdade, vida é encontrar, conhecer e viver essa Verdade.

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Em todo o Evangelho de João, encontramos referências do autor a uma determinada hora, na vida e no ministério de Jesus. João não estava falando de uma hora com sessenta minutos, mas da hora para a qual Jesus veio a este mundo. Na metade deste Evange-lho, no capítulo 12, versículo 23, consta esta declaração de Jesus: “Chegou a hora”. Também em 17.1, João cita estas palavras de Jesus em Sua oração: “Pai, che-gou a hora. Glorifica o teu Filho, para que o teu Filho te glorifique”.

Essa hora refere-se à morte de Jesus na cruz. A crucificação de Je-sus foi o propósito principal da Sua vinda ao mundo (3.14-21). Os au-tores dos três primeiros Evangelhos, ao registrar a morte de Jesus na cruz, escreveram apenas: “E o cru-cificaram”. Quem O crucificou? Os romanos? Os judeus? Deus sacrifi-cou Seu único Filho para nos salvar (Isaias 53.10; II Coríntios 5.21).

“Crucificaram”. Esta palavra revela o método usado pelos roma-nos, pelos judeus e por Deus, para cumprir nosso meio de salvação.

Os autores dos Evangelhos sinóp-ticos não descreveram os detalhes cruéis da crucificação. Pode ser que não o tenham feito, porque seus leitores conheciam bem a crueldade dos detalhes dessa pena de morte, ou talvez porque o mais importante não seja o sofrimento físico de Jesus, mas Sua agonia ou sofrimento espiritual, o que foi enfatizado tanto pelos autores dos Evangelhos como pelos profe-tas: “Depois do sofrimento de sua alma, ele verá a luz e ficará satis-feito” (cf. Isaías 53.10,11).

E agora “O crucificaram”. Roma crucificou centenas de mi-lhares de pessoas. Às vezes, eles crucificavam cidades ou vilas intei-ras que se revoltavam ou se recusa-vam a pagar impostos. Milhares de cristãos foram crucificados duran-te os primeiros trezentos anos da História da Igreja. Nero derramava cera derretida sobre os corpos dos cristãos crucificados e os incendia-va, para que servissem de ilumina-ção nos jardins de suas festas.

A morte de todos que Roma crucificou não servia como sacrifício

Capítulo 14

“Chegou a Hora” (João 19.17-42)

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para conquistar a nossa salvação. Crucificaram o Deus encarnado, e isto fez da morte de Jesus o sacri-fício aceitável a Deus, para salva-ção de todo aquele que crê, porque somente Ele é o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (cf. Efésios 5.2, Hebreus 7.26-28, 10.10; 1 João 2.2, 4.10).

Em Roma não houve muitos casos de crucificação, porque ci-dadãos romanos não podiam ser crucificados. Esta pena de morte era aplicada, em sua maioria, nas províncias dominadas pelos roma-nos, e era restrita aos escravos e aos que se rebelavam contra o Im-pério Romano, como os zelotes.

A crucificação era reservada aos criminosos mais desprezados e odiados; além de ser uma for-ma torturante de alguém morrer, também era vergonhosa. Os sen-tenciados eram crucificados nus e deixados na cruz por uma semana ou mais, até que os abutres comes-sem seus corpos. Quando eram re-tirados da cruz, muitas vezes não eram nem mesmo enterrados, mas deixados para serem devorados pelos animais selvagens. A cruci-ficação era uma maneira terrível e horrorosa de alguém morrer.

Tanto os profetas do Velho Testamento como os apóstolos

explicam o significado da frase “E o crucificaram”.

No Velho Testamento, em um dos capítulos que eu mais gosto, Isaías 53, encontramos uma pro-fecia com o significado da cruci-ficação de Jesus Cristo: “Mas ele foi transpassado por causa das nossas transgressões, foi esma-gado por causa de nossas iniqui-dades; o castigo que nos trouxe paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos curados. Todos nós, tal qual ovelhas, nos desviamos, cada um de nós se voltou para o seu próprio caminho; e o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós. Contudo, foi da vonta-de do Senhor esmagá-lo e fazê-lo sofrer, e, embora o Senhor tenha feito da vida dele uma oferta pela culpa, ele verá sua prole e prolon-gará seus dias, e a vontade do Se-nhor prosperará em sua mão. De-pois do sofrimento de sua alma, ele verá a luz e ficará satisfeito; pelo seu conhecimento meu servo justificará a muitos, e levará a ini-quidade deles. Por isso eu lhe da-rei uma porção entre os grandes, e ele dividirá os despojos com os fortes, porquanto ele derramou sua vida até a morte, e foi con-tado entre os transgressores. Pois ele levou o pecado de muitos, e

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pelos transgressores intercedeu” (5, 6, 10-12).

O profeta Daniel, de uma for-ma resumida, também descreve o que aconteceu, quando Jesus mor-reu na cruz. Ele trouxe a reconci-liação entre Deus e o homem, a justiça eterna, o cumprimento da visão e da profecia e, de uma ma-neira muito especial, a unção do Santo dos Santos (Daniel 9.24).

No Novo Testamento, os apóstolos da Igreja interpretaram e aplicaram o significado da morte de Cristo na cruz. Pedro fez uma aplicação do texto de Isaías citado acima: “Ele mesmo levou em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, a fim de que morrêsse-mos para os pecados e vivêsse-mos para a justiça; por suas fe-ridas vocês foram curados. Pois vocês eram como ovelhas desgar-radas; mas, agora se converteram ao Pastor e Bispo de suas almas” (I Pedro 2.24,25).

No capítulo 5 da Segunda Carta aos Coríntios, Paulo escre-ve a respeito da morte de Cristo na cruz e afirma que Deus esta-va em Cristo, reconciliou o mundo com Ele mesmo, não levou mais em conta os pecados dos homens e nos confiou a mensagem da re-conciliação (II Coríntios 5.18,19).

Isto quer dizer que Jesus, pendu-rado na cruz, trouxe ao mundo inteiro a reconciliação com Deus. Essa passagem de II Coríntios afir-ma que, a partir do momento que Jesus terminou na cruz a obra da nossa salvação, Deus não mais le-vou em conta os nossos pecados, porque todos eles estavam sobre o Seu único Filho. Para tanto, de-vemos aceitar pessoalmente o Seu sacrifício e confessar Cristo como nosso Senhor e Salvador.

Esta é a mensagem central das Boas Novas que devemos anunciar aos perdidos deste mundo: que eles não vão mais para o inferno, por causa dos seus pecados. Fomos encarregados de anunciar, pessoal-mente o Evangelho aos perdidos do mundo, dizendo-lhes que não precisam ir para o inferno. Se cre-rem e confessarem seus pecados serão salvos, pois não pesará mais acusação sobre eles (cf. Marcos 16.15,16; Romanos 10.9-11).

O capítulo 5 de II Coríntios termina com estas palavras: “Deus tornou pecado por nós aquele que não tinha pecado, para que nele nos tornássemos justiça de Deus”. Ignoremos a divisão em capítulos dessa passagem e vamos dire-to para o versículo seguinte, que é um desafio para nós: “Como

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cooperadores de Deus, insistimos com vocês para não receberem em vão a graça de Deus. Pois ele diz: Eu o ouvi no tempo favorável e o socorri no dia da salvação. Digo-lhes que agora é o tempo favo-rável, agora é o dia da salvação” (5.21; 6.1,2).

Em sua Primeira Carta aos Co-ríntios, Paulo registra a declaração mais clara contida na Bíblia sobre o que é o Evangelho (I Coríntios 15.3,4), para o qual fomos chama-dos, a fim de pregar para toda cria-tura na terra (cf. Marcos 16.15).

Nessa carta, Paulo declara que, quando chegou em Corinto, tinha decidido pregar nada além de Jesus Cristo e Este crucificado (I Coríntios 2.1,2). Talvez ele esti-vesse dizendo que não faria cita-ções de filósofos e poetas gregos, como fez em Atenas, antes de via-jar para Corinto (Atos 17).

No final da sua Primeira Carta aos Coríntios, Paulo lembra a igreja que ele tinha plantado exatamen-te o Evangelho que lhes tinha pre-gado, no qual eles tinham crido, e este Evangelho os tinha salvado.

Ao lembrar-lhes que o Evan-gelho que lhes tinha sido prega-do era o fundamento da fé deles, Paulo também declarou que esse Evangelho tem como base dois

fatos relacionados a Jesus Cristo, que são: Ele morreu e ressuscitou dos mortos para perdão dos peca-dos, de acordo com as Escrituras (cf. I Coríntios 15.1-4).

João também escreve: “O Crucificaram”, e foi ele quem fez o relato mais completo sobre a mor-te de Jesus, na cruz, encontrado nos Evangelhos.

Agora que já falamos sobre as aplicações pessoais do significado da morte de Jesus, iniciaremos um resumo da narrativa de João sobre a hora mais importante da vida e do ministério de Jesus.

No capítulo 19, a partir do ver-sículo 17, lemos: “Então os soldados encarregaram-se de Jesus. Levando a sua própria cruz, ele saiu para o lugar chamado Caveira (que em aramaico é chamado Gólgota). Ali o crucificaram, e com ele dois outros, um de cada lado de Jesus. Pilatos mandou preparar uma placa e pre-gá-la na cruz com a seguinte inscri-ção: JESUS NAZARENO, O REI DOS JUDEUS. Muitos dos judeus leram a placa, pois o lugar em que Jesus foi crucificado ficava próximo da cida-de, e a placa estava escrita em ara-maico, latim e grego. Os chefes dos sacerdotes dos judeus protestaram junto a Pilatos: Não escreva “Rei dos Judeus”; escreva: “Este homem

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disse: Eu sou o Rei dos Judeus”. Pi-latos respondeu: O que escrevi, es-crevi!” (16-22).

O latim era para os romanos, enquanto que o grego era o idio-ma mais comum naquele tempo; quanto ao aramaico, era para os judeus. Muitos perguntam por que não foram usados o hebraico, o la-tim e o grego, e a resposta é que, enquanto os judeus estiveram no cativeiro, aprenderam o aramaico. Aqueles que estudaram o Velho Testamento conosco lembram-se que Neemias ficou muito tris-te, porque os judeus que tinham voltado do cativeiro não estavam ensinando o hebraico para seus fi-lhos (Neemias 13.23,24).

Quando um prisioneiro era crucificado, um oficial romano precedia a procissão carregando uma placa que dizia a razão da-quela crucificação. Depois de cru-cificarem o prisioneiro, a placa era pregada na cruz. A justiça romana determinava que, se qualquer pes-soa na multidão pudesse provar que as acusações não eram ver-dadeiras, a condenação poderia ser protestada e seria feito outro julgamento. Alguém somente se manifestaria se pudesse provar a inocência do prisioneiro, caso con-trário seria crucificado também.

O relato de João continua: “Tendo crucificado Jesus, os sol-dados tomaram as roupas dele e as dividiram em quatro partes, uma para cada um deles, restan-do a túnica. Esta, porém, era sem costura, tecida numa única peça, de alto a baixo. Não a rasguemos, disseram uns aos outros. Vamos decidir por sorteio quem ficará com ela” (19:23,24a).

João acrescenta um comentá-rio pessoal: “Isto aconteceu para que se cumprisse a Escritura, que diz: Dividiram as minhas roupas entre si, e tiraram sortes pelas minhas vestes” (João 19.24b; Salmo 22.18).

A seguir, lemos uma obser-vação feita apenas pelo apóstolo do amor: “Perto da cruz de Jesus estavam sua mãe, a irmã dela, Maria, mulher de Clopas, e Maria Madalena. Quando Jesus viu sua mãe ali e, perto dela, o discípulo a quem ele amava, disse à sua mãe: Aí está o seu filho, e ao discípulo: Aí está a sua mãe. Daquela hora em diante, o discípulo a recebeu em sua família” (19.25-27).

Em Marcos 14.50, lemos que “todos o abandonaram e fugiram”. É interessante observar que aque-las quatro mulheres e o apósto-lo João estavam junto à cruz de

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Cristo. A irmã de sua mãe, men-cionada no texto, seria a esposa de Zebedeu, mãe de Tiago e João.

A narrativa de João continua: “Mais tarde, sabendo que tudo estava concluído, para que a Es-critura se cumprisse, Jesus disse: Tenho sede. Estava ali uma vasi-lha cheia de vinagre. Então, em-beberam uma esponja nela, colo-caram a esponja na ponta de um caniço de hissopo e a ergueram até os lábios de Jesus. Tendo-o provado, Jesus disse: Está consu-mado! Com isso, curvou a cabeça e entregou o espírito” (28-30).

“Está consumado!”. Foi assim que João registrou a exclamação de Jesus, feita em alta voz. Esta frase, no original grego, “Tetelestai”, tam-bém pode ser traduzida por “está acabado” ou “está pronto”.

Quando uma sentença era executada, os romanos escreviam “Tetelestai” no relatório do prisio-neiro, que significa: “cumprida”. Enquanto o prisioneiro agoniza-va até morrer, e por muito tempo depois que ele morria, a palavra “Tetelestai” mostrava a execução da justiça romana, aterrorizando o povo conquistado e subjugado.

É interessante observar que Jesus usou a mesma palavra, mas como um grito de triunfo na cruz.

Devemos lembrar que, do come-ço ao fim deste Evangelho, João registrou frases de Jesus que mos-tram Sua preocupação em reali-zar a obra que o Pai lhe deu para fazer. “Enquanto é dia, precisa-mos realizar a obra daquele que me enviou. A noite se aproxima, quando ninguém pode trabalhar” (9.4). “A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou e concluir a sua obra” (4.34). “Eu te glorifiquei na terra, completan-do a obra que me deste para fa-zer” (17.4). No momento de Sua morte, que foi Sua obra mais im-portante, durante o Seu sofrimento na cruz, Jesus bradou: “Está Con-sumado!” (19.30).

Esta expressão é de funda-mental importância, pois ela mos-tra que não há nada mais que pos-samos acrescentar ao que Jesus fez por nós na cruz, para termos certeza do nosso perdão e reconci-liação com Deus, através de Cristo.

Vou fazer-lhe uma pergunta. Você acha que precisamos acres-centar mais alguma coisa a esta obra de Jesus, chamada pelos teólogos de “obra consumada de Cristo na cruz”? A resposta é que, como Jesus já fez e conquistou tudo o que era necessário para nos salvar, quando morreu na cruz

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e ressuscitou, tudo que nos resta fazer é crer em Deus e também em Jesus, conforme Ele exortou os apóstolos, no início do Sermão da Última Ceia (14.1).

No Livro de Hebreus, encon-tramos esta afirmação: “Ao con-trário dos outros sumos sacerdo-tes, ele não tem necessidade de oferecer sacrifícios dia após dia, primeiro por seus próprios peca-dos e, depois, pelos pecados do povo. Ele o fez uma vez por todas, quando a si mesmo se ofereceu” (Hebreus 7.27). E ainda: “Mas, quando este sacerdote acabou de oferecer, para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assen-tou-se à direita de Deus” (He-breus 10.12).

Se Cristo declarou “Tetelestai” e Deus ficou satisfeito, é ignorân-cia, tolice e ingratidão tentar acres-centar qualquer coisa ao que nosso Salvador fez por nós na cruz. Quan-do a Bíblia ensina que obedecer ao que já sabemos valida a fé verda-deira, quer dizer que não podemos acrescentar qualquer coisa à obra acabada de Cristo na cruz.

É fascinante o que João es-creve: “Com isto, curvou a cabe-ça e entregou o espírito” (19.30). Lembremo-nos do que Jesus falou sobre Sua vida e João registrou:

“Ninguém a tira de mim, mas eu a dou por minha espontânea vonta-de. Tenho autoridade para dá-la e para retomá-la. Esta ordem rece-bi de meu Pai” (10.18). Jesus en-tregou Sua vida voluntariamente.

A história continua no versícu-lo 31: “Era o Dia da Preparação e o dia seguinte seria um sábado especialmente sagrado. Como não queriam que os corpos permane-cessem na cruz durante o sábado, os judeus pediram a Pilatos que mandasse quebrar as pernas dos crucificados e retirar os corpos”.

Apenas mais alguns detalhes do horror da crucificação: quando uma vítima estava morrendo na cruz, as dores nas mãos e nos pés que sustentavam o peso do corpo eram indescritivelmente insuportá-veis. Com o peso no corpo sobre-carregando os braços estendidos, os pulmões começavam a falhar, causando sérios problemas de res-piração. Para respirar e aliviar a dor nas mãos, ombros e braços, a víti-ma tentava colocar o peso nos pés.

Tente imaginar esta cena de horror: a vítima sofrendo dessa maneira por cinco a sete dias, até que fosse resgatada pela morte. Quebrar as pernas da vítima era uma forma de acelerar a mor-te, porque ela não poderia mais

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colocar o seu peso sobre a parte inferior do corpo. Assim, com um enorme bastão de madeira e uma grande bola na ponta quebravam-se as pernas da vítima e acelera-va-se o processo da sua morte.

Acompanhe o texto bíblico: “Vieram, então, os soldados e quebraram as pernas do primeiro homem que fora crucificado com Jesus e, em seguida, as do outro. Mas, quando chegaram a Jesus, constatando que já estava morto, não lhe quebraram as pernas. Em vez disso, um dos soldados perfu-rou o lado de Jesus com uma lança, e logo saiu sangue e água. Aquele que o viu, disso deu testemunho, e o seu testemunho é verdadeiro. Ele sabe que está dizendo a ver-dade, e dela testemunha para que vocês também creiam” (32-35).

Mais uma vez João acrescen-ta um comentário: “Estas coisas aconteceram para que se cum-prisse a Escritura: Nenhum dos seus ossos será quebrado” (João 19.36; Salmo 34.20). Sem dúvida nenhuma, esta é uma referência ao Cordeiro da Páscoa, que não devia ter nenhum dos seus ossos quebra-dos (Êxodo 12.46). É importante lembrar como João Batista apre-sentou Jesus: “Vejam! É o Cordei-ro de Deus, que tira o pecado do

mundo!” (1.29). Foi assim que o autor deste Evangelho aplicou o significado desse episódio tão trá-gico da crucificação do Senhor.

Os teólogos consideram muito importante o fato de um dos solda-dos ter perfurado o lado de Jesus com uma lança, e ter saído dele sangue e água (34). O sangue re-presenta a base da nossa salvação e a água representa nossa profissão de fé no sangue sagrado, através do batismo, em obediência à Gran-de Comissão (Mateus 28.18-20). João fala mais sobre este assunto na sua primeira epístola, no final do Novo Testamento (I João 5.6).

No último parágrafo do capí-tulo 19 do Evangelho de João, o autor menciona dois homens: José de Arimateia e Nicodemos, dois membros do Sinédrio e crentes secretos, aparentemente por medo dos seus colegas judeus.

A realidade negativa desse pa-rágrafo final é que esses homens poderiam ter tentado convencer o Sinédrio a suspender o julgamen-to que levou Jesus à crucificação, pelo pecado de blasfêmia. O fato positivo é que, quando eles viram que Jesus tinha morrido, não pu-deram mais se manter em segredo.

É interessante notar que o que os levou a confessarem que eram

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discípulos de Jesus foi Sua mor-te e não Sua vida. Certa ocasião, Jesus disse: “Mas eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim” (12.32).

Segundo alguns estudiosos, Nicodemos era irmão do historiador judeu Flávio Josefo, e sua declara-ção de fé em Jesus mudou o seu status de “rabino renomado em Je-rusalém” para o mais desprezado.

Quanto a José de Arimateia, lemos que ele pediu a Pilatos o cor-po de Jesus (19.38). Como já ob-servamos, os romanos não enterra-vam as vítimas de crucificação, mas deixavam seus corpos para serem devorados pelos abutres e pelos animais selvagens. Ser identificado com um prisioneiro que tinha sido crucificado pelos romanos poderia levar à sua própria crucificação.

Conforme aprendemos, atra-vés da história de Lázaro, eles costumavam enrolar os corpos com bandagens embebidas em es-peciarias para combater o odor da decomposição que sempre acom-panha a morte. É possível que José de Arimateia tenha aparecido diante de Pilatos, pedindo o cor-po de Jesus, com especiarias sufi-cientes para enterrar um rei.

É assim que termina este im-pressionante capítulo do Evangelho

de João. Lembre-se que não são os detalhes grotescos da morte por crucificação que são importantes; afinal, foi o sofrimento de Jesus, na cruz, que conquistou nossa salva-ção. O capítulo 53 de Isaías conta que foi o sofrimento do espírito e da alma de Jesus, quando todos os nossos pecados pesaram sobre Ele, que conquistou nossa salvação.

Paulo conta, em II Coríntios 5.21, que Deus fez aquEle que não conhecia pecado ser pecado por nós. Esta verdade deveria ter sido colocada junto à cruz de Jesus, de acordo com a citação que Ele fez do Salmo 22.1, mencionada em Mar-cos 15.34: “Eloí, Eloí, lamá sabac-tâni?”, que significa meu Deus, meu Deus, por que me desamparaste?

A convicção de teólogos con-servadores é de que, no momento em que os pecados de todas as pessoas vivas, das que já tinham vivido e das que ainda viveriam pesaram sobre Jesus, a perfeita comunhão entre Jesus e o Pai foi quebrada, porque um Deus Santo não pode contemplar o pecado. Foi essa momentânea ruptura com o Pai que fez a alma de Jesus sofrer e conquistou a nossa salvação. Os autores dos Evangelhos não enfati-zam os detalhes físicos da horroro-sa morte por crucificação, porque

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foi o sofrimento espiritual de Jesus, expresso pelo Seu brado na cruz, que nos salvou.

O pastor inglês Campbell Mor-gan fez a seguinte ilustração do conceito dos nossos pecados sobre Jesus: “Imagine que todo o enca-namento de esgoto do mundo te-nha que ser purificado por causa da mente de alguém obstinado em limpeza”. Esta foi a ideia do que Isaías quis dizer, quando profeti-zou que toda a iniquidade e todo o castigo que merecíamos para que tivéssemos paz com Deus estava sobre o Messias. Agora podemos entender as palavras do apóstolo Paulo: Deus tornou pecado por nós aquele que não tinha pecado (cf. Isaías 53.5,6; II Coríntios 5.21).

Na saída do templo, depois de um culto, uma senhora mui-to educada disse a esse pastor: “Acho que o senhor usou uma ilus-tração muito grotesca no sermão de hoje”. O pastor respondeu: “A

única coisa grotesca em toda essa história é o seu e o meu pecado, que tornaram necessária a morte na cruz do nosso Salvador!”.

“Quem é Jesus”, neste mag-nífico capítulo do Evangelho de João? Jesus é o Cordeiro de Deus que veio tirar o pecado do mundo.

“O que é fé”, de acordo com este capítulo? Fé é seguir o exem-plo de José de Arimateia e de Ni-codemos, que se identificaram aberta e publicamente com Jesus em Sua morte e ressurreição.

“O que é vida”, de acordo com o capítulo 19 do Evangelho de João? Vida é a salvação do único Filho de Deus trazida para todos nós, quando Ele foi pendura-do na cruz. Vida é reconciliação e paz com Deus. O que João chama de “Vida Eterna” é a qualidade de vida que experimentamos, quando somos reconciliados com Deus, depois de colocarmos nossa con-fiança em Jesus Cristo.

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No capítulo 20 deste Evange-lho, lemos a descrição que João fez das últimas evidências e sinais de Jesus, que comprovam ser Ele o Cristo, o Filho de Deus. Neste capítulo, a versão biográfica de Je-sus, João relata o último e mais importante destes sinais, porque não pôde esperar para fazê-lo no último capítulo do seu Evangelho.

No capítulo 2, do versículo 13 ao 25, João fala a respeito de sinais. No episódio em que Jesus purificou o Templo, as autoridades religiosas Lhe pediram uma cre-dencial ou um sinal que provasse a Sua autoridade para uma atitude tão drástica, ao que Jesus respon-deu: “Destruam este templo e eu o levantarei em três dias” (2.19). Ao narrar este diálogo acirrado en-tre Jesus e os líderes religiosos, o autor deste Evangelho acrescentou que eles pensaram que Jesus, ao fazer esta declaração, estivesse se referindo ao Templo de Salomão.

Jesus continuou: “Uma gera-ção perversa e adúltera pede um sinal miraculoso, mas nenhum si-nal lhe será dado, exceto o sinal

do profeta Jonas. Pois, assim como Jonas esteve três dias e três noites no ventre de um grande peixe, assim o Filho do homem ficará três dias e três noites no coração da terra. Os homens de Nínive se levantarão no juízo com esta geração e a condenarão, pois eles se arrependeram com a pre-gação de Jonas, e agora está aqui o que é maior que Jonas” (Mateus 12.39-41).

Como já vimos, este foi o pro-pósito principal do apóstolo João ao escrever este Evangelho: apre-sentar sinais e evidências que va-lidassem todas as declarações que Jesus fez referentes a Ele próprio, tais como: Quem Ele é e porque veio ao mundo. A evidência enfa-tizada nos capítulos 2 e 20 deste Evangelho foi a ressurreição de Je-sus Cristo.

Também acredito que foi por este motivo que João relatou a pu-rificação do Templo, logo no início do seu Evangelho, enquanto os outros evangelistas mencionaram o mesmo fato no final. Creio que João teve duas razões para isso:

Capítulo 15

“Ele Ressuscitou - O Sinal Supremo” (João 20.1-31)

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o milagre da ressurreição, que for-talece o propósito básico que o moveu a escrever este Evangelho, qual seja, convencer que Jesus é o Cristo, o Messias; a segunda razão foi mostrar que Jesus é Deus.

A preocupação de João não era a ordem cronológica dos fatos, mas convencer todos os seus lei-tores das verdades básicas citadas no final do capítulo 20.

Este capítulo apresenta o pon-to principal do Evangelho, para o qual Jesus comissionou Seus apóstolos e discípulos, isto é, pre-gar o Evangelho a toda criatura, em todas as nações da terra (Mar-cos 16.15).

No capítulo 15 de I Coríntios, Paulo fez um resumo do que é o Evangelho: “Irmãos, quero lem-brar-lhes o evangelho que lhes preguei, o qual vocês receberam e no qual estão firmes. Por meio deste evangelho vocês são salvos, desde que se apeguem firme-mente à palavra que lhes preguei; caso contrário, vocês têm crido em vão. Pois o que primeiramen-te lhes transmiti foi o que recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou no ter-ceiro dia, segundo as Escrituras” (I Coríntios 15.1-4).

O Evangelho se compõe de dois fatos básicos a respeito de Je-sus: Ele morreu pelos nossos peca-dos e ressuscitou, provando ser o Cordeiro de Deus, cuja morte tirou todo o castigo do pecado que me-recíamos - passado, presente e fu-turo. No capítulo 19 deste Evange-lho, João apresenta o primeiro fato do Evangelho: a morte de Jesus na cruz e, no capítulo 20, o segundo: a ressurreição de Jesus Cristo.

O capítulo 20 registra três episódios distintos. O primeiro é quando os apóstolos descobrem o milagre glorioso: a tumba estava vazia! Este episódio ocorreu nas primeiras horas do dia, que cha-mamos “Domingo de Páscoa”.

O dia em que Jesus ressusci-tou dos mortos não é apenas a ra-zão para a chamada “Páscoa” ou “Domingo da Ressurreição”, mas é também o fenômeno que trocou o dia de adoração dos judeus, que faziam parte da Igreja, o sétimo dia da semana, ou o “Sabath”, para o primeiro dia da semana, o domingo.

Depois de uma leitura cuida-dosa, observamos que eles nunca se referiram ao primeiro dia da se-mana como “Sabath”, mas como “Dia do Senhor”. Eles trocaram o dia de adoração, porque o pri-meiro dia da semana foi o dia em

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que Jesus ressuscitou dos mortos. O fato de há quase dois mil anos os cristãos adorarem em um do-mingo é uma das provas da Sua ressurreição. A história relata que esse episódio ocorreu antes de amanhecer o domingo seguinte à crucificação de Jesus.

O segundo episódio deste capítulo ocorreu no domingo de Páscoa, à tarde (19-23) e o tercei-ro, uma semana depois, quando Tomé aprendeu e nos ensinou uma resposta vital à pergunta “O que é fé?” (24-29).

Foi assim que João registrou o primeiro desses três acontecimen-tos: “No primeiro dia da semana, bem cedo, estando ainda escuro, Maria Madalena chegou ao sepul-cro e viu que a pedra da entrada tinha sido removida. Então, cor-reu ao encontro de Simão Pedro e do outro discípulo, aquele a quem Jesus amava, e disse: Tiraram o Senhor do sepulcro e não sabe-mos onde o colocaram” (20.1,2).

Quando Maria Madalena che-gou à tumba, ainda estava escu-ro, mas ela viu que a pedra tinha sido removida. No original grego, fica claro que era um tipo de gru-ta longa, com uma pedra grande, que selava sua entrada. João con-ta que Maria viu esta pedra grande

removida da trilha de rolagem, a mesma que guiou a pedra, quando a tumba foi selada.

Existem várias palavras na língua grega para o verbo “ver”. A primeira delas, usada por João, está no primeiro versículo: “Maria Madalena chegou ao sepulcro e viu”, significando que Maria viu à distância e, imediatamente, correu para contar a Simão Pedro o que tinha visto.

Acho impressionante a rea-ção de Maria Madalena. Pedro tinha negado o Senhor três vezes e, mesmo assim, foi a ele que ela quis dar a notícia. É como se na-quele momento ela já o conside-rasse como líder.

Pode ser que ninguém sou-besse das negações de Pedro, apenas Jesus, ou mais alguns dos apóstolos. Também não sabemos como Pedro usou o seu tempo, desde o momento em que saiu correndo e chorando no meio da escuridão até receber a notícia da ressurreição de Jesus. Alguns es-tudiosos acham que existem evi-dências nas Escrituras de que ele passou esse período com João. Se foi realmente isso o que aconte-ceu, João amava Pedro o suficien-te para recebê-lo em sua casa. O apóstolo do amor, autor deste

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Evangelho, não amava apenas Je-sus, mas amava Pedro também.

Com certeza, Pedro não tinha esquecido a promessa de Jesus de que, na construção da Sua Igreja, ele seria o porta-voz de Deus (Ma-teus 16.13-18). Como ele tinha negado Jesus três vezes, já deveria ter-se perguntado de que maneira essa promessa se cumpriria. A res-posta para esta pergunta nós a en-contraremos no último capítulo do Evangelho de João.

Maria correu para Pedro e João, dizendo: “Tiraram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o colocaram”. Tiraram? Quem tirou? Talvez ela estivesse se referindo aos judeus que tinham crucificado o Senhor; também poderia estar se referindo aos romanos que exe-cutaram a pena da crucificação.

A história continua: “Pedro e o outro discípulo saíram e foram para o sepulcro. Os dois corriam, mas o outro discípulo foi mais rá-pido que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro. Ele se curvou e olhou para dentro, viu as faixas de linho ali, mas não entrou. A seguir, Si-mão Pedro, que vinha atrás dele, chegou, entrou no sepulcro e viu as faixas de linho, bem como o lenço que estivera sobre a cabe-ça de Jesus. Ele estava dobrado

à parte, separado das faixas de linho. Depois, o outro discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, também entrou. Ele viu e creu. (Eles ainda não haviam compre-endido que, conforme a Escritura, era necessário que Jesus ressus-citasse dos mortos.)” (3-9).

O apóstolo do amor, que usa a palavra “amor” muito mais que qualquer outro escritor do Novo Tes-tamento, nunca se conformou com todo o amor que Jesus demonstrou, um amor que ele jamais tinha co-nhecido. Alguns anos depois de escrever este Evangelho, João dedi-cou a Jesus o último livro da Bíblia, o Livro do Apocalipse, fazendo esta declaração: “Ele nos ama” (Apoca-lipse 1.5). Também em suas epís-tolas, encontradas no final do Novo Testamento, João apresenta dez razões, porque devemos amar uns aos outros (I João 4.7-21).

Segundo a História da Igre-ja, João foi o único apóstolo que viveu até idade avançada. No fi-nal da vida, ele estava tão fraco, que tinha de ser carregado para as reuniões da igreja em Éfeso, onde viveu seus últimos anos. Velhinho, com uma longa barba branca, o apóstolo do amor levantava a mão para dar a bênção e dizia fraqui-nho: “Filhinhos, não amemos de

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palavra nem de boca, mas em ação e em verdade” (I João 3.18).

Em João 20.5,6, temos ou-tros significados para a palavra “ver”. Nestes versículos, quando João diz que Pedro “viu” alguma coisa, no original significa que Pedro olhou, atentamente, exami-nando o que estava vendo. Pedro examinou bem de perto o maior milagre registrado nos Evangelhos.

Estudando esta passagem, descobrimos que o que Pedro e João viram foi o milagre de Jesus não estar mais dentro daquelas faixas, que não tinham sido desen-roladas, mas estavam empilhadas no canto da tumba. Eles estavam olhando para o milagre mais im-pressionante do mundo!

João entrou na tumba, “viu e creu” (8). O autor usou outra pala-vra grega para “ver”. Esta palavra usada por João tem o mesmo sig-nificado da expressão: “Você está entendendo?”. Isto quer dizer que, naquele momento, João compre-endeu o que tinha acontecido e creu, acrescentando o comentário: “Eles ainda não haviam compre-endido que, conforme a Escritura, era necessário que Jesus ressus-citasse dos mortos” (João 20.9).

Parece que Pedro e João es-tavam tão eufóricos que passaram

direto por Maria Madalena e nem lhe explicaram o que tinham vis-to e o que tudo aquilo significava. Imagine o que essa notícia signifi-caria para Maria.

É compreensível que Pedro e João, eufóricos, deixassem de dar atenção à Maria Madalena, que chorava fora da tumba, pois, cer-tamente, só pensavam em voltar para casa e dar as boas novas da ressurreição de Jesus.

Os inimigos de Jesus tinham destruído o templo, isto é, o corpo de Jesus, como Ele havia predito, quando falou da maior de Suas evidências (2.19). Em todo o Evangelho, João deixa bem claro que Jesus foi para a cruz por livre vontade. Ele tinha poder para en-tregar Sua vida e para retomá-la (10.18).

Mas, vamos voltar ao pranto de Maria: “Maria, porém, ficou à entrada do sepulcro, choran-do. Enquanto chorava, curvou-se para olhar dentro do sepulcro e viu dois anjos vestidos de branco, sentados onde estivera o corpo de Jesus, um à cabeceira e o outro aos pés. Eles lhe perguntaram: Mulher, por que você está cho-rando? Levaram embora o meu Senhor, respondeu ela, e não sei onde o puseram. Nisto, ela se

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voltou e viu Jesus ali, em pé, mas não o reconheceu” (20.11-14).

Observe que aqueles que co-nheceram e amaram Jesus antes da Sua morte não O reconhece-ram, quando apareceu ressusci-tado. O Seu corpo ressurreto era certamente diferente daquele que eles haviam conhecido. Jesus fa-lou com Maria: “Mulher, por que está chorando? Quem você está procurando? Pensando que fosse o jardineiro, ela disse: Se o senhor o levou embora, diga-me onde o colocou, e eu o levarei” (15). De acordo com o texto original, Maria disse: “eu O carregarei”.

Acompanhe a continuação da narração. “Jesus lhe disse: Maria! Então, voltando-se para ele, Ma-ria exclamou em aramaico: Rabô-ni! (que significa Mestre). Jesus disse: Não me segure, pois ainda não voltei para o Pai. Vá, porém, a meus irmãos e diga-lhes: Es-tou voltando para meu Pai e Pai de vocês, para meu Deus e Deus de vocês. Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos: Eu vi o Senhor! E contou o que ele lhe dissera” (16-18).

Que história emocionante! Os outros Evangelhos revelam que Ma-ria Madalena foi a mulher de quem Jesus expulsou sete demônios. Isto

quer dizer que ela estava completa-mente possessa, mas Jesus expul-sou todos os demônios dela (Lucas 8.1,2). Fico imaginando a cena de Maria aos pés da cruz, como se ela estivesse dizendo: “Jamais esque-cerei o que o Senhor fez por mim!”.

Imagine como você amaria o Senhor, se também tivesse passado por um processo de libertação tão maravilhoso como ocorreu com ela. Em Lucas 7.47-50, Jesus comen-ta a respeito de Maria e fala que ela pecou muito, foi perdoada de muitos pecados e, por isso, ama-va tanto o Senhor, permanecendo junto à cruz, quando todos os Seus discípulos O haviam abandonado.

Durante a Última Ceia, Jesus tinha explicado aos apóstolos que haveria um novo tipo de relacio-namento com Ele, depois da Sua morte, ressurreição e vinda do Es-pírito Santo. Eles estariam juntos, mas de uma maneira que ainda não tinham estado, durante os úl-timos três anos. Isto, porém, não tinha sido explicado à Maria.

No momento do encontro com Maria Madalena, Jesus se refere aos apóstolos como Seus irmãos: “Vá, porém, a meus irmãos e di-ga-lhes: Estou voltando para meu Pai e Pai de vocês, para meu Deus e Deus de vocês” (17). O autor do

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Livro de Hebreus demonstra admi-ração em ver que Jesus não tinha vergonha de chamar os homens de Seus irmãos (Hebreus 2.11).

Pode ser que Jesus estivesse enfatizando o que Ele ensinou por ocasião da Última Ceia: “Meu Pai é a explicação para cada palavra que falo e cada obra que realizo. Eu Sou o caminho para o Pai e Ele é o Pai de vocês também. Meu Deus é a explicação para tudo o que vocês me viram fazer e ouviram de mim. Agora vocês podem estar tão perto do Pai como eu estou”.

Maria correu para os apósto-los e anunciou: “Eu vi o Senhor!” (20.18). Que boas novas glorio-sas! Maria foi e anunciou tudo o que Jesus lhe havia dito. Pode ser que Jesus lhe tenha falado sobre Sua ascensão.

A Grande Comissão no Evangelho de João

“Ao cair da tarde daquele primeiro dia da semana, estando os discípulos reunidos a portas trancadas, por medo dos judeus, Jesus entrou, pôs-se no meio de-les e disse: Paz seja com vocês. Tendo dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos ale-graram-se quando viram o Senhor. Novamente Jesus disse: Paz seja

com vocês. Assim como o Pai me enviou, eu os envio. E com isso, soprou sobre eles e disse: Re-cebam o Espírito Santo. Se per-doarem os pecados de alguém, estarão perdoados; se não os per-doarem, não estarão perdoados” (João 20.19-23).

Esta é uma passagem fasci-nante das Escrituras. Os apóstolos, temendo muito que os líderes reli-giosos corruptos que tinham levado o Senhor à cruz fossem atrás deles, reuniram-se a portas trancadas. Sem que eles as abrissem, de re-pente Jesus aparece no meio deles e lhes dá a bênção da Sua paz duas vezes, confiando-lhes, em seguida, a Grande Comissão, a qual, de acordo com João, poderia ser as-sim traduzida: “Estou lhes envian-do ao mundo exatamente como o Pai me enviou” (17.18; 20.21).

Ao confiar-lhes a Grande Co-missão, Jesus sopra sobre eles e diz: “Recebam o Espírito Santo” (22). Os estudiosos das Escrituras não são unânimes quanto à inter-pretação desta passagem. Alguns acreditam que Jesus tenha dito isso somente para o dia de Pente-costes, quando os discípulos rece-beram o Espírito Santo. O original grego sugere que Jesus tenha ins-pirado e expirado, dizendo após:

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“Recebam o Espírito Santo”. O que Jesus disse pode ter este signifi-cado: “Recebam o Espírito Santo, quando Ele vier, assim como vocês inspiram e expiram”.

No contexto da obediência à Grande Comissão, a afirmação de Jesus é basicamente esta: “Se per-doarem os pecados de alguém, es-tarão perdoados; se não os perdoa-rem, não estarão perdoados” (23).

Este ensino de Jesus pode ser interpretado de duas maneiras. Al-gumas pessoas interpretam que o ministro do Evangelho, aquele que prega as Escrituras aos pecadores, tem o poder e a opção de perdoar ou deixar de perdoar. Acreditam que essa pessoa pode dizer: “Eu perdoo ou absolvo você”.

Mas, não é isso que esta pas-sagem quer dizer, porque apenas Deus pode perdoar pecados (Lucas 5.17-25, Colossenses 1.13,14). Creio que a interpretação correta é que, quando pregamos ou ensina-mos o Evangelho aos pecadores, se eles crerem, podemos lhes garantir que Deus lhes perdoou os pecados, por causa do que Cristo fez por eles na cruz. Se não crerem no Evan-gelho, podemos declarar que seus pecados não foram perdoados.

Como pastor, já procedi des-ta maneira incontáveis vezes, ao

fazer um convite para que pessoas aceitem o perdão de Deus, e assim pode fazer todo aquele que procla-ma o Evangelho.

O terceiro grande ensino des-te capítulo começa no versículo 24, antes de João dizer qual foi o seu propósito ao escrever o quarto Evangelho. Este importante ensi-no responde a pergunta “O que é fé?”. Lemos que Tomé não estava presente, quando Jesus apareceu aos apóstolos: “Tomé, chamado Dídimo, um dos doze, não estava com os discípulos, quando Jesus apareceu. Os outros discípulos lhe disseram: Vimos o Senhor, mas ele lhes disse: Se eu não vir as marcas dos pregos nas suas mãos, não colocar o meu dedo onde estavam os pregos e não pu-ser a minha mão no seu lado, não crerei. Uma semana mais tarde, os seus discípulos estavam outra vez ali, e Tomé com eles. Apesar de estarem trancadas as portas, Jesus entrou, pôs-se no meio de-les e disse: Paz seja com vocês. E Jesus disse a Tomé: Coloque o seu dedo aqui; veja as minhas mãos. Estenda a mão e coloque-a no meu lado. Pare de duvidar e creia. Disse-lhe Tomé: Senhor meu e Deus meu! Então Jesus lhe disse: Porque me viu, você creu?

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Felizes os que não viram e cre-ram” (20.24-29).

Podemos dizer que esta de-claração de Jesus feita para Tomé “Bem-aventurados os que não vi-ram, mas creram” poderia ser uma nova bem-aventurança, e, se pos-sível fosse, deveríamos acrescentá-la ao ensino que Jesus ministrou no monte (Mateus 5.3-11).

Não podemos ser muito críti-cos com Tomé. Devemos lembrar que quando eles estavam todos com medo, porque Jesus esta-va voltando para a Judeia, onde a hostilidade dos judeus tinha se intensificado e, certamente, Ele corria perigo, foi o apóstolo Tomé quem disse: “Vamos também para morrermos com ele” (João 11.16).

Esta aparição miraculosa de Jesus aos Seus discípulos é o últi-mo sinal que João registrou, antes de dizer qual foi o seu propósito ao escrever este Evangelho. Nos vinte capítulos do seu Evangelho, João apresentou evidências miraculosas para nos convencer de que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus. O pro-pósito de João é que todos os seus leitores digam como Tomé: “Senhor meu e Deus meu!”. Tomé não reco-nheceu Jesus apenas como Salva-dor; ele professou sua fé em Jesus como seu Senhor e seu Deus.

Da mesma forma que não de-vemos ser tão duros com Pedro por ter negado Jesus, quando todos os outros apóstolos O haviam aban-donado (Marcos 14.50), também não devemos ser tão rigorosos com Tomé que, depois de três anos an-dando com Jesus, somente creu quando O viu e O tocou, depois de ressuscitado. A mesma coisa aconteceu com os outros apósto-los. Eles creram, porque viram a água ser transformada em vinho em Caná da Galileia, porque viram o Senhor acalmar a tempestade, curar centenas de pessoas e res-suscitar Lázaro dos mortos, mas, mesmo crendo, O abandonaram. Jesus não ensinou apenas a Tomé, mas a todos os apóstolos a respos-ta à pergunta “O que é fé?”.

Considere agora a nova bem-aventurança: “Felizes os que não viram e creram”. A quem você acha que se aplica esta bênção prome-tida? Não se aplica aos apóstolos, porque eles creram em razão de ter visto. Jesus ensinou esta nova bem-aventurança a Tomé e aos outros apóstolos, abençoando mi-lhões de crentes que Ele sabia que O seguiriam, durante séculos de História da Igreja, e que viriam a crer no Cristo Vivo e Ressuscitado, sem jamais tê-Lo visto.

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Esta lição de fé que Jesus ensinou está muito bem descrita nestas palavras inspiradas de Pe-dro: “Mesmo não o tendo visto, vocês o amam e, apesar de não o verem agora, creem nele e exul-tam com alegria indizível e glorio-sa, pois vocês estão alcançando o alvo da sua fé, a salvação das suas almas” (I Pedro 1.8,9).

Isto quer dizer que a intenção de Jesus é que esta bem-aventuran-ça seja a experiência de fé de pes-soas como eu e você. Esta atitude é precedida de uma promessa de bênção, pronunciada por Jesus a to-dos os que creem em Sua ressurrei-ção, mesmo sem jamais tê-Lo visto.

João conclui o capítulo 20, apresentando uma importante de-claração de propósito. Podemos dizer que já concluímos o comen-tário, versículo por versículo, do

Evangelho de João. Para os teó-logos, esta declaração do capítulo 20 encerra o testemunho de Jesus, apresentado por João neste Evan-gelho. O último capítulo é um epí-logo ou um pós-escrito, inspirado pelo Espírito Santo, com verdades profundas relacionadas à implan-tação da Grande Comissão, que Jesus passou para os apóstolos.

A conclusão do que podemos chamar de “tema” deste Evange-lho, iniciado com as primeiras pa-lavras do primeiro capítulo até o último versículo do vigésimo capí-tulo é: “Jesus realizou na presen-ça dos seus discípulos muitos ou-tros sinais miraculosos, que não estão registrados neste livro. Mas estes foram escritos para que vo-cês creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus e, crendo, tenham vida em seu nome” (20.30,31).

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Este é o início do epílogo do Evangelho de João: “Depois dis-so, Jesus apareceu novamente aos seus discípulos, à margem do mar de Tiberíades. Foi assim: Es-tavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Dídimo, Natanael, de Caná da Galileia, os filhos de Ze-bedeu e dois outros discípulos. Vou pescar, disse-lhes Simão Pe-dro. E eles disseram: Nós vamos com você. Eles foram e entraram no barco, mas, naquela noite, não pegaram nada. Ao amanhecer, Je-sus estava na praia, mas os dis-cípulos não o reconheceram. Ele lhes perguntou: Filhos, vocês têm algo para comer? Eles responde-ram que não. Ele disse: Lancem a rede do lado direito do barco e vo-cês encontrarão. Eles a lançaram e não conseguiam recolher a rede, tal era a quantidade de peixes. O discípulo a quem Jesus amava disse a Pedro: É o Senhor. Simão Pedro, ouvindo-o dizer isso, vestiu a capa, pois a havia tirado, e lan-çou-se ao mar. Os outros discípu-los vieram no barco, arrastando a rede cheia de peixes, pois estavam

a menos de cem metros da praia. Quando desembarcaram, viram ali uma fogueira, peixe sobre brasas, e um pouco de pão. Disse-lhes Je-sus: Tragam alguns dos peixes que acabaram de pescar. Simão Pedro entrou no barco e arrastou a rede para a praia. Ela estava cheia: ti-nha cento e cinquenta e três gran-des peixes. Embora houvesse tan-tos peixes, a rede não se rompeu. Jesus lhes disse: Venham comer. Nenhum dos discípulos tinha co-ragem de lhe perguntar: Quem és tu? Sabiam que era o Senhor. Je-sus aproximou-se, tomou o pão e o deu a eles, fazendo o mesmo com o peixe. Esta foi a terceira vez que Jesus apareceu aos seus discípu-los, depois que ressuscitou dos mortos” (21.1-14).

Muitos estudiosos acreditam que o tema do Evangelho de João acaba no versículo 31 do capítulo 20. No capítulo 21, o capítulo-epí-logo, Jesus lembra a sete dos doze apóstolos, principalmente Pedro, que os havia escolhido e comissio-nado, não para pescar peixes, mas para pescar homens (Lucas 5.10).

Epílogo

“Transformando Ninguém em Alguém” (João 21.1-25)

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Estes apóstolos tiveram uma noite de pescaria perdida até que Jesus mandou que eles jogassem as redes do outro lado do barco. Assim que o fizeram, as redes se encheram de peixes e, imediata-mente, eles reconheceram que aquEle estranho na praia era o Senhor. Ficou registrado o número preciso daquela pescaria: 153 pei-xes (21.11).

O Evangelho da salvação não foi anunciado apenas para os ju-deus ou para uma classe especial de pessoas. Como os anjos procla-maram, quando Cristo nasceu, Je-sus estava lembrando aos apósto-los que o Evangelho era para todos (Lucas 2.10).

Alguns estudiosos acreditam que o fato das redes não terem se rompido com tantos peixes tem um significado. A interpretação e aplicação que tiramos para nós, para os apóstolos e para todos os pescadores de homens é que ne-nhum dos peixes pegos vai cair fora da rede. Como Jesus declarou em outra passagem deste Evange-lho, o Pai é a força motriz por trás da nossa resposta a Cristo, e nós estamos seguros nas mãos do Fi-lho e do Pai, quando respondemos ao Evangelho e nos tornamos ove-lhas dEles (6.44; 10.28,29).

A confirmação de PedroNa metade do capítulo 21, a

partir do versículo 15, deparamo-nos com um relato maravilhoso do relacionamento de Pedro com Je-sus. Por três vezes, Jesus pergun-ta a ele: “Pedro, você me ama?”. O texto a seguir é uma tradução livre do original grego deste diálo-go profundo entre Jesus e Pedro: “Depois do café da manhã, Jesus perguntou a Simão Pedro: Simão, filho de João, você me ama mais que estes? Sim, Pedro respondeu, o Senhor sabe que sou Seu amigo. Então alimenta os Meus cordeiros. Jesus repetiu a pergunta: Simão, filho de João, você realmente Me ama? Sim, Senhor, disse Pedro, o Senhor sabe que sou Seu amigo. Então, cuide das Minhas ovelhas, disse Jesus. Mais uma vez Ele perguntou: Simão, filho de João, será que você é meu amigo? Pedro ficou triste com a terceira pergun-ta de Jesus e respondeu: Senhor, o Senhor conhece o meu coração; o Senhor me conhece. Jesus lhe disse: Então, alimente as Minhas ovelhas” (21.15-17).

Leia com atenção esta passa-gem e observe que foi na presença de seis homens, os quais tinham ouvido Pedro se gloriar, durante a Última Ceia, dizendo que jamais

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negaria o Senhor, que Jesus pergun-tou a Pedro três vezes: “Pedro, você me ama?”. Na segunda vez que Je-sus fez a pergunta, Ele não mais se referiu aos outros homens presen-tes. Será que Jesus fez a mesma pergunta para Pedro três vezes, por-que não sabia a resposta? Claro que não! Na primeira pergunta de Jesus foi usada a palavra “ágape” para amor, que significa amor completo, o mesmo amor descrito por Paulo em I Coríntios 13.4-7.

João registra que Pedro res-pondeu a pergunta de Jesus com a palavra “phileo”, que é um tipo de amor inferior ao amor ágape, o amor de amigo. Pedro estava di-zendo: “O Senhor sabe a resposta para esta pergunta e sabe que sou apenas Seu amigo”. Pedro confes-sou um tipo de amor por Jesus que não era o amor ágape, ordenado por Jesus durante a Última Ceia, o amor que vem de Deus e resulta em compromisso total.

Uma das observações mais importantes que podemos fazer sobre este diálogo é a mudan-ça que vemos em Pedro. Quando Jesus perguntou se o amor dele era maior que o amor daqueles homens, Pedro não se vangloriou de O amar mais que os outros. Foi quase como se o Senhor estivesse

perguntando: “Pedro, você me ama de todo coração, alma e forças?” e Pedro estivesse respondendo: “O Senhor sabe a resposta para esta pergunta. O Senhor sabe que meu amor por Ti não passa de um amor superficial de amigo”.

Pedro estava sendo “quebran-tado em seu espírito”. Podemos dizer também que ele estava expe-rimentando a primeira bem-aven-turança que Jesus ensinou no alto do monte: ele estava se tornando “pobre em espírito” (Mateus 5.3).

O Versículo mais bonito da BíbliaQuando Pedro confessa que

seu amor pelo Senhor não passa de amor de amigo, Jesus respon-de: “Alimente as Minhas ovelhas, Pedro”. Eu considero esta uma das passagens mais bonitas da Bíblia. A essência do que o Senhor está dizendo a Pedro é: “Pedro, Eu que-ro alguém como você alimentando Minhas ovelhas; alguém que sabe o que é errar e que não exige das Minhas ovelhas uma perfeição ir-real. Quero alguém quebrantado e humilde cuidando das Minhas ove-lhas, pelas quais Eu morri. Quero alguém que tenha compaixão e que se importe com Minhas ove-lhas; alguém que saiba tratar as falhas das minhas ovelhas que Eu

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amo tanto. Eu quero alguém como você alimentando e cuidando das Minhas ovelhas tão preciosas”.

Ao registrar a pergunta que Je-sus fez, pela segunda vez, João re-lata que Jesus usou mais uma vez a palavra “ágape”, mas Pedro res-pondeu usando a mesma palavra “phileo”. Em resposta à segunda confissão de Pedro, João usa uma palavra grega, que dá este sentido à resposta de Jesus: “Então pasto-reie as Minhas ovelhas, Pedro. Eu quero alguém como você cuidan-do das necessidades das Minhas ovelhas, Pedro” (21.16).

Esse diálogo, na praia, entre Jesus e Pedro, atinge o seu auge com a terceira pergunta: “Pedro, você me ama?”. Desta vez aparece a palavra “phileo”. Isto quer dizer que Jesus estava perguntando ao futuro líder da Igreja: “Você é pelo menos meu amigo, Pedro?”.

Quando conhecemos essas palavras gregas, percebemos por que Pedro ficou triste, quando o Senhor fez a terceira pergunta. Também percebemos o quebran-tamento de Pedro ao responder à terceira pergunta de Jesus: “O Senhor conhece o meu coração e sabe todas as coisas. O Senhor sabe que eu O amo pelo menos como amigo” (17).

Como já observamos, a parte mais bonita deste diálogo entre Je-sus e o apóstolo que O havia nega-do três vezes é quando Pedro con-fessa seu quebrantamento e Jesus responde pela última vez: “Alimen-te Minhas ovelhas, Pedro”. Acho isso tudo lindo! Você, que já falhou com o Senhor, também deve achar essas palavras de Jesus para Pedro as mais bonitas da Bíblia.

As palavras de confirmação que Jesus repete para Pedro três vezes significam que o Cristo vivo e ressuscitado não quer pessoas perfeccionistas, que fazem exi-gências impossíveis para Suas ovelhas. Os fariseus foram os úni-cos que conseguiram irar aquEle que era “Deus conosco”. Uma das razões porque Jesus ficava in-dignado com os fariseus eram as exigências deles sobre o povo de Deus (Mateus 23.3,4,13).

Um dos tutores que eu tive me disse certa vez: “Você não é Deus, por isso permita-se o direito de errar e permita aos outros o que você permite a si mesmo. As pes-soas que não se permitem errar, nem permitem que outros errem levam as pessoas e a si mesmas ao desespero”.

Outro tutor contou-me que, quando se despediu de sua mulher

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para o primeiro dia de trabalho como Capelão do Senado dos Es-tados Unidos, todos os dias que tinha vivido e todos os erros que tinha cometido o tinham prepara-do para aquele dia.

O diálogo entre Jesus e Pedro é emocionante, pois nele percebe-mos que Jesus estava convencen-do Pedro, você e eu de que nossas vitórias e falhas são ferramentas que Ele usa para desenvolver nos-so caráter, além de nos convencer da verdade que Ele ensinou no Úl-timo Retiro. Com a metáfora da vi-deira e seus ramos, Jesus ensinou que sem Ele não podemos fazer absolutamente nada (15.5).

Quase tudo que nos acontece, quando seguimos Jesus, faz parte do Seu “seminário” em nossas vi-das, o qual não terminará, enquan-to estivermos dispostos a aprender.

Por que o Cristo Ressuscitado demonstrou tanto poder através de Pedro, no Dia de Pentecostes? Acredito que encontramos a res-posta para esta pergunta, quando compreendemos a dinâmica da conversa que Jesus teve com Pe-dro na praia, naquela manhã.

Jesus ensinou três lições a Pe-dro que todo cristão deve apren-der antes de se tornar instrumento usado por Deus com poder.

Primeira lição: “Você não é ninguém”. Segunda lição: “Você é alguém”. Terceira lição: “Vou mostrar para você o que faço com alguém que aprendeu que não é ninguém”. No início de nosso es-tudo, quando comentamos o Livro de Êxodo, vimos essas três lições na vida de Moisés e, em toda a Bíblia, vemos Deus ensinando-as para aqueles que Ele usou. Você também pode ver Deus ensinando a mesma lição hoje, quando Ele quer usar você.

Outra maneira de resumir as três lições é dizer que pessoas como Moisés e Pedro descobri-ram a bênção resultante do co-nhecimento de três segredos es-pirituais: “A questão não é quem eu sou, mas quem Deus é. O que realmente importa não é o que eu posso fazer, mas o que Ele pode e vai fazer. Portanto, o que vale não é o que eu quero, mas o que Ele quer”. Quando aprendemos estes segredos espirituais e permitimos que Deus nos use, podemos olhar para trás e dizer: “Quando penso no valor da vida, percebo que não foi o que eu fiz, mas o que Ele fez através de mim que terá consequ-ências eternas. Só depois que ex-perimentei essas verdades espiri-tuais foi que minha vida produziu

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o que Jesus chamou de fruto que permanece” (João 15.16).

Certo jovem, que era muito ativo e empreendedor, antes de aprender esses quatro segredos espirituais, fez a seguinte decla-ração: “Jesus Cristo somado a alguma coisa é nada; Jesus Cris-to somado a nada é tudo!”. Hoje o Senhor o usa poderosamente como um evangelista internacio-nal, porque ele aprendeu o que Deus pode fazer com alguém que aprendeu que não é ninguém.

Tenho certeza de que o Cristo Vivo e Ressuscitado escolheu mi-nistrar através de Pedro, no Dia de Pentecostes, porque ele tinha apren-dido que não era ninguém. Naquela manhã, na praia, Jesus mostrou a Pedro que ele era alguém que Deus poderia usar, porque ele tinha apren-dido que não era ninguém. No Dia de Pentecostes, a Igreja e o mundo inteiro descobriram o que o Cris-to Vivo e Ressuscitado pode fazer, através de alguém que aprendeu que não é ninguém (Atos 2.32,33).

A vontade de Deus para sua vida (21.18-23)

Jesus também ensinou uma li-ção vital sobre a vontade de Deus para a vida de um discípulo seu. João escreveu as seguintes palavras

de Jesus para Pedro: “Quando você era mais jovem, vestia-se e ia para onde queria, mas, quando for ve-lho, estenderá as mãos e outra pes-soa o vestirá e o levará para onde você não deseja ir” (18).

Jesus podia simplesmente es-tar Se referindo à velhice, quando muitas vezes as pessoas requerem cuidados, mas, para que não pen-semos assim, João escreveu: “Je-sus disse isso para indicar o tipo de morte com a qual Pedro iria glorificar a Deus” (19).

Ao dizer “estenderá as mãos”, Jesus estava falando da crucifica-ção de Pedro. Esta era uma expres-são comum para se referir à crucifi-cação, assim como “ser levantado”, usada no capítulo 3, versículo 14.

O texto continua: “Pedro vol-tou-se e viu que o discípulo a quem Jesus amava os seguia. (Este era o que estivera ao lado de Jesus durante a ceia e pergun-tara: Senhor, quem te irá trair?). Quando Pedro o viu, perguntou: Senhor, e quanto a ele?” (20,21).

Pedro sempre gostou de dizer que estava pronto para morrer por Jesus e, neste capítulo, Jesus de-cidiu contar-lhe como ele morre-ria. Se os dados históricos forem corretos, Jesus estava anuncian-do a Pedro que teria o privilégio

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de ser crucificado de cabeça para baixo por causa do seu Senhor!

Ao ouvir aquelas palavras, a parte humana de Pedro veio à tona. Ele apontou para João, o seu sócio no negócio de pescaria, e perguntou a Jesus: “Senhor, eu sei que o Senhor vai me dar a graça e a paz para passar por este tipo de morte tão terrível, mas e quanto a ele? Qual é a Sua vontade para a vida e morte dele?”. Creio que Pedro fez esta pergunta porque amava João, o qual também de-monstrou amá-lo nos momentos difíceis, quando ele negou Jesus e, depois, no momento de confirma-ção com o Senhor.

Jesus respondeu a Pedro que a Sua vontade para a vida e para a morte de João não era da conta dele: “Se eu quiser que ele per-maneça vivo até que eu volte, o que lhe importa? Quanto a você, siga-me” (22). Em outras pala-vras, Jesus estava dizendo a Pe-dro: “Meus planos para João são para a vida dele, e Meus planos para você são para a sua vida. Não se preocupe com Meus pla-nos para a vida dele; preocupe-se em descobrir qual é o Meu plano para você e em Me seguir”.

No versículo 23, lemos: “Foi por isso que se espalhou entre os

irmãos o rumor de que aquele dis-cípulo não iria morrer, mas Jesus não disse que ele não iria morrer; apenas disse: Se eu quiser que ele permaneça vivo até que eu volte, o que lhe importa?”.

Toda vez que Deus recria um de nós, através do Novo Nascimen-to, Ele joga a forma fora. Quando somos salvos nos tornamos feitu-ra de Deus (II Coríntios 5.17,18; Efésios 2.10). Deus, em Sua pro-vidência, criou todos, embora dife-rentes uns dos outros; seres únicos, distintos de qualquer outra pessoa sobre a terra (Salmo 139.16).

Descobrimos nossa indivi-dualidade, através da salvação (I Timóteo 4.16). Por que, então, esperamos encontrar a vontade de Deus para nossas vidas, compa-rando a vontade dEle para a vida de outras pessoas?

Esta é uma verdade, da qual devemos nos apropriar, e não gastar tanto tempo pensando sobre o que o Senhor está fazendo na vida dos outros. Eu sou responsável apenas por mim mesmo diante de Cristo. Por isso, devo me preocupar em fazer o que o Senhor quer que eu faça e não com os planos de Deus para a vida de outras pessoas.

Existe uma metáfora, na Bí-blia, a qual não é muito bem

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compreendida nas sociedades em que se vive sob regime democrá-tico. Nas cidades antigas, como Roma, havia milhões de escravos entre a população. Os profetas do Velho Testamento se conside-ravam escravos de Deus. Paulo começava suas cartas se apresen-tando como servo do Senhor Jesus Cristo, deixando implícito que to-dos nós somos escravos dEle.

Ao escrever suas cartas, Paulo sabia que a principal prioridade de um escravo era agradar e obedecer ao seu senhor, e é neste contexto que ele escreveu: “quem é você para julgar o servo alheio? É para o seu senhor que ele está em pé ou cai” (Romanos 14.4). De acor-do com Paulo, não vamos respon-der pelo nosso companheiro, mas por nós mesmos, diante do Mestre Jesus Cristo.

Tal como para Paulo, Jesus não era para Pedro apenas seu Salvador, mas também seu Se-nhor. Pedro era o escravo do seu mestre Jesus e, como tal, ele não tinha porque lhe perguntar quais eram Seus planos para a vida de outro escravo.

ResumoAlguns teólogos argumentam

que aquela pescaria perdida dos

apóstolos mostrou que eles esta-vam voltando às suas antigas ati-vidades, ignorando a missão que Jesus lhes tinha deixado, na qual tinha investido os três anos de Seu ministério com eles. Na aparição pós-ressurreição de Jesus, Ele estava lembrando esses apósto-los que eles não tinham sido co-missionados para pescar peixes, mas para pescar homens (Mateus 4.19; Lucas 5.10).

A segunda verdade ensinada por Jesus e registrada neste epílo-go é o Seu desafio para Pedro e os demais apóstolos, para se envol-verem no pastoreio daqueles que seriam ceifados no Pentecostes

Em I Coríntios 15.5, Paulo escreveu que Jesus apareceu a Pedro, provavelmente referindo-se àquela conversa que houve entre eles. As palavras de Paulo nos le-vam a concluir que Jesus teve esta conversa com Pedro em particular; porém, mesmo que tenha sido, Pedro compartilhou seu conteúdo com os outros apóstolos.

Podemos ver os resultados da negação de Pedro, da sua confir-mação e restauração nas últimas palavras da sua primeira carta, que se encontra no final do Novo Testamento, dirigida aos líderes da Igreja: “O Deus de toda a graça,

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que os chamou para a sua glória eterna em Cristo Jesus, depois de terem sofrido um pouco de tem-po, os restaurará, os confirmará, lhes dará forças e os porá sobre firmes alicerces” (I Pedro 5.10).

Durante a Última Ceia, a ên-fase de Jesus foi: “Se vocês me amam, obedecerão aos meus mandamentos”; o Novo Manda-mento dado foi que amassem uns aos outros como Ele os tinha ama-do, durante três anos. Depois de Sua ressurreição, principalmente no diálogo com Pedro, e para ins-truir todos os apóstolos que es-tavam presentes naquele café da manhã, na praia, Jesus enfatizou: “Se vocês Me amam, alimentem e pastoreiem Meus cordeiros e Mi-nhas ovelhas”.

O terceiro grande ensino de Je-sus para eles, também para você e para mim é que devemos descobrir a vontade de Deus para nós, indi-vidualmente, e para Sua Igreja, no cumprimento da Grande Comissão.

As últimas palavras do meu Evangelho preferido (21.24,25)

Já chegamos à conclusão des-te magnífico Evangelho. Em todo o livro, com muita humildade, João se referiu a ele mesmo como o “discípulo a quem Jesus amava”

ou “o outro discípulo”, aquele que se reclinou no peito de Jesus e Lhe fez aquela pergunta, durante a Úl-tima Ceia. João nunca se referiu a ele mesmo pelo nome, mas, no fi-nal do Evangelho, escreveu: “Este é o discípulo que dá testemunho destas coisas e que as registrou. Sabemos que o seu testemunho é verdadeiro” (24).

Faça um rastreamento da as-sinatura humilde de João e descu-bra como nos últimos capítulos ele revela ser o discípulo a quem Jesus amava, que escreveu este Evange-lho (13.23; 19.26; 21.24).

Ele concluiu este Evangelho com estas impressionantes pala-vras: “Jesus fez também muitas outras coisas. Se cada uma de-las fosse escrita, penso que nem mesmo no mundo inteiro haveria espaço suficiente para os livros que seriam escritos” (25).

Meu tutor, que foi capelão do Senado dos Estados Unidos, con-sultou uma das maiores biblio-tecas do mundo, a biblioteca do Congresso Nacional americano, para saber quantos livros sobre Jesus Cristo eles tinham. A res-posta obtida foi que era difícil dar um número preciso; os livros eram tantos, que era quase impossível calcular.

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Certo rabino, que viveu por volta dos anos 80 d.C., no final de sua longa vida de aprendizado, es-creveu: “Nem que todo o céu fos-se transformado em papel, todas as árvores em lápis e todo o oce-ano em tinta, haveria o suficien-te para escrever toda a sabedoria que aprendi dos meus professores; mesmo assim, a sabedoria que adquiri é comparada à quantida-de de água que um pássaro tira do oceano num de seus mergulhos”.

Imagine uma ave mergulhan-do no mar e quanto de água ela levaria em suas asas, quando le-vantasse vôo novamente. O velho rabino usou essa metáfora para mostrar tudo o que sabemos em comparação ao que podemos sa-ber. Outro tutor me disse certa vez que meus estudos ministeriais me levariam de uma ignorância in-consciente a uma ignorância cons-ciente. Quanto mais sabemos, mais aumenta nossa consciência do quanto não sabemos.

É neste espírito que João con-clui este Evangelho: “Falei a vocês todas estas coisas sobre Jesus, mas existe muito mais para con-tar. Apenas alguns sinais foram registrados neste relato, para que vocês examinem o meu testemu-nho, creiam que Jesus é o Cristo,

o Filho de Deus, e assim recebam a Vida Eterna. Mas, eu não lhes contei tudo sobre Jesus. Esta foi apenas uma pequena parte de tudo o que existe para ser dito e conhecido a respeito dEle”.

O apóstolo do amor escreveu outra conclusão para este Evange-lho, no último capítulo de sua car-ta: “E este é o testemunho: Deus nos deu a vida eterna, e esta vida está em seu Filho. Quem tem o Filho, tem a vida; quem não tem o Filho de Deus, não tem a vida” (I João 5.11,12).

Conta-se que certo homem muito rico morreu; sua mansão se encheu de parentes, amigos e sócios para ouvirem a leitura do seu testamento, uma vez que seus bens eram avaliados em bilhões de dólares. O advogado anunciou que deveria ser leiloado um qua-dro do filho do falecido, antes da leitura do testamento. O filho tinha causado muito constrangimento para seu pai e poucas pessoas gostavam dele.

O leilão foi iniciado e, depois de alguns minutos de silêncio constrangedor, sem que ninguém desse qualquer lance para o qua-dro, uma senhora que tinha sido a governanta da casa e tinha cuida-do daquele jovem desde pequeno,

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fez o lance de apenas cinco dóla-res, pois era tudo que podia dar. Como não houve outros lances, já que ninguém estava interessado no quadro, ela tomou posse dele. Foi dado início à leitura do Testa-mento com o seguinte anúncio: “Deixo todos os meus bens terre-nos para a pessoa que comprou o retrato do meu filho”.

Esta é uma ilustração do es-pírito com que João concluiu este Evangelho e suas cartas, as quais ele pretendeu que fossem uma continuação do Evangelho: “Aque-le que tem o Filho tem tudo e aquele que não tem o Filho não tem nada”.

Aplicação pessoalEstudamos os vinte e um ca-

pítulos deste Evangelho fazendo a pergunta “Quem é Jesus?”. Jesus foi apresentado em uma “galeria de arte” repleta de retratos de Cris-to, que chamamos de “sinais”, os quais provam que Jesus é o Cristo, o Messias e o único Filho de Deus!

Respondemos várias vezes a pergunta “O que é fé?” e apren-demos com este Evangelho que a fé não é uma questão intelectual nem de conclusões lógicas, caso contrário, qualquer pessoa que tivesse um bom raciocínio creria;

outras com mais cultura seriam crentes, e as pessoas menos privi-legiadas não creriam.

De acordo com o que aprende-mos com Jesus neste Evangelho, a fé está relacionada à nossa vonta-de e liberdade para fazer escolhas, não apenas com a nossa mente.

A fé está sempre baseada na nossa resposta ao Espírito San-to, que nos atrai para a salvação e para um relacionamento com o Cristo Vivo e Ressuscitado. Por isso, ao ler este Evangelho, busque ver Cristo e entender que Ele dese-ja ter um relacionamento com você e uma resposta sua. Depois de aprendermos que o Espírito Santo é nosso Mestre, leia o Evangelho de João, pedindo a Ele que revele as verdades espirituais nele contidas.

Isaías começou sua profecia sobre a cruz de Cristo, no capítulo 53 do seu livro, com a pergunta: “Quem creu em nossa mensa-gem?”, respondendo ele próprio com outra pergunta: “E a quem foi revelado o braço do Senhor?”, ou seja, a quem foi revelada a for-ça do Senhor? Os que creem são aqueles a quem a verdade foi re-velada; a verdade que vimos nesta leitura do Evangelho de João.

Você, que tem estudado o Evangelho de João conosco, o

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Espírito Santo lhe fez saber que essas coisas são verdadeiras? João contou “Quem é Jesus”, “O que é fé” e, também, “O que é vida”. Você tem encontrado respostas para estas perguntas, através do Espírito Santo?

Em relação aos dois últimos sinais apresentados por João, no capítulo 20, você crê na ressurrei-ção de Jesus Cristo? A ressurrei-ção de Jesus Cristo significa que Ele foi, é e continua trabalhando na vida daqueles que creem nEle e O recebem (João 1.12,13).

Eu gostaria de saber se na lei-tura que você fez dos vinte e um capítulos do Evangelho de João, o Espírito Santo tem feito você saber que esse milagre é também possí-vel na sua vida.

Apesar de estar estudando e ensinando o Evangelho de João há cinquenta e três anos, este estudo ainda mexe comigo. Esta experi-ência de explorar a galeria de arte de Cristo e ver Seus retratos no-vamente, refletindo sobre as per-guntas “Quem é Jesus?”, “O que é fé?” e “O que é vida?” me faz exclamar: “Eu creio que Ele é, en-quanto muitos nem mesmo têm a certeza de que um dia Ele existiu. Mesmo que muitos não tenham certeza do que Ele fez, eu sei que

Ele ainda hoje faz”. O Jesus Cristo do quarto Evangelho é tudo o que Ele diz ser, e Ele pode fazer tudo o que Ele quiser por mim e por você. Nós somos tudo o que Jesus Cristo afirma que somos e podemos fazer tudo o que Jesus Cristo diz que po-demos fazer, porque Ele está com você e comigo, quando confiamos nEle e O seguimos.

Tenho visto mais pessoas receberem a fé salvadora em Je-sus Cristo através do estudo des-te Evangelho que com o estudo de qualquer outro livro da Bíblia. Existem muitas bênçãos espiritu-ais neste estudo, para os que já creem em Jesus Cristo, mas ele é, principalmente, evangelístico. Posso dizer que este é o meu es-tudo bíblico preferido, para fazer com pessoas que ainda não creem em Jesus.

DESAFIO FINALVocê quer nascer de novo?

Você quer ter a qualidade de vida eterna, sobre a qual João fala nes-te Evangelho? Você está pronto para tomar a decisão mais impor-tante do mundo e crer na decla-ração de Jesus Cristo? Você está disposto a oferecer sua vida, in-condicionalmente, a Jesus? Você já decidiu receber agora o maior

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CBI - Encontro com a Palavra154 Livro 11

poder do mundo e se compro-meter a seguir Jesus Cristo? Se você quer começar sua jornada de fé espiritual com Jesus, abra seu coração e faça esta oração a Deus comigo: Querido Pai do Céu, confesso que sou pecador e que confio em Seu Filho, Jesus Cris-to, como meu Salvador. Coloco toda a minha confiança na morte de Jesus na cruz, para o perdão de cada um dos meus pecados. Eu rejeito e renuncio a todos os meus pecados. Quero desfazer o divórcio entre mim e Ti. Dá-me a fé para crer que Jesus ressusci-tou dos mortos e entrar no meu coração, na minha vida, e ter um

relacionamento comigo. Neste momento, eu declaro, pela fé, que Jesus Cristo é meu Senhor e meu Salvador e entrego minha vida, de maneira incondicional, ao Seu controle e direção. Faça com que eu esteja em perfeito alinhamento com o que o Senhor sempre de-sejou para minha vida. Ajuda-me na minha caminhada, seguindo Seu Filho, Jesus Cristo; ajuda-me a confiar em Seu poder e autori-dade, a fim de que a minha vida seja para Sua glória e exaltação. Obrigado(a) pela minha eterna salvação. Amém! (João 1.12,13; 3.3-8; Efésios 2.8-10; Filipenses 1.6; 2.13; I Pedro 1.22,23).

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C.B.I. ENCONTRO COM A PALAVRA – QUESTIONÁRIO DO LIVRO 11ESTUDO DO EVANGELHO DE JOÃO VERSÍCULO POR VERSÍCULO

ALUNO(A):______________________________________________________RUA:__________________________________________________________BAIRRO:_____________________________FONE:______________________CEP:_______________CIDADE:______________________________________EST:________E-MAIL:______________________________________________NASC:_____/_____/_____ SEXO: ( )M ( )F EST. CIVIL:__________________ESCOLARIDADE:________________IGREJA:____________________________ESPOSO(A):_____________________________ NASC:____/____/____Aulas através de: ( )Rádio ( )Internet ( )CDs

Leia com atenção o livro e responda o questionário. Em cada questão, apenas uma das três alternativas está correta e deverá ser assinalada. Ao recebermos este questionário respondido, enviaremos GRÁTIS o próximo número, na medi-da que o estudo pelo rádio for avançando.

QUESTIONÁRIO

1. O propósito de Jesus era a glória de Deus e, através da morte e ressurreição de Lázaro:A( ) Muitos seriam convertidosB( ) Ele (Jesus) seria coroado ReiC( ) O Filho seria glorificado

2. Também fazia parte dos costumes daquela época:A( ) Aperto de mãoB( ) Beijo na mãoC( ) Recepcionar os convidados, lavando-lhes os pés

3. O “Novo Mandamento” introduziu nos apóstolos a ideia da “Nova Aliança” e esta criou:A( ) Uma nova religiãoB( ) Um novo estilo de vida C( ) Uma nova comunidade

4. A cruz de Jesus Cristo representa:A( ) O símbolo do cristianismoB( ) Um instrumento de tortura C( ) O caminho da nossa salvação

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5. A expressão “Eu os escolhi para irem” tem o mesmo sentido de:A( ) “Eu os preparei”B( ) “Eu os ordenei”C( ) “Eu os aconselhei”

6. Enquanto Jesus ocupou um corpo físico, desistiu de alguns de Seus atribu-tos divinos como:A( ) O amor B( ) A onipresença C( ) O poder

7. Na parte final do Sermão da Última Ceia, Jesus preparou os apóstolos para:A( ) Pregar o EvangelhoB( ) A perseguição que enfrentariam C( ) Enfrentar os inimigos

8. Depois do cativeiro na Babilônia, os judeus:A( ) Determinaram nunca mais adorar ídolosB( ) Passaram a guardar o sábadoC( ) Ficaram ricos

9. No momento do encontro com Maria Madalena, Jesus se refere aos após-tolos como:A( ) “Seus companheiros”B( ) “Responsáveis pela Sua Igreja”C( ) ”Seus irmãos”

10. O propósito de João é que todos os seus leitores digam como Tomé:A( ) “Eu sei em quem tenho crido”B( ) “Senhor meu e Deus meu”C( ) “Eu sei que o meu Redentor vive”

Enviar para: ENCONTRO COM A PALAVRACaixa Postal 201189201-970 - Joinville-SCObs.: Você também pode digitalizar e enviar pelo e-mail: [email protected]

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MEU TESTEMUNHO

Município: _________________________________________________________ UF: ______Nome: ____________________________________________________ Data: ___/___/_____

á Autorizo a divulgação de meu testemunho

á Não autorizo a divulgação de meu testemunho.

Obrigatório marcar uma das duas opções

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