Tomada de posse a 25 de Junho | pág. 13 D. António Marto é ... · do a infidelidade do Povo no...

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• Entrevista a D. Serafim | pág. 18 Aposta na sinceridade com olhar atento ao mundo • Abertura das comemorações em Leiria | pág. 51 Franciscanos - Oito séculos de história ANO XIV • NÚMERO 40 • JANEIRO / ABRIL • 2006 documentos pastorais • notícias • santuário de fátima • serviços e movimentos • vida consagrada • reflexões • docu • Tomada de posse a 25 de Junho | pág. 13 D. António Marto é o novo Bispo diocesano

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• Entrevista a D. Serafim | pág. 18

Aposta nasinceridade

com olhar atentoao mundo

• Abertura das comemorações em Leiria | pág. 51

Franciscanos - Oito séculos de história

ANO XIV • NÚMERO 40 • JANEIRO / ABRIL • 2006

documentos pastorais • notícias • santuário de fátima • serviços e movimentos • vida consagrada • reflexões • docu

• Tomada de posse a 25 de Junho | pág. 13

D. António Martoé o novo Bispo diocesano

Leiria-FátimaÓrgão Oficial da Diocese

ANO XIV • NÚMERO 40 • JANEIRO / ABRIL • 2006

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Ficha Técnica

DirectorLuís Inácio João

Chefe de RedacçãoLuís Miguel Ferraz

AdministradorHenrique Dias da Silva

Conselho de RedacçãoBelmira de SousaJorge GuardaLuciano CristinoManuel MelquíadesSaul Gomes

Capa, Grafismo e PaginaçãoLuís Miguel Ferraz

PropriedadeDiocese de Leiria-Fátima

SedeSeminário Diocesano de Leiria2414-011 LeiriaTel. 244 832 760Fax 244 821 102Mail: [email protected]

Periodicidade . QuadrimestralTiragem . 420 exemplares

Assinatura anual - 12 eurosNúmero avulso - 4 euros

Impressão - Gráfica de Leiria

Depósito Legal - 64587/93

Os textos não assinados das secções noticio-sas são elaborados pelo chefe-de-redacção da revista LEIRIA-FÁTIMA, tomando por base os jornais diocesanos A VOZ DO DOMINGO e O MENSAGEIRO. As paróquias, serviços e movimentos poderão enviar-nos ecos das suas iniciativas e programação, para os contactos indicados nesta ficha técnica.

E D I Ç Ã O G R Á F I C A

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Índice

EditorialUma pastoral (toda) vocacional? 5

Documentos PastoraisNomeações Episcopais 8Comunicado do Conselho Presbiteral 8Nota Episcopal sobre a Quaresma 2006 9Nota Pastoral sobre a Peregrinação Diocesana a Fátima 11Comunicado do Administrador Apostólico • Nomeação do Bispo diocesano 12

Em DestaqueD. António Marto é o novo Bispo diocesano • Tomada de posse será a 25 de Junho 13

Cartas Apostólicas 14Saudação à Diocese de Leiria-Fátima 15Nota biográfica de D. António Marto 16

Entrevista a D. Serafim • Aposta na sinceridade com olhar atento ao mundo 18

NotíciasEquipa Diocesana de Pastoral Vocacional 23Director do CFC e da EFTL 23Nova Conferência de São Vicente de Paulo 23Pároco do Olival 24Pastoral Familiar - representantes paroquiais 24Reunião de Vigários da Diocese 24Tertúlias vicariais sobre a Vida 25Formação permanente do clero de Leiria-Fátima 2536º Aniversario do Centro Social Paulo VI 26Encontro Diocesano de Pastoral da Saúde 27Semana de Animação Missionária em Leiria 27Encontro diocesano do MCE 28O acolhimento na vigararia da Marinha Grande 28Início da Quaresma - Acolher a misericórdia divina 29Encontro de formação da Vigararia de Leiria 29Oração, retiro e peregrinação da Pastoral Juvenil 29Seminário e vocações 30Folha do Olival fez 50 anos 30Semana da Caritas 30IX Jornadas dos Universitários Católicos 31Retiro diocesano de catequistas 32

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Índice

Apostolado de Oração em renovação 32Celebração com bebés 33Jovens Sem Fronteiras na Freixianda 33CDJP reflete sobre “Cidadania activa” 33Missa Crismal - O ministério sacerdotal 34Geminação das dioceses de Leiria-Fátima e Novo Redondo 35Livro “Alma e Imagem” mostra arte sacra diocesana 36

Santuário de FátimaApostolado Mundial de Fátima 37Jornadas Nacionais sobre Acolhimento 37Trasladação da Irmã Lúcia para Fátima 38Museu de Arte Sacra e os Pastorinhos 38Movimento no Santuário em 2005 38Preparação para acolhedores de peregrinos 40MMF convida crianças ao Rosário 40Escutismo celebra o seu centenário em Fátima 40Mais jovens na peregrinação diocesana 40“Aljustrel e Valinhos, o outro pulmão do Santuário” 41CEP aprova novos estatutos do Santuário de Fátima 42Novo livro da Irmã Lúcia 43Crianças desenham e escrevem sobre o Anjo 43Inauguração da igreja da Santíssima Trindade 43

Serviços e movimentosLeiria acolheu Jornadas de Universitários Católicos • O trabalho do MCE nas escolas 44Seminário Diocesano de Leiria • Resumo Geral de Contas - Ano de 2005 48

Vida ConsagradaAbertura das comemorações em Leiria • Franciscanos - Oito séculos de história 51

Mártires de Marrocos • Papiro da confirmação da Regra pelo Papa Honório III 52Entrevista a Fr. José Neves • Celebrar “A Graça das Origens” 53Entrevista a Fr. Daniel • “Ser pobre é sair do seu ego para se abrir a Deus” 56

ReflexõesImpressões de uma peregrinação • Taizé - Um paraíso na terra 59Celebração do Tríduo Pascal• Da morte à vida… o mistério da fé 63

AnexoTabela de Taxas, Tributos e Emolumentos (Província Eclesiástica de Lisboa) 67

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Editorial

Uma pastoral (toda) vocacional? Senhor, seja feita a vossa vontade; não o que quer este ou aquele, mas o que Vós

quereis que eu faça… Se Ele quer que eu permaneça aqui, fico-Lhe agradecido, se me chama para qualquer outro lugar, sempre Lhe darei graças. É bela a expressão de S. João Crisóstomo que D. António Marto escolheu para exprimir a sua disponi-bilidade diante de Deus que o chamou a servir a Igreja noutra diocese, no momento de abraçar a sua nomeação de Bispo de Leiria-Fátima.

Resposta edificante de um bispo, resposta cristã de baptizado em Jesus Cristo, de crente perante a vontade divina, de criatura fiel à sua transcendência de “imagem e semelhança” do Criador… Tudo isto…? Mas quem poderia isolar realidades tão integradas?

Como refere o Vaticano II ao apresentar a vocação à união com Deus como o aspecto mais sublime da dignidade humana, “desde o começo da sua existência, o homem é convidado a dialogar com Deus” e esta iniciativa divina vem ao encon-tro da necessidade absoluta do homem que não pode “viver plenamente segundo a verdade se não reconhecer livremente o amor (de Deus) e não se entregar ao seu Criador” (LG 19,1).

Quando a rejeição desta proposta vital de diálogo comprometeu irremediavel-mente o acesso à plenitude humana, Deus deu início à sua obra redentora, em cuja preparação não cessou de confirmar o seu desígnio primordial, sempre na expecta-tiva da correspondência humana que o pecado ia contrariando, mas que viria a ter realização em Jesus Cristo.

A redenção, que é antes de mais oferta de Deus no Bom Pastor que se entrega para que todos “tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10), não corta com o projecto divino inicial a respeito da humanidade. Pelo contrário, revela-se “misté-rio de recapitulação” que “restabelece o homem decaído na sua vocação primitiva” (CIC 518). E este restabelecimento que liberta da pior das escravidões, a do pecado, processa-se no cumprimento perfeito da vocação de Israel (cf. CIC 539): contrarian-do a infidelidade do Povo no deserto, persistência da primeira negação no Éden, o Novo Adão e Filho de Deus adere incondicionalmente à vontade do Pai.

As figuras do Homem Novo e do Servo de Javé, aplicadas a Jesus, exprimin-do a inserção de Cristo no coração da humanidade e no meio do seu Povo, assim como o sentido vicário da sua entrega por todos, reforçam ainda o seu significado recapitulativo e, por conseguinte, a pertinência e continuidade da vocação humana primordial.

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Editorial

Na vida da Igreja, os Sacramentos, tal como os outros inúmeros sinais da pre-sença de Deus, concretizam e circunstanciam chamamentos diversificados. Todavia, esta diversidade não permite inscrever esses chamamentos em separado, relativa-mente à vocação primordial.

Considerando em especial os Sacramentos da iniciação cristã, Baptismo, Con-firmação e Eucaristia, que são o “fundamento da vocação comum de todos os dis-cípulos de Cristo – vocação à santidade e à missão de evangelizar o mundo” (CIC 1533), tocamos directamente o núcleo da vida e do percurso do cristão: Jesus Cristo, “sacramento de encontro com Deus”, incorpora em Si os que chama e continua a chamar os que incorporou, rumo à plenitude da vocação a que são chamados.

A circunstancialização dos apelos divinos na existência concreta, pessoal e comu-nitária, surge na mesma perspectiva. Assentando na mesma base fundamental, visam sempre a meta do homem que há-de encontrar-se a si mesmo na união com Deus.

Também o chamamento do Senhor, circunstancializado no exercício do mi-nistério episcopal, radica na condição básica de cristão baptizado e dá-lhe conti-nuidade na especificação do ministério ligado à Ordem episcopal. O sim do Bispo consubstancia o sim de baptizado, de crente, de criatura que se descobre imagem e semelhança de Deus. Todos sabemos que o Episcopado pressupõe o Baptismo, e que o Baptismo não pressupõe necessariamente o Episcopado. Mas, mais do que estabelecer ordenamento rigoroso, parece importante, do ponto de vista espiritual e pastoral, perceber o lugar e importância da condição baptismal para a continuidade do diálogo que o Senhor quer manter com vista à nossa adesão livre à sua proposta de caminhada pessoal e eclesial.

Estas linhas são uma ressonância do “Leiria-Fátima” à feliz notícia da nomeação do novo Bispo diocesano. Mas, advertindo no mistério profundo da relação trian-gular entre Deus, o chamado e a Igreja, desejámos transformar as mesmas linhas em oferta modesta de um pequeno contributo para o discernimento e concretização do projecto de desenvolvimento da pastoral das vocações, prestes a arrancar na Diocese. Nesse sentido, terminamos apenas enunciando algumas questões práticas, deixadas em aberto.

Colocamos em primeiro lugar a necessidade de toda a pastoral ser vocacional, sob pena de atraiçoar a natureza e a dinâmica do caminho da santidade como vo-cação primeira. Logo depois, como corolário, parece impor-se uma valorização de todas as formas vocacionais e a obrigação de a Igreja encontrar formas de cumprir o seu dever de mediar o chamamento divino, sobretudo para os serviços mais urgentes na Igreja e no mundo.

Entretanto, como a vida cristã e a própria vitalidade da Igreja se alimentam da fidelidade a Deus e aos irmãos, e porque farão mais facilmente discípulos para o Senhor os que forem mais seus discípulos, parece necessário que uma pastoral de re-crutamento tenha como complemento uma pastoral da fidelidade e do desempenho.

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E porque a Igreja se define como o Povo do Senhor convocado para ser enviado, ela deve contrariar a tendência para se retardar em si mesma. Conhecendo as limita-ções da chamada “pastoral de manutenção”, não teremos de admitir que o pouco êxi-to de tantas promoções vocacionais, nomeadamente para o sacerdócio ministerial e a vida religiosa, se possa atribuir bastante a uma mentalidade concentracionista, que deixa para lugar secundário o anúncio da Boa Nova a todos os povos? O egoísmo, em qualquer âmbito que seja, continua a ser o grande obstáculo para uma resposta aos apelos do Senhor.

Por fim, se todos sabemos como é importante falar do “problema das vocações”, nem sempre reparamos nos efeitos perversos que podem advir de o fazermos de qualquer maneira. Assim, exagerar a raridade dos chamados pode reverter em exo-tismo, desqualificação e desencorajamento, numa cultura que preza tanto, mesmo em demasia, a conformidade; a demasiada dramatização da situação pode veicular uma imagem pública de uma Igreja decadente, em que não vale a pena embarcar; expor tudo em termos prevalentemente quantitativos será mais colocar-se do lado do problema do que da solução… De forma semelhante, em comunidades que não assumem os seus próprios serviços mínimos e lamentam a falta de vocações (de padres) como ameaça ao serviço usufruído e reportada sobretudo ao número de pa-róquias e respectivos territórios e população, é fácil contribuir para a confirmação da inépcia, do espírito de egoísmo, de uma mentalidade clerical, ou até de grandes confusões sobre a identidade cristã, pessoal e comunitária. Limitar-se apenas a uma oração pelas vocações pode, só por si, alimentar o status quo. Talvez o primeiro cui-dado tenha de passar pela distinção entre “crise de vocações” e “crise vocacional”, ou simplesmente “crise de vida cristã”, para que se possa vir a unir o que, de forma alguma, pode estar separado.

Se devesse haver maneira ideal de terminar esta ressonância que levanta em tí-tulo uma pastoral (toda) vocacional, uma coisa não poderia ser nunca omitida: a ad-mirável presença do Espírito que mantém o prodígio da fome humana de felicidade e que, sempre fiel ao projecto divino primordial de a saciar em plenitude, continua a ter a iniciativa do diálogo e a suscitar incessantemente o sim do homem.

O Director

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Nomeações EpiscopaisHavemos por bem, ponderadas as causas e as condições respectivas:1. Nomear Vigário da Vara da Marinha Grande o Revº Pe. Virgílio do Rocio

Francisco, Prior de Pataias;2. Nomear Assistente da Associação de Servitas de Nossa Senhora de Fátima o

Revº Pe. Dr. Manuel dos Santos José, Capelão do Santuário de Fátima;3. Nomear Defensor do Vínculo do Tribunal Eclesiástico da Diocese o Revº Pe.

Dr. Adelino Filipe Guarda, Prior da Bidoeira.Agradecemos e rezamos para que estes Serviços correspondam à Vontade de

Deus na nossa querida Diocese de Leiria-Fátima.Leiria, 8 de Janeiro de 2006

† Serafim de Sousa Ferreira e SilvaBispo de Leiria-Fátima

Nomeações EpiscopaisHavemos por bem:1. Nomear Assistente do Movimento de Educadores Católicos (MEC) o Rev. Pe.

Dr. Vítor Manuel Leitão Coutinho.2. Nomear Assistente do Secretariado da Pastoral dos Ciganos o Rev. Pe. Dr.

Manuel Vítor de Pina Pedro.3. Nomear Notário-actuário do Tribunal Eclesiástico o Sr. Vítor Manuel Joaquim.O presente decreto entra em vigor nesta mesma data.

Leiria, 17 de Janeiro de 2006† Serafim de Sousa Ferreira e Silva

Bispo de Leiria-Fátima

Comunicado do Conselho PresbiteralO Conselho Presbiteral da Diocese de Leiria-Fátima, presidido pelo Bispo dioce-

sano, reuniu-se no dia 22 de Fevereiro de 2006, no Seminário Diocesano. Depois da oração inicial, o presidente lembrou a importância de um estudo atento da primeira encíclica de Bento XVI – Deus caritas est – sobre o amor cristão; teceu algumas con-

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siderações sobre a vida dos presbíteros e convidou todos os que residem na Diocese para a celebração da Missa Crismal, na Quinta-Feira Santa, incluindo o convívio no Seminário.

Antes da ordem do dia, o Conselho, considerando o que a comunicação social tem referido sobre o chamado “estatuto do Santuário de Fátima”, manifestou a sua preocupação, e expressou a sua comunhão com o Bispo diocesano na condução do processo.

De entre os assuntos agendados, o Conselho reflectiu sobre a geminação da dio-cese de Leiria-Fátima com a de Novo Redondo – Sumbe, em Angola. No seguimento de posições assumidas em anteriores mandatos e consciente do seu valor como meio organizado de partilha entre as Igrejas, reconheceu a importância do trabalho já rea-lizado e pediu o empenho de toda a Diocese no mesmo, qual expressão da condição missionária de toda a Igreja.

De seguida, os conselheiros reflectindo sobre a implementação do Projecto Pas-toral Diocesano, partilharam o que de mais significativo se fez desde o início do ano pastoral, nomeadamente as acções de formação, e salientaram o seu efeito motivador na criação de novas iniciativas.

Por fim, abordou-se a programação do próximo ano pastoral, que terá como ideia central o desenvolvimento, em toda a Diocese, de um ambiente vocacional que nos ajude a viver na alegria de nos sabermos amados por Deus e chamados a participar nos Seus projectos, segundo o dom concedido a cada cristão.

O Secretariado

Nota Episcopal sobre a Quaresma 20061. Depois de algum tempo de “diversão”, chega a Quaresma, tempo especial para

reforçar a “conversão”, que deverá ser permanente, mas beneficia de circunstâncias especiais. Se a diversão pode ser legítima e até recomendada, para equilibrar o me-tabolismo da vida, a conversão permanente é vital e exigida pela ínsita fragilidade humana e pelo chamamento constante a uma vida melhor.

Os tempos que vivemos, de mudanças e de crises, talvez mesmo de angústias e de raivas, apelam, ou gritam, ao bom senso, e pedem que se levante mais alto a luz da Esperança. E todos sabemos que a fonte dessas energias não está no ter, mas sim no ser.

A Quaresma ajuda a ser. É um retiro ou “check-up” da vida interior, para que cada um seja mais ele, numa família de irmãos.

2. Para a Quaresma 2006, o Papa escreveu uma rica Mensagem, publicada nos jornais. Recomendamos atenta leitura. Bento XVI serve-se da narrativa histórica que diz: “Jesus, ao ver as multidões, encheu-se de compaixão por elas” (Mt. 9,36).

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O milagre da “multiplicação” está nas nossas mãos. Ouvimos “o grito das multi-dões famintas de alegria, de paz e de amor”.

E acrescenta o Papa: “Mesmo na desolação da miséria, da violência e da fome, Deus não permite que as trevas do horror prevaleçam”.

O Deus da “compaixão” quer que todos sejamos mais indulgentes e compassivos.3. A nossa Diocese de Leiria-Fátima, no primeiro tempo sexenal do seu “Projecto

Pastoral”, tem multiplicado momentos de reflexão sobre o “acolhimento” da Palavra de Deus, bem como de todas as coisas e pessoas que integram a natureza e a vida comunitária.

O Secretariado da Coordenação Pastoral, filha do Sínodo, tem motivado e pro-movido acções de “revisão de vida” e de adequada “conversão”.

Muito se tem feito. Neste tempo quaresmal, vamos recapitular princípios, e in-crementar propósitos de recíproco acolhimento e de progressiva comunhão, sempre pluriforme, mas convergente para a unidade da grande Família humana.

É de louvar quanto, neste campo do acolhimento, têm realizado os diversos ser-viços, associações e obras da Diocese. Podíamos registar o que se tem feito a favor de imigrantes, deslocados e marginalizados. Permitimo-nos lembrar o que fez a Cá-ritas para as vítimas dos incêndios. Porque mais de 60% dos incêndios tem origem na negligência humana, ou mesmo causa dolosa, estamos todos empenhados numa campanha de sensibilização educacional. Nada será excluído do nosso projecto pas-toral do bom acolhimento.

4. No próximo dia 2 de Abril, 5.º Domingo da Quaresma, será a nossa Peregrina-ção a Fátima. Foi escolhido o tema de “Acolher a Misericórdia”.

Lá iremos, na forma e com os actos habituais. Haverá, todavia, algumas novida-des, desde a maior participação dos jovens, até à “caminhada da misericórdia” e ao concerto comemorativo dos 90 anos das aparições de Fátima.

Também esperamos poder ir a pé. Recomendamos todos os cuidados atinentes, desde os sapatos até ao colete reflector, para que seja festa e encontro.

5. A soma da renúncia quaresmal e do contributo penitencial no ano transacto de 2005 foi de 59.203 euros. Enviámos para a fundação pontifícia “Bom Samaritano” a quantia de 29.600 euros com o objectivo de apoiar a luta contra a sida, nas suas causas e nos seus efeitos.

Este ano 2006 destinamos a mesma percentagem para ajudar as estruturas e as acções pastorais da Igreja em Cabo Verde.

Exortamos todos os Diocesanos a viverem mais conscientemente a Quaresma 2006. Recordamos, para concluir, as doutas palavras de Bento XVI na sua Mensa-gem: “Confio a Maria, fonte viva da esperança, o nosso caminho quaresmal, para que nos conduza ao seu Filho”, o único Salvador.

Leiria, 26 de Fevereiro 2006† Serafim de Sousa Ferreira e Silva,

Bispo de Leiria-Fátima

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Nota Pastoral sobre a PeregrinaçãoJá escrevi na “nota pastoral” da Quaresma 2006 que a nossa 75ª peregrinação

anual diocesana ao Santuário de Fátima será mais um apelo à Esperança. O tema escolhido é bandeira ou palavra de ordem: “acolher e praticar a misericórdia”.

Toda a mensagem de Fátima, que é o Evangelho e que é a Igreja, convida ou chama para a conversão permanente. Entra em acção o verbo perdoar. O perdão que se dá e que se recebe é factor de Paz.

Fazer misericórdia é ter esperança e compaixão.A nossa peregrinação a Fátima vai ter este ano, o primeiro sexénio do “Projecto

Pastoral” e que prioriza o acolhimento , vai ter, dizia, uma novidade, que é a “cami-nhada da misericórdia”.

São dez passos, que simbolizam ou representam a unidade e a totalidade. Os 10 passos são uma caminhada de uma vida inteira, com meta e sem ocaso.

Sem dúvida, o nº1, ou a dezena, em Pitágoras é imagem de totalidade em movi-mento. Por sua vez, na Bíblia o mesmo nº 10 é um programa de vida, pois o decá-logo, ou soma de 10 mandamentos, é o código de todas as leis, que se resumem ou compendiam no imperativo de amar a Deus, que é Amor.

Quem for a pé (eu tenciono ir) fará uma caminhada de mais de 10 passos, mas o mesmo mandamento, a mesma fé, o mesmo espírito de peregrinação, como quem sobe para a nova Jerusalém.

Espero caminhar, em silêncio e meditação, ao mesmo tempo que em solidarie-dade com os outros peregrinos e os que ficaram em casa; vou rezar por todos os diocesanos; vou recordar que nesse mesmo dia 2 de Abril do ano passado o Papa João Paulo II peregrinou para fora do tempo.

Vou celebrar a Eucaristia pelos diocesanos de Leiria-Fátima e vou participar no concerto comemorativo dos 90 anos das aparições de Fátima.

30 de Março de 2006† Serafim de Sousa Ferreira e Silva

Bispo de Leiria-Fátima

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Comunicado do Administrador Apostólico

Nomeação do Bispo diocesano1. Comunicamos que foi nomeado Bispo de Leiria-Fátima o Sr. D. António Au-

gusto dos Santos Marto, a quem saudamos com alegria e esperança. Damos graças a Deus e ao Papa Bento XVI por esta escolha, que todos os Diocesanos queremos merecer.

Na qualidade de Administrador Apostólico, informamos que SER D. António Marto tomará posse do governo da Diocese na tarde do dia 25 de Junho e para pre-parar a entrada constituímos a seguinte comissão: P. Dr. Jorge Manuel Faria Guarda, Mons. Luciano Gomes Paulo Guerra, P. Dr. Manuel Armindo Pereira Janeiro, P. Joaquim de Almeida Baptista, D. Maria Raquel Neves de Oliveira e Dr. Eugénio Lucas.

Declaramos que, segundo o direito canónico, cessam as funções dos Conselhos Presbiteral e Pastoral, pelo que são anuladas as reuniões calendarizadas para 19 e 17 de Junho respectivamente. Mantemos a reunião dos Vigários no dia 15 de Maio e confirmamos nas funções de Vigário Geral o Rev. P. Dr. Jorge Manuel Faria Guar-da.

2. Juntamos uma breve biografia (anexo 1) de SER D. António Augusto dos Santos Marto, assim como incluímos (anexo 2) uma “Saudação à Diocese de Leiria-Fátima”, que acabamos de receber do Senhor D. António Marto.

Aproveitamos a oportunidade para cumprimentar fraternalmente o Novo Bispo da Diocese de Leiria-Fátima e saudar a Diocese de Viseu, que generosamente soube compreender esta transferência, e rezamos para que as duas Dioceses sejam “por-ções vivas” da nossa Igreja Católica e Apostólica.

Leiria, 22 de Abril de 2006 † Serafim de Sousa Ferreira e Silva

Administrador de Leiria-Fátima

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Em Destaque

Tomada de posse será a 25 de Junho

D. António Marto é o novo Bispo diocesanoD. António Augusto dos Santos Marto, até à data Bispo de Viseu, foi nomeado

pela Santa Sé para suceder a D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva no governo pas-toral da nossa diocese de Leiria-Fátima. É com alegria que recebemos esta notícia e saudamos o nosso novo prelado, convictos de que, conforme anuncia na sua primeira comunicação à Diocese, virá caminhar connosco “na fé ao serviço da alegria do Evangelho”. A tomada de posse será no próximo dia 25 de Junho.

Em Destaque

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Em Destaque

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Em Destaque

Cartas ApostólicasBENTO, BISPO, SERVO DOS SERVOS DE DEUS, ao Venerável Irmão ANTÓNIO AUGUSTO DOS SANTOS MARTO, presentemente bispo de Viseu, nomeado bispo de Leiria-Fátima,saúde e bênção apostólica.

Dedicamos, sem dúvida, uma atenção solícita à comunidade eclesial de Leiria-Fátima, dispondo todos os meios para que a vida religiosa nela se desenvolva o máximo, e sejam devidamente assistidos os fiéis que dela se aproximam.

Por isso, uma vez que o Venerável Irmão Serafim de Sousa Ferreira e Silva deixou de ter a seu cargo cuidar dela, pensámos pru-dentemente em escolher sem demora outro pastor, para que esta Igreja não fosse de modo nenhum prejudicada.

Por outro lado, tu, Venerável Irmão, dotado das necessárias qualidades e já com experiência no exercício do episcopado,

foste considerado perfeitamente idóneo para acolher e dirigir zelosamente esta família de fiéis.

Assim, com o parecer da Congregação dos Bispos e apoiados na Nossa auto-ridade apostólica, desvinculamos-te da Igreja de Viseu e constituímos-te Bispo e Pastor da diocese de Leiria-Fátima, atribuindo-te simultaneamente todos os direitos e obrigações que, segundo as normas dos sagrados cânones, pertencem à tua condição e ao teu estatuto.

Darás conhecimento da tua escolha a esta comunidade, que exortamos com afecto a receber-te de boa vontade, ao chegares, como seu mestre e guia.

Ademais, Venerável Irmão, segundo as tuas possibilidades, cuidarás, quer do rebanho do Senhor aí presente quer da copiosa multidão de fiéis que lá acor-rem, pedindo a luz do alto e a protecção celeste da própria Virgem Maria de Fátima, da qual serás o especial e fiel guarda.

Dado em Roma, em São Pedro, no dia vinte e dois de Abril do ano do Senhor de dois mil e seis, segundo ano do Nosso Pontificado.

Bento XVI, Papa

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Em Destaque

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Em Destaque

Saudação à Diocese de Leiria-Fátima1 - Servidor da Alegria do Evangelho

O Santo Padre Bento XVI escolheu este vosso irmão, “simples e humilde trabalha-dor da vinha do Senhor”, para bispo da diocese de Leiria-Fátima. Foi com total surpre-sa que recebi a nomeação, tendo-me sido comunicado directamente do Vaticano que tal era a vontade do Santo Padre. Estava completamente fora de toda a minha previsão, uma vez que apenas há dois anos fui nomeado bispo de Viseu. Agradeço ao Santo Pa-dre a prova de confiança na minha pessoa e testemunho-lhe o meu afecto filial.

Não posso esconder-vos que a aceitação da nomeação me custou alguma dor, pois como bispo de Viseu amei e amo esta Igreja particular. Agora é-me pedido dedicar-me totalmente a vós. É uma mudança que aceito e vivo na fé, em obediên-cia à vontade do Senhor – que conduz a história segundo o seu misterioso desígnio salvífico – e com a disponibilidade tão belamente formulada por S. João Crisóstomo: “Senhor, seja feita a vossa vontade; não o que quer este ou aquele, mas o que Vós quereis que eu faça... Se Ele quer que eu permaneça aqui, fico-lhe agradecido; se me chama para qualquer outro lado, sempre lhe darei graças” (Oficio de Leitura).

Como Abraão vou para onde Deus me chama, para vos amar com todo o coração, com a inteligência e o afecto, com a fé e a caridade. Vou pois para junto de vós com muita serenidade, com humildade e alegria, na consciência dos meus limites e na confiança incondicional em Deus, para associar a minha vida à vossa e convosco ca-minhar na fé ao serviço da alegria do Evangelho, segundo o lema do meu ministério episcopal: “Servidores da vossa alegria” (2 Cor 1, 24). Quero continuar a realizar este ministério como sempre “com alegria e não gemendo” (Heb 13, 17).

De imediato, tenho, diante de mim, como tarefa prioritária conhecer a venerável Igreja diocesana de Leiria-Fátima – que se torna também a minha Igreja – com a sua fisionomia cultural e espiritual própria. Estou certo de que me ajudareis porque nada há de mais precioso que o conhecimento mútuo no diálogo e na transparência.

2 - Uma saudação para todos Hoje quero dirigir-vos uma primeira palavra de saudação: Salvé, querida diocese

de Leiria-Fátima! Eu te saúdo com todo o afecto e no amor de Jesus Cristo! Saúdo-vos a todos com as palavras do Apóstolo Paulo aos Romanos: “Desejo ardentemente ver-vos para vos comunicar algum dom espiritual a fim de que sejais reconfortados, ou melhor, para me reconfortar convosco e entre vós, mediante a fé que temos em comum, vós e eu”(Rom. 1,11). .

A minha saudação quer entrar em cada casa das aldeias, vilas e cidades da nossa Diocese e chegar a todos aqueles que o Senhor me confiou. Ela quer chegar a cada família, em especial àquelas que vivem qualquer tipo de dificuldade; exprime-se num simples “olá, amiguito(a)” dirigido a cada criança; manifesta-se como disponi-bilidade para a escuta e companhia para todos os jovens; torna-se encorajamento e partilha de responsabilidade para os adultos; faz-se veneração afectuosa para os ido-

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Nota biográfica de D. António MartoAntónio Augusto dos Santos Marto nasceu a 5 de Maio

de 1947, em Tronco, concelho de Chaves. No Seminário da diocese de Vila Real, fez os estudos humanístico-teoló-gicos, que prosseguiu no Seminário Maior do Porto.

Já em Roma, foi ordenado presbítero a 7 de Novembro de 1971. Aí prosseguiu estudos de especialização em Te-ologia Sistemática, na Pontifícia Universidade Gregoriana (1970-1977), onde fez a licenciatura e o doutoramento, que concluiu com a tese sobre “Esperança cristã e futuro

do homem. Doutrina escatológica do Concílio Vaticano II”.Quando regressou a Portugal, nesse ano de 1977, dedicou-se à formação

no Seminário da diocese do Porto, acompanhando os alunos da diocese de Vila Real e, sobretudo, ao ensino superior: foi prefeito no Seminário Maior do Porto, professor de Teologia do Instituto de Ciências Humanas e Teológicas do Porto, no Centro de Cultura Católica do Porto, na Faculdade de Teologia da Universi-dade Católica (Núcleo Regional do Porto) e na Faculdade de Direito da UCP.

Antes da ordenação episcopal, era director-adjunto do Núcleo Regional do Porto da Faculdade de Teologia da UCP, membro da Sociedade Científica da UCP e da Associação Europeia de Teólogos Católicos. Colabora nas revistas “Humanística e Teológica”, “Communio” e “Theologica”.

Para além da actividade académica, das suas actividades pastorais, desta-cam-se: colaborador regular na paróquia de Nossa Senhora da Conceição, no Porto, e na paróquia do Bom Jesus, de Matosinhos. Trabalhou com o Movimen-to Católico de Estudantes (MCE) e com a Liga Operária Católica (LOC). Tra-balhou também na catequese de adultos, na diocese do Porto e, em colaboração com D. Manuel Pelino, publicou o livro “Catequese para o Povo de Deus”, em dois volumes.

Nomeado Bispo Auxiliar de Braga, com o título de Bladia, a 10 de Novem-bro de 2000, a ordenação episcopal celebrou-se em Vila Real, a 11 de Fevereiro de 2001, na igreja de Nossa Senhora da Conceição. Em 22 de Abril de 2004, foi nomeado Bispo de Viseu, tendo tomado posse a 20 de Junho do mesmo ano.

Tem desempenhado também alguns cargos específicos na Conferência Epis-copal Portuguesa: Desde 2002, assegura a presidência da Comissão Episcopal para a Doutrina da Fé e Ecumenismo; Vogal da Comissão para Educação Cristã, durante dois mandatos; Vogal da Comissão Fé e Cultura, em dois mandatos; é actualmente membro do Conselho Permanente. Representou a CEP no Sínodo dos Bispos de Outubro de 2005, sobre a Eucaristia.

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sos, proximidade a cada doente, amor preferencial a cada pessoa pobre, humilhada ou portadora de deficiência; ressoa como convite respeitoso, discreto e dialogante a todos os homens e mulheres de boa vontade que não partilham a mesma fé.

Ninguém é estranho a esta saudação. Ninguém se sinta excluído do amor e do afecto que ela exprime e comunica. Gostaria que todos soubessem que, no amor do Senhor Jesus, amo e procurarei amar até ao fim esta Igreja que Ele me confiou, todos aqueles que a constituem e toda a pessoa que vive no seu território.

A minha primeira saudação particular vai para o meu caro amigo e predecessor, Senhor D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva que tanto bem fez no seu ministério entre vós. Saúdo-o com fraternal e grato afecto. Sei que poderei usufruir dos frutos da sua competência, da sua fé e da sua generosidade e do conforto do seu conselho. Que o Senhor o conserve muitos anos entre nós!

Desejo endereçar uma saudação de particular afecto ao Mons. Vigário Geral, ao Mons. Reitor do Santuário de Fátima, ao Il.mo Cabido, a todos os sacerdotes, aos religiosos e religiosas, aos institutos seculares, aos seminaristas, às paróquias, aos grupos e movimentos laicais.

Ninguém estranhará que o bispo reserve uma palavra especial para os seus pa-dres, os seus mais próximos colaboradores, com quem forma um só Presbitério. A todos e a cada um de vós, pois, meus caríssimos irmãos no único sacerdócio de Cris-to, quero manifestar a minha especial estima e o meu profundo reconhecimento pela fadiga apostólica com que exerceis o vosso ministério. A vós dirijo uma palavra de encorajamento e de confiança no meio dos inevitáveis cansaços e dificuldades.

Saúdo também cordialmente, e com toda a deferência, as excelentíssimas au-toridades civis, militares, académicas e administrativas, que representam todos os cidadãos do território da Diocese, com o voto de uma leal e generosa colaboração.

3 - Sob a protecção de Nossa Senhora Asseguro-vos que, desde já, estais todos na minha oração. Peço também a todos

vós a ajuda da oração e o acolhimento profundo da fé e do coração. Convosco confio a Diocese e a minha missão pastoral à protecção da Virgem Ma-

ria e ao seu amor materno, de quem sou profunda e ternamente devoto, tão venerada sob a invocação de Nossa Senhora de Fátima, Padroeira da Diocese. “A Senhora mais brilhante do que o sol”, com a sua mensagem de com-paixão, de consolação e de esperança, convida-nos e convoca-nos à contemplação da Beleza do Amor en-tranhado e misericordioso de Deus pela humanidade “que anseia por erguer-se do abismo”. Por sua intercessão, o Senhor nos conceda uma verdadeira comunhão de pensamento, de olhar, de intenções e de metas. “De resto, irmãos, vivei na alegria, tendei à perfeição, animai-vos mutuamente, tende os mesmos sentimentos, vivei em paz. E o Deus do amor e da paz estará convosco” (2Cor. 13,11).

A todos abençoo no Senhor com imenso afecto! O vosso irmão bispo, † António Marto

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Entrevista a D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva

Aposta na sinceridadecom olhar atento ao mundoEntrevista de Rui Ribeiro e Joaquim Santos in O Mensageiro

No dia 2 de Fevereiro, D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva completou 13

anos como Bispo residencial da Diocese de Leiria-Fátima. Numa altura em que prepara a sucessão e um novo ciclo no

seu ministério, fomos visitá-lo e sugeri-mos-lhe uma “avaliação” do seu serviço

à Igreja diocesana.

Recorda os sentimentos que o animavam quando foi nomeado para assumir este cargo?

Nunca fui “carreirista”, nunca fiz cálculos. Quando pensei ser padre, pensava na paroquialidade. Depois de ordenado fui mandado especializar-me em Roma em direito canónico e ciências sociais. Depois, já de volta, retomei no Porto uma acti-vidade pastoral muito activa e muito plural: professor, notário, assistente da acção católica; curso de catequese. Depois fui para Lisboa, em 1961; voltei ao Porto fui no-meado bispo auxiliar de Braga e depois de Lisboa. A dada altura estava muito cansa-do porque, acumulava as funções de bispo auxiliar para a zona do Oeste e secretário da Conferência Episcopal. Fui convidado a vir para a diocese como coadjutor no dia 13 de Maio de 1987. Quase não tive tempo de fazer programa, nem deveria fazê-lo, já que vinha como coadjutor.

Entendo que o bispo não é dono de nada, é mais moderador e responsável por uma equipa, na sua pluralidade eclesial e laical. Tenho desde a minha formação um carinho muito especial pelo laicado. Dou muita importância aos dirigentes de apostolado organizado nas várias áreas. Quando vim para Leiria não tinha que ter um programa, vinha com o propósito de ser solidário e ser sincero. Quando em 93 assumi a responsabilidade da diocese continuei um trabalho que vinha já de trás.

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Que balanço faz da sua acção na diocese ao longo destes 13 anos?Eu não sou contabilista. Avalio mais pelo modo de estar. Tenho procurado ser

coerente; renuncio a ter férias; dei prioridade às infra-estruturas mais vitais (clero, a pastoral vocacional sem descuidar as organizações laicais). No tecido geral de uma organização devemos ter pólos fortes, que são como que motores. Eu empenhei-me em vários sectores por criar estes pólos de força, para que a Igreja não ficasse fechada na sacristia ou no adro, mas pudesse estender-se a toda a parte e a todos os sectores. Além disso, para lá da missão profética, pareceu-me importante apostar no testemunho como forma de nos apresentarmos na sociedade. Entendo que quando há sinceridade a verdade vem ao cimo mais depressa.

Entre as acções que marcaram a vida da Igreja enquanto foi Bispo residencial, escolhemos três: o Sínodo Diocesano, a implementação do Regulamento da Administração dos Bens da Igreja (RABI) e a recente elaboração do Projecto Diocesano de Pastoral para os próximos seis anos. Que nos pode dizer sobre estes três temas?

Houve muitas outras acções, não menos importantes, que de facto foram concre-tizadas. Mas falemos então dessas três.

O Sínodo fui uma tentativa da pluralidade e da colegialidade. Uma tentativa da revisão de vida; uma tentativa de agitar o que poderia estar adormecido. Os frutos não se colocam de imediato em cima da mesa, mas vão aparecendo paulatinamente. Ficou, acima de tudo um espírito concreto: a sinodalidade, a partilha e a correspon-sabilidade. Isso veio ao cimo e foi bem captado pela Diocese.

O RABI foi uma preocupação de clarificar a parte administrativa da Igreja dio-cesana e paroquial. O sistema anterior não parecia muito claro. Assim, quisemos apostar na clareza de contas. Nisso, antecipámo-nos à nova Concordata, no que se refere aos aspectos administrativos. Ainda está a dar os seus frutos, pois é necessária uma mudança de mentalidade que requer alguma tolerância pedagógica.

O Projecto Pastoral é fruto do Sínodo, corresponde a uma certa ansiedade; mas sobretudo diz respeito a um tempo moderno de não improvisar. Nos nossos dias mais que nunca requer-se a planificação. Ver à distancia no tempo e na geografia. A Dio-cese é uma célula viva de um conjunto e por isso precisa de planificação. Estamos todos no mesmo barco e precisamos remar de forma coordenada. Temos um projecto para seis anos com temática própria para cada ano. Serve para ajudar a caminhar no mesmo sentido. Na sua opinião que outras acções merecem destaque?

O inventário de todo o património móvel e imóvel. Feito no silêncio, com muito trabalho e dedicação, está praticamente terminado. Houve uma renovação na arte sacra; um maior apreço e respeito pelo que já havia e depois melhoraram-se muitas igrejas e outras foram ainda construídas de raiz. Novos espaços de culto que têm notoriedade e qualidade. Saliento ainda que a beleza desses espaços não é mais fruto

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da arte do arquitecto mas em muitos casos é o resultado do sentir da comunidade. As comunidades são mais exigentes até nos espaços de culto. O projecto neste campo ainda não está terminado. Há ainda aspectos que podem ser desenvolvidos. Não po-demos ainda esquecer a criação dos Conselhos Pastorais e Económicos. São escolas de formação permanente.

Falemos um pouco dos principais agentes da acção pastoral e comecemos pelos seus auxiliares mais directos, os sacerdotes. Qual a avaliação que faz relativa-mente ao clero da diocese? E como vê a pastoral vocacional que temos?

O clero de Leiria vai envelhecendo, embora haja unidades novas. No geral, o clero da Diocese é muito bom, mas faz falta uma coisa: não é uma frustração minha, mas é um desgosto, que a Diocese não tenha o diaconado permanente. Na história da Igreja o serviço ministerial é composto por 3 graus no sacramento da ordem: episcopado, presbiterado e diaconado. Uma diocese que não tenha membros do pri-meiro grau está mais pobre, falta-lhe qualquer coisa. Além disso os outros dois graus vão diminuindo por várias razões. Um diácono permanente bem formado, pode desempenhar muitas funções que de alguma forma preenchem demasiado o padre. Eu gostaria que o presbítero tivesse algo de específico, na direcção espiritual, no magistério, na celebração eucarística e na absolvição. Mas a administração de lares, cresces e até da catequese, e acção social, julgo que podem ser desempenhados por um diácono. Compreendo as razões para que não haja diáconos permanentes. Foi dada luz verde e houve até candidatos; mas a mentalidade do clero paroquial não estava sensibilizada para esta inovação. Houve desta forma alguns entraves, que compreendo perfeitamente, e que me levaram a mim mesmo a parar um pouco o processo. Não abandonei a questão, mas tive que encher-me de paciência para parar um pouco.

No sector das vocações houve muitas mudanças no nosso seminário. O futuro não é claro, há sinais que chamam a atenção: a natalidade baixou muito, o acesso escolar é mais fácil, o laicismo, a busca do bem estar material subiu. A vocação sacerdotal está afectada. Deus continua a chamar mas há muitos ruídos que não deixam ouvir. Já passou aquele “tsunami”, anti cristão, mas hoje há uma outra onda que não é tão devastadora, mas não deixa de ser perigosa no aspecto religioso, é o sincretismo re-ligioso. Alguma indiferença, uma era nova… Gostaria que este fenómeno fosse mais analisado, porque está na base da chamada crise vocacional. Não apenas na Europa, mas por todo o lado. Chegamos a uma espécie de religiosidade romântica ou lírica que é fruto deste sincretismo religioso. A pastoral vocacional não está parada mas está um tanto a patinar, difusa… Se o prior da aldeia dá um ar de abatido e cansado, não está a contribuir para a pastoral vocacional. Sei que há problemas novos em vários sectores da vida, um deles é o da fé. Continuamos a caminhar, mas temos que assumir que há dificuldades. Todos os serviços são pequenos contributos válidos.

Na minha relação com os padres eu procurei ser sincero, procurei ser igual a mim

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mesmo. Detesto a mentira e a hipocrisia, por isso procurei ser amigo, sinceramente amigo. Procurei nunca faltar no momento certo; por vezes foi necessário apelar ao bom senso e nunca meti a cabeça debaixo da terra, estive o mais que pude presente.

Voltando-nos para a comunidade no seu conjunto, como define e avalia a comu-nidade cristã aqui implantada?

Conheço outras dioceses, viajo e dou-me conta das diferenças. Sou levado a dizer que a região centro, no caso a diocese de Leiria-Fátima, é muito aberta aos valores espirituais e humanos. Sob o aspecto económico há um bom nível de vida, embora haja casos de alguma pobreza ou maior precariedade. O Povo de Deus tem boas qualidades e bons sentimentos. Qualidades especiais próprias destas gentes são o sentido musical, o sentido artístico (poesia). É provável que esta seja a diocese que tem mais e melhores grupos corais, com qualidade. E são de referir as muitas ban-das de música, os clubes ou associações recreativas… tudo isso expressa a maneira de ser desta gente. Não há muito anti-clericalismo, há respeito. Formas exotéricas ou mágicas de viver o sentimento religioso depressa se diluem. O espírito cristão, muito ligado à luz de Fátima, é sempre mais forte. As pessoas sentem-se honradas e devotas em relação a Fátima.

O actual Projecto diocesano deixa transparecer uma preocupação da Igreja por chegar ao mundo mais afastado. A sociedade que não parece querer ser da Igre-ja é por esta procurada e desejada. O senhor bispo é responsável até por uma forte presença da Igreja em sectores menos comuns. Isso é uma preocupação ou é uma maneira de ser? O que se poderá fazer neste campo?

Nós pertencemos a muitos mundos. Todos nós lidamos com atmosferas diferen-tes ao longo do dia. A sociedade está composta por pequenos mundos. A Igreja tem de abrir janelas, abrir portas e fazer pontes. A Igreja tem de procurar desintoxicar os ambientes menos claros. E só no relacionamento sincero poderá desempenhar esse papel. Tem de haver sempre lealdade, sinceridade e busca da verdade. Tudo o que seja interesse económico ou hipocrisia ou exploração tudo isso é veneno a afastar. A visão da globalidade do ser humano exige que a Igreja passe por todos os mundos ou sectores da sociedade. È uma exigência, mais que uma qualidade. Não me compete condenar nada nem ninguém mas é-me pedido que esteja ali para tentar levar a sal-vação que foi oferecida por Deus.

Falámos de Fátima e por vezes parece que Fátima ocupa muito a vida do bispo da diocese. Que relação entre Fátima e a diocese no futuro?

O Santuário de Fátima deve continuar integrado na diocese de Leiria-Fátima. Mas o santuário tem uma dimensão supra-diocesana, por isso deve haver uma es-treita cooperação com a CEP; para manter o organismo de Fátima é preciso que haja uma boa equipa de capelães, estes podem ser de diferentes dioceses. Inclusivamente

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o reitor pode ser de uma diocese diferente, contando que seja o bispo diocesano a mandatar. O actual organigrama do Santuário é de manter e desenvolver, e o bispo diocesano tem de acompanhar, mas fazer confiança para não abandonar o resto da diocese. Eu julgo que consegui um certo equilíbrio nesta relação. Estive presente em Fátima e os sacerdotes párocos ajudaram nesse aspecto, daqui o meu muito obrigado aos párocos que souberam libertar o bispo para que este pudesse estar em Fátima.

Há algum projecto que gostaria de ter realizado na diocese e tenha ficado por realizar?

O diaconado Permanente é o projecto que não consegui realizar. O bispo que vier substituir-me deverá trabalhar este campo. A semente está lançada…

Depois de deixar a diocese, o que tenciona fazer? Eu pedi a resignação. Em Outubro foi-me comunicado que fora aceite. Por mim,

espero ter mais tempo livre, dedicar-me a estar com os amigos, dar mais tempo aos familiares. Ficarei a residir em Fátima e espero ler, e escrever. Houve uma ideia de fazer um tempo de missão, concretamente no Sumbe onde estamos a trabalhar para uma geminação. Mas é provável que este desejo não vá avante para já. De qualquer modo sublinho que a intenção que estava subjacente a este sonho era a de ser coe-rente comigo mesmo e com o que apregoamos. Nessa linha se insere o meu esforço aquando da peregrinação diocesana a Fátima, não chega incentivar a que se faça peregrinação e se caminhe a pé. Se posso, devo também ir a pé. O mesmo se diga em relação à renúncia quaresmal etc… Ser coerente e sincero. Tenho em projecto fazer algumas biografias sobre personagens da nossa história que merecem ser destaca-das. Penso ter agora tempo para isso, pelo menos quero encontrar tempo para isso. Integrando estas biografias num contexto de solidariedade para com as pessoas que deram muito de si e merecem um reconhecimento. A biografia tem hoje muita força e é uma forma de falar da vida da Igreja.

Quais lhe parecem ser os maiores desafios na diocese para o seu sucessor?Eu penso que resolvi alguns problemas (por exemplo em relação a Fátima muitas

coisas foram clarificadas), espero que não seja necessário voltar a eles. No dia 3 de Fevereiro vai ser tornada pública a aprovação do chamado Apostolado Mundial de Fátima (exército Azul), um movimento com milhões de associados ou aderentes, mas para chegar a este ponto houve uma longa caminhada que felizmente o meu sucessor não terá necessidade de passar. Por isso o meu sucessor terá como grande desafio uma atenção maior na concretização do Projecto Diocesano. Não esqueço a pastoral familiar que é um desafio grande para a Igreja portuguesa, e por isso diocesana, nos próximos anos. Neste, como em todos os campos da acção pastoral, importa sacudir muita poeira e apostar na verdade e na sinceridade.

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Equipa Diocesana de Pastoral VocacionalDesde o início do ano, a equipa formadora do Seminário de Leiria vem a mar-

car presença auscultando as vigararias, os serviços e a Confederação dos Institutos Religiosos de Portugal. Terminada essa fase, foi criado um grupo de trabalho com representantes de cada uma destas áreas, com o objectivo de reflectir e programar o próximo ano do Plano de Pastoral Diocesano, dedicado às vocações. “A ideia de que a pastoral vocacional é transversal a todos os sectores, ou seja, que deverá haver um serviço dinamizador de uma acção que é de todos, é um objectivo a atingir no final desta caminhada”, acentuou o padre Armindo Janeiro, reitor do Seminário de Leiria.

É importante deixar claro que a vocação “brota da condição baptismal do crente e se concretiza na resposta pessoal ao chamamento de Deus, na vivência da fé”, sa-lientou, frisando que a prioridade do próximo ano “é sensibilizar para estas questões quem já vive o sacerdócio ou o matrimónio, e criar condições para maior vivência da própria vocação”.

As acções concretas serão programadas nos próximos encontros, mas adianta-se desde já a criação de um Serviço de Animação da Pastoral Vocacional. Neste mo-mento, o grupo de trabalho prepara-se para assumir esta terceira fase que surgirá da união de esforços com o Secretariado Diocesano de Coordenação Pastoral.

Director do CFC e da EFTLO padre Vítor Manuel Leitão Coutinho é o novo responsável do Centro de For-

mação e Cultura e o novo Director da Escola de Formação Teológica de Leigos da diocese de Leiria-Fátima. Após um período de formação académica na Alemanha, onde também trabalhou junto de uma comunidade portuguesa, o padre Vítor Cou-tinho iniciou funções no Mês de Janeiro, substituindo o padre Manuel Armindo Janeiro.

Nova Conferência de São Vicente de PauloNo princípio do ano, um grupo de paroquianos da Azóia, motivado e acompa-

nhado pelo seu pároco, padre David Barreirinhas, deu início à Conferência de S. Vicente de Paulo (CSVP). A direcção ficou assim constituída: presidente – Maria Otília Rocha da Cunha Ferreira; Vice-Presidente – Júlia Oliveira; Secretária – Isabel Vieira; Tesoureiro – Luís Rodrigues.

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Durante dois dias, o grupo reuniu-se com elementos do Conselho Central de Lei-ria da Sociedade de S. Vicente de Paulo, com o objectivo de conhecer o específico da missão vicentina, a organização internacional e nacional da sociedade e o respectivo historial. A par da formação, foram apresentadas directrizes para a orgânica interna da nova Conferência, e sugestões concretas para a sua acção.

Pároco do OlivalA paróquia de Nossa Senhora da Purificação do Olival viveu, no passado dia 8 de

Janeiro, um momento alto da sua caminhada cristã, com a recepção ao novo pároco, padre Sérgio Feliciano de Sousa Henriques. Na Eucaristia em que fez o juramento de fidelidade e a profissão de fé, o novo pároco salientou o ministério do sacerdócio como serviço à comunidade em prol da unidade. No final houve um jantar de con-vívio para toda a população. Estiveram presentes o vigário-geral da Diocese, vários colegas sacerdotes e numerosos paroquianos de Caxarias onde o Padre Sérgio con-tinua pároco, em acumulação.

Pastoral Familiar - representantes paroquiaisO Secretariado Diocesano da Pastoral Familiar realizou, no dia 11 de Janeiro,

no Seminário Diocesano, um encontro com os representantes paroquiais e dos mo-vimentos da pastoral familiar. A iniciativa pretendeu promover a reflexão sobre a paternidade consciente e responsável, dando continuidade ao trabalho e aos planos que emergiram da Jornada Diocesana de Pastoral Familiar de 3 de Dezembro de 2005. Ao mesmo tempo constituiu a concretização de uma cooperação que se vinha procurando entre os representantes da pastoral familiar paroquial e o Secretariado diocesano, para apoio e aproveitamento máximo das iniciativas locais.

O mesmo Secretariado, procurando salientar os aspectos fisiológicos, psicológi-cos e espirituais da conjugalidade matrimonial, realizou em Abril, dois encontros de formação, com o apoio do Movimento de Defesa da Vida.

Além da formação concreta, estes contactos procuram incentivar a participação de casais mais jovens, acompanhar as equipas paroquiais já existentes e promover a sua constituição onde ainda não existam, a partir dos representantes que as paróquias vão enviando.

Reunião de Vigários da DioceseA 16 de Janeiro realizou-se a primeira de três reuniões dos vigários da Diocese

agendadas para o corrente ano, presidida pelo Bispo de Leiria-Fátima, D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva. Estiveram presentes os vigários de Batalha, Colmeias,

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Leiria, Marinha Grande, Milagres, Monte Real, Ourém-Caxarias e Porto de Mós. O principal ponto em agenda foi a vivência do tema pastoral do ano – Acolhimento – nas diversas paróquias. Verificou-se que, apesar de, até ao momento, não se terem feito muitas actividades específicas, o tema tem estado presente transversalmente em todas elas.

Outro assunto em análise foi a geminação da diocese de Leiria-Fátima com a de Novo Redondo, Angola, cujo o texto-base fora apresentado aos bispos respectivos pelo padre Vítor Mira, impulsionador do projecto.

Por fim, o Bispo diocesano fez algumas recomendações quanto à organização dos livros de registos paroquiais dos sacramentos, à apresentação atempada dos livros de contas de cada uma das paróquias aos serviços competentes e ao papel ou função que os vigários devem ter nas respectivas vigararias.

Tertúlias vicariais sobre a Vida“Seriamente empenhada na evangelização do meio urbano, que requer um

modelo pastoral muito diferenciado do que estamos habituados a desenvolver nos contextos rurais”, a vigararia de Leiria começou por criar, há uns anos, uma equipa de pastoral urbana, que depois deu lugar ao actual Conselho de Pastoral Vicarial. Foi no âmbito das acções deste conselho que se realizaram – a 20 de Janeiro, 3 e 24 de Fevereiro – três tertúlias sobre o valor da vida humana, com o principal objectivo de “reafirmar que a vida humana é sagrada e inviolável em todas as suas fases e situa-ções e que nunca um ser humano perde a sua dignidade em qualquer circunstância física, psíquica ou racional em que se encontre”.

Os temas em debate em cada um dos três dias foram: “O Valor ético da vida humana – O Direito à vida” (Dr. João Carlos Simões Gonçalves Loureiro, professor auxiliar da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra); “O início da vida humana: desenvolvimento embrionário e leitura ética” (Pe. Vítor Manuel Leitão Coutinho, director do Centro de Formação e Cultura da diocese de Leiria-Fátima); “O fim da vida humana: papel da medicina paliativa e ética do morrer” (Dra. Ana Cristina Mangas, assistente graduada anestesiologia do Hospital de S. André).

Formação permanente do clero de Leiria-FátimaDe 23 a 27 de Janeiro e de 30 de Janeiro a 3 de Fevereiro, realizaram-se os dois

turnos, em alternativa, da acção de formação permanente do clero de Leiria-Fátima, que decorreram no Seminário dos Missionários Espiritanos, em S. Domingues de Rana. Participaram praticamente todos os padres da diocese, bem como o Bispo diocesano, D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva.

O tema da formação foi “O Acolhimento como Teofania”, ou seja, a prática

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do acolhimento como acto de evangelização e de manifestação do amor de Deus. Correspondendo ao proposto para o primeiro ano do projecto pastoral, a abordagem serviu para repensar e melhorar o esforço que neste campo se vem desenvolvendo. À exemplo de Jesus que procurava e acolheu todos os que aproximaram, tais como a Samaritana, Nicodemos ou Zaqueu, a reflexão inspirada nos respectivos relatos bí-blicos, esteve ao encargo de prelectores de renome, na sua maioria da Universidade Católica Portuguesa, das áreas bíblica, pastoral e psico-sociológica.

Fez parte do programa um passeio pela zona marginal, desde o cabo da Roca ao Tejo, e uma visita com partilha pastoral à paróquia do Campo Grande, em Lisboa,

Além dos temas e das actividades previstas a realização privilegiou o convívio entre os padres da Diocese e a vivência litúrgica e espiritual.

As acções tiveram lugar, mais uma vez, fora da diocese, com o objectivo de uma maior concentração e disponibilidade que a proximidade do quotidiano normalmen-te prejudica.

36º Aniversario do Centro Social Paulo VIIntegrada nas comemorações do seu 36º aniversário, o Centro Social Paroquial

Paulo VI promoveu, no dia 27 de Janeiro, no auditório do Orfeão de Leiria, uma conferência com o padre Vítor Melícias, onde o presidente das Misericórdias subli-nhou a importância de “uma aposta na cultura e na solidariedade”, frisando que “é preciso acreditar, não por imposição, mas por sentir que a humanidade só terá futuro se for solidária e fraterna”. Seguiu-se um concerto, por um quarteto de saxofones da Filarmónica Artística das Cortes.

O padre Joaquim Baptista, há sete anos presidente da Direcção do Centro So-cial Paroquial Paulo VI, fez um balanço muito positivo do trabalho realizado pela instituição nestes anos, referindo que ela “tem estado atenta às novas situações e desafios, procurando responder da melhor forma”. Também não ignorou as muitas as dificuldades com que se depara, sobretudo ao nível do financiamento. Se este fosse suficiente, várias seriam as iniciativas a desenvolver, como “a constituição de um serviço de apoio às adolescentes e jovens grávidas, a concretização do projecto «Crescer Livre» para prevenção da toxicodependência e outros riscos de rua, e a construção de novas instalações para a creche «O Ninho» e para o «Lar Santa Isa-bel», concentrando as duas valências num mesmo espaço e noutro local da cidade”.

No mesmo encontro, foram homenageadas as cinco funcionárias que completa-ram 25 anos ao serviço da instituição. A propósito, a Presidente da Câmara Munici-pal de Leiria, Dra. Isabel Damasceno, salientou “o enorme trabalho realizado pela instituição ao longo deste anos na comunidade de Leiria, e deixou a promessa de maior apoio futuro por parte da autarquia.

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Encontro Diocesano de Pastoral da SaúdeMais de duas centenas de pessoas participaram no Encontro diocesano de Pasto-

ral da Saúde, organizado pela respectiva Comissão, a 28 de Janeiro, no Seminário de Leiria, sobre “o acolhimento ao doente como dom para a saúde integral”.

Na abertura, D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, salientou a importância de uma a saúde integral, física e espiritual e louvou o trabalho dos acolhedores de doen-tes, que não precisam de recorrer a recomendações moralistas mas devem sobretudo transmitir razões de viver e testemunhar uma fé que permita ousar abordar o mistério da morte.

A primeira conferência, proferida por D. Augusto César, bispo-emérito de Portalegre Castelo Branco, abordou a “O Acolhimento em Jesus Cristo: palavras e gestos”. Referindo-se a visitas que apenas parecem ocupar o espaço e esquecem o essencial, falou da expressão das próprias convicções junto do doente, e da mensa-gem da pessoa de Jesus Cristo solidário. E pensando nas famílias enlutadas, frisou a importância dete campo que é muitas vezes esquecido pelos acolhedores e visita-dores de doentes. “O sofrimento é sempre um apelo de Deus que me chama a ir ao encontro daquele meu irmão e a solidariedade é a resposta a esse apelo. O acolhi-mento, mais que ajuda, é solidariedade e partilha na situação na situação concreta do doente”, concluiu.

Maria Alice Cardoso, vice-presidente da Caritas Diocesana, tratou o tema “o acolhimento do doente na família e na paróquia: dom ou peso?”, completando o conjunto das reflexões com os aspectos mais práticos que desafiam todos, da família à comunidade paroquial.

Semana de Animação Missionária em LeiriaAjudar os cristãos a tomar mais consciência da dimensão missionária da sua

vocação baptismal; promover a inter-comunhão eclesial em pessoas, valores e ex-periências de evangelização e de celebração da fé; fomentar o respeito por outras formas de vida cultural, sem diminuir o anúncio do Evangelho; incentivar a criação de um grupo de animação missionária paroquial; estes os principais objectivos da Semana de Animação Missionária promovida pela vigararia de Leiria nas paróquias de Azóia, Barosa, Barreira, Cortes, Cruz da Areia, Leiria, Marrazes e Parceiros, de 12 a 19 de Fevereiro.

Das actividades realizadas salientaram-se os contactos dos missionários com as crianças e jovens nas catequeses e escolas, com movimentos e grupos apostóli-cos, e ainda as visitas personalizadas a doentes e idosos.

Durante toda a semana, das 10h00 às 17h00, funcionou na praça Rodrigues Lobo, em Leiria, uma Tenda Missionária, onde os transeuntes puderam contactar com os missionários. Entretanto, nos dias 7 a 19, esteve patente ao público, na

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igreja de S. Francisco, uma exposição de fotografia de Angola.No final da semana, realizou-se uma jornada vicarial de catequese subordinada

igualmente à temática das missões. Avaliando as acções das equipas missionárias, os catequistas das seis paróquias envolvidas apresentaram um conjunto de conclusões com destaque para para a necessidade de maior cuidado na dinâmica das catequeses e das celebrações litúrgicas. Por sua vez, a equipa missionária salientou a necessida-de da criação de um grupo missionário paroquial e do desenvolvimento de dinâmicas de acompanhamento dos jovens depois do crisma.

Encontro diocesano do MCEO Movimento Católico de Estudantes (MCE) da diocese de Leiria-Fátima reali-

zou, nos dias 18 e 19 de Fevereiro, em Fátima, o Encontro Diocesano dos Sectores do Ensino Básico e Secundário (SEBS). Teve como temática “Eu sou Eu e o Outro”, que é também a temática nacional do SEBS para este ano e o tema central do Encon-tro Nacional realizado nos dias 20 a 23 de Abril.

O acolhimento na vigararia da Marinha GrandeA vigararia da Marinha Grande promoveu um encontro de formação sobre o

tema do primeiro ano do Projecto Pastoral Diocesano, o acolhimento, no dia 19 de Fevereiro, no salão paroquial da Maceira, dirigido em primeiro lugar a catequistas, pais e adolescentes da catequese, mas aberto a todos. Pretendeu-se abranger a famí-lia, a catequese e a comunidade, na sua interdependência e acolhimento recíproco, no exercício da sua missão na Igreja e no mundo.

O tema foi representado por um grupo de adolescentes de Pataias e Alpedriz, numa encenação do encontro de Jesus com a Samaritana. A reflexão de fundo esteve a cargo de João César das Neves, professor da Faculdade de Economia da Universi-dade Católica Portuguesa, que falando de “O espanto da Fé, a alegria da Caridade e a força da Esperança” deixou um testemunho de presença consciente, activa e serena, na Igreja, na sociedade e no mundo, onde se vêem “muitos aspectos positivos e si-nais do dinamismo do Espírito Santo e da presença e acção do Ressuscitado”.

Após um lanche partilhado, orador dialogou com as cerca de 2540 pessoas pre-sentes. Às questões e dificuldades sentidas pelos catequistas e pelos pais, César das Neves respondeu insistindo sobre a necessidade de “aceitar e assumir com toda a verdade as situações de vida, acreditar que Deus nunca rejeita ninguém e descobrir as riquezas, os desafios e as possibilidades de bem que, mesmo as situações desagra-dáveis e de pecado, nos proporcionam, nos oferecem e nos impõem”.

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Início da Quaresma - Acolher a misericórdia divinaEm muitas paróquias da diocese houve programas especiais para uma vivência

mais profunda da Quaresma. As comunidades abriram as portas ao “acolhimento”, tema do ano pastoral, e, partindo daí, a uma oração e penitência mais intensas como caminho para a Páscoa.

Na Quarta-Feira de Cinzas, organizou-se, uma caminhada da Sé Catedral até ao monte da Senhora da Encarnação, para “Contemplar, Escutar, Acolher, Iluminar e Viver”. A subida da escadaria fez-se com leituras, comentários e cânticos e, à entrada da igreja, procedeu-se à imposição das cinzas.

Nesta mesma dinâmica de formação e vivência quaresmal, a paróquia de Leiria organizou três catequeses, na igreja de São Francisco, sobre “O acolhimento do amor misericordioso de Deus”.

O programa quaresmal de Leiria incluiu ainda a campanha “Ser água no poço de Jesus”, especialmente dirigida às crianças que, ao longo de cada semana, tiveram uma tarefa a realizar, relacionada com o texto bíblico de cada domingo.

Encontro de formação da Vigararia de LeiriaSob o título “Urgente promover os mais necessitados! Chamar e entusiasmar mais

voluntários!”, decorreu na vigararia de Leiria um encontro de formação para os grupos sócio-caritativos, na continuidade do realizado em Dezembro. A iniciativa decorreu a 2 de Março, no salão paroquial dos Marrazes, sob a orientação Carlos Neves, da Cáritas Diocesana de Coimbra, e contou com a participação de numerosos voluntários das Conferências de S. Vicente de Paulo e de outros grupos sócio-caritativos.

Oração, retiro e peregrinação da Pastoral Juvenil O Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil tem apostado em espaços de ora-

ção e retiro, como o que aconteceu em Aljubarrota, nos 4 e 5 de Março, sobre o tema do ano pastoral, “Se conhecesses o dom de Deus”.

De forma periódica, na última sexta feira de cada mês, promoveu também encon-tros de oração “Shéma”, inspirados nas pedagogia de Taizé, privilegiando o canto e a oração meditada, e escolhendo para cada vez um gesto diferente. Também não fal-taram aos participantes momentos de convívio e partilha, à volta da mesa, com chá e bolinhos. Realizados na cripta do Seminário Diocesano, os encontros registaram a boa média de cerca de 100 participantes.

Dentro do mesmo espírito, o secretariado conseguiu que 106 jovens da nossa dio-cese peregrinassem, até Taizé, de 8 a 17 de Abril, numa experiência única de oração, reflexão e intimidade com Deus.

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Seminário e vocaçõesNo dia 9 de Março, reuniram-se no Seminário Diocesano os responsáveis do

Pré-Seminário e dos Seminários Menores das dioceses do centro, com os alunos do ano propedêutico. A partilha de experiências permitiu sublinhar a necessidade de salvaguardar as diferenças e especialidades de cada diocese e de considerar como oportunidades de verdadeiro trabalho vocacional as inúmeras dificuldades deste tra-balho. O Tempo Propedêutico, sua estrutura e importância no itinerário vocacional dos jovens candidatos foi outro dos assuntos tratados na reunião.

Entretanto, no dia 13, realizou-se em Fátima um encontro nacional de todos os responsáveis diocesanos e de institutos religiosos pela pastoral das vocações. Cerca de 60 participantes fizeram uma avaliação positiva do fórum das vocações, realizado em Outubro, sob o tema “Da alegria de ser chamado à coragem de chamar”, que pa-receu indicativo de um assinalável incremento da pastoral vocacional. É de referir, a este propósito, que as dioceses de Viseu e Porto se consideram actualmente em ano vocacional. Os participantes definiram os temas para as semanas vocacionais do pró-ximo triénio: “A Igreja como mistério” (2006); “A Igreja como comunhão” (2007) e “A Igreja como missão” (2008).

Abordando a chamada crise de vocações, os participantes consideraram impor-tantes, além do insubstituível recurso à oração e à formação, uma clara definição da especificidade de cada vocação e o recurso às novas tecnologias.

Folha do Olival fez 50 anosAssociando-se ao 50º aniversário de A Folha do Olival, celebrado a 11 e 12 de

Março, os jovens universitários da paróquia promoveram um 1º Encontro, com o objectivo de se conhecerem melhor. As comemorações contaram com a presença do bispo da Diocese, D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva que presidiu à Eucaristia. Além da evocaçação dos “50 anos de existência do jornal A Folha do Olival”, em conferência proferida por Acácio de Sousa, director do Arquivo Distrital registaram-se a actuação da tuna académica “Trovantina” da ESTG de Leiria, e a exibição do grupo de teatro “Movimento Pró-palco” que levou à cena a “Gota de Mel” de Leone Chancerel.

Semana da CaritasUma colheita de sangue e um encontro de amigos, a par do tradicional peditório

nacional, marcaram a Semana Cáritas celebrada de 12 a 19 de Março.O IX Encontro Anual dos Colaboradores da Cáritas teve lugar no dia 12, no

Centro Paroquial Paulo VI, em Leiria, sobre a Encíclica “Deus Caritas Est” de Bento

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XVI. A relexão foi conduzida pelo padre Vítor Coutinho, doutorado em Ética Teo-lógica pela Universidade de Münster e recentemente nomeado director do Centro de Formação e Cultura.

A modo de balanço, Carlos Jorge, presidente da Cáritas Diocesana, considerou o encontro como uma valiosa oportunidade de formação, de actualização e de cresci-mento para os cerca de setenta participantes pois “Reconhecer-se parte de uma famí-lia mais alargada que partilha preocupações e ideais comuns, ajuda a vencer a frieza e o desânimo e constitui estímulo vigoroso para um compromisso renovado”.

O peditório decorreu durante toda a semana, um pouco por toda a Diocese. Na cidade de Leiria, metade do que se recolheu foi destinado ao Centro de Acolhimento, como vem sendo habitual.

No encerramento da semana, a 19 de Março, a nossa diocese recebeu as come-morações nacionais do Dia da Cáritas, subordinadas ao tema “Água, Fonte de Vida, Património da Humanidade”. A freguesia de Carnide que foi das mais atingidas pela tragédia dos incêndios do último verão, foi escolhida como local do evento. Na festa participaram muito activamente as crianças, em conjunto com os adultos. Ao talento dos da orquestra juvenil, juntaram-se as danças e cantares do grupo folclórico e uma mostra engenhosos artesanais, numa festa que a televisão fez chegar a todos os re-cantos de Portugal. O convívio alegre, a mesa posta para todos, a boa organização e a capacidade de receber com generosidade e visível contentamento, perduram como marcas salientes de um dia memorável.

Mais de 600 pessoas participaram na Eucaristia presidida pelo Vigário-geral da diocese. Marcaram presença os presidentes da Cáritas Portuguesa e da Cáritas dioce-sana, bem como os Presidentes da Câmara de Pombal e da Junta de Freguesia local, e representações da Câmara de Ourém. Além de numerosos voluntários de organismos socio-caritativos da Diocese pôde registar-se a participação de representantes de Ca-ritas de diversas dioceses de Portugal.

Numa breve intervenção, o Presidente da Junta de Freguesia de Carnide não quis deixar de agradecer às várias entidades e aos muitos portugueses anónimos os contributos generosos que permitiram à freguesia retomar a sua vida normal depois da tragédia dos incêndios do Verão passado. Por seu turno, o padre Jorge Guarda, Vi-gário Geral, expressou à Cáritas o reconhecimento da Diocese pelo trabalho desen-volvido ao nível paroquial, diocesano, nacional e internacional, e formulou votos de que “outros se sintam estimulados e atraídos para o exercício da caridade, respeitosa e autêntica, fundada na inalienável dignidade de cada pessoa”.

IX Jornadas dos Universitários CatólicosLeiria foi anfitriã das IX Jornadas de Universitários Católicos, organizadas pelo

Movimento Católico de Estudantes, em parceria com o Serviço Nacional de Pastoral do Ensino Superior. De 17 a 19 de Março, acorreram à Escola Superior de Tecnolo-

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gia e Gestão, onde o evento teve lugar, cerca de duas centenas de jovens de todo o País que quiseram aprofundar a cidadania, redescobrindo o sentido e os modos da sua participação na sociedade.

As duas conferências com que se iniciaram os trabalhos lançaram reptos e abri-ram caminho, num contexto de mudança necessária e fundamental, rumo a uma sã cidadania. O sociólogo António Teixeira Fernandes defendeu que a sociedade não está a passar por uma crise de valores, mas antes por uma hierarquização diferente dos mesmos e por uma incapacidade de perceber os valores cristãos. Um dos rumos a tomar passará pela percepção de que a cidadania não consente dependência e pres-supõe capacidade de autonomia. Augusto dos Santos Silva, Ministro dos Assuntos Parlamentares, salientando o mesmo aspecto, apelou aos jovens para que não temam a mudança, de forma a poderem influenciar o seu decurso pela própria intervenção, como sujeitos e não apenas como espectadores.

O segundo dia começou com a afirmação do padre Peter Stilwell: “Há que ter capa-cidade de olhar os outros nos olhos e perceber que estão ao nosso lado”. Seguiram-se painéis, debates e uma mesa redonda, onde cada um pôde perceber e aprofundar a sua responsabilidade na mudança, pela vivência comprometida da cidadania.

A iniciativa que ficou ainda marcada pelo sarau cultural e convívio entre os parti-cipantes, teve um balanço muito positivo, como afirmou Rosa Wemans, da comissão organizadora, ao salientar intervenção activa dos participantes, muitos deles “gente diferente da do costume”.

Retiro diocesano de catequistasO Secretariado Diocesano da Catequese realizou um retiro para catequistas, de

17 a 19 de Março, em Fátima, numa linha de atenção à “formação específica dos ca-tequistas, sobretudo na área espiritual, para o bom desempenho da missão que lhes é confiada”. Orientado pelo padre José Baptista, capelão do Santuário, o retiro propôs “uma paragem quaresmal para um encontro mais profundo com Deus”.

Apostolado de Oração em renovação O Conselho Diocesano do Apostolado da Oração tem apostado na renovação e

dinamização deste movimento que ainda reúne centenas de zeladores e vários mi-lhares de associados em toda a Diocese. Se em algumas paróquias mantém o seu dinamismo, em várias já foi extinto e noutras apenas vai sobrevivendo, como referiu o padre Davide Gonçalves, director diocesano, por ocasião do Encontro Diocesano dos Zeladores do Apostolado da Oração, realizado em Fátima, a 19 de Março. No centro dos trabalhos esteve a análise dos resultados de um inquérito realizado recen-temente e uma palestra pelo padre Dário Pedroso, subordinada ao tema “O coração de homem no século XXI”.

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Celebração com bebésNo dia em que a Igreja celebra a solenidade da Anunciação do Senhor, 25 de

Março, a paróquia de Leiria convidou as famílias para uma celebração especial com os bebés até um ano de idade. Dentro do tema do ano pastoral, o acolhimento, a perspectiva era “acolher a vida da qual os bebés são a força eloquente”, como bem sublinhou o pároco da Sé, padre Joaquim de Almeida Baptista.

A breve celebração realizou-se no espaço do presbitério, zona dos cadeirais, devidamente preparado com almofadas no chão, de forma a proporcionar o maior conforto aos bebés e aos pais. Após uma palavra introdutória e explicativa, seguiu-se a leitura evangélica (Mt 19, 13-15) que enquadra a expressão “Deixai vir a mim as criancinhas”) e entrou-se na liturgia da bênção dos bebés e seus pais, celebrada de forma pedagógica e participativa, como atitude de louvor, gratidão, súplica e protecção.

A tarde terminou com um chá e a entrega aos pais de um desdobrável com uma fórmula de consagração a Nossa Senhora, algumas frases sobre o sentido da vida e alguns pontos catequéticos e práticos sobre o baptismo e a sua celebração.

A iniciativa contou com a participação especial da equipa de Paulo Lameiro, autor do projecto Música para Bebés.

Jovens Sem Fronteiras na FreixiandaO sonho vem de 1994, quando na Ribeira do Fárrio – à data ainda paróquia da

Freixianda – nasceu o grupo Jovens Sem Fronteiras (JSF) da região Centro, como recordou o padre Benevenuto Dias, na Eucaristia do passado 2 de Abril, presidida pelo padre Tony Neves, missionário espiritano. A oficialização do grupo de JSF da Ribeira do Fárrio fazia-se no Encontro dos JSF da região Centro, que se realizava nesse dia com a participação de dezenas de jovens vindos também de Casal dos Ber-nardos, Caneiro (Ourém), Rio Maior, Santa Eufémia e Benedita.

Já presentes em 41 paróquias de Portugal, os JSF estão empenhados na animação e sensibilização missionária das suas terras e dão apoio a projectos missionários, sobretudo nos países de expressão portuguesa. Com voluntários no terreno, caso da Rita Costa, da Ribeira do Fárrio, em missão na Guiné-Bissau, os JSF preparam as Semanas Missionárias em Portugal e a Ponte 2006 no Huambo (Angola), e angariam fundos para projectos na Guiné, Angola e Moçambique.

CDJP reflete sobre “Cidadania activa”“Cidadania Activa – Desenvolvimento Justo e Sustentável” foi o tema de um

colóquio promovido pela Comissão Diocesana Justiça e Paz (CDJP), no dia 6 de

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Abril, na aula magna do Seminário. O tema correspondia ao título da obra lançada recentemente pela Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), sob a coordenação da sua presidente, Manuela Silva, que assinou a intervenção de fundo: “por uma cida-dania activa e responsável”.

Como referiu o presidente da Comissão Diocesana, Tomás Oliveira Dias, preten-deu-se chamar a atenção para “o papel de cada um na construção do mundo em que vivemos pois só com uma participação activa dos cidadãos se pode construir a jus-tiça e a paz”. O presente e o futuro da humanidade, em torno das grandes mudanças em curso, e o papel dos cristãos enquanto cidadãos activos, foram o objecto central da discussão.

Com uma intervenção sobre “Os cristãos e a política”, Eugénio Lucas afirmou que os católicos “devem fazer valer o peso da sua opinião, pois na sociedade demo-crática nada nos impede de fazer valer os nossos valores”. E salientou que no meio das grandes dificuldades e complexidades trazidas pela globalização, realidade com que temos de viver, há um conjunto de valores que devem superiorizar-se ao relati-vismo cultural dum liberalismo sem regras. A ideia de respeito pelo outro não nos pode obrigar a aceitar tudo.

Manuela Silva, apontou a globalização como “produtora de pobreza e exclusão social”, sobretudo nos países desenvolvidos, onde ela é entendida sobretudo como uma lógica de economia. Referindo-se concretamente ao nosso país, afirmou que “enquanto não se superar a pobreza e a exclusão social, estamos a privar de cidada-nia quase um quinto da população”. No seu entender, porque a economia se reper-cute na qualidade da cidadania e esta tem um impacto real na economia, é preciso agir sobre as condições estruturais que permitam um vida digna e aceitar o desafio de fazer da pobreza coisa do passado.

Apontando a falta de conciliação da vida profissional com a vida familiar como causa da má qualidade da cidadania, Manuela Silva referiu que “esta conciliação é um problema sério, uma vez que asfixia as outras dimensões da vida humana”. Como forma de inverter a situação, aponta a necessidade de cada cristão “criar hábitos de reflexão sobre a sociedade em que se encontra, numa perspectiva de transformação, não se resignando à mutabilidade e complexidade das situações”.

Missa Crismal - O ministério sacerdotal“Hoje o meu coração fala aos meus irmãos sacerdotes”, afirmou D. Serafim Fer-

reira e Silva, bispo da Diocese, na homilia da Missa Crismal de Quinta-feira Santa (13 de Abril), dia da instituição da Eucaristia. Na expectativa do anúncio oficial do seu sucessor, o Bispo diocesano, reunido com todo o seu clero, relembrou a impor-tância do dia do sacerdócio: “Esta celebração é muito especial para nós, sacerdotes, membros responsáveis do povo de Deus que caminha”. Depois de uma palavra para os doentes e os ausentes da diocese, e de recordar os falecidos no decurso do ano,

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entre os quis se conta o bispo emérito D. Alberto Cosme do Amaral, D. Serafim dirigiu-se aos cerca de 90 padres presentes que convidou à “caridade como dever e expressão irrenunciável da própria essência da Igreja”. Evocando palavras do Papa na sua Encíclica «Deus Caritas Est», o prelado salientou a importância e o dever quotidiano do “testemunho de uma caridade que ultrapasse todas as fronteiras” e sa-lientou que “a caridade sacerdotal começa dentro de casa, na comunidade e em cada um dos outros”, chamado a ser “ágape do amor de Deus”. A terminar não deixou de pedir a todos que orassem por ele e pelo seu sucessor.

Geminação das dioceses de Leiria-Fátima e Novo Redondo Foi tornada pública, no passado dia 23 de Abril, no Santuário de Fátima, a ofi-

cialização da geminação das dioceses de Leiria-Fátima e Novo Redondo (Angola), numa cerimónia presidida pelos respectivos Bispos, D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva e D. Benedito Roberto.

O acontecimento consolidou uma caminhada das duas dioceses, iniciada em 1993, com a ida do padre Vítor Mira para uma experiência missionária no Sum-be. Em 1999, já como responsável diocesano das Obras Missionárias Pontifícias, o padre Vítor Mira deu início ao Grupo Missionário Diocesano de Leiria-Fátima – Ondjoyetu (A Nossa Casa). No ano seguinte, o grupo realiza a primeira edição do Projecto ASA – Acção Solidária com Angola, com a duração de dois meses. Desde então, a diocese de Leiria-Fátima começou a enviar todos os anos a Novo Redondo um grupo de voluntários, por períodos de dois meses. Até agora integraram o projec-to 25 pessoas, leigos e padres. A partir de 2003, o trabalho passou a desenvolver-se na missão do Gungo, comunidade pobre e isolada do interior, com cerca de 2.100 km2 e 30.000 habitantes.

A geminação “é um acto simbólico mas dando continuidade à ligação afectiva e efectiva destas duas dioceses, existente há mais de uma década”, lembrou D. Sera-fim. Também para D. Roberto, a geminação é o resultado de “uma caminhada bem feita, de um projecto que, desde o início, soube que ia dar certo. Este acto representa um reforço para a nossa pastoral, deveria ter a presença, se possível fosse, de todos os diocesanos (de Novo Redondo), muito particularmente dos cristãos do Gungo”. D. Roberto lançou ainda um convite aos diocesanos de Leiria-Fátima: “Venham vi-sitar-nos! A Diocese é muito nova, tem 35 anos, nasceu na guerra, cresceu na guerra e está agora a crescer. Agora respiramos paz. Podereis ser recebidos numa palhota, mas sereis bem recebidos”. Aproveitando a presença dos órgãos de comunicação social, o prelado anunciou ainda que a diocese terá nova designação, a partir do dia 22 de Outubro deste ano, passando a designar-se por diocese do Sumbe.

No seguimento da geminação, em Agosto partirá para o Sumbe uma equipa de dois sacerdotes e três leigas da diocese de Leiria-Fátima, que trabalhará na missão do Gungo que foi tão martirizada pela guerra. Esta ajuda da diocese de Leiria-Fá-

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tima tem em vista o auto-desenvolvimento das populações e não tanto um apoio de subsistência. A geminação prevê ainda a vinda de sacerdotes, religiosas e leigos angolanos para Leiria-Fátima, numa partilha eclesial de fé e de formação.

Para apoio a estes missionários, foi criado o “Grupo dos Mil e Tal Amigos”, ao qual todos os diocesanos de Leiria-Fátima são convidados a aderir, com oferta mensal de 1 euro, e desenvolvem-se iniciativas pontuais de angariação de fundos, como a que decorreu a 21 de Abril, no Centro Pastoral Paulo VI, em Fátima, com um concerto em que participaram mais de duas mil pessoas.

Livro “Alma e Imagem” mostra arte sacra diocesanaA Comissão de Arte e Património da dio-

cese de Leiria-Fátima apresentou, no final de Abril, a obra literária “Alma e Imagem”, da autoria do padre Américo Ferreira. Trata-se de uma compilação do vasto espólio do museu instalado no Seminário Diocesano, constituído sobretudo por “imagens” que são a “alma” histórica da presença da Igreja em Leiria. A juntar à dedicação na recolha, in-vestigação e catalogação das peças expostas, o autor lega-nos mais este contributo precio-so para a história da Igreja e da região.

O Museu da Diocese de Leiria-Fátima teve o seu primeiro grande impulsionador, no ano de 1968, na pessoa de D. Domingos de Pinho Brandão, então Bispo auxiliar de Leiria. Em 1973, o padre Américo Ferreira, nomeado professor no Seminário de Leiria, deu-lhe continuidade, assumindo com especial dedicação a tarefa de inves-tigação do património. A inauguração oficial decorreu a 20 de Maio de 1983, data associada ao Dia dos Museus e à 17ª Exposição Europeia de Arte, Ciência e Cultura. A sua abertura integrou-se ainda no programa das festas da Cidade e dos 458 anos da criação da Diocese.

D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, por decreto de 9 de Junho de 1994, nomeou uma Comissão do Museu da Diocese de Leiria-Fátima. Como principal responsável desta equipa ficou, mais uma vez, o padre Américo Ferreira.

“Alma e Imagem” explica a “génese e evolução” do museu e apresenta capítulos sobre arte sacra, acervo diverso, azulejaria, pré-história e romanização. Conclui com um acutilante capítulo “Projecto do Museu de Leiria”, esperança de que, no futuro, o espaço museológico seja integrado noutro local.

É uma obra que consolida o Museu da Diocese de Leiria-Fátima como instituição viva e dinâmica da comunidade e referência cultural da cidade.

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Santuário de Fátima

Apostolado Mundial de FátimaNo passado dia 3 de Fevereiro, em Roma, foi entregue ao presidente internacio-

nal do Apostolado Mundial de Fátima, o Decreto de Erecção Pontifícia como asso-ciação internacional pública de fiéis, numa cerimónia em que D. Serafim Ferreira e Silva, Bispo de Leiria-Fátima, esteve presente.

O decreto, datado de 7 de Outubro de 2005, dia da Memória da Santíssima Virgem do Rosário, sublinha que “os membros do Apostolado Mundial de Fátima se comprometem a serem fiéis testemunhas da fé Católica na suas famílias, no seu trabalho, nas suas paróquias e comunidades”. De facto, o Apostolado Mundial de Fátima é o único movimento aprovado pela Igreja Católica, responsável pela difusão da Mensagem de Fátima, sendo formado por milhões de membros espalhados por mais de 40 nações.

Jornadas Nacionais sobre Acolhimento“O Santuário, iniciativa divina em favor dos homens” foi o tema das Jornadas

Nacionais sobre o Acolhimento que decorram a 17 e 18 de Fevereiro, em Fátima, na abertura das comemorações dos 90 anos das Aparições. A partir da perspectiva bí-blica do Templo e da compreensão cultural de Fátima no seu fascínio de lugar santo, pretendia-se chegar a um maior aprofundamento da Mensagem como dom de Deus ao seu Povo, e progredir na descoberta e avaliação dos modos mais adequados ao acolhimento dos peregrinos.

Os trabalhos iniciaram-se na noite do dia 17, com uma conferência de Frei Lo-pes Morgado sobre a “Manifestação das Misericórdias do Senhor”. O segundo dia, dedicado à “Tenda do Encontro”, englobou, de manhã, um painel composto por D. Augusto César, António Pinto Leite e Aura Miguel sobre “O Fascínio da Santidade do lugar” e uma conferência pelo teólogo Jacinto Farias sobre “A Graça específica do Santuário de Fátima”. De tarde, tiveram lugar um segundo painel, constituído por Jorge Ferreira e pelo padre José Baptista, sobre aspectos práticos dos serviços e estruturas de acolhimento do Santuário, e uma conferência do padre Clemente Dotti sobre “Os acolhedores: sentinelas do Santuário”.

No seu todo, que englobou ainda alguns testemunhos valiosos, as Jornadas per-mitiram aos cerca de 600 participantes perceber melhor como Fátima exerce tanta atracção nos cristãos, noutros crentes e até nos ateus. A espiritualidade trinitária, eucarística, reparadora, mariana, e o sentido agudo do pecado constituem modos concretos de encontro dos peregrinos com Deus, com os outros e consigo mesmos, transformando-os em arautos da Mensagem descoberta.

Santuário de Fátima

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Santuário de Fátima

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Santuário de Fátima

Trasladação da Irmã Lúcia para FátimaO corpo da Irmã Lúcia foi trasladado, a 19 de Fevereiro de 2006, para a Basílica

do Santuário de Fátima, um ano e seis dias após o falecimento da vidente e um dia antes da Festa Litúrgica dos Beatos Francisco e Jacinta Marto, que se celebra no dia 20 de Fevereiro, aniversário da morte da Beata Jacinta Marto. A celebração começou ainda em Coimbra, com a Eucaristia celebrada primeiro no Carmelo, pelas 08h30, e depois na Sé Nova, às 11h00. Pelas 12h30, o cortejo automóvel partiu para o Santu-ário de Fátima, onde chegou cerca de uma hora depois, dirigindo-se para a Capeli-nha das Aparições, onde se recitou o Rosário. Com a urna colocada na escadaria do Recinto, celebrou-se a Eucaristia às 15h00, e procedeu-se, de seguida, à tumulação no interior da Basílica.

Museu de Arte Sacra e os PastorinhosAssociando-se às comemorações do dia dos Beatos Francisco e Jacinta Marto, 20

de Fevereiro, e à transladação do corpo da Irmã Lúcia para o Santuário de Fátima, o Museu de Arte Sacra e Etnologia realizou, nos dias 18, 19 e 20, algumas activida-des destinadas ao público infantil. Do programa constaram a projecção de um filme animado sobre a história dos videntes, bem como uma visita à Sala dos Pastorinhos, que conserva algumas relíquias dos Beatos, e uma mostra de jogos tradicionais que fizeram parte do quotidiano dos Pastorinhos e agora eram propostos aos visitantes.

Movimento no Santuário em 2005O encontro anual do Santuário de Fátima com os hoteleiros e responsáveis de

casas religiosas com acolhimento a peregrinos conheceu a sua 28ª edição no passado 23 de Fevereiro. Após a celebração da Eucaristia na Capelinha das Aparições, os cerca de cem participantes reuniram-se no Hotel de Fátima onde foi apresentado um balanço do volume de peregrinos e peregrinações no último ano. Na expressão do director do Serviço de Peregrinos (SEPE) do Santuário, padre Virgílio Antunes, as estatísticas de 2005 constituem um valor aproximativo apesar do esforço de aperfei-çoamento que não tem sido descorado e continuará de futuro com a criação de um grupo de trabalho criado expressamente para o efeito.

Dos dados relativos a 2005, destacamos as missas oficiais, 2.544, celebradas no Santuário de Fátima, nas quais participaram cerca de 3.415.079 pessoas, e as missas particulares, 3.938, celebradas a pedido de grupos, nas quais participaram 692.309 peregrinos. Em outras celebrações oficiais do Santuário, Rosário, Procissão das Velas ou Via-Sacra, ao todo 1.382, participaram 2.644.149 pessoas. No mesmo tipo de celebrações realizadas particularmente, estima-se que tenham participado

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375.633 pessoas. O reitor do Santuário, padre Luciano Guerra, comentando as esta-tísticas apresentadas, confirmou a dificuldade actual na recolha e análise dos dados e considerou que o fluxo anual de peregrinos e visitantes se deve encontrar na soma dos que participaram nas missas oficiais e nas em missas particulares (4.107.388), não esquecendo as muitas pessoas que visitam o Santuário de Fátima sem participar em nenhuma destas e apenas realizando no Santuário a sua oração individual ou visitando o lugar.

Em termos de grupos estrangeiros, inscreveram-se no SEPE 2.090 grupos oriun-dos de 70 países dos cinco continentes, num total de 285.345 pessoas. O maior desta-que vai para a Espanha, com 30.327 peregrinos em grupos organizados, seguida pela Itália, com 28.509 peregrinos, e pelos Estados Unidos da América, de onde vieram 7.056 pessoas. Relativamente aos grupos portugueses organizados, registaram-se 1.145, com um total de 391.248 pessoas.

ConfissõesO número de peregrinos que procuram confessar-se em Fátima atingiu um to-

tal de 187.122, entre os quais 32.561 estrangeiros, o que representa um aumento relativamente aos anos anteriores: 172.158 confissões em 2000, 173.725 em 2001, 166.236 em 2002, 171.446 em 2003 e 176.298 em 2004. Segundo o reitor, este cres-cimento dever-se-á ao facto de “o Santuário disponibilizar um grande número de sacerdotes, à facilidade de acesso à cidade e à crise socio-económica actual vivida pela sociedade, com consequências graves, de ordem espiritual, ligadas a situações de stress no trabalho e de crise nas famílias”.

MuseusO movimento dos espaços museológicos do Santuário, em 2005, conheceu nítido

aumento relativamente ao ano transacto. A exposição “Fátima Luz e Paz”, no edifí-cio da reitoria, mostra representativa das ofertas feitas a Nossa Senhora em Fátima e durante o périplo da imagem da Virgem Peregrina pelo mundo, registou 63.366 visitas, contra 50.864 em 2004. A Casa Museu de Aljustrel, ao lado da casa onde nasceu a Irmã Lúcia e onde é possível revisitar o quotidiano familiar e de trabalho à época das aparições, teve 26.589 entradas para 21.551 em 2004).

AutocarrosPela primeira publicou-se o resultado da contagem de autocarros estacionados

em Fátima, iniciada em 2004, discriminando o movimento em fins-de-semana, dias santos e feriados, e peregrinações aniversarias. Em 2005, estacionaram nos parques do Santuário 13.853 autocarros (mais 4.385 que em 2004) e noutros locais 4.856 autocarros (mais 1.025 que em 2004).

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Preparação para acolhedores de peregrinos“Queres conhecer melhor a mensagem que Maria nos deixou?” foi o desafio

lançado pela secção de informações do Serviço de Peregrinos do Santuário de Fá-tima aos participantes no 22º Curso de Preparação para Acolhedores. Inteiramente gratuito e destinado aos jovens e menos jovens com a intenção de virem a trabalhar no acolhimento voluntário aos peregrinos, o Curso realizou-se no Centro Pastoral Paulo VI, de 10 a 12 de Março, este ano subordinada ao tema “Se conhecesses o Dom de Deus”.

MMF convida crianças ao Rosário“Correspondendo ao pedido insistente do Anjo da Paz e de Nossa Senhora e ao

exemplo dos Pastorinhos, dando ouvidos a tantos apelos e incentivos, nomeadamen-te de João Paulo II, e no contexto das comemorações dos 90 anos das Aparições”, o Movimento da Mensagem de Fátima convidou as crianças e os adolescentes da paróquia de Fátima a irem rezar o Rosário na Capelinha das Aparições, às 18h30, nas seguintes datas: 24 de Março; 03 de Maio; 31 de Maio; 08 de Junho; 07 de Julho; 25 de Agosto; 25 de Setembro; 31 de Outubro; 13 de Novembro; e 07 de Dezembro. O comunicado do MMF apela também a que “todas as crianças de Portugal e mesmo do estrangeiro se unam a estas crianças e adolescentes que em Fátima respondem ao apelo da Senhora: Rezai o terço todos os dias”.

Escutismo celebra o seu centenário em FátimaNo fim-de-semana de 25 e 26 de Março, o Corpo Nacional de Escutas realizou

uma peregrinação a Fátima, numa jornada de fé e louvor a Maria – mãe dos escu-teiros. A iniciativa marcou o início das comemorações mundiais do centenário da fundação do Escutismo pelo inglês Baden-Powell, em 1907. Para viver o lema da actividade, “...com Maria”, vieram cerca de 20.000 jovens de todo o País. Na grande cerimónia de domingo juntaram-se-lhes muitos familiares e antigos escuteiros, num total de cerca de 50.000.

Mais jovens na peregrinação diocesanaMaior participação de jovens caracterizou a 75.ª peregrinação da Diocese ao

Santuário de Fátima, no fim-de-semana de 1 e 2 de Abril. O dia de sábado foi-lhes dedicado especialmente. Centenas de escuteiros da região de Leiria marcaram tam-bém a sua presença, ainda que com programa próprio. No domingo foi a grande afluência de peregrinos, muitos depois de longa caminhada a pé, respondendo a convocação do seu bispo.

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Às 09h00 iniciaram-se as várias concentrações para a caminhada da misericór-dia, meditando e rezando a partir dos textos bíblicos centrados no encontro de Jesus com a Samaritana. Entretanto, mais de 600 fiéis recorriam ao serviço de confissões e aí se preparavam para uma maior vivência da Quaresma.

Na Eucaristia da manhã na qual se calcularam 50.000 pessoas, recordou-se o primeiro aniversário da morte de João Paulo II, o Papa que “visivelmente sofredor, nunca abandonou o sua cruz”. D. Serafim Ferreira e Silva, Bispo da diocese de Leiria-Fátima, presidiu à concelebração eucarística com D. Américo Henriques, Bispo Emérito de Nova Lisboa (Angola) e cerca de 75 sacerdotes. À homilia, D. Serafim afirmou que “Cristo continua a chamar, porque precisa que os cristãos dêem testemunho d’Ele aos agnósticos, aos não praticantes e aos ateus” e, dirigindo-se em especial aos jovens, pediu-lhes que se comprometam a testemunhar Cristo “na vida, na discoteca, na escola e no trabalho”. A compaixão e o perdão foram duas palavras também em destaque. Diversas vezes referidas pelo Papa Bento XVI na sua mensagem de Quaresma, foram sublinhadas como atitudes a cultivar no dia-a-dia. A celebração eucarística foi enriquecida pela liturgia bem programada e executada.

Os doentes a quem se agradeceu o testemunho, a coragem e a vivência da fé, tiveram lugar especial.

Depois do almoço partilhado nos parques destinados às vigararias, teve lugar no Centro Pastoral Paulo VI uma exposição do programa das comemorações dos 90 anos das aparições e uma actuação musical do Chorus Auris, de Ourém, que a todos agradou e envolveu.

“Aljustrel e Valinhos, o outro pulmão do Santuário”Evocando a primeira aparição do Anjo, realizaram-se, a 28 e 29 de Abril, umas

jornadas nacionais sob o tema “Aljustrel e Valinhos” sublinhando a importância es-piritual, histórica e ambiental dos lugares de Aljustrel e Valinhos, “o outro pulmão do Santuário de Fátima”. O itinerário temático partiu da história dos locais (me-mórias do Evento), para reflectir sobre a sua importância (significado dos lugares) abordar as linhas de força das intervenções do Santuário (olhares e perspectivas) e programar estratégias (construção do futuro)”.

Os oradores convidados – Manuel Serafim, David Catarino, D. Vitalino Dantas, padre Luciano Cristino, Erich Corsépius e Vítor Frazão – analisaram o contexto histórico, sociológico e religioso de Aljustrel e Valinhos nas Aparições de Fátima, numa temática sequencial: “Aljustrel: a aldeia perdida?”, “O futuro dos Santuários no contexto da mobilidade humana”, “Aljustrel, mensagem e planeamento”, e “Al-justrel, projecto de área crítica de recuperação e reconversão urbanística”.

Foi manifesta “a intenção do Santuário de continuar a fazer tudo para preservar toda a área dos Valinhos e de Aljustrel como imagem fiel do tempo das Aparições”. As jornadas, já integradas na comemoração dos 90 Anos das Aparições, procuraram

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contribuir para maior consciencialização desta urgência, chamando mesmo a aten-ção das instituições públicas e privadas.

David Catarino, presidente da Câmara de Ourém, referindo como três os núcleos do desenvolvimento de Fátima, os locais das aparições, a sede da paróquia e Aljus-trel, lamentou que “até 1995 tenha havido para a Cova da Iria diversos esboços, mas nunca um verdadeiro instrumento de planeamento”, o que permitiu que ficassem esquecidos “a sede da paróquia e a aldeia de Aljustrel”, e “um conjunto de aberra-ções que importa corrigir e retirar”. Para emendar a tendência, defendeu a criação para Aljustrel da Área Crítica de Recuperação e Reconversão Urbanística, e referiu a importância de iniciativas como estas jornadas que criam condições favoráveis a uma “negociação com os diversos agentes e com a população”.

O reitor do Santuário sublinhou que “antes de mais é necessário começar por saber o que é que aconteceu no local e a razão pela qual as pessoas de fora lá vão. Depois, e a partir dessa realidade, temos de saber o que gostariam de lá encontrar. Sendo elas os clientes de Aljustrel, é para elas devem orientar-se a preservação e a reconstituição. E defendeu, sintetizando, que importa sobretudo “criar condições para assumir Aljustrel como memória religiosa”.

O programa incluiu visitas guiadas aos dois locais e a apresentação do bailado “A solo com os Anjos”, pela escola de dança de Fátima “Tuttu Ballet”.

CEP aprova novos estatutos do Santuário de FátimaA Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) aprovou, em Assembleia Plenária

realizada na última semana de Abril, os novos estatutos do Santuário de Fátima. O comunicado final começa por referir que “o relevo religioso e a dimensão eclesial do Santuário exigiam um enquadramento pastoral e jurídico que espelhasse a realidade actual”. Os estatutos que põem em realce a missão do Santuário no acolhimento aos peregrinos e na proposta de vivência da mensagem de Fátima, deverão agora ser propostos à Congregação para o Clero, com vista à sua homologação pela Santa Sé.

Na expressão do presidente da CEP, aludindo à crescente importância dos San-tuários e à “transformação da realidade de Fátima” que hoje tem uma dimensão verdadeiramente nacional e mundial, “O próprio Bispo de Leiria necessita, não de ser substituído, nem controlado, mas da ajuda em termos pastorais, para que Fátima seja também modelo para as outras dioceses”. Esta ajuda concretizar-se-á através do Conselho Nacional do Santuário de Fátima (CNSF), constituído pelo presidente da CEP, pelos três metropolitas portugueses (Patriarca de Lisboa, Arcebispo Primaz de Braga e Arcebispo de Évora) e pelo Bispo de Leiria-Fátima, tendo como assessor per-manente o reitor do Santuário. O CNSF, que reúna duas a três vezes por ano, deverá sobretudo “reflectir sobre uma pastoral de conjunto, fazer propostas e enriquecer o trabalho que aqui se faz”, acrescentou D. Jorge. A CEP terá ainda um representante no Conselho de Pastoral e na Comissão de Gestão Económico-Financeira do Santuário.

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Quanto à nomeação do reitor, D. Jorge Ortiga manifestou a convicção de que “a gestão do Santuário praticamente continuará na mesma”, pois será da responsabili-dade do prelado diocesano, com homologação da CEP. “O reitor do Santuário pode-rá, porventura, ser de outra diocese, mas não é aquilo que nós desejamos”.

O presidente da CEP, falando do reconhecimento de um carácter nacional para o Santuário de Fátima por parte dos Bispos, acrescentou: “Co-responsabilizamo-nos para que este possa ser aquilo que se dizia antigamente, o altar do mundo”. Se as mudanças tivessem a ver com “a defesa da ortodoxia”, o próprio Bispo de Leiria-Fá-tima “seria capaz de o fazer”, defende, assegurando que “tomar conta do Santuário de Fátima foi uma coisa que nunca nos passou pela cabeça”.

Novo livro da Irmã LúciaJá está a venda o novo livro da Irmã Lúcia de Jesus, vidente de Fátima. Intitulado

“Como vejo a Mensagem através dos tempos e dos acontecimentos”, foi redigido nos últimos anos da sua vida e apresenta escritos inéditos. Ao longo de 63 páginas e em estilo biográfico, a obra, editada pelo Carmelo de Santa Teresa, de Coimbra, e do Secretariado dos Pastorinhos, em Fátima, exprime a visão pessoal da Irmã Lúcia sobre a Mensagem de Fátima, e refere pormenores não incluídos nas “Memórias”.

Crianças desenham e escrevem sobre o AnjoAs crianças responderam ao convite lançado pelo Santuário de Fátima para o

concurso sobre a figura do Anjo de Fátima, no quadro dos 90 anos das Aparições. Concorreram 1.937 trabalhos de 56 escolas do 1.º Ciclo do Ensino Básico de todo o País, incluindo Madeira e Açores. Do total dos trabalhos recebidos, há 1.837 dese-nhos e 100 textos. Os trinta melhores serão publicados em livro.

A próxima Peregrinação Nacional das Crianças, a realizar, como é habitual, nos dias 9 e 10 de Junho, terá também a temática do Anjo: “Não temais! Sou o Anjo da Paz”. Além disso, o tema dos Anjos está a ser criteriosamente reflectido, a partir do estudo da presença dos Anjos na Sagrada Escritura, sobretudo na vida de Jesus e também nos Santos Padres.

Inauguração da igreja da Santíssima TrindadeA igreja da Santíssima Trindade, da autoria do arquitecto grego Alexandros

Tombazis, tem nova data prevista para a sua inauguração. “Esperamos inaugurá-la durante o 90.º aniversário, provavelmente a 13 de Outubro, no encerramento das co-memorações dos 90 anos”, afirmou monsenhor Luciano Guerra, reitor do Santuário de Fátima. As empreitadas de “acabamentos de construção civil” e “electricidade e acústica”, foram já adjudicadas, com prazo de execução de um ano e meio.

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Leiria acolheu Jornadas de Universitários Católicos

O trabalho do MCE nas escolasEntrevista de Orlando Marques

A propósito das Jornadas dos Universitários Ca-tólicos, realizadas em Leiria, de 17 a 19 de Março, entrevistámos Francisco José Marques Aguiar, de 21 anos, residente na Gândara dos Olivais, estudante no 2º ano de Marketing na Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Leiria. Actual Coordenador Diocesano do MCE, conheceu o movimento há 6 anos, ainda na Escola D. Dinis. Por causa do andebol, deixou a catequese no 7º ano. Agora a ligação ao MCE levou-o a querer mais. Começou pelo sacramento do Crisma, depois da respectiva preparação, e avançou com a par-ticipação em diversos encontros: Taizé, Jornadas Mundiais da Juventude e outros.

O que é o MCE?Surgido há 25 anos, ainda no seguimento da Acção Católica, o Movimento Ca-

tólico de Estudantes (MCE) tenta a ligação entre a Igreja e a sociedade, utilizando o método consagrado da revisão de vida através da trilogia do “ver, julgar e agir”. O seu núcleo é a equipa de base reunida semanalmente, onde os militantes procuram reflectir à luz do Evangelho, sobre os temas mais actuais e pertinantes do dia-a-dia da vida estudantil, no ensino básico, secundário ou universitário, e da vida social.

Como está estruturado?Para lá da dimensão diocesana e nacional, o MCE está filiado numa organização

europeia, a JECI-MIEC, e numa internacional, a IYCS-JECI. Ao nível diocesano há um executivo que trabalha na promoção de encontros e actividades para as equipas de base e de iniciação formadas por jovens da mesma escola. Não deixando de haver alguns mo-mentos de trabalho em conjunto, o Sector dos Ensinos Básico e Secundário (SEBS) e o Sector do Ensino Superior (SES) correspondem efectivamente a realidades distintas.

Como funciona? Qual a pedagogia seguida?O primeiro passo consiste em suscitar o interesse e a participação através de

encontros de iniciação e formação para novos militantes. Depois vêm as reuniões semanais de uma hora ou hora e meia, em equipas de 7 a 8 elementos da mesma

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faixa etária, que partilham problemas e aspirações, e procuram soluções no esforço conjunto de ver, julgar e agir. Além do que é mais específico do grupo, abraçam-se verdadeiros projectos extensivos à escola e à sociedade em geral. Alguns encontros visam expressamente a interacção com outras realidades, o confronto de ideias e a solidariedade em torno de problemas comuns. É o que acontece nomeadamente nos encontros diocesanos de sector e nalgumas actividades em fins-de-semana, estas, por regra, de carácter mais reflexivo. É costume culminar o ano com um acampamento que proporciona um tempo mais intenso de partilha e convívio.

Quem e como se pode aderir a este movimento?O movimento, apesar de ser católico, é aberto a todas as pessoas. No entanto não

deixamos de nos afirmar católicos e praticantes, sobretudo através da metodologia seguida. Como aderir? Em Leiria o Movimento está presente nas escolas secundá-rias Afonso Lopes Vieira, Domingos Sequeira e Francisco Rodrigues Lobo. Aa nível do ensino superior há equipas na ESEL e na ESTG. O contacto, sempre prevalente-mente pessoal, é ainda posível na sede onde nos reunimos e trabalhamos, na Praça Rodrigues Lobo. O MCE não é nem pretende ser um movimento de massas. Baseia-se na criação de alguns momentos de qualidade, preferentemente à quantidade. Não é um movimento de elites nem quer ser popular, mas deseja crescer na capacidade de acolher o maior número possível e quer dar-se a conhecer no meio escolar e social. Este é um dos objectivos de algumas iniciativas abertas a todos, como as Jornadas de Universitários Católicos.

Qual a implantação do Movimento na Diocese?Neste momento somos cerca de oitenta pessoas, o que julgamos muito bom. Em

termos de sectores, o do ensino superior tem cerca de 30 elementos, enquanto que o do ensino básico e secundário ronda os 50. Tem-se mantido esta diferença a favor do secundário, devido em parte a uma descontinuidade característica de Leiria que vê partir os seus estudantes para outras cidades, para prosseguimento dos estudos, e em parte a uma maior dificuldade de abertura ao nível do ensino superior.

Com que outras dificuldades se debatem?Temos sentido muito a falta de um Assistente diocesano que esteja connosco nas

actividades e nas reuniões do executivo. Depois há os problemas de sempre, como são o da rotatividade e da mobilidade referida, e o da difícil adesão do ensino supe-rior. No básico e secundário uma maior estabilidade de contactos, com mais rotina de aulas e um maior sentido de pertença às turmas, facilitam uma abordagem, no superior há mais variedade de horários, menos tempo na escola e menos laços inter-pessoais. Para conseguir cativar lançamos mão das actividades abertas mas temos que contar com a concorrência cada vez maior das actividades extracurriculares: desporto, tunas, actividades académicas, trabalhos em part-time, etc.

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Há também um trabalho de continuidade com aqueles que vêm do sector do ensino básico e secundário, mesmo de outras ou para outras dioceses?

Sim. Quando vão para fora, para Lisboa por exemplo, a nossa intenção é que se integrem. Por norma isso consegue-se. No sentido inverso, procuramos acolher os que chegam convidando-os a participarem nas nossas reuniões e espaços. O crescimento do ensino superior em Leiria, nos últimos 3 ou 4 anos, trouxe alguma alteração a esta mobilidade. Provocou um aumento de chegadas mas, ao mesmo tempo, possibilitou que um maior número dos vindos do secundário possa continuar em Leiria. Deste modo o MCE tem pela frente o desafio do acolhimento mas pode contar com mais continuidade.

Neste momento estamos a reunir com aqueles que transitaram do secundário para o superior, procurando solidificar as suas motivações. Gradualmente, com passos firmes e estáveis, temos vindo a crescer no ensino superior. Não deixamos de pro-curar os que chegam de fora e temos mesmo evoluído nos processos, sempre com a preocupação de franquear e visibilizar os nossos espaços entre as várias propostas de acolhimento que a cidade lhes oferece.

Há ligação com o Secretariado da Pastoral Juvenil (SDPJ) e/ou com outros sectores da Igreja diocesana?

Procuramos manter uma relação próxima com o SDPJ. Por exemplo, participare-mos activamente na peregrinação diocesana a Fátima, por proposta do Secretariado, aliás como costumamos fazer. Procuramos estar atentos e corresponder às iniciativas quer do mesmo Secretariado quer de outros sectores da Igreja diocesana. Só que nem sempre é possível, devido aos calendários, todos bem cheios. Atendendo ao que é específico e corresponde aos anseios e necessidades dos militantes, temos que jogar sempre com a medida da disponibilidade.

Como sentem o envolvimento da Igreja junto dos jovens universitários? Qual poderá ser o papel da Igreja nesse âmbito?

Não somos a única forma de presença da Igreja. O Centro de Apoio ao Ensino Superior (CAES) constitui uma outra proposta. A forma de fazer chegar o apelo da Igreja até aos universitários passa muito por este tipo de acções que oferecem espa-ço. Há muitas visões distorcidas sobre Igreja. O CAES e a celebração dominical dos jovens, às 19h30, na igreja do Espírito Santo, são propostas muito importantes.

O caminho passa muito por aí. Contudo é também necessário que os jovens procurem informar-se, e não fiquem na atitude “básica” e simplista de quem, não sabendo, apenas reproduz o que ouve, sem qualquer fundamento. Dizer “sou católi-co mas não sou praticante”, não é nada. É falsa questão e não passa de desculpa. Se somos católicos sentimos e assumimos o que somos, acreditando em Alguém que é determinante. Ou então não somos.

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Sabemos que estão na linha da frente das Jornadas dos Universitários Católi-cos, anunciadas para este fim-de-semana, em Leiria. Como vai a organização?

Esta é uma das actividades abertas ao meio estudantil e que dará a conhecer o Movimento. Está tudo definido em termos técnicos e logísticos, e esperamos uma boa participação. A divulgação vem a fazer-se há meses, inclusive na Internet, com blogs e um site específico (www.redescobrircidadania.org) que faz propostas se-manais para desenvolvendo do sentido crítico, aprofundamento de questões e até surgimento de perguntas a fazer aos oradores durante as jornadas.

A «cidadania» é um tema muito interessante, vasto e actual, de que as pessoas, na sua maioria, ainda não se aperceberam. Os que participarem darão um passo impor-tante para, no futuro, perceberem que podem contribuir para as mudanças desejadas e necessárias ao desenvolvimento da sociedade e do País. Esperamos também que as jornadas proporcionem aos jovens a descoberta do Movimento Católico de Estudan-tes e que, ficando com estas três palavras no ouvido, percebam que se trata de uma proposta diferente, que faz sentido.

Perspectivas futuras…Esperamos continuar a crescer dentro dos nossos valores, e do nosso tipo de

trabalho. Estamos ainda abaixo do que gostaríamos mas, com o trabalho que vamos realizando e se conseguirmos equilibrar os dois sectores, o sector do ensino superior crescerá em número e qualidade e dará até apoio ao bom trabalho que o secundário vai realizando.

Um pouco de história…A JEC (Juventude Escolar Católica) e a JUC (Juventude Universitária

Católica), movimentos da Acção Católica desde 1933, desenvolveram ao longo de quase meio século uma actividade notável de presença da Igreja nos diversos meios do ensino. Assim, várias gerações de estudantes encontraram espaço de crescimento da sua Fé e adquiriram formação para maior compro-misso na Igreja e na Sociedade. Profundamente enraizados nas escolas, estes movimentos passaram pelas crises que a Igreja e a Sociedade foram atraves-sando mas, nos seus militantes, nunca se apagaram por completo a atenção às exigências do meio e o empenhamento eclesial. A 3 de Setembro de 1980, a JEC e a JUC, reunidas em Conselho Nacional, decidiram passar a nova etapa. Após uma reflexão de dois anos os projectos convergiam na formação de um só movimento no meio estudantil, respeitando a existência dos dois sectores, secundário e superior. A decisão valorizava a caminhada da JEC e da JUC e assumia a fidelidade à realidade escolar e à missão evangelizadora da Igreja.

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Seminário Diocesano de LeiriaResumo Geral de Contas - Ano de 2005

RECEITAS 348.236,62Mensalidades 26.917,31 Mens. Tempo Propedêutico 18.388,31 Propinas Tempo Propedêutico 8.529,00Rendimentos 101.329,57 Renda Prédios Urbanos 32.330,88 Rendimento de Títulos 5.024,07 Juros depósitos a Prazo 62.287,68 Juros depósitos à Ordem 1.686,94Eventual 65.007,91 Reembolso de Desp. Aliment. 41.155,76 Actividades Internas 1.183,76 Contributo Serviços Diocesanos 17.625,36 Actividades Externas 2.537,25 Reembolso de IVA 2.505,78Sector Agrícola 1.740,00 Silvicultura 560,00 Outros 1.180,00Donativos 149.992,48 Ofertório Diocesano 41.614,06 Benfeitores 67.813,90 Legados 33.723,92 Ofertório das Missas 6.346,13 Outros 494,47Receita Interna 3.249,35 Receitas de Secretaria 531,30 Telefone 2.718,05

DESPESAS 315.601,79Remunerações 153.914,08 Professores 13.520,75 Empregados 110.894,66 Serviço Eventual-Seminário 7.221,85 Serviço Eventual – Quintas 20.785,82 Transportes 810,00 Outros 681,00

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Segurança Social 15.443,51 Segurança Social – Empregados 14.814,71 Segurança Social – Sacerdotes 628,80Seguros 3.958,97 Acidentes de Trabalho 2.477,56 Incêndios e Viaturas 1.227,26 Ramo Agrícola 254,15Impostos 1.456,65 Taxas de Saneamento 290,00 Outros 1.166,65Fornecimento Serviços Externos 32.514,31 Electricidade – Seminário 11.998,23 Electricidade – Quinta 299,07 Combustíveis – Seminário 1.166,23 Combustíveis – Quintas 1.194,64 Gás 9.057,42 Telefone 2.667,67 Outros 151,00Secretaria 2.436,36 Material Diverso 1.673,20 Fotocopiadora 298,97 Expediente 464,19Conservação Edifícios 23.163,97 Obras de Conservação – Seminário 3.525,50 Obras de Conservação – Quintas 13.734,58 Obras de Remodelação 5.903,89Conservação Equipamento e Viaturas 12.823,12 Veículos – Seminário 1.100,24 Veículos – Quintas 2.947,24 Elevadores 1.448,32 Reparação Equipamentos 7.327,32Culto 2.055,44 Culto 203,70 Ofertórios Diocesanos 1.851,74Formação, Cultura e Form. Apostólica 6.304,92 Pré-Seminário 32,65 Formação Apostólica 175,71 Formação Espiritual 2.753,40 Promoção Vocacional 237,20 Promoção Cultural 863,18 Desporto 81,50

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Serviços e Movimentos

Biblioteca 2.149,28 Outros 12,00 Bens não Duradouros 28.564,66 Géneros Alimentícios 20.104,94 Sementes e plantas 1.854,04 Fertilizantes e Pesticidas 2.610,34 Artigos de Limpeza 3.891,59 Outros 103,75Investimentos 7.191,76 Encargos de Legados 3.993,00 Guarda de Títulos 122,64 Mobiliário 232,00 Equipamentos 1.667,54 Ferramentas e utensílios 584,81 Máquinas e Utensílios 591,77Seminário Maior / ISET 25.774,04 Mensalidades 3.105,00 Propinas do ISET 21.064,50 Alunos de Cabo Verde 1.604,54

ResumoRECEITA - 348.236,62DESPESA - 315.601,79SALDO - 32.634,83

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Vida Consagrada

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Abertura das comemorações em Leiria

Franciscanos - Oito séculos de históriaIn O Mensageiro

Fundada em 1209 com a aprovação oral do «Projecto de vida» de S. Francisco (mais tarde designada de «Proto-regra») pelo Papa Inocêncio III, a Ordem do Frades Menores (OFM), a mais numerosa das Famílias Franciscanas da 1ª Ordem, está es-palhada pelos cinco Continentes e implantada em 110 nações, com 119 Províncias.

A abertura solene das Celebrações do VIII Centenário da fundação da Ordem, sob o lema «A Graça das Origens», teve início na Basílica de Santa Maria dos Anjos, em Assis, a 29 de Outubro de 2005, e prolongar-se-á até 2009, num itinerário de 4 anos com três etapas: 2006, centrado no discernimento; 2007, sobre o projecto de vida; 2008-2009, sobre a celebração do dom da vocação.

Para os Franciscanos portugueses, a abertura oficial do Centenário teve lugar a 15 e 16 de Janeiro, em Leiria. Depois de um concerto com uma Missa de Palestri-na, na véspera, a abertura solene efectuou-se no domingo, 15, com a celebração da Eucaristia e o programa «Oitavo Dia» transmitido em directo pela TVI. Na segunda-feira, 16, os Frades da Província Portuguesa Franciscana concentraram-se no Con-vento da Portela para convívio e celebração da vocação missionária, no dia litúrgico dos seus padroeiros, os Santos Mártires de Marrocos.

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Mártires de MarrocosOs cinco Mártires de Marrocos, Berardo e seus companhei-ros, liturgicamente celebrados a 16 de Janeiro, são os patro-nos da Província Portuguesa. Primeiros mártires franciscanos, estiveram na génese da vocação franciscana e missionária de Santo António de Lisboa e foram semente fecunda do francis-canismo em Portugal.

Papiro de 1223 relativo à confirmação da

Regra dos Frades menores, pelo Papa Honório IIIO longo texto dirigido ao

irmão Francisco e aos outros irmãos da ordem, e datado de 29 de Novembro de 1223, em Latrão, é classificado pelos his-toriadores franciscanos como a “Regra bulada”. O seu início é o seguinte: “In nomine Domini incipit vita minorum fratrum. Regula et vita minorum fratrum haec est, scilicet Domini nostri Iesu Christi sanctum Evangelium observare, vivendo in oboedien-tia, sine proprio, et in castitate. Frater Franciscus promittit obo-edientiam et reverentiam domino papae Honorio ac successoribus eius canonice intrantibus et ec-clesiae Romanae” (Em nome de Deus começa a vida dos frades menores. A regra e a vida dos frades menores é esta, a saber, observar o santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, vi-vendo em obediência, pobreza e castidade. Frei Francisco promete obediência e reverência a Sua Eminência o Papa Honório e a seus sucessores, canonica-mente eleitos e à Igreja de Roma).

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Entrevista a Frei José Pereira das Neves, Superior do Convento de Leiria

Celebrar “A Graça das Origens” Entrevista de Joaquim Santos

Frei José Pereira das Neves, é natural da fregue-sia do Arrabal, lugar dos Cardosos. Foi cedo para o colégio Montariol, em Braga, para a sua primeira formação. De 1953 a 1956 fez Filosofia em Leiria e, depois, Teologia, em Lisboa. Esteve 17 anos em Mo-çambique, como missionário, professor de Religião e Moral, e secretário diocesano da pastoral de Inhambane. Após especializações em Madrid e Bruxelas e depois da independência moçambicana, esteve seis anos em Lisboa, como Mestre, e quatro em Leiria, de 1984 a 1988. Provincial em Portugal, de 1988 a 2004, regressou a Lisboa, ao Seminário da Luz. Em 2005 assumiu o cargo de Superior dos Franciscanos em Leiria.

Como caracteriza a presença dos Franciscanos na Diocese de Leiria-Fátima?A presença dos Franciscanos na Diocese de Leiria é de inserção na vida da pa-

róquia e de sintonia absoluta com a Diocese. Não é por acaso que muitos membros do Convento estão em equipas de trabalho da Diocese. Não só ao nível da Coor-denação Pastoral mas também em reuniões vicariais, no Conselho Presbiteral e no Conselho Pastoral da Paróquia. Além desta integração há ainda a acção do Centro de Franciscanismo que extravasa a área do próprio Convento com actividades em todo o País e, em alguns casos, no estrangeiro. Em Leiria, a nossa acção é intensa. As Eucaristias são muito frequentadas, há catequese da paróquia na nossa casa e todos os dias temos serviço de confissões. Além disso, também prestamos apoio à Ordem Franciscana Secular designada por Ordem Terceira.

Como está organizada a comunidade em Leiria?É uma comunidade bastante ampla. Além de serviços de âmbito local, tem ainda

responsabilidades a nível nacional. Grandes sectores da Província, como a Procura-doria da Missões Franciscanas, têm os seus serviços centrais neste Mosteiro. Desde 2004, a coordenação dos núcleos de missionários em Portugal e no estrangeiro faz-se a partir daqui, o que traz responsabilidades efectivas à organização da nossa co-munidade. Além disso, temos a Fraternidade de Acolhimento Juvenil e Vocacional, com três irmãos que se dedicam exclusivamente à acção com os jovens, à formação Franciscana, às experiências para a entrada na Província… O primeiro contacto é dialogante em sintonia com a própria família do jovem. Posteriormente entra na fase

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de aspirantado, ou seja o desejo de querer concretizar o próprio projecto religioso e depois passa para a fase de postelantado e finalmente chega a indiciado.

Actualmente são 13 os Irmãos que estão no Convento de Leiria: 11 padres e 2 leigos. O “Guardião”, tal como Francisco o adoptou, é um Irmão entre os outros que tem o cuidado de ajudar os seus irmãos a viver o Evangelho e os seus princípios.

Com a crise geral de vocações, qual o aproveitamento deste Convento que já foi Centro Vocacional?

É um problema não só das congregações e dos institutos religiosos mas também das dioceses. Nos anos 60 uma explosão de vocações que encheram todas estas casas e estruturas. Hoje, infelizmente, encontram-se praticamente vazias.

Em 1950, o Convento dos Franciscanos de Leiria tinha 25 a 30 alunos residentes a frequentar Filosofia. Neste momento é difícil utilizar plenamente todas estas in-fra-estruturas. Pensamos encontrar soluções para alguns espaços agora inactivos ou sobredimensionados.

Ainda assim o Convento está direccionado para o problema vocacional…Sim. A Fraternidade de Acolhimento Vocacional trabalha em permanência nesse

seu campo específico, desenvolvendo um esforço constante de acolhimento e acom-panhamento dos jovens.

Mas há mais projectos…Para além dos já indicados, pensamos no aproveitamento dos espaços para outros

serviços em prol do bem comum. Não está de lado a hipótese de um lar de terceira idade, pois queremos dar continuidade aos caminhos da assistência e da solidarie-dade. Depois, na linha da inserção na Diocese, queremos continuar com acções em conjunto, procurando melhorar em todos os aspectos, disponíveis para acções que se cruzem com as iniciativas diocesanas. A nossa casa e o acolhimento que as suas estruturas proporcionam fazem parte desta disponibilidade.

Quais os principais vectores da acção Franciscana na cidade e na Diocese? Dentro dessa colaboração, inserimo-nos em todo o género de actividades. Ainda

recentemente estivemos numa acção de formação de acolhimento na Vigararia de Colmeias. Estamos presentes, mas a nossa posição de Frades Menores não é expli-citamente de acção pastoral mas sim de cumprir um modo de ser que erradia de uma feição do Evangelho. A Ordem Franciscana não se define por um projecto específico de apostolado. É muito mais. É tudo isso a partir de uma vida em fraternidade, para que as pessoas possam compreender a nossa realidade. Esta experiência de Irmãos entre si, colaborando e vivendo sem nada, simplesmente com um projecto de vida, de acordo com o exemplo de Francisco de Assis, é o principal.

As pessoas, olhando para nós, hão-de reconhecer a nossa forma de estar. Assumi-

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mos o apoio incondicional à Ordem Franciscana Secular, acompanhando especial-mente o que se passa com o Lar de São Francisco, a distribuição do pão dos pobres e a acção no Bairro de São Francisco onde a pobreza é uma realidade. Mas aqui a nossa intervenção não é directa mas delegada nos Irmãos da Ordem Terceira que têm o nosso acompanhamento.

A presença franciscana em Portugal começou em Leiria. Isso tem a ver com o programa das comemorações do 8º Centenário da Ordem?

As comemorações começam em Leiria precisamente porque é aqui que a pre-sença dos Franciscanos, em Portugal, é mais antiga. Os Frades vieram logo após o Primeiro Capítulo Geral realizado em 1217. Mas as marcas históricas da sua presen-ça surgem em 1232, junto da actual Igreja de São Francisco, local então degradado onde iniciaram uma assistência aos mais desfavorecidos, nomeadamente tratando leprosos, a exemplo de Francisco de Assis a quem essa actividade era tão querida. A igreja surgiu entretanto, e veio depois a sofrer as sucessivas adaptações. Mais tarde os Franciscanos vieram para o sítio do “Covelo”, actual Bairro dos Capuchos, onde há ainda indícios de um templo que se foi degradando. Em 1902 é adquirido aos Ataídes o terreno onde estamos actualmente. Deu-se então início à actual Igreja dos Franciscanos, cujas obras pararam logo de seguida com instauração da República. A sua conclusão, apenas em 1949-50, marcou o início de um enorme conjunto de actividades.

Quando falamos do 8º Centenário da Fundação da Ordem estamo-nos a pro-jectar-nos para 2009, efeméride do que aconteceu em 1209 e é considerado como verdadeira fundação. Nesse ano, São Francisco foi junto do Papa, juntamente com oito companheiros, com um papelinho muito simples, dizendo que queriam celebrar o Evangelho de Jesus Cristo fielmente, o que espantou toda a Igreja.

Mas qual a data oficial da fundação?A Ordem dos Franciscanos Menores foi aprovada em 1209 com a proto-regra

papal. Esta é a referência histórica da fundação Franciscana. Actualmente a Primeira Ordem tem cerca de 16.500 membros, sem contar os Conventuais e os Capuchinhos, e está espalhada por 110 países, em todos os Continentes. As celebrações são sobre-tudo um movimento espiritual de regressar à pureza do Evangelho.

Pode explicar-nos o que se designado como “A Graça das origens”?Qualquer fundação ou carisma é uma graça de Deus, um dom à Igreja. Por todo

o mundo, os Franciscanos espalharam uma dimensão extraordinária. É exactamente esta graça que queremos recuperar, na fidelidade profunda à sua origem, naquilo que Francisco quis viver e transmitir aos seus Frades.

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Entrevista a Frei Daniel

“Ser pobre é sair do seu ego para se abrir a Deus” Entrevista de Orlando Marques

Frei Daniel António Silveira Teixeira nasceu em Amarante, em 1960, no seio da família pobre. Termi-nada a 4ª classe, entrou para o Seminário Franciscano onde discerniu e consolidou a sua vocação. Após a solene profissão e a ordenação sacerdotal passou por diversas comunidades. Esteve 7 anos na Madeira onde exerceu actividades no ensino, comunicações sociais, orientação de estágios, etc. Depois foi Guardião (Superior) da comunidade francis-cana de Leiria até 2004, acumulando com a Assistência espiritual à Ordem Secular de Leiria e Tomar. Actualmente, como Director Nacional do Centro de Franciscanis-mo, coordena as formações para os diversos ramos - frades e freiras.

Falando das origens da comunidade Franciscana em Leiria, pedimos-lhe que nos referisse o espírito que ainda hoje a anima.

Quando surgiu a comunidade franciscana em Leiria e como caracteriza a sua actividade e espiritualidade?

Os primeiros testemunhos da presença franciscana em Leiria remontam a 1226, ainda em vida de S. Francisco. Por essa altura terão existido por aqui umas pequenas cabanas junto ao rio. Com a expulsão das ordens religiosas em 1834 e, depois, com a República, a sua presença foi interrompida mas foi retomada por volta de 1950 com a reconstrução da Igreja e convento actuais.

A espiritualidade franciscana é marcada pela aproximação ao povo, de forma fraterna, independentemente da religião (como acontecia com a missionação de S. Francisco no séc. XIII). O trabalho dos franciscanos caracterizava-se pela assistên-cia aos pobres, marginais e leproso, pela pregação, e pelo acolhimento espiritual (confissões). Esta sensibilidade aos mais necessitados, muitas vezes impedidos de entrar na cidade, marcava a presença dos franciscanos aqui em Leiria, traduzida sobretudo na dádiva de mercearias e na ajuda na construção das habitações. Mais tarde tiveram também ao seu cuidado menores e órfãos. Mas a presença franciscana viria a ser importante também noutras áreas como a apostólica através da pregação e auxilio aos párocos que o solicitavam, e a do ensino tanto no colégio e no seminário como nos estabelecimentos oficiais.

Actualmente, além da sensibilidade aos mais necessitados e ao ensino, há uma atenção especial aos que procuram sentido para a sua existência. Além disso, está em Leiria, há mais de 15 anos, a equipa de coordenação e dinamização de toda a família franciscana, frades e freiras, das diversas ordens e institutos.

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Como entender a pobreza que constitui um dos ideais dos Franciscanos? Para S. Francisco a pobreza define-se pela austeridade de vida e o uso moderado

dos bens (diferente do conceito redutor de miséria). A pobreza é esvaziamento inte-rior e desapropriação mas não é necessariamente não ter. É ter o suficiente e saber usá-lo para proveito próprio e serviço dos outros. Ser pobre é sair do seu ego e auto-suficiência para se abrir mais a Deus e se tornar cada vez mais instrumento seu. Há neste desprendimento e abertura aos necessitados uma certa identificação com Deus. Tentando encarnar esta dimensão, vamos fazendo passar aos homens este espírito de desprendimento dos próprios conceitos, ideias e vontades, para os ajudar a encon-trar o autêntico sentido da vida. Na dimensão franciscana a pobreza não significa desvalorizar ou pôr de lado mas antes saber usar as coisas como instrumentos para a orientação do homem.

Francisco de Assis é a vossa grande referência. Como sente a sua veneração entre nós?

Uma das marcas fortes da presença franciscana em Leiria traduz-se numa grande proximidade entre os franciscanos e os cristãos da Diocese.

Infelizmente o crescimento económico tem-se feito acompanhar de um esvazia-mento de alguns valores e da criação de um culto do exterior, do ter e do poder. Nesta onda, as pessoas fecham-se no cultivo da própria imagem, sem os valores que inte-riormente lhe correspondam. Mesmo assim, sobretudo em circunstâncias excepcio-nais, como o Natal, há verdadeiras expressões de solidariedade e atitudes de partilha da parte de grupos, movimentos e organismos, que vão procurando acudir à pobreza de valores que é também geradora da pobreza económica. Há de facto uma acção desenvolvida discretamente, mas que acode e assiste a muita gente necessitada.

Qual o papel da Ordem Secular Franciscana, antes designada por Terceira Ordem Regular, em Leiria?

A Ordem Secular coordena as suas actividades comunitariamente, administrando lares, hospitais, bairros sociais, etc. Quase todas as fraternidades têm uma grande inserção nas paróquias, onde são leitores, cantores, catequistas, etc. Mas os membros das fraternidades não dão apenas um testemunho de caminhada pessoal. Têm ainda actividades sociais de assistência a pobres e outros a necessitados, que realizam onde estão inseridos.

Quem são os Franciscanos?Não são monges mas religiosos inseridos num grupo apelidado de Ordens Men-

dicantes. Não sendo contemplativos, apesar de acentuarem fortemente a oração e a própria vida eremítica, também não são puramente activos. São uma mistura evangélica destas duas formas típicas da vida religiosa: contemplativos e activos.

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S. Francisco de Assis deu-lhes um género de vida, resumido numa Regra simples – «Viver o Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo». Por isso a sua vida comporta diversas dimensões: vida contemplativa, vida fraterna, opção preferencial pelos pobres e evangelização pela missão, todas elas enraizadas na única regra que S. Francisco pôs à cabeça.

Entre si chamam-se irmãos, mesmo sendo sacerdotes. Francisco quis os frades tivessem todos os mesmos direitos e os mesmos deveres. Habitam em conventos e chamam ao Provincial Ministro (aquele que os serve), e aos Superior local Guardião (aquele que toma o cuidado dos demais).

Ao longo dos séculos a Ordem franciscana viveu valores particulares: pobreza, simplicidade, humildade, justiça, paz, alegria, maravilhamento diante de Deus, das pessoas e de toda a criação, etc.

Tudo começou quando em 1209 Francisco, com os seus primeiros 12 compa-nheiros, se deslocou a Roma e falou com o Papa: «Pedimo-Vos, “senhor papa”, que nos deixeis observar o santo Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, sem nada de próprio e em castidade». Foi com este pedido, escrito num pequeno papel tirado do bolso, que Francisco de Assis, ajoelhado reverentemente, conseguiu a aprovação de um «Projecto de Vida». Com a aprovação oral deste propósito, Inocêncio III tornou-se «cúmplice» da presença rejuvenescedora do movimento franciscano, no mundo e na Igreja.

12 anos mais tarde, em 1221, o jovem de Assis via oficialmente confirmada e aprovada a Regra que ainda hoje vigora, pela Bula «Solet Annuere» do Papa Ho-nório III. 1217 foi, no entanto, o ano em que chegaram a Portugal os primeiros franciscanos.

De salientar que a designação de «Frades Menores» foi determinada pelo Fun-dador. «Frades» porque irmãos, «Menores» em clara alusão às palavras de Jesus sobre a pobreza. Ambas as palavras exprimem aspectos fundamentais do movimento franciscano.

A Ordem inicial acabaria por se dividir em diversos ramos. Actualmente os 36 mil frades existentes no mundo dividem-se em apenas três ramos: Frades Menores Conventuais (4 mil), Frades Menores Capuchinhos (12 mil) e Frades Menores Ob-servantes, ou simplesmente Franciscanos (20 mil).

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Impressões de uma peregrinação

Taizé - Um paraíso na terraPor Anabela Sobreira

Era uma vez 61 jovens que decidiram passar a semana da Páscoa em Taizé.No dia 8 de Abril, ao meio-dia, junto ao Seminário de Leiria, lá estavam eles com

malas carregadas de sonhos, mochilas que transportavam boa disposição e sacos divertidíssimos.

Antes de entrarem no autocarro, reuniram-se para uma pequena celebração pre-sidida pelo Padre Manuel Henrique que os iria acompanhar na viagem e, claro, com a presença imprescindível do Bispo de Leiria.

Iluminados pelo tema “Eu sou a Luz do mundo” lá partiram em direcção ao “so-nho vai… o sonho é… correr e mudar sem voltar para…o tempo de amar. É só deixar o mundo para trás…É só querer.” Pela frente tínhamos 24 longas horas de viagem.

Mas antes de chegarmos a Taizé, ainda fizemos uma breve paragem em Cluny.Cluny é uma vila muito bonita que nos remete para um passado longínquo.O tempo estava horrível: muita chuva e frio, e o céu carregado de nuvens cinzen-

tas. Com este cenário eliminámos de imediato a ideia de visitar as igrejas e catedrais que nos “atropelavam” à medida que caminhávamos. Assim que encontrámos uma arcada jeitosa para nos abrigar, aí ficámos a apreciar os corvos que sobrevoavam as muralhas.

Eram três da tarde quando entrámos na Comunidade de Taizé.Ainda debaixo de chuva tirámos a bagagem do autocarro e abrigámo-nos num

alpendre enquanto esperávamos que nos distribuíssem pelas camaratas.De súbito, fui invadida por um sentimento contraditório: observava as pessoas

à minha volta, felizes, a cantar, a bater palmas, a pular… e eu ali, completamente desenquadrada a questionar-me: “Com tantos lugares soalheiros, mar azul-turquesa e palmeiras, tinha logo de ter escolhido este lugar para passar a minha semana de férias!”

Mais surpreendente ainda: como é que era possível ter ouvido maravilhas acerca de Taizé onde estava a sentir-me tão triste e perdida.

Na altura só me apetecia ir embora.Depois de instalada na camarata, fiquei um pouco mais satisfeita. As camaratas,

pelo menos, eram quentinhas.Mais satisfeita fiquei quando entrei na igreja: magnífica.

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Fiquei deslumbrada com a decoração: panos em tons laranja suspensos do tec-to ao chão, tijoleiras quadradas dispostas de forma assimétrica com velas e flores, ícones, vitrais, arbustos em vasos compridos que delineavam o espaço onde se en-contravam os irmãos… Era absolutamente divinal. Parecia mágico. Sempre que lá entrava, sentia um aconchego na alma, inexplicável. Só mesmo quem lá esteve sabe do que estou a falar.

Era neste espaço que nos reuníamos 3 vezes por dia: às 8h15 era a oração da manhã, às 12h20 a oração da tarde e às 20h30, a oração da noite.

Os sinos tocavam, nós dirigíamo-nos para a igreja, escolhíamos um sítio para nos sentarmos. Os irmãos entravam um a um e sentavam-se em bancos minúsculos de madeira. Desta forma, éramos convidados a viver em comunhão com Deus atra-vés da oração em comum, dos cânticos, da reflexão pessoal e simultaneamente de partilha.

Através destes momentos de oração cada um descobriu ou redescobriu um sen-tido para a vida. Ali, longe da azáfama do quotidiano, éramos “obrigados” a parar, reflectir, falar com o nosso coração de modo a alcançar não só o equilíbrio espiritual, mas sobretudo uma serenidade infinita. A melodia dos cânticos era fenomenal. Can-tava-se duma forma tão singela que até nos esquecíamos da violência e acreditáva-mos que o paraíso existia, bastava querermos.

Durante as orações, passava a maior parte do tempo de olhos fechados para sentir mais intensamente o verdadeiro significado da paz e do amor. Mas, quando abria os olhos, ao observar tanta gente que se tinha predisposto a renunciar a tanta coisa para estar simplesmente ali a orar, chegava a emocionar-me. Alegra-me saber que este mundo não é só composto por pessoas más. Também existem pessoas boas que lutam para que haja um mundo melhor: um mundo onde em vez da guerra haja paz, em vez da violência haja amor e em vez do egoísmo haja solidariedade.

Além da oração havia os chamados “grupos de partilha”. Cada um de nós perten-cia a um grupo onde havia pessoas de diferentes nacionalidades.

Eu escolhi o tema “Deus vem até nós”. Do meu grupo faziam parte: Helena (Leiria), Rute, Luísa, Nuno e João (Porto), Alex (Alemanha), Carlos e Fernando (Espanha).

Fui escolhida, ou melhor “obrigada”, a ser a «pessoa de contacto» do grupo.Fiz de tudo para não ficar com tal função, por não gostar de me expor e ter de fa-

lar. Expliquei-lhes que não tinha “perfil” para ser a «pessoa de contacto», mas eles lá me convenceram do contrário. Agora posso afirmar: ainda bem que assim foi, porque ao ser a «pessoa de contacto», era acompanhada por um dos irmãos que introduzia o tema de cada dia. O irmão Combo falava do evangelho duma forma como nunca an-tes tinha ouvido falar. Não era propriamente pelo que ele dizia, mas sim pela forma como o fazia. Ele falava com um entusiasmo tal, que as palavras iam directamente ao coração. Guardei algumas delas na minha memória como tábua de salvação para aqueles momentos de aflição que nos fazem desejar que o mundo acabe.

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-“Seguir Jesus é um risco que vale a pena” (tal como os apóstolos deixaram tudo e seguiram Jesus, também nós devemos mudar o nosso comportamento para o seguir).

-“Não há que ter medo, pois Deus está sempre connosco”.-“Para Deus tudo é possível”.Foi um privilégio ouvir estas palavras de coragem e esperança.Estava preocupadíssima com o facto de ser a «pessoa de contacto» quando, afi-

nal, foi a melhor coisa que me poderia ter acontecido, por tudo aquilo que aprendi: pelos ensinamentos do irmão Combo e por ter conseguido transmitir esses mesmos ensinamentos aos elementos do meu grupo.

Não há dúvida de que Deus não nos abandona. Quando me foi imposta uma tarefa que julgava não conseguir desempenhar tive a prova de que não é necessário preocupar-me, pois Deus arranja sempre uma solução.

Através destes encontros partilhávamos as nossas ideias, e sobretudo a nossa fé. Essa partilha ia melhorando de dia para dia e assim nasceu a amizade entre nós.

Estar em Taizé também significa assumir responsabilidades. Para que os traba-lhos quotidianos necessários à vida em comunidade fossem assegurados, cada um participava numa tarefa para ajudar nas equipas de trabalho.

Todas as manhãs, a seguir ao pequeno-almoço, lá ia eu com o meu grupo de tra-balho limpar o alpendre onde se tomavam as refeições.

Ah! As refeições também eram especiais, muito especiais mesmo…Ao pequeno-almoço não havia talher, ou seja, cada um tinha de inventar o me-

lhor método para abrir o pão e barrar a manteiga ou o chocolate. Eu optei por ser à mão, pouco original, mas sem dúvida o mais prático.

Ao almoço e jantar só havia mesmo a colher! Confesso que quando cheguei a casa achei estranho ver tantos talheres na mesa, e… um guardanapo (uauuu)!

Nos meus tempos livres aproveitei para conhecer a zona circundante: Amaugeny e Macon. E claro a própria aldeia de Taizé. Nesta colina a palavra “stress” não exis-te. Os habitantes vivem em plena harmonia com a natureza. Ali respira-se calma e sossego.

No meio dos campos verdejantes encontramos a ‘Igreja do Silêncio’. «É como se, dentro daquele espaço, estivéssemos protegidos de tudo».

Lindo, lindo, é o bosque onde se encontra a fonte de Santo Estêvão, um lago enorme com uma ponte de madeira, uma pequena cascata, muitas árvores, muitas flores amarelas e lilás que nos lembravam a todo o instante que estávamos, efectiva-mente, na Páscoa.

De facto, o irmão Roger não podia ter escolhido um sítio melhor para fundar a comunidade. Foi em Agosto de 1940, com 25 anos, que o irmão Roger se instalou sozinho na aldeia de Taizé. Em plena Guerra Mundial acolhe e esconde refugiados, em particular judeus.

Ao longo dos anos, pouco a pouco, outros irmãos juntam-se ao irmão Roger. Em 1949 um pequeno grupo de irmãos compromete-se a viver em comunidade, celibato

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e grande simplicidade. Os irmãos não aceitam quaisquer dons ou ofertas, é exclusi-vamente graças ao seu trabalho que ganham a vida e a partilham com os outros.

O irmão Roger morreu em 2005, assassinado durante a oração da noite, e o irmão Alois sucedeu-lhe como prior da comunidade.

A oração de Sábado à noite foi seguida por um encontro com o irmão Alois.Quando me aproximei do irmão Alois, ele sorriu e apertou-me a mão. Eu apre-

sentei-me, e assim que ouviu a palavra Portugal, falou de imediato em Fátima. Tinha estado em Fátima aquando do Encontro Europeu de Jovens em Lisboa. Acrescentou que Fátima era um lugar abençoado. Concordei, e disse que tal como Fátima também Taizé era uma bênção de Deus, pois estava a viver momentos de plena felicidade. Felicidade tal que queria levar comigo e transmitir tudo o que de bom que tinha vivido naqueles dias. Reduzi-me à minha insignificância e confidenciei-lhe estar consciente de que isso seria muito difícil, pois o mundo real é bem diferente e de-pressa somos contagiados pela ambição, pela inveja, pela ociosidade… Quase em desespero, perguntei-lhe o que fazer para levar e manter comigo aquela “Luz”, ao que me respondeu simplesmente: “Não te preocupes, porque o mais importante é a tua presença”. Fez-me o sinal da cruz na testa, e naquele momento apercebi-me que é preciso tão pouco para sermos felizes.

Eu, que me preocupo tanto com o que tenho de fazer para ser uma boa católica, como agir para “servir” a Deus, em Taizé aprendi que Deus não castiga nem nos controla, porque Deus é misericórdia e compaixão. Ele está sempre disposto a rece-ber-nos, basta abrirmos a nosso coração.

“Ubi caritas, Deus ibi est”

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Celebração do Tríduo Pascal

Da morte à vida… o mistério da féP. Carlos Cabecinhas

A ressurreição de Jesus crucificado é o fundamento da fé cristã: “Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa fé” (1 Cor 15, 17). É este núcleo fundamental da fé cristã, o mistério pascal de Jesus Cristo, que celebramos de modo muito especial nestes dias do Tríduo Pascal. Por isso, dizem as Normas sobre o Ano Litúrgico: “O sagra-do Tríduo da Paixão e Ressurreição do Senhor é o ponto culminante de todo o ano litúrgico, porque a obra da redenção humana e da perfeita glorificação de Deus foi realizada por Cristo especialmente no seu mistério pascal, pelo qual, morrendo des-truiu a nossa morte e ressuscitando restaurou a vida. A proeminência que na semana tem o Domingo, tem-na no ano litúrgico a solenidade da Páscoa” (n.º 18).

As referidas Normas delimitam o Tríduo do seguinte modo: “o Tríduo pascal da Paixão e Ressurreição do Senhor inicia-se com a Missa da Ceia do Senhor, tem o seu centro na Vigília Pascal e termina nas Vésperas do domingo da Ressurreição” (n.º 19). É como que uma grande celebração que, pela sua importância, se alarga a vários dias. É claro que nem todas as celebrações têm o mesmo relevo: a Vigília Pascal é o ponto culminante, para o qual todo o Tríduo se orienta.

Quinta-feira SantaA missa vespertina da ceia do Senhor assinala o final da Quaresma e o início do

Tríduo, na noite de Quinta-Feira Santa. Esta celebração é uma Eucaristia celebrada com toda a dignidade e solenidade, por se celebrar na noite em que Jesus foi entre-gue e preso. Contudo, a Eucaristia central, para a qual esta se orienta, é a da Vigília. A importância desta celebração reside na sua ligação íntima com o mistério da entre-ga de Jesus, consumado em Sexta-feira Santa: comemora e antecipa no sacramento eucarístico o gesto de entrega cruento e dramático da Cruz.

A celebração tem carácter festivo! Por isso, se canta o hino de glória e tocam os sinos. Os textos bíblicos e das orações realçam que Cristo, com a instituição da Eucaristia, nos faz participar na sua Páscoa, na sua Paixão, morte e ressurreição. Mas sublinham ainda a instituição do sacerdócio, sem o qual não há Eucaristia. Destacam ainda o nexo existente entre a celebração da Eucaristia e a caridade fraterna. É neste contexto que deve ser entendido o lava-pés. É um gesto que manifesta a entrega de Jesus: o pão e o vinho, que expressam a entrega amorosa de Jesus, completam-se com este gesto de serviço humilde e de entrega aos seus. O mandato “Fazei isto em memória de Mim” não pode ser separado do “dei-vos o exemplo, para que, assim

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como Eu fiz, vós façais também”. Ao discípulo de Jesus são pedidas duas formas de memória: «Fazei isto em minha memória», isto é, uma memória que se traduz na acção celebrativa, e «fazei como eu fiz», que se traduz num comportamento de serviço mútuo.

No final da celebração, faz-se a trasladação do Santíssimo para um lugar conve-niente, fora da Igreja.

Sexta-feira SantaEste dia está inteiramente centrado na Cruz e na morte de Cristo. Dia de jejum

pleno, a sexta-feira santa foi dia que nunca conheceu celebração eucarística. A ce-lebração da Sexta-feira Santa é uma ampla Liturgia da Palavra, que culmina com a adoração da Cruz e termina com a Comunhão. É importante ter esta estrutura presente, para percebermos o que é preciso destacar: a leitura da Palavra de Deus, sobretudo da Paixão, e a adoração da Cruz. Mais que um dia de luto pela morte de Cristo, a Sexta-feira Santa é o dia da contemplação do amor de Deus e do extremo a que esse mesmo amor levou Jesus Cristo. Essa é também a perspectiva de S. João, o evangelista do dia, que vê na Cruz a revelação da glória do Filho de Deus.

Na celebração, há alguns elementos que merecem destaque. Na Liturgia da Pa-lavra, é a leitura da Paixão segundo S. João que deve merecer toda a atenção: aí se proclama com todo o ênfase o gesto de entrega de Jesus na Cruz, como expressão do seu amor incondicionado aos homens. A Oração Universal tem, neste dia, caracterís-ticas muito próprias: indica-se a intenção pela qual se reza; segue-se um momento de oração em silêncio; o presidente faz uma oração, à qual a assembleia responde com o “Ámen” final. A veneração da Cruz surge como resposta plástica e gestual de toda a assembleia à proclamação da Paixão. Esse gesto não é de adoração de um símbolo de morte, mas adoração de Cristo, vencedor da morte. Para o cristão, a cruz é símbolo da vida. Seguem-se os ritos da Comunhão.

Sábado SantoO sábado santo é um dia dito “alitúrgico”, isto é, sem celebração da Eucaristia

ou de outros sacramentos. A única celebração possível é a da Liturgia das Horas. As várias horas da oração da Igreja convidam a contemplar o repouso de Cristo no sepulcro, na expectativa da celebração da sua ressurreição.

Domingo da RessurreiçãoA primeira celebração do Domingo de Páscoa é a solene Vigília Pascal. “A Vigí-

lia Pascal, na noite santa em que o Senhor ressuscitou, é considerada como «mãe de todas as vigílias», na qual a Igreja espera em vigília a ressurreição de Cristo e celebra os sacramentos” (Instrução Geral do Missal Romano, n.º 21).

Esta é a noite mais importante de todo o Ano Litúrgico. O símbolo da luz, a Palavra, a água baptismal e o pão e o vinho eucarísticos, anunciados na Quaresma,

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alcançam a sua realização nesta noite pascal. Não foi por acaso que a renovação litúrgica, mesmo antes do Concílio, começou precisamente com a reforma e renova-ção da Vigília Pascal, que estava muito descaracterizada. Actualmente, a estrutura da celebração, muito simplificada e expurgada de elementos estranhos, consta de quatro grandes momentos: Liturgia da Luz, Liturgia da Palavra, Liturgia Baptismal e Li-turgia Eucarística. É fundamental que a Vigília decorra em crescendo, orientando-se toda a celebração para o ponto máximo: a Liturgia Eucarística. Deverá ser na Litur-gia Eucarística que a celebração permitirá a explosão jubilosa de alegria pascal.

Esta é também uma celebração de carácter profundamente baptismal: o Baptismo é a Páscoa de cada cristão, como refere a leitura da Carta de S. Paulo aos Romanos.

A missa do dia de Páscoa é a segunda, já que a primeira e mais importante é a Vigília Pascal. A missa do dia continua a celebração jubilosa da Vigília.

O solene Tríduo Pascal termina com as Vésperas do Domingo de Páscoa. Em muitas terras, as vésperas pascais tiveram sempre e continuam a ter um enorme relevo e importância. Entre nós, por causa da visita pascal, poucos são os lugares onde são de facto solenizadas. Contudo, é com esta celebração que termina o Tríduo Pascal, e não com a missa da manhã.

A história do Tríduo PascalA Igreja primitiva celebrava a Páscoa cada semana, na Eucaristia dominical. Jun-

to a essa Páscoa semanal, vai desenvolver-se uma outra celebração: a Páscoa anual, que está na origem de todo o Ano Litúrgico.

Não é fácil determinar a data em que a Igreja começou a celebrar a Páscoa, uma vez por ano, assim como não é fácil afirmar se essa celebração começou em todos as Igrejas na mesma época, ou se se desenvolveu a partir de comunidades judeo-cristãs. Parece seguro que a Páscoa anual cristã nasceu da Páscoa judaica e que seria inicialmente celebrada no dia 14 do mês de Nisan. Enquanto em algumas Igrejas se manteve o costume de celebrar a Páscoa a 14 de Nisan (na Ásia), noutras Igrejas a sua celebração tinha lugar no domingo seguinte (nas Igrejas ocidentais). A Páscoa era celebrada numa longa vigília nocturna, como memorial da morte e ressurreição de Cristo.

O primeiro testemunho claro sobre a observância de uma Páscoa anual aparece no século II na chamada Epistula Apostolorum. Neste texto, a Páscoa, celebrada de 14 para 15 de Nisan, é apresentada como celebração da morte e ressurreição do Se-nhor. “O conteúdo da celebração é a totalidade da obra da redenção: a encarnação, a paixão, a ressurreição e a glorificação, tudo acontecimentos centrados na Cruz como lugar do triunfo de Cristo” (Thomas J. Talley). O conteúdo ultrapassa largamente a própria morte e ressurreição para proclamar o mistério total da Cruz em todas as suas dimensões, da encarnação à vinda gloriosa de Cristo. E isto porque a morte e a res-surreição não são encaradas pela Igreja antiga como aspectos ou momentos separa-dos, independentes, da experiência pascal; são, sim, acentuações do único mistério.

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Foi a partir desta festa anual da Páscoa que, pouco a pouco, se foi desenvolvendo e consolidando toda a estrutura do Ano Litúrgico, com os seus ciclos e festas. Até ao século IV a Páscoa foi a única festa anual; festa em que se celebrava, tal como na Eucaristia, todo o mistério de Cristo, mistério de morte e ressurreição. Tudo o que nós, hoje, celebramos ao longo de um ano, era então celebrado numa única festa, a Páscoa.

Inicialmente a celebração da Páscoa fazia-se numa solene vigília: a Vigília pas-cal. Nessa noite, depois das leituras, celebrava-se também o Baptismo e a vigília prolongava-se por toda a noite, terminando de madrugada com a Eucaristia. Esta solene vigília era preparada por um jejum “pascal”, que começava na sexta-feira e se prolongava até ao sábado à noite. Portanto, inicialmente o Tríduo Pascal constava apenas da Vigília. Depois, a influência de Jerusalém fez-se sentir na estruturação das celebrações destes dias: em Jerusalém, lugar onde aconteceram os factos ce-lebrados, começou-se a seguir as indicações evangélicas sobre a paixão, morte e ressurreição do Senhor, celebrando cada acontecimento no lugar e dia indicado pelos evangelistas. Esta liturgia da cidade santa foi, depois, imitada pelas restantes Igrejas, estendendo a celebração do Tríduo à sexta-feira. Só no século IV é que se começou a celebrar também a instituição da Eucaristia, na noite de quinta-feira santa. Estava, então, formado o Tríduo tal como hoje o conhecemos.

Com o passar dos séculos, algumas alterações significaram um real empobreci-mento do Tríduo Pascal. A alteração mais significativa foi a antecipação da Vigília Pascal: por causa da norma do jejum absoluto antes da Eucaristia, a Vigília Pascal passou para a manhã do sábado, deixando de ser “vigília”, isto é, celebração noctur-na, para ser apenas uma celebração antecipada da Páscoa. Foi em 1951 que o Papa Pio XII determinou a restauração da Vigília Pascal; e em 1955, a restauração de todo o Tríduo Pascal, restituindo-lhe a unidade perdida durante séculos. A este nível, o Concílio Vaticano II limitou-se a consagrar uma reforma já efectuada.

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Tabela de Taxas, Tributos e EmolumentosPROVÍNCIA ECLESIÁSTICA DE LISBOA

(Excepto as Dioceses de Angra e do Funchal)

DECRETOEm conformidade com o disposto no cânone 1264 do Código de Direito Canóni-

co, tendo obtido a necessária aprovação da Santa Sé (Pt. N. 2006 0417 da Congrega-ção do Clero, do passado dia 20 de Março), estabelecemos nas nossas Dioceses, por três anos, a seguinte Tabela de Taxas, Tributos e Emolumentos.

Este Decreto entra em vigor no próximo dia 1 de Junho.Lisboa, 24 de Abril de 2006† José, Cardeal-Patriarca de Lisboa† Gilberto, Bispo de Setúbal† José Francisco, Bispo de Portalegre-Castelo Branco† Manuel, Bispo da Guarda† Manuel, Bispo de Santarém† Serafim, Bispo de Leiria-Fátima

INTRODUÇÃO

1. A Igreja é um mistério de graça. Na sua realidade humana visível, é sacramen-to da salvação dos homens, que Deus realiza por Nosso Senhor Jesus Cristo. E a salvação é um dom gratuito, fruto da infinita misericórdia de Deus.

Como sinal visível de salvação, a realidade insondável da graça realiza-se atra-vés da realidade visível e social da Igreja. É por isso que a tradição não hesitou em comparar esta realidade da Igreja, em que o invisível dom de Deus se exprime e acontece através da visibilidade humana da Igreja, ao mistério do próprio Verbo en-carnado, no qual a natureza humana de Jesus exprime totalmente a natureza divina do Verbo eterno de Deus (cf. LG, 8).

O documento que agora publicamos situa-se no âmbito da Igreja enquanto re-alidade visível, juridicamente ordenada, que deve ser, toda ela, orientada e repas-sada pelo mistério invisível da graça. Toda a estrutura da Igreja deve ser sinal da gratuidade do dom de Deus, o que não nos impede de aceitar com simplicidade que a Igreja, enquanto estrutura humana, precisa de bens materiais para realizar a sua missão e ser sinal de salvação. É este primado da realização da missão salvífica que

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leva a Igreja, na liberdade e autenticidade evangélica, a procurar os bens materiais de que precisa e a administrá-los com rigor, pondo-os sempre e totalmente, ao serviço do seu fim espiritual: o louvor de Deus, a partilha fraterna, sobretudo com os mais pobres, a organização da evangelização, a vida interna das comunidades, que devem garantir a condigna remuneração daqueles que a servem. Quer a angariação dos bens necessários, quer a sua administração e utilização, devem estar totalmente isentas de ganância, exploração ou espírito mercantil. A partilha voluntária é a sua principal fonte, a sua utilização para a realização dos fins da Igreja, a sua regra.

2. Os próprios meios de a Igreja adquirir os bens materiais de que precisa, brotam do dinamismo da comunidade. A história da Igreja revela-nos os mais significati-vos:

A partilha dos bens, por parte dos próprios fiéis, que desejam, desse modo, contribuir para a realização da missão da Igreja. Esta partilha tomou várias formas, ao longo dos tempos: os legados pios, de bens patrimoniais e financeiros, por vezes consignados à realização de um aspecto concreto da missão da Igreja; as ofertas, quando se recebe um particular dom de Deus. Elas significam gratidão e reciproci-dade de dons. Deus dá o que só Ele pode dar, os homens dão o que têm e podem dar. Situam-se, nesta linha, os ofertórios durante as celebrações litúrgicas, as ofertas por ocasião da celebração da Eucaristia, particularmente celebrada por uma intenção particular, e as ofertas por ocasião da celebração de outros sacramentos; a partici-pação nas despesas da comunidade, na sustentação do clero, através das diversas formas de côngruas ou contributo para o fundo paroquial; as taxas, devidas por um serviço prestado. Neste ponto, a prática da Igreja assemelha-se à de outras socieda-des organizadas.

Ao longo do tempo, muitas destas formas de participação dos fiéis foram codi-ficadas e fixadas nos seus quantitativos. No que às taxas diz respeito, isso é normal, pois trata-se de serviços prestados. No que diz respeito às ofertas materiais dos fiéis por ocasião da recepção de bens espirituais, essa prática é mais delicada. Se por um lado evitou abusos e permitiu à Igreja assegurar os bens necessários, deu azo a um sentido de compra dos dons de Deus e à perda do sentido da sua gratuidade fun-damental. A oferta material, nessas circunstâncias, é um dom com que se agradece outro dom, e não um preço que se paga. E esta perspectiva permanece válida e pode ser incentivada. À generosidade de quem dá, deve corresponder o infinito respeito de quem recebe e o dever de aplicar essas ofertas para o bem da Igreja, na realização da sua missão.

3. O presente documento pretende ser um passo em frente, no disciplinar a orga-nização da Igreja nesta matéria, sem rupturas bruscas com o passado, sem provocar situações insustentáveis para o concreto do dia a dia das comunidades, mas acentu-ando a generosidade gratuita da partilha eclesial. «Deus ama quem dá com alegria» (2Cor. 9,7).

O documento é atravessado por duas linhas de força: a gratuidade dos sacramen-

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tos e de todos os dons espirituais, e a justa compensação pelos serviços prestados pela Igreja, através de taxas moderadas e justas.

No primeiro caso, o da gratuidade dos dons sobrenaturais concedidos pela Igreja, determina-se a ausência de qualquer emolumento fixado e obrigatório, na adminis-tração dos sacramentos do baptismo e do matrimónio, os únicos a que, segundo a tradição da Igreja, estava ligado um emolumento fixado. Esta gratuidade não exclui que os fiéis, voluntariamente, aproveitem essa ocasião para contribuírem para as despesas da Igreja.

Mantêm-se o estipêndio, oferta pessoal ao sacerdote, por ocasião da celebração da Santa Missa com intenção particularizada. Neste caso é ainda mais evidente que nenhum preço material paga a graça da Eucaristia. Mantemos esta tradição, não ape-nas na perspectiva de quem recebe, mas também de quem dá. O contributo material é expressão importante da fé de quem pede a celebração da Eucaristia.

Este dinheiro, oferta pessoal ao sacerdote, que só pode receber um por dia e o deve aplicar no exercício da caridade, não entra na normal administração do Fun-do Paroquial, para o qual, não revertem automaticamente os estipêndios que não pertencem ao sacerdote. Este deve dar-lhes o destino determinado pelo Bispo na legislação diocesana.

A gratuidade dos dons espirituais que a Igreja concede aos fiéis estende-se, ago-ra, também às exéquias. Esta é uma matéria delicada, dada a densidade da situação existencial da morte e a variedade de intervenientes na celebração da morte: os mi-nistros sagrados, as agências funerárias, as casas mortuárias, as tradições arreigadas de levantamento do corpo em casa e do seu acompanhamento ao cemitério. Passa a não haver estipêndio fixado para a celebração das exéquias, aplicando-se-lhe o prin-cípio da gratuidade da oferta, válida para todas as celebrações sacramentais. Fica, no entanto, previsto um estipêndio para o acompanhamento ao cemitério, muitas vezes feito por um ministro do culto a quem a paróquia deve remunerar.

4. Uma outra forma de a Igreja adquirir os meios materiais de que precisa, é a solidariedade das Paroquias, Irmandades e pessoas jurídicas para com a Diocese, aqui apresentada sob a forma de tributos. Mas esta partilha não se deve limitar a eles. Hoje é cada vez mais necessária a partilha fraterna entre as próprias Dioceses de todo o mundo e das Paróquias entre si. Começa a ser comum Paróquias que se geminam a Paróquias pobres, normalmente em terras de missão, sendo a partilha dos bens uma expressão importante, embora não única, dessa particular comunhão, prática que encontramos já na Igreja apostólica (cf. Act. 11,27-30; 1Cor. 16,1-4; 2Cor. 8,1ss).

5. Sobressaia em tudo a exigência da virtude evangélica da pobreza, que nos leva a considerar o dinheiro como um meio e não um fim, a dar prioridade aos pobres e ao auxilio aos que mais precisam, nos sugere a simplicidade e a modéstia dos meios utilizados e a todos aconselha a generosidade na partilha, o rigor na utilização e na administração dos bens da Igreja.

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I PARTETAXAS E TRIBUTOS

A. DISPOSIÇÕES GERAIS

1. Para a realização dos seus fins, a Igreja necessita, não só de bens espirituais, mas também de bens temporais. Por isso os fiéis, quer individualmente quer reuni-dos em associações, «têm obrigação de prover às necessidades da Igreja, de forma que ela possa dispor do necessário para o culto divino, para as obras apostólicas e de caridade e para a honesta sustentação dos seus ministros» (CIC can. 222 § 1).

2. Ao Bispo Diocesano corresponde «o dever de advertir os fiéis da obrigação referida e de a urgir de modo oportuno» (can. 1261 § 2) e aos fiéis corresponde a obrigação de auxiliar «a Igreja mediante as subvenções que lhes forem solicitadas» (can. 1262).

3. Para ocorrer às necessidades dos Seminários e das Cúrias Diocesanas, bem como ao cabal desempenho de outras obrigações próprias das Dioceses, os Bispos da Província Eclesiástica de Lisboa contam com as ofertas voluntárias dos fiéis e com as receitas provenientes das taxas, dos tributos e dos emolumentos, constantes da presente tabela.

4. Os fiéis em situação de manifesta pobreza estão isentos das taxas e dos emo-lumentos previstos nesta tabela e têm direito a obter, gratuitamente, tanto na Cúria como na Paróquia, todos os serviços e documentos de que precisem.

5. Os requerimentos dos fiéis, dirigidos ao Bispo Diocesano, em nome pessoal ou em representação de entidades colectivas, devem vir sempre acompanhados da informação do pároco ou equivalente, a fim de poderem obter despacho.

6. Os requerimentos sejam feitos em papel formato A4 e cada requerimento trate apenas de um assunto. Desta forma, facilita-se tanto o despacho dos assuntos como o arquivo da documentação.

7. Os documentos da Cúria e da Paróquia especificarão as taxas ou tributos apli-cáveis, em cada caso.

8. Os ministros sagrados e as pessoas jurídicas devem enviar à Cúria diocesana, nas datas previstas, as somas referentes às taxas ou tributos a que estão sujeitos pes-soalmente ou em representação de outrem.

9. Quando os actos da Cúria ou da Paróquia impliquem deslocações, as despesas daí resultantes serão acrescidas aos valores previstos na tabela ou suportadas direc-tamente pelos interessados. Dada a diversidade de situações, cada Diocese estabele-cerá os critérios adequados.

10. Na sua Diocese, o Bispo pode autorizar a alteração das taxas ou tributos adiante referidos, quando, por circunstâncias especiais, o considere pastoralmente aconselhável.

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B. TAXAS DA CÚRIA DIOCESANA RELATIVAS A ACTOS DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA

Clérigos11. Durante o mês de Dezembro, cada presbítero deverá enviar à Cúria, para actua-lização, o Bilhete de Identidade Sacerdotal. Se o não fizer noutra ocasião, deverá, com ele, remeter a sua ajuda económica pessoal para as necessidades e obras da Igreja, designadamente o Fundo Diocesano do Clero, tendo presentes os conselhos de S. Paulo quanto ao auxílio pecuniário a prestar às Igrejas (cf. 2Cor. 8-9; Filp. 4,10-20) e a recomendação do Código de Direito Canónico quanto ao cultivo da «simplicidade de vida», ao auxílio à própria Igreja e à pratica das obras de caridade (can. 282; BI).

12. Renovação anual do Bilhete de Identidade Sacerdotal .... Oferta livre 13. Ausência da diocese própria por motivos, predominantemente de interesse pessoal (tributo anual) .................................................. €75,0014. Matrícula para ordenação de religiosos .......................................... €10,00

Baptismo15. «Fora de caso de necessidade, o lugar próprio para o baptismo é a igreja ou o

oratório. Em regra, o adulto seja baptizado na igreja paroquial própria e a criança na igreja paroquial dos pais, a não ser que uma justa causa aconselhe outra coisa» (can. 857). A licença de transferência do Baptismo é reservada ao Ordinário Diocesano e está sujeita às taxas que, a seguir, se apresentam.

16. Taxas pela transferência do Baptismo: a) para diocese ou igreja paroquial estranha .................................. €12,00 b) para igreja paroquial, sendo o neófito de diocese estranha ......... €6,00 c) para outra igreja não paroquial ................................................... €17,00 d) para oratório (situação excepcional aceite só em caso de necessidade e a critério do Ordinário) ......................... taxa diocesana

Matrimónio17. «Celebrem-se os matrimónios na paróquia onde qualquer das partes tem do-

micílio ou residência durante um mês, ou, tratando-se de vagos, na paróquia onde actualmente se encontram» (can. 1115). A licença de transferência do Matrimónio é reservada ao Ordinário Diocesano.

18. Certificado matrimonial de «nada obsta»: a) referente a processo ordinário da diocese ................................... €12,00 b) proveniente de outra diocese .......................................................... €6,0019. Suplemento no caso de transferência: a) para outra igreja paroquial ou diocese estranha ........................ €12,00 b) para igreja não paroquial ............................................................. €30,00

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c) para oratório (excepto doentes internados em hospitais) .......... €60,00 d) para capela particular (situação excepcional aceite apenas quando devidamente justificada e a critério do Ordinário que elaborará, para o efeito norma diocesana) ........... taxa diocesana20. Outros suplementos: a) por dispensa de impedimento ....................................................... €15,00 b) por dispensa de proclamas ............................................................. €6,00 c) por justificação de estado livre ....................................................... €6,00

Culto da Eucaristia e Festas21. «A celebração eucarística realiza-se em lugar sagrado, a não ser que a necessidade

exija outra coisa; neste caso, deve fazer-se em lugar decente» (can. 932 § 1), evitando, no entanto, qualquer acepção de pessoas, de grupos ou condições sociais (cf. SC, 32; RS).

«Nos oratórios legitimamente constituídos podem realizar-se todas as celebra-ções, a não ser as exceptuadas pelo direito ou por prescrição do Ordinário do lugar, ou às quais obstem normas litúrgicas» (can. 1225).

«Para celebrar missa ou outras cerimónias sagradas numa capela particular, requer-se licença do Ordinário do lugar» (can. 1228), a qual não será concedida para os domingos e dias santos, excepto em caso de necessidade pastoral (cf. DD, 36).

22. A Santíssima Eucaristia deve conservar-se na catedral, nas igrejas paroquiais e na igreja ou oratório anexo à casa de um instituto religioso ou de uma sociedade de vida apostólica. Noutros lugares, só pode conservar-se com expressa licença do Ordinário diocesano (cf. can. 934-936).

23. Licença de conservação da Eucaristia: a) em igreja ou oratório ao serviço da paróquia (só no início) ....... €6,00 b) noutras igrejas ou oratórios (licença anual) .............................. €12,00 c) em capela particular (licença anual) ............................................ €35,0024. AS FESTAS com solenidade exterior ao lugar de culto supõem autorização

da competente autoridade eclesiástica. Por isso, aqueles que as promovem deverão requerer ao Ordinário, com a devida antecedência, licença para a sua realização, garantindo a sua dignidade enquanto expressão de fé.

25. Autorização de festa com solenidade exterior ao lugar de culto: a) um só dia ........................................................................................ €30,00 b) mais do que um dia ....................................................................... €60,00

Lugares de Culto26. A existência de igrejas, de oratórios e de capelas particulares (cf. can. 1214;

1223; 1226) justifica-se por razões pastorais de carácter comunitário, quer os edifí-cios sejam propriedade de pessoas morais ou de pessoas singulares. A abertura ao culto de templos que são de propriedade privada supõe espírito de colaboração com as exigências pastorais e bom exemplo de vida cristã dos proprietários.

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27. Licença de abertura .......................................................................... €50,00 Licença de renovação anual: a) oratório ......................................................................................... €25,00 b) capela particular .......................................................................... €30,00

Actos Diversos28. Certidões, atestados, cópias autenticadas, procurações e despachos simples ........................................................................... €10,0029. Decretos ou despachos que exigem processo ou estudo especial ... €15,0030. Termos de abertura e encerramento de livros (cada) ...................... €3,0031. Numeração e rubricação de livros e estatutos (cada folha) ............. €0,0232. Reconhecimento de assinatura ........................................................... €3,00

C. TAXAS RELATIVAS A ACTOS DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA DOS VIGÁRIOS FORÂNEOS E DOS PÁROCOS

33. Actos Diversos:a) Certidões, atestados, cópias autenticadas e procurações ............... €10,00b) Termos de abertura e encerramento de livros (cada) ....................... €3,00c) Numeração e rubricação de livros ou estatutos (cada folha) ........... €0,02d) Organização do processo de casamento, incluindo apenas os documentos do cartório da própria paróquia ............................ €20,00e) Auto de consentimento para casamento de menores ....................... €10,00f) Impressos e expediente ..................................................... (o que for devido)

D. TRIBUTOS

34. «Os fiéis prestem auxílio à Igreja mediante as subvenções que lhes forem solicitadas» (can. 1262). «O Bispo diocesano tem o direito de impor a todas as pes-soas jurídicas públicas que lhe estão sujeitas um tributo moderado proporcional aos respectivos rendimentos, para as necessidades da diocese» (can. 1263).

«Os administradores, tanto clérigos como leigos, de quaisquer bens eclesiásticos, que não estejam legitimamente subtraídos ao poder de governo do Bispo diocesano, todos os anos têm obrigação de prestar contas ao Ordinário do lugar» (can. 1287 § 1), entendendo-se por bens eclesiásticos todos os bens temporais pertencentes às pessoas jurídicas públicas da Igreja (cf. can. 1257 § 1).

35. Em conformidade com os cânones citados no número anterior, sobre a re-ceita ordinária das paróquias ou equiparadas e das associações públicas de fiéis, nomeadamente as destinadas a promover o culto ou a doutrina cristã (irmandades e confrarias), é fixado, a favor da Diocese, o tributo anual de 3%, a satisfazer por ocasião da prestação de contas na Cúria Diocesana.

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36. Em favor do Fundo Diocesano do Clero, previsto no can. 1274 § 1: a) As paróquias ficam sujeitas anualmente a um tributo especial (can. 531; 1263) de 1% sobre as receitas ordinárias; b) Os sacerdotes, em espírito de partilha fraterna e de acordo com a legislação diocesana, contribuam com uma percentagem do seu rendimento mensal para o Fundo Diocesano do Clero.37. Para prover as necessidades do seminário, além do ofertório anual admitido

pelo can. 1266, o Bispo diocesano pode impor um tributo na diocese a todas as pes-soas jurídicas eclesiásticas, mesmo privadas, que tenham sede na diocese, a não ser que se sustentem só de esmolas ou nelas haja actualmente um colégio de alunos ou de docentes para prover ao bem comum da Igreja. O tributo deve ser proporcional aos rendimentos daqueles que a ele estão sujeitos e determinado segundo as necessi-dades do seminário (cf. can. 264).

38. Para efeito dos tributos referidos nos números 35 a 37, no que às pessoas colectivas diz respeito, ao total da receita serão deduzidas as seguintes verbas:

a) os impostos civis; b) as despesas com legados pios; c) 10% da receita ordinária, destinados ao fundo de reserva para obras de conservação dos imóveis; d) o saldo do ano anterior; e) a receita extraordinária; f) as receitas consignadas; g) os subsídios das entidades oficiais.39. As contas anuais das pessoas jurídicas eclesiásticas que sejam obrigadas a

prestá-las ao Ordinário Diocesano devem ser remetidas à Cúria no primeiro trimes-tre de cada ano, acompanhadas da documentação exigida pela legislação em vigor.

40. Todas as despesas e todas as ofertas e dinheiros recolhidos para o culto que, por alguma forma, se relacionem com determinada imagem, altar, igreja ou oratório, mesmo que tais ofertas e dinheiros sejam angariados por simples comissões, mor-domias, zeladores ou pessoas devotas, devem sempre figurar nas contas e nos orça-mentos das correspondentes pessoas jurídicas eclesiásticas, às quais legitimamente pertence a administração dos bens.

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II PARTEOFERTAS POR OCASIÃO DA CELEBRAÇÃO

DOS ACTOS DE CULTO

E. DISPOSIÇÕES GERAIS

41. A prática vigente na Igreja de exigir aos fiéis, por ocasião da celebração dos sacramentos e sacramentais, emolumentos com taxa fixa, encontra-se confrontada com as palavras de Jesus Cristo «dai de graça o que de graça recebestes» (Mt. 10,8). Na eclesiologia de comunhão, a tradicional exigência da hierarquia em relação aos fiéis deverá ser substituída pelo exercício voluntário da responsabilidade dos fiéis em relação à comunidade.

Pelo Baptismo, os fiéis tornam-se membros efectivos da comunidade eclesial. A ela pertencem de pleno direito e por ela são solidariamente responsáveis. Não podem, por isso, esquecer a obrigação que têm de contribuir, dentro das suas possibilidades, para o bem da mesma comunidade e para o sustento daqueles que a ela se dedicam a tempo pleno, sejam eles sacerdotes ou não (cf. Mt. 10,10; Lc. 10,7; 1Cor. 9,14). A forma de os fiéis contribuírem para o bem da comunidade à qual pertencem varia em função dos hábitos e costumes e em função das possibilidades de cada um.

42. A eclesiologia de comunhão, assumida pelo actual Código de Direito Canónico, introduziu profundas alterações no sistema administrativo das paróquias, quer mandan-do extinguir o Benefício Paroquial (cf. can. 1272) quer instituindo o Fundo Paroquial (cf. can. 531) e o Fundo Diocesano para a Sustentação do Clero (cf. can. 1274).

Como consequência destas alterações, nas paróquias onde o benefício esteja ex-tinto, deixa de existir uma fonte de receita destinada especificamente à sustentação do pároco, passando o Fundo Paroquial a gerir todos os bens da paróquia e a assumir a responsabilidade de todas as despesas, incluindo as que se referem à sustentação do pároco e à remuneração das outras pessoas que a servem.

Dentro deste princípio, as ofertas dos fiéis, a menos que seja indicado outro destino, consideram-se feitas à paróquia e devem ingressar no Fundo Paroquial, como determina o can. 531.

43. Desta forma, o Fundo Paroquial é alimentado pelas receitas provenientes dos rendimentos da paróquia, das taxas referentes a serviços paroquiais e das ofertas dos fiéis, sejam elas fixas ou ocasionais. Dentre as ofertas dos fiéis, há três modelos que merecem uma referência explícita. O contributo paroquial, instituído em muitas paróquias, pelo qual os fiéis, a ele aderentes, contribuem todos os anos com o equi-valente a um dia de salário. A oferta feita à paróquia por ocasião da visita pascal, nas paróquias onde ainda persiste este louvável costume. A oferta feita ocasionalmente, nas festas ou por ocasião da celebração de sacramentos ou sacramentais.

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44. Na sequência do exposto nos números anteriores, na Província Eclesiástica de Lisboa, ficam abolidos os emolumentos referentes a celebração dos sacramentos do Baptismo e do Matrimónio.

Tendo em conta a tradição da Igreja e a obrigação que os fiéis têm de contribuir para a promoção da comunidade eclesial, devem continuar a aceitar-se as ofertas que voluntariamente sejam feitas à paróquia por ocasião da celebração dos sacramentos e de outros actos de culto.

45. Esclareçam-se convenientemente os fiéis sobre os verdadeiros motivos que levaram a Igreja a alterar o esquema económico das paróquias e sobre as razões pelas quais os bispos desta Província Eclesiástica decidiram suprimir alguns emo-lumentos.

F. MISSA

46. Segundo o costume aprovado pela Igreja, é lícito a qualquer sacerdote, que celebre a missa, receber o estipêndio oferecido para que a aplique por determinada intenção. Muito se recomenda aos sacerdotes que, mesmo sem receberem estipêndio, celebrem missa por intenção dos fiéis, particularmente dos mais pobres (cf. can. 945).

Esclareçam-se os fiéis de que, ao oferecerem o estipêndio para que a missa seja aplicada por sua intenção, contribuem para o bem da Igreja e, com a sua oferta, par-ticipam no cuidado da mesma Igreja em sustentar os seus ministros e as suas obras (cf. can. 946).

47. O estipêndio único para qualquer missa é de ................................... €7,5048. Nas missas plurintencionais o estipêndio é de oferta livre 49. O estipêndio global de um trintário gregoriano é de ................... €350,00 50. Os párocos e seus equiparados têm o dever de, em cada domingo e festa de

preceito, celebrar missa pro populo, pela qual não podem receber estipêndio. Quem tiver mais do que uma paróquia, satisfaz esta obrigação com uma só missa aplicada por todo o povo que lhe está confiado (cf. can. 534). Não deixem os pastores de dar conhe-cimento desta celebração aos fiéis, a fim de melhor favorecer a sua participação.

51. O sacerdote que, de acordo com o Direito, celebrar mais do que uma missa no mesmo dia deve aplicar cada uma delas pela intenção para que lhe foi oferecido o estipêndio, mas com a condição de que, exceptuando o dia de Natal do Senhor, só conserve para si o estipêndio de uma das missas e, trimestralmente, entregue os outros na Cúria Diocesana, para os fins previstos pelo Ordinário (cf. can. 951 § 1). É-lhe facultado, no entanto, guardar um terço dos estipêndios recebidos, a título de pro labore. Quem no mesmo dia concelebrar uma segunda missa, a nenhum título pode por ela receber estipêndio (cf. can. 951 § 2).

52. Nos casos de missas plurintencionais (as quais só podem celebrar-se duas vezes por semana em cada igreja), apenas é lícito ao celebrante guardar para si o equivalente a um estipêndio. O excedente, que os fiéis tenham livremente oferecido

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(cf. can. 947; 1385), deverá ser remetido trimestralmente à Cúria Diocesana, para os fins estabelecidos pelo Ordinário, nomeadamente a sustentação do clero, as neces-sidades das paróquias e da Diocese, a ajuda ao clero das Igrejas Particulares mais necessitadas e a celebração de missas pelas intenções dos oferentes.

Os membros dos institutos religiosos e sociedades de vida apostólica devem ater-se à disciplina vigente na respectiva diocese, ressalvado o direito particular (cf. can. 952 § 3).

G. FESTAS RELIGIOSAS

53. É próprio dos cristãos celebrarem festivamente não só os grandes aconte-cimentos do mistério da salvação mas também a memória dos santos. Nas Festas Religiosas, a Santíssima Eucaristia, fonte e auge de toda a vida cristã, ocupa um lugar central. As manifestações festivas exteriores devem contribuir para pôr em relevo e não fazer esquecer as razões de fé que justificam a celebração. O lado pro-fano das festas de modo algum deveria prejudicar o motivo religioso que as inspira e origina.

54. O carácter exterior e a particular solenidade destas celebrações, como missas de festa e procissões, justifica uma oferta suplementar que acresce ao estipêndio da missa.

Sugere-se para cada caso ....................................................................... € 30,0055. As contas devem ser apresentadas ao pároco por quem legitimamente pro-

move a festa, devendo ser publicadas e saldadas, no prazo de trinta dias, após a festa. Caso exista saldo positivo, deverá ser entregue a quem de direito e registado no Fundo Paroquial.

H. PREGAÇÃO

56. É próprio dos presbíteros, que são cooperadores dos bispos, anunciar o Evan-gelho de Deus; têm principalmente esta obrigação, em relação ao povo que lhes está confiado, os párocos e os demais que têm cura de almas. É também dever dos diáco-nos servir o povo de Deus no ministério da palavra, em comunhão com o bispo e seu presbitério (cf. can. 757). Os ministros sagrados tenham, por isso, em grande apreço o munus da pregação (cf. can. 762). Entre as várias formas de pregação sobressai a homilia, que é parte da própria liturgia e está reservada ao sacerdote ou ao diácono (cf. can. 767).

57. Dado que entre nós tem sido devoção dos fiéis contribuírem com uma dádiva para a pregação da Palavra de Deus, em circunstâncias especiais, a título de suges-tão, propõem--se as seguintes ofertas:

Sermão de festa ....................................................................................... € 50,00Pregação de tríduo, semana, novena ou similar (por dia) .................. € 30,00

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58. Além disso, tenham-se ainda em conta as viagens, a hospedagem e outras circunstâncias especiais, que podem justificar remuneração acrescida.

I. FUNERAIS

59. As exéquias por qualquer fiel defunto celebram-se, como regra geral, na igreja da paróquia própria. É permitido escolher outra igreja para o funeral, com o consentimento do responsável e avisado o pároco do defunto. Se a morte ocorrer fora da paróquia própria e o cadáver não for trasladado para ela, e não tiver sido legi-timamente escolhida outra igreja para o funeral, as exéquias celebram-se na igreja da paróquia onde a morte ocorreu, a não ser que outra tenha sido designada por direito particular (cf. can. 1177).

60. As exéquias são um dom gratuito da Igreja aos seus fiéis. No caso em que incluem a celebração da Eucaristia, é devido ao celebrante o estipêndio normal da missa.

61. Os Direitos funerários são os seguintes: a) Acompanhamento ao cemitério por um ministro para isso credenciado .................................................................. € 35,00 b) A quem preside ao funeral deve ser garantido transporte, quando dele tenha necessidade.

J. USO DE CAPELAS MORTUÁRIAS

62. Na tradição católica as paróquias acolhem nas capelas funerárias preparadas para o efeito os seus fiéis defuntos. No entanto, dada a universalidade da caridade cristã, a Igreja poderá acolher nas suas capelas outros defuntos que as famílias so-licitem, desde que se comprometam a respeitar o seu carácter católico expresso nos sinais e símbolos que lhe são próprios.

63. Enquanto o defunto permanecer em depósito, preste-se bom acolhimento à família enlutada e às outras pessoas presentes. Aproveite-se a oportunidade para uma evangelização adequada.

64. Para obviar às despesas que os depósitos acarretam – parte-se do princípio que não durarão mais de 24 horas – justifica-se a taxa máxima de:

a) Nos centros urbanos .................................................................... €70,00 b) Fora dos centros urbanos ............................................................ €50,00Também no uso das capelas mortuárias, as paróquias tratarão com particular

solicitude os paroquianos e os pobres.65. Nestas taxas estão incluídas todas as despesas referentes ao depósito. Servi-

ços especiais, tais como climatização ou outros, poderão ser pagos à parte.

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SIGLAS

BI Normas sobre o Bilhete de Identidade Sacerdotal. Conferência Episcopal Portuguesa (14.04.94)CIC Codex Iuris Canonici, Código de Direito Canónico (1983) DD Dies Domini, Carta Apostólica de João Paulo II sobre a Santificação do Domingo (31.05.1998)LG Lumen Gentium, Constituição Dogmática sobre a Igreja. Concílio Ecuménico Vaticano II (21.11.1964)RS Redemptionis Sacramentum, Instrução sobre alguns pontos que se devem observar ou evitar acerca da Santíssima Eucaristia. Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos (23-04.2004)SC Sacrosactum Concilium, Constituição sobre a Sagrada Liturgia. Concílio Ecuménico Vaticano II (04.12.1963)

ÍNDICE

• DECRETO• INTRODUÇÃO• I PARTE TAXAS E TRIBUTOS

A. DISPOSIÇÕES GERAIS B. TAXAS DA CÚRIA DIOCESANA RELATIVAS A ACTOS DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA Clérigos Baptismo Matrimónio Culto da Eucaristia e Festas Lugares de Culto Actos Diversos C. TAXAS RELATIVAS A ACTOS DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA DOS VIGÁRIOS FORÂNEOS E DOS PÁROCOS D. TRIBUTOS

• II PARTE OFERTAS POR OCASIÃO DA CELEBRAÇÃO DOS ACTOS DE CULTO

E. DISPOSIÇÕES GERAIS F. MISSA G. FESTAS RELIGIOSAS H. PREGAÇÃO I. FUNERAIS J. USO DE CAPELAS FUNERÁRIAS

• SIGLAS

E d i ç ã o

Consulte a Diocese na Internet em

www.leir ia-fatima.pt