Trab Final_ Andressa_ Percurso_ Teatro Nacional

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1 COMO O PERCURSO SE INSERE NO TEATRO NACIONAL CLAUDIO SANTORO “A arquitetura árabe nos dá um ensinamento precioso. Ela é apreciada no percurso a pé; é caminhando, se deslocando que se vê desenvolverem as ordenações da arquitetura. Trata-se de um princípio contrário à arquitetura barroca que é concebida sobre o papel, ao redor de um ponto teórico fixo. Eu prefiro o ensinamento da arquitetura árabe”(1) Universidade de Brasília - UnB Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Departamento de História- Arquitetura e Urbanismo do Brasil Contemporâneo Professora: Luciana Saboia Aluna: Andressa Pinheiro Constanti – 10/0007538

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COMO O PERCURSO SE INSERE NO TEATRO NACIONAL CLAUDIO SANTORO

“A arquitetura árabe nos dá um ensinamento precioso. Ela é apreciada no percurso a pé;

é caminhando, se deslocando que se vê desenvolverem as ordenações da arquitetura.

Trata-se de um princípio contrário à arquitetura barroca que é concebida sobre o papel,

ao redor de um ponto teórico fixo. Eu prefiro o ensinamento da arquitetura árabe”(1)

Universidade de Brasília - UnB

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

Departamento de História- Arquitetura e Urbanismo do Brasil Contemporâneo

Professora: Luciana Saboia

Aluna: Andressa Pinheiro Constanti – 10/0007538

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SUMÁRIO

RESUMO

3

INTRODUÇÃO

4

O QUE É PERCURSO

5-6

VILLA SAVOIE

7-8

COMO O PERCURSO ARQUITETÔNICO

FOI INSERIDO NO TEATRO NACIONAL

CLAUDIO SANTORO

9-16

CONCLUSÃO

17

BIBLIOGRAFIA 18

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RESUMO

O objetivo do trabalho é analisar como o percurso foi inserido no Teatro Nacional

em Brasília, uma edificação semi- enterrada, com projeto arquitetônico de Oscar

Niemeyer, concebido num contexto e ideário modernista. O artigo busca responder

como o percurso arquitetônico, chamado por Le Corbusier (um expoente do

modernismo) de promenade archtecturale, é criado na obra analisada.

Constituindo uma revisão das questões de percurso, o conteúdo parte da análise

conceitual de promenade archtecturale, denominada por Le Corbusier, a fim de

fundamentar as questões de como o percurso arquitetônico é criado e percebido.

Para concretizar esse conceito será analisada a obra de Le Corbusier: Villa Savoie,

construída em Poissy em 1928-30, sendo essa, por ele mesmo, denominada a síntese de

seu trabalho anterior, ou seja, do ideário modernista.

Primeiramente, deve-se definir o significado de percurso. No dicionário percurso

está definido como um espaço percorrido, caminho, trajetória. O significado de percurso

arquitetônico mais aceito é: caminho a percorrer delimitado, marcado, por elementos

arquitetônicos que limitam e sugerem o movimento ou estaticidade.

O conceito da promenade architecturale, ou o passeio arquitetural, está

relacionado á surpresa de cada caminho e cada movimento e ela está intrinsecamente

associada aos cinco pontos estipuladas e utilizadas por Le Corbusier, na concepção de

uma Nova Arquitetura, os quais são: Pilotis, Terraço Jardim, planta livre, fachada livre e

janela em fita.

Na Villa Savoye esses pontos se unem formando e reafirmando o passeio

arquitetural dentro do terreno. Seu percurso é valorizado como uma estratégia

conceitual a ordenar tanto externamente como internamente à Villa Savoye. Como

exemplo a fruição do objeto arquitetônico desde a chegada interagindo o com o pequeno

bosque, revelando o volume da edificação pousado sobre o tapete verde, e a inversão da

posição da entrada principal, contrária à chegada.

Ao analisar o Teatro Nacional, não é diferente, percebe-se que as disposições de

seus volumes geométricos acabam sugerindo um percurso. Como exemplo sua entrada

vinda de um percurso urbano, a escada helicoidal e as rampas de acesso, além da

orientação de visão que existe para o palco.

Então, apesar da percepção do espaço ser por um lado subjetiva, por outro, o

modo como o espaço é percorrido, é passível de descrições concretas, baseadas nos

percursos sugeridos pela distribuição espacial. Essa descrição implica na visualização

do urbanismo e da arquitetura como um sistema de percursos, sendo esses uma parte

dinâmica de espaço.

Conclui que através da manipulação de elementos, seja de vedação(paredes,

cortinas), passagem (escadas, rampas), paisagismo(arvores, grama), pontuais

(esculturas, monumentos) ou até da ventilação, iluminação ou enquadramentos, pode

impedir, permitir e induzir a passagem em determinado local, criando o percurso na

arquitetura.

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INTRODUÇÃO

O trabalho é uma analise de como o percurso foi inserido no Teatro Nacional em

Brasília, uma edificação semi- enterrada, com projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer,

concebido num contexto e ideário modernista. O artigo busca responder como o

percurso arquitetônico, chamado por Le Corbusier de promenade archtecturale, é criado

na obra analisada.

Analisando a promenade architecturale da Villa Savoyer, de Le Corbusier, gerada

em conjunto com os cinco pontos le corbuseanos, podemos fundamentar a pergunta de

como o percurso de um ideário e contexto modernista foi inserido na obra do Teatro

Nacional Cláudio Santoro.

Ao analisar o Teatro Nacional, percebe-se que diversificados elementos acabam

sugerindo um caminho a ser percorrido. Como exemplo, sua entrada vinda de um

percurso urbano, a escada helicoidal e as rampas de acesso, além da orientação de visão

que existe para o palco.

Na Villa Savoye, não é diferente, seu percurso é valorizado como uma estratégia

conceitual a ordenar tanto externamente como internamente a residência. Como

exemplo a fruição do objeto arquitetônico desde a chegada interagindo o com o pequeno

bosque, revelando o volume da edificação pousado sobre o tapete verde e, a inversão da

posição da entrada principal, contrária à chegada.

O artigo é desenvolvido em quatro partes, primeiramente faz a exposição dos

significados mais comuns de percurso e o conceito de promenade architecturale de Le

Corbusier;

Em seguida é feito a análise da obra Villa Savoie, construída em Poissy em 1928-

30, reforçando o ideal de passeio arquitetônico com as possibilidades de conexão entre o

interior e exterior na arquitetura;

Depois a análise do Teatro Nacional delimitando seus percursos com suas

continuidades e descontinuidades em seu interior, de seu entorno. Já demostrando

semelhanças com os elementos de partido e composição das duas obras analisadas

permitindo a compreensão de como o percurso se insere no Teatro.

Por último reforçamos a correlação de ideário entre os dois percursos, buscando o

passeio arquitetônico e os elementos usados para impedir, permitir e induzir a passagem

em determinado local, criando o percurso na arquitetura.

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O QUE É PERCURSO? LE CORBUSIER E SEU PERCURSO.

No dicionário, percurso está definido como um espaço percorrido, caminho,

trajetória. Percurso arquitetônico é: caminho a percorrer delimitado, marcado, por

elementos arquitetônicos que limitam e sugerem o movimento.

Le Corbusier valoriza o percurso como uma estratégia conceitual, ordena tanto

dentro como fora de seus projetos, enfatizando a fruição da composição arquitetônica. O

conceito se define por um conjunto de elementos materiais, trabalhado racionalmente

objetivando realizar a percepção de variados percursos. A relação entre o objeto e o

observador é modificada constantemente, obrigando a ocorrência de vários pontos de

vistas e posições de um mesmo objeto arquitetônico.

O que “obriga” o caminhante a caminhar em determinada direção é o percurso da

arquitetura, a promenade architecturale com todos os elementos que a formam.

O conceito da promenade architecturale, ou o passeio arquitetural , está

intrinsecamente associada aos cinco pontos (formulados em 1927), estipuladas e

utilizadas por Le Corbusier na concepção de uma Nova Arquitetura, são estes:

Pilotis- elevando o volume do edifício e permitindo uma passagem livre de

pessoas e automóveis, possibilita ampla visão do espaço, permitindo

escolhas de caminhos à percorrer.

Terraço Jardim- diferente das coberturas inclinadas, agora os terraços são

habitáveis, possibilita maior área de passeio.

Planta livre –Le Corbusier converteu a estrutura de concreto armado de

recurso técnico a valor estético. Utilizou paredes divisórias para modelar o

espaço interno da casa das maneiras mais variadas, empregando escadas

curvas e paredes divisórias curvas ou planas, tanto para fins funcionais

quanto expressivos. Os mesmos meios permitiram interpenetrações de

espaço externo e internos tão incomuns quanto ousadas.

Fachada livre – também com a independência entre estruturas e vedações

possibilita abertura máxima das paredes externas em vidro, ao contrário

das maciças alvenarias, permite a continuidade do exterior e interior

estabelecendo nova percepção de espaço, consequentemente interferindo

no passeio arquitetural.

Por último, a janela em fita – são aberturas que percorrem toda a extensão

do edifício, permitindo iluminação mais uniforme e interação entre interior

e exterior por vistas panorâmicas e enquadramentos.

Considerado uma das figuras mais importante da arquitetura moderna, Le

Corbusier conseguiu sintetizar ideais modernistas e difundi-las internacionalmente. O

estilo de Le Corbusier influencia sem sombra de dúvidas toda uma geração de arquitetos

e sua forma de fazer arquitetura.

Todos os cinco pontos, estipulados por ele, tem relação com o passeio

arquitetônico, tanto gerando uma maior área de passagem, quanto permitindo uma

aproximação do exterior- interior, sendo também no próprio interior do edifício.

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Um dos princípios mais utilizados na concepção de seus percursos arquitetônicos

é a interligação do exterior com o interior do construindo, um inserindo-se no outro

tentando captar vários espaços ao mesmo tempo, técnica já utilizada por volta de 1910

por Picasso e Braque , como uma nova concepção de espaço como falado por Argan em

seu livro:

“Por volta de 1910, Picasso e Braque, como consequências de uma nova

concepção de espaço, exibiam os interiores e exteriores dos objetos simultaneamente.

Na arquitetura, Le Corbusier desenvolveu, com base no mesmo princípio, a

interpenetração do espaço interno e externo. Já observamos tentativas rumo a uma

intonstruerpenetração dessa natureza nos edifícios do século XVII de Francesco

Borromini. Porém a interpenetração do espaço total e elementos do espaço só poderia

ter avançado numa época em que tanto a ciência quanto a arte percebessem o espaço

como essencialmente multifacetado e dinâmico” Argan, Giulio Carlo. Arte Moderna.

Do iluminismo aos movimentos Contemporâneos.

Ou seja, a dinamicidade adquirida no modernismo proporciona a criação e a

percepção de novos percursos, interligando o urbanismo com o edifício também por

meio desses. Além de possibilitar a observação de vários espaços ao mesmo tempo e

continuados.

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VILLA SAVOYE

A Villa Savoye, obra do arquiteto franco-suíço Le Corbusier (Charles-Edouard

Jeanneret-Gris, 1887-1965), é uma residência projetada e construída entre 1928-29 em

Poissy, na região parisiense.

É conhecida como a síntese dos trabalhos de Le Corbusier reunindo os cinco

pontos estipulados por ele para uma nova arquitetura, como já falado , o modernismo

que influencia a arquitetura (e a cultural em geral) até hoje.

“A idéia [da casa] era simples: eles tinham um parque magnífico formado por um

campo cercado de árvores; eles desejavam viver no campo; eles estariam ligados a Paris

por um caminho de 30 quilômetros de automóvel. Vai-se portanto até a porta da casa de

carro, e é o arco mínimo de curvatura do automóvel que fornece a dimensão mesma da

casa. O automóvel entra sob o pilotis, contorna os serviços comuns, pára no meio, na

porta do vestíbulo, entra então na garagem ou segue seu caminho de saída: eis o

fundamental. Outra coisa: a vista é muito bonita, a grama é uma coisa bela, a floresta

também: se tocará neles o mínimo possível. A casa se colocará em meio à grama como

um objeto, sem molestar nada” (2). Le Corbusier

Le Corbusier descreve a residência já como se estivesse em seu percurso,

caminhando, ou dentro do automóvel, a passagem é permitida pelos pilotis, passando

por lugares com diferentes importâncias: como “os serviços comuns”, “meio”,

“caminho de saída”. Percorre e interage com o exterior, a grama, a floresta apenas de

longe, sem tocá-la, assim como o volume apenas é colocado à grama “como um objeto à

repousar sem agredir nada, isso só possível pela presença do pilotis que estabelece esta

interação entre o exterior e interior.

O recuo da Villa Savoye acaba reafirmando a transição entre o coberto e o não

coberto, e em todo o seu percurso é valorizado como uma estratégia conceitual a

ordenar tanto externamente como internamente. Como exemplo, a fruição do objeto

arquitetônico desde a chegada interagindo o com o pequeno bosque, revelando o

volume da edificação pousado sobre o tapete verde e, a inversão da posição da entrada

principal, contrária à chegada, obrigando o caminhante à contornar o volume tendo

variadas percepções.

No interior vai se revelando a complexidade da organização espacial permitida

pela planta livre. A rampa central reforça a simetria das fachadas , em contraposição à

orientação da escada em direção oposta ao hall assimétrico reforçando este, por sua vez

a complexidade das articulações do espaço interior.

Os sentidos entre escada e rampa são invertidos evidenciando a promenade

architecturale, ou seja, ha mais de uma possibilidade de percurso, com direções

variadas, oferecendo uma fruição complexa, produzindo percepções diversificadas com

qualidades diferentes na medida em que percorre os espaços no interior.

“ A experiência do percurso se faz mais importante do que a apreensão da forma

estática, a relação entre espaço e tempo se faz efetiva também no interior da residência.”

Villa Savoye: arquitetura e manifesto ;Carlos Alberto Maciel.

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Ou seja, o movimento, o percurso e a sensação que ele traz se torna mais

significativo do que a forma, do que a construção. Não se desfazendo do funcionalismo,

pois a complexidade do percurso interior é criada pela necessidade de uso, pela função

de cada ambiente, buscando estipular uma nova forma de vida com essas articulações de

espaço.

As paisagens não são mostradas inteiramente pela fita de vidro , mas são

emolduradas, mostradas em segmentos, estabelecendo cada instante uma surpresa.

“É impossível compreender a casa Savoye a partir de uma visão baseada num

único ponto de vista: a casa é literalmente uma construção no espaço-tempo”

A rampa e escada já mencionadas permitem a continuidade do espaço e fluidez de

um pavimento para o outro, não só no caminhar, mas também no campo da visão, pois

pode visualizar não mais apenas um espaço e sim vários, tendo em cada lugar uma

percepção diferente.Como Argan fala:

“ A dinamicidade adiquirida no modernismo proporciona a criação e a percepção

de novos percursos, interligando o urbanismo com o edifício também por meio desses.

Além de possibilitar a observação de vários espaços ao mesmo tempo e continuados.”

Esse trecho também explicita de forma clara como o movimento é originado para

a ocorrência do percurso. Tenta-se no modernismo captar o tempo e espaço, as várias

facetas do espaço-tempo. Uma concepção de espaço contínuo, não se separando do

entorno e o que o circunda: “ atravessa e penetra, sendo também por elas penetrado”

Argan.

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COMO O PERCURSO ARQUITETÔNICO FOI INSERIDO NO TEATRO

NACIONAL CLAUDIO SANTORO

Brasília é a croncretização do modernismo no Brasil, é seu ápice, construção

realizada no governo de Juscelino Kubitschek.

Como Lucio fala em seu relatório, “Brasília nasceu de um gesto primário de

quem assinala um lugar ou dele toma posse: dois eixos cruzando-se em ângulo reto, ou

seja, o próprio sinal da cruz”.

Um gesto simples que deu origem à nova capital que seria tombada pela Unesco

em 1987 decretada como Patrimônio Cultural da Humanidade , pois ela e seus

monumentos significavam inovação e arrojo para a arquitetura Brasileira no exterior.

O Teatro Nacional Claudio Santoro , um dos monumentos de Brasília se destaca

por sua forma simples e coesa, pelos painéis do artista plástico Athos Bulcão, em alto

relevo, que compõem as fachadas norte e sul.Constitui uma obra semi-enterrada,

equivalente a um edifício de aproximadamente 15 andares.

Compondo o conjunto de obras do Eixo Monumental localiza-se no Setor Cultural

Norte, no Eixo Monumental, situa-se ao lado da Estação Rodoviária de Brasília, com

uma das frentes viradas para o Setor de Diversões Norte e a outra para a Esplanada dos

Ministérios.

O Teatro é palco dos mais importantes eventos e espetáculos e foi idealizado para

ser o núcleo cultural da nova capital federal. Faz parte do conjunto cultural da

República, projetado por Oscar Niemeyer

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O teatro Nacional possui três salas de espetáculos, denominadas salas Villa-

Lobos, Martins Pena e Alberto Nepomuceno. Possui a galeria Athos Bulcão, o Foyer da

sala Villa-Lobos, o Mezanino da sala Villa-Lobos, o Foyer da sala Martis Pena e o

Espaço Cultura Dercy Gonçalves

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Pela fachada leste se tem acesso à maior sala, à sala Villa-Lobos. A entrada convidativa,

é como se fosse embutida, pois é coberta e possui paredes que avançam nas laterais,

causando uma espécie de portal em qual a luz diminui e dá acesso ao Foyer da Sala

Villa Lobos.

Essa passagem é propositalmente mais escura causando o contraste com a

luminosidade, esta possibilitada pela fita de vidro que compõem a fachada do Foyer.

Além disso, o vidro faz o enquadramento do entorno, garantindo a relação entre o

interior e exterior.

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No Foyer há uma escada helicoidal que permite acesso ao mezanino, tanto a escada

quanto o mezanino oferecem a visão de múltiplos espaços, do Foyer (com seu jardim

concebido por Burle Max) e da paisagem exterior.

No Foyer também há uma parede curva usada para exposições, esta por sua vez oferece

um espaço de exposição e ao percorrê-la a pessoa será encaminhada para acessa a Sala

Alberto Nepomuceno, a menor das três salas.

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Acessando pela fachada oeste acontece o mesmo jogo de luz, agora um pouco menos

contrastante por causa do pé-direito menor e menor área de luminosidade permitida pelo

vidro da fachada. Os pilotis permitem o livre acesso, geralmente às exposições

enquadradas pelos mesmos pilotis.

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O Foyer da Sala Martins Pena conta com azulejos amarelos de Athos Bulcão que

permitem uma continuidade e andamento da fachada. Sua planta livre permite a

composição , como na exposição mostrada, de complexidade no espaço interior por

meio de barreiras.

Não é diferente na chegada aos palcos em todas as três salas a disposição das cadeiras se

afunila até chegar ao palco, até para uma melhor visualização de todos os que iram

assistir o espetáculo.

Á esquerda do acesso da fachada leste (voltada para a Esplanada dos Ministérios) há um

novo caminho a percorrer, onde será que esta passagem irá chegar? Com rampa, porta

de vidro convidando á sua exploração.

Sobe a rampa e chega a um espaço iluminado naturalmente e acessível pela escada da

fachada sul dando acesso posteriormente ao mezanino, mas logo em seguida ha outra

rampa que convida a uma surpresa, descendo-a ha uma variação ainda maior de

contraste luminoso, pois chegou ao Foyer da Sala Villa Lobos.

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O percurso de volta é pelo mesmo caminho,com variações de aberturas proporcionais às

de luminosidade natural e ao tamanho da sala que dará acesso.

As rampas sempre presentes permitindo diversificadas percepções de tempo e espaço,

assim como o mezanino e a escada helicoidal também oferecem a mesma idéia.

Buscando sempre por uma surpresa no percurso arquitetural, buscando a promenade

archteture.

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CONCLUSÃO

Os ideais de Le Corbusier até hoje é tida como ideias modernistas a arquitetura

modernista brasileira e as obras de Oscar Niemeyer. Na Villa Savoye tentou implantar

em sua concepção todos os ideais corbuseanos, consequentemente ao analisar seus

percursos pode-se obter alguns pontos de como o ideário modernista é colocado,

influenciou na concepção do Teatro Nacional Cláudio Santoro.

O percurso é constituído por um conjunto de elementos materiais, trabalhado

racionalmente objetivando realizar a percepção de variados percursos. A relação entre o

objeto e o observador é modificada constantemente, obrigando a ocorrência de vários

pontos de vistas e posições de um mesmo objeto arquitetônico. O fato que “obriga” o

caminhante a realizar certos trajetos, ou não, é o percurso na arquitetura, a promenade

architecturale, com todos os elementos que a formam. Possibilitando ser inserido

racionalmento num partido arquitetônico.

Conclui que, através da manipulação de elementos, seja de vedação(paredes,

cortinas), passagem (escadas, rampas), paisagismo(arvores, grama), pontuais

(esculturas, monumentos) ou até da ventilação, iluminação e enquadramentos pode

impedir, permitir e induzir a passagem em determinado local, criando o percurso na

arquitetura.

Então, apesar da percepção do espaço ser por um lado subjetiva, por outro, o

modo como o espaço é percorrido, é passível de descrições concretas, baseadas nos

percursos sugeridos pela distribuição espacial. Essa descrição implica na visualização

do urbanismo e da arquitetura como um sistema de percursos, sendo esses uma parte

dinâmica de espaço.

O dinamismo gerado dentro de um edifício estático e rígido se dá a partir do

percurso, no modernismo. Ao percorrer e observar vários pontos de vista de um mesmo

objeto possibilita a interação com o observador e a movimentação passa a ser como se

fosse guiada pelos elementos arquitetônicos como as escadas, as rampas, paredes

curvas, esculturas, bancos de permanência, amplidão de espaço, iluminações variadas ,

aberturas e enquadramentos de paisagem.

Todos estes elementos trazem para o projeto a promenade architecturale

estipulada por Le Corbusier influenciando toda uma geração inclusive no Brasil, tendo o

seu ponto ápice do modernismo obtido em Brasília, com as obras de Lúcio Costa e

Oscar Niemeyer.

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BIBLIOGRAFIA

Vitruvius - Villa Savoye: arquitetura e manifesto ;Carlos Alberto Maciel

Argan, Giulio Carlo. Arte Moderna. Do iluminismo aos movimentos Contemporâneos.

São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

Relatório do Plano Piloto de Brasília,Lúcio Costa

Brasília revisitada - Lúcio Costa ,1985/87

Espaço, Tempo e Arquitetura,

Dissertação de mestrado em estruturas e construção civil- A estrutura do Teatro

Nacional Claudio Santoro em Brasília: histórico do projeto, execução, intervenções e

estratégias para manutenção; Deise Aparecida Silva Souza.(2009)

BOESIGER, W.; GIRSBERGER, H (Org). Le Corbusier 1910-65. Barcelona: Gustavo

Gili, 1995.

Notas:

(1)

”L’architecture arabe nous donne un enseignement précieux. Elle s’apprécie à la

marche, avec le pied; c’est en marchant, en se déplaçant que l’on voit se développer les

ordonnances de l’architecture. C’est un principe contraire à l’architecture baroque qui

est conçue sur le papier, autour d’un point fixe théorique. Je préfère l’enseignement de

l’architecture arabe”. LE CORBUSIER. JEANNERET. Oeuvre Complète 1929-1934, p.

24.

(2)

”Leur idée était simple: ils avaient un magnifique parc formé de prés entourés de forêt;

ils désiraient vivre à la campagne; ils étaient reliés à Paris par 30 kilomètres d’auto. On

va donc à la porte de la maison en auto, et c’est l’arc de courbure minimum d’une auto

qui fournit la dimension même de la maison. L’auto s’engage sous le pilotis, tourne

autour des services communs, arrive au milieu, à la porte du vestibule, entre dans le

garage ou poursuit sa route pour le retour: telle est la donnée fondamentale. Autre

chose: la vue est très belle, l’herbe est une belle chose, la fôret aussi: on y touchera le

moins possible. La maison se posera au milieu de l’herbe comme un objet, sans rien

déranger”. LE CORBUSIER. Oeuvre Complète – 1929-34, p.24.