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FUNDAO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDNIANCLEO DE CINCIAS HUMANASDEPARTAMENTO DE FILOSOFIA

Acadmico:JOEL ELIAS DOS SANTOSCurso:GRADUAO EM FILOSOFIADisciplina:HISTRIA DA FILOSOFIA MEDIEVALProfessor:PAULO ROBERTO KONSEN

Porto Velho, RO2015

AGOSTINHO (354-430) e a Verdade: Existo, logo penso 3 Extratos.

Agostinho parte da dvida para fundamentar o seu cogito, ou seja, para ele, a dvida fundamental para chegar a verdade que se procura. Por meio da dvida EU possvel descobrir, mesmo que de forma subjetiva, no meu pensamento, aquilo que j se sabia: eu existo, e tenho a certeza de que existo. Esta uma certeza que est na prpria pessoa. Mas o fato de se saber existir um absoluto sem prova e , em si mesmo, verificvel pela experincia interior do sujeito, em outras palavras, de uma experincia que antecede o pensamento. Para Agostinho, a certeza da existncia vem antes do pensar e este conhecimento existo, logo penso , tem origem no prprio sujeito. Mas essa experincia que a pessoa tem de si mesmo, no a mesma experincia que se tem em relao s coisas externas: ela representa a ltima instncia, para alm da qual no possvel remontar, e a partir da qual se tornam possveis todas as outras experincias da vida. um mundo que no est na mente, mas no limite da existncia do eu pensante, a partir da operao de pensar, que exige um sujeito. O movimento de formao do cogito de Agostinho percebido nos recortes de suas obras apresentadas Solilquios, II, I, 1; Da Trindade, X, 10; 981; A Cidade de Deus, XI, 26; 551, 6 s; e O Livre Arbtrio, Livro II, III, 7.

Portanto, das perguntas existenciais mais importantes que o homem se faz, com muita probabilidade de certeza, a pergunta a respeito do sentido da vida se reveste de elevada relevncia. Tentar esboar uma resposta acerca do sentido da vida significa tentar descobrir o sentido ltimo que se oferece enquanto possibilidade de adeso ao homem. E na busca de totalidade, a razo encontra-se diante de algo, infinitamente, grande e maior do que ela mesma. E essa busca do mais ntimo de si, para Agostinho, no outra seno encontrar o prprio Deus. E a prova da existncia de Deus parte do prprio homem, das trs realidades possveis ao seu ser: o existir, o viver e o entender. O homem, com a hierarquizao dos seres com base nestes conceitos, mais uma vez o mais completo j que possui os trs, o animal duas e uma pedra apenas uma. As trs formas de percepo podem ainda ser comparadas hierarquicamente s realidades, j que o objeto apenas existe, enquanto o sentido, que o percebe, composto pela existncia e pela vida. Tambm no resta dvida de que para Agostinho, a liberdade est relacionada a capacidade de escolha entre diferentes alternativas mediante o livre arbtrio.

ANSELMO DE AOSTA e o Argumento Ontolgico, no Proslgio, II.

No texto, Anselmo de Aosta faz uma ponderao para explicar a possibilidade da existncia de Deus usando um nico argumento. A partir dessa meditao, surge a necessidade do conhecimento de Deus pelo homem. O texto escrito a partir de lamentaes e questionamentos internos dirigidos a prpria conscincia divina, fundamenta a premissa de seu pensamento, ou seja, a necessidade de crer para compreender. Segundo Anselmo, o que provaria por si s a existncia de Deus o reconhecimento do conceito de que Ele o ser do qual no se pode pensar nada maior. Esse argumento, para ele, comprovaria implicitamente a existncia de Deus. Sua argumentao principal est no fato de a compreenso de algo pressupe que este algo tem existncia pelo menos no pensamento, na inteligncia do homem. Mas alm dessa realidade subjetiva, h uma outra categoria de existncia, que seria a existncia real. E se algo existe em pensamento e na realidade certamente maior do que algo que existe apenas em pensamento. No entanto, a existncia de Deus somente em pensamento, abre a possibilidade de se imaginar outro ser igual a Ele com existncia tambm na realidade. Sendo assim, este outro ser seria, certamente, maior do que Deus. E para que no haja contradio com o argumento principal que ele tenda defender, Deus deve necessariamente existir em pensamento e na realidade.

Com base nesse ontolgico para a existncia de Deus, Anselmo vai dizer que o incipiente h de convir que existe em sua inteligncia o o ser do qual no se pode pensar nada maior porque ele ouve e compreende essa frase e tudo aquilo que se compreende encontra-se na inteligncia. um conceito racional para a existncia de Deus, e se possvel compreender isso, tambm possvel entender que o ser do qual no se pode pensar nada maior diferente de dizer o ser do qual no se pode pensar algo maior. A chave do fundamento desta argumentao analtica, est no fato de que para Anselmo, tudo aquilo que se compreende est na inteligncia, ou seja, tudo que h na inteligncia, que inteligvel, que pode ser compreendido, est na inteligncia racional.

Mas externamente, existe um ser do qual no se possa pensar nada maior. No. No h conceito externamente que garanta a afirmativa dessa proposio, logo, a concluso que se chega que, apesar de bem estruturado, o argumento de Anselmo limitado e aponta a necessidade de que este ser verdadeiramente exista porque pensar um ser no existente menor que pensar um ser que existe. Ento, pensar um ser que existe maior e superior a pensar um ser que no existe, logo preciso aplicar o conceito da existncia ao ser do qual no se pode pensar nada maior porque existir maior do que no existir. Ento, necessrio que se pense que o ser do qual no se pode pensar nada maior exista, caso contrrio, se ele no existir ele no pode ser maior do que no existir. Ento para que ele seja maior do que no existir, ele tem que existir. A argumentao passa ento a ser uma proposio racional, cognoscvel, inteligvel. E se existe essa compreenso racional, ningum pode negar que no entende o conceito de Deus, dentro da argumentao ontolgica de Anselmo.

Mas essa constatao aponta uma outra necessidade para que a prova da existncia de Deus no seja contraditria. preciso afirmar que o ser do qual no se pode pensar nada maior no pode existir apenas na inteligncia, porque se assim fosse, abre-se a possibilidade de se pensar que h outro ser existente tambm na realidade, e que seria maior, portanto, se o ser do qual no se pode pensar nada maior existisse s na inteligncia, o que implicaria afirmar que este mesmo ser do qual no se pode pensar nada maior, se tornaria o ser do qual seria possvel, ao contrrio, se pensar algo maior, derrubando o argumento principal de Anselmo. Logo, o ser do qual no se pode pensar nada maior, sem dvida, Anselmo coloca na inteligncia e na realidade. Ento, se eu penso um ser do qual no se pode pensar nada maior e encontro um ser maior do que este que eu penso na realidade, ento, ele deixa de ser o ser do qual no se pode pensar nada maior internamente. Mas o argumento no sai do interno. Apesar de Anselmo lanar e projetar isso para o externo, o argumento continua interno. o ser do qual eu penso, no o ser do qual eu percebo na natureza. Ento aquilo que eu percebo no pode existir nada maior fora, na realidade.

PEDRO ABELARDO (1079-1142), importncia da Linguagem, na Lgica para principiantes

Abelardo reconhece a importncia da linguagem como intermediria entre a realidade e o pensamento. Por isso, a anlise da linguagem o ponto de partida para analisar pensamento e realidade (...) a significao tem a ver mais que somente com uma palavra, e sim com um grupo de palavras corretamente construdas, isto , que constituem uma frase, composta dos elementos que j assinalou Aristteles: o nome e o verbo () A integrao da anlise gramatical da linguagem dentro da dialtica daria lugar gramtica especulativa e apario, j no sculo XIII, dos modistae, isto , os que expunham as propriedades, ou o modi da linguagem, na pretenso de criar uma gramtica universal dependente das estruturas metafsicas da realidade.

Abelardo mantinha que os universais existem como pensamentos baseados no particular das coisas, enquanto os nominalistas supunham existncia apenas nas coisas, e negavam. Para Abelardo, o universal no um som (vox, emisso de voz, flatus voeis), como era para Roscelino[iv], mas uma palavra (sermo), ou seja, um som com significado, o sentido dos nomes (nominum significatio). Adquire seu sentido pelo seu uso referencial, sendo a referncia mediada por uma ideia geral que uma imagem composta. O conhecimento depende desse processo de abstrao, uma vez que a separao entre forma e matria -juntas na natureza empreendida pelo intelecto. Este "no se engana pensado parte seja a forma, seja a matria; ele se enganaria se pensasse que a matria ou a forma existem a parte, mas tratar-se-ia de uma falsa concepo dos abstratos, no da sua abstrao" (GILSON, pg 350). A existncia dos universais est relacionada a um evento psicolgico, a uma intencionalidade do pensamento. Essa teoria pode ser chamada de psicolgica e serviu para responder as quatro questes.

O pensamento de Pedro Abelardo, sem dvida, contribuiu muito para o desenvolvimento da filosofia, ele sempre procurou abrir novos horizontes em todos os campos que abordou. Esprito impetuoso, combativo e questionador nato, exerceu larga influncia entre seus contemporneos e antecipou, segundo vrios de seus intrpretes, o movimento racionalista que vira a romper, com grande fora, no incio da idade moderna. Sem dvidas, um filsofo de vanguarda.

TOMS DE AQUINO (c. 1225-1274) e busca do filsofo pela Verdade e pelaSabedoria, na Suma Contra os Gentios

A sabedoria consiste em conhecer a ordem das coisas (...) e esse ideal no s afeta aos assuntos da vida prtica, segundo os exemplos colocados por Toms, mas tambm ao conhecimento terico, no qual o sbio deve descobrir e contemplar o universo, aquele conhecimento que mais propriamente merece o nome de sabedoria (...) E como o fim do universo o que pretendido por seu primeiro motor, que um entendimento, e o pretendido o bem do entendimento, que a verdade, ento o sbio busca o conhecimento da verdade. E, diante de tudo, a Verdade suprema e fonte de toda a verdade e de todo o ser, que Deus (...) Deus o objeto da sabedoria. Isto o compreendeu Toms nos textos dos filsofos, mas sobretudo na Metafsica de Aristteles.Nesse conceito tradicional de filosofia, o sentido literal da palavra grega philosophia tomado, sobretudo por Plato, de modo muito mais originrio do que ocorre usualmente. Plato toma estritamente ao p da letra um dito de Pitgoras segundo o qual s Deus seria sbio (sophos), enquanto o homem, na melhor das hipteses, somente algum que busca amorosamente a sabedoria (um philo-sophos). A afirmao de Scrates, em O banquete, de que nenhum dos deuses filosofa, no passa afinal de uma outra forma de exprimir o mesmo pensamento. E no somente Plato a quem chama o pai de todos os sonhadores filosficos que faz essa afirmao; tambm um realista como Aristteles vem a dizer o mesmo. Aristteles est convencido de que a pergunta sobre Que isto? Algo real? formulada por ele, de modo resumido e compacto, em apenas trs slabas: ti to on? no apenas uma questo que se coloca desde sempre, hoje e para sempre; ela estaria almejando, para alm disto, como diz Aristteles, uma reposta, conhecida unicamente por Deus.

Escrita por Santo Toms de Aquino nos ltimos anos de sua vida, Suma Contra os Gentios (SCG) condensa o acabamento final da Teologia e da Filosofia do genial pensador e admirvel santo. Das obras publicadas pelo Anglico em vista de uma exposio completa da Teologia, foi a nica que conseguiu chegar a termo. A SCG e a Suma Teolgica foram sempre consideradas as suas mais importantes publicaes, devido ao valor teolgico e filosfico que as enriquece. No entanto, inegvel que, sob o aspecto filosfico, a SCG prevalece quela, pois apresenta de modo exaustivo e perfeito as teses fundamentais da Filosofia prpia de Santo Toms, que j haviam sido sinteticamente formuladas no seu no menos precioso opsculo De Ente et Essentia, escrito quando ainda jovem.

A razo colabora com a f, no indagando suas verdades, que no pode faz-lo, mas as razes da f, seu contedo. Porque ambas, razo e f, filosofia e teologia, tm o mesmo objetivo: a sabedoria, o conhecimento da causa primeira e ltima de toda a realidade.

A SCG foi escrita a pedido de seu confrade, missionrio entre os mussulmanos vencidos em Castela, canonista de fama, so Raimundo de Penaforte. Assim sendo, a SCG j traz um grande valor apologtico, ensinando a Toms que mais se deve enfrentar os de outras religies pelo confronto inteligente das idias do que pela luta violenta das armas. Muito se prestar a nossa obra como subsdio para o ecumenismo, cujos princpios j se delineiam na mesma: O modo segundo o qual santo Toms apresenta o que h de comum entre a doutrina catlica e a dos gentios e, depois, questiona esta com argumentos exclusivamente racionais.

TOMS DE AQUINO (c. 1225-1274) e a Questo da Existncia ou No de Deus num artigo da Suma Teolgica

ROGER BACON (c. 1210-1292), o Fim do Princpio da Autoridade e o Valor daExperincia, na obra Opus maius

Segundo Bacon, trs so as fontes do saber: a autoridade, a razo, a experincia. A autoridade d-nos a crena, a f no porm a cincia, porquanto no nos fornece a compreenso das coisas que formam o objeto da crena. A razo proporciona essa compreenso, quer dizer, a cincia; no entanto, no consegue distinguir o sofisma da demonstrao verdadeira, se no achar fundamento e confirmao na experincia. A cincia experimental constitui a fonte mais slida da certeza. Conforme Bacon, todavia, deve-se entender por experincia no apenas a que se alcana pelos sentidos externos e nos oferece o mundo corpreo, mas tambm a experincia proporcionada pela iluminao interior de Deus. , como se v, um vestgio do agostinianismo tradicional. Do agostinianismo, Bacon aceita tambm a unidade entre filosofia e teologia, que Toms tinha distinguido.

Bacon foi discpulo de Grosseteste, de quem herdou a nova sensibilidade para com a cincia, e Pedro de Maricourt, estudioso das propriedades do m, que o impulsionou em direo investigao experimental e a fundamentar as principais questes filosficas na natureza e na experincia. Roger Bacon soube associar as qualidades do cientfico, do filsofo, do telogo e do mstico. Se interessou por todos os mbitos do saber,

As questes tratadas por Roger Bacon em sua obra, quais sejam: o interesse pela reforma da cristandade, a reorganizao do reino cristo (respublicae fidelum), a converso dos infiis (conversio infidelium), a represso dos maus (repressio reproborum); o interesse pela alquimia, pela astronomia, pelo conhecimento das lnguas e pela matemtica, apontam para o perfil de um homem da Igreja, mas tambm para um homem da cincia, que procurou conciliar o esprito mstico e o cientista pragmtico, que esteve frente do seu tempo, seja na crena das possibilidades de inovaes tcnicas; seja na sua luta contra uma aristocracia do saber que difundia que este era privilgio de uns poucos iluminados; seja na apresentao de uma idia de saber interdisciplinar, viso inovadora para o nosso prprio tempo, j que ainda no foi efetivada nos nossos currculos

Fundamentado nesta anlise, uma marca de seus escritos a crtica dura dirigida concepo de que as autoridades do saber no podem ser questionadas. E suas crticas tinham endereo certo pois atingem os contemporneos Alessandro de Hales, Alberto Magno e Toms de Aquino, acusando-os de difundir uma concepo de saber que s serve para repassar as doutrinas dos mestres.

Em segundo lugar, a idia de que todo o saber est contido nas Sagra das Escrituras. Tal reforma deveria se dar como a busca de um sentido moral do saber que pudesse atacar as quatro causas da ignorncia apontadas pelo filsofo: 1. a tendncia a se valorizar exageradamente certas doutrinas; 2. a aceitao acrtica do princpio da autoridade; 3. o enraizamento de hbitos maus; 4. o apego s prprias opinies.