Trabalho de Campo e Semântica Formal · •Não há uma diferença qualitativa na coleta de dados...

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Trabalho de Campo e Semântica Formal Luciana Sanchez-Mendes (UFF)

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Trabalho de Campo e Semântica Formal

Luciana Sanchez-Mendes (UFF)

Linguística e Ciência

Ciência

• Conhecimento • Habilidade de relacionar observações limitadas, particulares, concretas a

esquemas mais gerais e estáveis • Observações – dados

• Esquemas – teorias

(CHAFE, 1994)

Ciência

• Conhecimento Científico • Atenção equilibrada para a qualidade dos dados e das teorias

• Psicologia – dados públicos observáveis e replicados sem embasamento teórico que acompanhe;

• Linguística – teorias elaboradas para esclarecer um conjunto de observações minúsculo e questionável

(CHAFE, 1994)

Métodos de Investigação

Métodos de Investigação Linguística

• Chafe (1994); França, Ferrari e Maia (2016)

NATUREZA DA OBSERVAÇÃO

PÚBLICO PRIVADO

NATUREZA DOS DADOS

NATURAL

MANIPULADA

Métodos de Investigação Linguística

• Chafe (1994); França, Ferrari e Maia (2016)

NATUREZA DA OBSERVAÇÃO

PÚBLICO PRIVADO

NATUREZA DOS DADOS

NATURAL INSIGHT

MANIPULADA

Métodos de Investigação Linguística

• Chafe (1994); França, Ferrari e Maia (2016)

NATUREZA DA OBSERVAÇÃO

PÚBLICO PRIVADO

NATUREZA DOS DADOS

NATURAL ETNOGRÁFICO; PESQUISA BASEADA EM

CORPUS

INSIGHT

MANIPULADA

Métodos de Investigação Linguística

• Chafe (1994); França, Ferrari e Maia (2016)

NATUREZA DA OBSERVAÇÃO

PÚBLICO PRIVADO

NATUREZA DOS DADOS

NATURAL ETNOGRÁFICO; PESQUISA BASEADA EM

CORPUS

INSIGHT

MANIPULADA JULGAMENTO DE GRAMATICALIDADE E

SEMÂNTICO

Métodos de Investigação Linguística

• Chafe (1994); França, Ferrari e Maia (2016)

NATUREZA DA OBSERVAÇÃO

PÚBLICO PRIVADO

NATUREZA DOS DADOS

NATURAL ETNOGRÁFICO; PESQUISA BASEADA EM

CORPUS

INSIGHT

MANIPULADA EXPERIMENTOS; ELICITAÇÃO

JULGAMENTO DE GRAMATICALIDADE E

SEMÂNTICO

Métodos de Investigação Linguística

• Chafe (1994); França, Ferrari e Maia (2016)

NATUREZA DA OBSERVAÇÃO

PÚBLICO PRIVADO

NATUREZA DOS DADOS

NATURAL ETNOGRÁFICO; PESQUISA BASEADA EM

CORPUS

INSIGHT

MANIPULADA EXPERIMENTOS; ELICITAÇÃO

JULGAMENTO DE GRAMATICALIDADE E

SEMÂNTICO

Métodos de Investigação Linguística

• Método Etnográfico: • Observação e registro em ocorrência natural

• Aquisição da Linguagem e Sociolinguística

• Coleta de Corpus• Registro em plataformas como o ELAN

Métodos de Investigação Linguística

• Registro em plataformas como o ELAN

Métodos de Investigação Linguística

• Método Etnográfico: • Realização plena no trabalho de campo – Paradoxo do Observador

(LABOV, 1972)

Métodos de Investigação Linguística

• Chafe (1994); França, Ferrari e Maia (2016)

NATUREZA DA OBSERVAÇÃO

PÚBLICO PRIVADO

NATUREZA DOS DADOS

NATURAL ETNOGRÁFICO; PESQUISA BASEADA EM

CORPUS

INSIGHT

MANIPULADA EXPERIMENTAL; ELICITAÇÃO

JULGAMENTO DE GRAMATICALIDADE E

SEMÂNTICO

Métodos de Investigação Linguística

• Julgamento de Gramaticalidade: • Introspecção e intuição

• Dados negativos

• Linguística Gerativa

Métodos de Investigação Linguística

• Julgamento de Gramaticalidade: • Dados introspectivos não são suficientes para avançar nosso conhecimento

de um fenômeno.

Métodos de Investigação Linguística

• Chafe (1994); França, Ferrari e Maia (2016)

NATUREZA DA OBSERVAÇÃO

PÚBLICO PRIVADO

NATUREZA DOS DADOS

NATURAL ETNOGRÁFICO; PESQUISA BASEADA EM

CORPUS

INSIGHT

MANIPULADA EXPERIMENTOS; ELICITAÇÃO

JULGAMENTO DE GRAMATICALIDADE E

SEMÂNTICO

Métodos de Investigação Linguística

• Método Experimental:• Controle de variáveis

• Evidência quantitativa

• Medições • Off-line – pós processamento

• On-line – no curso do processamento• Leitura automonitorada; rastreamento ocular

Métodos de Investigação Linguística

• Método Experimental:

Fenômeno Observado Comportamento

Variável Independente Variável Dependente

Métodos de Investigação Linguística

• Método Experimental:

Fenômeno Observado Comportamento

Variável Independente Variável Dependente

Posição do Adjetivo Índice de Aceitação

Métodos de Investigação Linguística

• Método Experimental:

Variável Independente

Posição do Adjetivo Comportamento

N+Adj Adj+N Variável Dependente

Condições Índice de Aceitação

Métodos de Investigação Linguística

• Método Experimental:• Estímulos

• Distratoras

• Controle

• Embaralhamento

Métodos de Investigação Linguística

• Método Experimental X Metodologias Tradicionais

Métodos de Investigação Linguística

• Método Experimental X Metodologias Tradicionais• Experimento (SPROUSE, ALMEIDA, 2012a)

• 469 sentenças de Adger (2012)

• 440 falantes nativos,

• 2 tarefas de julgamento

• 3 tipos diferentes de análise estatística

Métodos de Investigação Linguística

• Método Experimental X Metodologias Tradicionais• Experimento (SPROUSE, ALMEIDA, 2012a)

• 469 sentenças de Adger (2012)

• 440 falantes nativos,

• 2 tarefas de julgamento

• 3 tipos diferentes de análise estatística

• Discrepência de 2% entre os dois métodos.

Métodos de Investigação Linguística

• Método Experimental• Paradoxo do Experimentador

Princípio de Heisenberg

Trabalho de Campo

Métodos de Investigação Linguística

• Trabalho de Campo?

NATUREZA DA OBSERVAÇÃO

PÚBLICO PRIVADO

NATUREZA DOS DADOS

NATURAL ETNOGRÁFICO INSIGHT

MANIPULADA EXPERIMENTOS; ELICITAÇÃO

JULGAMENTO DE GRAMATICALIDADE

Trabalho de Campo

• Sentido tradicional - pesquisador vivendo na comunidade que falava a língua que se pretendia estudar• método de imersão

• língua em seu contexto natural

(EVERETT, 2001; AIKHENVALD, 2007; BOWERN, 2008)

Trabalho de Campo

• Trabalho de Campo

- Uma pessoa a mais além do pesquisador

- Distância, exotismo e duração

(HYMAN, 2001)

Trabalho de Campo

• Crowley (2007): linguistas pés-sujos x linguistas de poltrona

• Hyman (2001): empiristas, colecionadores de borboletaX

pesquisadores da torre de marfim

Métodos de Investigação Linguística

• Trabalho de Campo?

NATUREZA DA OBSERVAÇÃO

PÚBLICO PRIVADO

NATUREZA DOS DADOS

NATURAL ETNOGRÁFICO INSIGHT

MANIPULADA EXPERIMENTAL; ELICITAÇÃO

JULGAMENTO DE GRAMATICALIDADE

Trabalho de Campo

• A maior parte das questões pesquisadas por linguistas de campo NÃO é etnográfica.

Trabalho de Campo

• A maior parte das questões pesquisadas por linguistas de campo NÃO é etnográfica.

- Pesquisa de uma língua que não é a nativa do pesquisador, tipicamente envolvendo entrevistas com consultores nativos.

(BOCHNAK e MATTHEWSON, 2015)

- Coleta de dados por meio de interação com os falantes tanto em situações de uso natural da língua quanto por meio de entrevistas.

(CHELLIAH e DE REUSE, 2011)

Trabalho de Campo

• Entrevistas dentro e fora da comunidade:• Não há uma diferença qualitativa na coleta de dados nos dois modos de

trabalho.

• O trabalho de campo em linguística em ambientes não exóticos é muito mais comum do que parece quando se lê os textos sobre o assunto.

(CHELLIAH e DE REUSE, 2011)

Métodos de Investigação Linguística

• Trabalho de Campo

NATUREZA DA OBSERVAÇÃO

PÚBLICO PRIVADO

NATUREZA DOS DADOS

NATURAL ETNOGRÁFICO INSIGHT

MANIPULADA EXPERIMENTOS; ELICITAÇÃO

JULGAMENTO DE GRAMATICALIDADE

Teoria e Prática no Trabalho de Campo

Teoria e Prática no Trabalho de Campo

Visão Tradicional

Teoria e Prática no Trabalho de Campo

• Hyman (2001) – orientação para os dados ou para as teorias• Linguistas orientados teoricamente tendem a diminuir as diferenças entre as

línguas

• Abbi (2001) – a teoria amarra as mãos do linguista de campo

Teoria e Prática no Trabalho de Campo

• Hyman (2001) – Linguista de Campo

• Ama a descoberta e busca o que há de único nas línguas• Crítica à retórica da linguística gerativa

• Dedicação a toda a língua: fonologia, sintaxe, semântica...

Teoria e Prática no Trabalho de Campo

Outro Ponto de Vista

Teoria e Prática no Trabalho de Campo

• Pesquisas teoricamente orientadas têm um maior potencial de descoberta de propriedades específicas das línguas do que as pesquisas que se intitulam descritivas (COVER; TONHAUSER, 2015).

Teoria e Prática no Trabalho de Campo

• No trabalho de campo, a teoria e a prática não podem ser desvencilhadas.• Fonologia X Sintaxe Gerativa

Teoria e Prática no Trabalho de Campo

• Bowern (2008) - teoria e descrição não são mutuamente excludentes

• Chafe (1994) – observação e teorização são esforços complementares

Teoria e Prática no Trabalho de Campo

• Bowern (2008) - teoria e descrição não são mutuamente excludentes

• Chafe (1994) – observação e teorização são esforços complementares

• Não é possível fazer a descrição de uma língua sem a formulação de hipóteses sobre como ela funciona.

• Na descrição, escolhas dos dados e a metalinguagem das categorias revelam o emprego de uma teoria.

Teoria e Prática no Trabalho de Campo

• Bowern (2008) – Sherlock Holmes

Premissas

• A escolha do quadro teórico de uma pesquisa linguística determina diretamente a metodologia utilizada para coletar os seus dados.

• Para pesquisa em Semântica Formal, a metodologia de elicitaçãocontrolada é adequada.

(MATTHEWSON, 2004; BOCHNAK e MATTHEWSON, 2015)

Semântica Formal

Semântica Formal

• Semântica Formal• Unidade de análise: sentença

• Significado: condições de verdade

P é verdadeira se, e somente se, Q.

Semântica Formal

P é verdadeira se, e somente se, Q.

A sentença Os homens carregaram malas de três em três é verdadeira se, e somente se, ...

Semântica Formal

A sentença Os homens carregaram malas de três em três é verdadeira se, e somente se,

∃x.∃y.∃e. carregar(y)(x)(e) & homem(x) & mala(y) & <e,y> = σ<e’,z>. z < y & e’ < e & |z| = 3 & Participante(e’,z)

∃x.∃y.∃e. carregar(y)(x)(e) & homem(x) & mala(y) & <e,x> = σ<e’,z>. z < x & e’ < e & |z| = 3 & Participante(e’,z)

(MÜLLER, DONNAZZAN e SANCHEZ-MENDES, 2016)

Trabalho de Campo e Semântica Formal

Trabalho de Campo e Semântica Formal

• 1º PASSO: Acervo de dados existentes: espontâneos e publicados por outros pesquisadores

Trabalho de Campo e Semântica Formal

(1) KARITIANA

a. Mynda, y’ete’et, ipibmam ‘in tyym ikytop, iohynam pitat yj’a tykiritaka’a okot bypiitap tairisooty. Ty’ooman ‘ej se’yp am’a tykiri.‘Sem pressa, a gente faz a quantidade de chicha, porque quando a gente faz muita chicha, acontece morte próxima.’

b. Taso tapyot iataki pitat tyym, isoko’im tyym, kyj, i’a tykit imbodn.‘Todos fazem o moquém, amarram sem arrebentar o cipó. Se arrebentar, não é bom.’

(MALOSSO, 2003)

Trabalho de Campo e Semântica Formal

(2) KARITIANA

yjxa pitat i’a tykat

| \ | / | \ | /

L H L H

human really 3-be impfve-aux-nfuture

‘He was really human’

(STORTO, 1999)

Elicitação de Dados

Elicitação X Observação

• Elicitação

- Atividade de coleta de dados envolvendo um estímulo, uma tarefa e uma resposta. (BOHNEMEYER, 2015)

- Potencial de replicação

Elicitação

• Premissas: • Fatos semânticos podem ser estudados via trabalho de campo.

• O trabalho de campo com um pequeno número de falantes é uma metodologia de pesquisa cientificamente válida.

Elicitação

• Anonymous Review

“This reviewer suspects that fieldwork done through another languageis indeed pretty unreliable. The suspiction increases when the nativespeakers belong to a moribund language... How much should one, canone, believe an informant’s metalinguistic judgments about a languageno longer frequently used?”

(BOCHNAK e MATTHEWSON, 2015)

Elicitação

• Argumentos:

- Somente elicitação garante: - Paradigmas completos;

- Controle sobre a sintaxe e a semântica lexical;

- Investigação direta da gramaticalidade e das condições de felicidade

Elicitação

• Argumentos:

- Experimentos informais com poucos falantes guiados por uma hipótese são idênticos em muitos aspectos com os experimentos de laboratório (SPROUSE, ALMEIDA, 2012b).

• Testar previsões e hipóteses falseáveis;

• Desenhar um conjunto de condições para testar contrastes mínimos relevantes;

• Desconsiderar variáveis incômodas.

Elicitação

• Argumentos:

- Dados não experimentais derivados de intuição podem oferecer resultados assustadoramente semelhantes a dados obtidos com experimentos de larga escala (PHILIPS, 2010).

Elicitação

• Argumentos:

- Relação pesquisador – consultor X investigador – sujeito: • Compreensão de tarefas (SCHÜTZE, 2005)

Elicitação

• Compreensão de tarefas (SCHÜTZE, 2005)

- Tarefa de aceitabilidade: • Posso dizer X?

• Sim, claro...

Elicitação

• Compreensão de tarefas (SCHÜTZE, 2005)

- Tarefa de aceitabilidade: • Posso dizer X?

• Sim, claro... Mas por que você diria isso?

Elicitação

• Compreensão de tarefas (SCHÜTZE, 2005)

- Tarefa de aceitabilidade: • Posso dizer X?

• Sim, claro... Mas eu nunca diria.

Elicitação

• Compreensão de tarefas (SCHÜTZE, 2005)

- Tarefa de aceitabilidade: • Posso dizer X?

• Sim, claro... Mas as pessoas vão rir de você.

Elicitação

• Compreensão de tarefas (SCHÜTZE, 2005)

- rejeição sistemática de um falante de sentenças imperativas sem please no final

Elicitação

• Compreensão de tarefas (SCHÜTZE, 2005)

Elicitação

• Compreensão de tarefas (SCHÜTZE, 2005)

Procedimentos

Procedimentos

• Protocolo • Duas etapas: traduções e julgamentos de contextos

• Metalíngua comum como instrumento

(MATTHEWSON, 2004; SANCHEZ-MENDES, 2014)

Procedimentos

• 1ª etapa: traduções • sentenças completas

(3)

a. aniki KARITIANA

‘estar com frio’ (LANDIN, 1983)

b. give up INGLÊS

‘desistir’

Procedimentos

• 1ª etapa: traduções

O cenário é um ninho em cima de uma árvore. Eu quero dizer que o ovo que estava no ninho caiu; como eu falo em Karitiana: “O ovo caiu”?

(4) Sypi Ø-naka-’ot-Ø.

ovo 3-DECL-cair-NFUT

‘Ovo caiu’

Procedimentos

• 1ª etapa: traduções

(5) Inácio Ø-naka-kydn-Ø kandat.

Inácio 3-DECL-esperar-NFUT muitas.vezes

‘O Inácio esperou muito’

Procedimentos

• 1ª etapa: traduções

• Quine (1960) • indeterminação da tradução radical

• Inescrutabilidade da referência• Gavagai

Procedimentos

Exemplo do que não fazer...

Procedimentos

Procedimentos

Procedimentos

Procedimentos

Procedimentos

• 2ª etapa: julgamentos do valor de verdade de sentençasem contextos particulares

(6) João Ø-na-pytim’adn-Ø pitat.

João 3-DECL-trabalhar-NFUT muito

‘O João trabalhou muito’

Procedimentos

• 2ª etapa: julgamentos do valor de verdade de sentençasem contextos particulares

(6) João Ø-na-pytim’adn-Ø pitat.

João 3-DECL-trabalhar-NFUT muito

‘O João trabalhou muito’

• Possibilidades: iteratividade, duração e intensidade (DOETJES, 2007)

Procedimentos

• 2ª etapa: julgamentos do valor de verdade de sentençasem contextos particulares

(7)

a. Em um contexto em que o João trabalhou muitas vezes esta semana oueste mês, eu posso usar a sentença “João napytim’adn pitat”?

b. Em um contexto em que o João trabalhou uma vez por muito tempoesta semana, eu posso usar a sentença “João napytim’adn pitat”?

c. Em um contexto em que o João trabalhou uma vez por pouco tempo,mas bastante intensamente esta semana, eu posso usar a sentença“João napytim’adn pitat”?

Procedimentos

• 2ª etapa: julgamentos do valor de verdade de sentençasem contextos particulares

(8) a. Se um falante aceita a sentença S em um contexto C, S é verdadeira em C.

b. Se uma sentença S é falsa em um contexto C, o falante vai rejeitar S em C.

Procedimentos

• Infelicidade

(9) a. Taso Ø-naka-ot-Ø ese.homem 3-DECL-pegar-NFUT água‘Os homens pegaram água.’

b. j)onso Ø-naka-ot-Ø ese.

mulher 3-DECL-pegar-NFUT água‘As mulheres pegaram água.

Estímulos

Estímulos

• Schütze (2005) - Representações Visuais facilitam a tarefa

Estímulos

• Schütze (2005) - Representações Visuais facilitam a tarefa

Todos os professores não aplicaram a prova necessariamente.

Estímulos

• Schütze (2005) - Representações Visuais facilitam a tarefa

• Quantificadores: quantidade X cardinalidade

(LIMA e ROTHSTEIN, manuscrito)

Estímulos

• Schütze (2005) - Representações Visuais facilitam a tarefa

• Quantificadores: quantidade X cardinalidade

• Quem tem mais X?

(LIMA e ROTHSTEIN, manuscrito)

Estímulos

• Storyboards - Burton e Matthewson (2015)

Estímulos

• Storyboards - Burton e Matthewson (2015)

• Representações pictóricas de histórias que os consultores devem descrever com suas próprias palavras.

• Combinam fala espontânea com testagem de elementos linguísticos particulares.

• Minimizam o efeito da metalíngua.

http://www.totemfieldstoryboards.org/

Estímulos

• Storyboards - Burton e Matthewson (2015)

• Targeted stooryborads X histórias da pera (Chafe, 1980)

Estímulos

• Storyboards

1º passo: o linguista passa pelas figuras contando a história na língua de contato

Opcional: o falante pratica sua própria versão da história

2º passo: o falante conta a história quando se sentir preparado

3º passo: perguntas adicionais do linguista

Estímulos

• Storyboards – Chore Girl X Sick Girl

• Se e como uma língua distingue diferentes tipos de modalidade e força modal

(10)

a. Eu posso ir à praia. PERMISSÃO

b. Eu posso ir à praia. HABILIDADE

c. Eu tenho que fazer minhas tarefas. NECESSIDADE

Estímulos

• Storyboards – Chore Girl X Sick Girl

• Se e como uma língua distingue diferentes tipos de modalidade e força modal

(10)

a. Eu posso ir à praia. POSSIBILIDADE DEÔNTICA

b. Eu posso ir à praia. POSSIBILIDADE CIRCUNST. NÃO DEÔNTICA

c. Eu tenho que fazer minhas tarefas. NECESSIDADE DEÔNTICA

Estímulos

• Storyboards – Chore Girl X Sick Girl

• Se e como uma língua distingue diferentes tipos de modalidade e força modal

(10)

a. Eu posso ir à praia. POSSIBILIDADE DEÔNTICA

b. Eu posso ir à praia. POSSIBILIDADE CIRCUNST. NÃO DEÔNTICA

c. Eu tenho que fazer minhas tarefas. NECESSIDADE DEÔNTICA

Estímulos

• Chore Girl – ela só pode brincar depois de fazer três tarefas, mas quando termina, ela cai e quebra a perna – está permitida, mas impossibilidade de brincar.

TFS Working Group (2011). Chore Girl. Retirado de http://www.totemfieldstoryboards.org em Abril, 2017.

Estímulos

• Sick Girl – ela sempre se machuca e não pode ir brincar. Quando se recupera, ela fisicamente pode brincar, mas não está permitida porque sua mãe disse que ela tem que fazer a lição de casa.

TFS Working Group (2011). Sick Girl. Totem Field Storyboards. Retirado de http://www.totemfieldstoryboards.org em abril, 2017.

Gitksan

• Permissão (anook) X habilidade (da’akxw)

(11) ii-t anook-s nox-t.e-3SG.II DEON.POSSIB-PN mãe-3SG.II‘E sua mãe a deixou.’ (Sick Girl)

(BURTON e MATTHEWSON, 2015)

Gitksan

• Permissão (anook) X habilidade (da’akxw)

(11) ii nee=dii anook-xw #(dim) xsaw-i’y.

e NEG=CNTR DEON.POSS-MED #(FUT) sair-1SG.II

‘Não é permitido que eu saia’ (Chore Girl)

(MATTHEWSON, 2013)

Gitksan

• Permissão (anook) X habilidade (da’akxw)

(12) Ii nee-dii-n da’akxw dim xsaw-’y.e NEG-CONTR-1SG.I CIRC.POSSIB PROSP sair-1SG.II‘E eu não posso sair’ (Chore Girl)

(BURTON e MATTHEWSON, 2015)

Questões Éticas

Questões Éticas

• Bowern (2008) - dois tipos de questões éticas• campo legal - comité de ética da Universidade em que se realiza

a pesquisa ou às suas agências de fomento

• comportamento ético do linguista em relação à comunidade da línguaestudada

Questões Éticas

• Campo Legal • Linguistic Society of America possui uma Declaração de Ética para conduzir

trabalhos de campo com coleta de dados linguísticos

• Brasil - Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) - Resolução do CNS 196/96 - Conselho Nacional de Saúde (CNS)

• FUNAI - permanência e trânsito em áreas indígenas

• Universidades - Comitês de Ética em Pesquisa em cada instituto

Questões Éticas

• Campo Legal • Formulário de Consentimento

Questões Éticas

• Comportamento ético do linguista em relação à comunidade da língua estudada

Questões Éticas

• Comportamento ético do linguista em relação à comunidade da língua estudada • Negociação

• Esclarecimento do papel do linguista

Questões Éticas

• Comportamento ético do linguista em relação à comunidade da língua estudada • Negociação

• Esclarecimento do papel do linguista

• Retribuição• Esclarecimento do papel do falante consultor

REFERÊNCIAS I

ABBI, A. A Manual of Linguistic Field Work and Indian Language Structures. Munique: Lincom Europa, 2001.

ADGER, A. Core syntax: a minimalist approach. OUP, 2003.

AIKHENVALD, A Linguistic fieldwork: setting the scene. STUF - Sprachtypologie und Universalienforschung 60 (1), p. 3-11, 2007.

BOCHNAK, R.; MATTHEWSON, L. Methodologies in Semantic Fieldwork. New York: Oxford University Press, 2015.

BOHNEMEYER, J. A practical epistemology for semantic elicitation in the field and elsewhere. In: BOCHNAK, R.; MATTHEWSON, L. (eds.) Methodologies in Semantic Fieldwork. New York: Oxford University Press, 2015.

BOWERN, C. Linguistic Fieldwork: a Pratical Guide. Nova Iorque: Palgrave; MacMillan, 2008.

BURTON, S.; MATTHEWSON, L. Targeted construction storyboards in semantic fieldwork. In: BOCHNAK, R.; MATTHEWSON, L. (eds.) Methodologies in Semantic Fieldwork. New York: Oxford University Press, 2015.

CHAFE, W. Discourse, Consciousness, and Time: The Flow and Displacement of Conscious Experience in Speaking and Writing. Chicago and London: University of Chicago Press, 2004.

CHELLIAH, S.L.; DE REUSE, W. J. Handbook of Descriptive Linguistic Fieldwork.New York: Springer, 2011.

COVER, R.; TONHAUSER, J. Theories of meaning in the field: Temporal and aspectual reference. In: BOCHNAK, R.; MATTHEWSON, L. (eds.) Methodologies in Semantic Fieldwork. New York: Oxford University Press, 2015.

CROWLEY, T. Field Linguistics: a Beginner’s Guide. Oxford: Oxford University Press, 2007.

DOETJES, J. Adverbs and quantification: degree versus frequency. Lingua 117, p. 685–720, 2007.

EVERETT, D. L. Monolingual field research. In: NEWMAN, P.; RATLIFF, M. (eds.) Linguistics Fieldwork. Cambridge: Cambridge University Press, 2001. p. 166–188.

REFERÊNCIAS II

FRANÇA, A.; FERRARI, L.; MAIA, M. A Línguística no século XXI: convergências e divergências no estudo da linguagem. São Paulo: Contexto, 2016.

HYMAN, L. Fieldwork as a state of mind. In: NEWMAN, P.; RATLIFF, M. Linguistic Fieldwork. Cambridge: Cambridge University Press, 2001. p. 15-33.

LANDIN, D. Dicionário e Léxico Karitiana/Português. Brasília: SIL, 1983.

LIMA, S.; ROTHSTEIN, S. The count/massdistinction questionnaire. Manuscrito.

MALOSSO, M. G. Núcleos Funcionais em Karitiana. Relatório de Pesquisa não Publicado. 2003.

MATTHEWSON, L. On the Methodology of Semantic Fieldwork. International Journal of American Linguistics 70, p. 369-415, 2004.

MATTHEWSON, L. Gtksan Modals. International Journal of American Linguistics Vol. 79, No. 3, 2013. p. 349-394.

MÜLLER, A.; DONAZZAN, M.; SANCHEZ-MENDES, L. A Semântica dos Numerais Distributivos: um estudo entre línguas. Revista da ABRALIN, v.15, n.3, p. 11-58, 2016.

PHILIPS, C. Should we impeach armchair linguists? In: IWASAKI, S. (ed.), Japanese/Korean Linguistics 17. CSLI Publications. 2010.

QUINE, W. V. O.. Word and object. Cambridge: MIT Press, 1960.

SANCHEZ-MENDES, L. Trabalho de Campo para Análise Linguística em Semântica Formal. Revista Letras, v. 90, p. 277-293, 2014.

SCHÜTZE, C. T. Thinking about what we are asking speakers to do. In Stephan Kepser & Marga Reis (eds.), Linguistic evidence: Empirical, theoretical, and computational perspectives, Berlin: Mouton de Gruyter, 2005. 457-485.

SPROUSE; J.; ALMEIDA, D. Assesing the reliability of textbook data in syntax: Adger’s Core Syntax. Journal of Linguistics 48, 609-665, 2012a.

SPROUSE, J.; ALMEIDA, D. (under review). Power in acceptability judgment experiments and the reliability of data in syntax. 2012b.

Muito Obrigada!

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