Trabalho de Projecto / Dissertação -...

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1 ISMAT - Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes - Mestrado Integrado em Arquitectura Trabalho de Projecto / Dissertação Habitação / Casa Modular do Barlavento Aluno: Simão Dumas, 21404756 Orientadora: Professora Doutora Ana Bordalo Setembro 2017

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ISMAT - Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes - Mestrado Integrado em Arquitectura

Trabalho de Projecto / Dissertação

Habitação / Casa Modular do Barlavento

Aluno: Simão Dumas, 21404756

Orientadora: Professora Doutora Ana Bordalo

Setembro 2017

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SIMÃO DE FARIA GONÇALVES DUMAS

HABITAÇÃO / CASA MODULAR DO BARLAVENTO

Dissertação defendida em provas públicas no

Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes, no dia

31/10/2017 perante o júri nomeado pelo Despacho de

Nomeação nº. 10/2017, com a seguinte composição:

Presidente:

Prof.ª Doutora Clara Germana Ramalho

Moutinho Gonçalves (Professora Associada,

ISMAT)

Arguente:

Prof.ª Doutora Ana Paula Parreira Correia

Rainha (Professora Associada, ISMAT)

Orientador:

Prof.ª Doutora Ana Cristina Santos Bordalo

(Professora Auxiliar, ISMAT)

Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes

Portimão

2017

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AGRADECIMENTOS

Quero agradecer a todos que, directa ou indirectamente, participaram neste trabalho, pela, ajuda motivação, participação e curiosidade.

Especial agradecimento à minha Mãe e ao meu Pai. Aos meus colegas e professores do curso de Arquitectura do ISMAT.

Ana BordaloLuís ConceiçãoClara GonçalvesRui SambadoFrederico Paula Pedro CavacoRui LoureiroPierre LuchetTeresa Dias CoelhoLurdes MendesRaquel CarmonaJoão BastoFredrik Von Der LanckenAugusto PereiraRodrigo RochaSidónio PaisFilipe CamposNuno PereiraMika ToescaJoão Cabrita SilvaDavid CuevaJoão VelosoMiguel DuweSonia SholtzSara GiromettiGianmarco ZoiaPedro Mealha

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RESUMO

O presente trabalho é uma reflexão de um modo de habitar, em harmonia, sobre um território virgem. Apresenta uma alternativa à construção tradicional, através do desenvolvimento de um módulo que s complementa com outros módulos e a sua envolvente natural (a paisagem onde se insere). Apresenta-se um tipo de habitação que vai ao encontro de uma nova forma de vida, associada ao êxodo urbano e aos movimentos neo-rurais. Desta forma, desenvolveu-se um módulo de habitação que procura promover uma utilização racional e consciente na utilização das necessidades natu-rais, como a água e energia. A pesquisa bibliográfica realizada permitiu analizar e interpretar os actuais conceitos de rura- lização, de arquitectura modular, bem como formas de habitar junto da natureza ou em espaços pequenos para através deles desenvolver elementos arquitectónicos que permitissem dar resposta aos objectivos iniciais desta investigação. Outro tema predominante para a presente investigação, foi o modo de viver em espaços móveis, como veleiros ou caravanas - estruturas que servem para viver directamente com a envolvente. São móveis e transportam consigo os equipamentos necessários para uma determinada autono-mia. Algumas soluções são adaptadas, no projecto que se apresenta.

O território do barlavento algarvio tem algumas restrições na construção de novos espaços de habitação ou comércio. Assim, são várias as soluções encontradas para adicionar, criar habitação ou outros espaços comunitários. Desta forma, surgem variadas soluções arquitectónicas nos mais variados pontos deste território. O módulo proposto neste trabalho, com a sua forma hexagonal, e capacidade de adaptação ao local e à tipologia, cria uma identidade arquitectónica ao território. O barlavento do Algarve e Costa Vicentina tem uma identidade própria, na sua morfologia, fauna e flora endémicas. Necessita, também, manter a sua identidade arquitéctónica e salvaguardar a sua autenticidade.

Este projecto propõe a construção de um módulo que permite anexar-se a outros, de forma a criar um espaço habitável. Assim, existe a possibilidade de construir espaços de variadas tipologias. São propostos seis módulos equipados de diferentes maneiras. Para além do módulo base, propõe-se outros três, equipados com cozinhas e/ou casa de banho. Outros dois são espaços ex-teriores de terraço, com ou sem alpendre. Os módulos estão equipados com sistema de painéis fotovoltaicos e armazenamento da energia, tal como depósitos de água e sistema de recolha de água da chuva.

Palavras-chave: Habitação modular, ruralidade, contraurbanização, autonomia, complementari-dade, envolvente, espacialidade, eficiência no dia-a-dia, racionalidade do uso dos recursos.

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ABSTRACT

The present work is a reflection of a way of inhabiting, in harmony, on a virgin territory. It presents an alternative to traditional construction, through the development of a module that complements with other modules and its natural surroundings (the landscape where it is inserted).

It presents a type of housing that meets a new way of life, associated with urban exodus and neo-ru-ral movements. In this way, a housing module has been developed that seeks to promote rational and conscientious use of natural needs, such as water and energy.

The bibliographical research carried out allowed us to analyse and interpret the current concepts of ruralisation, modular architecture, as well as ways of living in nature or in small spaces, through which to develop architectural elements that would allow us to respond to the initial objectives of this research.Another predominant theme for the present investigation was the way of living in mobile spaces, such as sailboats or caravans - structures that serve to live directly with the surroundings. They are mobile and carry the necessary equipment for a certain autonomy. Some solutions are adapted in the project presented.

The territory of the western Algarve has some restrictions in the construction of new spaces of housing or commerce. Thus, there are several solutions found for adding, creating housing or other community spaces. In this way, diverse architectural solutions appear in the most varied points of this territory. The module proposed in this work, with its hexagonal shape, and capacity to adapt to the site and typology, creates an architectural identity to the territory. The Western Algarve and Costa Vicentina have their own identity, in their morphology, endemic fauna and flora. It also needs to maintain its architectonic identity and safeguard its authenticity.

This project proposes the construction of a module that allows to be attached to others, in order to create a liveable space. Thus, there is the possibility of constructing spaces of various types. Six modules equipped in different ways are proposed. Besides the base module, three others are pro-posed, equipped with kitchens and / or bathroom. The other two are outside terrace spaces, with or without porch. The modules are equipped with a system of photovoltaic panels and energy storage, such as water tanks and rainwater collection system.

Key words: Modular housing, rurality, counter-urbanization, autonomy, complementarity, surround-ings, spatiality, day-to-day efficiency, rational use of resources.

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ÍNDICE

0.0 _Índice do Projecto

1.0 _Índice de imagens

2.0 _Introdução

3.0 _Contextualização geográfica do projeto. 1.1 _Algarve 1.2 _Barlavento 1.3 _Local de intervenção

4.0 _Viver em espaços pequenos. 4.1 _Projectos de habitação 4.2 _Outras formas de habitar 4.2.1 _Veleiros 4.2.2 _Caravanas

5.0 _Êxodo urbano – a 2ª ruralidade 5.1 _O conceito de contraurbanização 5.2 _Neo-rurais e ruralidade radicais

6.0 _Levantamento de espaços ‘alternativos’ no Barlavento Algarvio 6.1 _As restrições de construção no Parque Natural e Barlavento Algarvio 6.2 _ Alguns exemplos de espaços para habitação e/ou trabalho 6.3 _Reflexões específicas

7.0 _Estado da Arte 7.1 _Containers of Hope 7.2 _Mima House 7.3 _Sw Lodge 7.4 _Wood Studio House 7.5 _Add a Room

8.0 _Memória descritiva do projecto 8.1 _Conceito 8.2 _Estrutura 8.3 _Matéria construtiva 8.4 _Infra-estruturas

9.0 _Fotos maqueta de estudo

10.0 _PROJECTO – Conceito e desenhos. (catálogo/caderno separado)

11.0 _Bibliografia

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0.0 _PROJECTO – CATÁLOGO – LIVRO

0.1_Conceito _Local _Desconstrução do Módulo _A assemblagem/combinação entre módulos _A autonomia e reduzido impacto no solo _A facilidade de montagem no Local

0.2_As soluções técnicas _Sistema elétrico solar _Sistema de depósito de águas

0.3_Um projeto _Plantas escala 1/100 _Cortes escala 1/100 _Detalhes construtivos escala 1/10 _Localização 1/500

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1.0 _ÍNDICE DE IMAGENS:

Capítulo 33A - Ortofotomapa. Google Maps. Consultado a 09/09/2016 em: <http://maps.google.pt/>.

Capítulo 44A - Atelier Tengbom. Smarta Kvadrat. Consultado a 23/07/2017 em: <http://en.tengbom.se/project/10-smart/>

4B - Atelier Tengbom. Smarta Kvadrat. Consultado a 23/07/2017 em: <http://en.tengbom.se/project/10-smart/>

4C - Atelier Tengbom. Smarta Kvadrat. Consultado a 23/07/2017 em: <http://en.tengbom.se/project/10-smart/>

4D - Fiction Factory. Wikkelhouse. Consultado a 24/07/2017 em <https://www.fictionfactory.nl/en/wikkelhouse/>

4E - Koda House. Consultado a 24/07/2017 em <http://www.kodasema.com/>

4F - Koda House. Consultado a 24/07/2017 em <http://www.kodasema.com/>

4G - Koda House. Consultado a 24/07/2017 em <http://www.kodasema.com/>

4H - Koda House. Consultado a 24/07/2017 em <http://www.kodasema.com/>

4I - Casinha Contentor. Consultado a 24/07/2017 em <https://www.homify.pt/livros_de_ideias/3084624/a-casinha-contentor-de-15-m>

4J - Casinha Contentor. Consultado a 24/07/2017 em <https://www.homify.pt/livros_de_ideias/3084624/a-casinha-contentor-de-15-m>

4L - Volta ao Mundo. Consultado a 24/07/2017 em <http://www.voltaaomundo.pt/2016/12/03/casas-na-natureza-pa-ra-se-desligar-da-internet-por-uns-dias-2/>

4M - Volta ao Mundo. Consultado a 24/07/2017 em <http://www.voltaaomundo.pt/2016/12/03/casas-na-natureza-pa-ra-se-desligar-da-internet-por-uns-dias-2/>

4N - Volta ao Mundo. Consultado a 24/07/2017 em <http://www.voltaaomundo.pt/2016/12/03/casas-na-natureza-pa-ra-se-desligar-da-internet-por-uns-dias-2/>

4O - P3 Público. MIMA Light. Consultado a 24/07/2017 em <http://p3.publico.pt/cultura/arquitectura/19969/mima-light-esta-casa-de-19-mil-euros-ate-parece-que-levita>

4P - P3 Público. MIMA Light. Consultado a 24/07/2017 em <http://p3.publico.pt/cultura/arquitectura/19969/mima-light-esta-casa-de-19-mil-euros-ate-parece-que-levita>

4Q - Fotografia do autor, 2017.

4R - Fotografia do autor, 2017.

4S - Beneteau Oceanis 473. Blue Oyster Sailing. Consultado a 25/07/2017 em <http://www.blue-oyster-sailing.com/charter-yachts/beneteau-oceanis-473>.

4T - Beneteau Oceanis 473. Blue Oyster Sailing. Consultado a 25/07/2017 em <http://www.blue-oyster-sailing.com/charter-yachts/beneteau-oceanis-473>.

4U - Imagem retiradas do Instagram Vanlifediaries - Consultado a 28/09/2016 em <http://www.instagram.com/van-lifediaries>

4V - Imagem retiradas do Instagram Vanlifediaries - Consultado a 28/09/2016 em <http://www.instagram.com/van-lifediaries>

4X - Imagem retiradas do Instagram Vanlifediaries - Consultado a 28/09/2016 em <http://www.instagram.com/van-lifediaries>

4Z - Imagem retiradas do Instagram Vanlifediaries - Consultado a 28/09/2016 em <http://www.instagram.com/van-lifediaries>

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Capítulo 66A - Fotografia do autor.

6B - Fotografia do autor.

6C - Fotografia do autor.

6D - Fotografia do autor.

Capítulo 77A - ArchDaily, Containers of Hope / Benjamin Garcia Saxe Architecture. 2011. Consultado a 26/07/2017 em < Con-tainers of Hope / Benjamin Garcia Saxe Architecture>

7B - ArchDaily, Containers of Hope / Benjamin Garcia Saxe Architecture. 2011. Consultado a 26/07/2017 em < Con-tainers of Hope / Benjamin Garcia Saxe Architecture>

7C - ArchDaily, Containers of Hope / Benjamin Garcia Saxe Architecture. 2011. Consultado a 26/07/2017 em < Con-tainers of Hope / Benjamin Garcia Saxe Architecture>

7D - Mima House, High en Design Made Simple. Consultado a 26/07/2017 em < http://www.mimahousing.com/mi-ma-house/>.7E - Mima House, High en Design Made Simple. Consultado a 26/07/2017 em < http://www.mimahousing.com/mi-ma-house/>

7F - Mima House, High en Design Made Simple. Consultado a 26/07/2017 em < http://www.mimahousing.com/mi-ma-house/>

7G - Mima House, High en Design Made Simple. Consultado a 26/07/2017 em < http://www.mimahousing.com/mi-ma-house/>

7H - Mima House, High en Design Made Simple. Consultado a 26/07/2017 em < http://www.mimahousing.com/mi-ma-house/>

7I - Mima House, High en Design Made Simple. Consultado a 26/07/2017 em < http://www.mimahousing.com/mi-ma-house/>

7H - Jular, SWLodge. 2017. Consultado a 27/07/2017 em <http://www.jular.pt/produtos/casas-pre-fabricadas/sw-lodge>

7J - Jular, SWLodge. 2017. Consultado a 27/07/2017 em <http://www.jular.pt/produtos/casas-pre-fabricadas/sw-lodge>

7L - Jular, SWLodge. 2017. Consultado a 27/07/2017 em <http://www.jular.pt/produtos/casas-pre-fabricadas/sw-lodge>

7M - Jular, SWLodge. 2017. Consultado a 27/07/2017 em <http://www.jular.pt/produtos/casas-pre-fabricadas/sw-lodge>

7N - Jular, SWLodge. 2017. Consultado a 27/07/2017 em <http://www.jular.pt/produtos/casas-pre-fabricadas/sw-lodge>

7O - Dom Arquitectura, Wood Studio House. 2015. Consultado a 27/07/2017 em < http://www.dom-arquitectura.com/en/projects/arquitectura-en/casa-estudio-de-madera/>

7P - Dom Arquitectura, Wood Studio House. 2015. Consultado a 27/07/2017 em <http://www.dom-arquitectura.com/en/projects/arquitectura-en/casa-estudio-de-madera/>

7Q - Dom Arquitectura, Wood Studio House. 2015. Consultado a 27/07/2017 em <http://www.dom-arquitectura.com/en/projects/arquitectura-en/casa-estudio-de-madera/>

7R - Add a Room. 2017. Consultado a 27/07/2017 em <http://addaroom.dk/en/one-plus-house/>

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7S - Add a Room. 2017. Consultado a 27/07/2017 em <http://addaroom.dk/en/one-plus-house/>

7T - Add a Room. 2017. Consultado a 27/07/2017 em <http://addaroom.dk/en/one-plus-house/>

7U - Add a Room. 2017. Consultado a 27/07/2017 em <http://addaroom.dk/en/one-plus-house/>

Capitulo 88A - Esquema do autor, 2016.

8B - Esquema do autor, 2016.

8C - Esquema do autor, 2016.

8D - Esquema do autor, 2016.

8E - Esquema do autor, 2016.

8F - Esquema do autor, 2016.

8G - Esquema do autor, 2016.

8H - Esquema do autor, 2016.

8I - Esquema do autor, 2016.

8J - Esquema do autor, 2016.

8L - Esquema do autor, 2016.

8M - Esquema do autor, 2016.

8N - Esquema do autor, 2016. Capitulo 99A - Fotografia do autor, 2016.

9B - Fotografia do autor, 2016.

9C - Fotografia do autor, 2016.

9D - Fotografia do autor, 2016.

9E - Fotografia do autor, 2016.

9F - Fotografia do autor, 2016.

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2.0 _INTRODUÇÃO

Este projecto surge numa altura em que se observa uma grande procura de habitação por parte da população jovem, no Algarve. Esta geração procura, através de baixos recursos económicos, um espaço para habitar, longe dos centros urbanos, perto de elementos naturais que ajudem a de-senhar o espaço de habitar. São várias as soluções encontradas pelos jovens para satisfazer esta procura, este projecto apresenta uma solução comum a todos e cria, assim, uma identidade própria no território algarvio.

Este trabalho é uma reflexão sobre o mode de habitar um lugar, sem alterar o solo, respeitando a envolvente e procura criar uma harmonia entre os vários elementos. As habitações são composições de módulos pré-desenhados. Articulam-se pelo terreno consoante as necessidades do quotidiano, do indivíduo e da envolvente. Os módulos são espaços de 12m², devidamente equipados e autónomos

Método Este trabalho pretende desenvolver uma solução arquitectónica para um vasto território. Iden-tificando as suas características históricas e geográficas, para entender a intenção do projecto desenvolvido. Foram analisados vários projectos de habitação de pequenas dimensões e em espaços naturais.Estudado o sucesso nas redes sociais, entende-se imadiatamente, algumas das tendências do público em geral. É também abordado o tipo de vida em barcos e caravanas, para entender a racionalidade e auto-suficiência na utilização dos recursos e equipamentos no dia-a-dia. Através da consulta de obras de vários autores, é feito uma reflexão sobre o êxodo urbano, justi-ficando assim a grande afluência que o barlavento do Algarve tem de vários actores. É feito um levantamento de algumas soluções encontradas no território para habitação e comér-cio. Estas soluções provam que existe procura na construção alternativa, para comprir algumas das normas impostas neste território. Por fim, faz-se também um levantamento do estado da arte, representativo de várias experiências, no contexto deste projecto.

Estrutura

A primeira parte da dissertação está dividida em cinco capítulos que apresentam e justificam a na-tureza do projecto; desde a apresentação fisica do local, a casos de estudo, conceitos, tendências e soluções que justificam o desenvolvimento da solução, encontrada e aprofundada na segunda parte da dissertação.

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3.0 _CONTEXTUALIZAÇÃO DO LOCAL ONDE SE IMPLANTA O PROJECTO

Neste trabalho, a solução arquitectónica proposta foi idealizada para um vasto território, não ficando limitada a uma pequena área de construção, conceptualizado para uma maior extensão, o barlavento do Algarve. No entanto, é proposto, um exemplo de apropriação de um local específi-co. A escolha do Algarve como território para desenvolver este trabalho proposto, é também, sem dúvida, a grande relação do Autor com esta região de Portugal. Para além disso, é uma região muito rica a nível cultural, paisagístico e geológico, sendo alvo de vários estudos para trabalhos ciêntificos em diversas àreas. Toda esta riqueza, e as condições climatéricas, atraíem milhares de pessoas ao Algarve há mais de 70 anos. Tornando-se, assim, um lugar em constante transfor-mação.

3.1_Algarve

Segundo Catarino(1999), com uma História milenar a região do Algarve conta com a presença humana desde a pré-história bem visível através da proliferação de estruturas megalíticas. O território algarvio, apesar da sua variedade geográfica - Serra barrocal; Litoral; Sotavento; Barlavento - sempre viveu como um todo autónomo. Apresenta uma unidade geográfica claramente individualizada no território português, tendo a Serra do Caldeirão e a Serra do Espinhaço de Cão, contribuído para o seu isolamento geográfico. A sua morfologia dota-se de uma série de portos e baías, em nada comparável ao resto do terri-tório português. O mesmo autor acrescenta que as populações autóctones que habitam o Algarve têm, devio à sua situação geográfica a partir do início do 1º milénio, contactos regulares estabelecidos com mercadores Fenícios, Gregos, Tartessicos, Púnicos e Romanos. O Mar Mediterrâneo aprsenta-se, assim, como agente dinamizador de trocas entre núcleos urbanos, relacionando povos e culturas. Estes núcleos urbanos localizavam-se junto à costa e à foz dos rios navegáveis, privilegiando lugares relativamente elevados. Um território pontuado por estruturas polítcas e urbanísticas, cuja actividade principal era o comércio com os povos do Mediterrâneo. Assim foi o Algarve reconhecido pelo domínio Roma-no sendo, no entanto, progressivamente influenciado por novos padrões civilizacionais. A região algarvia terá sido, na antiguidade, uma das mais prósperas e importantes do território nacional.

O autor defende ainda que a chegada do mundo islâmico, no século VIII, se deu através do comércio e da difusão de uma religião bem adaptada aos princípios do mercado. Os centros Mer-cantis prosseguiram os seus contactos com o Mediterrâneo. De novo, progressivamente influên-ciado por novos povos e culturas, como os Berbéres e Iemenitas que povoaram o Gharb Al’anda-luz (CATARINO, 1999).

«A partir de meados do século XIII o Algarve integrou o Reino de Portugal. Para trás ficaram mais de 5 séculos de islamização e também a história comum com o mediterrâneo (...)» (MACIAS, 1999)

Ao longo de séculos a região algarvia acumula saberes no comércio e navegação muito úteis ao século XIV, quando da transferência do comércio Mediterrâneo para o novo comércio a partir do Atlântico. Esta nova orientação dá ao território algarvio de novo uma situação priviligiada, numa nova rota comercial e abertura a novos mundos.(MACIAS, 1999)

A Revolução Industrial chega ao Algarve a meio do século XIX, através das indústrias conservei-ra e da cortiça. Ambas se devem à existência das matérias primas e ao investimento estrangeiro. Quando, após a Revolução Industrial, a Europa do Norte começa a tomar, nos domínios da

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cultura, um lugar cada vez mais importante, continua a ser para o Mediterraneo que se voltam os interesses. (MANIQUE, 1999)

Os povos do norte sentem-se atraídos pelas condições climatéricas e vida mediterrânica, pelo prestígio histórico. No fim do século XVIII desenvolve-se o interesse pelas termas, com a chegada do século XIX, as caldas de Monchique atraem um grande número de visitantes.

Após as termas, são os banhos de Mar que atraem famílias. Surgem, assim, os primeiros hotéis e vivendas sobre o Mar, acompanhadas de casinos e, mais tarde, aglomerações inteiramente novas.

Após a primeira Grande Guerra, os Ingleses desenvolvem negócios no Algarve; é também o período áureo da economia da conserva e dos frutos secos. Já no início do século XIX, o ócio da elite endinheirada era visto como a mola real para o desen-volvimento turístico, sendo o Algarve uma alternativa ao turismo muito em voga no norte de Áfri-ca. Em 1928, surge a primeira publicação, com objectivo turístico, em língua estrangeira. O turismo em larga escala começou em 1930 com a generalização do automóvel, novas estra-das e transportes. (FLORES, 1999)

O turismo prolifera, a quantidade de visitantes não pára de aumentar. Nos dias de hoje, estrangeiros vindos de países prósperos, não se limitam a passar férias mas desejam instalar-se. No Algarve, a riqueza da terra e do Mar, a suavidade do clima, a dimensão humana da pai-sagem, de harmoniosas proporções, convidam a ficar.

3.2 _O Barlavento

No final da década de 1970, no Algarve, o turismo de massas e a construção civil, estavam de mãos dadas. Diferentes complexos turísticos foram construídos no litoral, especialemnte entre a Praia da Rocha e Faro. Hoje, são as zonas mais densas na época balnear. Do lado Oeste do Algarve, em 1988, foi delineado uma área protegida, hoje com o nome Parque Natural Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina. (SILVA GRADE, 2014) Neste território protegido e áreas adjacentes, a construção e exploração turísticas foram mais temperadas devido às restrições impostas. Actualmente existe um aumento na afluência de pessoas a este território, tanto turístas, como locais ou pessoas que procuram um novo local para viver. (SILVA GRADE, 2014)

O Algarve sempre foi um território como uma região separada do resto da Península Ibérica. Foi um lugar de passagem de muitos povos e culturas, uma zona rica em recursos e geograficamente estratégica. Esta mistura de culturas continua a enriquecer o Algarve na actualidade, contribuindo, assim, para uma caracterização própria do território, nomeadamente, a partilha de culturas. O projecto que se apresenta neste trabalho é o encontro de uma maneira de construir no terri-tório, que procura criar uma identidade própria e oferecer uma solução a quem procura um lugar para viver neste território.

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Imagem 3A - Ortofotomapa

3.3 _Local de intervenção

O projecto de habitação modelar que se propõe, está conceptualmente pensado para ser im-plantado no barlavento algarvio. Pelo facto de se tratar de uma zona mais protegida da cons-trução e, ainda, manter uma maior autenticidade da sua paisagem natural. No entanto, foi definido uma área, para implantar várias habitações de diferentes tipologias. Essa área é junto a uma linha de água, protegida pelo vento dominante de noroeste. A morfologia do terreno permite explorar diferentes composições nas tipologias de habitação e complementá-las com os vários elementos envolventes, uma vez que existe alguma irregularidade no terreno e quase que um anfiteatro na-tural. Na proposta de implantação, sugere-se várias tipologias, desde diferentes habitações com um variado número de módulos, até habitações que partilham modulos de serviços.

O local de intervenção é uma área a 400 metros da praia da Cordoama na Vila do Bispo, assi-nalado na imagem abaixo.

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4.0 _VIVER EM ESPAÇOS PEQUENOS 4.1 _Projectos de habitação A arquitectura está em todo o espaço habitado e, como qualquer arte, procura criar sensações na vivência do espaço. O espaço de habitar pode estar presente num lugar natural ou num lugar construído pelo Homem e pode ser grande ou pequeno, confortável ou desconfortável. Atualmente, numa sociedade marcada pelo consumo e pelo excessivo acesso a recursos essenciais, o espaço arquitectónico tende a ser visto como espaço caracterizado por áreas am-plas e muito recheadas. No entanto, começa a surgir uma nova consciência que, muito subtil-mente, emerge na abordagem à exploração dos recursos naturais. São vários os factores que nos alertam sobre o excessivo consumo de alguns recursos no-meadamente as abelhas desaparecem com a utilização excessiva de pesticidas; o petróleo e gás natural responsáveis pela subida da temperatura global; a água que escasseia em determinadas regiões do globo... São inúmeros os acontecimentos globais derivados do consumismo excessivo da sociedade ocidental. Em 2015, a cimeira de Paris – 21ª Conferência das Nações Unidas (COP21) – procurou que os diferentes governos a nível mundial definissem estratégias de acção que visassem a protecção do nosso ambiente natural, através da redução de actividade e produção económica como, a queima de combustiveis fósseis e a consequente libertação de gases que interferem no clima mundial. Estas iniciativas, a nível mundial, reflectem-se em diferentes planos da vida social e económica, nomeadamente, no plano da arquitectura, no uso de materiais, na versatilidade dos espaços, na relação com a envolvente, na sua mobilidade e autonomia. Com a consciencialização ambiental e social, surgem novas formas de pensar o habitar e o modo como este interfere com o meio ambiente onde se insere, estabelecem-se novos parâmet-ros. A habitação reduzida ao mínimo surge como uma vontade e não (só) como uma necessi-dade. São vários os exemplos, tal como “Micro Vivenda”, “Wikkelhouse”, “Koda House”, “Casinha Contentor”, “Casa na Natureza” e “Mima Light”. Todos estes projectos tiveram uma grande visibili-dade nas redes sociais.

Imagens 4A; 4B; 4C - Smarta Kvadrat, a micro vivenda.

Imagem 4D - Wikkelhouse

O projecto “Micro Vivenda”, do estúdio escandinavo Tengbom Architect, permite aos estudantes terem a sua independência junto da escola ou do local de trabalho, a baixo custo, e todas as ne-cessidades básicas de uma habitação, com apenas 10m².Embora o espaço seja reduzido, tem tudo o que o estudante necessita para habitar: uma mezza-nine para dormir; cozinha; casa de banho; e, ainda, uma zona de pátio para uma pequena horta. (ATELIER TENGBOM, 2017)

Outro projecto, muito divulgado nas redes sociais, foi a “casa feita de papelão”. Um projecto do atelier Fiction Factory, a “Wikkelhouse”. Mereceu destaque pela sua construção em papelão, com uma durabilidade garantida de 100 anos. Através de vários módulos, é uma alterna-tiva para quem precisa de espaços pequenos e indepen-dentes. Destaca-se, também, a característica “off grid”, autónoma em termos de energia e água. (FICTION FACTO-RY, 2017)

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“Koda” è um projecto da empresa Kodasema, uma unidade de 25m² com todas as infra-estru-turas. Destaca-se neste projecto, a flexibilidade do espaço para ser uma habitação, um hotel, uma loja ou um escritório. Pode ser implantado em espaço, tanto rural como urbano, dependendo do objectivo a que se destina e da vontade/necessidade do seu utilizador. (KODA HOUSE, 2017)

“[...] KODA pode ser uma casa no centro da cidade, uma casa de Verão perto da praia, um café acolhedor, um escritório, uma oficina ou estúdio ou até uma sala de aula. É independente, não fixa ao solo, e o design inteligente e ecológico, com uma concepção modular, permite que seja configurada para criar um espaço maior. Os componentes internos, mesmo as paredes, podem ser ajustados para atender uma finalidade de forma mais eficaz. [...]” (CUNHA, Andreia; P3 Público; http://p3.publico.pt/cultura/arquitectura/22126/uma-casa-movel-e-sustentav-el-que-se-constroi-em-menos-de-um-dia)

Imagens 4E; 4F; 4G; 4H - Koda House, as diferentes tipologias possíveis no mesmo espaço

Imagens 4I; 4J - Casinha Contentor, um simples contenctor, implantado em qualquer local para qualquer necessi-dade.

A revista digital HOMIFY, publicou o projecto “A casinha contentor” com 15m², do atelier bra-sileiro Arquitectura em Container. Esta revista digital conta com mais de onze milhões de seguidores e revela algumas das maiores tendências actuais. A habitação contentor caracteri-za-se pelo seu aspecto industrial, mas com um especial cuidado na entrada de luz natural. Tal como a KODA House, é um espaço versátil que tanto pode ser um espaço para habitar, tra-balhar, ou um espaço de comércio. (CASINHA CONTENTOR, 2017)

Imagens 4L; 4M; 4N - Casa na Natureza, para se desligar do Mundo

De referir, ainda, o retiro desenhado por estudantes da escola de design de Harvard. Pequenas cabines de 15 a 18m² no meio da Natureza, para relaxar da vida agitada das grandes cidades, com o objectivo de “desligar do Mundo”. Longe dos luxos exuberantes, este espaço é relaxante, com frigorifico, fogão, lavatório e outras necessidades básicas. (VOLTA AO MUNDO, 2017)

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Imagens 4O; 4P - MIMA Light, uma solução visual para reduzir o impacto no solo.

Outro exemplo de espaço arquitectónico envolvido na Natureza, é o MIMA Ligth. O jornal P3, semanário do Público, publicou um artigo a divulgar esta obra dos arquitectos da MIMA House, empresa portuguesa. Este elemento, com um desenho muito minimalista, tem o aspecto de estar a levitar. Através de uns espelhos que reflectem a envolvente, tendo um baixo impacto no solo. (P3 PÚBLICO, 2017)

Estes projectos, divulgados, essencialmente, em meios de comunicação generalista, revelam, de facto, um interesse do público por elementos de habitação de pequena dimensão, discretos, autónomos/autosuficientes, com uma forte relação com a envolvente e que recorrem à utilização de materiais reutilizáveis, como a madeira e o cartão. Revelam ainda: consciência de que luxo não é materialismo; versatilidade do espaço; funcionalismo prático; crescente migração para áre-as rurais; estilo de vida descentralizado. Estas características são palavras-chave presentes nas Casas Modulares do Barlavento que esta investigação se propõe desenvolver.

Estes projectos não só representam uma tendência, como óptimas soluções ao nível da escolha de materiais de construção; da organização do espaço; da sua versatilidade para diferentes tipo-logias e da valorização da envolvente. Estas soluções técnicas e funcionais apresendam-se como factores preponderantes para o projecto que se pretende desenvolver, uma vez que já foram estu-dadas, implementadas e testadas por diferentes utilizadores que confirmaram a sua mais-valia na utilização e vivência do espaço.

Estes modelos habitacionais foram desenvolvidos em diferentes sítios do planeta mas, quando se trata de ocupar um território específico, devemos ter em conta uma determinada identidade ao construir habitação. Procura-se identidade própria na uniformização das formas. Portanto, o pro-jecto que se apresenta procura encontrar um padrão e multiplicá-lo pelo território, criando marca no território.

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imagens 4U; 4V; 4X; 4Z - Vida dentro de uma Caravana e o seu conforto.

Imagens 4Q; 4R; 4S; 4T - Vida abordo de um Veleiro no meio do Oceano Atlântico.

4.2_Outras formas de habitar 4.2.1_Veleiros Este é um tema que ajudou a impulsionar o pensamento de habitar espaços pequenos, em grandes envolventes. A utilização de poucos recursos e equipamentos no dia-a-dia e, não menos importante, o grande valor em viver em comum com a envolvente, de forma racional e consciente. Veleiros e Caravanas são equipamentos que servem para viver directamente com a envolvente. São móveis e transportam consigo os equipamentos necessários para uma determinada autono-mia. Habitar um lugar tão árido como o oceano, exige a utilização mínima dos recursos. A vida a bor-do de um Iate faz-se, tão ou mais saudável, que num grande apartamento numa grande cidade. Os Veleiros, por exemplo, têm uma capacidade autonoma de dois ou mais meses no mar. São espaços pequenos e todos os recursos são utilizados racionalmente sem desperdício, procurando o conforto exigido pelo bem-estar dos tripulantes.

4.2.2_Caravanas As Caravanas, especialmente no Algarve, tanto para férias como para habitação permanente, têm-se revelado uma grande tendência. Estes pequenos espaços de habitar, permitem a total possibilidade de permanecer em diferentes espaços envolventes. Estão equipados com as neces-sidades para o dia-a-dia. A retirar destes exemplos, são as super eficientes soluções de rentabi-lização de espaço e a persepção de como viver de modo eficiente.

O facto de estes espaços de habitação serem móveis, faz deles elementos autosuficientes. O projecto que esta investigação apresenta, procura este conceito aplicado num tipo de vida se-dentário. O que se tira destes exemplos é o facto de serem espaços independentes, a nível de recursos, da envolvente. Permite um extremo baixo impacto no solo e no ambiente que o rodeia.

O diferentes tipos de habitação apresentados partilham, todos, uma atitude racional na forma de viver um espaço. Rentabilizar e racionalizar os recursos faz parte do dia-a-dia.

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5.0 _ÊXODO URBANO - A 2ª RURALIDADE

Portugal tem cada vez mais população na orla litoral. O número de habitantes, nas freguesias que confinam com a costa, aumentou 68%, entre 1970 e 2011.

O Algarve é, após a área metropolitana de Lisboa e Porto, a região de maior afluxo populacional.Esta migração do início do século XXI processa-se num contexto onde se esbate a fronteira entre o rural e o urbano. (GARCIA, 2012)

«os atores do mundo rural e da 2ª ruralidade serão muito diversificados nas suas vocações e experiências. Do mesmo modo serão muito diversos os pre-textos para as suas incursões ao mundo rural. A principal característica destes novos atores é pois a sua mobilidade e pendularidade.» (COVAS, 2012):

A tendência do crescimento populacional nos aglomerados de pequena dimensão, surge em antí-tese do processo de urbanização, sendo assim apelidado de contraurbanização (BERRY 1976). A contraurbanização é um fenómeno heterogéneo, tanto nas localidades como nas motivações e nos grupos sociais envolvidos. Na diversidade da contraurbanização encontramos:- A migração da classe média urbana para áreas rurais, movida por anseios de uma melhor quali-dade de vida.-Uma relocalização voluntária, levada pela descrença da vida nas grandes metrópoles.-O movimento social de retorno ao campo, orientado na busca da autossuficiência.Esta ampla diversidade é, hoje em dia, motor da gentrificação do espaço rural.

Dentro de vários actores do actual espaço rural, destacam-se neste trabalho, as ruralidades radicais e os neo-rurais;

«As ruralidades radicais destacam-se por uma rutura com o sistema capitalista, através da produção de uma realidade fundamentalmente diferente» (LE FEVRE, 1991) «Os neo-rurais, indivíduos provenientes do meio urbano que motivados por razões socio económicas, culturais, e/ou ambientais, mudaram pela primeira vez ou regressam ao meio rural, exercem actividades agrícolas ou não agríco-las no campo» (ROCA, 2011)

Estes grupos com residência em espaço rural e com actividade rural ou outras actividades económi-cas, caracterizam-se por um pensamento ecológico, inspirado na sustentabilidade, nas energias limpas, na localização (ao contrário da globalização) e na procura de um sistema financeiro diferido do vigente. Estes grupos apresentam-se como agentes da revitalização do espaço rural, que procuram va-lorizar o local e reconhecem a sua importância.

Estes estilos de vida «procurando a autossuficiência, descentralizada, de pequena dimensão, discreta, que incrementa a biodiversidade, minimiza o consumo e a incorporação de recursos não renováveis, reflete uma ocupação e utilização do solo – LID – Low Impact Delopement – “um tipo de povoamento que em virtude do seu impacto reduzido ou benigno poderá ser autorizado em lo-calizações onde a urbanização convencional é proibida” (FAIRLIE, 2009)»

Segundo Covas(2011), os novos actores da 2ª ruralidade são:

«-Os residencialistas nostálgicos, para quem o campo é uma campo de re-

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cordações e recolhimento;-Os periurbanistas pendulares, que fazem a navette cidade-campo, em movi-mentos sucessivos de “descarga e recarga biológica”;-Os ecologistas militantes, para quem o campo é um campo privilegiado para combate em nome de grandes causas;-Os “excursionistas” da natureza, para quem o campo é uma “experienciação” inesquecível;-Os caçadores reservistas, para quem o campo é uma oportunidade de acertar no pássaro;-Os desportistas radicais, para quem o campo é uma experiência plena de emoções fortes e únicas;-Os paisagistas e conservacionistas, para quem o campo é um quadro pictórico e um mosaico ecossistémico;-Os agricultores biológicos e os produtores alternativos, para quem o campo é uma espécie de regresso à terra-mãe biológica;-Os patrimonialistas populares e as culturas locais, para quem o campo é um repositório de histórias e mistérios;-Os investigadores nos mercados de carbono, para quem o campo é um depósito precioso e valioso para o sequestro do carbono;-Os consumidores funcionalistas e o soft food, para quem o campo é um re-positório de dietas e mezinhas;-Os Arquitectos da sustentabilidade e da bio-regulação climática, para quem o campo é uma fonte inesgotável de materiais e bioregulação;-Os agricultores em hortas sociais e comunitárias e o institutional food, para quem o campo é um campo de solideriedade para com os mais desprotegidos;-Os agricultores verticais em espaço urbano, para quem o campo é um campo que cresce em altura no meio das nossas cidades;-Os empreendedores pós-convencionais de produtos denominados, para quem o campo é uma fonte inesgotável de produtos com história e identidade;-Os empreendedores dos vários modos de turismo em espaço rural, para quem o campo é um imenso repositório de amenidades e momentos de recreio e la-zer;-Os empreendedores produtivistas em busca de novos recursos naturais, para quem o campo, com solo ou sem solo, é essencialmente um produto da tecnolo-gias mais recente;-Os empreendedores rentistas atrás de uma mais-valia fundiária ou imobiliária, para quem o campo é essencialmente um activo temporariamente devoluto e uma fonte de enriquecimento fácil;-Os empreendedores de ocasião atrás de uma oportunidade comercial de curto prazo, para quem o campo é essencialmente um negócio de ocasião, com retor-no rápido;-Os jovens empreendedores atrás de uma primeira instalação profissional, para quem o campo é uma oportunidade para iniciar a sucessão intergeracional.»

Conceitos como a contraurbanização, gentrificação do espaço rural, Low Impact Developement e fenómenos como neo-rurais e ruralidades radicais, mostram uma clara revalorização e desejo de viver em áreas rurais. Assim, faz sentido pensar em equipar, regularizar e facilitar o precesso de habitação nos espaços rurais.

Estes conceitos ajudam-nos a entender que existe, realmente, um movimento concreto de pes-soas a recorrer a lugares alternativos para criar uma vida. Um deste lugares é, poderá ser, o Bar-lavento Algarvio, o Algarve, Portugal, a Península Ibérica, tal como refere Adrián Dominguez, «Eles são os “neo-rurais” da Península Ibérica». (PÚBLICO, 2016) Este projecto de habitação modular no Barlavento procura dar resposta a esta tendência, criando um espaço para habitar e respeitando estes conceitos.

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6.0 _LEVANTAMENTO DE ALGUNS EXEMPLOS DE ESPAÇOS PARA HABITAÇÃO E/OU AC-TIVIDADE ECONÓMICA NO BARLAVENTO ALGARVIO.

Os Concelhos Municipais do Barlavento do Algarve partilham todos de restrições semelhantes no que respeita às normas aplicadas à construção, inclusivé a câmara de Vila do Bispo que se inclui no Parque Natural Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina. As várias leis gerais - como o PDM, RAN, REN, regulamento do Parque Natural e Rede Natura - impedem a construção de um espaço habitável de raiz. A exepção aplica-se quando, no mesmo lugar, existiu uma construção anterior a 1951, ou já licenciada pela Câmara Municipal. Estas restrições na construção promovem formas alternativas de construção. Apresentam-se quatro casos frequentes no território do Barlavento Algarvio:

- O primeiro, trata-se de um camião-TIR, estaciona-do no quintal de uma habitação. Nota-se a impos-sibilidade de mobilização do veículo pelo facto de estar dentro do muro da propriedade. Este camião abandonado, será, possivelmente, um quarto extra da habitação ou, eventualmente, espaço de arru-mos.

- Um outro caso semelhante, e notoriamente mais frequente, é o uso de rolotes ou autocaravanas. Abandonados em terrenos para servir de pequenos espaços de habitar, pelo facto de já não estarem aptos a circular na estrada.

- Outro exemplo é o uso de contentores. Neste caso específico, trata-se de escritórios de empre-sas marítimo-turísticas no Porto da Baleeira, em Sagres. São uma solução temporária encontrada pelos operadores para receberem os seus clientes.

- Por último, efémeras construções de madeira que abrigam sazonalmente escolas de surf na Costa Vicentina. Tanto estas construções das escolas de surf, como os apoios de praia, são registos arqui-tectónicos pontuais que (des)caracterizam a costa barlaventia

Imagem 6A - Camião estacionado no quintal.

imagem 6B - Rolote entre arbustos num terreno no Parque Natural.

Imagem 6C - Escritórios de marítimo-turísticas no Porto da Baleeira em Sagres.

Imagem 6D - Armazém de escola de surf na Praia do Amado na Carrapateira.

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Muitos destes casos existem para fugir às exigências de construção. Assim, são indetermináveis as soluções. Desta forma, descaracterizam o território, a própria envolvente e a linguagem arqui-tectónica. Neste sentido, o projecto que se pretende desenvolver procura encontrar uma possibili-dade de criar uma identidade neste tipo de soluções, ao longo de todo o território.

Como resultado do desenvolvimento económico e migratório, surge a necessidade de criar es-paços de habitação e de comércio. O capítulo anterior (3._Êxodo urbano - A 2ª ruralidade) apre-senta semelhantes factores que levam as pessoas a procurar locais como o território que este projecto pretende desenvolver. Resultado disso, é o surgimento de várias e diferentes soluções para criar espaços de habitação e comércio. O projecto proposto pretende cumprir os requisitos aceites por este movimento de regresso ao mundo rural, ao mesmo tempo que produz no território uma identidade própria, através dos ele-mentos arquitectónicos que representam este novo movimento rural.

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7.0 _ESTUDO DE CASOS/ESTADO DA ARTE Alguns casos de estudo serão apresentados para abordar algumas questões que incidem no pro-jecto. São uma compilação de várias soluções para o sistema de modelos, com várias características que se enquadram para a habitação Modular no Barlavento Algarvio.

7.1 _Containers of Hope, Costa Rica Arq. Bejamin Garcia Saxe

Gabriela Calvo e Marco Peralta sempre sonharam viver na sua propriedade, longe da cidade, e apreciar a paisagem natural. Era importante a relação da casa com o pôr e o nascer do Sol, tal como as vistas sobre a paisagem. O cliente e o arquitecto optaram por explorar a possibilidade de criar uma casa a baixo custo, através de contentores. A partir de uma estrutura base (os conten-tores) é possivel criar um espaço habitavél, confortável, com forte relação com a envol-vente e de baixo custo. (ArchDaily, 2011)

Imagem 7B - Montagem. Imagem 7C - Relação com a envolvente.

Imagem 7A - A composição de vários contentores produzem um espaço para habitar

A construção em contentores é, bastante comum na construção modular. São peças de medidas pré-definidas, combinadas consoante vários factores. As possibilidades são infinitas. Factores como, tipologia, implantação e relação com a envolvente, desenham o espaço a habitar. Conceitos como viver na Natureza, construção de baixo custo, espaço de conforto e a com-posição do espaço habitável, através de elementos espaciais pré-definidos, merecem uma atenção relevante para entender a intenção do projecto desta dissertação.

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7.2 _Mima House, Portugal MIMA

A MIMA Housing, desenvolvida em Portugal, criou uma casa modular que prima pela sim-plicidade, flexibilidade e beleza. Destaca-se pela capacidade de personalizar o espaço pelo proprietário, tanto em projecto como depois da implantação. As paredes interiores são painéis leves que facilmente se recolocam por duas pessoas. Permite uma fácil adaptação a qualquer local e condições geográficas.A MIMA usa a construção com pré-fabricado

Imagens 7G; 7H; 7I - Várias plantas que exemplificam as diferentes tipologias possíveis com a mesma linguagem arquitectónica.

Este é um projecto que, através de uma desenho base, tem uma grande capacidade de per-sonalização, de acordo com as necessidades do utilizador, da tipologia e do local onde será implantado. Tem também a possibilidade de ser alterado ao longo do tempo, consoante as neces-sidades futuras. Estas características são comuns ao projecto que se pretende desenvolver para a habitação modelar do barlavento, por se considerar que correspondem às necessidades do local, bem como aos objectivos iniciais que levaram ao desenvolvimento deste projecto.

para permitir rápida construção em custos baixos. As casas podem ser implantadas per-manentemente ou transportadas para outro local. (MIMA HOUSE, 2017)

Imagem 7D - A MIMA House tem uma linguagem própria que se observa em todas as casas.

Imagem 7E - O espaço interior, é personalizavél e facilmente readaptadas.

Imagem 7F - Um espaço que procura harmonia com a Na-tureza.

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7.3 _Sw Lodge, Portugal Jular

O novo sistema de construção modular SW Lodge - da empresa algarvia de construção Jular - assenta num conceito de painéis modu-lares padronizados, procurando responder às expectativas daqueles que procuram uma se-gunda habitação, um espaço de lazer ou, até, a construção de um empreendimento turístico. Rapidez de montagem, durabilidade, fácil ma-nutenção e versatilidade na escolha dos aca-bamentos, são as linhas mestras das casas SW Lodge.

Este projecto procura essensialmente, uma construção simples e sustentável para viver num ambiente calmo e tranquilo, junto da Natureza. Tal como a MIMA House, procura uma linguagem comum entre as várias casas de tipologias diferentes.

Imagem 7J - Várias casas compõem uma pequena aldeia destas casas modelares.

Imagens 7L; 7M; 7N - Diferentes possibilidades tipológicas.

7.4 _Wood Studio House, EspanhaDom Arquitectura

A implantação da casa foi estudada de for-ma a tirar vantagem das condições climáti-cas, reduzindo o consumo energético e, assim, um menor impacto ambiental.

A Planta rectangular tem o seu lado mais longo exposto a Sul para captar maior radiação solar no Inverno. Aberturas na fachada Norte e Sul permitem o controlo de ventilação natural. A casa assenta sobre pilotis de betão fican-do, assim, elevada acima do nível do terre-no, minimizando o impacto ambiental.

Sete tanques estão por baixo da casa para armazenar as águas da chuva e, assim poder reutilizá-la para algumas necessi-dades da habitação. Os painéis solares, na cobertura, permitem sustentabilidade energética, ficando a casa autosuficiente. A madeira utilizada é reciclada, reutilizavél e de fácil manutenção. O projecto foi monta-do in situ facilitando o transporte das peças.

Imagem 7O - Forte relação com a Natureza.

Imagem 7P - Esquema que mostra a utilização dos recusrsos naturais.

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Este projecto do Atelier Dom, destaca-se pela sua autosuficiência - off the grid -, utilização de materiais recicláveis e minimização do im-pacto ambiental. Esta habitação é um exemplo interessante de como se pode habitar lugares agradáveis sem estarmos dependentes da rede eléctrica e de água, relevando uma forma de viver harmoniosa com a envolvente.

Imagem 7Q - Relação harmoniosa entre os elementos. 7.5 _Add a Room, Dinamarca

Os módulos são construídos em armazém, evitando a criação de estaleiro no local da im-plantação. Os módulos podem ser dispostos conforme as necessidades de espaço e adicio-nados, mais tarde, conforme as necessidades e, pouco a pouco, sem desperdiçar recursos desnecessários. São habitações onde, através de vários módulos, a vivência é feita entre es-paço exterior e interior.

‘Think big live small’ viver em espaços optimizados, viver no interior e exterior de forma a reduzir o impacto ecológico. Neste projecto, como se pode notar nos desenhos, existe uma métrica rigorosa mas que se dilui na organização dos espaços entre interior e exterior. Nos projectos mencionados, foram desenvolvidos conceitos como: composição do espaço habitável através de elementos espaciais pré-definidos; a possibilidade de ser alterado ao lon-go do tempo; adaptação a diferentes exigências; linguagem comum entre as várias habitações de tipologias diferentes; autosuficiência em recursos; viver em espaços pequenos. Assim, as soluções foram estudadas e adaptadas ao projecto que se pretende desenvolver no Barlavento do Algarve.

Imagem 7R - Espaços cheios e vazios compõem o lugar.

Imagens 7S; 7T; - Perspectiva de um exemplo com um módulo e um com três.

Figura 7U - Esquema de planta. A organização métrica dos módulos e a sua flexibilidade de composição.

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8.0 _MEMÓRIA DESCRITIVA DO PROJECTO 8.1 _Conceito

O conceito do projecto que se apresenta parte de um impulso para cumprir as restrições de construção impostos no território do Barlavento do Algarve. As-sim, procurou-se solucionar um espaço de habitação que tenha o menor impacto possível no solo, evitando qualquer tipo de perfurações ou de infra-estruturas no terreno. Trata-se de um tipo de habitação que vai ao encon-tro de uma nova forma de vida (tal com apresentado nos capítulos 2 e 3 da presente dissertação). É um modo racional no uso dos recursos essenciais (água, energia, alimentos, etc) e um encontro com a paixão de saber cuidar e manter o lugar de habitar. Esta von-tade do habitante trabalhar diária/semanalmente (tal com apresentado no capítulo 3 da presente disser-tação) na sua máquina de viver no meio rural, permite que haja uma certa autonomia e independência em relação aos recursos dos sistemas convencionais de abastecimento de energia e água.

Em relação ao espaço arquitectónico, teve-se em conta algumas variantes como: irregularidade do ter-reno; variedade tipológica; flexibilidade económica. Assim, desenvolveu-se um módulo de ̴̴ 12m², po-dendo multiplicar o espaço consoante a necessidade tipológica e a capacidade económica. A articularidade entre módulos implanta-se em harmonia com o terre-no.

A forma do módulo parte de um cubo. Desconstruin-do o cubo, duas arestas são seccionadas ficando, assim, com duas esquinas chanfradas. Uma solução particular que alcança um protagonismo prático, es-tético e sugere espaços de intimidade. Na sua relação com a envolvente, ganha dois novos planos, permitindo novas perspectivas sobre o terri-tório através de vãos. A edição destes novos dois pla-nos ofereçe maior flexibilidade na composição entre módulos.Os módulos combinam-se consoante a tipologia da habitação, a sua relação com oterreno e composição espacial. Este sistema modular permite que a habitação aumente, adicionando novos módulos no futuro.

=

Imagem 8A - O módulo é preparado para usar recursos naturais.

Imagem 8B - Através da descontrução do cubo, adicio-na-se novos anglos com a envolvente.

Imagem 8C - Os módulos associam-se e produzem infinitas possibili-dades.

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Propõem-se seis tipologias diferentes do mesmo espaço modular. Com estes diferentes espaços pode-se projectar uma habitação com quarto, sala, cozinha, casa-de-banho; ou um espaço de trabalho e/ou comércio que pode ter o módulo simples de estúdio e, até, mesmo o módulo de casa de banho ou cozinha, consoante a necessidade. Através do módulo de balneários e cozinha pode-se desenvolver uma área de habitação onde se partilha cozinha e os balneários, para renta-bilizar os recursos entre os habitantes.

A partir do módulo base, criam-se seis diferentes tipologias: - O primeiro, equipado com dois chuveiros e duas I.S., são os balneários partilhados. É ummódulo que pode, por exemplo, servir de apoio a duas ou mais habitações na mesma zona.

- O segundo, metade cozinha, metade casa de banho, é o único módulo com canalizações. Este anexado a um módulo base, completa as necessidades básicas de uma habitação. - O terceiro, tem a mesma intenção que o primeiro - uma cozinha comunitária passível de ser utilizada por várias pessoas que partilham a mesma zona/terreno onde vivem.

- O módulo base, espaço sem divisões, para várias possibilidades, desde quarto, sala, escritório, armazém, etc.

- Os outros dois módulos são espaços exteriores que variam entre espaços com parede e alpen-dre ou apenas um terraço.

Módulo das humidades - Cozinha e Casa de Banho

Módulo Base

Módulo Terraço Alpendre

Módulo Terraço Alpendre

Módulo Terraço

Módulo das humidades - Cozinha e Casa de Banho

Módulo Base

Módulo Terraço Alpendre

Módulo Terraço Alpendre

Módulo Terraço

Módulo das humidades - Cozinha e Casa de Banho

Módulo Base

Módulo Terraço Alpendre

Módulo Terraço Alpendre

Módulo Terraço

Imagem 8D - Módulo casa de banho comunitária.

Imagem 8G - Módulo base.

Imagem 8E - Módulo cozinha + casa de banho.

Imagem 8H - Módulo terraço + alpendre.

Imagem 8F - Módulo cozinha comunitária.

Imagem 8I - Módulo terraço.

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8.2._Estrutura A estrutura do módulo é em gaiola, o que confere maior robustez no conjunto individual. Permite a ausência de estacas implantadas no terreno e oferece alguma plasticidade, desde a abertura de vãos à eventual alteração dos mesmos, no futuro. Por exemplo, a adição de novos módulos.

Cada módulo pode ter a sua caracterização individualizada de aberturas para o exterior. Os vãos são tidos em conta em relação: à implantação do módulo na paisagem, procurando perspectivas cénicas através de uma janela ou porta; à incidência solar; à ventilação natural e, evidentemente, à combinação entre os módulos.

Imagem 8J - Esquema da estrutura do módulo.

Imagem 8L - Esquema das várias possibilidades para os seis lados de fachada de um módulo.

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8.3 _Matéria Construtíva

O material escolhido para a estrutura e revestimento exterior dos módulos, foi a madeira de pinho. É um produto de origem 100% natural, cujo processo produtivo tem baixo custo energético. É renovavél, após a sua função inicial, o que permite a sustentabilidade do sistema e materiais de construção escolhido uma vez que se trata de um material natural local e está garantida a pos-sível reutilização dos materiais no futuro. É um excelente isolante natural, apresenta boas condições térmicas e acústicas. Tem boas capacidades plásticas e enquadra-se bem num conceito de autonomía e forte ligação com a vida na Natureza. Este projecto opta pelo uso da madeira de pinho, não só pelas suas capacidades, como pelo fácil acesso ao material, oferecido pela existência de fábricas que laboram no Algarve.

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8.4 _Infra-estruturas

O módulo das humidades está equipado com dois depósitos de água, um de água limpa e outro de águas negras. O depósito de água limpa está ligado ao sistema de retenção de águas da chuva e, também, a uma entrada para enchimento manual.

A água quente é aquecida através de termoacumulador.

O depósito de águas sujas tem uma válvula de descarga para a sua reutilização.

As águas negras não se incluem neste sistema, pelo facto das instalações sanitárias estarem equipadas com o sistema de casas de banho secas.

Imagem 8M - Sistema de águas sujas e limpas.

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A electricidade é recolhida através de quatro a seis painéis fotovoltaicos de 350V (conforme necessário) e armazenada num depósito de dezasseis a vinte e quatro caixas de baterias de 48V (consoante as necessidades).

A rede eléctrica, ao contrário da rede de águas, pode ser equipada em todos os módulos da habitação.Este sistema permite que os módulos sejam autónomos e independetes da rede.

esquemas electricidades

Painel solar fotovoltaico

Controlador de carga

Baterias

SISTEMA ELÉCTRICO

1

2

3

4

5

1

2

3

4

5

6

6

Inversor 12V-220V

Ficha de alimentação AC 220V

Alimentação de 12V

Imagem 8N - Sistema eléctrico.

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9.0 _FOTOS MAQUETA ES ESTUDO

Ao longo do processo de desenvolvimento do projecto desta dissertação, foram feitas algumas maquetas, para entender melhor a sua espacialidade, organização do espaço e complementaridade entre módulos. A maquete do módulo com cozinha e casa de banho, foi importante para encontrar a melhor solução para disposição dos equipamentos.

Numa fase mais inicial, foi feita uma maquete de estudo da estrutura. Em gaiola, o que confere maior robustez no conjunto individual, permite a ausência de estacas implantadas no terreno.

Imagem 9A - Fotografia da maquete de estudo. Imagem 9B - Interior da maquete do módulo com cozinha e casa de banho.

Imagem 9C - Pormenor da janela, da maquete de estudo. →

Imagem 9F - Pormenor da porta e janela. →

Imagem 9D - Maquete de estudo da estrutura do módulo. Imagem 9E - Pormenor da maquete da estrutura.

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Este trabalho é uma reflexão do autor sobre um território específico. Um território em constante trans-formação. Esta investigação pretende ser o início de um trabalho a ser continuado, desenvolvendo as questões técnicas dos módulos e entender a complementaridade dos elementos envolventes.

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11.0 _Bibliografia

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