Trabalho em Foco

8
Assédio moral é pauta do MPT 6 e 7 Ano 3 Número 15 | Recife(PE), novembro/dezembro de 2013 Jornal Bimestral do Ministério Público do Trabalho em Pernambuco 8 5 3 Desmobilização em Suape terá atenção de fórum Netuno sofre condenação na justiça Congresso debate direito portuário e aquaviário Ilustração:Cyrano Vital

description

Jornal bimensal do Ministério Público do Trabalho (MPT) em Pernambuco. Edição novembro/dezembro de 2013.

Transcript of Trabalho em Foco

Page 1: Trabalho em Foco

Assédio moral é pauta do MPT6 e 7

Ano 3 Número 15 | Recife(PE), novembro/dezembro de 2013Jornal Bimestral do Ministério Público do Trabalho em Pernambuco

853

Desmobilização em Suape terá atenção de fórum

Netuno sofre condenação na justiça

Congresso debate direito portuário e aquaviário

Ilust

raçã

o:C

yran

o V

ital

Page 2: Trabalho em Foco

Trabalho em Foco - novembro/dezembro 2013

2

CURTAS

O trabalho infantil e o diálogo isntitucional

José Laízio Pinto JúniorProcurador-chefe

EDITORIALEDITORIAL

EXPEDIENTE

Trabalho em Foco | Ano 3 Nº 15 - MPT em Pernambuco

Procurador-chefeJosé Laízio Pinto Júnior

Procurador-chefe substitutoPedro Luiz Gonçalves Serafim da Silva

Procuradores Regionais do TrabalhoWaldir de Andrade Bitu Filho; Aluísio Aldo da Silva Júnior ; Maria Angela Lobo Gomes;

Elizabeth Veiga Chaves

Procuradores do TrabalhoJorge Renato Montandon Saraiva; Melícia Alves de Carvalho Mesel; Débora Tito Farias;

Adriana Freitas Evangelista Gondim; Leonardo Osório Mendonça; Janine Rego de Miranda; Chafic Krauss Daher; Lorena Pessoa Bravo; Marcelo Crisanto Souto Maior; Rogério Sitônio

Wanderley; Jailda Eulídia da Silva Pinto; Maria Roberta Melo Komuro da Rocha; Ulisses Dias de Carvalho; Vanessa Patriota da Fonseca; Gustavo Luís Teixeira das Chagas

Chefe de GabineteWalquíria Mendes de Andrade Santos

Assessoria de ComunicaçãoMariana Banja

jornalista (DRT/PE - 4345)

Redação e ediçãoMariana Banja

Laís Reis |Tamires Coutinho - estagiárias

Projeto gráfico e diagramaçãoLeopoldina Mariz Lócio

Fotografia - Arquivo MPTImpressão - MXM Gráfica

Endereços e contatosRecife

Rua Quarenta e Oito, 600Espinheiro | 81 2101 3200

Caruaru Rua Rádio Clube de Pernambuco, 47

Maurício de Nassau | 81 3721 4336

PetrolinaAvenida Gilberto Freire, s/nVila Mocó | 87 3861 6864

www.prt6.mpt.gov.brwww.twitter.com/mpt_pernambuco

www.facebook.com/mpt.br

Recente reportagem do Jornal do Commercio chamou a atenção da sociedade pernambucana para o problema do trabalho infan-til. A imagem de uma criança de 10 anos incompletos nadando na imundície do canal do Arruda para coletar embalagens reci-cláveis com as quais poderia obter até cinco reais para ajudar a família de dez irmãos sensibilizou a muitos e ganhou repercussão internacional. Uma criança negra, bonita, desinibida e articula-da, cheia de sonhos e com o futuro potencialmente comprome-tido por suas condições de vida, por sua constante exposição a risco. Se o estado brasileiro não superar o desafio de erradicar o trabalho infantil e todo o contexto em que ele se dá, não entrará jamais no rol das nações desenvolvidas.

(…)

Por uma falha de percepção do senso comum, ou por preconcei-to, no Brasil, costuma-se ter ojeriza à política e a tudo que a ela diga respeito. Talvez porque confundida com o sistema partidário em vigor, grande parte das pessoas prefere não se envolver e ge-neralizar as situações e os procedimentos, inclusive situando os políticos, em geral, na escala mais baixa da dignidade humana. Respeitando as posições divergentes sobre o assunto, cabe-nos reconhecer a relevância da política e do parlamento para a de-mocracia, regime cuja tutela é constitucionalmente entregue ao Ministério Público.

Para além disso, é preciso que as instituições mantenham um ca-nal de diálogo entre si, respeitando os espaços em que cada uma delas deve agir no desempenho das missões que a elas são confia-das pela própria Constituição da República. O respeito mútuo e o diálogo institucional são premissas básicas para a harmonia entre os poderes. Se uma delas falta, o sistema se desarmoniza e abre-se espaço para a instabilidade institucional com acusações recíprocas de invasão de espaços de poder.

Embora não se constitua em um dos poderes da República, tal como na clássica concepção de Montesquieu, o Ministério Pú-blico possui status de poder, e, nesse escopo, não deve constran-ger-se em dialogar com os poderes instituídos. Outra não foi a posição do novo Procurador-Geral da República, Dr. Rodrigo Janot, para quem “o Ministério Público não pode isolar-se do convívio social”. O diálogo institucional não apequena ou des-merece. Pelo contrário, o fortalece e o amadurece, tornando-o uma instituição cada vez mais respeitável.

Os compromissos do estado brasileiro foram traçados na consti-tuição de 1988. A solução dos problemas que afligem à popula-ção, entre eles o trabalho infantil, passa, necessariamente, pela vontade política firme e determinante em tratar com absoluta prioridade a questão. Não há outra coisa a fazer.

Com o intuito de conseguir emendas orçamentárias, os procuradores chefe e substituto, José Laízio Pinto Júnior e Pedro Serafim, estiveram no Congresso Nacional nos meses de outubro e novembro. As idas a Brasília serviram para articular com os parlamentares um reforço no orçamento do Ministério Público do Trabalho (MPT) em Pernambuco para o ano de 2014. Além da possibilidade de recursos provenientes de emendas individuais, foi articulada uma emenda da bancada pernambucana, no aporte de R$ 60 milhões. A articulação foi subscrita pelos deputados Augusto Coutinho (DEM), Mendonça Filho (DEM) e Raul Henry (PMDB). Para o procurador-chefe, José Laízio, o apoio dos parlamentares, sobretudo por meio da emenda de bancada, reflete a percepção do Poder Legislativo em reconhecer no MPT a importância da sua atuação, na defesa dos interesses dos trabalhadores de Pernambuco. As emendas irão garantir a execução de obras prioritárias na unidade, como a construção da sede. A ação contou com apoio da Procu-radoria Geral do Trabalho, com os esforços da Assessoria Parlamentar e da Corregedoria do MPT.

Orçamento 2014

Page 3: Trabalho em Foco

MPT em Pernambuco: Direito, informação e cidadania

3

Fórum é criado para monitorar desmobilização de trabalhadores em Suape

As primeiras providências para iniciar as fis-calizações das dispensas dos mais de 42 mil trabalhadores de Suape já foram tomadas. Um fórum que visa discutir questões ligadas à des-mobilização foi formalmente criado durante audiência pública com as empresas da Refi-naria Abreu e Lima, realizada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) em Pernambuco e pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE), em novembro.

A ideia da criação do fórum surgiu diante das várias denúncias de irregularidades trabalhis-tas recebidas pela SRTE e pelo MPT, relacio-nadas às demissões que já acontecem em Su-ape. Por meio dele, será possível ampliar as discussões sobre quaisquer problemas encon-trados, de maneira a garantir o direito dos tra-balhadores, bem como pensar sobre questões de recolocação da mão de obra. Batizado por “Remos - Relocação de Mão de Obra de Suape e questões afins”, o fórum será formado por várias instituições, entidades e empresas liga-das à refinaria.

A primeira reunião do Remos foi marcada para o dia 11 de dezembro, ocasião na qual o MPT determinou que as empresas apresentas-sem o histograma da desmobilização, que deve conter as funções dos empregados e a previsão dos desligamentos.

Durante a audiência, o MPT ainda solicitou às empresas que compõem a Refinaria Abreu e Lima a apresentação de uma série de documen-tos sobre a situação dos trabalhadores, que, en-tre outros aspectos, deve conter a relação das empresas afiliadas, o número total de empre-gados e o calendário de término das obras de cada empresa. Foi fixado prazo de 30 dias para que a documentação seja encaminhada digi-talmente ao MPT. A audiência foi conduzida pelos procuradores do Trabalho Débora Tito, Lorena Bravo e Rogério Wanderley em conjun-to com os auditores fiscais do Trabalho Carlos Asfor, Rafel Trigueiro e Vera Lúcia Amorim.

Grupo será formado por diversas instituições, entidades e empresas

MPT procura evitar que hajam irregularidades nas demissões

MPT em Pernambuco: Direito, informação e cidadania

3

Obras da Refinaria Abreu e Lima já estão em vias de acabar

Page 4: Trabalho em Foco

Trabalho em Foco - novembro/dezembro 2013

4

Pagamento do 13º salário deve obedecer regras

O décimo terceiro salário, também conhecido como gratificação natalina, é um benefício compul-sório instituído por lei em 1962 que faz parte dos direitos trabalhistas. Ele corresponde à remunera-ção proporcional ao tempo de serviço do emprega-do prestado ao empregador. Neste ano de 2013, o pagamento do 13º salário deverá injetar cerca de R$ 143 bilhões na economia, segundo estimativas do Departamento Intersindical de Estatística e Es-tudos Socioeconômicos.

Todos os trabalhadores urbanos, rurais domésticos e temporários, além de aposentados e pensionistas,

Gratificação faz parte dos direitos do trabalhador e, se descumprida, pode gerar ônus ao empregador

têm direito à gratificação. Para os temporários, o pagamento deverá ser feito no ato de rescisão de contrato, junto às férias proporcionais. Já para os estagiários, a legislação da categoria não contem-pla o benefício.

O valor a ser pago varia de acordo com a quantida-de de tempo trabalhada durante o ano e deve ser efetuado em duas parcelas iguais nos meses de no-vembro e dezembro, respectivamente. Comissões e horas extras também devem ser contabilizadas du-rante o cálculo. Os adicionais de insalubridade e de periculosidade também integram o 13º salário, mas, por serem percentuais sobre o salário-base, não entram dentro da média, devendo ser conce-didos integralmente.

Um dos direitos do trabalhador é o adiantamen-to de 50% do décimo terceiro no mês de férias. Para isso, é necessário solicitar ao empregador até o final do mês de janeiro do mesmo ano. Caso o empregado tenha sido despedido sem justa causa, ele terá direito a receber o valor proporcional ao tempo trabalhado no ato da rescisão de contrato, assim como em caso de demissão e de fim de con-tratos pré-determinados. Se a demissão for por jus-ta causa, o direito é revogado.

O pagamento da gratificação em uma única par-cela, normalmente realizada em dezembro, é ile-gal, estando o empregador sujeito a punições. As empresas que não cumprirem com quaisquer das determinações devem pagar multa de R$ 170,75 por empregado encontrado em situação irregular. Se a empresa for reincidente, o valor dobra. O tra-balhador que se sentir lesado pode denunciar ao Sindicato da categoria, à Superintendência Regio-nal do Trabalho e Emprego e ao próprio MPT, se envolver coletividade de trabalhadores.

Page 5: Trabalho em Foco

MPT em Pernambuco: Direito, informação e cidadania

5

Justiça defere pedidos do MPT em ação contra a Netuno

5

O Ministério Público do Tra-balho (MPT) em Pernambuco conseguiu liminar parcialmen-te favorável frente aos pedidos feitos em ação civil pública contra a Netuno Internacional S/A. De acordo com o MPT, a empresa não tem adotado as medidas legais para inibir o adoecimento dos empregados do setor de produção, res-ponsáveis pela classificação, pelo carrego/descarrego de matérias-primas, corte, trato e retirada das cabeças de cama-rões, peixes e lagostas. Esses funcionários revelam elevado índice de desenvolvimento de doenças osteoarticulares.

A justiça obriga a Netuno a re-gularizar uma série de condu-tas, sobretudo às relacionadas a meio ambiente de trabalho. Uma delas obriga a elaboração e implementação, no prazo de 120 dias, de Plano de Ações Ergonômicas, que observe o disposto na NR-36 e as reco-mendações resultantes das análises nos setores de pro-dução, elaborado por ergono-mista. Por descumprimento,

Empresa de pescados tem alto índice de

adoecimento de trabalhadores

a empresa fica sujeita ao paga-mento de indenização de três mil reais.

Também sob pena de multa no mesmo valor, determina que assegure que as bancadas e esteiras possuam altura e ca-racterísticas da superfície do trabalho compatíveis com o tipo de atividade e que sejam providas de bordas arredonda-das, de maneira a evitar que os trabalhadores executem movimentos ou permaneçam em posições não ergonômicas, tudo nos termos da NR-17 e da NR-36, no prazo de 120 dias.

Com relação ao empregado acidentado, obriga que, de imediato, após sua reabilita-ção pelo INSS, o exercício de uma função compatível as ati-vidades para as quais foi capa-citado profissionalmente, sob pena de multa diária de cinco mil reais.

A liminar versa ainda sobre a observação aos limites de jor-nada estabelecidos em lei (oito

MPT em Pernambuco: Direito, informação e cidadania

horas diárias e 44 semanais). Em caso de descumprimento da medida, os valores das mul-tas deverão ser revertido ao Fundo de Amparo ao Traba-lhador. De acordo com a juíza do Trabalho Paula Regina de Queiroza M. G. Muniz, caso a empresa não adote as medidas ora pleiteadas pelo MPT, os empregados da empresa ré es-tarão sujeitos a um risco maior de acidente de trabalho. “Ade-mais, muitas das medidas plei-teadas ora são reversíveis, ora correspondem ao próprio cum-primento da legislação traba-lhista e das normas regulamen-tares aplicáveis à segurança do trabalho e à redução dos riscos ergonômicos”, diz na liminar.

Histórico - Após a realização de perícia na empresa, em janeiro de 2010, foram cons-tatadas irregularidades nas condições ergonômicas do ambiente de produção e fei-tas recomendações. Porém, a empresa não atendeu integral-mente ao proposto, se negan-do também a assinar Termo de Ajuste de Conduta.

Foto

: ww

w.m

orgu

efile

.com

Page 6: Trabalho em Foco

Trabalho em Foco - novembro/dezembro 2013

6

3

Uma pesquisa da Universida-de de Brasília (UnB) revela que um bancário tenta suicídio pelo menos uma vez por dia. A cada 20 dias, um deles se mata. Segundo dados da Confedera-ção Nacional dos Trabalhado-res do Ramo Financeiro (Con-traf), o assédio moral atinge 66% dos bancários de todo o país. O levantamento ouviu 27,6 mil trabalhadores. Diante da situação, o Ministério Pú-blico do Trabalho (MPT) em Pernambuco promoveu série de ações contra o assédio mo-ral no período de 11 a 13 de novembro.

A primeira ação teve caráter interno. No dia 11, estagiários, membros, servidores e tercei-rizados participaram da aber-tura da semana. Na ocasião, a procuradora do Trabalho Lorena Pessoa Bravo, uma das

Setor bancário foi foco das ações

MPT realiza semana de combate ao assédio moral

responsáveis pelo evento, falou sobre as atividades da semana e orientou os funcionários da casa a respeito do que é o assédio moral, exibindo dois vídeos.

No dia 12, reafirmando a par-ceria institucional que tem com o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 6ª Região, o MPT apresentou aos desem-bargadores a cartilha do órgão ministerial voltada ao combate ao assédio moral em bancos.

A semana do MPT foi finali-

zada com ato público. Repre-sentantes do órgão, do Minis-tério do Trabalho e Emprego (MTE), da Justiça do Traba-lho, da Universidade Federal de Pernambuco, de sindicatos patronal e de trabalhador se juntaram para discutir as ques-tões ligadas ao setor bancário. O evento, realizado no auditó-rio do MTE, também contou com a participação do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco do Nordeste do Brasil e Bradesco. Ao todo, cerca de 50 pessoas estiveram presentes.

CAPA

6

O projeto contemplou o público interno do MPT (1), foi exposto aos desembargadores do Tribunal do Trabalho (2) e à sociedade (3)

1

2

Page 7: Trabalho em Foco

MPT em Pernambuco: Direito, informação e cidadania

7

Ato público traz várias visões do problema

O ato público, organizado pela Coordenadoria de Pro-moção da Igualdade de Opor-tunidades e Eliminação da Discriminação no Trabalho (Coordigualdade), teve como um dos objetivos trazer múlti-plos olhares sobre o problema do assédio moral. Profissio-nais de várias áreas trouxeram contribuições ao público.

Participaram como palestran-tes no evento Fábio André de Farias (desembargador do Tri-bunal Regional do Trabalho da 6ª Região), Fátima Lucena (professora da Universidade Federal de Pernambuco), Felí-cia Mendonça (auditora fiscal do Trabalho), Jaqueline Maria Fonseca Mello (presidente do Sindicato dos Bancários) e

Cartilha foi lançada durante o evento

Melícia Carvalho Mesel (pro-curadora do Trabalho).

Na abertura da série de pales-tras, Melícia ressaltou a impor-tância de se resistir ao assédio moral. “Os laços de solidarie-dade são essenciais dentro da empresa. Se a agressão ocorre uma vez, mas se se coloca li-mite, aquilo não passa de um mal entendido, não se caracte-rizando como assédio moral”, afirmou.

“É fundamental que a situação que gerou o desconforto ini-cial seja compartilhada, para que quem a praticou saiba do que fez. Se possível, isso deve ser feito na frente de outras pessoas, porque aí já se tem a testemunha.”

Melícia também lembrou que as empresas precisam construir instrumentos internos, para re-solução de conflitos. As ouvi-dorias, segundo ela, têm sido uma boa alternativa para o problema, evitando-se os casos de assédio.

Cartilha - Foi lançado no ato material produzido pelo MPT

nacional, a cartilha “Assédio moral em estabelecimentos bancários”. A publicação di-vulga conceitos e exemplos que buscam esclarecer aos ban-cários e à sociedade em geral sobre as questões relacionadas ao assédio moral no meio am-biente de trabalho. O material foi distribuído ao público e está disponível na internet.

Reflexos do assédio moral sobre a saúde do bancário

Page 8: Trabalho em Foco

Trabalho em Foco - novembro/dezembro 2013

8

O evento foi iniciativa do MPT em parceria com outras entidades

Pernambuco recebe congresso de direito portuário e aquaviário

Recife foi a cidade escolhida para sediar, entre os dias 19 e 20 de novembro, o 2º Congresso Brasileiro de Direito Portuário e Aquaviário, articulado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), por meio da Coordenadoria Nacional do Trabalho Por-tuário e Aquaviário (Conatpa). Segundo dados oficiais, o Brasil possui uma costa navegável de 8,5 mil quilômetros, sendo 90% do comércio nacional realizado por portos. Somente em 2010, os portos brasileiros movimentaram cerca de 833,9 milhões de toneladas de carga, o que reafirma a importância de se debater as condições de trabalho no setor.

A abertura do congresso, na noite do dia 19, contou com mesa formada pelo procurador-chefe do Trabalho em Pernambuco, José Laízio Pinto Júnior. Na ocasião, o subprocurador do Traba-lho Ronaldo Curado Fleury tratou, dentre outros assuntos, da nova lei dos Portos, reiterando a postura do órgão ministerial frente à questão. A Medida Provisória 595/2012, conhecida como MP dos Portos, que muda as regras de exploração e arren-damento de carga em portos públicos pela iniciativa privada, foi sancionada em junho pela presidência da República como a lei 12.815/2013. “O que se objetiva com tais debates é a manu-tenção dos direitos e garantias que os trabalhadores já haviam conquistado. […] O Ministério Público defende a lei e tenta levar ao congresso a visão prática que nós temos da realidade dos portos”, disse Fleury.

No segundo dia, foram quatro painéis. Dentre os assuntos mais tratados, os aspectos fundamentais da lei 12.815 e as relações trabalhistas no setor. Nos três primeiros painéis, procuradores do trabalho, advogados e representantes de entidades sindicais trataram do tema a partir de diferentes perspectivas. Foi lem-brada a visão e a responsabilidade do Ministério Público sobre os trabalhadores do setor, tratadas as relações intersindicais, os aspectos jurídicos que perpassam a temática e ainda questões e problemáticas ligadas aos Órgãos Gestores de Mão de Obra portuária. O último painel, sob o título “A Precarização das Re-lações Trabalhistas na Atividade Aquaviária”, foi mediado pela procuradora Regional do Trabalho em Pernambuco Elizabeth Veiga Chaves.

O 2ª Congresso Brasileiro de Direito Portuário e Aquaviário foi realizado tendo em vista o aprimoramento e desenvolvimento do setor, que tem adquirido cada vez mais relevância no país. Além dos palestrantes, o evento também contou com a presen-ça de autoridades nacionais e internacionais, representantes de sindicatos, diretores de portos e terminais portuários nacionais, além de membros de órgãos estaduais e federais. Vários procu-radores do MPT em Pernambuco também prestigiaram o even-to. O congresso foi organizado pelo procurador-chefe do MPT no Paraná, Gláucio Araújo de Oliveira, e pelos procuradores do Trabalho do Rio de Janeiro e do Pará, Flávia Veiga Bauler e Marcelo Freire Sampaio Costa.

Procuradores do MPT em Pernambuco deram contribuição ao evento

8