Trabalho Final

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Os enraizamentos normativos construídos no mundo contemporâneo tensionaram de maneira contundente as formas de vivencia e de organização social, fortemente enraizadas e reforçadas pelo peso da tradição do antigo regime. Alguns historiadores concordam, que a processo revolucionário pelo qual passou a França durante os séculos XVIII e XIX foi agudizador de uma transformação iniciada séculos antes, que impos aos homens uma nova ordem do tempo, uma a nova ordem social e uma nova ordem pollitica. Alteoru-se os principios nortaedores de legitimação, um sentimento de contestaçao da imutabilidade dos processos, permite que os principios de soberania real passam a ser duvidados e questionados. Passado os anos de ação revolucionária, o debate entre projetos e conjunto de idéias caracteriza a constituição de novos regimes. O debate entre romantismo e iluminismo alterou a ideia de nação, que passou a ser pensada do ponto de vista da soberania, manifesta, principalmente, pela constituição de um sistema de normas e contratos capazes de estabelecer as pautas fundamentais do comportamento humano na frança pós- revolucionária. O nacionalismo proposto pelos pensadores românticos do período, seriam aquelas necessárias as consolidações dos estados nação da Europa, bem como para a reafirmação da burguesia como classe..Era necessário criar novas formas de conhecimento, novos saberes, novos elementos de legitimação e novas formas de controle. Sabendo da historicidade da noção de Patrimônio, este momento parece enriquecedor , para entendermos como o termo se constitui na contemporainedade, a partir das experiências revolucionárias na França. Para Dominique Poulot observa-se na França uma concepção de nação-patrimonio, baseada na metáfora da herança no atributo da soberania e na constituição de um estado nação moderno. Num primeiro momento, por necessidade ou por ideologia, a crítica feroz e o apagamento de simbolos materiais representativos do antigo regime foram pregados de forma contundente. Mas no desenrolar do projeto burgês, a forma de interpretar o passado se transformou, da mesma forma que os próprios embates politicos também se modificam de maneira acelerada e novas questões foram colocadas aos homens. (A

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Os enraizamentos normativos construídos no mundo contemporâneo tensionaram de maneira contundente as formas de vivencia e de organização social, fortemente enraizadas e reforçadas pelo peso da tradição do antigo regime. Alguns historiadores concordam, que a processo revolucionário

pelo qual passou a França durante os séculos XVIII e XIX foi agudizador de uma transformação iniciada séculos antes, que impos aos homens uma nova ordem do tempo, uma a nova ordem social e uma nova ordem pollitica. Alteoru-se os principios nortaedores de legitimação, um sentimento de contestaçao da imutabilidade dos processos, permite que os principios de soberania real passam a ser duvidados e questionados.

Passado os anos de ação revolucionária, o debate entre projetos e conjunto de idéias caracteriza a constituição de novos regimes. O debate entre romantismo e iluminismo alterou a ideia de nação, que passou a ser pensada do ponto de vista da soberania, manifesta, principalmente, pela constituição de um sistema de normas e contratos capazes de estabelecer as pautas fundamentais do comportamento humano na frança pós-revolucionária.

O nacionalismo proposto pelos pensadores românticos do período, seriam aquelas necessárias as consolidações dos estados nação da Europa, bem como para a reafirmação da burguesia como classe..Era necessário criar novas formas de conhecimento, novos saberes, novos elementos de

legitimação e novas formas de controle. Sabendo da historicidade da noção de Patrimônio, este momento parece enriquecedor , para entendermos como o termo se constitui na contemporainedade, a partir das experiências revolucionárias na França. Para Dominique Poulot observa-se na França uma concepção de nação-patrimonio, baseada na metáfora da herança no atributo da soberania e na constituição de um estado nação moderno.

Num primeiro momento, por necessidade ou por ideologia, a crítica feroz e o apagamento de simbolos materiais representativos do antigo regime foram pregados de forma contundente. Mas no desenrolar do projeto burgês, a forma de interpretar o passado se transformou, da mesma forma que os próprios embates politicos também se modificam de maneira acelerada e novas questões foram colocadas aos homens. (A historiografia francesa dos séculos XVIII e XIX: as visões iluminista e romântica da Idade Média Terezinha Oliveira)

Estabelecido que cada momento histórico, interpreta seu passado à luz de questões do presente, esse embate entre os diversos ideais e projetos que teriam influenciado a constituiçao dos novos regimes, revelam como a sociedade tomava consciencia das questões quee estavam postas. A interpretação do passado, trazida ao espaço publico, como luta política explica as diferentes formas de conceber o período histórico anterior pelos franceses que vivenciaram o periodo revolucionário.

Os iluministas, consideravam o mundo feudal com ódio, cuja suas instituições eram vistas como obstáculos que impediam o completo estabelecimento da nova ordem social e seu livre funcionamento. Em contrapartida, os indivíduos do século XIX, homens como Guizot, de quem nos aproximaremos mais tarde, não encaravam as instituições feudais com ódio, ou como um inimigo que precisava ser destruído. Ao menos parcialmente, elas já tinham sido destruídas pela Revolução. A luta política tinha adquirido um novo caráter, a luta agora era consolidar a nação fundada pela Revolução, e a busca de uma origem glorificante para a nova

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classe que ascendia, implicou em uma reavaliação do passado.(A historiografia francesa dos séculos XVIII e XIX: as visões iluminista e romântica da Idade Média Terezinha Oliveira)“(...)Enquanto para os autores do século XVIII tratava-se de destruir todo e qualquerresquício feudal, para os do século XIX a questão era recuperar as origens da moderna sociedade, o que incluía o feudalismo, a realeza, a Igreja e a própria nobreza. Era preciso mostrar o caráter positivo e geral dessa época histórica, já que as origens da nação encontram-se aí. Esses historiadores valeram-se do estudo da Idade Média para consolidarem a ordem burguesa. Na recuperação da história medieval, estava embutida a luta pela consolidação da nação fundada em 1789” (...).(A historiografia francesa dos séculos XVIII e XIX: as visões iluminista e romântica da Idade Média Terezinha Oliveira)

No século XVIII, as questões estavam colocadas no plano da liberdade doindivíduo, da justiça dos indivíduos, daí a importância adquirida pelo normatização de práticas e costumes. No século XIX, as questões giravam em torno da consolidação da ordem burguesa, do intuito de se dar aos indivíduos a idéia de unidade, de governo único, enfim, de constituir realmente uma nação coesa, com leis e direitos iguais para todos.(A historiografia francesa dos séculos XVIII e XIX: as visões iluminista e romântica da Idade Média Terezinha Oliveira).

Nesse embate, abre-se um debate pela disputa de uma história de carater nacional que impulsiona toda uma geração de historiadores romanticos, michelet, thierry e Guizot.. Somada as conjunturas do momento histórico em questão, para Dominique Poulot, o vandsalismo revolucionario, a nacionalização de bens patrimoniais e o inventario das riquezas na frança, preparam o terreno para que sob o processo de legitimação patriotica, o patrimonio como sentido “legal’ surgisse nas legislações nacionais do século XIX, de modo particular na França, disputava-se uma memória nacional que será amplamente resignificada ao longo desse século.

Os relatórios sobre o vandalismo, elaborados pelo abade Henri Grégoire (1750-1831), apresentados ao Comitê de Instrução Pública na Convenção, em 1793 e 1794, foram de grande importância. O abade denunciou a barbárie cometida contra os monumentos históricos, enfatizando sua vocação pública e a responsabilidade coletiva por sua preservação. Como conseqüência, foi elaborado um decreto para inibir abusos, conclamando os bons cidadãos à vigilância contra as dilapidações e estabelecendo penas para aqueles que degradassem os monumentos das ciências e das artes. (CHOAY, 2001, p. 95-123)A Convenção, pela ação de órgãos tais como a Comissão dos Monumentos e a Comissão Temporária das Artes, deu início, de 1790 a 1795, a tentativas de inventariar e conservar obras de arte, através da atuação de correspondentes locais. Essa iniciativa, porém, comportava vários problemas, tais como a falta de meios para elaborar um inventário amplo e sistemático, para pagar os deslocamentos dos membros da Comissão para inspeções e para remunerar os correspondentes. As questões materiais não eram as únicas, uma vez que as circunstâncias eram pouco favoráveis a essas atividades, havendo fatores externos, a exemplo das ameaças de invasões estrangeiras, e internos, pois a preservação se afigurava como ato contra-revolucionário, por muitas das obras estarem associadas ao clero ou à nobreza. Assim, os trabalhos da Comissão dos Monumentos foram

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interrompidos e a Comissão Temporária das Artes sobreviveu a duras penas, conseguindo, apesar das limitações, alguns resultados concretos (1). Um deles foi salvar emergencialmente várias obras, que eram armazenadas em depósitos, nove deles localizados em Paris, sendo o mais expressivo aquele dirigido por Alexandre Lenoir (1761-1839), na Rue des Petits-Augustins, a partir de 1791, que se transformaria posteriormente no Museu dos Monumentos Franceses.Outra faceta da política levada a cabo pela República Francesa foi a pilhagem e a transferência de obras de arte para a França, principalmente as da Itália. Antoine Chrysostome, conhecido como Quatremère de Quincy (1755-1849), figura de proa no cenário cultural da época, escreveu veementemente contra esse deslocamento, levantando a questão, sempre relevante e atual, da descontextualização de obras de arte. Quatremère de Quincy foi teórico de relevância, profundamente marcado pela teoria de Johann Joachim Winckelmann (1717-1768), e pelas suas estadias na Itália, onde manteve amizade e um profícuo intercâmbio de idéias com Atonio Canova (1757-1822).Quatremère de Quincy permaneceu vinculado aos ideais da primeira fase da Revolução Francesa, alternando períodos de intensa participação na vida política com outros de prisão e exílio. Em 1796, época em que sua vida estava efetivamente ameaçada, publicou as Lettres sur le préjudice qu´occasionneraient aux arts et à la science, le déplacement des monuments de l´art de l´Italie, le démembrement de ses écoles et la spoliation de ses collections, galléries, musées, etc. As cartas, sete no total, constituem um manifesto lúcido e vigoroso contra a política do Diretório, solidificada na primavera de 1796, de espoliação e retirada de obras de arte dos países ocupados pelos exércitos republicanos, para que fossem transportadas para a França (2). As cartas são conhecidas comoLettres à Miranda, nome do suposto destinatário, que incitou a obra, o general Francisco de Miranda, que teria sugerido a Quatremère de Quincy de se posicionar em relação ao tema sob a forma de um intercâmbio epistolar. A política de tomada de obras era apoiada por vários veículos de comunicação e intelectuais da França, que a consideravam o país livre por excelência e, por isso, destinado a um grandioso futuro, devendo, portanto, ser a legítima morada das mais valorosas obras de arte do passado, que passariam a ser "repatriadas" e reunidas em seu solo. Quatremère de Quincy denunciou que essa atitude não é uma repatriação, mas uma conquista contraditória, pois "o espírito de conquista numa república é inteiramente subvertedor do espírito de liberdade." (QUATREMÈRE DE QUINCY, 1996, p. 87).A questão da descontextualização foi retomada por ele em diversas polêmicas, acentuando seu antagonismo à política de se aglomerar obras em museus, em especial o Museu dos Monumentos Franceses de Lenoir, que seria fechado em 1816. Continuavam porém os esforços para se atingir uma forma mais efetiva de proteção e tutela das obras de arte. Passo significativo foi a criação, em 1830, do cargo de Inspetor Geral dos Monumentos Históricos, pelo então Ministro do Interior (e posteriormente Ministro da Educação), François Guizot (1787-1874). O posto foi instituído quando da restauração da monarquia na França, período em que a

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questão da consciência da história do país e de sua arquitetura havia se tornado preocupação central, contribuindo para que as obras de arte fossem colocadas sob a tutela do Estado. A proteção da arquitetura medieval, impulsionada por intelectuais filiados ao romantismo, esteve associada, assim, a um projeto que utilizava o monumento histórico, entendido em seu sentido primeiro de elemento de rememoração, como fator preponderante na construção da identidade nacional. Guizot procurou valorizar as antigas tradições nacionais, promovendo pesquisas dos antigos documentos e monumentos

Ludovic Vitet (1802-1873), personagem de grande importância, historiador e crítico de arte, foi nomeado para o posto de Inspetor Geral dos Monumentos Históricos. O cargo tinha como objetivos principais a elaboração do inventário dos monumentos franceses (4), com análise e descrição críticas, e a adoção de medidas para sua efetiva preservação. Pretendia-se, ainda, centralizar e padronizar as intervenções. Vitet fez várias viagens, principalmente pelos departamentos do norte da França, elaborando estudos e relatórios que teriam grande repercussão, revelando muitos dados e edificações medievais até então esquecidos ou pouco conhecidos (5) A restauração de monumentos históricos na França após a Revolução Francesa e durante o século XIX: um período crucial para o amadurecimento teóricoBeatriz Mugayar Kühl* 

A dialética do apagar x conservar são os primeiros passos de uma estrutura de preservaçao estatal que caracterizou a questão do patrimonio frances. Num momento onde a preservação poderia ser considerado um ato contra-revolucionário, alguns homens deixam claro seu posicionamento e

reconhecimento do resgate de um passado. Da problemática originada da volumosa transferência de bens do clero, dos migrados e da coroa, surge nas decisões da Revolução francesa a noção de “herança”, “patrimônio” e “conservação” – metáforas para o espólio conseguido (CHOAY, 2001). Ao definir esta “herança”, seus primeiros atos foram o de registrar aqueles bens espoliados, no momento sob a guarda e posse da nascente nação.não ocorreu como debate isolado, mas em sintonia com a criação de um sistema simbólico republicano e, consequentemente, consoante à proscrição dos antigos signos de representação de mundo da velha ordem. .

A partir da Revolução Francesa, como demonstra Françoise Choay (2001), constituir patrimônios foi então uma prática incessante dos Estados ditos modernos, seus agentes e instrumentos jurídicos,. A partir dessa fase, adensaram-se as informações em decretos, livros e outras fontes, relatando os processos legais, filosóficos e até mesmo literários do patrimônio. Esse mecanismo burocrático de constituição do patrimônio permanece, como se sabe, até hoje.(COPIADP)

Guizot, colocou como argumento histórico e político o fato de que as origens da nação francesa remontam o período das invasões e que, fundamentalmente, sua estruturação ocorrera a partir dos laços fundados pelo feudalismo.(A historiografia francesa dos séculos XVIII e XIX: as visões iluminista e romântica da Idade Média Terezinha Oliveira) Outros

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autores romantincos, a a recuperar essa época como um período positivo da história. Com suas palestras passou a idéia de que a conservação do passado é algo necessário ao progresso humano.

No centro do debate, é um momento em que reivindica-se o passado como herança coletiva. GUIZOT. As antiguidades passam a ser consideradas um bem coletivo de interesse da nação e passam a ser objetos de pol[iticas públicas oficiais e centralizadoras. Essas politica soficiaissão responsaveis por elevar alguns artefatos ã categoria de patrimonio, atuando no aspecto simbólico e buscando elencar elementos constitutivos referenciais no desenvolvimento da sociedade.

Novas tradições foram inventadas com objetivo de criar e comunicar as identidades nacionais Essa busca implicava um pensamento linear, uma herança, um passado a legitimar as conquistas do presente, que rumam para um futuro.. A história será utilizada como um dos instrumentos centrais para a implementação desse projeto, ao mesmo tempo, que é resignificada por ele. Essa história nacional cria novas circunstancias e é utilizada como elemento fundamental da busca de um estado completo e idealizado. A história exemplar se transformaria, ao longo do século XVIII, numa história continua,ao ser apreendida como um singular coletivo,um processo contínuo em direção ao futuro: “A a história passava a realizar-se não apenas no tempo, mas através do tempo, por que o tempo sedinamiza como uma força da própria história”(KOSELLECK , 2006, p. 283)

Não interessa mais uma mera reunião de fatos do passado em sucessão, mas era necessário lhes oferece um sentido. Conforme vemos no texto ARS HISTORIC, ao analisar a sociedade espanhola seiscentista, era claro o que deveria se aprender com a história. Que sua função seria oferecer aos governantes um guia de ensinamentos através dos exemplos do passado: “(...) A história mostrava ao político como deveria agir, partindo de uma concepção cíclica do tempo, ou seja, os acontecimentos tendem a se repetir ao longo da história e também a partir de uma concepção de que a essência da natureza humana é imutável. Neste sentido, a história oferece a possibilidade do governante adquirir experiência que conjugada com a virtude da prudência, caracterizam os dois conceitos centrais na formação de grande parte dos discursos políticos seiscentistas. Prudência e experiência são conceitos que estão interligados e que por sua vez encontram seu terreno de aprendizado no fértil solo oferecido pelos ensinamentos do passado(...).”ARS HISTORICA. Segundo o autor: “(...) a história apareceu essencialmente associada ao pensamento político dos seiscentos, a sabedoria política acabou tendo como correlato à experiência histórica. Desta postura frente ao ordenamento social provém a valorização da razão, que no século XVII abrirá as portas para a secularização, cada vez maior, dos assuntos políticos. É a partir de questionamentos como estes que podemos perceber a importância da virtude da prudência para o exercício político, pois ela se transformou no crivo com o qual deveriam ser julgadas as lições da história. (...) “

A disciplina histórica deixou de atender somente ao topos da Magistra Vitae, para se transformar em mestre das artes de governar, uma questão de utilidade pública, portanto. Converteu-se em literatura probatória e estratégia política, ao mesmo tempo em que pretendia sustentar um projeto comunitário de estabelecimento de uma consciência nacional. A experiência humana no passado era parte fundamental de um saber ético do presente. Entretanto, no século das luzes, quando a concepção de tempo se manifesta para além da relação passado-presente e provocando transformações monumentais na vida dos homens em sua relação com o tempo, somente o futuro parece fornecer-lhes alguma luz.

Koselleck, através da historização dos conceitos, busca a gênese do conceito moderno de história; suas transformações, principalmente, pois, segundo o autor, elas são essenciais para desvendar a idéia de novo atrelada à aceleração do tempo, de futuro e, consequentemente, daquilo que chamamos de modernidade. rompendo com uma concepção circular da história. Para o seu surgimento, afirma o historiador, era necessário que a história perdesse a exemplaridade e passasse a ser escrita em sua

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processualidade; o presente, agora, nada mais era do que a unidade da diferença da distinção entre passado e futuro; KOSELLECK, 2006, p. 97-118).

A história ganhara apartir de então um carater de sequencia unificada de de acontecimentos ou eventos que, vistos como um todo, constituem a marcha da humanidade. Simultaneamente a dissolução das categorias religiosas para o âmbito secular, o corte com a antiga ordem do tempo , revela o tempo político, tempo de costrução daquilo que se quer ser. Para Hartog, este seria o momento do segundo regime de historicidade, onde o presente olha o passado como algo a ser superado, o presente é a missão para a realização do futuro, incerto, desconhecido , momento das utopias. A história se reveste de uma perspectiva utópica, a partir de uma perspectiva racional e estruturado na noção de progresso, cujo o sentido, seria a caminhada em direção ao fututo de um singular coletivo, a nação.

No que diz respeito as estratégias do trabalho transformador e seletivo de reconstrução e destruição do passado, a relevância da cultura material como instrumento ilustrativo de um sentido especifico de história. Num momento de tantas incertezas, a materialidade dá de certa forma, estabilidade as lembranças(hawbalchs), o que antes era garantido, de certa forma pela religiosidade e pelos preceitos da igreja católica. A conservação das reminesciencias materiais do passado, respondem as necessidades de cada presente e é significativo porque o momento de inserção de elementos na memória coletiva é também luta politica. É significativo também, pela percepçao de valores nao estéticos na cultura material, e a forma como esses objetos passaram a ser ferramentes para um sentido de história, criando espaços que dão coerencia aos conjuntos dos objetos. Para Ana Claudia brefe, a noção

de valor histórico, a escolha intencional de elementos de uma rememoração e uma legitimação desses objetos, não mais por seu valor estético, mas vistos como testemunhos do passado.

O direito a propriedade é uma das reivindicaões centrais da burguesia. l Nos termos dessa ideologia, a identidade de um individuo ou de uma coletividade é definida pela "posse" de determinados bens. A naçao, esse indivíduo coletivo, através da posse de seu patrimônio cultural ou sua cultura, define sua identidade. As coleções particulares dos séculos XVI e XVII, já exerciam de certa maneira esse papel, representavam poder economico e distinção social. Os colecionadores, muitos deles principes e homens de grandes riquezas, mantinham suas relíquias dentro dos castelos e palecetes, circunscrito aos olhares de um numero reduzido de pessoas e fadados a permanecer por várias geraçoes na mesma família. A identidade de um individuo, ou de uma familia, portanto, poderia ser definida pela posse de determinados objetos, também a identidade de uma nação poderia ser definida pela posse de uma gama de bens, definidoras de sua identidade e firmadora de um passado nacional. A idéia de um passado herdado como relevante na construção das identidades pessoais e coletivas ja estava presente alguns séculos antes da revolução, mas foi fundamental, a partir de então, unifica-las, codifica-las e coloca-la a serviço da instruçao da nação. Monumentos, rellíquias, locais de peregrinação cívica, cerimônias, festas, mitologias nacio nais, folclore, mártires, heróis e heroínas nacionais, soldados mortos em batalhas, um vasto conjunto de tradi ções foi inventado com o objetivo de criar e comunicar identidades nacionais . LER HOBSBAW"tradições inventa das" (1983: 1-14).José Reginaldo GonçalvesJosé

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Surgem tratados de arquitetura e conservação, as antiguidades passam a se tornar riquezas. As coleçoes marcas do renascimento, serão apropriadas e transformados em símbolos do poder e darão origem aos museus como instituição. A passagem desses elementos da cultura material dos circuitos particulares, para o espaço público foi idealizada com uma função clara de instruir a nação, com noções de civismo, história, artes e técnicas.. No colecionismo o objeto é ele mesmo, reunião aleatórias de objetos e relíquias. Ao ser institucionalizada no museu, há uma seleção implícita, um discurso unificador,

condesnadas na representação de uma memória nacional e de seus valores de soberania. O papel pedagógico do museu aparece como questão central

Os museus históricos nascem, efetivamente, das ações de Alexandre Lenoir, com a criação do Musée des Monuments Français a partir das obras reunidas no depósito dos “Petit-Augustins”, do qual ficou encarregado durante a revolução. Este museu foi inovador por alguns aspectos como escolha das obras, sua disposição no espaço e na sua concepção. diferente do louvre, que era museu da arte, trouxe uma revalorização da arte gótica, e de da cultura material da igerja como parte integrante da história da frança. Ana claudia brefe

Após a revolução, o museu é instrumento de alegorização do passado , onde os antigos simbolos são transformados em imagens uteis a patrioticas. Para brefe, o museu vai desempenhar, portanto, um papel estratégico na justificção cultural da revolução ao memso tempo que é a propria encarnação da diversidade poiitcia do moemntoç. . Ao memso tempo em que a relação com o publico se estabelece , o estatuto do objeto se define atraves de sua patrimonialização, adquirindo uma função social, de instrução publica.

Novas formas de sociabilidade foram criadas que tensionavam os costumes e a tradição do antigo regime. Destaca-se uma concepçao de espaço público, a busca por um ordenamento civil, englobador dos interesses particulares dos individuos, que compunham a nação, surge a memória no

espaço público Nesse momento a disciplina histórica, esforçava-se para definir o que seria o povo, e a conservaçao da cultura material, colaborou para esse objetivo, atuando como uma “prova” da história

que se deseja contruir. Para Reginaldo GonçalvesAutenticidade, (Memória e Ideologias Nacionais)

 procura-se mostrar a diversidade de posições naquele ambiente cultural.

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Interessante no que diz respeito aos estudos patrimoniais, o enfoque nas p´raticas e processos de construção desses patrimônios, conduzido por atores definidos e em circunstancias especificas. São essas práticas e esses atores que atribuem valor a determinados bens e que justificariam sua proteção. Maria L. Fonseca considera que são esses processos de atribuição de valor que possibilitam uma melhor compreensão do modo como são construídos os patrimônios. No caso específico dos estados nacionais a sua constituição se deu a partir de um estatuto jurídico próprio, a sua proposição como forma de comunicação social, a sua institucionalização enquanto objeto de politica pública. P36

Para Maria cecilia Fonseca: “ A noção de patrimônio é, portanto, datada, produzida, assim como a idéia de nação, no final do século XVIII, durante a Revolução Francesa, e foi precedida na civilização ocidental, pela automização das noções de arte e história. O histórico e o artístico assumem, nesse caso, uma dimensão instrumental, e passam a ser utilizados na construção de uma representação da nação. P. 37

Enquanto prática social, a constituição e a proteção do patrimônio estão assentadas em um estatuto jurídico próprio, que torna viável a ação do Estado em nome da sociedade, de determinados bens selecionados com base em certos critérios, variáveis no tempo e no espaço. A norma jurídica funciona como linguagem performativa de um modo bastante peculiar, não apenas define direitos e deveres para o Estado e para os cidadãos como também inscreve no espaço social determinados ícones, figurações concretas e visíveis de valores que se quer transmitir e preservar. P. 37

Na encruzilhada proposta pelo patrimônio, estão o papel da memória e da tradição na construção das identidades coletivas, e os recursos a que tem recorrido os estados modernos na objetivação e legitimação da idéia de nação.

Na idade média, a aristocracia Projetava nos seus castelos e em outras representações de suas linhagens um sentido de símbolos de sua continuidade, e por essa razão, esses bens se tornavam objetos de preservação. Se no caso da tradição cristã, foi a igreja a guardiã dos objetos de culto e a gestora de sua transmissão, o que chamamos patrimônio só vai constituir-se efetivamente como corpus de bens a serem cultuados, preservados e legados para uma coletividade, em função de valores leigos, como os valores históricos e artístico, e enquanto referencias de uma identidade nacional. P. 55 FONSECA

Se as categorias que vão fundamentar a constituição dos chamados patrimônios históricos e artísticos começaram, portanto, a ser formuladas e aplicadas a bens, desde o renascimento, foi a idéia de nação que veio garantir seu estauto ideológico, e foi o estado nacional que veio assegurar, através de práticas especificas a sua preservação;

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p.56 As atividades dos antiquários se desenvolveram por toda a europa, produzindo farta iconografia e centenas de coleções. O objeto de interesse, po´rem, era um só a antiguidade. A idade média era desconsiderada.

P 57 O saber produzido pelos antiquários tinha um caráter eminentemente universalista, caracterizado pelas viagens e pelas trocas de informação.

A automização da arte e as necessidades so saber histórico, não foram suficientes para implantar, de forma sistemática e definitiva, a prática da preservação. Foi preciso que ameaças concretas surgissem de perdas dos monumentos já considerados valorizados como expressões artísticas e históricas.

O vandalismo + mística leiga vinculada a um interesse político definido, o culto a nação, para que a preservação de monumentos se tornasse um tema de interesse publico. P. 57

Chastel e babelon: observam que não se define apenas um domínio original, identifica-se um poder de cultura: a nação moderna de patrimônio começa a aparecer através da preocuáção moral e pedagógica, “p. 58

A idéia de posse coletiva como parte do exercício da cidadania inspirou a utilização do termo patrimônio para designar um conjunto de bens de valor cultural que passam a ser propriedade da nação. P. 58,

A construção do que chamamos patrimônio histórico e artístico nacional, partiu, portanto, de uma motivação prática – o novo estatuto de propriedade dos bens confiscadis e de uma motivação ideológica, a necessidade de remantizar esses bens. A idéia de patrimônio da nação, ou de “todos”, conforme o texto legal homogeneiza simbolicamente esses bens heterogêneos e de diferentes procedências, que passam a ser objeto de medidas administrativas e jurídicas: formulação de leis, decretos, criação de ocmissões epsecificas, instituição de práticas de conservação (inventario, classificação, proteção, e principalemte, definição de um campo de atuação política. P. 58/59

A institucionalização definitiva da atividade de preservação do esatdo, na frança, só veio a ocorrer definitivamente na frança a partir de 1830, quando guizot propôs a criação do cargo de inspetor de monumentos históricos. P. 60

Com as novas circunstancias impostas pela revolução, consolidou-se o conceito de monumento histórico e a relação entre os valores que lhe são atribuídos foi redimensionada em decorrência das novas circunstancias.

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p.62: Lucia lippi de oliveira observa que, no século XIX, “ a ligação do nacionalismo com o romantismo fez a nação ser concebida como uma entidade emotiva, símbolo da singularidade, à qual todos os homens deveriam se integrar. (1986, p.44)

o modelo francês estatal e centralizador , que se desenvolveu em torno da noção de patrimônio de forma planificada e regulamentada, visando aos interesses políticos do esatdo. Foi o modelo inspirados das praaticas patrimoniais brasileira.s

Para Harto, o momento da revolução é um momento d eprofunda crise da ordem do tempo. P 220 energicamente recusado: em nome da memória e doslugares e de uma certa concepção do patrimônio. Essa hostilidade de principio ao muse, ao próprio gesto museológico logo se focaliza-ra nos museus dos monumentoss franceses.

Em suas cartas , quatremere ataca os confiscos de obras de arte oraticadis pela grande nação.

p.222 o museu, tal como concebido pela revolução , em nome da razão e com vistas a educação, só pode ser então

SALGADO, Manoel Luiz. Escrever a história, domesticar o passado. In: Lopes, Antonio H. História e Linguagens. Rio de Janeiro: 7 letras, 2006, P. 45-58.

O autor enfoca o papel da narrativa no processo de ordenação do conjunto de experiências vividas, a partir de certos dispositivos que a tornarão compreensíveis aos leitores. Salienta que esse processo acarreta a domesticação do passado para atender demandas do presente

Salienta a herança da Revolução Francesa na consolidação dos estados nacionais, onde a disciplina de História cumpriria o papel de controladora do passado, ajustando-o ao presente, visando à construção de um novo tempo a partir de suas referências passadasAo se referir a Guizot no século XIX, salienta que o mesmo defendia a idéia de que o passado deveria ser administrado pelo Estado para a consolidação da sociedade, defendendo a necessidade de preservação e estudo dos inúmeros monumentos históricos existentes na França e o uso político dos mesmos para a construção de uma identidade coletiva.

principes fizeram usos dos valores da cultura material para desenvolver ou nao estrategias, ganhar prestigio e consolidar alianças política r. o processo de patrimonialização

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não se separa de um processo mais ampllo de organização do saber, onde está implicito um processo de identificação, atribuição de valor e aspecto de autenticidade. Mapear o conhecimento e ter acesso a ele era revolucionario, quando antes o conhecimento estava todo dogmatizado pela igreja. A consagracão do monumento histórico se da a a partir de 1820,em 1837 é criada a comissão dos monumentos histórico, mas segundo Choay, foi a revolução francesa que deu corpo a uma inventariação sistemática dos bens culturais, foi o periodo em que se construiu e fortaleceu a constituição das idéias de Bens Nacionais.

Felix Vicq D’Azyr

Quatremmerre de Quincy, Henri gregore e Alexandre Renoir

A experiência: é o passado atual, aquele no qual acontecimentos foram incorporados e podem ser lembrados. Na experiência se fundem tanto a elaboração racional quanto as formas inconscientes de comportamento, que não estão mais, ou que não precisam mais estar presentes no conhecimento. Além disso, na experiência de cada um, transmitida por gerações e instituições, sempre está contida e é conservada uma experiência alheia. Nesse sentido, também a história é desde sempre concebida como conhecimento de experiências alheias.113 Já a expectativa, também ela: é ao mesmo tempo ligada à pessoa e ao interpessoal, também a expectativa se realiza no hoje, é futuro presente, voltado para o ainda-não, para o não experimentado, para o que apenas pode ser previsto. Esss são maneiras desiguais de ser, e é, justamente, da tensão resultante de ambas que pode-se deduzir algo como o tempo histórico A centua Koselleck, tais categorias “constituem uma diferença temporal no hoje, na medida em que entrelaçam passado e futuro de maneira desigual”.(tese goiania)Com isto chego a minha tese: a experiência e a expectativa são duas categorias adequadas para nos ocuparmos com o tempo histórico, pois elas entrelaçam, passado e futuro. São adequadas também para se tentar descobrir o tempo histórico, pois, enriquecidas em seu conteúdo, elas dirigem as ações concretas no movimento social e político. (KOSELLECK, 2006, p. 306-308 e 327)