Trabalho - Final - Comportas e Vertedores

60
UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI CAMPUS DO MUCURI INSTITUTO DE CIÊNCIA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA COMPORTAS E VERTEDORES ALTAMIRO JUNIO MENDES SILVA DANILO BENTO ELIONARDO VIEIRA DE FARIAS ELIONE VIEIRA DE FARIAS GLEDSA ALVES VIEIRA MARCOS CALDEIRA DE BARROS

Transcript of Trabalho - Final - Comportas e Vertedores

Page 1: Trabalho - Final - Comportas e Vertedores

UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURICAMPUS DO MUCURI

INSTITUTO DE CIÊNCIA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA

COMPORTAS E VERTEDORES

ALTAMIRO JUNIO MENDES SILVA

DANILO BENTO

ELIONARDO VIEIRA DE FARIAS

ELIONE VIEIRA DE FARIAS

GLEDSA ALVES VIEIRA

MARCOS CALDEIRA DE BARROS

TEÓFILO OTONI – MG

2012

Page 2: Trabalho - Final - Comportas e Vertedores

UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURICAMPUS DO MUCURI

INSTITUTO DE CIÊNCIA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA

ALTAMIRO JUNIO MENDES SILVA

DANILO BENTO

ELIONARDO VIEIRA DE FARIAS

ELIONE VIEIRA DE FARIAS

GLEDSA ALVES VIEIRA

MARCOS CALDEIRA DE BARROS

COMPORTAS E VERTEDORES

Trabalho apresentado à disciplina EHD-150 – Instalações e Equipamentos Hidráulicos I, do Curso Superior de Engenharia Civil, da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Campus do Mucuri, para obtenção de nota, sob orientação do Prof. José Aparecido Leite

Teófilo Otoni-MGMAIO DE 2012

Page 3: Trabalho - Final - Comportas e Vertedores

SUMARIO

1. INTRODUÇÃO........................................................................................................3

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................................4

2.1. Histórico (de acordo com CHANSON 1995).....................................................4

2.2. Regimes de escoamento em vertedouros em degraus.........................................6

2.2.1. Regime de escoamento em quedas sucessivas (nappe flow)..................................6

2.2.2. Início do regime de escoamento deslizante............................................................6

2.3. Posição do início da aeração no escoamento......................................................7

3. COMPORTAS..........................................................................................................9

3.1. Definição.............................................................................................................9

3.2. Funcionalidade....................................................................................................9

3.3. Composição........................................................................................................9

3.4. Acionamento.....................................................................................................13

3.5. Tipos de Comportas..........................................................................................13

3.5.1. Comporta Gaveta..................................................................................................13

3.5.2. Comporta Vagão...................................................................................................14

3.5.3. Comportas Stop-log(Ensecadeira)........................................................................15

3.5.4. Comportas Segmento...........................................................................................16

3.5.5. Comporta lagarta..................................................................................................17

3.5.6. Comporta Stoney..................................................................................................17

3.5.7. Comporta tambor..................................................................................................18

3.5.8. Comporta Basculante...........................................................................................19

3.5.9. Comporta Rolante.................................................................................................19

3.5.10. Comporta Cilíndrica.............................................................................................20

3.5.11. Comporta Mitra....................................................................................................21

3.5.12. Comporta Telhado................................................................................................22

3.5.13. Comporta Visor....................................................................................................23

3.5.14. Comporta Mista....................................................................................................23

3.5.15. Comporta Múltipla...............................................................................................24

4. VERTEDORES......................................................................................................25

4.1. Definição e Aplicação.......................................................................................25

4.2. Terminologia.....................................................................................................26

4.3. Emprego dos vertedores na determinação da vazão.........................................27

Page 4: Trabalho - Final - Comportas e Vertedores

4.4. Classificação dos vertedores.............................................................................27

4.5. Vertedores Retangulares De Parede Delgada e Sem Contrações.....................29

4.6. Fórmulas Práticas..............................................................................................31

4.7. Influência das Contrações.................................................................................33

4.8. Vertedor Trapezoidal de Cipolleti....................................................................33

4.9. Vertedor Triangular..........................................................................................34

4.10. Vertedor Circular..........................................................................................35

4.11. Vertedor de Soleira Espessa..........................................................................35

4.12. Vertedores Laterais.......................................................................................36

4.13. Vertedor de Crista de Barragem....................................................................37

4.14. Dimensionamento de vertedores...................................................................38

5. CONCLUSÃO........................................................................................................39

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................40

Page 5: Trabalho - Final - Comportas e Vertedores

1. INTRODUÇÃO

A cada dia a hidráulica tem ocupado relevante espaço na engenharia nos

mostrando como é importante o conhecimento na área, sendo responsável por

inúmeros avanços na indústria, construções e máquinas em geral.

Sabendo desta importância em dominar este ramo da ciência, este

trabalho propõe uma discussão sobre tipos e dimensionamentos de comportas e

vertedouros.

De maneira simples, uma comporta pode ser entendida como um

equipamento que permite o controle da vazão de água em reservatórios, válvulas

e represas.

Pode ser aplicada em diversos campos da engenharia hidráulica. A

proteção e manutenção de equipamentos, o controle de nível e a limpeza de

reservatórios, a regularização de vazões em barragens, a instalação em tomadas

d’água para usinas hidrelétricas e em obras de abastecimento d’água são

exemplos de emprego desse equipamento. Justificando assim a importância de

estudos sobre o assunto.

Basicamente, a comporta é formada por três elementos principais:

tabuleiro, peças fixas e mecanismo de manobra.

Vertedouro é uma estrutura hidráulica que pode ser utilizada para

diferentes finalidades, como medição e controle de vazão, sendo sua principal

finalidade conduzir o escoamento excedente do reservatório de maneira segura,

impedindo o galgamento da barragem com a passagem de vazões extremas.

Podem ser definidos como paredes, diques ou aberturas sobre as quais

um líquido escoa.

As comportas e vertedouros possuem grande importância sob o ponto de

vista de segurança das barragens e representam uma porcentagem significativa

do custo total da obra, justificando a definição do tipo de equipamento que

deverá ser utilizado como uma das principais diretrizes do projeto.

A escolha da estrutura adequada deve levar em conta as características e

condições físicas, geológicas e hidrológicas do local de sua implantação,

garantindo assim maior eficiência, segurança e economia.

3

Page 6: Trabalho - Final - Comportas e Vertedores

O presente artigo tem como objetivo mostrar os tipos e

dimensionamentos de Comportas e Vertedouros bem como suas características

para uma melhor aplicação.

4

Page 7: Trabalho - Final - Comportas e Vertedores

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Histórico (de acordo com CHANSON 1995)

Os vertedouros em degraus começaram a ser utilizados na Antigüidade

pela simplicidade da forma, estabilidade da estrutura e já com objetivos de

dissipação de energia. Observa-se, ao longo da história, que a técnica de canais

em degraus, foi desenvolvida de forma independente em muitas civilizações

antigas. Pressupõe-se que o mais antigo vertedouro em degrau tenha sido

utilizado em uma barragem na Arkananian, Grécia, construído por volta de

1.300 a.C (CHANSON ET al. 2002). Este vertedouro apresentava 10,5 m de

altura, 25 m de largura, declividade média de aproximadamente 45°, variando

entre 39° e 73°, com degraus entre 0,6 e 0,9 m de altura. A estrutura deste

vertedouro foi construída em blocos de pedra e ainda encontra-se em pé (Figura

1).

Figura 1- Barragem na Arkananian, Grécia (1300 a.C.).

Fonte: CHANSON (2003)

Outros vertedouros e barragens em degraus, bastante antigos, foram

construídos no Oriente Médio, no Rio Khosr (694 a.C.), no Iraque. Mais tarde,

os Romanos construíram diversos vertedouros em degraus no seu Império, sendo

que alguns ainda podem ser encontrados na Líbia, Síria e Tunísia. Após a queda

do Império Romano, os muçulmanos construíram algumas destas estruturas no

Iraque e na Espanha. Com a reconquista da Espanha, os espanhóis projetaram

5

Page 8: Trabalho - Final - Comportas e Vertedores

alguns vertedouros em degraus (nas barragens Almansa, Alicante, Barrueco e

Abajo), e em 1791 construíram o maior vertedouro em degraus até então, na

barragem de Puentes, mas em 1802 ela foi destruída por uma cheia. Observa-se

uma forte influência espanhola nos vertedouros em, degraus encontrados na

França, México e Estados Unidos.

No século XVII, os engenheiros franceses começaram a projetar diversos

canais e cascatas em degraus. No México existem várias barragens em degraus,

que datam dos séculos XVIII e XIX. Durante o período 1800-1920, as barragens

de madeira foram muito populares na América, Austrália e Nova Zelândia e

muitas destas barragens eram construídas em degraus, aumentado a capacidade

de vazão e minimizando os danos. No início do século XX, as estruturas em

degraus passaram a ser projetadas especificamente para maximizar a dissipação

de energia ao longo da calha e consequentemente, diminuir a estrutura de

dissipação a jusante. O vertedouro da barragem de New Croton (1906), com

90,5 m de altura, declividade de 53°, e degraus com altura de 2,13 m, é

provavelmente, o primeiro vertedouro em degraus projetado neste conceito

(Figura 2).

Figura 2- Barragem de New Croton (1906).

Fonte: CHANSON ,2003

Acredita-se que desde a Antigüidade a existência dos degraus na calha de

vertedouros associava-se além da estabilidade do maciço e facilidade de

execução, a menores velocidades e menores desgastes na estrutura. Mas

informações quantitativas sobre as propriedades do escoamento, começaram a

surgir somente na década de 70, do século passado. A partir deste período, os

engenheiros e pesquisadores recuperaram o interesse por vertedouros em

6

Page 9: Trabalho - Final - Comportas e Vertedores

degraus, devido à introdução de novos materiais e técnicas construtivas

relacionadas ao CCR e às estruturas em gabiões, que otimizaram a construção

destas estruturas.

2.2. Regimes de escoamento em vertedouros em degraus

O escoamento sobre vertedouros em degraus pode ser dividido em dois

regimes: o regime de escoamento em quedas sucessivas (nappe flow); e o regime

de escoamento deslizante sobre turbilhões (skimming flow). Os termos

‘escoamento em quedas sucessivas’ e ‘escoamento deslizante sobre turbilhões’

já foram utilizados por MATOS e QUINTELA (1995), e este texto segue esta

denominação proposta.

Existe uma zona de transição entre estes dois tipos de escoamento, que

apresenta características mistas dos dois regimes, mas não bem definidas.

2.2.1. Regime de escoamento em quedas sucessivas (nappe flow)

De acordo com CHANSON (1994a) o regime de escoamento em quedas

sucessivas caracteriza-se por uma sucessão de quedas livres seguidas por

ressalto hidráulico plena ou parcialmente desenvolvido.

No regime de escoamento em quedas sucessivas, a dissipação de energia

ocorre na quebra do jato de água no ar e na formação do ressalto hidráulico.

CHANSON (1995a), considerada que pode ser observado o regime de

escoamento em quedas sucessivas sem a formação de ressaltos hidráulicos,

imediatamente antes do início do escoamento deslizante.

O regime de escoamento em quedas sucessivas ocorre em vertedouros

com menores declividades e menores vazões (características melhor definidas no

item 2.2.2).

2.2.2. Início do regime de escoamento deslizante

7

Page 10: Trabalho - Final - Comportas e Vertedores

CHANSON (1994a), com base em dados experimentais de outros

pesquisadores

(ESSERY e HORNER, 1978, PEYRAS et al.,1991 e BEITZ e LAWLESS, 1992),

propôs que o regime de escoamento deslizante ocorre para vazões maiores que um valor

crítico, definido por uma profundidade crítica, hc, dada por:

onde: H é a altura do degrau, l é a base do degrau (Figura 3) e hc é a profundidade

crítica característica.

Ressalta-se que a equação (2.1) foi definida com base em dados obtidos

em modelos com declividades variando entre 11º e 51,3º (H/l entre 0,2 e 1,3).

Figura 3- Dimensões básicas da calha em degraus: (a) degraus horizontais e (b) degraus

inclinados.

2.3. Posição do início da aeração no escoamento

Segundo CAMPBELL et al. (1965), nos escoamentos sobre vertedouros

de calha lisa existe um ponto crítico, onde a camada limite atinge a superfície

livre e este corresponde ao ponto de início da aeração. A superfície do

escoamento a jusante deste ponto caracteriza-se pela irregularidade.

Nos vertedouros em degraus também observa-se esta configuração

básica, no entanto, segundo BINDO et al. (1993), a macroturbulência criada

pelos degraus no escoamento favorece o desenvolvimento da camada limite,

8

Page 11: Trabalho - Final - Comportas e Vertedores

sendo que neste caso a sua espessura aumenta muito mais rapidamente do que

em uma calha lisa.

CHANSON (1994c), distingue três diferentes regiões ao longo da calha

em degraus (Figura 2.8), para o escoamento em regime deslizante:

- zona sem aeração do fluxo: ocorre no trecho inicial da calha, no interior do

qual desenvolve-se a camada limite, até esta atingir a superfície livre, ponto a

partir do qual inicia o processo de aeração natural do escoamento;

- zona de escoamento gradualmente variado: esta região de escoamento é

caracterizada por fluxos aerados com concentrações de ar variáveis ao longo da

calha;

- zona de escoamento uniforme: região onde, para uma mesma vazão, tem-se

um escoamento com profundidades, concentração de ar e distribuições de

velocidades constantes. Neste regime de escoamento verifica-se uma

profundidade uniforme do escoamento (hn).

9

Page 12: Trabalho - Final - Comportas e Vertedores

3. COMPORTAS

3.1. Definição

De acordo a NBR 7259 – comportas são dispositivos mecânicos usados

para controlar vazões hidráulicas em qualquer conduto livre ou forçado e de cuja

estrutura o conduto é independente para sua continuidade física e operacional.

Uma segunda definição seria: comporta hidráulica é um elemento do

sistema de controle artificial de vazão de água de rios e bacias, para fins de

geração de energia elétrica, de agricultura, de lazer e para impedir inundações.

(MARTINS, 2011).

3.2. Funcionalidade

A principal função de uma comporta é regular um fluxo de água com um

determinado objetivo: agrícola, proteção contra enchentes, emergências, controle

na geração de energia hidrelétrica, desvio de rios, tomadas d’água, eclusas,

limpeza e controle de nível de reservatórios, dentre outros. Concentrar-se-á aqui

no uso de devidos equipamentos na geração de energia em usinas hidrelétricas.

3.3. Composição

Uma comporta é composta basicamente por três partes: tabuleiro, peças

fixas e mecanismo de manobra. O tabuleiro, parte principal, é um elemento que

impede a passagem da água. Este é composto de vigamento e paramento. O

paramento é o responsável pela barragem da água, através de uma chapa de

revestimento. A vedação é possível através de componentes de borracha. Junto

ao tabuleiro também estão presentes outros elementos, como rodas, roletes,

cutelos, sapatas, guias, molas, entre outros. As peças fixas ficam embutidas no

concreto e conduzem o tabuleiro, além de alojá-lo, mover para o concreto cargas

atuantes sobre a comporta, e até auxiliar na vedação.

10

Page 13: Trabalho - Final - Comportas e Vertedores

Nesta parte fixa encontram-se soleira, caminho de rolamento, guias

laterais, contraguias, frontal, apoios da vedação, e em alguns casos até uma

blindagem das ranhuras. A soleira é o apoio do tabuleiro, ou da vedação inferior.

O caminho de rolamento é um apoio e serve para redistribuir cargas transmitidas

pelas rodas. As guias laterais conseguem limitar horizontalmente o

deslocamento do tabuleiro, além de também absorverem esforços. O frontal

completa o quadro de passagem da água, juntamente com as guias laterais e a

soleira. Localiza-se na parte horizontal superior da passagem a obturar, apóia a

vedação superior e serve também como proteção do concreto da erosão causada

pela passagem da água em alta velocidade.

A figura abaixo demonstra algumas partes integrantes de uma comporta.

Figura 4- Implantação típica de uma comporta.

A tabela a seguir trata-se dos componentes de um comporta com base na

NBR 7259 de 2001.

Componentes de uma comporta

Componente Descrição

Peças fixas Ficam fixados ao concreto e servem para guiar e/ou alojar o

tabuleiro, redistribuir as cargas para o concreto, atuando,

também, como proteção do concreto e/ou elemento de apoio da

11

Page 14: Trabalho - Final - Comportas e Vertedores

vedação.

Soleira É um componente horizontal inferior das peças fixas, que serve

como apoio do tabuleiro e/ou da vedação inferior. Em casos

particulares, a soleira serve como fixação da vedação inferior.

Caminho de

rolamento

São componentes laterais das peças fixas, que servem como

elementos de apoio e de redistribuição das cargas transmitidas

pelas rodas ou rolos das comportas de rolar.

Guias laterais São componentes das peças fixas que servem para limitar

deslocamentos do tabuleiro transversais ao fluxo e absorver os

esforços correspondentes.

Contraguias São componentes laterais das peças fixas que servem para

limitar deslocamentos do tabuleiro, na direção e em sentido

contrário do fluxo e absorver os esforços correspondentes.

Frontal É um componente horizontal superior das peças fixas que serve

para proteção do concreto e/ou para completar, com as guias

laterais e soleira, o quadro de passagem da água, absorvendo os

esforços correspondentes.

Apoios de vedação São componentes das peças fixas sobre os quais se apóiam as

vedações da comporta. No caso de a vedação ser efetuada

simultaneamente na soleira, nas laterais e em um elemento

frontal, os apoios formam um “quadro de vedação”.

Tabuleiro É a estrutura principal da comporta, que serve de anteparo à

passagem de água, constituído de paramento e vigamento.

Paramento É a chapa de revestimento do tabuleiro diretamente responsável

pela barragem da água.

Vigamento É o conjunto de vigas responsáveis pela rigidez do tabuleiro e

transmissão de esforços aos elementos de apoio.

Viga principal É o elemento principal do vigamento

Nervura ou viga

intermediária

É a viga com funções secundárias, usada também como

elemento de enrijecimento.

Viga cabeceira É a viga de fechamento lateral do tabuleiro, onde se localizam

os elementos de apoio.

Sapata É um elemento fixado ao tabuleiro, cuja função é guiá-lo ao

12

Page 15: Trabalho - Final - Comportas e Vertedores

longo das peças fixas.

Cutelo lateral É o elemento lateral contínuo de transmissão de cargas da

comporta às peças fixas.

Cutelo inferior É o elemento inferior contínuo de transmissão de carga da

comporta à soleira.

Chapa defletora É o elemento inferior do tabuleiro, convergindo para o cutelo

inferior, cuja função principal é melhorar as condições de fluxo

sob a comporta. A forma do trecho do tabuleiro que contém a

chapa defletora e o cutelo inferior é denominada “perfil

inferior”.

Olhal É o elemento de fixação entre a comporta e o dispositivo de

acionamento.

Vedação É o componente responsável pela estanqueidade, geralmente

constituído de perfis de borracha.

Braço É o componente estrutural responsável pela transmissão de

cargas do tabuleiro para o mancal principal das comportas tipo

segmento e setor.

Mancal principal É o conjunto de articulações da comporta de rotação. No caso

das comportas-segmento, também é conhecido como munhão.

Chumbador É o elemento utilizado para posicionar e/ou ancorar as peças

fixas.

Roda e rolo São elementos de rotação cujas funções são a de transmissão de

cargas e a diminuição dos esforços de atrito entre comporta e

peças fixas, considerando-se rolo aquele cuja largura é maior ou

igual ao diâmetro.

Lagarta É uma cadeia contínua de rolos ligados em forma de esteira.

Sapata antivibratória É um elemento fixado ao tabuleiro, que tem por finalidade

efetuar uma pré-compressão da comporta nas peças fixas, de

modo a evitar que as vibrações devidas ao escoamento

hidráulico sejam transmitidas à comporta e ao seu mecanismo

de acionamento.

Fonte: NBR 7259 (2001).

13

Page 16: Trabalho - Final - Comportas e Vertedores

14

Page 17: Trabalho - Final - Comportas e Vertedores

3.4. Acionamento

O mecanismo de movimento das comportas pode ser realizado pela

própria ação da água, por um dispositivo fixo ou ainda por um dispositivo móvel

de manobra. As primeiras não dispõem de guincho próprio e apenas necessitam

de válvulas e tubulações de admissão e descarga na câmara de flutuação. Os

fixos utilizam fusos, cabos de aço, correntes de rolo e servomotores para

operação da comporta. Os móveis são utilizados principalmente no tipo

ensecadeira e nas comportas de desvio. Servem também como elementos

auxiliares para a manutenção do tabuleiro e dos mecanismos de acionamento de

comportas de vertedouros, tomadas d’água e tubos de sucção. Entre os mais

usados destacam-se as talhas (manuais ou elétricas), pontes e pórticos rolantes e

guindastes sobre rodas ou esteiras (ERBISTE, 2002).

A principal função de um dispositivo de manobras de uma comporta é a

geração de uma grande força de acionamento com um mínimo fornecimento de

energia. A força é indispensável para superar o peso das partes móveis, as forças

de atrito, as forças hidrodinâmicas e as cargas ocasionais ou acidentais (apud

ERBISTE, 2002).

3.5. Tipos de Comportas

Existem diferentes tipos de comportas, algumas de utilização vinda da

antiguidade, talvez pelo seu valor histórico ou pelo seu uso particular, mas são

encontrados diferentes tipos de comportas pelo mundo, variando de preço e

complexidade na produção.

3.5.1. Comporta Gaveta

Trata-se de uma comporta de deslizamento, em que é exposta ao trabalho

sobre o fluxo hidráulico de diferentes pressões.

Em virtude de seu funcionamento simples e seguro e por exigir pouca

manutenção, a comporta gaveta é largamente utilizada como dispositivo de

controle de canais de irrigação, decantadores, obras de saneamento, descargas de

fundo e de pequenos sangradouros, e tomadas d’água. Apresentando ainda como

15

Page 18: Trabalho - Final - Comportas e Vertedores

vantagens uma transmissão uniforme de carga hidráulica ao concreto e a

ausência de vibrações em aberturas parciais devido a grande força de atrito entre

superfícies de deslizamento (ERBISTE, 2002).

Figura 5- Comporta gaveta para tratamento afluente

Fonte: Focco Saneamento, 2011

Figura 6- Comporta gaveta

Fonte: DANGE, 2011

3.5.2. Comporta Vagão

Este tipo mais usado e versátil de comporta. Em sua forma habitual,

consitui-se basicamente de tabuleiro, eixos, rodas e vedações. As comportas

16

Page 19: Trabalho - Final - Comportas e Vertedores

vagão são aplicadas na tomada d’água, vertedouros ou descarga de fundo, e

podem ser acionadas por meio de viga pescadora ou cilindros hidráulicos.

Figura 7- Comporta Vagão

Fonte: HACKER, 2011

3.5.3. Comportas Stop-log(Ensecadeira)

Assemelha-se à comporta vagão, mas não possui rodas, ou rolos para sua

movimentação, a não ser em casos específicos onde as guias são inclinadas.

Dependendo da altura a ser vedada, a comporta ensecadeira pode ter mais de um

elemento e neste caso, são denominados painéis stoplog. A vedação é feita nas

laterais, soleira e entre os painéis. A colocação ou retirada dos painéis das guias

é feito com água parada e por meio de uma viga pescadora, movimentada por

uma talha monovia.

17

Page 20: Trabalho - Final - Comportas e Vertedores

Figura 8- Comporta Ensecadeira

Fonte: hacker

3.5.4. Comportas Segmento

As comportas Segmento são comportas de perfil semicircular construídas

com estruturas reforçadas vedações em todo o seu paramento. Geralmente são

aplicadas em vertedouros de barragens, tomadas d’água ou descarga de fundo de

grandes dimensões. São acionadas por cilindros hidráulicos atutantes nos braços

de sustentação, que podem ser de tração ou compressão, dependendo da

aplicação.

Figura 9- Comporta Segmento

Fonte: hacker

18

Page 21: Trabalho - Final - Comportas e Vertedores

19

Page 22: Trabalho - Final - Comportas e Vertedores

3.5.5. Comporta lagarta

A comporta lagarta é uma comporta de rolamento, geralmente com

paramento plano e que se movimenta em suas guias ou peças fixas sob fluxo

hidráulico, utilizando cadeias fechadas de rolos.

Segundo Erbiste(2002), por apresentar um baixo coeficiente de atrito dos

rolos e sua alta capacidade de carga é recomendada em instalações de alta queda

para fechamento por gravidade de forma a substituir a comporta tipo vagão, e

que também vem a ser utilizada em tomadas d’água profundas podendo operar

totalmente aberta ou fechada.

Figura 10- Tabuleiro inferior da comporta lagarta da barragem San Louis (Mitsubishi)

Fonte: ERBISTE, 2002

3.5.6. Comporta Stoney

A comporta Stoney é uma comporta de rolamento, geralmente com

paramento vertical plano e que se movimenta em suas guias ou peças fixas sob

fluxo hidráulico, utilizando uma cadeia de rolos de eixos horizontais

independente do tabuleiro. Esta cadeia de rolos se movimenta por meio de uma

polia livre e um cabo que tem uma extremidade fixada na comporta e outra

extremidade fixada a um ponto elevado no pilar.

20

Page 23: Trabalho - Final - Comportas e Vertedores

Figura 11- Comporta Stoney

Fonte: IFSUL,2005

3.5.7. Comporta tambor

A comporta tambor é uma comporta de rotação com paramento radial,

continuado por uma superfície cheio cilíndrica, cujo perfil corresponde a um

setor que gira em torno de mancais fixos situados a montante. A pressão

hidráulica é transmitida por tração aos mancais.

Figura 12- Comporta tambor

Fonte: Adaptada da NBR 7259, 2001, p. 10

21

Page 24: Trabalho - Final - Comportas e Vertedores

3.5.8. Comporta Basculante

A comporta basculante é uma comporta de rotação com paramento plano

curvo, tendo a estrutura do tabuleiro fixada a mancais-suportes e eixo horizontal

incorporado ao próprio tabuleiro. A pressão hidráulica é transmitida aos

mancais-suportes e à estrutura do mecanismo de operação da comporta.

Figura 13- Comporta Basculante

Fonte: HACKER, 2011

3.5.9. Comporta Rolante

A comporta rolante é uma comporta de translo-rotação, de paramento

geralmente curvo, apoiado em uma estrutura cilíndrica de eixo horizontal, que

rola em cremalheiras fixas nos pilares em posição inclinada

22

Page 25: Trabalho - Final - Comportas e Vertedores

Figura 14- Comporta rolante

Fonte: Adaptada da NBR 7259, 2001, p. 12.

3.5.10. Comporta Cilíndrica

A comporta cilíndrica é uma comporta de translação, com paramento

cilíndrico fechado, eixo vertical e que se desloca ao longo de seu eixo. Em uma

comporta cilíndrica de superfície, quando o fluxo é admitido na sua parte

superior por abaixamento da comporta, esta recebe o nome especial de “anel”.

23

Page 26: Trabalho - Final - Comportas e Vertedores

Figura 15- Comporta Cilíndrica.

Fonte: Adaptada da NBR 7259, 2001, p. 13.

3.5.11. Comporta Mitra

A comporta mitra é uma comporta de rotação composta de dois

elementos basculantes de eixos verticais fixos, localizados nas paredes do

conduto. Na posição fechada, os dois elementos basculantes fazem apoio entre si

nas extremidades livres

24

Page 27: Trabalho - Final - Comportas e Vertedores

Figura 16- Comporta mitra

Fonte: Adaptada da NBR 7259, 2001, p. 15

3.5.12. Comporta Telhado

A comporta telhado é uma comporta de rotação composta de dois

elementos basculantes de eixos horizontais fixos e paralelos, na qual o elemento

de montante se apóia continuamente sobre o elemento a jusante.

Figura 17- Comporta telhado

Fonte:Adaptada da NBR 7259, 2001, p. 15.

25

Page 28: Trabalho - Final - Comportas e Vertedores

3.5.13. Comporta Visor

A comporta visor é uma comporta de rotação com paramento

semicilíndrico, com geratriz vertical e eixo de rotação horizontal

Figura 18- Comporta visor

Fonte: Adaptada da NBR 7259, 2001, p. 16.

3.5.14. Comporta Mista

A comporta mista é uma comporta composta de elementos de tipos diferentes,

superpostos (por xemplo: segmento e basculante, rolamento e basculante).

26

Page 29: Trabalho - Final - Comportas e Vertedores

Figura 19- Comporta mista

Fonte:MARTINS, 2010

3.5.15. Comporta Múltipla

A comporta múltipla é uma comporta composta de dois ou mais

elementos de um mesmo tipo, superpostos (por exemplo: vagão duplo, segmento

duplo)

27

Page 30: Trabalho - Final - Comportas e Vertedores

4. VERTEDORES

4.1. Definição e Aplicação

Vertedores ou vertedouros podem ser definidos como simples paredes, diques ou

aberturas sobre as quais um líquido escoa. O termo também é aplicado, a obstáculos à

passagem de correntes e aos extravasores de represas.

Os vertedores (Figura 20) são, por assim dizer, orifícios sem a borda superior.

Figura 20- Vertedouro

Há muito tempo, que os vertedores têm sido utilizados, intesiva e

satisfatoriamente, na medição de vazão de pequenos cursos de água e condutos livres,

assim como no controle de escoamento de galerias e canais, razão esta, que garante a

grande importância de seu estudo.

28

Page 31: Trabalho - Final - Comportas e Vertedores

4.2. Terminologia

A borda horizontal do vertedor é denominada crista ou soleira, Figura 21. As

bordas verticais constituem as faces do vertedor. A carga do vertedor, H, é a altura

atingida pelas águas, a contar da cota da soleira do vertedor. Devido à depressão

(abaixamento da lâmina vertente junto ao vertedor, a carga H deve ser medida

suficientemente a montante para não ser influenciada pelo abaixamento da superfície a

uma distância (d) aproximadamente igual ou superior a 5H.

Figura 21- Terminologia dos vertedores.

Outros componentes do vertedor são:

Carga (H): é a altura d’água sobre a soleira.

e: Espessura da soleira.

Veia ou Lâmina Vertente: é a veia liquida que escoa pelo vertedor.

Altura do Vertedor (P): é a diferença entre a soleira do vertedor e o fundo do

canal.

Vertedor de soleira fina ou delgada: Quando a lâmina vertente toca a crista do

vertedor segundo uma linha.

P1: altura da água a jusante do vertedor.

Vertedor de soleira Espessa: Existe atrito entre a lâmina e o vertedor.

29

Page 32: Trabalho - Final - Comportas e Vertedores

4.3. Emprego dos vertedores na determinação da vazão

Requisitos para se obter bons resultados com o emprego das fórmulas dos

vertedouros:

a) A crista deve ser delgada, reta, horizontal e normal à direção dos filetes líquidos;

a crista e os montantes devem ser agudos e lisos, convindo utilizar uma placa de

metal.

b) A distância da crista ao fundo e ao lados do canal deve ser igual a 2 ou

3H e, no mínimo, de 20 a 30 cm.

c) A parede do vertedor deve ser lisa e vertical.

d) Deve haver livre admissão de ar debaixo da lâmina, que deve tocar a crista

segundo um linha.

e) Para que a lâmina não goteje, a carga deve ser maior que 5 cm.

f) O comprimento da soleira deve ser, no mínimo, igual a 3H.

g) A carga não deve ultrapassar 60 cm e deve ser medida suficientemente a

montante, no mínimo a uma distância igual a 5H, para não ser influenciada pelo

abaixamento superficial da lâmina. Segundo Bazin e Francis a medição deve

ser feita de 1,80 a 5,0 m a montante.

h) Convém que haja, a montante, um trecho retilíneo do canal de acesso, para

regularizar o movimento da água.

i) O nível da água a jusante não deve estar próximo da crista.

4.4. Classificação dos vertedores

Os vertedores podem assumir as mais variadas formas (Figura X.3) e

disposições, apresentando assim os mais diversos comportamentos, sendo muitos os

fatores que podem servir como bases para a sua identificação.

30

Page 33: Trabalho - Final - Comportas e Vertedores

Figura 22- Vertedouros portáteis utilizados em pesquisa: 1A – vertedor retangular; 1B – vertedor

retangular instalado; 2 – vertedor retangular Cipolleti; 3 – vertedor triangular

Fonte: Modificado de COSTA, 2005

I. Forma

a) Simples (retangulares, trapezoidais, triangulares, etc);

b) Compostos (seções combinadas).

II. Altura relativa da soleira

a) Vertedores completos ou livres (P>P1);

b) Vertedores incompletos ou afogados(P<P1).

III. Natureza da parede

a) Vertedores em parede delgada (chapas ou madeira chanfrada);

b) Vertedores em parede espessa (e>0,66H ).

IV. Largura relativa

a) Vertedores sem contrações laterais;

b) Vertedores contraídos (com uma contração ou com duas contrações).

Figura 23

31

Page 34: Trabalho - Final - Comportas e Vertedores

Figura 23- Largura Relativa dos Vertedouros

Existem também alguns fatores que influenciam na vazão do vertedor:

a) Forma do vertedor;

b) Espessura da Soleira;

c) Rugosidade das paredes;

d) Altura do vertedor (P);

e) Carga (H);

f) Nível d’água a jusante (P1);

g) Forma da lâmina vertente.

4.5. Vertedores Retangulares De Parede Delgada e Sem Contrações

As figuras 24 e 26 mostram vertedores retangulares de paredes delgadas sem

contrações.

32

Page 35: Trabalho - Final - Comportas e Vertedores

Figura 24-

Figura 25- Vertedores retangulares

Examinando-se o movimento da água em um vertedor (Destaque FIGURA X.7),

observa-se que os filetes inferiores a montante, elevam-se, tocam a crista do vertedor e

sobrelevam-se ligeiramente a seguir. A superfície livre da água e os filetes próximos

baixam. Nessas condições, verifica-se um estreitamento da veia, como acontece com os

orifícios.

33

Page 36: Trabalho - Final - Comportas e Vertedores

Figura 26-

Para orifícios de grandes dimensões, foi deduzida a seguinte fórmula para a

vazão:

Q=23Cd L√2 g(h2

23 −h1

23 ).

Fazendo-se:

h1=0

h2=H

Q=KL H 3/2

Onde:

K=23Cd√2g .

4.6. Fórmulas Práticas

Um grande número de fórmulas propostas para essa classe de vertedouros

podem ser encontradas, dentre essas as mais usuais são:

Fórmula de Francis:

Q=1,838 L H 3/2

Fórmula da Sociedade Suíça de Engenheiros e Arquitetos:

34

Page 37: Trabalho - Final - Comportas e Vertedores

Q=[1,816+ 1,816(1000H+1,6 ) ] [1+0,5( H

H+P )2]LH 2 /3

Fórmula de Bazin

Q=[0,405+ 0,003H ][1+0,55( H

H+P )2]LH √2 gH

Essas fórmulas são validas para os vertedouros, nos quais atua a pressão

atmosférica sob a lâmina vertente. Na Fórmula de Francis (tabela x.1) a velocidade de

chegada da água é desprezada.

Tabela X.1 – Vertedores retangulares em parede delgada, sem contrações.

Fórmula de Francis, vazão pro metro linear da soleira*.

H (cm) Q (l/s) H (cm) Q (l/s)

3 9,57 25 230,0

4 14,72 30 302,3

5 20,61 35 381,1

6 27,05 40 465,5

7 34,04 45 555,5

8 41,58 50 650,6

9 49,68 55 750,5

10 58,14 60 855,2

11 67,12 65 964,2

12 76,53 70 1077,7

13 86,24 75 1195,1

14 96,34 80 1316,5

15 106,90 85 1442,0

20 164,50 90 1571,0

Para os vertedores com largura menor ou maior que um metro, multiplicam-se

os valores da vazão pela largura real.

4.7. Influência das Contrações

35

Page 38: Trabalho - Final - Comportas e Vertedores

Os Vertedores retangulares contraídos são os vertedores cuja largura é inferior a

do canal em que se encontram instalados(L<B), enquanto os plenos são da mesma

largura do canal.

Após inúmeras experiências, Francis, concluiu que tudo se passa como se o

vertedor com contrações a largura fosse reduzida, aplicando-se assim na fórmula, um

valor corrigido para L. Para uma contração:

L'=L−0,1H

Para duas contrações:

L'=L−0,2H

No caso de duas contrações a fórmula de Francis (sem levar em conta a

velocidade de chegada da água) passa a ser:

Q=1,838 (L−0,2H )H 3 /2

Para que os resultados obtidos através dessa fórmula se aproximem de valores

reais, é preciso que duas condições sejam satisfeitas:

Hp

<0,5 eHL

<0,5

As correções de Francis também têm sido aplicadas em outras expressões,

incluindo-se a fórmula de Bazin.

4.8. Vertedor Trapezoidal de Cipolleti

Este tipo de vertedor foi desenvolvido para compensar o decréscimo de vazão

devido às contrações (Figura 27).

A Inclinação das faces foi estabelecida de modo que a descarga através das

partes “triangulares” do vertedor correspondesse, ao decréscimo de descarga devido as

contrações laterais, com a vantagem de evitar a correção nos cálculos.

Para essas condições, o talude resulta 1:4 (1 horizontal para 4 vertical).

36

Page 39: Trabalho - Final - Comportas e Vertedores

Figura 27- Vertedor trapezoidal em corte

4.9. Vertedor Triangular

Os vertedores triangulares possibilitam uma maior precisão na medida de cargas

correspondentes a vazões reduzidas. Na prática, empregam-se somente os que têm a

forma isósceles, sendo mais usuais os de 90º (Figura 28).

I

II

Figura 28- I - Vertedor triangular em corte; II – Vertedor Triangular

37

Page 40: Trabalho - Final - Comportas e Vertedores

A fórmula adotada para esses vertedores é a de Thompson,

Q=1,4 H 2,5

onde Q é a vazão, dada em m3/s, e H, a carga, dada em m. O coeficiente dado (1,4) na

realidade pode assumir valores entre 1,40 e 1,46.

4.10. Vertedor Circular

O vertedor de seção circular (FIGURA 29), embora raramente empregado,

oferece como vantagem a facilidade de execução e não requer o nivelamento da soleira.

A equação da vazão de um vertedor circular é:

Q=1,518D0,693H 1,807

Q em m3/s, D e H em m.

Figura 29- vertedor circular.

4.11. Vertedor de Soleira Espessa

Um vertedor é considerado de parede espessa (figura X.11), quando a soleira é

suficientemente espessa para que na veia aderente se estabeleça o paralelismo dos

filetes.

O vertedor é considerado de soleira espessa quando a largura da crista é

maior que H /2 .(e<H /2).

QuandoH /2<e<2/3H a veia é instável, podendo ou não aderir à crista.

Quando a espessura da soleira é bastante grande ¿, a superfície da água sofre

um abaixamento no início da soleira, tornado-se depois os filetes líquidos paralelos

á mesma.

38

Page 41: Trabalho - Final - Comportas e Vertedores

Vertedores de soleira espessa.

Neste tipo de vertedores, a vazão pode ser encontrada pela fórmula:

Q=1,7 L H1,5

expressão confirmada na prática.

4.12. Vertedores Laterais

Nos vertedores laterais a soleira é paralela a direção do escoamento.

São usados para descarregar o excesso de vazão do canal para que o nível da

água não ultrapasse determinada cota.

Admite-se que a superfície da água no canal, ao longo do vertedor, varie

segundo uma reta; a altura d’água H1 sobre a crista na extremidade de jusante é

maior que altura H0 na Extremidade de montante quando o escoamento no canal é

tranqüilo, e menor quando o regime é rápido (FIGURA 30).

Figura 30-

39

Page 42: Trabalho - Final - Comportas e Vertedores

A vazão no vertedor pode se obtida por:

Q=25ml√2g(H 1

2,5−H 02,5)/(H 1−H 0)

4.13. Vertedor de Crista de Barragem

Quando o nível da água num reservatório ultrapassa a cota da crista da

barragem, escoando-se sobre ela, a barragem funciona como um vertedor.

Q=2/3Cd l √2 g H 1,5

A soleira plana é utilizada somente em barragens de pequena altura, tanto

por causa do impacto da água sobre o terreno a jusante da barragem, como pelo

perigo de, com o arrastamento do ar no espaço debaixo da lâmina, haver a

formação de uma depressão, que implicaria num esforço adicional sobre a barragem.

Nas barragens de crista arredondada os filetes líquidos são guiados sobre o

paramento de jusante, sem haver deslocamento da lâmina, que é também guiada

junto a base para mudar de direção sem impacto sobre o solo.

O traçado da crista é feito de modo que a mesma coincida com a face inferior da

lâmina líquida, sendo um dos métodos mais usado o de CREAGER.

O traçado da crista é feito para máxima descarga admissível. Quando a

velocidade de aproximação for diferente de zero:

H=H i+V 2

2g

O arredondamento da crista da barragem (FIGURA 31) tem o efeito de

proporcionar maior descarga.

H 0=H+0,126H

Q=2,196l H 1,5

Figura 31-

40

Page 43: Trabalho - Final - Comportas e Vertedores

4.14. Dimensionamento de vertedores

Ao selecionar o local para instalação de um medidor de vazão em escoamento

livre, deve-se verificar qual o tipo de medidor mais adequado a ser instalado no canal de

descarga. As seguintes características devem ser consideradas:

Adequabilidade do comprimento do canal e regularidade de sua secção

transversal.

Evitar usar canais demasiadamente inclinados.

Evitar instalar os medidores em canais que sofram influências de marés,

descargas próximas de rios ou córregos, ou lugares que possam ser inundados.

Verificar a permeabilidade do fundo do canal de escoamento onde se pretende

instalar o medidor.

O dimensionamento do vertedor é feito a partir da estimativa da vazão de pico,

que é a vazão máxima que pode ocorrer na bacia devido a uma chuva de maior

intensidade em um determinado tempo de retorno, calculada a partir de fórmulas

empíricas.

.

41

Page 44: Trabalho - Final - Comportas e Vertedores

5. CONCLUSÃO

Através do exposto, concluímos que existe recomendações para a

construção de um vertedouro retangular, como a soleira que deve ser delgada,

reta, em nível com o plano horizontal e normal à direção do fluxo (convém

utilizar uma placa de metal); a distância da crista ao fundo e aos lados do canal

deve ser igual a 3H (no mínimo 20 cm); deve haver livre admissão de ar debaixo

da lâmina de água (veia livre); a carga hidráulica H deve ser maior que 5 cm e

menor que 60 cm; o comprimento da soleira que deve ser no mínimo igual a 3H

(no mínimo 20 a 30 cm); a montante do vertedouro deve haver um trecho

retilíneo para regularizar o movimento da água, de preferência com o fundo em

nível, lembrando que a régua pode ser colocada num poço lateral ao canal para

fugir da influência de ondas e que o nível da água a jusante não deve estar

próximo da soleira do vertedor.

As comportas e vertedouros são muito importante no que diz respeito a

segurança no controle do fluxo e refletem no custo total de uma obra, sendo

assim é justificável a escolha correta do tipo utilizado a partir dos dados

apresentados neste trabalho. A escolha da estrutura adequada deve levar em

conta as características e condições físicas, geológicas e hidrológicas do local de

sua implantação, garantindo assim maior eficiência, segurança e economia.

42

Page 45: Trabalho - Final - Comportas e Vertedores

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

“Trabalho Final” disponivel em:

<http://www.cadtec.dees.ufmg.br/NucleoEAD/Forum/Arquivos/Trabalho_Diego_Rober

to_Carlos.pdf> , acessado em 10 de maio de 2012.]

“Apresentação Vertedores”, disponível em:

<http://www2.ufersa.edu.br/portal/view/uploads/setores/111/APRESENTA

%C3%87%C3%83O%20VERTEDORES.pdf>, acessado em 10 de Maio de 2012

“VERTEDORES”, disponível em:

<http://www.ufpi.br/subsiteFiles/ct/arquivos/files/pasta/CAP4>, acessado em 12 de

Maio de 2012.

“Orificios, Bocais e Vertedores”, disponível em:

<http://www.em.ufop.br/deciv/departamento/~carloseduardo/Orificios_Bocais_Vertedo

res.pdf>, acessado em 13 de maio de 2012.

AZEVEDO NETTO, José Martiniano de. Manual de Hidráulica. 8 edição. São Paulo:

Blucher, 1998.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7259: Comportas

hidráulicas – Terminologia. Rio de Janeiro: 2001.

“CELAN, 2010.” Disponível em:

<http://www.celan.com.br/website_seband/wfVideo.aspx>. Acessado em: 10 de maio.

2012.

“CESP, 2009”. Disponível em: <http://www.maxpressnet.com.br/e/cesp/cesp_23-10-

09.html>. Acessado em: 11 de maio de 2012.

43

Page 46: Trabalho - Final - Comportas e Vertedores

“EH ENGENHARIA, 2003”. Disponível em: <http://www.ehengenharia.com.br>.

Acessado em: 11 de maio. 2012.

44