Cap 4 - Vertedores

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UNIDADE 4 VERTEDORES 4.1 Nomenclatura 4.2 - Classificação 4.3 Vertedor retangular de parede fina sem contrações 4.4 Influência da contração lateral 4.5 Vertedor triangular de parede fina 4.6 Vertedor de soleira espessa horizontal 4.7 Descarregadores de barragens Engenharia Civil Disciplina: Hidráulica Geral 1º sem / 2014

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UNIDADE 4 – VERTEDORES

4.1 – Nomenclatura

4.2 - Classificação

4.3 – Vertedor retangular de parede fina sem contrações

4.4 – Influência da contração lateral

4.5 – Vertedor triangular de parede fina

4.6 – Vertedor de soleira espessa horizontal

4.7 – Descarregadores de barragens

Engenharia Civil Disciplina: Hidráulica Geral

1º sem / 2014

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• Dispositivo utilizado para medir e/ou controlar a vazão em escoamento por um canal

• “Trata-se de um orifício de grandes dimensões no qual foi suprimida a aresta do topo, portanto a parte superior da veia líquida, na

passagem pela estrutura, se faz em contato com a pressão atmosférica”.

• O vertedor eleva o nível da água à montante até que este nível

atinja uma cota suficiente para produzir uma lâmina sobre o obstáculo, compatível com a vazão descarregada.

• São estruturas de grande importância prática, utilizada em diversas construções hidráulicas, como sistemas de irrigação, estações de tratamento de água e esgotos, barragens, medição de vazão em córregos, etc.

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4.1 Nomenclatura • CRISTA ou SOLEIRA

– Parte superior da parede em que há contato com a lâmina vertente. – Se o contato da lâmina se limitar a uma aresta biselada, o vertedor é de parede delgada. Se o

contato ocorrer em um comprimento apreciável da parede, o vertedor é de parede espessa.

• CARGA SOBRE A SOLEIRA (h)

– Diferença de cota entre o nível da água a montante (região fora da curvatura da lâmina em que a distribuição de pressão é hidrostática) e o nível da soleira. Em geral, a uma distância a montante de vertedor de 6.h a depressão da lâmina é desprezível

• ALTURA DO VERTEDOR (P)

– Diferença de cotas entre a soleira e o fundo do canal de chegada

• LARGURA OU LUZ DA SOLEIRA (L)

– Dimensão da soleira através da qual há o escoamento

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• Quanto à forma geométrica da abertura: – Retangulares, triangulares, trapezoidais, circulares, parabólicos

• Quanto à altura da soleira: – Descarga livre se P>P’ – Descarga submersa se P<P’

• Quanto à natureza da parede: – Delgada se e<2/3h – Espessa se e>2/3h

• Quanto à largura da soleira:

– Sem contrações laterais (largura da soleira = largura canal) – Com contrações laterais (L<b)

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4.2 Classificação

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• Quanto à natureza da lâmina: – Lâmina livre – região abaixo da lâmina é arejada – pressão

atmosférica atuante – Lâmina deprimida – pressão abaixo da lâmina é inferior à Patm – Lâmina aderente – não há bolsa de ar abaixo da lâmina e esta cola

no paramento se jusante (sem ser afogada)

• Quanto à inclinação do paramento:

– Vertical – Inclinado

• Quanto à geometria da crista:

– Retilínea – Circular – Poligonal – Labirinto

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• Detalhes construtivos: – Seção de instalação deve ser precedida de trecho retilíneo – Medida da carga deve ser feita a montante do vertedor – Para evitar que a lâmina vertente cole na parede, a carga

mínima deve ser da ordem de 2cm. – Largura da soleira > 3.h – Não são recomendadas cargas > 50cm

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4.3 Vertedor retangular de parede fina sem contrações

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Supondo: •Distribuição de velocidades uniforme

(montante do vertedor) •Pressão atmosférica em AB •Desprezando perdas de carga

Pode-se considerar escoamento bidimensional

1. Aplicando Bernoulli 2. Derivando a vazão unitária em relação a y 3. Integrando de 0 a h (considerando plano horizontal

de referência passando em B) 4. Considerando o coeficiente de descarga 5. Temos a vazão total descarregada pelo vertedor:

2/323

2hLgCQ

d

Onde: L=largura da soleira = largura do canal

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Valores do coeficiente de vazão Cd: • Existem muitos estudos e experimentos para vertedores do tipo Bazin.

“Apesar de todo esforço realizado, não é possível recomendar com segurança uma determinada formulação”.

• Nas fórmulas apresentadas a seguir deve-se observar que há uma variação nos resultados de +- 5%.

• Fórmulas mais utilizadas na literatura:

• A) BAZIN (1889): – Sendo: – 0,08 < h < 0,50 m – 0,20 < P < 2,00 m

• B) REHBOCK (1912):

– Sendo: – 0,05 < h < 0,80 m – P > 0,30 m – h < P

8

2

55,010045,0

6075,0Ph

h

hCd

hP

hCd

1000

108,0605,0

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• C) REHBOCK (1929): – Sendo: – 0,03 < h < 0,75 m – L > 0,30 m; – P > 0,30 m; – h < P – Fornece bons resultados para condições de trabalho de laboratório, (campo de velocidade uniforme,

soleira do vertedor bem polida, etc)

• D) FRANCIS (1905):

– Sendo: – 0,25 < h < 0,80 m – P > 0,30 m – h < P – Para P/h > 3,5 → valor da carga cinética de aproximação é pequena → Cd = 0,623. Aí teremos:

– A equação acima resulta em valores aproximados, mas suficiente para resolver problemas hidráulicos. EXPRESSÃO MAIS UTILIZADA NA PRÁTICA!

• E) KINDSVATER E CARTER (1957):

– Sendo: – 0,10 < P < 0,45 m – 0,03 < h < 0,21 m – L = 0,82 m – Considerando a tensão superficial e a viscosidade – reduziu a largura da soleira em 1mm: – Largura efetiva Le = L – 0,001 – Carga efetiva he = h – 0,001 9

2/30011,0

10011,0

0813,06035,0

hP

hCd

2

26,01615,0Ph

hCd

2/3838,1 hLQ

P

hCd 075,0602,0

2/32075,0602,03

2ee hLg

P

hQ

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• Medições em campo – canais naturais ou artificiais – condições diferentes do laboratório – Ex. Instalação de um vertedor retangular de largura L no meio de um canal de

largura b>L → Surgem contrações laterais

• Largura da soleira (L) é a largura efetivamente disponível para o escoamento

• FRANCIS: • Para vertedor retangular com contração lateral com as características:

• Portanto, para vertedor retangular de parede fina e duas contrações laterais:

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4.4 Influência da contração lateral

2/3)2,0(838,1 hhLQ

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• São vertedores recomendados para medir vazões abaixo de 30 l/s com cargas de 0,06 a 0,50 m.

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4.5 Vertedor triangular de parede fina

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• A relação entre a vazão e a carga h é determinada da seguinte forma: – Despreza-se a carga cinética de

aproximação – Deriva-se a Vazão em relação a altura e

integra-se de y=0 a h. – Considerando um coeficiente de

descarga, a vazão no vertedor triangular será:

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2/52/215

8htggCQ d

O vertedor mais utilizado é com ângulo de abertura α=90˚, sendo mais utilizadas as seguintes fórmulas experimentais:

THOMSON: Sendo: 0,05 < h < 0,38 m P > 3h b > 6h

2/54,1 hQ

GOULEY e CRIMP: Sendo: 0,05 < h < 0,38 m P > 3h b > 6h

48,232,1 hQ

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• Exercício 1:

• Em um distrito de irrigação, um canal trapezoidal, com largura de fundo igual a 1,20m, declividade de fundo Io=0,0003m/m, inclinação dos taludes 1V:2H, revestido de cimento n=0,020, transportando em regime uniforme uma certa vazão com altura de água igual a 0,45m.

• Desejando-se, em determinada seção, aumentar o tirante de água para 0,75m, optou-se pela instalação de um vertedor retangular, parede fina, com duas contrações laterais e largura da soleira L= 1,5m. Qual deve ser a altura da soleira P?

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4.6 Vertedor de soleira espessa horizontal

Comportamento da veia líquida – ocorre uma depressão nas proximidades do bordo de montante e na sequência um escoamento praticamente paralelo à crista. Aplicando a equação da energia entre as duas seções (montante do vertedor e sobre o vertedor), e considerando o coeficiente de descarga, temos:

2/3704,1 hbCQ d

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• SE:

– Crista longa (e>3h): linhas de corrente paralelas à superfície da crista – nas proximidades do bordo de jusante teremos Yc.

– Carga grande (0,4 e < h < 1,5 e): vertedor estreito - padrão de escoamento curvilíneo (não atinge Yc)

• O Coeficiente de descarga Cd é dependente da carga, da altura do vertedor, da espessura da parede, da rugosidade da crista e da aresta do bordo (em ângulo vivo ou arredondada).

• Cd – resultados experimentais com grande variação, principalmente para cargas menores que 0,15m.

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• Valores de Cd para vertedores de soleira espessa, horizontal e com bordo de montante em aresta viva (ângulo reto), descarregando livremente (sem condicionantes de jusante)

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Para vertedores com aresta de montante arredondada por um arco de círculo, os valores da tabela devem ser acrescidos de 10%.

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• A utilização de um descarregador com geometria trapezoidal e soleira plana (figura) para o porte das vazões de grandes barragens é totalmente desaconselhável.

• As mudanças bruscas dos ângulos nos paramentos de montante e jusante provocam a separação da lâmina, criando zonas de turbulência e subpressões.

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4.7 Descarregadores de barragens

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• No caso de grandes vazões: uso comum de VERTEDORES-EXTRAVAZORES – São grandes vertedores retangulares, projetados com uma

geometria que promova o perfeito assentamento da lâmina vertente sobre a soleira.

– Promovem um coeficiente de descarga máximo e previnem

pressões negativas, que podem gerar cavitação no concreto.

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Vertedor de parede fina Vertedor-extravasor de soleira normal

É uma soleira espessa desenhada na forma tomada pela face inferior de uma lâmina vertente de um vertedor retangular de parede delgada –

chamamos de Soleira Normal

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• O ponto mais alto da face inferior do jato livre em relação à crista (distância vertical entre os dois vertedores:

• ΔH=0,12.h • hd =0,88 h

• Lei de descarga de um vertedor extravasor:

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2/3* 23

2dd hLgCQ

Coeficiente de vazão relaciona-se ao Cd de um vertedor Bazin, de igual largura e vazão, na forma:

2/3

*

d

ddh

hCC

dd CC 211,1*

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Geometria da soleira normal • Vários perfis geométricos estudados. • Waterways Experiment Station (WES) propõe perfil padrão de um

descarregador de paramento (face) de montante vertical:

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85,0

85,1

2

1

dh

XY

Onde: X e Y são as coordenadas da soleira com origem no ponto mais alto do perfil (crista) hd é a carga estática de projeto associada a vazão de projeto O trecho entre a crista e o paramento de montante é definido por dois arcos de círculos de raios R1 e R2 e distâncias a e b.

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• Coeficiente básico de vazão: Co – Varia conforme varia a vazão

• Para evitar aparecimento de efeitos indesejáveis de descolamento da veia líquida e cavitação na estrutura, como norma, a máxima vazão conduzida no vertedor-extravasor deve ser:

• Dados experimentais levantados pela WES, mostraram que:

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Variação do Coef. de vazão com a carga

gCC

hLCQ

hLgCQ

d

d

dd

23

2

23

2

*

0

2/3

0

2/3*

dmáx hh 33,1

148,0

215,2

dh

hC

2/3hLCQ

h=carga de trabalho (efetiva) hd=carga de projeto

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• Exercício 2:

• A captação de água para o abastecimento de uma cidade na qual o consumo é de 250 l/s (vazão de demanda) é feita em um curso de água onde a vazão mínima verificada (período de estiagem) é de 700 l/s e a vazão máxima verificada (época das cheias) é de 3800 l/s.

• Em decorrência de problemas de nível da água na linha de sucção da estação de bombeamento na época de estiagem, construiu-se a montante a jusante da captação uma pequena barragem cujo vertedor de 3m de soleira tem a forma de um perfil WES e carga de projeto hd=0,50m.

• Para o bom funcionamento das bombas, o nível mínimo de água no ponto de captação deverá estar na cota 100,0m. Nestas condições, pergunta-se

• A) Qual a cota do vertedor? • B) Durante a época de cheias, qual será a máxima cota do nível da água?

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