Trabalho Historia Militar

52
ESCOLA DE SARGENTOS DAS ARMAS ESCOLA SARGENTO MAX WOLFF FILHO CONFLITOS ARMADOS DO BRASIL REPUBLICA ATE SEGUNDA GUERRA MUNDIAL Leonardo Vieira da Silva - Al Vinicius Albertino - Al Gregory Barbosa Costa – Al Jonathan Fernandes de Lima - Al

Transcript of Trabalho Historia Militar

Page 1: Trabalho Historia Militar

ESCOLA DE SARGENTOS DAS ARMASESCOLA SARGENTO MAX WOLFF FILHO

CONFLITOS ARMADOS DO BRASIL REPUBLICA ATE SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Leonardo Vieira da Silva - Al

Vinicius Albertino - Al

Gregory Barbosa Costa – Al

Jonathan Fernandes de Lima - Al

Três Corações2011

Page 2: Trabalho Historia Militar

2

ESCOLA DE SARGENTOS DAS ARMASESCOLA SARGENTO MAX WOLFF FILHO

AS RAÍZES DA FORÇA TERRESTRE BRASILEIRA

Grupo Nr 01 – Turma C-1 – Curso de Cavalaria

Três Corações2011

Trabalho apresentado à Escola de Sargentos das Armas como parte do Projeto Interdisciplinar do Curso de Formação de Sargentos, sob a orientação do 1º Sgt Cavalaria Rogério Kocuka.

Page 3: Trabalho Historia Militar

3

ESCOLA DE SARGENTOS DAS ARMASESCOLA SARGENTO MAX WOLFF FILHO

AS RAÍZES DA FORÇA TERRESTRE BRASILEIRA

Grupo Nr 01 – Turma C-1 – Curso de Cavalaria

Comissão Avaliadora

_______________________________

Função

_______________________________

Função

_______________________________

Orientador

Três Corações2011

Page 4: Trabalho Historia Militar

4

RESUMO

No período que sucedeu a proclamação da republica no Brasil as forças armadas brasileiras

foram empregadas principalmente na supressão de conflitos internos e rebeliões que beiraram

a guerra civil como a guerra de canudos, guerra do contestado, a revoltas da armada, as

revoluções constitucionalistas, federalistas, a revolução de 1930, o movimento tenentista e a

coluna prestes. Terminado o período de conflitos internos o exercito brasileiro participou,

com um pequeno contingente, da primeira guerra mundial e com expressividade da campanha

dos aliados na Itália durante a segunda guerra mundial.

No ano seguinte à Proclamação da República, em 1890, houve uma reforma no ensino militar

brasileiro. Isto ocorreu por inspiração dos ideais positivistas dos líderes republicanos.

Entretanto as disparidades e a pobreza de certas regiões fomentaram conflitos de cunho

religioso no nordeste do Brasil o que foi o caso da guerra de canudos, onde sertanejos e ex-

escravos liderados por Antônio conselheiro se rebelaram contra a força dos latifundiários da

região o que acabou com uma serie de incursões militares por parte do exercito republicano.

Houve também a guerra do Contestado. Originada nos problemas sociais, decorrentes

principalmente da falta de regularização da posse de terras, e da insatisfação da população,

numa região em que a presença do poder público era deficiente, o embate foi agravado ainda

pelo fanatismo religioso, expresso pelo messianismo e pela crença, por parte dos caboclos

revoltados, de que se tratava de uma guerra santa.

As dificuldades de negociação do presidente marechal Deodoro da Fonseca com as elites

cafeiculturas e a violação da constituição recém-promulgada em 1891 culminaram na primeira

revolta da armada. Que forçou a renuncia do presidente para que se evitasse uma guerra civil.

Da disputa pelo poder na nova republica entre oficiais da marinha e do exercito,

ocorreu a segunda revolta da armada. Nela almirantes da marinha sublevaram-se contra o

Page 5: Trabalho Historia Militar

5

presidente marechal Floriano Peixoto alegando ilegalidade de seu mandato. A revolta foi

contida com a compra as pressas de uma frota do exercito americano tripulada por

mercenários.

A Revolução Federalista ocorreu no sul do Brasil logo após a Proclamação da República, e

teve como causa a instabilidade política gerada pelos federalistas, que pretendiam "libertar o

Rio Grande do Sul da tirania de Júlio Prates de Castilhos", então presidente do Estado.

Empenharam-se em disputas sangrentas que acabaram por desencadear uma guerra civil, que

durou de fevereiro de 1893 a agosto de 1895, e que foi vencida pelos pica-paus, seguidores de

Júlio de Castilhos.

A divergência teve início com atritos ocorridos entre aqueles que procuravam a autonomia

estadual, frente ao poder federal e seus opositores. A luta armada atingiu as regiões

compreendidas entre o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.

O marechal Hermes da Fonseca, ao assumir a pasta da Guerra em 1906, deu vigoroso impulso

à reforma da estrutura militar do país. Estabeleceu o serviço militar obrigatório, por sorteio, e

reorganizou o exército em bases modernas, reequipando-o. A lei do sorteio teve muitos

protestos, porém, foi efetivamente aplicada em 1916, por contingência da Primeira Guerra

Mundial.

O Brasil participou da Primeira Guerra Mundial, declarando guerra às potências centrais

(Alemanha, Império Otomano e Áustria-Hungria) e chegou a enviar um pequeno contingente.

Em 1919 houve uma reorganização do exercito brasileiro auxiliado por uma missão francesa

sob o comando do general francês Maurice-Gustave Gamelin.

Tenentismo foi o nome dado ao movimento político-militar e à série de rebeliões de jovens

oficiais de baixa e média patente do Exército Brasileiro no início da década de 1920,

descontentes com a situação política do Brasil. Não declaravam nenhuma ideologia,

Page 6: Trabalho Historia Militar

6

propunham reformas na estrutura de poder do país, entre as quais se destacam o fim do voto

de cabresto, instituição do voto secreto e a reforma na educação pública.

A participação do Brasil na segunda guerra se foi dado com a criação da forca

expedicionária brasileira a FEB. Que combateu as forcas do eixo no teatro de operações da

Itália garantindo a consolidação do exercito brasileiro no cenário mundial.

Referência Bibliográfica deste Trabalho de Conclusão de Curso.

Este trabalho tem como objetivo relatar os fatos ocorridos na história

brasileira que levaram ao surgimento da atual força terrestre.

Palavras-chaves:

Page 7: Trabalho Historia Militar

7

SUMÁRIO

1 CAPITULO 1 - GUERRA DE CANUDOS.............................................. 07

2 CAPÍTULO 2 – GUERRA DO CONTESTADO ............................. 08

3 CAPÍTULO 3 – REVOLTA DA ARMADA .............................. 13

4 CAPÍTULO 4 – REVOLUCAO DE 1932 ......................................... 14

5 CAPÍTULO 5 – REVOLTA TENENTISTA........................................ 16

6 CONCLUSÃO ........................................................................................... 17

7 REFERÊNCIAS ........................................................................................ 18

Page 8: Trabalho Historia Militar

8

1 – GUERRA DE CANUDOS

A situação do Nordeste brasileiro, no final do século XIX, era muito precária. Fome, seca,

miséria, violência e abandono político afetavam os nordestinos, principalmente a população

mais carente. Toda essa situação, em conjunto com o fanatismo religioso, desencadeou um

grave problema social. Em novembro de 1896, no sertão da Bahia, foi iniciado este conflito

civil. Esta durou por quase um ano, até 05 de outubro de 1897, e, devido à força adquirida, o

governo da Bahia pediu o apoio da República para conter este movimento formado por

fanáticos, jagunços e sertanejos sem emprego.

O beato Conselheiro, homem que passou a ser conhecido logo depois da Proclamação da

República, era quem liderava este movimento. Ele acreditava que havia sido enviado por

Deus para acabar com as diferenças sociais e também com os pecados republicanos, entre

estes, estavam o casamento civil e a cobrança de impostos. Com estas idéias em mente, ele

conseguiu reunir um grande número de adeptos que acreditavam que seu líder realmente

poderia libertá-los da situação de extrema pobreza na qual se encontravam.

Com o passar do tempo, as idéias iniciais difundiram-se de tal forma que jagunços passaram a

utilizar-se das mesmas para justificar seus roubos e suas atitudes que em nada condiziam com

nenhum tipo de ensinamento religioso; este fato tirou por completo a tranqüilidade na qual os

sertanejos daquela região estavam acostumados a viver.

Devido a enorme proporção que este movimento adquiriu, o governo da Bahia não conseguiu

por si só segurar a grande revolta que acontecia em seu Estado, por esta razão, pediu a

Page 9: Trabalho Historia Militar

9

interferência da República. Esta, por sua vez, também encontrou muitas dificuldades para

conter os fanáticos. Somente no quarto combate, onde as forças da República já estavam mais

bem equipadas e organizadas, os incansáveis guerreiros foram vencidos pelo cerco que os

impediam de sair do local no qual se encontravam para buscar qualquer tipo de alimento e

muitos morreram de fome. O massacre foi tamanho que não escaparam idosos, mulheres e

crianças.

Pode-se dizer que este acontecimento histórico representou a luta pela libertação dos pobres

que viviam na zona rural, e, também, que a resistência mostrada durante todas as batalhas

ressaltou o potencial do sertanejo na luta por seus ideais. Euclides da Cunha, em seu livro Os

Sertões, eternizou este movimento que evidenciou a importância da luta social na história de

nosso país.

Page 10: Trabalho Historia Militar

10

CAPÍTULO 2 – GUERRA DO CONTESTADO

A Guerra do Contestado foi um conflito armado que ocorreu na região Sul do Brasil, entre

outubro de 1912 e agosto de 1916. O conflito envolveu cerca de 20 mil camponeses que

enfrentaram forças militares dos poderes federal e estadual. Ganhou o nome de Guerra do

Contestado, pois os conflitos ocorrem numa área de disputa territorial entre os estados do

Parará e Santa Catarina.

A estrada de ferro entre São Paulo e Rio Grande do Sul estava sendo construída por uma

empresa norte-americana, com apoio dos coronéis (grandes proprietários rurais com força

política) da região e do governo. Para a construção da estrada de ferro, milhares de família de

camponeses perderam suas terras. Este fato, gerou muito desemprego entre os camponeses da

região, que ficaram sem terras para trabalhar.

Outro motivo da revolta foi a compra de uma grande área da região por de um grupo de

pessoas ligadas à empresa construtora da estrada de ferro. Esta propriedade foi adquirida para

o estabelecimento de uma grande empresa madeireira, voltada para a exportação. Com isso,

muitas famílias foram expulsas de suas terras.

O clima ficou mais tenso quando a estrada de ferro ficou pronta. Muitos trabalhadores que

atuaram em sua construção tinham sido trazidos de diversas partes do Brasil e ficaram

desempregados com o fim da obra. Eles permaneceram na região sem qualquer apoio por

parte da empresa norte-americana ou do governo.

Page 11: Trabalho Historia Militar

11

Nesta época, as regiões mais pobres do Brasil eram terreno fértil para o aparecimento de

lideranças religiosas de caráter messiânico. Na área do Contestado não foi diferente, pois,

diante da crise e insatisfação popular, ganhou força a figura do beato José Maria. Este pregava

a criação de um mundo novo, regido pelas leis de Deus, onde todos viveriam em paz, com

prosperidade justiça e terras para trabalhar. José Maria conseguiu reunir milhares de

seguidores, principalmente de camponeses sem terras.

Os coronéis da região e os governos (federal e estadual) começaram a ficar preocupados com

a liderança de José Maria e sua capacidade de atrair os camponeses. O governo passou a

acusar o beato de ser um inimigo da República, que tinha como objetivo desestruturar o

governo e a ordem da região. Com isso, policiais e soldados do exército foram enviados para

o local, com o objetivo de desarticular o movimento.

Os soldados e policiais começaram a perseguir o beato e seus seguidores. Armados de

espingardas de caça, facões e enxadas, os camponeses resistiram e enfrentaram as forças

oficiais que estavam bem armadas. Nestes conflitos armados, entre 5 mil e 8 mil rebeldes, na

maioria camponeses, morreram. As baixas do lado das tropas oficiais foram bem menores.

A guerra terminou somente em 1916, quando as tropas oficiais conseguiram prender

Adeodato, que era um dos chefes do último reduto de rebeldes da revolta. Ele foi condenado a

trinta anos de prisão.

A Guerra do Contestado mostra a forma com que os políticos e os governos tratavam as

questões sociais no início da República. Os interesses financeiros de grandes empresas e

proprietários rurais ficavam sempre acima das necessidades da população mais pobre. Não

havia espaço para a tentativa de solucionar os conflitos com negociação. Quando havia

organização daqueles que eram injustiçados, as forças oficiais, com apoio dos coronéis,

combatiam os movimentos com repressão e força militar.

Page 12: Trabalho Historia Militar

12

CAPÍTULO 3 – REVOLTA DA ARMADA

3.1 - A primeira Revolta da Armada

Em novembro de 1891, registrou-se como reação à atitude do presidente da República,

marechal Deodoro da Fonseca, que, com dificuldades em negociar com a oposição

representada pela elite cafeicultora, em flagrante violação da Constituição recém-promulgada

em 1891, ordenou o fechamento do Congresso. Unidades da Armada na baía de Guanabara,

sob a liderança do almirante Custódio de Melo, sublevaram-se e ameaçaram bombardear a

cidade do Rio de Janeiro, então capital da República. Para evitar uma guerra civil, o marechal

Deodoro renunciou à Presidência da República (23 de novembro de 1891).

Com a renúncia de Deodoro, passados apenas nove meses do início de seu

governo, o vice-presidente Floriano Peixoto assumiu o cargo (1892). A Constituição de 1891,

no entanto, previa nova eleição se a Presidência ou a Vice-Presidência ficassem vagas antes

de decorridos dois anos de mandato. A oposição acusou, então, Floriano de manter-se

ilegalmente à frente da nação.

3.2 - A segunda Revolta da Armada

O presidente Marechal Floriano Peixoto.

Começou a delinear-se em Março de 1892, quando treze generais enviaram uma

Carta-Manifesto ao Presidente da República, marechal Floriano Peixoto. Este documento

exigia a convocação de novas eleições presidenciais para que, cumprindo-se o dispositivo

constitucional, se estabelecesse a tranquilidade interna na nação. Floriano reprimiu duramente

o movimento, determinando a prisão de seus líderes.

Page 13: Trabalho Historia Militar

13

"Concidadãos, Contra a Constituição e contra a integridade da própria Nação, o

chefe do Executivo Floriano Peixoto mobilizou o Exército discricionariamente, pô-lo em pé

de guerra e despejou-o nos infelizes estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Contra

quem? Contra o inimigo do exterior, contra estrangeiros? Não. O vice-presidente armou

brasileiros contra brasileiros; levantou legiões de supostos patriotas, levando o luto, a

desolação e a miséria a todos os ângulos da República.

Sentinela do Tesouro Nacional como prometera, o chefe do Executivo perjurou,

iludiu a Nação, abrindo com mão sacrílega as arcas do erário público a uma política de

suborno e corrupção.

Viva a Nação Brasileira! Viva a República! Viva a Constituição!

Capital da República, 6 de setembro de 1893.

Contra-Almirante Custódio José de Melo" (in: Jornal do Brasil)

Fortificação passageira, 1894. Vê-se um canhão de 280 mm (único no Brasil),

posicionado à barbeta, e soldados do 4º Batalhão de Artilharia da Guarda Nacional.

Proveniente da série Revolta da Armada, Museu Histórico Nacional.

Em 6 de setembro de 1893, um grupo de altos oficiais da Marinha exigiu a

imediata convocação dos eleitores para a escolha dos governantes. Entre os revoltosos

estavam os almirantes Saldanha da Gama, Eduardo Wandenkolk e Custódio de Melo, ex-

ministro da Marinha e candidato declarado à sucessão de Floriano. Sua adesão refletia o

descontentamento da Armada com o pequeno prestígio político da Marinha em comparação

ao do Exército. No movimento encontravam-se também jovens oficiais e muitos

monarquistas.

A revolta teve pouco apoio político e popular na cidade do Rio de Janeiro, onde

diversas unidades encouraçadas trocaram tiros com a artilharia dos fortes em poder do

Exército. Houve sangrenta batalha na Ponta da Armação, em Niterói, área guarnecida por

Page 14: Trabalho Historia Militar

14

aproximadamente 3.000 governistas, os quais eram compostos entre outros por batalhões da

Guarda Nacional. A capital do Estado do Rio, então em Niterói, foi transferida para a cidade

de Petrópolis em 1894, da onde só retornou em 1903. Sem chance de vitória na baía da

Guanabara, os revoltosos dirigiram-se para sul do país. Alguns efetivos desembarcam na

cidade de Desterro (atual Florianópolis) e tentaram, inutilmente, articular-se com os

federalistas gaúchos.

O presidente da República, apoiado pelo Exército brasileiro e pelo Partido

Republicano Paulista conteve o movimento em março de 1894, para o que fez adquirir, às

pressas, no exterior, novos navios de guerra, a chamada "frota de papel". A frota, adquirida

nos Estados Unidos, denominada pelos governistas como "Esquadra Flint", viajou do porto de

Nova York até a baía de Guanabara tripulada por mercenários estadunidenses. De acordo com

Joaquim Nabuco, as tropas contratadas para auxiliar o governo federal eram "a pior escória de

filibusteiros americanos".

CAPÍTULO 4 – REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA DE 1932

A primeira batalha dos Guararapes, é um episódio da guerra contra a presença holandesa no

nordeste brasileiro, que começou especialmente depois de 1640.

A batalha ocorre num período em que sem intervenção directa da coroa portuguesa (que em

Portugal se encontrava perante a pressão da decadente mas ainda poderosa coroa das

Espanhas), os portugueses do Brasil, pegam em armas para expulsar os holandeses dos

territórios que eram parte da coroa portuguesa, e tomados à força pela Holanda a partir de

1630 e cujos domínios foram aumentando até que em Portugal ocorre a restauração da

monarquia portuguesa.

No inicio de 1648, uma poderosa força holandêsa é enviada do Recife para sul em direcção à

região da Bahia. Entretanto toma conhecimento de que o Recife foi cercado e marcha de volta

para norte para tentar aliviar a pressão dos portugueses sobre a cidade.

Page 15: Trabalho Historia Militar

15

O exército holandês na sua marcha para norte, de volta ao ponto de partida, é constituída por

cerca de 5.000 homens, e as forças portuguesas estão restringidas a apenas 2.200.

O objectivo, é impedir que os holandeses cheguem ao Recife, interceptando-os a meio

caminho, o que acontece numa região conhecida como Outeiros de Guararapes.

As tropas portuguesas, divididas em terços (ou batalhões) comandados por Francisco Barreto,

André Vidal e Henrique Dias, conseguem superiorizar-se através de tácticas de ataque furtivo,

e beneficiando do conhecimento do terreno, e da sua utilização para ganhar vantagens

tácticas.

As forças portuguesas ocupara posições elevadas, que os holandeses atacaram, embora com

grande esforço, para seguidamente verificarem que também havia posições portuguesas a

tomar outros pontos elevados estratégicos, que permitiam às forças portuguesas atingir os

holandeses sem que estes conseguissem ripostar.

De notar que a vitória portuguesa deveu-se não só à superioridade táctica dos seus

comandantes, mas também ao facto de os holandeses terem entretanto vindo a perder pontos

de apoio (fortes) na região, o que reduzia inevitavelmente a capacidade das suas tropas.

Pelo menos 500 holandeses morrem na refrega, pelo que a batalha foi determinante para o

espirito dos portugueses e foi determinante para o futuro da presença holandesa no Brasil.

Embora ainda tentassem no ano seguinte uma expedição semelhante, ela também não teve

sucesso, tendo resultado numa derrota ainda mais esmagadora, que acabaria por selar o fim do

periodo holandês no nordeste brasileiro.

É de especial importância, além da resistência demonstrada pelas forças portuguesas - na sua

esmagadora maioria constituídas por portugueses nascidos no Brasil - realçar a importância

do apoio dos escravos e dos índios autóctones, cujo apoio foi conseguido, às custas do

comportamento inamistoso dos funcionários da companhia holandesa das Índias para com os

residentes na região.

Page 16: Trabalho Historia Militar

16

CAPÍTULO 5 – TENENTISMO

Page 17: Trabalho Historia Militar

17

O tenentismo foi um movimento social de caráter político-militar que ocorreu no Brasil nas

décadas de 1920 e 1930, período conhecido como República das Oligarquias. Contou,

principalmente, com a participação de jovens tenentes do exército.

Este movimento contestava a ação política e social dos governos representantes das

oligarquias cafeeiras (coronelismo). Embora tivessem uma posição conservadora e autoritária,

os tenentes defendiam reformas políticas e sociais. Queriam a moralidade política no país e

combatiam a corrupção.

O movimento tenentista defendia as seguintes mudanças:

- Fim do voto de cabresto (sistema de votação baseado em violência e fraudes que só

beneficiava os coronéis);

- Reforma no sistema educacional público do país;

- Mudança no sistema de voto aberto para secreto;

Revoltas

Os tenentistas chegaram a promover revoltas como, por exemplo, a revolta dos 18 do Forte de

Copacabana. Nesta revolta, ocorrida em 5 de julho de 1922, foi durante combatido pelas

forças oficiais. Outros exemplos de revoltas tenentistas foram a Revolta Paulista (1924) e a

Comuna de Manaus (1924). A Coluna Prestes, liderada por Luis Carlos Prestes, enfrentou

poucas vezes as forças oficiais. Os participantes da coluna percorreram milhares de

quilômetros pelo interior do Brasil, objetivando conscientizar a população contra as injustiças

sociais promovidas pelo governo republicano.

Enfraquecimento do tenentismo

Page 18: Trabalho Historia Militar

18

O movimento tenentista perdeu força após a Revolução de 1930, que levou Getúlio Vargas ao

poder. Vargas conseguiu produzir uma divisão no movimento, sendo que importantes nomes

do tenentismo passaram a atuar como interventores federais. Outros continuaram no

movimento, fazendo parte, principalmente, da Coluna Prestes.

Coluna prestes

Movimento ocorrido entre os anos de 1925 e 1927, encabeçado por líderes tenentistas que

empreenderam grandes jornadas para o interior do país, procurando fazer insurgir o povo

contra o regime oligárquico vigente durante a presidência de Artur Bernardes, ainda no

período da República Velha. A Coluna Prestes ainda pregava ao povo a necessidade da

destituição do presidente e a imediata reformulação econômica e social do país, pregando a

nacionalização das empresas estrangeiras fixadas no Brasil e o aumento de salários de

trabalhadores em todos os setores rurais e industriais. Em suas jornadas, que se estenderam

em uma distância de por volta de 25.000 quilômetros, a Coluna Prestes foi perseguida pelas

forças orientadas pelos governo, formada tanto por militares e policiais estaduais quanto por

jagunços contratados, estes últimos incentivados pelas promessas de anistia aos seus crimes

cometidos. Não tendo sofrido sequer uma derrota significativa nas guerrilhas contra o governo

ao longo de suas incursões pelo interior do país, que se estenderam por cerca de 29 meses, a

Coluna é contada pelos estrategistas militares do próprio Pentágono como uma das mais

prodigiosas façanhas militares da história das batalhas de guerrilha.

Page 19: Trabalho Historia Militar

19

A Coluna Prestes foi formada por militares envolvidos em dois movimentos rebeldes

anteriormente ocorridos no país: no Rio Grande do Sul, os rebeldes provenientes de uma

insurreição foram derrotados inicialmente pelos governo, mas conseguiram escapar; em São

Paulo, os rebeldes que haviam ocupado a cidade por 22 dias não tiveram outra escolha senão

organizar uma retirada, tendo em vista os bombardeios aéreos desferidos sobre a capital

paulista. Ambos os grupos rebeldes encontraram-se em suas rotas de retirada, no Estado do

Paraná: os paulistas eram então liderados pelo General Isidoro Dias Lopes e Miguel Costa,

além dos tenentes Eduardo Gomes, Juarez Távora e Joaquim Távora: os gaúchos eram então

liderados Siqueira Campos, João Alberto e Luís Carlos Prestes. Todos passaram a fazer parte

das lideranças da Coluna, com exceção do General Isidoro Dias Lopes que, já idoso, acabou

por pedir asilo político à Argentina. O comando dos 1.500 homens reunidos deveria ser

unificado: o comando militar é exercido por Miguel Costa, sendo Luís Carlos Prestes o chefe

do Estado-maior. A Coluna, além de seu caráter militarista, passa a configurar um programa

de reformas, que é divulgado aos povoados com os quais o movimento entrou em contato em

suas jornadas. Apesar de sua invencibilidade frente às tropas do governo, a Coluna não

chegou a atingir seus objetivos de provocar a rebelião popular generalizada no interior do

país: o povo temia grandemente possíveis represálias do governo. Desta forma, a coluna não

conseguiu derrubar o governo vigente. Porém, os tenentistas que da Coluna participaram

decisivamente no quadro político do período da Revolução de 30 e, no caso de Prestes, na

Intentona Comunista de 1935. Ao fim das jornadas da Coluna pelos interior do país, muitos

membros remanescentes ainda prosseguiram sua luta contra os regimes oligárquicos na

Bolívia e no Paraguai.

Page 20: Trabalho Historia Militar

20

CAPÍTULO 6 – PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL

O Brasil oficialmente declarou neutralidade em 4 de agosto de 1914. Desta forma, somente

um navio brasileiro, o Rio Branco, foi afundado por um submarino alemão nos primeiros anos

da guerra em 3 de maio de 1916, mas este estava em águas restritas, operando a serviço inglês

e com a maior parte de sua tripulação sendo composta por noruegueses, de forma que, apesar

da comoção nacional que o fato gerou, não poderia ser considerado como um ataque ilegal

dos alemães.

As relações entre Brasil e o Império Alemão foram abaladas pela decisão alemã de autorizar

seus submarinos a afundar qualquer navio que entrasse nas zonas de bloqueio. No dia 5 de

abril de 1917 o vapor brasileiro Paraná, um dos maiores navios da marinha mercante (4.466

toneladas), carregado de café, navegando de acordo com as exigências feitas a países neutros,

foi torpedeado por um submarino alemão a milhas do cabo Barfleur, na França, e três

brasileiros foram mortos.

A participação do Brasil na Primeira Guerra Mundial foi estabelecida em função de uma série

de episódios envolvendo embarcações brasileiras na Europa. No mês de abril de 1917, forças

alemãs abateram o navio Paraná nas proximidades do Canal da Mancha. Seis meses mais

tarde, outra embarcação brasileira, o encouraçado Macau, foi atacado por alemães.

Indignados, populares exigiram uma resposta contundente das autoridades brasileiras.

Na época, o presidente Venceslau Brás firmou aliança com os países da Tríplice Entente

(Estados Unidos, Inglaterra e França), em oposição ao grupo da Tríplice Aliança, formada

pelo Império Austro-húngaro, Alemanha e Império Turco-otomano. Sem contar com uma

tecnologia bélica expressiva, podemos considerar a participação brasileira na Primeira Guerra

bastante tímida. Entre outras ações, o governo do Brasil enviou alguns pilotos de avião, o

oferecimento de navios militares e apoio médico.

Page 21: Trabalho Historia Militar

21

Apoio aos aliados

A abertura dos portos brasileiros a unidades aliadas e a responsabilidade pelo patrulhamento

do Atlântico Sul pela esquadra brasileira foram as primeiras ações em apoio ao esforço de

guerra aliado.

A Divisão Naval em Operações de Guerra, comandada pelo contra-almirante Pedro Max

Fernando Frontin, incorporou-se à esquadra britânica em Gibraltar e realizou o primeiro

esforço naval brasileiro em águas internacionais.

Em cumprimento aos compromissos assumidos com a Conferência Interaliada, reunida em

Paris de 20 de novembro a 3 de dezembro de 1917, o Governo brasileiro enviou uma missão

medica composta de cirurgiões civis e militares, para atuar em hospitais de campanha do

teatro de operações europeu, um contingente de sargentos e oficiais para servirem junto ao

exército francês; aviadores do Exército e da Marinha para se juntarem à Força Aérea Real, e o

emprego de parte da Esquadra, fundamentalmente na guerra anti-submarina.

O Plano Calógeras

Em 1918 ficou pronto um estudo confidencial encomendado pelo candidato presidencial

eleito naquele ano, Rodrigues Alves. Este estudo, coordenado pelo parlamentar especialista

em política externa e assuntos militares João Pandiá Calógeras, no tocante à entrada do Brasil

no conflito, recomendava o envio de uma força expedicionário de considerável tamanho para

lutar na guerra, utilizando-se de todos os meios (incluindo os navios das potências inimigas já

apreendidos em portos e águas brasileiras) para fazer desembarcar a tropa em solo francês

onde esta seria treinada e equipada pelos franceses, tudo financiado com empréstimos

bancários americanos, que por sua vez seriam quitados pelas compensações impostas às

potências derrotadas após a guerra.

Page 22: Trabalho Historia Militar

22

Este Plano (que só foi tornado público após a morte de seu elaborador e) que continha

propostas em relação à várias àreas governamentais, no que se referia à participação do país

no conflito independia da falta da infraestrutura industrial-militar que caracterizava o Brasil à

época, porém devido aos rumos tomados pelos acontecimentos internos e externos àquele ano,

somados as circunstâncias específicas da política brasileira de então incluindo a oposição de

parte da população à guerra, assim como a falta de uma política externa clara, impediram que

o mesmo fosse levado adiante, evitando assim que o país tivesse maior participação no

conflito.

Participação do Exército

Com o arquivamento do Plano Calógeras no tocante ao envolvimento militar do País na

guerra, a participação brasileira nas operações terrestres naquele conflito se resumiu ao envio

de uma missão composta de sargentos e oficiais do Exército Brasileiro em janeiro de 1918

para se inteirar das modernas técnicas de organização e combate, operando junto ao exército

francês no front ocidental.

Dentre os oficiais enviados, estavam os então, tenente José Pessoa Cavalcanti de

Albuquerque, que ao longo da carreira se firmaria como importante ideólogo e reformador do

exército brasileiro[5] e major Tertuliano Potyguara, este último figura controversa e de

destaque na campanha do Contestado, foi ferido na Batalha do Canal de St. Quentin durante a

Ofensiva Meuse-Argonne.

Missão médica militar

Page 23: Trabalho Historia Militar

23

Em 18 de agosto de 1918, a Missão Médica, chefiada pelo Dr. Nabuco Gouveia e orientada

pelo General Napoleão Aché, partiu com 86 médicos. Em 24 de setembro de 1918, a Missão

Médica brasileira chegou à terra francesa pelo porto de Marselha, depois de uma viagem

acidentada. Uma missão foi enviada ao teatro de guerra europeu com a finalidade de instalar

um hospital. Integravam a missão 92 médicos, sendo dez militares e os demais mobilizados e

convocados nos respectivos postos privativos de oficiais. Além dos médicos, integravam a

missão acadêmicos, farmacêuticos, pessoal de apoio administrativo e um pelotão de

segurança. A contribuição da missão médica brasileira materializou-se no apoio dado à

população francesa contra um surto de gripe que assolava aquele país, o que garantiu a

continuidade do apoio logístico às tropas da frente de combate. A Missão Médica foi extinta

em fevereiro de 1919.

Participação da Marinha

Cruzador Bahia

Coube a marinha a maior, embora modesta, contribuição militar brasileira no conflito. Para

cumprir as atribuições da Marinha, o Ministro, Almirante Alexandrino Faria de Alencar,

determinou a organização de uma força-tarefa que permitisse a efetiva participação da

Marinha brasileira na Primeira Guerra Mundial. Logo, pelo Aviso Ministerial nº 501, de 30 de

janeiro de 1918, foi constituída a Divisão Naval em Operações de Guerra (DNOG), composta

de unidades retiradas das divisões que formavam a Esquadra brasileira. Passaram a compor a

DNOG os cruzadores Rio Grande do Sul e Bahia, os contratorpedeiros Piauí, Rio Grande do

Norte, Paraíba e Santa Catarina, o Tender Belmonte e o Rebocador Laurindo Pitta.

Page 24: Trabalho Historia Militar

24

Esta Divisão foi incumbida de patrulhar a área compreendida pelo triângulo marítimo cujos

vértices eram a cidade de Dacar, na costa africana, o arquipélago de São Vicente, no Oceano

Atlântico, e Gibraltar, na entrada do Mediterrâneo. Ficaria sob as ordens do Almirantado

britânico, representado pelo Almirante Hischcot Grant. E para comandá-la, o ministro

designou um dos oficiais de maior prestígio na época, o Contra-Almirante Pedro Max

Fernando Frontin, nomeado em 30 de janeiro de 1918.

A guerra no mar, para o Brasil, teve início no dia 1 de agosto, quando da partida da DNOG do

porto do Rio de Janeiro. No dia 3 de agosto de 1918, o navio brasileiro Maceió foi torpedeado

pelo submarino alemão U-43. Em 9 de agosto de 1918, atingiu Freetown, permanecendo 14

dias neste ponto, quando então os homens começaram a adoecer com o vírus da gripe

espanhola.

Na noite do dia 25 de agosto, na travessia de Freetown para Dacar, a divisão sofreu um ataque

torpédico feito por submarino alemão, mas sem causar vítimas ou danos nos navios.

Felizmente, os torpedos passaram sem causar danos entre os navios brasileiros, que lançaram

um contra-ataque usando cargas de profundidade, tendo a marinha real britânica creditado aos

brasileiros o afundamento de um submarino inimigo.[7]

Posteriormente, já fundeada no porto de Dacar, a tripulação da divisão foi vítima da epidemia

conhecida na época como a gripe espanhola, que tirou a vida de mais de uma centena de

marinheiros e imobilizou a Força por dois meses naquele porto.

Page 25: Trabalho Historia Militar

25

Entre o comando naval aliado houve intenso debate sobre como as forças da frota brasileira

deveriam ser utilizadas; "Os italianos queriam-los no Mediterrâneo, já os americanos

preferiam que trabalhassem em estreita colaboração com suas próprias forças no Atlântico

Norte, enquanto os franceses queriam mantê-los na proteção do tráfego marítimo comercial ao

longo da costa ocidental norte-africana entre Dakar e Gibraltar."[8] Esta hesitação do

comando aliado, combinada com o atraso ao longo de 1918 para se lançar a esquadra ao mar

devido à problemas operacionais, além da epidemia que atingiu a tripulação no final de

agosto, fez com que a frota chegasse a Gibraltar somente no início de novembro de 1918,

apenas para ver dias depois, o armistício com a Alemanha ser assinado, pondo fim na guerra.

Fim da guerra

Em 11 de novembro de 1918, foi assinado o armistício, tão ansiosamente esperado pelos

europeus cujos países foram devastados pelo conflito. O Brasil deu sua módica parcela de

contribuição e graças à isso conseguiu assento na Conferência de Paz de Paris, que deu

origem ao Tratado de Versalhes, obtendo assim sua parte no botim de guerra conseguindo da

Alemanha o pagamento com juros do café perdido com os navios naufragados, mais 70 navios

dos Impérios Centrais (a maioria alemã) que haviam sido apreendidos em águas brasileiras

quando da declaração de guerra e que foram incorporados à frota brasileira a preços

simbólicos.

Page 26: Trabalho Historia Militar

26

CAPÍTULO 7 – SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Durante o Estado Novo (1937 – 1945), o governo brasileiro viveu a instalação de um regime

ditatorial comandado por Getúlio Vargas. Nesse mesmo período, as grandes potências

mundiais entraram em confronto na Segunda Guerra, onde observamos a cisão entre os países

totalitários (Alemanha, Japão e Itália) e as nações democráticas (Estados Unidos, França e

Inglaterra). Ao longo do conflito, cada um desses grupos em confronto buscou apoio político-

militar de outras nações aliadas.

Dessa maneira, Getúlio Vargas declarou guerra contra os italianos e alemães em agosto de

1942. Politicamente, o país buscava ampliar seu prestígio junto ao EUA e reforçar sua aliança

política com os militares. No ano de 1943, foi organizada a Força Expedicionária Brasileira

(FEB), destacamento militar que lutava na Segunda Guerra Mundial. Somente quase um ano

depois as tropas começaram a ser enviadas, inclusive com o auxílio da Força Aérea Brasileira

(FAB).

A forca expedicionária brasileira

Page 27: Trabalho Historia Militar

27

A Força Expedicionária Brasileira, conhecida pela sigla FEB, foi a força militar brasileira de

25.334 homens que lutou ao lado dos Aliados na Itália, durante a Segunda Guerra Mundial.

Constituída inicialmente por uma divisão de infantaria, acabou por abranger todas as forças

militares brasileiras que participaram do conflito. Adotou como lema "A cobra está fumando",

em alusão ao que se dizia à época que era "mais fácil uma cobra fumar do que o Brasil entrar

na guerra". FEB entrou em combate em meados de setembro de 1944 no vale do rio Serchio,

ao norte da cidade de Lucca. As primeiras vitórias da FEB ocorreram já em setembro, com as

tomadas de Massarosa, Camaiore e Monte Prano. Só no final de outubro, na região de Barga,

a FEB sofreu seus primeiros reveses. Devido ao sucesso da campanha em setembro e início de

outubro, no final de novembro a FEB foi incumbida de sozinha tomar o complexo formado

pelos montes Castello, Belvedere e seus arredores, no espaço de alguns dias. Seu comandante

alertou ao comando do V exército estadunidense que tal missão era inviável de ser executada

pelo efetivo de apenas uma divisão, o que já havia sido demonstrado em tentativas fracassadas

por parte de outros efetivos aliados, e que para obter sucesso em tal empreitada seria

necessário o ataque conjunto de duas divisões simultaneamente à Belvedere, Della Torraccia,

Monte Castello e à Castelnuovo o que, mesmo assim, alertava o comando brasileiro, não

poderia ser levado a cabo em menos de uma semana. No entanto, o argumento do comandante

brasileiro só foi aceito após o fracasso de mais duas tentativas, desta vez efetuadas pelos

brasileiros, uma em novembro e outra em dezembro.

Page 28: Trabalho Historia Militar

28

Durante o rigoroso inverno entre 1944 e 1945, nos Apeninos a FEB enfrentou temperaturas de

até vinte graus negativos, não contando a sensação térmica. Muita neve, umidade e contínuos

ataques de caráter exploratório por parte do inimigo, que através de pequenas escaramuças

procurava tanto minar a resistência física, quanto a psicológica das tropas brasileiras, não

acostumadas às baixas temperaturas. Condições climáticas e reações físicas se somavam aos

mais de três meses de campanha ininterrupta, sem pausa para recuperação.[10] Testou-se

ainda possíveis pontos fracos no setor ocupado pelos brasileiros para uma contra-ofensiva no

inverno.

Entretanto, neste aspecto, a atitude involuntariamente agressiva das duas tentativas de tomar

Monte Castello no final de 1944, somada à atitude voluntária de responder às incursões

exploratórias do inimigo no território ocupado pela FEB, com incursões exploratórias da FEB

realizadas em território inimigo, fez com que os alemães e seus aliados escolhessem outro

setor da frente italiana, ocupada pela 92ª divisão estadunidense, para sua contra-ofensiva.

Rubem Braga (o 1º de pé, à esquerda) como correspondente de guerra em 1944.

Page 29: Trabalho Historia Militar

29

Entre o fim de fevereiro e meados de março de 1945, como havia sugerido o comandante da

FEB, se deu a Operação Encore, um avanço em conjunto com a recém-chegada 10ª divisão de

montanha estadunidense. Assim, foram finalmente tomados, entre outras posições, por parte

dos brasileiros, Monte Castello e Castelnuovo, enquanto os americanos tomavam Belvedere e

Della Torraccia. Com estas posições no poder dos Aliados, pode-se iniciar a ofensiva final de

primavera, na qual em abril a FEB tomou Montese e Collecchio. A conquista destas posições

pela divisão brasileira e a divisão de montanha estadunidense neste setor secundário, mas

vital, possibilitou que as forças sob o comando do VIII exército britânico, mais à leste no

setor principal da frente italiana, se vissem finalmente livres do pesado e constante fogo de

artilharia inimiga, que partia daqueles pontos, podendo assim avançar sobre Bolonha

ultrapassando as linhas de defesa nazi-fascistas no norte da Itália, a chamada Linha Gótica,

após oito meses de combate.

Page 30: Trabalho Historia Militar

30

Na 2ª semana de abril iniciou-se a fase final da ofensiva de primavera com o intuito de romper

definitivamente esta linha de defesas, que recuara mas impedia o avanço das tropas aliadas na

Itália rumo à Europa Central desde setembro do ano anterior. No setor do IV corpo do V

exército americano, ao qual a FEB estava incorporada, no 1º dia da ofensiva após sem grandes

dificuldades ter sustado o ataque aliado principal naquele setor, efetuado pela 10ª Divisão de

Montanha americana, causando expressivas baixas naquela unidade estadunidense; os

alemães cometeram um erro ao considerar o ataque brasileiro à Montese ( que no mesmo

utilizou seus carros de combate M8 e tanques Sherman M4 ); como sendo o principal alvo

aliado naquele setor; tendo por conta disso disparado somente contra a FEB cerca de 1800

tiros de artilharia ( 64% ) do total dos 2800 tiros empregados contra todas as 4 divisões

aliadas naquele setor da frente italiana, nos dias de luta que se seguiram pela posse daquela

localidade ( no que foi o combate mais sangrento travado pela FEB ). Com a fracassada

tentativa alemã de retomar Montese e o consequente avanço das tropas das 10ª divisão de

montanha e 1ªdivisão blindada estadunidenses, efetivou-se o desmoronamento das defesas

germânicas naquele setor central, do ponto de vista geográfico, embora secundário

estrategicamente, ficando claro a impossibilidade por parte das tropas alemãs de manterem a

partir daquele momento a linha gótica, tanto no setor terciário à oeste, próximo ao Mar da

Ligúria, quanto no setor principal à oeste, próximo ao Mar Adriático.

Page 31: Trabalho Historia Militar

31

Ao final daquele mês, em Fornovo di Taro, numa manobra perfeita em uma jogada ousada de

seu comandante, os efetivos da FEB que se encontravam naquela região em inferioridade

numérica cercaram e, após combates oriundos da infrutífera tentativa de rompimento do cerco

por parte do inimigo seguidos de rápida negociação, obtiveram a rendição de duas divisões; a

148ª divisão de infantaria alemã (com muitos soldados experientes em combate vindos do

front russo), comandada pelo general Otto Fretter-Pico e os efetivos remanescentes da divisão

bersaglieri italiana, comandada pelo general Mario Carloni. Isso impediu que essas unidades,

que se retiravam da região de La Spezia e Gênova, região esta que havia sido liberada pela 92ª

divisão estadunidense, se unissem às forças ítalo-alemãs da Ligúria, que as esperavam para

desfechar um contra-ataque contra as forças do V exército americano, que avançavam, como é

inevitável nestas situações, de forma rápida, porém difusa e descoordenada, inclusive do

apoio aéreo, tendo deixado vários clarões em sua ala esquerda e na retaguarda. Muitas pontes

ao longo do rio Pó foram deixadas intactas pelas forças nazi-fascistas com esse intento. O

comando dos exércitos C alemão, que já se encontrava em negociações de paz em Caserta há

alguns dias com o comando Aliado na Itália, esperava com isso obter um triunfo a fim de

conseguir melhores condições para rendição. Os acontecimentos em Fornovo di Taro

involuntariamente impediram a execução de tal plano tanto pelo desfalque de tropas, como

pelo atraso causado, o que aliado às notícias da morte de Hitler e tomada final de Berlim pelas

forças do Exército Vermelho, não deixou ao comando alemão outra opção senão aceitar a

rápida rendição de suas tropas na Itália. Em sua arrancada final, a FEB ainda chegou a cidade

de Turim, e em 2 de maio de 1945, na cidade de Susa, onde fez junção com as tropas

francesas na fronteira franco-italiana.

O general alemão Otto Fretter-Pico se entregando a FEB.

Page 32: Trabalho Historia Militar

32

O Brasil perdeu nesta campanha mortos diretamente em combate, cerca de quatrocentos e

cinquenta praças e treze oficiais, além de oito oficiais-pilotos da Força Aérea Brasileira. A

divisão brasileira ainda teve cerca de duas mil mortes devido a ferimentos de combate e mais

de doze mil baixas em campanha por mutilação ou outras diversas causas que os

incapacitaram para a continuidade no combate. Tendo assim, somadas as substituições, turnos

e rodízios, dos cerca de vinte e cinco mil homens enviados, mais de vinte e dois mil

participado das ações. O que, incluso mortos e incapacitados, deu uma média de 1,7 homens

usados para cada posto de combate, um grau de aproveitamento apreciável se comparado à

outras divisões que estiveram o mesmo tempo em campanha em condições semelhantes.

Ao final da campanha, a FEB havia aprisionado mais de vinte mil soldados inimigos, quatorze

mil, setecentos e setenta e nove só em Fornovo di Taro, oitenta canhões, mil e quinhentas

viaturas e quatro mil cavalos. Segundo o historiador norte-americano Frank McCann, o Brasil

foi convidado a integrar a força de ocupação da Áustria.

Em 6 de junho de 1945, o Ministério da Guerra do Brasil ordenou que as unidades da FEB

ainda na Itália se subordinassem ao comandante da primeira região militar (1ª RM), sediada

na cidade do Rio de Janeiro, o que, em última análise, significava a dissolução do contingente.

Mesmo com sua desmobilização relâmpago, o regresso da FEB após o final da guerra contra o

fascismo precipitou a queda de Getúlio Vargas e o fim do Estado Novo no Brasil.

Em 1960, as cinzas dos brasileiros mortos na campanha da Itália foram transladadas de Pistoia

para o Brasil, e hoje jazem no monumento aos mortos que foi erguido no Aterro do Flamengo,

zona sul da cidade do Rio de Janeiro, em homenagem e lembrança aos sacrifícios dos

mesmos.

Page 33: Trabalho Historia Militar

33

9 REFERÊNCIAS

Olinda Restaurada – Guerra e Açúcar no Nordeste Evaldo Cabral de Mello

História do Brasil - BORIS FAUSTO   Editora: EDUSP