Trabalho sobre (Aquela triste e leda madrugada de Luís de camões ( análise ))

3
Aquela triste e leda madrugada - Luís de Camões ( Análise ) Aquela triste e leda madrugada, cheia toda de mágoa e de piedade, enquanto houver no mundo saudade quero que seja sempre celebrada. Ela só, quando amena e marchetada saía, dando ao mundo claridade, viu apartar-se d’ua outra vontade, que nunca poderá ver-se apartada. Ela só viu as lágrimas em fio, de que uns e outros olhos derivadas se acrescentaram em grande e largo rio. Ela viu as palavras magoadas que puderam tornar o fogo frio, e dar descanso às almas condenadas. Luís de Camões (Poeta português, 1524 ou 1525 – 1579 ou 1580) Tema O tema deste poema é a separação dos amantes numa madrugada simultaneamente “triste e leda”. Triste porque testemunha da grande dor que os domina, portanto, subjetivamente triste; e alegre, porque se trata do romper duma aurora “amena marchetada” de um dia radioso, portanto objetivamente, alegre. Assunto Sentimento de dor da separação transforma a madrugada num momento marcante para o poeta. A madrugada é portanto, poeticamente um elemento sensível, humanizado, que se comove

Transcript of Trabalho sobre (Aquela triste e leda madrugada de Luís de camões ( análise ))

Page 1: Trabalho sobre (Aquela triste e leda madrugada de Luís de camões ( análise ))

Aquela triste e leda madrugada - Luís de Camões ( Análise )

Aquela triste e leda madrugada,

cheia toda de mágoa e de piedade,

enquanto houver no mundo saudade

quero que seja sempre celebrada.

Ela só, quando amena e marchetada

saía, dando ao mundo claridade,

viu apartar-se d’ua outra vontade,

que nunca poderá ver-se apartada.

Ela só viu as lágrimas em fio,

de que uns e outros olhos derivadas

se acrescentaram em grande e largo rio.

Ela viu as palavras magoadas

que puderam tornar o fogo frio,

e dar descanso às almas condenadas.

Luís de Camões (Poeta português, 1524 ou 1525 – 1579 ou 1580)

Tema

O tema deste poema é a separação dos amantes numa madrugada simultaneamente “triste e leda”. Triste porque testemunha da grande dor que os domina, portanto, subjetivamente triste; e alegre, porque se trata do romper duma aurora “amena marchetada” de um dia radioso, portanto objetivamente, alegre.

Assunto

Sentimento de dor da separação transforma a madrugada num momento marcante para o poeta. A madrugada é portanto, poeticamente um elemento sensível, humanizado, que se comove com a dor alheia, mas incapaz de expressar-se, contrastando sua beleza plástica com o sofrimento humano.

Page 2: Trabalho sobre (Aquela triste e leda madrugada de Luís de camões ( análise ))

Divisão em partes lógicas

Características do Poema

Recursos Expressivos ExemplosAntítese Aquela triste e leda madrugada/fogo frio

Adjetivação Simples Magoadas, frio, condenadasAdjetivação Dupla cheia toda de mágoa e de piedade/triste

e leda/amena e marchetadaMetáfora Ela só viu as lágrimas em fio

que puderam tornar o fogo frioPersonificação madrugada,

cheia toda de mágoa e de piedadeEla viu as palavras magoadasviu apartar-se

Hipérbole só viu as lágrimasem grande e largo rioe dar descanso às almas condenadas

Perífrase quando amena e marchetadasaía, dando ao mundo claridade

Anáfora Ela, Ela, Ela.

Estrutura Externa

O Poema é constituído por 4 estrofes. Duas quadras e dois tercetos a que se diz soneto.

Page 3: Trabalho sobre (Aquela triste e leda madrugada de Luís de camões ( análise ))

Luís de Camões

Foi um poeta de Portugal, considerado uma das maiores figuras da literatura em língua portuguesa e um dos grandes poetas do Ocidente. Pouco se sabe com certeza sobre a sua vida. Aparentemente nasceu em Lisboa, de uma família da pequena nobreza. Sobre a sua infância tudo é conjetura mas, ainda jovem, terá recebido uma sólida educação nos moldes clássicos, dominando o latim e conhecendo a literatura e a história antigas e modernas. Quando faleceu, em 10 de Junho de 1580, tinha 56 anos. Para além de ser poeta ocupava também a função de ser soldado.

Camões viveu na fase final do Renascimento europeu, um período marcado por muitas mudanças na cultura e sociedade, que assinalam o final da Idade Média e o início da Idade Moderna e a transição do feudalismo para o capitalismo. Luís de Camões escreveu a tão conhecida obra “Os Lusíadas”. Os Lusíadas é considerada a epopeia portuguesa por excelência. A obra lírica de Camões, dispersa em 81 manuscritos, foi reunida e publicada postumamente em 1595 com o título de Rimas.