Trabalho Teorias g2

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HOSTTACIA FERREIRA SILVA JÓRIA MÍRIAN ALVES FERREIRA NAYARA RIOS TEORIAS PSICOTERÁPICAS I ESTUDO DA PSICOSE NO FILME:UMA MENTE BRILHANTE

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trabalho de faculdade de teorias psicoterapicas

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HOSTTACIA FERREIRA SILVA

JÓRIA MÍRIAN ALVES FERREIRA

NAYARA RIOS

TEORIAS PSICOTERÁPICAS I

ESTUDO DA PSICOSE NO FILME:UMA MENTE

BRILHANTE

PALMAS

2014

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HOSTTACIA FERREIRA SILVA

JÓRIA MÍRIAN ALVES FERREIRA

NAYARA RIOS

TEORIAS PSICOTERÁPICAS I

ESTUDO DA PSICOSE NO FILME:UMA MENTE

BRILHANTE

Trabalho apresentado como

requisito parcial para a

complementação da nota de G2, da

disciplina de Teorias Psicanalíticas

I ministrada pelo professor M. Sc.

Jonatha Rospide.

PALMAS

2014

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INTRODUÇÃO

Este trabalho irá apresentar um breve estudo sobre a psicose (a perda do contato

com a realidade), com um enfoque na esquizofrenia, pois será articulado com cenas

importantes do filme “Uma mente brilhante” de Hon Howard, que apresenta a história

de John Nash, um grande matemático que revolucionou a economia, contudo era

esquizofrênico, apresentava delírios e alucinações, porém ele só veio perceber isso

depois de um bom tempo de sua vida e convivência com o problema.

Nash mesmo não tendo um bom relacionamento interpessoal com seus colegas

de Faculdade era visto como um grande matemático, contudo ele buscava ainda mais

reconhecimento. Durante um bom tempo acreditou que tudo que estava lhe acontecendo

e que vivenciava era “normal”, pois o psicótico não sofre e não é ciente de seus delírios

e alucinações, o que será possível observar a partir do conceito e características da

psicose que serão apresentados a seguir articulando-os com a análise do filme.

Identificando nas cenas característica da psicose (esquizofrenia) que puderem ser

notadas.

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SINOPSE DO FILME: UMA MENTE BRILHANTE (A BEAUTIFUL MIND)

John Nash (Russell Crowe) é tido como louco, estranho e egocêntrico. Mas a

verdade é que esse personagem, inspirado no verdadeiro Nash, é um gênio da

matemática que, aos 20 e poucos anos, após muitos rabiscos e rascunhos, acaba

formulando um teorema que provou sua genialidade e o tornou aclamado no meio onde

atuava. Porém nem só de glórias viveu Nash, pois junto a sua genialidade, a

esquizofrenia foi diagnostica. No entanto, anos de luta contra a doença e suas

implicações, levam Nash a uma das maiores superações já vistas, afinal, ele ganhou um

Prêmio Nobel.

Ganhador de 4 Oscars (Melhor Filme – Melhor Diretor (Ron Howard) – Melhor

Atriz Coadjuvante (Jennifer Connelly) – Melhor Roteiro Adaptado) retrata a vida de

Nash desde sua vida como aluno esquisito, passando por professor excêntrico, e um

esquizofrênico tentando conviver com sua doença. Russell Crowe (injustiçado pela

Academia) faz uma brilhante atuação como Nash, personificando um homem

atormentado. Além de Crowe, o elenco conta com Paul Bettany, que também trabalha

de forma magistral, dando vida ao amigo de Nash; Ed Harris como o agente William

Parcher e Jennifer Connelly, como Alicia Nash, a esposa de John.

O filme é uma adaptação do livro A Beautiful Mind: A Biography of John

Forbes Nash Jr., de Sylvia Nasar, onde é contada a real história do brilhante

matemático. Porém como em todos os filmes baseados em biografias, algumas

passagens foram modificadas para melhor se adaptarem ao padrão hollywoodiano, mas

nada que atrapalhe o resultado final, porém as insinuações sobre a sexualidade de Nash

acabam ficando de fora do longa, assim como o relacionamento com sua esposa, que na

vida real, passou anos separada dele, só voltando a conviver com o matemático anos

depois do seu grande surto, quando seu filho ainda era um bebê. Um roteiro coerente,

passagens importantes, atuações fantásticas e a história de um homem que conseguiu

viver de uma forma coesa, convivendo com a esquizofrenia e todas as suas alucinações

e delírios.

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PSICOSE

Segundo Schubert (2012) psicose é a perda do contato com a realidade. É

considerada pela Psicologia, Psiquiatria e Psicanálise como um quadro clínico de

funcionamento psíquico “anormal”, uma inadequação e falta de harmonia entre o

pensamento e a afetividade. Vale ressaltar que a normalidade refere-se a um estado

padrão, à aquilo que é mais comum em meio a uma sociedade e que tem alta

probabilidade de se repetir. Portanto, aquele que não se encaixa nesses padrões é

considerado anormal.

A psicose faz com que o indivíduo sinta-se estranho e inquieto na presença de

outras pessoas (distúrbios de conduta) no meio social e emita juízos falsos (delírios) e

alucinações (percepções irreais quanto aos sentidos) (SHUBERT.2012).

O termo Psicose (e sintomas psicóticos) é empregado para se referir à perda

do juízo da realidade e um comprometimento do funcionamento

mental, social e pessoal, normalmente levando a um prejuízo no desempenho

das tarefas e papéis habituais. (BALLONE, 2005)

Jaspers (1999) define o Delírio Primário ou puro como sendo um juízo

patologicamente falso da realidade. Este juízo falso deve apresentar três características:

1 - deve apresentar-se como uma convicção subjetivamente irremovível e uma crença

absolutamente inabalável;

2 - deve ser impenetrável e incompreensível para o indivíduo normal, bem como,

impossível de sujeitar-se às influências de correções quaisquer, seja através da

experiência ou da argumentação lógica e;

3 - impossibilidade de conteúdo plausível.

Todos os casos que não satisfazem essa tríade não podem ser considerados

Delírios Verdadeiros ou Delírios Primários (podem ser Ideias Deliróides ou Delírios

Secundários).

As Psicoses podem ter várias origens: por lesões cerebrais, tumores cerebrais,

esquizofrenia, tóxicos, álcool, infecções, traumas emocionais etc. No DSM-IV, os

Transtornos Psicóticos incluem os transtornos invasivos do desenvolvimento,

esquizofrenia, transtorno esquizoafetivo, transtorno psicótico induzido por substância,

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transtorno esquizofreniforme, transtorno delirante, transtorno psicótico breve, transtorno

psicótico compartilhado, transtorno psicótico devido a uma condição médica geral e

transtorno psicótico sem outra especificação. (BALLONE,2005).

ANALISES DAS CENAS

O filme começa quando John Nash chega à Universidade. Apesar de ser

reconhecido por ser um gênio da matemática, é também bastante notado e criticado pelo

seu comportamento estranho. John não é de se relacionar muito com as pessoas e acaba

afastando todos a sua volta. Por ser muito inteligente acaba menosprezando os trabalhos

realizados pelos seus colegas, pois para ele suas ideias são sempre as melhores.

Em meio a seus trabalhos com os cálculos, que só tinha hora para começar e não

para terminar, passou a apresentar algumas alucinações; acreditava que tinha um amigo

de quarto e se relacionava perfeitamente com ele, tornando-se grandes amigos. Depois

de um tempo descobre que seu amigo tem uma sobrinha que também passa a fazer parte

de sua vida.

Em algumas partes do filme pode-se observar que John Nash possuía a mania de

fazer um movimento repetitivo com a mão na cabeça sem ter nenhum propósito para tal

comportamento, podemos relacionar esse fato com algumas características da

psicomotricidade, que podem ser movimentos voluntários e involuntários que ocorrem

em esquizofrênicos. Na psicomotricidade há algumas características que fazem parte

deste quadro patológico que são os maneirismos e estereotipias.

Para a Psicanálise, o delírio e a alucinação psicótica rematam um significado

para o sujeito, assim como a fala, os sonhos, chistes, sintomas e atos falhos para o

neurótico. Neste sentido, “o louco tem uma forma própria de razão” que, expressa em

palavras ou atos, seria a chave para a compreensão da psicose e para seu tratamento.

(COUTINHO,2005, p.55).

Freud acredita que o delírio seria uma busca de cura por parte do psicótico e que

sua escuta analítica permitiria definir as estruturas psíquicas da loucura e permitiria ao

sujeito procurar saídas para seu intenso sofrimento e seu isolamento. (FREUD apud

COUTINHO,2005, p.55).

“Assim, o delírio não é a loucura propriamente dita, a qual se instala

previamente quando ocorre a fragmentação do sujeito- egóica, narcísica e

corpórea- e a consequente ruptura de estrutura psíquica. O delírio, tentativa

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de interpretação desse processo de fragmentação feita pelo psicótico e,

portanto, possibilidade de reestruturação psíquica e de eventual cura, não

deveria ser abolido completamente com medicamentos, sob a ótica da

Psicanálise.” (COUTINHO, 2005, p.55)

Pode-se notar ainda o comportamento do psicótico, expresso em maneirismos e

estereotipias, seria passível de interpretação, na procura da origem psíquica, não-

biológica, da loucura.

Estereotipias motoras: São repetições automáticas e uniformes de

determinado ato motor complexo, indicando geralmente marcante perda do

controle voluntário sobre a esfera motora. O paciente repete o mesmo gesto

com as mãos dezenas ou centenas de vezes em um mesmo dia. Pode ser

observada na esquizofrenia, sobretudo nas formas crônicas e catatônicas,

assim como na deficiência mental.

Maneirismo: É um tipo de estereotipia motora caracterizada por movimentos

bizarros e repetitivos, geralmente complexos, que buscam certo objetivo,

mesmo que esdrúxulo. Tratasse de uma alteração do comportamento

expressivo (mímica, gestos, linguagem), em que a harmonia do conjunto de

gestos do indivíduo é substituída por posturas e movimentos estranhos,

exagerados, afetados ou bizarros. (DALGALARRONDO,2008. p.185)

A forma própria de razão que expressa os atos do transtorno de John é a

obsessão dele pelos números. Podemos observar que sua compulsão é tão grande que

ele passa a efetuar cálculos até na janela do seu quarto e também quando passa três dias

sem comer e sem dormir pela busca incessante de uma ideia original. O seu isolamento

também faz partes dos atos que são expressos por parte da psicose, afirma que prefere

envolver-se com os números do que com as pessoas que estão a sua volta.

Os delírios são uma ferramenta para atenuar a aflição vivida pelo indivíduo

diariamente. John não era compreendido pelos colegas da universidade, pelo contrário,

era motivo de chacota para eles e por ter ideias e comportamentos estranhos, ele não

entendia porque todos lhe tratavam assim, e no momento que mais precisa, surge seu

colega de quarto, que o compreende como ninguém, e os dois passam a ser melhores

amigos, mesmo ainda desconhecendo o fato de ser uma alucinação.

John vive todo o tempo na Universidade em função de sua ideia, e devido a

isso deixa de frequentar as aulas e também de apresentar os resultados de sua pesquisa.

Certo dia, estando no bar com alguns poucos amigos, John teve um insight e veio-lhe a

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mente então a tão esperada ideia: A teoria dos jogos não corporativos, que contradiziam

muitos anos de estudo da economia moderna.

John então, com sua ideia original, alcança uma boa posição, é reconhecido e

convidado a trabalhar em um laboratório e a dar aulas em Princeton. Nessa mesma

época (vivendo no período da Guerra Fria) acredita que faz parte de uma operação

secreta dos Estados Unidos assumindo uma das principais funções que é decifrar, para o

governo, mensagens codificadas. Conhece então um militar do serviço secreto, William,

um agente do governo, que confia missões sigilosas a ele alertando que estas podem

colocar tanto a sua vida com a das pessoas ao seu redor em risco.

Durante o período que lecionou em Princeton, mesmo com a sua dificuldade de

relacionamento social, conheceu uma aluna pela qual se apaixonou. Casou-se com ela, e

após um tempo os sintomas da Esquizofrenia, delírios e alucinações, começaram a vir à

tona e com maior intensidade. Após envolver-se com alguma missões delegadas a ele

pelo agente do governo, começa a ter delírios de perseguição e devido a isso apresenta

cada vez mais paranoias e agitação.

Em um certo dia, quando dava uma palestra na Universidade, ele teve um

ataque paranoico e dizia estar sendo perseguido, ao presenciar tal situação, sua mulher

ficou preocupada e o levou a um hospital psiquiátrico no qual ficou internado onde foi

diagnosticado como sendo Esquizofrênico. Mesmo com todos os sintomas, todos os

avisos de que tudo era fruto da doença, Nash acreditava fielmente no que vivenciava.

Uma das partes mais intensas é quando John se dá conta do seu problema,

quando percebe que aquilo tudo realmente eram delírios e alucinações. Depois de anos

convivendo com “seu melhor amigo e a sobrinha dele”, percebe que a garotinha não

cresce, não fica mais velha, que eram falsos pensamentos. A partir de aí ele vivenciava

uma luta mental entre a fantasia e a realidade.

Ao analisar essas cenas do filme é possível perceber claramente as

características da psicose em John Nash, o mesmo apresenta delírios e alucinações,

alterações do conteúdo do pensamento; juízo falso da realidade e alterações da senso

percepção, respectivamente, que levam à distorção da realidade. Fazem com que o

indivíduo perca o senso daquilo que é ou não real. Nas cenas relatadas anteriormente o

delírio se faz presente, podendo ser percebido na cena em que John acredita que faz

parte de um serviço secreto do governo e conversa com um agente, e também quando

ele acredita que está sendo perseguido. O mesmo configura um quadro de Esquizofrenia

que segundo Schubert (2012) é a representante mais característica da psicose.

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Afirma ainda que é uma doença da personalidade que afeta a zona central do eu

a altera toda a estrutura vivencial do indivíduo. Assim como apresentava o protagonista

do filme, o Esquizofrênico produz uma grande estranheza social que é causada devido

ao desprezo para com a realidade.

Contudo, foi possível perceber que com ajuda profissional e de sua esposa,

John reconheceu as suas fantasias, apesar de não conseguir deixar de vivenciá-las,

aprendeu a controlá-las, ignorando-as. Com base no que foi visto em sala de aula, vale

ressaltar que fazer com que o indivíduo reconheça a sua verdade como não sendo real,

mas fruto de delírios e alucinações, não é uma tarefa simples.

É preciso cautela e faz-se necessário entender que esse reconhecimento só é

possível a partir do momento que o profissional se dispõe a entrar na fantasia, no

delírio, do indivíduo quando este está em crise, para assim tentar entender a cultura, o

contexto no qual ele está inserido, tendo consciência de que quando o indivíduo não está

em surto o contrário deve ser feito, é preciso trazê-lo para o mundo real, trabalhar com

ele a realidade.

Esse contato com a realidade pode ser vivenciado na psicoterapia, por

exemplo, que possibilita ao indivíduo o contato com diversos lugares e ambientes que

proporcionam a ele a oportunidade de entrar em contato com o mundo real, já que

quando está em surto só tende a excluir-se, isolar-se de tudo e de todos.

De maneira bem simplificada, quando o indivíduo está em surto devemos

entrar no mundo dele, quando ele não está em surto, nós o trazemos para o nosso

mundo.

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CONCLUSÃO

Este trabalho foi realizado em forma de analises relacionando o tema psicose (a

perda do contato com a realidade), com o filme “Uma Mente Brilhante”. Foram

abordados e discutidos assuntos sobre a psicose (esquizofrenia) e as diferentes formas

de comportamento apresentados pelo personagem John Nash.

Diante da análise do filme com o tema psicose, encontrado na abordagem

psicanalítica, podemos relatar que, as articulações apresentadas no atual trabalho foram

realizadas por meio de artigos acadêmicos, livros de psicopatologia e conteúdo visto em

sala de aula e pela visualização do filme. Com isso foi possível aprofundar um pouco

mais o estudo sobre as dificuldades apresentadas pelo indivíduo com quadro de psicose.

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REFERENCIA

BALLONE. Geraldo José. Alucinações e Delírios.2005. Disponível em:

<http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=103>

BALLONE. Geraldo José. O que são psicoses. 2005. Disponível em:

<http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NOpsicoses/LerNoticia&idNoticia=289>

COUTINHO. Alberto Henrique Soares de Azevedo. Schreber e as psicoses na

psiquiatria e na psicanálise: uma breve leitura. Belo Horizonte. 2005. P. 51-62

Fonte:<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?

pid=S010273952005000100008&script=sci_arttext> Acesso: 07 de Novembro de 2014

DALGALARRONDO. Paulo. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais.

2 ed., Porto Alegre: Artmed, 2008.

JASPERS. Karl. Psicopatologia geral: psicologia compreensiva, explicativa e

fenomenologia.19° ed. Rio de Janeiro: Atheneu; 1999.

SCHUBERT, René. Estruturas Clínicas: Neurose, Psicose e Perversão. 2012.

Disponível em: <http://reneschubert.blogspot.com.br/2012/06/estruturas-clinicas-

neurose-psicose-e.html>. Acesso em: 16 novembro de 2014.

Sinopse do filme. Disponível em:

<http://www.cinemadetalhado.com.br/2013/09/resenha-do-filme-uma-mente-brilhante-

2002.html>

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