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Transcrição da Teleconferência “A Crise Financeira Internacional: Oportunidade Para o Banco do Brasil” Banco do Brasil (BBAS3 BZ) 15 de outubro de 2008 1 Operadora: Bom dia a todos. Iniciamos neste momento a teleconferência “A Crise Financeira Internacional: Oportunidade para o Banco do Brasil”. Todos os participantes estão conectados apenas como ouvintes e, mais tarde, será aberta a sessão de perguntas e respostas, quando serão dadas as instruções para participação. Caso precise da ajuda de um operador durante a teleconferência, basta teclar *zero. Cabe lembrar que esta conferência está sendo transmitida ao vivo pelo Portal BB, no endereço www.bb.com.br, site de Relações com Investidores, onde há, inclusive, a possibilidade de visualizar slides e enviar perguntas que serão respondidas na sessão de perguntas e respostas ou posteriormente por e-mail. Antes de prosseguir, gostaria de esclarecer que eventuais declarações que possam ser feitas durante esta teleconferência, relativas às perspectivas dos negócios do Banco, projeções e metas operacionais e financeiras, constituem-se em meras previsões baseadas nas expectativas da Administração em relação ao futuro do Banco. Estas expectativas são altamente dependentes das condições do mercado, do desempenho econômico geral do País, do setor e dos mercados internacionais, portanto, estão sujeitas a mudanças. Conosco hoje estão os senhores: Aldo Luiz Mendes, Vice-Presidente de Finanças, Mercado de Capitais e Relações com Investidores; e Marco Geovanne Tobias da Silva, Gerente Geral de Relações com Investidores. Ao final, os executivos responderão às questões formuladas. Agora passo a palavra ao Sr. Aldo. Por favor, Sr. Aldo, queira prosseguir. Aldo Luiz Mendes: Muito obrigado. Bom dia a todos. O nosso objetivo ao realizar esta teleconferência é esclarecer alguns pontos que vêm sendo levantados por analistas e investidores nessas últimas semanas. Como todos sabem, o mercado financeiro passa por um momento delicado, e alguns temas, como liquidez e qualidade da carteira de crédito, passaram a permear de forma mais intensa o dia a dia das instituições financeiras. Na nossa avaliação, tanto o Governo como o Banco Central têm tomado as medidas necessárias para que passemos pela turbulência de forma tranqüila. Nós entendemos que o ambiente mais instável requer redobrada atenção na gestão de nossos negócios, mas, sem dúvida alguma, também apresenta oportunidades interessantes para fortalecer nosso posicionamento no mercado. Bons exemplos de oportunidades são a aquisição de carteiras de crédito consignado, o que ajudará a consolidar ainda mais nossa liderança nesse segmento, e o forte crescimento de nossos depósitos no Banco do Brasil. Como vocês sabem, o Banco do Brasil, em momentos de instabilidade, é sempre visto como um porto seguro. Em função disso, os depósitos em nossa instituição vêm crescendo, o que, inclusive, tem permitido redução das taxas que pagamos e oferecemos aos nossos depositantes. Existem desafios. A escassez de linhas internacionais para financiamento do comércio exterior exigirá criatividade na busca de alternativas de funding. O Governo já editou

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Operadora: Bom dia a todos. Iniciamos neste momento a teleconferência “A Crise Financeira Internacional: Oportunidade para o Banco do Brasil”. Todos os participantes estão conectados apenas como ouvintes e, mais tarde, será aberta a sessão de perguntas e respostas, quando serão dadas as instruções para participação. Caso precise da ajuda de um operador durante a teleconferência, basta teclar *zero. Cabe lembrar que esta conferência está sendo transmitida ao vivo pelo Portal BB, no endereço www.bb.com.br, site de Relações com Investidores, onde há, inclusive, a possibilidade de visualizar slides e enviar perguntas que serão respondidas na sessão de perguntas e respostas ou posteriormente por e-mail. Antes de prosseguir, gostaria de esclarecer que eventuais declarações que possam ser feitas durante esta teleconferência, relativas às perspectivas dos negócios do Banco, projeções e metas operacionais e financeiras, constituem-se em meras previsões baseadas nas expectativas da Administração em relação ao futuro do Banco. Estas expectativas são altamente dependentes das condições do mercado, do desempenho econômico geral do País, do setor e dos mercados internacionais, portanto, estão sujeitas a mudanças. Conosco hoje estão os senhores: Aldo Luiz Mendes, Vice-Presidente de Finanças, Mercado de Capitais e Relações com Investidores; e Marco Geovanne Tobias da Silva, Gerente Geral de Relações com Investidores. Ao final, os executivos responderão às questões formuladas. Agora passo a palavra ao Sr. Aldo. Por favor, Sr. Aldo, queira prosseguir. Aldo Luiz Mendes: Muito obrigado. Bom dia a todos. O nosso objetivo ao realizar esta teleconferência é esclarecer alguns pontos que vêm sendo levantados por analistas e investidores nessas últimas semanas. Como todos sabem, o mercado financeiro passa por um momento delicado, e alguns temas, como liquidez e qualidade da carteira de crédito, passaram a permear de forma mais intensa o dia a dia das instituições financeiras. Na nossa avaliação, tanto o Governo como o Banco Central têm tomado as medidas necessárias para que passemos pela turbulência de forma tranqüila. Nós entendemos que o ambiente mais instável requer redobrada atenção na gestão de nossos negócios, mas, sem dúvida alguma, também apresenta oportunidades interessantes para fortalecer nosso posicionamento no mercado. Bons exemplos de oportunidades são a aquisição de carteiras de crédito consignado, o que ajudará a consolidar ainda mais nossa liderança nesse segmento, e o forte crescimento de nossos depósitos no Banco do Brasil. Como vocês sabem, o Banco do Brasil, em momentos de instabilidade, é sempre visto como um porto seguro. Em função disso, os depósitos em nossa instituição vêm crescendo, o que, inclusive, tem permitido redução das taxas que pagamos e oferecemos aos nossos depositantes. Existem desafios. A escassez de linhas internacionais para financiamento do comércio exterior exigirá criatividade na busca de alternativas de funding. O Governo já editou

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Medida Provisória prevendo a utilização de recursos das reservas internacionais para o provimento de liquidez para financiamento ao comércio exterior. A escassez de linhas internacionais afeta também o setor de agronegócios, pela menor disposição das tradings de participar do financiamento da nova safra. Esse cenário é o pano de fundo da nossa apresentação, que será conduzida pelo Geovanne, que é nosso Gerente Geral de Relações com Investidores. Ao final da apresentação, nós teremos prazer de atender eventuais questionamentos e dúvidas que os senhores desejarem nos endereçar através de perguntas. Eu queria pedir agora, então, ao Geovanne, para ele prosseguir com a apresentação com o apoio dos slides que estão sendo transmitidos. Marco Geovanne Tobias da Silva: Obrigado, Aldo. Bom dia a todos. Eu gostaria de iniciar nossa conversa no slide três, onde apresentamos a agenda que nos propusemos a discutir. Primeiro nós vamos discorrer sobre os impactos da crise no Brasil; seguiremos então abordando os fundamentos do Banco; e, por fim, faremos uma reflexão em relação às ameaças e às oportunidades que a crise global poderá representar para o sistema financeiro e, em particular, para o Banco do Brasil. Começando então no slide número quatro, nós mostramos como o agravamento da crise e a restrição do acesso ao crédito externo influenciaram no comportamento do Ibovespa e na cotação do dólar ao longo de 2008. Desde dezembro de 2007, enquanto o câmbio depreciou 35%, a Bolsa registrou uma queda de mais de 39%. Nos slide cinco, mostramos como o Governo e o Banco Central não estão indiferentes à seriedade do momento. Várias medidas já foram tomadas na direção de prover liquidez ao sistema financeiro e de buscar alternativas para o financiamento do comércio exterior. Desde 24 de setembro até ontem, o Banco Central editou diversas normas que estão permitindo a potencial liberação potencial de recursos retidos por meio de depósito compulsório da ordem de R$165 bilhões para regar a liquidez das instituições financeiras. Cabe lembrar aqui que o Brasil possui um dos maiores níveis de depósitos compulsórios, que servem como um colchão para a autoridade monetária garantir o provimento de liquidez para o sistema financeiro, se for necessário. Eu gostaria também de chamar a atenção para a Resolução 3.622, que, dentre outras medidas, prevê mecanismo para criação de linhas de empréstimo em moeda estrangeira, que será uma alternativa importante para enfrentar a escassez de linhas do exterior. Em suma, os níveis de compulsório e de reservas internacionais evidenciados no gráfico da parte inferior do slide atestam as condições favoráveis ao Banco Central do Brasil para gerenciar esta crise. Mesmo sem qualquer exposição a ativos podres provenientes da crise do subprime, os bancos brasileiros continuaram a perder valor no mercado, refletindo a crise de confiança que se abateu nos mercados financeiros mundiais.

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O slide número seis mostra exatamente a perda de valor dos bancos brasileiros a reboque da crise internacional. Não obstante os bons fundamentos, que comentaremos mais adiante, o Banco do Brasil, desde o final de setembro deste ano, perdeu R$22 bilhões de seu valor. Seus múltiplos retornaram ao patamar de 2003, registrando um múltiplo preço/valor patrimonial da ação de 1,3x e de preço/lucro de 5,3x. Além das incertezas geradas pela crise, o mercado apresenta uma série de dúvidas em relação aos impactos dessa crise no Banco do Brasil. Podemos elencar dentre os principais questionamentos: primeiro, se haverá ingerência política no Banco do Brasil como forma de garantir o financiamento ao agronegócio e ao comércio exterior, e também como forma de prover liquidez ao sistema, por meio da compra de carteiras de bancos menores. O segundo ponto levantado pelos investidores diz respeito a incertezas quanto ao comportamento do agronegócio diante da crise e os possíveis desdobramentos sobre a carteira de crédito do Banco do Brasil terceiro questionamento são os reflexos da desvalorização do Real na exposição cambial do Banco do Brasil; um outro ponto diz respeito a funding, que fontes de financiamento serão utilizadas para garantir a expansão das operações de crédito; e por último, um ponto também muito questionado pelos investidores é a é a exposição do Banco do Brasil a derivativos, câmbio e ao risco de crédito de empresas. Todas essas questões serão abordadas na segunda parte da nossa agenda, onde discorreremos sobre os fundamentos do Banco do Brasil. Passando agora para o slide número oito, trouxemos aqui algumas informações que ilustram bem quão diversificado é o negócio de crédito do Banco do Brasil. Os números estão aqui em posição de agosto. Nossa liderança no crédito não acontece focada em apenas um segmento, muito pelo contrário. Nós chegamos a agosto de 2008 com R$193,3 bilhões na carteira de crédito, distribuídos de forma bastante equilibrada. Vale ressaltar que este montante não inclui operações de garantias e títulos e valores mobiliários, que, se somadas à carteira de crédito do Banco do Brasil, nós teríamos um saldo superior a R$200 bilhões. A diversificação da nossa carteira de crédito é percebida quando se analisa o crédito para pessoas jurídicas, por exemplo, conforme pode ser observado no gráfico de pizza à direita do slide, onde a maior exposição a um setor é de apenas 11% da carteira de pessoas jurídicas, neste caso, exposição ao setor petroleiro. O crédito ao agronegócio é diversificado tanto na sua finalidade quanto no porte, na região, nos itens financiados e também no tipo de cliente. O crédito para pessoas físicas, que continua crescendo nesse período, tem uma mitigação de risco endógena, pela natureza de seus produtos, com foco principalmente no crédito consignado. Passando agora para o slide número nove, uma conseqüência dessa diversificação e também da boa gestão do risco de crédito pode ser vista, onde o nível de inadimplência no Banco do Brasil é melhor que o do sistema financeiro nacional. A carteira total do Banco do Brasil registrou, ao final de agosto de 2008, operações vencidas há mais de 90 dias de 3,3% da carteira, enquanto o sistema financeiro nacional apresentou inadimplência média de 4,2%.

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No slide dez, podemos ver o comportamento da inadimplência nas diferentes carteiras de crédito do Banco do Brasil. Conforme os gráficos apresentados neste slide, na pessoa jurídica o Banco do Brasil está ligeiramente melhor, em termos de inadimplência, do que o sistema financeiro. No crédito a pessoas físicas, por conta do aprimoramento dos instrumentos de gestão e da estratégia de diversificação da carteira, o Banco do Brasil apresenta índices de inadimplência melhores que a indústria. As operações vencidas há mais de noventa dias representam 5,8%, enquanto no sistema esse índice é de 7,5% da carteira. Falando um pouco da inadimplência do agronegócio, é importante ressaltar que esta está sob controle e risco médio desta carteira começa a cair. Vale lembrar também que no gráfico do agronegócio apresentado no slide não estamos considerando as operações com agroindústrias. Por fim, é importante ressaltar que até agora não há sinais de que a crise que abateu o mercado financeiro internacional está provocando deterioração na qualidade do crédito no Brasil, em especial no crédito concedido pelo Banco do Brasil. Passando agora para o slide número 11, reafirmamos a adequabilidade de nossas políticas de crédito e de nosso gerenciamento de riscos face ao cenário mais delicado que os mercados estão enfrentando. Dentro da nossa política de crédito, não há assunção de risco de crédito sem análise prévia do cliente; a exposição a risco de crédito está limitada por cliente e por macrossetores da economia; o gerenciamento de riscos de mercado e de liquidez pautam-se em limites e alçadas conservadoras, que são previamente definidos pelo Comitê de Risco Global; nós também adotamos mecanismos imunizadores para nossos descasamentos. E recentemente, tomamos medidas adicionais para acompanhar o impacto da crise sobre nossos clientes e atenuar seus efeitos sobre nossa carteira de crédito. Entre essas medidas destacamos: a revisão dos limites de clientes e macrossetores; acompanhamento mais próximo de determinados segmentos; e a criação de bunker para monitorar empresas mais suscetíveis à crise. No slide número 12, falamos um pouco sobre a exposição do Banco do Brasil a riscos de moedas e instrumentos derivativos. Nosso Comitê de Risco Global sempre adotou postura conservadora na exposição a riscos de mercado. Instrumentos derivativos são utilizados, no Banco do Brasil, apenas para casamento de ativos e passivos. Não há especulação em operações com derivativos. Nossa exposição líquida em moeda estrangeira não é relevante, e hoje se situa próxima a US$100 milhões no passivo, inferior ao patamar de junho de 2008. Temos também acompanhado de forma intensa a posição de nossos clientes. As tabelas do slide mostram que não há concentração de valores a receber, referentes a posições ativas em operações de derivativos. O valor a receber de nossos clientes totalizava R$614 milhões em 1º de outubro, e o valor a pagar pelo Banco do Brasil, nas operações de termos e de swap de moedas, em torno de R$243 milhões.

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Passando para o slide número 13, trazemos aqui um panorama das operações de crédito com pessoas físicas. 34% da nossa carteira de crédito a pessoas físicas está concentrado no crédito consignado, mercado este em que somos líderes, com 19,4% de participação; e o nosso foco está no setor público, que responde por 90% desta carteira, incluindo também as operações com aposentados. E é importante chamar a atenção de que o prazo médio dessa carteira hoje é de 34 meses. Nossa segunda principal carteira no segmento de pessoas físicas atualmente é o financiamento a veículos, que responde por 11,6% dessa carteira. Apesar de ser considerada uma operação com um pouco mais de risco, a inadimplência do nosso portfólio de financiamento a veículos é de apenas 4,3%, em linha com o mercado, e o prazo médio dessa carteira é em torno de 42 meses. No Slide 14, nós destacamos as linhas de financiamento ao comércio exterior, nas quais o Banco do Brasil vem se mantendo líder, com 1/3 de participação de mercado. Desde agosto, diante da escassez de funding externo, temos adotado medidas preventivas, com o objetivo de atender ao maior número possível de clientes. Essas medidas incluem a redução no prazo e também no valor médio das operações. Quanto ao agronegócio, nossa avaliação é que as perspectivas continuam favoráveis, apesar da volatilidade nos mercados de commodities. O slide número 15 pontua a leitura que fazemos deste setor. A safra 2008/2009 foi plantada com custos de produção maiores, e estes custos já foram considerados no plantio. Por outro lado, mesmo com a redução recente nos preços das commodities em USD, estes preços estão acima da média histórica, conforme vocês podem perceber no gráfico no slide número 15. Como conseqüência, as margens tendem a ser menores, porém remuneradoras. O setor de fato está enfrentando escassez de recursos, principalmente por parte de tradings e fornecedores. A área plantada deverá manter-se estável esta safra 2008/2009, e estudos apontam para um regime de chuvas dentro da média histórica. Vale lembrar aqui que a desvalorização do Real frente ao USD tende a compensar o ambiente mais restritivo ao setor rural, protegendo a renda do agricultor, apesar do insumo mais caro e do preço em USD das commodities mais caro, conforme vocês podem ver no gráfico na parte inferior deste slide. Vamos agora falar um pouco sobre como o Banco do Brasil está vendo esta crise financeira internacional. Claro que existem muitas ameaças que este cenário traz, mas, por outro lado, acreditamos que também existem muitas oportunidades. No slide número 17, nós podemos ver que nos últimos meses nosso volume de captações cresceu consideravelmente, principalmente em CDBs. Em tempos de crise, o movimento flight to quality favorece instituições de reconhecida solidez econômico-financeira, que é o caso do Banco do Brasil. Aliada a uma política expansionista de captação, adotada pelo Banco a partir de julho deste ano, com o fenômeno flight to quality, nossa captação tem se expandido consideravelmente, o que nos tem permitido manter relativo controle do custo de captação.

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O gráfico da direita confirma que as novas captações em CDBs têm acontecido de forma pulverizada. Nos últimos meses, o Banco do Brasil reforçou a estratégia de captação por meio desse produto, considerado como um depósito a prazo, em nossa rede de agências de varejo, de modo a manter o baixo custo de captação e a estabilidade proporcionada por uma grande base de depositantes. Essa característica pulverizada na captação traz conforto adicional à liquidez do Banco do Brasil em momentos de crise. E por falar em liquidez, eu gostaria de passar para o slide número 18, onde podemos ver como o crescimento das captações tem permitido o aumento da liquidez e o financiamento da expansão do crédito no Banco do Brasil. O gráfico ilustra bem que nossa liquidez tem se mantido consideravelmente acima do nível mínimo estipulado por nosso Comitê de Risco Global; ou seja, temos captação suficiente para continuar financiando a expansão da nossa carteira de crédito, seja de forma orgânica ou por aquisição de carteiras, diferentemente do que temos visto em outros bancos do sistema financeiro brasileiro. No slide 19, vemos que o crescimento dos depósitos tem influenciado também na melhoria do indicador crédito/depósitos, que atingiu 90,3% em agosto. Cabe lembrar que um dos motivos que levou o Banco do Brasil a focar na expansão de sua captação de rede a partir de julho de 2008 foi a alta relação crédito/depósitos, que chegou a atingir 97,2% em junho, fruto da forte expansão observada na carteira de crédito neste ano. Além disso, a adoção dos critérios estabelecidos pela Basiléia II permitiu a ampliação do coeficiente de adequação de capital do Banco do Brasil a patamares superiores ao índice registrado ao final de junho de 2008, como mostram os números de julho e o projetado de agosto no gráfico de barras, à direita do slide. Passando agora para o slide 20, trazemos o volume de recursos recolhidos a título de depósito compulsório pelo Banco do Brasil e pelo sistema financeiro. Do total de R$259 bilhões recolhidos no BACEN pelo sistema financeiro em agosto de 2008, já foram anunciadas medidas que permitem a liberação potencial de R$160 bilhões, injetando liquidez no sistema. O Banco do Brasil ganhará reforço de R$11,4 bilhões aproximadamente, que, respeitadas as normas do Banco Central, poderão ser utilizados para aplicação direta na atividade produtiva, principalmente no financiamento ao agronegócio, no comércio exterior, e também na compra de carteiras de crédito consignado ou veículos de outras instituições financeiras. O slide número 21 nos mostra que a liberação de compulsórios permitirá ao BB alavancar ainda mais sua carteira de pessoas físicas. O Banco do Brasil tem interesse em analisar boas oportunidades de negócios envolvendo a aquisição de carteiras de crédito consignado de outras instituições financeiras. Cabe ressaltar aqui, que a aquisição de carteiras é uma prática comum no mercado bancário brasileiro, adotada também por outros bancos, e não é um negócio novo para o Banco do Brasil. Nos últimos 18 meses, o Banco do Brasil já havia adquirido R$1,5 bilhão em carteiras de outros bancos, e já tínhamos dez parceiros estabelecidos. Todas as operações contaram com coobrigação da instituição vendedora e com colateral depositado pela instituição vendedora no Banco do Brasil, e este colateral equivalia a uma parcela de cada operação adquirida.

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Todo o processo de aquisição de carteiras encontra-se automatizado, centralizado e segue um fluxo previamente definido pela nossa área de varejo, com o objetivo de mitigar riscos operacionais. São analisados apenas convênios com entes públicos. Em linhas gerais, o processo segue as seguintes etapas: avaliação da instituição financeira vendedora; o estabelecimento de limites; análise dos convênios; filtro das operações, onde serão aplicadas as metodologias adotadas para contratação de operações com clientes Banco do Brasil; e, por último, a precificação das operações que interessaram ao Banco. E não é realizada a aquisição de carteiras fechadas, é importante dizer isso. Atualmente, o Banco do Brasil estuda a análise de propostas em função da oportunidade criada com a liberação do depósito compulsório. Temos cerca de R$3 bilhões de propostas sendo analisadas no Banco do Brasil. Vale reforçar que a análise dessas propostas está sendo feita dentro da boa prática bancária, levando-se em consideração unicamente as oportunidades negociais que estão surgindo com a crise. Não há qualquer viés político nessas aquisições. O slide 22 demonstra a situação das principais linhas de captação externas. A redução da liquidez internacional afetou drasticamente as operações de REPOs e as emissões externas. Em relação às captações interbancárias, também houve redução nas linhas de prazo superior a 90 dias. Apesar do encurtamento do prazo e da dificuldade em parametrizar os preços dessas captações, o Banco do Brasil vem conseguindo renovar grande parte das linhas, e até mesmo contratar novas operações. O Banco do Brasil é visto como um porto seguro pelo mercado, e por isso tem conseguido conquistar novas captações também em depósitos a prazo. A diversificação de nosso funding externo tem ajudado a diminuir os efeitos da falta de liquidez internacional nos negócios de financiamento ao comércio exterior no Banco do Brasil. Além disso, o Banco do Brasil conta com outras alternativas para financiamento ao comércio exterior, como o PROEX e PROGER Exportação, linhas direcionadas a médias, pequenas e micro empresas. Por último, vale lembrar que a Medida Provisória 442 e a Resolução do Conselho Monetário Nacional 3.622, quando normatizadas, possibilitarão trazer mais liquidez em USD para o mercado. No slide número 23, falaremos um pouco sobre o setor de agronegócios, no qual o maior impacto virá da escassez de recursos das tradings e dos fornecedores de insumos, uma vez que 1/3 do financiamento do setor é oriundo dessas fontes. Outras duas fontes são recursos próprios dos agricultores, que representa 1/3, e financiamento por bancos, que também é responsável por 1/3 do financiamento à produção agrícola brasileira. Nossa expectativa na safra 2008/2009 é o desembolso de R$30,8 bilhões, sendo que R$19,3 bilhões serão destinados às operações de custeio. Desse valor, R$11,5 bilhões seriam liberados até dezembro de 2008, e o restante no 1S09. No entanto, com a escassez de recursos das tradings e dos fornecedores de insumos, o Ministério da Agricultura autorizou ao Banco do Brasil antecipar a liberação de parte dos recursos previstos no cronograma do ano que vem. Do valor de R$7,8 bilhões que

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seriam desembolsados no 1S09, o Banco do Brasil antecipou R$5 bilhões para financiar o início da safra ao longo do 2S08. Caso até o final do ano-safra, previsto para junho de 2009, haja necessidade de reposição ou aumento daqueles recursos, o Governo Federal poderá valer-se de recursos orçamentários ou de outras fontes a serem definidas. Ontem mesmo, o Banco Central resolveu flexibilizar novamente os compulsórios sobre depósitos à vista para serem aplicados no financiamento à agricultura. Notem que as medidas são horizontais, que valem para todos os bancos atuantes no sistema financeiro nacional. Estima-se que esta medida permitirá aumentar o volume de recursos para o setor em torno de R$5 bilhões, de forma gradativa, uma vez que, para cálculo de aplicação da exigibilidade, leva-se em consideração os saldos médios da captação nos últimos 12 meses. Cabe destacar também o bom desempenho da safra que terminou recentemente, a safra 2007/2008, que melhorou o fluxo de recebimentos no Banco do Brasil. Até setembro de 2008, 61% dos pagamentos previstos para o ano haviam sido recebidos, com apenas 3% de inadimplência. Como se vê, a crise internacional trouxe muitas ameaças para o setor financeiro brasileiro, como escassez de recursos internacionais, menor liquidez no sistema, desvalorização do câmbio, impacto nas operações com derivativos, redução do ritmo de crescimento do crédito e da economia, menor apetite a risco, maiores taxas e menores prazos. Todavia, o Banco do Brasil entende que, na realidade, este cenário traz muitas oportunidades, seja para testar a robustez dos nossos controles e da nossa política de crédito, seja para aumentar a participação do Banco do Brasil no mercado de captação e no mercado de crédito, ou seja para reforçar a estratégia do Banco do Brasil em diferentes linhas negociais. O fato é que o Banco do Brasil, como o maior banco da América Latina, é considerado um potro seguro para os clientes e para as empresas do Brasil, e acreditamos que, com esta característica, teremos condições de aproveitar as oportunidades que este cenário de stress tem trazido para o Brasil. Esses eram os comentários da nossa teleconferência. Poderíamos então, agora, abrir o espaço para responder a eventuais perguntas que os investidores e analistas quiserem fazer. Saul Martinez, JPMorgan: Good morning, guys. Two questions. First, there is some talk about the Central Bank issuing a new normative that I suppose suspends the past rule that forced you to reclassify borrowers who had had loans restructured in the agribusiness portfolio. I wanted to get your thoughts on that; do you that to occur and what kind of impact that might have? And then secondly, on the FX exposure, I appreciate the details you gave on your counterparty risk; but how concerned are you about direct credit exposure to clients who may have been using derivatives in a more speculative fashion, where they may have been taking directional paths on the currency and had to may have very large losses? Are you concerned about your direct credit exposure to some of those corporate?

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Marco Geovanne Tobias da Silva: Thank you, Saul, for your question. Unfortunately we will need to answer the questions in Portuguese, OK? A primeira pergunta do Saul diz respeito a uma possível medida do Banco Central para reclassificar os clientes que renegociaram suas dívidas rurais. Não sei se seria o Luiz Gustavo ou o José Carlos que poderia responder essa pergunta. Aldo, você, por favor, determine, veja quem poderia responder. E a segunda pergunta diz respeito à preocupação que o Banco do Brasil tem à exposição do risco de crédito de empresas. Ele gostou muito da abertura que fizemos sobre a exposição à questão de USD, e fica claro que a nossa exposição é pequena, mas até que ponto o Banco do Brasil está preocupado com a exposição ao risco de crédito de empresas, principalmente aquelas que têm exposição à USD. Talvez, Allan, você poderia fazer algum tipo de comentário. Aldo Luiz Mendes: Obrigado pelas suas perguntas, Saul. Eu vou endereçar a primeira ao José Carlos, que é o nosso Diretor de Agronegócios, e a segunda para o Allan, que é o nosso Diretor da área comercial, de clientes corporate. Mas antes eu queria fazer um resumo do que foi essa nossa apresentação, e reforçar alguns pontos. Então, eu queria dizer, como um resumo, que o Banco do Brasil tem hoje uma situação de liquidez extremamente favorável; a liquidez do Banco do Brasil hoje é superior a sua liquidez no início do ano, por exemplo. Nós estamos vendo nas compras de carteiras excelentes oportunidades; nós estamos focando na carteira de consignado; já temos, hoje, um chassi tecnológico para compra dessas carteiras; essas carteiras vão permitir uma absoluta vantagem no mercado, uma absoluta liderança do Banco do Brasil no mercado de consignado com as compras que estamos realizando. Acreditamos que são créditos de baixíssimo risco, porque são ligados à folha de pagamento das empresas e dos entes públicos, e também porque temos a co-obrigação dos bancos que estão cedendo as carteiras. Do ponto de vista dos derivativos que, inclusive, é parte de sua pergunta, o Banco do Brasil não tem exposição ao mercado de derivativos, não vinha praticando operações semelhantes a que nós vimos recentemente anunciadas por algumas empresas, e até onde nós pudemos observar, os nossos principais clientes também não estão envolvidos em operações dessa natureza. A nossa exposição líquida ao USD é cerca de US$100 milhões vendidos, como foi anunciado, e essa exposição, muito pequena para o tamanho do banco, inclusive será compensada em termos de resultado, como depois o próprio Diretor de Risco, que também está conosco, o Renê, poderia explicar, por efeito fiscal favorável. Do ponto de vista da inadimplência, como nós mostramos nos gráficos, o Banco do Brasil não detectou nenhum aumento até o momento na inadimplência, nas linhas de

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crédito dos nossos clientes. Estamos absolutamente confortáveis com os níveis atuais de inadimplência; não observamos também nenhuma piora até o momento. É claro que existem pontos de alerta. Onde estão os pontos de alerta? O primeiro deles, eu diria, na relativa escassez de linhas em USD. Mas dado o perfil de diversificação da nossa captação de USD, estamos conseguindo compensar boa parte das linhas de bancos que deixaram de fluir para o Banco do Brasil com a diversificação da nossa captação. Está aqui conosco também o Nilo, que é Diretor de Comércio Internacional do Banco, que pode nos dar mais informações depois sobre isso. E a resolução que o Banco Central soltou recentemente, permitindo um redesconto das linhas de ACC e ACE, assim que regulamentadas, acreditamos que vão trazer a normalidade para as linhas de financiamento à exportação. Portanto, se esse é um ponto de alerta, ao mesmo tempo tem também a expectativa muito forte de que muito em breve, com a regulamentação dessa resolução, o mercado volte ao normal. E por fim, a questão do preço das commodities agrícolas, outro ponto de alerta, é verdade. Mas pelo gráfico que o Geovanne mostrou, percebemos que a própria valorização do câmbio, ou o índice de preço que o agricultor recebe fazendo já a conversão USD para Real, a desvalorização do câmbio mais do que tem compensado a perda que ele terá, ou teria, no preço da commodity. Portanto, mesmo esses pontos de alerta têm fatores que contrabalançam aquilo que seria alguma percepção do Banco. Portanto, eu reafirmo que o Banco está bastante seguro e tranqüilo nesses tempos de instabilidade e volatilidade. Então agora, feito esse resumo, eu passo para o José Carlos abordar a questão específica que foi feita pelo Saul a respeito do agronegócio, e na seqüência o Allan falaria da questão dos nossos clientes corporate e derivativos. José Carlos Vaz: Bom dia. Com relação à eventual mudança nas regras de classificação de risco das operações de crédito rural, efetivamente surgiram algumas notícias na imprensa, [ininteligível] por áreas setoriais do Governo Federal, mas até o início dessa conferencia nós não tínhamos nenhum conhecimento de nenhuma decisão do Banco Central ou do Ministério da Fazenda a respeito disso. É importante considerar que o Banco do Brasil é bastante conservador no estabelecimento da classificação de risco de provisões dos produtores. Não temos expectativas de mudança no perfil das nossas provisões além do que já tem sido sinalizado em outras oportunidades. E o Banco, na decisão de crédito ao produtor rural, considera todos os aspectos que com relação a clientes pessoa física ou pessoa jurídica, mas também a questão da performance na atividade, as perspectivas do setor, o histórico de pontualidade, a questão patrimonial do cliente, a eficiência produtiva que ele tem. Então, o Banco mantém-se bastante conservador no que se refere à tomada de riscos com o setor rural, e desconhece, até o momento, qualquer decisão do Governo a respeito de classificação de risco.

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Allan Simões de Toledo: Bom dia a todos. Em relação à nossa exposição líquida com os nossos clientes em operações de derivativos, já foi mostrado que temos uma exposição líquida da ordem de R$370 milhões, isso diversificado em vários clientes, o qual não nos preocupa em relação a isso. Cabe destacar também que essa exposição líquida – R$370 milhões – é amparada por todo o portfólio de operações com nossos clientes. Em relação à exposição dos eventuais clientes no mercado como um todo, nós temos cerca de 600 officers de contas, nós já visitamos e temos entendimento dos 250 maiores clientes do Banco na parte de empréstimos, o qual fizemos uma avaliação e estamos também tranqüilos em relação a isso. Jorg Friedemann, Merrill Lynch: Obrigado. Bom dia a todos. Eu tenho, na verdade, duas perguntas. Achei bastante interessante a forma como foi abordada a redução da interferência política no Banco do Brasil e eu compartilho em grande parte dessa visão, no processo que acho que se iniciou na administração passada e que o Lima Neto tenha deixado também de forma tão positiva. Mas nós sabemos também que uma importante fonte de recursos para o Governo, que podia, inclusive, ter conseqüências no superávit primário, que são os dividendos recebidos das principais empresas estatais. Desta forma, dado que o Tier 1 do Banco do Brasil, mesmo com a melhora observada nos últimos meses, ainda é o menor entre os grandes bancos brasileiros listados, eu gostaria de saber se não faria sentido alterar a política de distribuição de dividendos e reforçar a base de capital. Essa é a minha primeira pergunta. A segunda pergunta diz respeito á uma matéria que havia no Valor, noticiário local, falando sobre uma janela de prazo possivelmente um pouco maior para as empresas se adequarem às regras de free float do Novo Mercado. É uma condição extraordinária que existe, que é prevista no regulamento da Bovespa. A matéria era específica para recompra de ações, mas eu gostaria de ouvir de vocês se vocês já conversaram com o regulador sobre a hipótese de eventualmente estender o prazo para adequação do Banco do Brasil aos 25% exigidos de free float no Novo Mercado, dado, inclusive, a volatilidade das ações e o preço em que elas estão no momento. Obrigado. Aldo Luiz Mendes: Obrigado pelas perguntas, Jorg. Com relação à questão da política de dividendos, ainda não tomamos nenhuma decisão com respeito a mudar a política de dividendos. Contudo, o que você está falando faz sentido. Se nós precisarmos fortalecer a base de capital, principalmente o Tier 1, faria sentido mudar um pouco a política de dividendos. Este é um assunto que estará em discussão no próximo trimestre. Não há nenhuma decisão tomada ainda, mas pode ser que, daqui a alguns meses venhamos a discutir esse assunto, sim, e informaremos o mercado, então, qualquer mudança que sobrevenha com relação a este tópico.

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No que diz respeito ao prazo para atingir o free float de 25%, de fato saiu no jornal Valor Econômico ontem uma matéria que era específica para recompra. Nós ainda não fizemos um contato formal com o regulador, ou com a Bovespa, sobre um waiver ou uma dilatação de prazo para que cumpramos com o nosso compromisso de atingir os 25%. Contudo, eu acredito que não haverá dificuldades em endereçar esse pleito, nem muito menos haverá dificuldades na aceitação de um pleito dessa natureza, dadas as condições de mercado hoje. Se elas vierem a prevalecer para os próximos seis meses, muito provavelmente nós entraríamos com um pedido, e muito provavelmente, a Bovespa teria sensibilidade de acatar. Não posso falar pela Bolsa, mas o bom senso indica que esse seria um resultado facilmente esperado. Jorg Friedemann: Está ótimo. Muito obrigado pelas respostas, Aldo. Carlos Macedo, Goldman Sachs: Bom dia. Um par de perguntas. A primeira se refere à compra de carteiras. Se usar a base de setembro de CDB, que vocês mostram na apresentação, e com a regra de 70% do compulsório, a gente vê que o Banco do Brasil pode comprar até quase R$6 bilhões de carteiras de crédito das instituições menores, e tem R$3 bilhões sobre estudo. Queria saber se existe algum cronograma para aumentar isso de R$3 bilhões para R$6 bilhões, e o que segue esse cronograma. A segunda pergunta se refere a eventos mais recentes, e o que isso implica no crescimento para o resto do ano e para 2009. Sabemos que até o final de setembro a crise não tinha efetivamente chegado com muita força no Brasil, e isso começou a acontecer agora, no começo de outubro. Eu queria entender, se vocês pudessem me dizer um pouco, como está tanto a originação de depósitos, quanto a originação de crédito nessas últimas duas semanas; se mudou alguma coisa dramaticamente, se isso vai forçar o Banco a rever – eu sei que deve estar no processo de orçamento agora – o orçamento para o ano que vem, ou estudar melhor o crescimento; como vai se dar no ano que vem em termos de crescimento de crédito, margem, inadimplência etc. Aldo Luiz Mendes: Obrigado, Macedo. Com relação a um eventual cronograma para sairmos dos R$3 bilhões anunciados para os R$6 bilhões potenciais, não existe um cronograma. Eu diria que o cronograma hoje é os R$3 bilhões, entre o que já foi liberado e o que está sob análise, R$3 bilhões. Se outras oportunidades aparecerem, é claro que nós vamos examiná-las, e podemos chegar até os R$6 bilhões, que é o potencial máximo. Contudo, eu diria que o cronograma hoje está mirando R$3 bilhões, é o que nós temos em análise, mas podemos chegar lá nos R$6 bilhões se novas ofertas nos forem feitas, e essas ofertas forem interessantes para o Banco. Carlos Macedo: Aldo, não existe pressão por parte do Banco Central, ou de algum outro órgão, para aumentar isso de uma maneira mais rápida?

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Aldo Luiz Mendes: Absolutamente nenhuma. O Banco Central entende que uma análise de carteira é uma coisa que não é feita do dia para a noite, isso toma tempo; não só a análise como a precificação. Então, eu insisto, não há pressão de maneira nenhuma. Temos o nosso tempo necessário, para fazer as análises necessárias, e é isso que estamos fazendo. E só estamos adquirindo aquelas que nos interessam, com foco naquilo que é interessante para nós e com um preço que seja atrativo para o Banco do Brasil. Carlos Macedo: Você tem como dar idéia de preço? De rentabilidade dessas carteiras? Aldo Luiz Mendes: Não. Essa é uma variável estratégica, porque nós estamos negociando com mais de um, existem diferenças nas carteiras, então se eu anuncio um preço aqui, eu posso gerar uma expectativa, tabelar, enfim. Preço é caso a caso, é uma variável estratégica, negocial, que a gente não abre. Carlos Macedo: OK. Aldo Luiz Mendes: Sobre a originação de depósito e crédito, com relação a depósito, posso garantir que tem crescido muito os depósitos no Banco do Brasil nos últimos dias, em todas as modalidades, inclusive no exterior, inclusive em USD no exterior; dada a diversificação da nossa base, empresas brasileiras têm procurado o Banco do Brasil para efetuar o depósito do seu caixa em USD no Banco do Brasil. Portanto, não há nenhuma preocupação, ao contrário, o depósito tem crescido de forma sistemática nos últimos dias. Com relação ao crédito, eu diria que ele está estabilizado, está estável dentro da média histórica, e evidentemente nós estamos sendo mais seletivos. Ao sermos mais seletivos na análise do crédito, ele parou de crescer, ele estabilizou. Nós vamos rever o orçamento para o ano que vem, e em uma condição de tudo mais constante, esse orçamento deverá ser um pouco mais conservador, essa revisão. Provavelmente nós vamos trabalhar com um crescimento do crédito menor do que prevíamos na primeira rodada do orçamento, mas isso não está fechado ainda. Marco Geovanne Tobias da Silva: Se eu pudesse acrescentar, eu gostaria só de relembrar que a gente já vem conversando com o mercado a respeito dos guidances para 2008. Eles estão mantidos; o crescimento na carteira total em 2008 em torno de 25% a 30%, e para 2009 nós já tínhamos antecipado ao mercado, face um crescimento menor do PIB, um crescimento na carteira de crédito do Banco do Brasil também menor, provavelmente em uma range entre 20% e 25% para 2009 no crédito total.

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Então, conforme o Aldo mencionou, o orçamento ainda está em fase de finalização – não sei se o Nilson está aí na sala, ele poderia acrescentar mais –, mas o que eu posso lhe dizer, Macedo, é o seguinte: a estratégia do Banco do Brasil sempre será crescer acima do mercado. Se o mercado crescer bem menos em 2009, nós cresceremos menos também, acompanhando o mercado, mas em um patamar maior, com intuito de conquistar participação no mercado. Carlos Macedo: OK. Obrigado. Patrícia Fernandes, Itaú Corretora: Bom dia a todos. Eu sou analista de aggribusiness então acho que vou fazer uma pergunta aí bem focada no setor. A gente está vendo um problema de liquidez nas tradings, como vocês já comentaram, e eu queria saber se vai haver alguma linha de repasse, se vocês pensam em alguma linha de repasse específica para trading, porque tem uma série de agricultores que não consegue pegar o financiamento via banco devido a problemas de garantia e preferem fazer isso via trading. Então, o que estamos pensando é em um financiamento para o setor, se as tradings teriam alguma linha de financiamento específica. Aldo Luiz Mendes: Obrigado pela pergunta, Patrícia. Não há, até o momento, nenhuma discussão, nenhuma intenção de fazer nenhuma linha específica com a trading. Patrícia Fernandes: OK. Obrigada. Luiz Adaime, Bresser: Boa tarde. Voltando à pergunta sobre a Basiléia, vocês, pelo que eu ouvi, parecem menos propensos, ou menos inclinados a restringir o crescimento do crédito em relação a controlar a Basiléia via dividendos. Qual vocês acham que é mais provável, no caso de vocês ficarem com uma Basiléia mais restrita? E como vocês vêem essa restrição de Basiléia para o resto do setor? Aldo Luiz Mendes: Pelo que foi dito pelo Geovanne, nós, de fato, pretendemos crescer em linha, um pouco acima do mercado no crédito, e pelo que foi dito por mim anteriormente, uma eventual revisão da política de dividendos pode ser feita se sentirmos essa necessidade, se o [ininteligível] da Basiléia ficar apertado. Portanto, a nossa propensão, a princípio, mas sem nada decidido ainda, tenderia mais pela política de dividendos do que pela linha do crédito. Em uma avaliação geral, eu acho que no Brasil nós temos sido mais conservadores que o resto do mundo. Nosso Tier 1 aqui é 11, enquanto outros países praticam 8, ou até menos; até 6 em alguns lugares. Temos visto o resto do mundo flexibilizando as regras de marcação a mercado, e até agora não houve essa discussão no Brasil,

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principalmente fundos de investimentos, que às vezes têm que marcar CDBs, uma coisa que me parece pouco adequada para o momento atual. Mas é isso. Luiz Adaime: E no curto prazo, vocês veriam como mais provável continuados ajustes na parte do compulsório ou, talvez, uma flexibilização da regra de Basiléia, alguma adaptação às novas condições de mercado? Aldo Luiz Mendes: Difícil dizer. Você teria que perguntar ao Banco Central. Realmente, eu não saberia lhe dizer. Marco Geovanne Tobias da Silva: Aldo, se eu puder adicionar, é importante ressaltar para os investidores que o Banco do Brasil está extremamente confortável com o nível de Basiléia que ele tem. Apesar de estarem falando do Nível 1, para efeito, no Brasil se considera a Basiléia Nível 1 e 2, e no volume que nós temos hoje, podemos expandir nossa carteira em mais de R$40 bilhões; e a geração de resultados consistentes de forma natural vai permitir a manutenção da nossa base de capital estável, confrontando com um crescimento da carteira. É importante lembrar que a queda que percebemos na lâmina 19, do 1T08 para o 2T08, é em função de uma nova norma que o Banco Central soltou sobre créditos tributários. Esse assunto está sendo avaliado pela nossa área de contabilidade. Mas o nível de capital hoje, de 13,7%, é suficiente para garantir a estratégia de expansão do Banco do Brasil, não sendo necessariamente obrigatória a redução do payout da Empresa, porque não estamos desenquadrados, de forma alguma. É um nível de capital estável. Temos medidas que poderiam ser adotadas, caso haja necessidade? Temos. Daí o conforto do Banco do Brasil com esse nível de Basiléia e com as estratégias de crescimento do negócio. Luiz Adaime: OK. Muito obrigado. Victor Galliano, HSBC: Good morning, good afternoon to those in Brazil. Just a couple of questions for me, one on the relaxation of the compulsório. You state in one of the slides that this will increase or this will free up about R$11.4 billion of compulsórios that you held at the Central Bank. Do you intend to apply all of that to expansion of loans or acquisition of consignado portfolios? That is the first question. The second one is looking at the slide 23, you talked at the top of the slide about how 2008–2009 crop is already planted at an exchange rate of R$1.60. Does that mean that the farmer has also locked in the exchange rate of R$1.60? And if so, did the farmer at least manage to also lock in a more attractive USD commodity price? That is

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something that perhaps you can shed some light on. Were we looking at a squeeze on the farmer in terms of currency and also declining commodity price in USD? Thank you. Marco Geovanne Tobias da Silva: Thank you, Victor. We are going to answer your question in Portuguese, OK? A primeira pergunta é em relação à liberação de compulsórios, dos R$11,4 bilhões. Ele quer saber se tudo isso seria utilizado para crescimento de crédito, em particular a aquisição de consignados. A segunda pergunta seria se o agricultor, uma vez que ele já travou o custo de produção, ele também está travando o lado do preço de commodity e com isso protegendo seu spread, ou se pode haver, lá na frente, um aperto desse spread. Talvez o José Carlos possa falar sobre essa segunda. Aldo Luiz Mendes: Victor, sobre a sua primeira pergunta, eu diria que os R$11,4 bilhões são sempre um número potencial. O Banco não pretende necessariamente aplicar a totalidade da liberação do compulsório em aquisição de carteiras. Nós vamos examinar caso a caso; a cada caso é feito um exame em separado e, se a carteira é interessante do ponto de vista do risco, se ela é interessante do ponto de vista da remuneração, iremos comprá-la. Contudo, não há uma determinação, nem mesmo a intenção de se usar, a princípio, a totalidade. Examinaremos caso a caso. José Carlos Vaz: Com relação à segunda questão, acho que você está focando a questão da soja basicamente, que é onde você tem uma influência mais forte do câmbio e da cotação dos mercados futuros. Não é prática do produtor brasileiro fazer hedge de preços em Bolsa. O que ele costuma fazer é uma operação comercial com as tradings, onde ele adquire a possibilidade de fixar o preço em um momento futuro, no momento da entrega do produto ou mais à frente, dois ou três meses depois que ele faz a entrega do produto. Normalmente, é uma janela de maio a setembro de cada ano. E este ano as tradings estão mais afastadas com relação à realização desses negócios. Então, o que projetamos é que a comercialização da próxima safra será mais restrita, ela vai ocorrer a cada dia e a cada mês. É por isso que o Banco, na decisão de dar crédito ao produtor, está considerando mais o histórico e a projeção dos preços efetivamente recebidos pelo produtor na sua área de produção do que tanto os preços projetados no mercado futuro, seja pela volatilidade atual, tanto de preços quanto de câmbio, mas principalmente em função disso; nós acreditamos que a comercialização será muito em cima do preço praticado na localidade, até porque o produtor não costuma se beneficiar de ganhos de preços que ocorrem nos mercados futuros. Mas as margens que nós estamos projetando com base nesses preços que são mais conservadores que os dos mercados, os preços que o Banco do Brasil considera na decisão de dar crédito, indicam se os produtores de soja e de milho terão margens remuneradoras positivas menores que na safra anterior, em que as margens foram muito boas, mas ainda permitindo que eles resgatem seus compromissos e guardem recursos para a próxima safra.

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Aldo Luiz Mendes: Gostaria de aproveitar a oportunidade e responder algumas perguntas que estão chegando até nós pela web. O senhor César Abate pergunta se o interesse do Banco do Brasil, ou a possibilidade de o Banco do Brasil vir a adquirir a Nossa Caixa ficou prejudicada, ou postergada, em função do atual estado da economia mundial. Eu diria que o Banco do Brasil e a Nossa Caixa, e, por conseqüência, o Governo do Estado de São Paulo, que é o acionista majoritário do Banco Nossa Caixa, continuam em negociações. Contudo, as negociações ainda não chegaram ao seu término. Então, continuamos em negociação. Tido Labarda, Deutsche Bank: Good morning. Just a question on your joint venture for auto loans, how do you see the outlook for that? Do you expect that to slow down or continue to grow at a strong pace? If you could just tell us what you are expecting there. Thanks. Marco Geovanne Tobias da Silva: Em relação à parceria com o FirstRand, o Tido Labarda quer saber se, em função do cenário, ela continua, se espera que haja algum atraso ou redução nas previsões. Não sei se o Cafarelli está na sala, Aldo. Aldo Luiz Mendes: A nova empresa que o Banco do Brasil está estabelecendo, a joint venture, a parceria com o Grupo FirstRand continua. Nós continuamos com a intenção de levar adiante este projeto, a empresa será constituída. O Banco do Brasil acredita que esse é um mercado que poderá sofrer alguma conseqüência em relação aos desdobramentos da crise atual, mas é um mercado que continuará existindo no Brasil como sempre existiu, um mercado com uma vasta possibilidade de atuação, com elevado potencial para um banco como o nosso. Acreditamos que o mercado de financiamento de veículos continuará sendo um mercado importante para os bancos de varejo, e a parceria que estabelecemos será importante para melhor nos posicionarmos nesse mercado, mesmo que seja um mercado que venha a crescer a taxas inferiores às que ele vinha crescendo nos últimos anos. Diogo Rosolem, Banco Votorantim: Boa tarde. Eu gostaria somente de colocar um ponto que eu estava analisando, com respeito às linhas de ACC. O mercado tem dado uma piorada para todos os bancos, e eu tenho visto uma crescente melhora para o Banco do Brasil. Eu queria saber a perspectiva para outubro, novembro e dezembro, os últimos três meses, saber se continua nos patamares em 2, ou se haverá uma pequena retração. E também, apenas uma pergunta, que seria com relação ao slide 23, a participação em 56% com relação ao custo de financiamento de café, se tem a intenção de reduzir ou ter um pequeno aumento.

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Aldo Luiz Mendes: Diogo, vou endereçar sua primeira pergunta para o Nilo Panazollo, que é nosso Diretor de Comércio Exterior, que está aqui, e a segunda para o José Carlos Vaz, que é nosso Diretor de Agronegócio. Nilo José Panazollo: Bom dia, Diogo. Com relação à expectativa que nós temos com o volume de financiamentos, especialmente para ACC ou ACE, o que aconteceu, de fato, em função do cenário internacional é que, principalmente no início de outubro, o mercado financeiro, de um modo geral, adotou algumas medidas um pouco mais de precaução, e o Banco do Brasil também adotou, como colocado na própria apresentação, algumas medidas no sentido de reduzir o prazo e o valor das operações. Isso trouxe um pouco de conseqüência no resultado do desembolso na primeira quinzena de outubro. Porém, um fato extremamente positivo e que nós estamos acompanhando diariamente, é com relação à disponibilidade de linhas internacionais, o que nós tínhamos visto. Nós vínhamos trabalhando com algumas premissas onde nós teríamos praticamente renovações zero, nós adotamos a premissa com renovação zero das linhas do interbancário e do REPO, e o que nós estamos percebendo é que há uma resposta bastante positiva em relação às linhas do interbancário. Nós praticamente temos conseguido, nessa primeira quinzena, renovar o mesmo valor das linhas que venceram nesse período, e isso é positivo. Se somado com a expectativa que nós temos com as duas medidas do Banco Central, que acreditamos, até o final dessa semana, início da semana que vem, há uma probabilidade muito grande de que o Banco Central normatize as duas medidas já anunciadas na Resolução 3.622, que são empréstimos em moeda estrangeira, com colateral em títulos soberanos, ou então com as próprias carteiras de ACC e ACE dos bancos. Então, repetindo: nós acreditamos que com isso tudo somado, se ocorrer, deveremos fechar o mês de outubro com um valor bastante próximo aos volumes que vínhamos fechando nos meses anteriores em ACC e ACE. E já para o mês de novembro, se isso tudo se confirmar, se essa tendência das renovações das linhas do interbancário, e se essas medidas do Banco Central efetivamente forem implementadas, nós deveremos caminhar perto de uma normalidade no financiamento ao ACC e ao ACE. José Carlos Vaz: Com relação a esse gráfico do slide 23, ele mostra quanto do custo de produção das principais cadeias produtivas é objeto de financiamento via crédito rural por todo o sistema financeiro brasileiro, não só o Banco do Brasil. Então, no caso específico do café, 56% do custo de produção em 2008 é financiado com recursos do crédito rural. No caso do café, devemos registrar algumas peculiaridades. Primeiro, o café tem uma fonte específica de recursos, que é o Funcafé, um fundo de recursos oficiais não realimentados. Pelas taxas de juros que se pratica nessas operações, esse é um fundo que tende, ao longo do tempo, ser reduzido; ele vai reduzindo a cada ano pelas taxas que são praticadas. Também, nos últimos dois anos, os bancos brasileiros em geral optaram por direcionar recursos da exigibilidade do crédito rural dos depósitos à vista para o segmento do

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café, que apresentava uma conjuntura melhor que o segmento de grãos, conjuntura essa que, desde a safra colhida neste ano, já vem sendo revertida; os grãos melhoraram sua performance. Por outro lado, o setor também se caracteriza por utilizar recursos de mercado, como a CPL. Ele é líder de captação de recursos via CPL. Eu diria para vocês o seguinte: da parte dos bancos, a tendência é de manter a assistência financeira nos patamares que tem ao setor de café, acompanhando o crescimento do valor da produção, mas possivelmente substituindo o Funcafé ao longo do tempo por recursos do crédito rural ou recursos de mercado. Não existe nenhum viés, positivo ou negativo, em relação à tomada de risco do café. Aldo Luiz Mendes: Vou aproveitar e responder uma questão que veio via web, de um acionista. Ele faz referência a ter comprado ações do Banco do Brasil em dezembro do ano passado, na casa dos R$29, e hoje, com ela se situando em R$17, se ele pode ter esperança de recuperar suas perdas. Eu diria que sim, e recomendaria, por exemplo, a leitura de relatórios de analistas, que estão sendo feitos recentemente – ontem mesmo foi divulgado o relatório do Jorge Cury, que é um conceituado analista de mercado, e que aponta ações do Banco do Brasil, em 12 meses, acima de R$30. Portanto, eu diria que sim; há expectativa sim, Sr. Investidor, que não colocou o nome na pergunta. Há uma segunda pergunta que vem pela web, que nos é indagado qual é a expectativa do Banco do Brasil com relação ao mercado imobiliário. Quais são nossos planos, nossas previsões. O Fábio Seabra pergunta a respeito de funding, novos financiamentos, captação, expectativa de crescimento do Banco do Brasil nesse mercado. Vou passar para o Werner, que é da área do crédito imobiliário, para nos falar um pouco sobre isso. Werner: Bom dia. A expectativa do Banco relacionada ao crédito imobiliário é chegar este ano à cifra de R$650 milhões. No que se refere ao ano que vem, a nossa expectativa é chegar a R$3 bilhões, já levando em consideração essa volatilidade do mercado. Fábio Seabra, Ishiban: Boa tarde. Creio que acabou de responder minha pergunta via web, eu só gostaria de completar a pergunta, a respeito do funding; porque eu sei que o Banco do Brasil tem uma carteira de poupança muito grande, e eu queria entender quais outras possibilidades de funding para o financiamento imobiliário? Werner: O Banco do Brasil utiliza, além do funding de poupança, nós temos agora, via nova regulamentação do Banco Central, utilização de 10% da nossa poupança, temos também a possibilidade de aplicação de recursos livres, que nós utilizamos no financiamento à produção. São essas duas fontes principais que o Banco usa para funding relacionado a crédito imobiliário.

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Lia da Graça, Banif: Bom dia. A primeira pergunta tem a ver com a inadimplência. Vimos no slide 9 um índice bastante adequado, 3,3%, então eu queria saber se, primeiramente, esse índice já está beneficiado dos novos contratos, que já contam com seguro agrícola? E no caso de introdução do seguro agrícola há muito pouco tempo, no caso de rolagem de dívida, como os senhores vão fazer a introdução do seguro num contrato já existente? Isso é possível? A segunda pergunta é em relação a uma resenha que eu recebi, sobre um diário do Centro-Oeste, com relação a uma posição dos sojicultores. Resumindo, eles tiveram que escolher entre pagar os fornecedores e empregados ou repagar as linhas bancárias, e, no caso, eles decretaram uma moratória branca, o que eles chamam de moratória branca. Eu queria saber como o Banco do Brasil está administrando especificamente o caso dos sojicultores. Muito obrigada. José Carlos Vaz: Lia, esse percentual de 3,3% na verdade é da carteira completa do Banco, não é só de agronegócio. Vou responder então a parte de agronegócios, com relação à inadimplência e seguro agrícola. Nós tivemos uma questão cíclica em 2004/2005 e um processo de recuperação da qualidade da carteira, e mudamos alguns dos parâmetros que o Banco observa na contratação. Eu vou lhe passar um dado sobre a contratação compulsória de seguro agrícola que o Banco do Brasil vem fazendo nas últimas safras, nas operações de custeio, que são as operações de formação da lavoura. Na safra 2006/2007, que foi quando o Banco adotou firmemente esta decisão, 42% da nossa carteira de custeio [ininteligível] contratada naquela safra, foi contratada com vinculação de seguro agrícola. Por que só isso? Porque existem produtos que contratamos que não têm seguro agrícola subsidiado pelo Governo. Na safra seguinte, que foi a que nós colhemos este ano, que é a safra 2007/2008, 50% do custeio foi contratado com a vinculação de seguro agrícola. Na safra que nós estamos plantando agora, que é a 2008/2009, nós já estamos com 96% dos custeios contratados para agricultura familiar com seguro agrícola, e 67% dos custeios contratados para os demais produtores têm seguro agrícola. Então nós acreditamos que vamos fechar a contratação do custeio dessa safra com pelo menos 60% dessa carteira com vinculação de seguro agrícola. Como vincular isso a operações já existente? Na verdade, quando fazemos prorrogação de uma dívida, vinculamos garantias hipotecárias, na maior parte das vezes; é a prática que se tem. Nada impede de você vender uma apólice de seguro agrícola para proteger a parte da lavoura do produtor, que vai gerar a receita que ele vai utilizar para pagar a parcela desta prorrogação; inclusive, o prêmio desse seguro pode ser financiado no crédito rural. Com relação à última informação que você colocou, que teria uma moratória branca, talvez os meios de comunicação utilizados pelos informantes não tenham chegado até os produtores, porque efetivamente eles estão pagando e bastante, mesmo no setor que está mais afligido pela questão de financiamento, que é o Mato Grosso. Então nós

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vamos fechar; hoje vence o prazo para adesão a prorrogar sem pagamento das dívidas de investimento, e a performance tem sido muito boa. e então, não está caracterizado esse problema de moratória no Banco do Brasil. Lia da Graça: OK. Muito obrigada. Aldo Luiz Mendes: Deixa-me aproveitar e responder, para encerrar a nossa conferência, duas questões dentre várias que chegaram para nós através da web. A primeira delas, do João Arthur Donadon. Ele pergunta se o Banco do Brasil está revendo os planos de expansão no exterior à luz do atual cenário econômico. Eu diria que sim, principalmente o plano que nós temos para expansão nos Estados Unidos. Este plano está sob revisão esse plano, haja vista o novo cenário para a economia mundial, em particular o cenário da economia americana, que tem nos levado a repensar o plano. E uma segunda pergunta, que vem de Hélton Luis Marques Póvoa, que pergunta o seguinte: dado as agências de classificação de risco terem colocado em revisão para possível rebaixamento as notas de crédito de alguns bancos de pequeno porte, e diante da possível desaceleração econômica, das condições desfavoráveis etc., ele pergunta se isso não colocaria em risco a compra das carteiras. Eu diria que não, pelos seguintes motivos: em primeiro lugar, o Banco do Brasil tem dado preferência às carteiras de crédito consignado, onde o risco, pela sua própria natureza, é muito baixo. Estamos comprando créditos que são, basicamente, ligados á folha de pagamento, e a maior parte deles, grande maioria ligada a funcionários do setor público, que possuem maior estabilidade no emprego. Segundo lugar, porque há uma coobrigação desses Bancos. Então nós consideramos que estamos duplamente garantidos na compra dessas carteiras, e o fato de um eventual rebaixamento, pelo menos uma sinalização para o futuro rebaixamento de pequenos ou médios bancos não nos traz uma preocupação adicional , porque nós entendemos que as carteiras por si só são carteiras que trazem um risco aceitável pelo Banco. Lembrando mais uma vez, que sempre antes de efetuar a compra da carteira, há um escrutínio da qualidade do crédito dessa carteira. Nós estamos olhando prioritariamente o risco da própria carteira, e apenas adicionalmente o risco do Banco que está cedendo a carteira para nós. Eu acho que, com isso, dado o horário, nós podemos encerrar a nossa conferência. Eu espero sinceramente que nós possamos ter colaborado com o mercado trazendo essas informações; o nosso Departamento de Relações com Investidores continua aberto a todos os investidores e acionistas que queiram endereçar perguntas ao Banco. Nós, através do Portal, através do nosso telefone, tanto o Geovanne quanto o Gilberto e toda sua equipe estão à disposição dos senhores investidores.

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E, para concluir, eu reforço: o Banco do Brasil atravessa um momento de liquidez extremamente favorável, inadimplência baixa; há pontos de alerta, mas todos eles sob controle, como eu já tive oportunidade de mencionar. Agradeço a presença de todos, e até uma próxima oportunidade. Operadora: A teleconferência do Banco do Brasil está encerrada. Agradecemos a participação de todos, e lembramos que o material utilizado desta teleconferência está disponível no Portal BB, na página de Relações com Investidores. Obrigada pela participação e tenham todos uma boa tarde. Obrigada. "Este documento é uma transcrição produzida pela MZ. A MZ faz o possível para garantir a qualidade (atual, precisa e completa) da transcrição. Entretanto, a MZ não se responsabiliza por eventuais falhas, já que o texto depende da qualidade do áudio e da clareza discursiva dos palestrantes. Portanto, a MZ não se responsabiliza por eventuais danos ou prejuízos que possam surgir com o uso, acesso, segurança, manutenção, distribuição e/ou transmissão desta transcrição. Este documento é uma transcrição simples e não reflete nenhuma opinião de investimento da MZ. Todo o conteúdo deste documento é de responsabilidade total e exclusiva da empresa que realizou o evento transcrito pela MZ. Por favor, consulte o website de relações com investidor (e/ou institucional) da respectiva companhia para mais condições e termos importantes e específicos relacionados ao uso desta transcrição.”