TRANSFERÊNCIA DE ANTICORPOS MATERNOS DA GALINHA … · IMUNIDADE ATIVA E PASSIVA Imunidade ativa...
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TRANSFERÊNCIA DE ANTICORPOS MATERNOS DA GALINHA PARA A PROGÊNIE
Paulo Lourenço Silva Professor Titular
Faculdade de Medicina Veterinária Universidade Federal de Uberlândia
INTRODUÇÃO
Pintos recém-eclodidos são vulneráveis a muitos patógenos, porque eles não têm um sistema
imunológico totalmente desenvolvido. A transmissão vertical de anticorpos maternos da reprodutora
para sua progênie contra certos patógenos fornece um meio fundamental de proteção até uma certa
idade. Além disso, o título destes anticorpos transferidos é de grande importância quando a sorologia
é considerada para diagnóstico da doença (Sharma, 2003).
Anticorpos maternos (do inglês Maternal Derived Antibodies - MDA) - também conhecidos
como imunidade passiva - são imunoglobulinas transferidas naturalmente de um indivíduo para
outro. Nas aves, os anticorpos maternos são transferidos das reprodutoras naturalmente infectadas
ou imunizadas para a progênie através do ovo. Esta imunidade passiva tem duração relativamente
curta, geralmente 1 - 2 semanas, e via de regra, menos de quatro semanas, e sua função é proteger os
pintos jovens durante um período (primeiras semanas de vida), quando seu sistema imunológico
ainda não está totalmente desenvolvido para responder apropriadamente a um desafio precoce.
Imunidade é o estado de proteção contra doença infecciosa conferida através de uma resposta
imune gerada por vacinação ou infecção anterior ou por outros fatores não imunológicos.
Este artigo abordará a imunidade passiva através da proteção conferida pelos anticorpos
passivos transferidos da reprodutora para sua progênie para diferentes agentes patogênicos das aves,
mostrando que não há uniformidade de nos títulos de anticorpos obtidos. A eficácia dos anticorpos
maternos na proteção de pintos jovens é variável e dependente de vários fatores como títulos de
anticorpos maternos e o agente envolvido. Faremos considerações sobre anticorpos maternos de três
importantes agentes que causam doenças respiratórias: vírus da doença de Newcastle (VDN), vírus da
bronquite infecciosa (VBI) e vírus da laringotraqueíte infecciosa (VLTI), e três importantes agentes de
doenças imunossupressoras: vírus da doença infecciosa da bolsa cloacal (DIB), vírus da anemia
infecciosa das galinhas (VAIG) e vírus da doença de Marek VDM.
IMUNIDADE ATIVA E PASSIVA
Imunidade ativa refere-se ao processo de exposição da ave a um antígeno para gerar uma
resposta imune adaptativa: a resposta leva dias/semanas para se desenvolver, mas pode ser de longa
duração — até mesmo ao longo de toda a vida. Imunidade ativa é geralmente classificada como
natural ou adquirida.
Imunidade passiva se refere ao processo de fornecimento de anticorpos IgY (IgG) para
proteger contra a infecção; dá proteção imediata, mas de curta duração — várias semanas para 3 ou 4
meses no máximo. Imunidade passiva é geralmente classificada como natural ou adquirida.
Três classes de imunoglobulinas são encontradas no sistema imunológico das aves: IgY (IgG),
IgM e IgA.
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Tabela 1 -Algumas características importantes das três imunoglobulinas conhecidas
ISOTIPO TEMPO SECRETADO LOCALIZAÇÃO PRIMÁRIA FUNÇÕES PRIMÁRIAS
IgM Ig inicial após a imunização Soro
Superfícies de células B
Liga e ativa o sistema
de complemento
IgY Após a síntese de IgM;
anticorpos maternos
Soro
Gema do ovo
“Lembra” resposta aos
antígenos; liga-se às
células fagocíticas,
ativa o complemento
quando ligado ao
antígeno
IgA Síntese ocorre
constantemente
Soro, bile
Superfícies mucosas
Saliva, lágrima
Imunidade mucosal,
neutraliza vírus e
toxinas microbianas,
impede a aderência e
colonização por
patógenos microbianos
Quando um anticorpo interage com o antígeno, ele ativa ou reforça mecanismos efetores para
auxiliar na eliminação do patógeno. Esses mecanismos incluem a ativação da via clássica do
complemento diretamente no antígeno; preparação do antígeno para fagocitose através de
opsonização, aglutinação ou precipitação; neutralização do antígeno, impedindo a entrada na célula.
TRANSFERÊNCIA DE ANTICORPOS MATERNOS DE GALINHA PARA A PROGÊNIE
A transferência de anticorpos da galinha para o embrião ocorre em duas etapas. Primeiro, os
anticorpos são depositados na gema do ovo e albúmen (clara do ovo), e depois é transferido para o
embrião.
1. Transferência de anticorpos maternos da galinha para o ovo
As galinhas transferem anticorpos maternos para o ovo, depositando os anticorpos (IgY, IgA e
IgM) na gema de ovo e albúmen. Como a molécula de IgG das aves é mais longa do que IgG de
mamíferos, IgG das aves é referida por alguns autores como IgY (do inglês “Yolk”). No entanto, IgG
aviária (ou IgY) é funcionalmente homóloga ao IgG mamífero.
O trajeto do depósito de imunoglobulinas (Ig) no ovo difere entre as classes de
imunoglobulinas. O IgY é o isotipo Ig mais predominante na gema do ovo. Esta Ig é secretada pelo
ovário da galinha dentro dos óvulos em desenvolvimento (gema de ovo) em diferentes estágios. A
passagem de IgY para os óvulos é regulada pelo epitélio folicular, que passa por mudanças
morfológicas conforme crescem os óvulos. Este epitélio torna-se mais plano e mais fino no óvulo
maior, permitindo a passagem de uma grande quantidade de IgY. A transferência de IgY através do
epitélio folicular ovariano atinge o seu máximo 3 a 4 dias antes da ovulação e começa a diminuir
devido ao desenvolvimento da membrana vitelínica entre o óvulo e o epitélio folicular do ovário em
preparação para a ovulação.
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Portanto, como uma galinha tem vários folículos ovarianos em diferentes estágios de
desenvolvimento, a quantidade de IgY transferido para cada um deles não é o mesmo. A IgA e IgM
são encontradas principalmente no albúmen, e são transferidas para o albúmen como resultado da
secreção mucosa no oviduto mais especificamente no magno.
2. Transferência de anticorpos maternos do ovo para o embrião
O IgY é transferido da gema do ovo para a progênie através da circulação embrionária. A
transferência começa a partir do 7º dia de desenvolvimento embrionário e atinge sua taxa máxima de
3 a 4 dias antes do nascimento.
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A quantidade de IgY transferida para a gema do ovo e da gema para o embrião tem sido
relatada ser proporcional às concentrações de IgY no soro materno. Hamal et al. (2006) observaram
que 27 a 30% de IgY das galinhas é transferido para a progênie (tabela 2).
Tabela 2. Concentração de Ig no plasma de progênie como porcentagem da concentração de Ig no
plasma maternal
Tipo de anticorpo Reprodutora Linhagem A Reprodutora Linhagem B
IgY 31.7 ± 3.79 26.2 ± 3.15
IgA 0.66 ± 0.13 0.90 ± 0.11
IgM 0.74 ± 0.06 0.96 ± 0.09
Anticorpo Anti-VDN (isotipo IgY) 31.3 ± 4.52 36.0 ± 4.73
Anticorpo Anti-VBI (isotipo IgY) 40.7 ± 3.98 35.5 ± 3.93
Fonte: Adaptada de Hamal el al. (2006)
IgA e IgM são transferidos para o embrião pela absorção da albúmen pelo intestino
embrionário e podem ter sua função principal no pinto recém-eclodido como uma Ig protetora no
trato digestório ou como fonte adicional de proteína. A quantidade de IgA e IgM, transferida para a
progênie é menos de 1% da concentração destas Ig no plasma da galinha. Além da baixa porcentagem
transferida, IgM é o primeiro isotipo de Ig a ser sintetizada pelo pinto recém-eclodido, seguida do IgA
e IgY.
ANTICORPOS MATERNOS CONTRA AGENTES ESPECÍFICOS
A eficácia dos anticorpos maternos na proteção de pintos jovens é variável e dependente de
vários fatores como títulos de anticorpos maternos e o agente envolvido. Este artigo abordará
considerações sobre anticorpos maternos de três importantes agentes que causam doenças
respiratórias: vírus da doença de Newcastle (VDN), vírus da bronquite infecciosa (VBI) e vírus da
laringotraqueíte infecciosa (VLTI), e três importantes agentes de doenças imunossupressoras: vírus da
doença infecciosa da bolsa cloacal (DIB), vírus da anemia infecciosa das galinhas (VAIG) e vírus da
doença de Marek VDM.
No entanto, é importante salientar o fato de que é prática comum no sistema de produção
avícola vacinar aves domésticas contra várias doenças, incluindo a doença de Newcastle e bronquite
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infecciosa por spray gota grossa no incubatório, mesmo que as aves possuam anticorpos maternos. A
justificativa para esta prática é que a vacina é benéfica em induzir uma resposta imune local, mesmo
que os anticorpos maternos geralmente interferem com a resposta sistêmica (como medido pelos
anticorpos sorológicos).
VÍRUS DA DOENÇA DE NEWCASTLE (VDN)
O anticorpo anti-VDN derivado da galinha fornece proteção para pintos jovens. Hamal el al.
(2006) encontraram título de anticorpos específicos VDN transferidos da galinha para a progênie
entre 27 e 40%, e isso está diretamente relacionado com os títulos na galinha. IgY também é
encontrado na lágrima do pinto de 1 dia à taxa de 1:5 do título do soro (Russell, 1992).
Este anticorpo anti-VDN começa a ser catabolizado tão logo o pinto nasce. De acordo com
Allan et al. (1978) a cada 4,5 dias, duas vezes do título de HI de anticorpos maternos é catabolizada
pelos pintos.
A proteção fornecida pelos anticorpos maternos anti-VDN também interfere com a replicação
sistêmica de estirpes vacinais se aplicado na presença de alto título de anticorpos maternos. Portanto,
o objetivo da vacinação no primeiro dia de idade com a vacina viva do DN, como foi mencionado
anteriormente, é prime eficiente para as aves, estimular a imunidade local (imunidade mediada por
célula) no trato respiratório superior e induz proteção precoce em pintos com baixos títulos de
anticorpos maternos.
VÍRUS DA BRONQUITE INFECCIOSA (VBI)
Anticorpos maternos para VBI diferem de lote para lote, e isto é causado principalmente por
fatores como as cepas de vacina utilizadas, programas de vacinação, qualidade de aplicação da vacina,
sistemas de produção e linhagem genética. A percentagem IgY anti - VBI transferidos da galinha para
a progênie varia entre 31 e 41%.
Anticorpos maternos para VBI tem demonstrado ser protetor. Mondal e Naqi (2001)
observaram que pintos com altos títulos de anticorpos maternos anti - VBI tinham mais de 95% de
proteção contra desafio de VBI com um dia de idade, no entanto, os anticorpos maternos para VBI
parecem declinar rapidamente, e no mesmo artigo esses autores encontraram que a proteção aos
sete dias foi menor que 30%. Isto está de acordo com o que foi encontrado por Hamal et al (2006),
que observaram que anticorpos maternos diminuem substancialmente aos sete dias, e não foram
detectados aos 14 dias de idade.
A proteção observada pelos autores acima, conclui-se ser devido ao alto nível de proteção
local. Por causa disso, a vacinação VBI de pintos comerciais de um dia de idade imunes
maternalmente é rotineiramente executada, independentemente de reduzida resposta imune
humoral em pintos com anticorpos maternos.
Talebi et al (2005) encontraram que o anticorpos maternos anti-VBI de pintos não vacinados
declina ligeiramente mais rápido (meia-vida de 5 dias) do que anticorpos maternos de pintos
vacinados com um dia com BI H120 pelos métodos de spray, gota ocular e água de bebida (meia-vida
de 6 dias). Em países onde as estirpes de variantes de BI estão presentes, reprodutoras devem ser
vacinadas com estas cepas para produzir anticorpos maternos específicos.
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VÍRUS DA LARINGOTRAQUEÍTE INFECCIOSA (VLTI)
Progênie de reprodutoras vacinadas para VLTI recebe anticorpos maternos através do ovo. No
entanto, este anticorpo materno não confere proteção contra a infecção ou interfere com a vacinação
(Fahey et al., 1983). Davison et al. (1989), avaliando a proteção fornecida por anticorpos maternos LTI
durante as quatro primeiras semanas de vida do pinto, encontraram que pintos de todas as idades
testadas (1, 7, 14, 21 e 28 dias) eram suscetíveis à infecção pelo VLTI.
Devido ao fato de que infecção pelo VLTI são geralmente limitadas para o trato respiratório
superior e raramente a viremia é observada, anticorpos maternos e imunoglobulinas secretórias não
se correlacionam bem com proteção. Proteção para VLTI parece ser mediada principalmente pela
resposta imune celular. Portanto, estes pontos devem ser levados em consideração no
desenvolvimento de uma estratégia de vacinação contra LTI.
VÍRUS DA DOENÇA INFECCIOSA DA BOLSA (VDIB)
Importância da imunidade passiva para o VDIB.
Infecção pelo VDIB na primeira semana não implica em quaisquer sinais clínicos perceptíveis
ou mortalidade. No entanto, causa imunossupressão grave se os pintos não estão protegidos pela
imunidade passiva. O efeito imunossupressor da DIB subclínica diminui em intensidade ou desaparece
quando as aves ficam mais velhas. Portanto, a fim de evitar perdas decorrentes de primeiros desafios,
é uma prática comum na indústria avícola a hiperimunização das reprodutoras (através de uma
combinação de vacinas vivas e inativadas), com vista à maximização, em termos de quantidade e
qualidade, a imunidade passiva transferida para sua progênie.
A maioria das imunoglobulinas (Ig) DIB é transferida da gema de ovo para a progênie via
circulação embrionária antes da incubação. No entanto, parte dela é transferida após a eclosão,
através da reabsorção da gema do ovo. Como consequência, o título de anticorpos maternos
permanece estável nos primeiros quatro dias após a eclosão, independentemente de sua
metabolização natural.
Várias publicações tem descrito o percentual de anticorpos DIB transferidos das reprodutoras
para sua progênie (60 - 80%). No entanto, não é possível avaliar com precisão a quantidade de
anticorpos maternos transferidos das galinhas para os pintos sem recorrer a um teste no pinto de um
dia. Monitoria sorológica através de testes de ELISA normalmente é realizada para determinar o título
de anticorpos maternos em aves jovens e verificar se os lotes estão adequadamente protegidos.
A duração da proteção fornecida pode variar dependendo do título de anticorpos maternos
transferidos e da linhagem das aves. Em geral, a vida média de anticorpos maternos em frangos de
corte varia entre 3 a 3,5 dias. No entanto, em aves de vida longa, como reprodutoras e poedeiras, a
vida média de anticorpos maternos é de 4,5 e 5,5 dias, respectivamente.
Normalmente, o título de anticorpos maternos, medido por testes de ELISA, diminui pela
metade o tempo de meia-vida quatro dias após a eclosão. Com base em tais informações, o período
aproximado de tempo após o qual os pintos tornam-se suscetíveis aos VDIB é previsível. A capacidade
protetora da imunidade passiva da DIB depende de vários fatores, por exemplo, o tipo da cepa
(clássica ou variante), a virulência e a pressão de infecção do vírus. Normalmente, no entanto, um
título anticorpos maternos abaixo de 1: 100 (ELISA) significa que não há mais proteção.
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Desde que variantes podem romper um título mais elevado de anticorpos maternos induzidos
por cepas clássicas e pode causar infecções precoces, e consequentemente implicar em
imunossupressão, em áreas onde existam cepas variantes DIB, é necessário vacinar as reprodutoras
com uma vacina inativada contendo cepas homólogas de variantes.
Interferência da imunidade passiva com imunização ativa DIB.
Tal como acontece com muitas doenças, imunidade adquirida passivamente para VDIB
interfere com estímulos de resposta imune ativa. Este é um problema comum para a vacinação contra
DIB: determinar quando é o momento certo (idade) para vacinar os lotes e determinar qual cepa deve
ser usada para superar os anticorpos maternos em conformidade com os títulos de anticorpos
maternos.
Vacinas de DIB administradas para pintos com alto título de anticorpos maternos vão ser
neutralizadas pelos anticorpos. Por outro lado, vacinar um lote com baixo título de anticorpos
maternos pode resultar em falta de proteção e, como consequência, as aves podem ser infectadas.
VÍRUS DA ANEMIA INFECCIOSA DAS GALINHAS (VAIG)
Infecção pelo VAIG pode ocorrer vertical ou horizontalmente. Normalmente, estratégias em
termos de controle de VAIG em frangos de corte baseiam-se na infecção natural das reprodutoras
pelo vírus ou vacinação do lote antes do início da produção de ovos. A presença de anticorpos
maternos é crítica em termos de proteção contra a transmissão vertical e horizontal precoce.
Também reduz a população de aves hospedeiras de vírus responsável por transmissões horizontais.
Pintos sem anticorpos maternos da AIG que se tornam infectados verticalmente ou
horizontalmente nas primeiras duas semanas de vida podem desenvolver doença clínica,
caracterizada por anemia, hemorragias, depleção linfóide e imunossupressão. Pintos que se
beneficiam de imunidade passiva e que são infectados verticalmente podem desenvolver doença
subclínica quando seus títulos de anticorpos maternos diminuem.
A vida média de anticorpos maternos de AIG tem uma duração aproximada de sete dias. A
proteção fornecida pela imunidade passiva da AIG contra desafios experimentais tem a duração de
aproximadamente de três semanas.
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VÍRUS DA DOENÇA DE MAREK (VDM)
Em pintos comerciais, anticorpos maternos para todos os sorotipos da DM são onipresentes.
Esta situação é consequência da exposição natural das reprodutoras para o VDM e/ou vacinação das
reprodutoras. Quando um lote de pintos carece de imunidade passiva em relação à doença de Marek,
síndrome de mortalidade precoce e também paralisia transitória podem ser observados.
Anticorpos passivos reduzem e retardam a mortalidade da DM e praticamente todas as outras
manifestações da doença, provavelmente por dificultar a propagação do vírus nos tecidos durante os
primeiros dias após a exposição ao vírus.
Os efeitos adversos de anticorpos maternos homólogos sob a vacinação geralmente são
conhecidos. Anticorpos de VDM interferem com vacinas HVT (livre de células), em um nível baixo e
retarda a fase de viremia do vírus vacinal. Assim, ao contrário de algumas outras infecções virais,
anticorpos passivos não fornecem uma imunidade “esterilizante”, e galinhas anticorpos positivas
podem ser infectadas e vacinadas com sucesso, embora com reduzidas respostas.
CONCLUSÕES
A imunidade passiva é protetora durante as primeiras duas a quatro semanas para as
principais doenças virais em galinhas. A capacidade protetora e a duração da imunidade dependem
do título de anticorpos maternos transferidos, do agente envolvido, da linhagem genética, fatores
estressores e imunodepressores, entre outros fatores. Portanto, a imunização correta e uniforme das
reprodutoras é fundamental para fornecer títulos elevados e uniformes em pintos de um dia. Os
anticorpos maternos também interferem com a imunização ativa com vacinas vivas. Portanto, isto
deve ser considerado no planejamento e gerenciamento de um programa de vacinação. Apesar da
interferência de anticorpos maternos, algumas vacinas são usadas na presença de alta imunidade
passiva com objetivo de estimular a proteção local.
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