TRANSFORMADA DE LAPLACE E SUAS APLICAC¸ OES:˜ UM …

40
UNIVERSIDADE TECNOL ´ OGICA FEDERAL DO PARAN ´ A COORDENAC ¸ ˜ AO DO CURSO DE LICENCIATURA EM MATEM ´ ATICA SIMONE ANDREIA ROEHRS TRANSFORMADA DE LAPLACE E SUAS APLICAC ¸ ˜ OES: UM ESTUDO TRABALHO DE CONCLUS ˜ AO DE CURSO TOLEDO 2016

Transcript of TRANSFORMADA DE LAPLACE E SUAS APLICAC¸ OES:˜ UM …

Page 1: TRANSFORMADA DE LAPLACE E SUAS APLICAC¸ OES:˜ UM …

UNIVERSIDADE TECNOLOGICA FEDERAL DO PARANACOORDENACAO DO CURSO DE LICENCIATURA EM

MATEMATICA

SIMONE ANDREIA ROEHRS

TRANSFORMADA DE LAPLACE E SUAS APLICACOES:

UM ESTUDO

TRABALHO DE CONCLUSAO DE CURSO

TOLEDO

2016

Page 2: TRANSFORMADA DE LAPLACE E SUAS APLICAC¸ OES:˜ UM …

UNIVERSIDADE TECNOLOGICA FEDERAL DO PARANACOORDENACAO DO CURSO DE LICENCIATURA EM

MATEMATICA

SIMONE ANDREIA ROEHRS

TRANSFORMADA DE LAPLACE E SUAS APLICACOES:

UM ESTUDO

Trabalho de Conclusao de Curso apresentado

ao Curso de Licenciatura em Matematica

da Universidade Tecnologica Federal do Pa-

rana, Campus Toledo, como requisito parcial

a obtencao do tıtulo de Licenciado em Ma-

tematica.

Orientador(a): Ma. Marcia Regina Piovesan

TOLEDO

2016

Page 3: TRANSFORMADA DE LAPLACE E SUAS APLICAC¸ OES:˜ UM …

UNIVERSIDADE TECNOLOGICA FEDERAL DO PARANACOORDENACAO DO CURSO DE LICENCIATURA EM

MATEMATICA

TERMO DE APROVACAO

O Trabalho de Conclusao de Curso intitulado “TRANSFORMADA DE

LAPLACE E SUAS APLICACOES: UM ESTUDO” foi considerado

APROVADO de acordo com a ata n➸ de / /

Fizeram parte da banca examinadora os professores:

Professora Ma. Marcia Regina Piovesan

Professora Ma. Jahina Fagundes de Assis Hattori

Professora Ma. Karen Carrilho da Silva Lira

TOLEDO

2016

Page 4: TRANSFORMADA DE LAPLACE E SUAS APLICAC¸ OES:˜ UM …

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus que permitiu que tudo isso acontecesse ao longo da

minha vida, e nao somente nestes anos como universitaria, e que em todos os momentos

e o maior mestre que alguem pode conhecer.

A minha famılia, em especial a minha mae Noeli Hubner, minha heroına, que

apesar de todas as dificuldades enfrentadas me deu apoio e incentivo nesta caminhada.

A Universidade Tecnologica Federal do Parana, por proporcionar que fizesse

este curso.

A minha querida orientadora, professora Ma. Marcia Regina Piovesan pelo

conhecimento transferido e por todo carinho ao longo do curso.

A todos os professores que tive, que contribuıram para minha formacao, e por

lecionarem com amor. Levarei os ensinamentos adquiridos para o resto de minha vida.

A todos meus colegas que conquistei durante estes anos difıceis. Com certeza

o caminho ficou mais facil com voces ao meu lado. Em especial meus queridos colegas

Camila Koyama, Matheus Carvalho, Claudia Borgmann, Rosane Spielmann, Guilherme

de Martini e Pablo Chang.

A todos que nao impediram a realizacao deste trabalho, o meu muito obrigado.

Page 5: TRANSFORMADA DE LAPLACE E SUAS APLICAC¸ OES:˜ UM …

RESUMO

Este trabalho e um breve estudo sobre a Transformada de Laplace, visando o conhecimento

desta importante ferramente para resolucao de equacoes diferencias, nao vista durante o

curso. Para alcancar o objetivo, foi estudado inicialmente suas definicoes, teoremas e

propriedades, para em seguida estudar sua utilizacao em algumas funcoes especiais e

aplicacoes.

Palavras-chave: Transformada de Laplace, Equacoes diferenciais, Transformada inversa.

Page 6: TRANSFORMADA DE LAPLACE E SUAS APLICAC¸ OES:˜ UM …

ABSTRACT

This work is a brief study on the Laplace Transform, aiming the knowledge of this impor-

tant tool for solving equations, not seen during the course. In order to reach the objective,

it was initially studied its definitions, theorems and properties, and then to study its use

in solving some special functions and applications.

Key Words: Laplace transform, Differential equations, Inverse transform.

Page 7: TRANSFORMADA DE LAPLACE E SUAS APLICAC¸ OES:˜ UM …

LISTA DE ILUSTRACOES

3.1 Grafico do Exemplo 3. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

4.1 Grafico do Exemplo 6. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

4.2 Grafico da Funcao u3(t). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

4.3 Grafico do Exemplo 8. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

5.1 Grafico de E(t). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

Page 8: TRANSFORMADA DE LAPLACE E SUAS APLICAC¸ OES:˜ UM …

LISTA DE TABELAS

3.1 Transformadas de Laplace de algumas funcoes . . . . . . . . . . . . . . . . 17

Page 9: TRANSFORMADA DE LAPLACE E SUAS APLICAC¸ OES:˜ UM …

SUMARIO

LISTA DE ILUSTRACOES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

LISTA DE TABELAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

1 INTRODUCAO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

2 APONTAMENTOS HISTORICOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

3 TRANSFORMADA DE LAPLACE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

3.1 Principais Definicoes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

4 PROPRIEDADES DA TRANSFORMADA DE LAPLACE . . . . . . 20

4.1 Translacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

4.2 Derivadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

4.3 Convolucao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

5 APLICACAO E ALGUMAS FUNCOES ESPECIAIS . . . . . . . . . 32

5.1 Aplicacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

5.2 Funcao Delta de Dirac . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

5.3 Funcao Gama . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

5.4 Funcao Beta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

6 CONSIDERACOES FINAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

REFERENCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

Page 10: TRANSFORMADA DE LAPLACE E SUAS APLICAC¸ OES:˜ UM …

1 INTRODUCAO

Neste trabalho sera apresentado um breve estudo da Transformada de Laplace,

compreendendo sua definicao, resolucao de exemplos, o estudo de suas propriedades bem

como algumas aplicacoes.

A Equacoes Diferenciais Ordinarias (EDO’s) e Equacoes Diferenciais Parciais

(EDP’s) expressam a variacao de grandezas e seu comportamento de acordo com o tempo,

tal como circuitos eletricos, osciladores harmonicos, sistema mecanicos, ou o fluxo de calor

atraves de um condutor. De forma geral, essas equacoes geralmente estao acompanhadas

de condicoes iniciais que descrevem o estado do sistema no instante de tempo inicial.

Existem diversos metodos para resolucao das EDO’s e EDP’s, e segundo Zill

(2001) o que se aplica a um tipo de equacao pode nao funcionar para outra equacao.

Assim, estudar diferentes metodos se faz necessario para compreensao de certos tipos de

equacoes diferenciais, como e o caso da Transformada de Laplace.

O metodo da Transformada de Laplace e uma importante ferramenta para

a resolucao de equacoes diferenciais, especialmente das EDO’s lineares com coeficientes

constantes e respectivos problemas de valor inicial (PVI’s), muito comuns para resolver

problemas aplicados nas areas das engenharias. Da mesma forma, a Transformada de

Laplace pode ser empregada para a resolucao das EDP’s.

De forma geral, os metodos de resolucao podem ser numericos ou analıticos,

resultando, respectivamente, em solucoes aproximadas ou solucoes exatas. O metodo da

Transformada de Laplace e um procedimento analıtico.

Nos cursos de “Calculo Diferencial” e “Calculo Integral”, tem-se o primeiro

contato com as operacoes de transformar uma funcao, ou seja, as operacoes de diferenciar

e integrar, transformam uma funcao em outra funcao, e suas aplicacoes nas mais diferentes

areas. A operacao de transformacao de um problema do calculo para a algebra e chamada

de “calculo operacional”.

A Transformada de Laplace configura-se como um calculo operacional pois

transforma uma equacao diferencial em uma equacao algebrica que pode ser resolvida

sem muito esforco, obtendo-se a solucao, que pode ser facilmente transformada novamente

(atraves da Transformada de Laplace Inversa), chegando a solucao da equacao diferencial

inicialmente dada. Este processo torna-se importante entao, pois consegue-se aplica-

lo na resolucao de problemas, ou seja, torna-los uteis para facilitar o desempenho de

alguma atividade ou tarefa. A Transformada de Laplace possui outras propriedades muito

uteis, alem das propriedades acima citadas (ZILL, 2001). Nas ciencias exatas, muitos

problemas aplicados acabam por recair em equacoes diferenciais, e e neste contexto que

a Transformada de Laplace vem para auxiliar na resolucao, visando facilitar os calculos.

10

Page 11: TRANSFORMADA DE LAPLACE E SUAS APLICAC¸ OES:˜ UM …

11

Assim, o objetivo deste trabalho e estudar as principais definicoes e proprieda-

des da Transformada de Laplace, para entao estudar algumas de suas aplicacoes, visando

servir de subsıdio para estudos futuros. Para isto este trabalho foi dividido em cinco

capıtulos, incluindo esta Introducao, sendo entao o capıtulo dois uma breve abordagem

historica sobre as origens da transformada. No capıtulo tres apresentou-se o estudo das

definicoes, teoremas e propriedades, ja o capıtulo quatro refere-se ao estudo de teoremas

envolvendo translacao, derivadas e convolucao, que serviram de auxılio para o entendi-

mento das aplicacoes que compreendem o ultimo capıtulo.

Page 12: TRANSFORMADA DE LAPLACE E SUAS APLICAC¸ OES:˜ UM …

2 APONTAMENTOS HISTORICOS

A Transformada de Laplace leva este nome gracas ao Marques Pierre-Simon

Laplace. Nascido em 23 de marco de 1749, na localidade de Beaumont-en-Auge, na

Normandia (Franca), publicou varias obras sobre mecanica, algebra, analise e geometria.

Alem de ser um proeminente cientista, Laplace teve uma vida polıtica ativa, vindo a

falecer em 5 de marco de 1827, em Paris.

Apesar deste metodo ser atribuıdo a Laplace, varios foram os responsaveis

por desenvolve-lo ate a forma atual. Para entender a historia que permeia o surgimento

da Transformada de Laplace, e preciso voltar 200 anos. De acordo com Boyer (2012),

a principal contribuicao de Laplace para a matematica foi a teoria das probabilidades,

publicando em 1812 o classico Theorie analytique des probabilites. Nesta obra, e possıvel

tambem verificar calculos avancados envolvendo integrais, assim como os primeiros es-

tudos da transformada de Laplace. A historia tambem revela a contribuicao de outros

matematicos ao surgimento da Transformada de Laplace. Tonidandel e Araujo (2012)

revelam as contribuicoes de Euler e Lagrange:

Historicamente, o desenvolvimento das tecnicas de transformacaocomeca com a procura por solucoes de certos tipos de equacoes diferenci-ais na forma de integrais reais definidas. Esta busca comeca com Euler,que considera transformacoes [...] similares a versao moderna da trans-formada de Laplace. Somente em 1779, Euler considera a solucao deequacoes diferenciais parciais. Mas, como Laplace entra nesta historia?Apos os primeiros trabalhos de Euler, Lagrange fez uso [com algumasadaptacoes] das integrais de Euler no estudo da teoria das probabilida-des que, por sua vez, viriam a influenciar o marques de Laplace. Apos1774, Laplace escreveu varios artigos sobre o assunto, incorporando osresultados em 1812. (TONIDANDEL; ARAUJO, 2012)

O metodo atribuıdo a Laplace foi desenvolvido ao longo do tempo sendo apri-

morado por diversos autores, que aplicavam a transformada em problemas praticos da

engenharia. Pacheco (2011) afirma que uma das ultimas aplicacoes refere-se ao traba-

lho de Bateman (1910), no qual se transformam equacoes decorrentes do trabalho de

Ruherford em decaimento radioativo:

dP

dt= −λiP

atraves de,

p(x) =

∫∞

0

e−xtP (t)dt

Neste cenario, tambem e fundamental citar o trabalho de Oliver Heaviside no

12

Page 13: TRANSFORMADA DE LAPLACE E SUAS APLICAC¸ OES:˜ UM …

13

campo da engenharia eletrica. Sua funcao denominada de funcao de Heaviside, mais tarde

tambem ficou conhecida como funcao degrau unitario

H(t) =

0 t < c

1 t > c

buscando auxiliar engenheiros para resolucao de seus problemas (PACHECO, 2011), (TO-

NIDANDEL; ARAUJO, 2012). E tambem, a funcao responsavel por estabelecer uma

relacao entre as transformadas de Fourier e de Laplace.

Dado este breve contexto historico, os capıtulos seguintes apresentam um es-

tudo da transformada de Laplace com seus principais teoremas e sua aplicacao em re-

solucao de equacoes diferencias e algumas funcoes especiais.

Page 14: TRANSFORMADA DE LAPLACE E SUAS APLICAC¸ OES:˜ UM …

3 TRANSFORMADA DE LAPLACE

Esta secao trara a priori algumas definicoes, teoremas e propriedades con-

sideradas importantes para o entendimento e estudo de aplicacoes da transformada de

Laplace. Tambem apresentar-se-ao alguns exemplos para melhor compreensao.

Porem, e necessario antes relembrar alguns conceitos de integrais, mais espe-

cificamente de integrais improprias, dado que a transformada de Laplace e uma integral

de zero a infinito.

3.1 Principais Definicoes

Definicao 3.1 (Integral impropria) Uma integral impropria em um intervalo nao-

limitado da reta e definida como o limite de integrais sobre intervalos finitos; portanto:∫

a

f(t)dt = limA→∞

∫ A

a

f(t)dt

onde A e um numero real positivo. Se a integral de a ate A existe para cada A > a e se o

limite quando A → ∞ existe, diz-se que a integral impropria converge a esse valor limite.

Caso contrario, diz-se que a integral diverge ou nao existe.

Exemplo 1 Seja f(t) = e−5t, t ≥ 0. Entao:

∫∞

0

e−5tdt = limA→∞

∫ A

0

e−5tdt

= limA→∞

−e−5t

5

∣∣∣

A

0

= limA→∞

−1

5(e−5·A − e−5·0)

=1

5

Neste exemplo pode-se verificar que a integral impropria converge para o valor

de1

5, e tambem que para o caso de f(t) = ect, com t ≥ 0, isto so ocorrera caso c < 0.

Com isto ja e possıvel definir a transformada de Laplace.

Definicao 3.2 (Transformada de Laplace) Seja f(t) uma funcao definida em (0,∞).

A Transformada de Laplace de f e a funcao F definida pela integral

F (s) =

∫∞

0

e−stf(t)dt (3.1)

O domınio de F (s) e o conjunto de todos os valores de s para os quais a integral acima

converge. A transformada de Laplace de f sera denotada por F ou L{f}.

14

Page 15: TRANSFORMADA DE LAPLACE E SUAS APLICAC¸ OES:˜ UM …

15

Nesta definicao, foi utilizado a notacao de t para representar a variavel inde-

pende de funcoes definidas por letras minusculas como x, y ou f . Ja a letra s representa

a variavel independente da funcao transformada, assim:

L{f(t)}(s) = F (s)

A funcao original f(t) e chamada transformada inversa e sera denotada por:

L−1{F (s)} = f(t)

Exemplo 2 Seja f(t) = 1. Entao:

L{f(t)} =

∫∞

0

e−stf(t)dt

L{1} =

∫∞

0

e−st · 1dt

= limA→∞

∫ A

0

e−stdt

= limA→∞

e−st

s

∣∣∣

A

0

=1

s(3.2)

para s > 0.

Teorema 3.3 (Linearidade) Suponha que f1 e f2 sao duas funcoes cujas transformadas

de Laplace existem para s > a1 e s > a2, respectivamente. Alem disso, sejam c1 e c2

numeros reais ou complexos. Entao, se s e maior que o maximo de a1 e a2,

L{c1f1(t) + c2f2(t)} = c1L{f1(t)}+ c2L{f2(t)} (3.3)

Demonstracao:

L{c1f1(t) + c2f2(t)} =

∫∞

0

e−st[c1f1(t) + c2f2(t)] dt

=

∫∞

0

e−stc1f1(t) dt+

∫∞

0

e−stc2f2(t) dt

= c1

∫∞

0

e−stf1(t) dt+ c2

∫∞

0

e−stf2(t) dt

= c1L{f1(t)}+ c2L{f2(t)}

Definicao 3.4 (Continuidade por partes) Uma funcao f e dita seccionalmente contınua1

em um intervalo α ≤ t ≤ β se o intervalo pode ser dividido por um numero finito de pontos

α = t0 < t1 < ... < tn = β tal que:

1Dizer que uma funcao e seccionalmente contınua e equivalente a dizer que ela e contınua por partes.

Page 16: TRANSFORMADA DE LAPLACE E SUAS APLICAC¸ OES:˜ UM …

16

(i) f e continua em cada subintervalo aberto ti−1 < t < ti, e;

(ii) f tende a um limite finito nos extremos de cada subintervalo, quando se aproxima

destes extremos por dentro dos subintervalos.

Tal definicao diz que uma funcao f e seccionalmente contınua em [α, β], se em

qualquer subintervalo ha apenas um numero finito de descontinuidade e existem os limites

laterais.

Exemplo 3 Calcule a Transformada de Laplace de f(t) =

e3t 0 ≤ t < 1

5 t ≥ 1

Solucao: A Figura 3.1 mostra o grafico desta funcao, onde e possıvel verificar que os

limites laterais quando t tende a 1 sao diferentes, o que indica que f tem um salto finito

em t = 1.

Figura 3.1: Grafico do Exemplo 3.Fonte: Da autora.

Assim, para calcular esta transformada, divide-se a integral em duas partes:

F (s) =

∫∞

0

e−stf(t)dt

=

∫ 1

0

e−ste3tdt+

∫∞

1

e−st · 5dt

=

∫ 1

0

e−(s−3)tdt+ 5 limA→∞

∫ A

1

e−stdt

= −e−(s−3)t

s− 3

∣∣∣

1

0− 5 lim

A→∞

e−st

s

∣∣∣

A

1

=1

s− 3− e−(s−3)

s− 3− 5 lim

A→∞

(e−As

s− e−s

s)

=1

s− 3− e−(s−3)

s− 3+ 5

e−s

s

Page 17: TRANSFORMADA DE LAPLACE E SUAS APLICAC¸ OES:˜ UM …

17

com s > 0 e s 6= 3

Definicao 3.5 (Ordem Exponencial) Uma funcao f(t) e de ordem exponencial (quando

t → ∞) se existem constantes reais M ≥ 0, K > 0 e c tais que:

|f(t)| ≤ Kect

quando t ≥ M .

Estas duas ultimas definicoes sao as condicoes de existencia da Transformada

de Laplace de uma funcao, ou seja, f so pode ter um numero finito de descontinuidade

em um intervalo, e tambem, nao crescer mais rapidamente que ect.

Algumas funcoes mais utilizadas possuem seu resultado em uma tabela, vi-

sando a facilitacao nos calculos. No decorrer deste trabalho e durante alguns exemplos,

serao utilizados alguns resultados da Tabela 3.1.

Tabela 3.1: Transformadas de Laplace de algumas funcoes

Funcao f(t) Transformada L{f(t)} = F (s)

I L{1} 1

s

II L{tn} n!

sn+1

III L{eat} 1

s− a

IV L{senkt} k

s2 + k2

V L{cos kt} s

s2 + k2

Fonte: (ZILL, 2001)

A transformada de (I) ja foi provada no Exemplo 2. O item (II) sera provado

via Funcao Gama, como pode ser visto na subsecao 5.3. Prova-se agora o item (III).

L{eat} =

∫∞

0

e−steatdt

=

∫∞

0

e−(s−a)tdt

= limA→∞

∫ A

0

e−(s−a)tdt

= limA→∞

−e−(s−a)t

s− a

∣∣∣

A

0

=1

s− a

com s > a.

Page 18: TRANSFORMADA DE LAPLACE E SUAS APLICAC¸ OES:˜ UM …

18

A demonstracao de (IV) da Tabela 3.1 sera feita utilizando a transformada de

uma derivada, no Exemplo 13. Ja o item (V) sera provado utilizando-se da definicao da

transformada de Laplace e da integral por partes conforme segue.

L{cos(kt)} =

∫∞

0

e−st cos(kt)dt

= limA→∞

∫ A

0

e−st cos(kt)dt

Fazendo agora u = cos(kt) e dv = e−stdt, tem-se que du = k cos(kt)dt e

v = −1

se−st. Por meio de integral por partes, segue que:

= limA→∞

−e−st

scos(kt)

∣∣∣

A

0−∫

0

−e−st

s[−k sen(kt)]dt

= limA→∞

−e−st

scos(kt)

∣∣∣

A

0− k

s

∫∞

0

e−stsen(kt)dt

Novamente, identificando u = sen(kt), du = k cos(kt)dt, v = −1

se−st e dv =

e−stdt, e fazendo as substituicoes:

= limA→∞

−1

s[e−s·A cos(k · A)− 1]

∣∣∣

A

0− k

s

[

− e−st

ssen(kt)

∣∣∣

A

0−∫

0

−e−st

sk cos(kt)dt

]

= limA→∞

1

s− k

s

[

− 1

s(e−s·Asen(k · A)− 0) +

k

s

∫∞

0

e−st cos(kt)dt]

= limA→∞

1

s− k2

s2

∫∞

0

e−st cos(kt)dt

Pela sequencia de igualdade das equacoes anteriores, percebe-se que:

∫∞

0

e−st cos(kt)dt =1

s− k2

s2

∫∞

0

e−st cos(kt)dt

∫∞

0

e−st cos(kt)dt+k2

s2

∫∞

0

e−st cos(kt)dt =1

s(

1 +k2

s2

)∫∞

0

e−st cos(kt)dt =1

s

∫∞

0

e−st cos(kt)dt =

1

s

1 +k2

s2∫

0

e−st cos(kt)dt =s

s2 + k2

Page 19: TRANSFORMADA DE LAPLACE E SUAS APLICAC¸ OES:˜ UM …

19

Portanto,

L{cos(kt)} =

∫∞

0

e−st cos(kt)dt =s

s2 + k2

Apesar de existirem tabelas com resultados de diferentes funcoes, estas sao

as que serao utilizadas neste trabalho. Tambem a partir de agora fica entendido que s

pertence a um intervalo que garante a convergencia da transformada de Laplace.

Exemplo 4 Encontre a Transformada de Laplace de cos 3t.

Solucao: Utilizando (V) da Tabela 3.1, percebe-se que k = 3. Fazendo as substituicoes,

o resultado sera:

L{cos 3t} =s

s2 + 9

Como mencionado na Definicao 3.2, a funcao original f(t) e chamada trans-

formada inversa e e denotada por L−1{F (s)} = f(t). Ou seja, agora e preciso encontrar

uma funcao f(t) cuja transformada de Laplace seja F (s). Assim, a tabela acima tambem

pode ser entendida da forma inversa, como por exemplo:

L−1

{1

s

}

= 1

Exemplo 5 Encontre a Transformada Inversa de Laplade de5

s2 + 49.

Solucao: Para que se possa utilizar a transformada inversa, e necessario antes algumas

manipulacoes algebricas. Aqui basta colocar a constante em evidencia como em (3.4), e

usando IV da Tabela 3.1, tem-se:

L−1

{5

s2 + 49

}

=5

7L−1

{7

s2 + 49

}

(3.4)

=5

7sen7t

Assim como a Transformada de Laplace, a Transformada Inversa de Laplace

tambem e uma transformada linear, seguindo o Teorema 3.3. Ela tambem pode ser cal-

culada analiticamente, mas com a utilizacao de integracao complexa, que foge ao objetivo

deste trabalho.

Para uma melhor compreensao da transformada de Laplace, o proximo capıtulo

trara alguns teoremas que compreendem o deslocamento das funcoes, assim como a

aplicacao da transformada na solucao de equacoes diferenciais.

Page 20: TRANSFORMADA DE LAPLACE E SUAS APLICAC¸ OES:˜ UM …

4 PROPRIEDADES DA TRANSFORMADA DE LAPLACE

Ate agora foi estudado sobre as definicoes principais que serviram de base

para a compreensao dos teoremas que serao apresentados a seguir. Existem funcoes cuja

transformada demanda calculos trabalhosos quando se usa apenas a Definicao 3.2. Nesse

sentido existem teoremas que facilitam o calculo, afim de tornar mais simples e rapido o

resultado.

4.1 Translacao

Teorema 4.1 (Primeiro Teorema da Translacao) Se a e um numero real, entao

L{eatf(t)} = F (s− a),

em que F (s) = L{f(t)}.

Demonstracao: Para esta demonstracao sera utilizada a Definicao 3.2:

L{eatf(t)}dt =

∫∞

0

e−steatf(t)dt

=

∫∞

0

e−(s−a)tf(t)dt

= F (s− a) (4.1)

Exemplo 6 Calcule L{e10tt3}.

Solucao:

L{e10tt3} =

∫∞

0

e−ste10tt3dt

=

∫∞

0

e−(s−10)tt3dt

Pode-se verificar que no lugar do s tem-se agora s− 10. Usando (4.1) tambem

(II) da Tabela 3.1, resulta em:

L{e10tt3} =3!

(s− 10)4

Essa “substituicao” feita acima e comumente adotada com a notacao a seguir:

L{eatf(t)} = L{f(t)}s→(s−a)

20

Page 21: TRANSFORMADA DE LAPLACE E SUAS APLICAC¸ OES:˜ UM …

21

em que s → (s− a) significa que em F (s) foi feita uma substituicao de s por s− a.

Esta translacao tambem e chamada de deslocamento, pois o grafico da funcao

sofre um deslocamento em a unidades a direita (se a for positivo) ou a esquerda (se a for

negativo) de s. No exemplo feito, o grafico da funcao esta representado na Figura 4.1.

Figura 4.1: Grafico do Exemplo 6.Fonte: Da autora.

Este teorema tambem permite a forma inversa, ou seja:

f(t) = L−1{F (s)} ou ainda L−1{F (s− a)} = eatf(t)

Antes de continuar com o Segundo Teorema da Translacao faz-se necessario

o entendimento da Funcao Degrau Unitario (ou Funcao de Heaviside). Esta funcao e

utilizada em circuitos que representam funcoes com a dualidade de “estar ligado” ou

“estar desligado”, ou seja, utilizada em funcoes que possuem saltos. Na sua forma original,

costuma representar forcas que ligam no instante t = 0, ficando ligadas daı em diante. E

representada pela funcao:

u(t) =

0 t < 0

1 t ≥ 0

Ocorre que o instante que essas forcas sao ligadas variam no tempo, ocorrendo

uma translacao da Funcao de Heaviside. Logo, seja c um numero real, a funcao com a

translacao no tempo sera dada por:

uc(t) =

0 t < c

1 t ≥ c

Neste caso, o instante t = c sera o momento em que o sistema sera ligado.

Exemplo 7 Represente graficamente a funcao u3(t) =

0 0 ≤ t < 3

1 t ≥ 3.

Page 22: TRANSFORMADA DE LAPLACE E SUAS APLICAC¸ OES:˜ UM …

22

Figura 4.2: Grafico da Funcao u3(t).Fonte: Da autora.

Solucao: O grafico obtido esta representado na Figura 4.2. O sistema liga-se em t = 3,

ficando ligado a partir deste momento.

A Funcao de Heaviside tambem pode ser multiplicada por outra funcao definida

para t ≥ 0, cancelando assim uma parte do grafico, como pode ser visto no exemplo abaixo.

Exemplo 8 Represente graficamente f(t) = cos t · u2π(t).

Solucao: A funcao cos t esta sendo multiplicada pela funcao degrau unitario u2π(t), o

que significa que tera uma parte do seu grafico cancelada, mais precisamente no intervalo

[0, 2π[.

f(t) = cos t · u2π(t) =

0 0 ≤ t < 2π

cos t t ≥ 2π

O grafico sera da forma:

Figura 4.3: Grafico do Exemplo 8.Fonte: Da autora.

A Transformada de Laplace da Funcao de Heaviside pode ser encontrada fa-

cilmente atraves da definicao. Seja c ≥ 0,

L{uc(t)} =

∫∞

0

e−stuc(t)dt

=

∫ c

0

e−st · 0 dt+

∫∞

c

e−st · 1 dt

=

∫∞

c

e−stdt

=e−cs

s

Page 23: TRANSFORMADA DE LAPLACE E SUAS APLICAC¸ OES:˜ UM …

23

O Primeiro Teorema de Translacao garante um deslocamento em s, ou seja,

uma translacao da transformada F (s). A seguir apresenta-se uma teorema que mostra que

quando F (s) e multiplicada por uma exponencial conveniente, provoca um deslocamento

na transformada inversa.

Teorema 4.2 (Segundo Teorema de Translacao) Se a for uma constante positiva,

entao

L{f(t− a)ua(t)} = e−asF (s)

em que F (s) = L{f(t)}.

Demonstracao: Usando a Definicao 3.2, segue que

L{f(t− a)ua(t)} =

∫∞

0

e−stf(t− a)ua(t)dt

=

∫ a

0

e−stf(t− a)ua(t)dt+

∫∞

a

e−stf(t− a)ua(t)dt

=

∫∞

a

e−stf(t− a)ua(t)dt

aqui e necessario fazer uma substituicao de variaveis v = t− a e portanto dv = dt.

L{f(t− a)ua(t)} =

∫∞

0

e−s(v+a)f(v)dv

=

∫∞

0

e−sve−asf(v)dv

= e−as

∫∞

0

e−svf(v)dv

= e−asL{f(t)}

Exemplo 9 Calcule L{(t− 4)5u4(t)}.

Solucao: Primeiro e preciso identificar a, que neste caso e igual a 4. Utilizando o teorema

anterior e a Tabela 3.1, segue:

L{(t− 4)5u4(t)} = e−4sL{t5}

= e−4s 5!

s6

=120

s6e−4s

O Teorema 4.2 tambem permite a forma inversa, ou seja:

f(t− a)ua(t) = L−1{e−asF (s)}

onde a > 0 e f(t) = L−1{F (s)}.

Page 24: TRANSFORMADA DE LAPLACE E SUAS APLICAC¸ OES:˜ UM …

24

4.2 Derivadas

O estudo feito ate agora envolveu a Transformada de Laplace, suas proprie-

dades e teoremas para resolucao de exercıcios e problemas. Para resolucao de equacoes

diferencias, e necessario que conhecer alguns teoremas envolvendo derivadas.

Teorema 4.3 (Derivadas de Transformadas) Para n= 1, 2, 3, ...

L{tnf(t)} = (−1)ndn

dsnF (s)

em que F (s) = L{f(t)}.

Demonstracao: A demonstracao deste teorema pode ser feita de modo recursivo, pro-

vando inicialmente para n = 1, onde em (4.2) utilizou-se a Regra de Leibniz.

d

dsF (s) =

d

ds

∫∞

0

e−stf(t)dt

=

∫∞

0

∂s[e−stf(t)] dt (4.2)

=

∫∞

0

−te−stf(t) dt

= −∫

0

e−st[tf(t)] dt

= −L{tf(t)}

Com este resultado, pode-se escrever ainda que:

d

dsF (s) = −L{tf(t)} ou seja, L{tf(t)} = − d

dsF (s)

Utilizando este resultado, e ainda por meio da recursividade, calcula-se as

derivadas de ordem superior.

d2

ds2F (s) =

d2

ds2

∫∞

0

e−stf(t)dt

=

∫∞

0

∂2

∂s2[e−stf(t)] dt

=

∫∞

0

t2e−stf(t) dt

=

∫∞

0

e−st[t2f(t)] dt

= L{t2f(t)}

Page 25: TRANSFORMADA DE LAPLACE E SUAS APLICAC¸ OES:˜ UM …

25

d3

ds3F (s) =

d3

ds3

∫∞

0

e−stf(t)dt

=

∫∞

0

∂3

∂s3[e−stf(t)] dt

=

∫∞

0

−t3e−stf(t) dt

= −∫

0

e−st[t3f(t)] dt

= −L{t3f(t)}

que tambem podeser escrito como

− d3

ds3F (s) = L{t3f(t)}

Percebe-se entao que ao calcular a n-esima derivada, o resultado sera dado por

L{tnf(t)} = (−1)ndn

dsnF (s)

Exemplo 10 Calcule L{t cos 2t}.

Solucao: Utilizando o teorema anterior e (V) da Tabela 3.1, segue:

L{t cos 2t} = − d

dsL{cos 2t}

= − d

ds

( s

s2 + 4

)

= −[ −2s2

(s2 + 4)2+

1

s2 + 4

]

=s2 − 4

(s2 + 4)2

Teorema 4.4 (Transformada de uma Derivada) Se f(t), f ′(t), ..., f (n−1)(t) forem

contınuas em [0,∞[, de ordem exponencial, e se f (n) for contınua por partes em [0,∞[,

entao

L{f (n)(t)} = snF (s)− sn−1f(0)− sn−2f ′(0)− ...− f (n−1)(0)

em que F (s) = L{f(t)}.

Demonstracao: Para provar este teorema sera utilizado o Princıpio da Inducao Finita.

Page 26: TRANSFORMADA DE LAPLACE E SUAS APLICAC¸ OES:˜ UM …

26

Primeiramente, sera provado para n = 1.

L{f ′(t)} =

∫∞

0

e−stf ′(t)dt

= limA→∞

∫ A

0

e−stf ′(t)dt

Fazendo uso da integral por partes, onde u = e−st, du = −se−stdt, v = f(t) e dv = f ′(t)dt.

L{f ′(t)} = limA→∞

e−stf(t)∣∣∣

A

0+ s

∫∞

0

e−stf(t)dt

= −f(0) + sL{f(t)}= sF (s)− f(0)

Ao supor que e verdade para n = k (em 4.3), prova-se verdadeiro para n = k+1 tambem

atraves da Definicao 3.2.

L{fk(t)} = skF (s)− sk−1f(0)− sk−2f ′(0)− ...− f (k−1)(0) (4.3)

para n = k + 1,

L{f (k+1)(t)} =

∫∞

0

e−stf (k+1)(t)dt

utilizando integracao por partes novamente,

∫∞

0

e−stf (k+1)(t)dt = e−stf (k)(t)∣∣∣

0−

∫∞

0

−se−stf (k)dt

= −f (k)(0) + s

∫∞

0

e−stf (k)(t)dt

= −f (k)(0) + sL{f (k)(t)}

Agora, basta substituir L{f (k)(t)} pela expressao em 4.3, que e a hipotese de inducao.

∫∞

0

e−stf (k+1)(t)dt = s[skF (s)−sk−1f(0)−sk−2f ′(0)−...−f (k−1)(0)]−f (k)(0)

= sk+1F (s)−skf(0)−sk−1f ′(0)−...−sf (k−1)−f (k)(0)

O teorema acima e util para resolucao de problemas de valor inicial para

equacoes diferencias lineares com coeficientes constantes pois a transformada da derivada

de f esta relacionada de forma clara a transformada de f .

Exemplo 11 Resolva o seguinte problema de valor inicial:

y′′ − y′ − 6y = 0 y(0) = 1, y′(0) = −1

Page 27: TRANSFORMADA DE LAPLACE E SUAS APLICAC¸ OES:˜ UM …

27

Solucao: Usando o Teorema 4.4, a equacao acima pode ser resolvida como a seguir.

s2L{y} − sy(0)− y′(0)− [sL{y} − y(0)]− 6L{y} = 0

s2L{y} − s+ 1− sL{y}+ 1− 6L{y} = 0

L{y}(s2 − s− 6) = s− 2

L{y} =s− 2

s2 − s− 6(4.4)

O resultado acima e a funcao Y (s), sendo necessario que se encontre a funcao

y(t) cuja transformada seja Y (s). Para isso, utiliza-se a transformada inversa de Laplace,

com auxılio de fracoes parciais. A partir da equacao (4.4) entao,

s− 2

s2 − s− 6=

s− 2

(s+ 2)(s− 3)=

A

s+ 2+

B

s− 3

O seguinte sistema e encontrado

A+B = 1

−3A+ 2B = −2

de onde A =4

5e B =

1

5. Logo, utilizando a forma inversa de (III) da Tabela 3.1 a solucao

sera dada por

L−1{4

5

( 1

s+ 2

)

+1

5

( 1

s− 3

) }

=4

5e−2t +

1

5e3t

A resolucao acima mostra que a equacao diferencial com problema de valor ini-

cial foi resolvida transformando-a numa equacao algebrica de simples solucao, ressaltando

assim a utilidade da Transformada de Laplace. A solucao satisfaz as condicoes iniciais,

trazendo junto os valores das constantes de forma automatica. Pelos metodos tradicio-

nais estas constantes seriam encontradas somente apos o obtencao da solucao geral da

EDO e posterior imposicao das condicoes iniciais. E possıvel tambem resolver equacoes

diferenciais nao-homogeneas (como sera visto no Exemplo 12), pois estas sao tratadas da

mesma forma que as equacoes homogeneas.

O problema maior deste metodo e encontrar a transformada inversa da Laplace,

o que pode ser facilmente resolvido com auxılio de tabelas e dos teoremas apresentados

neste trabalho.

Exemplo 12 Resolva o seguinte problema de valor inicial:

y′′ + 2y′ + y = 4e−t, y(0) = 2, y′(0) = −1

Solucao: Assim como no exemplo anterior, sera usado o Teorema 4.4, aplicando a trans-

Page 28: TRANSFORMADA DE LAPLACE E SUAS APLICAC¸ OES:˜ UM …

28

formada de Laplace a equacao diferencial nao-homogenea.

s2L{y} − sy(0)− y′(0) + 2[sL{y} − y(0)] + L{y} =4

s+ 1

s2L{y} − 2s+ 1 + 2sL{y} − 4 + L{y} =4

s+ 1

L{y}(s2 + 2s+ 1) =4

s+ 1+ 2s+ 3

L{y}(s2 + 2s+ 1) =2s2 + 5s+ 7

s+ 1

L{y} =2s2 + 5s+ 7

(s+ 1)(s2 + 2s+ 1)

L{y} =2s2 + 5s+ 7

(s+ 1)3(4.5)

Usando fracoes parciais, e possıvel reescrever (4.5) como

2s2 + 5s+ 7

(s+ 1)3=

A

(s+ 1)+

B

(s+ 1)2+

C

(s+ 1)3(4.6)

=A(s+ 1)2 +B(s+ 1) + C

(s+ 1)3

obtendo assim o seguinte sistema

A=2

2A+B=5

A+B+C=7

de onde, A = 2, B = 1 e C = 4. Substituindo esses valores em (4.6)

L{y} =2

(s+ 1)+

1

(s+ 1)2+

4

(s+ 1)3

Para encontrar a solucao do problema de valor inicial, basta agora encontrar

a transformada inversa da equacao algebrica acima. Utilizando a Tabela 3.1 e o Primeiro

Teorema de Translacao (Teorema 4.1), o resultado sera dado por

L−1{

2( 1

s+ 1

)

+1

(s+ 1)2+ 2

[ 2

(s+ 1)3

]}

= 2e−t + te−t + 2t2e−t

Usando o Teorema 4.4 e possıvel tambem provar o item (IV) da Tabela 3.1

conforme o exemplo abaixo.

Exemplo 13 Mostre que L{sen(kt)} =k

s2 + k2.

Solucao: Sendo f(t) = sen(kt), primeiramente e preciso encontrar a segunda derivada

Page 29: TRANSFORMADA DE LAPLACE E SUAS APLICAC¸ OES:˜ UM …

29

de f(t).

f(t) = sen(kt)

f ′(t) = k cos(kt)

f ′′(t) = −k2sen(kt) (4.7)

Aplicando a transformada de Laplace em ambos os membros da equacao (4.7)

acima e sabendo que f(0) = 0 e f ′(0) = k.

L{f ′′(t)} = L{−k2sen(kt)}s2L{f} − sf(0)− f ′(0) = −k2L{sen(kt)}

s2L{sen(kt)} − k = −k2L{sen(kt)}(s2 + k2)L{sen(kt)} = k

L{sen(kt)} =k

s2 + k2

4.3 Convolucao

Quando a transformada de Laplace aparece como o produto de duas outras

transformadas, ha um tipo de operacao especial que auxilia na resolucao. Isto acontece

pois a integral de um produto de funcoes nao e igual ao produto das integrais.

A convolucao2 de duas funcoes f e g, contınuas no intervalo [0,∞], e definida

por

f ∗ g =

∫ t

0

f(τ)g(t− τ)dτ (4.8)

Esta operacao, da forma como esta definida, tem muitas propriedades da mul-

tiplicacao usual, ou seja, vale a comutatividade, a distributividade, associatividade e

existencia do elemento neutro.

Teorema 4.5 (Teorema da Convolucao) Sejam f(t) e g(t) funcoes contınuas por par-

tes em [0,∞[ e de ordem exponencial, entao

L{f ∗ g} = L{f(t)}L{g(t)} = F (s)G(s)

2A convolucao de duas funcoes sera denotada pela sımbolo *.

Page 30: TRANSFORMADA DE LAPLACE E SUAS APLICAC¸ OES:˜ UM …

30

Demonstracao: Sejam

F (s) = L{f(t)} =

∫∞

0

e−sτf(τ)dτ

G(s) = L{g(t)} =

∫∞

0

e−sβg(β)dβ

Ao fazer F (s)G(s), tem-se

F (s)G(s) =(∫

0

e−sτf(τ)dτ)(∫

0

e−sβg(β)dβ)

=

∫∞

0

∫∞

0

e−s(τ+β)f(τ)g(β) dβ dτ

fixando τ e fazendo uma substituicao de variaveis com t = τ + β, resulta em dt = dτ .

E preciso tambem substituir os extremos de integracao. Quando β = 0, τ = t, e quando

β = ∞, corresponde a t = ∞.

F (s)G(s) =

∫∞

0

∫∞

t

e−stf(τ)g(t− τ) dt dτ

utilizando o fato de f e g serem contınuas por partes em [0,∞[ e de ordem exponencial,

e possıvel inverter a ordem de integracao.

F (s)G(s) =

∫∞

0

∫ t

0

e−stf(τ)g(t− τ) dτ dt

ao fazer a integracao em relacao a τ , percebe-se que e−st e uma constante que pode ser

colocada para fora.

F (s)G(s) =

∫∞

0

e−st[ ∫ t

0

f(τ)g(t− τ) dτ

︸ ︷︷ ︸

f∗g

]

dt

A expressao entre colchetes acima e igual ao lado direito da igualdade da equacao (4.8),

logo

F (s)G(s) = L{f ∗ g}

Exemplo 14 Encontre a transformada de Laplace de L{t2 ∗ tet}.

Page 31: TRANSFORMADA DE LAPLACE E SUAS APLICAC¸ OES:˜ UM …

31

Solucao: Utilizando o teorema anterior,

L{t2 ∗ tet} = L{t2}L{tet}

=2!

s3· 1

(s− 1)2

=2

s3(s− 1)2

O teorema da convolucao tambem permite a forma inversa, podendo calcular

a transformada de Laplace inversa de um produto de duas transformadas.

L−1{F (s)G(s)} = f ∗ g

Exemplo 15 Encontre f(t) de L−1

{1

(s+ 1)(s− 2)

}

.

Solucao: Para utilizar a forma inversa do teorema da Convolucao, e necessario primeiro

definir F (s) e G(s). Aqui, e facil perceber que

F (s) =1

s+ 1e G(s) =

1

s− 2

Encontrando as transformadas inversas de cada funcao

L−1{F (s)} = f(t) = e−t e L−1{G(s)} = g(t) = e2t

Agora basta fazer

L−1

{1

(s+ 1)(s− 2)

}

=

∫ t

0

f(τ)g(t− τ)dτ

=

∫ t

0

e−τe2(t−τ)dτ

=

∫ t

0

e−τe2t

e−2τdτ

= e2t∫ t

0

e−3τdτ

= e2t(

−1

3e−3τ

)∣∣∣∣∣

t

0

=1

3e2t − 1

3e−t

Os teoremas e exemplos apresentados neste capıtulo servirao de base para a

utilizacao da transformada de Laplace na resolucao de algumas funcoes especiais, assim

como em um problema aplicado de um circuito em serie R− C.

Page 32: TRANSFORMADA DE LAPLACE E SUAS APLICAC¸ OES:˜ UM …

5 APLICACAO E ALGUMAS FUNCOES ESPECIAIS

Para aplicacao do estudo feito sobre a Transformada de Laplace, este capıtulo

trara uma aplicacao e algumas funcoes especiais, evidenciando a importancia deste opera-

dor na resolucao de problemas aplicados. A Funcao de Heaviside ja mostrada no capıtulo

anterior tambem pode ser vista como uma aplicacao da transformada de Laplace, como

ja mencionado, principalmente em problemas fısicos com a presenca de alguma forca que

e ligada em um instante.

5.1 Aplicacao

A equacao diferencial da carga q(t) em um capacitor em um circuito em serie

R− C e dado por

Rdq

dt+

1

Cq = E(t) (5.1)

Sabendo isto, e possıvel resolver o seguinte problema “Use a transformada de

Laplace para determinar a carga no capacitor em um circuito em serie R−C se q(0) = 0,

R = 10 ohms, C = 0, 08 farad e E(t) e a voltagem dada pela figura abaixo.”

Figura 5.1: Grafico de E(t).Fonte: Da autora.

Solucao: Primeiramente e preciso encontrar a funcao de E(t), dada pelo grafico. Neste

caso, e facil perceber que a funcao esta deslocada, sendo portando dada por:

E(t) = u3(t) =

0 0 ≤ t < 3

5 t ≥ 3

Substituindo os valores dados no problema na equacao (5.1)

2, 5dq

dt+

1

0, 08q = 5u3(t)

32

Page 33: TRANSFORMADA DE LAPLACE E SUAS APLICAC¸ OES:˜ UM …

33

Para simplificar os calculos, pode-se dividir toda a equacao por 2, 5

dq

dt+ 5q = 2u3(t)

Aplicando a transformada de Laplace na equacao acima e resolvendo

sL{q} − q(0) + 5L{q} = 2L{u3(t)}

Pelo Teorema 4.4 e usando a transformada da funcao de Heaviside do lado direito da

igualdade

L{q}(s− 5) = 2e−3s

s

L{q} = 2e−3s

s(s+ 5)

A solucao e dada encontrando a transformada inversa da equacao acima. Perceba que a

mesma pode ser organizada da seguinte maneira

q(t) = 2L−1

{1

s(s+ 5)e−3s

}

Utilizando fracoes parciais, a funcao de Heaviside e o Teorema 4.2, pode-se escrever ainda

q(t) = 2 L−1

{[1

5

(1

s

)

− 1

5

( 1

s+ 5

)]

e−3s

}

= 2[1

5+

1

5e−5t

]

u3(t)

=2

5u3(t) +

2

5e−5(t−3)u3(t)

A solucao acima foi obtida com auxılio da forma inversa do segundo teorema

da translacao.

5.2 Funcao Delta de Dirac

Existem aplicacoes em circuitos eletricos ou sistemas mecanicos, cuja forca

e exercida em tempo muito curto e com elevada intensidade. A forca impulsiva ocorre

durante a colisao de dois objetos e e constante durante o curto tempo que atua. Pode ser

uma bola ao receber um chute, o impulso de um martelo ao bater em um prego ou ate

mesmo uma colisao atomica.

Uma funcao impulso unitario δ funciona como um impulso de tamanho 1 em

t = 0, sendo zero para todos os outros valores de t. Este impulso se refere a forca realizada

Page 34: TRANSFORMADA DE LAPLACE E SUAS APLICAC¸ OES:˜ UM …

34

sobre o objeto. Pode-se escrever as seguintes propriedades:

δ(t) = 0, t 6= 0 (5.2)∫

−∞

δ(t)dt = 1 (5.3)

Um impulso unitario em um ponto arbitrario t = t0 e dado por δ(t − t0). A

funcao Delta de Dirac representa este impulso, que nada mais e do que uma expressao

desse tipo de impulso unitario atraves de:

δ(t− t0)

que de acordo com (5.2) e (5.3) possui as seguintes propriedades,

(i) δ(t− t0) =

∞ t = t0

0 t 6= t0

(ii)

∫∞

−∞

δ(t− t0)dt = 1

Na pratica, buscou-se uma funcao limite denotada por δ(t − t0) que fosse

aproximada por δa(t − t0) quando a → 0. Logo, a Funcao Delta de Dirac pode ser

definida pelo limite

δ(t− t0) = lima→0

δa(t− t0)

Apesar de nao satisfazer as condicoes de existencia, de modo formal, pode-se

obter a Transformada de Laplace atraves do limite. Assim, supondo t0 > 0, tem-se,

L{δ(t− t0)} = lima→0

L{δa(t− t0)}

Teorema 5.1 (Tranformada de Laplace da Funcao Delta de Dirac) Para t0 > 0,

L{δ(t− t0)} = e−st0

Exemplo 16 Encontre a Transformada de Laplace da seguinte equacao diferencial:

y′ − 3y = δ(t− 2), y(0) = 0

Solucao: Primeiro e necessario identificar t0, que neste caso e igual a 2. Usando a

linearidade e o Teorema 4.4, pode-se escrever,

sL{y} − y(0)− 3L{y} = e−2s

L{y}(s− 3) = e−2s

L{y} =e−2s

s− 3(5.4)

Page 35: TRANSFORMADA DE LAPLACE E SUAS APLICAC¸ OES:˜ UM …

35

Podemos reescrever (5.4) como

L{y} = e−2s 1

s− 3

Agora, pela forma inversa do segundo teorema de translacao, e possıvel encontrar o re-

sultado

L−1{

e−2s 1

s− 3

}

= e3(t−2)u2(t)

5.3 Funcao Gama

A funcao Gama foi definida por Euler, da seguinte forma

Γ(x) =

∫∞

0

tx−1e−tdt (5.5)

para x > 0.

Esta funcao e frequentemente chamada de fatorial generalizado, pois uma im-

portante propriedade da Funcao Gama se da pela recorrencia, como visto abaixo calcu-

lando Γ(x+ 1).

Γ(x+ 1) =

∫∞

0

tx+1−1e−tdt

=

∫∞

0

txe−tdt (5.6)

Aplicando integral por partes, com u = tx, du = xtx−1dt, dv = e−tdt e v = −e−t, segue

que

Γ(x+ 1) = −e−ttx∣∣∣

0+

∫∞

0

xtx−1e−tdt (5.7)

a primeira parcela da equacao (5.7) tende a zero, e tambem, x e constante na derivacao

em relacao a t, portanto

Γ(x+ 1) = x

∫∞

0

tx−1e−tdt

Γ(x+ 1) = xΓ(x) (5.8)

Na pratica,o que se tem e,

Γ(1) =

∫∞

0

e−tdt = 1

Page 36: TRANSFORMADA DE LAPLACE E SUAS APLICAC¸ OES:˜ UM …

36

utilizando a recorrencia,

Γ(2) = 1Γ(1) = 1

Γ(3) = 2Γ(2) = 2× 1

Γ(4) = 3Γ(3) = 3× 2× 1

Γ(5) = 4Γ(4) = 4× 3× 2× 1

fica facil perceber entao que:

Γ(n+ 1) = n!

com n um inteiro positivo.

A funcao Γ(x) e usada como extensao da funcao fatorial valida para todo

numero natural, e tal extensao vale para todo numero real onde esta integral converge.

Mais especificamente, a funcao Gama e definida para todo x 6= −n, com n = 0, 1, 2, 3, ....

Exemplo 17 Dado que Γ

(1

2

)

=√π, calcule Γ

(3

2

)

.

Solucao: Usando (5.8),

Γ

(3

2

)

= Γ

(1

2+ 1

)

=1

(1

2

)

=1

2

√π

Com a Funcao Gama tambem e possıvel provar (II) da Tabela 3.1,

L{tn} =

∫∞

0

e−sttndt

fazendo uma substituicao de variaveis, x = st, dx = sdt. Verifica-se que os extremos de

integracao permanecem iguais,

L{tn} =

∫∞

0

e−x(x

s

)n dx

s

=1

sn+1

∫∞

0

e−xxndx

︸ ︷︷ ︸

Γ(n+1)=n!

Logo,

L{tn} =Γ(n+ 1)

sn+1=

n!

sn+1(5.9)

Exemplo 18 Calcule L{t− 1

2}.

Page 37: TRANSFORMADA DE LAPLACE E SUAS APLICAC¸ OES:˜ UM …

37

Solucao: Utilizando (5.9),

L{t− 1

2} =Γ(−1

2+ 1)

s−1

2+1

=Γ1

2

s1

2

=

√π√s=

√π

s

5.4 Funcao Beta

A Funcao Beta, conhecida tambem como integral de Euler de primeiro tipo e

definida por

B(m,n) =

∫ 1

0

xm−1(1− x)n−1dx (5.10)

para m > 0 e n > 0.

Esta funcao possui relacao com a funcao Gama (do item anterior). A equacao

que define esta relacao e dada por

B(m,n) =Γ(m)Γ(n)

Γ(m+ n)

A demonstracao da relacao acima depende de algumas manipulacoes. Partindo

da integral definida,

f(t) =

∫ t

0

xm−1(t− x)n−1dx

Para desenvolver, e preciso perceber que g(t) = tm−1 e portanto g(x) = xm−1.

Tambem h(t) = tn−1 e assim h(t − x) = (t − x)n−1. Com isto, e possıvel fazer a relacao

seguinte, lembrando do teorema da convolucao (Teorema 4.5).

f(t) =

∫ t

0

xm−1(t− x)n−1dx

=

∫ t

0

g(x)h(t− x)dx

= (g ∗ h)(t)= tm−1 ∗ tn−1

Aplicando a transformada de Laplace, o resultado segue

L{f(t)} = L{g ∗ h}= L{tm−1 ∗ tn−1}= L{tm−1} × L{tn−1}

Page 38: TRANSFORMADA DE LAPLACE E SUAS APLICAC¸ OES:˜ UM …

38

Utilizando a primeira igualdade de (5.9), as transformadas acima resultam em

L{f(t)} =Γ(m− 1 + 1)

sm−1+1· Γ(n− 1 + 1)

sn−1+1

=Γ(m)

sm· Γ(n)

sn

=Γ(m)Γ(n)

sm+n

Para encontrar a solucao, basta encontrar a transformada inversa de Laplace da equacao

acima, fazendo

f(t) = L−1

{Γ(m)Γ(n)

sm+n

}

Como Γ(m) e Γ(n) sao constantes,

f(t) = Γ(m)Γ(n) L−1

{1

sm+n

}

Novamente de (5.9), para encontrar a transformada inversa,

f(t) = Γ(m)Γ(n)tm+n−1

Γ(m+ n)

assim, organizando a equacao acima

f(t) =Γ(m)Γ(n)

Γ(m+ n)tm+n−1

Para chegar ao resultado, faz-se t = 1,

Γ(m)Γ(n)

Γ(m+ n)=

∫ 1

0

xm−1(1− x)n−1dx = B(m,n)

Neste capıtulo estou-se algumas aplicacoes e solucoes de algumas funcoes espe-

ciais, como a Funcao Gama, Funcao Beta e a Funcao Delta de Dirac. A transformada de

Laplace tambem e util para resolver outras funcoes especiais como as Funcoes de Bessel,

a Funcao Erro, Funcoes Nulas, entre outras.

Page 39: TRANSFORMADA DE LAPLACE E SUAS APLICAC¸ OES:˜ UM …

6 CONSIDERACOES FINAIS

Ao considerar o tema “Transformada de Laplace” como um metodo para re-

solver equacoes diferenciais, considera-se esta pesquisa descritiva de cunho bibliografico,

pois ao longo da pesquisa tratou-se de definicoes, propriedades e teoremas, de maneira

que fosse possıvel entender o assunto para fazer uso nas aplicacoes.

Analisando o estudo aqui abordado, percebe-se a importancia desta ferra-

menta, pois alem de simplificar alguns calculos de equacoes diferenciais, possibilita a

resolucao de alguns tipos de funcoes especiais cuja aplicacao e fundamental em diversas

areas.

Como complementacao deste trabalho, pode-se vir a estudar as demais funcoes

especiais e resolver um problema aplicado, como por exemplo de distribuicao de tempe-

ratura.

39

Page 40: TRANSFORMADA DE LAPLACE E SUAS APLICAC¸ OES:˜ UM …

REFERENCIAS

BOYCE, W. E.; DIPRIMA, R. C. Equacoes diferenciais elementares e problemas devalores de contorno. Rio de Janeiro: LTC, 2012.

BOYER, C. B. Historia da matematica. 3. ed. Sao Paulo: Edgard Blucher, 2012.

BRANNAN, J. R.; BOYCE, W. E. Equacoes diferenciais: uma introducao a metodosmodernos e suas aplicacoes. Rio de Janeiro: LTC, 2008.

PACHECO, A. L. S. Transformada de Laplace: algumas aplicacoes. 2011. Monografia(Especializacao em Matematica), UFSC (Universidade Federal de Santa Catatina),Florianopolis, Brasil.

TONIDANDEL, D. A. V.; ARAUJO, A. E. A. de. Transformada de laplace: uma obrade engenharia. Revista Brasileira de Ensino de Fısica, v. 34, n. 2, p. 2601, 2012.

ZILL, G. Equacoes Diferenciais. 2. ed. Sao Paulo: Pearson Makron Books, 2001.

40