Transporte Público Urbano... Perte 07. Integração

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7INTEGRAÇÃO NO

TRANSPORTE PÚBLICO URBANO

7.1 Integração no transporte de passageirosQuando o transbordo de passageiros (transferência de um veículo para

outro) é realizado em local apropriado, exigindo pequenas distâncias decaminhada por parte dos usuários, diz-se que há integração física ousimplesmente integração dos modos de transporte. A integração física podeser intermodal, quando a transferência de passageiros ocorre entre veículosde modos diferentes, ou intramodal quando do mesmo modo.

Alguns exemplos de integração física no transporte urbano depassageiros são:l Integração metrô-carro: caracterizada pela existência de estacionamento para

carros (automóveis, peruas ou camionetas) junto a uma estação de metrô.l Integração ônibus-carro: caracterizada pela existência de estacionamento para

carros ao lado de uma estação (terminal) de ônibus.l Integração metrô-ônibus: caracterizada pela existência de uma estação

(terminal) de ônibus anexa a uma estação de metrô.l Integração ônibus-ônibus: caracterizada pela passagem de diversas linhas de

ônibus numa mesma estação (terminal).A Figura 7.1 mostra as obras do terminal de integração do transporte

urbano e regional (no âmbito do município) que está sendo construído juntoà estação rodoviária de Jaú, Brasil. O terminal vai proporcionar a integraçãofísica do transporte público urbano, regional (municipal) e interurbano.

No caso do transporte público urbano, além da integração física, tambémpodem existir outros dois tipos de integração: integração tarifária e integraçãono tempo.

A seguir são explicados os três tipos de integração que podem existir notransporte público coletivo urbano: física, tarifária e sincronizada no tempo.

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Figura 7.1 Obras do terminal de integração do transporte público urbano, regional (municipal) e

rodoviário na cidade de Jaú, Brasil. Fonte: foto feita pela eng. Magali Romão.

7.2 Integração físicaExiste integração física entre duas ou mais linhas de transporte público

quando os veículos param num mesmo local, permitindo, assim, que osusuários realizem transbordo (troca de veículos) praticamente sem necessi-dade de caminhar.

Quando o local da transferência de um veículo para outro é um pontocomum de parada de ônibus ou bonde, denomina-se o local de �ponto detransferência ou de transbordo�; quando se trata de uma estação de qualquermodalidade, a denominação empregada é �estação de transferência ou detransbordo�.

Em geral, os pontos de parada onde se realizam os transbordos têmcobertura e bancos, para que os usuários fiquem protegidos do tempo etenham maior comodidade enquanto esperam pelo próximo veículo.

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Nos locais onde é grande o volume de pessoas e de veículos, sãoutilizadas áreas maiores, dotadas de cobertura e outras facilidades: sanitários,bebedouros de água, lanchonetes, telefone público, etc., caracterizando umaestação de transferência.

As estações de transferência de ônibus e bonde são, muitas vezes, locaisutilizados para iniciar e terminar as viagens de várias linhas, e onde são con-trolados os horários de partida dos veículos. Se a estação for um local de inícioe término de viagens, também é usual empregar a denominação �terminal detransferência ou de transbordo�.

7.3 Integração tarifáriaA integração tarifária está associada à não necessidade de os usuários

pagarem novamente para fazer transbordo entre veículos de linhas distintas,ou pagarem um valor adicional significativamente menor do que o preçonormal das duas passagens que teriam de pagar para completar a viagem. Esseconceito também vale para o caso de mais de duas viagens.

O principal objetivo da integração tarifária é promover justiça social nosistema de transporte público, eliminando as discriminações geográficas, poisqualquer que seja o local onde o usuário mora, ele pode ir ao local de trabalho,estudo, lazer, etc., pagando uma única passagem, ou pouco mais do que isso.

A integração tarifária também atua no sentido de democratizar o espaçourbano, pois com a possibilidade de deslocamento entre quaisquer pontos dacidade com o pagamento do valor correspondente a uma única passagem, oupouco mais do que isso, aumentam as oportunidades de trabalho, estudo,compras, lazer, etc.

Algumas cidades utilizam integração tarifária não apenas no transportecoletivo urbano, mas em todo o sistema de transporte público municipal. Issosignifica que as linhas de ônibus urbanas e municipais (distritais) operamintegradas tarifariamente. Exemplos: Jaú e São José do Rio Preto, Brasil.

A integração tarifária entre diferentes linhas de transporte públicourbano, operadas ou não pelo mesmo modo, pode ser feita com o emprego deestações (terminais) fechadas ou com a utilização de documentos: compro-vantes de papel comum, bilhetes magnéticos, cartões magnéticos ou cartõesinteligentes � dotados de microcircuitos eletrônicos (chips) no seu interiorpara armazenar informações. Em alguns casos especiais, a integração tarifáriapode, também, ser concretizada mediante a realização de transporte gratuitonuma das linhas (em geral numa linha alimentadora integrada fisicamente auma linha principal).

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No caso das estações (terminais) fechadas, os usuários que se encontramno interior das mesmas são autorizados a embarcar pelas portas de desembarquedos coletivos, portanto após a catraca, pois já pagaram a passagem no primeiroveículo que utilizaram, ou ao ingressar na estação (terminal).

No caso da integração tarifária com o emprego de comprovante de papelcomum, o comprovante garantindo a continuidade da viagem, fornecido pelomotorista ou cobrador do primeiro coletivo, é entregue ao motorista oucobrador do segundo veículo. No comprovante consta, evidentemente, oprazo de tempo limite em que ele pode ser utilizado para a continuidade daviagem. O problema desse sistema simples é que ele dá margem ao usoindevido, uma vez que o comprovante pode ser transferido para outra pessoaou utilizado de maneira desonesta pelos operadores.

Um exemplo de integração tarifária com comprovante de papel comum éo sistema que foi utilizado no passado em Waterloo, Canadá. O motorista (aentrada dos passageiros era feita pela porta dianteira) fornecia a quem solicitavao comprovante de que pagou a primeira viagem, o qual era cortado porequipamento simples no horário correspondente, que autorizava a continuaçãoda viagem em outro veículo desde que respeitado o prazo-limite de 1 hora. AFigura 7.2 mostra o bilhete-integração que era utilizado nessa cidade.

Um sistema parecido com o de Waterloo, Canadá, foi utilizado durantecerto tempo em Rio Claro, Brasil. Nesse sistema, o cobrador é quem forneciao comprovante ao usuário, por preço ligeiramente superior ao da passagemcomum para evitar o uso indevido. Esse comprovante era destacado de umapequena prancheta, na qual se podia deslocar manualmente uma pequenarégua de ferro até a posição de corte do bilhete. A posição da régua eradeterminada pelo horário em que o bilhete estava sendo pago, conformeilustrado na Figura 7.3.

O cobrador cortava o bilhete no horário em que o usuário passava pelacatraca, tendo o passageiro, a partir daí, uma hora para tomar outro ônibus.De posse do comprovante de integração, os usuários podiam entrar pela portade desembarque (localizada na frente dos ônibus) no terminal abertolocalizado na região central da cidade, bastando entregar o comprovante deintegração ao motorista, que o depositava numa urna lacrada para posteriorconferência.

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Figura 7.2 Bilhete-integração utilizado em Waterloo, Canadá.

Régua móvel

Prancheta

Bilhete deintegração

Figura 7.3 Sistema de emissão do bilhete-integração

utilizado no passado em Rio Claro, Brasil.

Sistemas mais modernos de integração tarifária utilizam bilhetagemeletrônica: pequeno computador (denominado validador) dentro doscoletivos acionado por bilhete com tarja magnética, ou cartão commicrocircuitos (chips) impressos. Quando o cartão/bilhete é introduzido (emalguns tipos de cartão apenas exibido a distância) no validador, este debita docartão/bilhete o custo da viagem, libera a catraca, permitindo a passagem dousuário (se houver catraca acoplada ao validador), e grava informações sobreo horário, linha, etc. no cartão/bilhete. Assim, se a segunda viagem forrealizada dentro do intervalo prefixado para a validade da integração(normalmente de cerca de 1 hora), o validador do segundo coletivo nãodebita do cartão/bilhete o valor da segunda viagem, ou debita um valormenor, de acordo com a estratégia de integração utilizada.

Dois pontos importantes no tocante à integração com bilhetagemeletrônica: o benefício do não pagamento na viagem seguinte pode serestendido para mais de duas viagens (três ou mais) e pode haver restrições narealização da segunda viagem para evitar o uso indevido (usuário sair e voltarpara o mesmo local pagando uma única vez).

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A escolha de um ou outro sistema (terminal fechado ou bilhetagemeletrônica) para promover integração tarifária depende de cada situação. Emalguns casos, pode ser indicado utilizar os dois sistemas de integração tarifária,pois eles não são excludentes.

A utilização de integração tarifária com o emprego de bilhetes ou cartõesapresenta a vantagem de permitir o transbordo em qualquer lugar, reduzindoo tempo de viagem para muitos usuários. Esse benefício, contudo, às vezes éirrelevante, pois as linhas se cruzam apenas na área central � como é o casode muitas cidades pequenas e médias.

Atualmente, há uma certa tendência na utilização de bilhetageminteligente (com o emprego de cartões chipados), não somente por permitira integração tarifária em qualquer lugar, mas também pelo maior controle douso e da arrecadação que proporcionam.

A implantação de estação (terminal) fechada para integração física etarifária pode apresentar um custo elevado, sobretudo quando é necessáriofazer desapropriações. Ademais, as próprias instalações, por mais simples quesejam, têm um significativo custo de implantação. Uma vez em funciona-mento, as estações (terminais) apresentam custos de administração, operaçãoe manutenção.

Outro aspecto a ser considerado na implantação de estações (terminais)é o impacto no meio ambiente natural e construído.

Mesmo com o emprego de bilhete ou cartão para a integração tarifária,muitas vezes é indicado ter estações (terminais) abertas na área central dascidades e em outros locais de grande movimento para proporcionar maiorcomodidade aos passageiros que fazem transbordos ou embarcam e desembar-cam no local.

7.4 Integração no tempoNo transporte público urbano também é empregada, em algumas situa-

ções, a integração sincronizada no tempo: os veículos de linhas diferentescumprem uma programação operacional (plano de horários) planejada paraque cheguem juntos ao local de integração física, permitindo aos usuáriosfazer a transferência entre veículos sem praticamente qualquer espera.

Duas situações típicas em que é utilizada a integração sincronizada são:conexão de uma ou mais linhas alimentadoras com uma linha principal,estratégia empregada em algumas situações nas cidades maiores, e conexão de

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diversas linhas na área central das cidades menores, onde existe uma estação(terminal) de integração física das linhas.

A Figura 7.4 mostra fotos dos dois lados da praça onde ocorre integraçãofísica e no tempo do transporte público por ônibus da cidade de Matão, Brasil.Nesse local, os ônibus de todas as linhas passam a cada 30 minutos, propor-cionando o transbordo dos usuários sem espera (integração no tempo). Nessacidade, também existe integração tarifária mediante o emprego de bilhetageminteligente com o uso de cartões sem contato.

Figura 7.4 Grupos de ônibus parados dos dois lados da praça onde ocorre integração física e no

tempo na cidade de Matão, Brasil. Fonte: fotos feitas pelo eng. Clóvis “Tato” Ferraz.

7.5 Questões1. Citar alguns exemplos de integração intermodal e intramodal no transporte

urbano.2. Conceituar integração física no transporte público urbano.3. Quais os benefícios da integração física no transporte público urbano?4. Conceituar integração tarifária no transporte público urbano.5. Quais os benefícios da integração tarifária no transporte público urbano?6. Quais as formas de promover integração tarifária?7. Quais as vantagens e as desvantagens do dois sistemas de integração tarifária

(com terminal fechado ou com bilhetagem eletrônica)? Esses dois sistemas sãoexcludentes?

8. Conceituar integração no tempo no transporte público urbano.9. Quais as vantagens da integração sincronizada no tempo?

10. Em que situações tem sido utilizada a integração sincronizada no tempo?