Treino de jovens

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Escola Superior de Desporto de Rio Maior Licenciatura em Treino Desportivo UC Modalidade Desportiva II Futebol 2º ano - Ano Lectivo 2009/2010 1 TREINO COM JOVENS " A PREPARAÇÃO DO JOVEM FUTEBOLISTA " 1. ASPECTOS DA PREPARAÇÃO DO JOVEM FUTEBOLISTA O Treino Físico, entendido como o processo que visa promover o racional desenvolvimento das capacidades condicionais e coordenativocondicionais, reveste-se de uma importância fundamental no que concerne à posterior obtenção de elevados níveis de rendimento desportivo. Os mais altos níveis de rendimento surgem da conjugação : entre as potencialidades que o indivíduo possui à partida (património genético, físico, psíquico, etc..); e as correctas formas de estimulação a que o mesmo é sujeito (respectivo processo de treino e muito especialmente nas fases iniciais de formação). O início da prática desportiva em idades mais jovens tem-se revelado de grande importância para o conveniente desenvolvimento das diferentes capacidades motoras : as capacidades das quais depende a motricidade não se desenvolvem de uma forma contínua, nem em simultaneidade, mas sim através de saltos qualitativos, em tempos próprios (descontínuas e heterocrónicas); existem fases ou estádios no desenvolvimento das crianças e dos jovens : - durante os quais determinados sistemas orgânicos são mais ou menos susceptíveis de estimulação.

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TREINO COM JOVENS

" A PREPARAÇÃO DO JOVEM FUTEBOLISTA "

1. ASPECTOS DA PREPARAÇÃO DO JOVEM FUTEBOLISTA

O Treino Físico, entendido como o processo que visa promover o

racional desenvolvimento das capacidades condicionais e

coordenativocondicionais, reveste-se de uma importância fundamental

no que concerne à posterior obtenção de elevados níveis de rendimento

desportivo.

Os mais altos níveis de rendimento surgem da conjugação :

entre as potencialidades que o indivíduo possui à partida

(património genético, físico, psíquico, etc..); e

as correctas formas de estimulação a que o mesmo é sujeito

(respectivo processo de treino e muito especialmente nas

fases iniciais de formação).

O início da prática desportiva em idades mais jovens tem-se revelado

de grande importância para o conveniente desenvolvimento das

diferentes capacidades motoras :

as capacidades das quais depende a motricidade não se

desenvolvem de uma forma contínua, nem em

simultaneidade, mas sim através de saltos qualitativos,

em tempos próprios (descontínuas e heterocrónicas);

existem fases ou estádios no desenvolvimento das crianças

e dos jovens :

- durante os quais determinados sistemas orgânicos são

mais ou menos susceptíveis de estimulação.

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Os períodos da ontogénese que oferecem condições favoráveis para a

formação das aptidões de condição física ou de coordenação, são

designados por FASES SENSÍVEIS (sensitivas ou críticas) ou como

períodos de treinabilidade.

A procura de uma estimulação optimal constitui-se como o objectivo

principal de todo o processo de treino, dado que tanto a hipo como a

hiperestimulação podem comprometer o desenvolvimento das mesmas.

No treino com jovens o rendimento ao mais alto grau não deverá a

pretexto algum, ser exigido antes das estruturas corporais terem

atingido a sua maturidade.

Não se pode pretender que os jovens atinjam altos índices desportivos,

sem que se tenha em consideração as suas particularidades

psicobiológicas (inacabamento estrutural e a consequente labilidade

funcional do organismo).

O conhecimento dos dois grandes referenciais :

as variáveis que dependem dos períodos de desenvolvimento do

jovem; e

as variáveis que ressaltam das exigências postas pelo jogo

(formais e energético-funcionais);

poderá evitar a chamada especialização precoce dos atletas ou do

subaproveitamento das suas capacidades.

A eficácia no treino com jovens passa pelo devido respeito das leis e

dos períodos do seu desenvolvimento :

o grande objectivo deste processo situa-se ao nível da criação de

pressupostos ou de estados predisponentes, para que os

potenciais atletas possam atingir a seus devido tempo os mais

altos rendimentos.

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Assim o Futebol praticado ao mais alto nível funciona como um

importante meio de análise e como um indicador fundamental :

não se pretende fazer a apologia da imitação de métodos e

concepções de treino do futebol sénior evoluído, mas tão só ter

presente os modelos de treino e competição mais avançados, e

estar alerta para o modo como poderão condicionar os modelos

de preparação nas idades mais jovens.

Para Hollmann e colaboradores , o Futebol é um jogo que exige um

ritmo muito variado (intensidade oscilando entre o mínimo e o máximo)

com um tempo de duração muito longo :

várias corridas à velocidade máxima, repetidas com intervalo de

alguns segundos;

corridas com ritmo submáximo (80-85% do máximo) sobre

distâncias de 40 a 50m;

remates, passes, cabeceamentos, ....., com diversos graus de força

estática ou de dinâmica;

metabolismo com características anaeróbicas (60%) e aeróbicas

(40%).

o jogador deverá possuir uma elevada aceleração de velocidade

sobre espaços mais curtos 20-40m;

estes e outros esforços duram aproximadamente 3 a 10", sendo

portanto anaeróbicos alácticos.

Nos últimos anos no Futebol de mais alto nível constata-se :

o aumento do volume de corrida;

o aumento do ritmo geral do jogo;

o aumento das disputas de bola, corpo a corpo;

o acréscimo da importância do jogo aéreo;

o crescente número de variações bruscas de ritmo (alternância),

adaptadas para surpreender o adversário;

o aumento de espaço de intervenção, constratando com a redução

do tempo disponível para manobrar a bola (maior pressão do

adversário).

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FUTEBOL DE ALTO NÍVEL

FUTEBOL TOTAL

Polivalência funcional

dos jogadores

Empenhamento

permanente dos jogadores Equipa = Bloco Dinâmico

Intensificação do Jogo C/ e S/ Bola

----------------------------------------------------

Todos Atacam Todos Defendem

Ataque em bloco apoiado Procura activa da posse da

bola, em todo o campo

Atitudes pré-dinâmicas,

grande sentido de

entreajuda

Mudanças de ritmo,

acelerações súbitas

Ganhar ESPAÇO é ganhar

TEMPO para agir

Reduzir o ESPAÇO é

reduzir o TEMPO de

acção do adversário

Procura activa da posse da

bola, em todo o campo

Grande pressão sobre o

possuidor da bola

CRIAR SUPERIORIDADE NUMÉRICA SOBRE O ADVERSÁRIO

E

TER A POSSE DA BOLA PARA PODER CONTROLAR O JOGO

EQUIPA MAIS RÁPIDA (para se antecipar, surpreender). MAIS

FORTE (para disputar, lutar). MAIS RESISTENTE (para durar). E

MAIS INTELIGENTE (para criar e desequilibrar, no sentido positivo)

MULTIPLICAÇÕES DOS

ESFORÇOS INDIVIDUAIS

A transição ATAQUE - DEFESA

exige uma rápida e intencional

mudança de atitude

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O esforço realizado por um futebolista envolve, obviamente, todas as

fontes de energia do seu organismo (aeróbicas e anaeróbicas);

Só raras vezes o nível de ácido láctico supera os valores limite de

transição para o esforço de tipo anaeróbico láctico, dado que em jogo as

acções de grande intensidade são intercaladas com períodos de actividade reduzida;

Vários autores consideram o Futebol com uma actividade de

RESISTÊNCIA em regime de VELOCIDADE (de reacção, de

deslocamento e de execução), de FORÇA e de COORDENAÇÃO

(táctico-técnica);

As dificuldades surgem, quando se pretende abordar essas capacidades

numa perspectiva de interdependência e interacção;

No treino com jovens este problema agudiza-se, na medida em que

ainda não existe uma teoria das fases sensíveis que responda

objectivamente a muitas questões importantes :

a maior parte das investigações são relativas ao futebol sénior;

na maior parte dos casos o tipo de trabalho que se faz com os

mais jovens é uma imitação do que se passa com os seniores.

Mesmo as pessoas com formação específica, continuam a recorrer aos

estudos realizados na área dos desportos individuais, que não podem

nunca reflectir a realidade dos JDC.

O Futebol, bem como todas as outras modalidades, e os jovens,

requerem métodos próprios, adoptados à realidade (é necessário assim

investigar).

É indispensável ter o conhecimento da evolução; das fases de

progresso, de estagnação e de regressão das várias capacidades

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motoras, nos jovens , para se poder estruturar uma base física à altura da

preparação desportiva e sobretudo multilateral.

Actualmente os especialistas da Teoria e da Metodologia do Treino

Desportivo são unânimes ao considerar que todas as capacidades

motoras são treináveis em qualquer idade; o problema central está na

selecção dos meios e métodos para o fazer com eficácia.

No treino físico com os jovens futebolistas podem definir-se dois

grandes imperativos :

desenvolver todas as capacidades, segundo o princípio da

multilateralidade, mas incidindo particularmente naqueles que

se encontram nas respectivas fases sensíveis;

estabelecer uma relação, tão estreita quanto possível entre todas

elas, de forma a dar resposta aos seus aspectos particulares do

Futebol, nomeadamente aos seus padrões estruturais e

energético-funcionais.

O treino do jovem atleta, é efectivamente, a parte fundamental dum

processo a longo prazo de construção do nível:

funcional;

biológico; e

psicológico, necessário para atingir as performances do mais alto

grau.

Para perseguir a especialização do futebolista na construção do

rendimento a longo termo, consideramos dois tipos de pressupostos :

Princípios gerais ; e

Princípios Específicos.

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PRINCÍPIOS GERAIS

A especialização ao mais alto nível nas idades jovens só pode

acontecer, se aquando do processo de treino, tiver sido

contemplado, entre outros o princípio da multilateralidade.

As capacidades motoras representam no processo de treino, uma

unidade e funcionam em interdependência.

PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS

RESISTÊNCIA

a sua finalidade (componente aeróbica) é proporcionar uma

estabilidade orgânica, sobretudo do sistema cardio-vascular,

para além da consolidação do tecido conjuntivo e do aparelho de

sustentação (ossos, ligamentos, articulações), e simultaneamente a

criação de uma boa base bio-funcional para o desenvolvimento de

outras capacidades (força e velocidade);

com o desenvolvimento da resistência aeróbia aumenta-se

progressivamente a capacidade de efectuar treinos mais

prolongados e intensos;

só entre as 150-180 puls./min., se pode melhorar o volume-

minuto, visando assim os valores próximos de oxigénio

(Vo2máx.);

poderá ser adoptado um esforço de duração (contínuo) de 15',

perto do limiar anaeróbico (FC máxima de 180 pul./min.);

alguns jovens (dadas as diferenças individuais) podem mesmo

manter um exercício prolongado superior a 180 puls./min.

(segundo Pirnay);

a resistência na sua componente ANAERÓBICA láctica está

pouco desenvolvida nas crianças, aumentando devagar na

puberdade;

apenas no final deste período se pode usufruir significativamente

da capacidade anaeróbica láctica;

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assim a fonte glicolítica que serve este tipo de resistência, pode

ser solicitada com uma frequência relativa a partir dos 15-16

anos, desde que se tenha em conta :

1. um considerável substracto aeróbico;

2. a elevação dos níveis de testosterona (relacionada

com a idade cronológica e o período pubertário).

segundo Hegedus, o incremento do VO2máx., no futebolista, é

produto de adequados trabalhos de repetição de sucessivas

corridas curtas de índole aláctica.

sendo assim o elevado VO2máx do jogador de futebol é

consequência e não prioridade na sua preparação (para casos

de equipas nas etapas superiores de preparação);

FORÇA

jovem futebolista tem na fase dos 13 aos 15 anos, o período mais

favorável ao desenvolvimento da força;

a força pode e deve ser trabalhada a partir das idades baixas

considerando algumas situações :

- não deve ser trabalhada no sentido absoluto, ou seja,

não se pode solicitar a força máxima;

- mas sim formas que permitam a execução correcta e

dinâmica dos movimentos a realizar;

- prescrevendo a variante força resistente (cargas leves

com grande nº de repetições); e a

- variante força veloz (cargas leves com grande

velocidade);

- a força veloz é a capacidade representativa das

capacidades condicionais dos 6 aos 14 anos;

- esta que depende da forma como os níveis de força e

velocidade se relacionam, tem o seu máximo aos 16-18

anos;

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- os elevados níveis de força veloz são determinantes na

obtenção de grandes resultados;

os exercícios devem ser devem ser executados com autocarga

(peso do próprio indivíduo) e procurando a amplitude máxima

nos movimentos;

o trabalho estático (isométrico) torna-se inoportuno devido

não só ao bloqueio respiratório (fenómeno de Valsalva), mas

também porque dificulta o transfert;

os exercícios de força devem ser realizados quando o atleta está

em estado de frescura física;

numa fase inicial de preparação (idades mais baixas) deve-se

privilegiar o trem médio e superior em detrimento do inferior;

VELOCIDADE

a velocidade maximal é determinada geneticamente numa

percentagem muito elevada;

a sua treinabilidade é de 18 a 20%;

as possibilidades concretas de intervenção, podem realizar-se

entre os 6 e os 13 anos (após este período a evolução será

modesta e difícil);

o nível do seu desenvolvimento (no Futebol) é determinado pela

força dinâmica, coordenação, flexibilidade, velocidade de

contracção muscular e características antropométricas;

o trabalho de coordenação e flexibilidade devem prever a

melhoria da velocidade de base;

a procura da precisão e da velocidade aquando do treino das

técnicas é um aspecto importante nas etapas iniciais;

importante é também o controlo da alternância da tensão e da

descontracção dos músculos esqueléticos (coordenação intra e

intermuscular)

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a solicitação desta capacidade deve ter lugar em condições de

frescura nervosa (cansaço diminui a excitabilidade do SNC e

consequentemente o desempenho dos processos

neuromusculares);

FLEXIBILIDADE

é uma das capacidades que se tem de trabalhar desde as idades

muito jovens;

após os 10 anos de idade perde-se facilmente, sendo que o seu

treino a partir desta idade deverá atender aos motivos desportivos

referentes à modalidade a praticar;

para Hollmann a idade óptima para o seu desenvolvimento situa-

se entre os 11 e os 14 anos;

apesar de não ser determinante para o futebol, o seu

desenvolvimento facilita o acesso a elevados índices de prestação

de outras capacidades (velocidade e coordenação por exemplo);

A preparação do atleta/futebolista é um processo moroso que passa por

diversas etapas de preparação. O quadro 1 procura representar (com base

em vários autores) uma sequência das etapas de preparação do jogador

de futebol.

- torna-se necessário recorrer a formas organizadas de aplicação

dos estímulos (cargas) de treino - MÉTODOS DE TREINO - de modo a

perseguir um desenvolvimento optimal dos factores deles decorrentes.

O quadro 2 apresenta uma sistematização de alguns métodos de treino

para a solicitação dos diferentes sistemas energéticos e capacidades, nas

etapas de preparação do jogo de futebol (com base em vários autores).

Os restantes quadros complementares, pretendem representar de uma forma

aproximada, a relação entre o nível de incidência da solicitação para as

capacidades a desenvolver no futebolista e a idade correspondente.

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Quadro 1 :

Etapas Idades Objectivos Direccionamento

Metodológico

Capacidades

a

Desenvolver

Predomi-

nantemente

Sistemas

Energéticos

Preparação

Preliminar

8-10

anos

Criação dos

pressupostos para

a prestação

desportiva

Formação multilateral

polifacetada;

desenvolvimento das

capacidades ao nível geral

com predominância do

trabalho de volume

Resistência

aeróbica;

flexibilidade

geral; e velo.

de reacção e

deslocamento

Sistema

Oxidativo

(aeróbico);

ATP-CP

(anaeróbio

aláctico)

Especialização

Inicial de Base

10-

14/15

anos

Desenvolvimento

e aperfeiçoamento

dos pressupostos

para a prestação

desportiva.

Introdução de

elementos que

condicionem de

forma directa o

rendimento

Desenvolvimento das

capacidades motoras

gerais, prevalecendo o

volume;

solicitação dirigida tendo

em conta a estrutura de

rendimento do Futebol

Resistência

aeróbica;

flexibilidade

específica;

velocidade de

deslocamento

e execução;

força

resistente e

veloz.

Idem

Especialização

Aprofundada

16-18

anos

Aprofundamento e

direccionamento

mais específico da

preparação

Incidência crescente no

treino específico; aumento

progressivo das cargas

(volume, intensidade e

complexidade) dirigidas

ao desenvolvimento das

capacidades respectivas.

Resistência

de velocidade

(velocidade

específica);

força veloz e

velocidade de

execução

específica.

Idem

+

Sistema

Glicolítico

(anaeróbio

láctico)

Performances

Maximais

18-26

anos

Exploração

máxima das

capacidades. Altas

performances.

Grande incidência em

exercícios de preparação

especial; cargas com

grande volume, intensida-

de e complexidade; prepa-

ração mais unilateral vi-

sando altos rendimentos.

Idem Sistema

ATP-CP

(anaeróbio

aláctico)

Manutenção

das

Performances

26

+ anos

Estabilização das

performances e de

um elevado nível

de rendimento

pelo período de

tempo mais longo.

Estabilização do nível de

treino; grande incidência

no treino específico,

embora recorrendo de

uma forma crescente aos

aspectos gerais

Idem

+

Incidência

crescente na

resistência

aeróbica

Sistema

ATP-CP e

Sistema

Oxidativo

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Devem evitar-se os exercícios que constituam uma sobrecarga para a

coluna vertebral (especialmente nas idades mais jovens);

Nem sempre os elevados níveis de flexibilidade passiva correspondem a

um igual desenvolvimento dos níveis de flexibilidade activa;

Os alongamentos são delicados e poderão ser inoportunos quando o

organismo se encontra fatigado;

No entanto no final de cada UT podem utilizar-se formas de

alongamento de «stretching», para evitar o encurtamento muscular e a

rigidez articular (vulgar no futebolista);

Algumas conclusões :

o treino com jovens é um processo global;

a divisão (físico, técnico, táctico e psicológico) não é mais que

uma abstracção, dado que os comportamentos adoptados pelos

jogadores surgem como resultantes do modo como eles se

relacionam entre si;

questões que se podem colocar :

- até que ponto os conhecimentos actuais permitem no

treino uma aproximação à realidade jogo-competição ?

- de que modo a caracterização do esforço para seniores

pode ser extensiva aos jovens jogadores ?

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- o que nos permite dizer que um jovem com 12 anos em

jogo está a desencadear um esforço de tipo aeróbico,

anaeróbico láctico ou aláctico ?

- será que em 2 a 3 treinos semanais se consegue obter um

volume e intensidade adequada para atingir um elevado

nível de desenvolvimento das capacidades do jovem ?

- porquê a Capacidade Força no treino com jovens

continua a ser um mito ?

- que implicações poderá ter no jogador de futebol jovem,

o futebol de 11 ? hipersolicitação de alguns ?

hiposolicitação de outros ?

- de que modo o futebol de 7 poderá ser a alternativa ?

a) maior aproveitamento dos espaços ?

b) solicitação mais equilibrada dos jogadores ?

c) melhor assimilação da estrutura do jogo ?

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2. A FORMAÇÃO DO JOGADOR DE FUTEBOL

Vários factos da actualidade sugerem que se estão a desenhar os

contornos científicos duma modalidade que, durante largos anos da

sua existência, foi perspectivada como uma actividade onde a

investigação, a inovação ou qualquer tratamento científico, não eram

bem vindos.

Para se projectar um processo qualitativo de formação do jovem

futebolista será importante considerar :

a vertente jogo em que importa considerar os seus aspectos

estruturais e energético-funcionais; e

a componente jogador em que interessa sobretudo nas etapas iniciais

de formação, atender às fases sensíveis (atendendo às referências

etárias cronológicas e biológicas).

A formação do futebolista não é uma sucessão linear e aleatória de

factos :

sabe-se que as capacidades motoras apresentam um desenvolvimento

que obedece a uma lógica ontogenética particular.

Surge a noção de fase, entendida como a resultante das modificações

sucessivas que as diferentes variáveis do processo de treino vão

experimentando, traduzindo em cada momento, o grau de evolução dos

respectivos sistemas (jogo e jogador) :

fases intrinsecas, dependentes do processo natural de

desenvolvimento do ser humano; e as

fases extrinsecas, que são determinadas aquando do processo de

treino e competição.

Faseamento será o modo como as etapas de preparação desportiva se

ajusta às respectivas fases de desenvolvimento do indivíduo e à

especificidade da respectiva modalidade.

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As fases diferenciam-se assim pelos objectivos, conteúdos e métodos

empregues;

Referenciais do faseamento nos JDC :

«Fases sensíveis» utiliza-se para designar os períodos da ontogénese

favoráveis ao desenvolvimento de determinadas capacidades motoras;

«Períodos críticos ou sensíveis» (para Magill 1982) referem-se às fases

durante as quais o indivíduo se encontra predisposto para a

aprendizagem;

Nos períodos mais sensíveis que são favoráveis a «algo» também são

mais sensíveis aos métodos de treino errados ou inadequados;

FASEAMENTO

JOGADOR

.Leis Biológicas

.Fase Maturativa

JOGO

Especificidade

da Modalidade

. Idade Cronológica

. Idade Biológica

. Fases Sensíveis

Condicionantes

Estruturais

Condicionantes

Energético-Funcionais

Momento e grau

de estimulação das

capacidades

motoras

Estrutura do

rendimento na

modalidade

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Períodos favoráveis para o aperfeiçoamento da técnica desportiva :

7 - 11 anos (Winter, 1969; Stemmier, 1977; Grasselt, 1972)

7 - 10 anos (Hirtz el al, 1979, 1981, 1982).

Períodos relativos à existência de FS para a Força Veloz :

Volkov (1973, 1974) Incremento progressivamente crescente à medida

que vai acontecendo a maturação sexual.

Werbitz (1974) Máxima taxa de incremento no estado inicial da

maturação sexual e notavelmente inferior no final

deste período.

Wolanski (1976) O período favorável situa-se entre os 7/8 anos -

12/13 anos

Kuznecova

(1975,1976)

O período favorável situa-se entre os 9/12-14 anos

(rapazes) e 8, 10, 12 anos (raparigas)

Tschiene (1980) O período favorável vai dos 12 aos 15 anos e o

desenvolvimento da capacidade depende do grau de

maturação puberal e do S.N.C.

A idade da maturação sexual poderá estar alterada em 1, 2 , 3 ou

mesmo 4 anos, devendo a idade biológica ser avaliada através dos seus

indicadores (idade esquelética, caracteres sexuais secundários e o

momento do máximo crescimento em estatura);

Jovens sujeitos precocemente a grandes esforços físicos atingem com

maior dificuldade e mais tardiamente a maturação;

Ao submetermos o jogador de futebol a um esforço de tipo contínuo e

de longa duração, para incrementar a resistência aeróbia, a

correspondente adaptação funcional da miosina, reduz a possibilidade

de se desenvolverem níveis superiores de Força Veloz;

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Esquema da sucessão geral da especialização funcional do organismo,

num processo de treino plurianual (Verchosanskij, 1985) :

No treino com jovens existe uma labilidade das funções orgânicas,

tornando-se necessário um maior conhecimento das características de

evolução, das fases de progresso, da estagnação e de regressão das

diversas capacidades motoras;

Zonas de idade, em anos (Z.I.) relativas às fases de iniciação

desportiva e de rendimentos desportivos superiores, no futebol :

Z.I. Iniciação

desportiva

Z.I. Rendimentos

superiores

Ulatowski (1975) 10-12 -

Dal Monte, Matteucci (1977) 8-10 18-32

Harre (1977) 8-10 18-23

Segui (1981) 10-13 18-22

Matveiev (1983) - 23-26

Tschiene (1983) 8-10 -

Filin (1983) 10-11 22-26

Nadori (1986) 9-10 -

Estrutura do nível de

preparação especial

condicional

Força

Explosiva

Resistência

Específica

Velocidade

Força

Resistência

Coordenação

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Várias taxionomias do faseamento existem, tantas quanto os seus

autores, as suas diferenças terminológicas ou tantas como os seus

países.

Fases do processo de formação do praticante, segundo (Thiess,

1978) :

Fases da preparação desportiva, de acordo com Filin e Nagornij

(1983) :

(*) Preparação física geral (***) Treino específico

(**) Início da especialização (****) Aperfeiçoamento Desportivo

Treino

de

Base

Treino

de

Formação

Treino

de

Ligação

10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 (idade em anos)

N

Í

V

E

L

D

E

D

E

S

E

M

P

E

N

H

O

N

Í

V

E

L

D

E

D

E

S

E

M

P

E

N

H

O

*

6 - 7 - 8 - 9 - 10-11-12-13-14-15-16-17-18 - (idade)

**

***

****

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UC Modalidade Desportiva II – Futebol – 2º ano - Ano Lectivo 2009/2010

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Etapas do processo de formação do atleta, de acordo com Matveiev

(1977) :

Treino de Base Plena Realização das

Capacidades Desportivas

Manutenção da

Longevidade Desportiva

Treino

preliminar

Especialização

inicial

Pré-

culminante

Performances

maximais

Manutenção

das

preformances

Manutenção

do nível geral

de treino

Idade escolar ----------- adolescência -------------------------------------------------- 35-40 anos

Fases da formação do jogador de Futebol, conforme Segui, 1981 :

Quantidade 13

12

11

10

2ª fase

1ª fase

Qualidade

natural

17

16

15

14

2ª fase

1ª fase

elaborada

Qualidade 2ª fase

1ª fase

22

21

20

19

18

Iniciação

Evolução

Culminação

Captação

de Valores

Formação

de Valores

Confirmação

de Valores

Escalonamento actual dos jogadores de Futebol, em Portugal :

8 - 10 anos - Escolas

10 - 12 anos - Infantis

12 - 14 anos - Iniciados

14 - 16 anos - Juvenis

16 - 18 anos - Juniores

< = 18 anos - Seniores