TRM em prol do desenvolvimento e aperfeiçoamento de produtos

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Radar Inovação - Julho de 2010

Rodrigo Delfino

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TECHNOLOGY ROADMAPPING (TRM) EM PROL DO DESENVOLVIMENTO E APERFEIÇOAMENTO DE PRODUTOS

1. INTRODUÇÃO

O Planejamento Tecnológico permite à empresa conhecer quais as demandas futuras e se preparar ao longo do tempo para atendê-las A aplicação mais comum do TRM é para auxiliar o desenvolvimento de novos produtos.

O Planejamento Tecnológico é a forma pela qual as organizações estruturam suas atividades de pesquisa e desenvolvimento, visando a alinhar os recursos e competências internas e externas com os objetivos e perspectivas de curto e longo prazo, permitindo, assim, o lançamento de novos produtos e processos, ou mesmo o aprimoramento destes. A construção do Planejamento Tecnológico permite à empresa conhecer quais as demandas futuras – em função de análises de mercado e das diretrizes estratégicas internas – e se preparar ao longo tempo para atendê-las, traçando e priorizando soluções tecnológicas que melhor atendam estas demandas, seja em função da performance proporcionada, do custo de desenvolvimento, da factibilidade técnica, dentre outros critérios.

2. TECHNOLOGY ROADMAPPING (TRM)

Uma das ferramentas mais utilizadas para realizar o Planejamento Tecnológico é o Technology Roadmapping (TRM). Empregado pela primeira vez pela Motorola, no final da década de 70, o TRM auxiliou o processo de planejamento de produtos e desenvolvimento de tecnologias da empresa. Desde então, a implantação do TRM tem se adaptado em função dos diferentes contextos das empresas e seus mercados de atuação, da abrangência da análise (empresa x indústria), ou mesmo do objetivo, sendo mais focado em gestão de competências internas, planejamento estratégico, dentre outras finalidades.

Figura1: TRM - Mapa Tecnológico Modelo

A aplicação mais comum do TRM, no entanto, é para auxiliar o desenvolvimento de produtos, sendo geralmente apresentado conforme a figura acima. Assim, é possível criar de um link entre as demandas ou tendências de mercado, os produtos da empresa e, em um terceiro nível, as tecnologias empregadas nestes produtos.

Tempo

Mercado

Produto

Tecnologia

Recursos

Drivers, Tendências e Cenários

P1

P2 P3

P4

Drivers, Tendências e Cenários

T1

T2 T3 T4

Plano de Investimento e Financiamento (Captação de Recursos)

Gestão do Conhecimento e Competências

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O TRM pode ser construído a partir de duas orientações distintas: Market Pull ou Tech Push Além de auxiliar a empresa a prever o momento adequado para iniciar o desenvolvimento de novos produtos, o TRM facilita a identificação de gaps.

Como desdobramento, pode ser estruturado um plano de investimento para sustentar o Planejamento Tecnológico, reservando recursos para projetos, no orçamento da empresa, ou mesmo viabilizando a captação de recursos junto a agências de fomento à inovação. O TRM deve ser sempre customizado para o contexto de atuação de cada empresa. Entretanto, é possível determinar macro etapas fundamentais para a sua construção:

Figura 2: Etapas Base para Construção e Implementação

Com o TRM, a organização passa a contar com uma orientação clara de como gerir suas competências tecnológicas essenciais, identificando aquelas que já possui e mapeando externamente – em fornecedores, universidades e centros de pesquisa – outras competências que precisará acessar para viabilizar a implementação do Plano Tecnológico, que pode contemplar práticas de open innovation. A sua construção pode ser realizada tanto do ponto de vista mercadológico (Market Pull), partindo das necessidades de mercado e verificando o alinhamento com os produtos e tecnologias a partir destas orientações, quanto do ponto de vista tecnológico (Tech Push), iniciando a construção a partir de uma tecnologia detida pela empresa, por meio da identificação das oportunidades de aplicação no mercado. A abordagem Market Pull, geralmente mais utilizada por empresas já posicionadas em determinados mercados, parte das tendências e necessidades destes mercados para verificar o alinhamento com os produtos atuais da empresa. Caso os produtos não atendam às exigências do mercado, busca-se determinar e especificar parâmetros de desempenho destes, tanto no presente quanto no futuro. Na terceira camada são definidas as tecnologias necessárias para que os produtos atinjam os parâmetros definidos. A segunda abordagem, Technology Push, geralmente está mais alinhada a startups que são constituídas em torno de uma tecnologia e precisam gerar uma plataforma de aplicações para potencializar o negócio. Entretanto, pode ser aplicada também a grandes empresas, em situações onde exista, por exemplo, a percepção de oportunidade, mas sem que a demanda esteja clara no mercado. Dessa forma, é possível notar que o horizonte de tempo é uma das variáveis mais importantes do TRM, aparecendo na maioria dos modelos propostos, visto que direciona os esforços ao longo do tempo, ajudando a empresa a identificar quando iniciar o desenvolvimento de um novo produto.

Planejamento Desenvolvimento Implementação e Manutenção

- Analisar plano estraté-gico da empresa

- Identificar nas deman-das e tendências de mercado

- Especificar metas e objetivos para os produtos ao longo do tempo

- Especificar e avaliar soluções tecnológicas

- Construir mapa tecnológico

- Validação do mapa construído

- Implementação do plano tecnológico

- Acompanhamento dos projetos e revisão do plano conforme mudanças do mercado e/ou corporativas

- Definir o escopo do TRM (mercados, produtos etc.)

- Definir equipe de traba-lho, responsabilidades e sponsor

- Determinar ferramentas para análise de mercado (cenários, drivers etc.) e ferramentas para avalia-ção dos produtos e

tecnologias

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É imprescindível que o

Planejamento

Tecnológico esteja

alinhado às aspirações

e ao posicionamento

da empresa

Após concluído, o TRM

não deve ser encarado

como um documento

fixo e imutável.

Outra informação importante fornecida pelo TRM são os gaps, lacunas existentes entre as demandas de mercado, produtos e tecnologias, que surgem de exigências de performance não supridas ou de atributos não existentes nos produtos atuais. Estes gaps irão direcionar quais soluções deverão ser priorizadas e desenvolvidas.

3. CONSIDERAÇÕES

Observado o aumento de competitividade nos mercados de uma forma geral e a conseqüente pressão por produtos com ciclos de vida cada vez menores, com alto valor agregado e elevado grau de customização e complexidade, se torna cada vez mais importante a construção de um Planejamento Tecnológico coerente com as aspirações e o posicionamento da empresa. Entretanto, é importante destacar que esta ferramenta somente pode agregar valor se houver, de fato, um comprometimento da empresa com o plano, de forma que alta gestão forneça o suporte necessário para construção e manutenção deste, e que existam pessoas responsáveis pela execução, acompanhamento e aprimoramento. O TRM não deve ser encarado como um documento fixo e imutável após concluído. Por isso, a equipe responsável pela sua manutenção é imprescindível. Como as condições de mercado, os planos e as metas da empresa podem mudar a qualquer momento, é fundamental que ocorram reflexões periódicas sobre os planos traçados, de forma que a coerência do TRM seja mantida, demonstrando flexibilidade interna. É importante ainda considerar o certo balanceamento entre o direcionamento dado ao Planejamento Tecnológico, buscando sempre orientações do mercado (modelo Market Pull), mas também analisar tecnologias e produtos que podem ser inseridos no mercado de forma inovadora, atendendo necessidades que não sejam explícitas (modelo Tech Push). Este tipo de balanceamento reduz uma das deficiências do TRM – o baixo potencial para desenvolvimento de inovações (inclusive disruptivas) que surpreendam seus consumidores ou clientes –, uma vez que, ao se basear em fatos ou expectativas de mercado, acaba se limitando a lidar com aquilo que já é esperado, tanto pela empresa quanto por seus concorrentes. Por fim, para a construção de um TRM coerente, é necessário levar em consideração tanto o curto quanto o longo prazo. Muitas empresas já estão acostumadas a lidar com planejamento de curto prazo. Entretanto, ao olhar para um horizonte maior de desenvolvimento, é possível refletir e estruturar rotas para os desafios esperados e definir o momento de decisão sobre quais alternativas serão, de fato, executadas. Caso estes momentos de decisão não estejam bem estruturados, a empresa pode acabar identificando tardiamente a necessidade de desenvolvimento e, assim, lançar uma solução de forma mais rápida, mas que não atenda a expectativa de mercado, ou mesmo perder o timing para o lançamento do produto, devido ao foco excessivo no curto prazo.

AUTOR

Rodrigo Delfino é graduado em Administração pela UFMG. Detém conhecimentos aplicados em gestão

da qualidade e operações, tendo realizado reestruturações organizacionais visando a melhoria de

processos, bem como implementado sistemas de avaliação e gestão baseados no modelo de excelência

da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) e ainda na norma ISO 9001. Ademais, atuou em empresa de

consultoria própria na aplicação da Teoria das Restrições, focada principalmente em gestão hospitalar.

Na Inventta desenvolve serviços de consultoria focada na gestão da inovação, abordando principalmente

temas como Planejamento Tecnológico, Gestão de Portfólios, Captação de Recursos e Diagnóstico de

Potencial Interno para Inovação.