Trovas de Pedro Melo e Cidoca da Silva Velho União ... cruzada de que os trovadores...

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2016

União Brasileira de TrovadoresPorto Alegre - RS

Coleção

Terra e Céu

Trovas de

Pedro Meloe

Cidoca da Silva Velho

XCVII

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Rua Otto Niemeyer, 2460 - CEP 91910-001 Bairro CavalhadaFones: 0**51 3243 8400SITE: www.ubtportoalegre.com.brE-mail: [email protected]ório do Registro Especial n° 6.405Fundada em 08 de março de 1969.

União Brasileira de TrovadoresSeção de Porto Alegre

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Para bem comemorar o centenário de nasci-mento de Luiz Otávio, idealizador e fundador damaior entidade congregadora de cultores do gê-nero poético TROVA do mundo, a seção de Por-to Alegre da mesma criou a coleção “LUIZ OTÁ-VIO É CEM”, com o intuito de editar cem livrosde trovas até o final do ano.

E agora, em cima disso, uma outra, comple-mentando-a: “TERRA E CÉU”. Ou seja, os trova-dores vivos homenagearão os falecidos, seusamigos, com a edição de um livro duplo, com tro-vas de um e de outro.

A ideia é sempre a mesma, mudou um pouqui-nho a forma. E, com certeza, teremos uma por-ção de belos livros, uns virtuais, outros físicos,mas serão sempre livros. Dessa forma, lavra-semais um tento nesta busca incansável, nesta ver-dadeira cruzada de que os trovadores brasilei-

Palavras Iniciais

ros participam, qual seja a de ver, um dia,este gênero poético devidamente valoriza-

do e divulgado, inclusive pelachamada grande mídia.

Flávio Roberto StefaniPresidente

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DIRETORIA - GESTÃO 2015/2016

Presidente: FLÁVIO ROBERTO STEFANIVice-Presidente de Administração:LISETE JOHNSONVice-Presidente de Cultura: SONIA LINDEMAYERVice-Presidente de Relações Públicas: CLÁUDIO DERLISILVEIRAVice-Presidente de Finanças: DORALICE GOMES DA ROSASuplente de Diretoria:JOSOEVERTON LOPES

União Brasileira deTrovadores - Seção de

Porto Alegre

Conselho Municipal(Titulares)

MÍLTON SOUZADELCY CANALLESCLÊNIO BORGES

Conselho Municipal(Suplentes)

NEOLY DE OLIVEIRA VARGASJANAÍNA SCARDUA BONATTOJANETE VARGAS

Secretária: SONIA LINDEDMAYERAssessor de Imprensa: SÉRGIO BECKERAssessora Especial: ANGELA PONSICoord. Do Juventrova: LÚCIA BARCELOS

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Pedro Melo

Pedro Melo nasceu emSanto André (SP), em 11de abril de 1977, filho dePedro de Melo e Azeneteda Silva Monteiro. Conhe-ce a trova desde criança,graças às “Gotas de PinhoAlabarda”, balas de eu-calipto que continham ade-sivos com trovas de di-versos autores e que co-lecionava em capas de ca-dernos. Graduou-se emLetras (Português e Inglês) pela Fundação SantoAndré (2000). Defendeu Dissertação de Mes-trado em Filologia e Língua Portuguesa em 2014,na Universidade de São Paulo, onde atualmentecursa Doutorado na mesma área. É professordo Centro Universitário de União da Vitória(PR) e da rede pública estadual de Santa Cata-

rina. É Sócio Correspondenteda Academia Paranaense daPoesia e associado da UniãoBrasileira de Trovadores -Seção Curitiba.

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Ó, bom senso! Por que falhas,me expondo a tantos perigos?Quanta vez achei canalhasonde achava haver amigos...!

Tento esconder como estou,mas saudade não tem jeito:Tua ausência faz um gol...e rasga a rede em meu peito!

Pelo avesso, maltrapilho,e em perene desaprumo,meu destino é um andarilhocujo rumo é não ter rumo...

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Abriu-se o Mar... Pela Fé,a missão ficou completa...-Era o Dedo de Iavéno cajado do Profeta!

Ante a mulher eu me abismo,pois como a decifraria?-De um lado, quer romantismo...e de outro, quer ousadia!

Errei... mas, de fronte erguida,não me permito abater:-Nos rascunhos desta vida,eu posso me reescrever...!

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Devo esquecê-la... ir em frente...mas a saudade resiste:-Escrevo... e, insistentemente,a caneta fica triste...!

Que tédio essa vida nossa!...Melhor partir... é o que faço:-Não há milagre que possaressuscitar um fracasso!

Nem supões quão grato sou,Bandoneon, velho amigo!-Depois que ela me deixou,tu choras junto comigo...

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Meu corpo já não te sente...não me importo... não te importas...-Questão de tempo somentepara o amor fechar as portas!

Finjo que não, por orgulho,mas vivo o eterno clichê:-Toda vez que me vasculho,dou de cara com você!

Não sou descrente, Senhor,mas rejeito a religião,se, em vez de crença, ela forinstrumento de opressão!

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Esse amor me faz feliz,mesmo que seja ilusão:“Sempre teremos Paris”na minha imaginação...

Na foto, o corpo de fadaparece se eternizar...-És a imagem congeladaque eu não quero atualizar!

Nossos olhares trocadosainda guardam paixão.Só os corpos estão cansados:-Nossas almas não estão!

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Na inquietação que hoje sinto,o desacerto angustia,por me ver num labirintoentre a Tristeza e a Euforia...

Importando-se comigoem qualquer ocasião,Deus é o meu melhor Amigo...e sempre está de plantão...!

Altas horas... a alma inquieta...e, revirando o que sente,a vigília do poetaacorda um verso indolente...

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Esse teatro que fazesnão me ilude... estou desperto:-Interpretas um oásis...mas não passas... de um deserto!

Há bem e mal a colher...A vida é assim: risos... ais...E a mim me resta escolherqual colheita vale mais...

Quando me sinto sozinhoe minha Fé quase cai,na Oração acho o caminhopara o colo de meu Pai!

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A lembrança me angustiae essa mágoa é quase eterna:Quando nos falta ousadia,um rival nos passa a perna...

Velhos clichês... rimas dóceis...dão troféus a quem compete:-Os meus “achados” são fósseisque eu recolho da Internet...

Ame a Poesia... e se nutradas imagens mais bonitas,que a Poesia um kama sutrade posições infinitas!

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Saudade...! Com teu acinte,os meus versos assedias...-És um 220iluminando meus dias...!

É “angústia”? É “saudade”? É “fossa”?-Quando parte a mãe da gente,não há palavra que possadizer o que a gente sente...!

Sinto nas noites insones,cavando minha emoção,que a Saudade é “Indiana Jones”no “Templo... da Solidão”...!

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Os recursos, quase extintos,o povo não pode ver,pois somem nos labirintose nos ralos do poder...!

O olhar perdido, mas brando...Memórias soltas ao vento...-Nem vê que está mergulhandonas águas do esquecimento...

Em nosso Amor tu te impões...Sou quase tua mascote...-Mas aceito os teus grilhõese ainda peço o chicote...

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Eu nego o que o mundo vê,numa tolice sem fim...-Até fujo de você,mas eu não fujo de mim...

Na despedida, um esgarem teu rosto a se insurgir:-me esforcei pra não chorar...-te esforçaste pra não rir...

Projetando os seus engodosem desvalidos moleques,a droga despacha todossem precisar de SEDEX...

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Me fortaleço!... e transponhotoda dor e todo trauma...-E cada naco de sonhoé alimento pra minha alma...

Ódio... rancor... amargura...amizades que se vão...-Quanta gente de alma escurarejeita a luz do perdão...!

Percorrendo triste rota,só quem amou é que sente:A Saudade é uma gaivotaplanando dentro da gente...

Quando a vida me apertar,falar com Deus é vital:-A Oração é um celularque não fica sem sinal...

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Flores...? Bombons...? Ou perfume...?Pouco importa o que há na lista:-A sutileza resumeo ritual da conquista!

Vacina contra os engodosde um sistema que enclausura,quem dera tivessem todoso vício bom da leitura...

A realidade que oprimee a todos nós desconsolaé ver no mundo do crimequem devia estar na escola...

Cigana, não tenho apreçopor teus presságios sem norte:Quem tem a sorte do avessonão acredita na sorte!

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Na estação do meu anseio,nos perdemos de nós dois:-Não foi o trem que não veio...fui eu que cheguei depois...!

Vou embora, contrafeito,mas de fronte levantada:-Se eu não tiver meu respeito...então não tenho mais nada!

Chega dezembro... e as pessoascamuflam seu lado mau...-Quem dera que fossem boasnão apenas no Natal...!

O poeta nutre a certezade que o Otimismo é a saída...E seu verso vê belezaaté no avesso da vida!

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Cidoca da SilvaVelho

Maria Campos daSilva Velho, a Cido-ca da Silva Velho,nasceu em São Luizdo Paraitinga (SP)em 15 de agosto de1920, filha de Joa-quim Pereira deCampos e MariaTheodora Pereira deCampos. Foi Funcio-nária Pública (Escriturária) da Fazendado Estado de São Paulo. Era viúva deRenê da Silva Velho (coronel da PolíciaMilitar do Estado de São Paulo, advo-gado, poeta, escritor, professor de In-

glês e Francês), com quemteve dois filhos – MarceloCampos da Silva Velho(Engenheiro) e MaurícioCampos da Silva Velho(Juiz de Direito). Escri-

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tora bastante ativa, Ci-doca conquistou diversosprêmios literários, bemcomo pertenceu a diver-sas entidades literárias

(Academia Pindamonhangabense de Le-tras, Academia de Letras de Campos doJordão e União Brasileira de Trovado-res – Seção Santos) e publicou livroscom parte de sua produção literária (Es-teira de Luz - Poesia, Cantigas do En-tardecer - Trovas, Martins Fontes – suavida e obra - Biografia e Entardecer -Poesia). Faleceu em 07 de maio de 2015,aos 94 anos, em Jundiaí, SP, onde mo-rou muitos anos, sendo sepultada noCemitério Nossa Senhora do Desterro,no centro da cidade.

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Horas mortas! Plena noite!Entre o sonho e a realidade,a tua ausência é um açoiteno vendaval da saudade!

Trago sempre a alma em festa,que importa se a noite é fria...faço da trova serestaembalando a fantasia!

Os meus sonhos... Não me iludo,são castelos já sem portas,mostrando a saudade em tudo,abrigo das horas mortas.

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Mesmo em contraste na vida,na dor, a fé nos irmana.A luz do sol tem guaridano palácio ou na choupana.

Cai a noite, escura e friae a Fé, que sempre nos fala,nos aponta um novo diae os nossos sonhos embala.

Que as flores da liberdadese alteiem pelo caminho,para ocultar a maldadedo marco de um pelourinho.

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Há estrelas por toda parte:no céu, na terra, no mar...E descubro, ao contemplar-te,mais duas no teu olhar.

Tu vives no teu mirante;e eu, na saudade, em açoite,quero ser, mesmo distante,uma estrela em tua noite.

Num mar em trevas, sem lua,pedindo aos astros clemência,minha saudade flutuaabraçada à tua ausência.

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Não faças da lealdadesentimento assim a esmo...Como início de verdade,sê leal contigo mesmo.

Uma velhice bem-vinda,de virtudes enfeitada,lembra a tarde calma e lindacom fulgores de alvorada!

Se na estrada percorrida,sangrei os pés, a chorar,que importa? O encanto da vidanão é viver, é sonhar.

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Folhas mortas, no abandono,numa tarde esmaecida,vêm lembrar o triste outonodos sonhos de minha vida.

Em vigília, em noite calma,a espera nunca me anseia:na janela de minha almamantenho acesa a candeia.

Folhas secas vão rolando.O ocaso é um palco tristonhoque aos poucos vai se fechandosobre as cinzas do meu sonho!

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Tu mentes e eu te proponhoque continues mentindo,pois alimentas meu sonhoe eu finjo que estou dormindo...

Cada minuto que passa,encurtando a nossa vida,nos leva ao porto que traçanossa grande despedida.

Sorri sempre, pois que a vidaé um espelho, e onde estiveres,vai refletir, na medida,a cara que tu fizeres.

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Nosso encontro... A convivência...E do amor a descobertafoi a mais linda sequênciaque esta saudade desperta.

Do nosso amor fracassado,às lembranças eu me enlaço,embalando o meu passadona ternura de um abraço.

Foi tudo inútil, suponho!Brigamos nem sei por quê...Marco encontro com o sonhoe quem encontro? – Você!

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No deslize descuidado,ainda que reste o amor,reflete o cristal trincado,que perdeu o seu valor!

Fogo sagrado que aviva,todo amor em doaçãoé uma lâmpada votivano templo do coração.

Para enfeitar seu declínio,o sol – andarilho louro –faz do crepúsculo escrínioonde guarda nuvens de ouro.

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Quando de mim te aproximas,com semblante sonhador,minha alma flutua em rimas,compondo versos de amor.

Toda mãe é para o filhocomo a luz que se propaga:só se avalia o seu brilhoquando a luz, por fim, se apaga!

Ao ouvir a serenata,em devaneios tristonhos,vem a saudade e desatadentro de mim velhos sonhos!

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Mais vale a luz da quimera,que ilumina uma esperança,que os sonhos mortos da espera,na penumbra da lembrança.

Não diga adeus! Vai seguindo...Nesta ilusão que me embala,deixe a saudade dormindo,é cedo para acordá-la!

Neste silêncio das horasdentro da noite tranquila,minha alma é o resto de aurorasque pela noite desfila.

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Meu filho, quando eu te enlaçonos meus braços, que ventura!Sempre és pequeno e eu me façoteu abrigo de ternura.

Dos meus sonhos, na distância,o meu veleiro veloznavega ainda na infância,numa casquinha de noz.

Mar revolto, se agitando,lembra a vida em seu passar...Sou veleiro flutuando,me equilibrando no mar.

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No meio termo acharemosa virtude, a temperança...Porque jamais nos extremosfica o fiel da balança!

A trova, tão minha amiga,eu levo para onde for;e vou, com minha cantiga,disfarçando a minha dor.

No berço meu filho dorme,entre nuvens de cetim;e numa ternura enormesinto o céu bem junto a mim.

Batalho, mas mil fracassosme abatem sempre ao rever-te.Como encontrar em teus braçoscoragem para esquecer-te?

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A aurora – incêndio de rosas –noiva astral de um belo dia,faz das nuvens vagarosassua corte em romaria.

Ao pranto e ao riso se alinhaa chuva de vez em quando.Cai chorando e faz festinhanos beirais, tamborilando.

Hoje esqueço as ampulhetasdo tempo, nos torvelinhos...Quero a paz das violetasque se ocultam nos caminhos.

A mulher nunca se cansa,sonda o arcano mais profundo...A mão que um berço balançaé a mão que governa o mundo.

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Vencendo o fragor da lida,à tarde, em que a luz desmaia,sou como a areia batida,que se faz duna na praia.

Neste bailado das horas,no longo espaço da espera,pergunto: Por que demoras,se é tão curta a primavera?

Das emoções que eu revejo,uma em pranto se reveste:a que ficou no desejodo beijo que não me deste.

Mãos de mãe, envelhecidaspelo labor que enobrece,são como conchas unidaspelo labor de uma prece.

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Edição: Jornalista Milton Souza([email protected])

(51) 9987 7648

Agência Texto CertoAvenida Flores da Cunha, 1643 - Sala 12

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Fone (51) 3471 7741

Contato com Pedro Melo:

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