True Blood - Escravos do Amor - Capítulo 40 - O Nome da Rosa

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  • 7/29/2019 True Blood - Escravos do Amor - Captulo 40 - O Nome da Rosa

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    Temporada 03 Captulo 40

    O Nome da Rosa

    ByWe Love True Blood

    She was the only earthly love in my life, yet

    O sangue fugiu do rosto de Sookita, estava perto de descobrir quem matou seuirmo. Ela apertou a mo de Sophie-Anne, sentia-se grata por ter vindo dar a

    notcia pessoalmente, sem intermedirios.

    Pode... pode me dizer quem ele ?, Sookita perguntou com um leve pigarrona garganta.

    Adoraria, docinho. Mas, no posso. Estamos trabalhando junto da polcia, e amdia no pode descobrir. J foi uma loucura semanas atrs.

    algum conhecido?, ela insistiu.

    Espertinha!, Sophie-Anne deu uma longa tragada no cigarro e mais uma vez

    jogou fumaa na sala fazendo Sookita tossir. Desculpe, vou fumar perto dajanela.

    Sophie-Anne se levantou e caminhou em direo janela que dava para aparte da frente da manso. Abriu a janela sem dificuldade, uma brisa frescatomou conta da sala, Sookita respirou aliviada.

    As investigaes foram demoradas porque... bem... estamos no Mxico.,Sophie-Anne continuou. Amostras do suspeito foram mandadas para a capital,essas coisas que voc j viu na televiso., ela disse com um sorriso.

    Se pode tirar amostras de sangue de um vampiro?, ela perguntou se voltandopara Sophie-Anne.

    Sim, no porque morremos que nosso DNA foi embora, docinho. Tudocontinua l, intacto. E nosso suspeito, graas aos bons cus, deixou um montede sangue, cabelo, pele, um festival de provas., ela soltou mais uma baforadade fumaa. Como queria sentir o gosto disso., olhou pesarosa para o cigarro.

    O que acontecer quando o prenderem?

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    Iremos divulgar na mdia, claro, queremos mostrar servio. Ser bom tambmpara seu maridinho, ele anda em maus lenis com a imprensa por causa damorte de Jason. Por ser um vampiro, ser julgado pela Autoridade. E punidoexemplarmente. Nossa meta, Sookita docinho, a perfeita unio entrevampiros e humanos.

    Espero que seja com a morte., Sookita deu um soco na outra mo.

    Isso com o Executor. Minhas mos esto limpas., ela apagou o cigarro nabeirada da janela.

    Executor? Parece assustador., Sookita sentiu um arrepio no corpo ao ouviresse nome.

    Ele ., Sophie-Anne disse pensativa.

    Voc o conhece?

    Muitos pensam que ele uma lenda, uma mentira inventada para colocarmedo nos vampiros. Eu tambm achava isso, at que o vi em ao., ela soltouum assobio.

    Bill tambm o conhece? Santiago?, ela perguntou se ajeitando na ponta dosof pela curiosidade.

    Santiago provavelmente, como magistrado, tem por obrigao. Quanto a Bill

    no sei, docinho, ter que perguntar para ele., ela sorriu para Sookita.

    Tenho a impresso que j a vi em algum lugar., ela olhou de lado paraSophie-Anne, sentia certa familiaridade, como se o rosto dela no fosseestranho.

    So os cabelos, eles eram diferentes, e sem a pinta..., ela colocou o dedo umpouco abaixo do nariz.

    No acredito que demorei tanto para perceber., Sookita levantou do sof. Asua morte foi mentira...

    E o que no mentira?, ela riu jogando a cabea para trs. Eu quis medivertir um pouco, eu amava cinema. Mas, depois a brincadeira ficou sria, mecansou... eu sai como Garbo1 fez. No to igual, mas foi to dramtico quanto.

    No te reconhecem? Eu demorei um pouco, e acabei percebendo.

    O tempo todo, eu digo que apenas uma coincidncia.

    1 Greta Garbo, famosa atriz sueca que atuou entre 1925-1942, e parou de atuar noauge da fama.

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    Sophie-Anne caminhou at o sof e pegou a bolsa que tinha deixado ali. Elaera to plida, andava com tanta graciosidade, que parecia uma apario deoutro plano.

    Sookita docinho, agora tenho que ir. Foi um prazer conhecer a mulher de Bill.,

    ela se aproximou de Sookita dando um forte abrao.

    O prazer foi meu., ela disse desconcertada pelo afeto da outra. Voltesempre.

    Adoraria, mas no ficarei por muito tempo. Assim, que o Executor cuidar doassassino, eu voltarei para a Europa., ela continuou abraando Sookita echeirando o pescoo dela.

    Sim..., Sookita disse tentando se livrar do abrao de maneira delicada.

    Esteve com outro vampiro, docinho?, Sophie-Anne perguntou dando um beijono pescoo de Sookita.

    Eu estive no bar de um amigo, l tinha alguns vampiros., ela disse sentindo ocorpo tremer diante do beijo da vampira.

    V tomar banho, docinho. Voc cheira a sexo..., ela segurou os ombros deSookita e a encarou. Com vampiro.

    Sookita se afastou do toque de Sophie-Anne. A cor voltou rapidamente ao seu

    rosto. Se ela tinha percebido, Bill tambm teria sentido. Como foi estpida, osangue de Eric, o corpo dele junto ao dela, o cheiro do que fizeram, ela pensoudesesperada.

    No contarei nada para Bill, se esse seu medo., Sophie-Anne foi at aporta.

    Obrigada por ter vindo., Sookita foi at a janela ficando de costas para avampira. Fechou a janela que Sophie-Anne havia deixado aberta, as mostremiam.

    Ela no virou para se despedir, esperou ouvir a porta fechar e desabou nocho. Estava sozinha na sala, comeou a chorar diante do que tinhaacontecido. O que tinha feito? Ela no se reconhecia mais, o amor que sentia aestava enlouquecendo. Mesmo com o cheiro do sexo sendo sentido porqualquer vampiro, por Bill, por Sophie-Anne, at pelo Papa, se fosse o caso.Ela queria repetir o que tinha feito com Eric, repetir sem parar, repetir at nosentir mais o corpo.

    Ainda sentia as sensaes entre as pernas, o cheiro dele inebriante. Como

    queria ser tocada novamente por ele, ouvir os gemidos de prazer, os beijosnada delicados. Ele dentro dela, os dedos, a lngua, explorando cada parte de

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    seu corpo. Ela era completamente infeliz longe dele, era apenas um espectrovagando na manso de Bill, num casamento sem amor. Ela no tem maisfamlia, no teria mais razo para viver. Mas, o amor por Eric era tudo o querestava, que dava foras para levantar de manh.

    Ela levantou enxugando as lgrimas, no iria tomar banho, no apagaria aindaos traos em seu corpo. Estava decidida em dar um ponto final na histria comBill. Ele no merecia ser enganado dessa maneira, ludibriado e tratado semrespeito. Caminhou at o escritrio, parou olhando a porta, e respirou algumasvezes para criar coragem. Bateu de leve na porta, esperou ele responder.

    Pode entrar., ele disse.

    Sou eu., ela disse colocando primeiro a cabea na porta.

    Eu sei, minha querida., ele respondeu sentado na cadeira.Ela fechou a porta atrs de si, ficou parada observando o que ele estavafazendo. Um monte de papis em cima da mesa, vrios celulares e algunstocando sem parar.

    Est ocupado. Volto depois., ela se virou para abrir a porta.

    No, no. Para voc sempre tenho tempo., ele desligou os celulares que noparavam.

    Bill indicou a cadeira para ela sentar. Sookita foi devagar at ela e desabou.No sabia como iniciar a conversa, o que dizer. As coisas estavam bem entreeles, seria um choque. Ela mesma sentia-se confusa, em prazo de horasdecidiu se separar de Bill. Sendo que um dia antes no queria ouvir falar onome de Eric.

    Eu no sei... como dizer., ela tentou comear.

    O que?

    No posso mais continuar com isso. Desculpe, Bill, desculpe., ela escondeu orosto nas mos.

    Est me assustando, querida., ele se ajeitou na cadeira.

    Ns., ela disse num fio de voz.

    No estou entendendo, Sookita., Bill disse irritado. Fale mais claramente.

    Ela ergueu a cabea para encar-lo, e recebeu o olhar triste dele de volta.Seria muito mais doloroso do que ela imaginava.

    No podemos continuar casados... da maneira como me sinto... por Eric., eladisse devagar.

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    O que ele te prometeu?, ele perguntou cruzando as mos em cima da mesa.

    Ele no tem nada a ver com isso.

    Claro que tem. Eu sinto as cordas dele te puxando como uma marionete., ele

    disse entre dentes.Bill, est me ofendendo.

    Eu estou te ofendendo? Tem certeza?, ele se levantou e se aproximou dela.Na hora que chegou hoje, eu sabia que esteve com ele., Bill parou atrs dacadeira pegando no cabelo dela. Ele demarcou o territrio em voc como bompredador.

    Eu o amo... droga, eu o amo. No queria que fosse dessa maneira, mas noposso evitar., ela se mexeu se afastando do toque dele.

    Pensei que era diferente, Sookita. Que fosse mais inteligente., Bill deu umarisada amarga. Ele est fazendo de novo, se vingando.

    No fao parte do jogo de vocs dois., ela se levantou.

    Voc o peo principal que est na frente do Rei para o xeque-mate. Ele sprecisa te tirar do caminho para me derrubar., ele cruzou os braos.

    Eu no quis te machucar., ela disse com pesar se aproximando dele.

    Acha que foi a primeira que ele fez isso? A nica que ele fez ceninha? Quedisse sentir algo? Que incapaz de amar?, Bill a segurou pelos ombros. Elefez isso com tantas outras e com ela.

    Ela quem?, Sookita perguntou sentindo os lbios tremerem.

    Voc inocente, como ela foi. Por isso perdoo sua insensatez, Sookita.

    Eu no estou entendendo., ela balanou a cabea confusa.

    Poucos sabem do que aconteceu., ele a largou e voltou a se sentar na

    cadeira, o rosto contorcido de dor.

    O que houve com ela?, Sookita perguntou tambm se sentando na cadeira.

    Tem certeza que quer saber a extenso da maldade de Eric?

    Sim., ela respondeu engolindo em seco.

    ---------------------------------

    Eu nasci na Inglaterra em 1695, meu pai era espanhol e trabalhava num teatro

    mambembe. Conheceu minha me quando se apresentava na cidade deNorwich, a partir desse momento ele largou tudo para ficar com ela. Eu nasci

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    uns dois anos depois, ambos eram pobres, e aproveitaram a oportunidade deprosperar na colnia inglesa aqui na Amrica. Naquela poca s vinhambandidos, fazendeiros pobres como meus pais e protestantes para colonizaruma terra selvagem. Ns fomos morar na Virginia, eu cresci numa fazenda detabaco. Desde pequeno eu j mascava o fumo, imitando os outrostrabalhadores. Meu pai no resistiu ao trabalho pesado e as condiesprecrias. Foi um milagre eu ter sobrevivido, minha me dizia isso sempre. Elese foi quando eu tinha 15 anos. Eu passei a trabalhar no lugar dele na fazendae ajudava como podia a minha me. Mas, ela no vivia sem meu pai, eu tersobrevivido no era o suficiente.

    Ela morreu alguns anos depois e eu fiquei sozinho. Passei a buscaroportunidades em lugares diferentes, eu tinha cansado de viver na misria. Atque fui parar em El Paso do Norte, antes do Texas se formar, acho que por

    volta de 1720. Certas coisas nunca esquecemos, principalmente quando nosdeixam uma marca. E em 1726 foi nesse ano que me tornei vampiro, e foitambm o ano que a conheci.

    El Paso era uma cidade relativamente prospera para a poca, no coraoselvagem do Mxico. Circundado pelo Rio Grande, aquele dos filmes do VelhoOeste e por um vasto deserto do outro lado. Era um osis naquela regiocastigada. Os ataques dos ndios tinham cessado fazia um tempo, eu nopeguei a fase da rebelio do povo. Mas, arrumei o emprego que mais sepagava na poca, coveiro. Comecei a trabalhar para a nica casa funerria da

    cidade, por sorte o dono era um ingls chamado Sr. Smith, mais comumimpossvel. Ele no falava quase nada de espanhol e eu era praticamentefluente por conta de minhas andanas.

    E como eu trabalhei! Todo dia algum morria. Afogado no rio, assassinado, nodeserto, e principalmente tuberculose. Montvamos os caixes de madeira,fazamos o enterro. Quando a famlia no podia pagar, os corpos eramabandonados no deserto para serem comidos pelos coiotes. Eu no gostavade fazer isso, mas no podamos fazer fiado para um, corramos o risco detoda a cidade querer tambm.

    Alguns mortos comearam a aparecer sem sangue nenhum no corpo, comapenas uma marca no pescoo. Quase toda semana aparecia um nesseestado. Geralmente viajantes chegando cidade e eram atacados no deserto,perto de uma tribo indgena que vivia por ali, os Jumanos.

    S que no dei importncia, pois ela surgiu na minha vida. Eu tinha acabadode completar 31 anos, no sentia vontade de casar, nem de ter filhos, noqueria nada disso. Eu no suportava repetir o que aconteceu com meus pais,por mais que tivesse uma vida razovel e El Paso fosse uma boa cidade, no

    queria esse tipo de responsabilidade.

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    Ela tinha somente voltado da Europa, era a filha mais velha de Don Flrian, umdos homens fortes da cidade. Ele tinha a maior plantao da regio e mantinhauma boa relao com as tribos da regio. Dava emprego para os ndios, paramestios, espanhis, ingleses. Era um bom homem. No sei se me apaixoneipelos olhos castanhos dela ou pela fragilidade. Lorena, o nome dela, uma rosadelicada.

    Eu danava com a morte todos os dias, e rezava para qualquer santo notraz-la para danar comigo. Lorena era tuberculosa, sofria desde aadolescncia. Foi infectada pela av, Lorena ajudou a me a cuidar damoribunda. E de todos na casa, foi a nica que contraiu a doena que sepegava no ar. Todo tuberculoso era isolado, no podia viver em sociedade.Eram os leprosos da minha poca. A sorte de Lorena era ter um pai rico que amandou viver na Europa.

    Na Europa a doena dela foi contida por um longo perodo, mas Lorena nopodia se casar, nem ter filhos, muito menos se apaixonar. Ela foi obrigada avoltar quando Don Flrian teve toda a produo do ano perdida por conta dechuvas torrenciais que acometeram El Paso. Era algo raro por ali, chovia muitopouco. Eu dizia que foi um milagre, obrigou Lorena a voltar e eu ter a chancede conhec-la.

    Ela passava em frente funerria todos os dias vestida de preto dos ps acabea, inclusive com o rosto coberto por um vu. Ela no podia respirar o ar

    no mesmo ambiente dos outros. Ela s era tolerada na cidade por causa deseu pai, seno viveria isolada de todos. Mas, a tolerncia que permitiam eraLorena ir e voltar todos os dias do correio. Nada mais do que isso, elacontinuava vivendo isolada, apenas tendo contato com os irmos, o pai e ame.

    Minha curiosidade aumentava com cada ida dela ao correio, minha mente iajunto daquela figura magra, alta e solitria. Eu nunca tinha visto o rosto dela,sonhava com milhares de rosto todas as noites. Eu levantava todos os dias acinco da manh para v-la passar uma hora depois, quando a cidade ainda

    acordava e poucos caminhavam na rua.

    Um dia eu tive uma ideia, eu me colocaria na frente dela, esbarraria e pegariauma das cartas. Eu tinha que ler, eu tinha que saber, mesmo correndo o riscodo contato e contrair a doena. Eu morreria pela chance de v-la nem quefosse uma vez.

    Eu coloquei meu plano em ao uns dois meses depois da primeira vez que avi. Eu acordei s quatro da manh, vesti minha melhor roupa e fiquei paradoperto de onde ela passava. s seis da manh, pontualmente, Lorena apareceu

    caminhando de cabea baixa trazendo na mo um punhado de cartas. Quando

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    ela se aproximou de onde eu estava, de repente surgi na frente dela. Elatomou um susto to grande, caiu no cho chorando e as cartas se espalharam.

    No queria assust-la daquela maneira, mas foi o mximo que consegui meaproximar. Eu a ajudei a se levantar tocando na luva preta, ela deu um tapa em

    minha mo. Nada disse, em seguida comeou a pegar as cartas no cho. Euaproveitei a oportunidade e escondi uma carta no meu palet. E entreguei oresto para ela. Lorena lanou um olhar glido por baixo do vu e se afastoucomo se eu no existisse. Consegui ver os olhos castanhos e nesse momentotive certeza que minha alma pertencia a ela.

    Corri para a funerria, eu morava ali com os mortos de companhia. Abri a cartasentindo as mos tremendo, eu no continha a ansiedade. Para minhasurpresa, havia apenas um poema. Eu lembro cada palavra at hoje:

    Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro!No levo da existncia uma saudade!E tanta vida que meu peito enchiaMorreu na minha triste mocidade!Misrrimo! Votei meus pobres dias

    sina doida de um amor sem fruto,E minh'alma na treva agora dormeComo um olhar que a morte envolve em luto.Que me resta, meu Deus?Morra comigo

    A estrela de meus cndidos amores,J no vejo no meu peito mortoUm punhado sequer de murchas flores!2

    Infelizmente no tenho mais a carta, se perdeu quando me transformei. Sorteque a memria nunca morre, e eu lembro como se fosse hoje. Depois que liesse poema, guardei a carta embaixo do meu travesseiro para ler todas asnoites. E resolvi deixar uma mensagem para ela no correio, queria umamaneira de me comunicar. Eu conhecia o dono, levei antes do anoitecer umacarta para ele entregar no dia seguinte para Lorena.

    Eu no era bom escritor como ela, era pssimo. Mandei algumas linhasdizendo que tinha ficado sem querer com um poema e que o tinha lido. Nanoite seguinte fui na esperana de encontrar um resposta e nada. Nem naoutra noite e nem na outra. At que um dia, eu recebi uma resposta. Elarespondeu numa carta dizendo que queria o poema de volta. Eu podia sentir ocheiro dela no papel, como se estivesse falando com ela.

    Eu respondi dizendo que devolveria apenas para ela, em pessoa. Elarespondeu negando com veemncia. E comeamos a trocar uma

    correspondncia estranha. Toda noite eu levava uma resposta e recebia uma2 Poema de lvarez de Azevedo, maravilhoso poeta brasileiro.

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    dela na noite seguinte. Isso se seguiu durante meses. Estvamosconversando, tendo um contato e para mim at aquele momento era osuficiente.

    Ela contou que mandava as cartas para uma amiga na Europa, publicaria os

    poemas depois que Lorena morresse. Lorena era obcecada com a morte,danava todas as noites como eu danava. Tnhamos isso em comum. Eudesejava que ela no morresse, e ela desejava morrer ardentemente.

    Por conviver com uma doena penosa, que tirava todas as foras e a mantinhaisolada do mundo, Lorena aceitou a morte como nico alento, que a livraria detodas as dores que carregava. Um dia ela aceitou me encontrar, eu mesurpreendi e demorei alguns dias para responder.

    Lorena queria conhecer a funerria, escolher o caixo que seria enterrada.

    Fazer tudo o que eu mais temia. Ela me considerava um amigo e confiava queeu daria um enterro decente. Eu odiava pensar nisso, odiava imaginar quecuidaria do corpo dela, arrumaria no caixo com flores, e que leria um poemaquando o caixo estivesse embaixo da terra.

    Ela veio durante a madrugada, parecia um fantasma, usando uma camisolabranca. Escapou pela janela do segundo andar da casa quando todos foramdormir. Eu pude v-la na luz do luar e depois do lampio. O rosto com narizarrebitado, lbios carnudos, olhos expressivos que observavam cadamovimento meu. Plida e muito magra. E to alta quanto eu, isso eu jamais

    esqueci.

    Lorena tinha dificuldade para falar por um longo tempo, de tanto que tossia. Eladisse que comeou a tossir sangue, e que acreditava que logo morreria. Porisso, queria cuidar dos detalhes do enterro. Conversamos a noite toda. Lorenaparou de ir todos os dias no correio e passou a vir todas as noites me visitar.

    No podia deixa-la morrer, no queria viver sem ela, sem olhar para ela, semfalar com ela, sem deseja-la a cada minuto. Eu tinha que fazer alguma coisa,Sookita, eu tinha.

    Uma madrugada eu contei para ela dos corpos sem sangue, Lorena comentoude uma lenda que tinha no Leste Europeu sobre um homem que sugava osangue dos vivos e vivia para sempre. Ela brincou dizendo que talvez tivesseum ali tambm. Aquilo ficou na minha cabea durante semanas, e os corposcontinuavam chegando. Os ndios os encontravam no deserto e traziam parans.

    Eu comentei com Sr. Smith, meu patro, sobre esses corpos estranhos. E eleretrucou dizendo que era coisa dos ndios, que eles mexiam com coisas

    estranhas. Resolvi visitar a tribo que os encontravam, eu tinha que tirar essa

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    histria a limpo. O viver para sempre estava na minha mente tanto quanto aimagem de Lorena.

    Eu tinha amizade com alguns ndios da tribo, inclusive aprendi a falar umpouco a lngua deles. Comunicvamo-nos de maneira rudimentar, mas dava

    para se entender. Eles me contaram sobre uma lenda de um ser que vivia nodeserto e se alimentava do sangue de quem se aventurava sozinho por ali.Disseram que o ser era eterno e o sangue tinha poder de curar. Osantepassados deles diziam que se curaram com o sangue de vrias doenas,mas tinham que entregar algum da tribo em troca.

    Perguntei se ainda faziam isso? Eles disseram que no, aps as guerrascontra os espanhis no podiam perder homens valorosos, por mais que osangue fosse precioso. Eu no parei para pensar um minuto sequer, disse quese daria em troca para o ser. Que pegassem o sangue, usassem em Lorena eo resto para eles.

    Os ndios disseram que iriam pensar nessa proposta. Eu no sabia se eraverdade a histria, mas eu queria arriscar qualquer coisa. Enquanto isso,Lorena continuava vindo todas as noites, mas piorava a cada visita. Em umadas ltimas que fez, Lorena tossiu tanto que apenas conseguiu dizer o quantome amava e entregou uma carta. E se foi, a ltima vez que a vi com vida.

    O que tinha na carta? Apenas um poema e s tenho tambm guardado emminha mente:

    No fadrio que meu, neste penar,Noite alta, noite escura, noite morta,Sou o vento que geme e quer entrar,Sou o vento que vai bater-te porta...

    Vivo longe de ti, mas que me importa?Se eu j no vivo em mim! Ando a vaguearEm roda tua casa, a procurarBeber-te a voz, apaixonada, absorta!

    Estou junto de ti, e no me vs...Quantas vezes no livro que tu lsMeu olhar se pousou e se perdeu!

    Trago-te como um filho nos meus braos!E na tua casa... Escuta!... Uns leves passos...Silncio, meu Amor!... Abre! Sou eu!...3

    Os ndios vieram ter comigo, disseram que tudo estava arranjado. Eu ficaria

    sangrando perto do cemitrio deles no deserto e o ser viria atrs de mim.3 Poema de Florbela Espanca, maravilhosa poeta portuguesa.

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    Depois receberiam o sangue. Eu acreditei nas palavras deles, no tinha comoser outra coisa. Eles no pediram dinheiro e sempre tivemos boas relaes,no acredito que queriam mal para mim. Sabiam do meu desespero em salvarLorena.

    Eu fui ao lugar marcado na noite seguinte, antes me certifiquei que Lorenaainda estava viva. Cortei meus pulsos e fiquei encostado perto de uma pedraesperando minha morte. O que importava ela era vivendo, tendo a chance desentir o que eu tive, sentir-se viva.

    Minha vida estava esvaindo conforme o sangue saia do meu corpo, minhamente cada vez mais distante. Ele demorou horas para aparecer. Quando euquase sucumbi. Eu o vi, a pele sem cor, rachada pelo sol, machucada, eledeveria ter sofrido muito antes de ser transformado. No era jovem, pareciavelho, tinha um olhar cinzento, amedrontador. Ele se aproximou de mim ecomeou a lamber meu sangue nos pulsos.

    Eu balbuciava na lngua dos ndios que queria salv-la, que s era por ela. Queme matasse logo, eu no tinha muito tempo por ela. Para minha surpresa, eleno me matou como os ndios disseram que faria. Ele comeou a falar comigo,primeiro numa lngua estranha, depois na que eu entendia. O ndio vampiro medisse que estava cansado, no queria mais aquela maldio, que passariaadiante.

    Infelizmente ele me escolheu, justamente por eu falar a lngua dos ndios que o

    tinham amaldioado. Eu estava no lugar certo, mas na hora errada. Eu queriasalvar Lorena, no me transformar num ser sedento de sangue e preso a tribo.Como voc pode imaginar, ele bebeu todo o meu sangue, no lembro omomento que morri, s lembro que tudo apagou.

    Eu acordei enterrado a sete palmos do cho, achei que tinha sido enterradovivo. Para meu espanto, eu no respirava mais e aquele monte de terra emcima do meu corpo no me machucava. Sem fazer esforo eu me vi livre, enunca mais vi meu criador. Ele me deixou l e se foi. Talvez tenha morrido e se

    livrado da maldio.S que a minha somente tinha comeado. Um ndio me esperava na sada docemitrio indgena. Meu criador havia deixado uma marca em forma de umcirculo no meu pulso. Bem aqui, pode ver. Depois fui levado de volta tribo eeles me ensinaram tudo o que eu precisava fazer. Mas, o principal era que eufosse at eles uma vez por ano para abastec-los com suprimento de sangue.

    Por isso, eram to prsperos e o so at hoje. Possuem uma reserva indgenae um grande casino, so os mais ricos da regio. Os ancies deles vivem anose anos, j serviram at de estudos para acadmicos chocados com alongevidade da tribo. E s eu sei o segredo deles, o sangue de vampiro.

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    Quanto maldio, eu acredito neles. So poderosos em magia e o crculo nomeu pulso o smbolo de nossa unio. Estou preso a eles enquanto viver. Porisso eu viajava de vez em quando, para visit-los. Depois de me ensinarem, euvoltei at Lorena o mais rpido que consegui. Eu a salvaria e depois iriaembora. No poderia continuar em El Paso sendo um vampiro, ainda mais coma minha profisso de coveiro.

    S que nada me preparou para o que iria encontrar. Lorena havia morrido faziaalgumas horas e j tinha sido enterrada. Sem nada do que eu tinha prometidoque faria no enterro desejado por ela. Um enterro simples e rpido foi feito pelafamlia. Tuberculosos no poderiam ser velados.

    Eu enlouqueci, no gosto de lembrar como fiquei. E tomei a atitude mais cruelque poderia. Fui at o cemitrio e a desenterrei com minhas mos. Eu era fortecomo vampiro, conseguia fazer tudo. Abri o caixo e ela estava l de olhosfechados, cabelos penteados, e bonita como eu nunca vi antes. Parecia felizpor ter morrido.

    Mas, eu no estava satisfeito, no queria que acabasse dessa maneira. Eu apeguei morta em meus braos e dei meu sangue. Doei tanto que quase fiqueisem. E a enterrei novamente, fiquei do lado de fora esperando. No sabia sedaria certo trazer um morto vida.

    Horas depois, eu vi a mo branca dela saindo da terra, jogando para todos oslados e voltando a viver. Eu a abracei como nunca fiz antes, a beijei como

    nunca fiz antes e a perdi para sempre. Desde aquela noite, Lorena passou dezanos sem falar comigo. Nem uma palavra sequer.

    Vagamos pelo oeste dos Estados Unidos pela esperana de ouro. Como jimagina, Lorena igual Santiago, no tinha poder dos vampiros, pois eu atransformei depois que morreu. Ela s no tinha mais a tuberculose. E no eramais a Lorena que eu conheci.

    O livro dela foi lanado com sucesso na Europa, Lorena Flrian, precursora dapoesia gtica. Eu lia os poemas dela todas as noites antes de dormir. Lia em

    voz alta, na esperana que ela voltasse para mim, me perdoasse. At quenuma noite, ela voltou-se para mim e disse:

    Por que no me deixou morrer?, Lorena disse olhando a noite do lado de forada janela.

    Eu no saberia viver sem voc., eu respondi levantando os olhos do livro.

    Eu te amei por tudo que eu no podia ter ao teu lado. Eu te pedi, eu implorei,eu queria morrer.

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    Com a sua morte eu no queria danar, Lorena. No queria limpar seu corposem vida, colocar flores em seu cabelo, vesti-la na camisola branca que mevisitava todas as noites. Ler os seus poemas ao p do caixo. Eu leio paravoc aqui ao meu lado, viva., eu disse sem segurar as lgrimas.

    Viva? Viva? No sou viva, William. Beber o sangue que voc me d, no medeixa viva. Eu finjo que ainda tusso para lembrar como era ser viva. Atuberculose me dava mais vida do que isso que sou., ela bateu no peito.

    Morrer era mais importante do que ficar comigo?

    Morrer feliz por ter te amado era o mais importante para mim. Voc me tirouda tristeza que me acometia.

    Eu queria te dar felicidade, um abrao... um beijo. Nunca senti teus lbios

    vivos., eu joguei o livro em cima da cama.No ir sentir, William. Voc no me deixou morrer antes, no me deixamorrer agora. Obrigou-me a ficar aqui, morta-viva, ao seu lado eternamente.Eu tive chance de ir para outro lugar melhor. Agora ambos viveremos noinferno.

    Nesses dez primeiros anos como vampiros, Lorena tentou se matar vriasvezes. Eu ficava acordado durante o dia velando o corpo dela para que nofosse de encontro ao sol. At que um dia a proibi de se matar. Desde essa

    conversa que tivemos, Lorena passou a fazer de nossa vida um inferno. Elasumia durante semanas e depois voltava para mim trazendo um amantehumano. O matava e eu tinha que esconder o corpo.

    Encontramos vrios vampiros na Califrnia, conhecemos a Autoridade. Euaprendi que no havia apenas o meu criador sendo usado pelos ndios. Noexistia apenas eu e Lorena. Havia muitos e muitos vampiros, e a Autoridadetentava mant-los em ordem. Mesmo que por debaixo do pano.

    Meus conhecimentos dos indgenas na fronteira com o Mxico e o fato de falaralgumas lnguas, me ajudaram a conseguir um bom lugar na Autoridade. Bomlugar eu diria, evitar que Lorena fosse pega por matar tantos humanos. Eutambm matava, poucos, mas matei. Na poca no tnhamos TruBlood, ealguns momentos no dava para nos controlarmos.

    A Autoridade no aprovava tantas mortes de humanos por apenas um vampiro,Tnhamos uma cota mensal, de trs humanos no mximo. Lorena extrapolavatodo ms, chegando a dez em alguns. S que ela matava na esperana de quea morte a pegasse sem querer. Enquanto matava um humano, a morte alevasse junto quando viesse buscar a alma. Lorena continuava danando com

    a morte, eu no queria mais saber disso. S a queria ao meu lado, noimportasse o quanto me custasse.

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    Ficamos uns cento e poucos anos na Califrnia, eu consegui uma boaquantidade de ouro para a Autoridade, por conta de meus contatos indgenas ea descoberta de novas minas. E no Velho Oeste quanto mais ouro melhor.Assim, que a cota foi se esgotando, no tinha mais sentido continuar l.

    Na virada do sculo 20 fomos parar em New York, a cidade que nunca dormiae sede da Autoridade. E onde eu a perdi pela segunda e ltima vez.

    Eu estava bem inserido entre os vampiros da Autoridade, gozava de uma vidarica, tranquila e de muitos luxos. Aproveitei o que a cidade tinha de melhorpara oferecer. S que Lorena no estava contente, ela ainda queria memachucar pelo que tinha feito.

    Ela foi se unir com os piores vampiros da cidade. No se surpreenda, Eric erao lder deles. Eric Henrique Colunga no o nome verdadeiro dele. Pouco se

    sabe sobre o passado, de onde realmente veio e o nome que carrega naverdade. Godric, o criador dele, nunca revelou nada.

    S se sabe que foi um viking, quanto a isso ningum tem dvidas. A imagemdele inegvel. E tambm inegvel o quanto buscava riqueza e poder. Comobom viking que foi, tomou a Europa de assalto como vampiro, continuou aspilhagens de quando era vivo.

    Ele usava de todo tipo de artimanha para roubar os reinados europeus. Pam foirecrutada para ajud-lo. Eric nunca amou nada e nem ningum. Pam sabe

    disso tambm. A fortuna pessoal dele deve ser imensa. Assim como imensaa fila de pessoas que destruiu.

    Eu fao parte dessa fila, e no sou o ltimo dela, Sookita. Deixe-me continuar,algumas lembranas so dolorosas.

    Eric teve que fugir da Europa, a cabea dele tem um preo enorme at os diasde hoje. No adiantou Godric tentar dissuadir os vrios reinados. Eric deixouum rastro complicado de apagar. Eu s sei o que contaram por cima, no seidos detalhes do que fez e no me interessei em saber.

    S me interessei quando ele surgiu em New York e continuou aplicando osgolpes que estava acostumado na Europa. Eric chegava nas moas de famliasricas. Fceis de serem usadas e depois descartadas. Pegava tudo o quetinham. Chegou a se casar com algumas, logo depois apareciammisteriosamente mortas e a fortuna toda para o marido.

    Naquela poca era fcil enganar e depois sumir. Ainda mais numa cidadeenorme como New York e as redondezas. Mas, havia poucas provas contra elepara a Autoridade agir. Ele ficou mais cuidadoso depois do que aconteceu na

    Europa.

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    No demorou em Lorena se envolver com ele. Eu no estava surpreso por elafazer isso, e sim por se envolver com outro vampiro. Lorena s buscavahumanos para matar e com Eric no teria nada disso.

    Lorena se deixou usar por ele, isso eu no posso negar. S perdeu a razo

    quando Eric se cansou dela e a deixou por outra mais interessante. Nodesespero em no perd-lo e me atingir, Lorena prometeu que entregaria aminha fortuna em ouro. Eric s precisava me matar se quisesse ter acesso aocofre.

    Ela me vendeu para ele, s no mencionou como eu era bem quisto naAutoridade. O que foi o erro quase fatal de Eric. Lorena queria me ver morto,s no tinha foras para me matar. Ento, resolveu usar um vampiro mais fortee sem escrpulos. Encontrou o par perfeito em Eric.

    Como eu sei disso? Quando ela arranjou a minha morte com Eric, algumashoras antes ela fez questo de me contar tudo o que armou. Nos mnimosdetalhes, tudo que fez com Eric, as noites de sexo, tudo que prometeu em ouroe o que ele iria fazer quando chegasse.

    Eu me senti impotente, talvez merecesse morrer pelo que fiz a ela. Mesmo quefosse nas mos de um calhorda como Eric. Eu escutei calmamente o planodela, escutei ela dizer o quanto me odiou e desejou minha morte nos sculosque passamos juntos. O quanto ela matou humanos para me atingir, o quantodesejava encontrar a morte e eu a proibi.

    Eu deveria ter morrido naquela noite no cemitrio indgena, ela deveria ter sidocurada depois pelos ndios. Eu queria isso para ela, mas o amor faz com quetomemos atitudes impensadas. Mesmo que nos arrependemos depois e notenha mais volta.

    Eric apareceu pontualmente meia-noite como combinado com Lorena. Sesurpreendeu por eu no oferecer resistncia. Lembro a voz fria dele no meurosto quando me puxou para perto dele.

    Qual o segredo do cofre?, Eric disse me agarrando pelo colarinho.

    Cuide de Lorena quando eu me for., eu implorei nas mos dele.

    O segredo.

    Eric me jogou de encontro parede onde estava o cofre, um quadro caiurevelando o objeto de desejo do vampiro. Lorena estava quieta ao lado dajanela observando tudo. Eu s tinha olhos para ela, nada mais me importavanaquele momento. Nem as luzes brilhantes da cidade l fora, nem aspromessas de um futuro que nunca se concretizou.

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    Eu falarei se prometer que ir cuidar de Lorena., eu disse me levantando comdificuldade.

    Cuidarei com todo carinho., Eric debochou colocando as mos no peito.Agora diga, no tenho a noite toda para perder aqui.

    Eu sabia que Eric no cuidaria dela, que a deixaria desamparada. Mas, eu fiz oque pude ao meu alcance. Eu disse os nmeros e Eric sacou do bolso dopalet uma estaca. Ele no queria se sujar e no poderia deixar pistas para aAutoridade.

    Quando Eric se preparava para me matar, Lorena foi se aproximando ereunindo a pouca fora que tinha me empurrou e se colocou na frente daestaca de Eric. Ele no hesitou e a matou sem dor na conscincia. Ela caiumorta aos meus ps. Pela segunda e definitiva vez.

    Lorena no queria a minha morte, no conseguiria me ver morrer. Eric notinha o direito de mat-la como fez. Ele poderia ter evitado, mas o desejo desangue que tinha deveria ser maior at do que o ouro. Ele nem roubou nadanaquela noite, fugiu pela janela como o canalha que sempre foi.

    Eric foi preso graas aos testemunhos de vampiros que sabiam do caso dosdois e o meu prprio testemunho final. E ele seria executado se no fosse porGodric interceder e salv-lo.

    Godric morreu no lugar de Eric e o mandou para viver aqui, sob as asas deSantiago. O cruel destino quis que eu viesse para c na sede da Autoridademexicana. Desde ento nos evitamos o mximo que pudemos, eu no suportoEric usando as mesmas artimanhas de sempre. Ele no precisa mais roubar,mas nunca se tira o canalha de um homem como ele.

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    Bill se levantou da cadeira de seu escritrio, o peso das lembranas o tinhaatingido. O rosto possua uma expresso perdida, algumas lgrimas de sanguetinha escorrido. Ele caminhou at onde Sookita estava sentada e tocou noombro dela.

    Graas a voc eu superei Lorena, minha querida.

    Voc tem o livro dela?, Sookita perguntou limpando as lgrimas.

    Sim, na biblioteca., ele apertou o ombro dela. Eu no queria que descobrissedessa maneira tudo que aconteceu. Eu queria te contar em outro momento.

    No sei o que pensar.

    Eric cruel e a esta usando para me atingir. Ele acredita que usei Lorena prapeg-lo. E sonha em vingar a morte de Godric.

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    Sookita se levantou com o rosto banhado de lgrimas e saiu correndo doescritrio de Bill.

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