True Blood - Escravos do Amor - Capítulo 43 - Gosto de Sangue

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Temporada 03 Capítulo 43 Gosto de Sangue By We Love True Blood That's the test, ain't it? Test of true love. A primeira coisa que ele viu na sala de interrogatório foi a antiquada cadeira no meio da sala, ele sabia o que significava, não era coincidência ser parecida com uma cadeira elétrica. Havia apenas uma pálida luz branca em cima da cadeira, o resto da sala se escondia na escuridão, assim como os outros vampiros que lá se encontravam. Eric farejou o cheiro deles, um cheiro antigo e que ele não sentia havia um longo tempo. O olhar dos três que lá estavam recaiu sobre ele, ficou incomodado por observarem daquela maneira, como se fosse um rato de laboratório esperando ser usado. Um deles passou velozmente por trás de Eric e o empurrou na direção da cadeira. Ele caiu desajeitado no chão, olhou para os lados procurando o autor do empurrão, mas não teve sucesso. Havia um vampiro muito velho naquela sala e definitivamente não era ele. Ele se apoiou nos braços da cadeira e se ajeitou para sentar de maneira displicente. Notou que perto da cadeira tinha uma mesa de aço com vários instrumentos de tortura. Ele revirou os olhos diante do método convencional do temido Executor. Não era muito diferente do que ele já enfrentou na Autoridade. Ficou um pouco preocupado se novamente demoraria a recuperar igual da outra vez em que foi torturado junto de Bill.

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Finalmente voltamos com nossa novela mexicana favorita. Não percam esse capítulo imperdível!!!

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Temporada 03 Capítulo 43

Gosto de Sangue

By We Love True Blood

That's the test, ain't it? Test of true love.

A primeira coisa que ele viu na sala de interrogatório foi a antiquada cadeira no meio da sala, ele sabia o que significava, não era coincidência ser parecida com uma cadeira elétrica. Havia apenas uma pálida luz branca em cima da cadeira, o resto da sala se escondia na escuridão, assim como os outros vampiros que lá se encontravam.

Eric farejou o cheiro deles, um cheiro antigo e que ele não sentia havia um longo tempo. O olhar dos três que lá estavam recaiu sobre ele, ficou incomodado por observarem daquela maneira, como se fosse um rato de laboratório esperando ser usado.

Um deles passou velozmente por trás de Eric e o empurrou na direção da cadeira. Ele caiu desajeitado no chão, olhou para os lados procurando o autor do empurrão, mas não teve sucesso. Havia um vampiro muito velho naquela sala e definitivamente não era ele.

Ele se apoiou nos braços da cadeira e se ajeitou para sentar de maneira displicente. Notou que perto da cadeira tinha uma mesa de aço com vários instrumentos de tortura. Ele revirou os olhos diante do método convencional do temido Executor. Não era muito diferente do que ele já enfrentou na Autoridade. Ficou um pouco preocupado se novamente demoraria a recuperar igual da outra vez em que foi torturado junto de Bill.

Eric mexia as pernas impaciente, de vez em quando tamborilava os dedos no encosto da cadeira. Vários minutos tinham se passado e nada de interessante tinha acontecido. Admitia que estivesse curioso em saber o que viria pela frente. A Autoridade tinha largado o teatro faz tempo, hoje em dia são mais diretos, sem tanta embromação. Mas, pelo jeito o Executor seguia a linha passada, talvez estivesse preso na Idade Média.

“Eiríkr...”

O som de seu nome pareceu distante quando ecoou na sala, trouxe lembranças que estavam enterradas e esquecidas dentro dele. Como o Executor sabia o seu nome verdadeiro? Poucos sabiam disso, nem Pam

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conhecia o passado dele por inteiro. A última vez que ouviu a língua antiga de seu país natal foi por sua esposa antes de morrer. Ele apertou os olhos com as mãos, não queria se lembrar de quem foi, de quando era vivo. Queria continuar sendo Eric, somente Eric com seus sobrenomes inventados.

“Não errou a pronúncia. Onde aprendeu?”, ele perguntou tentando recobrar o controle.

“Com sua bela mulher.”, a voz disse perto da orelha de Eric. “Asfrid...”

Eric levantou num pulo da cadeira com as presas brilhando na luz. Se jogou na direção da voz, mas foi contido pelos outros dois vampiros que estavam na sala. Ele tentou se soltar, chutava as cegas e gritava desesperado.

“Quebrem.”, a voz deu a ordem.

Os dedos se fecharam nos braços musculosos de Eric, a pressão aumentando gradativamente, os ossos partindo no meio como se fossem de vidro. No inicio ele não sentiu dor, depois um formigamento começou a subir pelos seus dedos, passado pelos pulsos e chegando aos cotovelos. Até que o estalo final no braço superior esquerdo trouxe uma dor terrível, ele mordeu os lábios para não demonstrar o que sentia. O primeiro vampiro soltou o braço que ficou pendendo de um lado para o outro. Antes que pudesse sentir alivio, o braço direito foi quebrado e dor se igualou ao do outro.

Ele foi obrigado a sentar na cadeira pelos vampiros. Eric olhava para os braços que pendiam para fora da cadeira, ele não conseguia controlá-los e nem senti-los. O osso do braço direito quase se projetou para fora, ele conseguia ver a ponta roçando na pele. Fazia tempo que não quebrava nada em seu corpo, tinha esquecido quanto era doloroso. Demoraria algumas horas para se recuperar. Mas, o nome de sua esposa continuava em sua mente. Ele não sabia se a dor foi tanto pelos braços quebrados ou pelo nome dela dito em vão por um ser qualquer.

“Como... como sabe o nome?”, ele perguntou.

“Estou vendo. Eu sei.”, a voz mais uma vez soou perto do ouvido de Eric. “Sou como um padre, seus segredos estarão comigo, não irão sair desse lugar.”

“Quem de vocês irá me comer primeiro? Já que são padres...”, Eric disse se ajeitando na cadeira, tentava mover os braços.

“O que seria comer?”

“Não sou eu que te ensinarei sobre isso.”, ele retrucou forçando os braços para cima, mas não conseguiu, a dor continuava insuportável.

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“É um vampiro interessante, Eiríkr. Sua mente é um deleite.”, a voz brincou perto de sua orelha, Eric sentiu a nuca formigar.

“O que tem?”, ele perguntou virando a cabeça para o lado, mas só enxergou de relance um dos vampiros que o atacou, pelo menos foi o que achou que viu.

“Leve-me até Jason.”, a voz pediu calmamente.

“Agora é um interrogatório? Achei que já tínhamos quebrado o gelo com a tortura.”

“Foi apenas um gesto para educá-lo.”

“O Executor precisa de capangas para fazer o trabalho sujo...”, Eric balançou a cabeça rindo.

“Se mostrar o que preciso ver, saíra daqui por inteiro.”

“Mostrar o que?”

Eric franziu o cenho sem entender o rumo da conversa. Aliás, tudo estava confuso desde que entrou na sala. O Executor sabia o nome real dele, da esposa e nem queria imaginar o que mais poderia saber. Eric não iria insistir, já bastavam às dores das lembranças que eram maiores do que a de seus braços.

“A verdade.”, a voz soou forte. “Mostre-me Jason.”

“Eu não matei Jason.”, Eric disse friamente.

Pensou na noite em que encontrou Jason, a noite que agiu por impulso, que deixou seus instintos de lado. Ele tinha vários motivos para matar Jason, um deles era apenas para provar que podia fazer isso, que conseguia fazer o que queria e como bem entendesse. Em outros momentos teria realmente matado o rapaz, esconderia o corpo e negaria qualquer envolvimento até o fim. Jamais faria um serviço tão amador como o verdadeiro assassino fez.

“Estou vendo que o ameaçou. Exatamente como a moça exibiu.”

“Que tipo de interrogatório é esse?”

De repente, ele notou o motivo de tanta confusão. Demorou em perceber que não ouvia a voz do Executor e sim a sentia em sua mente. Era algo tão sutil, que se ele não tivesse falado nada, Eric nem perceberia. Como um vampiro conseguia ler mentes? Era como Sookita? Ou era um bruxo?

Eric se mexeu incomodado na cadeira, os braços ainda pendiam frouxos, a dor continuava constante, mas ele conseguia controlar dessa vez. Teria que bloquear seus pensamentos de algum jeito. Não era uma sensação boa sua

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mente sendo invadida sem que ele pudesse evitar. Sookita tinha um poder incrível, somente agora ele tinha noção da dimensão e do perigo. E mais ainda do que representava o medo do Executor. Ele leu a sua mente, ele sabia de seu passado, de seus segredos, poderia fazer o que quisesse com essas informações. O pânico tomou conta do corpo de Eric, somente quando foi transformado por Godric que sentiu algo parecido.

“Deixe-me ver quando arrancou o coração do rapaz.”

“Eu não arranquei coração nenhum.”

Ele fechou os olhos, levando os pensamentos para longe de seu passado, de sua dor, não deixaria que o telepata vampiro tivesse acesso como bem entendesse. Só de pensar em toda essa situação, ele teve uma vontade incontrolável de rir. Ser interrogado por um telepata que é um vampiro.

E todas essas situações fora do comum aconteceram depois que conheceu Sookita. Ele brochou durante o sexo um dia depois que ela deu vexame em sua boate, a missão falhou espetacularmente, depois foi torturado pela Autoridade, salvou Bill por causa de Sookita. E no fim acabou envolvido com ela mais do que gostaria. Uma vez ele pensou que fosse algum tipo de praga que ela jogou por tê-la enganado que era cristão. Não parecia tão impossível agora.

“Você pode tentar me bloquear, até conseguirá algum sucesso.”, a voz se tornou ameaçadora. “Se insistir, terei que educá-lo novamente.”

“Foda-se!”, Eric gritou ainda de olhos fechados. “Quebre o meu corpo inteiro se quiser.”

Havia enfrentado todo tipo de dor como vampiro, inclusive enfrentou a dor da morte e não seria uma tortura estúpida como essa que o faria sucumbir. Eric levou a mente dele para a lembrança da vez que foi arrastado por Pam para assistir uma apresentação de balé. Seria o suficiente para encher de tédio o Executor, como ele sentiu quando assistiu.

Foram anos antes de irem para os Estados Unidos no fim século do XIX. Ele odiou cada instante que passou naquele lugar, especialmente por causa da alta sociedade francesa da época. Ele nunca se sentiu a vontade em ambientes requintados e cheios de frescuras. Nesses momentos ele sentia falta de quanto era um homem do Norte, que comia com as mãos, desmaiava de tanto beber Ale1, se recordava como se fosse hoje de um dito comum entre os seus: “Ale se eu tê-lo, água se não tenho Ale.”

1 Um tipo de cerveja produzida da cevada maltada. Típica na Idade Média e popular entre os vikings que chamavam de björr.

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Ele bocejou boa parte do balé, as dançarinas rodopiando e os homens usando enchimentos fingindo serem bem dotados. Pam ficou furiosa com essa piadinha dele. A história era sobre Conrad, o Corsário, um pirata degenerado que se apaixonou perdidamente. Ele abriu os olhos assombrado por se lembrar desse período em especial. A história se assemelhava a sua nesse momento. Ele praguejou baixo por não conseguir se concentrar como deveria. Acabava chegando de alguma maneira em Sookita, mesmo que seus pensamentos estivessem na Paris de 1830 e pouco.

“A moça.”, a voz disse surpresa longe da cabeça de Eric. “Ajudem-no com os braços.”, disse para os dois vampiros. “Como Khristós.”, essa última disse apenas na mente deles.

Os vampiros assentiram com a cabeça, um deles remexeu na mesa procurando o instrumento que iria usar. Colocou um par de luvas, o outro vampiro o imitou. Em seguida, cada vampiro pegou um cravo de prata que media quase 20 centímetros. Ambos se aproximaram de Eric se colocando em cada lado da cadeira.

A voz deu uma nova ordem que Eric não entendeu, e nem era na língua da Autoridade. Os vampiros ajeitaram sem cuidado os braços quebrados de Eric no encosto de madeira. Levantaram os cravos acima da cabeça e desceram com força nas mãos dele. Os espinhos atravessaram a carne, só parando quando alcançaram a madeira.

Eric viu pontos brilhantes na frente dos olhos, rangeu os dentes para não gritar pela dor lancinante que sentia. Os braços quebrados não eram nada perto disso. As mãos vibravam como se pegassem fogo, ele não conseguia mover os dedos. Pendeu a cabeça para trás tentando aliviar a dor de alguma maneira. Mas, não conseguiu, as mãos continuavam latejando, a pele repuxando por causa da prata.

Sua mente se apagou, não pensava em mais nada, não se lembrava de mais nada, nem de Asfrid, nem de um dia ter se chamado Eiríkr, muito menos de beber Ale. Sookita sumiu na escuridão, junto de todo o resto.

“Acorde-o.”, a voz esbravejou na sala.

Um dos vampiros puxou Eric pelos cabelos, deu vários tapas na cara dele, deixando marcas na pele pálida.

Ele abriu os olhos lentamente soltando um longo suspiro. Não queria voltar da escuridão, tinha sido um único lampejo de descanso que teve em muito tempo. Cuspiu uma boa quantidade de sangue viscoso na direção do vampiro que se afastou antes que fosse atingido. Queria voltar a desaparecer, queria o nada.

“Por que não encontro?”

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A voz disse fiscalizando os pensamentos de Eric que começou a gargalhar como se fosse um louco. Apesar de não sentir boa parte do corpo, era divertido desconcertar o poderoso Executor. Mesmo se tivesse a cabeça arrancada, ele não iria vender tão facilmente seus pensamentos.

“Tragam a moça.”, a voz ordenou na mente dos vampiros.

A porta se abriu e fechou em segundos com a saída dos capangas. Eric parou de gargalhar quando notou que só havia ele e o Executor na sala.

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Sookita tinha perdido a noção do tempo na sala onde estava. Ficou completamente sozinha desde que o Executor saiu. Ela já andou de um lado para o outro, sentou na mesa, arrumou a cadeira no lugar, caminhou tateando nas paredes na parte escura da sala, não queria ser surpreendida novamente.

Até que cansou de se mexer tanto e sentou-se na cadeira, apoiou a cabeça no braço em cima da mesa. Imaginava o que poderia estar acontecendo, se Eric estaria sendo interrogado, ela não queria ficar de fora. Nem queria pensar em mais surpresas nessa noite, bastava ter descoberto que existia um vampiro telepata. Não seria assustador dizer que foi a maior surpresa em toda a sua vida.

Ler os pensamentos de Eric tinha sido bastante estranho, algo fora do normal. Ela nunca tinha captado nada de um vampiro. E pela preocupação do Executor, não seria algo bem visto pelos vampiros e poderia ser perigoso para ela. Será que ele foi transformado proposital? Ela corria o risco de ir para o mesmo caminho? Um arrepio subiu pela sua espinha, não gostaria de ser vampira, viver eternamente e se alimentar de sangue. Bill havia respeitado esse seu desejo, e esperava que os outros vampiros também respeitassem, principalmente a Autoridade.

Nunca quis saber por que tinha esse dom, encarou durantes anos como uma maldição, que a deixava afastada das pessoas e a impedia de ser feliz. Sua avó acreditou durante um tempo que poderia ser algum tipo de possessão demoníaca, inclusive a levou quando era pequena para um ritual numa tribo indígena. Não deu nenhum resultado, Sookita continuou lendo a mente de todos. A avó recorreu ao método usual para se lidar com pessoas fora do comum, religião e Igreja todo sábado e domingo.

Foi Tara quem a salvou de uma vida tediosa e voltada para a Igreja. Era a amiga quem a ajudava escapar pela janela para ir a bailinhos, quermesse e outros eventos da escola. Na frente da avó Adele, Tara fingia ser uma menina correta e temente a Deus. E Sookita sentia-se culpada por enganar a avó quando saía escondido. Mas, mantinha a palavra ficando quieta num canto do baile da escola e evitando os meninos.

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Seus devaneios foram interrompidos quando a porta se abriu. Um vampiro que ela nunca tinha visto parou na entrada e fez um sinal para que o seguisse. Ela se levantou com cuidado, evitando qualquer movimento brusco, não queria correr nenhum risco desnecessário. Estava na toca do leão e não era inteligente abusar da boa vontade.

Assim que saiu pela porta, seus olhos foram diretamente para os dois vampiros parados um ao lado do outro. Eram altos, usavam ternos bem cortados e que realçavam os corpos magros. Ambos tinham cabelos pretos, curtos e olhares sem vida. E mais pálidos do que os outros vampiros. Ela imaginou como se fossem robôs de tão estranhos que eram. Eles não disseram nada, mas antes que se virassem para irem embora, ela notou manchas de sangue nos ternos, mesmo sendo de cor escura, o sangue se destacava.

Os dois caminhavam com o mesmo passo, devagar o suficiente para ela os seguirem. Pelo menos não a deixaram perdida naqueles corredores infinitos da Autoridade. Ela andava de cabeça baixa, apertava o passo quando eles viraram para entrar num novo corredor. Torcia as mãos sem esconder a tensão, seu corpo vibrava diante da expectativa, e ela sabia que só se sentia assim quando estava perto de encontrar Eric.

Ainda tinha as sensações que teve com ele naquela noite. Tudo que aconteceu depois foi nebuloso, ela queria tirar de sua mente o que passou na boate. Só que seu corpo clamava pelo sexo, pelo gozo que foi interrompido, mas sua mente a alertava para que não cruzasse novamente a linha. Sookita sabia que fazia algo perigoso, mesmo assim não conseguia sair desse círculo vicioso em que se encontrava.

Os vampiros pararam em frente uma porta parecida com a da sala onde ela esteve. Só que não entraram, apenas abriram a porta para ela e indicaram com a cabeça para que entrasse. Sookita engoliu em seco conforme passou pela porta. A primeira coisa que percebeu foi o cheiro forte de sangue, ela sentiu o estômago revirar, apertou a barriga para que a vontade passasse.

A porta fechou num estrondo, ela se voltou para trás com receio do que aconteceria. Recomeçou a caminhar lentamente na direção do único foco de luz, a sala não era grande e ela não demorou em perceber que havia alguém sentado numa cadeira. Cada vez que se aproximava o cheiro de sangue aumentava, como se fosse de algo morto e o enjoo dela crescia, não sabia se conseguiria controlar por muito tempo a vontade de vomitar.

Ela parou em frente à cadeira e soltou um grito de horror com o que viu. Eric estava sentado, ensanguentado e com as mãos presas por pregos enormes, um osso do braço dele se projetava de maneira estranha sob a pele. Ela tapou a boca quando sentiu que iria vomitar, era mais forte do que ela. O cheiro

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horrível vinha dele e não queria imaginar o que tinha acontecido para ele ficar desse jeito.

A cabeça dele pendia de lado, os olhos fechados. Sookita se afastou, queria sair dali. Por mais que quisesse vê-lo sofrendo, não estava preparada o suficiente.

“Acalme-se.”

A voz do Executor surgiu em sua mente. Ela parou no mesmo instante, não estavam só os dois na sala. Ela nem tinha percebido a presença dele, assim como da outra vez. A escuridão tomava conta do resto da sala, pelo jeito ele queria se esconder.

“Eu não quero ver isso.”, ela respondeu usando a telepatia.

“Não foi o que exigiu?”

“Sim, mas não sabia que seria... assim... desse jeito.”, ela soltou um gemido baixo de angústia.

“Sookita...”, a voz de Eric soou na sala.

Ela estremeceu quando o ouviu, ele a tinha visto? Esperava sair antes que ele acordasse da tortura. Ela se afastou mais ainda dele, tentando se esconder no escuro da sala. Não queria que ele a visse, não queria um confronto, só queria a verdade.

“Seu cheiro... estou sentindo.”, ele disse levantando a cabeça.

Sookita não tinha como se esconder por muito tempo. Havia se esquecido do senso apurado dele. Ela deu alguns passos com cautela, ainda se sentindo nauseada com o cheiro de sangue. Parou novamente em frente à cadeira cruzando as mãos em frente do corpo, seu coração batia loucamente como se quisesse saltar do peito.

“É uma alucinação? Esse maldito está brincando com a minha mente.”, Eric disse se mexendo na cadeira, mas parou em seguida soltando um grito de dor por causa das mãos presas.

“Eu estou... estou aqui.”, ela disse tentando se manter firme.

“Bastian... não estava com ele? Como?”, ele perguntou confuso e a encarou cerrando os olhos, como se tivesse dificuldade em vê-la.

“Eu estava, e agora estou aqui.”

“Eles estão te usando, como eu sabia que fariam.”, Eric rangeu os dentes de raiva. “Deixe ela ir embora, seu filho da puta.”

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Ela foi até a Autoridade porque quis descobrir o suspeito da morte de Jason. Não foi usada por eles, em nenhum momento como Eric tinha pensado antes. Provavelmente ficou paranoico diante da possibilidade da verdade vir à tona.

“Posso te mostrar a verdade.”, o Executor falou novamente na mente dela.

Sookita torceu as mãos nervosamente. Eric estava diante dela se contorcendo de dor, tentando tirar as mãos presas, só que não conseguiu. Ele deu um grito angustiante. Ela desviou o olhar, já o tinha visto vulnerável uma vez, só que agora ele estava impotente, perdido e sem forças. Ele não devia ser acostumado se sentir dessa maneira, ela sentiu pena.

“Você viu na mente dele?”, ela colocou a mão no peito, os olhos encheram de lágrimas.

Imagens de Jason perto do puteiro de Lafayette inundaram sua mente. Sookita fechou os olhos sentindo um peso no peito. Ela não teve dúvidas de que via através de Eric, ele observava Jason, ele caçava a presa. Sentiu as lágrimas escorrendo ao ver o irmão vivo novamente, mesmo que alguns momentos antes de morrer. É como se o sentisse novamente perto de si, até o cheiro dele estava com ela.

Eric fez um barulho para atrair Jason. Sookita viu o irmão correr desesperado e se esconder dentro da lixeira. Agora as peças se montavam dentro de sua cabeça, as cenas que tinha pensado ter sonhado e o que captou vagamente com Eric.

Ela sentia o medo de Jason pelos olhos de Eric. O medo de ser pego, de ser morto. Quando Eric o pegou pelo colarinho e o ameaçou, ela tentou fechar os olhos e não ver mais nada. Só que não conseguiu, as imagens continuavam dançando na frente de seus olhos.

Como ele tinha mentido? Como poderia ser tão maldoso? Ela balançava a cabeça sem entender. Tinha sido usada por Eric com o proposito maldoso de atingir Bill e havia matado Jason para machucá-la, deixá-la suscetível a sedução dele. Tudo fazia sentido, ela havia sido cegada pela noite de paixão que tiveram. Tinha se entregado para um mentiroso, o assassino de seu irmão.

Eric ria de Jason, zombava do pavor dele, se divertia que iria matá-lo. O jogou no chão com violência. Jason estava com o rosto banhado de lágrimas. Sookita meneou a cabeça, não poderia mais continuar vendo. Seria penoso assistir a morte covarde de seu irmão.

“Pare... pare, por favor...”, ela implorou.

“A mente do vampiro não mente, assim como a sua também não.”

“Foi ele...”

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Ela abriu os olhos injetados de sangue pelo choro doloroso. A pena que sentiu de Eric se foi, queria que ele sofresse o que ela estava sofrendo. Queria que pagasse pelo que tinha feito. Queria que ele sumisse de sua vida. Queria machucá-lo.

“O vampiro não liberou o momento da morte.”

“Como não?”, ela perguntou surpresa.

“Ele é determinado em esconder a verdade.”

Eric continuava gritando de raiva e tentando se soltar. O sangue continuava saindo pelos buracos nas mãos, sangue misturado com prata, cheiro de morte.

“Eu vim até aqui porque quis.”, Sookita disse para ele.

“Por quê?”, ele perguntou lentamente.

“Sei o que você fez.”, ela disse numa voz embargada, não queria demonstrar o quando estava sofrendo por isso.

“Eu pedi para não acreditar neles, Sookita.”

“Eu vi, Eric.”, ela apertou as mãos, queria socá-lo. “Eu vi o que fez com Jason.”

“O que viu?”, ele disse num tom baixo, distante.

“Nessa sua mente corrompida. Machucando meu irmão, fazendo o mal para ele.”, ela gritou.

“Minha mente? Foi ele que te mostrou?”, Eric disse com desdém.

“Não. Eu mesma vi quando estávamos...”, ela enxugou as lágrimas que estavam sendo substituídas pelo ódio crescente. “No seu escritório.”

“Você é como ele?”, ele disse assustado. “Desde quando isso acontece?”

“Foi só uma vez, Eric. Não consegui ver todas as vidas que você destruiu. Não se preocupe.”

“Não entendo o que está acontecendo.”, ele disse balançando a cabeça.

Ela se aproximou dele na cadeira, desejava atingi-lo, desejava mais sangue dele escorrendo.

“Suas mentiras foram expostas. Aquele seu papinho furado de que eu tinha que confiar em você... como fui idiota.”, ela soltou uma risada amarga.

“Como eu o matei, Sookita? Vamos? Me diga?”, Eric levantou a cabeça em tom de desafio.

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“Eu... você... não importa. Eu vi você ameaçando Jason, é o suficiente.”

“Como pode me amar e duvidar?”, ele disse num voz rouca. “Vocês humanos não tem o sexto sentido de sentir a verdade de quando se ama?”

“Está enganado, Eric. Agora sei que nunca te amei, jamais poderia ter amado um ser como você. Eu amei uma mentira que você mostrou como verdade.”, ela disse.

“O que sinto por você nunca foi uma mentira, se teve algo verdadeiro desde que conheci, foi esse... amor.”, ele disse com receio.

“Amor? Você admitiu que gostava de mim como se fosse uma doença. Deve estar muito desesperado para apelar dessa maneira.”, Sookita disse incrédula.

“Tentei odiar você pela dançarina, por Jason, por Bill. Falhei de maneira vergonhosa.”, Eric a olhava intensamente. “Eu não queria sofrer novamente por uma humana... as diferenças da imortalidade.”

Sookita meneava a cabeça, não queria ouvir essas palavras vindas dele no momento mais errado possível. Horas atrás teria feito o impossível para ficar com ele se tivesse admitido alguma coisa que fosse.

“Eu já amei e perdi, eu sei o que é isso. Não sou apenas um maldito vampiro sanguinário, eu fui humano, porra!”, ele fechou os olhos como se quisesse diminuir a dor que sentia.

“Não é mais humano...”, Sookita disse num fio de voz.

“Se não sou como posso sentir essas coisas?”, ele disse abrindo os olhos vagarosamente. “Como posso te amar?”

“Não pense que falar... que falar essas coisas melosas irão me atingir. Esse teu discurso barato... é patético.”, ela cruzou os braços.

“Se não acredita no que digo. Então, leia a minha mente de novo.”, ele se mexeu na cadeira, as feridas se abriram mais por causa dos cravos.

“Jamais.”

“Leia, porra... leia... não veja só o que te interessa. O monstro que tanto deseja encontrar.”, ele forçou a perna no chão tentando se levantar.

“Não desejo nada. Se eu te tocar será pra te machucar.”, ela gritou.

“Faça o que tem vontade, não irei te impedir. Estou meio preso aqui.”, ele disse com um sorriso de canto voltando a se acomodar na cadeira.

Sookita sentiu o sangue ferver quando viu o sorriso na cara dele. Eric estava brincando com ela até nesse momento, dizendo que a amava, mas no fundo

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queria se safar a manipulando como fez antes. Ela partiu para cima dele as cegas, dessa vez sem volúpia, sem paixão, e muito menos em busca de prazer. Era queria machucá-lo, queria que ele sumisse.

Ela desferiu um tapa na cara dele, em seguida arranhou o rosto dele com as unhas. Não estava satisfeita com aquele sangue das feridas, ela ansiava por mais. Só de lembrar que o tinha beijado com tanta vontade, feito sexo com ele e agora o estava atacando. O ódio dela aumentava conforme acertava socos no peito dele, no rosto, ela nem sabia mais onde atingia.

A mão dela doía pelos golpes, a pele em cima dos ossos das mãos abriu no último golpe que soltou na cara dele. Agora era o sangue dela que impregnou o ar, não apenas o de Eric.

“Você tem que pagar... você tem que pagar.”, ela se afastou falando sem parar.

“Eu não o matei, Sookita.”, ele disse sentindo o sangue escorrendo pela boca. Ela tinha acertado golpes fortes, a raiva fazia isso com as pessoas, dava uma força até então desconhecida.

“Pare de mentir. Pare de tentar me enganar.”, ela voltou a chorar enquanto esfregava a mão ensanguentada no vestido.

“Não posso pagar por algo que não fiz.”

Ela sentia as lágrimas quentes escorrendo. Adoraria acordar novamente e saber que foi tudo um longo e terrível pesadelo. Que tudo voltaria ao normal em sua vida, que ela teria Jason, Bill e seria feliz como antes. Sookita desabou no chão sujo e cheio de sangue perto da cadeira de Eric. Estava cansada para continuar tentando descobrir a verdade. Ela chorava baixinho, e mantinha o máximo que podia o Executor longe de sua mente.

Eric tentou puxar a mão esquerda da cadeira, usou toda a força que ainda restava, mas não conseguiu. A dor não cessava por conta da prata. Ele queria chegar até ela. Sookita tinha que ler novamente seus pensamentos, descobrir que ele cometeu um erro bobo, mas não o de matar Jason.

“Leia mais uma vez a minha mente, Sookita.”, ele implorou, coisa que tinha feito pouco na vida.

“Não quero ver o que fez com meu irmão. O Executor foi benevolente em me poupar desse momento.”, ela voltou a encará-lo, agora via um estranho na sua frente, não era o homem que amou.

“Ele te poupou porque não viu nada.”

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“Eu sinto aqui dentro que foi você. Nada irá me tirar isso. Muito menos essa atuação de homem apaixonado.”, ela balançou a cabeça de um lado para o outro.

“Só viu o que todos os outros veem sobre mim.”, ele disse com pesar.

“Você escapou da morte de Lorena e escapará de novo.”, ela abaixou a cabeça. “Vou rezar até o fim da minha vida para que você encontre a morte, Eric.”, ela deu um soco no chão, gemeu pela dor que sentiu.

“A minha morte será o suficiente para aplacar sua dor?”, ele perguntou engolindo em seco.

“Meu irmão poderá descansar em paz sabendo que seu assassino pagou pelo que fez.”

Eric ficou pensativo, não esperava que tudo culminasse nesse momento. Justo agora que tinha admitido para si mesmo o que sentia, e mais uma vez iria sair perdendo. Ele podia sentir o ódio vindo dela, o desespero para que ele dissesse alguma coisa. Talvez fosse um castigo por ter escapado da sentença de morte. Ele podia sentir o ódio vindo dela, o desespero para que ele dissesse alguma coisa.

“Eu o matei.”, ele disse sem rodeios.

Sookita levantou a cabeça assustada, o encarou sem entender o que tinha acontecido. Ele tinha assumido o que fez, finalmente o suplicio de não saber acabou.

“Por que o matou?”, ela perguntou ficando de joelhos no chão.

“Jason era um traficante imbecil. Só tirei mais um das ruas.”, ele abriu um sorriso.

“Nunca me enganou, Eric. Somente aquela vez quando chorou em minha casa. Depois nunca mais. Nunca mais, está ouvindo?”

“Sim.”, ele disse ainda sorrindo.

“Quando será a execução dele?”, ela perguntou se pondo de pé com dificuldade.

“Logo.”, o Executor respondeu.

“Poderei assistir?”

“Não.”

“Eu tenho direito, sou a principal interessada.”, ela disse não escondendo à bronca.

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“Retire-se. Cuidarei de tudo daqui em diante.”, a voz soou irritada na mente dela.

“Obrigada.”

“Se afaste desse lugar. Logo te encontrarei novamente.”, a voz disse preocupada.

Sookita confirmou olhando para a escuridão atrás de Eric. Voltou-se para o vampiro de cabeça baixa na cadeira e disse com desdém:

“Uma pena que não terei o prazer de te ver morrer.”, ela se afastou em direção a porta. “Adeus, Eric.”

Ele ouviu a porta se fechar, não tinha como voltar atrás e nem queria. Daria a satisfação que Sookita esperava, não iria desapontá-la nesse momento. Não é todo dia que se conhecia um monstro como ele.

A mão do Executor se fechou no ombro de Eric. Fez uma leve pressão para mostrar que estava perto.

“Irá se sacrificar por uma ilusão de amor.”, o Executor disse invadindo a mente de Eric.

“Eu dei o que vocês queriam.”, Eric disse com escárnio.

O Executor apenas balançou a cabeça. Havia feito uma viagem interessante nas mentes de Eric e Sookita enquanto discutiam. Era o melhor momento para descobrir o que precisava. Inclusive a inocência de um e a maldade de outro, sem saber o que pertencia a quem.

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Delilah andava apressada pelos corredores da Autoridade. Carregava as pastas de maneira desajeitada, tinha que colocar todos os papéis em ordem. Teria que avisar Sophie-Anne de que Eric pretendia assumir o assassinato e teriam que cuidar dos trâmites da ida dele para os Estados Unidos.

Ainda estava digerindo essa informação dada pelo Executor. Eric era mesmo o culpado no final das contas. Ela acreditava que ele fosse mais inteligente em esconder as pistas e muito menos ser pego dessa maneira. A morte dele seria uma grande perda para a Autoridade mexicana. Ele foi um dos melhores agentes de campo que tiveram. Raramente falhou e quando errou selou o seu destino.

A fama dele de tantos séculos caiu no imaginário como sendo extremamente poderoso, agressivo e de sair incólume das confusões que se metia. Sempre foi objeto de desejo e ódio da Autoridade. Alguns o queriam como agente e outros o queriam o mais longe possível.

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Ela sempre achou Eric uma adição excelente para as missões que precisavam cumprir. Ainda mais as que envolviam morte. Uma pena a missão do Senador Morales ter dado tudo errado, em parte ela culpava Santiago por ter insistido em levar a telepata. Delilah sabia que seria uma distração e acabariam tendo problemas com Bill. Mas, não iria se meter na rixa pessoal de seu criador com o prefeito. Ela apenas cumpria ordens e fazia isso muito bem.

A lembrança do senador trouxe a tona o sumiço dele. O que será que tinha acontecido? A mídia se distraia entre o desaparecimento de Morales e o assassino de Jason. E estavam completamente no escuro nos dois casos, assim como ela também. Pelo menos o de Jason foi solucionado. Teriam que avisar a imprensa e essa era a pior parte, algo que ela odiava fazer. Mas, Delilah ficou sabendo que o Prefeito queria a honra de fazer esse anúncio, tinha motivos pessoais para isso, afinal, Jason era seu cunhado.

Delilah continuava perdida em seus pensamentos quando tropeçou num tapete persa que ficava perto do elevador. As duas pastas que carregava caíram no chão e se formou um redemoinho de papéis. Ela usou a velocidade vampírica para pegar todos eles antes que a porta do elevador se abrisse.

Ela guardou todos os papéis rapidamente nas pastas, mas notou que alguns tinham voado para o corredor que ficava na esquerda. Foi até lá bufando de raiva, estava perdendo tempo precioso.

Antes que voltasse novamente para o lobby dos elevadores, ela ouviu a voz de Leroy falando ao celular. Ela se encostou na parede do corredor para que ele não a visse. Sabia que não era certo ouvir a conversa alheia, mas Leroy raramente falava com outras pessoas a não ser Santiago.

“Ele confessou.”, Leroy disse o mais baixo que conseguiu, olhava em volta para se certificar que estava realmente sozinho. “Ele será tostado. Eu disse que não ia falhar.”

Delilah sentiu uma sensação estranha ouvindo aquela conversa. Não poderia ser Santiago do outro lado, era impossível. Do que Leroy estava falando? O que não deu errado? Ela não queria ficar paranoica, ainda mais tendo o caso resolvido nas mãos. Mas, o comichão que sentia dizia que tinha algo errado nessa história.

Ela tentou ouvir mais alguma coisa, só que Leroy entrou no elevador. Delilah correu para o lobby, ficou desapontada quando se viu sozinha. Teria que descobrir de alguma maneira com quem o calado e discreto Leroy conversou no celular.

Apertou o botão do elevador, olhou para as pastas que carregava e deu um beijo nelas. Por causa dos papéis poderia ter descoberto algo interessante ou talvez descobrisse que Leroy era apenas um fofoqueiro como qualquer outro.

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Assim que Sookita passou pela porta, bateu de frente com Bill que a encarou assustado. Ela o abraçou como se dependesse do toque dele, queria sair dali o mais rápido possível.

“Finalmente te encontrei.”, ele disse devolvendo o abraço com força.

“Foi ele, Bill.”, ela recomeçou a chorar, toda a raiva que sentia se transformou em angústia.

“Eric?”, ele perguntou tremendo ligeiramente.

Ela apenas concordou com a cabeça, não estava com vontade de dar explicações. Só desejava ter aquele longo sono novamente.

“Quero ir embora desse lugar, por favor.”, ela implorou num fio de voz.

Bill a afastou, olhava com curiosidade para ela. Notou que havia sangue em uma das mãos.

“Sua mão está machucada.”, ele mordeu a ponta do indicador e passou no ferimento dela.

Após se certificar que Sookia não tinha mais nenhum machucado, Bill a conduziu pelos longos corredores, até chegaram à entrada do prédio que parecia abandonado do lado de fora. Dessa vez ele não cobriu o rosto dela, não fazia diferença, ela jamais colocaria os pés ali de novo. Havia encontrado apenas sofrimento desde que foi até a Autoridade nessa noite.

Ela foi dormindo boa parte do caminho, sonhou novamente com Jason e Eric. Acordou assustada no momento em que Eric iria arrancar o coração de Jason. Bill a acudiu não escondendo a preocupação. Ela garantiu que estava bem, tinha sido apenas mais um pesadelo.

Sookita passava a mão no dedo que foi decepado, era uma mania que tinha adquirido para aliviar a tensão. Se lembrava do que tinha passado com o senador e voltava a se sentir viva. Precisava hoje disso mais do que nunca.

Tudo estava confuso, igual tinha acontecido no dia da morte de Jason. As vozes e luzes pareciam distantes, o cansaço crescendo em seu corpo e a sua mente agitada, trabalhando sem parar.

Não sabia se contaria para Bill sobre o Executor, tinha dúvidas se seria prudente. Confiava em seu quase ex-marido, talvez não fosse problema em compartilhar esse segredo.

“O que estava fazendo na Autoridade?”

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“Santiago não te explicou?”, ela desviou a atenção da janela do carro para ele.

“Não.”, ele disse impaciente.

“Eu... eu descobri que Eric esteve com Jason.”, ela engoliu em seco. “Bastian os viu juntos e resolvi a contar para a Autoridade.”

“Por que fez isso? Não tinha que se envolver.”

“Bill, é a morte do meu irmão. Eu tinha o direito de me envolver.”, ela disse irritada.

“Como Eric confessou?”

“O Executor é bastante persuasivo.”, Sookita disse com um sorriso enigmático.

“Conheceu o Executor?”, ele arregalou os olhos.

“Rapidamente...”, ela sentiu vontade de chorar novamente. “Não quero falar disso. Amanhã posso te explicar melhor.”

Ele se aconchegou ao lado dela no banco de trás, passou a mão nos ombros e Sookita pousou a cabeça no corpo dele.

Meia hora depois os dois entravam na mansão. Ela sentiu certo alivio de estar no aconchego da casa de Bill, não era a mesma sensação da casa de sua avó, mas já conseguia ver aquele lugar como seu também.

Subiu as escadas, sendo seguida por ele. Abriu a porta do quarto, foi em direção ao banheiro. Precisava se limpar, tirar o cheiro de Eric, não queria mais nada dele em seu corpo.

Quando voltou para o quarto um tempo depois, encontrou Bill parado perto da porta, esperando a volta dela. Sookita vestia uma camisola velha, não precisava se arrumar para dormir. Ela caminhou até a cama se sentando na beirada.

“Lorena será vingada, Bill.”, ela disse o encarando com os olhos brilhando.

“Jason também será.”, ele se sentou do outro lado da cama. “Quero te ajudar a esquecer Eric.”

“Não tenho o que esquecer. Ele morreu pra mim no momento que assumiu o que fez.”, ela disse sentindo o vazio tomando conta do peito, pensar em Eric doía, por mais que ela quisesse negar.

“Só de pensar em te perder.”, ele disse tocando na mão dela em cima da cama.

“Como ainda me quer depois de tudo que fiz?”, ela se virou para ele.

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“Você não teve culpa de nada. Eric te usou, te manipulou e quase conseguiu nos destruir.”, ele acariciou a mão dela. “Só que dessa vez ele quem se destruiu.”

“Eu não mereço o seu amor.”

Ele a puxou para junto de si, procurou os lábios dela em desespero. Sookita se deixou beijar, fazia tempo que não sentia o gosto de Bill e era até estranha essa sensação. Parecia que estava traindo Eric ao fazer isso, mas nada mais importava, ele já fazia parte do passado.

“Um vampiro... um...”, ela disse entre beijos. “Um vampiro pode sentir pelo sangue o prazer de outra pessoa?”

“Não entendi, minha querida.”, ele disse beijando o pescoço dela.

“Se você beber meu sangue, poderá sentir quando eu tiver prazer... orgasmo?”, ela disse sentindo o rosto vermelho.

“Sim, essa é uma das vantagens de ser um vampiro.”, ele passou a língua perto do vão dos seios de Sookita.

“Quanto tempo dura isso?”

“Dias, meses... depende do sangue e da conexão entre vampiro e humano.”, ele respondeu abaixando a alça do vestido dela. “Por que quer saber?”

“Quero que beba o meu sangue.”, ela disse com um sorriso.

Ele expos as presas para ela, Sookita sentiu uma leve apreensão, só tinha tido a experiência com Eric. Ela afastou o cabelo para Bill ter acesso ao seu pescoço. Só que Bill a deitou com delicadeza na cama, se colocou ao lado passando a mão devagar no pescoço dela.

As presas dela entraram em sua pele, tão diferente e tão gentil do que Eric. Ela agarrou os cabelos de Bill, não eram compridos e lisos como o de Eric. Apertou os cabelos conforme ele aumentava a pressão na mordida.

Ela fechou os olhos quando sentiu que ele parou de sugar, não era possessivo como o outro. Ele começou a tirar a camisola dela, as mãos dele fazendo carinho em várias partes de seu corpo. Soltou um leve gemido quando a mão dele massageou o meio de sua perna.

Mas, a mente dela estava longe dali, por mais que tentasse se concentrar. Ela se lembrava de quando viu Eric pela primeira vez na boate, todas as brigas que tiveram, as discussões idiotas, a missão, o primeiro beijo, as sensações que ela sentia no corpo quando ele a tocava, como se o mundo parasse. E agora ela estava na cama com outro, sentindo o prazer de outro e esperava ter o maior gozo que conseguir.

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Tinha que ter o máximo de prazer, gozar várias e várias vezes, gritar o nome de Bill. E Eric tinha que sentir cada um desses orgasmos, sentir o que o toque de Bill agora fazia no corpo dela. Sentir os lábios dela úmidos pelo beijo de seu marido, sentir a felicidade dela. Senti-la fazer sexo toda noite até o efeito do sangue passar.

No fundo, ela torcia para que ele tivesse dito a verdade, que ele realmente a amava. Eric tinha que saber o que perdeu, o quanto era miserável e não valia nada. Ele tinha que morrer sentindo o prazer dela com outro. Morrer sabendo que a mulher que ele amou estava nos braços do homem que mais desprezava.

Esse era um pensamento reconfortante, Sookita sorriu abrindo os olhos para encarar Bill.