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  • UFSM

    Dissertao de Mestrado

    TURBINAS ELICAS: MODELO, ANLISE E

    CONTROLE DO GERADOR DE INDUO COM

    DUPLA ALIMENTAO

    JEFERSON MARQUES

    PPGEE

    Santa Maria, RS, BRASIL

    2004

  • i

    TURBINAS ELICAS: MODELO, ANLISE, E CONTROLE

    DO GERADOR DE INDUO COM DUPLA ALIMENTAO

    por

    JEFERSON MARQUES

    Dissertao apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de Ps-

    Graduao em Engenharia Eltrica, rea de Concentrao

    Processamento de Energia, Controle de Processos, da Universidade

    Federal de Santa Maria (RS), como requisito parcial para a obteno do

    grau de Mestre em Engenharia Eltrica.

    Santa Maria, RS - Brasil. 2004.

  • ii

    UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA ELTRICA

    A COMISSO EXAMINADORA, ABAIXO ASSINADA, APROVA A

    DISSERTAO

    TURBINAS ELICAS: MODELO, ANLISE, E CONTROLE

    DO GERADOR DE INDUO COM DUPLA ALIMENTAO

    ELABORADA POR

    JEFERSON MARQUES

    COMO REQUISITO PARCIAL PARA A OBTENO DO GRAU DE

    MESTRE EM ENGENHARIA ELTRICA

    COMISSO EXAMINADORA:

    ___________________________________

    Humberto Pinheiro Orientador UFSM Brasil

    ___________________________________

    Christian R. Kelber Unisinos Brasil

    ___________________________________

    Hilton A. Grndling UFSM Brasil

    ___________________________________

    Jose Renes Pinheiro UFSM Brasil

    Santa Maria, 21 de dezembro de 2004.

  • A Deus,

  • iv

    Aos meus pais Carlos e Beloni, que me deram todo amor,

    carinho e educao.

  • v

    As minhas irms Joice e Jenifer,

  • vi

    Ao meu grande e eterno amor

    Lucinia Albanio Pivetta,

  • vii

    Agradecimentos Ao professor Humberto Pinheiro orientao no desenvolvimento

    desse trabalho, e em especial a sua grande amizade, que facilitou no s a

    realizao deste trabalho, mas tambm o meu amadurecimento profissional.

    Aos professores Hilton Ablio Grndling, Jos Renes Pinheiro e

    Hlio Hey, pela amizade, conhecimento e experincia transmitidos no decorrer do

    mestrado, contribuindo de forma relevante na elaborao deste trabalho.

    Aos meus colegas e grandes amigos Fernando Botteron, Robinson

    Camargo, Marcelo Duarte, Igor Jaskusc, Vinicius Leito e Helder Tavares que

    sempre me ajudaram no desenvolvimento profissional e deste trabalho.

    Aos amigos do grupo de pesquisa GEPOC pela amizade e apoio

    que foram to importantes para a continuidade dessa caminhada.

    Universidade Federal de Santa Maria e a CAPES pelo apoio

    financeiro.

    Aos funcionrios do NUPEDEE e em especial ao Eng. Fernando

    Martins pela sua amizade e dedicao no desempenho de suas funes e pelo

    companheirismo.

    As minhas irms Joice e Jenifer pela amizade, carinho e

    compreenso durante todos os momentos de minha vida.

    Aos meus cunhados Roger e Fabiano pela grande amizade.

    Aos meus pais Carlos e Beloni pelo amor, pelo exemplo de vida,

    apoio e sobre tudo pelos constantes ensinamentos durante toda minha vida.

    Ao meu eterno e grande amor Lucinia Albanio Pivetta, cujo amor,

    carinho, respeito e compreenso foram muito importantes, no somente no

    desenvolvimento desse trabalho, mas principalmente no meu desenvolvimento

    espiritual e humano.

  • viii

    RESUMO TURBINAS ELICAS: MODELO, ANLISE, E

    CONTROLE DO GERADOR DE INDUO COM

    DUPLA ALIMENTAO

    Autor: Eng. Jeferson Marques

    Orientador: Humberto Pinheiro, PhD.

    O presente trabalho apresenta os principais conceitos e configuraes

    utilizadas em turbinas elicas conectadas a rede eltrica, bem como a analise, o

    projeto e a implementao do sistema de controle para o gerador de induo com

    dupla alimentao (GIDA), visto que, este o conceito mais utilizado pela

    indstria de turbinas elicas. Inicialmente, apresentado o modelo do GIDA em

    eixos sncronos qd no referencial do fluxo estatrico, que , normalmente,

    utilizado para o projeto dos controladores do GIDA, pois neste referencial

    possvel controlar independentemente a potncia ativa e reativa da turbina elica.

    Entretanto, um problema comum associado ao controlador vetorial do GIDA so

    as oscilaes pouco amortecidas do fluxo estatrico. Com o intuito de estudar este

    problema, apresentada uma anlise do impacto da banda passante dos

    controladores de corrente, nos modos oscilaes do fluxo estatrico, que surgem

    prximos freqncia da rede eltrica. Essas oscilaes aparecem na parte no

    controlada da GIDA, resultante do acoplamento direto do circuito estatrico com

    a rede eltrica. O controlador proposto baseia-se num lao interno de corrente e

    um lao externo de potncias ativa e reativa. Como os controladores so

    implementados em DSP, tambm, so apresentados os projeto dos controladores

    em tempo discreto com limitao da ao integral. Finalmente, so apresentados

  • ix

    resultados experimentais utilizando um GIDA de 2 kW e um inversor PWM,

    controlado atravs do DSP TMS320F241.

    UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA PROGRAMA DE

    PS-GRADUAO EM ENGENHARIA ELTRICA

    Autor: Eng, Jeferson Marques

    Orientador: Humberto Pinheiro, PhD.

    Ttulo: Turbinas Elicas: modelo, anlise, e controle do gerador de

    induo com dupla alimentao.

    Dissertao de Mestrado em Engenharia Eltrica.

    Santa Maria, 21 de dezembro de 2004.

  • x

    Abstract WIND TURBINE: MODELING, ANALYSIS AND

    CONTROL OF DOUBLY FED INDUCTION

    GENERADOR

    Author: Jeferson Marques, Ing.

    Research Supervisor: Humberto Pinheiro, PhD.

    This thesis presents the main concepts and configurations used in wind

    turbine connected to the grid, as well as, an analysis, design and implementation

    of the control system for the Doubly Fed Induction Generator (DFIG). The DFIG

    has been selected since it is the concept frequently adopted by the wind turbine

    manufactures. In the thesis, it is presented a model of the DFIG in stator flux

    reference frame that is normally used in DFIG. The main reason for use the stator

    flux reference frame is that in this referential is possible to control the active and

    reactive power of the stator circuit independently. However, the main limitation

    related with the DFIG vector control is the poor damping oscillation of the stator

    flux. Aiming to study this problem, the impact of the bandwidth of the rotor

    currents control loop in the stator flux oscillation mode that appears near the

    voltage grid frequency, is investigated. It is demonstrated that when Rs approaches

    of the zero, these oscillations can not be controlled by the rotor converter. The

    proposed controller has an internal current control loop and an external power

    control loop. As the controllers are usually implemented in a digital signal

    processor (DSP), a redesign in discrete time to compute the control action with

    anti-windup is given. Finally, experimental results to validate the controllers

    design using a 2 kW DFIG and IGBT PWM converter, controlled by the DSP

    TMS320F241, are presented.

  • xi

    UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA PROGRAMA DE

    PS-GRADUAO EM ENGENHARIA ELTRICA

    Author: Eng, Jeferson Marques

    Research Supervisor: Humberto Pinheiro, PhD.

    Title: Wind Turbine: Modeling, Analysis and Control of Doubly Fed

    Induction Generator.

    Master Thesis on Electrical Engineering.

    Santa Maria, December 21, 2004.

  • xii

    ndice Captulo 1 - Introduo ........................................................................................... 1

    1.1. Introduo ............................................................................................... 1

    1.2. Reviso dos Trabalhos Relacionados...................................................... 2

    1.3. Objetivos do Trabalho............................................................................. 6

    1.4. Organizao da Dissertao .................................................................... 7

    Bibliografia ......................................................................................................... 8

    Captulo 2 O Estado da Arte da Energia Elica no Brasil e no Mundo............. 11

    2.1. Introduo ............................................................................................. 11

    2.2. Introduo a Energia Elica .................................................................. 11

    2.3. A Historia da Energia Elica no Mundo............................................... 16

    2.4. A Histria da Energia Elica no Brasil ................................................. 28

    2.5. Sumrio ................................................................................................. 35

    Bibliografia ....................................................................................................... 35

    Captulo 3 Turbinas Elicas: Conceitos e Componentes ................................... 37

    3.1. Introduo ............................................................................................. 37

    3.2. Converso da Energia do Vento em Energia Mecnica........................ 37

    3.2.1) Fora de arrasto ................................................................................. 40

    3.2.2) Fora de Sustentao......................................................................... 42

    3.3. Configuraes do Rotor e Principais componentes das Turbinas Elicas

    Modernas........................................................................................................... 45

  • xiii

    3.3.1) Glossrio da turbina elica (Figura 3-12) ......................................... 49

    3.4. Modos de Operao de uma Turbina Elica ......................................... 51

    3.4.1) Operao em velocidade Constante .................................................. 52

    3.4.2) Operao em Velocidade Varivel.................................................... 54

    3.5. Mtodos de Limitao de Potncia. ...................................................... 56

    3.5.1) Perda Aerodinmica Passiva ............................................................. 56

    3.5.2) Regulao por Passo ......................................................................... 58

    3.5.3) Perda Aerodinmica Ativa ................................................................ 60

    3.6. Sumrio ................................................................................................. 62

    Bibliografia ....................................................................................................... 63

    Captulo 4 Tipos de Geradores Elicos e Sistemas de Controle........................ 65

    4.1. Introduo ............................................................................................. 65

    4.2. Gerador de Induo em Gaiola de Esquilo (GIGE) .............................. 65

    4.3. Gerador Sncrono com rotor Bobinado (GSRB)................................... 68

    4.4. Gerador Induo com Dupla Alimentao (GIDA) .............................. 69

    4.5. Sumrio ................................................................................................. 71

    Bibliografia ....................................................................................................... 71

    Captulo 5 Modelo do Gerador de Induo com Dupla Alimentao................ 73

    5.1. Introduo ............................................................................................. 73

    5.2. Histrico................................................................................................ 73

    5.3. Modelo do Gerador de Induo com Dupla Alimentao em qd0........ 74

    5.3.1 Transformaes Lineares Ortogonais ................................................... 75

    5.3.2 Equaes das Tenses em qd0 no Referencial Genrico ...................... 79

  • xiv

    5.3.3 Equao do Torque eletromagntico e da Potncia Ativa e reativa em

    qd0 no Referencial genrico.............................................................................. 85

    5.3.4 Referencial no Fluxo Estatrico............................................................ 86

    5.4. Sumrio ................................................................................................. 89

    Bibliografia ....................................................................................................... 90

    Captulo 6 Projeto dos Controladores Vetorias.................................................. 91

    6.1. Introduo ............................................................................................. 91

    6.2. Projeto dos Controladores de Corrente Rotrica .................................. 93

    6.3. Anlise do GIDA com Controladores PI na Malha Interna de Corrente. .

    ............................................................................................................... 95

    6.3.1 Anlise dos Autovalores do GIDA em Malha Fechada...................... 100

    6.3.2 Comportamento Transitrio do GIDA com PI ................................... 103

    6.4. Controlador PI da malha externa de Potncia ..................................... 109

    6.5. Sumrio ............................................................................................... 112

    Bibliografia ..................................................................................................... 112

    Captulo 7 Resultados Experimentais .............................................................. 114

    7.1. Introduo ........................................................................................... 114

    7.2. Resultados Experimentais do Estimador da posio do fluxo estatrico..

    ............................................................................................................. 114

    7.3. Resultados Experimentais da resposta transitria das correntes rotricas

    ............................................................................................................. 116

    7.4. Resultados Experimentais em Regime Permanente............................ 117

    7.5. Sumrio ............................................................................................... 122

    Bibliografia ..................................................................................................... 122

  • xv

    Captulo 8 Concluses Gerais .......................................................................... 124

    Apndice A Descrio do Prottipo Utilizado na Implementao .................. 126

    Apndice B Projeto dos Controladores PIs em Tempo Discreto ..................... 131

  • xvi

    ndice de Figuras Figura 1-1. Acionamento esttico de Kramer. ........................................................ 3

    Figura 1-2. Acionamento esttico de Scherbius...................................................... 4

    Figura 1-3. Acionamento esttico de Scherbius com pontes de IGBTs................. 4

    Figura 2-1. Crescimento global da populao e do consumo de eletricidade [2]. 12

    Figura 2-2. Diviso da Produo de Eletricidade em 1999................................... 12

    Figura 2-3. Distribuio dos custos para diferentes plantas de potncia. ............. 13

    Figura 2-4. Cenrio previsto para suprir a demanda de energia global nos

    prximos anos.[14]........................................................................................ 14

    Figura 2-5. Polticas governamentais e seus efeitos em alguns mercados europeus.

    ....................................................................................................................... 15

    Figura 2-6. Capacidade total de energia elica instalada no mundo at o final de

    2001. [16] ...................................................................................................... 16

    Figura 2-7. Moinho de vento do tipo Prsia [1]. ................................................... 17

    Figura 2-8. Aproximao do moinho de vento chins [1]. ................................... 18

    Figura 2-9. Moinho de vento de eixo horizontal construdo na costa do

    Mediterrneo[1]. ........................................................................................... 18

    Figura 2-10. Moinho de vento do tipo Dutch [3]. ................................................. 19

    Figura 2-11. Moinho de vento do tipo leque ou americano [1]. ........................... 20

    Figura 2-12. Moinho de vento construdo por Brush ........................................... 21

    Figura 2-13. Turbina Elica de Smith-Putnam. .................................................... 22

    Figura 2-14. Turbina elica Gedser. ..................................................................... 23

  • xvii

    Figura 2-15. Turbina elica de Hutter................................................................... 24

    Figura 2-16. Turbina elica de eixo vertical do tipo Darrieus [6]. ....................... 24

    Figura 2-17. Turbina elica de eixo vertical do tipo Savonius [6]........................ 25

    Figura 2-18. Turbina elica MOD-1 de 2MW [7]. ............................................... 26

    Figura 2-19. Evoluo das turbinas elicas. Fonte ISET...................................... 27

    Figura 2-20. Turbina Elica de 75 kW instalada na Ilha de Fernando de Noronha

    [11]. ............................................................................................................... 30

    Figura 2-21. Parque Elico do Morro do Camelinho. [11] ................................... 31

    Figura 2-22. Parque Elico de Prainha. ................................................................ 33

    Figura 2-23. Parque Elico de Taba. ................................................................... 33

    Figura 2-24. Parque Elico de Palmas. ................................................................. 34

    Figura 3-1. Variao da massa atravs da rea de varredura A. ........................... 39

    Figura 3-2. Variao da velocidade do vento atravs do rotor da turbina. ........... 39

    Figura 3-3. Utilizao da fora de arrasto e cD para diferentes tipo de ps. ......... 40

    Figura 3-4. Modelo simplificado da turbina do tipo Prsia. ................................. 41

    Figura 3-5. Coeficiente de potncia (cp) em funo do tip speed ratio () para uma

    turbina do tipo Prsia. ................................................................................... 42

    Figura 3-6. Definio da fora de sustentao e arrasto considerando uma

    representao em 2-D.................................................................................... 43

    Figura 3-7. Coeficientes cL e cD em funo do ngulo de ataque () [1] ............. 44

    Figura 3-8. Fluxo laminar e fluxo turbulento sobre o perfil de uma p [1]. ......... 45

    Figura 3-9. Direo do vento para turbinas upwind e downwind.......................... 46

    Figura 3-10. TSR para diferentes tipos de turbinas elicas [1]............................. 47

  • xviii

    Figura 3-11. Desbalanceamento causado pela passagem das ps pela torre......... 48

    Figura 3-12. Principais componentes de uma turbina elica moderna [12].......... 49

    Figura 3-13. Regies de operao de uma turbina elica. .................................... 51

    Figura 3-14. Caracterstica de uma turbina elica operando em velocidade

    constante [1]. ................................................................................................. 53

    Figura 3-15. Caracterstica de uma turbina elica operando em duas velocidades

    [1]. ................................................................................................................. 54

    Figura 3-16. Caracterstica de uma turbina elica operando em velocidade varivel

    [1]. ................................................................................................................. 55

    Figura 3-17. Variao do ngulo de ataque() com a velocidade do vento. ........ 57

    Figura 3-18. Curva de potncia para uma turbina com perda aerodinmica passiva

    [1]. ................................................................................................................. 58

    Figura 3-19. Regulao por passo......................................................................... 59

    Figura 3-20. Coeficiente de potncia para diferentes ngulos de passo. .............. 60

    Figura 3-21. Curva de potncia para uma turbina com regulao por passo. ....... 60

    Figura 3-22. Regulao por perda aerodinmica ativa.......................................... 61

    Figura 4-1. Sistema de gerao elica com GIGE. ............................................... 66

    Figura 4-2. Caracterstica torque x velocidade do rotor para operao em duas

    velocidades.................................................................................................... 67

    Figura 4-3. Sistema de gerao elica com GSRB. .............................................. 69

    Figura 4-4. Sistema de gerao elica com GIDA................................................ 70

    Figura 5-1 Representao Trigonomtrica da Transformao para o circuito

    estacionrio . ................................................................................................. 76

  • xix

    Figura 5-2 - Representao Trigonomtrica da Transformao para o circuito

    rotrico. ......................................................................................................... 78

    Figura 5-3 Circuito Equivalente do Gerador de Induo trifsico com dupla

    alimentao. .................................................................................................. 79

    Figura 5-4 Circuito equivalente do GIDA no referencial genrico.................... 85

    Figura 5-5 Variveis do estator e do rotor no referencial do fluxo estatrico. .. 87

    Figura 6-1 Diagrama de blocos do GIDA e do sistema de controle. ................. 91

    Figura 6-2 Fluxos de potncia ativa e reativa no modo de operao sub-

    sncrono......................................................................................................... 92

    Figura 6-3 - Fluxos de potncia ativa e reativa no modo de operao sob-sncrono.

    ....................................................................................................................... 93

    Figura 6-4 Diagrama de blocos do controlador PI para o GIDA. ...................... 95

    Figura 6-5. Lugar das Razes para a variao da banda passante de 1 a 1000 rad/s.

    Para operao com potncia reativa, sendo que a letra X indica o ponto

    inicial........................................................................................................... 101

    Figura 6-6. Lugar das Razes para a variao da banda passante de 1 a 1000 rad/s,

    Para operao com potncia ativa, sendo que a letra X indica o ponto inicial.

    ..................................................................................................................... 101

    Figura 6-7. Lugar das razes para Rs variando de 50%, considerando a banda

    passante dos controladores de eixo q e d de 500 rad/s. ............................ 102

    Figura 6-8. Comportamento transitrio do GIDA para uma mudana de idr de a

    para in, e aps 0.5 s houve uma queda de 20 % em Vn. Para r=0.7s e a

  • xx

    banda passante do controlador de corrente de eixo q e d igual a 100 rad/s.

    ..................................................................................................................... 105

    Figura 6-9. Comportamento transitrio do GIDA para uma mudana de idr de a

    para in, e aps 0.5 s houve uma queda de 20 % em Vn. Para r=0.7s e a

    banda passante do controlador de corrente de eixo q e d igual a 100 rad/s.

    ..................................................................................................................... 106

    Figura 6-10. Comportamento transitrio do GIDA para uma mudana de idr de a

    para in, e aps 0.5 s houve uma queda de 20 % em Vn. Para r=0.7s ,

    banda passante do controlador de corrente de eixo q igual a 100 rad/s. e

    banda passante do controlado de corrente eixo de d igual a 1000 rad/s. .... 107

    Figura 6-11. Comportamento transitrio do GIDA para uma mudana de idr de a

    para in, e aps 0.5 s houve uma queda de 20 % em Vn. Para r=0.7s ,

    banda passante do controlador de corrente de eixo q igual a 1000 rad/s. e

    banda passante do controlado de corrente eixo de d igual a 100 rad/s. ...... 108

    Figura 6-12. Resultado Experimental. Transitrio na potncia ativa no estator. 110

    Figura 6-13. Diagrama de Blocos completo do GIDA com as malhas internas de

    corrente e as malhas externas de potncia. ................................................. 111

    Figura 7-1. Resultado Experimental. Posio angular estimada do fluxo estatrico.

    ..................................................................................................................... 115

    Figura 7-2. Resultado Experimental. Velocidade angular estimada do fluxo

    estatrico. .................................................................................................... 115

    Figura 7-3. Resultado Experimental do comportamento transitrio do GIDA para

    uma mudana de idr de a para 0.5 pu, e aps 0.5 s houve uma queda de 10

  • xxi

    % em Vn. Para r=0.7s, banda passante do controlador de corrente de eixo

    q e d igual a 1000 rad/s............................................................................. 116

    Figura 7-4. Resultado Experimental do comportamento transitrio do GIDA para

    uma mudana de idr de a para 0.5 pu, e aps 0.5 s houve uma queda de 10

    % em Vn. Para r=0.7s, banda passante do controlador de corrente de eixo

    q e d igual a 1000 rad/s............................................................................. 117

    Figura 7-6. Tenso e corrente estatrica na fase a e corrente rotrica na fase A

    Escala vertical: 100V/div, 5A/div e 10 A/div, respectivamente. ................ 118

    Figura 7-7. Tenso e corrente estatrica na fase A. Escala vertical: 100V/div,

    5A/div.......................................................................................................... 118

    Figura 7-8. Corrente trifsicas de fase no circuito rotrico. Escala vertical:

    10A/div........................................................................................................ 119

    Figura 7-9. Tenso e corrente estatrica na fase a e corrente rotrica na fase a

    Escala vertical: 100V/div, 5A/div e 10A/div, respectivamente. ................. 120

    Figura 7-10. Tenso e corrente estatrica na fase a. Escala vertical: 100V/div,

    5A/div.......................................................................................................... 120

    Figura 7-11. Corrente trifsicas no circuito rotrico. Escala vertical: 10A/div. . 121

    Figura 7-12. Transitrio das correntes rotricas em abc..................................... 121

    Figura 7-13. Correntes rotricas na passagem no modo sub-sncrono para o sob-

    sncrono....................................................................................................... 122

  • xxii

    ndice de Tabelas Tabela 3-1. Configuraes possveis de turbinas elicas utilizando a combinao

    dos conceitos. ................................................................................................ 62

    Tabela 3-2. Caractersticas das Turbinas elicas em relao ao n de turbinas

    estaladas por ano [9]. .................................................................................... 63

    Tabela 6-1. Parmetros do controlador PID obtidos atravs do mtodo de malha

    aberta de Ziegler-Nichols............................................................................ 110

  • xxiii

    Simbologia m& - Taxa de variao da massa do ar

    - ngulo de ataque

    - ngulo de passo

    - Densidade do ar (1,225 Kg/m3 ao nvel do mar)

    - Deslocamento angular das variveis estatricas

    - Velocidade angular das variveis estatricas

    m - Velocidade angular no eixo da turbina

    - Referencial estacionrio

    s, s - Fluxos estatricas no referencial estacionrio

    e - Posio angular do fluxo estatrico

    e - Velocidade angular do fluxo estatrico

    opt - Tip Speed Ratio timo

    'qr, dr - Fluxos rotricas em eixos sncronos qd0

    qs, ds - Fluxos de seqncia zero

    qs, ds - Fluxos estatricas em eixos sncronos qd0

    r - Velocidade angular do circuito rotrico

    s - Posio angular da tenso estatrica

    A - rea de varredura da turbina elica

    abc - Sistema de coordenadas trifsico

    cD - Coeficiente de arrasto

    cL - Coeficiente de sustentao

    cp - Coeficiente de potncia

    cp,Betz - Coeficiente de potncia mximo

    ct - Coeficiente de torque

    D - Fora de arrasto

    DSP - Digital Signal Processor Processador Digital de Sinais

  • xxiv

    E - Energia Cintica (joules)

    e - Vetor de erro

    f - Vetor de funes escalares

    fabcs - Vetor de variveis estatricas no sistema trifsico

    fqd0s - Vetor de variveis estatricas em eixos sncronos qd0

    G - Relao de engrenagem

    GIDA - Gerador de Induo com Dupla Excitao

    GIGE - Gerador de Induo em Gaiola de Esquilo

    GSRB - Gerador Sncrono com Rotor Bobinado

    is, is - Correntes estatricas no referencial estacionrio

    i0s, i0s - Correntes de seqncia zero

    in - Corrente nominal do gerador

    i'qr, idr - Tenses rotricas em eixos sncronos qd0

    iqs, ids - Correntes estatricas em eixos sncronos qd0

    k - Amostra

    Ki - Ganho do controlador integral

    Kp - Ganho do controlador proporcional

    Ks - Matriz de transformao de abcs para qd0

    L - Fora de sustentao

    Llr - Indutncia de disperso do enrolamento rotrico

    Lls - Indutncia de disperso do enrolamento estatrico

    Lmr - Indutncia de magnetizao do enrolamento rotrico

    Lms - Indutncia de magnetizao do enrolamento estatrico

    Lsr - Amplitude da indutncia mtua entre os enrolamentos estatricos

    e rotricos

    M - Indutncia Mtua

    m - Massa do ar (Kg)

    MIDE - Mquina de Induo com Dupla Excitao

    Mir - Mdulo das correntes rotricas

    MPPT - Maximum Power Point Tracking

    Nr - Nmero de espiras do enrolamento rotrico

  • xxv

    Ns - Nmero de espiras do enrolamento estatrico

    p - Nmero de plos

    P - Potncia (W)

    PI - Controlador Proporcional-Integral

    Pm - Potncia mecnica

    Pr - Potncia ativa no circuito rotrico

    PROINFA - Programa de Incentivos as Fontes Alternativas de Energia

    Ps - Potncia ativa no circuito estatrico

    PWM - Pulse width Modulation Modulao por largura de Pulso

    qd0 - Sistema de coordenadas em eixos sncronos

    Qs - Potncia reativa no circuito estatrico

    stall - Perda aerodinmica

    t - Tempo (s)

    Td - Perodo de discretizao

    Te - Torque eltrico

    TSR - Tip Speed Ratio ()

    u - Velocidade das ps

    u - Vetor de entrada

    v - Velocidade do vento (m/s)

    vs, vs - Tenses estatricas no referencial estacionrio

    v0s, v0s - Tenses de seqncia zero

    v'qr, vdr - Tenses rotricas em eixos sncronos qd0

    vqs, vds - Tenses estatricas em eixos sncronos qd0

    Vs - Amplitude da tenso da rede eltrica

    w - Velocidade relativa vista pela turbina elica

    x - Vetor de estados do integrador

  • Captulo 1

    INTRODUO

    1.1. Introduo

    A demanda de energia, especialmente eltrica, aumentou

    drasticamente nos ltimos 100 anos. Portanto, torna-se importante considerar os

    impactos ambientais causados pela produo de energia. O uso contnuo de fontes

    convencionais1 para suprir essa crescente demanda contribui para o aquecimento

    global que apontado como um dos possveis causadores das mudanas

    climticas em todo o planeta. Uma alternativa para diminuir estes problemas o

    uso de fontes de energia renovveis, oriundas do vento, da gua e do sol. Pois,

    estas tendem a diminuir o aquecimento global, visto que a produo de energia,

    atravs destas fontes, no emite gs carbnico e no produz lixo nuclear.

    Dentre as fontes alternativas de energia, a elica apresenta um

    elevado crescimento nos ltimos anos, principalmente devido a incentivos

    governamentais e ao alto grau de desenvolvimento e confiabilidade desta

    tecnologia. Com o objetivo de incentivar a abertura do mercado para a energia

    elica necessria uma poltica especial que torne esta lucrativa, de modo que

    essa possa competir com outras plantas de gerao de energia, principalmente as

    convencionais. Exemplos de polticas governamentais so o programa de

    incentivo s fontes alternativas de energia (PROINFA) e o programa Ventos do

    Sul. O PROINFA um programa do governo brasileiro que prev a instalao na

    1 fase de 3.3 GW de fontes alternativas at 2008, sendo 1.1 GW destinado para

    energia elica. A segunda fase prev que a instalao de, aproximadamente, 15

    1 Fontes convencionais: leo, Nuclear, Termo, Hidroeltrica, etc

  • 2

    GW de fontes alternativas at 2014, sendo 4.15 GW destinado para energia elica.

    A meta deste programa cobrir 10% da demanda de energia eltrica, no Brasil,

    atravs de fontes alternativas. Alm de diversificar a matriz energtica brasileira,

    que basicamente formada por hidroeltricas.

    O alto grau de desenvolvimento alcanado pela indstria elica

    deve-se ao crescimento histrico desta tecnologia que iniciou com os moinhos de

    vento at chegarem nas modernas turbinas elicas utilizadas atualmente. Os

    principais conceitos utilizados pelas modernas turbinas elicas so: (i) a operao

    em duas velocidades, utilizando o gerador de induo em gaiola de esquilo

    (GIGE); (ii) a operao em velocidade varivel, utilizando o gerador sncrono de

    plos salientes e rotor bobinado (GSRB) e (iii) a operao em velocidade varivel,

    utilizando o gerador de induo com dupla alimentao (GIDA). Dentre estes

    conceitos, o que utiliza GIDA o que mais vem sendo utilizado pela indstria,

    principalmente para potncia acima de 1.5MW, que a faixa de potncia

    utilizada, atualmente, para a conexo a rede eltrica.

    Devido a grande utilizao industrial do conceito de turbina elica

    de velocidade varivel com o GIDA, surge a necessidade de analisar-se o sistema

    de controle utilizado neste tipo de turbina elica, de modo que esta possa ser

    conectada a rede eltrica. Os principais fatores que so analisados neste trabalho

    so o controle da potncia ativa e reativa entregue pela turbina elica para a rede

    eltrica.

    1.2. Reviso dos Trabalhos Relacionados

    A mquina de induo com dupla alimentao (MIDA) com

    controle de velocidade feito mecanicamente, atravs de um reostato colocado no

    circuito rotrico , possivelmente, o mtodo mais antigo utilizado pela indstria,

    para o controle de mquinas AC. Para aplicaes onde requerido o controle de

    velocidade em uma faixa limitada de operao, a MIDA uma boa alternativa.

    Pois, potncia do circuito rotrico (potncia de escorregamento) somente uma

  • 3

    frao da potncia da mquina e, conseqentemente, o custo do conversor de

    potncia menor. Alguns exemplos desse tipo de aplicao so listados abaixo.

    (i) Acionamento de alta capacidade para sistemas de ventilao

    e bombas.

    (ii) Turbinas elicas de velocidade varivel.

    (iii) Sistemas de Navios com operao em velocidade varivel e

    freqncia constante.

    (iv) Geradores hdricos de velocidade varivel.

    (v) Sistemas de armazenamento de energia flywheel utilizado

    nas redes eltricas.

    Outra alternativa para o controle de velocidade da MIDE a utilizao do

    acionamento esttico de Kramer2 (Figura 1-1). Neste mtodo, a potncia do

    circuito rotrico no queimada na resistncia rotrica, como no caso do reostato,

    mas convertida em AC 60Hz (50Hz) e , normalmente, devolvida rede

    eltrica.

    MIDE

    Tm Rede

    Eltrica

    sPg

    Figura 1-1. Acionamento esttico de Kramer.

    O acionamento esttico de Kramer permite o controle da velocidade no modo sub-

    sncrono motor e no modo sob-sncrono gerador, pois o fluxo de potncia do

    circuito rotrico unidirecional. A desvantagem deste mtodo que ele no

    permite a operao nos modos sub-sncrono gerador e no modo sob-sncrono

    motor. Desta forma, este mtodo no apropriado para aplicaes em sistemas de

    2 Este sistema diferente do acionamento de Kramer original, onde utilizada uma mquina AC no circuito rotrico no lugar do conversor mostrado na Figura 1-1.

  • 4

    gerao elicos. Para possibilitar a operao no modo sub-sncrono gerador, pode-

    se substituir a retificador a diodo da Figura 1-1, por uma ponte de tiristores, como

    mostrado na Figura 1-2. Este esquema denominado acionamento esttico de

    Scherbius.

    MIDE

    Tm Rede

    Eltrica

    sPg

    Figura 1-2. Acionamento esttico de Scherbius.

    Esse sistema permite o fluxo bidirecional de potncia no circuito rotrico, que

    pode ser controlado tanto no modo motor como no modo gerador para velocidades

    sub-sncronas e sobre-sncronas. Alm disso, variaes no do acionamento de

    Scherbius podem ser obtidas pela substituio das duas pontes de tiristores por um

    cicloconversor ou por dois conversores PWM. Devido ao fluxo bidirecional de

    potncia, este sistema vem sendo, constantemente, aplicado em turbinas elicas e

    geradores hdricos de velocidade varivel [1].

    A grande maioria das aplicaes da MIDA em turbinas elicas

    utiliza a configurao de Scherbius com duas pontes de IGBTs, conforme

    mostrado na Figura 1-3.

    MIDE

    Tm Rede

    Eltrica

    sPg

    Figura 1-3. Acionamento esttico de Scherbius com pontes de IGBTs.

    Na Figura 1-3, o objetivo do controlador do lado da rede eltrica manter o

    barramento CC constante, independente da magnitude e da direo da potncia

  • 5

    estatrica, e controlar o fator de potncia entre o conversor e a rede eltrica [2]-

    [7]. Normalmente, para esse propsito so utilizados controladores vetoriais

    (FOC) no referencial da tenso ou do fluxo estatrico [6] que permitem o

    desacoplamento entre o controlador da tenso do barramento CC e a potncia

    reativa [2][5][24]. Por outro lado, o objetivo do conversor do lado do rotor

    controlar a potncia ativa e reativa do circuito estatrico ou o torque eltrico e a

    corrente de excitao da MIDE [2]-[21]. Os dois tipos de controladores mais

    utilizados para o controle da potncia ativa e reativa o controle direto de

    torque/potncia (DTC) e o controle vetorial (FOC) no referencial do fluxo ou da

    tenso estatrica. Na tcnica de DTC so usados dois controladores por histereses

    para determinar os vetores de comutao do conversor do lado do rotor, sendo um

    controlador para o torque eltrico/potncia ativa e outro para o fluxo

    rotrico/potncia reativa [4][14][20]. As vantagens desta tcnica so: a rpida

    resposta dos controladores e o clculo da ao de controle que no requer grande

    esforo computacional e independente da posio do rotor. Uma desvantagem

    do DTC que o erro do controlador mantido dentro de uma faixa limitada,

    definida pela banda de histerese. Deste modo, o erro nunca ser nulo, e as

    variveis da mquina apresentam uma oscilao mesmo em regime permanente,

    principalmente no torque e no fluxo rotrico. As oscilaes de torque podem

    causar fadigas nos componentes mecnicos e eltricos da turbina elica,

    conseqentemente, diminuindo o tempo de vida da turbina elica. Na tcnica

    FOC, normalmente so utilizados dois controladores PI um para corrente rotrica

    de eixo q e outro para a corrente rotrica de eixo d. Sendo que, um controla a

    potncia ativa/torque eltrico e o outro a potncia reativa/corrente de excitao.

    Para permitir um controle desacoplado entre os controladores de corrente,

    geralmente, utilizado o referencial no fluxo estatrico [2][3][5]-[10][15]-

    [19][21], embora algumas referncias tambm utilizem o referencial na tenso

    estatrica [11][13].

    Um problema comum associado ao controlador vetorial do GIDA

    so as oscilaes pouco amortecidas do fluxo estatrico [25]. Essas oscilaes

  • 6

    aparecem na parte no controlada da GIDA3, resultante do acoplamento direto do

    circuito estatrico com a rede eltrica. Existem vrias tcnicas para amortecer as

    oscilaes do fluxo estatrico. Em [22] foi concludo que, tanto a reduo da

    banda passante dos controladores de corrente de eixo q e d, quanto

    implementao de um amortecimento adicional no fluxo estatrico podem

    amortecer as oscilaes do fluxo estatrico. Note que, geralmente, assumido que

    as malhas de corrente rotricas so rpidas o suficiente, para que as suas

    dinmicas possam ser desprezadas no projeto dos controladores de potncia ativa

    e reativa [8]. Portanto deve-se ter cuidado na reduo da banda passante para que

    est hiptese no seja comprometida. Em [23][25], a realimentao da derivada do

    fluxo estatrico foi introduzida para criar um amortecimento adicional nos modos

    oscilatrios. A desvantagem da realimentao da derivada do fluxo a

    necessidade de um filtro para obteno dessa varivel. Alm disso, em [8][25]

    analisada a insero de um conversor adicional, conectado em srie com o estator,

    para agregar um amortecimento ao fluxo estatrico. A desvantagem deste mtodo

    a necessidade de um conversor adicional, que aumenta o custo do sistema.

    Baseado no texto acima, se observa que existem algumas tcnicas

    de controle para o conversor do lado da rede e para o conversor do lado do rotor,

    que so, normalmente, utilizadas para o controle do GIDA aplicado em turbinas

    elicas. Neste trabalho tratado controlador do conversor do lado do rotor

    utilizando FOC no referencial do fluxo estatrico. Alm disso, ser analisado o

    impacto na banda passantes dos controladores de corrente nas oscilaes do fluxo

    estatrico.

    1.3. Objetivos do Trabalho

    Nesta dissertao so apresentados o estado da arte e alguns

    conceitos de turbinas elicas, bem como a anlise, modelo e projeto do

    3 A denominao parte no controlada foi utilizada aqui porque no sistema de gerao elica com GIDA que analisado neste trabalho no existe nenhum sistema de atuao no circuito estatrico.

  • 7

    controlador vetorial para o conceito de turbina elica que utiliza o GIDA. Como

    objetivos especficos tem-se:

    (i) Mostrar a evoluo das turbinas elicas que levou esta

    tecnologia ao alto grau de desenvolvimento e confiabilidade.

    (ii) Descrever os conceitos de turbinas elicas mais utilizados,

    atualmente, para a conexo a rede eltrica.

    (iii) Descrever o Modelo do GIDA no referencial do fluxo

    estatrico, que comumente utilizado para o projeto dos controladores vetoriais

    de corrente.

    (iv) Desenvolver o projeto dos controladores da malha interna

    de corrente de eixo q e d, bem como dos controladores da malha externa de

    potncia ativa e reativa.

    (v) Analisar os modos oscilatrios do fluxo estatrico.

    (vi) Investigar o impacto da banda passante dos controladores de

    corrente em malha fechada no sentido de amortecer as oscilaes do fluxo

    estatrico.

    (vii) Projetar um controlador vetorial para o GIDA em tempo

    discreto para implementao em um processador digital de sinais (DSP).

    (viii) Validar a anlise e projeto do controlador mediante

    resultados experimentais.

    1.4. Organizao da Dissertao

    Esta dissertao organizada da seguinte forma:

    No Captulo 2 so abordados os principais fatores que estimulam o uso da energia

    elica para suprir a crescente demanda global por energia, especialmente eltrica.

    Alm disso, mostrado o desenvolvimento histrico da energia elica no Brasil e

    no Mundo, que levou a evoluo tecnolgica das turbinas elicas.

  • 8

    No Captulo 3 ser mostrado o fundamento fsico para a transformao da energia

    do vento em energia mecnica, bem como as configuraes do rotor e os

    principais componentes das turbinas elicas modernas. Alm disso, os conceitos

    de velocidade fixa e varivel e os mtodos de limitao de potncia tambm so

    abordados.

    No Captulo 4 so apresentados os principais tipos de geradores eltricos e

    sistemas de controle, normalmente utilizados em turbinas elicas, bem como as

    principais caractersticas destes sistemas.

    No Captulo 5 apresentado o modelo do GIDA no referencial genrico e, a partir

    deste, ser obtido o modelo no referencial do fluxo estatrico, que ,

    freqentemente, utilizado no projeto de controladores vetoriais do GIDA.

    No Captulo 6 analisado o desempenho dos controladores PI para o conversor do

    lado do rotor com o objetivo de garantir a operao do sistema de gerao elico

    no modo sub-sncrono e sob-sncrono. Tambm apresentado um modelo

    simplificado do GIDA adequado para o projeto dos controladores de corrente

    rotricas. E, finalmente, analisado o impacto da banda passante dos

    controladores PI do desempenho transitrio do GIDA, com o objetivo de diminuir

    as oscilaes do fluxo estatrico.

    No Captulo 7 so apresentados os resultados experimentais do prottipo

    implementado para o controle do GIDA, bem como uma breve descrio do

    GIDA, do conversor de potncia, dos circuitos de medio e do DSP utilizados no

    prottipo. Alm disso, apresentado o projeto do controlador em tempo discreto.

    Visto que, este implementado atravs de um DSP.

    Finalmente, no Captulo 8 so apresentadas as concluses gerais do trabalho, bem

    como as sugestes para trabalhos futuros.

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  • 9

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  • 10

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  • 11

    Captulo 2

    O ESTADO DA ARTE DA ENERGIA ELICA NO BRASIL E NO MUNDO

    2.1. Introduo

    Neste capitulo so abordados os principais fatores que estimulam o

    uso da energia elica para suprir a crescente demanda global por energia,

    especialmente a eltrica, bem como a histria da energia elica no Brasil e no

    Mundo.

    2.2. Introduo a Energia Elica

    Como a necessidade de energia, especialmente eltrica, aumentou

    drasticamente nos ltimos 100 anos, conforme mostrado na Figura 2-1, torna-se

    importante considerar os impactos ambientais causados pela produo de energia.

    Em 1999, a demanda global por eletricidade foi de aproximadamente 14.764 TWh

    [2], e essa demanda foi abastecida, principalmente, atravs de combustveis

    fsseis e energia nuclear (Figura 2-2). O contnuo uso de fontes convencionais4 de

    energia para suprir a crescente demanda de energia contribui para o aquecimento

    global que um dos provveis causadores dos desastres climticos em todo o

    planeta [13] [15].

    4Exemplos de Fontes convencionais de Energia: Usinas a carvo, usinas nucleares, Usinas a Diesel, etc...

  • 12

    Consumo de Eletricidade

    Populao

    Figura 2-1. Crescimento global da populao e do consumo de eletricidade [2].

    O aumento do uso da energia oriunda do vento, da gua e do sol tende a diminuir

    o aquecimento global, pois a produo de energia, atravs destas fontes, no emite

    gs carbnico e tambm no produzem lixo nuclear [16]. Alm disso, a produo

    de energia atravs de fontes renovveis ainda apresenta outras vantagens com

    relao s plantas convencionais que a necessidade de uma menor quantidade de

    terra para uma mesma gerao de energia e um menor tempo de instalao. Uma

    conseqncia desta ltima vantagem que, dentro de poucos meses, uma planta

    de energia renovvel capaz de produzir energia suficiente para compensar a

    energia gasta em sua construo. Este fenmeno denominado amortizao de

    energia[2].

    17% gs

    17% nuclear

    9% leo

    2% renovveis

    18% hidro

    37% carvo

    Figura 2-2. Diviso da Produo de Eletricidade em 1999.

    Outro fator importante na produo de energia, atravs de plantas

    renovveis que estas contribuem para a descentralizao da gerao de energia.

  • 13

    Um efeito econmico positivo associado descentralizao da gerao o

    aumento de empregos e a possibilidade de um crescimento local sustentvel [2].

    Na Figura 2-3, o custo mdio para a produo de eletricidade para

    plantas de potncia mostrado. Para diferentes tipos de gerao de eletricidade

    [2], os custos so divididos em trs categorias: (i)- Custo Capital: que o

    investimento total, incluindo as condies de financiamento (taxa de retorno e

    perodo para restituio do dinheiro investido); (ii)- Custo do Combustvel: que

    o custo do combustvel utilizado para a produo de energia; (iii)- Custo de

    operao e manuteno. Conforme pode ser observado na Figura 2-3, embora o

    custo capital para as plantas a combustveis fsseis seja menor que o custo para as

    plantas nucleares e elicas, o custo do combustvel maior. Portanto, deve-se ter

    cuidado na anlise do custo entre plantas de diferentes tipos.

    14,2 15,9

    69,9

    52,1

    14,1 33,8

    18,5 44,6

    37

    0

    17,5

    82,5

    Nuclear (0.057/kWh) Carvo (0.046/kWh)

    Gs (0.036/kWh) Elica (0.057/kWh)

    Legenda: Custo Capital Custo Combustvel O&M

    Figura 2-3. Distribuio dos custos para diferentes plantas de potncia.

    Baseado no contexto acima, pode-se dizer que as fontes renovveis de energia

    representam uma alternativa para suprir a demanda crescente de energia sem

    comprometer o meio ambiente e, conseqentemente, sem contribuir para os

    desastres climticos. A Figura 2-4 mostra o cenrio projetado pela Shell para

    alcanar uma produo de energia mais sustentvel.

  • 14

    Fontes Renovveis Fontes Convencionais

    Exaj

    oule

    s

    Figura 2-4. Cenrio previsto para suprir a demanda de energia global nos

    prximos anos.[14]

    Dentre as fontes alternativas de energia, a elica vem crescendo bastante nos

    ltimos anos, principalmente, devido a incentivos governamentais e ao alto grau

    de desenvolvimento e confiabilidade dessa tecnologia. Com o objetivo de

    incentivar a abertura do mercado para a energia elica, necessrio uma poltica

    especial que torne a energia elica lucrativa, de modo que esta possa competir

    com outras plantas de energia, principalmente, as plantas convencionais. A lista,

    abaixo, mostra os tpicos instrumentos polticos usados para incentivar a energia

    elica:

    Fundos Pblicos para a P&D de Programas

    Preo diferenciado para a energia elica

    Incentivos Financeiros emprstimos especiais, taxas de

    interesse favorveis, etc.

    Taxas de incentivo depreciao favorvel, etc.

    Outros Incentivos.

    Uma anlise do desenvolvimento da energia elica, em diferentes mercados,

    mostra que uma mistura apropriada dos diferentes instrumentos polticos

    influencia diretamente no crescimento do mercado da energia elica. Uma questo

    essencial para o crescimento do mercado dessa energia dar garantias e

  • 15

    seguridade, permitindo que os investidores calculem a sua lucratividade sobre o

    tempo de vida da turbina elica, que em torno de 20 anos. A Figura 2-5 compara

    as polticas governamentais utilizadas por diferentes pases da unio europia para

    incentivar o mercado da energia elica. Alguns pases, como a Alemanha e a

    Dinamarca, garantem um preo fixo, atravs do programa de Feed-In Tariff,

    enquanto outros pases, como a Inglaterra, empregam o sistema de quotas, onde

    todas as plantas elicas competem, anualmente, entre si pela parte do mercado

    que lhes fixada [18]. Conforme pode ser observado na Figura 2-5, pases que

    garantem o preo fixo por kWh de energia elica estimularam muito mais seus

    mercados do que pases que usam o sistema de quotas. Isso devido aos os

    investidores tm muito mais seguridade no sistema de preo fixo do que no

    sistema de quota.

    Mercado Pases

    Capacidade Instalada

    (2001) MW

    Novas Instalaes

    (2001) MW

    Taxa de Crescimento

    (2001) %

    Porcentagem do Mercado

    Europeu %

    Preo Fixo Alemanha Espanha 8,754 3,337

    2,659 802

    44.4 31.6

    50.0 19.0

    Total 12,091 3,467 40.1 69.0

    Regulao por Quota

    Inglaterra Irlanda

    474 125

    65 6

    15.9 5.0

    2.7 0.7

    Total 599 71 13.4 3.4

    Figura 2-5. Polticas governamentais e seus efeitos em alguns mercados europeus.

    A capacidade total de energia elica instalada no mundo mostrada na Figura 2-6.

    O aumento da capacidade instalada, nos ltimos anos, se deve ao desenvolvimento

    tecnolgico das turbinas elicas, que aumentou a confiabilidade dos sistemas de

    gerao elica, principalmente, na faixa de MW, e tambm a diminuio dos

    custos das turbinas.

    Portanto, para suprir a crescente demanda de energia sem

    prejudicar o meio ambiente necessrio incentivar o uso de fontes alternativas de

    energia. Dentre estas, a energia elica vem se mostrando como uma boa

    alternativa, o que pode ser comprovado atravs do crescimento obtido nos ltimos

  • 16

    anos. Crescimento este, alcanado graas ao alto grau de desenvolvimento desta

    tecnologia e a incentivos governamentais. Alm disso, pode-se destacar que a

    energia elica tambm contribui para a gerao distribuda e que o local onde

    instalada a turbina elica tambm pode ser usado para outras atividades, como por

    exemplo, a agricultura e pecuria.

    Capacidade anual de instalao na Europa Capacidade anual de instalao no Mundo Capacidade acumulada na Europa Capacidade acumulada no Mundo

    Cap

    acid

    ade

    inst

    alad

    a po

    r an

    o, M

    W

    Cap

    acid

    ade

    inst

    alad

    a ac

    umul

    ada,

    MW

    Figura 2-6. Capacidade total de energia elica instalada no mundo at o final de 2001. [16]

    O alto grau de desenvolvimento alcanado pela indstria elica se

    deve ao desenvolvimento histrico desta tecnologia que iniciou com os moinhos

    de vento chegando s modernas turbinas elicas.

    2.3. A Historia da Energia Elica no Mundo

    O primeiro uso da energia elica de que se tem conhecimento a

    utilizada nos barcos vela. Esta tecnologia teve um importante impacto,

    posteriormente, no desenvolvimento dos moinhos de vento do tipo vela [1]. O

    primeiro moinho de vento foi desenvolvido na Mesopotmia por volta de 1700 ac

    e utilizava um sistema de eixo vertical para bombear gua. Por volta de 500-900

    dc surgiram, na Prsia, os primeiros moinhos de vento desenvolvidos para

    automatizar tarefas como: moer gros e bombear gua. Esses moinhos possuam

  • 17

    eixo vertical e as ps de tecido ou velas, diretamente fixadas no rotor. O modo de

    funcionamento era baseado em uma assimetria criada por uma parede que cobria

    metade do rotor. Desse modo, as velas geravam uma fora de arrasto que era

    utilizada para girar o rotor, conforme mostrado na Figura 2-7. Por volta de 1000

    dc, surgem os moinhos de vento Chineses que, como os Persas apresentavam eixo

    vertical e utilizavam as ps de tecido (velas). Entretanto, eles se diferenciavam

    destes por apresentarem uma tpica vantagem dos moinhos de vento de eixo

    vertical, que o simples fato de utilizarem o vento independente da direo,

    conforme mostrado na Figura 2-8. Normalmente, nessas configuraes de eixo

    vertical a pedra de moer era fixada diretamente no eixo, sem a necessidade de

    redirecionamento do movimento rotacional e sem necessidade da caixa de

    engrenagem para aumentar a velocidade de rotao [2].

    Figura 2-7. Moinho de vento do tipo Prsia [1].

    O primeiro moinho de vento a aparecer no oeste europeu foi um

    modelo com uma configurao de eixo horizontal, baseada nas rodas dgua, que

    tambm possuam essa configurao. A configurao foi denominada de moinho

    de torre. A primeira ilustrao de 1270 dc mostra um moinho com quatro ps de

    madeira, montadas em um poste central, semelhante ao mostrado na Figura 2-9.

    Essa configurao mostra um enorme avano tecnolgico em relao ao tipo Prsa

    e Chins. Esse moinho usava uma engrenagem de madeira para transmitir o

    movimento horizontal do eixo para movimento vertical girando uma pedra, que

    era utilizada para moer gros. Alm disso, essa configurao utiliza a fora de

    sustentao para girar o rotor, o que proporciona uma melhor eficincia no rotor

  • 18

    em relao aos moinhos de eixo vertical (que utilizam a fora de arrasto), por

    permitir um aumento na velocidade do rotor.

    Figura 2-8. Aproximao do moinho de vento chins [1].

    Em 1500, surgem os moinhos de vento do tipo Dutch (Figura

    2-10), que foi um desenvolvimento dos moinhos de torre, cuja principal

    caracterstica era a construo em madeira, que facilitava a montagem em relao

    s pesadas pedras dos moinhos de torre. Essa configurao foi muito utilizada na

    Holanda para drenar Polders5, devido ao interesse econmico em aumentar sua

    rea territorial, enquanto que, no resto da Europa, essa configurao foi utilizada

    para moer gros [3].

    Figura 2-9. Moinho de vento de eixo horizontal construdo na costa do Mediterrneo[1].

    5 Polders tambm conhecidos como terras baixas na Holanda.

  • 19

    Tanto nos moinhos de torre quanto nos moinhos do tipo Dutch, a orientao do

    moinho com relao ao vento era feita, manualmente, pelo operador do moinho,

    que tambm era responsvel pela tarefa de fiscalizar o processo de moagem dos

    gros ou bombeamento de gua, bem como a frenagem do moinho em condies

    adversas, como uma tempestade, por exemplo [2].

    A configurao de eixo horizontal baseado nas rodas dgua foi

    utilizada por muitos sculos, at surgirem, em meados do sculo 19, nos Estados

    Unidos, os moinhos de vento do tipo leque ou americanos. Esses apresentavam

    eixo horizontal e seu principal aproveitamento era o bombeamento de gua. As

    principais caractersticas dessa configurao eram a torre de trelia de 3 a 5

    metros de altura, as aproximadamente, 20 ps de metal e a cauda, cuja funo era

    orientar o moinho na direo do vento, conforme pode ser observado na Figura

    2-11. O desenvolvimento do moinho do tipo leque inaugurou uma nova era na

    utilizao da energia elica. Eles refletem a industrializao histrica do uso da

    energia elica, por serem fabricados em srie e feitos de metal. Alm de serem os

    primeiros moinhos de ventos auto-regulveis [2].

    Figura 2-10. Moinho de vento do tipo Dutch [3].

  • 20

    Por algumas centenas de anos, a mais importante aplicao dos

    moinhos de vento era para subsistncia, sendo utilizados para bombear gua e

    moer gros, usando sistemas relativamente pequenos, at surgirem no final do

    sculo 19, os primeiros sistemas que utilizavam a energia do vento para gerao

    de eletricidade. O primeiro sistema automatizado, utilizado para gerar energia em

    grande escala, foi construdo em Cleveland, em 1888, por Charles Brush. Essa

    mquina foi desenvolvida pela Brush Electric, que mais tarde seria vendida e

    fundida com outra companhia denominada General Electric Company (GE). A

    mquina de Brush era um moinho de vento com 144 ps de madeira, 17 metros de

    dimetro que utilizava um gerador CC para carregar um banco de baterias. Esta

    tambm possua uma grande cauda que girava o rotor na direo do vento,

    conforme mostrado na Figura 2-12. Esse foi o primeiro moinho de vento que

    incorporou uma caixa de engrenagem (1:50) para adaptar a velocidade de rotao

    do eixo velocidade de operao do gerador. A pesar do relativo sucesso durante

    os 20 anos de operao, essa mquina demonstrou algumas limitaes como,

    baixa velocidade de operao e alto peso do rotor para aplicar na gerao de

    eletricidade [4]. Os 12 kW, produzidos pelo rotor de 17 metros de dimetro,

    mostram um fraco desempenho quando comparado com os 70-100 kW,

    produzidos pelos modernos moinhos de ventos ou Turbinas elicas, com os

    mesmos 17 metros de dimetro.

    Figura 2-11. Moinho de vento do tipo leque ou americano [1].

  • 21

    Em 1891, Poul La Cour desenvolveu a primeira mquina de vento

    que incorporou princpios de projetos aerodinmicos e mostrou que os moinhos de

    vento que operam em alta velocidade e possuem poucas ps, so mais eficientes

    para a gerao de eletricidade. Alm disso, foi Poul La Cour que publicou a

    primeira revista sobre energia elica [5]. Em 1918, algumas das 120 companhias

    de energia eltrica da Dinamarca possuam uma turbina elica, tipicamente na

    faixa de 20 a 30 kW, totalizando uma potncia instalada de 3MW. Essas turbinas

    cobriam, aproximadamente, 3% do consumo de eletricidade da Dinamarca na

    poca.

    Figura 2-12. Moinho de vento construdo por Brush .

    Em 1920, as duas configuraes de rotor dominante, do tipo leque

    e a do tipo vela, foram consideradas inadequadas para a gerao de uma

    quantidade aprecivel de energia, principalmente, devido baixa velocidade de

    rotao, conforme comprovado por Poul La Cour. A partir da comeou o

    desenvolvimento de sistemas inspirados no projeto das hlices de avio, ou seja,

    projetos que incorporam princpios aerodinmicos e utilizam a fora de

    sustentao para girar o rotor [1].

    Durante o perodo de 1920-1970, sugiram diversas plantas de

    grande escala para a gerao de eletricidade que incorporaram os princpios

    aerodinmicos nos seus projetos, mas seus resultados prticos, em sua maioria,

    foram reprovados para a produo de energia elica em larga escala. Muitos

    destes projetos tiveram importante papel no posterior desenvolvimento dos

  • 22

    modernos moinhos de vento ou Turbinas elicas, dentre estes, pode-se citar os

    moinhos de ventos de eixo horizontal, denominados de Balacrava, Smith-Putnam,

    Gedser e Hutter, alm das turbinas de eixo verticais, denominadas Darrieus e

    Savonious. A Balacrava era uma mquina de 100 kW, que surgiu na Rssia em

    1931. Essa mquina operou por, aproximadamente dois anos, na costa do mar

    Cspio, gerando 200.000 kWh de eletricidade. A maior mquina construda, nessa

    poca, foi mquina Smith-Putnam de 1,25MW, instalada em Vermont. Essa era

    caracterizada por possuir duas ps e o rotor com 53 m (175 ps) de dimetro

    orientado downwind, conforme mostrado na Figura 2-13.

    Figura 2-13. Turbina Elica de Smith-Putnam.

    Em 1945, depois de algumas centenas de horas de funcionamento

    peridico, uma de suas lminas quebrou perto do centro, aparentemente por fadiga

    metlica, devido s 16 toneladas de ao das ps [1]. Entre 1956-1957, Johannes

    Juul, que desenvolveu a primeira turbina elica de corrente alternada, construiu,

    na Dinamarca, a turbina elica denominada de Gedser (Figura 2-14). A Gedser era

    uma turbina elica que operava upwind com gerador assncrono e utilizava um

    sistema eletromecnico para direcionamento da turbina com relao ao vento.

    Alm disso, a limitao de potncia atravs da perda aerodinmica passiva e o

    freio aerodinmico nas pontas das ps, so basicamente os mesmo usados,

    atualmente, em algumas turbinas elica. Essa turbina operou por 11 anos sem

    nenhuma manuteno e foi um dos projetos pioneiros para o desenvolvimento das

  • 23

    turbinas elicas modernas usadas atualmente [2]. Nesta mesma poca, o professor

    Ulrich Hutter desenvolveu uma srie de vantagens para o projeto de turbinas de

    eixo horizontal, utilizando ps feita de fibra de vidro e plstico com regulao de

    passo que deram uma maior eficincia e menor peso s ps. Esse projeto

    propiciou uma reduo da estrutura mecnica, atravs da reduo das cargas do

    rotor [1]. A turbina de Hutter mostrada na Figura 2-15.

    Figura 2-14. Turbina elica Gedser.

    A turbina do tipo Darrieus originou-se na Frana e foi patenteada em 1927. Seu

    princpio de rotao baseado na fora de sustentao e suas principais vantagens

    so o fato do gerador e a caixa de engrenagem serem colocados no solo, alm de

    no necessitar nenhum sistema de direcionamento em relao direo do vento

    [6], como mostrado na Figura 2-16. O problema desse tipo de configurao que,

    como velocidade do vento muito baixa, prxima ao solo e aumenta conforme a

    altura, essa mquina deve suportar diferentes esforos, ao longo do eixo, gerando

    uma dificuldade adicional para manter a torre ereta para altos nveis de vento.

    Alm disso, devido sua alta velocidade e baixo torque necessrio um sistema

    para auxiliar a partida da turbina.

  • 24

    Figura 2-15. Turbina elica de Hutter.

    A turbina do tipo Savonious, aparentemente, foi originada na Finlndia, em 1924,

    e o princpio de funcionamento do rotor era baseado na fora de arrasto. Este tipo

    de turbina se caracteriza por operar em baixa velocidade e com alto torque.

    Portanto, sendo basicamente utilizadas para moer gros e bombear gua [6].

    Figura 2-16. Turbina elica de eixo vertical do tipo Darrieus [6].

    Apesar dos vrios esforos no perodo de 1920-1970, conforme

    mencionado acima, somente com a crise do petrleo de 1973, que comeou o

    desenvolvimento das Turbinas Elicas modernas. Aps os impactos da primeira

    crise do petrleo de 1973, surgem vrios programas de pesquisa e subsdios,

    oferecidos pelo Governo, para o desenvolvimento da energia elica em vrios

    pases. Em muitos pases como Sua, Alemanha, Canad e Estados Unidos, os

    suportes para o desenvolvimento da Energia Elica favoreciam o desenvolvimento

  • 25

    de prottipos de larga escala, ou seja, mquinas com mais de 100kW de potncia

    instalada. Por outro lado, a Dinamarca seguiu o caminho inverso, adotando uma

    poltica de aumentar, gradualmente, o tamanho das turbinas elicas.

    Figura 2-17. Turbina elica de eixo vertical do tipo Savonius [6].

    Entre os prottipos de larga escala, desenvolvido nesta poca, pode-se destacar a

    srie MOD e a GROWIAN. A srie MOD surgiu nos Estados Unidos, em 1975.

    Os prottipos dessa srie possuam eixo horizontal e duas ps6. As turbinas dessa

    srie apresentaram vrios problemas, principalmente, mecnicos, como

    envergadura das ps e fadiga de alguns componentes da turbina. Uma turbina

    desta srie mostrada na Figura 2-18 [7]. A GROWIAN era uma mquina de

    3MW que surgiu na Alemanha, em 1988. Essa mquina possua eixo horizontal e

    duas ps. Aps operar por apenas 420 horas, apresentou fadiga em alguns

    componentes do rotor devido a excessivas cargas exercidas sobre o rotor. Por

    outro lado, no comeo dos anos 80, foi desenvolvida, na Dinamarca, uma turbina

    de 22kW, criada por Christian Rsager. Esse projeto teve, como ponto de partida,

    a experincia adquirida no projeto da turbina elica Gedser e utilizou alguns

    componentes baratos como um motor eltrico e partes de carro, dentre estas, a

    caixa de engrenagem e o freio mecnico. Essa turbina foi um sucesso devido ao

    baixo custo e deu inspirao a muitas indstrias Dinamarquesas iniciarem o

    desenvolvimento de suas prprias turbinas elicas por volta de 1980.

    6 A maioria destes prottipos era de duas ps pro razes econmicas, devido ao elevado custa das ps.

  • 26

    Figura 2-18. Turbina elica MOD-1 de 2MW [7].

    Portanto, como a maioria dos prottipos de larga escala

    desenvolvidos nessa poca, como a srie MOD e a GROWIAN, no obtiveram

    sucesso no s por problemas tcnicos, mas tambm econmicos, o caminho

    encontrado, atravs de experincias adquiridas nesses projetos e o exemplo

    dinamarqus, foi que a melhor opo seria comear com turbinas elicas menores,

    ou seja, com apenas algumas dezenas de kilowatts, para o amadurecimento da

    tecnologia.

    A idia de comear com o desenvolvimento de turbinas elicas de

    pequena escala (menor que 100 kW), no foi baseada somente nas limitaes

    tecnolgicas da poca, mas tambm por produzirem energia muito mais barata

    que as turbinas elicas de larga escala (maior que 100 kW) e terem um baixo

    custo, podendo, assim, ser compradas, tambm, por pessoas privadas, interessadas

    na energia elica, devido s taxas e subsdios governamentais oferecidos energia

    elica. Para tornar essas turbinas ainda mais baratas, o controle foi reduzido ao

    mnimo necessrio. Baseadas nesta filosofia, muitas das primeiras turbinas

    comerciais, produzidas na Dinamarca, utilizaram o sistema de controle

    denominado Danish Concept, ou conceito dinamarqus. Este conceito,

    simplesmente, descreve uma turbina elica com trs ps, que opera numa

    velocidade de rotao constante. Isso permite o uso de um gerador assncrono em

    gaiola de esquilo, que barato e robusto e pode ser conectada diretamente rede

    sem a necessidade de sistemas eltricos adicionais. As ps do rotor so fixas, ou

  • 27

    seja, no podem girar em torno do prprio eixo e a limitao da velocidade

    durante tempestades ou rajadas de vento obtido pelo efeito da perda

    aerodinmica passiva, provocado aerodinamicamente pelas ps [2][8].

    Junto com o desenvolvimento da Indstria Elica, teve inicio um

    desenvolvimento tecnolgico que tinha como objetivo a produo de grandes

    turbinas elicas para a conexo rede eltrica. A filosofia utilizada era baseada no

    fato de que o conhecimento adquirido em uma classe de turbina elica ajudava no

    desenvolvimento da prxima classe de maior potncia. Este processo chamado

    de aumento de escala e foi um sucesso, tanto que as turbinas elicas produzidas,

    atualmente, seguem esta mesma filosofia [8]. O rpido aumento no tamanho das

    turbinas elicas, entre os anos de 1957 e 2000 ilustrado na Figura 2-19.

    Figura 2-19. Evoluo das turbinas elicas. Fonte ISET

    Durante esse desenvolvimento, no somente os componentes

    mecnicos tornaram-se mais complexos, como tambm o sistema eltrico e o

    controle da turbina que envolve o mesmo. Alguns fabricantes comearam a

    produzir as ps com pitch regulation ou regulao de passo, que permite que a p

    gire ao redor do prprio eixo. Esse sistema utilizado para limitar a potncia de

    sada durante algumas condies adversas, onde a velocidade do vento muito

    alta, e tambm, em alguns casos para maximizar a potncia de sada da turbina

    elica para baixas velocidades do vento. Outros fabricantes utilizaram conversores

    estticos de potncia para variar a velocidade de operao da turbina elica, de

    modo a maximizar a potncia de sada numa das regies de operao da turbina

  • 28

    elica. Esse conceito foi denominado de operao em velocidade varivel. Alm

    disso, alguns fabricantes ainda substituram o gerador assncrono por um gerador

    sncrono, para eliminar a necessidade da caixa de engrenagem.

    Portanto, atualmente, existe um grande nmero de conceitos de

    controle para turbinas elicas como velocidade fixa ou varivel, e a possibilidade

    de se usar geradores assncrono ou sncrono, que so tratados com maior detalhe

    no Captulos 4. Alm disso, alguns conceitos mencionados, no texto acima, como

    regulao por passo, regulao por perda aerodinmica passiva , velocidade fixa,

    velocidade varivel, fora de arrasto e fora de sustentao so abordados com

    maior detalhe no Captulo 3.

    2.4. A Histria da Energia Elica no Brasil

    Os primeiros relatos do uso da energia elica no Brasil datam do

    final do sculo 19, com a utilizao dos moinhos de vento do tipo leque para o

    bombeamento de gua em sistemas isolados e de pequena escala [9].

    Como em muitos pases, a crise do petrleo de 1973 incentivou

    tambm o estudo de novas fontes de energia no Brasil. A partir da segunda metade

    da dcada de setenta, algumas universidades e instituies de pesquisa iniciaram o

    desenvolvimento de diversos modelos de moinhos de vento do tipo leque e de

    turbinas elicas de pequeno porte, com o objetivo de atender comunidades

    isoladas, que dependiam de combustveis fsseis para a gerao de eletricidade.

    Infelizmente, vrios desses projetos no chegaram a ser concludos. Dentre esses,

    um dos grandes projetos foi construo e o ensaio de 15 prottipos de turbinas

    elicas, desenvolvidos pelo IEA-CTA de So Jos dos Campos, entre 1973 e

    1983. Em 1976, foi montado o primeiro prottipo, com potncia nominal de 20

    kW. Esse prottipo operou por algumas semanas, at apresentar fadiga na

    estrutura de suporte das ps [10].

    Em 1977, o IEA-CTA iniciou a construo e teste de uma srie de

    modelos de 5m de dimetro e potncia nominal de 1kW. Esses prottipos eram

    construdos e testados com o objetivo de resolver os problemas eltricos e

  • 29

    estruturais de forma progressiva. Entre os melhoramentos alcanados, com esta

    metodologia, esto o controle eletrnico do gerador e o projeto de novas ps com

    maior eficincia aerodinmica. Devido a problemas de durabilidade dos materiais

    do rotor, nenhum dos prottipos operou por mais de um ano e os projetos foram

    sendo gradativamente abandonados.

    Em 1981, o CTA firmou um acordo de cooperao tecnolgica

    com o DFVLR (Centro Aeroespacial da Alemanha) para o desenvolvimento de

    uma turbina elica de 100kW, com 25 m de dimetro, denominado, na poca, de

    projeto DEBRA (Deustche-Brasil). No CTA foram fabricados os moldes das ps,

    inteiramente de materiais compostos, e toda a parte de otimizao aerodinmica.

    Todo o resto do projeto foi realizado em conjunto com a Alemanha, exceto o

    projeto mecnico, que foi realizado pelos Alemes, porque os componentes

    produzidos em ambos os pases apresentavam caractersticas diferentes. Em abril

    de 1983, os moldes para a fabricao das ps foram embarcados para a Alemanha,

    onde foi construdo e montado o primeiro prottipo para teste em julho de 1984

    [10]. Este prottipo foi montado no campo de teste de Schnittlingen. No final de

    1983, o projeto foi encerrado no CTA, por motivos de diretrizes internas.

    Durante a dcada de 90, vrias entidades nacionais firmaram

    acordo de cooperao com entidades estrangeiras para o desenvolvimento de

    fontes alternativas no Brasil, principalmente, durante a conferencia do Rio de

    Janeiro em 92. Os primeiros projetos experimentais de energia elica foram

    implementados na Regio Norte e Nordeste, onde a carncia de abastecimento

    eltrico era mais acentuada. A maioria destes projetos visava descentralizao

    da gerao de energia eltrica no Brasil. Os principais projetos implementados em

    mbito de cooperao internacional foram:

    1- Projeto elico-diesel da Ilha de Fernando de Noronha.

    A Companhia Energtica de Pernambuco (CELPE), em convenio

    com a entidade Dinamarquesa Folkcenter e o Grupo de Energia Elica da UFPE,

    instalou, em julho de 1992, na Ilha de Fernando de Noronha, a primeira turbina

    elica de grande porte em operao comercial na Amrica Latina (Figura 2-20). O

  • 30

    equipamento produziu, no perodo de 1992-1995, uma energia acumulada de

    152.926kWh. Este equipamento apresentava as seguintes caractersticas:

    - Passo fixo (passive stall)

    - 3 ps, com 17m de dimetro

    - Torre, com 23m de altura

    - Tenso Nominal: 3 - 380 V rms/60Hz

    - Potncia Nominal: 90 kVA/75 kW (FP=0.93)

    - Transformador de acoplamento a rede: 90kVA/380/13800V

    rms

    - Velocidade do vento:

    - Nominal: 12 m/s

    - Partida: 3.5 m/s.

    Figura 2-20. Turbina Elica de 75 kW instalada na Ilha de Fernando de Noronha [11].

    Com o aumento da demanda de energia, na Ilha de Fernando de

    Noronha, a participao da energia elica no consumo de energia reduziu

    significativamente, chegando a aproximadamente 3% da demanda total de energia

    da Ilha [9],[11]. Para dar continuidade ao aproveitamento elico da Ilha, foi

    instalada, em 2000, uma nova turbina de 300 kW.

  • 31

    2- Parque Elico Experimental de Morro do Camelinho MG:

    A companhia eltrica de Minas gerais (CEMIG) em parceria com o

    governo Alemo, que assumiu 70% dos custos totais do projeto, instalaram, em

    agosto de 1994, o parque elico de 1MW do Morro do Camelinho, mostrado na

    Figura 2-21. As turbinas foram fabricadas pela empresa Alem Tacke

    Windtechnik e apresentavam as seguintes caractersticas [11]:

    - 4 Turbinas Elicas, de 250 kW cada.

    - 3 ps, com dimetro do rotor de 26 m.

    - Torre tubular cnica, de 30 m de altura

    - Gerador Assncrono de plos chaveados

    - Potncia: 80/250 kW

    - Rotao: 900/1200 rpm

    - Tenso: 3 - 380 V rms/60 Hz

    - Velocidade do vento:

    - Nominal: 14 m/s

    - Partida: 3 m/s

    Este foi o primeiro parque elico na escala de megawatt instalado

    no Brasil.

    Figura 2-21. Parque Elico do Morro do Camelinho. [11]

    3 - Projeto elico de Mucuripe CE

    O parque elico de Mucuripe foi inaugurado em novembro de 1996

    com uma potncia instalada de 1.2 MW. O parque foi construdo com quatro

  • 32

    turbinas elicas de 300 kW, modelo TV 300, da empresa alem Tacke

    Windtechnik. Esse projeto foi desenvolvido atravs de uma parceria entre a

    Companhia Energtica do Cear (COELCE), a Companhia Hidroeltrica do So

    Francisco (CHESF) e o governo Alemo, atravs do Programa Eldorado. O

    projeto do parque elico de Mucuripe apresenta as seguintes especificaes

    tcnicas:

    - 4 Turbinas Elicas, de 300 kW cada.

    - 3 ps, com dimetro do rotor de 33 m.

    - Torre cnica, de 40 m de altura

    - Gerador Assncrono de plos chaveados (6/4 plos)

    - Tenso: 400 V rms/60 Hz

    - Potncia Nominal: 100 kW no 1 estgio e 300 kW no 2

    estgio (FP=0.92)

    - Velocidade do vento:

    - Nominal: 14 m/s

    - Partida: 3 m/s

    Esse projeto apresentou alguns problemas devidos corroso

    causada pela maresia em alguns componentes da turbina. Foram verificados

    pontos de corroso na torre, vazamento de leo lubrificante na caixa de

    engrenagem, defeito nos sensores de temperatura e mau funcionamento dos

    computadores. As solues destes problemas se tornaram mais difceis com a

    falncia da Tacke.

    Em 1999, surgem os primeiros projetos implementados pela

    iniciativa privada. Esses projetos foram impulsionados, principalmente, pela

    instalao da primeira fbrica de turbinas elicas de grande porte da Amrica

    Latina, a Wobben Windpower. Os principais projetos desenvolvidos pela

    iniciativa privada no Brasil foram:

    1 - Parque Elico de Taiba e Prainha CE

    Em 29 de abril de 1999, foi instalado o maior parque elico da

    Amrica Latina, no municpio de Aquiraz, no Cear. O parque elico de Prainha,

  • 33

    mostrado na Figura 2-22, composto por 20 turbinas elicas de 500 kW,

    produzidas pela Wobben Windpower, totalizando uma potncia instalada de 5

    MW [11].

    Figura 2-22. Parque Elico de Prainha.

    O parque elico de Taba, no municpio de So Gonalo do

    Amarante no Cear foi inaugurado em Janeiro de 1999. Este parque composto

    por 10 turbinas de 500 kW, produzidas pela Wobben Windpower, totalizando uma

    potncia instalada de 5 MW. A Figura 2-23, mostra uma viso geral do parque de

    Taba.

    Figura 2-23. Parque Elico de Taba.

    Uma caracterstica interessante destes dois parques elicos que

    ambos foram construdos sobre dunas, sendo esta a primeira experincia mundial

    na construo de uma fundao para este tipo de terreno [9].

  • 34

    2- Parque elico de Palmas Paran

    O primeiro parque elico instalado na Regio Sul do Brasil foi

    instalado em 1999, em Palmas, no Paran (Figura 2-24). O parque elico de

    Palmas composto por cinco turbinas de 500 kW, fabricadas pela Wobben

    Windpower, totalizando uma potncia instalada de 2.5 MW.

    Alm dos dois parques elicos mencionados acima, a iniciativa

    privada tambm desenvolveu mais trs parques elicos at o final de 2003. Em

    2002 foi construdo o primeiro parque elico em Santa Catarina, na cidade Bom

    Jardim da Serra, com uma potncia instalada de 600 kW. E, em 2003, foram

    construdos os parques elico de Horizonte, em Santa Catarina, com um potncia

    instalada de 2.4 MW, e o parque elico de Macau, no Rio Grande do Norte, com

    uma potncia instalada de 1.8 MW, sendo este ltimo pertencente a Petrobrs. Em

    todos estes parques foram utilizadas turbinas elicas E-40 de 600 kW produzidas

    pela Wobben Windpower.

    Como pode ser observada, a histria da energia elica no Brasil

    iniciou-se atravs do desenvolvimento de projetos experimentais, sendo que a

    maioria destes projetos foi realizada em parceria com instituies internacionais,

    que totalizam uma potncia instalada de aproximadamente 2.6 MW, e, mais

    recentemente, atravs da iniciativa privada, que instalou uma potncia de

    aproximadamente 20 MW at o final de 2003.

    Figura 2-24. Parque Elico de Palmas.

  • 35

    2.5. Sumrio

    Neste captulo, inicialmente, so apresentadas as principais

    motivaes do uso da energi