Twitter Microblog e Rede Social Texto Complementar

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TWITTER: MICROBLOG E REDE SOCIAL TWITTER: MICROBLOG AND SOCIAL NETWORKMissila Loures CardozoCoordenadora do Ncleo de Comunicao Digital; cocoordenadora da AG! Agncia Experimental de Publicidade da Universidade Municipal de So Caetano do Sul USCS e responsvel pela AG! Digital (brao digital da AG!); mestre em Comunicao Social, especialista em Propaganda Digital e bacharel em Publicidade e Propaganda, pela Universidade Metodista de So Paulo Umesp; docente do curso de Comunicao da USCS;. coordenadora e docente do curso de Comunicao Social das Faculdades Integradas Corao de Jesus Fainc; consultora em Comunicao e diretorade arte freelancer. E-mail para correspondncia: [email protected]

ResumoTrata-se de uma pesquisa exploratria sobre o Twitter, um tipo rede social na Internet em formato de microblog. A questo central foi compreender a popularizao do servio, sobretudo no Brasil, e como este pode ser utilizado como ferramenta de comunicao pessoal ou, mesmo, corporativa. Este estudo preliminar foi desenvolvido por meio de pesquisa documental sobre redes sociais na Internet e pesquisa exploratria, com base em artigos publicados sobre o Twitter. A principal constatao que a utilizao das redes sociais como o Twitter para difuso de informaes, sejam pessoais, sejam corporativas, utilizandose de perfis reais e institucionais em sua divulgao, gera maior credibilidade das aes desenvolvidas, bem como estas so mais rpidas e podem ser acessadas via browser ou aplicativos que rodam em outros gadgets, como celulares ou smartphones. Palavras-chave: Internet, Web 2.0, redes sociais, propaganda, Twitter.

AbstractThis is an exploratory research on the Twitter, a type of social network on the Internet in format of microblog. The central question was to understand the popularity of the service, over all in Brazil, and how this can be used as tool of personal or even corporate communication. This preliminary study was developed through documentary research on social network sites and exploratory research, on the basis of articles published on the Twitter. The main finding is that the use of the social networks as the Twitter to disseminate information, personal or corporate, using of real and institutional profiles in its disclosure, generate greater credibility of the developed actions, as well as they are faster and can be accessed via browser or applications that run on others gadgets as cellular or smartphones. Keywords: Internet, web 2.0, social networks, advertising, Twitter.

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Artigo 1. INTRODUO

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A Internet, a cada dia, prova que um meio em franca mutao, e que esta acelerada mudana reflete a postura e os anseios de seus usurios. Tentar definir os rumos ou o futuro da Internet a busca por entender o que o internauta deseja da rede e como ele se relaciona com ela. A velocidade com que a tecnologia avana nos dias atuais leva a uma reflexo de como o homem se relaciona com esta tecnologia e como esta vem modificando e ainda modificar em muito as relaes humanas. No passado, acreditava-se que a tecnologia poderia facilitar a vida nos grandes centros urbanos e que o homem teria no futuro mais tempo para o lazer. Muitos ainda acreditam que a tecnologia ainda trar este benefcio. Ao se analisarem estas perspectivas, pode-se dizer que o homem busca, por intermdio da tecnologia, criar a sensao de bem-estar, como forma de esquecer que tem menos tempo e que a prpria tecnologia um dos responsveis por esta perda. Outra grande incgnita est em estabelecer se a tecnologia ser um agregador ou um desagregador social, j que os avanos permitem cada vez mais que as pessoas trabalhem isoladas em seus micros, conectadas ao vasto ciberespao. Pode-se caracterizar a Internet como uma mdia completamente diferenciada das mdias tradicionais, pois possibilita a interao do receptor, em nveis jamais pensados em outros meios. Esta interao possibilita ao indivduo a escolha de que informao pretende acessar e qual o aprofundamento que deseja ter nesta mesma informao. a seleo e a vastido de informaes que tendem a tornar a Internet um meio de democratizao da informao em mbito global. Entretanto, neste veculo de comunicao poderoso, o consumidor que vai at a empresa na busca de informaes, mostrando interesse e envolvimento. A Web proporciona empresa acesso a pessoas que j esto predispostas a saber mais sobre seu produto. A mensagem no est sendo imposta aleatoriamente ao cliente, como nas mdias tradicionais ele mesmo a est buscando, segundo Bender (apud OCONNOR, 2001). A consolidao e o crescimento exponencial da Internet nos ltimos anos, tanto no Brasil como no mundo, criaram as condies tcnicas e socioculturais para a ampliao das prticas comunicativas, nas quais a participao dos usurios cada vez mais intensa.

2. WEB 2.0 O termo Web 2.0 foi cunhado pela empresa americana OReilly Media, em 2003, para designar uma segunda gerao de comunidades e servios baseados na plataforma Web, como wikis, aplicaes baseadas em redes sociais, como nome de uma srie de conferncias sobre o tema, popularizando-se rapidamente a partir de ento. Foi a constatao de que as empresas que conseguiram se manter ao25

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longo da crise da Internet possuam caractersticas comuns entre si, o que criou uma srie de conceitos agrupados que formam o que se chama Web 2.0. Embora o termo tenha uma conotao de uma nova verso para a Web, ele no se refere atualizao nas suas especificaes tcnicas, mas a uma mudana na forma como ela encarada por desenvolvedores e, sobretudo, por seus usurios. Alguns especialistas em tecnologia, como Tim Berners-Lee, indicam que o termo no seria adequado, j que a Web 2.0 utiliza muitos componentes tecnolgicos criados antes mesmo do surgimento da Web, afirmando, inclusive, que a nomenclatura uma mera jogada de marketing. Tim OReilly (2008), idealizador do termo, definiu que:Web 2.0 a mudana para uma Internet como plataforma, e um entendimento das regras para obter sucesso nesta nova plataforma. Entre outras, a regra mais importante desenvolver aplicativos que aproveitem os efeitos de rede para se tornar melhores quanto mais so usados pelas pessoas, aproveitando a inteligncia coletiva (OREILLY, 2008).

A Web 2.0 prope uma experincia de uso semelhante de aplicativos para desktop, frequentemente fazendo uso de uma combinao de tecnologias. Estas tecnologias aumentaram a velocidade e a facilidade de uso de aplicativos Web, sendo responsveis por um aumento significativo no contedo (colaborativo ou meramente expositivo) existente na Internet. Desta forma, o usurio comum, que no detm conhecimentos de programao, passa a poder criar e publicar informao, devido facilidade das aplicaes disponveis. Blogs e wikis constituem a expresso mais clara desta manifestao. A praticidade, e consequente portabilidade, dos aplicativos que rodam direto via browser fazem com que as possibilidades e a velocidade de publicao na Web 2.0 sejam sem precedentes. O contedo dos sites tambm sofreu um enorme impacto com a Web 2.0. O usurio passou a ter uma possibilidade maior de interao, tanto gerando contedo quanto comentando ou avaliando contedos distribudos na rede. Esta interao pode se dar, inclusive, na personalizao da interface dos aplicativos pelo usurio, onde este escolhe o que ver e como quer ver a informao. Desta maneira, o usurio passa a construir, de forma no linear, seu acesso informao na Internet, maximizando seu tempo conectado, focando o que lhe de maior interesse ou relevncia. A organizao do contedo, feita pelo prprio usurio sob forma de marcaes, contrasta com uma taxonomia linear do sistema. Tim OReilly (2005) criou uma lista comparativa do que seria o senso da Web 2.0. Nessa lista, so encontrados alguns itens que remetem ideia de coletividade, que caracterstica da Web 2.0:

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Artigo 2.1 Exemplo da Web 2.01 Quadro 1: Lista comparativa entre Web 1.0 e Web 2.0Web 1.0 DoubleClick Ofoto Akamai mp3.com Britannica On-line personal websites domain name speculation page views publishing content management systems directories (taxonomy)Fonte: OREILLY (2005).

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Web 2.0 Google AdSense Flickr BitTorrent Napster Wikipedia blogging search engine optimization cost per click participation wikis tagging (folksonomy)

Desta maneira, as bases da Web 2.0 podem ser definidas como coletividade, participao e colaborao, substituindo individualidade, estagnao, limitao e unilateralidade, caractersticas da chamada Web 1.0. Com esta passagem da Web 1.0 para a Web 2.0, possvel entender o que previa Lvy (1993) desde o incio da Internet: a possibilidade de formao de uma inteligncia coletiva. O avano da Internet e das tecnologias digitais, da mesma maneira que o acesso dos consumidores informao, teve um aumento significativo, ampliando tambm a facilidade dos consumidores em expressar suas opinies. O termo ConsumerGenerated Media (CGM), ou mdia gerada pelo consumidor, descreve o contedo que criado e divulgado pelo prprio consumidor. Na Internet, o CGM est presente em comentrios, fruns, lista de discusses, blogs e fotologs, comunidades, grupos, sites participativos, no YouTube e na prpria Wikipedia. Os consumidores utilizam todas as ferramentas disponveis (Messenger, sites, blogs, e-mails, mensagens, celulares etc.) para divulgar, sobretudo, suas experincias pessoais e opinies em relao a produtos, servios, marcas, empresas e notcias. Como acontecia com a propaganda boca a boca, o CGM tende a ter um maior poder de influncia sobre outros consumidores do que as mdias tradicionais (TV, rdio, jornais impressos), pois ten1

Fragmento da tabela original criada por Tim OReilly. Retirada do site: .

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dem a passar mais credibilidade. A diferena que, com a tecnologia disponvel, o impacto do CGM muito maior que o antigo boca a boca. Outra grande vantagem o consumidor escolher aquilo que quer ver e partilhar entre seus conhecidos, o que considera importante. Desta maneira, a comunicao no se torna impositiva ou imperativa, mas se transforma em alvo do interesse espontneo do consumidor, que o torna mais receptivo mensagem. A percepo deste fenmeno tem levado algumas empresas a incentivar a prtica do CGM junto aos seus consumidores. Outras esto contratando empresas especializadas para pesquisar o que os consumidores esto comentando sobre sua marca, seu produto ou servio. O marketing e a publicidade on-line tambm mudaram muito com a Web 2.0. Agora, a empresa j no pode apenas comunicar; ela deve aprender a interagir. A publicidade deixou de ser uma via de mo nica, por onde a empresa emite uma mensagem que o consumidor recebe. Como a Internet feita de gente, a publicidade se tornou o relacionamento entre pessoas da empresa e pessoas que so consumidores. Isso inclui o um novo conceito chamado marketing de performance. Neste novo conceito, o indivduo contrata o servio de marketing e s paga pelos resultados que recebe. Nada de estar na Internet s para no ficar fora dela; agora, toda ao on-line deve ser interessante do ponto de vista do retorno sobre o investimento. Alm disso, as antigas formas de publicidade on-line deram lugar a campanhas onde o usurio s paga pelos cliques que seu banner recebe, marketing atravs de links patrocinados em sites de busca, otimizao de sites para sites de busca e marketing virtual. Esta a formula de sucesso, por exemplo, do Google Adwords. 3. REDES SOCIAIS NA INTERNET Redes sociais representam um conjunto de participantes autnomos, unindo ideias e recursos em torno de valores e interesses compartilhados. A questo central das redes sociais a valorizao dos elos informais e das relaes, em detrimento das estruturas hierrquicas. As redes sociais so exatamente as relaes entre os indivduos na comunicao mediada por computador. O primeiro fundamento de uma rede social o ator que, na rede social, representa um indivduo. Em seguida, o fator essencial de toda rede ideia de lao, que corresponde conexo entre os atores. Esses sistemas funcionam atravs da interao social, buscando conectar pessoas e proporcionar sua comunicao, de modo que podem ser utilizados para forjar laos sociais. As pessoas levam em conta diversos fatores ao escolherem conectar-se ou no a algum. Os laos sociais, portanto, so estabelecidos sob prismas muito especficos, de interesses comuns de cada n. O conceito de lao social passa pela ideia de interao social, sendo denominado lao relacional, em contraposio ao lao associativo, aquele relacionado unicamente ao pertencer (a algum lugar, por exemplo). Desta maneira, no existe a possibilidade de uma rede

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existir sem nenhum lao, mesmo que sejam apenas afinidades, relaes e at links de sites. Os laos podem ter diversos moduladores. Um deles a fora, que estabelece a intensidade do contato entre os pontos. Para Granovetter (1973), (...) a fora de um lao uma combinao (provavelmente linear) da quantidade de tempo, da intensidade emocional, da intimidade (a confiana mtua) e dos servios recprocos que caracterizam este lao. Os laos associativos constituem-se em meras conexes formais, que independem de ato de vontade do indivduo, bem como de custo e investimento. Os laos sociais tambm podem ser fortes e fracos. Uma peculiaridade da fora que o conceito pode ser aplicado no somente a pares, mas em uma macroestrutura,. Desta maneira, pode-se dizer que os laos fortes so contatos diretos entre as pessoas que esto compondo uma determinada rede. Correspondem a relaes mais prximas do indivduo, como famlia e amigos prximos. Esta rede compe-se de um grupo fechado, do tipo todos conhecem todos. Caracteriza-se, ainda, pela intimidade, pela proximidade e pela intencionalidade em criar e manter uma conexo entre duas pessoas. J os laos fracos, por outro lado, caracterizam-se por relaes esparsas, ou relaes entre pessoas que possuem um intermedirio comum, que no traduzem proximidade e intimidade. uma rede em que no h, obrigatoriamente, a necessidade de todas as pessoas estabelecerem um vnculo direto, mas se constri por meio de um intermedirio. Seria o caso de um amigo de um amigo. Segundo Granovetter (1973):Laos fracos ajudam pessoas com acesso informao e recursos alm dos disponveis no seu prprio crculo social; mas laos fortes tm uma motivao maior para prestar assistncia e, normalmente, so mais disponveis (GRANOVETTER, 1973)

As interaes sociais que ocorrem na Internet (em blogs, fotologs, Orkut, Facebook ou Twitter) constituem efetivamente laos fortes. Declaraes de amor, amizade e suporte so frequentes, demonstrando intimidade. Para Andr Lemos (2007: 10), este novo contexto prope uma nova configurao dos meios de comunicao, podendo estes ser divididos em massivos e ps-massivos. Segundo o autor, as mdias massivas so mdias de informao, emitindo de um plo centralizado para uma massa de receptores; j as ps-massivas permitem a comunicao bidirecional atravs de um fluxo de informao em rede (LEMOS, 2007: 10). 4. BLOGS Para Marcuschi (2005), em sua discusso sobre gneros do discurso eletrnico, blogs constituem um gnero emergente, que transmuta outros anteriores. Entretanto, a definio proposta por Marcuschi no acompanhou a transformao das prticas na blogosfera: (...) dirios pessoais na rede; uma escrita autobiogrfica com observaes dirias ou no, agendas, anotaes, em geral muito praticados pelos adolescentes na forma de dirios participativos (MARCUSCHI, 2005: 29).

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Hoje, apontou Alex Primo (2008), os blogs so muito mais que meros dirios. Primo (2008) ainda identificou que as finalidades de um blog so as mais diversas, como os blogs grupais ou os organizacionais. Para Recuero (2003), blogs poderiam ser categorizados como: a) dirios, que tratam basicamente da vida pessoal do autor; b) publicaes, que trazem comentrios sobre diversas informaes; c) literrios, cujos posts trazem contos, crnicas ou poesias; d) clippings, que agregam links ou recortes de outras publicaes; e) mistos, que misturam posts pessoais e informativos. Mas estas no so as nicas categorizaes. Outros autores vm propondo novas categorias ou, mesmo, a miscigenao de certas categorias. Alex Primo, em seu artigo de 2008 para a Intercom, props uma tipificao bem mais complexa, dividindo os blogs em 16 gneros. De qualquer forma, independentemente da classificao que recebam, os blogs acabam por se tornar tambm um espao propcio para a formao de uma memria coletiva. Recuero (2002) falou em webrings, que seriam:(...) crculos de blogueiros que leem seus blogs mutuamente e interagem nestes blogs atravs de ferramentas de comentrios. Os blogs so linkados uns nos outros e formam um anel de interao diria, atravs da leitura e dos comentrios nos posts entre os vrios indivduos, que chegam a comentar os comentrios uns dos outros ou mesmo deixar recados para terceiros nos blogs (RECUERO, 2002: 7).

5. TWITTER O Twitter um microblog, uma ferramenta que permite atualizaes rpidas e curtas e, se possvel, a partir de uma multiplicidade de suportes diferentes. Existe possibilidade de atualizar o Twitter, por exemplo, pela Web, por instant messaging (IM) ou at pelo celular por short message service (SMS) ou Internet mvel. H outras ferramentas de microblog na Web, como o Pownce e o Jaiku, mas o interessante do Twitter a limitao de espao de publicao por post. O Twitter surgiu em 2006 com o simples objetivo de que as pessoas respondessem pergunta: o que voc est fazendo agora?. Diante de uma pergunta to simples, as respotas foram limitadas a 140 caracteres. Desenvolvido pelo americano Jack Dorsey, o servio considerado um microblog, que permite mensagens com at 140 caracteres. Jack Dorsey disse que com poucos caracteres as pessoas so mais espontneas, mais instantneas. A ideia minimizar os pensamentos. Ainda para o mencionado autor:30

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Figura 1: Pgina de apresentao do Twitter

O Twitter mais uma rede de notcias, onde cada um atualiza em texto a sua vida. Quem quiser segue. No preciso ser amigo. Uma pessoa pode te seguir e voc pode no querer segui-la.

O Twitter tem sua plataforma aberta, o que significa que qualquer um pode utilizar o cdigo do sistema para buscar usos criativos. H uma infinidade de sites e programas derivados do Twitter. Em entrevista ao jornal El Pas, Jack Dorsey afirmou que o Twitter no uma rede social, mas sim uma ferramenta de comunicao. O referido autor salientou ainda que:O Twitter uma forma de comunicar com as pessoas muito porttil e acessvel. Qualquer um com um telefone Nokia pode entrar na minha conversa. O Twitter permite controlar o que tem e aquilo que recebe e as pessoas podem optar por ler ou no. Aquilo que o Twitter faz simplificar a comunicao entre as pessoas, expressar as tendncias daquilo que se est a passar em cada cidade e no mundo, para alm de forar a interao entre os indivduos que anteriormente se relacionavam cara a cara.

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Mesmo assim, a rede considerada uma rede social por conectar pessoas. certo que estas no tm a obrigao de adicionar-se mutuamente, o que torna o ato de seguir algum no Twitter uma ao, por vezes, unilateral. Apesar de ser uma rede social, o Twitter um lugar de autopublicao, onde pessoas colocam links, falam de seus projetos, divulgam notcias. No h regra. Uns falam sobre a vida ou postam links; outros twittam das frias. um servio que est se definindo. A tecnologia nova. Todos os dias as pessoas acham novas utilidades, complementou Dorsey. O Twitter se tornou o hype do momento na Internet brasileira, que registra um volume exponencial de criao de perfis no sistema neste ano de 2009. Mesmo sendo um sucesso, a baixa compreenso de como funciona o sistema ou, mesmo, a questo que norteia o servio (o que voc est fazendo agora?) faz com que muitos usurios se cadastrem, mas no utilizem o servio com frequncia ou, ainda, nem voltem a utiliz-lo. Em matria concedida Folha On-line, o diretor de insights da Edelman Digital, Steve Rubel2, afirmou que: o Twitter est atingindo um ponto alto porque atraiu a maioria das pessoas que quer viver em pblico. O Facebook, por sua vez, permite mais intimidade. Rubel revelou acreditar que o Twitter deve crescer bruscamente por seis a nove meses e, depois disso, ficar em nvel estvel. O que deve atrair mais usurios a possibilidade de postar a partir de mltiplas plataformas (via Internet, aplicativos e celulares). Um estudo conduzido pela Harvard Business School, publicado em matria no jornal Folha de S. Paulo3, analisou o trfego e o perfil dos internautas, e indicou que o Twitter pode ser considerado uma mdia de difuso de informaes, assim como o rdio e a televiso, e no de conversao da informao, como as demais redes sociais. A pesquisa foi realizada em um universo de 300 mil usurios do servio, durante o ms de maio, constatando que 90% de todas as mensagens do Twitter so postadas por apenas 10% dos usurios pesquisados. Em pesquisa realizada pela Nielsen4, demonstrou-se que os internautas tm passado mais tempo em sites de relacionamento e blogs o nmero de minutos passados por norte-americanos em redes sociais cresceu 83% em abril, quando comparado com o mesmo perodo do ano anterior. A pesquisa tambm detectou que o Twitter o quinto colocado nos Estados Unidos em tempo de acesso. Em um ano, o acesso ao servio aumento 3.712%, comparando-se abril de 2009 com o mesmo perodo de 2008.2

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F OLHA O N - LINE . Disponvel em: . Acesso em: 08 de junho de 2009. F OLHA O N - LINE . Disponvel em: . Acesso em: 08 de junho de 2009. F OLHA O N - LINE . Disponvel em: . Acesso em: 08 de junho de 2009.

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Artigo 6. CONSIDERAES FINAIS

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Mesmo que a prxima gerao da Internet, denominada Web 3.0, j esteja em vias de desenvolvimento, a realidade com a qual ainda preciso se lidar, acostumar e, sobretudo, interagir a da Web 2.0. A questo das redes sociais situa-se em como as pessoas passaram a lidar com o contedo neste novo conceito de interao entre usurios. preciso entender esta nova mecnica e, de certa forma, acompanhla. O que parece fcil, na verdade, no . Ferramentas como o Twitter so ainda novidade, quando se pensa em estratgias de comunicao, e sua utilizao como uma ao organizada ainda raridade no meio publicitrio brasileiro. As poucas aes organizadas que utilizam esta ferramenta, normalmente, limitam-se ao uso do YouTube para postar seus vdeos, e apenas isso. O internauta de hoje muito mais exigente e muito mais experimentado em termos de tecnologia. Ele no aceita mais o contedo pronto e acabado, mote da Web 1.0, e a confiabilidade do contedo passada, alm das fontes formais de informao, pela indicao de conhecidos. Volta-se, mais uma vez, velha questo dos formadores de opinio, que acabam tendo, na Web 2.0, o poder de propagar ou de afundar uma campanha. As empresas que j esto se organizando para monitorar o contedo publicado na rede percebem que podem atender ao cliente de forma mais direta e evitar, inclusive, a propagao de notcias falaciosas sobre produtos ou servios. Por se tratar de mecanismos de criao de contedo pessoal, os usurios se sentem mais livres para comentar honestamente suas percepes. Da mesma maneira que uma pesquisa real sempre tem uma margem de erro para as respostas obtidas, que podem ser ofertadas de maneira errnea por medo ou vergonha, na rede, as pessoas perdem estes escudos psicolgicos e se manifestam de maneira mais aberta e, sobretudo, por livre e espontnea vontade. Um cliente que faz uma reclamao em um frum, ou ainda um comentrio, est fazendo isso com o intuito de alertar outros usurios, alm de expressar seu descontentamento. O mesmo acontece quando ele se coloca favorvel a um dado produto ou servio. Este aval espontneo tem muito mais credibilidade do que os intencionais. Um estudo desenvolvido pela E.Life, empresa brasileira que monitora e analisa a mdia gerada pelo consumidor na Amrica Latina, realizado no perodo de 06 de maio a 02 de junho de 2009, analisando mais de 36 mil posts no Twitter, identificou as dez marcas mais mencionadas no sistema, segundo o site de Alex Primo5:

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Quadro 2: As dez marcas mais mencionadas no Twitter maio/junho de 2009Ranking 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Fonte: PRIMO (2009).

Marca Microsoft Linux Nokia Dell Fiat Mac OS Intel LG Eletronics Universo On Line Samsung

Volume total 4.545 3.915 3.253 1.602 1.233 1.053 1.027 976 819 771

Porcentagem 12,35% 10,64% 8,84% 4,35% 3,35% 2,86% 2,79% 2,65% 2,22% 2,09%

Ainda segundo Primo (2009), o buzz sobre a Microsoft se deve ao lanamento do servio Vine.net, concorrente do Twitter, mas que tem recursos de mdia locativa. Quanto ao Linux, Alessandro Lima, scio diretor da E.Life, afirmou que discusses e informaes deste sistema operacional continuam em pauta em qualquer rede social, por conta do carter aberto do software, e neste ms ganhou peso com o lanamento de um netbook com Linux instalado. Quando se fala em Twitter, que o novo hype da Internet no Brasil, preciso tambm levar em conta a questo da popularidade. No basta apenas ter uma conta, seguir algumas pessoas. Vem crescendo dentro do servio a procura por ser o mais seguido, isto , ter milhares de pessoas acompanhando o que o sujeito escreve, mesmo que este no as siga tambm. O jornalista e apresentador Marcelo Tas6, que liderou por um bom tempo o ranking dos mais seguidos, ponderou sobre a relevncia de serem buscados altos nmeros de seguidores, como se perseguem os ndices do Ibope7 nas mdias eletrnicas. Esta uma questo realmente muito importante, visto que no basta apenas seguir algum, mas interagir com o contedo de quem se segue. Isto , no basta ter quantidade de seguidores, ou de seguidos, se o que se posta no visto ou os links sugeridos no so clicados. Esta, segundo Tas, deveria ser a real medida da

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Caderno Link do jornal O Estado de S. Paulo. Disponvel em: . Acesso em: 15 de maio de 2009. 7 Instituto Brasileiro de Opinio Pblica e Estatstica.

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popularidade no Twitter. importante ressaltar que Marcelo Tas passou a ser patrocinado pela empresa Telefonica, e muitos consideraram que, se fossem bem ranqueados, poderiam conseguir patrocnios semelhantes. Porm, tal patrocnio tambm trouxe algum incmodo para Tas, tendo em vista que, cada vez que o servio da Telefonica se mostrava instvel ou, nas duas grandes panes do sistema este ano, o apresentador foi alvo de crticas por parte da comunidade de twitteiros. A jornalista Rosana Hermman chegou mesma concluso, segundo artigo do Caderno Link do jornal O Estado de S. Paulo. Rosana chegou a utilizar um script que adicionava automaticamente perfis, o que aumenta muito a chance de ser adicionado. Durante uma semana de uso, conseguiu um incremento de cinco mil seguidores, mas chegou concluso de que no valia a pena, j que muitos eram estrangeiros ou fakes. Depois deste perodo, declarou, na sua pgina do Twitter, que estava encerrando a experincia e deixou de seguir grande parte dos adicionados via script, o que baixou tambem o seu nmero de seguidores. Alguns programas tm utilizado o Twitter para compor suas pautas, como o caso do programa Olhar digital, especializado em tecnologia, que convoca online seus seguidores para colaborarem com ideias, perguntas e, at mesmo, procurando colaboradores para as diversas matrias que produz. O cartunista Mauricio de Sousa, criador da Turma da Mnica, vem utilizando o Twitter para se aproximar do seu pblico, assim como faz com o Orkut, porm de maneira mais direta, inclusive utilizando servios de webvideo para conversar via webcam/Twitter com os fs em encontros marcados via Twitter. Alm disso, tem postado constantemente fotos de suas viagens e de exposies que est montado, como forma de participar os fs do que tem feito ou ainda ir fazer. Recentemente, pediu o apoio de seus seguidores na campanha para ter o Pelezinho, personagem criado nos anos 1970, como mascote da Copa do Mundo no Brasil de 2014. Em maio deste ano, o Yahoo! Brasil lanou o servio Meme, ainda em verso alpha8 e exclusivo para convidados. O Meme no quer ser apenas uma verso do Twitter, e para isso implementou em seus posts a possibilidade de publicao de imagens e vdeos diretametamente, sem a necessidade de links. Outro incremento interessante poder acompanhar quantas vezes uma mensagem foi repassada e os comentrios adicionais de seus seguidores. Este recurso acaba por criar uma

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Segundo a Enciclopdia Livre Wikipdia, a verso alpha de um produto normalmente definida quando este produto ainda est em fase de construo e testes. Mas s os programadores envolvidos tm acesso, e no o pblico em geral. Porm, os usurios que sero beneficiados com o software podero testar o sistema em um ambiente controlado nas instalaes do desenvolvedor, caracterizando o processo denominado teste alpha. Disponvel em: . Acesso em: 25 de maio de 2009.

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interatividade ainda maior no servio, deixando o chamado re-twitting, algo mais pessoal e menos mecnico. O mais interessante, no entanto, que a estratgia do Yahoo! Meme foi lanar a ferramenta apenas no Brasil. Parte desta iniciativa se deve ao fato de que, no Brasil, o servio do Twitter est se popularizando e ganhando milhares de adeptos apenas agora, o que faz com que a ferramenta do Yahoo! chege em um momento de consolidadao do servio e, consequentemente, de expanso do mercado geral. Outro motivo seria uma certa tendncia dos brasileiros em conhecer novas ferramentas e torn-las rapidamente um febre entre usurios. Ainda em maio de 2009, foi iniciado um movimento, chamado Censo do Twitter no Brasil. Trata-se de uma pesquisa que tem como finalidade coletar dados estatsticos para uma aproximao demogrfica da Twittosfera no Brasil. Os trabalhos ainda no foram encerrados, mas apontam que quase a totalidade dos respondentes pessoa fsica (97,43%); sendo 55.85% de homens, 42.25% de mulheres e 1,9% de empresas; maior faixa etria entre 19 a 24 anos (43,65%) e concentrados no Estado de So Paulo (38,36%). Os dados podem ser acompanhados em tempo real pelo site9. Outro fato interessante foi a utilizao da loja de televendas Bestshotv.com pela rede social do Twitter para propor uma promoo se atingisse a meta de mil seguidores em um nico dia. A mecnica da promoo consistia na venda de alguns produtos da loja com at 90% de desconto. Os produtos em promoo estavam identificados com um selo e precisavam ser encontrados pelos usurios, isso das 1h s 5h da madrugada. No dia proposto, o site da empresa no suportou o nmero de acessos simultneos e adiou a promoo para o dia seguinte. Depois de reforar seus servidores, cumpriu o prometido e efetivou a promoo com dez produtos eletrnicos. A grande questo que a mecnica de disposio dos produtos e da sada do ar dos produtos j adquiridos no ficou clara. O marketing negativo ocasionado por este tipo de iniciativa pode superar em muito os ganhos com visitas ao site. O gerente de marketing do site, Fabio Marques Santos, disse que houve ofertas com mais de 15 mil cliques simultneos. E que o cliente que efetivou a compra mais rapidamente foi o que levou o produto. Para dar mais transparncia e credibilidade ao, a empresa associou-se Abrinq10 e prometeu divulgar o nome e o vdeo dos ganhadores, garantindo, assim, a idoneidade da ao. De qualquer maneira, centenas de mensagens circularam pelo Twitter e foram, consequentemente, replicadas, com opinies inflamadas de clientes que se diziam enganados pela empresa e declaravam que no comprariam nunca mais no estabelecimento. Comunidades foram criadas em outras redes, como o Orkut.9 10

Disponvel em: . Associao Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos.

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Mais do que apenas um tipo de blog ou microblog, o Twitter se consolida como uma ferramenta de comunicao mvel, podendo transmitir e receber dados de dispositivos como celulares smartphone e PDAs11. Estes so apenas alguns exemplos. Diariamente, surgem novas informaes em decorrncia de acontecimentos no Twitter. Por se tratar de um sistema em expanso, muitas outras pesquisas podem ainda ser desenvolvidas, compreendendo usurios e utilizaes do sistema.

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caderno.com Vol. 4 - N 2 - 2 semestre de 2009