ULTRASSONOGRAFIA NA VALIDAÇÃO DO ESCORE DE … · FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA...

61
ULTRASSONOGRAFIA NA VALIDAÇÃO DO ESCORE DE CONDIÇÃO CORPORAL EM VACAS HOLANDÊS- ZEBU DURANTE O PERÍODO DE TRANSIÇÃO E FASE INICIAL DA LACTAÇÃO NARJARA RODRIGUES GENTIL Mestrado 2016 PROZOOTEC - PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

Transcript of ULTRASSONOGRAFIA NA VALIDAÇÃO DO ESCORE DE … · FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA...

ULTRASSONOGRAFIA NA VALIDAÇÃO DO ESCORE

DE CONDIÇÃO CORPORAL EM VACAS HOLANDÊS-

ZEBU DURANTE O PERÍODO DE TRANSIÇÃO E FASE

INICIAL DA LACTAÇÃO

NARJARA RODRIGUES GENTIL

Mestrado 2016 PROZOOTEC - PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E

PESQUISA

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA

NARJARA RODRIGUES GENTIL

ULTRASSONOGRAFIA NA VALIDAÇÃO DO ESCORE

DE CONDIÇÃO CORPORAL EM VACAS HOLANDÊS-

ZEBU DURANTE O PERÍODO DE TRANSIÇÃO E FASE

INICIAL DA LACTAÇÃO

SÃO CRISTÓVÃO-SE

2016

Dissertação apresentada à Universidade

Federal de Sergipe como parte das

exigências para obtenção do título de

Mestre em Zootecnia.

Orientador:

Prof. Dr. Anselmo Domingos F. Santos

FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

G338u

Gentil, Narjara Rodrigues. Ultrassonografia na validação do escore de condição corporal

em vacas holandês-zebu durante o período de transição e fase inicial da lactação / Narjara Rodrigues Gentil ; orientador Anselmo Domingos F. Santos. – São Cristóvão, 2016.

53 f.: il.

Dissertação (mestrado em Zootecnia)– Universidade Federal de Sergipe, 2016.

1. Vaca - Ultrassonografia. 2. Metabolismo. 3. Lactação. I.

Santos, Anselmo Domingos F., orient. II. Título.

CDU 636.291

NARJARA RODRIGUES GENTIL

ULTRASSONOGRAFIA NA VALIDAÇÃO DO ESCORE

DE CONDIÇÃO CORPORAL EM VACAS HOLANDÊS-

ZEBU DURANTE O PERÍODO DE TRANSIÇÃO E FASE

INICIAL DA LACTAÇÃO

SÃO CRISTÓVÃO-SE

2016

Dissertação apresentada à Universidade

Federal de Sergipe como parte das

exigências para obtenção do título de

Mestre em Zootecnia.

DEDICO

Primeiramente a Deus, sem ele nada disso seria possível... A minha mãe,

Por todo amor e esforço destinados a mim e por sonhar o meu sucesso. Mãe, esse título é nosso!

AGRADECIMENTOS

A Deus por me proteger e me guiar por esse longo caminho;

A minha mãe, pelos ensinamentos e pelas palavras de conforto nos momentos de

desânimo;

Ao meu pai e irmãos por torcerem e contribuírem para o meu sucesso;

Ao meu noivo por todo auxilio, amor, paciência e suporte emocional. Você foi

fundamental nesses 2 anos de mestrado e na minha vida.;

Aos meus familiares, principalmente minhas tias Sandra e Solange e minha avó

Lourdes, pelas orações e por me incentivarem á continuar.

Ao professor e orientador Anselmo Domingos, por toda paciência, dedicação e

ensinamentos destinados a mim durante o mestrado. Obrigada por ser mais que um

orientador, o êxito desse trabalho é consequência disto.

A equipe que me acompanhou nas colheitas de dados no campo: Mariana e Cláudio.

Sem a ajuda deles não teria conseguido;

A equipe do GEBOL pela colaboração nas análises laboratoriais, especialmente

Franciele, pelos feriados e domingos de trabalho.

Aos meus amigos que me motivaram nessa trajetória. Em especial: Diana, Maíse e

Jamilly. O carinho e apoio de vocês foram essenciais para essa conquista.

A equipe do PROZOOTEC, pelo suporte didático.

A FAPITEC pela bolsa concedida.

“É preciso que eu suporte duas ou três

larvas se quiser conhecer as borboletas.”

O pequeno príncipe

SUMÁRIO

Página

RESUMO .................................................................................................................................... 1

ABSTRACT ................................................................................................................................ 2

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 3

2. REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................... 4

2.1 Método de avalição por Escore de condição corporal (ECC) ............................................. 4

2.2 Relação entre ECC e tecido adiposo ................................................................................... 7

2.3 Efeito do ECC sobre a reprodução ...................................................................................... 9

2.4 Relação entre ECC e a produção de leite .......................................................................... 11

2.5 Uso de ultrassonografia na avaliação da condição corporal .............................................. 12

2.6 Período de transição .......................................................................................................... 15

3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 18

Validação por ultrassonografia da condição corporal em vacas Holandês-Zebu em

diferentes fases fisiológicas e suas características produtivas e metabólicas ............................ 27

RESUMO .................................................................................................................................. 27

ABSTRACT .............................................................................................................................. 28

Introdução ................................................................................................................................. 29

Material e Métodos ................................................................................................................... 30

Resultados e Discussão ............................................................................................................. 34

Conclusões ................................................................................................................................ 50

Literatura Citada ........................................................................................................................ 51

1

RESUMO

Gentil, Narjara Rodrigues. Universidade Federal de Sergipe, Maio de 2016.

Ultrassonografia na validação do escore de condição corporal em vacas holandês-

zebu durante o período de transição e fase inicial da lactação Orientador: Anselmo

Domingos F. Santos.

O escore de condição corporal (ECC) é um método de avaliação das reservas energéticas

do animal e foi desenvolvido com base nas características de mobilização/deposição de

gordura de vacas com grau de sangue Holandês. Por isso, ainda não se sabe se essa

metodologia é apropriada para vacas mestiças. Desta forma, objetivou – se com esse

estudo verificar a relação entre a espessura de gordura subcutânea na garupa (EGG) e o

ECC de vacas mestiças (Holandês x Zebu) durante o período de transição e fase inicial de

lactação, e relacionar esses achados com parâmetros produtivos e metabólicos. Um total de

108 vacas leiteiras Holandês x Zebu pertencentes a seis propriedades rurais foram

escolhidas aleatoriamente e divididas em três grupos de acordo com sua fase de produção

naquele momento: grupo PP (0 a 4 semanas pré-parto; n=30 animais); grupo L4 (0 - 4

semanas pós-parto; n = 15 animais); grupo L+5 (5 - 14 semanas pós – parto; n=63

animais). Análises de correlação e regressão foram usadas para descrever a relação entre as

variáveis ECC, EGG, peso corporal (PC). Para avaliação produtiva e metabólica dos

animais foi feito uma análise multivariada de agrupamento visando à distribuição dos

mesmos em grupos de EGG homogêneos dentro de cada fase estudada. A análise de

variância mostrou que houve diferenças significativas (P<0,05) entre os três grupos para as

três variáveis ECC, EGG e PC. A variável PC apresentou uma fraca correlação com as

variáveis ECC e EGG, com r = 0,28 e r = 0,38, respectivamente. Nos grupos PP e L+5

houveram fortes e diretas correlações entre as variáveis EGG e ECC, com r = 0,78 e r =

0,71, respectivamente. O EGG foi sensível às mudanças dos metabólitos albumina,

colesterol total e proteína total. Além de ser um bom indicador da produção e densidade do

leite, como também das proporções de sólidos totais e lactose.

Palavras-chave: avaliação, mobilização, metabolismo, produção, reserva energética

2

ABSTRACT

Gentil, Narjara Rodrigues. Federal University of Sergipe, May – 2016.Ultrasonography

in the validation of body condition score in Holstein - zebu cows during the transition

period and early lactation. Advisor: Anselmo Domingos F. Santos.

The body condition score (BCS) is a method of assessment of the animal's energy reserves

and it was developed based on the characteristics of mobilization/ deposition of cow’s fat

cows with degree of Holstein blood Therefore, it is not known whether this methodology is

appropriate for crossbred cows. Thus, the objective with this study to investigate the

relationship between the back fat thickness (BFT) and the body condition score (BCS) in

crossbred cows (Holstein - Zebu) during the transition period and early lactation, and to

relate these findings with productive and metabolic parameters. A total of 108 Holstein -

Zebu dairy cows from six farms were randomly selected and divided into three groups

according to their production phase at the time: PP group (0 to 4 weeks antepartum; n = 30

animals); L4 group (0-4 weeks postpartum; n = 15 animals); L + 5 group (5-14 weeks

postpartum; n = 63 animals). Correlation and regression analysis were used to describe the

relationship between the BCS, BFT and body weight (BW) variables. For productive and

metabolic evaluation of the animals we made a multivariate cluster analysis to order the

distribution of these animals in homogeneous BFT groups within each study phase.

Analysis of variance showed significant differences (P <0.05) among the three groups for

the three variables BCS, BFT and BW. The BW variable showed a weak correlation with

the BCS and BFT variables r = 0.28 and r = 0.38, respectively. In groups PP and L + 5

there were strong and direct correlation between BFT and BCS variables, r = 0.78 and r =

0.71, respectively. The BFT was sensitive to changes in metabolites albumin, total

cholesterol and total protein. In addition to being a good indicator of the production of milk

and density, as well as proportions of total solids and lactose.

Keywords: evaluation, mobilization, metabolism, production, energy reserves

3

1. INTRODUÇÃO

Para controlar a intensidade e a magnitude da mobilização de reservas

corporais em bovinos de leite, foram elaboradas algumas técnicas, como o escore de

condição corporal (ECC) conforme Edmonson et al. (1989) e a mensuração da

gordura subcutânea monitorada por ultrassom (EGS; (STAUFENBIEL, 1992)).

O período de transição é compreendido entre as três semanas anteriores e as

três semanas posteriores ao parto, é um dos momentos mais críticos para vacas

leiteiras (GRUMMER, 1995). Neste período há um déficit de energia (Balanço

Energético Negativo - BEN) e proteína necessárias para atender as exigências

nutricionais para manutenção e produção de leite, com consequente mobilização das

suas reservas corporais (lipídeos e proteínas) (BAUMAN, 2000; LIMA et al., 2012).

O ECC é frequentemente utilizado nessa fase por ser uma forma prática de

avaliação das reservas corporais em bovinos leiteiros. Apesar do mesmo ter relação

direta com o estado nutricional dos animais, esse método tem implicação também na

produção de leite, saúde do rebanho, desempenho reprodutivo, bem-estar animal e

rentabilidade da atividade leiteira (BEWLEY e SCHUTZ, 2008). Entretanto, se essa

avaliação for feita de maneira errada pode resultar em efeitos negativos sobre a saúde

e a produtividade de vacas leiteiras (STENGÄRDE et al., 2008). Então, torna-se

necessário um profundo conhecimento dessa avaliação para que sua utilização seja

eficaz para ser feita em todos os animais, independente de raça, manejo, ambiente ou

fase produtiva.

Deste modo, recursos mais objetivos devem ser usados para aprimorar essa

técnica. A ultrassonografia vem sendo utilizada há algum tempo por diversos

profissionais como uma forma de avaliação da qualidade da carcaça de bovinos

(FISHER, 1997). Também, tem sido observado grande acurácia das medidas de

ultrassom para indicar quantidades de gordura subcutânea e gordura da carcaça em

vacas de leite (OTTO et al., 1991; GRESHAM et al., 1986). Medidas como

espessura de gordura subcutânea ou de cobertura, gordura intramuscular, área do

olho do lombo (AOL), espessura de gordura da garupa (EGG) são frequentemente

usadas no manejo geral de rebanhos bovinos com destaque para as duas ultimas

citadas, por serem aplicáveis ao monitoramento da condição corporal dos animais e

possibilitar o gerenciamento de fazendas produtoras de leite.

Os softwares de análises de imagens dispõe de diversas ferramentas úteis e

adequada para avaliar imagens de ultrassonografia podendo ser realizado medições

4

de espessuras, áreas ou volumes dos tecidos. Assim, esses programas proporcionam

uma maior exatidão nas medições o que mostra ser vantajoso na estimativa da

composição corporal. Além disso, é alcançada uma maior rapidez nos processos de

medição, proporcionando maior desenvolvimento da técnica de ultrassonografia

(SILVA et al., 2007; SILVA, 2010). Entretanto, as técnicas citadas nesse estudo

foram criadas e aperfeiçoadas para animais da raça Holandês (Bos taurus taurus),

sendo necessário verificar se as mesmas se adequam a animais mestiços (Bos taurus

taurus x Bos taurus indicus), por serem a base da produção de leite do Brasil.

Diante da relevância do acompanhamento das reservas corporais para o sucesso

da criação de bovinos de leite, esse trabalho teve como objetivo validar o método de

avaliação do escore de condição corporal a partir de medidas de espessura de gordura

subcutânea por meio de ultrassom em vacas mestiças Holandês - Zebu no período de

transição e inicio de lactação, levando em consideração o estágio produtivo e

metabólico.

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Método de avalição por Escore de condição corporal (ECC)

A avaliação do ECC é uma estimativa subjetiva das reservas de energia do

corpo. Esse método é baseado em algumas avaliações da aparência exterior da vaca

que exerce interação com as suas reservas de gordura corporal sendo diretamente

influenciado pelo balanço energético. O ECC é uma ferramenta que permite verificar

o equilíbrio entre uma alimentação eficiente e o bem-estar. Deste modo, ele é

particularmente útil como auxilio para tomada de decisão no gerenciamento das fases

secas, pré e pós-parto. O ECC também está fortemente relacionado com a produção

de leite e a duração do anestro pós-parto (KADIVAR et al. 2014; ROCHE et al.

2013).

Corroborando com essas informações, vários autores têm documentado

significativa relações entre ECC e saúde (GILLUND et al. 2001; ROCHE e BERRY

2006; BERRY et al. 2007), a fertilidade (WALTNER, et al. 1993; BUCKLEY et al.

2003; ROCHE et al. 2007a) e produção de leite (WALTNER et al. 1993;

MARKUSFELD, et al. 1997), justificando assim a sua utilidade no manejo de vacas

leiteiras.

5

Até 1970, não havia um meio de medir as reservas energéticas ou condição de

uma vaca (STOCKDALE, 2001). O peso corporal por si só não era um bom

indicador de reservas corporais, pois as vacas de um peso específico poderiam ser

tanto altas e magras como baixas e gordas. Gibb et al. (1992) e Andrew et al. (1994)

constataram em seus estudos que a energia armazenada variou em até 40%, em vacas

de peso semelhante, destacando a insignificância e imprecisão de depender apenas do

peso corporal como um índice de condição em bovinos. Além disso, a mobilização

dos tecidos no início da lactação ocorre junto com o aumento do consumo de ração.

Portanto a redução do peso corporal pode ser mascarada pelo preenchimento

intestinal, de modo que alterações no peso não refletem mudanças no tecido adiposo

e nem no peso de tecido magro (NRC, 2001).

A princípio os métodos de avaliação do ECC foram desenvolvidos para

ovelhas (JEFFERIES, 1961), sendo mais tarde proposto um método adaptado para

bovinos de corte que utilizava uma escala de 0 a 5, com valores intermediários num

total de 11 possíveis escores (LOWMAN et al., 1976). Na mesma época,

pesquisadores da Austrália e da Nova Zelândia iniciaram o desenvolvimento de

métodos semelhantes de avaliação da condição corporal para bovinos (EDMONSON

et al., 1989). Atualmente, para vacas leiteiras, esses países utilizam as escalas de 8 e

10 pontos, respectivamente (ROCHE et al., 2004). O sistema de pontuação

dinamarquesa baseia-se numa escala de 9 pontos (LASSEN et al., 2003). Sistemas de

pontuação prevalecentes nos Estados Unidos e na Irlanda utilizam uma escala de 5

pontos na qual um ECC de 1 indica a condição de vaca muito magra e um ECC de 5

indica obesidade.

Na Nova Zelândia e Irlanda, o ECC é avaliado pela palpação individual de

partes do corpo, enquanto que na Austrália e Estados Unidos as mesmas partes do

corpo são visualmente avaliadas. Os locais de avaliação considerados mais

importantes incluem as costelas, processos espinhosos da coluna vertebral, processos

transversos da coluna vertebral, vazio, ponta do íleo, base da cauda, sacro e vértebras

lombares (EARLE, 1976; WILDMAN et al., 1982; MACDONALD e ROCHE,

2004).

No Brasil, para vacas leiteiras o método mais aplicado e conhecido é o que foi

proposto por Wildman et al. (1982) e desenvolvido por Edmonson et al. (1989),

sendo posteriormente validado por Otto et al. (1991), Waltner et al (1994),

Fergunson et al. (1994) e Andrew et al. (1994). Ele é fundamentado a partir de

6

avaliações visuais e táteis das reservas corporais em pontos específicos do corpo da

vaca (Figura 01), sendo desenvolvido a partir de uma escala biológica de 1 a 5, com

subunidades de 0,25 pontos. Esse método é independentemente do peso vivo ou do

tamanho (altura, perímetro torácico, comprimento) de vacas leiteiras da raça

holandesa (WILDMAN et al., 1982; EDMONSON et al., 1989).

FIGURA 01. Principais pontos de avaliação do escore de condição corporal em vacas

leiteiras. (Adaptado de Klopcic et al., 2011).

As relações entre os diferentes sistemas de pontuação foram descritos por

Roche et al. (2004), em que fortes relações lineares positivas foram encontradas (P

<0,001) entre a escala de 10 pontos da Nova Zelândia e os outros sistemas de

pontuação: EUA (escala de 5 pontos) , r² = 0,54; Irlanda (escala de 5 pontos), r² =

0,72; e a escala australiana (escala de 8 pontos), r² = 0,61.

Roche et al. (2009) consideram como ideal no momento do parto, um ECC

entre 3 e 3,25, considerando uma escala de 5 pontos, enquanto outros autores

(MULLIGAN et al., 2006; CROWE, 2008.) afirmam que o ideal seria se as vacas

leiteiras cheguem ao final da gestação com ECC entre 2,75 e 3,0 (Tabela 01).

7

TABELA 01. Condição corporal desejada nas várias etapas do ciclo de produção das vacas

leiteiras.

Período/etapa ECC ideal

Entrada no período seco

Parto

Época reprodutiva

150 dias de lactação

200 dias de lactação

250 dias de lactação

2,75

3,0

>2,5

2,75

2,75

2,75

(Adaptado de Mulligan et al., 2006)

No Brasil, os estudos que levam em consideração o ECC no manejo de bovinos

leiteiros têm como base a mesma escala usada para animais da raça holandesa, como

no trabalho de Freitas Júnior et al. (2008) o qual foi obtido um efeito significativo do

ECC ao parto sobre a produção de leite corrigida para 3,5% de gordura, em vacas

mestiças Holandês x Zebu com ECC acima de 3. Logo, se faz necessários estudos

que comprovem a eficiência dessa metodologia para animais mestiços assim como já

foi comprovada para animais de raças europeias.

2.2 Relação entre ECC e tecido adiposo

A mobilização ou reposição de tecidos corporais é uma forma de ajustamento

do organismo animal para enfrentar as mais diferentes situações ao longo da vida

produtiva e reprodutiva. O tecido adiposo representa o local de armazenamento das

reservas corporais de energia, sendo constituído por células repletas de triglicerídeos

(lipídeos) em seu interior, os adipócitos (FONSECA-ALANIZ, et al., 2007). Dentro

dos adipócitos os triglicerídeos são continuamente “quebrados” e novamente

sintetizados. Quando os triglicerídeos são “quebrados” ocorre à clivagem da ligação

éster, resultando na liberação dos ácidos graxos não esterificados (AGNE). O

processo de “quebra” dos triglicerídeos dos adipócitos é denominado de lipólise

(RENNÓ et al., 2011). O estabelecimento ou reestabelecimento da ligação éster,

resultando na síntese ou ressíntese dos triglicerídeos, denominada de lipogênese.

O ECC é usado para caracterizar a quantidade de reservas corporais

armazenadas no corpo do animal. Sua utilização no período de transição permite o

8

controle das perdas lipolíticas que são comuns nessa fase. Quanto maior o conteúdo

de tecido adiposo no corpo da vaca, maior será o ECC, como mostra a Tabela 02.

TABELA 02. Constituição do corpo de vacas leiteiras de acordo com escore de condição

corporal (ECC).

% do Peso corpo vazio¹

ECC Gordura Proteína Cinzas Água

1,0 3,77 19,42 7,46 69,35

1,5 7,54 18,75 7,02 66,69

2,0 11,30 18,09 6,58 64,03

2,5 15,07 17,42 6,15 61,36

3,0 18,84 16,75 5,71 58,70

3,5 22,61 16,08 5,27 56,04

4,0 26,38 15,42 4,83 53,37

4,5 30,15 14,75 4,43 50,71

5,0 33,91 14,08 3,96 48,05

O balanço energético negativo (BEN) pode ser definido como a diferença entre

a energia consumida e a necessária para atender os requisitos de mantença e

produção. Os animais em intenso BEN mobilizam mais energia a partir do tecido

adiposo e muscular, logo diminuem imediatamente o ECC após o parto

(FERGUSON et al., 2006). Ӧacas leiteiras mobilizam reservas corporais ou “perdem

condição corporal” por aproximadamente 40 a 100 dias pós-parto, iniciando a

recuperação após esse período (KOENEN et al., 2001; PRYCE e HARRIS, 2006;

RENNÓ et al., 2006; ROCHE et al., 2007b). Este fenômeno é exibido na Figura 02,

onde o ECC diminui entre o parto até a décima semana de lactação devido à

mobilização das reservas corporais, e a partir daí, se estabiliza e começa a aumentar

em torno da vigésima semana de lactação.

¹ Peso corpo vazio = peso vivo x 0,817. (Adaptado do NRC, 2001).

9

FIGURA 02. Alterações no ECC, produção de leite e consumo de Matéria Seca (CMS)

durante a lactação. (Adaptado de Klopcic et al., 2011).

Na Figura 02 ainda é possível constatar que poucos dias após o parto a

produção de leite e o consumo de MS aumentam em proporções diferentes, ou seja,

mesmo que o animal passe a consumir mais não será o suficiente para atender as

exigências de produção.

Além da mobilização de tecido adiposo, há situações em que as proteínas

corporais também são usadas para o fornecimento de energia, no entanto, a

capacidade de usar a proteína do corpo é limitada em quantidade e duração. Por

exemplo, o consumo estimado varia de 10 a 90 kg de gordura, e até 24 kg de proteína

(KOMARAGIRI e ERDMAN, 1997; CHIBISA et al., 2008). Segundo Komaragiri e

Erdman (1997), após cinco semanas de lactação não foi observado à mobilização de

proteínas, enquanto a utilização de gordura corporal continuou até, pelo menos, 12

semanas pós-parto. As informações sobre a mobilização de reservas corporais em

vacas com ECC extremos, ou seja, em animais extremamente magros ou obesos são

limitadas, pelo fato da maioria dos estudos se concentrarem em animais que recebem

dietas com alta energia durante a lactação e consequentemente possuem condição

corporal intermediária ou alta (BROSTER e BROSTER, 1998; ROCHE et al., 2009).

2.3 Efeito do ECC sobre a reprodução

A relação existente entre o ECC e a eficiência reprodutiva em vacas leiteira

tem grande relevância, visto que tanto o excesso quanto a carência de tecido adiposo

diminuem o sucesso reprodutivo. Vacas com excesso de gordura durante o período

seco estão mais sujeitas a distúrbios metabólicos, gastrointestinais e reprodutivos

(SCHRÖDER e STAUFENBIEL, 2006). No momento do parto, essa condição em

10

que a vaca está com alto ECC prejudica as contrações uterinas, podendo causar

distorcia, podendo provocar a liberação de diferentes hormônios e citocinas que

afetam a reprodução. Em casos mais extremos a retenção placentária como também

uma subsequente metrite pode acontecer devido à falta de tensão do músculo uterino,

causada pelo excesso de esforço realizado durante o parto (MCNAMARA, 2011).

A redução da fertilidade de vacas leiteiras geralmente é explicada como uma

consequência do aumento da produção de leite, no entanto, a causa desse declínio é a

seleção genética para essa maior produção (KHATIB et al., 2008). Mudanças na

atividade ovariana pós-parto geralmente são relacionadas ao BEN pelo fato de que

durante o início da lactação, a produção de leite é priorizada sobre a reprodução

(FERGUSON, 2001; BEAM e BUTLER, 1999). O grau de subnutrição pode alterar

os padrões típicos do crescimento folicular e ovulação. Quando as vacas leiteiras

recebem dietas inadequadas para o suas exigências nutricionais, o primeiro folículo

dominante não ovula o que faz aumentar o intervalo entre o parto e a primeira

ovulação (43 ± 5 dias) (JOLLY et al. 1995). Além disso, os mesmos autores sugerem

que a restrição de consumo de MS no pré ou no pós-parto, pode afetar o tamanho

máximo e a persistência dos folículos anovulatórios que se desenvolvem após o

parto. O atraso na ciclicidade está vinculado aos mecanismos fisiológicos pelos quais

o sistema hipotalâmico-hipófise é sensível ao estado energético dos animais, e que

envolve diversos metabólitos e hormônios, como o hormônio de crescimento (GH),

fator de crescimento semelhante à insulina I (IGF-I), insulina, hormônios da tireoide

e leptina (MEIKLE et al., 2004). Apesar do BEN, uma boa parte das vacas

conseguem ciclar nas primeiras oito semanas pós-parto (CÉRON, 2007), porém, essa

primeira ovulação geralmente é silenciosa (sem estro comportamental) e

normalmente (> 70% dos casos), seguida por um ciclo curto (CROWE, 2008).

Gillund et al. (2001) estudaram as correlações entre as modificações no ECC e

a performance reprodutiva. Nesse trabalho foi observado que vacas que

apresentavam uma unidade de ECC a mais do que a média do estudo (2,39), na

décima semana pós-parto, tiveram em relação às demais vacas do estudo, 5,4 dias a

menos para o primeiro estro, 14,6 dias a menos no intervalo de partos, 6,2 dias a

menos para a ocorrência do primeiro serviço, e uma taxa de concepção 9% maior. De

forma semelhante, a mobilização do ECC no início de lactação demonstrou que

vacas que mobilizaram menos quantidade de reservas corporais no início da lactação

apresentaram melhor desempenho reprodutivo. Estes autores também verificaram

11

que a magnitude da mobilização de reservas corporais no pós-parto afeta de forma

significativa a eficiência reprodutiva no início de lactação. Segundo os resultados, de

uma forma geral, vacas que apresentam extensa mobilização de reservas corporais

apresentam baixa taxa de concepção, prolongado intervalo entre parto - concepção e

um aumento no número de serviços por concepção.

Hattan et al. (2001) compararam a perda de condição corporal entre vacas de

alta e média produção leiteira, e constataram que as vacas de média produção perdem

cerca de 0,8 pontos de ECC nas primeiras cinco semanas de lactação e depois

recuperam a condição corporal, em comparação às de alta produção que continuaram

a perder ECC até às 11 semanas de lactação.

2.4 Relação entre ECC e a produção de leite

Conhecer as reais relações que existem entre o ECC e a produção de leite é

importante pelo fato das vacas leiteiras precisarem mobilizar suas reservas corporais

para sustentar altas produções de leite. Desta forma, é inevitável que o ECC sofra

alterações durante o período de transição. De acordo com Roche et al. (2006) e

McCarthy et al. (2007) existe uma consistente relação entre o ECC e a produção de

leite, de forma que essa avaliação das reservas corporais seja um reflexo da lactação.

Pedron et al. (1993) observaram que a curva de lactação foi influenciada pela

mobilização de reservas corporais em vacas com diferentes ECC ao parto. Vacas

com maior ECC ao parto (>3,0) apresentaram curvas de lactação com maior pico de

produção e persistência de lactação em comparação com vacas de menor ECC ao

parto. Corroborando, Rennó et al. (2006) verificaram que vacas com ECC ≥3,25 ao

parto, apresentaram curva de lactação com maior pico de lactação e maior

persistência de lactação em relação a vacas com ECC ≤ 3,00.

De acordo com Bell (1995) e Goff (2004), vacas com maior ECC ao parto

tendem a apresentar maior produção de leite em função da grande contribuição das

reservas corporais no fornecimento de nutrientes para a síntese de leite e de seus

componentes. Esta contribuição pode chegar a 33% da produção observada nas

primeiras quatro semanas de lactação (BAUMAN e CURRIE, 1980).

De acordo com Berry et al., (2007) e Roche et al., (2007b), uma relação direta

e positiva entre o ECC ao parto e a produção de leite é observada até determinada

quantidade de reservas corporais no corpo da vaca, onde a partir deste ECC (3,75) a

12

resposta produtiva começa a diminuir e essa relação passa a ser negativa. Desta

forma, devido a esse efeito não linear do ECC ao parto sobre a produção de leite, a

máxima resposta produtiva tem sido obtida quando o ECC ao parto está entre 3,25 e

3,50.

2.5 Uso de ultrassonografia na avaliação da condição corporal

Nos últimos anos a ultrassonografia tem sido cada vez mais utilizada nas

diversas áreas da ciência animal como, por exemplo, no diagnóstico de certas

patologias, detecção de gestação ou de desordens reprodutivas, transferência de

embriões e como alternativa inovadora para a mensuração das características de

carcaça dos animais in vivo. Várias vantagens são atribuídas á essa técnica dentre

elas destacam-se a rapidez, facilidade de execução e por ser um método não invasivo.

De acordo com Domecq et al.,(1995) e Ayers et al., (2009), de forma geral, a

técnica de ultrassonografia permite validar os métodos de ECC e explicar grande

parte da variação do ECC em animais sujeitos a diferentes regimes alimentares

(SCHWAGER-SUTER et al., 2000). A ultrassonografia tem sido utilizada como uma

ferramenta objetiva que proporciona a possibilidade de detectar pequenas variações

nas reservas de gordura.

Segundo Thwaites (1984), a ultrassonografia está disponível para avaliação de

carcaça e composição corporal de bovinos, suínos, ovinos, desde a década de 50.

Posteriormente, diversos trabalhos foram executados com o uso do ultrassom para

mensurar as características de composição corporal em animas vivos (SUGUISAWA

et al., 2006; SANTANA et al., 2012).

O aparelho de ultrassom basicamente mede a reflexão das ondas de alta

frequência que ocorre quando estas passam através dos tecidos. A produção dessas

ondas ultrassônicas se dá a partir de cristais presentes em transdutores que possuem

propriedade piezoelétrica, ou seja, possuem a propriedade de transformar energia

elétrica em energia mecânica e vice-versa. A absorção das mesmas pelos tecidos está

diretamente relacionada à sua densidade, o que é chamado de diferença de

impedância acústica, ou seja, a resistência que determinados tecidos oferecem à

passagem das ondas sonoras. Os tecidos mais densos (ósseo) oferecem maior

resistência e, portanto, refletem maiores quantidades de ondas que são captadas pelos

cristais e transformadas em impulsos elétricos, que por sua vez serão interpretados e

13

exibidos na tela do equipamento (THWAITES,1984; PERKINS et al., 1992;

POLIZEL NETO et al., 2009).

Diversos fatores contribuem para a imprecisão e variabilidade das medidas

obtidas por ultrassom. A maior parte desses aspectos apresentam implicações

negativas na qualidade das imagens. Alguns exemplos são a contenção dos animais,

tosquia ou corte do pelo no local de leitura, contato e pressão da sonda com a pele, a

variação da localização, identificação dos pontos de referência, nível de gordura,

análise das imagens e experiência do operador.

Em bovinos as regiões avaliadas pelo ultrassom são zona da garupa e do lombo

(músculo Longissimus dorsi, entre a 12ª e 13ª costelas) por serem locais adequados e

de fácil mensuração além dos tecidos presentes estarem bem relacionados com a

composição da carcaça (AYERS et al., 2009; TROXEL, 2011).

Para avaliação do músculo Longissimus dorsi as imagens são capturadas ao

nível da 12ª vértebra torácica em posição perpendicular (posição B) ou em posição

longitudinal (posição C) como está descrito na Figura 03 (TROXEL, 2011).

FIGURA 03. Áreas usadas para avaliar a ECC com o ultrassom. (Adaptado de

Troxel, 2011).

A medida realizada para determinar a espessura de gordura na garupa (EGG),

mais precisamente na intersecção dos músculos Gluteus medius e Bíceps femoris,

entre os ossos ílio e ísquio (Figura 04), foi reconhecida por Staufenbiel (1992) e

Klawuhn (1992) como a mais adequada para estimar o teor de gordura corporal,

pelas altas correlações (r = 0,90) encontradas entre essas duas variáveis. Vários

estudos investigaram a correlação entre a medida real de espessura da camada de

gordura (ECG) na carcaça e aquele medido por ultrassom. Os coeficientes de

14

correlação variaram entre 0,72 e 0,92 (ROBINSON et al., 1992; GREINER et al.,

2003).

FIGURA 04. Vista lateral e superior da localização da área para medição da espessura de

gordura na garupa. (Adaptado de Schröder e Staufenbiel, 2006).

Os valores de repetibilidade estimados para as mensurações de EGG obtida

pela técnica de ultrassonografia, entre várias observações de um mesmo técnico em

um animal e também entre medidas de técnicos diferentes no mesmo animal, têm

sido altos, demonstrando que em geral as medidas são relativamente fáceis de serem

obtidas e que podem ser bastante confiáveis (PERKINS et al., 1992; HERRING et

al., 1994; BERGEN et al., 1997; HASSEN et al., 1998).

A ultrassonografia tem sido utilizada como uma ferramenta objetiva que

proporciona a possibilidade de detectar pequenas variações nas reservas de gordura.

A maioria dos trabalhos com bovinos em que se utiliza a técnica de ultrassonografia

têm sido orientados para as vacas leiteiras (SCHWAGER-SUTER et al., 2000;

SCHR DER e STAUFENBIEL, 2006).

Schr der e Staufenbiel (2006) demonstraram a eficácia de medir a ECG com

ultrassom como um meio de avaliação de reservas corporais. Segundo os autores,

essa região tem maior depósito de tecido adiposo e uma alta correlação (r = 0,90)

com teor de gordura total do corpo de modo que uma variação de 1 mm de EGG

equivale a 5 kg de total de gordura corporal e uma unidade de ECC correlaciona-se a

cerca de 10 mm EGG.

15

2.6 Período de transição

Durante a vida produtiva de uma vaca leiteira, o período de transição é o que

mais requer atenção dos produtores de leite, por ser um momento de alta demanda de

nutrientes e energia, podendo causar grandes prejuízos produtivos e econômicos à

criação. Essa fase é caracterizada por diversas alterações fisiológicas, como

diminuição da ingestão de alimentos, balanço negativo de energia, lipólise,

resistência à insulina, perda de peso no início da lactação; hipocalcemia nos dias

após o parto e redução na função imunológica (LEBLANC, 2010). Todos esses

prejuízos são consequências do ajuste metabólico que ocorre no organismo das

fêmeas, para suprir o aumento severo das necessidades de energia e nutrientes e

ainda garantir a produção de leite. O principal agravante é a lacuna que existe entre a

demanda de nutrientes e a ingestão de alimentos nas primeiras semanas do período

de transição, podendo coincidir com variações substanciais na quantidade de

nutrientes da dieta (SUNDRUM, 2015). Independentemente da densidade de energia

e do teor de proteína da dieta, a ingestão de matéria seca diminui cerca de 30%

durante as três semanas que antecedem o parto, podendo chegar a cerca de 90%

durante a última semana (DOEPEL et al., 2002; HAYIRLI et al., 2002).

Quando a lactação está estabelecida e a produção não é tão alta, as exigências

nutricionais são atendidas fazendo com que o metabolismo passe a ficar constante.

Na fase seca não há exigência para a produção de leite, mas ocorre o crescimento do

feto. Ao final da gestação seu tamanho pode ser grande o suficiente para influenciar

o metabolismo da vaca, em particular, nas necessidades de energia. O parto em si,

implica numa série de variações endócrinas, muitas vezes em conjunto com outras

alterações (mudanças de grupo e dieta, ambiente diferente) na vida desses animais

(TREVISSI et al., 2011).

Em função dessas modificações, as vacas leiteiras normalmente passam pelo

BEN, no final da gestação e início da lactação (BELL, 1995). Além disso, a glicose

é exigida em maior quantidade imediatamente após o parto principalmente devido à

produção de lactose na glândula mamária. De acordo com Trevissi et al. (2011) o

organismo tenta preencher essa carência através do aumento da gliconeogênese,

utilizando como substrato aminoácidos e principalmente glicerol de reservas

corporais ao mesmo tempo que há economia na utilização de glicose (energia) por

alguns tecidos corporais, principalmente tecidos periféricos como a musculatura

esquelética (HERDT, 2000).

16

A mobilização das reservas corporais causadas pelo BEN faz com que as

concentrações plasmáticas de ácidos graxos não esterificados (AGNE) aumentem à

medida que se aproxima o parto. Deste modo, os AGNE são considerados um

biomarcador do BEN, uma vez que indicam quebra de gordura corporal (lipólise),

em resposta à crescente demanda de energia, onde o suprimento de glicose é

insuficiente para satisfazer as necessidades energéticas (ARTUNDUAGA et al.,

2011).

LeBlanc et al. (2005) demonstraram que a alta concentração de AGNE antes do

parto está fortemente relacionada a infecções no pós-parto imediato. Para Ospina et

al. (2010), as concentrações de AGNE de 0,29 mmol/L no pré- parto e 0,57 mmol/L

no pós-parto são o limite crítico para o desenvolvimento de doenças no período de

transição. Segundo Leblanc et al. (2006), aproximadamente 75% das doenças de

vacas de leite ocorrem tipicamente no primeiro mês após o parto. Outros

pesquisadores observaram que a ocorrência de mastites clínicas acontece

frequentemente em vacas que possuem maior concentração de AGNE no plasma

durante as três primeiras semanas pós-parto (HOLTENIUS et al., 2004). Hammon et

al. (2006) relataram que AGNE ≥ 0,4 mmol/L antes do parto (uma a duas semanas)

foi associada com a redução da função de neutrófilos do sangue periférico e maior

risco de metrite ou endometrite.

Simultaneamente aos eventos anteriores, fêmeas bovinas passam por uma

redução da atividade do sistema imune (imunossupressão). A imunossupressão é

caracterizada pela diminuição e/ou disfunção da resposta imunológica, é

primariamente causada pelo aumento na produção e secreção fetal de

corticosteróides durante o último mês de gestação, que por sua vez são necessárias

para desencadear as alterações hormonais uterinas, resultando na expulsão do feto

(KNICKERBOCKER et al., 1986; GRIFFIN, 1989). O BEN e a ocorrência do fígado

gorduroso agravam a imunossupressão do parto, propiciando as vacas de leite a

apresentarem metrites (BOBE et al., 2004; HAMMON et al. 2006). Goff e Horst

(1997), concluíram que mudanças nos níveis de hormônios no plasma

(principalmente progesterona) podem alterar a função de leucócitos e que tal efeito

ocorre apenas um dia antes e um dia depois do parto, quando a progesterona é

marcadamente reduzida.

No período pós-parto as concentrações de insulina e fator de crescimento

semelhante à insulina I (IGF-I) circulantes decrescem rapidamente e, em vacas com

17

BEN acentuado, mantêm-se baixas, afetando a secreção de hormônio liberador de

gonadotrofina (GnRH) e hormônio luteinizante (LH), e consequentemente aumentam

o intervalo entre o parto e o início da atividade luteal cíclica (KAWASHIMA et al.,

2007; FENWICK et al., 2008;WHATES et al., 2011).

18

3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDREW, S. M.; WALDO, D. R.; ERDMAN, R. A. Direct analysis of body condition of dairy cows at three physiological stages. Journal of Dairy Science, v.77, p.3022-3033, 1994. ARTUNDUAGA, M. A. T.; COELHO, S. G.; LANA, A. M. Q.; CAMPOS, B. G.; REIS, R. B.; SATURNINO, H. M.; FORTES, R.V. S.; COSTA, H. N. Incidência de doenças no pós-parto de primíparas da raça Holandesa alimentadas com diferentes fontes energéticas durante o período de transição. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.63, n.3, p.616-623, 2011. AYERS, H.; FERREIRA, R. M.; TORRES-JÚNIOR, J. R.; DEMÉTRIO, C. G.; LIMA, C. G.; BARUSELLI, P. S. Validation of body condition score as a preditor of subcutaneous fat in Nelore (Bos indicus) cows. Livestock Science, v.123, p.175-179, 2009. BAUMAN, D. E. Regulation of nutrient partitioning during lactation: homeostasis and homeorhesis revisited. (Ed.) Ruminant physiology: digestion, metabolism, growth and reproduction, Oxon: CABI Publishing, 2000. p.311-328. BAUMAN, D. E.; CURRIE, W. B. Partitioning of nutrients during pregnancy and lactation: A review of mechanisms involving homeostasis and homeorhesis. Journal of Dairy Science., v.62, p.1514-1528, 1980. BEAM, S. W.; BUTLER W. R. Effects of energy balance on follicular development and first ovulation in postpartum dairy cows. Journal of Reproduction and Fertility, v.54, p.411-424, 1999. BELL, A. W. Regulation of organic nutrient metabolism during transition from late pregnancy to early lactation. Journal of Dairy Science., v.73, p.2804-2819, 1995. BERGEN, R. D.; McKINNON, J. J.; CHRISTENSEN, D. A.; KOHLE, N.; BELANGER, A. Use of the real-time ultrasound to evaluate live animal carcass traits in young performance-tested beef bulls. Journal of Animal Science, v. 73, p. 2300- 2307, 1997. BERRY, D.P; MACDONALD, K.A.; STAFFORD, K.; MATTHEWS, L.; ROCHE, J.R. Associations between body condition score, body weight and somatic cell count and clinical mastitis in seasonally calving dairy cattle. Journal of Dairy Science, v. 90 p. 637–648, 2007. BEWLEY J. M.; SCHUTZ M. M. Review: An interdisciplinary review of body condition scoring for dairy cattle. Professional Animal Scientist, v.24, p.507-529, 2008. BOBE, G.; YOUNG, J. W.; BEITZ, D. C. Invited rewiew: pathology, etiology, prevention, and treatment of fatty liver in dairy cows. Journal of Dairy Science, v. 87, p. 3105-3124, 2004.

19

BROSTER, W.H.; BROSTER, V.J. Body score of dairy cows. Journal of Dairy Research, v.65, p.155–173, 1998. BUCKLEY, F.; O’SULLIӦAN, K.; MEE, J. F.; EӦANS, R. D; DILLON, P. Relationships among milk yield, body condition, cow weight, and reproduction in spring-calving Holstein-Friesians. Journal of Dairy Science, v.86, p.2308–2319, 2003. CÉRON, J. H. Manejo reprodutivo en bovinos en sistemas de producción de leche. Universidad Nacional Autónoma de México. México: Venezuela Ganadera, 2007. CHIBISA, G. E.; GOZHO, G. N.; VAN KESSEL, A. G.; OLKOWSKI, A. A.; MUTSVANGWA, T. Effects of peripartum propylene glycol supplementation on nitrogen metabolism, body composition, and gene expression for the major protein degradation pathways in skeletal muscle in dairy cows. Journal of Dairy Science, v. 91, p.3512–3527, 2008. CROWE, M. A. Resumption of ovarian cyclicity in post-partum beef and dairy cows. Reproduction in Domestic Animals, v.43, n.5, p. 20-28, 2008. DOEPEL, L.; LAPIERRE, H.; KENELLY, J. J. Peripartum performance and metabolism in dairy cows in response to prepartum energy and protein intake. Journal of Dairy Science, v. 85, p. 2315–2334, 2002. DOMECQ, J. J.; SKIDMORE, A. L.; LLOYD, J. W.; KANEENE, J. B. Validation of body condition scores with ultrasound measurements of subcutaneous fat of dairy cows. Journal of Dairy Science, v.78, p.2308-2313,1995. EARLE, D. F. A guide to scoring dairy cow condition. Journal Agricultural, v. 74, p. 228–231, 1976. EDMONSON, A. J.; LEAN, I. J.; WEAVER, L. D.; FARVER, T.; WEBSTER, G. A body condition scoring chart for Holstein dairy cows. Journal of Dairy Science, v. 72, p. 68–78, 1989. FERGUSON, J. D.; AZARRO, G.; LICITRA, G. Body Condition Assessment Using Digital Images. Journal of Dairy Science, v.89, p.3833-3841, 2006. FERGUSON, J. D.; GALLIGAN, D. T.; THOMSEN, N. Principal descriptors of body condition score in Holstein cows. Journal of Dairy Science, v.77, p.2695-2703, 1994. FERGUSON, J.D. Nutrition and reproduction in dairy herds. in: Proc. Intermountain Nutr. Conf. Salt Lake City. Logan: Utah State Univ., 2001, p.65–82. FISHER, A.V. A review of the technique of estimating the composition of livestock using the velocity of ultrasound. Computers and Electronics in Agriculture, v.17, p.217-231, 1997.

20

FONSECA-ALANIZ M. H.; TAKADA J.; ALONSO-VALE M. I.; Lima F. B.; Adipose tissue as na endocrine organ: from theory to practice. Jornal de Pediatria, v.83, n.5. 2007. FREITAS JÚNIOR, J. E. de; ROCHA JÚNIOR, V. R.; RENNÓ, F. P.; MELLO, M. T. P. de; CARVALHO, A. P. de; CALDEIA, L. A. Efeito da condição corporal ao parto sobre o desempenho produtivo de vacas mestiças Holandês x Zebu. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 37, n. 1, p.116-121, 2008. GIBB, M.J.; IRVINGS W.E.; DHANOA M. S. et al. Changes in body components of autumn-calving Holstein Friesian cows over the first 29 weeks of lactation. Animal Production, v. 5, p.339–360, 1992. GILLUND, P.; REKSEN, O.; GRÖHN, Y.T.; KARLBERG, K. Body condition related to ketosis and reproductive performance in Norwegian dairy cows. Journal of Dairy Science v. 84, p.1390–1396, 2001. GOFF, J. Principais síndromes que acometem as vacas leiteiras no período periparto. In: CURSO NOVOS ENFOQUES NA PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO DE BOVINOS, v.8, 2004, Uberlândia. Anais... Uberlândia: CONAPEC Jr., p.381-398. GOFF, J.P.; HORST, R.L. Physiological changes at parturition and their relationship to metabolic disorders. Journal of dairy science, v. 80, n.7, p. 1260-1268, 1997. GREINER, S.P.; ROUSE, G.H.; WILSON , D.E.; CUNDIFF , L.V.; WHEELER , T.L. The relationship between ultrasound measurements and carcass fat thickness and longissimus muscle area in beef cattle. Journal of Dairy Science, v.81, p. 676–682, 2003. GRESHAM, J.D.; HOLLOWAY, J.W.; BUTTS, W.T.; McCURLEY, J.R. Prediction of mature cow carcass composition from live animal measurements. Journal of Animal Science, v.63, p.1041-1048, 1986. GRIFFIN, J. F. T. Stress and immunity: A unifying concept. Veterinary Immunology and Immunopathology, v. 20, p. 263-312, 1989. GRUMMER, R.R. Impact of change in organic nutrient metabolism on feeding the transition cow. Journal of dairy science, v.73, p.2820-2830, 1995. HAMMON, D. S.; EVJEN, I. M.; DHIMAN, T. R.; GOFF, J. P.; WALTERS, J. L. Neutrophil function and energy status in Holstein cows with uterine health disorders. Veterinary Immunology and Immunopathology, v.113, n. 1-2, p. 21-29, 2006. HASSEN, A.; WILSON, D. E.; WILLHAM, R. L.; ROUSE, G. H; TRENKLE, A. H. Evaluation of ultrasound measurements of fat thickness and longissimus muscle area in feedlot cattle: Assessment of accuracy and repeatability. Canadian Journal of Animal Science, v. 78, p. 277-285, 1998.

21

HATTAN, A.J., BEEVER, D.E., CAMMELL, S.B., SUTTON, J.D. In: Proceedings of the 15th EAAP Energy Symposium. 2001, Snekkersten, Dinamarca. HAYIRLI, A.; BERTICS, S.J.; GRUMMER, R.R. Effects of slow-release insulin on production, liver triglyceride, and metabolic profiles of Holsteins in early lactation. Journal of Dairy Science, v. 85, p. 2180-2191, 2002. HERDT T. H. Ruminant adaptation to negative energy balance. Influences on the etiology of ketosis and fatty liver. Veterinary Clinics of North America: Food Animal Practice, v.16, n.2, p. 215-30, 2000. HERRING, W. O.; MILLER, D. C.; BERTRAND, J. K.; BENYSHEK, L. L. Evaluation of machine, technician, and interpreter effects on ultrasonic measures of backfat and longissimus muscle area in beef cattle. Journal of Animal Science, v.72, p. 2216-2226, 1994. HOLTENIUS, K.; PERSSON WALLER, K.; ESSEN-GUSTAVSSON, B.; HOLTENIUS, P.; HALLEN SANDGREN, C. Metabolic parameters and blood leukocyte profiles in cows from herds with high or low mastitis incidence. Veterinary Journal, v. 168, p. 65-73. 2004. JEFFERIES, B. C. Body condition scoring and its use in management. Tasmanian Journal Agricultural, v. 32, p. 19-21, 1961. JOLLY, P.D.; MCDOUGALL, S.; FITZPATRICK, L.A.; MACMILLAN, K.L.; ENTWISTLE, K. Physiological effects of undernutrition on postpartum anestrous in cows. Journal of reproduction and fertility. Supplement, s.49, p.477–492, 1995. KADIVAR, A., AHMADI, M.R. AND VATANKHAH, M. Associations of prepartum body condition score with occurrence of clinical endometritis and resumption of postpartum ovarian activity in dairy cattle. Tropical Animal Health and Production, v.46, p.121-126, 2014. KAWASHIMA C.; FUKIHARA S.; MAEDA M.; KANEKO E.; MONTOYA C. A.; MATSUI M.; SHIMIZU T.; MATSUNAGA N.; KIDA K.; MIYAKE Y. Relationship between metabolic hormones and ovulation of dominant follicle during the first follicular wave post-partum in high-producing dairy cows. Reproduction, v.133, p.155–163, 2007. KHATIB, H.; MONSON, R. L.; SCHUTZKUS, V.; KOHL D. M.; ROSA, G. J. M.; RUTLEDGE, J. J. Mutations in the STAT5A gene are associated with embryonic survival and milk composition in cattle. Journal of Dairy Science, v.91, p.784–793, 2008. KLAWUHN, D. Vergleich der Ruckenfettdicke mit dem über die Gesamtkorperwasserbestimmung ermittelten Korperfettgehalt bei Rindern. Vet. Diss., 1992, Humboldt-Univ. Berlin. KLOPCIC, M.; HAMOEN, A.; BEWLEY, J. Body condition scoring of dairy cows. Biotechnical. Faculty, 2011, Department of Animal Science, Domzale, v.7.

22

KNICKERBOCKER, J. J.; THATCHER, W. W.; BAZER, F. W.; DROST, M.; BARRON, D. H.; FINCHER, K. B.; ROBERTS, R. M. Proteins secreted by Day-16 to - 18 bovine conceptuses extend corpus luteum function in cows. Journal of Reproduction and Fertility, v. 77, p. 381-391, 1986. KOENEN, E. P. C.; VEERKAMP, R. F.; DOBBELAAR, P.; DE JONG, G. Genetic analysis of body condition score of lactating Dutch Holstein and Red-and-White heifers. Journal of Dairy Science, v.84, p.1265-1270, 2001. KOMARAGIRI, M. V.; ERDMAN R. A. Factors affecting body tissue mobilization in early lactation dairy cows. 1. Effect of dietary protein on mobilization of body fat and protein. Journal of Dairy Science., v.80, p.929–937, 1997. LASSEN, J.; HANSEN, M.; SØRENSEN, M. K.; AAMAND, G. P.; CHRISTENSEN, L. G.; MADSEN P. Genetic analysis of body condition score in first-parity Danish Holstein cows. Journal of Dairy Science, v. 86, p.4123–4128, 2003. LEBLANC S. Monitoring Metabolic Health of Dairy Cattle in the Transition Period. Journal of Reproduction and Development, v. 56, p.29 –35, 2010. LeBLANC, S.J.; LESLIE, K.E.; DUFFIELD, T.F. Metabolic predictors of displaced abomasum in dairy cattle. Journal of Dairy Science, v.88, p.159-170, 2005. LeBLANC, S.J.; LISSEMORE, K.D.; KELTON, D.F. et al. Major advances in disease prevention in dairy cattle. Journal of Dairy Science, v.89, p.1267-1279, 2006. LIMA, J. I. F.; FIGUEIREDO, A. N.; FERREIRA, D. A.; DUARTE, M. E.; SANTOS, T. M. C.; BARROSO, G. S. P.; MONTALDO, Y. C. Uso de fontes lipídicas em dietas de ruminantes de aptidão leiteira. Pubvet, Londrina, v. 6, n. 28, 2012. LOWMAN, B.G.; SCOTT, N.A.; SOMERVILLE, S.H. Condition scoring beef cows. The East of Scot. College of Agric. Bul., 1976, v.6, p.8. MACDONALD, K. A.; ROCHE J. R. Condition Scoring Made Easy. Condition Scoring Dairy Herds. 2004, ed.1, Dexcel Ltd., Hamilton, New Zealand. MARKUSFELD, O.; GALLON, N.; EZRA, E. Body condition score, health, yield and fertility in dairy cows. Veterinary Record, v.141, p.67–72, 1997. MCCARTHY, S.; BERRY, D. P.; DILLON P.; RATH M.; HORAN B. Influence of Holstein-Friesian strain and feed system on bodyweight and body condition score lactation profiles. Journal of Dairy Science, v.90, p.1859–1869, 2007. MCNAMARA, J. P. Body condition: effects on health, milk production, and reproduction. Encyclopedia of dairy science, ed. 2ª, London: Elsevier Lta., 2011. p.4170.

23

MEIKLE, A.; KULCSAR, M.; CHILLIARD, Y.; FEBEL, H.; DELAVAUD, C.; CAVESTANY, D.; CHILIBROSTE, P. Effects of parity and body condition at parturition on endocrine and reproductive parameters of the cow. Journal of Reproduction and Fertility, v. 127, p. 727- 737, 2004. MULLIGAN, F. J.; O’GRADY, L.; RICE, D. A.; DOHERTY, M. L. A herd health approach to dairy cow nutrition and production diseases of the transition cow. Animal Reproduction Science,v.96, p.331-353, 2006. MULLIGAN, F. J.; DOHERTY, M. L. Production diseases of the transition cow. The Veterinary Journal, v. 176, p. 3-9, 2008. NATIONAL RESEARCH COUNCIL-NRC. In: Nutrient Requirements of Dairy Cattle. v. 7, ed. Natl. Acad. Sci., 2001, Washington, p. 13-27. OSPINA P. A.; NYDAM D. V.; STOKOL T.; OVERTON T. R. Evaluation of nonesterified fatty acids and beta-hydroxybutyrate in transition dairy cattle in the northeast United States: Critical thresholds for prediction of clinical diseases. Journal of Dairy Science, v..93, p.546-554, 2010. OTTO, K. L.; FERGUSON J. D.; FOX D. G.; SNIFFEN C. J. Relationship between body condition score and composition of ninth to eleventh rib tissue in Holstein dairy cows. Journal of Dairy Science, v.74, p.852–859, 1991. PEDRON, O.; CHELI, F.; SENATORE, E.; BAROLI, D.; RIZZI, R. Effect of body condition score at calving on performance, some blood parameters, and milk fat acid composition in dairy cows. Journal of Dairy Science, v.76, p.2528-2535, 1993. PERKINS, T. L.; GREEN, R. D.; HAMLIN, K. E. Evaluation of Ultrasonic estimates of carcass fat thickness and Longissimus muscle area in beef cattle. Journal of Animal Science, v.70, n.4, p.1002-1010, 1992. POLIZEL NETO, A.; MENDES, J. A.; MOREIRA, P. S. A.; GOMES, H. F. B.; PINHEIRO, R.l S. B.; ANDRADE, E. N. Correlações entre medidas ultrassônicas e na carcaça de bovinos terminados em pastagem. Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal, v.10, n.1, p.137-145, 2009. PRYCE, J. E.; HARRIS , B. L. Genetics of body condition score in New Zealand dairy cows. Journal of Animal Science. v.89, p.4424–4432, 2006. RENNÓ, F. P.; BARLETTA, R. V.; JÚNIOR, J. E. F.; GANDRA, J. R.; VERDURICO, L. C.; BETTERO, V. P.; MINGOTI, R. D. L.; CALOMENI, G. D.; GARDINAL R. Escore de Condição Corporal e sua Relação com a Produtividade, Saúde e Bem Estar de Vacas em Lactação. In: MARCONDES, M.I.; VELOSO, C.M.; GUIMARÃES, J.D., et al.(Ed). III Simpósio Nacional de Bovinocultura Leiteira e I Simpósio Internacional de Bovinocultura Leiteira - SIMLEITE. ed. Viçosa - MG: Suprema Gráfica e Editora LTDA, 2011. 335 – 370.

24

RENNÓ, F. P.; PEREIRA, J. C.; SANTOS, A. D. F.; ALVES, N.G.; TORRES, C. A. A.; RENNÓ, L. N.; BALBINOT, P. Z. Efeito da condição corporal ao parto sobre a produção e composição do leite, curva de lactação e mobilização de reservas corporais em vacas Holandesas primíparas e multíparas. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.58, n.2, p.220-233, 2006. ROBINSON, D. L.; MCDONALD , C. A.; HAMMOND , K.; TURNER , J. W. Live animal measurement of carcass traits by ultrasound: Assessment and accuracy of sonographers. Journal of Dairy Science, v.70, p. 1667–1676, 1992. ROCHE, J. R.; DILLON, P. G.; STOCKDALE, C. R.; BAUMGARD, L. H.; VANBAALE M. J. Relationships Among International Body Condition Scoring Systems. Journal of Dairy Science, v. 87, p. 3076–3079, 2004. ROCHE, J. R.; BERRY, D. P.; KOLVER , E. S. Holstein-Friesian strain and feed effects on milk production, body weight, and body condition score profiles in grazing dairy cows. Journal of Dairy Science, v.89, p.3532-3543, 2006. ROCHE, J. R; BERRY, D. P. Periparturient climatic, animal and management factors influencing the incidence of milk fever in grazing systems. Journal of Dairy Science, v. 89, p. 2775–2783, 2006. ROCHE, J.R; MACDONALD, K.M.; BURKE, C.R.; BERRY, D.P. Associations between body condition score, bodyweight and reproductive performance in seasonal-calving pasture-based dairy cattle. Journal of Dairy Science, v.90, p.376–391, 2007a. ROCHE, J.R.; BERRY, D. P.; LEE, J. M.; MACDONALD, K.A.; BOSTON, R.C. Describing the body condition score change between successive calvings: a novel strategy generalizable to diverse cohorts. Journal of Dairy Science, v.90, p.4378-4396, 2007b. ROCHE, J. R.; FRIGGENS, N. C.; KAY, J. K.; FISHER, M. W.; STAFFORD, K. J.; BERRY, D. P. Invited Review: body condition score and its association with dairy cow productivity, health and welfare. Journal of Dairy Science, v.92, p.5769-5801, 2009. ROCHE, J.R., MACDONALD, K.A., SCHÜTZ, K.E., MATTHEWS, L.R., VERKERK, G.A., MEIER, S., LOOR, J.J., ROGERS, A.R., MCGOWAN, J., MORGAN, S.R., TAUKIRI, S. AND WEBSTER, J.R. Calving body condition score affects indicators of health in grazing dairy cows. Journal of Dairy Science., v.96, n.9, p.5811-5825, 2013. SANTANA, M. H. A.; ROSSI JR., P.; ALMEIDAB, R.; CUCCOA, D. C. Feed efficiency and its correlations with carcass traits measured by ultrasound in Nellore bulls. Livestock Science, v. 145, n. 1, p. 252-257, 2012. SCHRÖDER, U. J.; STAUFENBIEL, R. Invited review: Methods to determine body fat reserves in the dairy cow with special regard to ultrasonographic measurement of backfat thickness. Journal of Diary Science, v. 89: p. 1-14, 2006.

25

SCHWAGER-SUTER, R.; STRICKER, C.; ERDIN, D.; KÜNZI, N. Relationship between body condition scores and ultrasound measurements of subcutaneous fat and muscle Longissimus dorsi in dairy cows differing in size and type. Journal of Animal Science, v.71, p.465-470, 2000. SILVA, S. R. Composição da carcaça de cabritos da raça serrana ecótipo jarmelista. Métodos para estimar a composição da carcaça. 2010. Tese (Doutorado em Ciência Animal) - Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, 2010. SILVA, S. R., AZEVEDO, J. M., SANTOS, V. C., GUEDES, C. M., & CADAVEZ, V. P. Utilização da técnica de ultra-sons para avaliação da composição de ovinos e caprinos. In: Carcaça e carne de borrego e cabrito. Avaliação da qualidade e composição. Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, p. 151-186, 2007. STAUFENBIEL, R. Energie- und Fettstoffwechsel des Rindes. Untersuchungskonzept und Messung der Ruckenfettdicke. Journal of Veterinary Medicine, v.47, p. 467–474, 1992. STENGÄRDE L, T. M, EMANUELSON U.; HOLTENIUS K.; HULTGREN J.; NISKANEN R. Metabolic profiles in five high-producing Swedish dairy herds with a history of abomasal displacement and ketosis. Acta Veterinaria Scandinavic, v.50, p.31, 2008. STOCKDALE, C. R. Body condition at calving and the performance of dairy cows in early lactation under Australian conditions: A review. Australian Journal of Experimental Agriculture, v. 41, p.823–829, 2001. SUGUISAWA, L.; MATTOS, W. R. S.; SOUZA, A. A.; SILVEIRA, A. C.; OLIVEIRA, H. N.; ARRIGONI, M. B.; BURINI, D. C. M. Ultrasonografia para predição da composição da carcaça de bovinos jovens. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v.35, n.1, p.177-185, 2006. SUNDRUM, A. Metabolic Disorders in the Transition Period Indicate that the Dairy Cows’ Ability to Adapt is Overstressed. Animals, v.5, p.978-1020, 2015. THWAITES, C. J. Ultrasonic estimation of carcass composition – Review. Australian Meet Research Committee, n. 47, p. 1-32, 1984. TREVISI, E.; GROSSI, P.; PICCIOLI CAPPELLI, F.; COGROSSI, S.; BERTONI, G. Attenuation of inflammatory response phenomena in periparturient dairy cows by the administration of an ω3 rumen protected supplement containing vitamin E. Ital. Journal of Animal Science. v.10, p.277–286, 2011. TROXEL, T. Ultrasound scanning to measure body composition in beef cattle. Agriculture and Natural Resources - University of Arkansas, 2011.

26

WALTNER, S. S.; McNAMARA, J. P.; HILLERS, J. K. Validation of indirect measures of body fat in lactating cows. Journal of Dairy Science, v.77, p.2570-2579, 1994. WALTNER, S. S; MCNAMARA, J. P; HILLERS, J. K;. Relationships of body condition score to production variables in high producing Holstein dairy cows. Journal of Dairy Science, v.76, p.3410–3419, 1993. WHATES, D. C.; CHENG, Z.; FENWICK, M. A.; FITZPATRICK, R.; PATTON, J. Influence of energy balance on the somatrotophic axis and matrix metalloproteinase expression in the endometrium of the postpartum dairy cow. Journal of Reproduction and Fertility, v.141, p.269-281, 2011. WILDMAN, E. E.; JONES, G. M.; WAGNER, P. E.; BOWMAN, R. L. A dairy cow body condition system and its relationship to selected production characteristics. Journal Dairy Science, v.65, p.495-501, 1982.

27

ARTIGO APRESENTADO SEGUNDO AS NORMAS DA REVISTA 1

BRASILEIRA DE ZOOTECNIA 2

3

Validação por ultrassonografia da condição corporal em vacas Holandês-4

Zebu em diferentes fases fisiológicas e suas características produtivas e 5

metabólicas 6

Narjara Rodrigues Gentil¹, Anselmo Domingos Ferreira dos Santos² 7

¹ Aluna de pós – graduação da Universidade Federal de Sergipe. Bolsista FAPITEC/SE. 8

² Professor do departamento de medicina veterinária da Universidade Federal de Sergipe. 9 10

RESUMO - Objetivou-se verificar por meio da espessura de gordura subcutânea 11

na garupa (EGG) se o método de avaliação visual de escore de condição corporal 12

(ECC) é apropriado para indicar a condição nutricional de vacas leiteiras mestiças 13

Holandês x Zebu (H-Z) no período de transição e fase inicial de lactação. Os 14

animais foram selecionados de acordo com estágio de lactação e foram divididos 15

em três grupos: grupo PP (0 a 4 semanas pré-parto; n=30 animais); grupo L4 (0 - 16

4 semanas pós-parto; n = 15 animais); grupo L+5 (5 - 14 semanas pós-parto; n=63 17

animais). As relações entre EGG, ECC e peso corporal (PC) foram investigadas, 18

utilizando-se análise de correlação e modelos de regressão. Para associar a EGG 19

aos perfis produtivo e metabólico foi realizada uma análise multivariada de 20

agrupamentos com objetivo de separar dentro de cada grupo animais com EGG 21

semelhantes. As variáveis ECC, EGG e PC variaram entre os três grupos (P< 22

0,05) e com comportamentos diferentes (quadrático e linear). As correlações entre 23

ECC e EGG foram maiores nos grupos PP e L+5, com r = 0,78 e r = 0,71, 24

respectivamente. O grupo L4 apresentou fraca correlação com r = -0,04. Os 25

modelos de regressão foram capazes de explicar o quanto da variação de EGG é 26

devido à variação de ECC, com resultados de coeficientes de determinação igual a 27

0,61 para o grupo PP e 0,51 para o grupo L+5. Para os animais do pré-parto e do 28

pós-parto com mais de 5 semanas de lactação o ECC pode ser considerado um 29

bom preditor da EGG. A partir de diferentes EGG foram detectadas diferenças 30

metabólicas e produtivas entre os animais dentro de cada fase fisiológica 31

estudada. 32

Palavras-chave: pré-parto, pós-parto, reserva de energia, vacas leiteiras 33

28

Validation by ultrasound body condition in Holstein-Zebu cows in different 34

physiological stages and their productive and metabolic characteristics 35

36

ABSTRACT - we aim with this work verify through the back fat thickness (BFT) 37

if the visual method of evaluation of body condition score (BCS) is appropriate to 38

indicate the body condition of crossbred dairy cows Holstein x Zebu in the 39

transition period and early lactation. The animals were selected according to stage 40

of lactation and it were divided into three groups: PP group (0 to 4 weeks 41

antepartum; n = 30 animals); L4 group (0-4 weeks postpartum; n = 15 animals); L 42

+ 5 group (5-14 weeks postpartum; n = 63 animals). The relationship between 43

BFT, BCS and body weight (BW) were investigated using correlation analysis 44

and regression models. To associate the BFT to productive and metabolic profiles 45

was conducted a Cluster in order to separate within each animal group with 46

similar BFT. The BCS, BFT and BW variables, varied among the three groups (P 47

<0.05) and with different behaviors (quadratic and linear). Correlations between 48

BCS and BFT were higher in groups PP and L + 5, r = 0.78 and r = 0.71 49

respectively. The L4 group showed weak correlation with r = -0.04. Regression 50

models were able to explain how the BFT variation is due to changes in BCS, 51

with coefficients of determination results equal to 0.61 for the PP group and 0.51 52

for the L + 5 group. For the animals of antepartum and postpartum over 5 weeks 53

of lactation the BCS can be considered a good predictor of BFT. From different 54

BFT metabolic and productive differences were detected among animals within 55

each physiological stage studied. 56

Keywords: antepartum, postpartum, energy reserve, dairy cows 57

58

59

60

61

29

Introdução 62

A avaliação do escore da condição corporal (ECC), por ser um método 63

confiável, não invasivo, rápido e economicamente acessível, é aceita 64

universalmente na avaliação do estado nutricional e mudanças nas reservas de 65

energia em bovinos (SHELDON et al, 2006;). No entanto, não há uma 66

metodologia definida para animais mestiços Holandês x Zebu, predominante no 67

Brasil, bem como não se sabe se a técnica de avaliação elaborada por Edmonson 68

et al., (1989) e que atualmente tem sido utiliza é adequada para avaliar a condição 69

corporal destes animais. 70

Com o advento da ultrassonografia mensurações da espessura de gordura 71

subcutânea em algumas áreas do corpo podem ser realizadas para avaliar o status 72

energético de vacas leiteiras em conjunto com o ECC (HUSSEIN et al., 2013), 73

possibilitando maior precisão na avaliação visual da condição corporal. 74

O intervalo de três semanas, antes e após o parto compreende o período de 75

transição (GRUMMER, 1995). Mudanças fisiológicas, hormonais, metabólicas e 76

anatômicas ocorrem nesse intervalo são acompanhadas pela redução na ingestão e 77

aumento na demanda de energia devido às necessidades de nutrientes do útero 78

grávido e da glândula (GOFF & HORST, 1997; HUZZEY et al., 2007).. 79

Consequentemente, as vacas leiteiras tendem a mobilizar reservas corporais para 80

superar o déficit de energia. A avaliação da condição corporal desses animais 81

durante o período de transição é fundamental, pois a lipólise intensa pode provocar 82

distúrbios metabólicos como cetose e hipoglicemia. (MULLIGAN et al., 2006). 83

Assim, a avaliação do perfil metabólico tem a função de mostrar se os mecanismos 84

de homeostase são capazes de manter parâmetros sanguíneos dentro da faixa 85

fisiológica desejável. 86

30

A relação entre a condição corporal e a produção de leite é verdadeira 87

segundo Roche et al. (2007) e McCarthy et al. (2007). Ambos admitem a 88

produção de leite como reflexo do status energético das fêmeas bovinas. 89

Embora estudos sobre ECC, EGG e o peso corporal (PC) tenham sido feitos 90

anteriormente, faltam trabalhos que avaliem o relacionamento entre essas 91

características em vacas Holandês x Zebu (H-Z) no período de transição e inicio 92

da lactação. Portanto, o objetivo deste estudo foi verificar por meio da 93

ultrassonografia a espessura de gordura subcutânea na garupa se o ECC é 94

apropriado para avaliação de vacas mestiças durante período de transição e fase 95

inicial de lactação e a relação entre a EGG com as características produtivas e 96

metabólicas dos animais. 97

98

Material e Métodos 99

Este trabalho foi aprovado pelo comitê de ética de pesquisa em animais de 100

produção (CEPAP) da Universidade Federal de Sergipe. Número protocolo: 10/15 101

O experimento foi realizado em seis propriedades rurais localizadas nas 102

regiões do alto e baixo sertão, baixo São Francisco e sul do estado de Sergipe. As 103

médias de temperatura máxima e mínima são de 26,5 ± 1 C° e 22,2 ± 1,12 C°, 104

respectivamente, com pluviosidade média de 1120,3 ± 276,45 mm. (CLIMATE-105

DATA.ORG, 2016). Todas as propriedades que participaram do estudo possuíam 106

manejo semelhante com sistema de criação semi-intensivo e dietas calculadas de 107

acordo com as características produtivas dos animais, conforme NRC (2001). As 108

dietas formuladas eram constituídas basicamente por silagem de milho, e 109

concentrado contendo milho, soja e núcleo mineral. 110

31

Foram usados dados de 108 vacas leiteiras mestiças Holandês x Zebu com 111

produção média diária de leite de 15,4 ± 9,5 kg/dia.. Todas as vacas foram 112

selecionadas aleatoriamente e classificados de acordo com suas fases de lactação 113

em três diferentes grupos: grupo PP (0 a 4 semanas pré-parto; n=30 animais); 114

grupo L4 (0 - 4 semanas pós-parto; n = 15 animais); grupo L+5 (5 - 14 semanas 115

pós-parto; n=63 animais). 116

Cada animal foi avaliado uma vez pela mesma pessoa. A rotina de colheita 117

de dados iniciou sempre após a primeira ordenha, quando os animais foram 118

alocados em bretes de contenção, de forma que o avaliador tivesse a visão 119

completa do corpo dos mesmos. O peso corporal (PC) foi obtido por meio de fita 120

de pesagem apropriada para bovinos. 121

A avaliação do escore de condição corporal (ECC) foi realizada segundo 122

metodologia proposta por Wildman et al. (1982), validada por Edmonson et al. 123

(1989). Este método baseia-se em avaliações visuais e táteis das reservas 124

corporais em algumas partes do corpo do animal como processos transversos, 125

ligamento sacral, articulação coxo-lateral, íleos e ísquios. Dessa forma, as vacas 126

foram classificadas em escala variando de 1 (magra) a 5 (extremamente gorda), 127

com incrementos de um quarto de ponto (0,25). 128

A mensuração da EGG foi feita conforme metodologia descrita por 129

Schröder e Staufenbiel (2006), com um aparelho de ultrassom portátil, da marca 130

Pie Medical, acoplado a um transdutor linear de 6 MHz. As medições foram 131

realizadas com o transdutor posicionado verticalmente a uma linha imaginária 132

entre as extremidades óssea do ílio e o ísquio. O contato da pele com o transdutor 133

foi feita utilizando-se gel condutor incolor, apropriado para ultrassom. No 134

momento em que se obteve a imagem que melhor caracterizasse a EGG, a mesma 135

32

foi congelada e arquivada para posterior medição pelo software IMAGEJ®. Essa 136

medida compreende a distância (milímetros) entre a pele e a fáscia profunda, 137

localizado acima do glúteo médio. A área da garupa foi escolhida para avaliação 138

da espessura de gordura por possuir alta repetibilidade e ser adequado para medir 139

camada de gordura subcutânea segundo Stouffer & Cross (1985). Além disso, a 140

EGG é uma região que possui maior sensibilidade às variações da condição 141

corporal (SCHWAGER-SUTER et al., 2000), pois apresenta maior velocidade de 142

mobilização em comparação a região dorsal. 143

A produção de leite foi medida por meio de balança digital nas duas 144

ordenhas e registrada em quilos. Amostras de leite correspondentes a cada animal 145

foram colhidas durante a ordenha da manhã e da tarde, acondicionadas em 146

pequenos frascos esterilizados de 50 ml, identificados, refrigerados e 147

encaminhados para a realização de análise da composição do leite (teor de 148

gordura, proteína, lactose, sólidos não gordurosos e densidade) em analisador 149

ultrassônico de leite da marca Lactoscan LA. 150

Para a realização da dosagem de metabólitos sanguíneos, o sangue foi 151

colhido por punção da veia/artéria coccígea, em tubos de coleta a vácuo (10 mL). 152

Foram colhidos dois tubos para cada animal, um contendo ativador de coágulo 153

para dosagem de proteína total, colesterol total e albumina e o segundo contendo 154

fluoreto de sódio para dosagem de glicose no plasma. Após a colheita as amostras 155

foram centrifugadas 1.000 x G, por 15 minutos, para separação do soro ou plasma, 156

acondicionado em micro tubo de plástico (Eppendorf), identificadas e 157

armazenadas a -18°C. As análises bioquímicas foram realizadas a partir da 158

utilização de kits comerciais específicos para cada constituinte sanguíneo da 159

marca Labtest Diagnóstica S.A. os quais foram adaptados para serem utilizados 160

33

em placas de microtítulação e posterior leitura em aparelho do tipo “ELISA” da 161

marca Thermo Plate. 162

As análises estatísticas para verificar a relação entre o escore de condição 163

corporal visual (ECC), o peso corporal (PC) e a espessura de gordura subcutânea 164

da região glútea (ECG) foram executadas pelo software SAS, versão 9.3 (SAS 165

INSTITUTE, 2003), adotando-se nível de significância de 5% O delineamento 166

utilizado foi o inteiramente casualizado (DIC), de acordo com o período (-4 – 0 167

semana pré–parto; 0 – 4 semanas pós-parto; 5 - 14 semanas pós – parto) em que 168

os animais se encontravam. Para verificação das premissas estatísticas 169

(homogeneidade das variâncias e normalidade dos resíduos) foi utilizado a 170

ferramenta PROC UNIVARIATE. Análise de variância foi realizada (PROC 171

MIXED) para cada variável (PC, ECC e EGG) com finalidade de verificar se 172

houve diferença estatística (P<0,05) em função dos três grupos A partir dessa 173

análise foi feita uma regressão polinomial para obtenção de melhor efeito para 174

cada uma das variáveis analisadas. Após a escolha do melhor modelo 175

(determinada pelo p- valor dos efeitos) foi feita análise de regressão (PROC 176

REG). Modelo de regressão geral foi realizado levando em consideração todos os 177

animais do experimento sem distinguir as fases de lactação, onde a EGG foi a 178

variável dependente e o ECC a variável independente. O procedimento correlação 179

de Pearson (PROC CORR) também foi usado para verificar o relacionamento 180

entre as variáveis PC, ECC e EGG levando em consideração o total de 181

observações e dentro de cada grupo para as vaiáveis ECC e EGG. Para analisar a 182

relação dos resultados verificados na mensuração da espessura de gordura 183

subcutânea da região glútea (ECG) e os parâmetros metabólicos e produtivos, 184

utilizou-se o software computacional Action - R 2.8 (ESTATCAMP, 2014). 185

34

Foram realizadas análises multivariadas de agrupamentos pelo método de 186

dissimilaridade hierárquica baseado na distância euclidiana dentro de cada grupo 187

de período (-4 – 0 semana pré–parto; 0 – 4 semanas pós-parto; 5 - 14 semanas pós 188

– parto). Para tanto, foram considerados os valores obtidos pela ECG e a 189

consistência do padrão de agrupamento foi verificada por meio do coeficiente de 190

correlação cofenética calculado entre os valores de similaridade da matriz original 191

e da matriz resultante da simplificação do dendrograma. No grupo pré-parto, a 192

partir dessa análise foram gerados três subgrupos: grupo 1 ( n =14; EGG méd. = 193

0,60 mm), 2 (n = 5; EGG méd. = 1,17 mm ) e 3 (n=8; EGG méd. = 2,02). O grupo 194

L4 deu origem a dois subgrupos: grupo 1 (n=8; EGG méd. = 0,62 mm) e grupo 2 195

(n=4; EGG méd. = 1,03). Igualmente, o grupo L+5 deu originou dois subgrupos 196

de EGG: grupo 1 (n=19; EGG méd. = 0,55 mm) e grupo 2 (n=3; EGG méd. = 197

0,83). Dentro de cada agrupamento obtido em cada período avaliado foram 198

realizadas análises de variância (ANOVA) para todas as variáveis metabólicas 199

(glicose, colesterol total, proteína total e albumina) e produtivas (produção de 200

leite, produção de leite corrigido para 4% de gordura, teor de gordura, densidade, 201

sólidos, lactose e proteína), e as diferenças observadas foram analisadas por meio 202

teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade. 203

204

Resultados e Discussão 205

A análise de variância mostrou diferenças (P<0,05) para as variáveis 206

estudadas (PC, ECC e EGG) levando em consideração os três grupos. Os valores 207

de ECC variaram de 1,75 a 4,00 com maior valor médio 2,81 em vacas de -4 a 0 208

semana pré – parto, e o menor valor médio de 2,50 nos animais com mais de 4 209

semanas pós - parto. A variação da EGG ficou entre 4,05 mm a 25,6 mm, com 210

35

maior valor médio de 9,62 mm no grupo 1 e menor valor médio de 5,82 mm no 211

grupo 3. Na Tabela 01 estão representadas as médias encontradas para ECC, 212

EGG e PC nos três grupos. 213

214

Tabela 01- Médias e erros padrão das médias (EPM) do ECC, EGG e PC de vacas 215 mestiças H-Z em diferentes fases fisiológicas 216

217

218

219 220 221 222 *Escore de Condição Corporal 223 **Espessura de gordura subcutânea na garupa 224 ***Peso corporal 225 R²: coeficiente de determinação 226

227

Hussen et al. (2013) encontraram resultados semelhantes, onde os maiores 228

valores médios de ECC (3,5) e EGG (24,4 mm) foram observados na fase de 1 a 3 229

semanas pré–parto. No mesmo trabalho, os menores valores de ECC (2,3) e EGG 230

(13,7 mm) foram observados em animais que se encontravam no pós-parto. No 231

presente trabalho a diferença de ECC e EGG entre os animais dos três grupos é 232

justificada pela mobilização de tecido adiposo como forma de atender a demanda 233

em energia para a produção de leite. Como este é um processo fisiológico normal 234

que ocorre em todos os mamíferos, deve-se esperar que todas as vacas mobilizem 235

gordura corporal no início da lactação (NRC, 2001). 236

O peso corporal (PC) variou entre 332 a 709 kg, com menor peso médio no 237

grupo L4 e maior peso médio no grupo PP. Esses resultados estão de acordo com 238

os encontrados por Weber et al., (2013) ao avaliarem vacas holandesas durante o 239

período de 8 semanas antes do parto até 9 semanas pós-parto. Os autores 240

verificaram que o PC diminuiu rapidamente (P<0,001) após o parto até a quinta 241

Variável Grupo PP Grupo L4 Grupo L+5

P - valor Média EPM Média EPM Média EPM

ECC* 2.81 0.08 2.64 0.08 2.50 0.06 0.01

EGG (mm)** 9.62 0.07 8.51 0.07 5.82 0.06 0.03

PC (kg)*** 507.50 11.15 473.34 11.43 488.54 9.39 0.02

36

semana de lactação e manteve-se constante até ao final do estudo. O 242

comportamento diferente da varável PC em relação às demais, possivelmente está 243

relacionado ao fato do mesmo ser influenciado por diversos fatores como o 244

conteúdo do trato gastrointestinal e mudança do peso uterino (SCHRÖDER &. 245

STAUFENBIEL, 2006). Conforme a ingestão de alimento aumenta, o conteúdo 246

gastrointestinal (preenchimento do intestino) também aumenta. O preenchimento 247

do intestino em vacas leiteiras equivale à aproximadamente 15% do PC (NRC, 248

2001). Chillard et al. (1991) sugerem acréscimo de 4 kg em preenchimento de 249

intestino para o aumento de cada 1kg em consumo de matéria seca (CMS). 250

Mudanças no PC de vacas podem não refletir as verdadeiras mudanças nas 251

reservas de energia dos tecidos. 252

A Tabela 02 é possível observar que as variações do PC e da EGG se deram 253

de forma curvilínea onde o menor peso, segundo as equações de regressão foi 254

encontrado aos 42 dias após o parto e a menor EGG aos 109 dias. 255

256

Tabela 02- Equações de regressão em função do tempo 257

Variável Equação de Regressão R²

P - valor

PC* y = 454.35278 - 1.47864 x + 0.01741 x² 0,15 < 0,01

EGG** y = 0.88412 - 0.00556 x + 0.00002545 x² 0,23 < 0,01

ECC*** Y= 2.78325 – 0.00259x 0,08 < 0,01 *Peso corporal 258 **Espessura de gordura subcutânea na garupa 259 ***Escore de Condição Corporal 260 R²: coeficiente de determinação 261

262

A variação do PC, EGG e ECC entre os grupos avaliados está de acordo 263

com o esperado fisiologicamente, em que ocorrem alterações na composição 264

corporal desses animais ao longo do período de transição e início de lactação. 265

37

Estas alterações refletem em diminuição do PC, EGG e ECC como forma de 266

atender as altas exigências em energia que é comum nessa fase. 267

Apesar das variáveis PC, ECC e EGG terem apresentado diferenças 268

(P<0,05) entre os grupos estudados, os coeficientes de determinação baixos 269

mostram que os dados observados não se ajustam aos dados estimados, 270

provavelmente pela heterogeneidade encontrada no conjunto de observações. 271

Nesse estudo, correlações moderadas (r = 0,57) foram encontradas entre o 272

ECC e a EGG, quando foram levados em consideração todos os animais do 273

experimento, sem discriminação das fases. Corroborando com esses resultados, 274

Vargas et al. (2003) demonstraram uma correlação entre ECC e EGG igual a 0,50 275

para vacas Nelore. O PC apresentou fraca correlação (r = 0,28) com o ECC e 276

média correlação (r = 0,38) com EGG. Ayres et al. (2009) também avaliaram 277

correlações entre as variáveis PC, ECC e espessura da gordura subcutânea na 278

garupa (EGG) mensurada por ultrassonografia em vacas zebuínas no período 279

compreendido entre o terço final da gestação e 16 semanas pós - parto. Os autores 280

encontraram correlação média ente o PC e o ECC com r = 0,37, e entre o PC e a 281

EGG a correlação também foi maior com r = 0,50. A baixa correlação entre o PC 282

e as demais variáveis desse estudo (EGG e ECC) também pode ser explicada pela 283

característica dessa variável não ser um bom indicador das reservas energéticas de 284

vacas durante o período de transição (NRC, 2001). 285

Para cada grupo foi feita uma análise de correlação entre as variáveis EGG e 286

ECC (Tabela 03) 287

288

289

290

38

Tabela 03 - Coeficientes de correlação de Pearson (r) para as ECC e EGG em três 291 diferentes fases do ciclo de lactação de vacas leiteiras mestiças 292

293

294

295

296

Na Tabela 03, verifica – se que os maiores coeficientes de correlação foram 297

encontrados nos grupos PP e L+5. Já no grupo L4 a correlação foi nula e inversa. 298

Como possível explicação para esse resultado está no fato desse grupo ter sido 299

representado por um número reduzido de animais, visto que esse trabalho foi 300

realizado em propriedades rurais as quais tinham poucas fêmeas nesse estágio de 301

lactação. 302

Singh et al. (2015) avaliaram o efeito do período de transição para o escore 303

de condição corporal (ECC) e espessura de gordura subcutânea na garupa (EGG) 304

em vacas mestiças durante as fases: mais de 30 dias pré–parto, entre 21 e 3 dias 305

pré–parto e de 3 a 30 dias pós–parto. Nessas fases, os coeficientes de correlação 306

entre o ECC e a EGG encontrados foram iguais a r = 0,84, r = 0,79 e r = 0,75, 307

respectivamente. Para vacas holandesas, Hussein (2013) encontrou altas 308

correlações em animais nas fases compreendidas entre 1 a 3 semanas dias pré–309

parto (r = 0,96) e 15 a 18 semanas pós – parto (r = 0,96). Em vacas zebuínas, 310

altas correlações foram verificadas no período próximo ao parto (r = 0,93) e após 311

11 semanas pós–parto (r = 0,93) (AYRES et al., 2009). 312

Segundo Chagas et al. (2007), a correlação entre ECC e gordura corporal 313

pode ser mais fraca na extremidade inferior da escala de ECC, quando a perda 314

acentuada de ECC chega a causar uma mobilização muscular, tornando 315

inexistente a quantidade de tecido adiposo subcutâneo. No trabalho de Macdonald 316

Grupo Número r P-valor

PP 33 0.78 <0.01

L4 15 -0.046 <0.01

L+5 62 0.71 <0.01

39

et al. (1999) as menores correlações (r=0,26) para essas varáveis foram registradas 317

no animais com ECC<4,5 (escala de 10 pontos). Os autores ainda observaram que 318

conforme foi aumentando a espessura de gordura subcutânea e o ECC, as 319

correlações se tornaram mais fortes (r=0,82). 320

No estudo de Maciel et al. (2006) ao avaliarem a relação entre EGG e ECC 321

em vacas Holandesas e Nelore não encontraram correlação para vacas Holandesas 322

com ECC menor que 3,17. A maior correlação foi achada a partir de EGG > 2 mm 323

e EGG < 7 mm com r = 0,79. Nesse trabalho a amplitude dos dados observados 324

também influenciaram os resultados de modo que os maiores coeficientes de 325

correlação foram obtidos para as vacas holandesas em relação aos observados nas 326

vacas nelores, os autores concluíram que isso se deu devido a maior amplitude de 327

ECC encontrada na raça zebuína, enquanto a amplitude para outro grupo racial foi 328

menor, resultando numa menor dispersão. 329

O coeficiente de determinação da regressão geral foi igual a 0,33. Os 330

modelos significativos foram os dos grupos PP e L+5 (P<0,05) em que os 331

coeficientes de determinação foram iguais a 0,61 e 0,51 respectivamente. No 332

grupo L4 provavelmente pelas constantes modificações metabólicas dessa fase, o 333

ECC não foi eficaz em detectar as reais mudanças na mobilização de tecido 334

adiposo nesses animais, acarretando R² = 0,0021. Os modelos estão representados 335

pelas Figuras 01, 02, 03 e 04. 336

337

40

338

Figura 01 – Regressão linear entre EGG e ECC em vacas mestiças H-Z no período de 339

transição e inicio de lactação ( 4 semanas pré-parto a 14 semanas pós-parto ) 340

341

342

343 Figura 02 – Regressão linear entre EGG e ECC em vacas mestiças H-Z entre 0 – 4 344 semanas pré-parto 345

346

41

347 Figura 03 - Regressão linear entre EGG e ECC em vacas mestiças H-Z entre 0 – 4 348 semanas pós-parto 349 350

351

352 Figura 04 - Regressão linear entre EGG e ECC em vacas mestiças H-Z entre 5 – 14 353 semanas pós-parto 354 355

De acordo com a Figura 01 as duas variáveis se relacionam de forma linear 356

durante o período de transição e fase inicial de lactação. Nos modelos de 357

regressão do grupo PP e L+5 o comportamento das variáveis foi semelhante ao 358

modelo geral, porém os coeficientes de determinação foram maiores mostrando 359

que os modelos propostos explica melhor a variação da EGG. Estes resultados 360

42

podem ser considerados positivos quanto à relação entre ECC e medições de EGG 361

em animais mestiços, uma vez que Domecq et al, (1995) validaram ECC com 362

medições de gordura subcutânea com o uso da ultrassonografia em alguns locais 363

do corpo de vacas leiteiras Holandês como a região lombar, a garupa e a inserção 364

da cauda. Segundo os autores, na região da garupa o ECC foi significativamente 365

associado às medições ultrassonográficas com coeficiente de determinação para o 366

modelo igual a 0,65. Os autores concluíram que o ECC é tão apropriado quanto às 367

medidas feitas por ultrassonografia para estimar a quantidade de gordura 368

subcutânea, em vacas leiteiras. 369

Quando são comparados os coeficientes de determinação desse estudo com 370

os encontrados pela literatura em que os animais estudados eram de raça pura, é 371

perceptível que os atuais resultados são menores. Como possível explicação para 372

esses achados são os diferentes graus de sangue dos animais avaliados. De acordo 373

com alguns autores o ECC por ser um método subjetivo é facilmente influenciado 374

por fatores como raça ou mérito genético, padrão de mobilização de tecido 375

adiposo, tamanho dos adipócitos e idade (DECHOW et al., 2004; PRYCE e 376

HARRIS, 2006; WALSH et al., 2008). 377

Nas Tabelas 04 e 05 estão representadas as analises de variâncias em que foi 378

levado em consideração os grupos de animais e suas médias metabólicas e 379

produtivas respectivamente. 380

Quanto ao perfil metabólico dos animais, de acordo com a análise de 381

variância não houve diferença estatística (P<0,05) para os metabólitos estudados. 382

Para a produção de leite os animais dos grupos L4 e L+5 não deferiram 383

estatisticamente (P<0,05). A densidade foi o único constituinte que apresentou 384

diferença entre os grupos mencionados. 385

43

386

Tabela 04 – Metabólitos sanguíneos em vacas mestiças H-Z no período de 387 transição e inicio de lactação 388

389 390 391 392 393 394 395 396 397 398

399 Grupo PP– -4 a 0 semana pré–parto; Grupo L4 – 0 a 4 semanas pós-parto; Grupo L+5 – 5 a 14 semanas 400 pós – parto; EPM- erro padrão da média; 401

402 Tabela 05 – Produção e constituintes do leite em vacas mestiças H-Z no pós-parto 403 404

405 406 407 408 409 410 411 412 413 414

415 416 417 418 419

Grupo L4 – 0 a 4 semanas pós-parto; Grupo L+5 – 5 a 14 semanas pós – parto; EPM- erro padrão da média; 420 LCG4 - produção de leite corrigida para 4% de gordura. Médias diferentes na mesma linha diferem 421 estatisticamente P <0,05. 422

423

De acordo com esses resultados, metabolicamente não foi perceptível 424

diferenças com base no período fisiológico, ou seja, quando são consideradas 425

apenas a fases (pré ou pós – parto), para esses animais e nas condições estudadas. 426

As variáveis produtivas se comportaram da mesma forma, pois as vacas que 427

estavam no começo da lactação, mais precisamente no período de transição 428

estavam produzindo a mesma quantidade de leite daquelas que se encontravam 429

fora do período crítico, ou seja, estavam com mais de 30 dias pós-parto. Deste 430

modo, apesar dos animais do grupo L4 estarem passando por ajustes fisiológicos 431

Variável Grupo PP Grupo L4 Grupo L+5 EPM p-Valor

Glicose (mg/dL) 78.50 75.51 78.85 0.93 0.48

Colesterol Total (mg/dL) 146.35 110.83 124.84 7.70 0.40

Proteína Total (g/dL) 7.45 8.07 7.97 0.12 0.13

Albumina (g/dL) 5.62 6.08 5.53 0.15 0.38

Variável Grupo L4 Grupo L+5 EPM p-Valor

Prod. Leite (kg) 14.70 14.50 1.18 0.81

LCG4(kg) 12.32 13.10 1.05 0.53

Gordura no leite (%) 2.83 3.53 0.14 0.05

Densidade (g/ml) 1.03a 1.02b 0.25 0.01

Lactose (%) 4.60 4.53 0.03 0.33

Proteína (%) 3.06 3.03 0.02 0.51

Sólidos totais (%) 8.09 7.98 0.06 0.39

44

característicos dessa fase, a produção e qualidade do leite foram semelhantes à 432

dos animais com a produção estabelecida há mais tempo. 433

A densidade do leite é entendida como a relação entre seu peso e volume 434

quando normalmente é medida a 15 °C ou corrigida para essa temperatura. Para o 435

leite de vaca, a densidade considerada normal é em torno de 1,032 g/ml, podendo 436

variar entre 1,023 e 1,040 g/ml (OLIVEIRA et al., 2010). O teor de gordura do 437

leite influencia diretamente na densidade, de modo que quanto maior o teor de 438

gordura menor é a densidade. Isso explica o comportamento dessa variável nesse 439

estudo, já que mesmo que a gordura não tenha apresentado diferenças estatisticas 440

entre os grupos L4 e L+5, os animais com mais de 5 semanas após o parto 441

apresentaram visivelmente mais gordura no leite, mas o conjunto de dados não 442

permitiu mostrar a significância. Dessa forma, o grupo L4 teve maior densidade 443

possivelmente porque a porcentagem de gordura no leite desses animais tende a 444

ser menor. 445

Apesar desses resultados descritos acima, foram encontradas diferenças 446

significativas (P<0,05) em algumas variáveis produtivas e metabólicas quando os 447

animais passaram a ser divididos dentro de cada grupo (PP, L4 e L+5) em 448

subgrupos de EGG (1, 2 e 3) através do método da análise de clusters. 449

A seguir, estão apresentadas na tabela 06 as médias e os desvios - padrões 450

referentes à dosagem de alguns metabólitos nos animais pertencentes ao grupo 451

pré-parto (PP) 452

453

454

455

456

45

457

458 Tabela 06 – Médias e desvios-padrão de metabólitos sanguíneos dosados em 459 vacas mestiças H-Z no pré-parto de acordo com espessura de EGG 460

461 462 463 464 465 466 467 468 469 470 471 472 473 474 475 476 477 478 479 480 481

482 483

EGG – Espessura de gordura subcutânea na garupa; Grupo 1, 2 e 3 – Grupos de EGG; DPP – dias pré-484 parto Letras diferentes na mesma linha diferem estatisticamente P <0,05 pelo teste de Tukey. 485

486

De acordo com a tabela 06, os grupos de EGG gerados foram diferentes 487

estatisticamente (P<0,05) inclusive em relação aos dias pré-parto. Assim, em 488

função da EGG, os animais que se encontravam em torno de 21 e 12 dias antes do 489

parto manifestaram variações. O EGG se comportou de forma diferente, já que o 490

maior valor foi observado nos dias mais próximos ao parto quando deveria ser ao 491

contrário, pois à medida que se aproxima do parto os animais mobilizam tecido 492

adiposo. Isso pode ser explicado pela variação da mobilização de tecido corporal 493

em vacas mestiças, uma vez que nesse estudo foi avaliada a mensuração de tecido 494

adiposo apenas em um local do corpo dos animais. Assim, não é possível concluir 495

que essas fêmeas passaram ou não a mobiliar mais tecido próximo ao parto já que 496

a mobilização de tecido adiposo pode ter acontecido em outro local. 497

Grupo PP

Variáveis Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 P-valor

EGG (mm) 6.0 a ±1.5 11.7b±4.5 20.2c±5.8 >0,01

ECC 2.52 a ±0.42 2.64 a ±0.68 3.69 b ±0.18 >0,01

DPP (dias) 21.29a±7.32 12.13b±4.67 13.4ab±5.27 >0,01

Glic. ( mg/dL) 79.71a±8.44 74.45a±14,79 75.97a±7.47 0,61

Coles. Tot (mg/dL) 175.89 a ±106,39 69.77b±31.27 79.79ab±28.98 0,01

Prot. Tot. (g/dL) 7.74a±1.40 6.91a±0.38 7.64a±0.96 0,30

Albu. (g/dL) 6.25a±1,07 3.52b±0,36 3.55b±0,29 >0,01

46

Os valores de colesterol diferiram entre os grupos 1 e 2. As médias 498

encontradas (175,89 mg/dL e 69,77 mg/dL, respectivamente ) estão fora do 499

intervalo de referência de 80 à 120 mg/dL (KANEKO et al., 2008). Além disso, é 500

possível observar que os animais com menor espessura de tecido adiposo foram os 501

que apresentaram maior valor de colesterol no soro sanguíneo. Isso condiz com o 502

que já foi afirmado por González e Rocha (1998) que valores elevados de 503

colesterol em vacas sugerem que este metabólito possa ser um indicador da 504

habilidade da vaca em produzir leite, como reflexo da mobilização lipídica das 505

reservas corporais para lactogênese. Deste modo, os animais com menor EGG 506

possivelmente estavam com maior quantidade de colesterol devido à mobilização 507

que normalmente acontece como uma preparação para a lactação. 508

A albumina sérica foi maior no grupo 1 quando comparado aos grupo 2 e 509

grupo 3. Como possível justificativa para esse comportamento esta no fato dos 510

animais do grupo 1 estarem mais distante (-21dias) do parto, ao passo que, os dos 511

grupos 2 e 3 se aproximavam mais do parto, -12 e -13 dias respectivamente. Isso 512

pode ter fundamento, pois o nível de albumina sofre uma diminuição no início da 513

lactação, a qual começa a se restabelecer desde que o aporte de proteínas na dieta 514

seja adequado. Isso se dá pela alta demanda de aminoácidos necessários para a 515

síntese de proteínas do leite (CONTRERAS, 2000). No trabalho de Oliveira, et al 516

(2014) os autores avaliaram o perfil metabólico energético, proteico e enzimático 517

em vacas mestiças leiteiras com baixo escore de condição corporal (ECC) no 518

período de transição. Eles observaram baixas concentrações de albumina 519

(2,82g/dL) nos animais aos 7 dias pré-parto, continuando baixo até 28 dias pós-520

parto. Nas Tabelas 07 e 08 estão representadas as médias relacionadas aos 521

47

parâmetros metabólicos e produtivos dos animais pertencentes aos Grupos L4 e 522

L+5. 523

524

Tabela 07 - Média e desvios-padrões de metabólitos sanguíneos dosados em vacas 525 mestiças H-Z no após o parto de acordo com espessura de EGG 526

527 528 529 530 531 532 533 534 535 536 537 538 539 540 541 542 543 544 545 546 547 548

549 550 551 552 553 554

555 EGG – Espessura de gordura subcutânea na garupa; Grupo 1, 2 e 3 – Grupos de EGG; LCG4 – 556 Produção de leite corrigido a 4% de gordura. Nas linhas, médias diferem estatisticamente P 557 <0,05 pelo teste de Tukey. 558

559 560 561 562 563 564 565 566 567 568 569 570 571 572

L4

Variável Grupo 1 Grupo 2 P-valor

EGG (mm) 6.24±2.3 10.3±3.9 0.04

ECC 2.84±0.64 2.30±0.22 0.14

DL (dias) 25.62±5.15 18±3.37 0.02

Glic. (mg/d) 70.23±17.57 70.49±5.20 0.97

Coles. Tot (mg/dL) 71.46±58.42 93.80±34.56 0.50

Prot. Tot. (g/dL) 8.34±1.25 4.48±3.51 0.01

Album.(g/L) 6.99±2.08 6.04±3.17 0.54

L+5

EGG (mm) 5.5±0.8 8.3±0.9 >0.01

ECC 2.42±0.34 3.87±0.32 >0.01

DL (dias) 71.69±27.15 51±12.22 0.14

Glic. (mg/d) 79.81±10.10 72.48±5.47 0.16

Coles. Tot (mg/dL) 122.48±76.98 74.86±53.01 0.24

Prot. Tot. (g/dL) 7.92±1.59 8.85±1.59 0.27

Album.(g/L) 5.99±1.45 6.15±1.57 0.83

48

573 Tabela 08 – Médias e desvios padrões de características produtivas e constituintes 574 do leite de vacas mestiças H-Z durante o pós-parto de acordo com espessura de 575 EGG 576 577 578 579 580 581 582 583 584 585 586 587 588 589 590 591 592 593 594 595 596 597 598 599 600 601 602 603 604 605 606 607 608 609 610 611 612 613

614 EGG – Espessura de gordura subcutânea na garupa; Grupo 1, 2 e 3 – Grupos de EGG; DL – dias 615 de lactação. Nas linhas, médias diferem estatisticamente P <0,05 pelo teste de Tukey. 616

617

Conforme as tabelas acima os animais com até 4 semanas pós-parto foram 618

divididos em dois grupos de EGG: 1 e 2, com médias de espessura de gordura 619

iguais à 62mm e 10,3mm na mesma ordem (Tabela 07). 620

Na Tabela 07 é perceptível que os animais com maior EGG (10,3mm) 621

foram aqueles com menos dias pós – parto, ou seja, segundo essa análise, as vacas 622

com mais tecido adiposo foram as que estavam no inicio da lactação (18 dias). 623

Isso reafirma o conceito de que os animais tendem a mobilizar tecido adiposo com 624

L4

Variável Grupo 1 Grupo 2 P-valor

EGG (mm) 6.2±0.23 10.3±0.39 0.04

Prod. (kg) 9.54±1.16 17.45 ±2.79 >0,01

LCG4 (kg) 8.18±1.52 15.48 ±1.58 >0,01

Gord. (%) 3.11 ±1.24 3.29 ±0.78 0.80

Dens. (g/ml) 1.02 ±1.70 1.03 ±1.50 >0,01

Sóli. Tot. (%) 7,.2 ±0.30 8.65 ±0.39 >0,01

Prot. Tot (%) 2.97±0.08 4.06±1.72 0.08

Lactose (%) 4.43±0.12 4.84±0.28 >0,01

L+5

EGG (mm) 5.5±0.8 8.3±0.9 >0,01

Prod. (kg) 15.05a ±9.54 9.65a ±3.78 0.27

LCG4 (kg) 14.28a ±9.57 8.45a ±2.81 0.24

Gord. (%) 3.78a ±1.65 3.41a ±1.60 0.68

Dens. (g/ml) 1.02a ±5.18 1.031a ±6.81 0.35

Sóli. Tot. (%) 8.11a ±1.59 8.88a ±2.20 0.39

Prot. (%) 3.10a ±0.57 3.32a ±0.59 0.48

Lactose (%) 4.62a ±0.83 4.94a ±1.16 0.50

49

o avançar da lactação, para atender as exigências energéticas e diminuir os efeitos 625

do BEN (BELL, 1995). Com exceção da proteína total, nenhum metabólito 626

apresentou diferença estatística entre os grupos 1 e 2. A proteína total sérica foi 627

menor nos animais com 18 dias pós-parto quando comparando aos animais do 628

grupo 2 (25dias), refletindo a mobilização de proteínas para a glândula mamaria 629

principalmente para a secreção de imunoglobulina no colostro. Feitosa e Birgel 630

(2000) determinaram a dinâmica do proteinograma sanguínea e da atividade 631

enzimática da gamaglutamiltransferase (GGT) sérica de vacas antes e após o 632

parto, e encontraram uma diminuição gradativa das concentrações de proteína 633

total nos animais após o parto. Aos 9 dias pós-parto a concentração era de 7,63 634

g/dL aumentando para 7,84 g/dL aos 30 dias. 635

Em relação à produção e constituintes do leite, para os animais com até 4 636

semanas pós-parto (Grupo L4) as médias se comportaram de maneira que aqueles 637

com maior EGG (Grupo 2) e consequentemente menos dias de parição (18 dias) 638

produziram mais que os que estavam com menor EGG. Esse fato quer dizer que 639

provavelmente a quantidade de tecido adiposo pode ser considerada um bom 640

indicativo da eficiência produtiva em animais mestiços. Além disto, houve 641

interferência na densidade, bem como na quantidade de sólidos totais e também 642

na porcentagem de lactose, de maneira que esses mesmos animais além de 643

produzirem mais leite, a qualidade também foi melhor. Provavelmente essa 644

melhor produtividade foi pela maior quantidade de energia retida em forma de 645

tecido adiposo, fazendo com que os mesmos tenham uma melhor eficiência. 646

De forma semelhante, os animais com 5 a 14 semanas pós-parto também 647

foram divididos em dois grupos de EGG, em que a media do grupo 1 foi igual a 648

5,5mm e do grupo 2 foi 8,3mm. Nesse grupo a análise estatística não mostrou 649

50

diferença entre característica metabólicas e produtivas avaliadas nesse estudo, 650

possivelmente porque as fêmeas nessa fase produtiva entraram no estado de 651

homeorrese, fazendo com que a demanda e a mobilização de energia tenham sido 652

atenuados. 653

Conclusões 654

Os resultados encontrados nesse estudo apontam que o método de avaliação 655

do ECC utilizado para animais puros da raça Holandês pode ser considerado um 656

bom preditor da condição corporal de vacas mestiças Holandês x Zebu no período 657

compreendido entre 4 a 0 semana pré–parto e 5 a 14 semanas pós-parto. 658

Além de revelar que a EGG é sensível em indicar diferenças significativas 659

de alguns parâmetros metabólicos e produtivos no período de transição (4 - 0 660

semana pré–parto e 0 - 4 semanas pós-parto). 661

662

663

664

665

666

667

668

669

51

Literatura Citada 670

671

Ayres, H.: Ferreira R.M.; Júnior, J.R.S.T.; Demetrio, C. G. B.; Lima, C. G.; 672 Baruselli, P. S. 2009. Validation of body condition score as a predictor of 673 subcutaneous fat in Nelore (Bos indicus) cows. Livestock Science, v.123, 674 p.175–179. 675

Bell, A. W. 1995 Regulation of organic nutrient metabolism during transition 676 from late pregnancy to early lactation. Journal of Dairy Science, v.73, p.2804-677 2819. 678

Chagas, L. M.; Bass, J. J.; Blache, D; Burke C. R.; Kay J. K.; Lindsay D. R.; Lucy 679 M. C.; Martin G. B; Meier S.; Rhodes F. M.; Roche J. R.; Thatcher W. W.; 680 Webb R.2007 Invited review: New perspectives on the roles of nutrition and 681 metabolic priorities in the subfertility of high-producing dairy cows. Journal of 682 Dairy Science, v.90, p.4022–4032. 683

Chillard, Y; Cisse, M.; Lefaivre, R; Rémond, B. 1991.Body composition of dairy 684 cows according to lactation stage, somatotropin treatment, and concentrate 685 supplementation. Journal of Dairy Science, v.74, p.3103– 3116. 686

Climate-data.org. Clima: nova ponte. Disponível em: http://pt.climate-687 data.org/region/213/. Acesso: 09 jun. 2016. 688

Contreras, P. A. Indicadores do metabolismo protéico utilizados nos perfis 689 metabólicos de rebanhos. In: González, F. H. D.; Barcellos, J. Patiño, H. O.; 690 Ribeiro, L. A. Perfil nutricional em ruminantes: seu uso em nutrição e doenças 691 nutricionais. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2000. p.23-30. 692

Domecq, J. J.; Skidmore, A. L.; Lloyd, J. W.; Kaneene J. B. 1995 Validation of 693 body condition scores with ultrasound measurements of subcutaneous fat of 694 dairy cows. Journal of Dairy Science, v.78, p.2308-2313. 695

Dechow, C. D., Rogers, G. W.; Klei, L.; Sander-Nielsen, L.; Lawlor, J. S.; Clay, 696 A. E. 2004. Heritability and correlations for body condition score and dairy 697 form within and across lactation and age. Journal of Dairy Science, v.87, 698 p.717–728. 699

Edmonson, A. J.; Lean, I. J.; Weaver, L. D.; Farver, T.; Webster, G. 1989. A body 700 condition scoring chart for Holstein Dairy cows. Journal of Dairy Science, 701 v.72, p. 68-78, 1989. 702

Equipe Estatcamp (2014). Software Action. Estatcamp- Consultoria em estatística 703 e qualidade, São Carlos - SP, Brasil. Disponível em: 704 http://www.portalaction.combr/. Acesso em: 30 junho 2016. 705

Goff, J. P.; Horst R. L. 1997. Physiological changes at parturition and their 706 relationship to metabolic disorders. Journal of Dairy Science, v. 80, p. 1260–707 1268. 708

González, F. H. D.; Rocha, J. A. R. 1998. Variations in the metabolic profile of 709 Holstein cows of different milk yields in southern Brasil. Arquivo Faculdade 710 de Veterinária da UFRGS, v.26, n.1, p.52-54. 711

Grummer, R.R. 1995. Impact of change in organic nutrient metabolism on feeding 712 the transition cow. Journal of dairy science, v.73, p.2820-2830. 713

Hussein, H. A.; Westphalb, A.; Staufenbielb, R. 2013. Relationship between body 714 condition score and ultrasound measurement of backfat thickness in 715 multiparous Holstein dairy cows at different production phases. Australian 716 Veterinary Journal, v.91, n.5, p. 185-189. 717

52

Huzzey, J. M; Veira, D. M.; Weary, D.M.; von Keyserlingk, M. A. 2007. 718 Prepartum behavior and dry matter intake identify dairy cows at risk for 719 metritis. Journal of Dairy Science, v.90, p.3220-3233. 720

Kaneko, J. J.; Harvey, J. W.; Bruss, M. L. 2008. Clinical biochemistry of 721 domestic animals. 6. ed. San Diego: Elsevier Inc., p.916. 722

MACIEL, A.B.B; ARRIGONI, M.B. ; SA FILHO, O.G. 2006. Nova proposta de 723 avaliação da condição corporal em vacas holandesas e nelores. Arquivo 724 Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia. 725

Macdonald, K.A.; Penno, J.W.; Verkerk, G.A. 1999. Validation of body condition 726 scoring by using ultrasound measurement of subcutaneous fat. New Zealand 727 Society of Animal Production, v.59, p. 177-179. 728

Mulligan, F. J.; O’Grady, L.; Rice, D. A.; Doherty, M. L. 2006. A herd health 729 approach to dairy cow nutrition and production diseases of the transition cow. 730 Animal Reproduction Science, v.96, p.331-353. 731

McCarthy, S.; Berry, D. P.; Dillon, P.; Rath, M.; Horan, B. 2007. Influence of 732 Holstein-Friesian strain and feed system on bodyweight and body condition 733 score lactation profiles. Journal of Animal Science, v. 90, p. 1859 – 1869, 734 2007. 735

National Research Council - NRC. In: Nutrient Requirements of Dairy Cattle. v. 736 7, ed. Natl. Acad. Sci., 2001, Washington, p. 13-27. 737

Oliveira, E. N. A.; Santos, D.C.; Oliveira, A. S.; Sousa, F. C. 2010. Composição 738 físico química de leites em diferentes fases de lactação. Revista Acadêmica: 739 Ciência Animal, v.8, n.4, p. 409-415. 740

Oliveira, R. S. B. R.; Moura, A. R. F.; Pádua, M. F. S.; BarbonI, M.; Silva, M. E. 741 M.; Santos, R. M; Mundim, A. V.; Saut, J. P. E. 2014. Perfil metabólico de 742 vacas mestiças leiteiras com baixo escore de condição corporal no periparto. 743 Pesquisa Veterinária Brasileira, v.3, n.4, p.362-368. 744

Pryce, J. E.; Harris , B. L. 2006. Genetics of body condition score in New 745 Zealand dairy cows. Journal of Animal Science. v.89, p.4424–4432. 746

Roche, J. R.; Berry, D. P.; Lee, J. M.; Macdonald, K. A.; Boston, R. C. 2007. 747 Describing the body condition score change between successive calvings: A 748 novel strategy generalizable to diverse cohorts. Journal of Animal Science, 749 v.90, p.4378–4396. 750

SAS Institute, SAS (Statistical Analysis System). User’s Guide. Cary, NC: SAS 751 Institute Inc. p. 129, 2003. 752

Singh, R.; Randhawa, S. N. S.; Randhawa, C. S. 2015. Body condition score and 753 its correlation with ultrasonographic back fat thickness in transition crossbred 754 cows. Veterinary World, v.8,n.3, p.290-294. 755

Schwager-Suter, R.; Stricker, C.; Erdin, D.; Künzi, N. 200. Relationship between 756 body condition score and ultrasound measurements of subcutaneous fat and m. 757 longissimus dorsi in dairy cows differing in size and type. Animal Science, 758 v.71, p.465-470. 759

Sheldon, I. M.; Lewis, G. S.; Leblanc, S.; Gilbert, R. O. 2006. Defining 760 postpartum uterine disease in cattle. Theriogenology, v. 65, p. 1516-1530. 761

Schröder, U. J.; Staufenbiel, R. 2006. Invited review: Methods to determine body 762 fat reserves in the dairy cow with special regard to ultrasonographic 763 measurement of backfat thickness. Journal of Diary Science, v. 89: p. 1-14. 764

Stouffer, J. R.; Cross, H. R. 1985. Evaluation of beef cattle with real-time linear 765 array ultrasound. Journal of Animal Science, v.61, s.1, p.130 -144. 766

53

Vargas JR., F. M. Efeito do grupo genético da progênie sobre a eficiência 767 produtiva e reprodutiva de matrizes Nelores. 2003. 91 f. Tese (Doutorado em 768 Zootecnia) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Medicina 769 Veterinária e Zootecnia, Botucatu. 770

Walsh, S., F.; Buckley, K.; Pierce, N.; Byrne, N.; Patton, J.; Dillon, P. 2008. 771 Effects of breed and feeding system on milk production, body weight, body 772 condition score, reproductive performance, and postpartum ovarian function. 773 Journal of Animal Science. v.91, p.4401–4413. 774

Weber, C. C.; Hametner, A.; Tuchscherer, B.; Losand, B.; Kanitz, E.; Otten, W.; 775 Singh, S.P.; Bruckmaier, R. M; Becker, F.; Kanitz, W.; Hammon, H. M. 2013. 776 Variation in fat mobilization during early lactation differently affects feed 777 intake, body condition, and lipid and glucose metabolism in high-yielding 778 dairy cows. Journal of Dairy Science, v. 96, n.1, p.165-180. 779

Wildman, E. E.; Jones, G. M.; Wagner, P. E.; Boman, R. L.; Troutt Jr, H. F; 780 Lesch, T. N. 1982. A dairy cow body condition system and its relationship to 781 selected production characteristics. Journal Dairy Science, v.65. 782

783

784

785