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“UM LUGAR AO SOL” -...
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CAPÍTULO 28
“UM LUGAR AO SOL”
DE RICARDO NASCIMENTO
REVISADO EM
25/03/2013
PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO
AFONSO
ALICE
ÁLVARO
ANDRÉA
BRUNO
CLARICE
EDUARDO
ELISA
FÁTIMA
FERNANDA
INGRIND
JOÃO
JURANDIR
LEINHA
LINDALVA
MÁRCIA
MAURO
MAURO
OSVALDO
OTÁVIO
RAFAELA
REGINA
RUTE
SANDRA
SIMONE
VERA
PARTICIPAÇÃO ESPECIAL DESTE CAPÍTULO: Taxista, Garçom, Homem que Briga com Ingrid.
UM LUGAR AO SOL CAPÍTULO 28 PÁG.:
2
CENA 01. AP FERNANDA. SUITE. INTERIOR. NOITE.
Ponto imediato onde paramos no capítulo anterior.
Bruno continua parado, sem dizer nenhuma palavra. Olha
fixamente para Fernanda. Num impulso, ele a agarra e a
beija com desejo. Ela retribui o gesto.
BRUNO: - Eu não consigo viver sem você!
FERNANDA: - Bruno, eu... /
BRUNO: - (interrompe) Não fala nada! Só me
responde uma coisa. Você foi atrás
dele? Você foi falar com o Carlos?
Close em Fernanda.
CORTE CONTINUIDADE.
CENA 02. LINDA’S COIFFEUR. INTERIOR. NOITE.
Continuação Cena 21 - Capítulo 27.
Sandra entra no salão completamente esbaforida. Simone a
acompanha. Todos estranham. Nesse momento não há mais
clientes no salão, talvez ou um dois terminando algum
procedimento estético.
SANDRA: - (brada) Ninguém sai desse salão! Eu
fui roubada!
Linda muito intrigada. Closes alternados de Leinha,
Clarice, Fátima e Jura.
LINDA: - Que paramgolé é esse? O que tu ta
dizendo ai, bichinha?
SANDRA: - To dizendo que eu fui roubada. E foi
aqui dentro do seu salão, Linda.
SIMONE: - Pois é. Tava aqui. Eu vi o anel, e
quando a gente foi procurar ele tinha
sumido.
LEINHA: - Aquele anel “carérrimo” que o coroa
deu “pa” tu?
SANDRA: - Você viu, Leinha. Eu não estou
ficando louca. Estava aqui.
UM LUGAR AO SOL CAPÍTULO 28 PÁG.:
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LINDA: - Pela Virgem Santíssima. Isso nunca
me aconteceu nesses anos todos de
carreira. Um roubo aqui no Linda’s
Coiffeur?
SANDRA: - Pois ta acontecendo hoje, Linda. E
não é qualquer roubo. Me levaram uma
joia, joia caríssima por sinal.
LINDA: - Mas eu não tenho nem câmera aqui
nesse salão porque eu confio
plenamente nos meus clientes e nos
meus funcionários.
SANDRA: - Pois não devia confiar.
LEINHA: - Verdade, Linda. A Sandroca me
mostrou o anel. Pense numa pedra
grande.
FÁTIMA: - Mas pode ter sido qualquer pessoa
que roubou esse tal anel.
JURA: - Mas pior que eu não lembro de ter
entrado ninguém estranho aqui nesse
salão hoje.
CLARICE: - Verdade. Todo mundo “qui” “tarra”
aqui hoje era “criente” antiga. Tudo
conhecida.
LINDA: - Então pode ter sido um mal
entendido, bichinha. Alguém pegou por
engano esse teu anel.
LEINHA: - Duvido muito, viu Linda. Quem ia
pegar um anel por engano? Isso foi
roubo “mermo”!
SANDRA: - Eu só saio daqui sem meu anel. Me
desculpa, Linda. Mas eu fui roubada
aqui dentro do seu estabelecimento e
você vai ter que dar conta.
LINDA: - Oxi. Então vamos procurar. Vai ver
tu deixou cair em algum lugar, Sandra.
SANDRA: - Não deixei não. Eu mostrei pra
Leinha e depois guardei dentro da
bolsa.
LEINHA: - Verdade. Eu vi quando a Sandroca
guardou.
LINDA: - Então “vamu” ver dentro das bolsas.
JURA: - Pode revistar a minha. Eu sou pobre,
mas sou limpinho. Não pego nada de
ninguém.
FÁTIMA: - A minha também. Eu sou honesta.
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LINDA: - Esse anel vai ter que aparecer. Nem
que eu tenha que pagar um novo!
Closes alternados. Todos muito intrigados. Já cortou.
CENA 03. AP. ÁLVARO. INTERIOR. NOITE.
Continuação cena 20 – Capítulo 27.
Estão Afonso, Rafaela, Álvaro, Andréa, Regina, Alice,
Otávio e Mauro. Todos servidos com suas respectivas
taças de champagne. Diálogo já iniciado.
AFONSO: - Como eu disse, vou aproveitar esse
encontro para revelar uma mudança
importante na minha empresa.
Closes alternados de Rafaela e Mauro, os dois estão
muito intrigados.
ANDRÉA: - Eu espero que essa sua revelação não
ofusque a notícia que eu e o Álvaro
temos pra dar. Afinal, o jantar o meu.
AFONSO: - Pode ficar tranquila, minha norinha
predileta. A noite vai continuar sendo
sua.
REGINA: - Eu tenho certeza, minha filha. Nada
que acontecer hoje vai ser mais
importante do que você tem pra dizer.
RAFAELA: - Então, Afonso. Pra que esse suspense
de final de novela? Revele logo qual é
a mudança tão importante que vai
acontecer na Martins Brandão.
AFONSO: - É com grande alegria que venho nesta
noite anunciar que o meu grande sonho
esta sendo realizado. Os meus dois
rebentos no comando da minha empresa.
A CAM vai buscar Rafaela que esta sem entender.
AFONSO: - A partir de hoje, o Eduardo vai
assumir um cargo de suma importância
na Martins Brandão. Eduardo, meu
filho, estou te nomeando diretor de
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operações da construtora Martins
Brandão.
Rafaela não gosta. Trilha sonora tensa.
RAFAELA: - Como é que é?
AFONSO: - Isso mesmo que você ouviu. O Edu vai
trabalhar com a gente na construtora.
ÁLVARO: - Olha que notícia boa. Edu entrando
na linha.
ANDREA: - Melhor do que eu imaginava. Parabéns
Edu.
RAFAELA: - (sarcástica) O que o Edu sabe fazer?
Espero que ele não vá afundar os
nossos negócios. Eu já sei que a
situação não anda nada boa na
construtora.
MAURO: - (malicioso) Diretor de Operações.
Cargo novo.
RAFAELA: - E ainda esta criando um cargo novo
pra empregar o filho?! Que isso? A
empresa virou um cabide de emprego?
Não foi assim que erguemos um império.
AFONSO: - Ei vocês dois, fiquem calmos. Eu sei
exatamente o que eu estou fazendo. Não
sou nenhum amador. E você, Rafaela.
Parece que não gostou da notícia.
Sempre foi a primeira a reclamar que o
Edu não se interessava pelos negócios,
não ajudava... Então. Taí. E a ideia
partiu dele.
RAFAELA: - Partiu dele?
EDU: - Isso mesmo. Eu acho que já estava na
hora de assumir as minhas
responsabilidades. Afinal é o meu
patrimônio.
ANDRÉA: - (irritada) Será que podemos falar de
negócios outra hora?
AFONSO: - Eu vou ter que concordar com a
Andréa.
ALVARO: - Verdade. Nós temos uma ótima notícia
pra vocês.
ANDRÉA: - Mãe, pai... Afonso, Rafaela... Vocês
vão ser avós!
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Todos muitos surpresos e alegres. Menos Rafaela que
continua intrigada, com raiva, não consegue disfarçar.
Closes alternados. Já cortou.
CONTINUAÇÃO CENA 1. AP FERNANDA. SUÍTE.
Ponto imediato onde paramos. Bruno e Fernanda estão
frente a frente.
BRUNO: - Não precisa negar, Fernanda. Eu já
sabia.
FERNANDA: - Eu não ia negar, Bruno. Eu fui sim
conversar com o Carlos. Eu estava
devendo uma satisfação pra ele. Você
querendo ou não, nós temos uma
ligação.
BRUNO: - Já vem você com essa história. A
Luiza é minha filha!
FERNANDA: - ... E nunca vai deixar de ser. Mas
ela precisa saber da verdade.
BRUNO: - A verdade que ela tem um pai que
nunca ligou pra ela.
FERNANDA: - Você sabe que não é simples assim.
Mas não foi só sobre isso que eu fui
conversar com ele. Você sabe muito bem
o que estava acontecendo. Eu pensei
muito. (T) Eu fui dizer pro Carlos que
nós não podíamos mais nos ver, que eu
sou casada, que eu tenho uma vida, que
eu amo meu marido...
BRUNO: - E isso significa?
FERNANDA: - Que eu quero retomar o meu casamento
de onde paramos. Que eu quero você,
Bruno!
Inicia trilha sonora. Os dois se beijam com muito
desejo. Tempo neles. FADE IN.
A cena reinicia com Fernanda e Bruno, agora já nus,
fazendo amor em sua cama. Eles estão completamente
entregues, apaixonados. A CAM em planos médios revela
Fernanda sobre Bruno, seus seios à mostra, eles se
beijam a todo o momento. Tempo neles. Já cortou.
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CONTINUAÇÃO CENA 02. LINDA’S COIFFEUR. INTERIOR. NOITE.
Todos muito tensos, Sandra cada vez mais nervosa. Linda
revista as bolsas dos funcionários.
LINDA: - Eu lhe disse, Sandra. Eu boto a
minha mão no fogo pelos meus.
A CAM vai buscar Clarice noutro canto do salão, ela esta
próxima a Jura.
CLARICE: - (fala baixo) Cuidado pra não se
queimar, Linda.
JURA: - O que tu disse ai, hein amapô?
CLARICE: - Nada não, Jura. Pensei alto.
A CAM volta à cena principal.
SANDRA: - Mas tem que estar aqui. Eu fui
roubada, Linda. E não era uma jóia
qualquer. Era “a jóia”.
LINDA: - Nós “vamu” achar. Se aquiete. Agora
só falta a bolsa de Leinha. Venha cá,
Leinha. Deixe eu ver tua bolsa.
Leinha entrega sua bolsa a Linda. Ela joga todos os
objetos em cima de algum móvel. Frisar. Ela olha atenta.
A CAM vai buscar Clarice que sorri maliciosamente sem
que ninguém veja. Volta para Linda, que vasculha os
objetos da bolsa de Leinha e não acha nada.
LEINHA: - A Sandroca me conhece. Ela sempre
fez unha comigo. Sabe que eu não sou
disso. Eu não pego nada de ninguém.
SANDRA: - Sendo assim eu vou ter que chamar a
polícia. Eu não vou sair no prejuízo.
LINDA: - Polícia?
Closes alternados. Todos muito tensos. Já cortou.
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CONTINUAÇÃO CENA 03. AP ÁLVARO. INTERIOR. NOITE.
Todos já estão acomodados à mesa. O jantar já foi
servido. Diálogo iniciado.
AFONSO: - Um rebento. Era isso o que estava
faltando pra minha felicidade ser
completa.
OTÁVIO: - A nossa felicidade você quis dizer,
Afonso.
REGINA: - Nem acredito que eu vou ser vovó.
ALICE: - Já estou adorando a idéia de ser
titia.
Todos estão muito contentes, menos Rafaela que esta
muito séria.
EDU: - E esse moleque vai ser muito mimado.
AFONSO: - Você tem alguma dúvida? Até a
Rafaela, avó torta, vai mimar demais
essa criança.
RAFAELA: - Eu não tenho perfil nem idade pra
ser avó. Muito menos dessas que mimam
as crianças. Tenho verdadeiro horror à
criança mimada, respondona, cheia de
vontade.
Quando Rafaela disser “nem perfil, nem idade” a CAM vai
buscar Regina que não gosta, mal estar geral.
OTÁVIO: - Isso você fala agora, mas duvido
sustentar essa opinião depois de ver o
netinho.
RAFAELA: - Nunca tive essa vocação pra cuidar
de criança, por isso nunca tive
filhos. Noites de sono perdida, aquele
choro histriônico no ouvido, fralda
suja... Deus me livre!
Todos ficam perplexos com Rafaela, mas tentam disfarçar.
REGINA: - Eu tenho que concordar com você.
Graças a Deus você não teve filhos.
Imagine a criança, ia crescer
traumatizada.
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REFAELA: - (simpática) Faça-me o favor, Regina.
Eu também não sou esse monstro como
você esta pintando. Eu não tive
filhos, mas criei dois de minha prima.
E eles estão ai, homens formados,
lindos. (a Álvaro e Eduardo) Vocês
cresceram traumatizados?
Edu não gosta.
ÁLVARO: - Não, Rafaela. Ela diz isso, mas
tenho certeza que vai se derreter
quando pegar o neto no colo. Isso tudo
é banca, fachada.
RAFAELA: - Claro. Mas filho é bom assim: Dos
outros. Você pega, brinca, faz uma
gracinha e quando enjoa devolve pra
mãe.
ANDRÉA: - Que horror, Rafaela.
RAFAELA: - Você vai me dar razão depois que o
seu nascer, Andréa. Mas que bom que
existem as babás.
Todos riem. Já cortou.
CENA 04.
Long shot da Cidade do Rio Janeiro à noite. Trilha
sonora “Num Corpo Só – Maria Rita”. Takes aéreos da
Avenida Presidente Vargas, Rio Branco, Lapa. A CAM vai
percorrendo até chegar num bar, talvez Lapa, onde esta
acontecendo um show ao vivo. Nada muito grande, talvez
um grupo de pagode tocando num pequeno palco próximo ao
público, tudo muito intimista, o local esta cheio, mas
não lotado. Já cortou para dentro do local.
CENA 05. BAR. INTERIOR. NOITE.
Trata-se do bar que reconhecemos na cena anterior. Vemos
próximas ao balcão, Vera e Rute, já servidas de um copo
de cerveja cada. Vera está empolgada, Rute nem tanto.
RUTE: - Será que vai dar boy magia nesse
bar, Vera?
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VERA: - Ai, Rute. Tu parece que só pensa em
“homi”.
RUTE: - E tem coisa melhor, Verinha?
VERA: - Claro que tem. Eu quero sair, me
divertir, tomar minha cervejinha, vê
gente bonita. E se pintar um boy magia
é conseqüência.
RUTE: - Isso é papo de encalhada.
VERA: - Se não ser encalhada é ficar
pensando em “homi” vinte e quatro
horas por dia feito tu, eu to
encalhada sim, meu bem. E com muito
orgulho.
RUTE: - Pára, nem. Conta pra mim. Quanto
tempo tu não vê a coisa?
VERA: - Já perdi a conta. Claro que eu não
to encalhada como tu ta dizendo. Dou
os meus beijos na boca, mas só. Esse
negócio de ficar levando “homi” pra
casa não é comigo.
RUTE: - E porque não? Tu mora sozinha. Ah,
se eu pudesse ia ser um diferente por
noite.
VERA: - Deus me livre. Os “homi” de hoje em
dia quer tudo “mole“. Eu levo pra casa
por uma noite, daqui a pouco vai duas.
Quando vou ver ta levando escova de
dente, uma muda de roupa... Eu pisco e
ele já quer tomar conta do meu
controle remoto. E tu sabe, minha
novela é de lei.
As duas riem. Já cortou.
CENA 06. AP. FERNANDA. QUARTO INGRID. INTERIOR. NOITE.
Ingrid esta deitada, pensativa.
FLASH BACK. CENA 9. CAPÍTULO 27.
BRUNO: - Qual o problema? Você é louca? Que
tipo de amizade você tem com a
Fernanda? Você costuma trair as suas
amigas desse jeito? Ou só faz isso com
as melhores amigas?
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A CAM continua em Ingrid, ouvimos em off, as falas de
Bruno. Ela fica perturbada.
INGRID: - Eu não posso trair a minha amiga. Eu
tenho que contar a verdade pra
Fernanda. E vai ser agora!
Ingrid levanta-se decidida. Já cortou.
CENA 7. AP. FERNANDA. SUITE. INTERIOR. NOITE.
Fernanda e Bruno estão deitados, cobertos por um lençol,
mas já estão vestidos, vamos frisar isso mais a frente.
FERNANDA: - Eu senti muito a sua falta.
BRUNO: - Eu sei. Mas do jeito que você é
orgulhosa, não deu o braço a torcer.
Não deixou transparecer. Eu tive que
vim atrás de você... Como sempre.
FERNANDA: - Não é bem assim.
BRUNO: - Mas eu não estou reclamando. Eu até
gosto. Dá uma sensação de vitória. De
dever cumprido. Nunca gostei de nada
fácil.
FERNANDA: - Aquela velha história do proibido
ser mais gostoso.
BRUNO: - Não é proibido. É só mais difícil.
FERNANDA: - (lembra-se, empolga-se) Sabe o que
eu achei esses dias arrumando o meu
armário? Um álbum de fotos antigos.
Deixa eu te mostrar. Aposto que você
nem lembrava que tinha tirado essas
fotos.
Fernanda levanta-se e vai até o seu closet. Nesse
momento a porta do quarto se abre. É Ingrid. Fernanda
não vai escutar nada. Bruno fica surpresa.
BRUNO: - (agressivo) O que você esta fazendo
aqui? Perdeu a educação? Não bate mais
na porta?
INGRID: - Eu preciso falar com a Fernanda.
BRUNO: - O que você tem pra falar com a minha
mulher?
INGRID: - Não é da sua conta.
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FERNANDA: - (off) Eu tinha certeza que tinha
guardado aqui, mas a Vera com essa
mania de arrumação muda tudo de lugar.
Bruno já se levantou e agressivamente conduziu Ingrid
pra fora do quarto e fechou a porta. Ela faz intenção em
gritar. Ele cobre sua boca com as mãos. Já cortou.
CENA 08. AP. FERNANDA. CORREDOR INTIMO. INTERIOR. NOITE.
Bruno ainda segura Ingrid em frente a porta do quarto de
Fernanda.
INGRID: - Me solta seu brutamontes.
BRUNO: - (agressivo) Eu já deixei gente
demais se intrometer no meu casamento,
mas agora chega. Chega! Ouviu bem?
Você não vai contar nada pra Fernanda
sobre o que aconteceu na noite
passada. Até porque não teve nenhuma
importância.
INGRID: - Não teve importância?
BRUNO: - Foi com você, mas poderia ter sido
com qualquer outra. Até com uma dessas
garotas que a gente pega no calçadão e
paga por sexo.
INGRID: - Você é um cretino.
INGRID: - Chega, Ingrid. Eu acabei de fazer as
pazes com a minha mulher. As coisas
começaram a se encaixar e eu não vou
deixar que ninguém estrague isso.
Agora dá o fora. Volta pra tua Paris,
de onde você nunca deveria ter saído.
Ingrid ouve a tudo com os olhos marejados. Bruno entra
no quarto e a deixa ali, arrasada. Ela chora em
silencio. Tempo nela. Já cortou.
CONTINUAÇÃO CENA 07. SUITE FERNANDA.
Bruno tenta disfarçar seu nervosismo. Fernanda não
percebe.
FERNANDA: - Onde você foi, meu amor? Me deixou
aqui falando sozinha.
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BRUNO: - Eu fui à cozinha pegar uma água.
FERNANDA: - (meiga) E cadê a água? Errou o
caminho ou esqueceu onde fica?
Já cortou.
CONTINUAÇÃO CENA 02. LINDA’S COIFFEUR. INTERIOR. NOITE.
Ponto exato onde paramos. Linda fica perplexa.
LINDA: - Polícia, bichinha? Não precisa
disso. Eu pago outro anel pra tu.
Corta para um canto afastado, onde está Clarice e Jura.
CLARICE: - Tu ouviu, Jura? Ela vai chamar a
polícia.
JURA: - Ouvi, amapô. Ela vai chamar os
“talibã”. A coisa ficou feia.
CLARICE: - Eu preciso da tua ajuda.
JURA: - Minha ajuda? (constata) Não vai me
dizer que foi você quem pegou esse
bendito anel/
CLARICE: - Claro que não. Tu me conhece, pô.
Sabe que eu não sou disso.
JURA: - Então fala logo, desembucha.
CLARICE: - Eu sei quem pegou o anel.
JURA: - Tu sabe? E quem foi?
CLARICE: - Foi a Leinha.
JURA: - A Leinha? Mas a Linda revistou a
bolsa dela e não achou nada.
CLARICE: - Tu acha que ela ia ser otária e
esconder o “bagulho” dentro da bolsa?
Eu vi quando ela pegou.
Já cortou rapidíssimo.
CENA 09. FLASH BACK. LINDA’S COIFFEUR. INTERIOR. NOITE.
Esta sequencia é a continuação da cena 13 – Capítulo 27.
As próximas falas de Clarice serão em off, enquanto
vemos o desenrolar da cena.
CLARICE: - (off) Eu “tarra” perto e acabei
“ouvinu” o papo das duas.
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Sandra já pegou dentro da sua bolsa o porta anel. Ela
abre e mostra para Leinha. Close. Nesse momento, vamos
frisar Clarice em segundo plano ouvindo a tudo.
SANDRA: - Ta vendo esse anel? Caríssimo. Coisa
rara.
LEINHA: - É de verdade, “nem”?
SANDRA: - Minha filha, eu sou mulher de usar
“biju”? Diamante. Tô até levando pro
banco pra colocar no cofre. Nem posso
usar uma joia dessas, do jeito que o
Rio de Janeiro esta perigoso é capaz
do ladrão levar meu dedo junto pra
roubar o anel.
LEINHA: - Ai, nem fala isso, Sandroca.
(suspira) Quando é que eu vou ter um
bofe pra me dar uma joia dessas de
presente?
As duas riem. Já cortou imediatamente para Clarice.
Close em seu olhar enigmático. Já cortou para Sandra e
Leinha.
SANDRA: - Eu preciso ir no toalete, Leinha.
LEINHA: - É logo ali, “nem”. Segunda porta a
direita. Enquanto isso eu vou beber um
copo de água. To seca. Aproveitar pra
esticar as canelas.
Sandra levanta-se e vai até o banheiro e Leinha caminha
em direção a copa. Vemos Clarice se aproximando, muito
desconfiada.
CLARICE: - (off) Eu vi quando a Leinha
aproveitou que a “criente” foi no
banheiro e mexeu na bolsa dela.
Nesse momento, vemos Clarice abrindo a bolsa de Sandra e
pegando o porta-anel que vimos no inicio desta cena.
Rapidamente ela guarda o objeto dentro do bolso. Já
cortou. FIM FLASH BACK.
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CONTINUAÇÃO CENA O2. LINDA’S COIFFEUR. INTERIOR. NOITE.
Jura esta boquiaberto com a revelação de Clarice.
JURA: - Tu ta dizendo que foi a Leinha que
deu a “Elza” no anel da outra?
CLARICE: - Foi, Jura. Eu vi.
JURA: - E porque tu “num” já abriu essa boca
e “explanou” pra geral que foi ela?
CLARICE: - Por que todo mundo sabe que eu não
vou com os “córneos” da Leinha. Se eu
disser que vi, o pessoal vai achar que
eu to “inventanu”.
JURA: - (incrédulo) Ah, Clarice, Clarice...
CLARICE: - Eu vi onde ela guardou o anel. Se tu
disser, ninguém vai achar que é
mentira porque tu não tem nada contra
ela. Ta me entendendo? Ou tu prefere
deixar que a tua patroinha vá parar na
polícia por causa das enroladas dessa
periguete?
Jura esta tenso. Close nele. CORTE CONTINUIDADE.
CENA 10. PRÉDIO FERNANDA. PORTATIA. INTERIOR. NOITE.
O elevador chega na portaria. A porta se abre. Revela
Ingrid, rosto de quem já chorou muito. Maquiagem
borrada. A CAM vai buscar João, o porteiro, que estranha
a cena e logo, muito solícito, tenta ajudar.
JOÃO: - Dona Ingrid? A senhora esta bem?
Ingrid caminha até o portão e sequer olha para João, mas
ele insiste..
JOÃO: - Dona Ingrid?
INGRID: - (com raiva) Abre a porcaria desse
portão e depois vai pro inferno, seu
porteiro de merda.
João fica muito surpreso, abre o portão. Ingrid já saiu
e acenou para um táxi que para. Ela entra no carro. Já
cortou imediatamente.
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CENA 11. IPANEMA. TÁXI. INTERIOR. NOITE.
Ingrid acabou de entrar dento do veículo. O motorista a
vê pelo retrovisor.
TAXISTA: - Pra onde vai ser, madame?
INGRID: - (olhar vidrado) Toca essa merda e só
para quando eu mandar. Eu quero ir pra
bem longe daqui.
Close no olhar de Ingrid. Já cortou.
CENA 12. AP. ÁLVARO. SALA DE ESTAR. INTERIOR. NOITE.
O jantar já terminou. Estão Álvaro, Andréa, Regina,
Otávio, Alice, Afonso, Rafaela e Mauro sentados tomando
um licor ou uma xícara de café talvez. Clima
descontraído. Conversa de improviso fora de áudio.
Trilha sonora. Rafaela levanta-se e faz algum sinal para
Mauro, ninguém vai perceber. Ela caminha para fora de
quadro, talvez o banheiro. Mauro disfarça e logo em
seguida vai atrás dela. Vamos deixar claro, ninguém vai
perceber a movimentação dos dois. Já cortou.
CENA 13. AP. ÁLVARO. LAVABO. INTERIOR. NOITE.
Rafaela em frente ao espelho, retoca a maquiagem. A CAM
vai buscar Mauro que entra no mesmo local e logo fecha a
porta.
MAURO: - (malicia) Adorei a ideia de fugir
dessa chatice de jantar em família pra
curtir só nós dois.
RAFAELA: - (sem paciência) Não seja idiota,
Mauro. Eu estou aqui em cólicas. Qual
foi a parte que você não entendeu que
o Eduardo esta armando alguma coisa
pra cima de nós dois?
MAURO: - Fala sério, meu amor. Você esta
assim por causa do banana do Edu?
(irônico) Você esta com medo dele?
RAFAELA: - Não é medo, é receio. Nós não
podemos subestimar o nosso inimigo. Eu
não posso ficar esperando até ele dar
UM LUGAR AO SOL CAPÍTULO 28 PÁG.:
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o bote. Eu tenho que estar preparada.
Mas eu preciso saber exatamente o que
ele esta tramando.
MAURO: - Eu não faço a mínima ideia. Vai ver
ele desencanou de você.
RAFAELA: - É óbvio que não! Desde pequeno o
Eduardo era assim teimoso,
insistente.... Ele não sossegava até
conseguir o que queria. Ele sabe de
coisa demais.
MAURO: - Sabe, mas não tem provas. Ele não
pode te jogar na fogueira.
RAFAELA: - Eu sei, mas com ele trabalhando na
empresa vai muito mais fácil descobrir
alguma coisa, principalmente um
deslize seu.
MAURO: - Esta me chamando de incompetente?
RAFAELA: - Estou! Se ele descobrir que você
desvia dinheiro da empresa, hein? Se
ele descobrir da nossa ligação? Porque
ela já desconfia, ou melhor, ele tem
certeza.
MAURO: - Fica calma. Eu vou ficar de olho
nele. Qualquer coisa eu te aviso.
RAFAELA: - É o mínimo que você tem a fazer.
Ficar de olho bem aberto. E cuidado
redobrado, ouviu seu Mauro? Agora
deixa eu sair daqui. Era o que me
faltava alguém nos encontrar aqui
dentro do banheiro. Já me arrisquei
demais. Espera um tempo e depois sai
você também.
Já cortou.
CENA 14. RUAS CARIOCAS. NOITE.
Long shot do local. Musica tocando. Vamos reconhecendo o
mesmo bar que vimos na cena 05 deste capítulo. Em
segundo plano, vemos um táxi se aproximando. Já cortou
rapidíssimo para o interior do veículo.
UM LUGAR AO SOL CAPÍTULO 28 PÁG.:
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CENA 15. TÁXI. INTERIOR. NOITE.
Ingrid esta inquieta.
INGRID: - Pára aqui!
TAXISTA: - (estranhamento) A senhora tem
certeza?
INGRID: - (arrogante) Qual foi a parte de
“para aqui” que você não entendeu?
TAXISTA: - Desculpa ae, madame. É que a senhora
entrou sem rumo no táxi e imaginei que
uma mulher como a senhora não
freqüentasse esse tipo de ambiente.
INGRID: - Você é pago pra dirigir, não pra
pensar. Se você pensasse,
provavelmente não estaria dirigindo um
táxi.
TAXISTA: - Não precisa de “ingnorância” não,
dona. Eu só falei porque achei o lugar
perigoso...
Ingrid entrega dinheiro ao taxista.
INGRID: - (grossa) Pode ficar com o troco.
Ingrid já desceu do taxi, em frente ao bar.
TAXISTA: - Mulher maluca. Tomara que seja
roubada. Vaca!
O táxi arranca. Ingrid fica ali, olhando com nojo ao
redor.
INGRID: - (pra si) Aonde eu vim parar? O que
eu to fazendo?
Nesse momento se aproxima um garçom.
GARÇOM: - Vai uma mesa, chefia?
INGRID: - Qual a bebida mais forte que você
tem ai?
GARÇOM: - Bebida forte? Nós temos drinks
variados, normalmente as mulheres
tomam/
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INGRID: - (interrompe, forte) Eu não quero
saber o que as mulheres tomam, eu
quero alguma bebida forte o bastante
que me faça esquecer os problemas da
vida.
GARÇOM: - Bom, se é assim, nós temos whisky,
cachaça mesmo, conhaque...
INGRID: - Conhaque!
GARÇOM: - Uma dose?
INGRID: - A garrafa!
O garçom fica surpreso. Já cortou.
CONTINUAÇÃO CENA 02. LINDA’S COIFFEUR. INTERIOR. NOITE.
Ponto onde paramos. Estão Clarice e Jura.
CLARICE: - E então, Jura? Ce vai deixar a Linda
parar na cadeia por causa da Leinha?
Close em Jura, ele esta pensativo, não esboça nenhuma
emoção. Já cortou para Linda e Sandra.
SANDRA: - Eu vou ter que chamar a polícia. Eu
fui roubada aqui dentro e meu anel vai
ter que aparecer!
Sandra já pega o celular e disca.
SIMONE: - Calma Sandra.
JURA: - (forte, off) Não precisa.
Closes alternados. Todos muito surpresos. Só agora a CAM
vai buscar Jura que se aproxima das duas.
JURA: - Eu sei quem deu a “Elza” no anel!
LINDA: - Que paramgolé é esse, seu Jurandir?
JURA: - Eu vi, Linda. Eu vi quem pegou o
anel da Sandra. (aponta) Foi a Leinha!
Num chicote a CAM focaliza Leinha, muito surpresa.
LEINHA: - Eu? Que história é essa, seu viado?
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JURA: - Eu vi quando a Leinha pegou o anel
da bolsa da Sandra. E sei onde ela
escondeu.
SANDRA: - Leinha?
LEINHA: - Tu ta ficando louco, sua bicha. Que
história é essa? Tu não pode sair por
ai acusando os “outro” sem saber.
JURA: - Eu vi.
LINDA: - E onde ta esse bendito anel?
JURA: - Ta ali.
Jura conduz todos até aonde o anel esta escondido,
talvez a estufa para esterilizar os acessórios.
JURA: - Eu vi quando a Leinha escondeu o
anel ai.
Linda abriu o local. Close. O porta-anel esta ali. Já
pegou.
LINDA: - É isso aqui?
SANDRA: - Meu anel.
Leinha esta assustadíssima. Clarice, em segundo plano,
assiste a tudo e esboça um leve sorriso entre os lábios,
ninguém vai perceber.
LINDA: - Foi tu, Leinha? Foi tu que pegou
esse anel?
Closes alternados. Já cortou.
CENA 16. AP FERNANDA. SUITE. INTERIOR. NOITE.
Fernanda e Bruno estão deitados em sua cama, lado a
lado, eles folheiam um álbum de fotografias antigo
(produzir). Trata-se de um álbum de fotos de família. De
acordo com o diálogo, a CAM vai mostrar as fotos.
Diálogo já iniciado.
FERNANDA: - Você lembra desse dia? (ri)
BRUNO: - Como eu poderia esquecer? A festa de
aniversário de 10 anos da Maria Luiza.
Ela estava linda.
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FERNANDA: - E já geniosa, né? (ri) Eu lembro
como hoje. Tudo deu errado. O buffet
atrasou, o animador da festa não veio.
(ri) Lembra que você teve que se
fantasiar pra animar a festa?
BRUNO: - Essas vergonhas a gente nunca
esquece. A Luiza queria por que queria
um palhaço e não consegui uma fantasia
em cima da hora...
FERNANDA: - ... E acabou que você usou uma
fantasia antiga de papai noel. (ri).
BRUNO: - Foi original.
FERNANDA: - Nossa! Bons tempos, né? Tempos que
não voltam.
BRUNO: - Não precisa ser eterno pra ter
valido a pena. (T) Eu sempre fiz tudo
por vocês. Eu te amo, eu sempre vou te
amar.
Os dois se beijam. Reinicia a transa. Muito
envolvimento. Clima. Tempo neles. Já cortou.
CENA 17. BAR. INTERIOR. NOITE.
Ingrid esta sentada sozinha, melancólica, alheia ao
movimento ao seu redor. Vemos uma garrafa de conhaque
sobre a mesa, sua taça esta cheia. Ela bebe. Um homem
vai se aproximar de sua mesa.
HOMEM: - Será que eu posso fazer companhia?
INGRID: - (grossa) Não!
HOMEM: - Desculpa, mas eu fiquei te
observando desde que você chegou e
posso jurar que não esta esperando
ninguém, apesar dessa garrafa na mesa.
INGRID: - Eu vou ser curta e grossa. Se você
tem alguma esperança que eu vá pra
cama com você, pode desistir. Agora se
você quiser se sentar e ouvir as
lamúrias de uma mulher deprimida,
fique à vontade.
O homem sorri para Ingrid. Já cortou para outro canto do
bar onde estão Vera e Rute. Vamos deixar claro que Vera,
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nem Ingrid perceberam a presença de Ingrid no mesmo
local.
RUTE: - Agora sim ta ficando bom.
VERA: - To sabendo, dona Rute. A senhora já
se atracou com um na fila do banheiro.
RUTE: - Era gatinho, Vera. “Num” resisti.
VERA: - Só você mesmo. (ao garçom) Outra
cerveja aqui!
Já cortou.
CENA 18. RUAS CARIOCAS. CARRO RAFAELA. NOITE.
O carro esta em movimento, Rafaela e Afonso no banco
traseiro, Osvaldo dirige o carro. Clima tenso. Rafaela
esta calada, séria, olhando fixamente para a janela,
Afonso se incomoda.
AFONSO: - O que aconteceu, Rafaela? Ce ficou
estranha desde o jantar. Ou melhor,
desde que eu falei sobre o Edu.
RAFAELA: - (agressiva) Francamente, Afonso.
Você queria o que? Queria que eu desse
pulinhos de alegria ou então cantasse
uma música? Você tomou uma decisão que
envolve o meu patrimônio sem me
consultar.
AFONSO: - (não gosta) É o meu filho.
RAFAELA: - (forte) Mas não é meu! (humaniza-se)
O Eduardo é um inconsequente. Não me
admira que logo/logo esse fogo de
palha acabe, e daí, eu só espero que
não seja tarde demais, espero que ele
não nos tenha levado a falência.
AFONSO: - Rafaela, o Eduardo mudou, esta
crescendo, eu sinto isso. Essa ideia
partiu dele, ele quer participar, quer
se inteirar nos negócios. Não esqueça
que o patrimônio é dele também.
RAFAELA: - Vamos ver então. Eu não dou dois
meses pra ele desistir dessa ideia e
voltar pra vidinha de filhinho de
papai que ele sempre levou.
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Closes alternados. Já cortou.
CENA 19. AP REGINA. SALA DE ESTAR. INTERIOR. NOITE.
Ouvimos som de chaves. A porta se abre, logo revela
Regina, Otávio e Alice chegando ao apartamento. Regina e
Otávio se sentam no sofá. Alice sai de cena, vai à
cozinha talvez. Otávio tira os sapatos, enquanto Regina
massageia seus pés.
REGINA: - (empolgada) Que noite
agradabilíssima. Há tanto tempo que eu
não me divertia assim, apesar da
presença insuportável da (faz careta)
Rafaela. Você viu a cara dela quando o
Afonso falou do Edu? Parece que ela
não gostou.
OTÁVIO: - A Rafaela não faz muita questão de
esconder que o Álvaro é seu favorito.
REGINA: - Coitadinho do Edu. Eu o acho tão
gente boa. Quem não presta é essa
Rafaela. Aliás, acho que os únicos que
se salvam daquela família é o Edu e o
Álvaro, mas com algumas ressalvas.
OTÁVIO: - Ressalvas? Ele é nosso genro.
REGINA: - Mas foi um mulherengo. Fez a nossa
filha sofrer. Agora que esta entrando
nos eixos.
OTÁVIO: - (reprovando) Você hein, Regina.
REGINA: - Verdade. Sabe de uma coisa, hoje em
dia eu vejo como a nossa família é
feliz. Nós não somos ricos como os
Martins Brandão, mas temos o
suficiente pra viver, viver em paz,
viver feliz.
Otávio observa Regina com certa apatia, não concorda com
o que ela diz, mas não se manifesta.
REGINA: - É só observar. Aquela família parece
que vive em função daquela empresa, do
dinheiro, em ganhar mais. Uma ambição
desmedida. Um engolindo o outro.
OTÁVIO: - É. Tem gente que elege prioridades.
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REGINA: - Prioridade pra mim é família e
sempre foi. A Andréa, você... (desdém)
A Alice. E daqui a pouco o nosso neto.
(T) Eu mal posso esperar pra pegar o
nosso netinho no colo. Acho que eu to
mais ansiosa que a própria Andréa.
OTÁVIO: - Eu imagino.
Nesse momento, vemos em segundo plano, Alice chegando na
sala, segurando um copo de água. Não vamos dar ênfase na
sua presença ainda. Regina não viu.
REGINA: - Esperei tanto por esse dia, por essa
notícia... E eu sabia que seria a
Andréa. Eu não posso esperar pela
Alice. Essa daí nem sei se vai casar,
do jeito que é feinha. Nos dar um neto
então... (deboche) Acho que só se for
produção independente. (ri)
A CAM, num chicote, vai buscar Alice que acabou de ouvir
o que a mãe disse. Otávio percebe a presença de Alice.
OTÁVIO: - (repreende) Regina!
Alice, muito triste, já se virou e saiu de cena. Otávio
se levantou e foi atrás da filha.
REGINA: - (cínica) O que foi que eu disse?
Falei alguma mentira?
Já cortou.
CENA 20. AP REGINA. QUARTO ALICE. INTERIOR. NOITE.
Alice esta deitada em sua cama, triste, olhos marejados.
Trilha sonora “De janeiro a janeiro – Roberta Campos.
Ouvimos batidas na porta, Otávio entra.
OTÁVIO: - Posso entrar?
ALICE: - Pode pai.
OTÁVIO: - Esta tudo bem, meu amor?
ALICE: - Porque ela é assim? Porque ela não
gosta de mim?
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OTÁVIO: - Não fala isso. É o jeito da sua mãe.
A Regina sempre foi assim.
ALICE: - Não precisa defender, pai. Eu sei
que a mamãe gosta mais da Andréa,
sempre gostou, desde pequena. Mas não
é por isso que eu vou amar menos a
minha mãe. Só queria que ela gostasse
um pouquinho só de mim.
Otávio emocionado abraça a filha. Já cortou.
CONTINUAÇÃO CENA 17. BAR. INTERIOR. NOITE.
Ingrid esta sentada a mesa fumando um cigarro. O homem
que vimos no inicio desta cena também esta sentado ao
seu lado. Vamos frisar que a garrafa de conhaque já esta
abaixo da metade. Ingrid esta bêbada. Diálogo iniciado.
INGRID: - Eu não presto. Eu não valho um
centavo furado. Sabe por quê? Porque
eu sou uma traidora. Trai a confiança
da minha melhor amiga. Ta vendo essa
mulher bonita, fina, elegante? Tudo
casca. Tudo fachada. Por dentro eu sou
podre. Eu fui pra cama com o marido da
minha melhor amiga. A mulher que me
estendeu a mão quando eu mais
precisava. A mulher que abrigou a
minha filha e cuidou dela como se
fosse sua. E olha o agradecimento que
eu dou. Pego o marido dela. Eu sou uma
vagabunda. Eu não mereço a amizade
dela.
HOMEM: - Você podia esquecer a sua amiga e
prestar mais atenção em mim.
O homem também esta um tanto bêbado. Ele tanta fazer
algum carinho mais intimo em Ingrid, talvez tenta roubar
um beijo. Nesse momento, a CAM vai buscar Vera e Rute
que estão deixando o bar. Volta para Ingrid, que se
irrita com a atitude do homem e levanta-se derrubando a
copos, chamando atenção dos outros clientes.
INGRID: - Você esta pensando que eu sou o que,
hein seu babaca?
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Corta para Rute e Vera.
RUTE: - Ih, “alá”, “tarra” demorando pra
começar o barraco.
VERA: - Esse povo parece que não sabe beber.
Não aguenta, bebe água.
PV VERA: Ingrid de pé, discutindo com o homem,
improviso, fora de áudio.
VERA: - (constata) Perai Rute. Eu conheço
essa “mulé”. Essa daí do barraco é a
tal da loira aguada metida a europeia.
RUTE: - Quem?
VERA: - A tal da Ingrid. A nojenta que
chegou esses dias lá dos
“estrangeiros”.
RUTE: - Verdade, Vera. Eu to reconhecendo.
Eu topei com ela outro dia no
elevador. Mulher nojenta, nariz
empinado. Mas o que ela ta “fazenu”
aqui nesse barzinho?
VERA: - E ainda arrumando confusão. Ah, mas
essa eu não vou perder. Vamos lá.
Vera e Rute se aproximam de Ingrid e o homem. Agora já
vemos um garçom apartando a briga. Vamos deixar claro
que não houve agressão, apenar uma discussão exaltada
pelos níveis de álcool, tanto dele, quanto dela.
INGRID: - Babaca. (ao garçom) Vocês deviam
selecionar melhor o tipo de gente que
frequenta essa espelunca.
VERA: - (debochada) Ora, ora. Mas olha só o
que eu to vendo com esses olhos que a
terra há de comer. Se não é a dona
Ingrid, vinda diretamente lá das
“Europa” pra dar vexame aqui no
Brasil.
Ingrid, envergonhada, tenta cobrir o rosto.
INGRID: - (pra si) Era só o que me faltava.
RUTE: - “Num” adianta se esconder não, dona
Ingrid. A gente ta “venu” tu.
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INGRID: - (a Vera) O que você esta fazendo
aqui?
VERA: - (irônica) Mas eu que pergunto o que
uma senhora tão da fina, tão da
elegante, que toma chá Frances, ta
fazendo numa espelunca como essa?
INGRID: - Vamos fingir que você não me viu
aqui. Eu vim pra cá por engano. Errei
o caminho. Acabei parando pra beber
alguma coisa.
RUTE: - (irônica) Ih Vera, mas ela bebeu
alguma coisa e mais um pouco. Será que
sobrou pros outros “criente”? Essa daí
ta podre de bêbada.
INGRID: - Quem esta bêbada aqui, queridinha?
Eu estou alta.
VERA: - Nem se você colocar um salto quinze,
meu amor. Isso aqui no Brasil se chama
bêbada, cachaceira, pudim de cana...
Alta só se for lá nos “estrangeiros”
de onde tu vem. (T) Agora vamos pra
casa. Apesar de não ir com as tuas
fuças, eu não vou me perdoar se deixar
tu por ai perambulando sozinha nesse
estado. Mas que fique bem claro, que
tu merecia, merecia!
Vera puxa Ingrid pelos braços, que mal consegue se
equilibrar sozinha. Já cortou.
CENA 21. LINDAS COIFFEUR. INTERIOR. NOITE.
O salão já esta vazio. Clima soturno. Estão apenas
Leinha, sentada em uma cadeira, chorando muito, cabeça
baixa. Linda e Sandra estão de pé.
SANDRA: - Você Leinha? Eu esperava isso de
qualquer um, menos de você.
LEINHA: - (brada) Não fui eu!
LINDA: - Cala a sua boca, Mariléia. Tu já deu
sorte de Sandra não chamar a
polícia...
SANDRA: - Eu deveria... Mas eu não vou. Já
achei meu anel, era o que importava.
Agora eu preciso sair daqui.
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Sandra pega a sua bolsa e deixa o local. Leinha, muito
envergonhada, levanta-se e vai até Linda.
LEINHA: - Linda, por tudo que é mais sagrado,
acredita em mim. Não fui eu quem pegou
esse anel. Eu juro!
LINDA: - Não jure! Quem jura mente!
LEINHA: - Foi aquele viado, eu não sei por que
ele quer me ferrar, mas ele inventou
essa história. Eu não peguei esse
anel.
LINDA: - Porque ele ia inventar uma história
dessas? Chega Leinha! Não foi a
primeira vez que tu roubou aqui dentro
desse salão e eu já te dei outras
oportunidades.
LEINHA: - Mas o teu vestido eu não roubei, eu
ia devolver. Tu sabe disso, Linda!
LINDA: - (irrita-se) Chega! Pare de dar
desculpa, de inventar história. Chega!
Tu ta demitida, Leinha. Pegue teus
caraminguás e dê o fora de meu salão!
Close em Leinha. Já cortou.
CENA 22. AP. FERNANDA. SALAR DE ESTAR. INTERIOR. NOITE.
Vera e Rute entram no apartamento segurando Ingrid.
RUTE: - Agora deixa eu ir, Verinha. A dona
Regina já deve ter voltado do jantar
lá da casa da Andréa.
VERA: - Obrigada, Rute. Agora é comigo. Vou
chamar a Elisa e passar um café forte
pra loira aguada.
Já cortou.
CENA 23. AP FERNANDA. QUARTO ELISA. INTERIOR. NOITE.
Ingrid esta de roupão, cabelos molhados, tomando uma
xícara de café. Elisa esta em sua frente. Vera de pé,
próxima a porta.
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ELISA: - Obrigada, Vera. Se não fosse você,
eu nem sei o que teria acontecido com
a minha mãe.
VERA: - Não é pra brigar não, Lisa. Eu fiz
por você. Pelo carinho que eu tenho
por você. Agora deixa eu ir. Vou
dormir que já esta tarde.
Vera já deixou o quarto. Ingrid esta envergonhada.
ELISA: - (humana) O que aconteceu, mãe? O que
foi essa cena que eu acabei de ver?
Você bêbada, chegando carregada. Você
voltou a beber?
INGRID: - Não, eu estava limpa esse tempo
todo.
ELISA: - E porque essa recaída hoje?
INGRID: - (chora) Por causa dele. Ele acabou
comigo.
ELISA: - Ele quem, mãe?
INGRID: - O Bruno!
ELISA: - (estranha) O Bruno? O que o tio
Bruno tem a ver com isso? Você não
esta em condições de conversar, amanhã
nós nos falamos.
INGRID: - Eu sou louca por ele. Eu sou
completamente apaixonada pelo Bruno.
Elisa fica muito surpresa. Closes alternados. Já cortou.
FIM DO CAPÍTULO