Um sorriso que abre portas

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Capital humano 26 Capital humano 27 Pesquisadores garantem que investir no bom humor dos colaboradores favorece o crescimento pessoal deles e contribui para elevar o faturamento da empresa Um estudo publicado pela Escola de Direção Empresa- rial da Universidade Bocconi, de Milão, na Itália, afirma que rir no escritório faz bem, uma vez que levanta o âni- mo dos colegas e potencializa o status do chefe. De acordo com o levantamento, realizado entre 1.860 funcionários de empresas de Itália, França, Alemanha, Reino Unido, Estados Unidos, Rússia e Japão, 98% dos entrevistados reconheceram que lançam mão do humor no ambiente de trabalho e 99% afirmaram que apreciam o bom humor. Números que impressionam diante de um ato tão simples e singelo que, por vezes, faz que seus benefícios passem despercebidos. Do ponto de vista da fisiologia humana, um sorriso é capaz de movimentar 12 músculos do rosto. Se a ale- gria for tamanha a ponto de disparar uma gargalha- da, serão 24 no total. Além disso, o ar é expelido em alta velocidade dos pulmões e todo o corpo fica oxi - genado. Isso tudo ajuda a manter uma boa condição aeróbica e a pensar com mais clareza e criatividade. Levando-se em conta todos esses aspectos, especia- listas são unânimes: sorrir só traz benefícios, nas mais diversas esferas. Basta cultivar o bom humor e saber controlar as emoções nos momentos oportunos. “Para um bom rendimento profissional, não basta ter um alto QI. Atualmente, nós passamos a lidar um pouco mais com aquilo que chamamos de in- teligência emocional. Ou seja, talvez mais impor- tante do que ter um pensamento lógico, racional, é a maneira como praticamos esse pensamen- to”, alerta Armando Ribeiro das Neves Neto, psi- cólogo e professor do curso de aprimoramento em Terapia Cognitivo-Comportamental em Saú- de Mental da Universidade de São Paulo (USP). Inteligência emocional Diante de um cenário em que a modernização está ao alcance de todos, o diferencial não está mais na tecno- logia, mas sim na capacitação técnica e no desenvolvi- mento motivacional e emocional do colaborador. As dinâmicas de integração promovidas pelas empre- sas também ajudam a colher bons frutos nesse senti- do, contribuindo para descontrair o ambiente de ma- neira responsável. “Ao receber um novo funcionário, nossa equipe o abastece de informações que facilitam sua rotina de trabalho. Nessa ocasião, toda a direto- ria lhe é apresentada, independentemente do cargo que irá ocupar. Os conceitos, os valores e a missão da companhia são passados e o recém-admitido é convidado a compartilhá-los conosco”, detalha Paulo Rosa, gerente de Recursos Humanos da Atlas. Outra prática recorrente entre os colaboradores da empresa e que contribui para o bom humor é a gi- nástica laboral, que consiste em exercícios de alonga- mento conduzidos por um profissional de educação física, contemplando todas as partes do corpo. “A aula é bastante aguardada por todos. Muitos se divertem levando objetos e interagindo entre si. Além disso, o momento torna-se oportuno para recarregar as ener- gias e aliviar o nível de estresse”, afirma o gerente. Ao formar sua equipe, o psicólogo Armando Ribeiro das Neves Neto sugere que o gestor o faça de manei- ra estratégica, atentando-se à qualidade emocional de seus funcionários, formando uma equipe de personali- dades heterogêneas e motivada, com alto astral. “No ambiente corporativo, temos de lidar com a pres- são exercida pelos chefes, prazos, entre outras ques- tões que podem interferir no bom andamento da rotina. A raiva também é um sentimento a ser trabalhado. Hoje, da mesma forma que temos programas de redução do estresse, existem os de gerenciamento da raiva, tama- nha a importância do tema”, detalha Armando. Dicas fundamentais A polêmica bolinha de papel que voou na cabeça do candidato José Serra durante a campanha para presi- dente inspirou os sambistas Tantinho da Mangueira e Serginho Procópio. Numa mesa de bar, a canção bro- tou cheia de malícia e graça. O assunto também virou piada de salão, de Twitter e inspirou humoristas. Definitivamente, o brasileiro é reconhecido pelo jeito bem-humorado de encarar o dia a dia. A antropóloga Mirian Goldenberg, por exemplo, acaba de aplicar 200 questionários e realizar 50 entrevistas em profundidade com homens e mulheres moradores do Rio de Janeiro com o objetivo de investigar a cultura da risada. A tabulação dos dados revelou que 84% dos homens riem mais que as mulheres (68%). A maioria masculina acha que ri o suficiente: 60% dos homens dizem que não precisam rir mais. Já entre elas, 60% desejam sorrir mais. Mas cuidado: antes de incorporar a figura do bem-humorado entre os colegas de trabalho, se- guem algumas dicas básicas: 1. Em hipótese alguma, conte piadas de conteúdo preconceituoso ou com humor negro; 2. Atribua apelidos somente se os colegas de tra- balho sentirem-se queridos com a brincadeira. Não faça uso de termos constrangedores; 3. Não queira transparecer intimidade com seu co- lega de trabalho quando esta não existe; 4. Ao chegar à empresa, expressões como “bom- dia”, “boa-tarde”, “como vai você”, entre outras, ajudam a manter o clima cordial; 5. Não interrompa o trabalho alheio para contar piadas. Há momentos oportunos no transcorrer do dia para isso; 6. Evite comentar fatos engraçados que ocorreram com amigos de trabalho fora do ambiente da em- presa. Eles podem não gostar; 7. Evite “piadas internas”, ou seja, aquelas que so- mente são compreendidas por você e alguns pou- cos colegas; 8. Não se esforce para transparecer de bom hu- mor. Ele é algo espontâneo e natural. Um sorriso que abre portas U

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Pesquisadores garantem que investir no bom humor dos colaboradores favorece o crescimento pessoal deles e contribui para elevar o faturamento da empresa. Um estudo publicado pela Escola de Direção Empresarial da Universidade Bocconi, de Milão, na Itália, afirma que rir no escritório faz bem, uma vez que levanta o ânimo dos colegas e potencializa o status do chefe. De acordo com o levantamento, realizado entre 1.860 funcionários de empresas de Itália, França, Alemanha, Reino Unido, Estados Unidos, Rússia e Japão, 98% dos entrevistados reconheceram que lançam mão dohumor no ambiente de trabalho e 99% afirmaram que apreciam o bom humor. Números que impressionam diante de um ato tão simples e singelo que, por vezes, faz que seus benefícios passem despercebidos.

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  • Capital humano

    26

    Capital humano

    27

    Pesquisadores garantem que investir no bom humor dos colaboradores favorece o crescimento pessoal deles e contribui para elevar o faturamento da empresa

    Um estudo publicado pela Escola de Direo Empresa-

    rial da Universidade Bocconi, de Milo, na Itlia, afirma

    que rir no escritrio faz bem, uma vez que levanta o ni-

    mo dos colegas e potencializa o status do chefe.

    De acordo com o levantamento, realizado entre 1.860

    funcionrios de empresas de Itlia, Frana, Alemanha,

    Reino Unido, Estados Unidos, Rssia e Japo, 98%

    dos entrevistados reconheceram que lanam mo do

    humor no ambiente de trabalho e 99% afirmaram que

    apreciam o bom humor. Nmeros que impressionam

    diante de um ato to simples e singelo que, por vezes,

    faz que seus benefcios passem despercebidos.

    Do ponto de vista da fisiologia humana, um sorriso

    capaz de movimentar 12 msculos do rosto. Se a ale-

    gria for tamanha a ponto de disparar uma gargalha-

    da, sero 24 no total. Alm disso, o ar expelido em

    alta velocidade dos pulmes e todo o corpo fica oxi-

    genado. Isso tudo ajuda a manter uma boa condio

    aerbica e a pensar com mais clareza e criatividade.

    Levando-se em conta todos esses aspectos, especia-

    listas so unnimes: sorrir s traz benefcios, nas mais

    diversas esferas. Basta cultivar o bom humor e saber

    controlar as emoes nos momentos oportunos.

    Para um bom rendimento profissional, no basta

    ter um alto QI. Atualmente, ns passamos a lidar

    um pouco mais com aquilo que chamamos de in-

    teligncia emocional. Ou seja, talvez mais impor-

    tante do que ter um pensamento lgico, racional,

    a maneira como praticamos esse pensamen-

    to, alerta Armando Ribeiro das Neves Neto, psi-

    clogo e professor do curso de aprimoramento

    em Terapia Cognitivo-Comportamental em Sa-

    de Mental da Universidade de So Paulo (USP).

    Inteligncia emocionalDiante de um cenrio em que a modernizao est ao

    alcance de todos, o diferencial no est mais na tecno-

    logia, mas sim na capacitao tcnica e no desenvolvi-

    mento motivacional e emocional do colaborador.

    As dinmicas de integrao promovidas pelas empre-

    sas tambm ajudam a colher bons frutos nesse senti-

    do, contribuindo para descontrair o ambiente de ma-

    neira responsvel. Ao receber um novo funcionrio,

    nossa equipe o abastece de informaes que facilitam

    sua rotina de trabalho. Nessa ocasio, toda a direto-

    ria lhe apresentada, independentemente do cargo

    que ir ocupar. Os conceitos, os valores e a misso

    da companhia so passados e o recm-admitido

    convidado a compartilh-los conosco, detalha Paulo

    Rosa, gerente de Recursos Humanos da Atlas.

    Outra prtica recorrente entre os colaboradores da

    empresa e que contribui para o bom humor a gi-

    nstica laboral, que consiste em exerccios de alonga-

    mento conduzidos por um profissional de educao

    fsica, contemplando todas as partes do corpo. A aula

    bastante aguardada por todos. Muitos se divertem

    levando objetos e interagindo entre si. Alm disso, o

    momento torna-se oportuno para recarregar as ener-

    gias e aliviar o nvel de estresse, afirma o gerente.

    Ao formar sua equipe, o psiclogo Armando Ribeiro

    das Neves Neto sugere que o gestor o faa de manei-

    ra estratgica, atentando-se qualidade emocional de

    seus funcionrios, formando uma equipe de personali-

    dades heterogneas e motivada, com alto astral.

    No ambiente corporativo, temos de lidar com a pres-

    so exercida pelos chefes, prazos, entre outras ques-

    tes que podem interferir no bom andamento da rotina.

    A raiva tambm um sentimento a ser trabalhado. Hoje,

    da mesma forma que temos programas de reduo do

    estresse, existem os de gerenciamento da raiva, tama-

    nha a importncia do tema, detalha Armando.

    Dicas fundamentaisA polmica bolinha de papel que voou na cabea do

    candidato Jos Serra durante a campanha para presi-

    dente inspirou os sambistas Tantinho da Mangueira e

    Serginho Procpio. Numa mesa de bar, a cano bro-

    tou cheia de malcia e graa. O assunto tambm virou

    piada de salo, de Twitter e inspirou humoristas.

    Definitivamente, o brasileiro reconhecido pelo jeito

    bem-humorado de encarar o dia a dia. A antroploga

    Mirian Goldenberg, por exemplo, acaba de aplicar 200

    questionrios e realizar 50 entrevistas em profundidade

    com homens e mulheres moradores do Rio de Janeiro

    com o objetivo de investigar a cultura da risada.

    A tabulao dos dados revelou que 84% dos homens

    riem mais que as mulheres (68%). A maioria masculina

    acha que ri o suficiente: 60% dos homens dizem que

    no precisam rir mais. J entre elas, 60% desejam

    sorrir mais. Mas cuidado: antes de incorporar a figura

    do bem-humorado entre os colegas de trabalho, se-

    guem algumas dicas bsicas:

    1. Em hiptese alguma, conte piadas de contedo

    preconceituoso ou com humor negro;

    2. Atribua apelidos somente se os colegas de tra-

    balho sentirem-se queridos com a brincadeira. No

    faa uso de termos constrangedores;

    3. No queira transparecer intimidade com seu co-

    lega de trabalho quando esta no existe;

    4. Ao chegar empresa, expresses como bom-

    dia, boa-tarde, como vai voc, entre outras,

    ajudam a manter o clima cordial;

    5. No interrompa o trabalho alheio para contar

    piadas. H momentos oportunos no transcorrer

    do dia para isso;

    6. Evite comentar fatos engraados que ocorreram

    com amigos de trabalho fora do ambiente da em-

    presa. Eles podem no gostar;

    7. Evite piadas internas, ou seja, aquelas que so-

    mente so compreendidas por voc e alguns pou-

    cos colegas;

    8. No se esforce para transparecer de bom hu-

    mor. Ele algo espontneo e natural.

    Um sorriso que abre portas

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