UMA PROPOSTA DE CONSÓRCIO PARA GERENCIAMENTO … · A empresa SANEPAR reconhece a importância das...
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Universidade Federal de Santa Catarina Programa de Ps-Graduao em
Engenharia de Produo
Odacir Fiorentin
UMA PROPOSTA DE CONSRCIO PARA GERENCIAMENTO DE RESDUOS SLIDOS URBANOS NA UNIDADE DE RECEITA DA COSTA OESTE PELA COMPANHIA DE
SANEAMENTO DO PARAN
Dissertao de Mestrado
Florianpolis 2002
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Odacir Fiorentin
UMA PROPOSTA DE CONSRCIO PARA GERENCIAMENTO DE RESDUOS SLIDOS URBANOS NA UNIDADE DE RECEITA DA COSTA OESTE PELA COMPANHIA DE
SANEAMENTO DO PARAN
Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em
Engenharia de Produo da Universidade Federal de Santa Catarina
como requisito parcial para obteno do grau de Mestre em
Engenharia de Produo
Orientador: Prof. Willy Arno Sommer, Dr.
Florianpolis 2002
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Odacir Fiorentin
UMA PROPOSTA DE CONSRCIO PARA GERENCIAMENTO
DE RESDUOS SLIDOS URBANOS NA UNIDADE DE RECEITA DA COSTA OESTE PELA COMPANHIA DE
SANEAMENTO DO PARAN
Esta dissertao foi julgada e aprovada para a obteno do grau de Mestre em Engenharia de Produo no Programa de Ps-Graduao em
Engenharia de Produo da Universidade Federal de Santa Catarina
Florianpolis, 29 de novembro de 2002.
Prof. Edson Pacheco Paladini, Dr.
Coordenador do Programa
BANCA EXAMINADORA
___________________________
Prof. Willy Arno Sommer, Dr. Universidade Federal de Santa Catarina
Orientador
_________________________________ _____________________________ Prof. Pedro Schenini, Dr. Prof. Alexandre de vila Lerpio, Dr.
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queles que so a razo maior de tudo o que somos e fazemos e,
aceitaram compreensivamente as horas e os dias gastos na busca pelo melhor resultado: saibam que nunca
estiveram to presentes ...
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Agradecimentos
A concluso deste trabalho s foi possvel graas ao apoio e colaborao de pessoas
que me doaram seu tempo, oferecendo sua contribuio fundamental.
Agradeo a todos que de alguma forma contriburam:
Ao meu orientador Willy Arno Sommer pela compreenso, estmulo, persistncia e
empenho para a qualidade deste trabalho; SANEPAR pelo subsdio, suporte tcnico-
operacional, disponibilizao dos dados e credibilidade;
Aos professores do Curso pelo conhecimento e competncia compartilhados e, aos colegas
pelo companheirismo; minha famlia, esposa e filhos pelo amor,
carinho e confiana.
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Resumo
FIORENTIN, Odacir. Uma proposta de consrcio para gerenciamento de resduos slidos urbanos na unidade de receita da costa oeste pela companhia de saneamento do Paran. 2002. 93 f. Dissertao (Mestrado em Engenharia de Produo) Programa de Ps-Graduao em Engenharia de Produo. UFSC, Florianpolis.
Ao interagir com o meio ambiente o ser humano objetiva garantir sua sobrevivncia e inovar. Desta relao, as inovaes tecnolgicas tm deixado conseqncias no ecossistema. A planetarizao traz a emergncia do paradigma ambiental, com os discursos de sustentabilidade do Planeta, qualidade de vida e viso sistmica. Esses indicadores alteram a maneira de administrar as organizaes, representam desafios e inserem padres de tica, responsabilidade social e cidadania. Gerenciar adequadamente os resduos slidos urbanos torna-se uma interessante possibilidade para as empresas desempenharem papis que a modernidade impem. As leis estaduais e municipais, ainda tmidas, buscam amparo nas leis federais. O planejamento ambiental nas cidades, depende de uma gesto efetiva que engloba parcerias e consrcios integrados entre empresas pblicas ou privadas. Requer a definio clara de objetivos, arranjos institucionais, recursos materiais, vontade poltico-ambiental, articulaes legais, planejamento integrado e uma gesto de processos: coleta, transporte, tratamento, destinao final, reciclagem e reaproveitamento. Essas prticas refletem na equidade social, na preservao da natureza e das geraes futuras. A Companhia de Saneamento do Paran, SANEPAR, constitui-se num interessante objeto de estudo para a situao emprica e remete a proposta de um consrcio integrado para a Unidade de Receita Costa Oeste, URCO. A empresa SANEPAR reconhece a importncia das empresas de saneamento em atuarem nas questes ambientais, mediante modelos de gesto e estratgias que vislumbram o conceito de responsabilidade social e desenvolvimento sustentvel. A SANEPAR, volta-se distribuio de gua tratada, coleta e tratamento de esgoto sanitrio, passando a preocupar-se com seu papel social, disseminando informaes e educando para a preservao ambiental. Prope-se o consrcio integrado regional para resduos slidos urbanos no sentido da viabilizao de um sistema ecologicamente adequado para a regio da URCO. Razes econmicas, jurdicas, sociais e da qualidade ambiental na SANEPAR, fundamentam a proposta. Nota-se a necessidade do envolvimento do Estado, prefeitura, empresas e sociedade no esforo da manuteno do Planeta e da qualidade de vida.
Palavras-chave: ecossistema, gesto ambiental, resduos slidos urbanos, SANEPAR, consrcio integrado, sustentabilidade.
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ABSTRACT
FIORENTIN, Odacir. Uma proposta de consrcio para gerenciamento d e resduos slidos urbanos na unidade de receita da costa oeste pela companhia de saneamento do Paran. 2002. 93 f. Dissertao (Mestrado em Engenharia de Produo) Programa de Ps-Graduao em Engenharia de Produo. UFSC, Florianpolis.
Interacting with the environment the human being guarantees his survival and innovation. From this relations the new technologies have left consequences in the ecosystem. The globalizations brings along the emergency of the environmental paradigm with the sustainability of the planet, life quality and systematic vision. These indicators alter the way of administrating the organizations, represent challenge and insert ethical, responsibility, social and citizenship patterns. Managing properly the solid urban residues becomes an interesting possibility so that the companies can perform the roles that the modernity imposes. The state and municipal laws, still weak, look for support in the federal laws. The environmental planning of the cities depends on an effective management that joins in partnerships and integrated financial agreements among public or private companies. It requires the clear definition of goals, material institutional arrangements, material resources, environmental political will, legal articulations, integrated planning and a management of processes: collection, treatment final destination, recycling and reusing. These practices reflect on social equality, nature and, future generations preservation. The company of Sewerage and water treatment of Paran - Sanepar, is an interesting object of studies for an empirical situation and sends a proposal of an integrated financial agreement to the Unity of Income of the East Coast - URCO. The Sanepar Company recognized the importance of the Sewerage and Water Treatment Companies act in the environmental issues, according models of management and strategies that predicts the concept of social responsibility and sustainable growth. Sanepar turns around to the distribution of treated water collect and treat the sewage, worrying about its social role spreading information and educating for an environmental education. The integrated Regional Financial Agreement is proposed for the urban solid residues; in the sense of a ecologically appropriate system for the URCO region. Economic, juridical, social and environmental quality reasons of SANEPAR are the base of the proposal. The necessity of participation of State, City Hall, companies and Society is noticed in the effort to maintain the Planet and the quality of life.
Key-words: ecosystem, environmental management, urban solid residues, Sanepar, integrated financial agreements, sustainability.
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Sumrio
Lista de Figuras......................................................................................................... 9 Lista de Tabelas .......................................................................................................10 Lista de Quadros ......................................................................................................11 Lista de Siglas ..........................................................................................................12
1 INTRODUO ........................................................................................................13 1.1 Apresentao do problema ..............................................................................13 1.2 Objetivos ............................................................................................................16 1.2.1 Objetivo geral ...................................................................................................16 1.3.2 Objetivos especficos .......................................................................................16 1.3 Justificativa .......................................................................................................17 1.4 Delimitaes do trabalho .................................................................................18 1.5 Estrutura da dissertao ..................................................................................19 2 FUNDAMENTAO TERICA.............................................................................21 2.1 A interao entre os homens e o ambiente ....................................................21 2.2 Qualidade ambiental: consideraes..............................................................23 2.2.1 As empresas e a qualidade ambiental .............................................................24 2.2.2 Plano de ao na rea ambiental ....................................................................27 2.3 Resduo slido ..................................................................................................29 2.3.1 Conceito ...........................................................................................................29 2.3.2 Classificao dos resduos slidos ..................................................................31 2.3.3 Resduos slidos lixo.....................................................................................33 2.3.4 A questo institucional sobre os resduos slidos ...........................................36 2.3.5 Poltica nacional dos resduos .........................................................................38 2.4 Planejamento ambiental urbano ......................................................................39 2.5 O paradigma do desenvolvimento sustentvel..............................................44 2.6 Consrcio ..........................................................................................................46 2.6.1 Conceito ...........................................................................................................46 2.6.2 Caractersticas .................................................................................................46 2.6.3 Alternativa de consrcio ...................................................................................47 2.7 Consideraes finais ........................................................................................48 3 METODOLOGIA ....................................................................................................49 3.1 Procedimentos metodolgicos........................................................................49 3.2 Aspectos fundamentais a serem considerados.............................................51 3.3 Levantamento dos dados dos resduos slidos ............................................52 3.3.1 Da pesquisa .....................................................................................................52 3.3.2 Tratamento dos dados alternativos de atuao ...............................................53 3.4 Check-list: um procedimento de anlise ........................................................54 3.5 O consrcio regional para resduos slidos ..................................................56 3.6 Consideraes finais .........................................................................................58 4 APLICAO DA METODOLOGIA .......................................................................59 4.1 A SANEPAR .......................................................................................................59 4.1.1 Caractersticas da SANEPAR ..........................................................................59 4.1.2 Objetivos e metas da SANEPAR .....................................................................61 4.1.3 URCO Unidade de Receita Costa Oeste ......................................................63
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4.2 O municpio de Assis Chateaubriand/PR e os resduos slidos..................65 4.2.1 Dados demogrficos ........................................................................................65 4.2.2 Dados sobre os resduos slidos do municpio................................................67 4.2.3 Legislao municipal para lixo urbano .............................................................71 4.3 Consrcio integrado regional para resduos slidos urbanos......................73 4.3.1 Razes geogrficas .........................................................................................73 4.3.2 Razes jurdicas...............................................................................................76 4.3.3 Razes econmicas ........................................................................................77 4.3.4 Razes sociais .................................................................................................79 4.3.5 Razo qualidade ambiental na SANEPAR ......................................................80 4.4 Instituio de consrcio integrado regional ..................................................83 4.4.1 Vantagens do consrcio...................................................................................83 4.4.2 Desvantagens do consrcio .............................................................................84 4.5 Anlise dos resultados e sugestes ...............................................................84 4.6 Consideraes finais ........................................................................................86 5 CONCLUSES E SUGESTES ...........................................................................87 5.1 Consideraes preliminares ............................................................................87 5.2 Concluses ........................................................................................................88 5.3 Sugestes ..........................................................................................................89 REFERNCIAS .........................................................................................................91
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Lista de figuras
Figura 1: Classificao dos resduos slidos urbanos ...............................................31
Figura 2: Dimenso estratgica e operacional, SANEPAR (PR), 2002 .....................60
Figura 3: Controle da Gesto Conceito, SANEPAR (PR), 2002 ...............................61
Figura 4: Mapa da UR Costa Oeste, SANEPAR (PR), 2002 .....................................64
Figura 5: Descargas de lixo, Assis Chateaubriand (PR), 2001..................................68
Figura 6: Destinao final do lixo, Assis Chateaubriand (PR), 2001..........................69
Figura 7: Vista do local de depsito de lixo, Assis Chateaubriand (PR), 2001 ..........69
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Lista de tabelas
Tabela 1: Gerao per capita por porte das cidades, Curitiba (PR), 1999 ................42
Tabela 2: Gerao de resduos slidos domiciliares na RMC (PR), 1996.................43
Tabela 3: Disposio final dos resduos slidos no Brasil, 1989 ...............................44
Tabela 4: Como Comear o Consrcio Integrado, uma Proposta para
SANEPAR/PR, 2002 ...................................................................................54
Tabela 5: Meio Ambiente e Empresa Sustentvel .....................................................55
Tabela 6: Resduos Slidos Urbanos e seu Gerenciamento .....................................56
Tabela 7: Caractersticas para a constituio de um consrcio regional integrado...57
Tabela 8: Coleta de Resduos Domiciliares, Resduos de Servio de Sade e
outros Resduos .........................................................................................68
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Lista de quadros
Quadro 1: Representao dos Elementos do Sistema de Gesto Ambiental SGA...27
Quadro 2: Assis Chateaubriand (2000)......................................................................66
Quadro 3: Planilha do IQR, Assis Chateaubriand (PR), 1999 ...................................70
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Lista de siglas
ABNT - Associao Brasileira de Normas Tcnicas
CEMPRE - Compromisso Empresarial para a Reciclagem
EPA - Agncia de Proteo Ambiental Americana
EPIs - Equipamentos de Proteo Individual
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica
ICMS - Imposto sobre Operaes Relativas Circulao de Mercadorias e
Servios
IPTU - Imposto Predial e Territorial Urbano
IQR - ndice de Qualidade de Aterro de Resduos
IRD - ndice de Resduos Domiciliares
ISO - International Organization for Standardization
NBR - Normas Brasileiras
ONGs - Organizaes No Governamentais
RCM - Regio Metropolitana de Curitiba
SANEPAR - Companhia de Saneamento do Paran
SGA - Sistema de Gesto Ambiental
SUREHMA - Superintendncia dos Recursos Hdricos e Meio Ambiente
URCO - Unidade de Receita Costa Oeste
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1 INTRODUO
1.1 Apresentao do problema
Em relao aos desafios a serem enfrentados ao direcionamento de aes para
melhoria das condies de vida das populaes, tm-se a mudana de atitudes na
interao com o elemento primeiro para a vida humana, ou seja, o meio ambiente.
O entendimento das alteraes no meio ambiente provenientes da ao humana
e os mltiplos efeitos desta interao entre homem-ambiente, devem ser
compreendidos dentro de cada contexto histrico, incluindo-se diferentes alternativas
de encaminhamento e superao. Neste sentido, solucionar problemas ambientais
constitui-se num discurso emergencial e cada vez mais amplo para a
sustentabilidade do planeta e da humanidade, tanto na dimenso coletiva quanto na
individual.
O contexto histrico e o prprio processo de desenvolvimento tecnolgico
atestam o aumento da capacidade de interveno na natureza com o objetivo de
satisfao de necessidades e desejos impostos pelo homem no seu
desenvolvimento. Nesse processo de interao surgem tenses e conflitos na
utilizao dos recursos naturais e industriais. A partir da revoluo industrial, do
desenvolvimento de novas tecnologias, associado ao processo de consolidao de
um mercado mundial e de consumo em larga escala, tem-se algumas
conseqncias indesejveis em relao a viabilizao e a renovabilidade destes
recursos, tanto naturais renovveis, no renovveis quanto aos resduos slidos
urbanos e industriais.
Onde moravam alguns grupos consumidores de escassa qualidade de gua e
produzindo poucos detritos, agora vivem milhares, o que exige a manuteno de
imensos mananciais e gera toneladas de lixo por dia. Essas diferenas refletem-se
na degradao do meio ambiente, como por exemplo, a contaminao da gua,
sade fsica, proliferao de doenas, desequilbrio ambiental, a inviabilizao dos
recursos indispensveis a manuteno do planeta e prpria sobrevivncia do
homem.
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A dcada de 60 traz crticas concepo desenvolvimentista da cincia e da
tecnologia confrontando a idia de riqueza em detrimento da explorao indevida e
predatria dos recursos naturais e, em contrapartida estabelece-se uma discusso
sobre como viabilizar o crescimento econmico e explorar os recursos naturais de
forma racional, estabelecer melhorias no meio ambiente e melhorar a qualidade de
vida da sociedade.
O meio ambiente torna-se uma prioridade e um componente a ser considerado
no planejamento dos governos como fator estratgico por meio de relaes sociais
sustentveis e outros modos de vida. Desta forma, nas sociedades modernas
apresentam-se pesquisas e o desenvolvimento de aes no sentido de garantir a
qualidade de vida no planeta, modificar radicalmente os modelos de produo da
subsistncia, do desenvolvimento tecnolgico, da distribuio dos bens, das aes
de reciclar e reaproveitar assegurando assim, a efetiva sustentabilidade. Assim,
sustentabilidade quer dizer do uso dos recursos renovveis de forma
qualitativamente adequada e em quantidades compatveis com a capacidade de
renovao e, em solues polticas e economicamente viveis na satisfao das
necessidades do viver.
Exemplificando, tem-se a II Conferncia das Naes Unidas sobre o Meio
Ambiente e Desenvolvimento / Rio 92, que estabelece vrias diretrizes para um
mundo ambientalmente saudvel, com metas e aes concretas a serem cumpridas
pelas naes e as populaes em geral. Significa a necessidade de validar novas
possibilidades questo ambiental fazendo emergir novos paradigmas, conceitos
filosficos como o holismo, viso sistmica, novas formas de pensar e agir individual
e coletivamente, novas relaes que minimizem as desigualdades, e excluses
sociais e, ao mesmo tempo, que garantam a sustentabilidade ecolgica.
Esse debate internacional no Rio 92, resulta na elaborao do Tratado de
Educao Ambiental para sociedades sustentveis e responsabilidade global. Neste,
delineou-se de forma no oficial, princpios e diretrizes para contemplar tecnologia
com os aspectos subjetivos da vida, da natureza, da relao do ser humano com ela,
da sensibilidade, da emoo, do sentimento em relao a questo ambiental.
Atualmente, grande parte dos ambientalistas concorda com a necessidade de se
construir uma sociedade mais sustentvel, socialmente justa e ecologicamente
equilibrada, viabilizando a vida das geraes futuras. Lembrando um dos tens de
cidadania, registra-se que todo cidado tem o direito a viver num ambiente saudvel
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e agradvel, respirar ar puro, beber gua potvel, passear em lugares com
paisagens notveis e apreciar monumentos naturais. Pensar em meio ambiente
pensar em comportamento tico, em convivncia comum, em sociedade saudvel,
em qualidade de vida e no inter-relacionamento ou equilbrio dinmico entre ecologia
economia sociedade.
A consolidao deste novo paradigma em relao ao meio ambiente influencia,
como elemento externo, a realidade empresarial. A empresa deve ser entendida
dentro do contexto da qual emerge, faz parte e obtm lucratividade. O
comprometimento da empresa com a questo ambiental acompanha o processo de
globalizao das relaes econmicas, impulsionado a partir da dcada de 70. A
onda ambiental passou a ter grande destaque como tema por parte das empresas,
principalmente das inseridas no mercado internacional com padres e normas legais
rigorosas, neste mesmo perodo.
A busca pela certificao ambiental ganha velocidade a partir de 1996, quando
foram concludas as normas ambientais da srie ISO 14.000 relativas ao sistema
de gesto ambiental. A compreenso deste conceito refere-se ao comprometimento
das empresas com a poltica do meio ambiente, expressa em planos, programas e
procedimentos especficos, que visam a melhoria contnua do seu desempenho.
Empresas de todo mundo buscam a implantao do sistema da gesto ambiental,
como caracterstica indispensvel na garantia da comercializao de seus produtos
e da manuteno da credibilidade de sua marca.
Com isso, a responsabilidade empresarial deixa de ter apenas caractersticas
ambientais e somam-se a estas, as caractersticas sociais, ou seja, a
responsabilidade social que supera as prprias expectativas da sociedade.
Estabelecer princpios, e padres ambientalistas um compromisso que as
empresas atuais vem assumindo em consonncia com as leis vigentes e as
prprias expectativas impostas pelo consumidor que cada vez est mais informado
sobre qualquer impacto adverso ao meio ambiente.
Em suas metas formais, muitas empresas tm procurado atender a esse conjunto
de expectativas no que se refere minimizao dos resduos atravs da reutilizao
dos materiais e da reciclagem daqueles que no podem ser mais utilizados. Ser
empresa cidad e ecologicamente correta representa hoje um projeto de construo
mais global no que se refere natureza e mais holstico no que se refere ao homem.
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O impacto ambiental, especialmente no espao urbano, bastante significativo,
principalmente por parte do setor industrial, quanto poluio da gua, demanda
bioqumica do oxignio, ao despejo descontrolado dos lixos no solo e poluio
sonora e do ar. Apesar dos avanos nesta rea, o processo de produo e
transformao nas indstrias, juntamente com a incorporao de novas tecnologias
ainda so muito preocupantes.
Do ponto de vista ambiental, a recuperao e a eliminao de materiais residuais
pressupe a existncia de um sistema de gerenciamento adequado dos detritos.
Apesar da aplicao de diversas tecnologias, a recuperao dessas matrias suscita
muitos problemas, principalmente de natureza econmica. Em funo disso, as
formas tradicionais de eliminao continuam vigentes: simples disposio a cu
aberto ou em guas correntes e, apresentam-se como soluo. A incorporao de
uma nova varivel ambiental, voltada destinao dos resduos apresenta-se como
uma realidade pautvel e decisiva no compartilhamento da responsabilidade social e
ambiental, tarefa de todos os segmentos da sociedade, como administrao pblica,
o setor produtivo, Organizaes No Governamentais ONGs e outros.
1.2 Objetivos
Adotou-se para o desenvolvimento deste trabalho de pesquisa, a formulao de
objetivos. A determinao de objetivos, conforme instrui Gil (1999), uma opo que
facultada entre os passos a serem seguidos nos estudos cientficos.
1.2.1 Objetivo geral
Propor qualidade ambiental pela administrao dos resduos slidos urbanos
atravs de consrcio municipal.
1.2.2 Objetivos especficos
Com objetivos definidos, permite-se apresentar abordagens pertinentes e
alternativas que derivariam da prpria pesquisa.
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- Analisar uma proposta de consrcio para os resduos slidos urbanos na
Unidade de Receita Costa Oeste, SANEPAR/PR.
- Propor a instituio de consrcio integrado regional;
- Enumerar vantagens e desvantagens da proposta de consrcio integrado;
- Promover anlise de resultados e sugestes para consrcio na empresa
SANEPAR.
1.3 Justificativa
A conscincia ambiental j chegou ao mbito empresarial e muitas iniciativas
vm sendo tomadas nesta questo. Por essa razo, nota-se a importncia de incluir
o meio ambiente no plano e programa estratgico das empresas, permeando todas
as suas aes e prticas empresariais. fundamental considerar nesta abordagem,
a interao entre os elementos: natureza e ser humano, por meio de suas relaes
sociais de produo, de cincia e de tecnologia.
reconhecida a existncia de uma crise ambiental que muito se confunde, com a
necessidade de um redimensionamento do prprio modelo civilizatrio atual,
indicando a busca de novos valores e atitudes no relacionamento com o meio em
que se vive. Enfatiza-se assim, a premncia da implantao nas empresas, de uma
gesto ambiental que contemple as questes do cotidiano e discuta algumas vises
polmicas desta temtica, alm da busca de alternativas a fim de minimizar os atuais
indicadores ambientais. Tratar a questo ambiental abrange uma complexidade de
intervenes: empresa, esfera pblica, ambientalistas, educao, saneamento,
agricultura, afetando todos os setores. Concorda-se que cuidar do ambiente diz
muito sobre a construo de uma sociedade mais justa e ecologicamente
equilibrada.
Gesto da Qualidade Ambiental na esfera empresarial requer muito mais do que
mera aprendizagem de conceitos e, centra-se no desenvolvimento de atitudes e
posturas ticas. preciso que a empresa saiba como adequar prtica e valores
considerando no apenas os aspectos naturais mas, tambm os sociais (REIGOTA,
1995). Quando numa situao real ou num problema concreto na empresa,
necessrio perceber o vnculo desta com as questes sociais. Isto possibilita o
desenvolvimento de procedimentos participativos e uma viso integrada do
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gerenciamento de ambientes, principalmente no que diz respeito s sociedades
industriais. Esse o contexto das questes ambientais, cuja compreenso
fundamental para a elaborao de projetos de atuao relacionados natureza,
tendo em vista a superao dos problemas atuais.
Do ponto de vista da qualidade ambiental, importante reconhecer as
caractersticas da organizao do espao urbano ou rural e, as tecnologias
associadas suas conseqncias ambientais e relativas qualidade de vida. Sobre
os espaos da cidade enquanto centro produtor e consumidor, h problemas que
saltam aos olhos pela gravidade e portanto, espera-se uma co-responsabilidade
empresarial no posicionamento crtico, participativo, atuante e responsvel para o
encaminhamento de solues apropriadas. Impem-se muitas vezes, a criao da
infra-estrutura frente ao adensamento populacional que requer, um traado das ruas
para a instalao das redes de gua e de esgoto, do sistema, de drenagem com
interveno fsica em crregos e sistemas de transporte alm, da implantao de
reas para o desenvolvimento da atividade industrial, comercial, de servios e, reas
de preservao de matas, parques e mananciais.
Por outro lado, da cidade tambm emanam produtos que influenciam diretamente
na vida do campo, como: os saberes voltados para produo e as novas
tecnologias. E, dependendo da forma do cultivo no campo, chegam s cidades
alimentos com alta contaminao. A problematizao destas situaes serve para
motivar estudos e pesquisas sobre a destinao final de resduos e a implicao de
suas conseqncias ambientais tanto para as zonas urbanas como s rurais. Para
melhor entender a dinmica na esfera urbana, apresenta-se este estudo que se
refere aos resduos slidos urbanos. Tem-se os objetivos deste estudo terico e
emprico.
1.4 Delimitaes do trabalho
Esta pesquisa que objetiva relacionar o processo de gesto da qualidade
ambiental ao gerenciamento dos resduos slidos urbanos na URCO. Mesmo com
objetivos definidos, pode durante o seu percurso colocar-se diante de alternativas
que derivariam em outras abordagens pertinentes.
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Torna-se extremamente til, por tal razo, estabelecer pontos que no se objetiva
focar:
- O aprofundamento das questes da SANEPAR no que se refere
conservao dos recursos hdricos e s novas tendncias no mercado da
gua.
- A questo da reciclagem agrcola.
- A abordagem conceitual sobre os princpios qumicos dos resduos slidos
urbanos.
- O mrito da avaliao por parte dos clientes internos e externos da empresa
SANEPAR.
importante tambm frisar que este estudo procura analisar os conceitos
aplicveis realidade do municpio de Assis Chateaubriand/PR.
1.5 Estrutura da dissertao
Esta pesquisa objetiva relacionar o processo de gesto da qualidade ambiental
ao gerenciamento dos resduos slidos urbanos.
Nesse sentido e com esse esprito, o primeiro captulo ou introduo, expe o
tema, o problema de pesquisa e seus contornos, a justificativa e os objetivos
propostos.
Estabelecido e delimitado o tema problema do trabalho, o captulo dois a
reviso mais extensa da literatura onde sua apresentao fornece o suporte
conceitual necessrio para as finalidades deste estudo. Avaliar a interao entre os
homens e o ambiente desde os primrdios at os dias atuais, onde surgem as
inovaes tecnolgicas e, os conseqentes impactos ao ecossistema, seqncia
desta pesquisa. A busca da qualidade ambiental supe o entendimento e o manejo
adequado dos resduos slidos urbanos.
Toda pesquisa desenvolvida no contexto acadmico deve fundar-se numa
metodologia lgica. Desta forma, o terceiro captulo aborda as estratgias que
colaboram para a consolidao de uma experincia terico-concreta, orientando
para um estudo de caso.
Percorridas as diretrizes desta pesquisa, o captulo quatro, trata sobre o
gerenciamento dos resduos slidos urbanos como um pressuposto para a
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manuteno da qualidade ambiental. A SANEPAR, a partir dos dados do municpio
de Assis Chateaubriand/PR, possibilita a aproximao da teoria com a prtica e
remete anlise de proposta de consrcio para os resduos slidos urbano na regio
da Unidade de Receita Costa Oeste URCO.
Na concluso apresentam-se as principais argumentaes resultantes do
desenvolvimento desta pesquisa em torno dos objetivos propostos bem como,
possibilidades para aproveitamento em novos estudos e pesquisas.
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2 FUNDAMENTAO TERICA
2.1 A interao entre os homens e o ambiente
Desde o incio da humanidade o homem primitivo comeou a se utilizar dos
recursos da natureza como meio de sobrevivncia. Tm-se como exemplo, os
utenslios de caa, de cozinha e at mesmo dos animais para alimentar-se e vestir-
se. Nesta interao com o mundo ao seu redor e transmisso dos conhecimentos
aos filhos, j se dava a prtica da educao ambiental, passando este conhecimento
e atitude de gerao em gerao.
Com o decorrer dos tempos mudaram as razes, a demanda e o uso da
natureza. Inicialmente, a relao com o meio ambiente estava relacionada a questo
da sobrevivncia, a proteo contra ataques da natureza e ao aproveitamento de
suas riquezas. Porm, nesse processo, a interao entre os homens e o meio
ambiente, ultrapassa a simples questo da mera sobrevivncia, mostrando-se como
fonte de beleza, status pessoal, arte, religio, enfim, outros valores passam a fazer
parte das civilizaes. Com a evoluo da humanidade e a urbanizao, a
percepo do meio ambiente muda drasticamente, a natureza passa a ser
explorada, considerada til e lucrativa satisfao dos desejos e necessidades das
pessoas, prprias a seu tempo e espao (ZAJACZKOWSKI, 2002).
Para que se possa entender essa interao, considerando a importncia do tema
abordado, necessrio se faz partir de alguns conceitos:
Meio ambiente significa o ar, o solo, a gua, as plantas e os animais, inclusive o homem, as condies econmicas e sociais que influenciam a vida do homem e da comunidade: qualquer construo, mquinas, estrutura ou objeto e coisas feitas pelo homem: qualquer slido, lquido, gs, odor, calor, som, vibraes ou radiao resultante direta ou indiretamente das atividades do homem, qualquer parte ou combinao dos tens anteriores e as interpelaes de quaisquer dois ou mais deles (MOREIRA, 1990, p. 28).
Atravs deste conceito esclarece-se a vital necessidade da humanidade com
relao ao meio ambiente. Embora o ser humano dependa dos recursos naturais e a
interligao do ecossistema, meio ambiente e populao resulte da vida cotidiana,
os impactos produzidos nesta interao no recebem a devida importncia. A terra
encarada como uma propriedade particular donde se pode extrair recursos, poluir,
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degradar, apropriar-se de formas nativas e de alto poder de destruio do planeta,
tendo em vista os valores individualizantes assumidos pelas civilizaes ao longo de
seu desenvolvimento que priorizam o lucro a qualquer custo. Muitos desses
problemas transcendem as fronteiras nacionais, sendo resultado da interferncia da
globalizao no meio ambiente, ou seja, do desarranjo dos processos ambientais
regionais ou mesmo globais, que absorvem uma quantidade ilimitada de abusos.
Conforme Sobral (apud DOWBOR, 1998), as empresas multinacionais
normalmente utilizam os recursos de meio ambiente sem preocupar-se em recomp-
los. Advm dessa falta de conscientizao problemas ambientais que no respeitam
fronteiras, como: a poluio dos oceanos, a chuva cida, as alteraes climticas, os
resduos perigosos, a perda da biodiversidade ou, problemas desencadeados por
aes localizadas em pontos do planeta e que se espalham domesticamente e no
ultramar. Ter esta viso ampla sobre meio ambiente pressupe pensar na dinmica
e nas caractersticas que envolvem e ser humano, com sua extraordinria
capacidade para atuar no meio e modific-lo. O aprimoramento tecnolgico muitas
vezes impede a reconstituio das condies naturais, como por exemplo, a
desagregao da camada de oznio.
Apresenta-se assim, os limites da ao humana e da capacidade de voltar-se
contra si mesmo. Hoje, quando se menciona o termo meio ambiente, a tendncia
imaginar a cor verde, pensar nos inmeros problemas do mundo ambiental em
relao a esta questo: lixo, desmatamento, animais em extino, dentre outros
exemplos de situaes lembradas, principalmente pela mdia de forma setorizada e
deixando de enfocar de forma mais globalizada. Na verdade, o ser humano constri
histrica e socialmente sua relao com o meio ambiente, com todos os conflitos e
lutas de interesse diante dos quais a problemtica ambiental passa a ter importncia.
Na opinio de Santos Jnior (2002), a conduta de cada ser humano no meio
social se traduz no campo da moral, refletindo diretamente no campo de cada um.
Em meio desta viso ecocntrica, surge a tica ambiental como uma nova relao
de conscincia entre o homem e a natureza: o ser humano faz parte da natureza e
no o seu dono, no a tem para serv-lo mas, para que ele sobreviva em harmonia
com os demais seres.
Este novo paradigma faz com que muitos homens comecem a se preocupar com
suas atitudes e a praticar aes coerentes com a natureza e seu equilbrio. tica
ambiental seria ento uma conduta do ser humano com a natureza onde a base est
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na conscientizao ambiental, no seu esprito preservacionaista com objetivos na
conservao da vida global. No se trata de uma obrigao apenas legal, mas moral
e tica, que posiciona o homem frente a natureza e traz resultados favorveis
preservao ambiental e a melhoria da qualidade de vida humana.
Os aspectos tico-ambientais criam uma nova ordem mundial que obriga a
adaptao a regras de aceitao internacional ocasionando uma normalizao em
todo o mundo, onde a ISO 9000 foi o incio culminando com a ISO 14000. Em
seqncia a Conferncia Rio-92, torna-se requisito de qualidade ambiental na guerra
pela competitividade e da onda preservacionista, porm, positiva, pois exige o
esforo na implantao de tecnologias limpas (SANTOS JNIOR, 1992). A tica
ambiental cria um marco que alicera valores humanos de relao entre o homem e
a natureza, e desenvolve uma humanidade mais consciente para mudanas
comportamentais e de atitudes em todos os segmentos da sociedade, especialmente
no setor empresarial e industrial.
A viso transformadora e inovadora depende de cada um na tomada de atitudes
e posies competentes que podem transformar a realidade vivenciada nos dias de
hoje. O momento que vivemos um momento pleno de desafios. Mais do que
nunca preciso ter coragem, preciso ter esperanas para enfrentar o presente.
preciso resistir e sonhar. necessrio alimentar os sonhos e concretiz-los dia a dia
no horizonte de novos tempos mais humanos, mais justos, mais solidrios
(IAMAMOTO, 1998, p. 17).
2.2 Qualidade ambiental: consideraes
A preocupao com o meio ambiente altera profundamente o estilo de
administrar. A empresa com as metas voltadas a produo e vendas, incorpora em
seu cotidiano, procedimentos e anlises em relao ao impacto de suas aes e
produtos sobre a natureza atravs de processos rgidos, normas de segurana em
todas as fases de uma operao, tecnologias com o mnimo possvel de resduos,
alm de infinitos investimentos e projetos sociais em educao e preservao
ambiental. Reduz-se os riscos natureza, elimina-se desperdcios e garante-se
ganhos de competitividade e sustentabilidade.
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Conforme a definio da Comisso Mundial de Desenvolvimento Sustentvel,
entende-se por sustentabilidade, como o processo de transformao no qual a
utilizao dos recursos naturais, posicionamento dos investimentos, direcionamento
do desenvolvimento tecnolgico; e, mudanas institucionais se harmonizam e
potencializam o tempo presente e o tempo futuro para atender s necessidades,
desejos e aspiraes humanas (ECO 92, mimeo).
O discurso da qualidade do meio ambiente e sua sustentabilidade denota uma
conscincia ecolgica por parte da populao, grupos ambientais, da empresa e do
Estado. Este novo paradigma incorpora cada vez mais a percepo e sensibilidade
dos consumidores preocupados com a qualidade de vida em detrimento do perigo
dos desastres ambientais da poluio, de vazamentos, agresses ambientais,
reutilizao de resduos industriais, reduo do consumo de energia, controle de
resduos, entre outros aspectos que ainda necessitam de maiores avanos no
campo ambiental. A opinio de que danos ao meio ambiente so o resultado
inevitvel a arcar para que o desenvolvimento tecnolgico se promova, um
discurso que j no encontra mais sustentao em qualquer setor da sociedade.
2.2.1 As empresas e a qualidade ambiental
O indicador de que a gesto ambiental encontra espao na esfera empresarial,
o surgimento do certificado ISO 14001, atravs do reconhecimento de processos de
produo, conforme a legislao e impactos positivos sobre o meio ambiente. Nota-
se que esta certificao por si s, no esgota todos os esforos na questo
ambiental, ao contrrio, cria novos desafios a partir do princpio da qualidade e da
melhoria contnua.
A gesto ambiental alcana uma dimenso estratgica dentro das empresas,
tornando-se um passaporte verde indispensvel para o alcance e a insero no
mercado externo. A excelncia ambiental, torna-se um diferencial extremamente
importante para ampliar o mercado, cativar consumidores, conscientizar a
populao, preservar a natureza e garantir a competitividade. Empresas bem
sucedidas incorporam a varivel ambiental em suas estratgias de longo prazo,
aproveitando as oportunidades que surgem no dia a dia de suas aes e processos.
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Uma viso estratgica, adequada a cada unidade, aos aspectos locais de cada
empresa, colabora na harmonia entre a atividade empresarial, o homem e a
natureza. Estratgias de uma poltica ambientalmente responsvel, tambm tornam-
se uma valiosa ferramenta para construir uma boa imagem de respeito ao meio
ambiente e criam a facilidade de acesso a novos mercados. Gerenciar a questo
ambiental, no supem frmulas prontas e definitivas. Muito alm disso, gerenciar o
meio ambiente fruto da articulao entre aspectos sociais, espaciais, culturais,
econmicos, tcnicos e ecolgicos. Estas dimenses encaminham para um sistema
de gerenciamento ambiental, onde o meio ambiente como um todo, faz parte do
negcio da empresa, atravs de um trabalho integrado, que mobilize a empresa
interna, desde as reas de produo, pesquisa e desenvolvimento, comunicao,
recursos humanos, jurdicos e financeiros, alm de toda a cadeia de fornecedores. O
desafio integrar os cuidados com o meio ambiente, com as metas, com os
resultados que se planeja no dia-a-dia da organizao.
A urgncia da superao das questes ambientais, seus desequilbrios e
desigualdades, conduzem a reflexo do papel que as empresas tm a desempenhar
neste contexto. Questionar o papel da empresa, entre as inmeras instituies que
definem os contornos do que se vive neste sculo, preocupao desta pesquisa.
Ao entender a empresa como construo social, sujeito e objeto da realidade da
qual faz parte, permite a identificao de sua participao no agravamento dos
problemas ambientais que podem tranqilamente serem mencionados, como:
chuvas cidas, aquecimento do planeta, poluio do ar, eroses, entre inmeras
outras situaes facilmente observadas na vasta literatura acerca desta temtica e
seus indicadores alm de, telejornais, situaes do cotidiano e conversas informais.
A perspectiva adotada nesta pesquisa, supe que a empresa seja hoje, uma das
instituies mais adaptveis no enfrentamento e superao dos mltiplos problemas
ambientais, se comparada com os governos, as igrejas e as ONGs, conferindo-lhe
um papel de liderana e de influncia nas transformaes necessrias.
O sculo XX foi cenrio de desafios sucessivos empresa e, a gesto da
qualidade ambiental mais um desafio que se impe diante de consumidores mais
exigentes, competidores mais numerosos e necessidade de diferenciao; alm
dos conceitos de empresa socialmente responsvel e cidad que emergem.
crescente o nmero de representantes do meio empresarial que afirmam: um
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comportamento socialmente responsvel o fundamento de um sucesso econmico
sustentvel a longo prazo (LEAL, apud VERGARA e BRANCO, 2001).
Associando-se estas exigncias tm-se a teoria de Gaia que considera a vida
de maneira sistmica, percebendo as suas inter-relaes. Esta noo, tambm
remete noo entre a interdependncia entre os fenmenos, desenvolvida por
Capra (1997). Nesta, os fenmenos so mais do que realidades isoladas e auto-
referenciadas, revelam os mtuos relacionamentos das partes que os compem e os
relacionamentos com o todo. Ou seja, na nsia pelo crescimento econmico e pelo
atendimento da demanda gerada pelos incessantes estmulos ao consumismo, a
empresa deve considerar que a humanidade vive num ecossistema finito e, que a
inconseqncia no tratamento de sujeitos e de recursos naturais certamente
revertem em condies de vida imprpria no planeta.
Com a consolidao da teoria sistmica e da fsica moderna fica evidente a
limitao do antigo paradigma da lucratividade e tecnologia em detrimento do
desenvolvimento ecologicamente sustentvel. No dizer de Capra (1997), a teia da
vida seria um paradigma emergente e trata: da abordagem histrica ou dos mtuos
relacionamentos das partes com o todo; da impossibilidade em aceitar-se que a
realidade seja independente de quem as observa; da construo da sociedade pelo
homem e o seu inverso; do homem segundo uma perspectiva integrada, um todo de
natureza fsica, emocional, intelectual e espiritual; e, da valorizao do ser humano,
no podendo ser considerado como recurso mas, como gerador de recursos.
Estas reflexes contribuem para o redimensionamento do papel da empresa na
sociedade, assim como suas prticas de gesto. Na atualidade, vrias iniciativas
tomam forma no contexto da organizao caracterizando que a realidade do negcio
comea a permitir uma abordagem mais integrante, interdependente e
comprometida. Nesta perspectiva, a empresa assume compromissos com a reduo
de impactos ambientais, com a humanizao e responsabilidade tico-social. Assim,
triunfam a cooperao, a sensibilidade planetria, a criatividade em funo de
projetos e aes a servio de um desenvolvimento efetivamente responsvel.
Parece acertado afirmar que no sculo que se inicia, as empresas sero julgadas
por seus compromissos ticos, pelo foco nas pessoas (empregados, clientes,
fornecedores e cidados em geral) e pelas relaes responsveis com o ambiente
natural (VERGARA e BRANCO, 2001).
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2.2.2 Plano de ao na rea ambiental
A empresa em suas aes pontuais permanece vulnervel s muitas exigncias
do mundo moderno. Uma delas refere-se a legislao ambiental. Para atender a este
requisito a organizao pode aplicar um Sistema da Gesto Ambiental, S.G.A. onde
a empresa expressa atravs de planos, programas ou projetos, os procedimentos
especficos da rea ambiental.
O SGA proporciona a empresa melhorias contnuas em questes fundamentais
como por exemplo: onde se est, onde se quer chegar e como chegar at os
objetivos definidos. Em se falando de estratgias empresariais, este instrumento
constitui-se numa delas como forma de atingir a qualidade ambiental, seja adotando
requisitos internos ou impostos externamente pelo cliente, mercado, governo ou
outros pases. Estratgia empresarial assume o conceito de padres ou planos que
integram as principais metas, polticas e seqncias de aes de uma organizao
em um todo coerente, antecipando mudanas e estabelecendo direes e
viabilidades no alcance dos objetivos propostos (MINTZBERG e QUINN, 2001).
Seguindo o raciocnio de Jesus, Faria e Zibetti (1997), representa-se abaixo a
seqncia de etapas da implantao do SGA, que tem como objetivo assegurar a
melhoria contnua do desempenho ambiental da empresa.
Quadro 1: Representao dos Elementos do Sistema de Gesto Ambiental SGA
ETAPAS PLANEJAMENTO DE AES
Etapa 1 - Comprometimento e definio do plano a) definio de princpios do desempenho ambiental para nortear o planejamento.
Etapa 2
- Elaborao do plano a) aspectos ambientais e impactos; ambientais associados;
b) requisitos legais e corporativos; c) objetivos e metas; d) plano de ao e programa de gesto
ambiental;
Etapa 3
- Implementao e operacionalizao a) alocao de recursos; b) estrutura e responsabilidade; c) conscientizao e treinamento; d) comunicao; e) documentao do sistema de gesto; f) controle operacional; g) respostas s emergncias.
Etapa 4
- Avaliao peridica a) monitoramento; b) aes corretivas e preventivas; c) registros; d) auditoria do sistema de gesto.
Etapa 5
- Reviso do SGA a) reviso de objetivos e metas; b) clarificar evidncias; c) avaliar adequao da poltica ambiental; d) implementar melhorias.
Fonte: Adaptado de Jesus, Faria e Zibetti, 1997, p. 198-225.
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O SGA pressupe investimentos no somente no envolvimento mas, no
comprometimento de todos, desde a alta gerncia, as lideranas, fornecedores,
clientes e os funcionrios da empresa com as aes de melhoria das questes
ambientais. Atravs de reunies internas e externas, seminrios, eventos, veiculao
de perodos especializados, alm de campanhas de sensibilizao questo
ambiental pode-se iniciar a mobilizao para a implementao do programa.
A poltica ambiental da empresa deve voltar-se a natureza de seus produtos e
aos impactos ambientais que as atividades da mesma possam causar. O
intercmbio entre as organizaes pode enriquecer a poltica de cada uma que
envolve a filosofia, o comprometimento corporativo, a melhoria contnua, a
comunicao com as partes interessadas, o monitoramento, a documentao e a
comunicao. No que se refere a elaborao do plano, este corresponde a ISO
14001 que estabelece como programa de gesto ambiental para que a empresa
viabilize seus objetivos e metas ambientais. O plano de ao deve ser integrado ao
plano estratgico da empresa (JESUS; FARIA e ZIBETTI, 1998, p. 206).
A etapa trs que pressupe a implementao e operacionalizao do SGA,
investe no relacionamento harmnico entre recursos, procedimentos e corpo
funcional. Todos estes princpios devem ser empregados. Quando da
implementao de um sistema de gesto, este deve estar integrado aos demais
elementos de gesto j existentes na empresa como forma de maximizar resultados
e minimizar custos. Na operacionalizao, todos os funcionrios so responsveis
na busca dos resultados ambientais, cada um com suas prprias atribuies dentro
dos processos de cumprimento de objetivos e metas.
Com a avaliao peridica, torna-se possvel verificar a eficincia do programa, o
desempenho da empresa, as eventuais no conformidades, a importncia dos
registros do programa como forma de evidenciar sua implementao e
operacionalizao.
A ltima etapa leva em conta que o SGA necessita de anlises peridicas como
forma de retroalimentar o sistema, uma vez que se trata de um processo dinmico,
possvel de mudanas, que deve ser criativo, adaptvel, flexvel, inovador e
compatvel com a realidade de cada empresa.
O Sistema de Gesto Ambiental SGA uma valiosa ferramenta no
aperfeioamento global da empresa frente ao desempenho ambiental to em vaga
nos dias de hoje, mostra-se como um caminho que em muito tem sido adotado para
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fortalecer a busca da qualidade ambiental que supere a rotulagem meramente
ecolgica e assistencialista no sentido de ampliar a preocupao do novo e com a
perpetuao planetria alm da construo e consolidao do paradigma da
sustentabilidade.
2.3 Resduo slido
A reviso de literatura neste item, aborda conceitos e classificaes que
possibilitam uma idia e uma viso mais ampla do que se pretende, nesta pesquisa
em torno do tema dos resduos urbanos.
2.3.1 Conceito
O conceito de resduos vem constantemente mudando ao longo dos anos. O que
era institudo como resduo 20 anos atrs, hoje pode no ser mais. E o que
resduo hoje provavelmente, no o ser no futuro. A definio das tcnicas de
manejo, acondicionamento, transporte, tratamento e disposio final destes resduos
pressupe o conhecimento das caractersticas bsicas de cada resduo gerado por
uma comunidade.
Segundo Penido (1997), os parmetros utilizados para os resduos variam de
acordo com a cidade ou bairro, evoluindo tambm no tempo. Quanto melhor a
comunidade conhecer o lixo que produz levantando seus prprios dados, melhor
sero as solues de gesto e tratamento dos mesmos.
O lixo urbano qualquer resduo proveniente das atividades humanas ou gerado
pela natureza nas reas urbanizadas. A Associao Brasileira de Normas Tcnicas
ABNT (1987), define como resduos nos estados slidos e semi-slidos os que
resultam da atividade da comunidade de origem industrial, domstica, hospitalar,
comercial, agrcola, de servios e de variao. Considera tambm resduo slido, os
lodos provenientes de sistemas de tratamento de gua, aqueles gerados em
equipamentos e instalaes de controle de poluio bem como, determinados
lquidos cujas particularidades tornam invivel o seu lanamento em redes pblicas
de esgotos ou corpos receptores. A composio quantitativa e qualitativa do lixo
um dos dados bsicos para a definio do acondicionamento, coleta, transporte,
tratamento e disposio final do mesmo. Os dados obtidos na caracterizao dos
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resduos slidos de uma cidade podero servir de base para comunidades que no
tenham realizado este servio, mas necessrio ter em mente que a variabilidade
na composio do lixo grande e que quanto melhor uma comunidade conhecer
seu prprio lixo, melhores sero as solues de acondicionamento, coleta,
transporte e tratamento.
Freqentemente, resduo slido e lixo so termos usados de forma comum pela
populao no sentido de denominar seus resduos produzidos. Calderoni (1998),
nota que os termos lixo e resduos slidos tornam-se sinnimos em alguns casos e,
em outros, so tratados como matria-prima, dependendo dos condicionamentos
jurdicos ambientais, sociais e tecnolgicos.
Complementando, tem-se a definio de Salvato (1982), que define resduo
slido como qualquer rejeito, lixo, lodos de estaes de tratamento de esgoto, de
tratamento de gua, ou equipamentos de controle de poluio, e outros materiais
descartados, incluindo slidos, lquidos, semi-slidos, gases resultantes de
atividades industriais, comerciais, agrcolas e da comunidade, mas no inclui slidos
ou materiais dissolvidos no esgoto domstico ou slidos dissolvidos em guas de
escorrimento pela irrigao ou por descargas industriais.
Tanto a ABNT quanto Salvato definem resduos ao incluir lixo e resduos slidos
num conceito bastante generalizado e contemplam ainda, materiais semi-slidos,
lquidos e gases que provm de tratamentos de gua e esgoto.
Na perspectiva de Calderoni (1998), chama-se a ateno para outro sinnimo
compreendido da forma geral, onde lixo ou resduo so freqentemente confundidos
ou, recebem termo equivalente a refugo, rejeito ou dejeito. Esses elementos,
passam por processos de excluso, postos para fora de casa cumprindo ritos de
passagem, conforme enfatiza o autor que salienta ainda que resduos recebem valor
comercial e lixo no possui algum valor. Explica-se esta noo perojativa do
conceito lixo na medida em que compreendido como resultado de toda atividade
realizada por todos os seres vivos naturais, humanos e animais gerando uma
cadeia de sub-produtos orgnicos ou inorgnicos que se encontram num
ecossistemas.
Dos conceitos sobre resduo slido induz-se que resduo slido compreende todo
material ou objeto com certo grau de rigidez que tem forma prpria e resultante de
qualquer atividade. Mesmo com estas mltiplas definies apresentadas para
denominar e identificar tipos de resduos ou lixo, tem-se ainda que para ampliar este
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conceito, deve-se considerar o mbito, as formas de manejo, a modalidade do
tratamento adotado e sua historicidade.
2.3.2 Classificao dos resduos slidos
Na organizao econmica capitalista vigente em grande parte dos pases
mundiais e devido a acelerao do consumo de bens tecnologicamente modificados
em curto espao de tempo, os resduos slidos gerados so em grande quantidade,
apesar das facilidades e do conforto proporcionado pelos produtos descartveis que
apresentam vida til limitados, podendo ser reaproveitados ou reciclados.
Na tica de Schalch (1995), os resduos slidos podem ser classificados em:
residuais (lixo domiciliar); comerciais (estabelecimentos comerciais); industriais
(diferentes reas e de constituio variada); residuais de sade (as mais diferentes
reas de que se ocupa esse servio como, hospitais e refeitrios); especiais
produzidos periodicamente (naturais e entulhos); e, varries (proveniente da
varrio regular das ruas. A figura 1 permite a visualizao da classificao proposta
pelo referido autor:
Figura 1: Classificao dos resduos slidos urbanos
Fonte: SCHALCH, V. (adaptado da definio constante NBR 1000 4)
Resduos Slidos
Urbano Industrial Radioativo
Domiciliar
Agrcola
De Servios de Sade Varrio Regular Servios
Entulho
Limpeza de Bocas de Lobo, Parques, etc.
Comercial
Poda e Capinao
Feira Livre
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Em relao a classificao dos resduos slidos-urbanos a partir da fonte de
gerao, segundo o grau de biodegradabilidade tem-se facilmente degradveis
(putrescveis: restos de alimentos, cascas de hortifrutigranjeiros); modeladores
degradveis (papel, papelo e outros produtos celulsicos); dificilmente degradveis
(trapo de couro, borracha e madeira); e, no degradveis (vidro, metal, pedras, e
outros); conforme Schalch (1996).
Alm destas classificaes, Schalch (1996) apresenta uma classificao
considerando a origem dos resduos slidos: domiciliares (inclui revistas, jornais,
embalagens em geral, restos de alimentos e outros); comerciais (inclui plsticos,
embalagens diversas de diferentes componentes, material higinico entre outros);
pblicos (provenientes das varries); servio de sade (resduos spticos e
asspticos nas suas mais diversas formas); rea de transportes (metais, borrachas,
vidros); industriais (cermicas, plsticos, vidros e muitos outros podendo ser
txicos); agrcolas (embalagens de defensivos agrcolas, rao, adubos, restos de
colheita, esterco de animais, embalagens de agroqumicos); e entulhos (construo
civil, restos de obras e demolies, solos de escavaes entre outros).
Neste mesmo intuito de bem definir e classificar os resduos slidos urbanos,
segue a classificao segundo a ABNT (1987) conforme os riscos potenciais ao
meio ambiente e sade pblica objetivando o manuseio e destinao final dos
resduos slidos, classificando-se em: resduos classe I ou perigosos em funo de
sua periculosidade considerando suas propriedades fsicas, qumicas ou infecto-
contagiosas, com riscos para a sade pblica e ao meio ambiente (so inflamveis,
corrosivos, reativos, txicos, patognicos e, no se incluem neste item os resduos
slidos domiciliares e os gerados nas estaes de tratamento de esgotos
domsticos); resduos classe II ou no inertes (com propriedades de
combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em gua); resduos classe III
ou inertes (quaisquer resduos que submetidos a contatos estticos ou dinmicos
com gua destilada ou deinonizada e temperatura ambiente, no tiveram nenhum
dos seus constituintes solubilizados a concentraes superiores aos padres de
potabilidade da gua executando-se os padres de aspecto, cor, turbidez e sabor.
Esta classificao dos resduos possibilita uma maior compreenso das
possibilidades de riscos ambientais e conduz a anlise dos sistemas gerenciamento
dos resduos que ser tratada no item a seguir.
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2.3.3 Resduos slidos lixo
comum ouvir a palavra lixo no cotidiano, nos meios de comunicao, na fala
das donas de casa, no contexto e na preocupao das empresas, expressando o
senso comum para tratar da questo serssima dos resduos slidos, que permeiam
a nossa convivncia e sobrevivncia em sociedade. Mais especificamente no campo
das empresas onde em muito se utiliza dos recursos naturais e destes produz-se os
resduos slidos.
Ao refletir sobre a palavra lixo vem a tona tambm a vulgaridade e o
reducionismo das palavras lixeiro e catador de lixo. No entanto, estas expresses
representam parte integrante de todo o processo de produo dos prprios resduos
na sociedade. Estes constituem-se num inimigo em potencial para a gua potvel e
para o meio ambiente como um todo, seja ele disperso ou eliminado de forma
incorreta. Alm dos vrios problemas que afligem o homem na atualidade, com o
crescimento acelerado dos habitantes, surge o problema da disponibilidade de gua
potvel e da destinao dos resduos produzidos pelo homem.
O resduo slido urbano que se dispersa no ambiente, contamina os lenis de
gua ocasionando o aumento no custo dos servios de suprimento de gua potvel.
A coleta e a disposio final dos resduos slidos produzidos na rea urbana
constitucionalmente de responsabilidade dos poderes municipais. Estes buscam
formas de cumprir, com a difcil tarefa de coleta e destinao, evitando a disperso
no meio ambiente.
No caso das empresas de saneamento, que objetivam o saneamento bsico e,
numa viso mais ampla, a promoo da vida e da qualidade de vida, a coleta e a
destinao dos resduos slidos apresentam-se atualmente como uma forma de
atuao. Neste contexto, o que desperta a ateno, a questo do vulgo-lixo como
possibilidade ampla de discusso e ao mesmo tempo, como potencial a ser
desenvolvido dentro de uma viso ampliada como fatia de mercado na promoo da
vida em todas as suas manifestaes.
Estas questes mercadolgicas e humanistas so retratadas nos Indicadores de
Desenvolvimento Humano IDH, de cada municpio ou regio, os quais expressam
nveis qualitativos e quantitativos de educao, perspectiva de vida, ndices de
sade, poder de compra e rendimentos da populao. Nota-se que estes fatores
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mencionados normalmente recebem pouca ateno dos poderes pblicos
municipais, em funo da falta de conscincia acerca da questo e muitas vezes, a
m administrao de seus recursos. Soma-se a estes fatores, o agravamento da
situao gerada por polticas pblicas desintegradas e pela predominncia de
interesses pessoais, politiqueiros e corporativos acima dos interesses da
coletividade. E neste crculo vicioso, muitos municpios e regies esto inseridos.
Ao relacionar a vulgaridade do emprego da palavra lixo, pode-se construir uma
relao com outros termos to na moda e amplamente utilizados no dia-a-dia:
cidadania, direitos e deveres, responsabilidade individual, responsabilidade social,
tica e outros. Palavras utilizadas de forma vazia onde so poucas as aes
realizadas e que despertam nas pessoas a compreenso de seu papel ativo e
transformador no exerccio efetivo da cidadania. H que se repensar situaes
relacionadas ao lixo, rever hbitos de consumo, procurar consumir produtos com
menos embalagens reciclveis, adotar a prtica de disposio seletiva do lixo, evitar
o desperdcio de alimentos orgnicos e fazer a diferena na construo de um
mundo mais saudvel em todas as suas dimenses. Um espao com reas de
conservao ambiental, sade pblica, gerao de renda, erradicao dos ndices
de violncia e de excluso social a partir de modelos cooperativos entre segmentos
pblicos, privados e terceiro setor na realizao de processos de desenvolvimento
de novas tecnologias e da promoo do bem comum.
Falar em resduos slidos, conscientizao ambiental e participao inclui todas
as fases do processo e todos os segmentos da sociedade: das polticas
governamentais aos empresrios, gestores, executores, garis ou catadores, pessoas
comuns que assumem sua responsabilidade, na perspectiva de construir um mundo
mais saudvel para os que vivem na contemporaneidade e pensando tambm nas
geraes futuras.
Com a valorizao da reciclagem de resduos no Brasil, algumas indstrias
inserem em seus produtos a rotulagem ambiental e a reciclabilidade de materiais
sob a orientao e parcerias com o Compromisso Empresarial para a Reciclagem
o CEMPRE. Este rgo objetiva o incentivo da reciclagem no pas facilitando a
identificao e separao dos materiais para reciclagem, ajudando a criar uma
conscincia ecolgica nas pessoas e padronizando smbolos que garantem que o
referido produto seja ecolgico ou mais reciclvel que o do concorrente.
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Os smbolos apenas indicam que os materiais so potencialmente reciclveis
contudo, a reciclagem de qualquer material um processo que exige infra-estrutura
especfica e depende de uma srie de fatores, especialmente de ordem econmica.
Refora-se que o empenho para a responsabilidade da questo da reciclagem no
tem um amparo por fora da legislao especfica, na situao das indstrias
brasileiras em coletar ou apoiar iniciativas de coleta e processamento dos materiais
que produzem. Pelo contrrio, muitas indstrias demonstram pouco interesse em
responder pelos danos ambientais ocasionados por seus processos, produtos ou
servios.
Diretrizes internacionais voltadas para a questo do lixo orientam para a conduta
de evitar a gerao de lixo para que menos quantidade seja reciclada pois, a
reciclagem tambm consome gua, energia, dinheiro e polui o ambiente. Orienta-se
para a minimizao dos resduos, atravs de uma seqncia de procedimentos
didaticamente corretos, como: reduo na fonte geradora, reutilizao direta dos
produtos e reciclagem de materiais. A questo dos resduos slidos segue o
princpio de que causa menor impacto evita-se a gerao do lixo do que, reciclar
materiais aps o descarte.
No Brasil, o manejo ambientalmente saudvel dos resduos slidos toma corpo
durante a Conferncia Rio 92. Afirma-se que a melhor maneira de combater o
problema do lixo modificar os modelos de consumo. Regulaes nacionais e
internacionais tambm colaborariam na exigncia em se implementar tecnologias
limpas de produo, resgatar os resduos na sua origem, eliminar as embalagens
que no sejam biodegradveis, reutilizveis ou reciclveis alm, da adoo de novas
atitudes sociais na preveno dos impactos negativos do consumismo ilimitado. Se
reciclar materiais polui menos o ambiente e envolve menor uso de matrias-primas,
ela uma prtica perfeitamente compatvel e beneficiria dos atuais nveis de
desperdcio provocados e diz muito sobre o equacionamento da problemtica dos
resduos ou lixo.
Discutem-se desde 1983 os critrios de funcionabilidade da ISO 14000 onde
prev-se discusses em torno de como a empresa gerencia e comprova que seu
produto reciclvel, com base em critrios internacionalmente aceitos,
regulamentados e fiscalizados. Iniciativas desenvolvidas por consumidores e
parcerias com instituies, governamentais ou no, contribuem para dar
credibilidade questo ambiental, diagnosticar o perfil de consumo da sociedade,
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pesquisar os fatores indutores do consumo desenfreado, tornar a certificao
ambiental num instrumento vlido de educao para o consumidor, induzindo
adeso a ISO 14000, forar a reduo da produo de resduos, resgatar os
princpios de educao ambiental e alertar sobre as ilimitaes da reciclagem.
2.3.4 A questo institucional sobre os resduos slidos
Para muitos estudiosos os aspectos legais no passam de declaraes de
princpios e por outro lado, nota-se exemplos prticos de cuidados com o meio
ambiente que denotam um quadro alentador. Para Gaieski (1989), a questo
ambiental que envolve o processo de disposio final de resduos no pas, no
agravada unicamente pela ausncia de legislao especfica. Nesta situao, o
Estado tm se eximido muitas vezes de suas atribuies legais neste setor, como no
caso especfico da limpeza pblica, onde se insere o problema do lixo.
Uma das primeiras leis brasileiras que pode ser vinculada a uma das etapas do
gerenciamento de resduos no que se refere sobre a destinao final, a Lei de
Contravenes Penais. Nesta, define-se como contraveno sujeita multa o
arremesso ou derramamento em via pblica ou em qualquer meio de uso coletivo,
algo que possa ofender, sujar ou molestar algum.
Para Machado (1978), as leis tratam muito genericamente que os processos de
coleta, transporte e destino final do lixo, devem processar-se de forma que no
tragam quaisquer inconvenientes sade pblica e que garantam o bem estar da
sociedade. Em relao s exigncias para indstrias, a lei concebe que as mesmas
tenham planos de lanamento e destino para resduos lquidos, slidos ou gasosos,
devendo ser apresentados s autoridades sanitrias competentes a fim de evitar a
contaminao das guas receptoras, territoriais e da atmosfera. Evolui-se para a Lei
Federal N 5.357 que impe penalidades para o lanamento de detritos em terminais
de gua.
A Emenda Constitucional N 1969 clara sobre as competncias da Unio
quanto legislao sobre a defesa e proteo da sade pblica, no se excluindo as
suas prprias atribuies. Estabelece tambm critrios e normas aos projetos de
tratamento e disposio dos resduos slidos, bem como a fiscalizao da
implantao do que consta em planejamentos, a operao dos processos e a
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manuteno dos resduos. Para Machado (1978) a Unio deve contribuir para o
funcionamento de adequados processos de gerenciamento dos resduos slidos, na
medida em que o responsvel pela ampla populao de um pas. O autor
contundente ao declarar de que funo do Governo Federal estabelecer a
atualizao da legislao e fazer cumprir normas adaptveis realidade nacional,
como por exemplo, dispor irresponsavelmente resduos slidos a cu aberto com a
ausncia de formas corretas de tratamento.
Ao abordar a legislao estadual paranaense, tm-se leis tmidas e pouco
especficas sobre o gerenciamento de resduos slidos em geral, e em funo disto,
ampara-se na prpria legislao federal. As autoridades freqentemente
reconhecem em suas propostas de polticas e gesto pblica, a ausncia de normas
administrativas estaduais que legislam sobre o acondicionamento coleta, transporte,
tratamento ou destino final de resduos, e suas conseqncias para o bem-estar
social da populao estadual. Marcadamente, as dcadas de 70 e 80 representam a
ansiedade em se buscar autonomamente, alternativas para encaminhar este
problema.
O final da dcada de 80 marca a promulgao de uma nova Constituio
Estadual que trata da responsabilidade do saneamento como atribuies do Estado
juntamente com os municpios e a participao popular. O programa de saneamento
urbano e rural deve promover a defesa preventiva da sade pblica e tendo
respeitada a capacidade de suporte do meio ambiente aos impactos causados. No
plano terico, essa legislao vigora sobre a coleta, tratamento e disposio final de
esgoto sanitrio e resduos slidos, o que muitas vezes no ocorre no campo
prtico, onde a atuao direta do poder pblico estadual ainda muita tmida. A lei
tambm vigora sobre a utilizao de vazadouros, indica a necessidade de dispor e
tratar os resduos de acordo com a realidade de cada municpio e tambm a
competncia municipal na elaborao e execuo de programas, na rea de limpeza
pblica. No caso especfico do Paran, tem-se a criao da Superintendncia dos
Recursos Hdricos e Meio Ambiente SUREHMA. Esse rgo que tem sua sede na
capital paranaense, conta tambm com sedes regionais, possuindo laboratrios de
anlise e manuteno mas, tem amplitude de fiscalizao e punio limitados. Na
atualidade gerenciar adequadamente os resduos slidos, caracteriza-se por um
grande emaranhado onde as normas e competncias no so claras e muitas vezes,
desconhecidas para estas instituies.
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Apesar da crescente presso de todos os setores para a preservao da
biodiversidade do planeta, os aportes legais para a conservao so geralmente
muito limitados e o resultado que a efetiva proteo do meio ambiente ainda est
longe de ser alcanada. Alicerar o que regem as leis, os fundamentos da educao
ambiental e as aes de todos os setores da sociedade conduz a busca de solues
levando-se em considerao os aspectos sociais, econmicos, culturais e
ecolgicos. O engajamento em aes conservacionistas na poltica nacional de
educao ambiental Lei N 9795, estabelece que o indivduo e a coletividade
constroem valores sociais essenciais a sadia qualidade de vida e a sustentabilidade,
e estabelecendo possveis estratgias, baseadas nos potenciais pode trazer o
desenvolvimento sustentvel e sua concretude.
2.3.5 Poltica nacional dos resduos
A poltica nacional dos resduos slidos estabelece diretrizes e normas para o
gerenciamento dos diferentes tipos de resduos slidos, acrescenta art. Lei n
9.605 e outras providencias. Conforme disposies preliminares no art. 1 a Lei
fundamenta-se nos incisos VI e XII do art. 24 e no art. 225 da Constituio/1988.
Para os efeitos desta Lei, consideram-se resduos slidos o que resulta de
atividades humanas, que se apresentam no estado slido e os particulares.
Nos captulos que seguem da Lei, referem-se ao gerenciamento dos resduos
slidos, das disposies gerais, dos resduos urbanos, do co-processamento, dos
aterros, da reciclagem, das usinas de compostagem, da limpeza pblica, da
empresas exclusivamente recicladoras, da responsabilidade social empresarial, da
responsabilidade dos empreendedores, dos direitos dos profissionais, das
penalidades e disposies finais.
A implementao de uma legislao que regula o funcionamento desta rea
requer a instituio de leis que resultem em mudanas no gerenciamento e na
situao dos resduos slidos em nvel federal, estadual e municipal. Incluindo-se as
questes de regulamentao de sistemas de tratamento de todos os resduos
gerados e a instituio de responsabilidades claramente definidas cada esfera.
Tm-se como ponto chave, as mudanas em toda a cadeia produtiva visando a
busca do paradigma da sustentabilidade ambiental. Trata de instituir leis que no
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induzam apenas diminuio do volume de resduos gerados, mas reduo da
quantidade produzida, colocando em questo a transformao mais ampla dos
patamares sustentveis de produo e consumo.
Nesta questo, inclui-se a instaurao de uma educao scio-ambiental e a
prpria mobilizao da prpria populao ao exercer o controle social, acompanhar a
prestao de servios de limpeza urbana e na participao da implementao de
programas que priorizem o desenvolvimento social e a economia solidria. Neste
aspecto, a sociedade dever contar com leis que vigoram sobre a gesto
compartilhada com incluso social, atravs de conselhos gestores de resduos
slidos, federal, estadual e municipal.
A perspectiva so os avanos em direo uma sociedade sensibilizada,
informada e educada para o no desperdcio, para o consumo com critrios, para o
descarte seletivo e de forma adequada. O conceito de limpeza pressupe governos,
empresas e cidados.
2.4 Planejamento ambiental urbano
Determinadas questes ambientais podem ser consideradas de carter urbano,
como: saneamento, trnsito, reas verdes, patrimnio histrico e outras, onde cada
municpio tem suas leis, restries ou regras. De modo geral, a modernizao do
campo foi o principal fator que provocou o xodo rural que conseqentemente,
adiciona uma srie de demandas nas reas urbanas ou cidades. Crescem as
necessidades de saneamento de abastecimento de gua, esgotamento, coleta de
lixo, drenagem, servios de sade, reas de lazer entre outros.
Para Moura (1999), a falta de implementao do planejamento e urbanizao,
torna-se sinnimo de insustentabilidade e desequilbrio, refletindo na qualidade de
vida, como por exemplo os danos ambientais e segregao scioespacial da
populao retratada nas favelas, ocupaes sem respeito aos ecossistemas, manejo
dos recursos naturais supondo sua inesgotabilidade, falta de controle de
procedimentos dentro de padres mais sustentveis.
Construir uma sociedade sustentvel depende de uma gesto efetiva que
consiga a integrao entre os interesses de todos os segmentos da populao por
via de pactos ambientais onde, todos assumem esta postura de maneira integral e
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coletiva. Dessa forma, a cidade viabiliza seu equilbrio ambiental, construindo uma
nova concepo de desenvolvimento urbano, salienta sua real dimenso enquanto
promotora da qualidade de vida, de igualdade de direitos e da sustentabilidade em
termos ambientais, scio-polticos e econmicos.
A crescente preocupao com os problemas ambientais urbanos exige solues
rpidas que possam dar um destino final adequado aos resduos slidos urbanos,
com absoluta responsabilidade tcnica e cincia dos impactos ao meio ambiente
e/ou sua degradao. A realidade dos municpios brasileiros atesta para o
agravamento do sistema de depsito, e algumas vezes, com descargas clandestinas
dos resduos industriais. uma prtica que traz graves desdobramentos para o meio
ambiente como a contaminao do ar, do solo, das guas superficiais e
subterrneas, criao de focos de organismos patognicos, vetores de transmisso
de doenas, com srios impactos na sade da populao.
O que freqentemente se observa, so servios de coleta regular, transporte e
descarga final em locais ligeiramente afastados do centro urbano, sendo
disponibilizados muitas vezes, em grandes terrenos a cu aberto ou em valas. Muito
raramente, observa-se um processo planejado que inclui procedimentos
diferenciados em relao ao tratamento e/ou destino dos resduos slidos urbanos.
consenso para as lideranas pblicas, ambientalistas, empresrios e outros
setores, a necessidade e emergncia na equao do tratamento e destino do lixo.
Nota-se que, em muitas situaes a principal causa para tal problema, est no
atendimento de processos de gesto e gerenciamento do lixo. Gerenciar
adequadamente os resduos slidos urbanos, requer a definio clara de diretrizes
norteadoras, arranjos institucionais, recursos materiais e financeiros, vontade
poltica-ambiental e ainda a articulao adequada entre os instrumentos legais. Essa
integrao acontece nos nveis de ao com o governo por via de um planejamento
integrado. Participam destas relaes, instituies sociais de modo geral e at
mesmo com a participao da sociedade civil.
A gerao de resduos slidos urbanos inerente a prpria condio da
existncia humana, independentemente do grau de desenvolvimento cultural, social
e econmico. As diferenas e variaes na gerao destes resduos entre os mais
diversos agrupamentos sociais se do na composio e quantidade, mas no
deixam de estar presentes em nenhum deles. Conforme Penido (1997), as
sociedades mais industrializadas e quelas prestadoras de servios apresentam
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uma taxa maior e mais diversa em resduos slidos urbanos do que naqueles
agrupamentos onde predominam as atividades primrias. A renda das populaes
tambm fator determinante da taxa de gerao percapita e da composio dos
resduos gerados.
Apesar dos problemas decorrentes da gerao de resduos estarem presentes
nos agrupamentos urbanos, a preocupao em solucionar estes problemas, de
forma estruturada, recente. A criao da Agncia de Proteo Ambiental
Americana EPA, data de 1972, constituindo-se em uma das mais antigas e
estruturadas agncias ambientais a lidar com as questes relativas coleta,
tratamento e destinao final de resduos slidos.
Em diferentes pases h uma imposio da legislao federal sobre a estadual
nas questes relacionadas ao meio ambiente, obrigando de forma clara que sejam
seguidas regras mnimas, agregadas as peculariedades de cada local. No Brasil, por
princpio constitucional da Unio, cabe somente estabelecer as normas gerais,
restando aos estados legislar sobre os aspectos estaduais e aos municpios sobre
os de interesse local. A legislao Federal, passada uma dcada da promulgao da
Constituio Federal ainda muito pragmtica, no estabelece padres nacionais a
serem seguidos de forma compulsria por estados e municpios relacionados a
maioria dos resduos slidos.
A responsabilidade pela prestao dos servios de coleta dos resduos slidos
urbanos e limpeza de logradouros dos municpios por ser uma questo que
envolve exclusivamente interesses locais. A extenso deste conceito de
responsabilidade no que se refere a destinao final dos resduos, tendo estes
recebido ou no algum tipo de tratamento, de competncia dos municpios, devido
a razes propriamente polticas e histricas, sem a subordinao a quaisquer
critrios tcnicos ou econmico-financeiros. Tomados estes critrios entende-se que
h uma prevalncia dos interesses municipais, induzindo a solues conjuntas para
dois ou mais municpios.
Quantos aos critrios tcnicos, tm-se que todos os mtodos de tratamento e
destinao final de resduos slidos urbanos muitas vezes provocam impactos
ambientais. Portanto, de interesse de todos a reduo do nmero dessas unidades
para que se reduzam os impactos por elas causados. Ao se afirmar que quanto
menor o nmero de unidades de tratamento ou destinao final dos resduos e uma
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regio menor, pode-se afirmar tambm que menores sero os impactos a toda a
regio envolvida.
Do ponto de vista econmico-financeiro, tm-se que os custos dos aterros
sanitrios e tambm das instalaes destinadas dos resduos obedecem a regra de
custos unitrios decrescentes ditada pela economia de escala. Para exemplificar,
nas regies metropolitanas os servios de tratamento e destinao final perde as
caractersticas de servios locais, de peculariedades interesse municipal, para se
tornarem de interesse metropolitano.
Conforme pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatsticas IBGE
(1999), na regio metropolitana de Curitiba, a gerao per capita de resduos slidos
urbanos e de 0.346 Kg/hab. dia para os municpios com at 100 mil habitantes e de
0.397 Kg/hab. dia, confirmando a propriedade dos valores apresentados na tabela 1
Gerao per capita por porte das cidades.
Tabela 1: Gerao per capita por porte das cidades, Curitiba (PR), 1999
Coeficiente de gerao de resduos slidos Populao (habitantes)
Domiciliares Urbanos
At 100.000 0,35 a 0,45 0,40 a 0,60
100.001 a 200.000 0,40 a 0,50 0,50 a 0,70
200.001 a 300.000 0,45 a 0,50 0,65 a 0,75
300.001 a 400.000 0,50 a 0,60 0,65 a 0,75
400.001 a 500.000 0,50 a 0,60 0,70 a 0,80
500.001 a 600.000 0,60 a 0,70 0,80 a 0,90
Fonte: Associao Brasileira de Limpeza Pblica (1999)
A tabela 2 Gerao per capita de resduos slidos domiciliares na regio
metropolitana de Curitiba RCM, mostra a situao da gerao per capita de
resduos em alguns dos municpios que compe esta regio. Os clculos
apresentados na tabela foram feitos sobre a quantidade de resduos dispostos pelos
municpios no aterro sanitrio da Cachimba, localizado na regio sul da cidade de
Curitiba, no ano de 1996. Os dados de populao foram tomados na contagem
populacional de 1996, do IBGE. A populao atendida foi considerada como sendo a
populao urbana daquela pesquisa. No municpio de Curitiba foi considerado o
nmero total de habitantes por sua insignificante populao residente em rea rural.
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Tabela 2: Gerao de resduos slidos domiciliares na RMC (PR), 1996
Municpio Gerao anual (ton) Gerao
diria (kg)
Populao
(hab) Populao
atendida (hab) Per capita
(kg/hab/dia)
Almirante Tamandar 7.190 19.697 89.410 80.058 0,246 Campina Grande do Sul 2.178 5.968 31.444 22.948 0,260 Pinhais 13.589 37.231 89.335 82.787 0,450 Piraquara 3.869 10.600 52.486 28.109 0,377 Quatro Barras 1.745 4.782 13.901 12.272 0,390 Faixa at 100.000 hab 28.572 78.279 276.576 226.174 0,346 Colombo 17.398 47.666 153.689 145.988 0,327 So Jos dos Pinhais 25.632 70.224 169.035 151.209 0,464 Faixa d