UNÇÃO COM ÓLEO AÇÕES E REAÇÕES

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UNÇÃO COM ÓLEO: AÇÕES E REAÇÕES Por Rev. Ashbell Simonton Rédua SUMÁRIO Introdução 1. 2. A unção nas Escrituras Sagradas 3. 1. 2. De objetos separados para usos sagrados: coisas que a receberam 3. 1. 2. Tabernáculo 3. 4. Altar de bronze 5. 6. Bacia de bronze 4. Maneira e propósito 5. 1. 2. Com azeite 3. 4. Com ungüento 5. 6. Era usado para 7. 1. 2. Enfeitar a pessoa 3. 4. Refrescar o corpo 5. 6. Purificar o corpo 7. 8. Curar os enfermos 9. 10. Curar os ferimentos 11.

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UNÇÃO COM ÓLEO: AÇÕES E REAÇÕES

Por

Rev. Ashbell Simonton Rédua

SUMÁRIO

Introdução

1.  2. A unção nas Escrituras Sagradas3.  

1.  2. De objetos separados para usos sagrados: coisas que a

receberam3.  

1.  2. Tabernáculo3.  4. Altar de bronze5.  6. Bacia de bronze

4. Maneira e propósito5.  

1.  2. Com azeite3.  4. Com ungüento5.  6. Era usado para7.  

1.  2. Enfeitar a pessoa3.  4. Refrescar o corpo5.  6. Purificar o corpo7.  8. Curar os enfermos9.  10. Curar os ferimentos11.  12. Preparar os mortos para o sepultamento13.  14. Os judeus gostavam muito do azeite

8. Era aplicado9.  

1.  2. A cabeça

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3.  4. Ao rosto5.  6. Aos pés

10. Unção Sagrada11.  

1.  2. Sua antigüidade3.  4. Pessoas que o recebiam5.  

1.  2. Profeta3.  4. Sacerdote5.  6. Rei

6. Jesus Cristo, o Ungido de Deus4. A unção na história eclesiástica da Igreja5.  

1.  2. Os pais apostólicos3.  

1.  2. Justino de Roma3.  4. Hipólito de Roma5.  6. Orígenes7.  8. Inocêncio I

4. Idade Média5.  

1.  2. Gelasiano3.  4. Cesárioo de Arles5.  6. Eloy de Noyon7.  8. Beda9.  10. Reforma Carolígea11.  12. Bonifácio

6. Os reformadores7.  8. A Contra-reforma9.  10. A unção no Movimento Pentecostal e Neopentecostal

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11.  12. O Concílio Vaticano II

6. Razões porque os reformadores não ungiram7.  

1.  2. Exposição de Tiago 5:14 por Lutero3.  4. Exposição de Tiago 5:14 por Calvino

8. Considerações atuais da Unção9.  

1.  2. Exposição de Tiago 5:143.  4. O mito e o rito5.  6. Ações e reações: Estudo de caso da IPB

CONCLUSÃO

BIBLIOGRAFIA

NOTAS BIBLIOGRÁFICAS

 

INTRODUÇÃO

Começo minha reflexão dizendo que a teologia é uma noção inadequada. A palavra teologia exprime ainda, como o indica a sua etimologia, o estudo de Deus, numa época em que o adulto e o próprio teólogo precisa de ensinamento. A noção de Teologia é inadequada a estes tempos novos que exigem do teólogo muito mais que reproduzir a teologia dogmática.

Reivindico para o teólogo o direito à desobediência. A prática da teologia começa pela desobediência e pelo desrespeito. Entenda-se bem essa desobediência e este desrespeito, para o leitor não se equivocar. É preciso ser desrespeitoso, inicialmente, consigo mesmo, com a pretensa imagem do homem teólogo, do sábio ou mestre. E é preciso desrespeitar também esses monumentos da teologia, da teoria teológica, não porque não sejam monumentos, mas porque é praticando o desrespeito a eles que descobriremos o que neles podemos amar, Ter como exemplo, ensinamento e o que devemos neles abominar.

É preciso Ter coragem para praticar a teologia dessa maneira, mas é somente dessa maneira que podemos formar gente capaz de assumir a sua autonomia, gente inconformada, capaz de autodeterminar-se e participar na construção de uma igreja mais santa, imaculada e mais bíblica.

Nestas circunstâncias o teólogo tem a chance de repensar o seu estatuto e repensar a sua própria teologia. O teólogo ao repensar a teologia, repensa

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também a igreja, a sociedade. O ato teológico é essencialmente político. O papel do teólogo é um papel político. Não acredito numa teologia neutra. Não existem receitas mágicas nem métodos ou técnicas que garantam que estamos realmente reaprendendo a teologia ou reproduzindo a teologia.

É possível uma teologia que tente participar do processo de transformação da Igreja que a mantém? O que seria uma teologia transformadora? Será que a posição defendida sobre a "UNÇÃO COM ÓLEO", é o que realmente a teologia afirma ser? Uma teologia transformadora ou alienadora?

Reconheço que essas não são questões simples. Vou tentar, por isso, simplificá-las para facilitar a sua compreensão. Podemos dizer que nos extremos existem dois tipos ideais de teologia: uma teologia como prática da domesticação e uma teologia como prática da libertação (em relação a Unção com óleo).

Evidentemente, essas teologias não existem em estado puro. Em estado puro esses dois modelos de teologia são caricaturas, abstrações. Elas não existem porque não existe uma sociedade religiosa abstrata que seria totalmente conservadora ou totalmente libertadora. Porém esses dois modelos seriam apenas horizontes opostos, em direção dos quais o teólogo tentaria caminhar, mantendo o conflito, a dialética, entre o velho e o novo, entre a reprodução e a transformação.

Neste contexto, o que poderíamos chamar de teologia transformadora? Certamente aquela teologia que não tenta esconder as contradições existentes na sociedade, mas tenta mostrá-las.

O enunciado sensível da doutrina reformada de "Sola Scriptura" (a Escritura somente) sustem que todo o ensinamento teológico da Igreja deve derivar-se somente e exclusivamente das Escrituras. Isto se expressa de modo definitivo com o famoso slogan da Reforma Protestante do Séc XVI "Quod non est biblicum, non est theologicum (o que não é bíblico, não é teológico)".

Até que ponto a unção com óleo nos dias atuais é uma afirmação teológica e doutrinária como prática contemporânea da Igreja Reformada?

Procurarei responder estas e outras questões neste discurso teológico.

Não pretendo refutar o trabalho do Rev. Martorelli Dantas {1}, que por sinal é uma pessoa que o considero muito e tenho um grande respeito, alias com toda certeza o seu trabalho veio enriquecer a discussão teológica sobre a praticidade eclesiástica da igreja atual. Unção com óleo é um assunto conflitante e empolgante, merecendo de nossa parte uma análise fiel as Escrituras Sagradas e aos princípios da Reforma Protestante do Séc XVI.

 

1.  

2. A unção nas Escrituras Sagradas

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3. A unção nas Escrituras tem um valor muito grande e significativo, não há como ignorá-la, das suas muitas funções, no campo espiritual, o ato de ungir tinha o significado específico de separação e consagração. "Moisés ao consagrar os sacerdotes, ungia-os com óleo. "Esta unção era o clímax da cerimônia, o ato que a selava. Uma vez ungidos os sacerdotes eram postos a parte do resto do povo. Tendo sido purificados, vestidos e ungidos com o óleo derramado sobre eles, estavam em relação estreita e específica com o Senhor. Eles estavam no lugar do Senhor diante do seu povo e representavam o povo diante do Senhor.{2}

Outros significados e funções tinha a unção, a seguir o leitor poderá ter acesso as várias formas em que é empregado a unção nas Escrituras Sagradas.

As Escrituras monstra de maneira clara e interessante no fato de que mulheres nunca eram ungidas para funcionar em papéis mediadores específicos dentro da comunidade do pacto. Não há nenhuma referência sugestiva de mulheres servindo como sacerdotisas ungidas ou rainhas reinantes. Três mulheres em cântico, logo após uma poderosa libertação (Ex. 15:20); Débora serviu como juíza quando homens, como Baraque, se recusaram a lutar contra os cananeus (Jz 4:4) e Hulda proferiu ao jovem Josias palavra de julgamento (2 Rs 22:19). Mas não há nenhuma indicação de que essas mulheres tenham sido ungidas.{3}

1. De objetos separados para usos sagrados: coisas que a receberam

2. Os objetos separados especificamente para o uso no tabernáculo, eram consagrados ao Senhor. Estes objetos não seriam mais utilizados em outra lugar a não ser na casa do Senhor. Isto também é uma prática na igreja contemporânea, nós separamos vários objetos para serem usados na Igreja, porém não ungimos com óleo estes objetos, apesar de serem significantes diante da congregação. Todos são consciente de que são separados para o uso exclusivo na Igreja.

1. Tabernáculo2. Quando o tabernáculo foi ungido e tudo o que nele

continha, bem como os utensílios, móveis internos e externos, a idéia de consagração de todo este material separado, purificado e dedicado ao serviço específico de Deus é reforçada pelo fato de que somente os sacerdotes separados, purificados e consagrados poderiam servir no altar e manipular seus utensílios.{4}

- Ex. 30: 26, 27: "com ele ungirás a tenda da congregação, e a

arca do testemunho,

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E a mesa com todos os seus utensílios, e o

candelabro com os seus utensílios, e o altar do

incenso,"

- Ex 40: 11: " Então ungirás a bacia e o seu suporte, e a

consagrarás."

3. Altar de bronze4. Depois que os sacrifícios fossem preparados, os homens

eram apresentados a porta da tenda da congregação e vestidos com as vestes sacerdotais e eram ungidos. A preparação do altar incluía a sua purificação e a unção, como também o novilho era ungido. O novilho apontava para Cristo, o Cordeiro de Deus, o Ungido do Senhor, por esta razão era ungido, isto é consagrado para ofertar ao Senhor, fazendo expiação de pecado.

- Ex 29:36 "Também cada dia prepararás um novilho como

oferta pelo pecado para expiações; e purificarás o

altar, fazendo expiação por ele mediante oferta pelo

pecado; e o ungirás para consagrá-lo."

- Ex 40:10 "Ungirás também o altar do holocausto, e todos os

seus utensílios, e consagrarás o altar; e o altar se

tornará santíssimo."

5. Bacia de bronze

Refere-se a utensílio ungido, isto é, separado para uso no tabernáculo. Era purificada e dedicada ao serviço específico de Deus.

- Ex 40:11 "Então ungirás a bacia e o seu suporte, e a

consagrarás."

3. Maneira e propósito4. A palavra hebraica para designar óleo é semem, que podem

também ser traduzido por gordura, coisas gordurosas, ungüento.

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É utilizado de modo geral para designar vários tipos e espécies de óleos, que consequentemente são utilizados para diversos fins.

"O óleo representa prosperidade, plenitude e abundância para todo o povo que habita em certa área na terra Prometida, no deserto ou nas montanhas. O óleo permitiu a viúva de Serepta assar muitos bolos e outra viúva pagar seus credores. O óleo representa as bênçãos do pacto, representa poder, capacidade, eficiência. {5}

A medida que a revelação de Deus se tornaram mais latente e evidente, a pessoa e a obra do Espírito Santo iam sendo postas, fica evidente que o propósito do óleo deveria ser considerado o símbolo mais apropriado ao Espírito Santo.

1. Com azeite

O óleo de azeite de oliva representa a vida, vida plena, rica, vibrante, vida útil e benéfica, uma fonte de alegria e regozijo, um símbolo de unidade, um incentivo a partilhar com aqueles que estão enfermos ou de luto. Representava saúde de uma pessoa, suas qualificações e suas preparações para servir ao Senhor.

- Sl 92:10 "Porém tu exaltas o meu poder como o do boi

selvagem;

   

   

Derramas sobre mim o óleo fresco."

2.   2.  

2. Com ungüento3. Era uma espécie de perfume que utilizava para ungir os

pés dos hóspedes, sinal de alegria e de que o hóspede era bem-vindo a casa. O ungüento é um óleo para uso externo e que tem por base uma gordura, sendo adicionado ervas aromáticas que perfumava o corpo.

- Jo 11:2 "Esta Maria, cujo irmão Lázaro estava enfermo,

era a mesma que ungiu com bálsamo o Senhor

e lhe enxugou os pés com os seus cabelos."

4. Era usado para

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5. O óleo representava saúde e beleza, sendo utilizado nos cuidados com o corpo.

1. Enfeitar a pessoa

O óleo era um excelente artigo de embelezamento, amaciava e hidratava a pele, deixando-a macia e sedosa.

   

   

  o Rt 3:3 "Banha-te, unge-te, e põe os

teus melhores

   

   

   

  vestidos, e desce à eira; porém não te dê a

conhecer ao homem, até que tenha acabado de

comer e beber."

1.   1.  

1.  

1. Refrescar o corpo

O óleo refrigera, isto é reanima, restaura, restabelece, da novas forças. A unção neste caso rejuvenesce, dando ao ungido alivio, suavizando a sua alma restaurando o amor próprio e a certeza da vitória.

   

   

  o  o 2 Cr 28:15 "Homens foram designados

nominalmente

 

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os quais se levantaram e tomaram os

   

  cativos e do despojo vestiram a todos os

que estavam nus; vestiram-nos, calçaram-

nos e lhes deram de comer e de beber, e os

ungiram; a todos os que, por fracos, não

podiam andar, levaram sobre jumentos a

Jerico, cidades das palmeiras, a seus

irmãos. Então voltaram para Samaria."

1.   1.  

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1.  

1. Purificar o corpo

Aqui a unção com óleo tem o significado de tornar puro, livrar ou desembaraçar de substâncias que alteram e corrompem o corpo humano. Além desse significado podemos acrescentar ainda que seria um tratamento de embelezamento. Na purificação, toda mancha, mácula e rugas seriam tiradas, a fim de evidenciar a beleza do corpo.

   

   

  o Et 2:12 "Em chegando o prazo de cada

moça vir ao rei

   

   

   

Assuero, depois de tratada segundo as

prescrições para as mulheres por doze meses

(porque assim se cumpriam os dias de seu

   

embelezamento, seis meses com óleo de

mirra, e seis meses com especiais, e com os

perfumes e ungüentos em uso entre as

mulheres)."

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  o Is 57:9 "Vais ao rei com óleo, e

multiplicas os teus

   

   

   

perfumes; envias os teus embaixadores para

longe, até à profundidade do sepulcro."

1.   1.  

1.  

1. Curar os enfermos

O óleo tinha poderes curativos, amolecia os ferimentos e purificava-os. A unção de enfermos era uma ação terapêutica na vida da igreja proporcionando a cura do enfermo.

Haviam muitos médicos em Israel, vários profetas se refere a eles. Ninguém ficará surpreso ao saber que a medicina da época era rudimentar e que tem muitos aspectos se aproximava mais da magia do que da ciência. Entretanto, ao que parece, os médicos judeus possuíam desde os primeiros tempos um conhecimento empírico de alguns remédios e das propriedades curativas das plantas. Encontramos muitos exemplos disto no Velho Testamento e os tratados talmúdicos igualmente transbordam de prescrições médicas; algumas são bastante engraçadas, mas outras dão a impressão de real conhecimento e experiência. O óleo de azeite era na época um medicamento de uso geral, além de ser comum e com propriedades curativas eficientes.

Não simplesmente porque o óleo tinha qualidade curativa, mas também como sinal de dependência total no Senhor. Cristo não usava óleo, em Suas curas. Longe de sustentar a extrema-unção, esta passagem trata de presbíteros (não de sacerdotes) orando para a cura do enfermo; de óleo medicinal, não um preparativo mágico para a morte. De cura e restabelecimento físico e espiritual, não salvação além do túmulo.

 

 

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  - Mc 6:13 "expeliam muitos demônios e curavam

  numerosos enfermos, ungindo-os com óleo"

   

   

  o Tg 5:14 "Está alguém entre vós

doente? Chame os

   

   

   

   

  presbíteros da igreja, e estes façam oração

sobre ele, ungindo-o com óleo, em nome do

Senhor."

5.   5.  

5.  

5. Curar os ferimentos6. O óleo era um dos medicamentos mais usados,

sendo no geral esfregado com a idéia de amaciar e acalmar, e podiam fazer uso dele até mesmo no sábado. Misturavam-se freqüentemente com o vinho e foi com esta mistura que o samaritano e o evangelho tratou as feridas do homem que

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encontrou caído na estrada de Jerico. Um outro ungüento também empregado era o mel, colocado para abrir as feridas, sendo também engolido para aliviar as inflamações da garganta, como fazemos hoje com o uso da própolis.{6}

- Is 1:6 "Desde a planta do pé até às cabeça não há nele

cousa sã, senão feridas, contusões e chagas

inflamadas, umas e outras não espremidas,

nem atadas, nem amolecidas com óleo."

- Lc 10:34 "E, chegando-se, pensou-lhe os ferimentos,

aplicando-lhes óleo e vinho; e, colocando-o

sobre o seu próprio animal, levou-o para uma

hospedaria e tratou dele."

7. "Preparar os mortos para o sepultamento

8. O embalsamento era um ato de impregnar o morto de perfumes, cujas substâncias eram capazes de o isentar de decomposição imediata.

- Mt 26:12 "pois, derramando este perfume sobre o meu

corpo, ela o fez para o meu sepultamento."

- Mc 16:1 "Passando o Sábado, Maria Madalena, Maria,

mãe de Tiago e Salomé compraram aromas

para irem embalsamá-lo."

- Lc 23:56 "Então se retiraram para preparar aromas e

bálsamos."

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9. Os judeus gostavam muito do azeite

Primeiro porque representava a saúde de uma pessoa além de suas qualificações, segundo porque servia como base para alguns alimentos tornando-os saborosos e agradáveis, terceiro representava a beleza, por isso era usado nos cuidados corporais, quarto representava a fonte de alegria e regozijo do coração e, enfim, representava a própria vida do povo.

   

   

  o Pv 27:9 "Como o óleo e o perfume

alegram o coração,

   

   

   

  Assim o amigo encontra doçura no

conselho cordial."

   

   

  o Am 6:6 "que bebeis vinho em taças, e

vos ungis com o

   

   

   

  mais excelente óleo; mas não vos afligis com a

ruína de José."

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3.   3.  

3. Era Aplicado

A unção em alguns casos tinha um significado muito profundo para o povo de Israel, quando a pessoa estava ferido, nos ferimentos era o local da unção. Porém há de se notar que o óleo representa também prosperidade, plenitude e abundância de bens. Neste caso permitiu a viúva de Serepta assar muitos bolos e outra viúva a pagar seus credores. Vejamos as principais partes do corpo humano para aplicar a unção.

Segundo GRONINGEN, no Velho Testamento o ato de ungir era praticado com quatro intenções específicas, vejamos três delas:

1º) Designar, apontar, eleger: "se alguém considera a designação, o apontamento, a eleição como pré-requisitos ou como aspectos da unção depende de quão estritamente concebe a idéia de unção. Se o termo ungir refere-se estritamente ao ato de derramar óleo, esses são pré-requisitos. Se o termo é entendido como referindo-se ao fenômeno como um todo, os atos de designação, apontamento ou eleição estão incluídos no termo ungir. Uma das afirmações mais claras no Velho Testamento, que expressa a idéia de designação, é encontrada em I Sm 16:3. Samuel foi enviado a casa de Jessé para preparar e oferecer um sacrifício e ungir um dos filhos de Jessé para ser rei." {7}

2º) Separar ou consagrar: "Davi não queria tocar no ungido do Senhor, por que o ungido deve ser considerado inviolável", por tratar-se de uma separação ordenada por Deus.

3º) Ordenar ou atribuir autoridade: "as pessoas que foram eleitas, designadas, postas a parte e consagradas foram atribuídas tarefas específicas. Este comissionamento era também parte integrante ou função distinta da unção." "A concessão de qualificações por Deus a pessoa eleita é ilustrada no caso de Saul. Quando ungido, ele tornou-se qualificado pela presença do Espírito Santo. Entretanto, quando o Espírito se retirou dele, embora ele ainda permanecesse em posição de autoridade, não mais estava qualificado, segundo as exigências do Senhor , para servi como rei." {8}

1.   1.  

1.  

1. A cabeça

O derramamento do óleo sobre a cabeça de um homem, indicava que esse homem havia sido designado pelo Senhor, para um determinado ofício que poderia ser rei, sacerdote ou profeta. Quando Samuel derramou óleo sobre a cabeça de Saul e informou-o de que o Senhor o tinha ungido rei, a primeira e principal idéia foi a de informar Saul que ele fora nomeado pelo Senhor" {9}.

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Saul quando foi ungido, tornou-se qualificado para servi como rei. Assim sucedeu com Arão e muitos dos profetas de Israel.

A medida que a revelação de Deus foi progredindo, este ato no Novo Testamento é indicado pela imposição das mãos, outorgando autoridade para ministrar, presidir, ensinar, como até hoje é realizado na ordenação e investidura de presbíteros docentes e regentes.

   

   

  o Sl 23:5 "Preparas-me uma mesa na

presença dos meus

   

   

   

  adversários, unges-me a cabeça com óleo; o

meu cálice transborda."

   

   

  o I Sm 10:1 "Tomou Samuel um vaso de

azeite, e lho

   

   

   

  derramou sobre a cabeça, e o beijou e disse:

Não te ungiu, porventura, o Senhor por

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príncipe sobre a sua herança, o povo de

Israel?"

   

   

  o Ec 9:8 "Em todo tempo sejam alvas as

tuas vestes, e

   

   

   

   

  jamais falte o óleo sobre a tua cabeça."

1.   1.  

1.  

1. Ao rosto

A unção do óleo no rosto tinha o objetivo de hidratar a sua pele protegendo-a contra o sol e o frio da palestina. Dava forças as células da face, mantendo vivas, ativas, evidencia um semblante de alegria. A unção tinha poderes emoliente, de purificação e higiênicos, não permitindo que a poeira penetrasse nos poros celulares faciais.

   

   

  o Sl 104:15 "O vinho que alegra o

coração do homem, o

   

   

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azeite que lhe da brilho ao rosto e o pão que lhe sustém as forças."

1.   1.  

1.  

1. Aos pés

O ato de ungir os pés estava relacionado com a alegria que o hospedeiro tinha de receber os pés. Era um costume bastante difundido na palestino nos tempos apostólicos. Jesus além de ser ungido nos pés, também tomando uma bacia lavou os pés dos discípulos com símbolo de unidade da Igreja e de comissionamento para a expansão do reino de Deus aqui na terra. Era o credenciamento e a investidura de autoridade.

   

   

  o Lc 7:38,39 "e, estando por detrás, aos

seus pés,

   

   

   

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chorando, regava-os com suas lágrimas e

os enxugava com os próprios cabelos; e

beijava-lhe os pés e os ungia com o

ungüento.

Ao ver isto, o fariseu que o convidara, disse

consigo mesmo: Se este fora profeta, bem

saberia quem e qual é a mulher que lhe

tocou, porque é pecadora."

   

   

  o Jo 12:3 "Então Maria, tomando uma

libra de bálsamo

   

   

   

de nardo puro, mui precioso, ungiu os pés de

Jesus e os enxugou com os seus cabelos; e

encheu-se toda a casa com o perfume do

bálsamo."

4.   4.  

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4. Unção Sagrada5. A unção sagrada estava relacionada com a eleição e a

dedicação de certa classe de pessoas para um ministério específico no povo de Israel. Era ungido com este objetivo, os profetas, sacerdotes e reis, que agindo conjuntamente governavam o povo temporal e espiritualmente, cada um com suas funções específicas apontavam para os ofícios que Jesus Cristo, o Messias, desenvolveriam na humanidade. A primeira menção da unção sagrada reporta-se a Jacó, em Betel, a partir desse episódio tornou-se parte integrante do povo da aliança. Quando os reis, sacerdotes e profetas eram ungidos com o óleo sagrado, eles eram reconhecidos pelo povo como pessoas que tinham autoridade de Deus para agir em Seu nome, a unção era o sinal da autenticação do ministério sacerdotal, profético ou real. Estes ungidos passavam a ser denominados "ungidos do Senhor", isto eqüivale dizer que o próprio Deus os ungira para o ofício pelo qual estava exercendo. Eqüivale hoje a vocação ministerial, presbiterial ou diaconal da Igreja, não que tenha a mesma relação, mas cremos hoje, que um presbítero, diácono ou pastor quando é indicado, eleito e investido pela igreja, é porque Deus de antemão já o vocacionara para aquele ofício.

1. Sua antigüidade

A coluna era um memorial do aparecimento de Deus. A libação oferecida era geralmente derramada ao Senhor. Jamais deveria ser bebida. O texto abaixo sugere-nos a pessoa de Jesus Cristo que derramou sua alma na morte, como sacrifício expiatório pelos homens. O que supõe também que Jacó aprendeu a praticar a unção com os povos do baixo vertente, nas regiões da Mesopotâmia.

   

   

  o Gn 28:18 "Tendo-se levantado Jacó,

cedo, de

   

   

   

madrugada, tomou a pedra que havia posto

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por travesseiro, e a erigiu em coluna, sobre

cujo topo entornou azeite."

   

   

  o  o Gn 35:14 "Então Jacó erigiu uma

coluna de pedra no

   

   

   

lugar onde Deus falara com ele; e derramou

sobre ela uma libação, e lhe deitou óleo."

2.   2.  

2.  

2. Pessoas que a recebiam3. Havia em Israel uma estreita relação entre os reis,

profetas e sacerdotes, quando estas três classes eram servos da aliança, e sem dúvida os três ofícios deveriam complementar-se entre si e cumprir papéis querem vigias para cada um dos outros dois. {10} Estes ofícios eram cumpridos por homens ungidos pelo Senhor.

1. Profetas

Na comunidade da aliança, o profeta é o segundo ofício a aparecer. "O ofício profético era plenamente estabelecido pelo ato da unção, como afirma o profeta Isaias (61:1-3). Não é descrito ritual da unção, mas há referência a ele e o resultado é claramente expresso nas seguintes palavras: "O Espírito do Senhor está sobre mim, porque o Senhor me ungiu."{11} Nas Escrituras Sagradas não encontramos nenhum ritual da unção, contudo ela nos mostra claramente que o ofício de profeta era conhecido e o homem que o possuía agia com autoridade e poder." {12}

 

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o I Rs 19:16 "a Jeú, filho de Ninsi, ungirás rei sobre

   

   

   

   

Israel, e também Eliseu, filho de Safate de

Abel-Meolá, ungirás profeta em teu lugar."

   

   

  o Is 61:1 "O Espírito do Senhor Deus

está sobre mim,

   

   

   

  porque o Senhor me ungiu, para pregar boas-

  novas aos quebrantados, enviou-me a curar os

quebrantados de

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coração, a proclamar

libertação aos cativos, e a pôr em liberdade os

algemados."

1.   1.  

1.   1.  

1. Sacerdotes

Moisés recebeu instruções de Deus para ungir sacerdotes. O propósito da unção era a consagração de Arão e seus filhos, de modo que eles pudessem ser reconhecidos, autorizados e qualificados para servir no sacerdócio.

Segundo Groningen o sacerdote tinha oito atividades relacionadas ao seu ofício:

"1º) O sacerdote ungido tinha de fazer expiação;

2º) Os sacerdotes tinham a obrigação de santificar o povo perante o Senhor e de manter essa santidade;

3º) Os sacerdotes tinham o dever de ouvir a confissão de fé por parte dos adoradores e de receber seus sacrifícios de ação de graças ao Senhor;

4º) Os deveres do sacerdote incluía a supervisão do tabernáculo e de seu mobiliário, sua montagem, desmontagem e remoção;

5º) Os sacerdotes representavam a obra da misericórdia; por exemplo, em casos de homicídio não intencional e do auxílio ao forasteiro;

6º) Os sacerdotes tinham os deveres específicos de instruir e supervisionar a instrução do povo de Deus;

7º) Os sacerdotes tinham de ser guardiães do Livro do Pacto e de mantê-lo acessível ao rei, de modo que este o pudesse ler regularmente; e,

8º) Os sacerdotes tinham de ouvir os casos de desavença e tomar decisões sobre eles."{13}

   

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  o Ex 40:13-15 "Vestirás a Arão das

vestes sagradas, e o

   

   

   

   

  ungirás, e a consagrarás, para que me

oficie como sacerdote.

  Também farás chegar seus fil

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hos e lhes vestirás as túnicas,

E os ungirás como ungiste a seu pa

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i, para que me oficiem como sacerdotes; sua unção lhes será por

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sacerdócio perpétuo durante as suas gerações."

   

   

  o I Rs 1:34 "Zadoque, o sacerdote, com

Natã, o profetas,

   

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  ali o ungirão rei sobre Israel; então tocareis a

trombeta, e direis: Viva o rei Salomão!

1.   1.  

1.   1.  

1. Rei

As funções específicas na unção dos reis de Israel tinha como propósito da libertação do povo, através de um governo teocrático.

As funções incluíam:

1º) O rei era ungido como libertador do povo do pacto;

2º) O rei era ungido para governar sobre a comunidade do pacto;

3º) O rei era ungido como pastor do povo de Deus...Pastorear inclui, além de guiar com mão hábil, o trabalho de buscar, alimentar, zelar, cuidar e curar." {14}

   

   

  o I Sm 9:16 "Amanhã a estas horas te

enviarei um

   

   

   

   

  homem da terra de

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Benjamim, o qual

ungirás por príncipe sobre o meu povo de

Israel, e ele livrará o meu povo da mão dos

filisteus; porque atentei para o meu povo,

pois o seu clamor chegou a mim."

2.  

2. Jesus Cristo, o Ungido de Deus

A raiz do substantivo mãsîah que tem o sentido de ungir, ungido, se refere ao Messias. Nos tempos bíblicos, a unção com óleo santo era um ato de consagração. No sentido original do termo mâsîah, traduzido no Novo Testamento como Messias, era a pessoa encarregada por Deus para cumprir a missão de reconciliação do homem com Deus, e sua unção expressava o caráter sagrado do seu ofício. A palavra Messias passou a significar o "ungido de Deus", o mensageiro do Todo-Poderoso que traria a redenção, não só para Israel (israelitas espiritual), mas também para toda a raça humana. Na plenitude dos tempos com a vinda do Cristo, o Messias, todos os homens veriam a luz de Deus e aqueles que cressem viveriam de acordo com os mandamentos de Deus. {15}

O verbo masah aparece em grande parte do Velho Testamento, mais de 34 vezes, no Pentateuco "todos os exemplos ocorrem em contexto de culto, com objetos para o culto e pessoas oficiantes recebendo o óleo da unção." {16}

A unção no Velho Testamento aponta a um aspecto de profunda significação bíblica, aponta para Cristo. Ser ungido é ser eleito, é ter uma profunda intimidade com o Senhor Deus de Israel.

Gerard Van Groningen diz que a designação ampla de masah, pode ser referenciado a um ou vários aspectos, tais como:

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"1º) As promessas de salvação;

2º) A obra a ser executada para realizar as promessas;

3º) as qualificações;

4º) os meios empregados;

5º) Os alvos estabelecidos;

6º) As pessoas necessárias, além do rei;

7º) O reino sobre o qual o Messias reina, e

8º) o resultado de seu reino" {17}

O novilho apontava para Cristo, o Cordeiro de Deus, o Ungido do Senhor, por esta razão era ungido, isto é consagrado para ofertar ao Senhor, fazendo expiação de pecado.

   

   

   

   

   

- Sl 45:7 "Amas a justiça e odeias a iniqüidade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu

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com o óleo de alegria como a nenhum dos teus companheiros."

- Is 61:1 "O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu, para pregar boas-novas aos quebrantados, enviou-me a

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curar os quebrantados de coração, a proclamar libertação aos cativos e a por em liberdade os algemados."

- Lc 4:18 "O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar aos pobres; envio

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u-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para por em liberdade os oprimidos."

"Antigamente, no Oriente Próximo, o costume de ungir pessoas ou objetos com óleo simples ou perfumado era generalizado e tinha propósitos medicinais, cosméticos e de conservação. O azeite, em especial, era freqüentemente aplicado depois do banho, nas feridas, nos cadáveres, nos cativos libertos e até mesmo nos escudos. Óleos especialmente preparados também eram usados para ungir a cabeça e os pés dos hóspedes ou das pessoas veneradas, ou simplesmente como perfumes. Sendo um sinal de alegria nestes últimos casos, figurava entre as coisas das quais os enlutados deveriam se abster.

A unção para os propósitos rotineiros mencionados acima, comum a todo o Oriente Próximo na antigüidade, adquiriu uma relevância distintivamente religiosa no Antigo Testamento. Ungir com óleo separava determinados pessoas e objetivos, dedicando-os ao serviço divino. Segundo a legislação, óleos primorosamente preparados eram usados para dedicar o tabernáculo, seus móveis e seus vasos (Ex. 30.22-33; 40:10-11), assim como os membros da classe sumo sacerdotal de Levi que deviam ali servir (Ex 28: 40-42; 29:1-46; 30.30-33). Há também referências avulsas ‘a unção dos profetas (1 Cr 19:16; Is 61:1). O maior número de referências diz respeito ‘a unção dos reis, prática essa que remonta ao começo da monarquia (1 Sm 10:1; 16:13; 1 Cr 1:39). Como "ungidos do Senhor", esses reis tinham sua sucessão garantida e eram elevados a uma posição inviolável (1 Sm 24:7; 26:9, 11, 16).

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Os hebreus esperavam, ainda, pela vinda de um rei pertencente ‘a linhagem de Davi, que seria especialmente ungido por Deus para introduzir o Seu reino, e esse personagem recebeu um nome derivado da palavra "ungir" em hebraico: o Messias. As descrições proféticas do Messias variam muito entre si na sua ênfase e no seu conteúdo. Muitas vezes retratado como um rei grande e justo, desfruta invariavelmente de um relacionamento incomparável com Deus Pai e é plenamente dotado de extraordinários dons espirituais e carismáticos. Nunca se perdeu de vista essa personagem no período intertestamentário, mas não desempenhou um papel de tanto destaque quanto em alguns dos profetas posteriores.

Todo o NT dá testemunhos do fato de Jesus de Nazaré ser aquele Messias. O termo eqüivale em grego para o "ungido" (Christos) foi aplicado a Jesus em todos os livros do NT, menos 3 João, e entre as comunidades grego-romanas, onde seu significado original provavelmente não era compreendido, perdeu rapidamente o artigo e tornou-se parte do nome de Jesus. O Evangelho de Marcos gira inteiramente em torno da revelação de que Jesus é o Messias (Mc 8:29), e Mateus estabelece o fato logo de início, nas ligações de que Jesus é a linhagem de Davi (Mt 1:16). Os apóstolos pregavam essa mesma mensagem em todo o Livro de atos (At 2:36; 4:27) e Paulo a divulgou entre os gentios. Jesus cumpriu o ofício de Messias na Sua própria pessoa, ‘as vezes aplicando a Si mesmo de profecias do AT, de modo que outros títulos ou descrições (Filho do Homem, Filho de Deus, Salvador) ultrapassaram rapidamente o conceito hebraico original de "ungido", que foi simplesmente transformado em nome, assim como no primeiro versículo de Marcos: o evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus. A partir de Bultmann, uma grande escola modernista tem procurado neste século, negar que o próprio Jesus tivesse consciência de ser o "ungido" ou Messias. Esse conceito, no entanto, baseia-se numa interpretação extremamente arbitrária dos evangelhos, algo que os críticos conservadores tem aprendido a refutar melhor em anos recentes." {18}

1.  

2. A unção na história eclesiástica da Igreja3. A unção de enfermos é um assunto que tem sido debatido ao longo da

história eclesiástica da igreja. Os cristãos não poderia deixar de sofrer impacto pela prática da unção que é tão latente nas Escrituras Sagradas. Pelo grande número de referências bíblicas, a unção não deixou de exercer grande influência no povo de Deus. Deste a época dos pais da igreja ou antes, a Igreja pratica uma unção pós batismal{19} e uma imposição de mãos{20}, com o objetivo de receberem o Dom do Espírito Santo. "Na igreja primitiva, e ainda hoje em muitas das igrejas orientais essa imposição de mãos não era claramente distinguida do batismo propriamente dito, e o rito derivou seu nome da unção ou, mais exatamente, do crisma que usava. No decorrer da Idade Média, a Igreja Ocidental ou Católica separou esse rito do batismo e o elevou ‘a categoria de sacramento de confirmação, mediante o qual, segundo ensinavam seus teólogos, uma graça aumentada e fortificante do Espírito era outorgada ‘as crianças ou aos adultos jovens’." {21}

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Uma interpretação distorcida de Mc 6:13 e da ordem contida em Tg 5:14, conduziu a igreja a uma prática que passou a ser chamada extrema unção até o Vaticano II, que reformulando o pensamento da Igreja Católica Romana, volta a ser chamado de unção de enfermos.

Desde o ano 180 ou antes, há referência avulsas a unção dos enfermos com óleo abençoado por um bispo, mas essa unção podia ser aplicada por um leito, desde que o óleo de azeite tivesse sido consagrado por um sacerdote. Na idade média, a prática da unção de enfermos vincula-se ao sacramento da penitência, também de uma exegese defeituosa de Tg 5:15-16.

A partir dos anos de 1960, com a nova cara do protestantismo brasileiro, um grupo, denominados neopentecostais do Evangelho da Cura Divina, re-introduzem no seio da igreja evangélica este prática, com a bandeira da contemporaneidade dos dons espirituais, buscando uma interpretação literal das práticas litúrgicas da Igreja Primitiva.

2.1 Os pais apostólicos

O desenvolvimento da Teologia nos primeiros séculos da era cristã foram bastantes conturbados, surgiam muitas heresias e a defesa da fé tornar-se uma prioridade urgente da Igreja Cristã. As apologias dos principais Pais Apostólicos e Pais da Igreja direcionaram basicamente a defender a fé Cristã primeiro contra os judaizantes, depois os gnósticos, arianismo, sebastianismo, monarquismo etc. Não há documentos específicos sobre a Unção com óleo e nem sobre a unção de enfermos. Não há como confirmar estes indícios, isto porque entre os Escritos de Tiago (+45 d.c.) até Hipólico de Roma (+200 d.c) não existe nenhum pronunciamento a respeito da Unção de Enfermos.

2.1.1 Justino de Roma, nascido provavelmente no ano 100 d.c., sua conversão ao cristianismo ocorreu por volta do ano 132 d.c., nasceu em Samaria, porém não tendo origem judaica.

Justino defendia a tese de que todo tipo de unção praticado ou ministrado no Velho Testamento apontavam para Cristo, e que em Cristo as unções cessaram. No "Diálogo com Trifão", Justino diz que "Tendo Jacó derramado óleo no mesmo lugar, o próprio Deus que lhe aparecera dá testemunho de Ter sido para ele que ungiu ali a pedra. Também já demonstramos, com várias passagens das Escrituras, que Cristo é chamado simbolicamente "pedra" e que também a ele se refere toda unção, seja de azeite, seja de mirra ou qualquer outro composto de bálsamo, pois assim diz a palavra: "Por isso, o teu Deus te ungiu, o teu Deus, com óleo de alegria, de preferência aos teus companheiros". É assim que dele participaram os reis e ungidos, todos os que são chamados reis e ungidos, da mesma maneira como ele próprio recebeu de seu Pai o fato de ser Rei, Cristo, Sacerdote." {22}

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É digno de consideração a teologia de Justino, primeiro pelo fato de estar muito próximo dos apóstolos, a tradição, a vida, a liturgia e os costumes apostólicos eram recentes, e as mudanças seriam mínimas. Apologista da Igreja, Justino procura retratar nas duas apologias e no "Dialogo com Trifão" a verdadeira interpretação das Escrituras Sagradas.

O Rabino Henry Sobel afirma que "a palavra "Messias" vem do hebraico Mashiach, que significa "ungido". Nos tempos bíblicos, a unção com óleo santo era um ato de consagração. No sentido original do termo, o "messias" era a pessoa encarregada por Deus para cumprir uma missão especial, e sua unção expressava o caráter sagrado do seu cargo.

Com o passar do tempo, firmou-se entre os judeus a idéia profética de que Deus faria uma intervenção dramática na história em prol dos seus eleitos, por intermédio de um descendente do Rei David, que libertaria o povo judeu do cativeiro e o restabeleceria na Terra de Israel. A palavra Mashiach passou então a significar "o ungido de Deus", o mensageiro do Todo-Poderoso que traria a redenção, não só para os israelitas, mas sim para toda a raça humana. Com a vinda do Messias, todos os homens enxergariam uma nova luz e passariam a viver de acordo com os Ensinamentos Divinos. Cessariam então a discórdia e a guerra, e a humanidade entraria numa nova era de paz universal." {23}

Justino não consegue entender a razão de ungir os enfermos para que os mesmos sejam curados, isto porque no seu entender a cura não esta propriamente na unção, porque estas já cessaram, mas na oração pela fé. O óleo restringia apenas as funções terapêuticas, medicamentosa.

2.1.2 Hipólito de Roma, nascido provavelmente nos meados do 2º século, teria incluído na litúrgia da Igreja a prática da unção. Sendo um grande pensador e erudito de sua época, transmitiu seus conhecimentos sem a preocupação com as fontes de consulta. Tem-se conhecimento que ele mesmo afirmou ser discípulo de Ireneu (+ 150 d.c.), porém não pudemos subtrair qualquer envolvimento de ensino-aprendizagem entre Irineu e Hipólito, contudo foram contemporâneos.

A mais importante obra teológica de Hipólito é a "Tradição Apostólica", o mais antigo documento litúrgico que possuímos, tem sido a base da Igreja Católica Romana para consubstanciar a doutrina sacramental da "Extrema-Unção" e também a base neopentecostal para a confirmação que a Igreja Cristã pós-apostólica praticava a "Unção de Enfermos":

"Se alguém oferecer azeite, consagre-o como se consagrou o pão e o vinho, não com as mesmas palavras, mas com o mesmo Espírito. Dê graças, dizendo: "Assim como por este óleo santificado ungiste reis, sacerdotes e profetas, concede também, ó Deus, a santidade àqueles que com ele são ungidos e aos que o recebem, proporcionando consolo aos que o experimentam e saúde aos que dele necessitam."{24}

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Seria forçarmos muito afirmar que Hipólito ordene a Unção de Enfermos. O que entende-se deste conceito litúrgico acima não ser uma prática constante da Igreja, mas com certeza existiam algumas pessoas que fazia uso do óleo. Hipólito associa o "Óleo Consagrado" a Eucaristia. "O mesmo Espírito" , qual espírito? Não o Espírito Santo e ao Espírito de Jesus Cristo, mas ao espírito do sacramento. Assim como o pão e o vinho são sinais, segundo Hipólito do Corpo e do Sangue de Cristo, a unção com óleo de azeite teria o mesmo sinal ao moribundo, isto é, o perdão dos pecados e a salvação. Aqui está bem claro a primeira evidência do sacramento da Extrema-Unção. O sacrifício de Cristo com a unção de enfermos se equiparam, "proporcionando consolo aos que o experimentam e saúde aos que deles necessitam".

Hipólito distancia muito das idéias de Ireneu, que além da Ceia e do Batismo, cria na penitência. A luz de Tiago 5:14 também não pode haver ligação com o sacramento da extrema-unção, isto, porque, a extrema-unção é ministrada àquele que está a beira da morte e o texto Bíblico visa a restauração da saúde do enfermo.

Hipólito não é criterioso nas suas abluções, vejamos:

"Do mesmo modo, se alguém oferecer queijo e azeitonas, diga: "Abençoa este leite coalhado, unindo-nos à tua caridade. Concede, ainda, que este fruto da oliveira não se afaste da tua doçura por ser um exemplo da abundância que tiraste da árvore para a vida dos que em ti esperam". E, a cada bênção, diga: "Gloria a ti, ao Pai, ao Filho e com o Espírito Santo na Santa Igreja, agora e pelos séculos dos séculos. Amém". {25}

Do mesmo modo, como a oferta do azeite, as azeitonas e o queijo ("leite coalhado") conclui que Hipólito não está pensado na eficácia da unção, mas no bem estar do doente, do mesmo modo como acudisse o doente ungindo suas feridas, aliviando sua dor, acalmando o aflito, do mesmo modo o queijo e azeitonas são sinais de caridade (Veja o Bom Samaritano), de generosidade, de ajuda, de estender a mão.

A "Tradição Apostólica" de Hipólito informa-nos que na ministração dos sacramentos (Batismo e Eucaristia) usa-se também a unção com óleo, por exemplo vejamos o ritual do batismo:

"Ao cantar do galo, rezar-se-á, primeiramente, sobre a água. Deve ser água corrente, na fonte ou caindo do alto, exceto em caso de necessidade; se a dificuldade persistir ou se tratar de caso de urgência, deve-se usar a água que encontrar. Os batizados se despirão e serão batizadas, primeiro, as crianças. Todos os que puderem falar por si próprios, falem; contudo, os pais ou alguém da família falem por aqueles que não puderem falar por si mesmos. Depois batizem-se os homens e, por último, as mulheres (que deverão estar de cabelos soltos e sem os enfeites de ouro e prata que levaram). Ninguém deve descer às águas portando objetos estranhos. No instante previsto para o batismo, o bispo renderá graças sobre o óleo que será posto em um vaso e será chamado de óleo de ação de graças. Tomará também um outro óleo que exorcizará e será denominado de óleo de exorcismo. Então o diácono trará o óleo de exorcismo e ficará à esquerda do presbítero; outro diácono pegará o óleo de ação de graças e ficará à direita do presbítero. Acolhendo cada um dos que recebem o batismo, manda renunciar, dizendo: "Renuncia a ti, Satanás, a todo teu serviço e a todas as tuas obras". Terminada a renúncia de cada um, ungirá com o óleo de exorcismo, dizendo-

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lhe: "Afaste-se de ti todo espírito impuro". E irá entregá-lo nu ao bispo ou ao presbítero que está junto da água, batizando. O diácono também descerá com ele e, ao chegar à água aquele que será batizado, aquele que batiza lhe dirá, impondo-lhe as mãos sobre ele: "Crês em Deus Pai Todo-Poderoso?". E aquele que é batizado responda: "Creio". Imediatamente, com a mão pousada sobre a sua cabeça, batize-o uma vez, dizendo a seguir: "Crês em Jesus Cristo, Filho de Deus, nascido do Espírito Santo e da Virgem Maria, que foi crucificado sob Pôncio Pilatos, morrendo e sendo sepultado e, vivo, ressurgiu dos mortos no terceiro dia, subindo aos céus e sentando-se à direita do Pai, donde julgará os vivos e os mortos?". Quando responder: "Creio", será batizado pela segunda vez. E dirá mais uma vez: "Crês no Espírito Santo, na Santa Igreja e na ressurreição da carne?". Responderá o que está sendo batizado: "Creio", e será batizado pela terceira vez. Depois de subir da água, será ungido com o óleo santificado pelo presbítero, que dirá: "Unjo-te com o óleo santo em nome de Jesus Cristo". Após isto, cada um se enxugará e se vestirá, entrando, a seguir, na igreja." {27} (as partes de negrito são grifos meus).

Estas práticas aqui utilizadas por Hipólito de Roma, não condiz com a vida da Igreja em nenhuma época e em nenhuma parte do mundo:

1º) Todos os batizados deveriam ser despidos;

2º) Primeiro eram batizados as crianças, os homens e as mulheres, todos nus;

3º) As mulheres não poderiam usar nenhum enfeite nos cabelos ou no corpo;

4º) O diácono conduzirá o vaso do óleo de ação de graças e ficará a direita do presbítero;

5º) Um outro diácono conduzirá o vaso do óleo do exorcismo e ficará a esquerda do presbítero;

6º) Depois do batismo, o batizado será ungido com o óleo santificado pelo presbítero, que dirá: : "Unjo-te com o óleo santo em nome de Jesus Cristo"{28}

7º) Cada um se enxugará e se vestirá, entrando, a seguir, na igreja.

Porque será que de toda esta prática litúrgica ensinada por Hipólito, só ficou a unção de enfermos? Qual será a razão da Igreja contemporânea só adotar a unção de enfermos?

Andando a passos largos, na "Confirmação", que segundo Martorelli Dantas eqüivale a nossa Profissão de Fé, Hipólito utiliza-se de outro sinal acompanhando a unção com óleo, o conhecido sinal da cruz:

"Derramará o óleo santo nas mãos e dirá, colocando as mãos sobre a sua cabeça: "Eu te unjo com o óleo santo, no Senhor Pai Todo-Poderoso e em Jesus Cristo e no Espírito Santo". Marcando-o na fronte com o sinal da cruz, oferecer-lhe-á o ósculo, dizendo: "O Senhor esteja contigo". O que foi marcado responderá: "E com o teu Espírito". Assim deve proceder com cada um. Em seguida, rezarão com todo o povo,

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não podendo rezar com os fiéis enquanto não atingirem tudo isso. Após a oração, oferecerão o ósculo da paz." {29}

A proposta dos bens simbólicos da unção utilizados por Hipólito é bem diversificado, existindo vários tipos de óleos para unção, a semelhança com a Igreja Universal do Reino de Deus é mera coincidência:

1º) Óleo consagrado;

2º) Óleo de exorcismo;

3º) Óleo de ações de graças;

4º) Óleo santo;

5º) Óleo santificado.

Concluindo, afirmo que Hipólito de Roma, não é o paradigma ideal para a prática contemporânea da Unção de Enfermos e outros tipos de unção com óleo.

2.1.3 Orígenes (+185-255), desenvolve o mesmo pensamento de Justino, o Mártir. As unções do Velho Testamento era o pronunciamento do Ungido de Deus, o príncipe a quem se referem todas as promessas de Deus. {30}

Com relação a unção com óleo, Orígenes afirma que alguns Cristãos (neste caso Celso) querem curar as suas feridas por meio da palavra divina e verter sua alma inflamada por seus vícios e pecados, rejeitando os remédios dessa mesma palavra (confissão de pecados e perdão), a maneira do azeite e vinho e outros emolientes, e demais ajudas médicas que aliviam a alma. {31} Hoje em dia a medicina nos apresente inúmeros recursos curativos, além do azeite, vinho, aos quais podemos recorrer, contudo não esquecendo da dependência de Deus, através de uma vida de oração.

Este é o ensinamento de Orígenes, que muitos querem ser curados, querem ser aliviados, mas não querem deixar os seus pecados. Portanto também na Teologia de Orígenes não existe espaço para a Unção de Enfermos, esta prática já cessou. O azeite e outros emolientes são importantes do ponto de vista medicamentoso e associado a dependência de Deus pela oração, se for para a Sua glória Deus restabelecerá o enfermo.

2.1.4 Inocêncio I, foi eleito papa nos tempos dos imperadores Arcadio e Honório. No seu pontificado aumentaram consideravelmente as heresias. Restabeleceu a paz na Espanha e enviou ao arcebisbo de Roma uma carta que é um resumo da disciplina romana (404 d.c.). Condenou e excomungou os perseguidores de João Crisóstomo.

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Condenou as heresias de Pelagio e escreveu a pedido de Agostinho três cartas contra a heresia pelagiana.

Na sua Carta Encíclica de 19 Mar 416, responde a uma consulta proferida pelo bispo de Gubbio, Bispo Decentius, "sobre quem deveria ministrar a unção de enfermos". Depois de citar a Epístola de Tiago 5:14, o Papa declara que os "fiéis enfermos podem ser ungidos com o santo óleo...que feito (confectus) pelo Bispo, não só aos sacerdotes, mas a todos os cristãos é lícito usar para ungir-se em sua própria necessidade e na dos outros". {32}

Inocêncio I, não discute a essência da Unção de Enfermos, por já ser um sacramento temporal da Igreja, a dúvida agora paira sobre quem deve ministrar o sacramento. Por se tratar de um sacramento temporal e não ordenado pelo Senhor Jesus Cristo, o papa declara que os "fiéis enfermos podem ser ungidos com o santo óleo" porque qualquer cristão, inclusive, o enfermo poderia ungir-a-si–mesmo. O papa porém esclarece em primeiro lugar que este Unção não pode ser administrada aos penitentes públicos, nos cultos públicos, em reuniões populares. Em segundo lugar o óleo santo para ser santo tem de ser consagrado pelo bispo (sacerdote) e em terceiro lugar, deve ser ministrado somente aos fiéis.

2.  

3. A idade média

Na idade média a luta entre o poder temporal com o poder espiritual, trouxe grandes conseqüências para a teologia da igreja. As interpretações exegéticas e hermenêuticas das Escrituras Sagradas visavam unicamente autenticar os atos do clero. É neste período que desenvolve o misticismo mágico-religioso da igreja. Não podemos ser injustos com aqueles que se levantaram contra a igreja, desejosos de moralizá-la. A unção com óleo é pouco debatido na igreja, isto é causado pela falta de princípios litúrgicos, e porque a prática já tornara-se um sacramento, o sacramento da extrema-unção

2.2.1 Gelasiano, fez um decreto, que tem trazido muitas controvérsias da sua integridade e veracidade. Neste decreto, conhecido como "Decreto Gelasiano", existe um pequeno tratado de teologia, principalmente com respeito a listas de livros sagrados das Escrituras. A sua veracidade é questionada, pois se desconhece o autor desta lista. Como uma das partes do capítulo chama "Decreto Gelasiano", supõe que foi Gelasiano I o seu autor (496 d.c.), há outras referências de sua autoria como se fosse do papa Ormisdas (523 d.c.), há considerado também que este é um documento formal, indiretamente atribuído a um papa. A opinião atual, afirma trata-se de um documento do 4º século, e este, podia Ter sido compilado nos finais do Séc V e início do Séc VI, por um clérico da Gália. {33}

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Particularmente julgo que se trata de um documento do papa Gelasiano e este faz referência a unção de enfermos nas suas orações: "A todos que se unem, o

bebem, o usam, lhes traga a proteção do corpo." {34}

 

 

2.   2.  

2.  

3. Cesário de Arles, faz várias referências a unção de enfermos nos seus sermões (503-504).

4.  5.  

No sermão 13 ele escreve: "Todas as vezes que sobreviver uma enfermidade qualquer, o doente deve receber o corpo e o sangue de Cristo: humilde e fielmente peça-lhe o óleo bento pelos sacerdotes, e, a seguir, unja o seu corpo para que aquilo que está escrito se realize nele".

No Sermão 184, suplica "as mães que não levem seus filhos aos "medicamentos diabólicos", argumentando: "Quanto mais justo e razoável seria recorrer a igreja, receber o corpo e o sangue de Cristo, ungir com fé, seja o próprio corpo ou o dos seus, com o óleo bento." {35}

2.2.3 Elói, de Noyon, bispo, (+ 620 d.c.) reafirma as suplicas de Cesário de Arles, em recorrer a igreja em vez de consultas ou medicamentos mágicos: "Todas as vezes que aparecer uma enfermidade qualquer, não se consulte nem com oragos, nem adivinhos, nem feiticeiros ou charlatães e não se coloquem filactérios diabólicos nas fontes, nas árvores ou nas encruzilhadas, que o enfermo deposite toda a sua confiança somente na misericórdia divina, recebe com fé e devoção a Eucaristia do corpo e sangue de Cristo e seja fiel em pedir a Igreja o óleo bento, com o que ungirá seu corpo em nome de Cristo." {36}

4.   4.  

4.  

5. Beda, o venerável (+ 720 d.c.) comentando Tiago 5:14, argumenta que os apóstolos praticavam a Unção de Enfermos, conforme se lê no Evangelho, creio que ele falava sobre Mc 6:13; e que a igreja de sua época praticando os ensinamentos apostólicos ordena que os enfermos sejam ungidos pelos sacerdotes com o óleo da unção (óleo consagrado) e curados pelas orações daqueles que acompanham o sacerdote. Aqui há uma novidade na evolução do sacramento da Unção de

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Enfermos. Primeiro, a unção passa a ser um oficio particular do sacerdote. Segundo, as orações são realizados por aqueles que acompanham o sacerdotes. Este cerimonial dá a idéia da procissão.

6. São Beda, no final de sua vida (735 d.c.) recorre aos ensinos de Inocêncio I, permitindo todos os cristãos a utilizar o óleo bento, fazendo unção quanto a sua doença ou a dos seus os impele. Mas somente era permitido aos bispos a benção desse óleo, isto é, a consagração.

O dispõe a teológica de São Beda, precisamos considerar alguns pontos para chegamos a uma conclusão fidedigna da prática da Unção de Enfermos, vejamos:

1º) naquela época se pensava que a virtude da Unção estava no óleo consagrado pelo bispo, o óleo bento;

2º) A Unção de Enfermos pertencia a categoria dos sacramentos permanentes, assim como a Ceia do Senhor e o Batismo;

3º) A Igreja cria que assim como Ceia do Senhor o ministro propriamente dito é o sacerdote que consagra o pão, o que batiza é o mesmo que também o que consagra o óleo para a Unção de Enfermos, e estes elementos depois de consagrado pelo ministro são repassados aos presbíteros para ministrá-los, toda a força da bênção do óleo está no pastor, isto é, no sacerdote;

4º) Assim como o pão consagrado para a Ceia do Senhor já tem em si a força do sacramento, também o óleo bento consagrado pelo bispo tem a mesma força e o mesmo poder.{38}

7. Na reforma carolíngia, o bispo e o presbítero assume oficialmente todo o ofício de ministrar a unção, desde a consagração a sua administração. É um ofício exclusivo do sacerdote (bispo e presbítero), dá-se uma função mais espiritual, mais mística e de dominação.

8.  

9. Bonifácio (+ 900 d.c) a Unção de Enfermos passou a ser chamada de extrema-unção. Segundo a Statuta Bonifaci, do início deste século, os sacerdotes em suas viagens devem sempre levar consigo a Eucaristia e o Santo Óleo; é lhes proibido sob pena de deposição confiar aos leigos o Óleo Santo. A vigilância sobre o uso do Óleo Santo tornou-se intensa e a disciplina era muito rígida. Bonifácio deseja reprimir o uso e o abuso do Óleo Santo

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uma vez que a sua aplicação estava muito difundida em sua época. {39}

Muda-se toda a concepção de sacramento:

1º) De Unção de Enfermos passou a ser unção de moribundos (extrema-unção);

2º) De consagração do óleo passou a ser administração da unção;

3º) De sacramento com efeito corporais passou a ser sacramento com efeitos espirituais;

4º) De sacramento autônomo passou a estar unido a penitência;

5º) A teologia escolástica do século XIII já herdara uma situação de fato: o ministro da Unção é o sacerdote, o mesmo da penitência.

A questão da Unção de Enfermos já não será mais discutida, cabendo aos Reformadores (Lutero e Calvino) pronunciarem-se contra a "extrema-unção", na defesa dos verdadeiros sacramentos da igreja.

3.   3.  

4. Os reformadores5. Os alvos dos reformadores (Lutero e Calvino) era descrito em

termos de contraste com o catolicismo medieval que estava degenerado. Colocavam a fé apostólica e dos pais primitivos como retorno a verdadeira interpretação das Escrituras Sagradas. Contrapõe todos os abusos papais, principalmente os teológicos e práticos. Essas práticas foram a base das indulgências contra as quais Lutero dirigiu suas Noventa e Cinco Teses.

O rompimento com a Igreja Católica Romana, os reformadores traçam novas interpretações das Escrituras Sagradas e da Administração da Igreja, na verdade essas novas práticas eram a verdadeira interpretação das Escrituras Sagradas. O novo lá existia, porém havia sido corrompido pela Igreja.

Os reformadores não tem por objetivo fazer uma apologia sobre a Unção de Enfermo. A questão entra no contexto teológico dos reformadores, por se tratar de um dos sete sacramentos da Igreja. A unção de Enfermo (extrema unção) era um desses sete sacramentos.

No decorrer da Idade Média, a Igreja Católica separou esse rito da unção de enfermos e o elevou a categoria de sacramento da extrema-unção, mediante o qual, segundo ensinavam seus teólogos, era ministrados aos fiéis da igreja que estavam moribundo, isto é, a espera da morte.

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Lutero e Calvino são unânimes em afirmar que esta prática da igreja era uma falsa interpretação de Tiago 5:14 e Mc 6:13. "Em seu livro Sobre o Cativeiro Babilônico da Igreja (1520), Lutero rompeu com o sistema sacramental da Igreja Romana. Dos sete sacramentos tradicionais, Lutero reteve apenas dois como sendo sacramentos genuínos, o batismo e a ceia do Senhor. (De início Lutero também considerava a penitência como sacramento). Em sua estimativa, apenas estes são sinais instituídos por Deus que acompanham a promessa da graça. O que há de fundamental num sacramento é a palavra da promessa unida ao sinal. Lutero rejeitou a idéia que o sacramento é eficaz por si mesmo (o conceito ex opere operato). O que é eficaz nos sacramentos é a Palavra Divina, e não a ação humana como tal. Com isto, toda a base do culto sacramental romano, inclusive sua reserva da hóstia, as missas pelos mortos e outras missas privadas foram postas de lado." {40}

De igual modo Calvino diz que basta no momente Ter a certeza que a unção de enfermos não é sacramento e também não é uma cerimônia que Deus instituiu, como também não é nenhuma promessa de Deus. Isto porque quando eximos qualquer coisa de Deus, no caso a unção de enfermos como um ritual sacramental exigimos que a cerimônia seje instituida por Deus, e que tenha anexada a ela a promessa de Deus. Se existe uma promessa anexada a prática da unção de enfermos, exigimos de Deus que esta cerimônia seja para nõs e que a promessa nos pertence.

Se tomarmos por exemplo a circuncisão e perguntarmos: porque os cristãos não se circundam? Você irá responder com toda certeza que esta era um cerimônial para os Judeus e não para a Igreja Neotestamentária. Portanto nada nos objete de dizer que a circunsição é um sacramento da igreja por haver sido um cerimonial estabelecido por Deus e que leva anexo uma promessa. Não nos pertence a promessa. E qual a promessa que existe na unção? E o que a promessa tem a ver conosco. A cerimonia no se deve tomar sinal daqueles que atem a graça de conferir a saúde, e não destes verdugos, que mais pode matar do que dar a vida. {41}

Para Lutero a prática da unção de enfermo na Igreja já cessou, veja só as suas palavras ao fazer a exposição de Tiago 5:14: "Por isso sou de opinião que essa unção é a mesma da qual se escreve, em Mc 6:13, a respeito dos apóstolos: ‘E ungiam com óleo a muitos enfermos, e saravam.’ Trata-se, pois, de um certo rito da Igreja primitiva, pelo qual faziam milagres entre os enfermos. Já desapareceu há muito." {42}

Calvino não aceita a contemporaneidade da prática da unção de enfermos, assegurando que esta prática já cessou na igreja, como também, todas as virtudes e os demais milagres que foi

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operado pelas mãos dos apóstolos, a razão é que este dom (unção de enfermos) era temporal. {43}

Os reformadores rejeitaram a unção de enfermos tanto na prática como na teologia, por não encontrarem base bíblica, teológica e nem histórica que comprovasse a sua contemporaneidade. A unção de enfermo hoje é vista como algo que diz respeito especialmente associada a cura divina.

6. A Contra-reforma

O Concílio de Trento retoma novamente a questão da unção de enfermos. Trento defende-se contra as negações protestantes de Calvino e Lutero com respeito a ordenação jurídica e litúrgica da Igreja de seu tempo. O Concílio de Trento ensina que "a igreja teve em todo o tempo o poder de, ao administrar os sacramentos, determinar e mudar, salvando sempre a sua substância, o que julgar conveniente, a utilidade dos que os recebem, a veneração dos mesmos sacramentos, conforme a variedade dos tempos e lugares." {44}

O Concílio de Trento re-afirma a posição da igreja medieval, porém com mais ênfase, na instituição da unção dos enfermos:

a.  b. como uma sagrada unção;c.  d. como verdadeira prática da igreja;e.  f. como um sacramento propriamente dito da nova lei (Novo Testamento)g.  h. Insinuado a verdade por Cristo, nosso Senhor, segundo o Evangelista

Marcos;i.  j. Recomendado e intimado aos fieis por Tiago, o apóstolo, irmão do

Senhor.´ {45}

O Concílio de Trento entende e afirma que a unção representa com muita propriedade a graça do Espírito Santo, que invisivelmente unge a alma do enfermo, por esta ração denomina-se "Santa Unção". Os ministros próprios da unção de enfermos são os presbíteros da igreja. Declara também que a unção deve ser administrado aos enfermos, principalmente aos que estão em perigo de morte. Afirma ainda que na ordenação do sacramento por Tiago, está incluso que a unção é o ofício dos homens, ou um rito recebido, porém não foi Deus quem mandou, nem inclui em si a promessa de conferir graça, como não deve ser aplicado àqueles que asseguram que já havia cessado, dando a entender que só se deve referir a graça de curar as enfermidade. {46}

3.   3.  

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4. A unção no movimento pentecostal e neopentecostal

5. A unção de enfermos no movimento pentecostal atual está associado ao movimento da cura divina, que a partir da década de cinqüenta tornou difusa e confusa. Antes dos anos 50 era perfeitamente identificáveis as marcas do movimento pentecostal clássico (Assembléia de Deus, Congregação Cristã do Brasil, O Brasil para Cristo), que tinha como marca principal o Batismo com o Espírito Santo e a glossolalia. "A instituição e burocratização do carisma vai aos poucos substituindo a magia individual. " {47} A prática pentecostal de abençoar o azeite e utilizá-lo na cura de enfermos, transmite um poder mágico, conferindo ao pastor, presbítero ou missionário a característica de mediador entre Deus e os homens, isto porque, o obreiro tornar-se o canal de ligação do céu com a terra.

No campo religioso o neopentecostalismo também é conhecido como o pentecostalismo de cura divina, que se caracteriza mais por uma instituição autônoma, com características empresariais de prestação de serviços e de bens simbólicos de consumo religioso. Os serviços são oferecidos mediante uma recompensa pecuniária, utilizando modernos sistemas de administração e marketing religioso. "A cura divina no movimento é prudente e procura reaver aspectos bíblicos da intervenção sobrenatural na vida dos indivíduos, assim como ser discreta no uso simbólico dos gestos da imposição das mãos e da unção com óleo." {48} Além da oração forte, a unção com óleo tem o poder mágico de sarar imediatamente a dor de cabeça, o câncer, a dor na perna, o desemprego, o desajuste financeiro, etc. Neste caso entrariam em atuação o poder autônomo dos sacerdotes, que com grande notoriedade prestariam eficazmente os seus serviços.

Por crerem que vivem em constantes contato com anjos, demônios e espíritos de enfermidades, os líderes neopentecostais executam uma função de intermediadores entre Deus e a doenças, sendo capacitados pelo Espírito Santo para expulsar todo o espírito de enfermidade, de sofrimento, de angustia, de separação, de ódio, etc., criando uma verdadeira hierarquia cósmica de anjos, inclusive estes missionários conhecem os espíritos imundos pelos próprios nomes.

Segundo Mendonça, as doenças do corpo são resultantes do pecado e da submissão humana aos poderes demoníacos, o exorcismo e a cura pela unção com óleo são expressões de recuperação da ordem do mundo, mas visam somente os indivíduos, nunca se pensa em estruturas sociais do pecado. A visão do mundo é dualista, que sempre estão em conflito em o bem e o mal, pode-se ilustrar este dualismo no seguinte gráfico:

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VISÃO DO MUNDO

BEM MAL

(ordem de Deus) (ordem de Satanás)

pecado, sofrimento e perda

da alma pela possessão demoníaca

perdição

conversão, salvação

vida melhor,

paz, superação do

sofrimento,

vida feliz no milênio" {49}

6. O Concílio Vaticano II

No Vaticano II, o sacramento da extrema-unção sofre algumas modificações, com objetivos de quebrar o sacramentalismo da Igreja Católica Romana, numa proposta ecumênica do Concílio Mundial de Igrejas. O sacramento da extrema unção passa a ser chamado a partir daqui, simplesmente de unção de enfermos. Afirma o Concílio: "o sacramento da unção de enfermos tem por fim conferir uma graça especial ao cristão que experimenta as dificuldades inerentes ao estado de enfermidade grave." {50}

O ritual litúrgico consiste na unção do enfermo pela frente (testa) e nas mãos, no ritual romano e em outras partes do corpo, no ritual oriental, acompanhada da oração litúrgica do sacerdote celebrante que pede a graça especial deste sacramento.

 

Esta graça especial tem como efeito:

"1º) A unção do enfermo a paz de Cristo, para seu bem e de toda a Igreja;

2º) O consolo, a paz e o ânimo para suportar cristianamente os sofrimentos da enfermidade;

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3º) O perdão{51} dos pecados se o enfermo não pode obtê-lo pelo sacramento da penitência;

4º) O restabelecimento da saúde corporal, se convier a saúde espiritual;

5º) Preparação para a vida eterna."

O Concílio Vaticano II, não mudou praticamente nada com relação a unção de enfermos, aplicou sim, uma dose homeopática para que o movimento carismático católico pudesse identificar-se mais com os movimentos pentecostais e neopentecostais brasileiros.

2.  

3. Razões porque os reformadores não ungiram

O sacerdotalismo romano conduziu a igreja ao sacramentalismo, alterando a simplicidade do culto e modificando a doutrina bíblica da justificação e da graça. Ao longo da história eclesiástica apareceram os sintomas de todo o sistema sacramental, os quais durante a Idade Média receberam forma definida e dogmática.

No latim a palavra sacramento tem dois sentidos, primeiro da separação de uma coisa com um fim específico e depois tinha o sentido de juramento de lealdade e obediência que o soldado fazia ao imperador ao ingressar no exército. Só no século III com Tertuliano aparece a primeira evidência de chamar sacramentos os ritos cristãos do batismo e da Ceia do Senhor.

Os reformadores tinha a nítida compreensão das Escrituras Sagradas dos sacramentos instituídos pelo Senhor Jesus Cristo, a Ceia e o batismo. Também eram conscientes de que os sacramentos são meios de graça.

Rejeitando os outros sacramentos da igreja, e entendendo que a unção de enfermos e a unção da confirmação (crisma) cessaram na igreja, descartam qualquer possibilidade de uso dos mesmos.

Calvino e Lutero são unânimes em afirmar que o azeite era um ungüento utilizado na Igreja Primitiva com fins medicamentosos que associados a oração dos presbíteros, teria muito efeito.

Porque os reformadores não faziam unção de enfermos?

1º) Por que essa graça já havia cessado na igreja;

2º) Por que o princípio gerador da cura em Tg 5:14 é a fé do doente e as orações dos líderes da igreja;

3º) Por que confundir com os sacramentos católicos da extrema-unção e da confirmação, que vem associado a penitência. Longe de sustentar a extrema-unção, a passagem de Tiago 5:14 trata de presbíteros (não de sacerdotes) orando para a cura do enfermo; de óleo medicinal, não um preparativo mágico

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para a morte. De cura e restabelecimento físico e espiritual, não salvação além do túmulo.

4º) Por que a unção Veterotestamentária apontava para o Messias, o Ungido de Deus, cumprindo em Cristo a unção oficiais de sacerdote, profeta e rei;

5º) Por que no processo evolutivo da revelação de Deus, o óleo da unção aponta para o ministério do Espírito Santo, Àquele que unge, isto é, separa, capacita, credencia o cristão a fazer a obra de Deus. Os que são ungidos com o Espírito Santo não necessita de nenhum outro tipo de unção;

6º) Por que Cristo mesmo instituiu a Ceia e o batismo, que é a comunhão com Cristo e o selo do Espírito Santo;

7º) Por que o óleo não somente tinha qualidade curativa, mas era um sinal visível de dependência total no Senhor.

1.   1.  

2. Exposição de Tiago 5:14 por Lutero3. Na exegese de Tiago 5:14, Lutero diz que os teólogos Católicos

ao longo da história eclesiástica da igreja, fiz, fizeram dois acréscimos, dignos de uma exposição falsa e preconceituosa, primeiro denominam a unção de enfermos de sacramento e depois a denominam de extremo. Lutero diz que os teólogos católicos argumentam que segundo o testemunho do apóstolo Tiago, há aqui dois elementos: uma promessa e um sinal. A promessa da remissão de pecados e o sinal do óleo." {53}

Lutero descarta a possibilidade de Tiago Ter instituído um sacramento, pois isto não seria lícito de sua parte, quanto mais estabelecer uma promessa divina juntamente com o sinal da unção. Não nega que existe uma promessa, a qual julga-se belo, "o mais bonito, porém, é que a promessa do apóstolo diz expressamente: "A oração de fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará", etc. (Tg 5.15) Vê, aqui o apóstolo ordena ungir e orar para que o enfermo sare e melhore, isso é, para que não morra e para que não seja a extrema unção." {54} E bom notar que se fosse sacramento, e como sacramento deve ter um sinal, um sinal que seja eficaz aquilo que significa a promessa. Lutero diz que se Tiago 5:15 promete saúde ao enfermo, como manifesta expressamente a palavra do apóstolo, e, se todos sarasse, não haveria mais morte na terra.

Ao instituir o sacramento da unção de enfermos, Tiago deve ter contradito a si mesmo, segundo Lutero. "Para não instituir um sacramento, instituiu-o. Pois eles querem que a unção seja a última para que não seja verdade que por meio dela o enfermo sare, ainda que assim o tenha estabelecido o apóstolo. Se isso não é loucura, que é loucura então?" {55}

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Lutero se irrita, com a interpretação de Tiago 5:14 e Mc 6:13, pronunciada pelos teólogos da Igreja Católica, veja como ele se expressa até um pouco rancoroso:

"Com eles acontece o que diz o apóstolo em I Tm 1:7: "Querendo ser doutores da lei, sem entender nem o que falam nem o que afirmam." Assim lêem todos os escritos e seguem-nos sem juízo. Com a mesma negligência fundamentaram a confissão auricular na palavra do apóstolo que diz: "Confessai vossos pecados uns aos outros." (Tg 5:16). Mas eles não observam o que o apóstolo prescreve? Mandar os presbíteros da igreja para orar sobre o enfermo. Mal se envia agora um sacerdotezinho, enquanto o apóstolo quer que haja muitos, não por causa da unção, mas por causa da oração. Por isso diz: "A oração de fé salvará o enfermo", etc. (Tg 5:15)." {56}

Seguinte o curso da exposição bíblica, Lutero lança mão do texto correspondente a Tg 5:14, fundamentando a tese de que esta prática já desapareceu na igreja. Não nega a sua existência, nem a sua validade medicamentosa. Foram importantes no tempo e na medida certa, para que se cumprisse o propósito de Deus na Igreja.

"Por isso sou de opinião que essa unção é a mesma da qual se escreve, em Mc 6:13, a respeito dos apóstolos: "E ungiam com óleo a muitos enfermos, e saravam." Trata-se, pois, de um certo rito da Igreja Primitiva, pelo qual faziam milagres entre os enfermos. Já desapareceu há muito. Assim também no último capítulo de Marcos, Cristo concede aos crentes "que peguem as serpentes e ponham as mãos sobre os enfermos", etc. (Mc 16:18). É estranho que dessas palavras não tenham feito outros sacramentos, pois são parecidas em poder e promessa com as afirmações de Tiago. Portanto, essa extrema, isto é, inventada unção não é sacramento, mas conselho de Tiago, que pode ser usado por quem o quiser usar. Foi tomado do Evangelho de Marcos 6:13, como disse. Não creio que tenha sido dado a qualquer enfermo, já que a enfermidade é glória da Igreja, e a morte, lucro. É somente para aqueles que sofrem a enfermidade com maior impaciência e fé rude. Esses foram deixados pelo Senhor para que neles aparecessem os milagres e o poder da fé.´ {57}

Lutero enfatiza que Tiago ao ordenar a unção de enfermo, agiu com muita cautela para não atribuir a promessa de saúde e remissão de pecados à unção. A unção em si mesmo não possui nenhuma virtude que a possa considerar, e não pode ser um sinal externo da cura, porque nem todos que são ungidos, são curados, é diferente do batismo e Ceia do Senhor. A questão se envolver na oração de fé. Oração de fé não é oração forte, como se vê no mercado religioso, mas é a oração dos presbíteros,

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homens experientes e fieis a Deus. Tiago aqui, convoca os líderes da igreja para interceder pelos enfermos.

"E foi justamente isso que Tiago previu com cautela e deliberadamente quando não atribuiu a promessa de saúde e de remissão de pecados à unção, mas à oração de fé. Pois diz assim: "E a oração de fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará; e, se estiver em pecados, ser-lhe-ão perdoados." (Tg 5.15) Porque o sacramento não exige a oração, ou a fé do ministro, pois também o ímpio batiza e consagra sem oração. Baseia-se apenas na promessa e instituição de Deus, exigindo fé de quem o recebe. Entretanto, onde está a oração de fé no hodierno uso da Extrema-Unção? Quem ora sobre o enfermo com tal fé que não duvida que este se restabelecerá? Pois é tal oração de fé que Tiago descreve aqui, da qual também havia dito no princípio: "Peça, porém, com fé, em nada duvidando."(Tg 1:6) E Cristo: "Tudo quando pedirdes, crede que o recebereis, e assim vos sucederá." (Mc 11:24). ´ {58}

4. Exposição de Tiago 5:14 por Calvino

Ao argumentar contra a Unção de Enfermos (extrema-unção), Calvino é enfático, categórico, não está sujeito a trocas, é peremptório, definitivo. A sua luta não é contra somente os poderes espirituais e temporais constituídos de sua época, trata-se da defesa do cristianismo, de retornar ao início de tudo, de voltar as origens do Evangelho, aos ensinamentos apostólicos. A sua luta se prima por uma luta em defesa dos princípios teológicos bíblicos.

A exposição de Tiago 5:14 tem em Calvino a dimensão da esperança, enraíza-se na concreta teologia, no espírito de responsabilidade perante a comunidade e na aspiração genuína pela evolução do pensamento teológico e da dimensão global do ser humano, em ser mais consciente, a fim de lidar com certas situações e evitar as conseqüências de opressão e sofrimentos causados pelas decisões erradas da Igreja.

E na exposição de Tiago que Calvino rejeita categoricamente a Unção de Enfermos, "porque no presente há cessado aquela graça, a graça de sarar enfermos, como também aos demais milagres que o Senhor quis prolongar durante algum tempo para confirmação da pregação do Evangelho, lá era novo, admirável para sempre. Assim pois, quando admitimos que aquela unção foi sacramento das virtudes que por mãos dos apóstolos, então se dispensaram, nada nos dará virtudes no presente, já que não nos é concedida a administração das virtudes" {59}

Com isto Calvino conserva apenas dois dos sete sacramentos existente na Igreja, a Ceia do Senhor e o Batismo, por entender que estes são os verdadeiros sacramentos ordenados pelo Senhor Jesus Cristo e ministrados pela Igreja Primitiva.

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Retomando a discussão do sacramento da extrema-unção, Calvino afirma que é fruto da falsa interpretação de Tiago 5:14 e Mc 6:13. A unção de acordo com o pensamento teológico Romano é da mesma classe do sacramento de imposição de mãos (Confirmação e Crisma), isto porque se cria e como em alguns grupos religiosos brasileiros se crê também que o sacerdote ao impor aos mãos transmitia certas virtudes. Suas mãos eram energizadas com o poder espiritual, e, de igual modo a unção era revestida de virtudes apostólicas (Tradição da Igreja/Tradição apostólica) e de poder espiritual. Calvino diz que estas práticas "não somente é uma farsa, com que pretende hipocritamente, contra a razão e seu proveito algum, imitar os apóstolo". {56} Marcos 6:13 registra que "os apóstolos, a primeira vez que foram enviados – conforme o Senhor tinha mandado, ressuscitaram mortos, expulsaram demônios, curaram leprosos, sararam enfermos, e ainda, que quando curavam os enfermos usavam e aplicavam azeite: ‘Ungiam com azeite a muitos enfermos e os saravam’. Jesus neste texto nos ensina que uma das características da vinda do reino seria esses sinais e maravilhas operados por Ele e pelos apóstolos.

Os que consideram a grande liberdade que o Senhor e seus apóstolos usaram nestas coisas externas, facilmente verificaram que em tais cerimonias não existia nenhum mistério oculto e mais profundo. Jesus Cristo quando quis dar vista ao cego, fez barro com pó e saliva (Jo 9:6). A outros curou com contato (Mt 9:29); a outros com a palavra (Lc 18:42). Da mesma maneira, os apóstolos curou a uns somente com a palavra, a outros, tocando-lhes, a outros com a unção (At 3:6; 5:14-15: 19:12). {57}

Diante da pergunta: Porque me dirão que os apóstolos no usaram temerariamente esta unção, igual que todas as demais coisas. Ao responde-la Calvino afirma:

1º) que os apóstolos não usaram da unção como instrumento ou meio de saúde, mas somente como sinal com a qual a gente sensível e ignorante compreendesse de onde procedia tal virtude, por medo de transmitir a glória aos apóstolos;

2º) É coisa corrente e familiar nas Escrituras que o azeite signifique o Espírito Santo e seus dons;

3º) No presente há cessado aquela graça de sarar os enfermos, como também os demais milagres." {58}

Calvino é um pouco irônica em algumas afirmações, como por exemplo: "e que maior razão existe para que haja esta unção, um sacramento com preferência ao dos demais sinais e símbolos dos que já se mencionam nas Escrituras? Porque não utilizarmos alguma piscina de Siloé, na qual se banhem os enfermos em certos tempos do ano (Jo. 9:7)? Estes dizem: seria inútil. Certamente. Por mais que sua unção. Porque no se inclinam sobre os mortos, posto que Paulo ressuscitou um jovem morto inclinando-se sobre ele (At 20:10,12)? Porque no fazem um sacramento de lodo composto de pó e saliva? Todos esses exemplos, dizem: foram particulares, mas este da unção foi ordenado por Tiago. É verdade. Pois Tiago falava para o tempo em que a igreja

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gozava desta benção que temos mencionado." {59}Os que aceitam e praticam a unção de enfermos querem fazer-me crer que sua unção tem a mesma força que tinha nos tempos apostólicos, pois nos experimentamos o contrario, pensava Calvino.

É dura a advertência de Calvino aos adeptos da Unção de Enfermos, percebe-se como ele se expressa numa exortação firme para que ninguém se maravilhe ter enganado enganando as almas que vem andando ignorantes e cegas, afastando-as da Palavra de Deus, que é vida e luz das mesmas. Estes sacerdotes não tem escrúpulo de induzir ao erro os sentimentos e os sentidos do corpo. Eles se acham dignos julgando Ter em suas mãos a graça da saúde. Nosso Senhor Jesus Cristo certamente assiste em todo o tempo os seus filhos e lhes socorre nas suas enfermidades, nem mais nem menos que nos tempos passados. Por esta demonstração, as virtudes e os demais milagres que foram operadas pelas mãos dos apóstolos constitui a razão de que este dom era temporal e também porque foi perecido pela ingratidão dos homens. {60}

A pergunta agora é: Onde se demonstra que Tiago afirma ser conveniente a nosso tempo a Unção de Enfermos? Esta muito longe de ser certo, responde Calvino. Tiago disse que os anciãos façam a unção do enfermo. Quando Tiago manda simplesmente ungir os enfermos com azeite. Entendo que se trate de azeite comum, não azeite consagrado pelo pastor. E, quando o enfermo havia sido ungido com azeite e havia orado por ele, se está em pecado, será perdoado. Não entende Tiago que os pecados serão perdoados pela unção, mas sim pelas orações dos fieis com que o irmão afligido é colocado diante de Deus. A cura e o perdão não está no poder da unção, mas sim nas orações dos fiéis presbíteros da igreja.

Expondo o pensamento de Calvino, com referência a Unção de Enfermos chego a seguinte conclusão:

1º) Para Calvino esta prática já cessou na Igreja;

2º) A unção aponta para a Obra e os dons do Espírito Santo; se vivemos hoje no desenvolvimento ministerial do Espírito Santo, com certeza, não sentido a prática da unção de Enfermos ou qualquer outro tipo de unção;

3º) Calvino dá a entender que a questão fica aberta, nas seguintes condições:

a.  b. Se alguém deseja praticar a unção, deve optar pela simplicidade;c.  d. O óleo da unção deverá ser o azeite comum; não existindo nenhum

cerimonial de consagração do óleo;e.  f. A unção não tem efeito das virtudes espirituais apostólicas;g.  h. A unção não é canal de bênçãos para o crente; canal de bênção seria a

doutrina Bíblica, as orações (intercessão dos Santos) e a comunhão;i.  

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j. A unção não é privativa do pastor da igreja;k.  l. A unção não tem efeito de sacramento;m.  n. A unção não perdoa pecados;o.  p. A unção não é sinal de cura;q.  r. A unção não tem poderes mágicos-religiosos;s.  t. Não deve ser praticada indiscriminadamente, e, nem adicionando outros

sinais, tais como o sinal da cruz..

 

2.  

3. Considerações atuais da unção4. As situações que vem passando o povo brasileiro, devido as

conjunturais políticas/econômicas/sociais tem dificultados muitos em adquirir remédios e ir ao médico, por causa das filas, o custo elevado das consultas e dos medicamentos. Não havendo recursos, o povo busca praticar uma medicina popular, principalmente nas consultas com curandeiros, as concepções mágicos-religiosas, os líderes carismáticos muitas vezes são solicitados a realizar curas além de sua competência religiosa. "Os evangelistas da cura divina, ou os missionários neopentecostais, crêem viver em contato permanente com anjos e demônios, com o Espírito Santo e os espíritos das enfermidades. Dizem alguns que experimentam choques elétricos nas mãos quando estão orando pelos enfermos. Outros dizem que têm auréolas em torno da cabeça quando se lhes tiram fotos. Em outros ainda, aparecem sinais nas mãos quando estão orando. Quando não acontece a cura, eles apresentam pelo menos dez causas, dentre elas a falta de fé do enfermo." {61}

A unção tem papel importantíssimo no simbolismo religioso atual, tornou-se um material fundamental no combate as doenças do corpo e da alma, é o símbolo do socorro divino, somente aqueles que foram ungidos com o óleo consagrado, terão a capacidade de vencer a doença, a falta de emprego, a pobreza, a discriminação social e uma infinidade de males e moléstias demoníacas.

Tudo é ungido, a rosa é ungida, o barbante é ungido. O barbante é interessante. A IURD oferece um barbante de dez centímetros no máximo, este barbante após ser ungido com óleo de azeite e dado ao povo, geralmente pobre e ignorante, a cada dia a pessoa faz uma prece e dá um nó no barbante, após sete dias, ela traz o barbante para a igreja com um real amarrado ao barbante. O sal distribuído é ungido, fotos são ungidas, roupas, água, e por fim a própria pessoa é ungida. Na hora da unção da pessoa, se alguém estiver endemoniado, logo se manifesta. É evidenciado um dualismo teológico entre o bem e o mal, com as

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mesmas características da heresia de Maniquel, o maniqueísmo. De todas as orações realizadas uma é maior de todas, conhecida como a oração forte. "A voz de comando e a "oração forte" do exorcismo tem como chave a visão maniqueísta do mundo em que os demônios do mal são responsáveis por todos os tipos de males principalmente os de ordem emocional e moral. É o princípio da desordem contra o da ordem. No segundo caso, isto é, o de instrumentos materiais de eficácia simbólica, visa-se mais os males do corpo. Coisas sagradas, como o óleo e a água, constantes da tradição bíblica, são os mais usados. Mas, o elenco de coisas sagradas tem sido desenvolvido com objetos como medalhas, fitas, chaves e, às vezes, a própria Bíblia, esta no lugar da cruz da tradição católica popular. É necessário notar que nada dessas coisas a não ser a Bíblia, tem eficácia se não forem consagradas por quem tem autoridade, isto é, pastores, bispos, etc. Há visível recuperação das práticas do poder mágico sacerdotal. Os mágicos credenciados pelo sindicato são investidos também no "munus" sacerdotal." { 62}

Nos meios pentecostais e neopentecostais há uma interpretação literal das Escrituras Sagradas, que muitas vezes a hermenêutica é distorcida com o objetivo de confirmar aquilo que o líder da igreja quer ensinar, aliás da Bíblia ensina-se pouco, o discurso é centralizado na palavra da fé. "Se Jesus curou no sem tempo, cura hoje também. Basta ter fé. É comum, entre os carismáticos, além da oração da fé para a cura, a unção com óleo (Tg 5:14). A diferença entre os carismáticos e as empresas de cura divina é que, em lugar do mágico-sacerdote, figura o mágico autônomo, isto é, qualquer crente com fé poderosa que ganha, às vezes, grande notoriedade pela eficácia, dos seus serviços. O fundamento teológico é o "sacerdócio universal dos crentes". É por isso que os carismáticos evitem a institucionalização. Neste caso, entrariam em cena os mágicos-sacerdotais e a conseqüente perda de parcela do poder autônomo. Forma, no máximo, comunidades alternativas em que as lideranças são o mais possível informais e sujeitas à rotatividade." {63}

É deste lamaçal que alguns líderes da Igreja Presbiteriana do Brasil procuram de alguma forma autenticarem como homens espirituais, deixando de lado a teologia séria e uma hermenêutica verdadeira das Escrituras Sagradas, ingerindo-se numa exegese literal e tendenciosa, a fim de comprovarem os seus pontos de vistas, que muitas vezes são ocasionados pelos problemas emocionais e espirituais enfrentados no ministério da Palavra de Deus. Estão inconformados com sua própria frieza espiritual, descambando para um outro extremo como solução última de vigor espiritual. Como são tolos, enganando a si mesmo, vivendo de uma fachada, como "sepulcros caiados".

3.   1.  

2. Exposição de Tiago 5:14

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3. Um dos temas centrais da Epístola de Tiago é a oração. Tiago tinha o exemplo de Jesus, homem de oração, e de como Deus operava com grande obra em resposta as orações dos fiéis. Com certeza Tiago também era homem de oração, isto é evidente, pelas muitas exortações que faz aos seus leitores que dediquem a oração. "As informações daquela época que nos chegam falam de Tiago como um homem dedicado à oração. Testemunhas de sua vida disseram que seus joelhos se calejaram pelos longos períodos dobrados em oração. Não é de se estranhar, portanto que os limites do seu livro sejam a oração." {65}

Para introduzir na unção de enfermos, Tiago aborda três classes de pessoas que estão vivendo alguma circunstância gerada na própria vida, o sofredor, o contente (feliz) e o doente. "Está alguém sofrendo? Está alguém alegre? Está alguém enfermo? A resposta a estas três perguntas é uma só: ore, faça oração. Porém uma característica fica evidente, aquele que sofre pode e deve orar, igualmente aquele que está alegre, pode e deve orar, mas ao enfermo, deve chamar alguém para orar por ele, neste caso, são os presbíteros que deverão orar pelos enfermos. Estas circunstâncias são o extremo da vida, o sofrimento e a doença. A recomendação de Tiago é orar, a fim de conduzir a aflição a Deus, isto é, os momentos de angustias e aflições deverão nos impulsionar a estar mais perto do Senhor e não nos afastar dEle. Também nos momentos de alegrias devem ser dedicados a louvar ao Senhor com cânticos de gratidão.

Tiago ao ordenar que chame os presbíteros para orar pelo enfermo acrescenta a expressão "ungindo-o com óleo", o que significa essa unção? A essa pergunta temos duas respostas: a primeira é uma resposta negativa, aquilo que Tiago não ordenou, não escreveu, não insinuou, ei-las:

1º) Forma inicial do sacramento da unção de enfermos, conforme é afirmado pelo Concílio de Trento, na dogmatização do Sacramento da extrema-unção;

2º) Ritual religioso do Velho Testamento;

3º) Um óleo santo, ou bento;

4º) Uma fórmula litúrgica para a Igreja;

5º) Sinal da cruz acoplado a unção;

6º) Sinal mágico-religioso;

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7º) Perdão de pecados através da unção;

8º) Referência simbólica do Espírito Santo. "Vê-lo como símbolo do Espírito Santo é agredir o estilo de Tiago, que é direto, simples e sem simbolismo. É ver no óleo uma "unção espiritual" é incidir no mesmo equívoco, além de tornar truncado o sentido do texto." {66}

A segunda é uma resposta positiva, isto é o que seria a unção de enfermos para a igreja na visão de Tiago:

1º) Ação terapêutica medicamentosa do óleo para alívio do enfermo, "escritores como Filo e Plínio registraram ser o óleo um excelente remédio, principalmente contra febres. Conforme Galeno, médico grego que morreu em Roma e autor de importantes descobertas em anatomia, além de produtor de vários tratados médicos, o óleo era o melhor remédio para combater a paralisia (provavelmente massagens com óleo)"; {67}

2º) A eficácia da oração, o poder não está no óleo, mas na oração dos líderes da igreja, "a oração da fé salvará o doente", Tiago utiliza dois elementos (mito) que bem conhecidos por todos para combater as enfermidades: o remédio (óleo) e a oração. É excluída qualquer idéia de um óleo virtuoso, mágico ou poderoso. Segundo Tiago não é no óleo que reside o poder, mas sim na oração.

3º) A dependência de Deus;

4º) O texto não trata de morte, como a Igreja Católica Romana presume, trata-se de vida "a oração da fé salvará o doente";

Segundo Brunotte a unção de enfermos com azeite não era somente característica de Israel e nem da Igreja Primitiva, mas em outras partes do mundo antigo. Na igreja Primitiva as curas levadas a efeito pelos discípulos ou pelos presbíteros da igreja algumas vezes foram acompanhadas pela unção, ocorrendo isto no contexto da pregação e da oração. Mais tarde a cura associada a unção, veio a ser vista como um sinal visível do começo do reino de Deus.

Qualquer entendimento semi-mágico da unção, no entanto, é firmemente refreado, especialmente em Tg 5:13 pela importância atribuída à oração que o acompanha. {68}

4. O mito e o rito

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É necessário deixar bem claro, nesta tentativa de conceituar o mito, que o mesmo não tem aqui a conotação usual de fábula, lenda, invenção, ficção, mas a acepção que lhe atribuíam e ainda atribuem as sociedades, onde mito é o relato de um acontecimento ocorrido no tempo primordial, mediante a intervenção de poderes sobrenaturais. Em outros termos, mito, é o relato de uma história verdadeira, ocorrida em tempos passados, mediante a interferência de poderes sobrenaturais, uma realidade passou a existir, seja uma realidade total, ou um fragmento, no nosso caso específico a unção de enfermos. Mito é, pois, a narrativa de uma criação: conta-nos de que modo algo, que não era, começou a ser.

"Quando a unção com azeite é feita aos doentes (Mc 6:13; Tg 5:14), isto faz lembrar a unção dos enfermos em outras partes do mundo antigo. Há a possibilidade de que atribui-se alguma propriedade medicinal ‘a unção do NT, mas não se ressalta esta parte. É provável que passagens tais como Mc 6:13 e Tg 5:14 tenham seu pano de fundo, pelo contrário, na prática do exorcismo. Unir é um ato simbólico através do qual os demônios são expulsos. As curas levadas a efeito pelos discípulos ou pelos presbíteros da igreja foram acompanhadas pela unção, ocorrendo no contexto da pregação e da oração. A cura, e, portanto, a unção também, veio a ser vista como um sinal visível do começo do reino de Deus. Qualquer entendimento semi-mágico da unção, no entanto, é firmemente refreado, especialmente em Tg 5:13 pela importância atribuída à oração que o acompanha." {69}

O mito da unção de enfermos é sempre uma representação coletiva, transmitida através de várias gerações e que relata uma prática que se tornou comum na sociedade. Mito é por conseguinte, a palavra "revelada", o dito. E, desse modo, se a unção de enfermo pode se exprimir ao nível da linguagem, "ela é, antes de tudo, uma palavra que circunscreve e fixa um acontecimento". "A unção é sentida e vivida antes de ser inteligida e formulada. Mito da unção de enfermo é a palavra, a imagem, o gesto, que circunscreve o acontecimento no coração do homem, emotivo como uma criança, antes de fixar-se como narrativa".

A ritualização dos efeitos da unção de enfermos como prática litúrgica da Igreja Católica Romana especifica muito bem esta característica do mito e do rito, vejamos:

a.  b. "dom especial do Espírito Santo: a graça do perdão, do conforto, da paz

e da coragem, força diante da enfermidade, confiança em Deus;c.  d. participação na ação salvífica de Jesus na cruz;e.  f. graça eclesial da comunhão dos santos. Por este sacramento, a Igreja é

santificada na pessoa do enfermo;g.  h. sentido pascal da morte. A doença nos lembra a nossa fragilidade e a

certeza da morte. A unção dos enfermos nos dá a dimensão pascal da dor e da morte e renova em nós a certeza da ressurreição. {70}

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A unção de enfermo expressa o mundo e a realidade humana, mas cuja essência é efetivamente uma representação coletiva, que chegou até nós através de várias gerações, confirmada escrituristicamente em Mc 6:13 e Tg 5:14. E, na medida em que pretende explicar a complexidade do real, a unção não pode ser lógico: ao revés, é ilógico e irracional. Abre-se como uma janela a todos os ventos; presta-se a todas as interpretações. Decifrar a unção de enfermos é, pois, decifrar-se.

É bem verdade que a sociedade contemporânea usa o mito como expressão de fantasia, de mentiras, daí mitomania, mas não é este o sentido que lhe atribuímos. Apresentamos o mito da unção de enfermos como uma forma substituível de uma verdade. Uma verdade que esconde outra verdade. É que poucos se dão ao trabalho de verificar a verdade que existe na ordem apostólica de Tiago, buscando apenas a ilusão que o mesmo contém. Quando as pessoas procuram adquirir certos bens simbólicos em certas igrejas evangélicas, esses bens são carregados de mitos, como por exemplo: rosa ungida, água fruidificada, óleo santificado, lenço energizado por pastores, etc. Pela própria ignorância, como diz Calvino, muitos vêem no mito tão-somente os significantes, isto é, a parte concreta do símbolo. É mister ir além das aparências e buscar-lhe os significados, a parte abstrata, o sentido profundo.

Talvez se pudesse definir mito, dentro do conceito de Carl Gustav Jung, como a conscientização de arquétipos do inconsciente coletivo, quer dizer, um elo entre o consciente e o inconsciente coletivo, bem como as formas através das quais o inconsciente se manifesta.

Compreende-se por inconsciente coletivo a herança das vivências das gerações anteriores. Desse modo, o inconsciente coletivo expressaria a identidade de todos os homens, seja qual for a época e o lugar onde tenham vivido.

Arquétipo, do grego "arkhétypos", etimologicamente, significa modelo primitivo, idéias inatas. Como conteúdo do inconsciente coletivo foi empregado pela primeira vez por Yung. No mito, esses conteúdos remontam a uma tradição, cuja idade é impossível determinar. Pertencem a um mundo do passado, cujas exigências espirituais são semelhantes às que se observam entre culturas primitivas ainda existentes.

A palavra textual de Jung ilustra melhor o que expôs: "Os conteúdos do inconsciente pessoal são aquisições da existência individual, ao passo que os conteúdos do inconsciente coletivo são arquétipos que existem sempre a priori.

Embora se tenha que admitir a importância da tradição e da dispersão por migrações, casos há e muito numerosos em que essas imagens pressupõem uma camada psíquica coletiva: é o inconsciente coletivo.

Mas, como este não é verbal, quer dizer, não podendo o inconsciente se manifestar de forma conceitual, verbal, ele o faz através de símbolos. Atente-se para a etimologia de símbolo, do grego "sýmbolon", do verbo "symbállein", "lançar com", arremessar ao mesmo tempo, "com-jogar". De início, símbolo era

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um sinal de reconhecimento: um objeto dividido em duas partes, cujo ajuste e confronto permitiam aos portadores de cada uma das partes se reconhecerem.

No intuito de instituir a unção de enfermos como um sacramento permanente, a Igreja Católica Romana utiliza-se do símbolo, no caso o óleo santo ou óleo da unção, dividindo o ritual em duas partes, a saber:

"1º) um signo exterior da graça: óleo (matéria: oração dos presbíteros (forma);

2º) Efeito interior da graça expressado no perdão dos pecados;

3º) A instituição por Cristo: "em nome do Senhor" por encargo e autoridade do Senhor." {71}

Neste caso o símbolo é, pois, a expressão de um conceito de eqüivalência. Assim, para se atingir a justificativa da unção de enfermos, que se expressa por símbolos, é preciso fazer uma eqüivalência, uma "con-jugação", uma "re-união", porque, se o signo é sempre menor do que o conceito que representa, o símbolo representa sempre mais do que seu significado evidente e imediato.

Em síntese, os mitos são a linguagem imagística dos princípios. "Traduzem" a origem de uma instituição, de um hábito, a lógica de uma gesta, a economia de um encontro.

Quanto à religião, do latim "religione", a palavra possivelmente se prende ao verbo "religare", ação de ligar.

Religião pode, assim, ser definida como o conjunto das atitudes e atos pelos quais o homem se prende, se liga ao divino ou manifesta sua dependência em relação a seres invisíveis tidos como sobrenaturais. Tomando-se o vocábulo num sentido mais estrito, pode-se dizer que a religião para os antigos é a reatualização e a ritualização do mito. O rito possui, "o poder de suscitar ou, ao menos, de reafirmar o mito".

Através do rito, isto é, da forma ritual litúrgica, o homem se incorpora ao mito, beneficiando-se de todas as forças e energias que jorraram nas origens. A ação ritual realiza no imediato uma transcendência vivida. A unção de enfermos, nesse caso, "o sentido de uma ação essencial e primordial através da referência que se estabelece do profano ao sagrado". Em resumo: a ritualização litúrgica da unção de enfermos é a pràxis do mito da unção. É o mito em ação. A unção de enfermo é rememorada, o rito é comemorado na forma litúrgica da Igreja.

Rememorando os mitos, reatualizando-os, renovando-os por meio de certos rituais, o homem torna-se apto a repetir o que os apóstolos fizeram "nas origens", porque conhecer os mitos é aprender o segredo da origem das coisas. "E o rito pelo qual se exprime (o mito) reatualiza aquilo que é ritualizado: re-criação, queda, redenção". E conhecer a origem das coisas - de um objeto, de um nome, de uma planta - "eqüivale a adquirir sobre as mesmas um poder mágico, graças ao qual é possível dominá-las, multiplicá-las ou

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reproduzí-las à vontade". Esse retorno às origens, por meio do rito, é de suma importância, porque "voltar às origens é readquirir as forças que jorraram nessas mesmas origens".

Além do mais, o rito, reiterando o mito, aponta o caminho, oferece um modelo exemplar, colocando o homem na contemporaneidade do sagrado, tudo que não possui um modelo exemplar é vazio de sentido, isto é, carece de realidade".

O rito, que é o aspecto litúrgico do mito, transforma a palavra em verbo, sem o que ela é apenas lenda, "legenda", o que deve ser lido e não mais proferido.

À idéia de reiteração prende-se a idéia de tempo. O mundo é religiosamente acessível e reatualizável, exatamente porque o homem das culturas antigas não aceita a irreversibilidade do tempo: o rito abole o tempo profano, cronológico, é linear e, por isso mesmo, irreversível (pode-se "comemorar" uma data histórica, mas não fazê-la voltar no tempo), o tempo mítico, ritualizado, é circular, voltando sempre sobre si mesmo. É precisamente essa reversibilidade que liberta o homem do peso do tempo morto, dando-lhe a segurança de que ele é capaz de abolir o passado, de recomeçar sua vida e recriar seu mundo. O profano é tempo da vida; o sagrado, o "tempo" da eternidade.

A unção de enfermos, embora rejeitada no mundo moderno, pelos calvinistas-puritanos, ainda está viva e atuante nas igrejas pentecostais e neopentecostais. "O mito da unção de enfermos, quando estudado ao vivo, não é uma explicação destinada a satisfazer a uma curiosidade científica, mas uma narrativa que faz reviver uma realidade primeva, que satisfaz as profundas necessidades religiosas do místico, aspirações morais, a pressões e a imperativos de ordem social e mesmo a exigências práticas.

Na Igreja Primitivas, o mito desempenha uma função indispensável: ele exprime, exalta e codifica a crença; salvaguarda e impõe os princípios morais; garante a eficácia do ritual e oferece regras práticas para a orientação do homem. O mito é um ingrediente vital da civilização humana; longe de ser uma fabulação vã, ele é, ao contrário, uma realidade viva, à qual se recorre incessantemente; não é, absolutamente, uma teoria abstrata ou uma fantasia artística, mas uma verdadeira codificação litúrgica da Igreja Primitiva e da sabedoria prática".

 

3.   3.  

4. Ações e reações: Estudo de caso da IPB

Percebe-se com clara evidência, desde o início do movimento presbiteriano brasileiro, o surgimento de vários problemas que caracteriza a insatisfação de alguns com o modelo adotado pela Igreja Presbiteriana do Brasil. Tais insatisfações são a causa do surgimento de novas formas eclesiológicas que caracterizarão a divisão da igreja-mãe e várias outras denominações

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presbiterianas e não presbiterianas, como também essa nova eclesiologia colaboraram para o surgimento de algumas seitas neo-pentecostais.

Com relação ao pentecostalismo e neopentecostalismo tem surgido ações e reações, e consequentemente resistências pôr parte daqueles que enraizaram-se na história da Igreja Presbiteriana do Brasil.

Desde 1879, quando surgiu a primeira divisão na Igreja Presbiteriana do Brasil, denominado pôr Émile Leórnard e outros autores como o Iluminismo Brasileiro, movimento espiritualista com características visionárias carismática e revelativas surgido na Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro, apesar da não existência ainda do movimento pentecostalismo, já podemos observar as manifestações religiosas desse movimento de santidade, sendo esta a herança do movimento pentecostal brasileiro na sua originalidade, pois nada mais é, a respostas aos grandes avivamentos do século passado ocorrido nos Estados Unidos. Até o surgimento da Igreja Presbiteriana Unida, foram historiadas oficialmente sete divisões da Igreja Presbiteriana do Brasil, isto sem relatarmos as divisões locais, que acresceria este número consideravelmente.

As mudanças surgidas na Igreja Presbiteriana, tem caráter mais político-institucional e litúrgico do que espiritual. Isto é bem evidente no contexto das discussões em torno da unção de enfermos, motivado pela matéria apresentada na reunião do Supremo Concílio de 1998, em Brasília, que em certo sentido proporcionaria as mudanças de várias áreas da Igreja, que representaria mais os anseios dos neo-pentecostais não somente no critério idealista, mas também da praxidade. Na verdade, o modelo apresentado hoje pela IPB reflete dois tipos de igrejas: a igreja que somos e a igreja que queremos.

Estas discussões trazem-me a memória dos debates proporcionado pela Associação de Pastores Presbiterianos do Recife, realizado nas instalações da Telebrás, no dia 05 de agosto de 1995, colhemos depoimentos importantes a respeito das mudanças propostas pelo anteprojeto constitucional da IPB.

Falando sobre o projeto constitucional o Rev. Arival Dias Cassimiro, {72} afirmou que não existe hoje espaço para uma reforma da Constituição, as emendas a Constituição atual seria o caminho ideal para a Igreja. Os Presbitérios teriam condições de elaborarem suas propostas e os Sínodos abririam as discussões em um trabalho conjunto, chegando pôr certo a um denominador comum e de interesse para todos.

Arival crê que do jeito como foram conduzidas as reuniões é inviável o anteprojeto, e, pois surge o grande questionamento da capacidade dos constituintes, que geralmente são escolhidos, aliás, são laçados e investidos de autoridade para tomarem decisões em favor de uma grande maioria da igreja e que quase sempre não estão habilitados para desenvolver uma função tão difícil e complicada de discutir. Arival sente-se insatisfeito tanto com a situação presente como a futura. Ele crê que alguma coisa tem de ser feita, precisa-se mudar alguma coisa na constituição, e isso através de emendas. Questões

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como maçonaria, onde a Igreja pede uma solução, e até o momento não existe nada de concreto a não as resoluções conciliares de 1903, 1906 e 1932.

Para Arival a própria reunião do Supremo Concílio de 1994 foi só culto... A questão da diaconisa precisa ter um documento, não podemos chegar na Constituinte com 800 delegados, cada um com uma posição e discutir o assunto.

Para Arival, a Reforma da constituição, deveria ser mais uma aproximação aos princípios da Igreja, conforme o pensamento de Calvino. A Igreja Presbiteriana está promovendo congressos para 1.500 pessoas, porém sem discutir os problemas essenciais da Igreja. Ou cria uma Igreja nova, criando uma igreja nova, também muda-se os princípios da igreja, nisto a igreja nova caracterizaria em uma outra igreja. Reformando a constituição, também levaria a igreja atual a uma mudança teológica, principalmente na ordenação de mulheres para o presbiterato e o diaconato, ferindo um princípio doutrinário da IPB.

Para Arival, vê-se hoje claramente uma instituição sindicalista na Igreja, onde presbíteros são representes de uma determinada facção da Igreja. O problema da Igreja hoje é caracterizado mais pôr um problema de caráter, os problemas de constituição é um problema de princípios humanos que são trazidos para a Igreja pelos pastores.

Arival diz: " não sou fechado para o novo, mas que esse novo, seja novo".

Segundo o Rev. Martorelli Dantas{73}, Arival parte de três pressupostos equivocados:

  1º) Da incompetência no momento de produzir um documento tão

extenso que reflita os princípios reformados quanto a constituição de 1950;

  2 º) Todo documento oficial é produzido dentro de um conceito espiritual,

político, histórico e social. De 1950 até hoje houve uma transformação de grandes proporções no mundo, portando não podemos negar a possibilidade da igreja produzir um documento contextualizado;

  3º) há também a omissão baseada apenas em temores em que algo não

desejável aconteça. Podemos cair na sacralização da Constituição de 1950, que seria mais uma dogmática Católica do que Presbiteriana.

Segundo o Rev. Cilas Cunha Menezes{74}, "como estão caminhando as coisas, não teremos constituinte, porque existe um grupo contrário. Poderíamos aqui no nordeste, elaborarmos um documento, pois todo mundo quer emendas, mas em São Paulo, existe um grande número da igreja contrário a constituinte. Podemos sair daqui, não a favor e nem contra, mas com alguns princípios com relação a constituição. Poderemos articular a

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possibilidade dos presbitérios não votar a favor da constituinte, mas pelo menos articular a partir das emendas constitucionais."

Todas estas discussões que envolve a Igreja Presbiteriana do Brasil na atualidade, refletem as características de mudanças que a igreja vem sofrendo em toda a sua história. A Igreja Presbiteriana do Brasil tem perdido a sua identidade, segundo Éber Ferreira "as Igrejas Presbiterianas Brasileiras estão perdendo a memória. As comemorações denominacionais são melancólicas na maioria das igrejas, porque as mesmas não sabem ligar seu passado com o momento em que vivem. Os ‘mitos fundadores’ vão desaparecendo, em função de um exagerado presentismo. Tal situação se encaixa na perspectiva de um tempo onde tudo rapidamente se torna descartável". {75}

O homem presbiteriano não compreendeu ainda que a igreja é uma comunidade e não um indivíduo, pois como comunidade temos a verdadeira arma que superaria as relações de dominação do mais forte para o mais fraco, do senhor sobre os escravos, dos presbíteros sobre os membros, do mais rico sobre o mais pobre, porque a individualidade na igreja gera a escravidão, "pôr um lado exigem uma subordinação total ao ‘sistema eclesiástico, e pôr outro lado eles pregam uma salvação individual, pôr sinal não podemos esquecer-nos que o individualismo moderno nasceu em grande parte como protesto contra um coletivismo eclesiástico. As igrejas cristãs oscilam entre dois extremos dos quais nem sempre estão bem conscientes. Acontece inclusive que as duas estruturas ficam associadas numa combinação histórica paradoxal mas viável: o governo eclesiástico não promove estruturas comunitárias e dirige-se a cada indivíduo em particular. Dessa maneira cada indivíduo está chamado a fazer a sua salvação pôr meio da subordinação total ao sistema ditado pelo governo (da Igreja)." {76} Em toda minha vida sob a tutela da Igreja Presbiteriana do Brasil, pude observar na vida de muitos membros que a salvação tem como resultado as observância das ordenanças constitucionais da Igreja. Quando fui examinado para ordenação ao Sagrado Ministério da Palavra, foi-me perguntado pôr um pastor o seguinte:

- "Para você a igreja é o reino de Deus?".

- Respondi que não, pois no meu entender a Igreja é uma agência do Reino de Deus, pois creio que o reino de Deus é muito mais extenso e amplo que a Igreja.

- O pastor disse-me: "Você não pode ser pastor presbiteriano", porque a Confissão de Fé de Westerminster declara no Cap. XXXIII, que a Igreja é o reino de Deus. E você só poderá ser pastor presbiteriano se afirmar o quer consta na Confissão de fé adotada pela Igreja.

- Argumentei que acreditava na Confissão de fé, porém algumas coisas que foram escritas, foram escritas para o contexto social, intelectual, político e econômico do Séc XVI, conquanto alguma afirmação da Confissão de fé deveria ser avaliada dentro do contexto do Séc XX. Uma coisa tenho certeza, não foi a Igreja Presbiteriana do Brasil que me vocacionou para o Ministério da Palavra, nem outra igreja qualquer, nem grupos de homens, mas Deus foi

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quem me chamou e me vocacionou. Não é o fato de ser pastor ou não ser pastor que me habilitará para desenvolver a obra de Jesus Cristo. Não estou preocupado se serei ordenado a pastor ou não, a minha preocupação está na minha atitude diante do reino de Deus, pois a Igreja Presbiteriana, simplesmente reconheceu esta vocação divina.

Isto provocou uma grande discussão entre os membros daquela comissão, que solicitaram a minha retirada do recinto, para que os mesmos pudesse discutirem mais a vontade.

As mudanças ou as tentativas de mudanças geralmente surgidas na Igreja, tem origem nas igrejas locais de classe baixa. Talvez seja este o grande problema enfrenta pela IPB na atualidade, isto é, a Igreja Presbiteriana do Brasil é uma igreja de classe média, que sempre direcionou suas atividades para esta classe do Brasil. No fim da modernidade a ruptura da classe média brasileira, tem proporcionada grandes dificuldades a Igreja Presbiteriana: primeiro divisão da classe média em três subclasses, a média-baixa, média-média e média-alta. Depois dos planos governamentais de 1990 até a consumação do plano real, a classe média tem sido freqüentemente subterrada pela classe baixa. Com o crescimento da pobreza, da falta de emprego, da falta de saneamento básico, da falta de ensino público eficiente, da falta de uma política sanitária pública mais concreta e satisfatória, da falta de transportes urbanos mais confortáveis, etc., nivelaria a classe média, até então responsável pôr uma representatividade bastante considerável na estratificação social do Brasil com a classe baixa.

Apesar de todos os esforços promovidas pela Comissão Nacional de Evangelização da IPB, a igreja perdeu sua característica evangelizadora e missionária urbana, praticamente não conseguimos desenvolver uma estratégia evangelística nos grandes centros. Na vida urbana o individualismo tem suas características profundas, principalmente como produto do medo da violência, medo de perder o emprego, medo de ser assaltado, medo de sair de casa e não regressar pôr ter sido vítima da violência pessoal ou do trânsito, há um pavor enorme cirandando as pessoas urbanas, até mesmo em nossa casa tranqüilo, podemos ser vítima fatal de uma bala perdida das constantes disputas territoriais das quadrilhas. A individualidade do homem urbano é caracterizado também pôr sua falta de tempo, ele está sempre correndo daqui para acolá, vivendo numa dimensão a beira da loucura. Os filhos são criados pela empregada doméstica, na verdade o relacionamento de pai para com filhos é muito informal e o relacionamento de esposa e esposo tem características edonista, principalmente afirmado nas palavras de Vinícios de Morais, "o amor é eterno enquanto dura". O casamento é mais visto com um contrato social, em que duas partes fazem um acordo que a qualquer hora possa ser rescindido.

Diante de todos estes problemas enfrentado pelo homem urbano, nós presbiterianos geralmente não temos resposta satisfatórias que ajudarão o homem urbano a desenvolver uma vida mais humana, piedosa, diante das soluções que Deus tem para cada um. A nossa intelectualidade e ordem institucional quase nada pode fazer pôr este homem. Porque será que os

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pastores presbiterianos, tais como Rev. Caio Fábio, Rev. Jeremias, Rev. Hernandes e Rev. Antonio Elias conseguem penetrar na vida de milhões de brasileiros. Pôr uma razão muito simples, eles conseguiram entender o homem urbano e digerir seus problemas e necessidades e vomitando sobre eles a Palavra de Deus contextualizada, trazendo uma resposta a todo problema existencial vivido pôr eles, ajudando nesta caminhada dia-a-dia com Deus. Mas para isto estes pastores tiveram que quebrar praticamente todas as barreiras denominacionais e institucionais da denominação.

Desde a década de 90 a Comissão Nacional de Evangelização da Igreja Presbiteriana do Brasil (CNE/IPB) é a responsável pôr uma grande parte das mudanças que vem sofrendo a Igreja. Em 1990, a CNE/IPB, promove em Campinas-SP, na semana santa, o I Congresso Nacional de Crescimento da Igreja, com raízes profundamente neo-pentecostais. Um dos principais preletores desse congresso foi o Rev. Peter Wagner, do Seminário de Fuller, Pasadena, Califórnia, EUA. Peter Wagner que trabalha com desenvolvimento do crescimento da Igreja, numa perspectiva modelar carismática, utilizando a bandeira do fundador do movimento de crescimento da igreja, de Donald McGavran: "O propósito primordial da missão da igreja se encontra na relação com a vontade de Deus, que deseja que homens e mulheres perdidos sejam encontrados, reconciliados com Deus, e atraídos para uma membrezia responsável na igreja cristã".

Peter Wagner trabalha neste congresso com o desenvolvimento dos dons carismáticos, não foi surpresa nossa presenciar neste congresso uma sessão de cura, em que o próprio Peter Wagner foi o mediador.

Os congressos de 91, 92, 93 e 94, 95, 96, 97 e 98, foram congressos de AVIVAMENTO. O Brasil Presbiteriano de maio de 1993, ao historiar o III Congresso de avivamento da Igreja, utiliza o seguinte Marcketing: EVANGELIZAÇÃO E AVIVAMENTO TOMAM CONTA DO BRASIL". Nestes congressos foi evidenciado em grande escala os anseios da Igreja pela renovação carismática.

Não foi diferente também o I Congresso Nacional de Evangelização e missões, nas devocionais do Rev. Antonio Elias, nas programações litúrgicas com Rev. Josafá Vasconcelos e nas Palestras do Rev. Hernandes Dias e Jeremias Pereira da Silva, a evidência neo-petencostal foi bastante visível. Apesar que a mesa do Supremo Concílio da IPB, em março de 94, advertiu a CNE/IPB, para que a mesma voltasse a sua forma original e seus propósitos originários de criação.

Com a eleição a presidente do Supremo Concílio em 94, Rev. Guilhermino Cunha, com características avivalistas e defendendo esta bandeira, apesar de seus temores em relação ao setor tradicional, portando acarismático da Igreja diz: "Sou favorável...não há como ser contra... a um avivamento do Espírito, que seja recebido e entendido pôr nós como bíblico, integral e equilibrado. A agenda do avivamento ou do reavivamento é a do Espírito Santo. Não concordo com a coreografia da onda atual ou pentecostalização. É preciso equilíbrio entre emoção e razão".{78}

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Para Éber Ferreira, "o sistema de governo federativo, com base nos concílios, está fazendo água, face à tendência congregacionalista. Há pôr trás desse tendência uma preocupação política que visa a obtenção de mais liberdade de ação e pensamento para comunidades com tendência carismática, autonomia essa que o sistema atual nega. Pôr outra lado, o sistema conciliar, da forma como está funcionando, é lento para conviver com o século XXI e os avanços da tecnologia." {79}

O modelo pentecostal é um modelo que sempre foi rejeitado pela IPB, mas as mudanças que vem sendo implantadas no seio da Igreja, que seria um novo tipo de pentecostalismo, isto é, adotando o modelo pentecostal, sem contudo perder os princípios calvinistas, tem sido bem aceito pôr uma grande parte da igreja. Trabalhos desenvolvidos pela Missão APRESSEM pôr exemplo, que tem a finalidade de trazer os jovens que estão sendo influenciados pelo louvorzão para um ponto de equilíbrio, isto é, dando razão a emoção, consequentemente também a missão tenta trazer os tradicionais para um ponto de equilíbrio, oferecendo-lhes a oportunidade de sentir um pouco de emoção, ou seja, dar emoção a razão.

A palavra utilizada para expressar as mudanças na igreja é o AVIVAMENTO, que ao meu ver, esta palavra traduz um efeunismo da palavra PENTECOSTALIZAÇÃO, que seria uma forma de carismatismo. Ser carismático é adotar os princípios do movimento de santidade Wesleyana, que é o princípio do movimento de avivamento e reavivamento espiritual americano e europeu, e, consequentemente é a raiz do movimento pentecostal mundial, contudo na atualidade ser carismático, é adotar o modelo espiritual pentecostal, sem deixar os princípios originais da denominação. Na IPB, seria termos uma vida cristã aberta ao desenvolvimento espiritual carismáticos, principalmente no desenvolvimento dos dons do espírito, ter uma segunda bênção (batismo com o Espírito Santo), falar em línguas estáticas, ter visão e revelações, porém utilizando os mesmos princípios característicos da Igreja, firmados pela doutrina calvinista, isto seria um certo tipo de puritanismo-pietista.

Éber Ferreira também vê esta mesma problemática na Igreja Presbiteriana Independente do Brasil, ele afirma que em seu denominação "pede-se um novo perfil para o ministro, que deve ser mais um animador/avivalista/evangelista/exorcista do que um teórico/bom pregador. Na IPI, é voz corrente que os seminários devem contemplar a chamada batalha espiritual com uma disciplina na grade curricular para ensinar os futuros ministros a expulsarem os demônios da Igreja." {80}

A prática da unção com óleo nas igrejas históricas deve-se basicamente a influência neopentecostal, principalmente das Comunidades Evangélicas que através de um louvor aberto, dinâmico e muitas vezes com uma teologia barata, sem consistência bíblica e doutrinária, aos poucos foi influenciando com uma nova liturgia eclesiástica. Muitas igrejas históricas viu-se perdida diante dessas inovações e não sabendo lidar com a situação, optaram pela tolerância religiosa. Nos cultos de libertação tornou-se comum a Unção com óleo.

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Posteriormente a IURD amplia estes bens simbólicos utilizando óleos com fins mágicos, supersticiosos e comerciais.

Uma vez que vários outras práticas que não eram comuns na liturgia da Igreja, e aos poucos estão tornando-se comuns, tais como: coreografia, profecia, visões, batismo com o Espírito Santo, línguas estáticas, curas, exorcismo, etc, como conseqüência dos Congressos de Avivamentos e Crescimento da Igreja, Unção com óleo e outras práticas com certeza tornar-se-ão comuns também. Neste ponto falta pouco para a Igreja Presbiteriana do Brasil adotar também o Ecumenismo e filiar-se ao Concílio Mundial de Igrejas.

Em Recife, onde residimos por 15 anos, onde cursamos o Bacharel em Teologia no SPN, e trabalhamos como Seminarista na Igreja Presbiteriana da Madalena, pastoreada pelo Ver. Edijece Ferreira Martins, pude observar como sorrateiramente os adeptos do Movimento Neopentecostal tomaram espaço. Primeiro com a chegado do Presb. Antonio Sales, homem visionário, que exercia um ministério extraordinário de cura e expulsão de demônios, como também divulgava com grande ênfase o Batismo com o Espírito Santo e o falar em outras línguas. O seu trabalho ganhou a simpatia do Presb. Dantas, que não tendo espaço para as reuniões de orações e Batismo com o Espírito Santo, começou a fazê-lo no pátio da sua loja, grandes reuniões, muita gente, muitas conversões, muitas emoções. Diante do crescimento do neopentecostalismo na Igreja, praticamente o pastor ficou com as mãos e os pés atados, e como o Rev. Edijece é um pastor conciliador, moderador, deixou as coisas seguir seu curso normal. Com a implantação do ECC (Encontro de Casais com Cristo), que com certeza trouxe grande crescimento numérico à igreja, também trouxe outros líderes com o mesmo ardor pentecostal, e, por certo a igreja estaria pronta para qualquer mudança litúrgica, envolvendo as manifestações emocionais, manifestações simbólicas, descaracterizando a identidade da igreja.

O perfil das mudanças litúrgicas da IPB, tem suas raízes no movimento pentecostal brasileiro. Com certeza que o movimento de avivamento americano, influenciou todos os missionários de missão que vieram para o Brasil no século passado e no início desse século, contudo estas influências não incompatibilizadas com os movimentos pentecostais atuais.

As mudanças que a Igreja em realizado em função das modificações conciliares sofridas no desenvolvimento dos cismas e da guerra anti-pentecostal, que ao longo da história a igreja vem enfrentando, com muito sofrimento e divisões. Diante dos acontecimentos e das concessões que a Igreja Presbiteriana vem fazendo atualmente, só nos resta afirmamos que a "A IGREJA ESTÁ SE REFORMANDO, REFORMANDO SIM PARA ABRAÇAR O ECUMENISMO".

"IGREJA REFORMADA SEMPRE SE REFORMANDO"

 

CONCLUSÃO

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Frente às inéditas transformações do processo teológico no fim deste século, ‘a força ideológica das argumentações e propostas novos teólogos e à queda de certos paradigmas teológicos-doutrinários, o teólogo hoje enfrente um duplo desafio. Por um lado, devem contestar com urgência o ímpeto arrasador da ofensiva neoconservadora e neoliberal que tem sacudido a Igreja mediante a produção de um discurso teológico que expresse o questionamento radical da política eclesiástica da Igreja Presbiteriana do Brasil, bem como a delimitação conceitual e prática de espaços estratégicos (internet) para a luta e a resistência das maiorias e dos grupos subordinados. Por outro ainda que constituindo uma condução de possibilidade do anterior, devem re-construir novas teologias analíticas e interpretativas que permitam vincular a compreensão dos processos, relações e práticas doutrinárias que se constróem fora da Igreja, mas que a incluem e a determinam.

É nesta perspectiva teológica que expus as várias faces teológica e cultural da UNÇÃO DE ENFERMOS: Ações e Reações. Diante de todo o exposto, no desenvolvimento teológico atual afirmo que:

1º) A Unção de enfermos não é sacramento; nem foi instituído para tal;

2º) Os pais apostólicos compreenderem que este ato cessou na Igreja do Senhor Jesus Cristo, não praticando-o;

3º) A Instituição da unção de enfermos na Idade Média foram ordenados por cristãos que não tinham uma teologia séria e verdadeira;

4º) Conforme Tiago 5:14 a unção não tem poder em si mesmo, nem virtude alguma, mas o poder está na oração de intercessão feita pelos líderes da Igreja;

5º) Conforme a interpretação dos Reformadores (Calvino e Lutero) a unção de enfermos mencionadas em Mc 6:13 e Tg 5:14, refere-se a terapia medicamentosa;

6º) A exegese de Tg 5:14 revela que Tiago ao ordenar a unção de enfermo, não utilizou o óleo como símbolo do Espírito Santo nem de sua ação, isto contraria determinante a posição apostólica. A tradição apostólica afirma que a unção relacionada com o Espírito Santo era vivenciada no batismo. Vê-lo como símbolo do Espírito Santo é agredir o estilo de Tiago, que é direto, simples e sem simbolismo. É ver no óleo uma "unção espiritual" , é incidir no mesmo equívoco, além de tornar truncado o sentido do texto.

7º) O texto de Tg 5:14 sugere a dependência de Deus que o homem deve ter;

8º) a prática da unção de enfermos cessou na Igreja, bem como várias outras práticas da Igreja Primitiva e alguns dons do Espírito Santo;

9º) A eficácia da oração, o poder não está no óleo, mas na oração dos líderes da igreja, "a oração da fé salvará o doente", Tiago utiliza dois elementos (mito) que bem conhecidos por todos para combater as enfermidades: o remédio

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(óleo) e a oração. É excluída qualquer idéia de um óleo virtuoso, mágico ou poderoso. Segundo Tiago não é no óleo que reside o poder, mas sim na oração.

10º) A prática da unção de enfermos é estranha a Igreja Presbiteriana do Brasil. Não posso imaginar que a Igreja tenha errado por dois mil anos, por não ter incluído em suas prática-doutrinária-teológica o caráter cerimonial da unção de enfermos.

11º) Qualquer entendimento semi-mágico da unção, no entanto, é firmemente refreado, especialmente em Tg 5:13 pela importância atribuída à oração que o acompanha.

12º) Por que no processo evolutivo da revelação de Deus, o óleo da unção aponta para o ministério do Espírito Santo, Àquele que unge, isto é, separa, capacita, credencia o cristão a fazer a obra de Deus. Os que são ungidos com o Espírito Santo não necessita de nenhum outro tipo de unção.

13º) Ao ministrar a unção de enfermos como foi proposto e aprovado na reunião do Supremo Concílio de 1998, situaremos entre os sacramentos católicos da unção de enfermos e a confirmação (crisma). Aí a carapuça cairia certinho em nossas cabeças, ao sermos chamados de "católicos mansos"

14º) No texto Mc 6:13 não há nenhuma ordenação ou instituição por Jesus Cristo da prática da unção de enfermos, não mencionada também nenhum outro texto nas epístolas paulinas e nas epístolas gerais, exceto Tiago, que ordene a unção de enfermos. O texto de Tiago 5:14, refere-se a uma prática comum na época em que usava-se a unção com óleo para fins medicamentosos. Ele é usado normalmente para desinflamar tumores, para desintoxicação hepática, para expelir cálculos renais e biliares, e, algumas vezes o azeite era associado a pasta de figos no emprego medicamentoso. O uso do azeite na cura do enfermo não era regra e sim exceção no ministério apostólico.

15º) O Texto de Tiago é uma receita para os tempos pós-apostólicos, quando os milagres iriam cessar, e os meios de curas entraria na fase da normalidade científica da medicina. Tiago exorta os crentes a não buscarem somente o azeite da medicina, mas também a oração, o auxílio divino.

 

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NOTAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Dantas, Martorelli, UNÇÃO COM ÓLEO, hppt://www.ipb.org/teonet/opinião/unção.htm

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(2) GRONINGEN, Gerard Van – REVELAÇÃO MESSIÂNICA NO VELHO TESTAMENTO, Trad. De Cláudio Wagner, Campinas, Luz Para o Caminho (LPC Publicações), 1995, pg 24

(3) GRONINGEN, Gerard Van – REVELAÇÃO MESSIÂNICA NO ...op.cit, pg 30

(4) GRONINGEN, Gerard Van – REVELAÇÃO MESSIÂNICA NO... op.cit., pg 24-25

(5) GRONINGEN, Gerard Van – REVELAÇÃO MESSIÂNICA NO... op.cit., pg 28

(6) GRONINGEN, Gerard Van – REVELAÇÃO MESSIÂNICA NO... op.cit., pg 29

(7) ROPS, HENRI DANIEL – A VIDA DIÁRIA NOS TEMPOS DE JESUS, Edições Vida Nova, São Paulo, 2ª Edição, 1986. Traducido do original em Francês: La Vie Quotidienne en Palestine au Temps de Jesus Christ, por Neyd Siqueira, pg 212

(8) GRONINGEN, Gerard Van – REVELAÇÃO MESSIÂNICA NO... op.cit., pg 22-23

(9) GRONINGEN, Gerard Van – REVELAÇÃO MESSIÂNICA NO... op.cit., pg 24

(10) GRONINGEN, Gerard Van – REVELAÇÃO MESSIÂNICA NO... op.cit., pg 25

(11) GRONINGEN, Gerard Van – REVELAÇÃO MESSIÂNICA NO... op.cit., pg 27

(12) GRONINGEN, Gerard Van – REVELAÇÃO MESSIÂNICA NO... op.cit., pg 23

13. GRONINGEN, Gerard Van – REVELAÇÃO MESSIÂNICA NO... op.cit., pg 32-33

(14) GRONINGEN, Gerard Van – REVELAÇÃO MESSIÂNICA NO... op.cit., pg 32

(15) GRONINGEN, Gerard Van – REVELAÇÃO MESSIÂNICA NO... op.cit., pg 31

(16) GRONINGEN, Gerard Van – REVELAÇÃO MESSIÂNICA NO... op.cit., pg 33

(17) GRONINGEN, Gerard Van – REVELAÇÃO MESSIÂNICA NO... op.cit., pg 34-35

(18) Sobel, Henriry I. DE ONDE VEM O CONCEITO DE MESSIAS?

(19) GRONINGEN, Gerard Van – REVELAÇÃO MESSIÂNICA NO...op. Cit., pg 18-19

(20) GRONINGEN, Gerard Van – REVELAÇÃO MESSIÂNICA...op.cit;, pg 20

(21) ENGEN, J.VAN – UNÇÃO, UNGIR – IN ELWELL, WALTER A, ENCICLOPÉDIA HISTÓRICO-TEOLÓGICO DA IGREJA CRISTÃ, Edições Vida Nova, São Paulo, 1990, Vol III, pg 588-590

(22)2 Co 1:21; I Jo 2:20,27

(23) At 8:14-17; 19:1-6

(24) ENGEN, J.VAN – UNÇÃO, UNGIR...OP.CIT., pg 588-590

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(25) Justino, Mártir, Santo Justino de Roma: Diálogo com Trifão (Introdução e notas explicativas Roque Frangiotti; tradução Ivo Storniolo, Euclides M. Balancin) – São Paulo, Paulus, 1995. – Coleção Patrística – Vol 3 Pg. 245.

(26) Sobel, Henriry I. DE ONDE VEM O CONCEITO DE MESSIAS?, http://www.hebraica.org.br/cul

(27) HIPÓLITO DE ROMA – TRADIÇÃO APOSTÓLICA - Parte I - Ministérios Ordenados e Não Ordenados, hptt:// www. geocities Com/Athens/Aegean/8990/trapost1.htm (AGNUS DEI)

(28) HIPÓLITO DE ROMA – TRADIÇÃO APOSTÓLICA...op. cit.

(29) HIPÓLITO DE ROMA – TRADIÇÃO APOSTÓLICA...op. cit.

(30) HIPÓLITO DE ROMA – TRADIÇÃO APOSTÓLICA...op. cit.

(31) HIPÓLITO DE ROMA – TRADIÇÃO APOSTÓLICA...op. cit.(32) HIPÓLITO DE ROMA – TRADIÇÃO APOSTÓLICA...op. cit.

(33) Origenes contra Celso, , Trad. De Daniel Ruiz Bueno, Biblioteca de Autores Cristianos, Madrid, 1968. Libro I, pg 87 "Aquel para quien estaban reservadas las cosas, el Ungido de Dios, el príncipe a quien se refieren las promesas de Dios. Y, evidentemente, sólo El, de entre todos los que le segieron, fue la expectación de las naciones."

(34) Origenes contra Celso, , Trad. De Daniel Ruiz Bueno, Biblioteca de Autores Cristianos, Madrid, 1968. Libro III, pg 224 "No llamamos, pues, a nuestros misterios y a participar de la sabiduria en el misterio, aquella que Díos predestinó antes de los siglos para gloria de sus santos (I Cor 2,7), al inicuo, al ladrón, al atracador, al hechicero, al sacrilego y violador de sepulcros y a cuantos outros, com énfasis retórico, pueda enumerar Celso. No, a ésos los llamamos para su curación. Y es así que en la divinidade del Logos hay ayuda para la curación de los enfermos, de los que dijo el Logos mismo; No necesitan de médico los sanos, sino los enfermos (Mt 9, 12); Y hay otros que revelan a los limpios de cuerpo y alma el misterio oculto por tiempos eternos, pero manifestado ahora por las escrituras proféticas y por la aparición de nuestro Señor Jesuscristo...el cristiano quiere vendar las heridas de ellos por medio de la palabra divina, y verter sobre el alma, inflamada por sus vicios, los remedios de esa misma palabra, a la manera del aceite y vino (Lc 10,34) e otros emolientes, y demás ayudas médicas que alivian al alma."

(35) Kloppenburg, Boaventura – OBSERVAÇÕES SOBRE O MINISTRO DA UNÇÃO DOS ENFERMOS – 35ª Assembléia Geral da CNBB. Unção dos Enfermos podia ser administrado por qualquer cristão, isto é: o sacerdote não era o necessário ou único das administração da Unção. É o que lemos na resposta que o Papa Inocêncio I deu a uma consulta do Bispo Decentius, de Gubbio, na Carta Si instituta ecclesiastica, de 19 de março de 416. (...) ...a praxe e o conhecimento teológhico deste...A parte relacionada com a Unção dos enfermos se encontra no Enchiridion Symbolorum de Denzinger-Schönmetzer (n.216). Depois da citação de Tg 5, 14-15, declara o Papa que os fiéis enfermos podem ser ungidos com o santo óleo... que feito ("confectus") pelo Bispo, não só aos sacerdotes, mas a todos os cristãos é lícito usar para ungir-se em sua própria necessidade e na dos outros: "Quod non est dubium de fidelibus aegrotantibus accipi vel intelligi debere, Qui sancto oleo chrismais perungi possunt, quod ab episcopo confectum, non solum sacerdotibus , sed et et omnibus uti Christianis penitentes públicos, " quia genus est sacramenti". Portanto não está se referindo a um simples e piedoso rito de devoção popular (ou, como diríamos hoje, " sacramental").

(36) El llamado Decreto Gelasiano, la versión electrónica de este documento ha sido realizada por VE Multimedios. Derechos reservados (©) VE Multimedios™.El texto en versión electrónica puede ser reproducido sin modificación alguna y manteniendo la integridad de su

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sentido, siempre que se mencione que ha sido realizado por VE Multimedios – http://multimedios, org.

(37) Aloppenburg, Boaventura – OBSERVAÇÕES SOBRE..., op, cit.

(38) Kloppenburg, Boaventura – OBSERVAÇÕES SOBRE..., op, cit.

(39) Kloppenburg, Boaventura – OBSERVAÇÕES SOBRE..., op cit.

(40) Kloppenburg, Boaventura – OBSERVAÇÕES SOBRE O MINISTRO DA UNÇÃO DOS ENFERMOS – 35ª Assembléia Geral da CNBB. São Beda, o Venerável, falecido em 735, no comentário de Tiago 5:14-15, escreve: " É o que também fizeram os Apóstolos, conforme lemos no Evangelho; e o costume atual da Igreja mantém que os enfermos sejam ungidos pelos sacerdotes com o óleo consagrado e curados pelas orações que o acompanham. Não somente aos sacerdotes, conforme escreve o Papa Inocêncio, mas ainda a todos os cristãos é permitido usar do mesmo óleo, fazendo-lhes a unção quanto a sua doença ou a dos seus os impele. Entretanto, somente aos Bispos é permitido a bênção desse óleo (p. 38 do citado livro de Ortemann).

Esta última informação de Sâo Beda chama nossa atenção para um ponto de singular valor: naquele época se pensava que a força ou a virtude (...da) Unção estava no óleo consagrado ou bento. O Santo Óleo ("Ave Sanctum Oleum!") pertencia ‘a categoria do sacramento permanente, como a Eucaristia. Assim como o pão consagrado já tem em si a força do sacramento, também o óleo bento consagrado pelo Bispo. Como na Eucaristia o ministro propriamente dito é o sacerdote que consagra o pão (e este pão consagrado pode ser depois administrado por um diácono (presbítero) ou até também no (...) da Unção o ministro propriamente dito seria o Bispo que consagra o óleo e aquele que o aplica na unção seria impropriamente ministro. (...) O ministro da administração seria neste caso uma questão secundária, não dogmática, disciplinável pelo poder de condução da Igreja.

(41) Kloppenburg, Boaventura – OBSERVAÇÕES SOBRE..., op.cit.

(42) H’A’GGLUND, BENGT – HISTÓRIA DA TEOLOGIA, 3ª Edição, 1986, Concórdia Editora Ltda, Porto Alegre, Traduzido do inglês por Mário L. Rehfeldt e Gládis Knak Rehfeldt, Título Original Teologins Historia, pg 204

(43) CALVINO, JUAN – INSTITUCIÓN DE LA RELIGIÓN CRISTIANA – 3ª Edição Inalterada, 1986, Fundacion Editoral de Literatura Reformada (FELIRé), Vol. II – Libro 4 Pg 1153-1156, Traducida y publicada por Cipriano de Valera en 1597, Reeditada por Luis de Usoz y Río en 1858.Por lo que a nosotros hace, bástanos de momento tener por cierto que su unción no es sacramento, ya que no es una ceremonia que Dios haya instituido, ni tiene promesa alguna de Él. Porque cuando exigimos estás dos cosas en el sacramento: que sea ceremonia instituida por Dios, y que tenga aneja la promesa, juntamente exigimos com ello que esta ceremonia sea para nosotros, y que la promesa nos perteneza. Por tanto que nadie objete ahora que la circuncisión es sacramento de la Iglesia cristiana por haber sido ceremonia establecida por Dios y que llevaba aneja una promesa, puesto que no se nas há mandado a nosotros – ni nos pertenece su promesa -. Y qued la promesa que ellos dicen existe en su unción nada tiene que ver com nosostros, lo hemos claramente demonstrado, y ellos mismos lo dan a entender por experiencia. La ceremonia no se debe tomar sino de aquellos que tenían la gracia de conferir la salud, y no de estos verdugos, que más pueden matar que dar vida." Pg 1155

(44) LUTERO, MARTINHO – Do Cativeiro Babilônico da Igreja, In Obras Selecionadas de Martin Lutero, O Programa da Reforma Escritos de 1520, Ed Sinodal e Concórdia Editora, São Leopoldo, Porto Alegre, 1989 – Vol 2, Pg 420.

(45) CALVINO, JUAN – INSTITUCIÓN DE LA ...op.cit., pg 1154-1155.

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(46) Kloppenburg, Boaventura – OBSERVAÇÕES SOBRE..., op.cit.

(47) CONCLILIO DE TRENTO – DOCTRINA SOBRE EL SACRA,EMTO DE LA EXTREMAUNCIÓN –Cap. I. De la instituición del sacramento de la Extremaunción htpp://ekeko.rcp.net/pe/IAL/vm/bec/etexts/trecho/concil29.htm

(48) CONCLILIO DE TRENTO – DOCTRINA SOBRE EL SACRA,EMTO DE ...op, cit., "los ministros propios de la Extremaunción son los presbíteros de la Iglesia: bajo cuyo nombre no se deben entender en el texto mencionado los mayores en edad, o los principales del pueblo; sino o los Obispos, o los sacerdotes ordenados legítimamente por aquellos mediante la imposición de manos correspondiente al sacerdocio. Se declara también, que debe administrarse a los enfermos, principalmente a los de tanto peligro, que parescan hallarse ya en el fin de su vida; y de aquí es que se le da nombre de Sacramento de los que están de partida. Mas si los enfermos convalecieron después de haber recibido esta sagrada Unción, podrán otra vez ser socorridos con auxilio de este Sacramento cuando llegaren a otro semejante peligro de su vida. (...)Apóstol Santiago, que esta Unción es o ficción de los hombres, o un rito recibido de los PP., pero que ni Dios lo ha mandado, ni incluye en sí la promesa de conferir gracia: como ni para atender a los que aseguran que ya ha cesado; dando a entender que sólo se debe referir a la gracia de curar las enfermedades, que hubo en la primitiva Iglesia.."

(49) MENDONÇA, ANTONIO GOUVÊA, Sindicato de mágicos: pentecostalismo e cura divina (desafio histórico para as igrejas), in Igreja e Seita, Revista de Estudos e Persquisas em Religião, Ano VI, nº 8, outubro de 1992, Editora IMS – EDMS, São Bernardo do Campo-SP , Pg 51

(50) MENDONÇA, ANTONIO GOUVÊA, Sindicato de mágicos: pentecostalismo...op.cit., pg 53

(51)MENDONÇA, ANTONIO GOUVÊA, Sindicato de mágicos: pentecostalismo..op.cit., pg 54-55

(52) Unción de los Enfermos – http://www.corazones.org/sacramentos/@Uncion.htm

(53) Unción de los Enfermos – http://www.corazones.org/sacramentos/@Uncion.htm – "La gracia especial del sacramento de la Unción de los enfermos tiene como efectos:

la unión del enfermo a la Pasión de Cristo, para su bien y el de toda la iglesia; el consuelo, la paz y el ánimo para soportar cristianamente los sufrimientos de la

enfermedad o de la vejez; el perdón de los pecados si el enfermo no há podido obtenerlo por el sacramento de la

Penitencia; el restablecimiento de la salud corporal, si conviene a la salud espiritual; la preparación para el paso a la vida eterna."

(54) LUTERO, MARTINHO – Do Cativeiro Babilônico da...op, cit., pg 418.

(55) LUTERO, MARTINHO – Do Cativeiro Babilônico da...op, cit., pg 419.

(56) LUTERO, MARTINHO – Do Cativeiro Babilônico da...op, cit., pg 419.

(57) LUTERO, MARTINHO – Do Cativeiro Babilônico da...op, cit., pg 450.

(58) LUTERO, MARTINHO – Do Cativeiro Babilônico da...op, cit., pg 421.

(59) LUTERO, MARTINHO – Do Cativeiro Babilônico da...op, cit., pg 421.

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(60) CALVINO, JUAN – INSTITUCIÓN DE LA...op.cit., "Pero al presente há cesado aquella gracia de sanar enfermos, como también los demás milagros que el Señor quiso prolongar durante algún tiempo para hacer la predicación del Evangelio – que entonces era nueva – admirable para siempre. Así pues, aun cuando admitamos que aquella unción fue sacramento de las virtudes que por mano de los apóstoles entonces se dispensaban, nada nos queda a nosostros al presente, ya que no nos es concedida la administración de las virtudes." Pg 1153-1155

(61) CALVINO, JUAN – INSTITUCIÓN DE LA ...op cit., "Esta unción es de la misma clase que la impsición de las manos de que hemos hablado; no es sino una farsa, com la que pretenden hipócritamente, contra toda razón y sin provecho alguno, imitar a los apóstoles. Cuenta san Marcos que los apóstoles, la primera vez que fueron enviados - conforme el Señor se lo había mandado -, resucitaron muertos, arrojaron demonios, curaron leprosos, sanaron enfermos; y añade, que cuando curaban a los enfermos usaban y aplicaban aceite: "Ungían com aceite a muchos enfermos, y los sanaban" (Mc 6:13). Esto tuvo presente Santiago al ordenar que llamasen a los ancianos para que ungiesen al enfermo." Pg 1153-1155

(62) CALVINO, JUAN – INSTITUCIÓN DE LA...op.cit., "Los que consideraren la gran liberdad que el Señor y sus apóstoles usaron en estas cosas externas, fácilmente verán que bajo talaes ceremonias no había misterio alguno ocultu y más profundo. El Señor, cuando quiso dar la vista al ciego, hizo barro com polvo y saliva (Jn. 9, 6). A otros los sanó por contacto (Mt 9, 29); a otros, com la palavra (Lc 18, 42). De la misma manera, los apóstoles curaron a unos com la sola palavra; a otros, tocándolos; a otros, com la unción (Hch 3,.6; 5,14-15; 19,12). Pg 1153-1155

(63) CALVINO, JUAN – INSTITUCIÓN DE LA...op.cit pg 1153-1155

(64) CALVINO, JUAN – INSTITUCIÓN DE LA...op.cit, p 1153-1155

(65) CALVINO, JUAN – INSTITUCIÓN DE LA...op.cit, p. 1153-1155. "Que ninguno, pues, se maraville de que com tanto atravimiento hayan engañado a las almas que veían andar ignorantes y a ciegas, por haberlas ellos despojado de la Palavra de Dios, que es vida y luz de las mismas, ya que no tienen escrúpulo de inducir a error a los sentidos del cuerpo que viven y sienten. Com ello se hacen dignos de que se les ridiculice cuando se jactan de tener en suas manos la gracia de la salud. Nuestro Señor ciertamente asiste en todo tiempo a los suyos, y les socorre en sus enfermedades, ni más ni menos que en tiempos pasados, cuando es menester. Pero no hace demostración a los ojos de todos de estas virtudes y de los demás milagros que obraba por manos de los apóstoles; y la razón es que este don era temporal y también porque en parte há perecido por la ingratitud de los hombres."

(66) LEITE FILHO, TÁCITO DA GAMA – SEITAS NEOPENTECOSTAIS, 3ª Edição, JUERP, Rio de Janeiro, 1994, Seitas do Nosso Tempo – Vol 3, Pg 127

(67) MENDONÇA, ANTONIO GOUVÊA, Sindicato de mágicos: pentecostalismo ...op. cit., Pg 56

(68) MENDONÇA, ANTONIO GOUVÊA, Sindicato de mágicos: pentecostalismo...Op. Cit., Pg 57

(69) COELHO FILHO, ISALTINO GOMES – Tiago Nosso Contemporâneo: um estudo contextualizado da epístola de Tiago, 2ª edição, Rio de Janeiro, Junta de Educação Religiosa e Publicações (JUERP). 1990, pg 139

(70) COELHO FILHO, ISALTINO GOMES – Tiago Nosso Contemporâneo...op.cit., pg 141-142

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(71) COELHO FILHO, ISALTINO GOMES – Tiago Nosso Contemporâneo...op.cit., pg 141-142

(72) Brunotte, W., Ungir - in Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, Edições Vida Nova, Vol IV, 1ª edição, 1983, São Paulo. Pg 676.

(73) Brunotte, W., Ungir - in Dicionário Internacional de Teologia do Novo ...op cit., pg 676.

(74) Unção de Enfermos, hptt://www.geocities.com/SoHo/Gallery/4435/liturgia/html

(75) Unción de los Enfermos, in Los Dogmas, http:// ww.churchforum.org/mx.info/doctrina/losdogmas.html

(76) Rev. Arival Dias Cassimiro, tem exercicido sua liderança pastoral na Igreja Presbiteriana de Olinda-PE, também pôr várias vezes foi vice-presidente do Sinodo de Pernambuco, e professor de Teologia Sistemática no Seminário Presbiteriano do Norte. (Dados de 1995).

(77) Rev. Martorelli Dantas, é pastor da Igreja Presbiteriana em Afogados, presidente do Presbitério do Recife e secretário executivo do Sínodo Central de Pernambuco. É também professor No Seminário Presbiteriano do Norte na cadeira de Teologia Sistemática e Ordem da Igreja Presbiteriana do Brasil.(Dados de 1995)

(78) Rev. Cilas Cunha de Menezes, é Pastor da Igreja Presbiteriana de Mirueira, Paulista-PE, presidente do Sínodo de Pernambuco e presidente do núcleo estadual da AEVB. Concorreu a presidente do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil em 1994.(Dados de 1995)

(79) Lima, Éber Ferreira Silveira - PRESBITERIANISMO E PENTECOSTALISMO NO BRASIL: Tensões históricas e distensões recentes, trabalho ainda não publicado e apresentado na II Conferência de Estudos da Igreja na America Latina e Caribe (CEHILA), em São Paulo, no período de 25 a 28 Jul 95. Éber é pastor da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil, e professor do Seminário Presbiteriano Independente em São Paulo.

(80) Comblin, José - ANTROPOLOGIA CRISTÃ, tomo I, série III, A Libertação na história, Petrópolis, RJ, VOZES, 1985, PP 25.

Rev. Ashbell Simonton Rédua

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http://www.geocities.com/simonton_1958

http://meusite.osite.com.br/simonton

JUL/1999