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UNIVERSIDADE BANDEIRANTE ANHANGUERA JÚLIO CÉSAR PEREIRA O CONCEITO DE FUNÇÃO: a utilização do software Simcalc e as narrativas apresentadas por alunos de Licenciatura em Matemática SÃO PAULO 2013

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UNIVERSIDADE BANDEIRANTE ANHANGUERA

JÚLIO CÉSAR PEREIRA

O CONCEITO DE FUNÇÃO: a utilização do software Simcalc e as narrativas apresentadas por alunos de Licenciatura em Matemática

SÃO PAULO

2013

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UNIVERSIDADE BANDEIRANTE ANHANGUERA

JÚLIO CÉSAR PEREIRA

O CONCEITO DE FUNÇÃO: a utilização do software Simcalc e as narrativas apresentadas por alunos de Licenciatura em Matemática

Dissertação apresentada ao programa de Pós-Graduação em Educação Matemática da Universidade Bandeirante Anhanguera, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Educação Matemática, sob a orientação da Profa. Dra. Rosana Nogueira de Lima.

SÃO PAULO

2013

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Pereira, Júlio César

P429c O conceito de função: a utilização do software SimCalc e as narrativas apresentadas por alunos de Licenciatura em Matemática. / Júlio César Pereira. -- São Paulo:Universidade Bandeirante Anhanguera, 2013. Xiii, 135 f. II,; 31 cm.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Bandeirante Anhanguera, 2013. Orientadores: Profa. Dra. Rosana Nogueira de Lima.

Referências bibliográficas: f. 120-122. 1. Narrativas 2. Tecnologias 3. Educação Matemática. I. Lima, Rosana Nogueira de. II. Universidade Bandeirante Anhanguera. III.Título.

CDD 510.71

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Dedico este trabalho primeiramente a Deus por ter me dado força e perseverança para enfrentar todas as dificuldades nessa caminhada. Também, aos meus pais que sempre me apoiaram em minha jornada de estudo e pelo grande exemplo de vida que me deram. Por fim, a minha noiva Dayana Aguiar Botelho grande incentivadora e companheira de Mestrado durante os períodos de estudo.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, que me deu forças durante toda a caminhada, responsável pelo sucesso de tudo que tenho. A minha família, pelos exemplos, compreensão eapoio a mim dirigido e que sempre me incentivou nesta jornada. A minha orientadora, professora doutora Rosana Nogueira de Lima, pelas orientações encorajadoras e dedicação incondicional para que este trabalho fosse realizado. Aos professores Lulu Healy, Maurício Rosa e Dora Soraia Kindel, pelas contribuições para a melhoria deste trabalho. Aos alunos do curso de Licenciatura em Matemática, que participaram desta pesquisa,os quais demonstraram atenção e dedicação na realização das atividades propostas, resultando no sucesso deste trabalho. A minha noiva Dayana que, com muita paciência, me ajudou e me incentivou para que pudesse terminar o Mestrado. Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática da UNIBAN pelos ensinamentos e motivações. Enfim, a todos aqueles que participaram de uma forma ou de outra para que este trabalho acontecesse.

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RESUMO

Esta pesquisa tem como objetivo analisar as narrativas produzidas por estudantes de Licenciatura em Matemática diante de uma abordagem para funções em um ambiente dinâmico, e ainda, observar as reações deles quando deparados com funções representadas por animações na janela do mundo do software SimCalc. Esse software permite manipular gráficos e expressões algébricas em função do tempo, e possui uma janela de animação que possibilita a visualização do movimento de atores de acordo com a função estabelecida. Nossa pesquisa se caracteriza por uma investigação qualitativa, feita com alunos de Licenciatura em Matemática, com os quais buscamos investigar como os modos de pensamento narrativo e paradigmático (BRUNER, 2002) podem favorecer o aprendizado de ideias relacionadas ao conceito de função. A intervenção foi composta por cinco sessões realizadas no laboratório de uma Universidade do Estado de Minas Gerais, e com a participação de alunos matriculados no segundo período do curso de Licenciatura em Matemática. Foram analisados os protocolos e as gravações de vídeo e áudio dos alunos, que realizaram as atividades em duplas. A análise dos resultados obtidos nos leva a concluir que a interação com as representações dinâmicas proporcionadas pelo ambiente mundo do software SimCalc traz mais sentido e gosto para desvendar formas matemáticas escondidas por detrás de uma simples estória, e ainda, percebemos que o papel das narrativas está relacionado à contribuição e envolvimento dos alunos para compreender conceitos de funções que muitas vezes são vistos como inexplicáveis ou até mesmo sem sentido. Palavras-chave: Narrativas. Tecnologias. Educação Matemática.

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ABSTRACT

This research aims to analyze the narratives produced by students in Mathematics before an approach to functions in a dynamic environment, and also observe their reactions when faced with functions represented by animations in the window of the software world SimCalc. This software to manipulate graphics and algebraic expressions function of time, and an animation window that allows viewing the motion of players in accordance with the function set. Our research is characterized by a qualitative research done with students in Mathematics , with whom we seek to investigate how the modes of thought and paradigmatic narrative (Bruner, 2002) may promote learning of ideas related to the concept of function. The intervention consisted of five sessions conducted in the laboratory of a University of Minas Gerais, and with the participation of students enrolled in the second period of the course in Mathematics. We analyzed the protocols and audio and video recordings of students who performed the activities in pairs. The analysis of the results leads us to conclude that the interaction with the dynamic representations provided by the environment the software world SimCalc brings more sense and taste to unravel mathematical shapes hidden behind a simple story, and yet, we realize that the role of narratives is related to the contribution and involvement of students to understand concepts of functions that are often seen as inexplicable or even meaningless . Keywords: Narratives. Technologies. Mathematics Education.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Trabalho coletado dos alunos ............................................................. 36

Figura 2 - Tela inicial do software SimCalc ......................................................... 43

Figura 3 - Janela da lei algébrica da Função ...................................................... 44

Figura 4 - Janela da Tabela ................................................................................ 44

Figura 5 - Janela do Mundo ................................................................................ 45

Figura 6 - Representação de vários atores no Mundo ........................................ 45

Figura 7 - Janela Position .................................................................................... 46

Figura 8 - Janela da Animação ........................................................................... 46

Figura 9 - Criação de um ator no software SimCalc a partir da lei algébrica da

função .................................................................................................................. 47

Figura 10 - Ferramenta – “Gerenciador de sala de aula” .................................... 48

Figura 11 - Barra de ferramentas – opção conectar ........................................... 49

Figura 12 - Janela “conectar à sala de aula” ....................................................... 49

Figura 13 - Coleta do número de IP e Nome de usuário por meio da Janela

“Gerenciador de sala de aula”.............................................................................. 50

Figura 14 - Representação gráfica da função x

xfx 13

)(

, estabelecida na

janela “position” do software SimCalc ................................................................. 54

Figura 15 - Representação gráfica da função 1,0

)sin()(

xxf , estabelecida na

janela “position” do software SimCalc ................................................................. 55

Figura 16 - Função formada por mais de uma sentença – animação e

representação gráfica .......................................................................................... 62

Figura 17 - Função polinomial de segundo grau – animação e representação

gráfica ..................................................................................................................

62

Figura 18 - Função exponencial – animação e representação gráfica ............... 63

Figura 19 - Resposta apresentada pela Dupla 5 para a primeira animação ....... 70

Figura 20 - Resposta apresentada pela Dupla 2 para a primeira animação ....... 71

Figura 21 - Resposta apresentada pela Dupla 8 para a primeira animação ....... 71

Figura 22 - Resposta apresentada pela Dupla 4 para a segunda animação ...... 72

Figura 23 - Resposta apresentada pela Dupla 5 para a segunda animação ...... 73

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Figura 24 - Resposta apresentada pela Dupla 3 para a segunda animação ...... 73

Figura 25 - Resposta apresentada pela Dupla 2 para a terceira animação ........ 74

Figura 26 - Resposta apresentada pela Dupla 1 para a terceira animação ........ 75

Figura 27 - Resposta apresentada pela Dupla 8 para a terceira animação ........ 75

Figura 28 - Resposta apresentada pela Dupla 1 para a quarta animação .......... 76

Figura 29 - Resposta apresentada pela Dupla 4 para a quarta animação .......... 77

Figura 30 - Resposta da Dupla 1 para a primeira animação ............................... 80

Figura 31 - Resposta da Dupla 3 para a primeira animação ............................... 81

Figura 32 - Resposta da Dupla 5 para a primeira animação ............................... 81

Figura 33 - Resposta da Dupla 4 para a segunda animação .............................. 85

Figura 34 - Resposta da Dupla 3 para a segunda animação .............................. 85

Figura 35 - Resposta da Dupla 1 para a terceira animação ................................ 87

Figura 36 - Resposta da Dupla 2 para a terceira animação ................................ 87

Figura 37 - Resposta da Dupla 3 para a terceira animação ................................ 87

Figura 38 - Resposta da Dupla 4 para a terceira animação ................................ 88

Figura 39 - Resposta da Dupla 1 para a quarta animação ................................. 90

Figura 40 - Resposta da Dupla 4 para a quarta animação ................................. 90

Figura 41 - Representação gráfica da primeira animação .................................. 94

Figura 42 - Resposta da Dupla 1 para a primeira atividade ................................ 95

Figura 43 - Resposta da Dupla 2 para a primeira atividade ................................ 95

Figura 44 - Resposta da Dupla 3 para a primeira atividade ................................ 95

Figura 45 - Representação gráfica da segunda animação ................................. 97

Figura 46 - Resposta da Dupla 1 para a segunda atividade ............................... 98

Figura 47 - Resposta da Dupla 3 para a segunda atividade ............................... 98

Figura 48 - Resposta da Dupla 2 para a segunda atividade ............................... 98

Figura 49 - Representação gráfica da terceira animação ................................... 100

Figura 50 - Resposta da Dupla 1 para terceira atividade .................................... 102

Figura 51 - Resposta da Dupla 2 para a terceira atividade ................................. 102

Figura 52 - Resposta da Dupla 3 para a terceira atividade ................................. 102

Figura 53 - Esboço da representação gráfica da primeira animação – Dupla 1. 105

Figura 54 - Esboço da representação gráfica da primeira animação – Dupla 2 . 105

Figura 55 - Esboço da representação gráfica da primeira animação – Dupla 3 . 105

Figura 56 - Construção da primeira estória – Dupla 1 ........................................ 107

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Figura 57 - Construção da primeira estória – Dupla 2 ........................................ 107

Figura 58 - Construção da primeira estória – Dupla 3 ........................................ 108

Figura 59 - Esboço da representação gráfica da segunda estória – Dupla 1 ..... 109

Figura 60 - Esboço da representação gráfica da segunda estória – Dupla 3 ..... 109

Figura 61 - Esboço da representação gráfica da segunda estória – Dupla 2 ..... 110

Figura 62 - Construção da segunda estória – Dupla 1 ........................................ 112

Figura 63 - Construção da segunda estória – Dupla 2 ........................................ 112

Figura 64 - Construção da segunda estória – Dupla 3 ........................................ 113

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 -Classificação das observações dos alunos para a primeira animação

..............................................................................................................................

70

Tabela 2 -Classificação das observações dos alunos para a segunda

animação .............................................................................................................

72

Tabela 3 -Classificação das observações dos alunos para a terceira animação 74

Tabela 4 -Classificação das observações dos alunos para a quarta animação 76

Tabela 5 -Categorias de respostas para a primeira animação ........................... 80

Tabela 6 -Comentários das duplas para a animação da função 2)( xxf ......... 82

Tabela 7 -Categorias de respostas para a segunda animação ........................... 83

Tabela 8 -Comentários das duplas para a animação da função xxf 2)( ......... 84

Tabela 9 -Categorias de respostas para a terceira animação ............................ 86

Tabela 10 -Comentários das duplas para a terceira animação .......................... 88

Tabela 11 -Categorias de respostas para a quarta animação ............................ 89

Tabela 12 -Comentários das duplas para a animação da função x

xf10

)( ..... 91

Tabela 13 -Comentários dos alunos para a animação ........................................ 96

Tabela 14 -Comentários dos alunos para a segunda animação ........................ 99

Tabela 15 -Comentários dos alunos para a terceira animação .......................... 101

Tabela 16-Comentários dos alunos para a primeira estória ...............................

Tabela 17 - Comentários dos alunos para a segunda estória .............................

106

111

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Atividade 1 apresentada aos alunos participantes da pesquisa ......... 52

Quadro 2 - Atividade 2 apresentada aos alunos participantes da pesquisa ......... 56

Quadro 3 - Arquivo 1 – gráfico representado pela função f(x) = x² ....................... 58

Quadro 4 - Arquivo 2 – gráfico representado pela função f(x) = x2 ....................... 58

Quadro 5 - Arquivo 3 – representado pela função

6

86,152

3

3,51183

30,

)( 2

xsex

xsexx

xsex

xf ......................................................................

59

Quadro 6 - Arquivo 4 – gráfico representado pela função f(x) = x

10 ....................... 59

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................................... 14

CAPÍTULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................. 18

1.1 Duas concepções de pensamento ............................................................ 18

1.2 O pensamento paradigmático .................................................................... 18

1.3 O pensamento narrativo ............................................................................. 19

CAPÍTULO II – REVISÃO DE LITERATURA ..................................................... 23

2.1 Trinta anos de pesquisa sobre funções: diferentes abordagens ........... 23

2.1.1 Tecnologia como um meio simplificador .................................................... 26

2.1.2 Tecnologia como instrumento ou mediadora ............................................. 28

2.1.3 Tecnologia como integradora ..................................................................... 32

2.2 O uso dasnarrativas ................................................................................... 36

CAPÍTULO III – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................................. 41

3.1 Local do estudo e ética da pesquisa ......................................................... 41

3.2 Sujeitos ........................................................................................................ 42

3.3 Coleta de dados ........................................................................................... 42

3.4 O software SimCalc ..................................................................................... 43

3.5 A escolha das funções e a elaboração das atividades ............................ 51

3.5.1 Primeira sessão .......................................................................................... 52

3.5.2 Segunda sessão ......................................................................................... 55

3.5.3 Terceira sessão .......................................................................................... 56

3.5.4 Quarta sessão ............................................................................................ 61

3.5.5 Quinta sessão ............................................................................................ 65

CAPÍTULO IV – ANÁLISE DOS DADOS ........................................................... 67

4.1 Primeira sessão ........................................................................................... 67

4.2 Segunda sessão .......................................................................................... 69

4.3 Terceira sessão ........................................................................................... 78

4.3.1 Primeira animação ..................................................................................... 79

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4.3.2 Segunda animação.....................................................................................

4.3.3 Terceira animação ......................................................................................

4.3.4 Quarta animação ........................................................................................

4.4Quarta sessão ...............................................................................................

4.4.1 Primeira atividade .......................................................................................

4.4.2 Segunda atividade ......................................................................................

4.4.3 Terceira atividade .......................................................................................

4.5Quinta sessão ...............................................................................................

4.5.1 Primeira estória ..........................................................................................

83

86

89

93

94

97

100

104

104

4.5.2 Segunda estória.......................................................................................... 108

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 115

REFERÊNCIAS ................................................................................................... 120

APÊNDICES......................................................................................................... 123

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INTRODUÇÃO

Esta pesquisa vincula-se à linha de pesquisa Tecnologias Digitais e Educação

Matemática do Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática da

Universidade Bandeirante Anhanguera.

Durante o curso de Licenciatura em Matemática, ao realizar meu estágio

supervisionado1, tive oportunidade de observar as dificuldades enfrentadas por

alunos do 1º ano do Ensino Médio de uma escola pública na região de Cambuí/MG,

quando da introdução e do desenvolvimento do conceito de função. Em seguida,

atuando como professor das séries finais do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano),

pude constatar, ao trabalhar conceitos matemáticos em ambientes informatizados,

que uma nova percepção dos conteúdos matemáticos pode vir a ser construída por

meio do uso de ferramentas computacionais.

A partir da percepção de que o uso de tecnologias pode contribuir para a

aprendizagem, e ainda dar suporte para facilitar o ensino da Matemática, fizemos

uma pesquisa de monografia no curso de pós-graduação da Universidade do Vale

do Sapucaí (Univás) em Educação Matemática Latu Sensu intitulada “Concepções

de professores sobre o uso do computador no ensino e aprendizagem de

Matemática” (PEREIRA, 2011). O objetivo desse trabalho foi realizar um estudo

sobre a importância da utilização das tecnologias como contribuição para a

aprendizagem da Matemática, e conhecer a concepção de professores que atuam

no Ensino Fundamental ou no Ensino Médio de escolas públicas ou privadas sobre a

relação entre tecnologia e o ensino e aprendizagem de Matemática. Além disso,

considerando as dificuldades observadas no ensino e na aprendizagem do conceito

de função, nessa mesma pesquisa, procuramos desenvolver com alunos de um

curso de pós-graduação em Educação Matemática, que são professores da rede

pública ou particular, uma abordagem sobre os conhecimentos de função polinomial

do 2º grau utilizando como ferramenta suporte o software Winplot2. Não

pretendíamos verificar os conhecimentos dos professores pesquisados, mas

observar, nesse estudo, a importância da utilização da tecnologia no ensino e na

1“O estágio supervisionado é um momento de fundamental importância no processo de formação

profissional. Constitui-se em um treinamento que possibilita ao estudante vivenciar o que foi aprendido na faculdade, tendo como função integrar as inúmeras disciplinas que compõem o currículo acadêmico” (ESTÁGIO SUPERVISIONADO, S/A).

2 De acordo com Maia (2007) o softwareWinplot é um software livre, criado por Richard Parris, que

permite construir gráficos de funções em Matemática, em um ambiente Windows.

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aprendizagem da Matemática, em especial de função, utilizando o dinamismo

oferecido pelo software Winplot.

Com essa pesquisa, percebemos a existência de uma relação entre

tecnologia e aprendizagem no contexto da Matemática. Entendemos que o uso de

tecnologia pode fazer com que o aprendiz tenha recursos para desenvolver a

compreensão de conceitos matemáticos, além de promover a motivação dos alunos,

pela novidade e pelas possibilidades que oferece, facilitando o contato entre

professor e aluno, o que pode auxiliar a promover aprendizagem.

[...] a utilização dos computadores na educação é muito mais diversificada, interessante e desafiadora, do que simplesmente a de transmitir informação ao aprendiz. O computador pode ser também utilizado para enriquecer ambientes de aprendizagem (VALENTE, 1999, p. 11).

Partindo dessas constatações e dos recursos que a tecnologia pode oferecer

para o desenvolvimento de habilidades na aprendizagem de funções, o objetivo de

nossa pesquisa é analisar as narrativas produzidas por estudantes de Licenciatura

em Matemática diante de uma abordagem para funções em um ambiente dinâmico,

e, ainda, observar as reações deles quando deparados com funções representadas

por animações na janela do mundo do software SimCalc3. Quando falamos de

narrativas, referimo-nos ao pensamento narrativo discutido por Bruner (1997),

apresentado no Capítulo I deste trabalho.

Pretendemos, então, dar continuidade à pesquisa sobre o uso de tecnologias

como ferramenta de aprendizagem. Desejamos, ainda, continuar focando a

importância delas no ensino e também na aprendizagem do conceito de função,

porém fazendo uso de uma nova ferramenta, o software SimCalc, e trabalhando com

alunos de Licenciatura em Matemática, ao invés de professores já formados, como

fizemos na pesquisa anterior.

A motivação pela escolha do software SimCalc ocorreu durante o curso de

Mestrado Acadêmico em Educação Matemática, no segundo semestre de 2011, ao

participar de uma aula da disciplina “Educação Matemática e a integração de novas

tecnologias”. A professora da disciplina propôs que, em duplas, apresentássemos,

3O SimCalc é um software educativo criado pelo Dr. James J. Kaput, PhD da Universidade de

Massachusetts no final dos anos 1980. Permite manipular gráficos e expressões algébricas. Disponível em: www.kaputcenter.umassd.edu.

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utilizando o software SimCalc, uma atividade adaptada dos cadernos do aluno ou do

professor4 do Estado de São Paulo.

Em um primeiro momento, tivemos a oportunidade de conhecer o software

SimCalc, explorando alguns dos diversos comandos que ele dispõe. Em seguida,

juntamente com a professora, realizamos algumas atividades que tinham como

objetivo observar o comportamento da representação animada de algumas funções

e, observando esse comportamento, deveríamos construir uma nova função que

apresentasse o mesmo comportamento de animação, ou seja, era preciso descobrir

qual era a função dada. Por fim, como proposta de trabalho, deveríamos apresentar,

em duplas, para a aula seguinte, atividades abordando tipos de função para o uso

desse software. As atividades apresentadas pelas duplas na disciplina, relacionadas

ao conceito de função, foram bem diversificadas, e abordavam funções polinomiais

de graus 1 e 2, funções exponenciais, logarítmicas e também funções definidas por

várias sentenças.

Já a motivação referente ao conteúdo matemático função e a proposta de

trabalhar com alunos de licenciatura para a elaboração desta pesquisa decorreu não

somente da pesquisa anterior que resultou em nossa monografia, mas também da

leitura das pesquisas de Sales (2008) e de Oliveira (2006).

Oliveira (2006), em sua pesquisa com alunos de graduação em Engenharia

na disciplina de Cálculo Diferencial e Integral, buscando respostas para o alto índice

de repetência nessa disciplina, deparou-se que o grande problema estava voltado ao

conceito de função, principalmente com situações em que era preciso esboçar

gráficos de funções da forma algébrica para a forma gráfica e vice-versa, na

construção de tabelas de valores numéricos, na distinção de variável dependente e

independente etc.

Sales (2008), em sua pesquisa, investigou as narrativas (BRUNER, 2002)

produzidas por estudantes de 1º ano do Ensino Médio diante de uma abordagem

matemática sobre funções polinomiais de 1º e 2º graus, utilizando um ambiente de

geometria dinâmica. Ela concluiu que as narrativas dos alunos possibilitaram uma

percepção particularizada dos tipos de funções, fizeram com que os alunos se

4 A nova Proposta Curricular do Estado de São Paulo é um programa lançado em 2008 pelo governo

do Estado de São Paulo nas escolas estaduais, para fazer uso de apostilas denominadas “Caderno do Aluno” e “Caderno do Professor”. São 12 matérias no total, divididas em quatro volumes, um para cada bimestre do ano. Disponível em: http://www.treewy.com/2009/10/caderno-do-aluno-respostas-e-duvidas (SÂO PAULO, 2008).

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envolvessem na busca por descobrir semelhanças e diferenças em cada

representação gráfica das funções apresentadas, relacionando-as com suas

próprias estórias matemáticas. Refletindo sobre a pesquisa de Sales (2008),

acreditamos que trabalhar dentro desse contexto, abordando narrativas de alunos de

licenciatura, pode trazer diferentes percepções de função também para alunos

nesse nível de escolaridade.

Tais considerações a respeito do uso de tecnologias e das dificuldades

enfrentadas pelos alunos no trato com funções não muito familiares aos alunos

instigaram-nos a realizar uma investigação, procurando responder aos seguintes

questionamentos:

A utilização do software SimCalc como recurso dinâmico

colaborou para que os alunos percebessem a variação da função

representada pelo movimento do ator?

O fato de os sujeitos de pesquisa serem alunos de licenciatura em

Matemática?

Com o objetivo de buscar responder nossas questões de pesquisa,

compomos nosso trabalho em quatro capítulos.

No Capítulo I apresentamos o referencial teórico que dará suporte a esta

pesquisa, a teoria dos modos de pensamento estudados por Jerome Bruner, o

pensamento narrativo e o pensamento paradigmático.

No Capítulo II abordamos a revisão de literatura para que pudéssemos

observar estudos relacionados ao ensino e à aprendizagem de funções por alunos

do Ensino Médio ou Superior e também pesquisas que se utilizaram das tecnologias

como ferramenta de apoio para aprendizagem desse conceito. Também estudamos

pesquisas de Educação Matemática que destacam o papel das narrativas.

No Capítulo III delineamos os procedimentos metodológicos de nossa

pesquisa, apresentamos as condutas que tomamos na aplicação dos instrumentos

de coleta de dados. Fazemos, também, uma breve apresentação do software

SimCalc, que utilizamos para realizar as atividades de nossa pesquisa.

No Capítulo IV apresentamos as análises dos dados, e finalizamos nosso

trabalho apresentando as considerações finais sobre a análise dos dados que

realizamos durante todo o trabalho, conforme a teoria do pensamento narrativo e

paradigmático apontada por Bruner (1997).

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CAPÍTULO I

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo procuramos enfocar as principais ideias da perspectiva teórica

que influenciou nosso trabalho. Procuramos abordar considerações sobre o papel de

narrativas na percepção matemática, enfatizando a teoria dos modos de

pensamento apontada pelo filósofo e pesquisador Jerome Bruner. Apresentamos o

papel das narrativas a partir dos modos de pensamento estudados por esse

pesquisador, o pensamento narrativo e o pensamento paradigmático.

1.1 Duas concepções de pensamento

Acreditando que o pensamento pode ser constituído por palavras, imagens

visuais e dados que podem ser relacionados em categorias, Bruner (1997) estudou e

procurou entender como o homem formula seus pensamentos a partir de duas

percepções, que, segundo ele, embora sejam irredutíveis, uma complementa a

outra. De acordo com Bruner (1997), essas percepções partem de duas maneiras

diferentes de articular o pensamento. A primeira nos remete ao fato de que podemos

relacionar o pensamento por meio de palavras, estórias, imagens visuais etc. Já a

outra se aponta por meio da “veracidade” ou ainda por um “argumento lógico” como,

por exemplo: “Todos os números inteiros maiores ou iguais a zero são números

naturais. Oito é maior que zero. Logo, oito é um número natural”. Deste modo, para

Bruner (1997), essas maneiras de representação de pensamento são estratégias

para explorar as riquezas da diversidade de pensamento que o ser humano

apresenta.

Nas próximas seções, vamos explorar e abordar brevemente esses dois

modos de pensamentos: o pensamento paradigmático e o pensamento narrativo.

1.2 O pensamento paradigmático

Para Bruner (1997), o pensamento paradigmático ou lógico-científico é

caracterizado por um discurso lógico/teórico, podendo ser apresentado como

verdadeiro, ou seja, refere-se a um sistema formal e matemático, buscando focar os

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modos da Matemática por meio de argumentações lógicas como forma de descrição

e explicação.

Nesse sentido, o modo de pensamento paradigmático, de acordo com Bruner

(1997), é caracterizado como um sistema formal em que o indivíduo busca organizar

suas ideias por meio de um discurso teórico, utilizando argumentos lógicos para se

comunicar matematicamente.

De acordo com Rodrigues (2010) e Sinclair, Healy e Sales (2009),

fundamentadas em Bruner (1997), o modo de pensamento paradigmático é

relacionado a argumentações matematicamente usadas para expor fatos e

fenômenos do mundo por meio de um raciocínio lógico e dedutivo. Essas

argumentações nascem por causa de acontecimentos que são gerados em nossa

mente durante o ato de narrar ou de contar estórias, buscando transcender o fato

por meio de fundamentos lógicos que podem ser relacionados com uma linguagem

matemática. Ainda segundo as autoras, é este modo de pensamento que favorece o

conceito da realidade do discurso científico nos modos da fala, e as principais

características observadas nesse modo de pensamento são: busca pela verdade,

fornecimento de provas práticas, preposição e a explicação de um esquema formal e

matemático.

Sendo assim, entendemos que o pensamento paradigmático apontado por

Bruner (1997) representa uma forma de expressar o conhecimento usando, como

meio de convencer o outro, hipóteses fundamentadas, ou seja, podemos conceber

argumentos matemáticos para expor nosso pensamento.

1.3 O pensamento narrativo

Bruner (1997) descreve que a narrativa é uma característica do ato de contar

e expressar alguma coisa, seja por estórias, contos ou mesmo acontecimentos. De

acordo com Bruner (1997), as narrativas ajudam o indivíduo, em seu pensamento, a

construir e dar sentido a um determinado fato, ou seja, “[...] a narrativa, a invenção

de estórias, é o modo de pensar e sentir que ajuda as crianças e as pessoas a criar

uma versão do mundo na qual, psicologicamente, elas podem vislumbrar um lugar

para si. Um mundo pessoal” (BRUNER, 2002, p. 43). Sinclair, Healy e Sales (2009)

enfatizam que a narrativa tem uma característica temporal em uma relação com o

pensamento. Deste modo, as autoras acreditam que a narrativa está presente na

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atividade matemática, e pode servir como poderoso meio para a construção de

estórias que dão significados a objetos matemáticos envolvidos nessa atividade.

Bruner (1997) afirma que os modos de pensar e de sentir ajudam os seres

humanos a criar uma versão do mundo na qual as narrativas são o meio principal

para levar o pensamento à produção de significados. De acordo com Rodrigues

(2010), a relação entre as narrativas e a produção de significados apontados por

Bruner (1997) se remete ao fato de expressar algo que aconteceu, ou seja, uma

reestruturação de nossa mente quando vivenciamos novamente o acontecido, mas

de uma maneira diferente. Quando buscamos organizar nossas ideias formulando

nossas experiências com o mundo, somos capazes de criar estórias com começo,

meio e fim. Essas estórias dão significados às relações do indivíduo com o mundo.

[...] isso significa que o modo narrativo tem um papel relevante na construção de representação de nossa experiência de vida e na organização dos nossos contatos com o mundo. Assim, nossas estórias que expressam possibilidades, desejos, emoções, julgamentos ou relatos podem ser contrários aos fatos contados, podem estar repletos de conhecimentos implícitos (RODRIGUES, 2010, p. 38).

Bruner (2002) enfatiza que a narrativa é um dos meios pelos quais

conseguimos desenvolver nosso pensamento por meio da fala interior; ela leva o

indivíduo a imaginar suas estórias, contos, relatos, dentro de um tempo, ou seja,

essa dinâmica tem um papel importante, e serve como instrumento motivador aos

modos narrativos de pensar. Desta maneira, as narrativas se tornam presentes em

nossas vidas, assim como temos a necessidade de nos comunicar uns com os

outros por meio da fala, gestos, expressões etc.

O pensamento narrativo também possui uma importante participação na

contrução do conhecimento matemático. De acordo com Sales (2008), com o

pensamento narrativo, esforçamo-nos para colocar fenômenos matemáticos em

experiências particulares, localizando essas experiências no tempo.

Segundo Sinclair, Healy e Sales (2009), ao realizarem uma intervenção

explorando representações dinâmicas de funções utilizando papel e lápis e um

micromundo5 denominado Dynagraph6, perceberam que as narrativas podem surgir

5"Micromundo é um ambiente de aprendizagem interativa baseado no computador, no qual os pré-

requisitos estão embutidos no sistema e os aprendizes podem tornar-se ativos, arquitetos construtores de sua própria aprendizagem" (PAPERT, 1985, p. 151).

6O Dynagraph é desenvolvido em CabriGéomètre, que apresenta, na tela do computador,

representações gráficas de funções nas quais os eixos x e y são configurados

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com mais frequência quando a atividade matemática é mediada pela dinâmica do

movimento, ao invés de representações estáticas.

Segundo Bruner (1996 apud SINCLAIR; HEALY; SALES, 2009) é preciso

voltar a atenção para o modo da narrativa, ou seja, a aprendizagem de Matemática

não pode ser caracterizada como um domínio independente do domínio das

relações lógicas; sendo assim, a narrativa concentra-se em atividades particulares

desses objetos como eles são tomados no tempo.

Para podermos identificar como Bruner (2002) associa os estilos de

pensamento, apresentamos quatro passos ou quatro características, primeiramente

delineadas por Bruner (2002) e que Healy e Sinclair (2007) identificaram em estórias

apresentadas por alunos, que tentaram dar sentido a experiências matemáticas.

1º passo: Ter uma sequência inerente: esse passo estabelece que o

pensamento seja constituído de fatos contínuos, ou seja, comandos são

ordenados, assim, se isso acontece então aquilo acontece, estabelecendo

uma relação temporal com o acontecimento.

2º passo: Ser real ou imaginário: esse passo permite que o real e o

imaginário existam ao mesmo tempo. Essa coexistência pode ser vista em

uma Matemática que começa no mundo imaginário e parte para o mundo real

ou vice-versa.

3º passo: Conexões entre o excepcional e o ordinário: tenta atribuir por

meio da narrativa conhecimentos extraordinários mais acessíveis, ou seja,

seria como encontrar uma maneira de simplificar conhecimentos ou

terminologias mais complexas.

4º passo: Ter uma qualidade dramática: essa característica, segundo

Rodrigues (2010, p. 40), “indica que as narrativas são contadas por pessoas

tentando dar sentido matemático e engajadono pensamento matemático,

caracterizadas pelos antropormorfismos e objetos matemáticos ou

inanimados”.

De acordo com Kaput e Hegedus (2004), com o software SimCalc é possível

trabalhar com movimentos de um ator que representa uma função. Como nosso

horizontalmente.Esses gráficos são dinâmicos, ou seja, a variável independente pode ser dinamicamente controlada via mouse pelo movimento de uma bolinha em uma linha numérica (eixo das abscissas), enquanto sua imagem se move paralelamente em uma linha numérica (eixo das ordenadas) permitindo uma observação do comportamento da imagem da função à medida que movemos a coordenada ao longo do eixo das abscissas (SALES, 2008, p. 48).

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objetivo de pesquisa é analisar as narrativas produzidas e observar as reações de

estudantes de Licenciatura em Matemática diante de uma abordagem para funções

em um ambiente dinâmico, em que as funções são representadas por animações na

janela do mundo do software SimCalc, elaboramos atividades específicas para esse

fim.

Em nossas atividades de pesquisa, procuramos seguir as quatro

características delineadas por Bruner (2002), que nos ajudaram a observar e

identificar as narrativas produzidas pelos alunos ao longo das atividades realizadas.

Para isso, conforme nossas atividades propostas, conduzimos os alunos para que

pudessem estabelecer um pensamento de fatos contínuos (ter uma sequência

inerente), estipular a existência do real e do imaginário (ser real ou imaginário),

simplificar as representações mais complexas por meio das narrativas (conexões

entre o excepcional e o ordinário) e atribuir um sentido matemático por meio das

narrativas expressas nas atividades propostas (ter uma qualidade dramática).

No próximo Capítulo, apresentamos nossa revisão de literatura, na qual

trazemos pesquisas relacionadas à utilização de softwares para o ensino de função,

que abordam a utilização das narrativas (BRUNER, 2002), e que utilizam o software

SimCalc como ferramenta interativa de aprendizagem no estudo de funções.

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CAPÍTULO II

REVISÃO DE LITERATURA

Ferrara,Pratt e Robutti (2006) classificaram as pesquisas que utilizaram

tecnologia e foram apresentadas na Conferência Internacional do Grupo de

Psicologia da Educação Matemática em algumas categorias. Neste capítulo,

apresentaremos essas categorias, classificando nelas alguns relatos de pesquisa

que encontramos e que nos pareceram pertinentes à nossa. Apresentaremos,

também, pesquisas que abordam o uso de narrativas de acordo com a teoria de

Bruner (2002), e outras que fazem uso do software SimCalc na aprendizagem de

funções.

2.1 Trinta anos de pesquisa sobre funções: diferentes abordagens

Ferrara,Pratt e Robutti (2006) fizeram um levantamento das pesquisas

apresentadas em 30 anos da Conferência Internacional do Grupo de Psicologia da

Educação Matemática (PME), e identificaram três tipos diferentes de abordagens de

como a tecnologia utilizada nessas pesquisas contribuiu para o entendimento de

funções por parte dos alunos:

Investigação sobre o uso de tecnologia como um meio simplificador, dando ênfase a um tipo de representação;

Investigação sobre o uso de tecnologia como instrumento ou mediadora, isto é, o uso que o aprendiz faz da própria ferramenta;

Investigação sobre o uso de tecnologia como integradora, com o uso de vários sistemas de representação.

Na primeira abordagem, a tecnologia pode ser usada como meio facilitador

para executar ou verificar cálculos ou plotar gráficos de funções. Por exemplo, Mesa

e Gómez (1996 apudFERRARA; PRATT; ROBUTTI, 2006) apresentaram um estudo

com base nas respostas de dois grupos de alunos sobre problemas dados em sala

de aula usando calculadoras gráficas. Os autores analisaram diferentes estratégias

aplicadas por alunos na busca por soluções, e apontaram que a tecnologia foi usada

mais para executar cálculos e plotar gráficos do que para levantar ou testar

conjecturas.

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Moreira (2002 apud FERRARA; PRATT; ROBUTTI, 2006), ao trabalhar com

estudantes de primeiro ano de um curso superior em Gestão, também apresentou

resultados semelhantes aos de Mesa e Gómez (1996 apud FERRARA; PRATT;

ROBUTTI, 2006). Moreira (2002 apud FERRARA; PRATT; ROBUTTI, 2006) utilizou

o Excel para trabalhar problemas sobre gráficos e cálculos de função. De acordo

com esse autor, o uso das tecnologias desenvolve uma “Competência democrática”

(MOREIRA, 2002 apud FERRARA; PRATT; ROBUTTI, 2006, p.248) no contexto da

Educação Matemática, ou seja, alunos foram capazes de verificar a validade de

afirmações relacionadas a um problema quando utilizam o computador.

Outra maneira de dar ênfase a uma representação é pelo uso de dispositivos

ou por simulação de situações reais. Nesse sentido, Yerushalmy, Shternberg e

Gilead (1999 apud FERRARA; PRATT; ROBUTTI, 2006) usaram o mouse para

desenhar trajetórias de um corpo em movimento de acordo com o tempo. O objetivo

das atividades foi analisar a relação entre a ação do desenho e o gráfico de funções

matemáticas. Outras pesquisas como as de Robutti e Ferrara (2002 apud

FERRARA; PRATT; ROBUTTI, 2006) fizeram uso de sensores para relacionar

movimento com as representações usuais de funções.

Hegedus e Kaput (2003 apud FERRARA; PRATT; ROBUTTI, 2006) utilizaram

o software SimCalc, que permite simulação de situações reais envolvendo

movimento, com alunos de 16 anos, e observaram melhorias no desempenho

desses alunos, e que a utilização de recursos visuais leva a uma perspectiva de

modelagem de funções no sentido em que as funções são vistas como um meio de

explorar ou analisar o mundo real ou um comportamento simulado.

Considerando a segunda abordagem, que aponta a utilização de tecnologias

como um instrumento mediador, Ferrara,PratteRobutti(2006) apontam pesquisas em

que há comparação entre desempenhos de alunos que usam ferramentas

tecnológicas e de alunos que usam abordagens sem tecnologia. Nessa linha,

Guttenberger (1992 apud FERRARA; PRATT; ROBUTTI, 2006) comparou o

desempenho de alunos que trabalharam com funções utilizando o computador, com

o desempenho de alunos que também trabalharam com funções, mas sem a

utilização do computador. O autor aponta que os alunos que utilizaram o computador

foram mais bem-sucedidos nas atividades.

Goméz Fernández (1997 apud FERRARA; PRATT; ROBUTTI, 2006)

observou resultados com dois grupos de alunos. O primeiro grupo teve acesso a

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calculadoras gráficas e o segundo não teve acesso a essa ferramenta. Segundo o

autor, “não foram encontradas diferenças entre os dois grupos na fase de

adaptação, mas diferenças significativas foram encontradas na fase de

consolidação” (GOMÉZ FERNÁNDEZ, 1997 apud FERRARA; PRATT; ROBUTTI,

2006, p. 254, tradução nossa).

Dagher e Artigue (1993 apud FERRARA; PRATT; ROBUTTI, 2006)

estudaram dois grupos de alunos. Um com 33 alunos, com idades entre 16 e 18

anos, e o outro com 21 alunos, com idade entre 14 e15 anos. O primeiro grupo

trabalhou com o conteúdo de polinômios enquanto o outro trabalhou com o conteúdo

de funções lineares. Os estudantes receberam um jogo, constituído por uma curva a

qual tinha que ser representada algebricamente. De acordo com os autores, foram

identificados alguns fatores relevantes que contribuíram para o processo de

aprendizagem em relação ao jogo, “bem como à forma como o recurso mediou a

aprendizagem, nesse caso em forma de ideias revolucionárias" (DAGHER e

ARTIGUE, 1993 apud FERRARA; PRATT; ROBUTTI, 2006, p. 254, tradução nossa).

Os alunos perceberam a importância de: “i) reunião de uma parábola particular. (ii)

alteração de uma representação de forma diferente e (iii) a localização de pontos

específicos” (DAGHER e ARTIGUE, 1993 apud FERRARA; PRATT; ROBUTTI,

2006, p.254, tradução nossa).

Assim como os autores alegam que o uso das tecnologias desenvolve

recursos para o aprendiz quando estão diante de situações problema, acreditamos

também que a utilização de recursos computacionais pode fazer com que os sujeitos

de nossa pesquisa desenvolvam capacidades de trabalhar com problemas que

representam funções por meio da utilização de ambientes computacionais.

Esperamos também, em nossa pesquisa, trabalhando com o software SimCalc, que

os alunos possam utilizar recursos visuais que o software oferece para compor

melhorias quanto a explorar representações gráfica e algébrica de funções, e ainda,

compreender como explorar o comportamento simulado com a função estabelecida

nas formas gráfica, algébrica e tabular.

Observamos que Schwarz e Bruckheimer (1988 apud FERRARA; PRATT;

ROBUTTI, 2006) refletem que um dos benefícios da tecnologia é permitir a

representação de função de diversas maneiras, o que caracteriza a terceira

abordagem apresentada por Ferrara,Pratt e Robutti (2006). Em uma pesquisa com

alunos de 15 anos, Schwarz e Bruckheimer (1988 apud FERRARA; PRATT;

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ROBUTTI, 2006) utilizaram um ambiente computadorizado que apresenta

representações algébrica, gráfica e tabular de funções, para ser usado por esses

alunos na busca por soluções de problemas que envolviam tal conceito. Dois grupos

foram formados; um começou procurando resultados por meio de representações

gráficas antes de utilizar representações algébricas, e o outro grupo procurou

resultados por meio de representações algébricas antes de utilizar as

representações gráficas. A partir dessa experiência, os autores concluíram que

“focar em gráficos antes da álgebra, levou a um nível mais alto de raciocínio

funcional” (SCHWARZ e BRUCKHEIMER, 1988 apud FERRARA; PRATT;

ROBUTTI, 2006, p. 251, tradução nossa).

De acordo com os autores, esperamos que, em nossa pesquisa, possamos

verificar que a utilização das tecnologias colabora para que os alunos deem

significados para representações gráficas e algébricas de funções por meio da

representação animada proporcionada pelo software SimCalc.

Ao analisar estas abordagens levantadas por Ferrara, Pratt eRobutti (2006),

observamos a possibilidade de classificar pesquisas que tratam do ensino e da

aprendizagem de funções de acordo com elas.

2.1.1 Tecnologia como um meio simplificador

De acordo com a utilização da tecnologia com um meio simplificador,

encontramos a pesquisa de Maia (2007), que aborda a utilização de recursos

computacionais, como softwares e outros, como auxílio para a manipulação de

representações gráficas de funções de maneira mais rápida do que com papelelápis,

permitindo fazer simulações em busca de efeitos satisfatórios, e desenvolver a

capacidade de fazer previsões e questionar resultados.

A autora apresenta alguns trabalhos que tratam das dificuldades encontradas

por alunos do Ensino Fundamental e Médio que trabalham com o conceito de

função. Algumas dificuldades mais comuns foram: construção de gráficos,

conversão de representação gráfica para representação algébrica (e vice-versa);

conhecer a função por meio do gráfico; entre outras. Maia (2007) faz, também, uma

análise de livros didáticos, verificando os tipos de exercícios e de abordagens de

ensino sobre função quadrática propostos no nível fundamental e no médio,

destacando a predominância da passagem da representação algébrica para a

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representação gráfica. Maia (2007) ressalta, ainda, que em nenhum dos livros

analisados o uso do computador é citado como ferramenta para auxílio na

construção de gráficos. Nesse sentido, Maia (2007) afirma que sua pesquisa aborda

o uso do computador na complementação do estudo de funções, utilizando um

software gráfico e o caráter lúdico para introduzir noções como intervalo e domínio

de função.

Participaram da pesquisa oito alunos de 8ª série do Ensino Fundamental e

uma professora de Matemática de uma escola particular, que ajudou nas aplicações

das atividades. Os alunos trabalharam em duplas. A autora decidiu trabalhar com os

alunos de 8ª série, porque é nesta série que comumente se introduz o conceito de

função. As atividades iniciais da sequência eram relativas à função polinomial do 2º

grau e à utilização do software Winplot. Segundo a autora, este trabalho foi

desenvolvido utilizando os princípios da Engenharia Didática, por um esquema

experimental e pelas análises a priori e a posteriori.

Para a organização da sequência didática, as atividades elaboradas por Maia

(2007) tinham como foco representações de funções quadráticas, sendo divididas

em três partes: a primeira parte corresponde a quatro atividades que visavam

introduzir a forma canônica da função quadrática, ou seja, realizar um tratamento na

escrita algébrica da função, com o intuito de observar o comportamento do gráfico.

Para a primeira atividade, foi escolhida a função na forma 2)( axxf , na qual a

constante „a‟ assumia valores diversificados atribuídos pelos alunos, para que,

assim, pudessem construir vários gráficos num mesmo plano cartesiano, objetivando

a visualização da variação do parâmetro „a‟ em relação à concavidade e à abertura

da parábola. Na segunda parte, Atividade 2, utilizou funções do tipo nxxf 2)( ,

para explorar a posição do vértice da parábola em relação ao eixo das abscissas. As

funções utilizadas na terceira atividade eram do tipo 2)()( mxxf , na qual, „m‟ e „n‟

são constantes reais que eram variadas pelos alunos, para que fosse descoberta a

posição do vértice em relação ao eixo das ordenadas. Nas Atividades 4 e 5,

tomando os conhecimentos trabalhados nas Atividades 1, 2 e 3, Maia (2007) propôs

aos alunos que trabalhassem com o software, desenhando figuras a partir de formas

determinadas por parábolas dentro de um intervalo. Finalmente, a terceira parte

corresponde à Atividade 6, na qual se pretendia que os alunos reutilizassem os

conhecimentos envolvidos nas atividades anteriores.

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Quanto à participação dos alunos na pesquisa, a autora relata que eles se

mostraram interessados em descobrir algo novo a cada atividade da sequência; e

ainda, a dinâmica do software proporcionou aos alunos maior interação com os

gráficos e suas respectivas fórmulas, pois pareciam estar empolgados por trabalhar

com o software nas atividades e ainda mostraram agilidade no processo de

construção dos gráficos, podendo fazer uma análise consistente, e permitindo

maiores discussões, o que talvez não fosse possível realizar com lápis e papel,

devido ao tempo gasto com a construção.

Maia (2007) aponta que a utilização do software Winplot na realização das

atividades que tinham como objetivo mostrar o gráfico da função quadrática e as

modificações desses gráficos quando se realizavam mudanças na escrita algébrica

e vice-versa, teve uma grande repercussão frente aos alunos, ou seja, os alunos

conseguiam observar, por meio da dinâmica do software, as modificações nos

gráficos quando a escrita algébrica era alterada. Por exemplo, a concavidade da

parábola ser voltada para cima quando o coeficiente de 2x é positivo; a mudança

dos valores atribuídos ao parâmetro “a” na função polinomial do segundo grau

definida por 2)( axy faz com que a parábola se desloque horizontalmente no

plano cartesiano. Sendo assim, acreditamos que, com a utilização de ferramentas

computacionais, é possível que alunos se apropriem do processo de construção

gráfica e de outras atividades que necessitam do conceito de função.

2.1.2 Tecnologia como instrumento ou mediadora

De acordo com a utilização da tecnologia como instrumento ou mediadora,

encontramos a pesquisa de Reis (2011), que traz a utilização da tecnologia como

suporte para a aprendizagem do conceito de função polinomial de 1º grau, como

instrumento mediador.

Na pesquisa de Reis (2011), o autor aponta que, a partir das dificuldades

apresentadas por alunos sobre o conceito de função afim, referentes à

representação e à interpretação gráfica, propôs uma sequência de atividades, na

tentativa de estabelecer melhorias para a compreensão desse conceito.

Participaram de sua investigação 20 alunos, com média de 16 anos de idade, de

uma escola pública estadual do Estado de São Paulo.

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Para que pudesse estabelecer uma proposta de ensino que viesse a

contribuir com a compreensão da construção e representação gráfica de funções de

1º grau, o autor propôs uma sequência de atividades dividida em duas fases. A

primeira fase foi composta por quatro blocos de atividades em papel impresso,

visando explorar o conceito de função afim, para “identificar os possíveis erros dos

alunos para auxiliar na construção do conhecimento do objeto matemático

mencionado” (REIS, 2011, p. 81). Na segunda fase, foi proposta uma sequência de

atividades composta de cinco blocos, realizadas com o uso do software GeoGebra,

na pretensão de possibilitar um avanço na aprendizagem do conceito de função.

Essas atividades “foram criadas para o desenvolvimento do raciocínio matemático,

que possibilita a construção do conhecimento e não apenas a memorização e

reprodução de técnicas de resolução em torno do conceito da função afim” (REIS,

2011, p. 73). As cinco atividades da segunda fase buscavam o auxílio do

softwareGeoGebra para possíveis reparos nos erros ocorridos nas atividades da

primeira fase. Segundo o autor, os erros apresentados pelos alunos estavam

relacionados com avaliação de função de acordo com as representações algébrica e

gráfica, coeficientes angulares e lineares que abordam respectivamente a inclinação

e a intersecção da reta com o eixo das ordenadas, conversão entre a representação

gráfica para a representação algébrica, e conceitos que abordam o zero, domínio,

imagem e sinal da função conforme sua representação gráfica.

De acordo com as considerações apresentadas pelo autor, nas atividades em

papel e lápis, da primeira fase de sua pesquisa, foi possível observar que os erros

apresentados pelos alunos aconteciam muitas vezes por falta de grande atenção

dos alunos perante o estudo de funções, e que, ao trabalhar com o auxílio do

softwareGeoGebra, na segunda fase de sua pesquisa, muitos alunos classificaram

que o auxílio do software fez com que a aprendizagem se estabelecesse de forma

dinâmica de modo que a maioria dos erros pôde ser corrigida.

Ainda de acordo com a utilização da tecnologia como instrumento ou

mediadora, encontramos também a pesquisa de Alves (2010) por meio da qual o

autor investigou a utilização de tecnologias como apoio, dinamismo e integração no

ensino e na aprendizagem para o conceito de Funções, Limites e Continuidade.

Segundo Alves (2010), é possível observar uma grande dificuldade de alunos

em trabalhar conceitos e propriedades que envolvem funções; muitas vezes, esses

conceitos são explorados por meio de definições e regras, o que faz com que o

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aluno não tenha um posicionamento questionador, o que pode dificultar uma

construção efetiva de seu conhecimento. Para que pudesse explorar maneiras

diferenciadas para tentar atribuir melhoras tanto na aprendizagem quanto para o

ensino de tópicos relacionados àsfunções, o autor, em sua pesquisa, preparou uma

intervenção na qual foram trabalhadas atividades que abordavam não somente o

conteúdo de funções, mas também os conteúdos de Limites e Continuidade.

De acordo com Alves (2010) seus objetivos em sua pesquisa foram:

Apresentar e discutir a utilização das TIC‟s no Ensino de Cálculo como uma tendência da Educação Matemática;

Elaborar e implementar atividades exploratórias voltadas para o ensino de Funções, Limites e Continuidade em um laboratório de informática, na perspectiva da Educação Matemática no Ensino Superior;

Acompanhar e avaliar a interação dos alunos no laboratório de informática, durante o processo de ensino e aprendizagem de Funções, Limites e Continuidade (ALVES, 2010, p. 51).

Segundo o autor, realizou-se uma intervenção com alunos do 1º período de

Licenciatura em Matemática da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), na

disciplina de Introdução ao Cálculo Diferencial e Integral. O autor contou com a

presença de 16 alunos durante todas as atividades de sua intervenção. Foram

elaboradas 10 atividades exploratórias relacionadas ao estudo de Funções, Limites

e Continuidade, utilizando-se do laboratório de informática da Universidade e

contando com o apoio do software Geogebra para o desenvolvimento das mesmas.

Além disso, as atividades foram realizadas pelos alunos participantes

individualmente, incentivando-se a discussão em duplas.

Alves (2010) afirma que, para a elaboração das atividades, foi abordada a

dinâmica dos processos de aprendizagem investigativa relacionada a funções. Nesta

perspectiva, foram elaboradas atividades que abordassem: Funções em geral

(definição, domínio, imagem etc.); Funções polinomiais de graus 1 e 2 (coeficiente,

crescimento e decrescimento, máximos e mínimos); Funções modulares (graus 1 e

2, definidas por mais de uma sentença); Funções exponenciais e logarítmicas

(crescimento e decrescimento, funções inversas); Funções trigonométricas (período,

imagem, deslocamento vertical e horizontal); Funções polinomiais (multiplicidade e

natureza das raízes); Funções racionais e algébricas (assíntotas e limites);

Existência de limites e limites laterais (identificação algébrica e gráfica); Limites

fundamentais, infinitos e no infinito e Continuidade. Segundo o autor, o objetivo

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dessas atividades foi de investigar as contribuições da utilização do software

GeoGebra para o ensino de Introdução ao Cálculo, a partir das observações feitas

em sala de aula e das interações entre os alunos no laboratório de informática,

durante o decorrer das atividades.

Alves (2010) aponta que, após a realização das atividades no laboratório de

informática, foi aplicado um questionário para ser respondido individualmente pelos

alunos. Esse questionário foi composto por perguntas, para a avaliação das

atividades trabalhadas na intervenção. Quais foram:

Você considerou que esta atividade complementou, de alguma forma, a aula ministrada pelo professor? Justifique.

Quais seriam alguns dos principais tópicos do conteúdo trabalhado na disciplina em que a utilização de softwares educacionais pode contribuir para sua aprendizagem? Por quê?

Em quais aspectos a realização das atividades contribuíram para que você se sinta melhor preparado para utilizar as TIC‟s no estudo de Cálculo? (ALVES, 2010, p. 56).

Alves (2010) relata que foi possível observar uma experiência positiva com a

utilização das TICs no desenvolvimento das atividades de sua pesquisa, pois os

alunos não possuíam nenhuma expectativa em utilizar tecnologias para a realização

das atividades, e, após a realização de cada atividade, pode-se ver que os alunos

puderam posicionar-se e expressar a respeito das contribuições trazidas com a

utilização das TICs, que, segundo Alves (2010), foram: A possibilidade de

visualização na dinâmica gráfica das funções, a abertura para conjecturas a partir

dos gráficos das funções geradas, o ambiente dinâmico propiciado pelo software e a

mudança de postura dos alunos que passaram a demonstrar uma atitude mais ativa

e questionadora durante a realização das atividades no laboratório.

De acordo com essas manifestações apontadas pelos alunos na pesquisa de

Alves (2010), em nossa pesquisa, com a utilização de ambientes computacionais,

esperamos que os alunos possam trazer manifestações positivas, e que a utilização

das tecnologias possa favorecer o dinamismo para futuras práticas no ensino e na

aprendizagem do conceito de função.

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32

2.1.3 Tecnologia como integradora

Armella, Hegedus e Kaput (2008) pretendem investigar a participação de

alunos em sala de aula mediante o uso da conectividade. Os autores procuraram

responder algumas questões para investigar como o dinamismo das tecnologias

poderia contribuir com o ensino e a aprendizagem de Matemática em sala de aula.

De acordo com os autores, o objetivo da pesquisa foi estudar novas formas de

participação que podem ocorrer quando educadores combinam em salas de aulas a

estrutura subjacente de atividades matemáticas e as interações humanas

resultantes dessas atividades.

De acordo com Armella, Hegedus e Kaput (2008), o software SimCalc fornece

e permite a utilização de uma ferramenta que possibilita que o professor controle

quem está ligado ao seu computador, utilizando comandos que autorizam escolher o

momento para pausar as atividades (animações) ou ainda permite que os alunos

enviem uma série de tentativas de animações. Esta abordagem, segundo os

autores, “possibilita que o professor se concentre em manter a atenção dos alunos

em determinadas ideias matemáticas e promova a discussão, o raciocínio e a

generalização de uma forma progressiva e pública (ARMELLA; HEGEDUS; KAPUT,

2008, p. 3)”.

Armella, Hegedus e Kaput (2008) apresentam um estudo realizado em

Massachusetts (EUA) com alunos do nono ano do Ensino Fundamental, em uma

faixa etária entre 14 e 15 anos. Nesse estudo, os autores realizaram uma

intervenção em aulas regulares de Álgebra, sobre funções lineares, inclinação de

reta e sistema de equações.

Segundo os autores, a tecnologia também está ligada àrepresentação,

conectividade, currículo e técnicas pedagógicas de formas matematicamente

significativas e relevantes. Nesse sentido, os autores, acreditando que há diferenças

nas estruturas de comunicação nas salas de aula conectadas, apresentaram três

métodos para analisar a participação dos alunos quanto ao uso da conectividade em

sala de aula. No primeiro método, os alunos, em pares, trabalharam com atividades

em que o professor, gerenciando-as por meio do recurso da conectividade, exibiu,

na janela mundo do software SimCalc, um conjunto de atores em movimentos,

definidos por funções lineares chamadas de “pontos”, e, observando as animações

desses atores, os alunos deveriam debater entre si ou com o professor sobre os

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movimentos dos atores e as funções lineares atribuídas. Segundo eles, o objetivo

desse método foi analisar como a conectividade pode influenciar nas discussões ou

nos debates de alunos em atividade matemática, ou seja, na sala de aula conectada,

os alunos poderiam usufruir dos recursos tecnológicos para discutir a atividade

matemática proposta.

No segundo método, Armella, Hegedus e Kaput (2008) analisaram a

participação dos alunos em sala de aula, ou seja, observaram as falas dos alunos,

tendo como foco facilitar a aprendizagem de assuntos e argumentos matemáticos

discutidos em sala. Nessa análise, os autores apontam que o discurso pode trazer

resultados na aprendizagem.

Para o terceiro método, Armella, Hegedus e Kaput (2008) apontam um estudo

sobre a forma com a qual os indivíduos usam e apropriam-se de linguagens,

símbolos e categorias sociais para representar a si mesmos e a outras pessoas por

meio de uma análise localizando o fato no tempo e no espaço, chamada de

“marcadores dêiticos”. Segundo eles, utilizar uma análise com relação ao tempo e

ao espaço ajuda a observar padrões de identificação, que surgem de atividades em

sala de aula, de forma mais ampla e com conceitos matemáticos. Em um ambiente

em que as tecnologias são agregadas ao trabalho dos alunos, pode-se observar um

uso alternativo ou até mesmo semelhante de marcadores dêiticos nos trabalhos dos

alunos por meio de uma exibição ao público.

De acordo com os resultados apresentados por Armella, Hegedus e Kaput

(2008), a diferença que a conectividade faz na sala de aula é na inclusão de

estruturas de participação e na promoção do discurso e/ou debate dentro de um

espaço de trabalho. Para os autores, a utilização das tecnologias em salas de aula

deve ser feita de forma a promover melhorias no ensino e na aprendizagem. Muitas

vezes, o comportamento de professores e alunos no que tange ao ensino e à

aprendizagem não permite que se alcance o sucesso, porque não possuem um

planejamento nas atividades. Além disso, Armella, Hegedus e Kaput(2008)

acreditam que não há um tipo de atividade matemática que pode ser mais bem

trabalhada ou que pode explorar mais o uso das tecnologias; é necessário entender

como é possível trabalhar e analisar o impacto e o potencial que o uso de

tecnologias e de redes de integração promovem no aprendizado de conceitos

matemáticos em práticas de ensino sobre o desempenho do aluno.

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Em uma pesquisa que aborda a utilização do software SimCalc em

aprendizagem de funções que representam movimento, Felipe, Lima e Frant (2012)

analisam falas de dois alunos, estudantes de primeiro ano do Ensino Médio, em uma

atividade trabalhada com o apoio do software SimCalc, com uma função que não é

usual para aqueles alunos.

Segundo as autoras, o objetivo da pesquisa foi “levantar os modos de

pensamento desses estudantes, utilizando como fundamentação teórica os modos

de pensamento propostos por Bruner (2002), o pensamento narrativo e o

pensamento paradigmático” (FELIPE; LIMA; FRANT, 2012, p. 1).

Felipe, Lima e Frant (2012) apontam que os alunos, trabalharam com três

atividades. A primeira aborda funções afins; a segunda aborda uma situação de

movimento de um carro, e, por fim, a terceira atividade apresenta uma função

definida por x

xf1

)( com 0x , que consideram desconhecida pelos alunos.

Para a primeira atividade foi pedido que os alunos analisassem o

comportamento da função quando o coeficiente angular assume valores positivos e

negativos. Na segunda atividade, abordam o movimento representado por um carro,

envolvendo uma função definida por mais de uma sentença, mais especificamente,

três sentenças compostas por funções do primeiro grau. Para a terceira atividade foi

elaborada uma animação no software SimCalc, na qual o ator, representado por um

palhaço, movimenta-se de acordo com a função x

xf1

)( com 0x . Segundo as

autoras,

Esta função foi escolhida por dois motivos. Primeiro, por ser uma função que nem sempre é apresentada ao aluno quando da introdução do conceito de função. Segundo, por seu movimento no software SimCalc ser, também, não usual. Isto é, o palhaço se movimenta lentamente no início, para, depois, rapidamente “sair de cena”, saindo da tela por um lado e reaparecendo de outro lado (FELIPE; LIMA; FRANT, 2012, p. 4).

A atividade foi aplicada após o horário de aula para dois alunos do primeiro

ano do Ensino Médio. Foi apresentada a eles a animação do palhaço no software

SimCalc. Na animação, o palhaço se movimenta no intervalo [-10, 10], e os alunos

não tinham acesso às representações gráfica e algébrica da função. Eles deveriam

construir outro ator que se movimentasse exatamente da mesma maneira que o

palhaço. Conforme observamos, as autoras buscaram observar nas falas dos alunos

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características dos pensamentos narrativo e paradigmático. Na primeira atividade,

os alunos apresentaram em suas falas características dos modos de pensamento

paradigmático, mencionando o “coeficiente de x, da função que cresce para valores

positivos de a, e da função que decresce quando a é negativo” (FELIPE; LIMA;

FRANT, 2012, p. 5). Na segunda atividade, os alunos também utilizaram

características de pensamento paradigmático, apontando diferentes movimentos

conforme a animação do carro, principalmente aquele em que o mesmo fica parado

(função constante). Por fim, na terceira atividade, ao visualizarem o movimento do

ator na tela,

[...] os alunos tiveram duas surpresas: a lentidão do palhaço durante os primeiros instantes, e o desaparecimento dele de um lado da tela e ressurgimento do outro, bem como, a velocidade em que este último movimento ocorreu. Os passos lentos do palhaço, como se ele patinasse, foram descritos pelos alunos como “Michael Jackson dançando Moon Walker”, numa tentativa de descrever a lentidão de crescimento da função f para valores entre -1 e zero, e de decrescimento para valores entre zero e 1 (FELIPE; LIMA; FRANT, 2012, p. 4).

De acordo com os dados apresentados, as autoras consideram que o uso do

software SimCalc, juntamente com as atividades propostas apresentadas aos

alunos, trouxe importantes narrativas que contribuíram para que os alunos

pudessem entender o comportamento das funções, principalmente aquela que para

eles era desconhecida, no caso a função x

xf1

)( com 0x .

Outra pesquisa que utiliza SimCalc em atividades matemáticas ligadas ao

conceito de função e a observação dos gestos e das expressões dos alunos

mediante a análise de funções algébricas representadas nesse software foi a de

Hegedus e Rodrigues (2006) em um projeto de pesquisa.

Os autores integraram o software SimCalc em salas de aulas do Ensino

Médio que estavam estudando Álgebra. Foi criado um conjunto de atividades que

exploravam o uso e o recurso que o software SimCalc pode oferecer para contribuir

com a aprendizagem de função. Segundo os autores, cada grupo de alunos criou

uma função a partir de um critério. O domínio da função seria um intervalo [0, 6] e a

velocidade seria igual ao número de cada grupo, ou seja, o Grupo 1 criou a função

definida por f(x) = x, o Grupo 2 criou a função f(x) = 2x, e o Grupo 3 criou a função

f(x) = 3x.

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Segundo Hegedus e Rodrigues (2006), os estudantes observaram os

movimentos dos atores cujas animações são proporcionadas pelas funções criadas.

Foram coletadas as animações criadas pelos alunos e geradas em um recurso de

”hide/show”ondetodos os alunos tiveram acesso à visualização das animações para

que, assim, pudessem discutir coletivamente as animações.

Figura 1 - Trabalho coletado dos alunos

Fonte: Hegedus e Rodrigues, 2006.

Segundo os autores, observou-se que os alunos apresentaram falas que

abordam a movimentação dos atores conforme a função algébrica e a animação

observada e, para as falas que produziam, os alunos faziam gestos com as mãos

para representar um possível tipo de movimento discutindo as famílias de funções

observadas nas animações.

2.2 O uso das narrativas

Após várias leituras de pesquisas que abordaram a utilização das tecnologias

e, ainda, trabalharam com conceito de função, com diversificados públicos alvos

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(alunos de Ensino Médio, Fundamental ou Superior), apresentamos duas pesquisas

que chamaram nosso interesse e que vinham ao encontro do nosso objetivo, que é

analisar as narrativas produzidas por estudantes de Licenciatura em Matemática

diante de uma abordagem para funções em um ambiente dinâmico, e, ainda,

observar as reações deles quando deparados com funções representadas por

animações na janela do mundo do software SimCalc.

A primeira foi de Sales (2008), cujo objetivo foi:

[...] identificar e estudar as narrativas produzidas matematicamente, pelos estudantes em ambientes de aprendizagem que abordam funções matemáticas e investigar a contribuição de tais narrativas na construção de conhecimentos e significados matemáticos (SALES, 2008, p. 128).

Para que pudesse nortear suas ideias sobre a narrativa na aprendizagem

matemática, Sales (2008) embasou-se na teoria de Bruner (1997), investigando as

narrativas produzidas por estudantes do Ensino Médio, buscando entender como

elas podem contribuir para o aprendizado matemático, diante de uma abordagem

matemática sobre funções, utilizando um ambiente de geometria dinâmica. Como

metodologia de pesquisa, a autora utilizou Design Experiments, apontando que, com

essa metodologia, o conhecimento matemático do estudante pode ser explorado por

meio de suas interações com o meio físico e sociocultural, ou seja, pretende estudar

e tentar compreender como os estudantes falam ou fazem Matemática. Em sua

pesquisa, a autora utilizou-se de duas fases distintas. A primeira consiste no design,

e a segunda fase na experimentação do design.

A fase do design consiste na elaboração dos micromundos, o Cartesiangraph

e Dynagraph, desenvolvidos com o uso de CabriGéomètre, e apresentam

representações dinâmicas de gráficos. O interesse da autora nessa fase foi abordar

a representação gráfica da função utilizando-se da Geometria Dinâmica,

fazendo uma relação da representação gráfica de uma função com sua expressão

simbólica, ou seja, uma percepção da imagem com movimentos no gráfico. A fase

de experimentação foi dividida em dois momentos. O primeiro momento partiu da

elaboração das atividades e escolha das funções, e o segundo momento foi a

aplicação das atividades desenvolvidas no primeiro momento.

Sales (2008) salienta que, durante a coleta de dados, foram utilizadas

gravações de áudio e vídeo, e os alunos trabalharam em duplas para que

2)( xxf

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produzissem narrativas ao descreverem o comportamento de cada função

apresentada. Ainda segundo a autora, a captação dos movimentos realizados na

tela do computador também foi fundamental para analisar as narrativas dos alunos,

mediante a produção de gestos nas funções apresentadas pela dinâmica dos

micromundos.

Para que pudesse retomar o contexto de função, Sales (2008) iniciou seus

trabalhos elaborando três fichas de atividades. A primeira dispunha de algumas

perguntas relacionadas à função, como por exemplo: “Escreva tudo que vem a sua

cabeça quando ouve falar na palavra função” (SALES, 2008, p.55). A segunda e a

terceira fichas foram utilizadas na segunda sessão de ensino, nas quais os alunos

tinham que observar e anotar os comportamentos engraçados, interessantes etc. de

cada função construída com o auxílio do software.

Segundo a autora, no primeiro momento, foram definidos quais tipos de

funções seriam apresentados na fase de experimentação e algumas atividades a

serem trabalhadas nos dois micromundos. Em relação às funções escolhidas, optou-

se por 12 funções abrangendo cinco tipos: funções afins, quadráticas, descontínuas,

que possuem assíntota e funções trigonométricas. Com essa variedade de funções,

pretendia-se possibilitar uma visão mais ampla do conceito de função, e ainda

observar seus comportamentos quando trabalhadas no Cartesiangraph e no

Dynagraph. No segundo momento, as atividades desenvolvidas foram aplicadas a

um grupo de estudantes do 1º ano do Ensino Médio, pois os alunos poderiam ter

maior liberdade para expressar suas observações, pelo fato de ainda não terem

trabalhado com esse conhecimento matemático em sua vida escolar. Segundo a

autora, foi possível perceber que os alunos sentem-se mais à vontade para fazer

seus comentários, sem preocupar-se com o rigor matemático.

Após ler e observar as reações e conclusões dos alunos, apontadas pela

autora, inspirados em sua pesquisa, procuramos, também, investigar narrativas de

alunos quando deparados com representações dinâmicas de funções. Em relação a

que público observar, decidimos que fossem alunos de um curso de Licenciatura em

Matemática, acreditando que as narrativas podem contribuir com a formação do

professor. Em nosso trabalho, procuramos observar se os modos de pensamento

narrativo ou paradigmático seriam utilizados, a partir da análise, pelos alunos, da

representação animada do software SimCalc, e se o modo paradigmático pode estar

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mais relacionado com as atividades apresentadas do que o modo narrativo,

considerando o grau de escolaridade dos alunos pesquisados.

Outro trabalho a que tivemos acesso e que consideramos importante em

nossa revisão de literatura pelo fato de trabalhar com o conceito de função e analisar

narrativas, foi o artigo de Sinclair, Healy e Sales (2009). Vale ressaltar que esse

artigo inclui a pesquisa de Sales (2008) à qual nos referimos anteriormente, e as

atividades utilizadas foram as mesmas, porém fizeram uma comparação com outros

sujeitos pesquisados.

As autoras acreditam que a narrativa está presente na atividade matemática,

e pode servir como poderoso meio de construção de estórias que dão significados

aos objetos matemáticos envolvidos na atividade. Os objetivos delas nessa pesquisa

foram investigar e explorar como e quando alunos envolvem narrativas em

Matemática, interagindo com ambientes de geometria dinâmica. Ainda, pretendiam

examinar a questão das narrativas no uso de abordagens dinâmicas, considerando

como essas narrativas podem apoiar e enriquecer o pensamento paradigmático.

Os participantes dessa intervenção foram estudantes brasileiros do Ensino

Médio, professores brasileiros de Matemática do Ensino Fundamental e professores

canadenses do Ensino Fundamental. Para Sinclair, Healy e Sales (2009), o objetivo

dos participantes serem brasileiros e canadenses era observar e averiguar a

compatibilidade de apresentarem narrativas mesmo sendo de nacionalidades

diferentes. Outro fator em destaque foi motivado pela conjectura de que o

pensamento narrativo, segundo Bruner (1997), pode se apresentar como um fator

universal, ou seja, ela pode ser averiguada em uma mesma definição com diferentes

povos e culturas.

Sendo assim, as autoras afirmam que as representações dinâmicas de

funções geram pensamento narrativo entre os participantes. Isto se dá na ideia que

a narrativa surge do desejo de narrar eventos que acontecem de acordo com o

tempo entre as representações dinâmicas das funções. Além disso, o pensamento

narrativo pode ocorrer no contexto da atividade matemática.

As autoras observaram que, ao trabalhar com as representações estáticas de

funções, os professores brasileiros se mostraram entusiasmados para reconhecerem

cada função. Assim, imediatamente, foram identificadas as funções quadráticas e

afins, mas nenhum deles em suas descrições mencionou o domínio e as relações de

dependência entre pontos e suas imagens. Ainda, ao longo das atividades, os

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professores pareciam focados na identificação dos gráficos, e atribuíram

principalmente o modo paradigmático de raciocínio. Outro ponto relevante

observado pelas autoras da pesquisa foi que estudantes brasileiros do Ensino

Médio, ao analisarem a correspondência existente entre x e y, passaram a atribuir

nomes nas funções, como por exemplo: “funções locomotivas” em que o ponto x era

o motor que era empurrado ou puxado ao longo das carruagens do trem.

Um exemplo de narrativa, ao explorar a função x

xxo1

)( , contada por um

aluno de 15 anos, chamou a atenção dos pesquisadores. Assim disse:

[...] dois exploradores tentando chegar ao centro da terra, movendo-se da direita para a esquerda, de modo que se aproxima de zero, estando quase lá, quando de repente um deles é jogado para trás por meio de uma força magnética[...]ele é enviado em uma ida e volta do universo passando por um buraco negro, quando de repente surge do inferno[...]e eles se encontram novamente aqui (SINCLAIR; HEALY; SALES, 2009, p. 449, tradução nossa).

Segundo as autoras, essa narrativa foi a mais elaborada, evidenciando as

características determinadas por Bruner (2002). Deste modo, o mais impressionante

para as autoras é o fato de que os narradores com formações diferentes e de

diferentes países evocam contextos e metáforas semelhantes na interpretação dos

gráficos dessas funções.

Ao trabalhar no contexto da aprendizagem de funções, as autoras trazem que

o pensamento narrativo produziu um pensamento paradigmático nos participantes

ao trabalharem com as representações dinâmicas e que as narrativas utilizadas

como metáforas nas estórias também mostram um significado matemático.

Assim como Sinclair, Healy e Sales (2009), procuramos observar as

narrativas de alunos, mediante a utilização do software SimCalc, e de acordo com os

modos de pensamento “narrativo” e “paradigmático” observar que tipo de

pensamento os alunos apresentarão.

Passamos, no capítulo seguinte, a apresentar a metodologia que utilizamos

para desenvolver nossa pesquisa, desde o local de estudo até a escolha dos

sujeitos para a intervenção.

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CAPÍTULO III

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Neste capítulo apresentamos os procedimentos metodológicos da pesquisa,

realizados com o intuito de atingir nosso objetivo de analisar as narrativas

produzidas por estudantes de Licenciatura em Matemática diante de uma

abordagem para funções em um ambiente dinâmico, e, ainda, observar as reações

deles quando deparados com funções representadas por animações na janela do

mundo do software SimCalc.

Esta pesquisa foi realizada em cinco sessões, com duração de

aproximadamente 90 minutos cada, nas quais os alunos trabalharam com um

conjunto de atividades elaboradas por nós (ver Apêndices C, D, E, F e G), realizadas

no laboratório de informática da Universidade. Com essas atividades, pretendíamos

que os alunos analisassem os movimentos dos atores no software SimCalc, para

que pudéssemos observar as narrativas usadas por eles ao se depararem com essa

situação.

Um fator importante a destacar é que, após a realização da primeira e da

segunda sessãode pesquisa, houve um intervalo de aproximadamente cinco meses

de interrupção da intervenção, para que pudéssemos reavaliar e reestruturar nossas

atividades de pesquisa para as próximas sessões, de forma a refletir sobre as

sugestões propostas em nosso exame de qualificação. Esse intervalo foi longo por

ter incluído tempo de férias escolares em dezembro e janeiro. Deste modo, ao

retomarmos as atividades de coleta de dados, observamos uma diminuição de

participação por parte dos alunos após a segunda sessão, o que nos leva a crer que

este fato esteja associado ao intervalo de interrupção das sessões.

3.1 Local do estudo e ética da pesquisa

A pesquisa foi realizada com alunos do segundo período do curso de

Licenciatura em Matemática de uma universidade particular localizada no sul de

Minas Gerais.

A escolha da universidade se deu por se tratar de uma universidade que

oferece, dentre os diversos cursos de graduação existentes, o curso de Licenciatura

em Matemática, por fazermos parte dessa instituição como professor, e também por

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termos obtido consentimento por parte do coordenador do curso para a realização

da pesquisa.

Aos alunos do curso de Licenciatura em Matemática foi apresentado o termo

de consentimento livre e esclarecido (ver Apêndice A), por meio do qual foram

esclarecidos os objetivos da investigação e os direitos deles durante a pesquisa.

Apresentamos também, aos alunos, o termo de autorização de uso de imagens e

depoimentos (Apêndice B), para que pudéssemos, de acordo com os termos éticos,

usufruir das gravações de áudio, vídeo e dos depoimentos dos alunos investigados

em nossa pesquisa.

3.2 Sujeitos

Para realizar esta pesquisa, convidamos todos os 22 alunos matriculados no

primeiro ano (2º período) do curso de Licenciatura em Matemática da Universidade,

que aderiram por livre participação.

3.3 Coleta de dados

Para a coleta de dados utilizamos câmeras filmadoras e gravadores de áudio,

para que pudéssemos coletar as falas dos alunos para analisá-las segundo os

modos de pensamento de Bruner (1997), e também para saber qual movimento eles

analisavam no momento em que utilizaram narrativas ou modo paradigmático de

pensamento. Contamos com o apoio de duas câmeras para capturar o áudio e

imagens dos alunos. Uma focando as expressões faciais e gestos e a outra focando

a tela do computador.

Para que possamos investigar as narrativas de alunos de Licenciatura em

Matemática quando deparados com representações de funções nas formas

algébricas, gráficas ou animadas, em um ambiente dinâmico, enfatizamos a

importância do software SimCalc como recurso para a coleta de dados de nossa

pesquisa, pela possibilidade de visualização de diversas representações de funções.

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3.4 O software SimCalc

Para que pudéssemos observar as possíveis narrativas dos alunos mediante

as atividades propostas em nossa pesquisa, escolhemos como ferramenta

computacional o software SimCalc7. Apresentaremos algumas ferramentas,

proporcionadas pelo software, que consideramos fundamentais, e que são utilizadas

nas atividades deste trabalho.

O software SimCalc foi desenvolvido por Dr. James J. Kaput da Universidade

de Massachusetts, no final da década de 1980. Com ele, é possível manipular

gráficos e expressões algébricas e, de acordo com a função estabelecida no

software, é possível observar, em uma janela denominada “Mundo”, a

movimentação de um ator que representa esta função com um movimento em

relação ao tempo.

Ao abrir o software (Figura 2), o usuário se depara com quatro janelas: World

(Mundo), Position (posição), Tabela e Função.

Figura 2 - Tela inicial do software SimCalc

7Pelo fato de não ser gratuito, o usuário pode disponibilizar de uma versão do softwaredisponível no

sitewww.kaputcenter.umassd.edu, durante um período de 30 dias.

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A janela “Função” (Figura 3) nos permite trabalhar com a lei algébrica da

função e com o intervalo do domínio em que ela está definida, os quais podem ser

estabelecidos a critério do usuário.

Figura 3 - Janela da lei algébrica da Função

Na janela “Tabela” (Figura 4), podemos observar a relação entre o tempo

(marcado por um cronômetro) e a posição do ator, de acordo com a função e o

intervalo estabelecido. A construção da tabela é feita automaticamente, ou seja, os

valores da coluna “Time” (tempo) e “Teacher – pos” (posição do ator) são

preenchidos conforme a função escolhida e o intervalo determinado para o domínio.

Figura 4 - Janela da Tabela

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Na janela denominada “Mundo” (“World”) (Figura 5) observa-se a imagem de

um ator, no caso da Figura 4, um peixe. O papel do ator é de se movimentar,

conforme a função estabelecida no software, em relação à variação do tempo. É

este que chamamos de ambiente animado. Na janela do Mundo, também podemos

representar vários atores (Figura 6).

Para nossa pesquisa, pretendemos, com a representação deste ambiente,

propor ao aluno que seja feita, por meio da observação da movimentação do ator,

uma possível representação (esboço) do gráfico da função.

Figura 5 - Janela do Mundo

Figura 6 - Representação de vários atores no Mundo

Na janela “Position” (posição) (Figura 7), observa-se o gráfico associado à lei

algébrica da função escolhida. Podemos também observar, no gráfico, quando

colocamos o ator em movimento, uma marca de cor diferente dacordo gráfico da

função é apresentada e também uma reta perpendicular ao eixo “Time” (Seconds)

(Tempo). Essa cor e essa reta perpendicular mostram a movimentação do ator

conforme a variação do tempo em relação à sua posição.

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Figura 7 - Janela Position

Há, ainda, na parte inferior da tela, a janela de Animação (Figura 8). Nesta

janela, há um cronômetro marcando a variação do tempo, segundo o intervalo em

que a função está definida. Quando o botão (play) é pressionado, o ator começa

a se movimentar e o cronômetro dispara, fazendo a marcação do tempo.

Figura 8 - Janela de Animação

Outro comando do software é a criação de um ator (Figura 9). Quando nos

referimos a “criar ator”, estamos nos referindo a fazer com que seja apresentado um

ou mais atores8 na janela “Mundo”, que se movimentam de acordo com a função

escolhida.

8Esses atores são representados por peixes, homens, carros, elevadores, foguetes, robôs etc.,

disponibilizados pelo software SimCalc.

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Ao clicarmos em “criar ator” (Figura 9), aparecem pequenas figuras de

gráficos ( ) que determinam o tipo de função que o ator

representará.

As figuras são: criar ator linear definido por várias sentenças ( ), criar ator

quadrático definido por várias sentenças ( ), criar ator linear paramétrico ( ),

criar ator quadrático paramétrico ( ), criar ator periódico paramétrico ( ) e criar

ator exponencial paramétrico ( ). Assim, podemos criar um ator quando

escolhemos um dos comandos representados pelas figuras de pequenos gráficos

( ), e, ainda, podemos criar um ator por meio da opção

“criar expressão da função ator” ( ). Dessa forma, pode-se criar a função

desejada, ou seja, é possível criar diversificados tipos de funções como, por

exemplo, função quadrática, modular, exponencial, logarítmica, entre outras.

Quando inserida a função desejada na janela “Função”, automaticamente o software

cria o ator, insere o gráfico e preenche a tabela de valores.

Figura 9 - Criação de um ator no software SimCalc a partir da lei algébrica da função

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48

Outra característica que também consideramos importante do software

SimCalc é o comando da conectividade, conforme mencionado por Armela et al.

(2008). Quando os computadores utilizados estão conectados em rede, o professor

pode enviar uma atividade para os alunos, e coletar o trabalho deles de volta,

podendo apresentar essa coletânea de trabalhos para que, juntos, o grupo de aluno

possa analisar e discutir os resultados das atividades realizadas.

Para utilizar essa ferramenta de conectividade, é preciso instalar o programa

com licenças diferentes para o professor e para o aluno, o que faz com que o

software do professor tenha o comando de “Gerenciador de sala de aula” (Figura

10).

Figura 10 - Ferramenta “Gerenciador de sala de aula”

Com esse recurso, o computador do professor é conectado ao dos alunos

selecionando o comando “Ferramentas” e, em seguida,“Conectar” (Figura 11).

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49

Figura 11 - Barra de ferramentas – opção conectar

A/o selecionarem esse comando, aparece uma janela descrita “Conectar à

sala de aula” (Figura 12), para inserção do número de IP e nome de usuário.

Figura 12 - Janela “conectar à sala de aula”

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50

Aparecerá uma figura de um boneco com o sinal positivo descrito “Adicionar

Aluno” (Figura 13).Clicando, automaticamente o programa gera o nome de usuário e

cria um número para o IP da sala de aula. Cada aluno deve inserir um nome de

usuário, e o número de IP, para que o professor possa gerenciar as atividades.

Para o envio de atividade proposta pelo professor, é necessário clicar no

botão ( ) localizado na parte inferior do lado direto da janela “Gerenciador de sala

de aula”, e todos os alunos terão a atividade proposta pelo professor em sua própria

tela.

Figura 13 - Coleta do número de IP e Nome de usuário por meio da Janela “Gerenciador de sala de aula”

Após o envio e realização das atividades, o professor pode pedir para que os

alunos as enviem ou pode também coletá-las. Ainda na janela “Gerenciador de sala

de aula” é possível observarmos outros comandos que podem ser utilizados nas

atividades propostas para análise, votação, remover aluno, adicionar ou remover

grupo etc.

O software SimCalc será utilizado em todas as cinco sessões de nossa

pesquisa. Pretendemos que os alunos possam conhecer e manusear comandos que

permitem fazer com que observem as principais representações de funções como:

algébrica, gráfica e tabular, e ainda, a representação do “Mundo”, que é a

representação para a qual daremos maior ênfase nas atividades de nossa pesquisa.

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Para a primeira sessão, utilizaremos a ferramenta de construção gráfica “criar

expressão da função ator” ( ) para que os alunos possam inserir a lei algébrica

das funções,que escolhemos para este início. Nesta sessão, temos como principal

foco a observação dos alunos ao lidarem com a lei algébrica e com a animação das

funções representada na janela “Mundo”. Na segunda e terceira sessões, será

utilizada a janela “Mundo” para que os alunos possam relatar, da forma que

quiserem, o movimento do ator, e ainda, tentarem relacionar características dos

movimentos com algum tipo de lei algébrica que pode ser representada. Na quarta

sessão, utilizaremos novamente a janela “Mundo” para apresentar atores; em

seguida, os alunos utilizarão as ferramentas de construção de funções para criar um

novo ator, cujo movimento seja o mesmo movimento apresentado. Na última sessão,

os alunos utilizarão as ferramentas de criação de atores

( ) para fazer a animação de uma estória que será

contada. Deste modo, observarão a animação na janela “Mundo”. Ainda na quarta e

quinta sessões, utilizaremos o recurso da conectividade disponível no software

SimCalc, para que possamos coletar e discutir as animações realizadas pelos

alunos.

3.5 A escolha das funções e a elaboração das atividades

Para iniciar as atividades propostas nesta investigação, procuramos definir

quais funções seriam estudadas, de forma a direcionar o aluno para a observação

das animações das funções representadas na janela do “Mundo” do SimCalc, e

nossa atenção para as falas dos alunos participantes durante toda a intervenção.

Foram apresentadas aos alunos, nas atividades de pesquisa, funções

polinomiais de primeiro, segundo e quarto graus, funções exponenciais, função

seno, função definida por mais de uma sentença e uma função racional para que,

assim, se obtivesse um movimento diferente, durante a visualização da animação do

ator com o uso do software SimCalc. Procuramos, com as escolhas feitas, explorar

alguns tipos de funções que estão mais presentes nos estudos dos alunos do curso

de Licenciatura em Matemática, conforme a ementa apresentada na disciplina de

Cálculo Diferencial e Integra I e II (1º e 2º período) que aborda o estudo de funções,

e, ainda, que podem ser encontrados em livros didáticos do Ensino Médio.

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52

3.5.1 Primeira sessão

Para a realização de nossas atividades, procuramos, num primeiro momento,

fazer uma breve apresentação do software SimCalc (assim como apresentado no

Capítulo 3). Para isso, fizemos, no laboratório de informática da Universidade, com

alunos do segundo período do curso de Licenciatura em Matemática, uma exposição

do software SimCalc. Iniciamos essa exposição explanando a criação do software, a

utilização dele para a construção de gráficos e expressões algébricas e a

visualização das janelas, que utilizamos nas atividades de nosso estudo, e

entregamos a eles uma folha com algumas informações e atividades (Apêndice C).

Em seguida, foram propostas atividades que auxiliassem os participantes

desta investigação a interagir com o software e a criar atores a partir de

representações algébricas e gráficas e, principalmente, com comandos que

permitissem construção e visualização dos atores na janela do Mundo.

Atividade 1 proposta é apresentada no Quadro 1.

Quadro 1 - Atividade 1 apresentada aos alunos participantes da pesquisa

1) Abra o software SimCalc. Em arquivos diferentes, faça e observe

a animação realizada pelo ator para as seguintes funções.

a) 1)( xxf

b) 7)( 4 xxf

c) xxf 5)(

d) x

xfx 13

)(

e) 1,0

)sin()(

xxf

Com esta atividade, tínhamos por objetivo que os alunos utilizassem o

software SimCalc, especificamente na criação de atores a partir da lei algébrica de

uma função, com o uso da ferramenta “criar expressão da função ator” ( ), que

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53

xxf 5)(

permite construir qualquer tipo de função, e ainda observar se esses alunos as

construiriam com outros comandos proporcionados por SimCalc.

A escolha das funções apresentadas no Quadro 1 se deu pelo fato de a

sessão tratar de familiarização dos participantes com o software SimCalc. A tentativa

foi eleger algumas, da grande diversidade de funções que usualmente são

trabalhadas em cursos de Licenciatura em Matemática na disciplina de Cálculo

Diferencial e Integral.

Para iniciar os trabalhos desta sessão e para compor o quadro de funções

dessas atividades, resolvemos escolher uma função polinomial de primeiro grau

(função afim), definida por f(x) = x + 1 por ser uma função de maior conhecimento

dos alunos, conforme apresentado pelo professor da disciplina de Cálculo, que

trabalha com esse conceito em suas aulas e pela sua construção poder ser efetuada

com o comando “criar ator linear paramétrico” ( ), ou ainda, inserindo a lei

algébrica da função pelo comando “criar expressão da função ator” ( ). A

representação animada dessa função no software mostra o ator se movendo com

uma aceleração constante de acordo com o tempo.

Para a segunda atividade, foi escolhida a função 7)( 4 xxf por se tratar de

uma função polinomial do quarto grau, que apresenta um movimento diferente, pelo

ator no software, daquele da primeira função trabalhada. Essa atividade objetivou

propiciar que os alunos observassem o comportamento dessa função menos

conhecida, numa tentativa de que eles compreendessem melhor como o movimento

do ator se relaciona com a função. Neste caso, na medida em que o tempo passa, o

movimento do ator decresce e, depois, aos poucos, cresce. Para que essa animação

pudesse ser observada, propomos aos alunos que colocassem um intervalo

pequeno no domínio da mesma.

A função exponencial foi proposta para que os alunos tentassem

construí-la utilizando a ferramenta “criar ator exponencial paramétrico” ( ). A

função exponencial também faz parte dos estudos dos alunos no curso de

Licenciatura em Matemática, mas, ao representá-la em sua forma gráfica, eles

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teriam um novo tipo de situação referente ao movimento apresentado pelo ator, um

movimento em que o ator começaria a trajetória devagar e, de repente,

desapareceria do campo de visão estabelecido, pois a velocidade dele aumenta

rapidamente.

Para a escolha da quarta função, a pretensão foi atribuir uma forma que

proporcionasse um movimento inesperado do ator. Deste modo, atribuímos, então,

uma função racional definida por x

xfx 13

)(

, cuja representação gráfica é

apresentada na Figura 14.

Figura 14 - Representação gráfica da função x

xfx 13

)(

, estabelecida

na janela “position” do software SimCalc

A quinta e última função selecionada para esta atividade foi a função

1,0

sin)(

xxf , uma função cujo gráfico (Figura 15), e, consequentemente, o

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movimento realizado pelo ator, fossem diferenciados das outras funções

apresentadas. Quando a função seno é inserida no software SimCalc, a

representação animada mostra o ator se movimentandode um lado para o outro,

movimento esse que, acreditamos, pode gerar diferentes tipos de narrativas por

parte dos alunos. O fato dea função estar dividida por 0,1 deve-se à ampliação do

intervalo da curva senoide no eixo vertical, para que se possa melhor visualizar o

gráfico e também a movimentação do ator noSimCalc.

Figura 15 - Representação gráfica da função 1,0

sin)(

xxf , estabelecida

na janela “position” do software SimCalc

3.5.2 Segunda sessão

Na primeira sessão os alunos trabalharam na criação de atores que

representassem as funções descritas anteriormente, de forma a se familiarizarem

com o software e com as ferramentas de criação de atores. Já na segunda sessão

pretendíamos que os alunos, utilizando as mesmas funções, descrevessem o

comportamento do ator no mundo. Esperamos que, após terem trabalhado com a

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construção de funções a partir de representações algébricas e gráficas na primeira

sessão, e, principalmente, com os comandos que permitem a construção e

visualização dos atores no mundo, os alunos pudessem começar a apresentar suas

narrativas, por meio da visualização do movimento dos atores no mundo para cada

função proposta. Resolvemos escolher as mesmas funções com os mesmos

objetivos, atribuídos na primeira sessão, pois acreditamos que, uma vez que as

representações animadas já tenham sido criadas, as narrativas podem começar

mais espontaneamente.

Quadro 2 - Atividade 2 apresentada aos alunos participantes da pesquisa

Observe a animação dos atores com sua respectiva função. Usando

sua criatividade, anote para cada função o comportamento do ator

realizado na animação.

a) 1)( xxf

b) 7)( 4 xxf

c) xxf 5)(

d) x

xfx 13

)(

e) 1,0

)sin()(

xxf

Para esta sessão, temos como objetivo coletar, na medida do possível, todas

as falas, indagações, discussões (narrativas) dos alunos mediante aanimação feita

pelo ator em cada função representada.

3.5.3 Terceira sessão

Nesta sessão apresentamos aos alunos participantes desta pesquisa alguns

tipos diversificados de animações. Nosso objetivo é que os alunos, ao analisarem o

movimento do ator, descubram características da lei algébrica da função, tentando

relacionar o movimento com o tipo de função que é representada por ele, para que,

assim, utilizem as falas como suporte para essas representações. Desta forma não

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pretendemos que eles encontrem a lei algébrica específica para a função, mas sim

características que possam ser relacionadas com um tipo de lei algébrica.

Escolhemos quatro animações diferentes. Cada animação está associada a

um tipo diferente de função. As funções escolhidas para esta sessão foram: função

polinomial do segundo grau definida por 2)( xxf , função exponencial definida por

xxf 2)( , função definida por várias sentenças 6

86,152

3

3,51183

30,

)( 2

xsex

xsexx

xsex

xf

e uma função racional definida por x

xf10

)( .

Nesta sessão pretendíamos apresentar, por meio das animações do software,

formas diferentes e semelhantes das funções apresentadas na sessão anterior, pois

acreditamos que, após a realização da primeira e da segunda sessão, os alunos

poderiam compreender melhor a animação feita pelo ator no software, e poderiam

ter menores dificuldades de tentar encontrar as leis algébricas das funções

relacionadas aos movimentos dos atores.

A opção pelas leis algébricas específicas de cada função apresentada nesta

sessão surgiu de acordo com a escolha da representação gráfica e animada do ator

no software. Decidimos escolher funções que não fossem nem tão conhecidas e

nem tão desconhecidas pelos alunos, ou seja, pretendíamos apresentar algumas

funções diferentes e outras semelhantes das que já havíamos trabalhado em

sessões anteriores, e sendo assim, escolhemos as funções do segundo grau,

exponencial, definida por várias sentenças e racional.

Para compor a representação da lei algébrica de cada função determinada,

primeiramente escolhemos alguns comandos apresentados pela ferramenta “criar

ator” disponível no software, e, em seguida, apenas modificamos os gráficos

gerados por esses comandos: criar ator linear definido por várias sentenças ( ),

criar ator exponencial paramétrico ( ) e criar ator linear definido por várias

sentenças ( ). Assim, as leis algébricas de cada função surgiram.

Vale destacar que, nesta atividade, as funções representadas pela animação

do software SimCalc foram apresentadas aos alunos em um arquivo pronto, e a

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representação gráfica delas não é visível no arquivo; ela só está apresentada nos

quadros abaixo para que seja possível ao leitor observar os gráficos.

Quadro3 - Arquivo 1 – gráfico representado pela função f(x) = x²

Observe a animação da representação geométrica das funções seguintes, apresentadas no software SimCalc. Anote comportamentos pertinentes, interessantes, engraçados (assim como feito na sessão anterior) apresentados pela animação dos atores no software SimCalc. Utilizando as estratégias e os conhecimentos adquiridos tente descobrir que tipo de função (1º grau, 2º grau, constante, ..., ou ainda algumas características, qualidades que as classificam) cada animação representa.

Essa função pode ser representada pela lei: ___________________________

Quadro 4 -Arquivo 2 – gráfico representado pela função f(x) = x2

Essa função pode ser representa pela lei: ______________________________

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Quadro5 - Arquivo 3 - representado pela função 6

86,152

3

3,51183

30,

)( 2

xsex

xsexx

xsex

xf

Essa função pode representa por: ______________________________________

Quadro6 - Arquivo 4 – gráfico representado pela função f(x) = x

10 .

Essa função pode representa por: ___________________________________

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A primeira função, f(x) = x², foi escolhida por ainda não termos usado uma

função polinomial de segundo grau nas sessões anteriores. Além disso, ela

apresenta uma forma diferente de animação daquelas já vistas pelos alunos durante

o desenvolvimento desta sessão e das anteriores. O movimento do ator que

representa esta função inicia-se a uma velocidade e conforme o tempo passa, aos

poucos, sua aceleração vai diminuindo até que, de repente, o sentido do movimento

muda e o ator volta ao ponto de origem de sua trajetória.

Procurando uma função cujo ator relacionado a ela fizesse algum movimento

em que a velocidade aumentasse rapidamente, fazendo-o sumir da tela quando o

intervalo do domínio fosse maior que o campo de visualização, escolhemos a função

f(x) = 2x.

Continuando nossa escolha para compor o quadro de funções para esta

sessão, decidimos estabelecer uma função definida por mais de uma sentença

definida por: 6

86,152

3

3,51183

30,

)( 2

xsex

xsexx

xsex

xf .

A obtenção dessa função se deu quando nos lembramos da apresentação de

algumas atividades trabalhadas no software SimCalc, durante a aula da disciplina

“Educação Matemática e a integração de novas tecnologias” no Mestrado. Numa

atividade apresentada, achamos interessante o comportamento feito pelo ator com a

animação, pois ele pode fazer um movimento de ida e volta, fazendo algumas

alterações de velocidade e/ou de aceleração durante o percurso. Sendo assim, a

atividade durante a disciplina nos instigou a apresentar uma função desse tipo, como

a proposta em nossa sessão, com a qual esperamos que os alunos possam

perceber que se trata de uma função definida por várias sentenças.

A escolha da função x

xf10

)( deu-se quando pensamos em algo um pouco

diferente das funções que apresentamos. Construímos diversificados tipos de

funções, até que observamos, em uma das animações feitas, um movimento em que

o ator desaparece por um lado da tela e aparece em outro. Foi então que

escolhemos a função x

xf10

)( . Ficamos pensando qual seria a reação dos alunos

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mediante esse fato. Que tipos de falas (narrativas) poderiam ocorrer com essa

função, acarretando-nos a escolha da mesma.

3.5.4 Quarta sessão

Nesta sessão pretendíamos que os alunos criassem atores que

reproduzissem o mesmo movimento de atores apresentados no ambiente Mundo do

software SimCalc.

Nosso objetivo nesta sessão foi verificar as estratégias que os alunos

utilizariam para a construção de outro ator ao tentarem reproduzir o movimento

apresentado, pois acreditamos que, com o movimento do ator, os alunos gerariam

narrativas, e, a partir dessas narrativas e da observação do movimento dos atores

no Mundo, construiriam o ator.

Para reproduzir a animação, os alunos teriam que analisar o movimento do

ator e determinar quais características tem o gráfico que é compatível com a

animação apresentada, para que, consequentemente, pudessem estabelecer

características da lei algébrica da função representada pela animação. Para esta

sessão, ocultamos as janelas “Position”, “Função” e “Tabela”, deixando visível

somente a janela do Mundo. Para a reprodução do movimento, os alunos poderiam

utilizar qualquer das ferramentas de construção que achassem pertinentes.

Como não há possibilidade de apresentar o ator em movimento nas figuras

abaixo, apresentaremos a tela do SimCalc com a janela do Mundo e a janela

“Position”, para que o leitor possa refletir sobre o movimento que o aluno verá na

tela do computador.

Para a primeira animação (Figura 16) tivemos uma função formada por mais

de uma sentença, sendo:

868

628

204

)(

xsex

xse

xsex

xf .

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Figura 16 - Função formada por mais de uma sentença – animação e representação gráfica

Na segunda animação (Figura 17) tivemos uma função polinomial do segundo

grau cujo movimento do ator seja realizado por meio da lei algébrica

44)( 2 xsexxf .

Figura 17 - Função polinomial de segundo grau – animação e representação gráfica

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E para a terceira e última animação (Figura. 18) mantivemos a função

exponencial formada pela lei algébrica 1002)( xsexf x .

Figura 18 - Função exponencial – animação e representação gráfica.

Resolvemos escolher animações que representassem as funções

apresentadas nas figuras acima, devido a uma breve apresentação do SimCalc que

fizemos na época em que decidimos trabalhar com esse software. Estávamos

apresentando o programa para alguns alunos do curso de Licenciatura em

Matemática (que não foram sujeitos desta pesquisa) durante um intervalo das aulas

de graduação, quando, ao mostrarmos algumas animações que representavam

funções polinomiais do segundo grau, definidas por várias sentenças, linear,

exponencial etc., alguns daqueles alunos começaram a expor comentários

referentes às animações, trazendo à tona narrativas interessantes, e acreditamos

que isso poderia se repetir.

Quando ao perguntar para os alunos, após os comentários referentes ao

movimento dos atores na janela Mundo do software SimCalc: “Que tipo de

representação algébrica da função está associadoacada animação”? Observamos

que, para algumas animações os alunos conseguiram associar o movimento do ator

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com a lei algébrica da função. Por exemplo, uma animação em que o ator tinha seu

movimento constante, representado por uma lei algébrica caracterizada pela função

baxxf )( , alguns alunos disseram que “o bichinho colocou uma marcha forte e

seguiu em frente”, e, logo em seguida complementaram dizendo que essa animação

tem características de uma função de primeiro grau. Para outras animações, os

alunos não disseram nada.

Ao não dizerem nada, acreditamos que os alunos possam ter alguma

dificuldade em associar as animações apresentadas com a lei algébrica dessas

animações. Acreditamos também que essas dificuldades possam estar relacionadas

à falta de estudo desse conceito no Ensino Médio ou até mesmo no Ensino Superior,

pois após perguntarmos diretamente para alguns alunos sobre o conhecimento

desse tipo de função, eles disseram que o conceito de função e a representação

gráfica delas não foram tão trabalhados em seus estudos no Ensino Médio, e que

ainda estavam começando a vê-las e estudá-las no Ensino Superior, visto que os

alunos estavam no primeiro período do curso de Licenciatura em Matemática. Dessa

forma, o principal motivo pela escolha das animações que representam essas

funções foio comentário feito por aqueles alunos sobre as animações que

apresentamos. Escolhemos as três animações de funções para as quais aqueles

alunos apresentaram algum tipo interessante de narrativa, percebendo

características da lei algébrica que as representam.

Para a função formada por mais de uma sentença, sendo:

868

628

204

)(

xsex

xse

xsex

xf , o comentário de alguns alunos foi: “[...] esse bichinho

está maluco e não sabe para onde ir, ele vai pra frente, fica parado e vai pra trás,

acho que ele está perdido!” Para a função polinomial do segundo grau definida por

44)( 2 xsexxf , tivemos como comentário feito por alguns alunos:

“Nossa... esse bichinho está sem forças de continuar o seu caminho... ou está com

medo de alguma coisa, acho que é por isso que ele está voltando”. Para a função

exponencial definida por 1002)( xsexf x , o comentário apresentado foi: “O

rapazinho está com pressa de chegar a sua casa, parece que seu elevador é um

foguete”.

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3.5.5 Quinta sessão

Após a realização das quatro sessões de ensino, na nossa quinta e última

sessão, pedimos aos alunos que, a partir de uma breve estória proporcionada por

nós, elaborassem uma animação, usando sua criatividade, com um ou mais atores,

que representassem a estória dada. O objetivo desta sessão foi averiguar qual

estratégia os alunos utilizariam para montar a animação. Por exemplo, os alunos

poderiam utilizar alguma conexão com a estória apresentada e formas gráficas para

compor a animação.

A primeira estória que apresentamos foi:

“O peixe pai saiu com o peixe filho para passear. Ele estava contando para o filho

que o fundo do mar era perigoso e que não poderia sair sozinho, mas mesmo assim,

o filhinho insistiu para que o deixasse sair sozinho, e o pai deixou para provar que

realmente era perigoso. O pai parou, deixando o filho nadar sozinho, e assim, o

peixinho filho foi. Chegando até certo local, o pai avistou o filhinho voltando, pois o

filhinho percebeu que era muito pequeno e perigoso para nadar sozinho. Então, eles

foram nadando e conhecendo o mar juntos”.

Para a segunda estória, temos:

“Foi dada a largada. Três competidores na pista de corrida, cada um com o seu

carro tentando cruzar a linha de chegada. Impressionante, o carro A não saiu do

lugar, enquanto que os outros dois estão lado a lado, na disputa. De repente o carro

A sai em disparada e passa os outros dois carros. O carro B para, parece que

quebrou! e o carro C tenta se aproximar do carro A. Mas, sem explicações, o carro B

dispara e ultrapassa os carros A e C cruzando a linha de chegada”.

O motivo da escolha pela primeira estória apresentada se deu quando

tivemos a oportunidade de mostrar uma animação realizada com dois atores no

software SimCalc a uma aluna do curso de Licenciatura em Matemática de um

período diferente ao que estamos realizando nossa intervenção. Achamos

interessante e bem criativa a narração dela, mencionadano parágrafo anterior, com

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o acontecimento do fato. Por isso, resolvemos apresentar a narração para que os

alunos possam criar a animação.

O objetivo de escolha da segunda estória aconteceu quando assistindo a um

desenho animado, na televisão, chamado “Corrida maluca9” pensamos em associar

essa corrida com alguma representação animada no software SimCalc. Enquanto no

desenho são doze competidores, em nossa estória atribuímos apenas três,

denominados A, B e C, para que não ficassem tantas representações de funções em

um mesmo ambiente.

Esperamos que os alunos possam utilizar sua criatividade e expor uma

animação para a estória apresentada. Após a animação realizada, procuramos

mostrá-las e compará-las com todos os alunos, finalizando assim nosso estudo.

9 Corrida maluca, “foi um desenho animado produzido pela Hanna-Barbera e lançado pela CBS que foi produzido entre 14 de setembro de 1968 e 5 de setembro de 1970, rendendo 34 episódios. Os competidores buscavam o título mundial de "Corredor Mais Louco do Mundo" (WIKIPÉDIA, 2012).

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CAPÍTULO IV

ANÁLISE DOS DADOS

Neste capítulo, descrevemos detalhadamente as sessões que realizamos em

nossa pesquisa. A análise dos dados, compostos pelas falas dos alunos gravadas

em áudio e vídeo e dos protocolos escritos dos alunos, foi realizada mediante a

observação das falas e escritas apresentadas durante as cinco sessões de

pesquisa. Procuramos observar se os alunos utilizaram narrativas ou modo

paradigmático de pensamento na descrição das funções quando utilizamos SimCalc.

Para analisarmos o trabalho das duplas, fizemos um levantamento dos tipos

de respostas, comentários ou reações apresentados por eles em cada atividade,

para relacioná-los aos modos de pensamentos (narrativo ou paradigmático) de

acordo com a teoria de Bruner (1997), apresentada no Capítulo I deste trabalho.

Analisamos, também, se as narrativas estão ou não presentes nos comentários e

nas respostas dadas pelos alunos.

Apresentamos os dados coletados e as reflexões realizadas pelos alunos

durante cada atividade proposta nas sessões. Fazemos, também, nossas reflexões

sobre os dados apresentados de acordo com os modos de pensamento narrativo e

paradigmático apontados por Bruner (1997).

Em todas as cinco sessões de nossa pesquisa, pretendíamos contar com a

participação dos 22 alunos matriculados no segundo período do curso de

Licenciatura em Matemática, mas, devido à desistência de alguns e ausência de

outros, não foi possível termos todos os alunos participando da intervenção. Na

descrição de cada sessão, detalharemos a quantidade de alunos que dela

participaram.

4.1 Primeira sessão

Esta sessão ocorreu com a participação de 20 alunos, divididos em 10 duplas.

Pedimos às duplas que ocupassem um lugar em frente a um computador para que

pudessem trabalhar manuseando a máquina, e explorando o software SimCalc. A

pedido dos alunos, não utilizamos os nomes deles nas transcrições das falas, os

nomes mencionados nas transcrições ou comentários das falas dos alunos são

pseudônimos sugeridos por eles mesmos.

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68

Na primeira sessão tivemos como proposta apresentar o software SimCalc

para os participantes, visto que o programa era novidade para eles. Distribuímos

para cada dupla uma folha abordando algumas explicações em relação ao software

SimCalc (Apêndice C). Nessa folha apresentamos orientações para conhecer

diferentes ferramentas do software, e propusemos a exemplificação das

possibilidades do uso do SimCalc a partir da introdução de algumas funções. Nosso

objetivo nesse momento era propiciar aos estudantes a familiarização com os

recursos a eles disponibilizados.

Observamos que os alunos se mostraram interessados em conhecer o

programa, acharam interessante a representação animada de atores que se

movimentam em função do tempo, e alguns alunos disseram: “Então, por trás desse

movimento existe uma função que é estabelecida em sua parte gráfica e algébrica,

nossa! Que legal!”, o que nos faz acreditar que a utilização de SimCalc pode ser um

meio importante de auxílio para o ensino e a aprendizagem de função, favorecendo

o desenvolvimento da capacidade de questionar e fazer previsões de resultados,

como apontado por Maia (2007). Porém, tivemos um pouco de dificuldade de

atender cada dupla em particular, visto que eles faziam perguntas relacionadas ao

manuseio do software SimCalc principalmente para construção de atores e leis

algébricas das funções. Vale ressaltar que, no decorrer da aplicação das demais

sessões, as dificuldades foram sendo sanadas e a tecnologia passou a ser utilizada

como um meio simplificador, como um instrumento ou mediador da aprendizagem e

também como algo integrador, por meio do uso de vários sistemas de

representação, sendo eles gráfico, algébrico, tabular, além da janela do Mundo de

SimCalc.

Nas Atividades 1 e 2 utilizamos as mesmas funções, na primeira, para que os

alunos tivessem contato e familiaridade com o software SimCalc, e na segunda, para

analisarmos as narrativas que eles pudessem trazer ao observar o movimento de

cada ator. Por este motivo, apresentaremos análises detalhadas somente da

Atividade 2. Pudemos observar, entretanto, durante o trabalho dos alunos com a

Atividade 1, que a maioria das duplas utilizouconhecimentos matemáticos para

explicar o que observavam na representação algébrica, gráfica e/ou animada das

funções propostas nas atividades, como por exemplo: “o gráfico representa uma

função do 1º grau. Devido a isso, a representação animada faz uma trajetória

retilínea, passando por cada ponto uma só vez. Isso acontece porque o gráfico é

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uma reta” (Dupla 4 - primeira função); “A representação animada se move em linha

reta com a mesma velocidade enquanto o marcador do gráfico se move sobre a

reta”(Dupla 7 – primeira função).

Também verificamos que alguns comentários dos alunos estão

relacionadoscom formas narrativas de pensamento, caracterizando o que Bruner

(2002) determina como um modo em que o indivíduo organiza suas ideias e

apresenta suas colocações por meio de estória ou de uma fala que nasce a partir do

pensamento em relação ao tempo, como, por exemplo, podemos observar, “de

acordo com o movimento que faz a função, o peixinho vai andando”(Dupla 6 –

primeira função) ou,ainda,“o desenho se movimenta muito rápido aumentando a

velocidade”(Dupla 8 – segunda função), e também, “Nesta função o bichinho

aparece até o domínio 2, a partir do 3 ele não aparece”(Dupla 2 – terceira função).

Importante notar que, mesmo tendo as leis das funções em mãos, nem

sempre os alunos percebiam com qual tipo de função estavam trabalhando. Por

exemplo, ao lidavam com a função 7)( 4 xxf esses alunos mencionavam uma

“parábola”, talvez por observarem um comportamento do ator diferente daquele da

função afim.

4.2Segunda sessão

Na segunda sessão, tivemos como proposta que os alunos observassem a

animação dos atores que representam as funções que apresentamos na primeira

sessão, e que, a partir dessas animações, anotassem o comportamento do ator.

Nessas animações, os alunos apenas observaram os atores; as representações

algébrica e gráfica não foram apresentadas. Nesta sessão, contamos com a

presença de 16 alunos, que formaram oito duplas. Os alunos formaram as mesmas

duplas da primeira sessão.

Detalharemos, a seguir, as narrativas feitas com a observação das animações

das funções definidas por: 1)( xxf , 7)( 4 xxg , 13)( xxh e 1,0

sin)(

xxi .

Para a primeira animação, gerada pela função definida por 1)( xxf ,

classificamos as respostas apresentadas pelas duplas em três categorias: Função

de 1º grau; Movimento constante e Trajetória da figura.

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70

Tabela 1 - Classificação das observações dos alunos para a primeira animação

Respostas Dupla

1

Dupla

2

Dupla

3

Dupla

4

Dupla

5

Dupla

6

Dupla

7

Dupla

8

Função de 1º

grau x X

Movimento

constante x X x

Trajetória da

figura x X x

Na categoria Função de 1º grau, classificamos as respostas que mencionam

características dessa função, como por exemplo: movimento constante, função afim;

o gráfico representa uma reta crescente. Para a categoria Movimento constante,

classificamos as respostas apresentadas pelas duplas que mencionam que o

movimento do ator está em uma velocidade fixa, e, também, relações entre valores

do domínio e respectivos valores da imagem da função. Na categoria, Trajetória da

figura, classificamos as respostas relacionadas com uma leitura visual da animação,

ou seja, a figura caminha, o ator corre, ele vai e nunca mais volta, caminha de

acordo com o gráfico.

Apresentamos a seguir um resumo da classificação das diferentes duplas.

Exemplo de resposta na categoria Movimento constante pode ser visto na

Figura 19, e para a categoria Trajetória da figura, na Figura 20.

Figura 19 - Resposta apresentada pela Dupla 5 para a primeira animação

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71

Figura 20 - Resposta apresentada pela Dupla 2 para a primeira animação

Exemplo para a categoria Função de 1º grau é apresentado na Figura 21.

Figura 21 - Resposta apresentada pela Dupla 8 para a primeira animação

Com relação à categorização feita por Bruner, pensamento narrativo e

pensamento paradigmático, para a primeira animação, representada pela função

definida por 1)( xxf , observamos que, das oito duplas participantes, três

mencionaram características que se enquadram na categoria Trajetória da figura

cujas respostas parecem se enquadrar no modo de pensamento narrativo de Bruner

(1997). Já nas categorias Função de 1º grau e Movimento constante encontramos,

nas respostas dos alunos, características de pensamento paradigmático, como por

exemplo, “o ator faz uma trajetória retilínea, constante e sem voltas. Isso acontece

porque conforme o valor de x aumenta, a imagem aumenta na mesma proporção”

(Dupla 1 – primeira animação), ou seja, os alunos expressam seus pensamentos

usando linguagem comum a noções de matemática no estudo de funções.

Na segunda animação, representada pela função definida por 7)( 4 xxf ,

levantamos três categorias: Velocidade,Parábolae Vai e volta.

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72

Para a categoria Velocidade, classificamos as respostas que mencionam a

velocidade do ator na animação, como por exemplo: aumenta ou diminui a

velocidade, locomoção da figura, dentre outras. Na categoria Parábola, agrupamos

as respostas que falam de parábola, concavidade voltada para cima ou para baixo,

curva em formato de parábola, dentre outras. Na a categoria Vai e volta, agrupamos

as respostas que mencionam que a função representa um movimento que vai e volta

de acordo com a distância ou com o passar do tempo, ou ainda, o ator caminha para

o sentido positivo e depois volta para o sentido negativo.

Podemos identificar na tabela que a maioria das duplas se enquadra na

categoria Velocidade.

Tabela 2 - Classificação das observações dos alunos para a segunda animação

Respostas Dupla

1

Dupla

2

Dupla

3

Dupla

4

Dupla

5

Dupla

6

Dupla

7

Dupla

8

Velocidade x x x x x x x

Parábola x x

Vai e volta x

O texto destacado na Figura 22 exemplifica essa categoria.

Figura 22 - Resposta apresentada pela Dupla 4 para a segunda animação

Observamos também que as Duplas 5 e 8 fazem uma ligação entre as

categorias Velocidade e Parábola, mencionando que o gráfico dessa função é uma

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parábola com concavidade voltada para cima, e que o ator apresenta movimentos

com aumento e diminuição de velocidade, como por exemplo a resposta

apresentada na Figura 23.

Figura 23 - Resposta apresentada pela Dupla 5 para a segunda animação

Na categoria Vai e volta, observamos que somente a Dupla 3 menciona que o

ator chega até uma distância e depois volta (Figura 24).

Figura 24 - Resposta apresentada pela Dupla 3 para a segunda animação

Entendemos que, na categoria Vai e volta, há características de pensamento

narrativo, pois os alunos utilizam formas de expressar o pensamento por meio de

contos e/ou estórias.As narrativas das duplas na categoria Velocidade não

explicitam o uso de conceitos matemáticos. Nesse sentido, podemos identificar essa

característica explicitamente no diálogo da Dupla 3 que diz: “o carro chega a uma

distância e depois volta com o passar do tempo”.

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Na terceira animação, apresentamos aos alunos a função determinada pela

lei x

xfx 13

)(

. Para essa animação, elencamos três tipos de categorias: Alteração

navelocidade, Agitado e Ao infinito.

Para a categoria Alteração na velocidade, identificamos as respostas que

relacionam o movimento do ator com a velocidade apresentada. Ou seja, como a

função é exponencial, a animação apresenta um movimento que cresce

exponencialmente. Na categoria Agitado, relacionamos as respostas que

mencionam que o ator apresenta um tipo de movimento agitado. Para a categoria Ao

infinito, separamos as respostas em que as duplas mencionam que o ator na

animação parte para o infinito.

Na Tabela 3 apresentamos a classificação das observações das duplas.

Tabela 3 - Classificação das observações dos alunos para a terceira animação

Respostas Dupla

1

Dupla

2

Dupla

3

Dupla

4

Dupla

5

Dupla

6

Dupla

7

Dupla

8

Alteração na

velocidade x X x x x

Agitado X X

Ao infinito x

Alteração na velocidade foi a categoria mais explicitada pelas duplas.

Acreditamos que isso se deve ao fato de que o ator apresenta diferentes

movimentos e que estes mudam drasticamente de um momento para outro.

Na Figura 25 apresentamos um exemplo de resposta na categoria Alteração

na velocidade.

Figura 25 - Resposta apresentada pela Dupla 2 para a terceira animação

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75

Por outro lado, na Figura 26, apresentamos um exemplo de resposta na

categoria Agitado.

Figura 26 - Resposta apresentada pela Dupla 1 para a terceira animação

Nessa categoria, a dupla observa o que o ator faz em cada momento da

trajetória descrita pelo gráfico.

Classificamos na categoria Ao infinito a resposta da Dupla 8 (Figura 27), que

menciona que o ator não passa pela origem do plano, e que em alguns momentos

ele fica parado quando sua velocidade acelera indo ao infinito.

Figura 27 - Resposta apresentada pela Dupla 8 para a terceira animação

Para a terceira animação, cuja função é dada por xxf

x 13)(

, nas

categorias agitado e ao infinito, observa-se que três duplas se referem ao

movimento apresentado, que faz com que o ator se movimente de um lado para o

outro na tela, e ainda que o foguetinho acelere sua velocidade para o infinito.

Entendemos que essas formas de se expressar caracterizam-se com o pensamento

narrativo. Por exemplo, a Dupla 8 explica:

O foguetinho não passa pela origem. Ele fica constantemente parado alguns segundos quando depois recua (desce) quando passo por zero desativa

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(pula) sobe e desce rapidamente, depois sua velocidade não sendo constante acelera indo a seu destino, que pode ser o infinito, não sabemos. (Dupla 8 – terceira animação).

Nesse sentido percebemos que as narrativas puderam ser apresentadas com

mais frequência na atividade proposta.

Para a última animação, apresentamos aos alunos um movimento

representado pela função definida por 1,0

)sin()(

xxf , e classificamos as respostas

deles em duas categorias: Ida e volta e Desorientado. A categoria Ida e volta refere-

se às respostas nas quais o movimento do ator na animação faz percursos

repetitivos em um intervalo de domínio da função. Para a categoria Desorientado,

apontamos as respostas em que as duplas mencionam que o ator está

desorientado, perdido, fazendo movimentos de um lado para o outro.

Tabela 4 - Classificação das observações dos alunos para a quarta animação

Respostas Dupla

1

Dupla

2

Dupla

3

Dupla

4

Dupla

5

Dupla

6

Dupla

7

Dupla

8

Ida e Volta x x X x x

Desorientado x x X

Apresentamos exemplo de resposta da categoria Ida e volta na Figura 28, e

da categoria Desorientado na Figura 29.

Figura 28 - Resposta apresentada pela Dupla 1 para a quarta animação

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77

Figura 29 - Resposta apresentada pela Dupla 4 para a quarta animação

Por fim, para a quarta animação, representando a função definida por

1,0

)sin()(

xxf , observamos que três duplas disseram que o ator apresenta estar

desorientado no mundo, ou seja, de acordo com as respostas classificadas na

categoria Desorientado, constatamos que esse modo de pensamento mencionado

pelos alunos, por meio de suas respostas, remete-seao modo de pensamento

narrativo.

Notamos que, segundo as colocações dos alunos em suas observações, a

grande maioria relata características do pensamento narrativo. Ou seja, as duplas

criaram uma estória com começo, meio e fim para dar significado às observações

feitas sobre o movimento dos atores ao representarem funções. Como aponta

Bruner (2002), isto se deve a uma tradução de um acontecimento relacionado com a

vivência deles.

De acordo com as respostas apresentadas por algumas duplas, é possível

observarmos essa criação de estórias, traduzindo o acontecimento assistido pelas

duplas. Segundo a Dupla 4, “o autor corre de um lado para o outro desorientado na

sala de aula”; já a Dupla 7, aponta que “forma várias curvas onde o bichinho fica de

zig-zag”; e a Dupla 8, relata que “o seu bolinha está desorientado, corre de um lado

par o outro da sala, ele anda 10 metros para lá e 10 metros para cá”.

Constatamos que, conforme os alunos observavam as animações realizadas

pelas funções construídas no software SimCalc, eles mencionavam formas

engraçadas de contar o que estavam vendo na animação. Isso nos remete ao fato

de validarmos que a utilização do software SimCalc permitiu que os alunos

associassem as situações a experiências do diaadia para relatar o movimento do

ator, e que o ato de observar as animações trouxe uma perspectiva de que elas

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podem ser vistas como um meio de explorar e analisar o comportamento simulado,

como apresentado por Hegedus e Kaput (2003 apud FERRARA et al., 2006). Nesse

sentido, observamos que a maioria dos alunos expressou suas ideias de acordo com

a definição de Bruner (2002) para o pensamento narrativo.

4.3 Terceira sessão

Na terceira sessão de nossa pesquisa, contamos com a presença de 12

alunos, formando assim seis duplas. Realizamos uma atividade, propondo aos

alunos que observassem as animações proporcionadas por um ator na janela

“Mundo” do software SimCalc referentes a quatro diferentes funções cujas leis de

formação e representações gráficas não estavam disponíveis para os alunos.

Nesta sessão, o nosso objetivo era que os alunos, ao analisarem o

movimento do ator, descobrissem características da função tentando relacionar o

movimento com o tipo de função. Queríamos verificar de que forma os alunos se

expressariam para buscar encontrar a lei que representasse o movimento dado.

As funções escolhidas para esta sessão foram: função polinomial do 2º grau

definida por 2)( xxf , função exponencial definida por xxf 2)( , função definida

por várias sentenças

86152

3

6351183

30

)( 2

xsex

xsexx

xsex

xf e uma função racional

definida por x

xf10

)( .

Antes de iniciar as atividades, alguns alunos pareciam não ter entendido

como relacionar o movimento do ator com algum tipo de função.Foi então que um

aluno pediu para que retomássemos algumas animações da sessão anterior (2ª

sessão) para que pudessem relembrar que tipo de função estaria relacionada a qual

movimento.

Acreditamos que essa necessidade esteja relacionada a pouca familiaridade

em associar leis de formação a representações gráficas e vice-versa. É importante

ressaltar que este tipo de abordagem é pouco presente em livros didáticos, o que foi

observado na pesquisa de Alves (2010). O autor aponta que o aluno, muitas vezes,

não atribui uma posição de questionamento em conceitos e propriedades que

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envolvem funções, ou seja, se a função é do polinomial do 1º grau, então é uma

reta, se é do 2º grau, então é uma parábola e assim sucessivamente, observando a

exploração somente por meio de regras e definições.

Embora não esperássemos que os alunos pedissem para retomar algumas

animações no software, apresentamos uma função polinomial de primeiro grau, uma

de segundo grau, uma função definida por mais de uma sentença e uma função

exponencial para que explorassem. Essa retomada fomentou discussões, por parte

dos alunos, em relação ao movimento e ao tipo de função associada a ele. Os

alunos perceberam que o movimento do ator no mundo depende do tipo de

representação gráfica da função, e que, para a função polinomial do segundo grau

“o ator começa com uma velocidade vai diminuindo, quase parando, para, vira e

volta aumentando a sua velocidade”. Para uma função polinomial do primeiro grau “o

ator faz seu trajeto sem alterar sua velocidade”. Para uma função exponencial “o

ator começa sua velocidade muito devagar, e depois vai acelerando, acelerando e

acelerando muito”.

Depois dessa retomada e discussão sobre a relação entre a lei de formação

da função e o movimento do ator, voltamos para a tarefa proposta inicialmente, e

que será analisada a seguir.

4.3.1 Primeira animação

Para a primeira animação, utilizamos a representação algébrica da função

2)( xxf . As respostas apresentadas pelos alunos foram classificadas nas

categorias: Cita função do 2º grau, Cita movimentos do ator, Cita uma estória e Não

apresentou resposta.

Para a categoria Cita função do 2º grau, tomamos os comentários e as

respostas apresentadas pelos alunos em que fazem uso das palavras função do 2º

grau para expressar a animação na tela do computador, ou características que

podem estar relacionadas com essa função, como por exemplo, parábola, vértice,

concavidade etc. Na categoria Cita movimentos, consideramos as respostas e os

comentários em que as duplas mencionam a movimentação do ator na janela Mundo

do software, como por exemplo, ele vai e depois volta, aumenta a velocidade e

depois diminui, velocidade constante etc. Na categoria Cita uma estória,

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80

consideraremos as respostas e os comentários apresentados pelas duplas em que

os alunos fazem uso de alguma estória ou de alguma narração para mencionar o

que estão observando na movimentação do ator. Para a categoria não apresentou

resposta, consideramos as duplas que não apresentaram respostas.

Apresentamos, na Tabela 5, a categorização associando o tipo de resposta

com as duplas.

Tabela 5 - Categorias de respostas para a primeira animação

Respostas Dupla 1 Dupla 2 Dupla 3 Dupla 4 Dupla 5 Dupla 6

Cita função do

2º grau x x x

Cita

movimentos x x

Cita uma

estória X

Não apresentou

resposta X x

A Figura 30 apresenta exemplo de resposta da categoria Cita função do 2 º

grau.Numa análise mais acurada, é possível identificar respostas bem objetivas,

como a da Figura 30, que associa o movimento a uma função do 2º grau, sem, no

entanto,explicitar sua lei.

Figura 30 - Resposta da Dupla 1 para a primeira animação

Como também observamos que eles procuraram associar o movimento do

ator com a trajetória descrita por uma função do 2º grau (Figura 31).

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Figura 31 - Resposta da Dupla 3 para a primeira animação

Para a categoria Cita uma estória, observamos que a Dupla 5 menciona uma

estória para a animação apresentada e fez um esboço do gráfico de uma função do

2º grau (Figura 32).

Figura 32 - Resposta da Dupla 5 para a primeira animação

Apresentamos, na Tabela 6, os comentários dos alunos para a animação

proposta.

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Tabela 6 - Comentários das duplas para a animação da função 2)( xxf .

Dupla 1

Observa-se a aluna Maria fazendo gestos com a mão conforme o movimento do ator. Isso... Decrescente... Ele sai rápido e depois fica bem devagarzinho.

Dupla 2

Ele vai até um limite e depois volta. (A aluna Roberta faz movimentos com a mão). Será que é uma função do 2º grau?... O peixinho inverte o movimento no zero... É uma parábola (afirmou Roberta). Mas professor, como que a gente sabe se é voltada para cima ou para baixo? (perguntou Roberta). Mas se ela vai até o zero é voltada... Acho que ela é voltada para cima, pois parece que o movimento é igual ao que fizemos como exemplo. Já sei! É voltada para cima, pois se fosse voltada para baixo iria trabalhar com a parte negativa do x.

Dupla 3

Ele vai e volta. Uma função do primeiro grau... Acho que não... Vai com uma velocidade constante, depois chegando perto do zero ele diminui a velocidade e volta até chegar no limite. Caminha com maior velocidade até chegar no zero, diminui a velocidade, inverte e depois volta. É verdade é mesmo uma função do segundo grau (disse a aluna Rosa para Fábio, fazendo gestos com a mão).

Dupla 4

O peixinho está com medo de continuar a busca pelo tesouro... Deve ter visto um tubarão... Reduz a velocidade e volta...(Risos do aluno Pedro). Tenho quase certeza que é uma função do 2ª grau.

Dupla 5

Mas que coisa... Que função será esse movimento... (o aluno Felipe pergunta para o colega João, e ele responde que é uma função do segundo grau).

Dupla 6 É uma função do segundo grau.

De acordo com os comentários apresentados pelos alunos, observamos que

todas as duplas mencionaram algum tipo de explicação para a animação

apresentada, e por eles analisada. Alguns apontaram algum tipo de pensamento

lógico e matemático, e outros utilizaram pensamento narrativo. As Duplas 1, 2, 3, 5 e

6 referem-se ao movimento do ator para explicitar o tipo de função. Enquanto a

Dupla 1 apenas descreve o movimento, as Duplas 2 e 3 discutem as possíveis

soluções e concluem que a função é do 2º grau. Enquanto as Duplas 5 e 6 associam

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o movimento como sendo descrito por este tipo de função, a Dupla 4, apesar de ter

percebido que a função é do 2º grau, apresenta uma estória para descrever o tipo de

movimento visualizado na tela.

Observamos, ainda, que, para a resposta apresentada pela Dupla 4, é

possível notar que os alunos usam características de uma narrativa interessante,

apesar de terem ficado indecisos quando apontam, em seus comentários, uma

dúvida em relação ao possível tipo de função que pode estar associada ao

movimento. De acordo com a resposta da Dupla 4, os alunos relatam que “O

peixinho sai em disparada em alta velocidade, depois ele parece que perdeu as

forças e começa a diminuir a velocidade, de repente, volta para trás e logo começa a

acelerar de novo”.

4.3.2 Segunda animação

Nesta animação, utilizamos a função definida por xxf 2)( , e classificamos

as respostas dos alunos em três categorias: Cita função exponencial, Cita

velocidades, Não apresenta resposta. Na Tabela 7, associamos cada dupla ao tipo

de resposta.

Tabela 7: Categorias de respostas para a segunda animação

Respostas Dupla

1

Dupla

2

Dupla

3

Dupla

4

Dupla

5

Dupla

6

Cita função exponencial x x x

Cita velocidades x x x x

Não apresentam respostas x x

Considerando o quadro acima, é possível identificar que duas duplas não

responderam a questão e que as demais duplas não só responderam como

associaram movimento, velocidade e o tipo de função, no caso exponencial.

Apresentamos, na Tabela 8, os comentários das duplas para a animação.

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Tabela 8 - Comentários das duplas para a animação da função xxf 2)(

Dupla 1

Oh... Que velocidade! Demora um ano para sair do lugar depois sai correndo a mil por horas. Parece um foguete, só que em linha reta. É uma função constante? (perguntou Maria para sua colega Sara)Fica dez dias parado no mesmo lugar. Ele fica constante no zero... Não, ele fica sete segundos parado. Então é uma função constante e depois que aumenta a velocidade é uma função linear... É como se fosse assim (Maria aponta a mão para cima, fazendo gestos).

Dupla 2

Olha... É um busão. Na função do segundo grau ele diminuiu a velocidade... Isso daqui não diminuiu a velocidade então é uma reta, ou não!? Ele sai reto, porque ele fica um tempo no zero (Roberta faz gestos com a mão para representar o movimento) e depois ele aumenta a velocidade muito rápido, ou ele está descendo, ou ele está subindo...

Dupla 3 Não apresentou comentários.

Dupla 4

Gente... Esse caminhão tá com problemas no motor! Já sei na verdade ele não fica parado, ele está em movimento, mas muito devagar ele só ganha velocidade maior após alguns segundos (Disse Pedro).

Dupla 5 e 6

Os alunos (Felipe, João, Carlos e Rafael) apenas observam, em alguns momentos fazem gestos com as mãos, mas não dizem nada.

De acordo com os comentários apresentados pelas duplas, observamos que

a Dupla 1 assim como as Duplas 2 e 4 apresentam um tipo de estória sobre a

movimentação do ator. A Dupla 1 “reclama” que o ator demora “um ano” para sair do

lugar, já a Dupla 2 diz que o “busão” não diminui a velocidade, e diz que o gráfico

pode ser uma reta. A Dupla 4 acredita que o caminhão está com problemas no

motor, por isso é que demora a sair do lugar ou que o movimento é muito lento.

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85

Figura 33 - Resposta da Dupla 4 para a segunda animação

Assim como averiguamos nas Duplas 1, 2 e 4, classificamos as respostas dos

alunos e como eles apresentam a movimentação observada no software SimCalc

como modo narrativo, pois eles usam alguma estória para levantar possíveis

características da função.

Conforme observamos também os alunos da Dupla 3 não se pronunciaram ou

não comentaram nada a respeito da animação da função e as Duplas 5 e 6 apenas

observaram o movimento do ator na animação e apontaram gestos com as

mãossimulando o movimento observado.

Figura 34 - Resposta da Dupla 3 para a segunda animação

A terceira animação representa uma função definida por mais de uma

sentença e será descrita a seguir.

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86

4.3.3 Terceira animação

Para a terceira animação apresentamos a função

86152

3

6351183

30

)( 2

xsex

xsexx

xsex

xf . Para essa animação as respostas foram

categorizadas em três tipos: as que falam de Velocidade, Várias funções e que Não

apresentam respostas, conforme a Tabela 9.

Tabela 9 - Categorias de respostas para a terceira animação

Respostas dupla

1

dupla

2

dupla

3

dupla

4

dupla

5 dupla 6

Velocidades x x x

Várias funções x x x x

Não apresentam

resposta x x

Na categoria Velocidade, classificamos as respostas em que os alunos falam

de movimentos alternados do ator, devido à função ser composta por mais de uma

sentença. Para a categoria Várias funções, selecionamos as respostas em que as

duplas apresentam características de que o movimento esteja relacionado não

somente com uma sentença, mas com mais de uma, como por exemplo, nesse

intervalo a função é de 1º grau, nesse outro intervalo a função é de 2º grau etc. Na

categoria Não apresentam resposta, estão as duplas que não opinaram sobre as

animações.

Conforme as categorias Velocidades e Várias funções, observamos que a

maioria dos alunos apresentou, em suas respostas, que a animação é representada

por movimentos diferenciados em intervalos diferentes nas funções, ou seja, a

função é composta por mais de uma sentença, como apresentamos nas Figuras 35

e 36.

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87

Figura 35 - Resposta da Dupla 1 para a terceira animação

Figura 36 - Resposta da Dupla 2 para a terceira animação

As Duplas 1, 3 e 4 também levantaram características de várias funções

compondo o movimento do ator. As Duplas 1 e 3 disseram que a animação é

formada por função linear, polinomial do 2º grau, constante e linear (Figura 37 e 38),

e a Dupla 4 aponta função do 1º e 2º grau e função constante.

Figura 37 - Resposta da Dupla 3 para a terceira animação

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Figura 38 - Resposta da Dupla 4 para a terceira animação

De acordo com as respostas apresentadas por essas duplas, observamos

que, apesar de apresentarem características da função que podem estar associadas

ao movimento do ator, os alunos se utilizaram de estratégias de pensamento

narrativo para entender a animação. As Duplas 2, 3 e 4 mencionaram que a

animação parte com uma velocidade menor e depois vai acelerando, ou apontam

que o caminhão começa bem devagar e em seguida começa a acelerar até ficar

bem rápido, os alunos que compõem essas duplas utilizaram-se de narrativas para

expressar e averiguar o tipo de função que poderia estar associada à animação.

Observemos na tabela os comentários apresentados pelos alunos para a

terceira animação.

Tabela 10 - Comentários das duplas para a terceira animação

Dupla 1

Agora é um ET... Nossa, tem um milhão de função! (Disse Maria). Vai devagar, sai correndo, volta para traz correndo, fica parado e volta pra traz. Realmente é um ET, nem sabe pra onde quer ir (risos).

Dupla 2

Bom... De zero a três devagar, de três a oito aumenta a velocidade, de oito a 9,5 ele aumenta muito a velocidade aí em 10 ele reduz e retorna de 10 ao 3... Aí chega no 3 ele fica constante e depois ele volta no zero. (em toda a fala a aluna Roberta faz gestos com a mão). Então... Na primeira, parece ser do primeiro grau... Já a segunda não é bem do primeiro grau porque aumenta mais a velocidade, aí eu posso falar que é o que? (pergunta Roberta para sua colega Patrícia).

Dupla 3 Tem mais de uma função... A primeira é do segundo grau.

Dupla 4 Acho que é uma função que não existe... Porque tem diversos movimentos. Éh... Esse ET está doidão, não sabe para onde ir.

Dupla 5 Não apresentou comentários.

Dupla 6 Não apresentou comentários.

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89

Notamos, de acordo com os comentários apresentados pelos alunos das

Duplas 1, 2, 3 e 4, características de que o movimento é formado por uma função

definida por mais de uma sentença.

Refletindo ainda sobre os comentários apresentados pelas Duplas 1 e 4,

notamos que eles relataram que o ator está perdido, descontrolado e não sabe para

onde ir e dizem que é um ET. De acordo com esses comentários apresentados

pelos alunos, acreditamos que o modo de pensamento narrativo está inserido nas

colocações feitas.

4.3.4 Quarta animação

Para a quarta e última animação proposta na sessão, contamos com a função

definida por x

xf10

)( , e classificamos as respostas dadas pelas duplas em Função

racional, Não lembram e Não apresentou resposta.

Para a categoria Função racional, classificamos todas as respostas

apresentadas pelas duplas que mencionam que a função tem características de

função racional, e, também, respostas que apresentam intervalos da função, como

por exemplo, o ator sai de um ponto „x‟ depois aparece em um ponto „y‟. Para a

categoria Não lembram, classificamos as respostas em que as duplas apontam

alguma característica da função, como, por exemplo,a parte gráfica, mas não

recordam o tipo de função que pode ser representada. Para a categoria Não

apresentou resposta, agrupamos as duplas que não mencionaram nada a respeito

da atividade.

Tabela 11 - Categorias de respostas para a quarta animação

Respostas Dupla 1 Dupla 2 Dupla 3 Dupla 4 Dupla 5 Dupla 6

Função racional x x x

Não lembram x

Não apresentam

respostas x X

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90

Três duplas apresentaram respostas para a animação associando-a a uma

função racional. Um exemplo de resposta para a categoria Função racional é

apresentado na Figura 39.

Figura 39 - Resposta da Dupla 1 para a quarta animação

Embora apenas a Dupla 4 tenha registrado que não lembra o tipo de função

que está associada ao movimento, ela apresenta um esboço de uma possível

representação gráfica para a função no intervalo [-2, 2] (Figura 40).

Figura 40 - Resposta da Dupla 4 para a quarta animação

Na tabela abaixo, apresentamos os comentários realizados pelos alunos para

a quarta animação.

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Tabela 12 - Comentários das duplas para a animação da função x

xf10

)(

Dupla 1

Jogador de futebol... Agora ele vai indo pra baixo... Nossa! Sumiu, não tem jeito de ver! Ele deu um giro de 360°... Ele andou na reta inteirinha... Ele dá uma volta (Maria faz movimentos com as mãos representando a animação).

Dupla 2

Já sei que é voltada para baixo, porque o ponto inicial é menos dois e o ponto final é dois... E agora?! Ah... então ele pulou de menos dois até dois. O jogador saiu de menos dois e chegou em dois... Então é uma função do segundo grau negativa!... Então o intervalo vai de menos dois até dois. Pode ser? (perguntou Roberta). O bonequinho vai andar do menos dois pra lá (Patrícia aponta com a mão) e do dois pra cá (Em seguida, Patrícia aponta com a mão para o outro lado).

Dupla 3

(Rosa observa o movimento e faz riscos circulares com o dedo na mesa). Mas, como ela sai do menos dois e chega em dois (risos). No mesmo tipo que ele volta depois...

Dupla 4

O Neymar foi bater um pênalti que tomou tanta distância que deu a volta no mundo (risos). Sei lá... Essa função eu não conheço! O que será que é...

Dupla 5 e 6

(Os alunos observam a animação, fazem gestos com as mãos, mas não apresentaram comentários.)

De acordo com os comentários apresentados pelos alunos, observamos que

as Duplas 1 e 4 mencionam algum tipo de estória para comentar o que estavam

observando na animação. De acordo com as duplas “jogador de futebol”, “ele dá

uma volta”, “bater um pênalti” etc., são modos de expressar seus pensamentos por

meio do que observaram na representação animada, apesar de os alunos dessas

duplas terem apresentado nas respostas que a função tem características de função

racional. A Dupla 3, apresentando movimentos circulares com o dedo para tentar

reproduzir o movimento da animação, também aborda meios de expressão.

Acreditamos que o modo de pensamento narrativo pode estar presente nas falas

dos alunos durante a observação das animações e que a dinâmica do software

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SimCalc pôde contribuir para que os alunos apresentassem modos de pensamento

narrativo assim como também Felipe et al. (2012) presenciaram em sua pesquisa

quando apresentaram aos alunos uma animação representada pela função algébrica

xxf

1)( com 0x que é semelhante à que referimos nessa atividade.

Assim como Hegedus e Rodrigues (2006) observaram que seus alunos se

expressavam por meio de gestos para representar o movimento e discutir sobre uma

possível representação algébrica da função, pudemos observar que a Dupla 3

apresentou recursos semelhantes, ou seja, ela tenta reproduzir o movimento da

animação fazendo movimentos circulares com o dedo. Preocupados em descobrir o

tipo de representação algébrica da função que pode estar associada com a

animação, observamos também nos comentários apresentados pelos alunos, que, a

todo o momento, relacionavam os movimentos dos atores nas animações com

características de representações de funções, como por exemplo, para a animação

representada pela função definida por 2)( xxf , a Dupla 3 apresenta:

Ele vai e volta. Uma função do primeiro grau... Acho que não... Vai com uma velocidade constante, depois chegando perto do zero ele diminui a velocidade e volta até chegar no limite. Caminha com maior velocidade até chegar no zero, diminui a velocidade, inverte e depois volta. É verdade é mesmo uma função do segundo grau (disse a aluna Rosa para seu colega Fábio fazendo gestos com a mão).

Para a animação representada pela lei algébrica

86152

3

6351183

30

)( 2

xsex

xsexx

xsex

xf , a Dupla 4diz: “apresentam diversos

movimentos. Parece que o bicho está perdido”. Observamos que os alunos apontam

características que não são diretamente relacionadas com ideias matemáticas para

falar, expor sobre as animações observadas, ou seja, é o que Bruner (2002) define

como pensamento narrativo, os alunos descrevem o movimento do ator na

animação observada.

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93

4.4 Quarta sessão

Participaram da sessão seis alunos, componentes das Duplas 1, 2 e 3. Nesse

dia realizamos todas as atividades propostas para a quarta e a quinta sessões, dada

a ausência de mais alguns alunos. Pedimos para que eles, em duplas,ocupassem o

lugar frente a um computador.

Iniciamos a pesquisa apresentando a atividade da quarta sessão de ensino

para os alunos. A proposta da atividade era de que os alunos criassem atores que

reproduzissem o mesmo movimento das animações que seriam apresentadas em

um arquivo pronto. Nessas animações, os alunos não teriam acesso a nenhuma

outra informação que desse características de como poderiam ser representadas

algebricamente as animações, ou seja, as partes gráfica, algébrica e tabular das

animações não seriam apresentadas.

O objetivo dessas atividades é verificar que estratégias e narrativas seriam

usadas pelos alunos quando analisassem o movimento de atores que simulam o

movimento apresentado no ambiente mundo do software SimCalc, e quais dessas

narrativas seriam usadas para descobrir o tipo de função associada ao movimento.

Pedimos para os alunos que, em cada arquivo apresentado com a animação

do ator, relatassem da maneira que quisessem o movimento que o ator realizava.

Ficamos atentos, observando esses relatos dos alunos, contando com o apoio de

câmera de gravação e ainda de gravadores de áudio.

Antes que trabalhássemos com as animações, alguns alunos pediram que

retomássemos algumas animações representadas por leis algébricas de funções,

como, por exemplo, funções polinomiais de primeiro e segundo grau, exponencial e

definida por mais de uma sentença. Eles disseram que, se pudessem fazer isso

novamente, seria melhor para poder relembrar alguns movimentos de atores

conforme a lei que os representa.

Ao verem a animação criada, os alunos quase imediatamente expressaram

comentário. Por exemplo: “Acho que essa função não é de primeiro grau”; “Se não é

de primeiro grau, de segundo grau também não pode ser”; “Isso não é função... Têm

vários movimentos diferentes”; “Muito fácil! é mais de uma função, então só pode ser

uma função definida por mais de uma sentença, e todas são de primeiro grau.

Linear”; “Esse bichinho resolveu voltar pra casa, deve ter visto algum tubarão” (risos

da aluna Maria).

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94

Nesse primeiro contato com a animação, já esperávamos que os alunos

pudessem apresentar algum tipo de comentário que não estivesse relacionado com

dizeres matemáticos, assim como observamos:“esse peixinho resolveu voltar pra

casa, deve ter visto algum tubarão”, “o peixe foguete”.Também esperávamos que

alguns alunos pudessem apresentar comentários matemáticos que apresentassem

indícios de como poderia ser o gráfico da função, como, por exemplo:“Muito fácil, é

mais de uma função, então só pode ser uma função definida por mais de uma

sentença, e todas são de primeiro grau. Linear”.

Averiguamos também que os alunos mostraram dificuldades em manusear o

software SimCalc, principalmente quando tinham que mudar a escala das janelas do

Mundo e Função, para poderem observar melhor a animação. Mas, apesar das

dificuldades em manusear o software SimCalc, no que tange à mudança de escala

das variáveis x e y do gráfico, as duplas puderam realizar com sucesso suas

animações.

4.4.1 Primeira atividade

Na primeira atividade, tivemos como animação uma função definida por mais

de uma sentença representada pela lei algébrica

868

628

204

)(

xsex

xse

xsex

xf e pela

representação gráfica, conforme apresentada na Figura 41.

Figura 41 - Representação gráfica da primeira animação

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95

As Duplas 1 e 2 observam três tipos de funções, uma para cada intervalo de

tempo. Enquanto a primeira afirmou que o movimento se realiza por meio de uma

função de 1º grau, constante e depois inverte, entendemos que ela se refere ao

movimento decrescente; a outra não especifica, apenas consegue identificar três

movimentos distintos.A Dupla 3 caracteriza que o movimento é constante em dois

instantes e que fica parado em outro (Figura 44).

Figura 42 - Resposta da Dupla 1 para a primeira atividade

Figura 43 - Resposta da Dupla 2 para a primeira atividade

Figura 44 - Resposta da Dupla 3 para a primeira atividade

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96

Podemos observar que as duplas relacionaram as animações apresentadas

com o tipo de representação algébrica da função que deveria ser construída, para

que, assim, conseguissem reproduzir o movimento. Observamos, ainda, que as

Duplas 1 e 3 fizeram um esboço de como poderia ser a representação gráfica da

animação, e a Dupla 2 apresentou as supostas funções que deveriam ser

construídas; de acordo com a Dupla 2, na representação gráfica, deve-se ter duas

funções de primeiro grau e uma reta. Entendemos que a palavra reta, apresentada

pela Dupla 2, refere-se ao instante em que o ator fica parado, enquanto que o tempo

passa, ou seja, a função é constante.

Observamos também os comentários apresentados pelos alunos durante a

realização da primeira atividade.

Tabela 13 - Comentários dos alunos para a animação

Dupla 1

Ele vai... para, e volta. (Maria e Sara falam mais de uma vez a frase, e, fazem gestos com a mão simbolizando a reprodução do movimento). Estamos com dúvidas se é do primeiro grau, mas temos certeza que do 2º grau não é. (Comenta a dupla). Já sei! (Disse Maria) É aquela função com mais de uma sentença.

Dupla 2

O peixinho anda, e depois dança... (risos da dupla). É assim! (pediu Roberta a sua colega Patrícia para voltar a animação). Podemos dividir a animação em três partes: a primeira é representada por uma função linear crescente, a segunda por uma função constante e a terceira por uma função linear decrescente (disse Roberta para Patrícia, apontando para a tela do computador no momento da animação).

Dupla 3

Ele caminha normal, até o ponto 8. É uma função de 1º grau (afirmou Rosa após pausar a animação). Nesse ponto onde ele fica parado e o tempo passando, a função é uma reta (afirmou novamente Rosa). Agora, quando ele volta, ele caminha normal novamente, então também é uma função de 1º grau. (nesse momento afirmou Fábio para Rosa). É isso mesmo! (disse Fábio).

Notamos que as duplas observaram que a cada movimentação diferenciada

do ator, há um diferente tipo de função. Todos puderam identificar que se trata de

uma função definida por mais de uma sentença, e puderam reproduzir o movimento

do ator em outra janela do Mundo no software SimCalc.

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97

As duplas se preocuparam em abordar as leis algébricas de funções que

poderiam representar o movimento dos atores na animação. A Dupla 2, em alguns

momentos, faz comentários engraçados do acontecimento ocorrido, como por

exemplo, “o peixinho anda e depois dança” ao qual categorizamos como modo de

pensamento narrativo.

4.4.2 Segunda atividade

Para a segunda animação, propomos um movimento que seja representado

por uma função polinomial de segundo grau, cuja representação gráfica (Figura 45)

é dada pela lei algébrica representada por 44)( 2 xsexxf .

Figura 45 - Representação gráfica da segunda animação

Assim como observamos na primeira animação, novamente os alunos

apresentaram comentários diferenciados, ou seja, alguns enfatizando a Matemática

por trás da animação e outros relatando algum tipo de estória.

Caracterizando as respostas apresentadas pelos alunos, podemos observar

que as estratégias utilizadas para a construção das animações foram todas voltadas

para a aceleração apresentada pelo ator na animação. As Duplas 1 e 3

mencionaram que o movimento começa com uma velocidade e vai perdendo

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aceleração até inverter de posição. Observamos que as duplas não citam o tipo de

função que pode ser representada, mas esboçam uma representação gráfica de

como pode ser a função (Figuras 46 e 47).

Figura 46 - Resposta da Dupla 1 para a segunda atividade

Figura 47 -Resposta da Dupla 3 para a segunda atividade

A Dupla 2, assim como as Duplas 1 e 3, também mencionam a movimentação

realizada pela animação, e apontam que a animação é representada por uma função

do 2º grau (Figura 48).

Figura 48 - Resposta da Dupla 2 para a segunda atividade

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Observemos na tabela os comentários apresentados pelos alunos para a

segunda animação.

Tabela 14 - Comentários dos alunos para a segunda animação

Dupla 1

É isso... é uma função do segundo grau. Me lembro quando estudei no semestre passado na aula de cálculo que a função do segundo grau é formada por uma parábola, e esse movimento que estamos vendo representa uma parábola, porque a sua aceleração diminui até parar, é nesse momento que temos o vértice, e daí o bichinho volta aumentando a aceleração (Disse Maria).

Dupla 2

Veja... o que será que aconteceu com o bichinho... é igualzinho quando você joga uma pedra pro céu. Ela vai com maior velocidade, para, e volta ganhando velocidade. Como? Pedra no céu? (perguntou a aluna Roberta a sua colega Patrícia) não entendi! (disse Patrícia). É... se você jogar uma pedra para cima, ela vai, diminui a velocidade, e depois cai aumentando a velocidade. É igualzinho a uma função do segundo grau (explicou Roberta). Entendeu agora? (perguntou Roberta). Acho que sim (respondeu Patrícia).

Dupla 3

Nossa... o professor bolinha queria ir embora mas, depois ele pensou bem e resolveu voltar. Vou chamar o bolinha de professor quadrático (risos da dupla). Porque ele faz o movimento da função do segundo grau. Vai, para, vira e volta (risos da dupla).

De acordo com os comentários apresentados pelos alunos, podemos

observar que os alunos das Duplas 1, 2 e 3, observando a movimentação do ator na

animação, destacam que esse tipo de movimentação caracteriza uma função do 2º

grau, relacionando o movimento do ator com a parábola, pois o movimento do ator

iniciar com uma velocidade, diminuir a velocidade, inverter a posição (vértice da

parábola) e voltar aumentando a velocidade, são características de uma função do

2º grau. Os alunos da Dupla 2, discutindo entre eles, mencionaram um exemplo de

jogar uma pedra para o alto para simular a movimentação do ator na animação; os

alunos da Dupla 3 dizem que essa animação é uma simulação do que aconteceu

com o “professor bolinha”. Caracterizamos o trabalho das Duplas 2 e 3 como modo

narrativo.

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100

4.4.3 Terceira atividade

Para a terceira e última animação dessa sessão, apresentamos aos alunos

uma movimentação do ator representado pela função exponencial

1002)( xsexf x (Figura 49).

Ffigura 49 - Representação gráfica da terceira animação

Nessa animação, percebemos que os alunos, ao verem a movimentação do

ator, ficaram observando o movimento sem dizer nada. Notamos apenas um aluno

da Dupla 1 fazendo movimentos com a mão em forma de reta começando com

pouca velocidade e aumentando. A partir de alguns segundos, observamos os

alunos comentando a respeito da animação, conforme apresentada na tabela

abaixo.

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101

Tabela 15: Comentários dos alunos para a terceira animação

Dupla 1

Professor, esse movimento pode ser uma função do segundo grau? Será que é uma função linear? (perguntou Maria). Acho que não! (respondeu Maria) porque o movimento não é constante. Espera aí... acho que já sei! É uma exponencial (disse Patrícia para Maria).

Dupla 2

Essa agora eu sei (falou Roberta olhando para sua colega Patrícia ao lado) esse movimento é uma função exponencial, tenho certeza porque o movimento começa quase parando e vai aumentando, aumentando, rapidamente até chegar ao seu limite.

Dupla 3

Esse elevador deve estar com problemas. Começa muito lento, depois vai aumentando gradativamente até ganhar velocidade máxima. Vou chamá-lo de elevador exponencial. Porque parece com a função exponencial que vai para o espaço (disse Rosa).

Observando os comentários e as discussões dos alunos conforme a

observação da animação, vemos que eles tentaram determinar o tipo de lei algébrica

que poderia ser elencada para reproduzirem o movimento das animações. Notamos,

também, que esses alunos, sempre que observavam uma animação, faziam gestos

com a mão, tentando reproduzir o movimento para descobrir a lei algébrica da

função.

Os alunos da Dupla 1, a princípio, parecem ter dúvidas a respeito do

movimento com o tipo de representação gráfica. Acreditam ser uma função linear,

mas pensando e analisando novamente o movimento do ator, chegam a uma

decisão e afirmam ser uma função exponencial (Figura 50). A Dupla 2, de imediato

afirma ser uma função exponencial, pois considera que o movimento, ao fazer um

percurso com baixa velocidade, e, de repente, aumentá-la rapidamente, está

relacionado com uma função exponencial. Podemos observar, na resposta

apresentada por essa dupla, que os alunos apresentam um tipo de relação entre

valores do domínio e a imagem da função, dando indícios de que o valor da imagem

aumenta exponencialmente conforme o valor do domínio (Figura 51). Já os alunos

da Dupla 3, de acordo com a resposta apresentada, apontam que, com o passar do

tempo a figura ganha velocidade (Figura 52), apresentando ainda um esboço do

gráfico da função exponencial. Segundo seus comentários, o movimento é referido

por eles com uma forma de animação de um elevador com problemas, pois começa

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102

lento e depois aumenta a velocidade, chamando de “elevador exponencial”, o que

nos remete ao fato de considerarmos o modo de pensamento utilizado por eles

como narrativa.

Figura 50 - Resposta da Dupla 1 para terceira atividade

Figura 51 - Resposta da Dupla 2 para a terceira atividade

Figura 52 - Resposta da Dupla 3 para a terceira atividade

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103

Para a quarta sessão, nosso objetivo foi verificar as estratégias que os alunos

utilizariam para a construção de outro ator ao tentar reproduzir o movimento

apresentado, pois acreditamos que, com o movimento do ator colocado, os alunos

gerariam narrativas, e, a partir dessas narrativas e da observação do movimento dos

atores no Mundo, construiriam o ator.

De acordo com as respostas apresentadas pelos alunos na sessão,

percebemos que todos os seis alunos participantes imaginaram quais possíveis

características de função o movimento do ator apresenta, para reproduzir as

animações. Todos os alunos discutiram uma possível relação entre o movimento e a

lei algébrica da função, como por exemplo, os alunos da Dupla 2 para a animação

de lei algébrica 1002)( xsexf x apontam em seus comentários dizendo:

“Essa agora eu sei, esse movimento é uma função exponencial, tenho certeza

porque o movimento começa quase parando e vai aumentando, aumentando,

rapidamente até chegar ao seu limite”.

Apesar de muito do discurso desses alunos estar relacionado com o

pensamento paradigmático (BRUNER, 2002), encontramos, também, possíveis falas

dos alunos que mencionam características de narrativas, ou seja, observando

alguns comentários dos alunos, notamos que, antes de eles se referirem ao

movimento apresentado pela animação com características matemáticas, remetem-

se a estórias, forma de expressar a movimentação do ator como uma fala divertida

ou diferenciada, como por exemplo, os alunos da Dupla 3, antes de mencionarem

características matemáticas para a animação representada pela lei algébrica

1002)( xsexf x , dizem: “Esse elevador deve estar com problemas, começa

muito lento, depois vai aumentando”, ou até ainda para a animação representada

pela função definida por 44)( 2 xsexxf dizem: “Nossa... o professor

bolinha queria ir embora mas, depois ele pensou bem e resolveu voltar. Vou chamar

o bolinha de professor quadrático (risos da dupla). Porque ele faz o movimento da

função do segundo grau. Vai, para, vira e volta”.

De acordo com essas observações, notamos que, dos seis alunos

participantes, quatro apresentaram falas desse tipo, buscando narrar a animação.

Nesse sentido, reafirmamos que a dinâmica do movimento apresentado trouxe

características do pensamento narrativo nos alunos, dando-se a ideia de que a

narrativa aparece no desejo de narrar o fato observado no contexto da atividade

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matemática, como apontam Sinclair, Healy e Sales (2009), remetendo-nos ao fato

de que essas estórias mencionadas pelos alunos estão relacionadas ao modo de

pensamento narrativo, classificado por Bruner (2002) em sua teoria.

4.5 Quinta sessão

Finalizando nossas atividades, nesta sessão, propomos aos alunos que

criassem atores que representassem duas estórias apresentadas a eles, utilizando o

software SimCalc.

O objetivo desta sessão é analisar as estratégias que os alunos utilizariam

para criar a animação. Por exemplo, os alunos utilizariam ou não alguma conexão

com a estória apresentada e formas gráficas para compor a animação.Observamos

queos alunos discutiram bastante a respeito das animações apresentadas. A grande

preocupação deles era de relacionar a estória com alguma forma gráfica para

poderem criar a animação com auxílio do software SimCalc.

4.5.1 Primeira estória

Para a primeira estória temos: “O peixe pai saiu com o peixe filho para

passear. Ele estava contando para o filho que o fundo do mar era perigoso e que

não poderia sair sozinho, mas mesmo assim, o filhinho insistiu para que o deixasse

sair sozinho, e o pai deixou para provar que realmente era perigoso. O pai parou,

deixando o filho nadar sozinho, e assim, o peixinho filho foi. Chegando até certo

local, o pai avistou o filhinho voltando, pois o filhinho percebeu que era muito

pequeno e perigoso para nadar sozinho. Então, eles foram nadando e conhecendo o

mar juntos”.

De acordo com o que observamos nas respostas apresentadas pelas duplas,

na primeira estória, verificamos que os alunos simularam algum tipo de

representação gráfica para compor a animação. As três duplas esboçaram, em uma

folha de papel, o plano cartesiano, para tentarem reconstituir a animação por meio

de gráficos. As Duplas 1 e 2 fizeram retas em seus planos cartesianos,

caracterizando funções polinomiais de 1º grau e função constante, para simular o

percurso realizado pelo peixe pai e pelo peixe filho (Figura 53 e 54). Já a Dupla 3,

em seu esboço gráfico, construiu alguns pontos simulando o percurso dos atores na

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estória. Esses pontos, em determinados intervalos, assemelham-se a retas e

parábolas (Figura 55).

Figura 53 - Esboço da representação gráfica da primeira animação – Dupla 1

Figura 54 - Esboço da representação gráfica da primeira animação – Dupla 2

Figura 55 - Esboço da representação gráfica da primeira animação – Dupla 3

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Conforme os comentários realizados pelos alunos da Dupla 1, observamos

que, com várias leituras da estória, os alunos disseram que, para cada tipo de

movimento dos peixinhos, teriam que construir tipos diferentes de funções, mas

todas teriam que ser função do 1º grau.

Observemos os comentários apresentados pelos alunos das duplas para a

primeira estória.

Tabela 16 - Comentários dos alunos para a primeira estória

Dupla 1

Nessa estória teremos que construir duas funções, porque fala do

peixe pai e do peixe filho. Mas que tipo de função? (perguntou a

aluna Maria). Acho que pode ser todas do primeiro grau (respondeu

Sara). Nossa,está difícil!

Vamos pensar juntas.(disse Sara para Maria).

Pra eles saírem juntos, a função tem que ser coincidente, depois o

filho continua, e o pai para, então a função do pai é constante e a do

filho continua reta, depois o filho volta, então a reta da função desce,

tem que ter um ponto de encontro do pai e do filho, porque eles se

encontram e voltam, e a partir daí as duas retas são coincidentes

novamente. Acho que é isso (disse Sara).

Até que não foi tão difícil! (falou Maria).

Dupla 2

Professor, como que faz isso? Quantas funções tem que usar?

(disse Roberta).

Então eu tenho que construir essas funções (disse Roberta ouvindo

os comentários da Dupla 1).

Se o peixe pai para, a função é constante.

O peixe filho sempre está em movimento, então a função é linear.

Olha como ficou a minha função.

Como que faz o peixe parar de andar

Nossa, que corrida... depois ele volta devagarinho (risos da dupla).

Olha, minha função parece um triângulo! (disse Roberta).

Dupla 3

Quanto mais a reta fica na vertical maior velocidade o peixinho tem.

Quando o peixe pai para pra ver o filho ir, a função do pai é

constante, e a do filho é sempre linear, só que quando ele volta ela

fica decrescente.

Parece uma pirâmide. Legal!

Constatamos, por meio das gravações, que os alunos discutiram bastante um

com o outro e que houve também algumas discussões entre as duplas.

Conforme apresentam os alunos, observamos que, a todo o momento,

utilizaram formas diferenciadas para registrarem o tipo de função a ser construída.

Notamos que, para cada movimento diferenciado, conforme mencionado na estória,

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utilizaram estratégias diferentes para poder criar a animação. Por exemplo, se os

peixes saem juntos, as retas que representam as funções são coincidentes; se um

ator para, e outro continua, a função é constante para um, e contínua para o outro;

se o ator inverte a posição e volta a representação gráfica da função, se estiver

crescente fica decrescente.

Observemos a construção da animação da primeira estória feita pelas duplas.

Figura 56 - Construção da primeira estória – Dupla 1

Figura 57 - Construção da primeira estória – Dupla 2

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Figura 58 - Construção da primeira estória – Dupla 3

4.5.2 Segunda estória

Na segunda estória apresentada temos: “Foi dada a largada. Três

competidores na pista de corrida, cada um com o seu carro tentando cruzar a linha

de chegada. Impressionante, o carro A não saiu do lugar, enquanto que os outros

dois estão lado a lado, na disputa. De repente o carro A sai em disparada e passa os

outros dois carros. O carro B para, parece que quebrou! e o carro C tenta se

aproximar do carro A. Mas, sem explicações, o carro B dispara e ultrapassa os

carros A e C cruzando a linha de chegada”.

Conforme observamos nas construções gráficas apresentadas pelos alunos,

de acordo com as estórias enunciadas, notamos que as duplas utilizaram os

mesmos métodos para relacionar a estória apresentada com a possível

representação animada para a simulação. De acordo com a Dupla 1 e com a Dupla

3, nos esboços de seus gráficos apresentados, averiguamos que novamente eles se

referiram aos tipos de movimentos apontados na estória com representações de

segmentos de retas que caracterizam funções do primeiro grau (Figura 59 e 60).

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Figura 59 - Esboço da representação gráfica da segunda estória – Dupla 1

Figura 60 - Esboço da representação gráfica da segunda estória – Dupla 3

Na Dupla 2, observamos que os alunos também caracterizaram

representações de retas para um esboço gráfico da estória. Percebemos também

que os pontos A e C, conforme mostrados na Figura 61, parecem não estar

alinhados, ou seja, parecem estar sobre uma curva, o que remete ao fato de não ser

uma possível função de primeiro grau.

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Figura 61 - Esboço da representação gráfica da segunda estória – Dupla 2

Um ponto em comum que observamos nos três esboços gráficos

apresentados pelos alunos é que, conforme observamos na estória, o carro A não

saiu do lugar e isso reflete que a representação gráfica é uma reta constante, e

nenhuma das três duplas enfatizaram esse critério; em todas as figuras

apresentadas observamos que, assim como os outros carros, o carro A também

inicia a corrida.

Observamos na tabela abaixo os comentários dos alunos para a segunda

estória.

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Tabela 17 - Comentários dos alunos para a segunda estória

Dupla 1

Nossa essa corrida é maluca mesmo!

Quantas funções tem que ter? E do mesmo jeito que fizemos a

estória anterior? (perguntou Maria ao professor).

Vamos ver... (Observa-se a aluna Maria em silêncio, lendo a

estória e fazendo um esboço gráfico na folha).

Dupla 2

Ai meu Deus, socorro. Como vamos fazer isso!

Eu não sei! Você sabe? (perguntou Patrícia para Roberta).

A partir desse momento a aluna Rosa da Dupla 3 fala em voz alta

e todos os outros alunos da Dupla 1 e 2 observam sua fala.

Dupla 3

Vamos por etapa! (disse Rosa). Vamos construir o gráfico do

carrinho A. Se ele não sai do lugar, a função é constante. Depois

ele sai em disparada, pode ser uma função exponencial. Acho que

é só isso depois ele chega no fim.

Para o carrinho B, primeiro ele sai normal, função afim, depois ele

quebra, então é função constante, e aí ele acelera para ganhar a

corrida, então a função também pode ser do primeiro grau, mas

com maior velocidade pra ele ganhar a corrida.

E o carrinho C sai normal, é uma função de primeiro grau, depois

ele tenta aproximar do carrinho A, então temos que acelerar esse

carrinho, jogando mais potência no motor (risos da dupla). E agora

como faço pra ele aumentar a velocidade? (perguntou Fábio para

Rosa) é só deixar a reta mais em pé (respondeu Rosa). É mesmo!

Me lembrei da atividade passada (afirmou Fábio, tratando-se da

primeira estória) acho que é só isso, ele não ganha a corrida

mesmo.

Assim como observamos nos comentários pronunciados pelos alunos,

durante a leitura do conto, reparamos que cada dupla, assim como na primeira

estória, procuraram entender os fatos por partes, ou seja, em cada etapa da estória

buscaram relacionar com alguma forma gráfica. Por exemplo, se o carro A não sai

do lugar, a função é constante, se o B se movimenta normalmente, a função é afim,

conforme aponta a aluna Rosa da Dupla 3.

De acordo com os comentários apresentados pelos alunos, acreditamos que

as representações ou os modos de pensamento matemático estiveram mais

centrados na memória dos alunos durante as construções das animações para cada

estória proposta. Observamos, também, que em alguns momentos, é possível

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observar algumas formas de pensamento narrativo apontado durante os

comentários dos alunos para abordar tal estória, como por exemplo, segundo a

aluna Rosa da Dupla 3, “então temos que acelerar esse carrinho, jogando mais

potência no motor”.

Observemos nas figuras, a construção da estória realizada por cada dupla.

Figura 62 - Construção da segunda estória – Dupla 1

Figura 63 - Construção da segunda estória – Dupla 2

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Figura 64 - Construção da segunda estória – Dupla 3

Observando as representações gráficas das animações realizadas pelas

duplas na segunda estória, vemos que todas as representações gráficas têm alguma

semelhança entre si. Acreditamos que essa semelhança dos alunos ao construírem

atores referentes às estórias mencionadas se remete ao fato de que os indivíduos

usam e apropriam-se de padrões de identificação com relação ao tempo e ao

espaço como linguagens, símbolos e categorias, por meio de uma análise em que

observam os fatos trabalhados de forma mais ampla (ARMELLA; HEGEDUS;

KAPUT,2008). Nesse sentido, observamos que, ao construírem as animações das

estórias, os alunos se apoiaram nesses padrões de identificação, uma vez que,

conforme observamos nas representações gráficas das animações criadas pelas

duplas, notamos que a função é constante para representar que o carrinho A está

parado, notamos uma maior inclinação da reta que representa o carrinho B para ter

mais velocidade e ganhar a corrida etc.

Conforme observamos nas apresentações feitas pelos alunos por animações

referentes a cada estória proposta, notamos que os seis alunos participantes

utilizaram seus conhecimentos para montarem as animações. De acordo com o que

observamos, todas as duplas relacionaram o que estava sendo proposto na estória

com possíveis representações de movimentos, e, a partir desses movimentos,

estipularam qual função melhor se adaptaria ao movimento para que pudessem

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realizar as animações das estórias apresentadas, como podemos observar nas

colocações feitas pelos alunos da Dupla 3 para a segunda animação:

Vamos por etapa! (disse Rosa). Vamos construir o gráfico do carrinho A. Se ele não sai do lugar a função é constante. Depois ele sai em disparada, pode ser uma função exponencial. Acho que é só isso; depois ele chega no fim. Para o carrinho B, primeiro ele sai normal, função afim, depois ele quebra, então é função constante, e aí ele acelera para ganhar a corrida, então a função também pode ser do primeiro grau, mas com maior velocidade pra ele ganhar a corrida. E o carrinho C sai normal, é uma função de primeiro grau, depois ele tenta aproximar do carrinho A, então temos que acelerar esse carrinho, jogando mais potência no motor (risos da dupla). E agora como faço pra ele aumentar a velocidade? (perguntou Fábio) é só deixar a reta mais em pé (respondeu Rosa). É mesmo! Me lembrei da atividade passada (afirmou o colega, tratando-se da primeira estória) acho que é só isso, ele não ganha a corrida mesmo.

Por meio das estórias apresentadas, ou seja, conforme apresentamos os

pensamentos narrativos por meio das estórias, observamos que os alunos puderam

apresentar seus modos de pensamento paradigmáticos, conforme a teoria de Bruner

(2002).

No próximo capítulo, apresentaremos nossas considerações finais fazendo

uma retrospectiva de nossa pesquisa.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho teve por objetivo analisar as narrativas produzidas por

estudantes de Licenciatura em Matemática diante de uma abordagem para funções

em um ambiente dinâmico, e ainda, observar as reações deles quando deparados

com funções representadas por animações na janela do mundo do software

SimCalc.

Buscando um quadro teórico que pudesse nortear nossas ideias sobre as

narrativas na aprendizagem matemática, encontramos a teoria de Bruner (1997)

sobre os modos de pensamento narrativo e paradigmático estudados por esse autor.

Bruner (1997) afirma que o pensamento narrativo é um modo de pensamento que

organiza nossas ideias, dando sentido a um determinado fato, ou seja, é um modo

de pensar, narrar e/ou relatar nossas experiências matemáticas no tempo e no

espaço. O pensamento paradigmático, segundo Bruner (1997), é caracterizado por

um discurso lógico/teórico, podendo ser apresentado como verdadeiro, ou seja,

refere-se a um sistema formal e matemático, buscando focar os modos da

Matemática por meio de argumentações lógicas como forma de descrição e

explicação.

Para observar narrativas dos alunos participantes, decidimos utilizar o

software SimCalc, que foi desenvolvido de modo a auxiliar o aluno a trabalhar com

conceitos que envolvem variação de função. O software proporciona a criação de

movimentos por meio de gráficos de posição e velocidade. Esses movimentos são

apresentados no software, permitindo que o usuário veja um ator se movimentar por

meio de gráficos que são manualmente editáveis.

Elaboramos atividades para serem trabalhadas com SimCalc, para que

pudéssemos observar o trabalho e as falas dos alunos durante o desenvolvimento

das atividades propostas, e analisamos de acordo com os modos de pensamento

narrativo e paradigmático, apontados por Bruner (1997).

Em nosso trabalho, não pretendíamos observar se esses alunos dominam ou

não o conceito de função. A opção foi a de apresentar funções representadas por

leis algébricas, gráficos e representações diferenciadas, proporcionadas pela

dinâmica do software SimCalc, de modo que os alunos pudessem trabalhar de uma

forma que eles não haviam feito antes a partir de ideias de função.

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Discutindo as questões da pesquisa

Refletindo sobre as questões da pesquisa, apresentadas na introdução deste

trabalho, e a fim de respondê-las, fazemos uma recapitulação de cada uma e

apresentamos as devidas respostas.

A utilização do software SimCalc como recurso dinâmico colaborou para

que os alunos percebessem a variação da função representada pelo

movimento do ator?

Quando apresentado o software SimCalc aos alunos, observamos que eles se

mostraram interessados em conhecer o programa, e, de imediato, observamos

alguns alunos dizendo: “Então, por trás desse movimento existe uma função que é

estabelecida em sua parte gráfica e algébrica, nossa! Que legal!”

Conforme observamos nas atividades propostas na Sessão 2, quando os

alunos olhavam a animação dos atores que representam funções, eles associavam

o movimento do ator à lei algébrica da função que estava sendo representada. Por

exemplo, para uma animação representada pela função definida por 1)( xxf ,

observamos comentários do tipo: “É uma reta constante, pois o carrinho anda de

acordo com que o valor de x e y aumenta constantemente. É uma função

crescente”.Nesse sentido, percebemos que, com o tempo, os alunos começaram a

relacionar o movimento apresentado pelo ator no software com a função. Vimos

também que alguns alunos, apesar de não terem percebido qual era a função que

estava sendo representada pela animação, apontaram características dela ao

observar o movimento e a variação da função.

Quando apresentamos aos alunos estórias e pedimos para que eles, a partir

delas, criassem atores que as representassem, todas as duplas associaram a

estória proposta com possíveis representações de movimentos, e assim, estipularam

qual função melhor se adaptaria ao movimento. Podemos observar melhor essa

associação quando a Dupla 3, de acordo com a segunda estória apresentada,

comenta que, se o carrinho não sai do lugar, a função é constante; se ele sai em

disparada, a função pode ser exponencial; e quanto mais inclinada deixar a reta,

mais velocidade terá o carrinho.

Nesse sentido, acreditamos que a utilização do software SimCalc pode

colaborar para que os alunos percebam a relação entre o movimento e a função que

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estava sendo representada, e principalmente a variação da função a partir do

movimento.

O fato de os sujeitos de pesquisa serem alunos de Licenciatura em

Matemática pode influenciar na produção de narrativas?

Conforme observamos durante as atividades propostas em cada sessão de

ensino, percebemos que os alunos utilizaram tanto o pensamento paradigmático

quanto o pensamento narrativo. Notamos que os alunos se preocupavam em

caracterizar definições lógicas e matemáticas para tentar associar a movimentação

do ator com algum tipo de função. Por exemplo, em um comentário apresentado

pela Dupla 2 durante a primeira animação proposta na terceira sessão para a função

2)( xxf :

Ele vai até um limite e depois volta. (A aluna faz movimentos com a mão). Será que é uma função do 2º grau?... O peixinho inverte o movimento no zero... É uma parábola (afirmou a aluna). Mas professor, como que a gente sabe se é voltada para cima ou para baixo? (perguntou a aluna). Mas se ela vai até o zero é voltada... Acho que ela é voltada para cima, pois parece que o movimento é igual ao que fizemos como exemplo. Já sei! É voltada para cima, pois se fosse voltada para baixo iria trabalhar com a parte negativa do x.

Já para as narrativas, observamos que os alunos trouxeram ricas associações

entre a animação observada e as funções que poderiam ser associadas a elas,

como, por exemplo,quando os alunos da Dupla 3 mencionam, na quarta sessão de

ensino, para a representação animada composta pela função algébrica

1002)( xsexf x , que “o professor bolinha queria ir embora mas, depois ele

pensou bem e resolveu voltar. Vou chamar o bolinha de professor quadrático”.

Observamos, nesse momento, o principal papel das narrativas para a construção do

conhecimento de uma função, que, por meio de uma representação animada, pode

trazer sentido ao contexto da Matemática. Além disso, observamos que, por meio

das narrativas, os alunos dão mais sentido e gosto para desvendar formas

matemáticas “escondidas” por trás de uma simples estória, como também

observamos na resposta da Dupla 6 para a sexta função da primeira sessão:“Eu fiz

as funções juntas e mudei o mundo para o mundo dos robôs. Com tem função

quadrática, função exponencial, função linear e função periódica, os robôs saíram

dois correndo, um saiu atrás e dois ficaram de um lado para o outro”. Nessa

colocação feita pelos alunos da Dupla 6 notamos que, quando eles construíram

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todas as funções em um mesmo ambiente do mundo no software SimCalc, e

observaram cada movimento diferenciado feito pelos atores, realizaram

comparações entre cada movimento com a função que estava sendo representada,

e, a partir desses diferentes movimentos, começaram a perceber que para cada tipo

de representação animada há uma função.

Assim como Sales (2008) aponta que trabalhar com funções utilizando a

interatividade de uma ferramenta computacional possibilitou a produção de

narrativas com alunos do Ensino Médio, já que eles puderam nomear os grupos,

conforme observavam a dinâmica das funções algébricas, produzidas por meio de

movimentos, como, por exemplo, grupo “locomotiva”, para função do primeiro grau

ou ainda grupo “bate volta” para funções quadráticas,também observamos

características semelhantes dos alunos de nossa pesquisa quando observam o

movimento representado pela função algébrica 1,0

)sin()(

xxf , como, por exemplo,

quando a Dupla 8, na segunda sessão, menciona que “o seu bolinha está

desorientado, corre de um lado para o outro da sala, ele anda 10 metros para lá e 10

metros para cá”.

Apesar de observarmos nas atividades propostas nas sessões, que a maior

preocupação dos alunos foi em atribuir características matemáticas e lógicas

conforme observavam as animações, acreditamos que isso não atrapalhou a

produção de narrativas nos alunos. Sendo assim, deduzimos que as narrativas

podem ser observadas em estudantes de Licenciatura em Matemática.

Limitações da pesquisa

Como exposto anteriormente, a pesquisa foi realizada no laboratório de

informática de uma universidade, com a turma do segundo período do curso de

Licenciatura em Matemática. Ao expor a pesquisa à classe selecionada, foi

observado grande entusiasmo e adesão por parte dos alunos, iniciando os trabalhos

com uma turma de 20 alunos. No desenvolvimento da pesquisa, foram aplicadas

atividades durante as aulas semanais e sábados letivos.

Conforme destacamos anteriormente, após a realização da segunda sessão,

decidimos repensar as atividades das próximas sessões de ensino para que

pudéssemos melhor estruturar nossas atividades para o bom desenvolvimento e

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interatividade com o software SimCalc.Observou-se que, ao voltarmos com as

sessões de ensino, após um período de intervalo, as atividades das próximas

sessões passaram a ocorrer durante os sábados letivos, e, assim, observamos que

o número de alunos diminuiu, configurando, uma das limitações desta pesquisa.

Ressaltamosque isso ocorreu devido à falta de horário disponível no laboratório da

universidade durante os dias regulares da semana, o que fez necessário a partir da

segunda sessão de nossas atividades trabalharmos aos sábados, e ocasionou no

número decrescente de alunos nas sessões.

Sugestões para futuros trabalhos

Conforme observamos em nossa revisão de literatura, pesquisas no campo

da Educação Matemática vêm mostrando que as narrativas oferecem uma maneira

particular de o indivíduo expor seu pensamento, seja por estórias, falas, contos etc.

Entretanto esta investigação não finda nos questionamentos que

mencionamos.Como contribuição para futuras investigações, sugerimos pesquisas

que abordem alternativas com a utilização das narrativas, de acordo com a teoria de

Bruner, em que o professor possa utilizá-laspara facilitar e dinamizar suas práticas

pedagógicas para o ensino e aprendizagem de Matemática.

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REFERÊNCIAS

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APÊNDICES

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APÊNDICE A - Termo de consentimento livre e esclarecido

Título da Pesquisa: “Novas tecnologias no conceito de função real: a utilização do

software SimCalc e as narrativas de alunos de Licenciatura em Matemática”.

Nome do Pesquisador: Júlio César Pereira

Nome da Orientadora: Rosana Nogueira de Lima

O Sr.(Sra.) está sendo convidado(a) a participar desta pesquisa, que tem

como finalidade contribuir com subsídios para a área de Educação Matemática, em

particular com a linha de Tecnologias Digitais e Educação Matemática, investigando

as narrativas de alunos de Licenciatura em Matemática quando deparados com

funções que apresentam comportamentos diferenciados (não usual) em um

ambiente dinâmico.

Ao participar deste estudo, o Sr. (Sra.) permitirá que o pesquisador utilize as

atividades desenvolvidas ao longo da pesquisa, bem como as gravações das

sessões e filmagens. O Sr. (Sra.) tem liberdade de se recusar a participar, e ainda se

recusar a continuar participando em qualquer fase da pesquisa, sem qualquer

prejuízo para o Sr. (Sra.). Sempre que quiser poderá pedir mais informações sobre a

pesquisa por meio do telefone do pesquisador do projeto e, se necessário,por meio

do telefone do Comitê de Ética em Pesquisa.

Riscos e desconforto: a participação nesta pesquisa não traz complicações

legais. Os procedimentos adotados nesta pesquisa obedecem aos Critérios da Ética

em Pesquisa com Seres Humanos conforme Resolução no. 196/96 do Conselho

Nacional de Saúde. Nenhum dos procedimentos usados oferece riscos à sua

dignidade.

Benefícios: ao participar desta pesquisa o Sr. (Sra.) não terá nenhum

benefício direto. Entretanto, esperamos que este estudo traga informações

importantes sobre formação e práticas didáticas, de forma que o conhecimento que

será construído a partir desta pesquisa possa auxiliar nas metodologias utilizadas

em sala de aula, e o pesquisador se compromete a divulgar os resultados obtidos.

Pagamento: o Sr. (Sra.) não terá nenhum tipo de despesa para participar

desta pesquisa, bem como nada será pago por sua participação.

Após estes esclarecimentos, solicitamos o seu consentimento de forma livre

para participar desta pesquisa. Portanto,preencha, por favor, os itens que se

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seguem: Confiro que recebi cópia deste termo de consentimento, e autorizo a

execução do trabalho de pesquisa e a divulgação dos dados obtidos neste estudo.

Obs.: Não assine este termo se ainda tiver dúvida a respeito.

Tendo em vista os itens acima apresentados, eu, de forma livre e esclarecida,

manifesto meu consentimento em participar da pesquisa.

__________________________________________

Nome e Assinatura do Participante da Pesquisa

__________________________________

Júlio César Pereira

___________________________________

Rosana Nogueira de Lima

Pesquisador: Júlio César Pereira, RG: MG 12666798, FONE: (35) 98324021

Orientadora: Rosana Nogueira de Lima, RG 11536099-2, FONE: (11) 29729008

Telefone da Comissão de Ética: (11) 2972-9000

E-mail: [email protected]

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APÊNDICE B - Termo de autorização de uso de imagem e depoimentos

Eu_________________________________,CPF__________________,

RG________________,depois de conhecer e entender os objetivos, procedimentos

metodológicos, riscos e benefícios da pesquisa, bem como de estar ciente da

necessidade do uso de minha imagem e/ou depoimento, especificados no Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), AUTORIZO, através do presente termo,

o pesquisador Júlio César Pereira do projeto de pesquisa intitulado “Novas

tecnologias no conceito de função real: a utilização do software SimCalc e as

narrativas de alunos de Licenciatura em Matemática” a realizar as fotos que se

façam necessárias e/ou a colher meu depoimento sem quaisquer ônus financeiros a

nenhuma das partes.

Ao mesmo tempo, libero a utilização dessas fotos (seus respectivos negativos) e/ou

depoimentos para fins científicos e de estudos (livros, artigos, slides e

transparências), em favor do pesquisador da pesquisa, acima especificado.

Pouso Alegre, _______ de _________ de 2013.

_______________________________

Pesquisador responsável pelo projeto

_______________________________

Sujeito da Pesquisa

______________________________

Responsável Legal (Caso o sujeito seja menor de idade)

Pesquisador: Júlio César Pereira, RG: MG 12666798, FONE: (35) 98324021

Orientadora: Rosana Nogueira de Lima, RG 11536099-2, FONE: (11) 29729008

Telefone da Comissão de Ética: (11) 2972-9000

E-mail: [email protected]

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APÊNDICE C – Conhecendo um pouco o software SimCalc

O SimCalc é um software que permite manipular gráficos e expressões

algébricas. De acordo com a função estabelecida no software, é possível observar,

em uma janela denominada “Mundo”, a movimentação de um ator, que representa

esta função com um movimento em relação ao tempo.

___________________________________________________________________

Menus

Localizado na parte superior da tela inicial, possui vários comandos

separados por categorias.

___________________________________________________________________

Criar ator

Localizado, na parte superior ou inferir do programa e por meio dele é

possível inserir funções de diversificados tipos que se quer observar.

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ou

Observação importante: Quando se quer inserir duas ou mais funções num mesmo

Mundo, após cada função inserida é preciso novamente pressionar o comando “criar

ator” e no campo “função” digitar a função pretendida.

___________________________________________________________________

Animação

Também localizado na parte superior ou inferir do programa, com ele é

possível observar a animação da função por meio do movimento do ator em seu

mundo.

___________________________________________________________________

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Atividade 1) Abra o software SimCalc. Em arquivos diferentes, faça e observe a

animação realizada pelo ator para as seguintes funções.

a) 1)( xxf

b) 7)( 4 xxf

c) x

xfx 13

)(

d) xxf 5)(

e) 1,0

)()(

xsenoxf

___________________________________________________________________

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APÊNDICE D - 2ª Sessão

Nesta sessão, os alunos descreverão o comportamento realizado pelo ator

correspondente à representação algébrica das funções (Atividade 1).

Observe a animação dos atores com sua respectiva função. Usando sua

criatividade, anote para cada função o comportamento do ator realizado na

animação.

1)( xxf

7)( 4 xxf

xxf

x 13)(

1,0

)()(

xsenoxf

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APÊNDICE E - 3ª Sessão

Nesta sessão esperamos que os alunos consigam descobrir apresentando na

forma algébrica as funções que serão apresentadas na animação feita pelo software,

colocando em prática todos os conhecimentos adquiridos nas atividades

apresentadas na sessão anterior.

Observação: Nesta atividade as funções representadas pela animação do

software SimCalc estarão em arquivo denominado “Funções – sessão 3”.

Observe a animação da representação geométrica das funções seguintes,

apresentadas no software SimCalc. Anote comportamentos pertinentes,

interessantes, engraçados (assim como feito na sessão anterior) apresentada pela

animação dos atores no software SimCalc. Utilizando as estratégias e os

conhecimentos adquiridos procure descobrir que tipo de função (1º grau, 2º grau,

constante, ..., ou ainda algumas características, qualidades que as classificam) cada

animação representa.

1ª função (ver arquivo 1):

Essa função representa uma função: _________________________________

2ª função (ver arquivo 2):

Essa função representa uma função: _________________________________

3ª função (ver arquivo 3):

Essa função representa uma função: _________________________________

4ª função (ver arquivo 4):

Essa função representa uma função: _________________________________

5ª função (ver arquivo 5):

Essa função representa uma função: _________________________________

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APÊNDICE F – 4ª Sessão

Observe o movimento do ator que será apresentado em seu computador na

janela “Mundo” do software SimCalc. Utilizando-se das ferramentas de construção

de atores no software tente reproduzir o mesmo movimento apresentado. Se achar

necessário anote nos quadros abaixo o tipo de movimento do ator no “Mundo”.

Animação 1. “Ver arquivo enviado”

Animação 2. “Ver arquivo enviado”

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Animação 3. “Ver arquivo enviado”

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APÊNDICE G – 5ª Sessão

A primeira estória que apresentamos é:

“O peixe pai saiu com o peixe filho para passear. Ele estava contando para o filho

que o fundo do mar era perigoso e que não poderia sair sozinho, mas mesmo assim,

o filhinho insistiu para que o deixasse sair sozinho, e o pai deixou para provar que

realmente era perigoso. O pai parou, deixando o filho nadar sozinho, e assim, o

peixinho filho foi. Chegando até certo local, o pai avistou o filhinho voltando, pois o

filhinho percebeu que era muito pequeno e perigoso para nadar sozinho. Então, eles

foram nadando e conhecendo o mar juntos”.

Para a segunda estória, temos:

“Foi dada a largada. Três competidores na pista de corrida, cada um com o seu

carro tentando cruzar a linha de chegada. Impressionante, o carro A não saiu do

lugar, enquanto que os outros dois estão lado a lado, na disputa. De repente o carro

A sai em disparada e passa os outros dois carros. O carro B para, parece que

quebrou! e o carro C tenta se aproximar do carro A. Mas, sem explicações, o carro B

dispara e ultrapassa os carros A e C cruzando a linha de chegada”.