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Universidade Cândido Mendes.
Instituto A Vez do Mestre.
Pós –Graduação em Gestão de Recursos Humanos.
Professora Orientadora: Ana Cristina Guimarães.
Qualidade de Vida no Trabalho:
um debate necessário.
Autora: Danielle Melo Ferreira
Janeiro de 2007.
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Universidade Cândido Mendes.
Instituto A Vez do Mestre.
Pós –Graduação em Gestão de Recursos Humanos.
Qualidade de Vida no Trabalho:
um debate necessário.
Apresentação de monografia como
requisito ao término do curso de pós graduação em Gestão de Recursos Humanos.
Danielle Melo Ferreira.
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AGRADECIMENTOS:
Agradeço a Deus por Ter me oferecido mais esta oportunidade em minha vida
e por Ter me dado resistência para conseguir chegar até o fim.
Agradeço a minha família, por ser meu refúgio e minha sustentação em todos
os momentos.
Agradeço as amigas que fiz e que guardarei no coração, por transformarem as
manhãs de Sábado em algo muito produtivo.
Agradeço a todas as professoras deste curso, por de alguma forma terem
contribuído para minha formação profissional.
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RESUMO: Os programas de Qualidade de Vida no Trabalho nas últimas décadas
tem ganhado espaço dentro das organizações, isto porque a preocupação com
a produtividade e a lucratividade são constantes no momento atual. Desta
forma tais programas surgem como melhoria das condições de trabalho e
consequentemente aumento da produtividade.
5
METODOLOGIA:
A principal fonte de pesquisa do presente trabalho foi a consulta
bibliográfica de diversos pensamentos acerca do tema estudado. Foram
utilizados ainda alguns casos reais de empresas que desenvolvem programas
de qualidade de vida no trabalho.
6
SUMÁRIO:
Introdução........................................................................................................7
Capítulo I- Qualidade de Vida- significados para o termo:................................9
1.1- Definição no campo do direito.....................................................10
1.2- Qualidade de Vida e promoção para saúde.................................12
1.3- Qualidade de vida e meio ambiente.............................................13
1.4- Teoria de Maslow.........................................................................14
1.5- Qualidade de vida no trabalho – um pensamento necessário.....16
1.6- Componentes da qualidade de vida no trabalho..........................19
Capítulo II - Histórico dos programas de qualidade de vida..............................21
2.1- Modelos aplicados a qualidade de vida no trabalho........................25
2.1.1 - Modelo de QVT de Nadler e Lawler.................................25
2.1.2- Modelo de QVT de Hackman e Oldhan.............................26
2.1.3 - Modelo de QVT de Walton................................................27
2.2- - Qualidade de vida e programas de bem estar social ...................29
2.2.1 - Higiene no trabalho...........................................................29
Capítulo III - Programas de Qualidade de Vida no Trabalho e uma proposta
para
avaliação...........................................................................................................32
3.1- Os exemplos da implementação de programas de QVT.................33
3.1.1 – O caso Shell.....................................................................33
3.1.2- O caso Serasa...................................................................34
3.2 -Prêmio da ABQV (Associação Brasileira de Qualidade de Vida)....35
3.3 - Avaliação da gestão dos Programas de Qualidade de Vida no
Trabalho...............................................................................................................36
Conclusão..........................................................................................................39
Referências.........................................................................................................41
7
INTRODUÇÃO:
Atualmente se vive numa economia globalizada e isto acaba por instigar
diversos setores da economia a demandar esforços a fim de realinhar suas
práticas de gestão. A descoberta de que o modelo há muito utilizado se tornou
ineficiente tornou necessário a reformulação de algumas das principais
práticas. Assim se evidencia a necessidade de ter um diferencial no mercado,
os programas de qualidade de vida no trabalho surgem dentro deste contexto,
tendo como objetivos manter colaboradores motivados para o trabalho,
resultando em produtividade e competitividade.
A discussão sobre os programas de qualidade de vida dentro das
organizações surge na década de 70 e ganham força a cada dia, mas a grande
discussão deve ser acerca de como tais programas são implantados e como
são avaliados ( seja pelo organização, seja por seus clientes internos).
Segundo Silva (2006), se estamos na era do desenvolvimento dos
talentos, as empresas que se anteciparem implantando estratégias que atraem,
desenvolvem e retêm profissionais em potencial terão maiores chances de
enfrentar a concorrência e ganhar mercado. Da mesma forma deve ser a
visibilidade dos programas de qualidade de vida no trabalho, as empresas que
se antecipam e implantam tais programas com participação dos funcionários ,
ou seja daqueles que serão atendidos diretamente, serão recompensadas com
produtividade e até mesmo lealdade.
Este trabalho visa em seu primeiro momento apresentar alguns
significados para o termo qualidade de vida, dentro de várias áreas, dentre elas
a promoção da saúde, o direito, o meio ambiente. O primeiro capítulo traz ainda
a introdução a importância dos programas de qualidade de vida no trabalho.
8 O segundo capítulo apresenta um panorama da origem dos programas
de qualidade de vida desde seu início, trazendo também informações sobre os
modelos de programas que são mais utilizados pelas organizações na
atualidade, através destes modelos é que se torna possível o desdobramento
os programas desenvolvidos.
O terceiro capítulo traz algumas questões sobre a necessidade de se
avaliar os programas de qualidade de vida no trabalho, uma vez que sua
mensuração torna possível a percepção do seu alcance. Alguns exemplos reais
de empresas também são apresentados, bem como o prêmio que é dado a
empresas que se destacam em suas ações. Tal prêmio é elaborado pela
Associação Brasileira de Qualidade de Vida que fomenta o debate sobre tais o
desenvolvimento de tais programas.
O trabalho se encerra apresentando a conclusão retirada de todo
debate, e propondo a reflexão acerca das várias possibilidades que ainda
devem ser exploradas para uma qualidade de vida plena e satisfatória dentro
do ambiente de trabalho.
9
CAPÍTULO I
Qualidade de vida- Significados para o termo:
Existem várias definições quando se fala no termo qualidade de vida.
Este capítulo pretende clarificar algumas destas questões, bem como introduzir
o programa de qualidade de vida no trabalho.
Ao iniciar pesquisa sobre o significado de termo qualidade de vida,
torna-se notória a amplidão das suas definições. Existem diversos
pensamentos em torno da questão que vão desde a dimensão dos direitos
humanos, à dimensão integral da saúde, passando pelo campo da
subjetividade e até da preservação do meio ambiente.
Segundo Minayo ( 1991 ),
” qualidade de vida é uma noção eminentemente humana, que tem sido aproximada ao grau de satisfação encontrado na vida familiar, amorosa, social e ambiental e a própria estética existencial. Pressupõe a capacidade de efetuar uma síntese cultural de todos os elementos que determinada sociedade considera seu padrão de conforto e bem estar”
Desta forma, qualidade de vida é uma dimensão variável de indivíduo
para indivíduo, uma vez que a percepção sobre seu significado se dá de forma
bastante subjetiva.
Dentro da mesma vertente, Conte (2003) define qualidade de vida como
a busca antiga do homem, ou seja, tudo o que traz felicidade traz também
qualidade de vida para o ser humano. E esta busca também dependerá dos
padrões estabelecidos pelo indivíduo. Entende-se com estas tentativas de
10definições que devido a subjetividade do tema proposto sua clarificação é
possível mas sua definição nem tanto.
1.1- Definição no campo do direito:
Contudo o termo também pode abranger elementos mais objetivos da
vida humana, estando relacionados ao campo do direito ( uma vez que são
necessidades garantidas como princípios básicos na nossa legislação). Seriam
eles: direito a habitação, saúde, educação , cultura, lazer, alimentação entre
outros. Dentro deste contexto, o termo qualidade de vida se aproxima do
significado de bem-estar social, por caracterizar uma infra-estrutura social e
pública capaz de oferecer tais princípios básicos, princípios estes garantidos
pela Constituição Federal de 1888 em seu Artigo 5º, que define: “todos são
iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade(...)”
Desta forma a mensuração da qualidade de vida de torna possível,
tendo como base de referência o acesso a estes princípios básicos. Segundo
Matos (1999) “ quanto mais aprimorada a democracia, mais ampla é a noção
de qualidade de vida, o grau de bem-estar da sociedade e de igual acesso aos
bens materiais e culturais” . Fica possível identificar o que seria a negação de
qualidade de vida através da presença do desemprego, exclusão social e
violência.
Seguindo esta definição para qualidade de vida, percebe-se que está
atrelada ao conceito de justiça social, uma vez que sua garantia se dá através
da diminuição de carência social e aumento da oferta de serviços sociais
básicos. Estando classificada como uma questão eminentemente política, uma
vez que sua garantia está diretamente ligada ao poder público, mas cabe a
população, tornar-se também sujeito deste processo mediante cobranças e
11acompanhamento da gestão pública. Desta forma, o cidadão comum tem a
necessidade de se inserir neste cenário a fim de criar condições de melhorar
sua qualidade de vida e dos seus.
Existe um instrumento recente que auxilia na medição da qualidade de
vida, o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) elaborado pelo Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Tendo sido o IDH criado com
a intenção de medir aspectos econômicos, sociais e culturais da população.
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é uma medida comparativa
de pobreza, alfabetização, educação, esperança de vida, natalidade e outros
fatores para os diversos países do mundo. É uma maneira padronizada de
avaliação e medida do bem-estar de uma população, especialmente bem-estar
infantil. O índice foi desenvolvido em 1990 pelo economista paquistanês
Mahbub ul Haq, e vem sendo usado desde 1993 pelo Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento em seu relatório anual. Todo ano, os países
membros da ONU são classificados de acordo com essas medidas. Os países
com uma classificação elevada freqüentemente divulgam a informação, a fim
de atrair imigrantes qualificados ou desencorajar a emigração.
O IDH é um indicador sintético de qualidade de vida, que de forma
reduzida soma e divide por três os níveis de renda, saúde e educação da
população. Mas tal índice não consegue incorporar a essência do conceito
central que é o aumento da promoção, melhoria da produção e de índices,
envolvendo sobre tudo o conteúdo de crescimento. Por trabalhar com este tipo
de parâmetro, que este instrumento acaba sendo utilizado para indicar o nível
de pobreza de uma localidade, sem sinalizar as principais carências locais, ou
seja, acaba por não ser propositivo em seu levantamento.
12
1.2- Qualidade de vida e promoção para saúde:
È possível encontrar também um outro pensamento acerca do tema
defendido no âmbito do setor de saúde, onde acredita-se que saúde não é
doença, saúde é qualidade de vida. Este pensamento surge com o nascimento
da medicina social nos séculos XVIII e XIX. Neste campo a discussão se
aproxima do conceito de promoção da saúde. Sendo assim o relatório Lalonde
de 1974 define alguns determinantes da saúde ou da qualidade de vida, seriam
eles: o estilo de vida (comportamento individual que afeta a saúde), os avanços
da biologia humana (na área da genética e das funções humanas), o ambiente
físico e social e os serviços de saúde. Nesta vertente qualidade de vida é
também debatida como condições de vida, estilo de vida e situação de vida.
A promoção à saúde tem como documento de referência o relatório
Lalonde de 1974, tendo sido produzido pelo Ministério de Bem Estar e Saúde
do Canadá, que sintetizou o eixo central de intervenção na área de saúde,
através de um conjunto de ações que procuram intervir de forma positiva sobre
os comportamentos individuais classificados como não saudáveis. Este
documento pode ser definido como uma espécie de mapa do território da
saúde.
No debate sobre promoção de saúde e qualidade de vida, deve ser dado
um destaque especial as políticas públicas com foco na gestão social
integrada. A idéia de busca de políticas públicas saudáveis envolve dois
compromissos primordiais: o compromisso de situar a saúde no topo da
agenda pública e o compromisso de dar maior ênfase na intervenção,
demandando menos recursos para tratamentos. Nesta perspectiva foi lançada
a Declaração de Bogotá, que foi o documento de lançamento da promoção da
saúde na América Latina, que reconhece a relação entre saúde e
desenvolvimento. Tal Declaração traz como premissa que a promoção da
saúde deve buscar a criação de condições que garantam o bem-estar geral
como propósito fundamental para o desenvolvimento.
13
Proporcionar saúde significa, além de evitar doenças e prolongar a vida,
assegurar meios e condições que ampliem a qualidade de vida, isto implica em
aumentar o padrão de bem-estar da população.
Sendo desta forma a saúde condição sine qua non para a existência de
um bom padrão na qualidade de vida seja no ambiente pessoal , como no
profissional. Desta forma, um bom ambiente, considerado como saudável,
dentro das organizações seria um primeiro passo no caminho para uma
condição ideal na qualidade de vida do ser humano.
1.3- Qualidade de vida e meio ambiente:
Outro campo também trabalha a concepção de qualidade de vida
associada a qualidade do meio ambiente, onde o bem comum ou a qualidade
significam a manutenção e conservação de um meio ambiente limpo. Uma vez
preservando o meio ambiente onde se vive, o retorno se dará na forma de uma
melhoria na qualidade de vida. Os ecologistas debatem sobre o consumo
consciente, preservação do meio ambiente através da diminuição das
queimadas, da não utilização de agrotóxicos nas plantações.
Nesse cenário, a população mundial vem crescendo de maneira
alarmante e a demanda por produtos e serviços acompanha o volume desse
crescimento, o que gera uma forte pressão sobre os meios de produção. E
ainda cada vez mais os espaços na terra, bem como os seus recursos naturais,
tornam-se limitados e o ecossistema ameaçado.
Esta realidade leva à necessidade de redefinição dos modelos e
políticas de desenvolvimento, convidando a sociedade a uma reflexão mais
crítica sobre o seu papel no mundo e a sua responsabilidade.
Responsabilidade esta que não cabe apenas ao governo, mas ao coletivo, e
14que seja praticada ação sustentável e consciente, na busca da melhoria
contínua da qualidade de vida
Esses modelos e conceitos de comportamentos arraigados na sociedade
moderna ,tornam ainda mais difícil uma discussão sobre o meio ambiente.
Pensar no desenvolvimento sem a devida associação à qualidade ambiental,
inviabiliza o meio de vida no planeta, uma vez que, galgar um crescimento em
detrimento da escassez dos recursos naturais, da poluição do ar, do mar, do
desmatamento de nossas florestas, entre outras, seria caminhar para a nossa
própria destruição.
Sendo o ser humano sujeito e objeto de sua ação, uma vez que sua
devastação ambiental terá repercussão em sua própria via e principalmente
atingirá toda sua espécie. A grande proposta de resposta ao problema seria por
vias da educação para preservação, a fim de que as gerações futuras possam
tentar lutar contra o mal que têm sido feito a nosso habitat durante anos.
Estando aí uma forma de busca da melhoria na qualidade de vida atrelada a
melhoria no tratamento do meio ambiente.
1.4- Teoria de Maslow:
A teoria de Maslow é conhecida como uma das mais importantes teorias
de motivação. Para ele, as necessidades dos seres humanos obedecem a uma
hierarquia, ou seja, uma escala de valores a serem transpostos. Isto significa
que no momento em que o indivíduo realiza uma necessidade, surge outra em
seu lugar, exigindo sempre que as pessoas busquem meios para satisfazê-la.
Poucas ou nenhuma pessoa procurará reconhecimento pessoal e status se
suas necessidades básicas se estiverem insatisfeitas.
Maslow apresentou uma teoria da motivação, segundo a qual as
necessidades humanas estão organizadas e dispostas em níveis, numa
hierarquia de importância e de influência, numa pirâmide, em cuja base estão
15as necessidades mais baixas (necessidades fisiológicas) e no topo, as
necessidades mais elevadas (as necessidades de auto realização).
Quadro 1 -Teoria de maslow
(Fonte: SERRANO-2001)
De acordo com Maslow (apud vasconcelos,2001) as necessidades
fisiológicas constituem a sobrevivência do indivíduo e a preservação da
espécie: alimentação, sono, repouso, abrigo, etc ; sendo elas instintivas, ou
seja, já nascem com o ser humano. São as mais prementes, quando alguma
não está satisfeita ela domina a direção do comportamento. As necessidades
de segurança constituem a busca de proteção contra a ameaça ou privação, a
fuga e o perigo, surgem no comportamento quando as fisiológicas estão
relativamente satisfeitas. As necessidades sociais incluem a necessidade de
associação, de participação, de aceitação por parte dos companheiros, de
troca de amizade, de afeto e amor. A necessidade de estima envolvem a auto
apreciação, a autoconfiança, a necessidade de aprovação social e de respeito,
de status, prestígio e consideração, além de desejo de força e de adequação,
de confiança perante o mundo, independência e autonomia. A necessidade de
auto realização são as mais elevadas, de cada pessoa realizar o seu próprio
potencial e de auto desenvolver-se continuamente.
necessidades de auto realização
necessidade de status e estima
necessidades sociais (afeto)
necessidades de segurança
necessidades fisiológicas
16Dentro do pensamento de Maslow pode se perceber que quanto mais
alto o nível alcançado na pirâmide motivacional, maior é a qualidade de vida
alcançada.
Existem três instâncias da qualidade de vida:
Ü Govenamental- como saúde, emprego, habitação, segurança,
educação e tudo mais que deve ser oferecido pelo poder públicos
aos indivíduos,
Ü Da empresa- que está relacionada a programas de qualidade de vida
implantados,
Ü Fora da empresa – Ligada a relação com o mundo exterior.
1.5 - Qualidade de vida no trabalho- um pensamento
necessário:
Segundo Antunes (1995) a crise estrutural que se abateu nas economias
capitalistas é tão profunda que acabou por desenvolver “ práticas materiais da
destrutiva auto-reprodução ampliada ao ponto em que fazem surgir o espectro
da destruição global, em lugar de aceitar as requeridas restrições positivas no
interior da produção para satisfação das necessidades humanas”. Afetando
fortemente o mundo do trabalho.
No contexto do mundo do trabalho, com a crise do estado de bem estar
social, na década de 70, houve um desmoronamento dos direitos sociais dos
trabalhadores, com grande combate aos sindicatos. Não havia uma política
capaz de pensar o indivíduo como peça fundamental ao bom andamento da
fábrica/empresa.
17Ainda o autor trata dos nossos dias e da proposta daquilo que deve ser a
revolução no e do trabalho, uma deve tratar basicamente da abolição do
trabalho assalariado, da mudança na condição de sujeitos mercadorias, sendo
o ideal a instauração de uma sociedade fundada na auto-atividade humana e
acima de tudo no trabalho não só com sua função social como também
emancipador. O trabalho se torna emancipador a medida em que torna o
indivíduo libertado, independente; erradicando sua posição de total
subordinação. Antunes trata do viés do pensamento de qualidade de vida deste
indivíduo em sua proposta de revolução.
Passada a grande febre tecnológica, as organizações perceberam que
seu grande capital é mesmo o homem e que quanto melhor suas condições de
trabalho e de vida, mais lucrativa e competitiva torna-se a empresa. Além do
conhecimento técnico, o grande diferencial hoje é a motivação e
comprometimento de seus funcionários, com qualidade e excelência do
trabalho realizado. Neste novo cenário desenvolver programas de qualidade de
vida é tão importante quanto desenvolver programas de qualidade total.
Surgem na década de 70 os Programas de Qualidade de Vida no
Trabalho, que segundo França (1997):
“È o conjunto de ações de uma empresa que envolvem a implantação de melhorias e inovações sociais e tecnológicas no ambiente de trabalho. A construção da qualidade de vida no trabalho ocorre a partir do momento em que se olha a empresa e as pessoas como um todo, o que se chama de enfoque biopsicossocial”.
Segundo Oliveira e França (2005) a internacionalização dos mercados e
as pressões por produtividade e capacidade competitiva que as empresas vêm
sofrendo, tornam cada vez maiores as demandas de produtividade, iniciativa,
conhecimento e inovação sobre as pessoas. Estas sentem cada vez mais os
efeitos de um novo ambiente de trabalho, onde se exige muito dos
profissionais. Assim a Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) passa a ser uma
preocupação cada vez mais presente nas organizações.
18
O termo surge de uma visão integrada do ser humano, uma vez que ele
não pode ser visto em partes nem pensado da mesma forma. Embora o
pensamento existente ainda seja em muitos locais, o da produtividade a todo
custo, a competitividade, o cumprimento dos prazos e tais processos não são
traduzidos em qualidade na vida dos colaboradores.
Muitos são os desafios apresentados ao mundo empresarial na
atualidade e certamente giram em torno do indivíduo. Tais desafios podem ser
traduzidos em primeiro lugar na necessidade de um trabalhador saudável e
motivado, e em segundo lugar, na capacidade da empresa e de seus gestores
de responder a demanda dos funcionários em relação a melhoria em suas
qualidades de vida. Para Lering ( 1986) um bom lugar para se trabalhar,
possibilita entre outras coisas “ que as pessoas tenham além do trabalho,
outros compromissos em suas vidas, como a família, os amigos e os hobbies
pessoais.”
As pessoas constituem o principal ativo da organização, daí a
necessidade de tornar as organizações mais conscientes e atentas para seus
funcionários. As organizações bem sucedidas estão percebendo que apenas
podem crescer, prosperar e manter sua continuidade se forem capazes de
otimizar o retorno sobre investimentos de todos os parceiros, principalmente o
dos empregados. E quando uma organização está voltada para pessoas, a sua
filosofia global e sua cultura organizacional passam a refletir esta crença.
Segundo Chiavenato (2004-p.10), “As pessoas podem aumentar ou
reduzir as forças e fraquezas de uma organização dependendo da maneira
como são tratadas. Elas podem ser fonte de sucesso como podem ser fontes
de problemas.”
Sendo assim, os principais fatores de sucesso de uma organização
seriam: conhecimento técnico, motivação e comprometimento com o trabalho e
19os fatores de insucesso são: estresse, trabalho sobre pressão, baixo poder de
decisão, ausência de percepção do trabalho desenvolvido.
1.6 – Componentes da Qualidade de Vida no trabalho:
Segundo Chiavenato (2004- p.449): “A QVT envolve uma constelação de
fatores, como:
1- A satisfação com o trabalho executado,
2- A possibilidade de futuro na organização,
3- Reconhecimento pelos resultados alcançados,
4- O salário percebido,
5- Os benefícios auferidos,
6- O relacionamento humano dentro do grupo e da organização,
7- O ambiente psicológico e físico de trabalho,
8- A liberdade e responsabilidade de tomar decisões,
9- As possibilidades de participar.”
Já para Sucesso (1998), é possível se dizer que qualidade de vida no
trabalho abrange:
1- Renda capaz de satisfazer as expectativas pessoais e sociais,
2- Orgulho pelo trabalho realizado,
3- Vida emocional satisfatória,
4- Auto- estima,
5- Imagem de empresa/ instituição junto a opinião pública,
6- Equilíbrio entre trabalho e lazer,
7- Horários e condições de trabalhos sensatos,
8- Oportunidades e perspectivas de carreira,
9- Possibilidade de uso do potencial,
10- Respeito aos direitos,
11- Justiça nas recompensas.
20
A Qualidade de vida no trabalho interfere em atitudes pessoais e
comportamentos relevantes para a produtividade individual e grupal, como:
motivação para o trabalho, ambiente de trabalho, criatividade e inovação, além
da abertura a mudanças.
21
CAPÍTULO II
Histórico dos programas de qualidade de vida.
O termo qualidade de vida no trabalho (QVT) foi utilizado por
Louis Davis, na década de 1970, quando desenvolvia um projeto sobre
desenho de cargos. Segundo ele, o conceito de QVT refere-se a preocupação
com o bem- estar geral e a saúde dos trabalhadores no desempenho de suas
tarefas. Atualmente o conceito de QVT envolve tanto aspectos físicos e
ambientais, como aspectos psicológicos do local de trabalho, assimilando
assim duas posições divergentes: de um lado a reivindicação dos empregados,
quanto ao bem-estar e satisfação do trabalho e do outro o interesse das
organizações com a qualidade e a produtividade.
Neste capítulo será apresentada uma caminhada pela utilização do
termo Qualidade de Vida no Trabalho ao longo das décadas, bem como as
ciências que passaram a trabalhar com o termo. Os vários modelos de
qualidade de vida no trabalho também serão englobados a fim de que seja
possível a visualização das várias vertentes para uma mesma questão.
Em muitos momentos os Programas de Qualidade de Vida no Trabalho
e de bem-estar social se confundem dentro das organizações, por seu caráter
de busca da melhoria constante. Este tema será abordado no capítulo com
referência a ações de bem-estar e de higiene no ambiente de trabalho.
Conte (2003) afirma que a importância da QVT reside simplesmente “no
fato de que passamos em ambiente de trabalho mais de oito horas por dia,
durante pelo menos 35 anos de nossas vidas. Não se trata mais de levar os
problemas de casa para o trabalho, e sim de levarmos para casa os problemas
acumulados no ambiente de trabalho.”
22A Qualidade de Vida no Trabalho tem sido utilizada como indicador do
grau de satisfação das pessoas no desempenho de suas funções. No século
XX muitos autores contribuíram para o estudo sobre a satisfação do indivíduo
no trabalho. Nadler e Lawler apud Fernandes (1996), França (1997) e
Rodrigues (1999) oferecem uma interessante e abrangente visão da evolução
do conceito de QVT, dando origem a uma tabela caracterizando esta evolução.
Tabela da evolução do conceito de QVT:
Concepções evolutivas da QVT Características ou visão
1- QVT como uma variável (1959 a
1972)
Reação do indivíduo ao trabalho.
Investigava-se como melhorar a
qualidade de vida no trabalho para o
indivíduo.
2- QVT como uma abordagem ( 1969 a
1974)
O foco era o indivíduo antes do
resultado organizacional; mas o mesmo
tempo buscava-se trazer melhorias tanto
ao empregado quanto à direção.
3- QVT como um método ( 1972 a
1975)
Um conjunto de abordagens, métodos
ou técnicas para melhorar o ambiente
de trabalho e tornar o trabalho mais
produtivo e mais satisfatório. A QVT era
vista como sinônimo de grupos
autônomos de trabalho enriquecimento
de cargo ou desenho de novas plantas
com integração social e técnica.
4- QVT como um movimento ( 1975 a
1980)
Declaração ideológica sobre a natureza
do trabalho e as relações dos
trabalhadores com a organização. Os
termos “administração participativa” e
23“democracia industrial” eram
freqüentemente ditos como ideais do
movimento de QVT.
5- QVT com tudo (1979 a 1982) Como panacéia contra competição
estrangeira, problemas de qualidade,
baixas taxas de produtividade,
problemas de queixas e outros
problemas organizacionais.
6- QVT como nada (futuro) No caso de alguns projetos de QVT
fracassarem no futuro não passará de
um modismo passageiro.
Fonte: Nadler e Lawler apud Fernandes (1996:42)
De acordo com FRANÇA (1997):
“A origem do conceito vem da medicina psicossomática que propõe uma visão integrada, holística do ser humano, em oposição a abordagem cartesiana, que divide o ser humano em partes. No contexto do trabalho esta abordagem pode ser associada à ética da condição humana. Esta ética busca desde a identificação, eliminação, neutralização ou controle de riscos ocupacionais observáveis no ambiente físico, padrões de relações der trabalho, carga física e mental requerida para cada atividade, implicações políticas e ideológicas, dinâmica de liderança empresarial e do poder formal até o significado do trabalho em si, relacionamento e satisfação no trabalho.”
A Qualidade de Vida no Trabalho surge como demanda para diversos
setores da vida moderna, outras ciências têm dado sua contribuição ao estudo
da QVT. Segundo Limongi (1995), Albuquerque e França (1997), as ciência
que contribuem para o estudo do tema são:
24Ü Saúde – trabalhando com a preservação da integridade física., mental e
social do ser humano e não apenas atuar sobre o controle de doenças,
gerando avanços biomédicos e maior expectativa de vida.
Ü Ecologia - Vê o homem como parte integrante e responsável pela
preservação do sistema dos seres vivos e dos insumos da natureza.
Ü Ergonomia – estuda as condições de trabalho ligadas a pessoa.
Fundamenta-se na medicina, na psicologia, na motricidade e na tecnologia
industrial.
Ü Psicologia – Juntamente com a filosofia demostra a influência das atitudes
internas e perspectivas de vida de cada pessoa em seu trabalho e a
importância do significado das necessidades individuais para seu
envolvimento com o trabalho.
Ü Sociologia – Resgata a dimensão simbólica do que é compartilhado e
constituído socialmente, demonstrando suas implicações nos diversos
contextos culturais e antropológicos da empresa.
Ü Economia – Enfatiza a consciência de que os bens são finitos e que a
distribuição de bens, recursos e serviços deve envolver de forma
equilibrada a responsabilidade e os direitos da sociedade.
Ü Administração – Procura aumentar a capacidade de mobilizar recursos para
atingir resultados, em ambiente cada vez mais complexo, mutável e
competitivo.
Ü Engenharia – Elabora formas de produção voltadas para a flexibilização da
manufatura, armazenamento de materiais, uso de tecnologia, organização
do trabalho e controle de processos.
25
2.1 – Modelos aplicados de Qualidade de Vida no trabalho: O desempenho no cargo e o clima organizacional representam fatores
importantes na determinação da QVT. Se a qualidade do trabalho for pobre,
conduzirá a alienação do empregado e à insatisfação, à má vontade, ao
declínio da produtividade, a diminuição da produtividade. A qualidade do
trabalho elevada conduz a um clima de confiança e respeito mútuo, no qual as
pessoas tendem a aumentar suas contribuições e elevar suas oportunidades
de êxito psicológo enquanto a administração tende a reduzir mecanismos
rígidos de controle social.
Os três modelos mais importantes de Qualidade de Vida no Trabalho
são os de Nadler e Lawler, de Hackman e Oldman e o de Walton, que serem
explicitados a seguir:
2.1.1- Modelo de QVT de Nadler e Lawler.
Para Nadler e Lawler a qualidade de vida está fundamentada em quatro
aspectos:
1- Participação do funcionário nas decisões,
2- Reestruturação do trabalho através do enriquecimento de tarefas e de
grupos autônomos de trabalho,
3- Inovação no sistema de recompensas para influenciar o clima
organizacional,
4- Melhoria no ambiente de trabalho quanto a condições físicas e psicológicas,
horário de trabalho e etc.
26Para os autores na medida em que estes quatro aspectos são
implantados em uma organização haverá melhoria na qualidade de vida
no trabalho.
2.1.2- Modelo de QVT de Hackman e Oldhan:
Para Hackman e Oldhan as dimensões dos cargos ocupados pelos
colaboradores produzem estados psicológicos críticos que por sua vez conduzem
a resultados pessoais e de trabalho que afetam a QVT. Tais dimensões dos
cargos se dão da seguinte forma:
Ü Variedade de habilidades - Neste caso o cargo requer diferentes
habilidades, conhecimentos e competências pessoais.
Ü Identidade da tarefa – o trabalho deve ser realizado passando por todo
seu processo (do início até o fim) para que seja possível a visibilidade do
resultado do trabalho desenvolvido.
Ü Significado da tarefa – Deve ser possível uma percepção clara do
trabalho , bem como suas consequências e impactos sobre as outras
funções na organização.
Ü Autonomia – Deve ser dado a cada pessoa a responsabilidade para
planejar e executar suas tarefas, tendo ainda autonomia e
independência para seu desempenho.
Ü Retroação do próprio trabalho – A tarefa deve proporcionar informação
de retorno à pessoa que a executou , para que uma auto-avaliação de
desempenho seja possível.
27Ü Retroação extrínseca – Deve haver o retorno proporcionado pelos
supervisores hierárquicos ou clientes a respeito do desempenho da
tarefa, ou seja o feedback deve ser facilitado a fim de que a qualidade
do trabalho seja aprimorada.
Ü Inter-relacionamento – O contato interpessoal deve ser sempre
possibilitado seja com clientes internos e externos.
Estes autores trazem como determinante da QVT as dimensões dos
cargos, pelo fato de oferecerem recompensas intrínsecas que produzem a
satisfação no cargo e motivam as pessoas para o trabalho. Segundo
Chiavenato (2004) Hackman e Oldhan utilizam um modelo de pesquisa sobre o
diagnóstico do trabalho baseado em um inventário de diagnóstico das
características do cargo para medir o grau de satisfação geral e o grau de
motivação interna como diagnóstico de QVT.
2.1.3- Modelo de QVT de Walton:
Walton desenvolve seu modelo estabelecendo oito fatores relevantes a
QVT que conduzem a indicadores de QVT, tornando sua mensuração e
avaliação mais fáceis, segundo a tabela abaixo:
Quadro 2- Modelo de QVT de Walton:
Fatores de QVT Indicadores de QVT
1- Compensação justa e adequada - Renda (salário) adequada ao
trabalho,
- Equidade interna
- Equidade Externa
2- Condições de trabalho - Jornada de trabalho
- Ambiente físico (seguro e saudável)
283- Utilização e desenvolvimento de
capacidades
- Autonomia
- Significado da tarefa
- Identidade da tarefa
- Habilidades variadas para a atarefa
- Informação sobre o processo total do
trabalho
4- Oportunidade de crescimento e
segurança
- Possibilidade de carreira
- Crescimento profissional
- Segurança do emprego
5- Integração social na organização - Igualdade de oportunidades
- Relacionamentos interpessoais e
grupais
- Senso comunitário
- Mobilidade
6- Garantias constitucionais - Respeito as leis e direitos
trabalhistas
- Privacidade pessoal
- Liberdade d expressão
- Normas e rotinas claras na
organização
7- Trabalho e espaço total de vida - Papel balanceado do trabalho na
vida pessoal
- Estabilidade de horários
- Poucas mudanças geográficas
- Tempo para lazer da família
8- Relevância social da vida no trabalho - Imagem da empresa
- Responsabilidade social pelos
produtos/serviços
- Responsabilidade social pelos
empregados.
Fonte: WALTON Apud FERNANDES ( 1996:48).
29
2.2- Qualidade de vida e programas de bem estar social .
Os programas de bem-estar são geralmente adotados por organizações
que procuram prevenir problemas de saúde de seus funcionários, tal
posicionamento parte do reconhecimento de seu efeito sobre o comportamento
dos funcionários e estilo de vida fora do trabalho, tendo como proposta
encorajar as pessoas a melhorar seu padrão de saúde. Para a organização tais
programas também auxiliam na redução dos custos com a saúde de seus
funcionários ( plano de saúde, perda de produção em razão de licenças e etc).
Segundo Chiavenato (2004) um programa de bem-estar tem geralmente
três componentes:
1- Ajudar os funcionários a identificar riscos potenciais de saúde,
2- Educar os funcionários a respeito de riscos de saúde, como pressão
sangüínea elevada, fumo, obesidade, dieta pobre e estresse,
3- Encorajar os funcionários a mudar seus estilos de vida através de
exercícios, boa alimentação e monitoramento da saúde.
2.2.1- Higiene no trabalho:
O termo higiene no trabalho está relacionado com as condições
ambientais de trabalho, de tal maneira que possam assegurar a saúde física e
mental e com as condições de saúde e bem estar das pessoas. Relacionado a
saúde física no ambiente de trabalho, envolve aspectos ligados a agentes
externos (ruídos, ar, temperatura, umidade, luminosidade, equipamentos de
trabalho, etc). Desta forma, um ambiente saudável de trabalho deve envolver
todas estas questões a fim de ser tornar ideal. Já em relação a saúde mental, o
ambiente de trabalho deve envolver questões psicológicas e sociológicas
30saudáveis, de forma que interfiram positivamente sobre o comportamento das
pessoas, possibilitando evitar o estresse no ambiente de trabalho.
Os principais itens do programa de higiene no trabalho estão
relacionados com :
1- Ambiente físico de trabalho deve envolver:
• Iluminação- com luminosidade adequada a cada tipo de atividade,
• Ventilação – sem a presença de odores desagradáveis, sem a
presença de fumantes,
• Temperatura- com a manutenção de níveis adequados de
temperatura durante toda jornada de trabalho,
• Ruídos- remoção de ruídos ou uso de protetores auriculares
(percebe-se neste ponto a necessidade de se incluir conscientização
quanto ao uso do aparelho),
2- Ambiente psicológico de trabalho deve envolver:
• Relacionamentos humanos agradáveis (podendo a organização criar
momentos de socialização possibilitando a melhoria nas relações
interpessoais),
• Tipo de atividade agradável e motivadora,
• Estilo de gerência democrática e participativa,
• Eliminação de possíveis fontes de estresse.
3- Aplicação de princípios de ergonomia deve envolver:
• Máquinas e equipamentos adequados às características humanas,
• Mesas e instalações ajustadas ao tamanho das pessoas,
• Ferramentas que reduzam a necessidade de esforço físico humano.
4- Saúde Ocupacional, envolvendo os seguintes aspectos:
31
• Estabelecimento de um sistema de indicadores, abrangendo
estatísticas de afastamento e acompanhamento de doenças,
• Desenvolvimento de sistemas de relatórios médicos,
• Desenvolvimento de regras e procedimentos para prevenção médica,
• Recompensas aos gerentes e supervisores pela administração eficaz
da função de saúde ocupacional.
Um ambiente de trabalho agradável interfere diretamente na
produtividade e na qualidade do resultado esperado. Segundo Chiavenato
(1999)
“os gerentes devem assumir também a responsabilidade de cuidar do estado geral de saúde dos funcionários, incluindo seu bem-estar psicológico. Um funcionário excelente e competente, mas deprimido e com baixa auto-estima, pode ser tão improdutivo quanto um funcionário doente e hospitalizado”
Dados do Ministério da Saúde revelam que os principais problemas de
saúde dentro das empresas estão relacionados com:
1- Alcoolismo e dependência química de drogas, medicamentos, fumo e
etc,
2- Aids, que ataca o sistema que protege o organismo de doenças,
3- Estresse no trabalho,
4- Exposição a produtos químicos perigosos,
5- Exposição a condições ambientais frias, quentes, contaminadas,
secas, úmidas, barulhentas, pouco iluminadas,
6- Hábitos alimentares inadequados (obesidade ou baixo peso),
7- Vida sedentária, sem contatos sociais e sem exercícios físicos,
8- Automedicação sem cuidados médicos adequados.
32
CAPÍTULO III
Programas de Qualidade de Vida no Trabalho e uma
proposta para avaliação
Milkovich e Boudreau (1994) salientam que a QVT parte do reconhecimento
de que a pessoa bem treinada e bem posicionada na empresa está em melhor
condição de identificar problemas dificilmente localizáveis com relação a
qualidade do produto ou como o trabalho deve ser feito. Sendo assim, a QVT
torna-se essencial na criação de um espírito de cidadania organizacional como
nos programas de qualidade total nas organizações.
Nas questões relacionadas aos Programas de Qualidade de Vida, muitas
expectativas de resultados são levantadas: melhor percepção do bem-estar
para as pessoas, o que influencia direta ou indiretamente na produtividade e
nos resultados financeiros da organização, contudo algumas organizações
ainda não aplicam tais programas por não conseguirem mensurar seus
resultados quantitativamente. Neste capítulo será apresentada uma pesquisa
realizada pelo Fundação Getúlio Vargas sobre a importância destes programas
e com a proposta de avaliação das mesmas e qual a visão dos administradores
e gestores sobre a relevância destes programas nas organizações e na
produtividade.
Trata-se ainda de alguns exemplos de programas desenvolvidos por
grandes empresas com seu grado funcional, além do premio nacional de
qualidade de vida, elaborado e avaliado pela Associação Brasileira de
Qualidade de Vida (ABQV).
Melhoria nas condições de saúde e prevenção de doenças não significam
paternalismo, pois um bom gestor sabe que trabalhador motivado, satisfeito e
integrado garante maior produtividade e menos custos com doença. O program
33de qualidade de vida deve ser o caminho e não o fim em si mesmo, deve
possibilitar contribuições e correções de rumo, de forma que represente as
expectativas dos empregados. Para tal deve-se escutar os envolvidos,
analisara resultados de avaliação de eventos realizados, acompanhar o
desenvolvimento do processo como um todo e Ter uma representatividade dos
grupos a quem se destina. A presença dos colaboradores em todos os
momentos é um grande trunfo das organizações realmente comprometidas.
Segundo Castro (2006-3): esses programas devem constituir
ocasiões de aprendizagem e compartilhamento, encorajando as pessoas a
assumirem responsabilidades pelas suas vidas, pelos seus atos e pela história
que pretendem compor.”
3.1- Os exemplos da implementação de programas de QVT:
Não são todas as empresas que conseguem implementar
programas de Qualidade de Vida no Trabalho, eles exigem esforços e a
capacidade de retorno a todo instante, uma vez que devem contar com a
participação do conjunto de colaboradores para serem eficientes e eficazes em
sua implementação. Para isso, acredita-se que seja importante que tais ações
serem demonstradas como exemplos a serem seguidos
3.1.1- O caso Shell.
A Shell é uma empresa que investe na melhoria da qualidade de vida no
trabalho de seus funcionários para garantir maior produtividade. A empresa
realizou uma pesquisa com 60% de seus funcionários com o objetivo de
determinar o perfil da saúde e os fatores de risco. O levantamento faz parte de
um programa de melhoria de QVT, implantado em 1961. Os dados obtidos
revelam que a maioria dos empregados da empresa é sedentária, obesa,
estressada, inadequadamente alimentada e hipertensa. O gerente de
programas de saúde afirma que este perfil não é diferente do trabalhador de
34outras empresas. Com o levantamento deste perfil a Shell pretende agir
proativamente para oferecer ao trabalhador melhoria nas condições de saúde e
prevenção de doenças. Alguns exemplos de estratégias são:
- Criação de restaurantes especializados em pratos leves,
- Equipe de terapeutas para auxiliar os funcionários,
- Criação de fitness centers.
3.1.2- O caso SERASA.
A SERASA em 1995 conquistou o Prêmio Nacional de Qualidade,
repetindo o feito no ano 2000, e foi a primera empresa de origem brasileira a
receber o prêmio, que lhe concedeu o status de Empresa Classe Mundial. A
empresa é uma das maiores no mundo em análise de informações econômico-
financeiras e cadastrais para apoiar decisões de crédito e de negócios. Criada
em 1968 pelos bancos para centralizar informações, com o objetivo de
racionalizar custos administrativos e obter incrementos qualitativos de
especialização.
No aspecto Qualidade de Vida no Trabalho, são muitas as ferramentas e
metodologias que visam criar e manter um ambiente de trabalho seguro,
saudável e agradável. O processo de Qualidade de Vida é alinhado ao
processo de qualidade Total, e têm o objetivo de proporcionar aos funcionários
o gerenciamento de sua saúde e estilo de vida, condições de bem-estar
pessoal e profissional, melhoria dos relacionamentos interpessoais, visando o
equilíbrio entre mente e corpo, desenvolver de forma próativa a melhoria da
satisfação com o trabalho, melhoria das práticas de saúde e redução de riscos.
353.2– Prêmio da ABQV (Associação Brasileira de Qualidade de Vida):
A Associação Brasileira de Qualidade Vida foi fundada em 26/4/1995, é
uma entidade sem fins lucrativos e que tem como missão promover a interação
e desenvolvimento de profissionais multidisciplinares voltados para atuação em
Qualidade de Vida, divulgando tendências, provocando discussões, reflexões e
formando opiniões balizadoras de estilo de vida em ambientes saudáveis.
Conta com associados por todo o Brasil, entre empresas e entidades nacionais
e multinacionais, públicas e privadas, de diversos portes e áreas de atuação,
que buscam promover a saúde e a qualidade de vida em seus ambientes.
Reúne também prestadores de serviço e profissionais das áreas de
administração, recursos humanos, medicina do trabalho, psicologia, serviço
social, saúde, nutrição, educação física, entre outras.
A ABQV é um fórum de debates, troca de experiências, realização de
pesquisas e estudos.
São seus objetivos:
• Promover a integração e desenvolvimento de profissionais
multidisciplinares;
• Influenciar processos de transformações sociais e organizacionais em
qualidade de vida;
• Fomentar parcerias com governo e iniciativa privada, tanto no âmbito
nacional como internacional;
• Desenvolver estudos e pesquisas, e realizar encontros e seminários para
debate e reflexões sobre temas de influência nesta área;
• Divulgar informações de diferentes naturezas, mostrando tendências,
novidades, novos conceitos e práticas de mercado;
• Premiar organizações que venham a se destacar na área de qualidade de
vida.
36
Muitas organizações têm procurado realizar ações e elaborar programas
para promover o bem-estar de seus colaboradores. Em muitos casos, a
contenção de custos médicos ou o aumento da produtividade não se constituem
em fatores determinantes para que as empresas invistam na qualidade de vida
dos seus trabalhadores, pois elas entendem que isso se constitui em uma atitude
socialmente responsável. O preceito acima define em poucas palavras a escolha
das iniciativas vencedoras do PNQV (Prêmio Nacional de Qualidade de Vida).
O Prêmio Nacional de Qualidade de Vida foi criado em 1996, pela
Associação Brasileira de Qualidade de Vida, como objetivo de homenagear e
incentivar as empresas que desenvolvem programas nesta área.
O prêmio analisa a qualidade da gestão das empresas, englobando
diversos critérios de excelência, dentre os quais estão as práticas de gestão de
pessoa dentro da organização. Um dos critérios para premiação é a existência
na empresa de formas de avaliação e mensuração dos resultados de suas
práticas, inclusive as da gestão de pessoas, e dentre elas as práticas de
qualidade de vida no trabalho. Além de premiar iniciativas de sucesso, o PNQV
permite ter um panorama da evolução dos programas de qualidade de vida no
Brasil. Com isso, a Comissão Avaliadora também levanta fatores que precisam
ser aprimorados nos projetos.
3.3- Avaliação da gestão dos Programas de Qualidade de Vida
no Trabalho.
Segundo Oliveira e França (2005),:
“a avaliação de resultados de programas de gestão de pessoas não é um assunto novo, mas atualmente tem sido pouco investigado de forma científica (...) Todas as ações que as empresas e empregados desenvolvem na busca da integração biopsicossocial e do controle dos fatores de riscos ocupacionais estão ligados a gestão da
37qualidade de vida no trabalho. O foco da análise devem ser as ações de QVT desenvolvidas no escopo da Gestão de Pessoas, tais como : atividades associativas e esportivas, eventos de turismo e cultura, atendimento à família, processos de seleção e avaliação de desempenho, carreira, remuneração e programas participativos, que exercem sem dúvida influência sobre a qualidade de vida dos funcionários; medidas ergonômicas e cuidados com a alimentação.
No estudo apresentado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em São
Paulo, a principal questão a ser respondida foi : qual a percepção dos
administradores sobre a avaliação dos resultados dos programas de qualidade
de vida no trabalho. Os respondentes tinham seu perfil composto por
administradores, estudantes de administração a partir do 3º ano e executivos
com formação universitária atuando há mais de cinco anos em empresas e
professores do curso de administração. Segundo o estudo, as questões que
analisaram a visão dos administradores sobre a avaliação dos resultados dos
programas de QVT mostram que embora exista a percepção de que não há
modelos para se avaliar os resultados desses programas, a maior parte dos
entrevistados concorda quanto a existência de resultados mensuráveis dos
programas de QVT.
Quando questionados sobre a importância de um programa de
Qualidade de vida no Trabalho, 96,3% dos participantes afirmaram acreditar que
toda empresa deve ter um programa de QVT, ou seja , quase uma
predominância absoluta dessa percepção. Já quando o questionamento foi se as
ações e programas de QVT interferem positivamente na produtividade, 93,2%
dos participantes responderam que sim. Ou seja, quase a totalidade dos
entrevistados, concordam com a dimensão de aumento de produtividade dos
programas de qualidade de vida no trabalho.
O estudo revela inda um esquema de possíveis indicadores de resultados de
QVT, que seriam eles:
38
• Maior comprometimento (45,9%),
• Fidelidade à empresa (14,6%),
• Melhoria do clima interno (30,6%),
• Mais disposição para o trabalho (20,4%),
• Atração pelos benefícios (13,5%).
O resultado deste estudo tenta fomentar a discussão de que todos os
programas implementados em uma organização devem ser mensurados, a fim
de comprovarem sua efetividade e seus resultados reais. Caso contrário, serão
desenvolvidos desperdiçando recursos humanos e financeiros sem darem o
retorno esperado. Cabe então ao RH este monitoramento, bem como a abertura
a mudanças de acordo com a resposta dada nas avaliações dos mesmos.
Limongi e Assis (1995) salientam o grande desafio que existe a
implementação dos programas que qualidade de vida no trabalho:
“ (...) se há um reconhecimento generalizado a respeito do valor e da necessidade da utilização de programas de QVT, por outro lado as ações para sua sustentação não são suficientemente convincentes e congruentes. O maior obstáculo para sua implementação reside na falta de importância estratégica e na baixa relevância financeira destes programas em relação a outros. Tais programas sã o enxergados como despesas e não como investimentos.”
39
CONCLUSÃO:
Percebemos que os ganhos de produtividade, e diminuição de custos
ainda são os principais objetivos dos Programas que Qualidade de Vida.
Gestores ainda levam muito em conta o caráter lucrativo das organizações,
deixando um pouco de lado a preocupação com o bem-estar de seus
funcionários.
A Qualidade de Vida no Trabalho só faz sentido quando deixa de ser
restrita a programas internos de saúde e lazer e passa a ser discutida num
sentido mais amplo, incluindo a qualidade nas relações de trabalho e suas
conseqüências nas saúde das pessoas e das organizações.
A organização deve oferecer condições eu estimulem a plenitude
humana, a participação de cada indivíduo, bem como sua criatividade, criar e
manter canais de comunicação, estimular o trabalho em equipe, desenvolver
lideranças, este tipo de organização sim consegue bons resultados de seu
grupo.
Os Programas de Qualidade de Vida, como foi possível observar, muitas
vezes são elaborados como mero redutores de tensão e impulsionadores de
produtividade, e este não deve ser seu foco. O RH deve estar preparado para
impulsionar o debate da qualidade de vida sob o viés do bem-estar humano,
enxergando os trabalhadores como indivíduos, como seres humanos e não
apenas como meros executores de tarefas, de quem se espera apenas o
retorno do investimento. Tanto que no Brasil estes programas caracterizam-se
por envolver mecanismos de controle, com mero objetivo de enquadrar os
trabalhadores as metas da organização, sem que estes, em nenhum momento
sejam incentivados a participar de sua elaboração e gestão.
40 A qualidade de vida almejada deve partir da construção e cultivos de
políticas acima de tudo de qualidade de vida pura e simplesmente.
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REFERÊNCIAS:
ANTUNES, R. C. Adeus ao trabalho ?: Ensaio sobre as metamorfoses e a
centralidade no mundo do trabalho. Cortez editora. 1995. São Paulo.
CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas e o novo papel dos recursos
humanos nas organizações. 2º edição. Rio de janeiro. 2004.
CONTE, A . Lázaro. Qualidade de vida no trabalho- funcionários com qualidade
de vida no trabalho são mais felizes e produzem mais. Revista FAE Bussiness.
Nº 07, 2003.
FERNANDES, Eda. Qualidade de vida no trabalho: como medir para melhorar.
Casa da qualidade. Editora LTDA. 1996. Salvador
FRANÇA, A. C. Limongi. Qualidade de vida no trabalho: conceitos,
abordagens, inovações e desafios nas empresas brasileiras. Revista de
medicina psicossomática. Vol.01, nº 2. Abr/Mai/Jun 1997 Rio de Janeiro.
MINAYO, M. C. de Souza, HARTZ, Z. M de Araújo. BUSS, Paulo Marchiori.
Qualidade de vida e saúde : um debate necessário. In www.scielo.br. Acesso
em 25/09/2006, 15:30.
OLIVEIRA, Patricia e FRANÇA, A . C. Limongi. Avaliação da gestão dos
programas de qualidade de vida no trabalho. ERA Eletrônica- FGV. Vol. 04. Nº
09. Janeiro/Julho 2005. São Paulo.
VASCONCELOS, Anselmo Ferreira. Qualidade de vida no trabalho- origem,
evolução e perspectivas. Caderno de pesquisas em Administração, volume 08,
nº 1, Janeiro/Março de 2001. São Paulo