UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO DE … DELZA SANTOS DE SOUZA.pdf · utilizam o acerto de...
Transcript of UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO DE … DELZA SANTOS DE SOUZA.pdf · utilizam o acerto de...
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO-PEDAGÓGICAS
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR
Por: Maria Delza Santos de Souza
Prof. Orientador Marco Antônio Claves
Rio de Janeiro 2002
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO DE PESQUISA SÓCIO-PEDAGÓGICAS
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR
Apresentação de monografia ao conjunto Universitário Cândido Mendes como condição prévia para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Supervisão Escolar, por Maria Delza Santos de Souza.
Rio de Janeiro
2002
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus que me concedeu o privilégio de realizar este trabalho e a minha família que me incentivou.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho àqueles que crêem que é possível uma educação mais digna e promissora.
SUMÁRIO
Resumo -------------------------------------------------------------------------------------- 06
Introdução ---------------------------------------------------------------------------------- 07
1-A Prática dos Profissionais ligados à Educação na Avaliação Escolar ------------ 08
1.1.Uma reflexão sobre a avaliação -------------------------------------------------- 08
1.2. Avaliação ou verificação da aprendizagem na escola? ----------------------- 11
2 - Relação Professor – Aluno da Avaliação Escolar Julgamento X Construção 15
2.1. O professor e avaliação ----------------------------------------------------------- 15
2.2. O aluno e a avaliação ------------------------------------------------------------- 16
2.3. Mecanismos de avaliação presentes na relação professor – aluno --------- 17
2.3.1. As significações de poder no âmbito da turma ------------------------- 17
2.3.2. As significações do poder no conteúdo das provas -------------------- 18
2.3.3. Aspectos simbólicos nas correções das provas ------------------------- 19
3 - As Funções da Avaliação --------------------------------------------------------------- 21
3.1. Diagnóstica ------------------------------------------------------------------------- 21
3.2. Formativa --------------------------------------------------------------------------- 23
3.3. Somativa ---------------------------------------------------------------------------- 23
4 - Caracterização dos Instrumentos de Avaliação da Aprendizagem 25
4.1. Conselho de classe ---------------------------------------------------------------- 25
4.1.1. Por que conselho de classe ----------------------------------------------- 27
4.2. Pré-teste ------------------------------------------------------------------------------ 27
4.3. Testagem ----------------------------------------------------------------------------- 28
4.3.1. Características gerais dos testes -------------------------------------------- 28
4.3.2. Tipos de testes ---------------------------------------------------------------- 28
4.3.3. Teste construído pelo professor -------------------------------------------- 29
4.3.4. Teste padronizado ------------------------------------------------------------ 29
4.4. Auto-avaliação --------------------------------------------------------------------- 30
4.5. Observação -------------------------------------------------------------------------- 32
Conclusão -------------------------------------------------------------------------------- 34
Referências Bibliográficas ------------------------------------------------------------ 35
6
RESUMO
A escolha do tema avaliação se deu diante da complexidade do assunto, com o
objetivo de contribuir para que os professores possam rever a sua prática como forma de
prevenir o surgimento de possíveis dificuldades de aprendizagem decorrentes da
inadequação das metodologias usadas, predominantemente voltadas para os aspectos
cognitivos da escolarização. Não se pretendeu esgotar o assunto, mas identificar as
interferências da relação professor – aluno nesse julgamento. Procurou-se, dentro de
uma visão do ensino – aprendizagem, esclarecer o papel do professor como incentivador
do aluno na busca de melhores resultados, como parte de uma avaliação global do
rendimento escolar. Procedeu-se a uma pesquisa bibliográfica como forma de coleta de
dados disponíveis na literatura, para melhoria do processo avaliativo, principalmente na
educação fundamental.
7
INTRODUÇÃO
O objetivo do estudo não foi esgotar o assunto em pauta, nem uma crítica aos
diversos autores que dedicaram tantos anos de trabalho ao tema, mas sim expor de
maneira clara e objetiva, propostas para a melhoria da aprendizagem, considerando a
avaliação escolar como instrumento fundamental no crescimento educacional e pessoal
do ser humano.
Será observado no decorrer da explanação que existem preocupações dos
professores ao confrontarem-se diariamente com as dificuldades de orientação para uma
avaliação adequada que envolva todo o sistema educacional. Cabe ao educador conduzir
o aluno ao aprendizado. Mas entre a teoria e a prática ainda existem muitas barreiras a
serem superadas, obstáculos que graças à dedicação de diversos profissionais de
educação começam a ser transpostos.
Por quê e como avaliar? São perguntas que vários professores, moldados em
sistemas pedagógicos ultrapassados, fazem ao se verem diante de problemas inerentes
ao dia-a-dia de uma sala de aula. Os professores devem contribuir com uma avaliação
adequada para reduzir o fracasso e evasão escolar, e que tenham consciência e use todos
os instrumentos de avaliação que são oferecidos no processo do ensino da
aprendizagem. Serão mostradas proposições para que a avaliação da aprendizagem
escolar seja feita de forma global e não simplesmente constitua uma verificação do que
foi adquirido pelo aluno.
As escolas privadas procuram dar maior assistência ao aluno na falta dos
responsáveis. Sendo uma escola onde a turma da 4ª série do Ensino Fundamental do
Município de Mesquita que possuem poucos alunos na classe, a professora está sempre
atenta ao processo de ensino e orientando nas tarefas exigidas, para que no final do ano
letivo os objetivos propostos sejam alcançados.
8
1. A PRÁTICA DOS PROFISSIONAIS LIGADOS À EDUCAÇÃO NA
AVALIAÇÃO ESCOLAR
1.1- Uma reflexão sobre avaliação
Avaliar é usar instrumentos que testem ou meçam, mas é muito mais do que
atribuir um valor quantitativo e qualificativo; é acima de tudo confirmar a validade de
um empreendimento. É constatar se a estratégia escolhida na busca de um objetivo
funcionou e se era a mais adequada à situação.Tudo na vida é avaliado, conscientemente
ou não.
Em se tratando de escola, o professor deve utilizar instrumentos adequados para
que a interação entre o aluno e o objeto de aprendizagem se constitua em vínculo ativo e
reforçador de vivências experenciais.
Segundo o professor Luckesi 1 , a avaliação “é uma aplicação qualitativa sobre
dados relevantes do processo de ensino e aprendizagem em que o professor e aluno
estão empenhados em atingir os objetivos.” Pode-se então, definir avaliação como um
componente do processo de ensino que busca através da verificação e qualificação dos
resultados obtidos, determinar a correspondência destes com os objetivos propostos e,
então, orientar a tomada de decisões em relação às atividades didáticas.
Educadores e alunos de diferentes níveis de ensino têm questionado sobre o
tema avaliação. Todos concordam com a sua necessidade, mas ao mesmo tempo
comentam sobre complexidade da questão e reconhecem o significado de valorar os
resultados ou suas expectativas, seja qual for o aspecto da vida em que estejam
envolvidos. Com isso, detectam-se duas razões que justificam a inclusão da avaliação na
instituição escolar: a melhoria da instrução está condicionada a uma avaliação eficiente
e eficaz da organização e o desenvolvimento pessoal.
____________
1LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação educacional escolar: para além do
autoritarismo.Revista da ANDE, p.47-51.
9
A verificação, a qualificação e a apreciação qualitativa são objetivos da
avaliação nos diversos momentos do processo de ensino. A avaliação escolar cumpre
pelo menos três funções: pedagógica - didática, de diagnostico e de controle. A função
pedagógica – didática se refere ao papel da avaliação para verificar o cumprimento dos
objetivos gerais e específicos da educação escolar.A função de diagnostico permite
identificar progressos e dificuldades dos alunos e a atuação do professor para que se
determinem modificações do processo de ensino para melhor cumprir as exigências dos
objetivos.
Na prática escolar geral a sua importância é considerada, pois ocorre no início,
durante e ao final do desenvolvimento das aulas. No início verificam-se as condições
prévias dos alunos; durante o processo de transmissão e assimilação é feito o
acompanhamento do progresso dos alunos, apreciando os resultados, estimulando-os a
continuarem trabalhando até que alcancem resultados positivos; no final de um
bimestre, semestre ou ano letivo é necessário avaliar os resultados da aprendizagem de
uma unidade didática; a função controle se refere aos meios e à freqüência das
verificações e de qualificação dos resultados.
A prática da avaliação nas escolas tem sido criticada sobre tudo por reduzir-se à
função de controle, mediante a qual se faz uma classificação quantitativa dos alunos
com base nas notas que obtiveram nas provas. Os educadores não têm conseguido usar
os procedimentos de avaliação para atender a função educativa da mesma. Em relação
aos objetivos, funções e papel da avaliação na melhoria das atividades escolares e
educativas vale explicitar alguns equívocos.
O mais comum é se tomar a avaliação como ato de aplicar provas, atribuir notas
e classificar os alunos. O professor reduz a avaliação à cobrança daquilo que o aluno
memorizou e usa a nota somente como instrumento de controle. Essa idéia é descabida
porque a atribuição de nota apenas o controle forma com o objetivo classificatório e não
educativo, e ainda porque o que importa é o veredicto do professor sobre a grande
adequação e conformidade do aluno ao conteúdo que lhe foi transmitido. Essa atitude
ignora a complexidade de fatores que envolvem o ensino.
10
Um outro equívoco é utilizar a avaliação como recompensa aos bons alunos e
punição para os desinteressados ou indisciplinados. As notas transformam-se em arma
de intimidação e ameaça para uns e prêmio para outros. Um acontecimento também
corriqueiro é o do professor que, por confiar demais em seu conhecimento, dispensa
verificações parciais no decorrer das aulas.Com isso, o prejuízo dos alunos é grande,
uma vez que seu destino é traçado no início do ano letivo, quando o professor define
quem passa ou não de ano.
Esses equívocos identificam duas posições extremas em relação à avaliação
escolar, considerar somente os aspectos quantitativos ou qualitativos. No caso do
quantitativo, a avaliação é vista apenas como medida, e ainda assim, mal utilizada. No
caso qualitativo a avaliação se prende na subjetividade de professores e alunos, além de
ser uma atitude fantasiosa quanto aos objetivos da escola e à natureza das relações
pedagógicas.
O entendimento correto da avaliação consiste em considerar a relação mútua
entre os aspectos quantitativos e qualitativos. As duas devem estar intimamente
relacionadas no sentido próprio que se aproxime do método mais desejado. Avaliação
escolar é parte integrante do processo de ensino e aprendizagem e não uma etapa
isolada. Há uma exigência de que esteja concatenado com os objetivos - conteúdos –
métodos expresso no plano de ensino e desenvolvidos no decorrer das aulas.
Os objetivos explicam conhecimentos, habilidades e atitudes, cuja compreensão,
assimilação e aplicação por meio de métodos adequados, devem manifestar-se em
resultados obtidos nos exercícios, provas, conversação didáticas, trabalho independente.
A avaliação ajuda tornar mais claro aquilo que deseja atingir. O alvo do processo
de ensino e da educação é que todas as crianças desenvolvam capacidades físicas e
intelectuais, pensamento independente e criativo considerando tarefas teóricas e
práticas. A avaliação deve ter caráter definido, capaz de comprovar o reconhecimento
realmente assimilado pelo aluno. Para garantir a exigência de objetividade aplicam-se
11
instrumentos e técnicas variadas de avaliação.
1.2- Avaliação ou verificação da aprendizagem na escola?
Somente se consegue uma real avaliação da aprendizagem quando se integra um
projeto pedagógico com o conseqüente projeto de ensino. No primeiro, o educador irá
se fundamentar em uma proposta pedagógica que for interessante à escola e ao seu
ensino, no segundo, o mesmo será adaptado às propostas pedagógicas da escola e dos
alunos. O importante é garantir a qualidade do resultado que é construído. Assim, a
avaliação necessita de um projeto prévio que a delineie e a defina.
Basicamente são realizados três procedimentos que aferem o aproveitamento
escolar: medição do aproveitamento; transformação da medida em nota ou conceito;
utilização dos resultados encontrados. A análise desses três procedimentos indicará se a
escola está verificando ou avaliando.
Na prática, os resultados são adquiridos inicialmente pela medida, variando as
formas e instrumentos que foram obtidos. Medir é uma forma de comparar grandezas,
tomando uma como padrão e outra como objeto a ser medido, tendo como resultado a
quantidade de vezes que a medida padrão cabe dentro do objeto medido. Os professores
utilizam o acerto de questão como padrão de contagem sobre um conteúdo, com um
limite máximo, o que significa o número de questões que possui o teste.
Dependendo do acordo, cada acerto pode valer dez pontos, ou ainda,
considerando a ênfase neste ou naquele assunto, as questões podem ter valores
diferenciados, mas completariam o total de cem. A forma de se atribuir pontos às
questões e seus correspondentes acertos não muda a qualidade da prática; continua
sendo medida e não avaliada.
Os instrumentos para a coleta de dados pelos educadores vão desde uma simples
observação até sofisticados testes, produzindo normas e critérios técnicos de elaboração
e padronização. O importante é ter a clareza de que no movimento real da operação com
12
resultados é necessário ter-se primeiramente a medida e, a partir dela, continuidade aos
passos posteriores da medição da aprendizagem.
A segunda conduta do educador na aferição da avaliação é transformar nota em
conceito. Essa formatação dá-se por meio de uma equivalência entre acertos obtidos e
uma escala, previamente definida, de notas ou conceitos. Se o estabelecimento de
ensino não possui uma tabela oficial, cada educador deverá construir a sua, em função
dos instrumentos de coleta que utiliza.
As notas e conceitos expressam a qualidade que se atribui à aprendizagem do
educando, medida sob forma de acerto ou pontos. Para se obter o resultado final de um
período, o professor se utiliza à média de notas ou conceitos. No caso das primeiras,
esse valor é facilitado pelo fato de estar operando com números; no segundo caso, a
média é obtida depois de se converter conceito em número. A partir daí faz-se a média
ponderada, ou simples. Isso implica na ocorrência da transposição indevida de
qualidade para quantidade, de tal forma que se torna impossível obter uma média de
conceitos qualitativos.
O professor tem várias maneiras de utilizar os resultados. Uma delas é
simplesmente registrá-las no documento oficial do aluno. Outra possibilidade é oferecer
ao educando uma segunda chance caso tenha sido nota inferior, permitindo que faça
uma nova aferição. Outro ponto é atender para as dificuldades e desvios da
aprendizagem dos alunos e decidir trabalhar com eles para que, de fato, aprendam
aquilo que lhes foi proposto.
Caso os dados conseguidos mostrem que o aluno está abaixo das expectativas
em termos de aprendizagem, geralmente, registram-se os dados em documentos oficiais
e, no máximo, chama-se atenção do aluno para que estude mais e que faça um segundo
teste, tendo como objetivo somente a melhoria da nota. Deve-se observar que o objetivo
final não é de que o aluno estude para ter uma aprendizagem efetiva, e sim para
melhorar a nota.
13
A terceira forma de utilização dos resultados é mais rara, pois exige que o
educador esteja em sintonia com a aprendizagem e o desenvolvimento do aluno, ou seja,
a efetiva aprendizagem seria o objetivo do educador, que deve operacionalizar essa
opção de maneira conjunta com a proposta da escola, estimulando os alunos a criarem
os próprios resultados. Contudo, esta não tem sido a prática dos educadores que estão
mais preocupados com a aprovação ou reprovação do aluno, e isso depende mais de
nota do que uma aprendizagem consistente.
Conclui-se que as observações feitas demonstram que a aferição da
aprendizagem é utilizada, na maioria das vezes, para classificar os alunos em aprovados
ou reprovados. O processo de verificar configura-se pela observação, obtenção, análise
e síntese dos dados ou informações que delimitam o objeto que se está trabalhando.
O ato de avaliar não termina na determinação de um valor ou qualidade
atribuídos ao objeto em questão, exigindo uma tomada de posição favorável ou
desfavorável ao objeto de avaliação, com uma conseqüente decisão de ação. A escola
brasileira usa a verificação e não a avaliação. Isto fica claro quando se vê que os
resultados da aprendizagem geralmente têm tido a função de estabelecer uma
classificação do aluno, aprovando ou reprovando.
Raramente encontram-se educadores que fazem aferição da aprendizagem um
efetivo ato de avaliação. Para esses professores essa medição manifesta-se como um
processo de compreensão dos avanços, limites e dificuldades que os alunos encontram
para atingir os objetivos do curso. A avaliação, neste contexto, é um excelente
mecanismo da condução da ação.
Com essas observações pode-se dizer que a prática educacional no Brasil opera,
na maioria das vezes, como verificação. Com esse procedimento, tem sido difícil
alcançar conseqüências mais significativas para os alunos. Em resumo, sob forma de
verificação além de não se obter as mais significativas conseqüências para a melhoria
14
do ensino da aprendizagem,ainda impõe aos alunos resultados negativos, como viver
com o medo e a ameaça da reprovação.
O momento da aferição do aproveitamento escolar não é o ponto definitivo de
chegada, mas um momento para observar se a caminhada está fluindo com a qualidade
desejada. Neste sentido, a verificação transforma o processo dinâmico em passos
estáticos e definitivos. A avaliação, ao contrário, manifesta-se como um ato dinâmico
que qualifica e conduz ao reencaminhamento da ação, possibilitando a construção dos
resultados que se deseja.
15
2. RELAÇÃO PROFESSOR – ALUNO – DA AVALIAÇÃO ESCOLAR –
JULGAMENTO X CONSTRUÇÃO
2.1- O professor e a avaliação
O professor é um educador e educação é um ato essencialmente humano. O
homem como um ser limitado, para construir uma vida melhor, precisa de outro ser e
está condicionado aos valores da sociedade que o próprio homem constrói e reconstrói
durante toda a vida.
O aluno só desenvolve totalmente suas capacidades e acredita na existência de
uma força que vai mostrar toda a criatividade, quando o educador se propõe a ser um
agente produtivo e renovador na forma de trabalhar. A educação está relacionada
diretamente às estruturas biológicas, psicológicas, sociais e estas devem ser tratadas de
forma integradas e não isoladamente, pois o desenvolvimento integral do aluno deve ser
priorizado na avaliação, considerando as condições iniciais do aluno, seu esforço e as
condições em que se encontrava durante este processo, assim terá mais clareza o que ele
alcançou e quais as possibilidades para o futuro.
O aluno deve ter oportunidade de avaliar, não somente a si, como também o
professor e as atividades praticadas. Mas, para que essa participação seja levada em
consideração, precisa-se ter certeza de que sua ação será tão produtiva quanto maior for
o significado dos objetivos para ele, levando-o a buscar meios de alcançá-los.Esse
processo fará com que se sinta estimulado a considerar novas aprendizagens à medida
que conhecem as propostas a serem atingidas.
É importante que o professor olhe para dentro de si, conheça-se, observando
quem é, o que gostaria de ser. A avaliação só é bem sucedida depois que o professor
conseguir afastar preconceitos, temores, necessidades, estando em harmonia consigo
mesmo, sentindo-se confiante, vai conseguir caminhar em direção a metas que devem
ser atingidas.
16
2.2- O aluno e a avaliação
É desagradável reconhecer e ter conhecimento de que a porcentagem de escolas
que informam ao aluno seus é muito baixa. No entanto, o aluno precisa, deve, e é
cobrado de coisas que desconhece, que não sabe para que servem e que servirão de
prova de sua habilidade ou competência. Professor, pais, escola, enfim, os responsáveis
pela educação precisa adotar critérios compatíveis com valores definidos que favorecem
o desenvolvimento e crescimento pessoal do educando.
O educador precisa ver o aluno como alguém apto a estabelecer uma relação
cognitiva e efetiva com o meio, mantendo uma ação capaz de uma transformação que o
liberte, que o ajude a ter uma vivência harmoniosa com a realidade pessoal e social que
envolve. Para atingir satisfatoriamente uma boa interação no aspecto cognoscitivo é
preciso levar em conta: o manejo dos recursos da linguagem, reconhecer bem o nível de
conhecimento dos alunos, explicar aos alunos o que espera deles em relação à
assimilação da matéria.
Ilza Santana tem a seguinte definição dos educadores no país:
Os professores, em sua maioria, cansados, carentes
financeiramente, enfrentando uma fase de transição social (...)
não estão dispostos a arriscar e permitir ao educando caminhar
com suas próprias pernas.Muitos mestres (...) usam a avaliação
como uma ameaça e até se vangloriam de reprovar a classe
toda, levando alguns alunos e familiares ao desespero (...)
Enquanto todos os dedos estiverem apontados para o aluno,
apenas para condená-lo, classificá-lo, conscientizá-lo de sua
derrota, a educação continuará tendo como produto uma
sociedade e políticos da categoria que estamos acostumados a
ver.2
A avaliação só será eficiente e eficaz se for de forma interativa envolvendo o
professor e o aluno, ambos caminhando na mesma direção, com os mesmos objetivos.O
aluno, então, não será um indivíduo passivo e o professor a autoridade que decide o que
ele precisa ou não saber. O educador não irá apresentar verdades, mas junto com o
17
aluno irá investigar e descobrir horizontes, e ainda avaliar o sucesso das descobertas
conhecendo os erros e encontrar alternativas para superá-los.
Uma avaliação precisa se basear em objetivos claros, simples e preciosos, que
conduzam, inclusive, à melhoria do currículo escolar. Quando se perceber alguma
dificuldade é preciso analisar as causas dentro do esquema total do rendimento. A falha
poderá estar na metodologia usada, mas também, estar em alguns fatos psicofísico ou
outro qualquer, como falta de tempo para estudar, desinteresse.
2.3- Mecanismos de avaliação presentes na relação professor - aluno
2.3.1- As significações de poder no âmbito da turma
A possibilidade de o professor não realizar uma avaliação em conjunto de todas
as provas da turma ao corrigi-las parece bem evidente pelo simples fato de anular
determinada questão que a maioria da turma errou. Essa atitude mostra que é mais fácil
admitir que o aluno não aprendeu, do que admitir que não ensinou. Isso demonstra que
o professor não leva em consideração a incidência de erros por questão.
Quando o professor não se conscientiza de que a prova é um instrumento de
avaliação do processo pedagógico como um todo, acaba realizando um julgamento da
aprendizagem individual de cada aluno. Um bom exemplo desta prática são os recados
escritos nas provas, onde o motivo do erro é visto pelo educador como relativo a cada
um individualmente.
O professor isenta-se da avaliação quando não a verifica na totalidade, ou seja,
não se questiona se de fato ensinou, mas sim se o aluno aprendeu. Quando uma turma
inteira, ou sua maioria, responde errado a uma questão, parece não perceber este fato.
Agindo dessa forma, o professor está também excluído do processo, torna-se um
simples verificador.
_____________ 2SANTANA, Ilza Martins. Por que avaliar? Como avaliar? – critérios e instrumentos,
p. 27.
18
Não fazendo parte do processo avaliado, conseqüentemente, mostra um grau de
poder muito grande no uso deste instrumento. Neste caso, apenas a competência do
aluno está sendo julgada e nunca o do professor. Pois é o único que detém o
conhecimento do conjunto dos resultados, embora não faça uso deles, e ao serem
passados para os alunos e pais tornam-se ainda mais dispersos.
Um bom exemplo desta situação é quando os alunos tentam justificar aos pais as
notas baixas, dizendo que a turma toda se deu mal, mas por diversos fatores acabam por
atribuir a si mesmo o fracasso. Os pais, completamente desinformados do processo,
tomam a avaliação do ponto de vista do fracasso do próprio filho tendo como referência
o melhor da classe.
2.3.2- As significações de poder no conteúdo das provas
A forma de pontuação é extremamente distinta de professor para professor e
apresenta variações, inclusive na mesma prova, de aluno para aluno. Esse dado tem um
significado de extrema importância, uma vez que os alunos estão sujeitos a pontuações
extras que dizem respeito a outras atividades ou mesmo à disciplina, ao comportamento.
Verifica-se um elemento bastante fácil de ser percebido que consiste em
valorizar mais o cálculo do que o problema ou a gramática do que a leitura,
interpretação e redação. Assim, os aspectos menos importantes em relação ao
desenvolvimento da inteligência parecem ser os mais valorizados no processo de
avaliação.
O cálculo se limita apenas a um simples arme efetue e a gramática é um
conjunto de palavras analisadas sem qualquer contexto temático. Ou seja, o conteúdo
das provas, na maioria dos casos, consiste em questões de cálculos e, Língua Português,
a gramática é desvinculada de textos, o que conduz os alunos mais facilmente ao
fracasso, pois dependem de memorizações e mecanismos sem qualquer aplicabilidade
do raciocínio lógico. Um exemplo deste fato é visto nas provas com questões onde
aparecem lacunas a serem preenchidas por uma única palavra que pode ser colocado no
espaço em branco.
19
Isto mostra uma incoerência de não observar a lógica interna ao próprio sistema
de avaliação proposto. Se um aluno acerta a parte gramatical não deveria ter tantos erros
em redação e interpretação; e ainda ser incapaz de resolver simples cálculos, se é capaz
de resolver problemas onde o raciocínio lógico é a própria fonte de compreensão. O
cálculo é estruturado de forma que o único meio de se resolver se dá pelo esquema
criado pelo professor, sem a possibilidade de o aluno criar o próprio método.
Isto mostra um poder ainda mais particular exercido pelo indivíduo que está
transmitindo o ensino, o qual define a maneira como devem ser resolvidas as questões.
Há sempre uma resposta exata para cada questão. Isto gera uma angústia no aluno que
às vezes lembra parte da resposta e sabe que de nada valerá.
Forma-se então, um paradigma de verdade individual e simbólico que consiste
na resposta imaginada pelo professor como única possível. A posse deste saber lhe
permite, nas correções desconsiderar conteúdos altamente lógicos, criativos e
inteligentes, e até inquietantes, que deveriam levá-lo a se questionar do porquê daquela
resposta. Geralmente a marcação do erro é feita com um risco com caneta e escrita a
colocação considerada correta.
Neste caso, a criança fica totalmente indefesa, mas os jovens, mostrando uma
disputa de poder, questionam o critério de acerto e erro adotado pelo professor. Mas este
com certeza, possui uma norma que lhe garante vencer. Este dado aparece como
bastante significativo por sua característica de posse da verdade e, portanto, do saber, o
que, conseqüentemente concede ao professor o poder absoluto sobre o aluno.
2.3.3- Aspectos simbólicos nas correções das provas.
O uso da tinta vermelha é o primeiro aspecto a se considerar. Sua interpretação
consiste no princípio do erro. Não se utiliza o vermelho para muitas coisas no cotidiano,
como, por exemplo, preencher um cheque; e no âmbito escolar o aluno não usa o
vermelho como cor. Esta é a cor do professor, do destaque do erro.
20
Quando o professor coloca a resposta correta sobre o do aluno, impossibilita-o
de questionar a correção, pois fica quase impossível ler o que escreveu. Isto demonstra
um esmagamento do mais frágil e de suas respostas e, conseqüentemente, um
mecanismo poderoso de poder, de domínio da verdade. Este fato diminui
significativamente quando se trata de adolescentes.
Para os alunos até, aproximadamente, a sexta série, este gesto do professor
parece compulsivo, pois o aluno nesta idade não revê a prova para observar os erros
assinalados, só importa a nota. Assim, as observações e correções destinam-se somente
aos pais. Uns outros aspectos importantes são recados aos alunos, dos mais variados
tipos e objetivos, como, por exemplo, parabéns, muito bem, com significado positivo ou
estude, péssimo, com significado negativo. Ambos, independentes da intenção,
demonstram um significado de prêmio e castigo.
Estes recados, entretanto, constituem um importante elemento para estudar o
sistema de crenças dos professores, os métodos que deduzem destas crenças. Podem
demonstrar um inatismo ou um pragmatismo unidos pela crença de que bons resultados
dependem do aluno, de sua vontade, mas o professor exercita o poder na medida em
que passa para o aluno a culpa dos maus resultados, sendo os resultados bons a certeza
de que o trabalho do professor foi ótimo.
21
3 - AS FUNÇÕES DA AVALIAÇÃO
São múltiplas as funções da avaliação. Ela deve e podem desempenhar funções
as mais variadas:
- analisar os objetivos de ensino;
- assegurar o domínio da aprendizagem;
- demonstrar os efeitos da metodologia empregada no processo do ensino –
aprendizagem;
- revelar conseqüência da atuação do professor;
- fornecer dados para avaliar à eficácia do currículo escolar.
Basicamente, a avaliação apresenta três funções: diagnosticar, controlar e
classificar. Relacionadas a essas três funções existem três modalidades de avaliação:
diagnóstica, formativa e somativa.
3.1- Avaliação diagnóstica
A avaliação diagnóstica é realizada no início de um curso, período do ano letivo
ou unidade de ensino, para constatar se os alunos apresentam ou não os domínios dos
pré-requisitos necessários, se possuem os conhecimentos e habilidades imprescindíveis
para as novas aprendizagens. É também utilizada para caracterizar eventuais problemas
de aprendizagem e identificar suas possíveis causas, numa tentativa de saná-los. Um dos
propósitos da avaliação com função diagnóstica é informar o professor sobre o nível de
conhecimento e habilidades dos alunos antes de iniciar o processo ensino –
aprendizagem para determinar o quanto se progrediram.
As diferenças individuais, alguns alunos aprendem mais rapidamente do que
outros, no que se refere à retenção da aprendizagem, alguns alunos têm mais facilidade
para reter o que foi aprendido, enquanto outros esquecem mais rapidamente. O
professor através dessa avaliação inicial,vai determinar mais conhecimentos e
habilidades que devem ser retornados, antes de introduzir os conteúdos programáticos
específicos.
22
A avaliação diagnóstica também auxilia a equipe técnica da escola no que se
refere à formação e remanejamento das classes. Não é apenas no início do período
letivo que se realiza a avaliação diagnóstica, é também no final de um ano letivo e de
um semestre ou curso. Para determinar a presença ou ausência dos pré-requisitos
necessários para que as novas aprendizagens possam efetivar-se.
Mas existe também outro propósito: identificar as dificuldades de aprendizagem,
tentando descriminar e caracterizar suas possíveis causas. Algumas dificuldades são de
natureza cognitiva e tem uma origem no próprio processo ensino-aprendizagem. É o
caso dos alunos que apresentam dificuldades em determinadas matérias escolares e
conteúdos curricular.
Essas dificuldades devem ser somadas através de um trabalho contínuo e
sistemático de recuperação, pois sua solução é da estrita competência do professor. O
aluno também pode apresentar dificuldades de natureza afetivas e emocionais,
decorrentes de situações conflitantes por ele vivenciadas em casa, na escola ou com seu
grupo de colegas. Podem ser de ordem afetiva ou emocional esses problemas e o aluno
manifestam um comportamento em sala de aula interferindo no processo ensino-
aprendizagem.
Cabe ao professor investigar. Nesses casos, o professor pode ajudar de várias
formas:
- estimulando o relacionamento entre os alunos, através de jogos e atividades dinâmicas
que possam incrementar a integração da classe;
- distribuindo funções e dividindo tarefas como: apagar a lousa, distribuir cadernos,
pendurar cartazes etc, o que permite que todos os alunos participem da dinâmica da sala
de aula e se sintam responsáveis;
- aplicar uma ampla gama de atividades de expressões oral, nas quais o aluno possa
ouvir e fazer-se ouvir, falar e externar suas opiniões, ser o foco das atenções, enfim,
nem que seja apenas algum minuto;
23
- reforçando o comportamento positivo sem exacerbar nas críticas negativas, pois o
reforço positivo aumenta a motivação de auta-confiança e auto-estima.
3.2- Avaliação formativa
A avaliação formativa com função de controle é realizada durante todo o
decorrer do período letivo, para verificar se os alunos estão atingindo os objetivos
previstos, isto é, quais os resultados alcançados durante o desenvolvimento das
atividades. É através da avaliação formativa que o aluno conhece seus erros e acertos e
encontra estímulo para um estudo sistemático. Essa modalidade de avaliação é
basicamente orienta tanto o estudo do aluno como o trabalho do professor.
A avaliação também permite ao professor detectar e identificar deficiências na
forma de ensinar, possibilitando reformulações no seu trabalho didático, visando
aperfeiçoá-lo. A avaliação formativa não apenas fornece dados para que o professor
passa realizar um trabalho de recuperação e aperfeiçoar seus procedimentos de ensino
como também oferece ao aluno informação sobre seu desempenho em decorrência da
aprendizagem, fazendo o conhecimento de seus erros e acertos e dando-lhe
oportunidade para recuperação paralela e orientando o estudo contínuo e sistemático do
aluno.
A avaliação formativa também leva à individualização do ensino, uma vez que,
de acordo com as falhas, o professor vai dando atenção adequada a cada aluno,
abandonando em parte a estratégia de sempre ensinar da mesma forma a todos. O uso da
avaliação formativa é uma prova de que a avaliação pode ser utilizada como um recurso
de ensino e como fonte de motivação, tendo efeitos altamente positivos e evitando as
tensões que usualmente a avaliação causa.
3.3- Avaliação somativa
A avaliação somativa, com função classificatória, consiste em classificar os
resultados da aprendizagem alcançados pelos alunos ao final de um semestre, ano ou
curso, de acordo com níveis de aproveitamento preestabelecidos. Consiste em atribuir
24
ao aluno uma nota ou conceito final para fins de promoção. Sua utilidade é mais
administrativa do que pedagógica.
A promoção de uma série para a outra é, para o aluno, um estímulo para
prosseguir nos estudos. O aluno que repete várias vezes a mesma série tende a
demonstrar ausência de estímulo e falta de motivação para estudar; torna-se
indisciplinado ou totalmente apático às atividades escolares. A escola, que antes de tudo
deve ser um lugar de estudo e realização pessoal, torna-se para o aluno um local de
tortura psicológica, devido aos seus constantes fracassos escolares.
Às vezes, ocorre o mesmo com o professor, que tem pela frente alunos
totalmente apáticos, ou então, acaba enfrentando alunos revoltados e indisciplinados.
Segundo Bbom et alii, a avaliação somativa é “objetiva avaliar de maneira geral o grau
em que os resultados mais amplos têm sido alcançados ao longo e ao final de um
curso”. No momento atual a classificação do aluno se processa segundo o rendimento
alcançado, tendo por parâmetro os objetivos previstos.
Não apenas os objetivos individuais devem-se servir de base, mas também o
rendimento apresentado pelo grupo. Por exemplo, se em número x de questões a classe
toda ou uma percentagem significativa de alunos não corresponde aos resultados
desejados, esta habilidade, atitude ou informação deveria ser desconsiderada e retomada
no novo planejamento, pois ficou constatado que a aprendizagem não ocorreu. A
classificação deve se processar conforme parâmetros individuais e grupais.
25
4- CARACTERIZAÇÃO DOS INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DA
APRENDIZAGEM
4.1- Conselho de classe
O conselho de classe “é a atividade que reúne um grupo de professores, visando
em conjunto chegar a um conhecimento mais sistemático da turma, e avaliar cada aluno
individualmente, através de reuniões periódicas. É também um instrumento que visa
traçar o perfil de cada aluno e do grupo”.
As escolas devem trabalhar melhor com os professores para que o Conselho de
Classe possa atingir seus objetivos. Normalmente é quase regra de que no dia da
destinado à avaliação pelo conselho os alunos não tenham aula, enquanto isto, os
responsáveis pela classe passem horas reunidas apenas citando nomes, notas ou
conceitos respectivos e registrando um parecer descrito padronizado.
Diagnóstico, aconselhamento, prognóstico, levantamento de soluções
alternativas, elaboração de programas de recuperação, apoio, incentivo, reformulação de
objetivos, preocupação, envolvimento, coleta de evidência de mudanças de
comportamento do aluno são totalmente esquecidos.
Para o conselho de classe reúnem-se (às vezes) supervisão pedagógica, serviço
de orientação educacional, professores da área ou professores das diferentes disciplinas,
professor conselheiro, representante da turma, representante dos pais. Esta equipe toda
reunida com o propósito de avaliar, sem saber mesmo para que se limita a informações
vagas, teóricas, muitas vezes consistindo em fofocas e desejando concluir a tarefa mais
rápido possível, para sentir o alívio do dever cumprido.
É preciso que fiquem bem claros e definidos os objetivos de cada conselho. E
que, como instrumento de avaliação cumpra seus propósitos, e os educadores sua
missão. Para ver o aluno no grupo e de acordo com sua própria medida, considerando
sua capacidade pessoal e seu esforço é preciso pensar a avaliar como um procedimento
26
referente não apenas ao aluno como indivíduo; é preciso reconhecer que o processo
escolar e em particular todos os aspectos do currículo.
É preciso não rotular o aluno, promover condições para seu desenvolvimento,
fazendo observações concretas, procurando debater o aproveitamento de cada aluno e da
classe como um todo, analisando as causas dos baixos ou altos rendimentos da turma,
estabelecendo o tipo de assistência especial para o aluno que não apresentou rendimento
favorável, procurando aperfeiçoar o trabalho diário do professor com o aluno, com
subsídios emitidos pelo supervisor, pelo orientador educacional, pela direção, por
trabalhos realizados, e por colegas.
Fazer uma análise do currículo da escola, em função de sua filosofia,
desempenho do professor, rendimento da capacidade dos alunos, validade dos
conteúdos trabalhados, equipamento e materiais disponíveis e como estão sendo
concretizados os objetivos. O professor deve conscientizar de que a auto-avaliação
contínua do seu trabalho, é o modo mais eficaz para promover a aprendizagem do aluno.
A organização do Conselho de Classe normalmente ocorre ao final de cada
bimestre, depende das necessidades ou interesse da escola aos diversos aspectos do
rendimento escolar, além das disponibilidades de tempo previsto no calendário escolar
(podendo ser semestral, anual). Ex.: Organização do Conselho de Classe.
Quando Com que propósito?
Início do Ano Letivo -Diagnosticar, esclarecer, planejar (visão
geral )
1º Conselho
Final de março / abril
-Diagnosticar turma
-Alguns alunos em particular
2º Conselho
Maio / junho
-Acompanhamento (análise do crescimento
dos alunos e da turma).
3º Conselho
Agosto / Setembro
-Prognóstico, previsão do trabalho a ser
desenvolvido (recuperação preventiva).
27
4º Conselho
Outubro / Novembro
-Avaliação final (ou recuperação
terapêutica).
4.1.1- Por que Conselho de Classe?
Porque favorece a integração entre os professores, aluno e família, também pode
tornar a avaliação mais dinâmica e compreensiva, possibilitando um desenvolvimento
progressivo da tarefa educacional, procurando conscientizar o aluno de sua atuação no
processo da aprendizagem. O professor conselheiro é responsável pela a comunicação
dos resultados que é sigilo.
Existem alguns professores que tentam apresentar seus conceitos, procurando
prevalecer suas idéias e são ajudados pelos colegas a visualizarem o aluno como um
todo e terem uma concepção clara dos propósitos de uma avaliação formativa. São
esclarecidos de que, se nos objetivos se propôs apenas identificar, comparar ou associar,
eles não tem direito de querer avaliar aplicação de conhecimentos. Não esquecer que é
preciso buscar instrumentos e critérios que permitam abranger os diferentes domínios
do comportamento humano, em função do conhecimento.
4.2- Pré – teste
Ilza Martins Sant’Anna define a caracterização de pré – teste: “é um teste
aplicado para averiguar pré – requisitos para alguma aquisição dos conhecimentos” 3. Os
professores raramente usam os pré – teste, conforme diz o termo, é o preparo antecipado
de um teste, pois o objetivo é verificar de forma global os conhecimentos adquiridos por
um aluno ou uma classe. Funciona como sondagem para estabelecimento de um
diagnóstico da turma.
Também o pré - teste visa, averiguar os pré – requisitos dos alunos para elaborar
o planejamento de uma nova unidade de trabalho. Quando elaborado deve ser constituir
por uma amostra quantativa e qualitativa dos conhecimentos, que o grupo deve ter sobre
determinada aprendizagem, ou detectar o que é desconhecido e será trabalhado durante
28
o semestre ou ano letivo. O pré – teste poderá ser usado como teste final, após o
desenvolvimento das unidades previstas terem sido trabalhadas, o que se denominará
pós – teste. É um instrumento muito importante para testar o progresso dos alunos e o
grau desenvolvido pela turma.
4.3- Testagem
4.3.1- Características gerais dos testes
A testagem é uma técnica de avaliação que se utiliza instrumentos chamados
testes. Os testes consistem num conjunto uniforme de tarefas apresentadas a todos os
membros de um grupo, com procedimento também uniformes de aplicação e correção.
Tenbrink diz que “um teste se caracteriza por”:
1- uma situação comum à qual todos os estudantes respondem;
2- um conjunto de instruções comum que dirige as respostas dos alunos;
3- um conjunto de regras comum para apurar as respostas dos alunos;
4- uma descrição numérica do desempenho de cada aluno, feita após a apuração das
respostas.
O teste é um instrumento de avaliação que existe e apresenta maior precisão nas
informações obtida, além de satisfazer critérios de objetividade na apuração dos
resultados. Isso porque se faz acompanhar de instruções que facilitam sua aplicação e
correção, havendo também um critério de interpretação igual para todos os indivíduos
que a ele se submetem. Os testes embora sejam mais utilizados para obter informações
sobre o domínio cognitivo, podemos também, através deles, obter informações
referentes às áreas afetiva e psicomotora.
_____________
3SANT’ANA, Ilza Martins. Por que avaliar? Como avaliar? – Critérios e
instrumentos.Petrópolis: Vozes, 1995.
29
4.3.2- Tipos de testes
Os testes são divididos em dois grandes grupos: testes elaborados pelo professor
e testes padronizados.
4.3.3- Teste construído pelo professor
É uma prova objetiva organizada para fins imediatos, com finalidade de
averiguar o aproveitamento escolar do aluno como resultado do processo ensino-
aprendizagem. Suas questões são elaboradas de acordo com o conteúdo e os objetivos
específicos do plano de ensino desenvolvido pelo professor na sala de aula. São
instrumentos organizados especialmente para o grupo-classe a que se aplicam,e
procuram medir o alcance e a consecução dos objetivos.
4.3.4- Teste padronizado
É elaborado e organizado por especialistas em testes e medidas, e antes de ser
regularmente aplicado, suas tarefas são previamente experimentados em grupos de
controle. Os testes padronizados possuem normas e tabelas para interpretação dos
resultados “baseadas numa vasta amostragem de desempenhos de alunos, amplamente
distribuídos em termos de área geográfica níveis de capacidade e, em alguns casos,
níveis de idade e série escolar”.
A característica básica do teste padronizado, é que ele supõe uma amostragem
padronizada, isto é, suas tarefas são previamente aplicadas num grupo normativo, que
constitui a amostra padrão. A padronização de um teste consiste num conjunto de
operações de natureza psicológica e estatística, com a múltipla finalidade de estabelecer
regras fixas para a sua aplicação e avaliação de seus resultados, de forma que essas
operações se realizem sempre de modo tão idêntico quanto possível.
O teste também conduz a uma avaliação tão exata quanto possível daquilo que se
pretende avaliar; fornecer aos que devem aplicá-lo informações detalhadas sobre o
método empregado em sua construção, sobre suas finalidades e condições em que sua
aplicação seja recomendada. A vantagem da utilização de testes padronizados é
30
justamente a existência de normas e tabelas que facilitam a interpretação de seus
resultados.
Há três tipos de testes padronizados: testes de aptidão; testes de personalidade e
interesse; testes de aproveitamento ou escolaridade.
4.4- Auto – avaliação
Constantemente avalia-se as próprias atitudes, habilidades, interesses e aptidões,
para poder melhorar o desempenho e obter êxito nas atividades realizadas. A auto-
avaliação é uma forma de apreciação normalmente usada quando se dedica a atividades
significativas, decorrentes de um comportamento intencional.
A auto-avaliação é capaz de conduzir o aluno a uma modalidade de apreciação
que se põe em prática durante a vida inteira. Os alunos conseguem ter uma capacidade
cada vez maior de analisar suas próprias aptidões, atitudes, comportamento, pontos
fortes, necessidades e êxito na consecução de propósitos, graças a saber, usar a auto-
avaliação, também desenvolvem sentimentos de responsabilidade pessoal ao apreciar a
eficácia dos esforços individuais e de grupo.
Aprendem a enfrentar corajosamente as competências necessárias em várias
tarefas e aquilatar suas próprias potencialidades e contribuições. Já que se espera do
aluno a responsabilidade por sua própria aprendizagem, é que isto, só ocorrerá se o
aluno tiver uma visão clara do que está tentando obter e de como está agindo a respeito.
Procurar dar condições para ajudar o aluno a pensar sobre si mesmo e o que tem
realizado, é prepará-lo para que tenha uma aprendizagem na caminhada da vida. Para
31
que a auto-avaliação tenha êxito é preciso que o professor acredite no aluno e ofereça
condições favoráveis à aprendizagem, pois só assim o aluno sentirá seguro e confiante.
Quanto à forma, a auto-avaliação poderá ser expressa livremente ou obedecendo
a critérios que podem ser registrados em fichas. Exemplo:
FICHA DE AUTO – AVALIAÇÃO
Escola:- -----------------------------------------------------------------
Aluno: ------------------------------------------------------------------
Turma: -----------------------------------------------------------------
Disciplina: -------------------------------------------------------------
Data: --------------------------------------------------------------------
Assinale o desempenho que você considera correspondente ao seu
comportamento;
SIM NÃO ÀS VEZES
Habilidade de saber ouvir
Presto atenção à fala do professor
Respondo com prontidão às perguntas feitas em
classe.
Escuto as opiniões dos colegas
32
O teor das perguntas pode variar, de acordo com os aspectos a serem analisados:
aproveitamento nos estudos, comportamento na escola, relacionamento com os colegas,
participação e cooperação nos trabalhos em grupo, condições de saúde, hábitos,
sentimentos, atitudes. Algumas listas destinam-se uso do professor, para registro de
observação. Outras devem ser respondidas pelos próprios alunos. Nesse caso, os
aspectos focalizados devem levar em conta o nível de desenvolvimento dos alunos e sua
formação escolar.
Aos alunos que cursam as séries iniciais do 1º grau, convém apresentar um
roteiro contendo poucas perguntas, pois ainda estão sendo iniciados na auto-avaliação.
4.5- Observação
A observação é uma das técnicas de que o professor dispõe para melhor
conhecer o comportamento de seus alunos, identificando suas dificuldades e avaliando
seu desempenho nas várias atividades realizadas e seu progresso na aprendizagem.
Através da observação direta dos alunos no contexto das atividades cotidianas de sala de
aula, onde eles agem espontaneamente, sem pressão externa que altere a sua conduta
(como no caso de uma situação de prova), o professor pode colher e registrar muitas
informações úteis sobre o rendimento escolar.
A observação permite avaliar objetivos educacionais que não podem ser
apreciados com eficiência por outras técnicas. A observação direta do comportamento e
dos trabalhos realizados pelos alunos pode ser a melhor forma de colher e registrar
informações que permita avaliar:
• A consecução de certos objetivos educacionais na área afetiva envolvendo
interesses, hábitos e mudanças de atitudes;
• Comportamentos sociais, traduzindo em termos de habilidades de convívio
social;
• Alguns aspectos referentes ao desenvolvimento físico.
33
Portanto, a observação fornece dados não apenas sobre o rendimento e as
dificuldades de aprendizagem, mas também sobre o alcance de certos objetivos. “É a
técnica mais adequada para apreciação dos aspectos do desenvolvimento que não
podem ser aferidos através de provas, o que é muito importante para a escola atual, onde
se pretende criar condições para que o aluno desenvolva sua personalidade
integralmente, e não apenas adquira conhecimentos”.
Em geral, os professores aplicam na sala de aula a observação casual,
observando os alunos de modo espontâneo e informal. Embora a observação casual ou
assistemática também forneça dados aplicativos, seu uso requer certo cuidado, evitando-
se fazer interpretações muito apressadas, que conduzam os julgamentos falsos, baseados
em idéias preconcebidas.
É comum os professores concentra-se suas observações nos alunos considerados
“indisciplinados” ou que causa problemas de aprendizagem, registrando apenas os casos
pertinentes esquecendo de observar mais detalhadamente os alunos “quietinhos’ e
calados, ou aqueles que aprendem com facilidade e rapidez”.
34
CONCLUSÃO
Em virtude do que mencionado, constata-se a ênfase no desempenho do aluno.
Verifica-se que, com isso, enquanto a avaliação escolar estiver voltada exclusivamente
para o aluno, ou sela, não houver uma conscientização de uma nova metodologia para o
aluno e a inclusão da própria escola no processo, a qualidade do ensino continuará
comprometida.
Uma vez que verificado este fato, reforça-se o posicionamento e a importância
de que o professor e os profissionais da instituição de ensino vem estar continuamente
investigando as melhores situações de avaliação, as mais eficientes formas de coleta e
sistematização dos dados, sua compreensão e utilização, bem como o processo mais
eficiente de capacitação dos professores em avaliação.
Sugestões em termos de soluções alternativas foi o propósito do trabalho.
Procurando dar continuidade à interpretação das definições, enfatizou-se a diferença
entre testar, medir e avaliar e como utilizar os instrumentos de avaliação. Visto isso,
verifica-se a importância da avaliação no sistema escolar, pois é através da mesma que o
professor e a escola avaliam se os objetivos foram alcançados.
Em relação às deficiências de aprendizagem possivelmente decorrentes de
práticas inadequadas de avaliação, a escola pode contar com o auxílio do corpo
pedagógico, a revisão dos procedimentos avaliativos em relação ao aluno. Não é uma
tarefa fácil, mas que pode ser alcançada a medida que cada um se predispõe para tal fim,
criando um meio organizacional favorável aos objetivos desejáveis.
35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GANDIN, Danilo. Escola e transformação social. Petrópolis: Vozes, 1989.
MARQUES, J.C. A aula como processo.Petrópolis: vozes, 1989.
HAYDT,Regina Cozaux. Avaliação do processo Ensino - aprendizagem. Ed. Ática,
1991.
HOLFMAN, Jussara. Avaliar para promover. Porto Alegre: Ed. Medição, 2001.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.
LIMA, Adriana de Oliveira. Avaliação escolar – Julgamento x Construção. Petrópolis:
Vozes, 1994.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da Aprendizagem Escolar. Estudos e
proposição. Ed. Cortez: São Paulo, 1996.
SANTANA, Ilza Martins. Por que avaliar? – Como avaliar? - Critérios e instrumentos.
Petrópolis: Vozes, 1995.
________.Avaliação educacional escolar: para além do autoritarismo. Revista da
ANDE. São Paulo, 1986.
.