UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO DE … · Maria Helena de Albuquerque Trabalho Monográfico...

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO-PEDAGÓGICAS ESTIMULAÇÃO PRECOCE DA CRIATIVIDADE CRIATIVIDADE Por Maria Helena de Albuquerque Orientador: Marco Antonio Chaves de Almeida Rio de Janeiro, abril de 2001. DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO-PEDAGÓGICAS ESTIMULAÇÃO PRECOCE DA CRIATIVIDADE

CRIATIVIDADE Por Maria Helena de Albuquerque Orientador: Marco Antonio Chaves de Almeida

Rio de Janeiro, abril de 2001.

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO-PEDAGÓGICAS ESTIMULAÇÃO PRECOCE DA CRIATIVIDADE

CRIATIVIDADE Por Maria Helena de Albuquerque Trabalho Monográfico apresentado como requisito parcial para obtenção do Grau de Especialista em Arteterapia em educação e Saúde.

Rio de Janeiro, abril de 2001.

Agradeço a Jorge França Ferreira que auxiliou-me na digitação deste estudo

Dedico este trabalho de pesquisa aos profissionais de Arteterapia, Educação e de Saúde.

“Aprenda a entrar em contato com o silêncio dentro de si mesmo e saiba que tudo nessa vida tem um propósito .” Elizabeth Kübler-Ross

SUMÁRIO

Resumo 6

Introdução 7

1.1- Tema 7

1.2- O Problema 7

1.3- Justificativa 7

1.4- Objetivos 7

1.5- Hipótese 8

1.6- Delimitação do estudo 8

Cap.I

Criatividade 9

Cap II

Estimulação Precoce da Criatividade 13

Cap.III

Conclusão 22

Referências Bibliográficas 24

RESUMO

No curso evolutivo da humanidade, talvez um milhão de anos antes de surgir o homo sapiens depara-se com espécies a caminho da humanização. Os chamados homínidas deixaram vestígios que permitiram inferir uma existência já de certo modo consciente-sensível e cultural, de criatividade. Não se sabe quando , como e onde exatamente o homem adquiri características de criatividade, mas em cavernas e em muitos instrumentos utilizados milhões de anos atrás, pode-se falar em criação, criatividade. E para que ela continue a existir deve ser mais e mais estimulada, desde a tenra idade.Este estudo tenta evidenciar a importância da estimulação precoce da criatividade.

6

1. INTRODUÇÃO

1.1- Tema

ESTIMULAÇÃO DA CRIATIVIDADE

1.2- O problema

A questão a ser investigada em relação ao tema escolhido é a

seguinte: que importância tem a estimulação precoce da criatividade para o

desenvolvimento e melhor uso desta no futuro do indivíduo?

1.3- Justificativa.

Este estudo é de grande relevância pois, acredita-se que a

criatividade é nata, por muitos pensadores , ou desenvolvida, por outros

pensadores. Assim, até que ponto um indivíduo que não tenha sua criatividade

estimulada, poderia desenvolvê-la? O trabalho visa esclarecer este dilema, de

modo sucinto e claro.

1.4- Objetivos

- Definir o que vem a ser criatividade

- Apresentar formas de estimulação precoce da criatividade

7

1.5- Hipótese

A estimulação precoce da criatividade é fundamental para que

ela possa desenvolver-se de modo a ser utilizada de modo máximo na vida

futura do indivíduo.

Quem não tem sua criatividade precocemente estimulada,

sente dificuldades e até medo em criar, no seu dia-a-dia, em seus vários

setores existenciais, seja nos estudos, trabalho, lazer, afetivamente,etc.

1.6- Delimitação do estudo

Após identificação do problema, e dos objetivos delimitados, o

presente estudo será elaborado em revisão de literatura, isto é, pesquisa de

caráter bibliográfico, após prévia seleção e estudo de livros sobre o tema

proposto, para desenvolver a pesquisa de modo claro, objetivo e sucinto,

tentando comprovar que a criatividade deve ser estimulada precocemente no

indivíduo.

8

I. A CRIATIVIDADE

O poder da criação constitui uma das mais fantásticas forças

do psiquismo humano.

A criatividade é singularmente humana. Ela é uma qualidade

de vida; uma capacidade humana especial de ver, sentir, ouvir e perceber o

que outros não são capazes de fazer. Criatividade consiste em ir além daquilo

que, no momento, parecemos conhecer ou sentir.Esta qualidade humana

individualista a criatividade torna possível a alguém fazer escolhas, agir

independentemente, descobrir novas oportunidades, ver novas relações,

procurar o inesperado, experimentar alguma coisa de maneira diferente,

aventurar-se em empreendimentos sem a certeza do resultado, reconstruir

velhas idéias e associações, e então concentrar-se em novas alternativas. A

criatividade constitui-se força ou poder dinâmico, uma parte inerente da

estrutura de cada um, que pode ser estimulada, ampliada e expressada. 1

A criatividade, antes de ser uma habilidade ou capacidade de

fazer coisas e produzir idéias, é uma disposição interior que propicia ao

indivíduo consciência de si como um sujeito humano em evolução e

transformação permanente. É um movimento em direção à autodescoberta e

um homem é tanto mais criador quanto mais capaz é de descobrir, sentir e

expressar seu próprio ser.2

1 Fleming, R. Currículo Moderno. Rio de Janeiro; Lidador, 1974. 2 May, R. O homem à Procura de Si Mesmo. Rio,Petrópolis: Vozes, 1972.

9

A criatividade, assim, representa todo o esforço sensível e

inteligente do homem para agenciar sua própria existência, sua própria história

e seu próprio tempo de uma forma evolutiva, mutacional e enriquecedora.

Desta forma, o indivíduo criativo jamais se situa como objeto de

qualquer processo histórico, social ou cultural, é próprio dele abalar-se contra

toda e qualquer medida de controle ou padronização de sua forma de ser,

pensar, sentir e agir. Ele é o agente de seu próprio destino.

O indivíduo que possui e tem estimulado seu espírito criador,

não se manifesta apenas nas artes e ciências, mas aparece altaneiro no dia a

dia, nas relações interpessoais , no sentido crítico que o sujeito dá à sua vida e

ao seu trabalho, no impulso constante para a análise e a reforma de seu

mundo, na viabilização frequente de projetos pessoais e sociais e,

principalmente, na alegria e espontaneidade com que o indivíduo tende a viver

sua própria existência.

Criar , na arte, na ciência ou nos negócios, e criar a si mesmo,

desenvolvendo as próprias aptidões, tornando-se mais livre e mais

responsável, são dois aspectos de um mesmo processo.Todo ato de genuína

criatividade marca a chegada a um plano de auto-consciência e liberdade

pessoal mais elevado.3

3 May, R. op.cit.

10

Criar, então, não significa apenas uma necessidade humana

natural, ma também um ato de coragem: para deflagrar o início de uma

existência criadora, ou assegurá-la, é preciso romper as velhas ordens para

que delas nasça uma outra e nova ordem.4

A criatividade é um processo de auto-enriquecimento, que se

estende com o tempo, marcado pela originalidade e pela imperiosa

realização.Pode ser rápida, como a inspiração de um poema, ou duradoura

como a criação de uma teoria a até perdurar pela vida inteira, como uma forma

de ser e de viver. Um estilo, enfim.

A causa principal da criatividade parece ser a tendência do

homem para se realizar a si próprio, para se tornar no que em si é

potencial.Isto é, uma tendência diretriz, evidente em toda a vida orgânica e

humana, de se expandir, de se estender, de se desenvolver e amadurecer , a

tendência para exprimir e para pôr em ato todas as capacidades do organismo

ou do Eu. Esta tendência pode estar profundamente enterrada por debaixo das

camadas psicológicas defensivas; pode esconder-se por detrás de fachadas

elaboradas que negam a sua existência. É esta tendência que é a motivação

primária da criatividade quando o organismo forma novas relações com o

ambiente num esforço para ser mais plenamente ele próprio.5

4 Greening, T. Psicologia Existencial-Humanista. Rio de Janeiro:Zahar,1975. 5 Rogers, C. Tornar-se Pessoa. Lisboa: Moraes, 1980.

11

Uma vida criativa é uma busca eterna de si, dos outros, do

universo e, neste extraordinário esforço, o indivíduo se torna cada dia mais

perceptivo e sua abertura para a riqueza e a complexidade das experiências

surge cada vez mais fortalecida e dimensionada.6

O indivíduo criativo revela uma abertura e um aceitação

maiores dos próprios sentimentos e emoções, manifesta uma inteligência mais

sensível, uma consciência de si e dos outros mais profunda e uma ausência

total de categorias rígidas de pensamento. Para ele nenhuma pessoa e coisa

alguma pode deter todas as respostas.

O indivíduo criador é elevadamente flexível, destituído de

preconceitos, tem uma atitude lúcida para com a vida. Num certo sentido é uma

qualidade infantil, uma vez que a criança é um experimentador e explorador

natural, que enfrenta de braços e espírito abertos toda experiência nova e que

constantemente cria, com pensamento, palavra, gestos, lápis e tintas, daí a

importância de se estimular ao máximo a criatividade na tenra idade, para que ,

com a idade, não se tornem pessoas tímidas ,conservadoras, quer na

aceitação de experiências novas quer em reagir a elas, e não se tornarem

totalmente conformadas com tudo e todos, conformadas a costumes e usos da

sociedade, colocando a segurança acima da curiosidade, que não deixa

vivenciar nova experiências e conceitos, fechando as portas da criatividade.

6 Id.ibidem.

12

II. ESTIMULAÇÃO PRECOCE DA CRIATIVIDADE

O indivíduo que tem sua criatividade estimulada precocemente,

serão adultos que preferirão a complexidade das experiências, a insegurança,

os desafios, as aventuras e até mesmo a desordem, do que serem simples e

estéreis.

O indivíduo estimulado precocemente em sua criatividade, será

isento de restrições convencionais e de inibições, despreocupado com a

impressão que causa a outra pessoa e, por conseguinte, capaz de grande

independência e autonomia, relativamente disposto a reconhecer e admitir que

seus pontos de vista são fora do comum e inconvencionais. É ainda,

fortemente motivado a atuar em situações em que a independência de

pensamento e de ação são exigidas.Mas à diferença dos indivíduos menos

criativos, é menos inclinado ao esforço para a realização em ambientes em que

se espera ou se exija um comportamento conformista.7

A sensibilidade e a imaginação evoluem a partir do nascimento

pela receptividade do novo indivíduo aos estímulos ambientais.

Extraordinariamente perceptiva e livre da “hipótese cultural”,

porque ainda nascente, a criança constrói um universo próprio. Para ela, o

mundo é tão recente que carece de nomes, e ela própria virá a nomea-lo

7 Kneller, G F. Arte e Ciência da Criatividade. Ão Paulo:Ibrasa, 1981.

13

conforme suas percepções e envolvimento e mediante uma gesticulação

expressiva de início e, depois, mediante sons genuínos e conceitos próprios.

Mais tarde, com o passar do tempo e a influência da presença social, ela se

inicia na limitação dos sons e a reproduzir os ritmos. Com a conquista da

linguagem, ela passa a perguntar o nome formal das coisas e a explorar tudo

com entusiasmo e paixão ainda vivos.

A curiosidade fertilíssima e a descoberta do próprio Eu marcam

os dois anos de idade, pródigos de mobilidade, encantamento e auto-estima.

Dessa idade aos 6 anos, desenvolve-se um amplo sentimento

de autonomia. Tudo a criança quer fazer sozinha e por si mesma. É

extremamente orgulhosa de si e profundamente empática para com os outros.

É dotada de uma incrível capacidade para maravilhar-se e sua vida interior é

inteiramente dominada pela fantasia e a imaginação. Seu poder criador e sua

capacidade intuitiva são extraordinariamente férteis e promissores. É

aventureira e exploradora e, não raro, seu modo de ser, de pensar e de

expressar-se cria situações sociais embaraçosas que, muita vezes, custa-lhe

um alto e injusto preço.8

É a fase do faz-de-conta e do “era uma vez” de incríveis

possibilidades, transformações e acontecimentos. Nada se vincula a tempo e

8 Márquez, G.G. Cem anos de solidão. 10 ed. Rio de Janeiro. Sabiá, 1989.

14

espaço. Nada tem origens nem fins precisos e eternos. Tudo é mágico e

fantasioso, fantástico e maravilhoso.

Para a criança só existe uma realidade: a de estar viva- e só

um direito: o de poder viver, o que, em outras palavras, para ela quer dizer

liberdade para experimentar, para movimentar-se, para envolver-se, para

entregar-se, para crescer e para ser.

Mas, por força dos instrumentos de controle do

comportamento, já aos 7 anos de idade, manifesta-se o poder de modelagem

cultural e social. Muitos meninos exibem empobrecimento da imaginação,

manifestando-se verbal e plasticamente de modo mais convencional. Os

desenhos são mais representativos e a aprendizagem de regras morais é

favorecida nesta ocasião em que a instrução é valor absoluto.9

Dos oito aos dez anos, apesar de estereótipos e padrões

sociais de comportamento, a criança mostra-se bastante crítica e emerge na

busca incessante de verdade, lutando pela autonomia perdida. Dotada de

inúmeras habilidades, só lhe falta oportunidade para exprimir seu engenho.10

Durante a puberdade ocorre a crise de originalidade, é a idade

do realismo e da gang. Adolescentes temem a crítica externa, nesta idade

conflituosa, pela necessidade de auto-afirmação e aprovação social, os

9 Torrance, E .P Orientação del talento creativo. Buenos Aires: Troquel, 1969.In: Rodrigues,Picologia :Uma crônica do desenvolvimento humano. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1976 10 Id.ibidem.

15

meninos tornam-se rígidos desde o comportamento até à expressão plástica. O

que o grupo de companheiros aceita, é lei. A roupa, a moda, gírias assumem

grande importância, mas muitas vezes nada tem a ver com criatividade, mas

modelos pré-estabelecidos.11

Somente a criança incomum pode suportar as pressões

tendentes a conformar as normas de conduta nesta época. Para alguns a

criatividade volta a ter lugar depois da crise, mas a maioria se perde para

sempre, e não poderá mais ser desenvolvida, pois, fica óbvio, que, após tudo o

que foi exposto, deveria ter sido precocemente motivada, estimulada.

Mas, mesmo assim, apesar de pressões sociais exercidas

durante toda a adolescência, e da insegurança e do sentimento de

inadequação então produzidos entre os adolescentes, a maioria deles encontra

grande prazer na exploração, nos jogos de representação imaginativa e nas

experiências.

Dos 10 aos 12 anos, a leitura constitui interesse predominante

e as aptidões artísticas se desenvolvem rapidamente,sobretudo no campo da

música.Entretanto, o fracasso, o excesso de expectativas sociais e as críticas

externas podem facilmente minar o poder criador na base e perdê-lo de modo

irreversível.12

11 op.cit 12 Torrance, E.P. op cit

16

Na adolescência, o momento presente é a única verdadeira

preocupação. Os jovens vivem o aqui e o agora como se tudo fosse acabar no

momento seguinte, como se tudo fosse a última vez. A vida é vivida com

voracidade. As emoções são violentas e primitivas. E a aventura é sentida

como se fosse a essência da própria vida.

Dotados de grande poder de análise, os jovens criticam as

normas e valores adultos e reivindicam para si o direito de participar nas

decisões que lhe concernem.

O incentivo, isto é, a estimulação precoce à criatividade infantil

e juvenil só pode se efetuar pela viabilização de experiências com metas

específicas de curto alcance, excitantes e de grande dificuldade de execução.

Apenas os projetos sentidos pelo adolescente como um desafio à sua

inteligência e sensibilidade podem ser, por ele, aceitos e realizados. É também

a hora adequada para propiciar-lhe experiências que provem sua capacidade

de escolha, decisão e responsabilidade.

Dos 14 aos 18 anos, o jovem é capaz de aperceber-se que

não existem soluções absolutas para todos os problemas, mas apesar disso,

adota posições radicais no lar, na escola e no trabalho, cioso de manter íntegra

sua forma pessoal de pensar e sentir.13

13 Torrance, op cit.

17

À custa de muito conflito e desespero, o adolescente criativo

empreende uma luta dolorosa para ser ele próprio. Ao adulto, compete ajudá-lo

a canalizar criadoramente suas energias através do estímulo direto e incisivo

às experiências vitais mais culminantes como aventura, criação e amor.

Estimular a viver criativamente em sala de aula

É através da percepção criativa, mais do que qualquer outra

coisa que o indivíduo sente que a vida é digna de ser vivida. Em contraste,

existe um relacionamento de submissão com a realidade externa,onde o

mundo em todos seus pormenores é reconhecido apenas como algo a que

ajustar-se ou a exigir adaptação. A submissão traz consigo um sentido de

inutilidade e está associada à idéia de que nada importa e de que não vale a

pena o viver criativo para reconhecer, de maneira tentalizante, a forma não

criativa pela qual estão vivendo, como se estivessem presos à criatividade de

outrem, ou de uma máquina.

Essa Segunda maneira de viver no mundo é identificada como

doença, em termos psiquiátricos. De uma ou de outra forma a autora deste

estudo tem a crença de que viver criativamente constitui um estado saudável

e de que a atitude geral da sociedade brasileira e a atmosfera filosófica da

época em que o Brasil vive contribuam para o ponto de vista aqui sustentado e

referido à época atual: poder-se-ía não tê-lo mantido em outro lugar e em outra

época.

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Viver de maneira criativa ou viver de maneira não criativa

constituem alternativas de vida.

O impulso criativo é algo que pode ser considerado como uma

coisa em si, algo naturalmente necessário à um artista na produção de uma

obra de arte, mas também algo que se faz presente quando quanquer pessoa,

bebê,criança, adolescente, adulto ou idoso se inclina de maneira saudável para

algo ou realiza deliberadamente alguma coisa como prolongar o ato de chorar.

Está presente tanto no viver momento a momento de uma criança retardada

que frui o respirar, como na inspiração de um arquiteto ao descobrir

subitamente o que deseja construir, e pensa em termos do material a ser

utilizado, de modo que seu impulso criativo possa tomar forma e o mundo seja

testemunha dele.14

O lugar da criatividade é o do inter-relacionamento da pessoa

como o meio; da criança com o meio ambiente criado pelo professor na sala

de aula e a resposta dos outros a esse meio também; é o espaço potencial da

visão objetiva mesclada com a visão subjetiva da realidade.

Entre os 5 e 6 anos de idade, aproximadamente, a brincadeira

começa a se estruturar de uma ou outra maneira, ganha forma mais definida,

limites , pequenas regras que mais adiante darão lugar aos jogos , regras mais

elaboradas. Quando a brincadeira livre dá espaço para o jogo, a objetividade.

14 Winnicott, D W . O brincar & e a Realidade. Rio de Janeiro: Imago,1975.

19

está sendo estudada e aprendida pela criança que entra na sociedade em que

vive à medida que cresce, amadurece, saindo dos chamados anos mágicos

(dos zeros aos seis em média).15

A criatividade pode estar tanto na brincadeira exploratória como

na brincadeira construtiva; pode estar na criança e no meio ambiente. Cabe ao

professor pesquisá-la e desenvolvê-la, estimulá-la , por meio de sua exploração

e da sua construção, nos alunos, com o sentir, o penar.

A estimulação precoce da criatividade na criança, leva a

mesma a se envolver ao invés de distanciar, ir e voltar e não se afastar;

praticar; refletir, criar e recriar. Serão crianças com um jeito original, único, bem

pessoal.

Para estimular precocemente a criança à criatividade há alguns

passos:

¬ Fazer descobrindo:

- Estimular a criatividade, sem podar, sem fazer críticas

negativas, valorizando e estimulando, respeitando até onde

o grupo pode chegar ;

- Não queimar etapas, ou seja, não determinar o que vai ser

feito, mas despertar o espírito de busca, a curiosidade e a

descoberta.

15 Machado, M M .O brinquedo –sucata e a criança: importância do brincar. São Paulo: Loyola,1994.

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- Dar orientações quando forem solicitadas como forma de

fluir a atividade;

- O fazer com liberdade faz descobrir a capacidade, a

segurança, a independência.

¬ Obstáculos no exercício da Criatividade:

- Conformismo e desistência

- Velhas idéias, paradigmas e chavões

- Fronteiras, dificuldades imaginárias

- Preguiça mental

- Medo do ridículo de errar

- Perfeccionismo

- Adestramento ao invés de desenvolvimento.

¬ Estratégias no Exercício da Criatividade

- Observar a realidade e os acontecimentos sob outros

ângulos

- Melhorar nas idéias ,buscando sempre uma segunda,

terceira, quarta idéia...

- Gerar idéias fluidamente, sem julgar

- Anotar qualquer idéia, mesmo as mais absurdas

- Perceber, observar coisas não percebidas pelos demais

- Brincar com as idéias, criando multiplicidade

- Aprender com eventuais erros

- Aceitar e conciliar opostos.

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III. CONCLUSÕES

O criar só pode ser visto num sentido global, como um agir

integrado em um viver humano, pois criar e viver se interligam.

A natureza criativa do homem se elabora no contexto cultural.

Todo indivíduo se desenvolve em uma realidade social, em cujas necessidades

e valorações culturais se moldam os próprios valores da vida.

No ser humano confrontam-se dois pólos: sua criatividade que

representa as potencialidades de um ser único, e a criação que será a

realização dessas potencialidades já dentro do quadro de determinada cultura.

Mas, em qualquer cultura, a criatividade está presente. Basta olhar para os

povos de outrora, gregos, romanos, incas, chineses, cada qual deixou um

legado de criatividade, ora divergente ora semelhante, em suas expressões.

O ser humano nasce, como um cristal bruto, deve ser lapidado aos poucos

para se tornar uma pedra preciosa. A beleza está nisto. Desenvolver,

“empurrar”, estimular o ser humano a se auto-lapidar, inicialmente com a ajuda

de seu meio: pais, professores, amigos, etc, e, posteriormente, por si mesmo.

Mas, ao contrário, o meio tende a reprimir a criatividade,

manipulando, enrijecendo, massificando...O homem cresce com valores,

costumes, hábitos,etc, pré-frabricados, e muitas vezes, não contesta. Assim

tem-se indivíduos rígidos, racionalistas, reducionistas, sem capacidade de criar

e de deixar os outros criarem!

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A sociedade capitalista, competitiva, repressiva, esmagadora,

deixa apenas quem convém, aos seus lucros, criar, obviamente, para seu

benefício próprio.

A tecnologia tenda alienar o homem, fazê-lo quase um robô,

mas as múltiplas exigências da vida, as múltiplas funções do homem moderno,

a aceleração das informações da era da Informática, o ritmo de vida super

ininterrupto e rápido, leva o homem, mais cedo ou mais tarde, a desejar

mais...a questionar, refletir, e sofrendo um processo de integração-

desintegração-integração, erro-acerto, ele começa a pensar na possibilidade de

criar, seja no lar, lazer, estudo, trabalho, negócios, a aprofundar a

compreensão de do seu mundo e de si, definindo respostas através da

criatividade. E ,se este mesmo indivíduo, já precocemente, tenha sido

estimulado a criar, ele rompe condicionamento, regras, impecilhos e esmaga a

realidade com seu potencial criador, ao invés de ser esmagado pela realidade

pelo seu potencial “castrador”.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Fleming, R. Currículo Moderno. Rio de Janeiro; Lidador, 1974.

Greening, T. Psicologia Existencial-Humanista. Rio de Janeiro:Zahar,1975.

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Márquez, G.G. Cem anos de solidão. 10 ed. Rio de Janeiro. Sabiá, 1989.

Machado, M M .O brinquedo –sucata e a criança: importância do brincar. São

Paulo: Loyola,1994.

May, R. O homem à Procura de Si Mesmo. Rio,Petrópolis: Vozes, 1972

Rodrigues, A Picologia :Uma crônica do desenvolvimento humano. São Paulo:

McGraw-Hill do Brasil, 1976

Rogers, C. Tornar-se Pessoa. Lisboa: Moraes, 1980.

Torrance, E .P Orientação del talento creativo. Buenos Aires: Troquel, 1969

Winnicott, D W . O brincar & e a Realidade. Rio de Janeiro: Imago,1975.

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