UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · e movimentos desperta o corpo e a afetividade,...

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE O BENEFICIO DA NATAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR DO BEBÊ Por: Sabrina Damasceno de Melo Orientador Prof. Mary Sue Pereira Rio de Janeiro 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O BENEFICIO DA NATAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO

PSICOMOTOR DO BEBÊ

Por: Sabrina Damasceno de Melo

Orientador

Prof. Mary Sue Pereira

Rio de Janeiro

2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O BENEFICIO DA NATAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO

PSICOMOTOR DO BEBÊ

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista

em.Psicomotricidade...

Por: Sabrina Damasceno de Melo

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a minha família, a meus

amigos de trabalho e a minha

orineadora pela ajuda na conclusão de

meu trabalho.

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho a meu filho

Fernando Octavio Damasceno Melo

Duarte da Rocha Martins que foi

gerado durante o andamento do meu

curso.

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RESUMO

O propósito desse estudo foi de investigar os benefícios da natação para

o desenvolvimento psicomotor de bebês. Para tal foram utilizados autores

contemporâneos que abordam os seguintes assuntos, natação,

psicomotricidade e desenvolvimento infantil. Conclui-se que a natação se

revelou uma atividade facilitadora do desenvolvimento infantil. Desenvolvendo

inúmeros aspectos que irão beneficiar sua maturação física, psicológica e

social, facilitando a evolução natural dos aspectos motores, que são

importantes para toda a vida, sendo possível contribuir para construção da

criança possibilitando-lhe a autonomia e a independência, tanto no meio

aquático como fora dele. Foi possível observar que a natação nessa fase da

vida ajuda a melhorar a saúde do bebê e o seu desenvolvimento.

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METODOLOGIA

Trabalho desenvolvido de forma bibliográfica com natureza de resumo

de assunto e os dados foram tratados por análise descritiva.

A pesquisa teve um numero significativo de livros e revistas, envolvendo

natação, atividades aquáticas e o desenvolvimento psicomotor infantil.

Baseada inicialmente nos seguintes autores RAMALDES 1999, DAMASCENO

1997, LE BOULCH entre outros.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8 CAPITULO I - A Psicomotricidade 11 CAPITULO II - O Bebê e o Ambiente Aquático 17

CAPITULO III - O Desenvolvimento psicomotor de bebês 28 CAPITULO IV - O Benefício da natação para o desenvolvimento 44 psicomotor de bebês CONCLUSÃO 52 BIBLIOGRAFIA 53 INDICE 55

8

INTRODUÇÃO

Através deste estudo vamos pesquisar qual é a relação da

psicomotricidade e a natação escolar para bebês.

Os três primeiros anos de vida são cruciais para o desenvolvimento do

indivíduo, pois é nesse período que ocorre o maior desenvolvimento

psicomotor. É nessa fase que o bebê começa a perceber seu corpo de forma

global, enriquecendo progressivamente seu desenvolvimento motor e a

estruturar sua imagem corporal.

Segundo GAZOLLI, 2006: A psicomotricidade aquática é uma das

formas de estimular as potencialidades utilizando a água como meio,

trabalhando a relação do indivíduo com o espaço, com o objeto, com o outro

consigo mesmo; baseia-se na criatividade e espontaneidade, e ambas devem

surgir naturalmente sem serem comandadas. Para as crianças, esse método é

eficaz e trás resultados surpreendentes porque se preocupa com o indivíduo

como um todo e respeita a sua capacidade maturacional. Através de atividades

e movimentos desperta o corpo e a afetividade, gerando assim, uma

ambientação no meio líquido.

Em função disso, cresce a procura dos pais, por atividades que possam

facilitar esse processo de desenvolvimento, tornando-o o mais eficiente

possível. A natação se insere neste contexto por utilizar o meio do qual os

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bebês já são adaptados, desde a gestação. Além de contribuir para o

desenvolvimento motor é uma atividade capaz de estimular o prazer, prevenir

possíveis acidentes e problemas respiratórios. Segundo GAZOLLI, 2006: Além

de melhorar a coordenação motora, proporciona noções de espaço e tempo,

prepara a criança psicologicamente e neurologicamente para o auto-

salvamento, estimula o apetite, aumenta a resistência cardio respiratória e

muscular, tranquiliza o sono e também previne várias doenças respiratórias.

Sem via de dúvidas, a natação infantil é o primeiro e mais eficaz

instrumento de aplicação da educação física no ser humano, assim como

excelente elemento para iniciar a criança na aprendizagem organizada. Logo,

torna-se possível afirmar no que diz respeito, por exemplo, ao desenvolvimento

psicomotor, sua decisiva participação na construção do esquema corporal e

seu papel integrador no processo de maturação como assinalam Damasceno

(1992, p.34).

Nesse sentido a natação é desenvolvida sob aspectos: recreativo,

utilitário e psíquico. Os benefícios da prática da natação não dependem da

técnica puramente dita ou do preparo físico. Mas sim, que contribua para ativar

o processo evolutivo psicomorfológico da criança, auxiliando o

desenvolvimento de sua psicomotricidade e reforçando o início de sua

personalidade.

RAMALDES (1999, p.17) diz que, podemos analisar que a natação,

enquanto prática espontânea sem a preocupação com a técnica, é uma

atividade natural.

Além de tudo já mencionado como motivo de preferência da natação

pelos pais existe também um fator muito importante é a relação de proximidade

com ambas as partes (pais e filhos) por ser uma atividade na qual eles

participam diretamente das aulas.

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Por esse motivo, o presente estudo tem por finalidade esclarecer qual o

benefício da natação e do meio líquido no desenvolvimento psicomotor do

bebê. Segundo CORRÊA & MASSAUD (2003, p.124), a natação age como um

pré-estimulo motor, pois, antes mesmo de a criança tentar deslocar-se fora da

água, já o consegue dentro da água, porque ela fica muito mais leve,

conseguindo, assim, executar movimentos, que muitas vezes não consegue

fora da água.

RAMALDES apud JANSSEM (1999, p.18), afirma que um aspecto muito

importante, a natação para bebês não deve ter como objetivo principal formar

um mini-campeão, e sim fazer com que eles gostem e tomem prazer pela água.

GAZOLLI (2006) afirma que: Os bebês trabalhados desde cedo com a

psicomotricidade aquática apresentam uma porcentagem elevada de

encorajamento e curiosidade. Despertar o corpo no mais diversas experiências,

trás mais confiança e sensibilidade para esses pequenos. Mesmo com pouca

idade já construíram e armazenaram muitas vivências corporais, com isso,

estão abrindo espaço para a conquista da autonomia e identidade.

O objetivo desse estudo é saber como a natação pode beneficiar o

desenvolvimento de bebês e como é feitos o primeiro contato do bebê com o

meio liquido.

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CAPÍTULO I

PSICOMOTRICIDADE

Psicomotricidade é uma ciência que tem por objetivo o estudo do

homem, através do seu corpo em movimento, nas relações com o seu mundo

interno e externo, bem como suas possibilidades de perceber, atuar, agir com o

outro, como os objetos e consigo mesmo. Está relacionada ao processo de

maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e

orgânicas. Segundo Ajuriaquerra, Psicomotricidade ”é a relação do

pensamento através do ato motor preciso, econômico e harmonioso”. Segundo

Jocian Machado Bueno Psicomotricidade “é uma ciência relativamente nova

que, por ter o homem como objeto de seu estudo, engloba várias outras áreas

educacionais, pedagógicas e de saúde”.

A Psicomotricidade, portanto,é um termo empregado para uma

concepção de movimento organizado e integrado, em função das experiências

vividas pelo sujeito cuja ação é resultante de sua individualidade , sua

linguagem e sua socialização.

Podemos simplificar tudo isso, afirmando que psicomotricidade é a

relação entre o pensamento e a ação, envolvendo a emoção. Assim, fica bem

fácil compreendermos seu significado.

Psicomotricidade como ciência da educação procura educar o

movimento ao mesmo tempo em que desenvolve as funções da inteligência

considerando todos os aspectos emocionais.

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Assim, sem o suporte motor, o pensamento não poderá ter acesso aos

símbolos e à abstração, o que se faz essencial às diferentes aprendizagens na

escola, principalmente na escola, principalmente à leitura e à da escrita.

1.1- Objetivos da psicomotricidade

Desenvolver o aspecto comunicativo do corpo, o que equivale a dar o

indivíduo a possibilidade de dominar o seu corpo, de economizar sua energia,

de pensar seus gestos a fiam de aumentar-lhes a eficácia e a estética, de

completar e aperfeiçoar seu equilíbrio. Portanto, psicomotricidade é uma

técnica que se dirige pelo exercício do corpo e do movimento considerando o

ser em sua totalidade e desenvolver também o conjunto de todos os aspectos

como, motor, intelectual e expressivo.

Na psicomotricidade é trabalhada a globalidade do indivíduo. È uma

disciplina que estuda a implicação do corpo, a vivência corporal, o campo

semiótico das palavras e a interação entre os objetos e o meio para realizar

uma atividade.

È também tem por objetivo maior fazer do indivíduo um ser de

comunicação, um ser de criação, de pensamento operativo, ou seja, a

psicomotricidade leva em conta o aspecto comunicativo do ser humano, do

corpo e da gestualidade. (Jocian Machado Bueno).

1.2 - Áreas psicomotoras

● Comunicação e expressão

Permite o individuo trocar experiências e atuar verbal e gestualmente no

mundo

13 ● Percepção

A Percepção esta ligada a atenção, a consciência, a memória. Os

estímulos que chegam até nos provocam uma sensação que possibilita a

percepção e a discriminação. Primeiramente sentimos, através dos sentidos:

Tato, visão, audição, olfato e gustação. Em seguida, percebemos, realizamos

uma mediação entre o sentir e o pensar. E, por fim, discriminarmos,

reconhecemos as diferenças e semelhanças entre estímulos e percepções. A

discriminação, por exemplo, é que nos permite ver o que é verde e o que é

azul, é a diferença entre 1 e o 7.

O desenvolvimento dos sentidos é o ponto de partida de todo

desenvolvimento mental.

A criança ao nascer já traz todos os mecanismos sensoriais aptos para

realizar um perfeito funcionamento, embora, sobretudo no tato, audição e visão

falta-lhe a coordenação e mais ainda o domino sobre as adaptações sensoriais

que se requer para captação do exterior. Porém

muito depressa ela realiza todas as conquistas e durante o seu primeiro ano

de vida desenvolve espontaneamente; contudo a educação também tem sua

contribuição.

O exercício favorável e desfavorável dos sentidos, sobretudo, nos

primeiros anos de vida infantil repercutira sobre toda a vida futura desta

criança. A Formação da inteligência depende em grande parte do

desenvolvimento e aperfeiçoamento dos sentidos.

A educação sensorial mais importante é a da visão, do ouvido e do tato,

porque são os sentidos mais práticos para a vida e os que subministram

elementos as faculdades superiores.

• Coordenação

È instintiva e ligada ao desenvolvimento físico. União harmoniosa de

movimentos. A coordenação supõe integridade e maturação do sistema

nervoso. A coordenação pode ser subdividida em:

1 - Coordenação dinâmica global ou geral – que envolve movimentos

amplos com todo o corpo, e desse modo coloca grupos musculares diferentes

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em ação simultânea, com vistas à execução de movimentos voluntários mais

ou menos complexos;

2 - Viso manual ou fina – que engloba movimentos dos pequenos

músculos em harmonia, na execução de atividades utilizando dedos, mãos e

punhos (pulsos);

3 - Visual – refere-se a movimentos específicos com os olhos nas

variadas direções

• Orientação e/ou Estruturação

A orientação espacial/temporal é importantíssima no processo de

adaptação do indivíduo ao ambiente, já que todo corpo animado ou inanimado

ocupa necessariamente um espaço em um dado momento. A orientação

espaço-temporal corresponde à organização intelectual do meio e está ligada a

consciência, a memória e as experiências vivenciadas pelo indivíduo.

• Conhecimento corporal e lateralidade

A criança percebe seu próprio corpo por meio de todos os sentidos. Seu

corpo ocupa um espaço no ambiente em função do tempo, capta imagens,

recebe sons, sente cheiros e sabores, dor e calor e movimenta-se. O esquema

corporal revela-se gradativamente a criança, da mesma forma que uma

fotografia revelada na câmera escura mostra-se pouco a pouco para o

observador, tamanho contorno, forma e coloração cada vez mais nítida.

O conhecimento corporal abrange:

- a imagem corporal – ou seja, a representação visual do corpo, a impressão

que a pessoa tem de si como bonita, alta, etc;

- o conceito corporal – que é o conhecimento intelectual sobre partes e

funções;

- o esquema corporal – que em nossa mente regula a posição dos músculos e

partes do corpo. O esquema corporal é inconsciente e se modifica com o

tempo.

Inserimos a lateralidade quando falamos de conhecimento corporal, pois

a chamamos de bússola de nosso corpo pois possibilita nossa situação no

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ambiente. A lateralidade diz respeito á percepção dos lados direito e esquerdo

e da atividade desigual de cada um desses lados.

Quando o indivíduo percebe que seu corpo possui dois lados e que um

deles é mais utilizado do que o outro é o início da discriminação entre Direita e

esquerda.

De início, a criança não distingue os dois lados do corpo; num segundo

momento, ela compreende que os dois braços encontram-se um em cada lado

de seu corpo, embora ignore que sejam direita e esquerda. Aos 5 anos,

aprende a diferenciar uma mão da outra e um pé do outro, em seguida, passa

a destingir um olho dom outro. Aos seis anos, a criança tem noção de suas

extremidades direita e esquerda e noção dos órgãos pares, apontando sua

localização em cada lado do seu corpo (ouvidos, orelhas, sobrancelhas,

mamilos). Aos sete anos sabem com precisão quais são as partes direitas e

esquerdas do seu corpo.

“As atividades psicomotoras auxiliam as crianças a adquirir boa noção de

espaço e lateralidade e boa orientação com relação a seu corpo, aos objetos,

as pessoas e aos sinais gráficos”.

• Habilidades Conceituais

A matemática pode ser considerada uma linguagem cuja função é

expressar relações de quantidade, espaço, tamanho, ordem, distância, etc.

Na medida em que brinca com formas, quebra-cabeça, caixa ou

panelas, a criança adquire uma visão dos conceitos pré-simbólicos de

tamanho, numero e forma. Ela enfia contas no barbante ou coloca figuras em

quadros e aprende sobre seqüência e ordem; aprende as fases: “Acabou, não

mais, muita”, o que amplia suas idéias de quantidade.

A criança progride na medida do conhecimento lógico – matemático,

pela coordenação das relações que anteriormente estabeleceu entre os

objetos. Para que construa o conhecimento físico (referente a cor, peso, etc). A

criança necessita ter um sistema de referência lógico- matemático que lhe

possibilite relacionar novas observações com o conhecimento já existente, por

exemplo: para perceber que um peixe é vermelho, ela necessita de um

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esquema classificatório para distinguir o vermelho de todas as cores e outro

esquema classificatório para distinguir o peixe de todos demais objetos que

conhece.

Em poucos meses, a motricidade geral do bebê evoluirá de um estado

bastante primitivo, falho, descoordenado e muito limitado, a um estado em que

ele será capaz de segurar os objetos com facilidade e de maneira fina, como

por exemplo, deslocar-se por meio da marcha. Isso ocorre como resultado da

maturação neurológica.

Tudo isso depende “muito” se o bebê tiver a oportunidade de vivenciar

em seu meio ambiente sócio-econômico-cultural-emocional.

A rapidez da progressão das condutas motoras varia de individuo para

individuo, mas o aparecimento dessas condutas motoras sucessivas é

basicamente em todas as crianças.

As atividades motoras são de inicio, globais, afetando ao mesmo tempo

braços, pernas e tronco; contudo, com o desenvolvimento, os gestos podem

ser efetuados em segmento corporal específico.

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CAPITULO II

O BEBÊ E O AMBIENTE AQUÁTICO

Em relação ao primeiro contato com o meio liquido, Segundo TAHARA,

SANTIAGO & TAHARA, (2006, p.02): É certo que a água está em nosso corpo,

na nossa vida e ocupa a maior parte de nosso planeta. Dentre outras inúmeras

características do meio líquido esta sua relação com a atividade física,

podemos observar a vasta quantidade de atividades que podem ser realizadas

em tal ambiente.

Sabe-se que a água é um ambiente “facilitador”, um verdadeiro

“envelope corporal” chamado de meio aquático. Apesar de permitir a

intervenção do adulto, deve-se ter como premissa básica “deixar a criança e a

água encontrarem-se, através do deixar a água atuar”, diz ONOFRE apud

BACHELARD (2000, p.330), afirmando ainda: A água é fascinante e

obsidiante[...], contemplante e captante de investimento de relações de poder e

afirmação[...], um meio de permeabilidade fantástica.

Segundo GAZOLLI (2006), Sabe-se que o feto está banhado por um

líquido chamado líquido amniótico, o qual está na mesma temperatura que seu

corpo e travessado permanentemente pelo fluxo sanguíneo da mãe.

Segundo ZULIETTI & SOUZA (2002, p.13): O bebê na água relembra

sua vivência dentro da barriga da mamãe durante a gestação, podendo-se

deduzir, então, que a água é prazerosa, principalmente o banho deve ser uma

descontração.

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Os primeiros passos de uma estimulação aquática seria o banho, que

tem por objetivo trazer prazer ao bebê.

Os preparativos para natação do lactente, inicia-se já imediatamente

após a alta do pediatra.

GAZOLLI (2006), afirma também que, os bebês são capazes de

executar diversos movimentos natatórios, de mostrando uma série de reflexos,

comuns na primeira infância. Tudo através de estímulos exteroceptivos, ou

seja, atividades que busquem facilitar o desenvolvimento dos órgãos sensoriais

das crianças, como o tato, a audição, o olfato, e a visão.

O primeiro contato do bebê com o meio liquido, é de suma importância,

devendo ser feito de forma gradual. Este contato influenciará diretamente em

todo o trabalho posterior a ser desenvolvido na água, e na segurança

necessária que o bebê deverá apresentar, para que seja feito um trabalho

prazeroso indicado para esta faixa etária. RAMALDES (1999, p.18) afirma que,

para que possamos alcançar um bom resultado com o bebê nas aulas,

precisamos de ajuda dos pais, os quais irão fazer os primeiros contatos com a

água. Proporcionando ao bebê o gosto pela água ou não. No 1º banho, que é

muito importante transferir calma, segurança e amor; brincar no chuveiro, na

banheirinha.

Segundo CORRÊA & MASSAUD (2003, p.130):

As primeiras experiências são decisivas para toda a vida. A adaptação

do bebê tem que ser bem suave e gradativa. Forçar é abandonar um ritmo

natural, gerando a insegurança e o medo. Não se consegue aprender sob

pressão. Paciência e amor é a base para seu aprendizado bem sucedido.

Essa adaptação é feita através da relação entre o bebê, os pais e o

professor, onde o professor a todo o momento tenta estabelecer um contato

gradual com o bebê, conquistando assim sua confiança, e utilizando para isso

todas as formas atrativas possíveis, tanto visuais como manuais, para chamar

a atenção do bebê. Segundo CORRÊA & MASSAUD (2003, p.130), “Muitos

objetos coloridos e diferentes devem ser sempre apresentados ao aluno.”.

Mas é importante o professor não tentar substituir os pais, segundo

ZULIETTI & SOUZA (2002, p.13), deve-se considerar os aspectos psicológicos

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de cada criança: o bebê ainda tem um circulo muito restrito de seu meio

ambiente; os adultos que o cercam, são de sua convivência familiar e

domestica, por tanto, qualquer pessoa estranha que entre no seu pequeno

mundo será motivo de abalo em seu equilíbrio emocional.

Segundo LE BOULCH (2001, p.39):

Até os 8 meses, a criança só tem da mãe um conhecimento vivido,

adquirido através do “dialogo tônico”.

Na medida em que a experiência vivida permite à criança associar o

prazer à presença da mãe, a sua ausência provoca uma frustração que explica

“a angústia do 8º mês”. A experiência da frustração tem um aspecto dinâmico,

já que a perda passageira do “objeto libidinal” é a origem do desejo, motor da

atividade intencional. A imagem materna tem função simbólica, sendo um fruto

da representação mental.

A partir deste período, um verdadeiro diálogo afetivo pode instalar-se

entre a criança e seu ambiente humano. A mãe terá um papel facilitador,

tentando captar toda a afetividade da criança.

De acordo com LE BOULCH (2001, p.50), a segurança da criança é

dada pela presença constante da mãe, que lhe proporciona elementos de

estabilidade necessários para enfrentar o meio estranho que começa a

explorar.

Segundo ZULIETTI & SOUZA apud BRESGES (2002, p.14), a boa

adaptação ao meio liquido dependerá principalmente da relação da criança

com a água, sendo resultado da maneira pela qual a aproximam do meio

liquido e do tempo que lhe concederam para brincar.

Para TAHARA, SANTIAGO & TAHARA, (2006, p.05), independente da

existência de conflitos internos, carência e potencialidades, o aluno é capaz de

desenvolver-se e adaptar-se ao meio líquido de acordo com seus limites e

ritmo próprio, rompendo barreiras e abrindo possibilidades de receber uma

educação baseada na valorização do desenvolvimento global do ser humano,

levando em consideração as estruturas físicas, emocional e intelectual da

criança.

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É o instante da descoberta do que os bebês são capazes de atuar em

meio aquático por si próprios. A cada aula, a cada movimento estabelecido na

relação, no convívio e na reciprocidade com os bebês e com os pais, é possível

perceber o quanto é proveitoso deixar a água atuar, para que nessa relação

água-bebê possa ser estabelecido um momento de encontro entre o que é

possível, admissível e prazeroso para ele e não somente para nós.

Na maioria das vezes, gera-se muita ansiedade em querer apressar,

acelerar as fases do desenvolvimento infantil, transferindo assim para o bebê

toda a “nossa” vontade de vê-lo fazer o que gostaríamos de ver. É fundamental

que todos (profissionais, pais e professores) percebam os prejuízos causados

pela excessiva preocupação com os resultados, desempenhos, que interferem

negativamente no processo de ensino-aprendizagem. Todos querem, na

verdade, que o seu bebê, em poucas aulas, seja um expert em natação.

Há também os que superprotegem, querendo guardá-los em uma

“redoma de vidro” para que nada lhes aconteça. Esses acabam dificultando a

passagem do bebê da chamada dependência relativa à independência, como

diz Winnicott (1996).

Portanto, para trabalhar em meio aquático, é importante desenvolver a

capacidade de “saber segurar”, transmitindo nesse contato corporal a

segurança, a confiança necessária para que o bebê sinta pelo toque da mãe,

ou de quem o está segurando, afeto, carinho, com gestos que demonstrem

ternura, vontade de querer segurar e conter algo que faz parte de si e não

simplesmente segurar por segurar...

Quando o bebê está mais confiante e já sentiu o prazer da água em seu

corpo, por intermédio da confiabilidade humana, transmitida, sobretudo pelo

toque corporal, ele descobrirá que, sozinho, também pode fazer alguns

movimentos, descobrindo-se e desafiando-se por sua própria conta e ritmo.

Logo, o processo de adaptação ao meio aquático na verdade não

começa na piscina, mas sim no banho, porque é nele que a cada dos o bebê

vai descobrindo o seu próprio corpo. A função da mãe é a de dar a esse corpo

uma forma, um sentido, um significado que deve ser respeitado e favorecido.

21

Portanto, a disponibilidade corporal do adulto é fundamental nesse

processo. Ele deve estar disponível corporalmente para receber em seus

“braços” esse bebê que estabelecerá o elo privilegiado do relacionamento, que

é o olhar.

O tom de voz é outro fator relevante, pois este pode ser uma ferramenta

pedagógica de extrema valia ou não. Tudo dependerá da forma como a

utilizamos. Se o tom de voz for grosseiro, alto e parecendo exigência,

cobrança, dificilmente o bebê corresponderá aos nossos estímulos. Por outro

lado, se falarmos com calma, de modo pausado e de forma clara, será mais

fácil haver sintonia, fazendo ele se sentir seguro e entender as nossas

verbalizações e nossa linguagem com estímulo.

Segundo FILHO apud LAPIERRE e LAPIERRE (2003, p.54) comenta

que pelo ritmo da voz pode-se estabelecer um acordo tônico a distância com o

bebê, pois este é o equivalente ao acalento e às tensões afetivas e emocionais.

De acordo com VELASCO (1994, p.45): A todo o momento na água,

entram informações no cérebro provindas dos olhos, dos ouvidos, da pele, dos

músculos, da gravidade, da impulsão, da flutuação, etc., que terão de ser

organizadas em termos de “tráfego” neurológico, para que se observe um

resultado final adaptável e seguro, caso contrário, a sua desorganização ou

“engarrafamento”, vão produzir um comportamento aquático inadequado e

desajustado.

Segundo VELASCO (1994, p.45), para que a criança nadadora se torne

um ser adaptado na água, a sua imagem do corpo tem de estruturar-se a partir

de uma estabilidade emocional enriquecida, na medida em que o meio aquático

é liquido e o ar gasoso. Na água sente-se todo o “envelope corporal” enquanto

o ar não é tão sentido em termos de localização proprioceptiva e de integração

cinestésica.

Permanecer ou estar na água é, sobre o ponto de vista sensorial e

psicomotor, amplamente diferente do que estar situado ou posicionado em

terra, daí a especificidade da reaprendizagem postural e motora naquele

envolvimento.

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Equilibrar, voltar, virar, baixar, levantar, saltar, correr, ou apoiar, agarrar,

apanhar, preencher, etc., na água implica uma expansão e uma ampliação do

repertório psicomotor da criança nadadora. Algo peculiar e significativo em

termos de intervenção pedagógica ocorre quando estamos em presença de

seres humanos inconclusos na sua organização psicomotora; onde os fatores

da auto-confiança ainda não estão consolidados, sequer ao nível da terra firme

ou seca, e mesmo que o estejam, tais fatores são por si suficientes para

garantir segurança e disponibilidade na água.

2.1 - Propriedades da água

De acordo com VELASCO (1994, p.21 a p.23) segue um breve

esclarecimento das propriedades da água para facilitar nosso conhecimento e

justificar o que ocorre conosco quando imergimos nela. ● Densidade

O princípio de Arquimedes estabelece que, quando um corpo é

submerso na água, ele experimenta uma força de empuxo igual ao peso do

líquido que ele deslocou; todo o corpo com densidade menor que um pode

flutuar (desde que a densidade relativa da água seja aproximada a um).

Cada pessoa tem sua própria densidade.

Fatores:

-os mais densos que a água (músculos e ossos compactos)

-os menos densos que a água (gordura, ossos esponjosos e quantidade

de ar nos pulmões).

A densidade relativa do corpo humano varia com a idade:

- 0,86 para crianças;

- 0,97 para adolescentes e adultos jovens; e

- decrescendo novamente nos adultos idosos.

A densidade também varia de acordo coma mudança de temperatura. ● Equilíbrio

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O corpo na água está sujeito a duas forças opostas gravidade e

flutuação.

Se estas forças são iguais e opostas o corpo estará em equilíbrio e não

ocorrerá movimento e sempre será rotatório. ● Turbulência

Turbulência é a redução da pressão pela movimentação da água.

Quando um corpo ou objeto se desloca na água ele encontra uma

resistência que se subdivide em positiva (ação) e negativa (reação).

Positiva – é a onda ascendente, é a pressão positiva na frente do corpo

ou objeto e corresponde a aproximadamente 10% da resistência.

Negativa – é a onda descendente, é a pressão negativa, a que foi criada

diretamente atrás do corpo ou objeto. Forma-se uma área de baixa pressão

que cria turbulência e suga o corpo para baixo.

O grau de turbulência depende da velocidade do movimento e a forma

do corpo influencia na produção da turbulência. ● Fricção

A diferença da fricção da pele do corpo no ar para a água é 790 vezes

maior, fator este que dificulta os movimentos e requer um gasto maior de

energia comparado aos mesmos movimentos fora da água (ar). Isto significa

que o ritmo de realização dos movimentos são mais lentos na água. ● Pressão

A lei de pascal estabelece que a pressão hidrostática é exatamente igual

em qualquer corpo, na posição horizontal.

A pressão aumenta com a profundidade e com a densidade da água.

Para execução dos movimentos mais facilmente, é necessário que o

corpo se encontre em posição horizontal. Quando o corpo não está nessa

posição, em contato com a água, os movimentos passam a ser mais difícil, o

que pode ser superado com alongamento dos segmentos corporais ou com

acréscimo de materiais. ● Temperatura

A temperatura da água exerce muita interferência em várias aspectos,

como interesse de participação a nível motivacional, trabalho de musculatura –

24

mais quente para os hipertônicos – menos quente para os hipotônicos,

relaxamento e flutuabilidade. De nossa experiência acreditamos que essa é

uma questão bastante individual. Há pessoas que possuem muito desempenho

em água mais quente, outras preferem água mais fria. Devemos atender essas

necessidades individualmente, principalmente com os bebês e os deficientes,

pois estes são mais perceptíveis e sensíveis a nível tátil-bárico com a água e o

seu desempenho motor é quase que relacionado diretamente a esse fator.

2.2 – Características dos bebês

Segundo VELASCO (1994, p.16), os bebês são considerados como

“auto-didatas”, já possuem inatos vários reflexos, que com o passar do tempo

serão desenvolvidos ou adormecidos, dependendo da quantidade e qualidade

de estímulos que lhes forem oferecidos.

As crianças não têm o hábito de pedir permissão para começar a

aprender. Elas vivem as experiências todas de forma descontraída e acabam

adquirindo os conteúdos, simplesmente através do prazer da realização.

Segundo CORRÊA & MASSAUD (2003, p.115): Durante a infância se

configuram as linhas afetivas e intelectuais do indivíduo. Do modo como

transcorrem os primeiros anos de uma pessoa, dependerão, em boa medida,

seus êxitos e fracassos na vida profissional e nas relações que estabelece com

sues semelhantes.

Ainda segundo CORRÊA & MASSAUD (2003, p.116), as informações

que podemos dar ao leitor, assim como o seu próprio bom senso e as

observações, dizem-lhe que, à medida que a criança cresce, as suas

capacidades aumentam. Ela progride, inexploravelmente, das espécies de

reações mais simples e imaturas, para as mais complexas.

Os especialistas em crianças estavam convencidos, ainda há poucas

décadas, que esse desenvolvimento se efetua segundo aquilo que se poderia

designar como um processo retilíneo - do simples para o complexo, sem

25

qualquer complicação. A investigação recente revela, porém, que o

desenvolvimento avança de maneira mais complicada do que originalmente se

tinha pensado.

De maneira geral, se tudo bem, avança do simples para o mais

complexo, mas registram-se complicações interessantes – complicações estas

que os pais, bem como psicólogos e pediatras, compreendam.

Segundo CORRÊA& MASSAUD (2003, p.115), temos observado que

em qualquer comportamento em vias de desenvolvimento há tipos de reações

paralelas, mas opostas, que ocorrem alternadamente, ora uma, ora outra, em

repetida alternância, até o comportamento atingir sua fase final ou perfeita. É

provável que, na vida prática cotidiana, um desses dois tipos opostos de

reações seja tido na conto de imaturo ou menos desejável e o outro se

considere como um amadurecimento o mais desejável. Em vez de o tipo de

resposta imaturo ir desaparecendo com o aumento da idade, parece que

ambos os tipos de resposta se alternam repetidamente.

Não se trata, porém, de um simples regresso do bebê exatamente ao

mesmo tipo anterior de comportamento imaturo, mas é como se o trilho do

desenvolvimento se desenrolasse numa espiral ascendente da direita para a

esquerda (mas sempre para cima), salientando ora o lado menos amadurecido

da espiral, ora o lado mais amadurecido.

Este tipo do desenvolvimento exprime-se, talvez, com maior clareza, no

primeiro ano de vida, quando o bebê desenvolve a capacidade de rastejar,

engatinhar, ficar de pé e andar.

Segundo CORRÊA & MASSAUD (2003, p.116): Notamos que, primeiro

os braços e as pernas se encontram fletidos; numa fase mais adiantada estão

estendidos; numa fase ainda mais adiantada, estão outra vez fletidos; mais

tarde ainda, estão de novo estendidos; assim sucessivamente, até o bebê se

pro de pé, e caminhar em posição ereta.

As alternâncias mais aparentes no comportamento em pronação são as

da flexão e extensão predominantes dos braços e pernas. No entanto, outras

coisas que também se alternam são a abdução e adução dos braços e das

pernas, e alternância de movimentos bilaterais e unilaterais. Todas essas forçar

26

complexas trabalham conjuntamente para determinar qual a postura ou

progressão que o bebê irá ter, daí por diante, isto enquanto ele se encontrar

deitado de barriga, no seu primeiro ano de vida.

De acordo com VELASCO (1994, p.91):

Em 1939, na Austrália, Mnyrtha Mac Graw, mostrou que recém-nascidos

podiam realizar movimentos na água, surgindo assim o trabalho com bebês da

natação, no mundo.

Na França também, deu-se inicio a estimulação precoce no meio líquido

através do professor do Instituto Nacional de Esportes, Jacques Vallet, o qual

fez estudos prévios antes de iniciar os bebês na água. Esse trabalho era feito

nos Estados Unidos e na Áustria, mas fundamentado apenas em experiências.

Na Alemanha, em 1967, na Escola Superior de Esportes de Colônia,

Lathar Bresger e Lisellot Diem fizeram uma pesquisa científica sobre as

influências da natação no recém-nascido, sobre seu desenvolvimento

psicomotor.

Já em 1968, Jacques Vallet continuou seu trabalho com bebês, pela

beleza de vê-los evoluir na água, com olhos abertos, mas ainda sem

argumentos que o amparassem. Iniciou fazendo experiências rigorosas com

alguns bebês e a própria filha, durante 2 anos, juntamente com médicos,

psicólogos, educadores e biólogos. Com sua experiência relativa aos

comportamentos e reações dos bebês e a absorção do cloro, ele contribui

muito para a formação do “baby club”.

Desde 1971 vem sendo pesquisado sobre a influência da natação nos

lactentes em relação ao seu desenvolvimento psicomotor.

Uma das primeiras a aderir à natação para bebês, na França, foi a

veterana de uma equipe de mergulho, Claudie Panser, que inclui entre seus

alunos seu próprio filho Ajil, que em 1972 foi assunto de reportagem no France-

Sair com apenas 1 ano e 10 meses.

No final do século passado, médicos e psicólogos viam através da

natação uma maneira de se estudar o desenvolvimento da criança, obtendo

conhecimentos sobre o amadurecimento do sistema nervoso central, e que os

27

primeiros 22 meses da criança exercem grande influência na sua vida,

favorecendo suas habilidades motoras futuras.

Apesar de pouco incentivo e credibilidade, a natação para lactentes vem

sendo desenvolvida aproximadamente há 20 anos.

2.2.1– Proposta de trabalho

● Dos 3 meses a aproximadamente 1 ano

Segundo VELASCO (1994, p.92):

Segundo a proposta de trabalho, a natação para lactente deverá ter

início aproximadamente aos 3 meses de idade. Neste período o bebê já possui

um bom número de anticorpos (os seus próprios e ainda os da mãe) e sustenta

melhor sua cabeça. Essa maturidade cervical faz com que o bebê resista bem

ao transporte na piscina e a mãe saiba manusear melhor seu corpo.

A primeira meta será sua sociabilização.

Estimular os órgãos sensoriais e dar continuidade ao bloqueio

respiratório (inato) que o bebê possui até aproximadamente o 6º mês.

Trabalhar movimentações dos segmentos corporais para aumentar a

amplitude articular e o fortalecimento muscular.

● De 1 ano a aproximadamente 2 anos

Segundo VELASCO (1994, p.93):

O bebê realizará “aula” com a mãe até que seja feita sua socialização

com o grupo e o professor. Assim que pudermos, afastaremos, gradativamente

a mãe, sem causar nenhum tipo de frustração.

28

Nesta fase, as aulas são mais dinâmicas, pois as movimentações são

realizadas de acordo com o desenvolvimento psicomotor do bebê, que já aos 2

anos nos oferece respostas motoras mais elaboradas.

● Dos 2 anos a aproximadamente 3 anos

Segundo VELASCO (1994, p.93): Nesta fase a criança já realizará “aula”

com o professor e o grupo, não sendo mais necessária a presença da mãe na

água, devido a sua socialização e adaptação ao meio líquido ter sido vencido.

Trabalharemos a estimulação motora geral, num intuito de uma total

sobrevivência no meio líquido.

CAPITULO III

O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR

Segundo VELASCO (1994, p.95)

A aprendizagem da natação no ser humano, como qualquer outra

aprendizagem adaptativa, não está inscrita nos seus genes, ao contrário de

outras espécies, nomeadamente os peixes e os anfíbios. No ser humano, o

contato com meio aquático, ora serviu de sobrevivência e de subsistência, ora

de angústia ou de ameaça mortal.

O ser humano, independentemente da sua habituação ao meio líquido

amniótico durante o seu desenvolvimento intra uterino, do reflexo natatório e de

algum êxito em partos de imersão total, parece que necessita de algum tempo

para aprender a nadar, ao mesmo tempo em que se lhe exige alguma

maturação neurológica e emocional para poder dominar autonomicamente um

meio específico diferente do seu, sugerindo que a metamorfose adaptativa tem

de seguir inexoravelmente, a passagem de uma criatura bípede em terra para

um nadador em água, e não ao contrário.

29

Quando se fala de um comportamento aquático, subentende-se que,

entre a situação (água) e a ação (indivíduo), ocorre uma integração de dados,

intra e extras somáticos, numa unidade funcional. O cérebro da criança deve,

portanto organizar inúmeras fontes de informação sensorial num

comportamento motor e numa experiência integrada. As sensações difusas

experimentadas corporalmente na água, distintas das integradas em terra e no

ar, convergem ao cérebro, e este comunica ao corpo o que deve fazer. Os

sentimentos dão informações ao cérebro sobre a água e, sobre as suas

condições envolvidas, e paralelamente, sobre as ações que emergem do corpo

quando interage com ela.

3.1 - As etapas do desenvolvimento

● Universo afetivo da criança até 8 meses.

Segundo LE BOULCH (2001, p.52):

1 – a presença da mãe é garantia de estabilidade. A imagem da mãe é

ainda reconhecida, mas o corpo da criança tem um conhecimento vivenciado

da mãe e ela sente certa insatisfação quando outra pessoa se ocupa dela.

Salientamos, entretanto, que as condições atuais da vida social têm mudado as

relações tradicionais mãe-filho.

2 – A importância das trocas mãe-filho. Scheller foi o primeiro a pôr em

evidência que o olhar representa a experiência fundamental neste intercâmbio.

A fascinação do olhar tem uma importância capital na evolução da criança.

Rheingold considera que o contato visual é a base da sociabilidade humana.

Desde os 3 meses, os lactentes esforçam-se em encontrar os olhos de sua

mãe. É importante que a mãe responda positivamente aos apelos de seu filho.

● A evolução do tono muscular.

30

De acordo com LE BOULCH (2001, p.55): O tono muscular é a atividade

primitiva e permanente do músculo; além de traduzir a vivência emocional do

organismo, é o alicerce das atividades práxicas.

A partir das supressões dos reflexos arcaicos pela ação inibidora do

córtex, o tono postural vai organizar-se, graças à entrada em função do sistema

ereismático (Weiss), cuja peça fundamental é o cerebelo.

- Entre o 6º e o 8º mês, a criança vai conquistar a verticalidade e

equilibra-se em posição sentada. Esta aquisição postural vai permitir-lhe ter

uma visão mais global de seu ambiente, graças às possibilidades de

aperfeiçoamento dos movimentos associados dos olhos e da cabeça. Nesta

posição se sentirá mais segura nas experiências de manipulação, já que seus

braços estão completamente liberados e tono da cintura escapular está bem

desenvolvido.

- Entre o 9º e o 12º mês, a criança reforça a cintura pelviana, primeiro

rastejando, depois de quatro, prelúdio indispensável para a estação de pé.

-Entre o 10º e o 12º mês, ficará de pé de forma prolongada com apoio e

passará à posição bípede, primeiro titubeante e depois mais firme.

● A Organização do sistema telo-cinético.

Segundo LE BOULCH (2001):

Este sistema representa um caso particular de regulação tônica em

relação à orientação da cabeça e do corpo, necessário à direcionalidade dos

órgãos sensoriais, sobretudo à visão e ao ouvido.

Depois dos 6 meses, o conjunto telo-cinético vai adquirir

progressivamente sua eficácia. A partir de uma estimulação exteroceptiva

visual ou auditiva, e em função da significação afetiva que ela reveste, as

atitudes do corpo em direção aos campos de estimulação vão agir na atividade

tônica permanente e equilibrada dos mecanismos antagonistas, operando nas

três dimensões do espaço.

● A Aquisição dos automatismos de controle piramidal.

Segundo LE BOULCH (2001):

31

1- A evolução da preensão.

O lugar que ocupa a mão no comportamento humano, como o

demonstra Paul Chauchard na sua obra Lê Cerveau et la Main créatice,

justifica em particular o estado do desenvolvimento da motricidade fina da mão

e dos dedos. Salientando a ligação estreita que existe entre o desenvolvimento

sensorial tátil e a evolução da “destreza”.

- Período da manipulação dos 6 aos 10 meses.

A aquisição da posição sentada e a melhor organização telo-cinética

permitem o aperfeiçoamento dos dois elementos que compõem os movimentos

de preensão: a aproximação da mão e a tomada do objeto.

Aos 6 meses – A aproximação é lateral. Neste estádio existe a intenção

de pegar, mas a coordenação motora não está adquirida.

Dos 7-8 meses. A aproximação não é tão lateral. Nesta etapa, a criança

é capaz de passar um objeto de uma mão a outra permitindo-lhe verdadeiros

jogos de manipulações.

No 9º e 10º mês. A preensão adquire suas características definitivas de

coordenação. A aproximação do objeto é direta. A criança pode pegar objetos

pequenos, pode explorar buracos, ranhuras, o que lhe permitirá conhecer a

terceira dimensão e ter a noção de relevo e de profundidade.

- O acesso ao aperfeiçoamento das praxias.

Depois dos 10 meses, o jogo da função de ajustamento permitirá à

criança multiplicar suas possibilidades de ação a partir de seus desejos de

apropriação e em função das necessidades da vida social, na qual ela começa

a participar ativamente.

2- A evolução da locomoção.

Aos 9 meses, a criança pode rastejar, depois passar do arrastar ao

engatinhar, o que possibilita a coordenação dos membros inferiores e membros

superiores.

Entre os 9 e 10 meses, a criança pode se manter de pé de forma

prolongada; mais tarde poderá se levantar e manter-se em pé com a ajuda de

suas mãos e braços.

32

Entre 11 e 12 meses, pode deslocar-se de pé com ajuda, assegurando-

se de uma mão, podendo pegar um objeto.

Entre 12 e 14 meses, a criança entra no período da marcha.

● A Exploração do ambiente.

Segundo LE BOULCH (2001):

A descoberta pela criança de que a satisfação de suas necessidades

passa pela apropriação de um objeto exterior a ela, primeiro identificado com a

figura materna, símbolo de todas as satisfações, é a origem do comportamento

intencional.

A sensação de falta, ausência do objeto, provocar sua busca e o

estímulo da atividade perceptiva.

Um verdadeiro interesse pelo objeto, sobretudo o objeto novo, insólito, é

a necessidade intelectual que vai orientar a atividade da criança na descoberta

e no domínio do mundo exterior. Este aspecto fundamental no desenvolvimento

das funções cognitivas vai permitir à criança, além de multiplicar suas praxias,

construir um espaço de ação vivenciado.

● Condutas exploradoras e necessidades de exploração.

Segundo LE BOULCH (2001):

A conduta exploradora é uma resposta global do organismo a uma

situação nova. É, pois, a novidade o desencadeador do comportamento. Estas

atividades exploratórias não são específicas e traduzem as necessidades de

“informação e de estímulos novos”.

As condutas exploratórias são explicadas pelos mecanismos neuro-

fisiológicos que agem reciprocamente entre o córtex cerebral e a formação

reticulada do tronco cerebral.

● Condutas de exploração e aquisição das praxias.

Segundo LE BOULCH (2001):

Lembremos que uma praxia é um conjunto de reações motoras

coordenadas em função de um resultado prático. O acesso à locomoção vai

33

multiplicar as possibilidades de aquisição, graças à conduta de exploração.

Neste momento começa a atividade intencional.

● Evolução da atividade práxica e percepção.

Segundo LE BOULCH (2001):

Percepção do objeto. Aos 18 meses, a atividade sensório-motora tem

separado a criança de suas relações exclusivas com a mãe, permitindo-lhe

descobrir a existência dos objetos e sua permanência.

Aos 18 meses, a criança, depois de ter conquistado um espaço feito de

objetos, penetra em um espaço que tem uma realidade independente dos

objetos que nele se encontram.

Esta evolução tem sido muito bem precisa por Piaget na sua obra La

Construction du réel:

O objeto separa-se pouco a pouco da atividade própria: o

fato que a criança venha a conceber os objetos como se

estivessem detrás de uma pantalha a leva a dissociar,

em desvantagem em relação ao passado, a ação

subjetiva da realidade na qual ela se encontra. A ação

própria cessa de ser a fonte do universo exterior para

transformar-se num fator entre outros, ainda sem dúvida

em fator central, mas situado na mesma escala que os

elementos diversos que constituem o meio ambiente. Na

medida em que os objetos se separam da ação, o corpo

próprio torna-se um limite entre os outros e encontra-se,

assim comprometido em um sistema de conjunto,

marcando os primórdios da verdadeira objetivação.

A percepção do espaço. O espaço da criança de 18 meses a 3 anos,

que emerge do empirismo da ação, não tem o caráter de nosso espaço. Uma

vez os objetos individualizados em relação uns com os outros, a criança não

dispõe de referências fundamentais representadas pelas distâncias e os eixos.

A construção do espaço se faz a partir de intuições muito elementares.

34

A atividade sensório-motora da criança permite-lhe variar seus pontos de

vista sobre a realidade, de comparar, de reproduzir o seu modo em certo

número de experiências, de deslocamentos diversos. Transformando o

universo perceptivo da criança e o fará evoluir de forma coerente.

A aptidão do meio familiar e particularmente da mãe é fundamental para

permitir à criança treinar com eficácia a sua função de ajustamento e, portanto,

a aquisição das praxias usuais.

Um meio muito rígido e muito estrito, obedecendo a regras rígidas, limita

progressivamente a criança na função de ajustamento ou acarreta um ausência

de naturalidade e bem-estar nela.

3.2 - As etapas do desenvolvimento psicomotor em relação ao

meio aquático.

Segundo GAZOLLI (2006), as atividades proporcionam muitos

benefícios ao desenvolvimento das crianças. Existem dois conceitos

psicomotores que sempre estarão presentes nas aulas de atividades aquáticas.

Conceito funcional faz parte do vivido, onde a ação é possível de ser percebida

como o tônus, equilíbrio, lateralidade, noção corporal, estruturação espaço-

temporal, coordenação motora ampla/ fina entre outros e o conceito Relacional

faz parte do sentido, onde a ação é recebida como comunicação, expressão,

afetividade, limites, agressividade entre outros. Já foi comprovado que crianças

ao receberem pouco ou nenhuma estimulação afetiva/ motora, apresentam

uma defasagem significativa em seu desenvolvimento global.

Segundo FILHO & MANOEL (2002): O desenvolvimento da habilidade

motora aquática em humanos foi, primeiramente, abordado por Waston e,

posteriormente, por McGraw. Estes autores procuravam explicações para a

gênese do comportamento motor aquático em bebês e crianças. Watson

defendia que essa aquisição seria condicionada pelo ambiente, enquanto

McGraw atribuía essa aquisição a processos endógenos (maturação) do

35

organismo. O desenvolvimento motor caracteriza-se por mudanças contínuas,

ao longo da vida, em três classes gerais do comportamento: orientação ou

controle postural, locomoção e manipulação.

As mudanças se iniciam após a concepção, compreendendo o período

de vida intra-uterina com a presença dos chamados movimentos fetais. As

mudanças continuam após o nascimento, com movimentos espontâneos e

reativos até, aproximadamente, os doze meses de idade. Na sequência, são

adquiridos movimentos rudimentares e fundamentais, no período

compreendido dos dois anos aos sete anos de idade. Finalmente, ocorre a

aquisição da combinação de movimentos fundamentais, seguida dos

movimentos especializados.

PIAGET apud ZULIETTI & SOUZA (2002, p.15), propõe dois estágios de

desenvolvimento até os 6 (seis) anos: ● Período sensório-motor – do nascimento aos dois anos

ZULIETTI & SOUZA (2002, p.15 e p.17) define:

Este período é compreendido do nascimento até completar 24 meses.

A criança durante esta fase adquire habilidades e adaptações do tipo

comportamental, e ainda não desenvolveu habilidades como o raciocínio,

coordenação motora mais fina. Exercícios são realizados através de

adaptações de estímulos, respostas e estímulos condicionados.

Comportamentos adaptativos, inteligentes a utilização de brinquedos,

imitação de animais aquáticos e as fantasias são as principais estratégias do

período sensório motor.

● Período pré-operacional – dos três aos seis anos

Período compreendido entre 3 (três) e 6 (seis) anos. Conforme LIMA

(1999) é o fim do período comportamental e início da compreensão, do

entendimento, agrupamento de conceitos, aquisição e desenvolvimento da

coordenação mais fina e desenvolvimento das habilidades do aprendizado dos

estilos da natação. O comportamento é mais sensato e lógico nas situações de

brinquedo livre. As crianças têm a capacidade de compreender novos

36

conceitos, aprender a nadar os estilos, iniciando por movimentos mais rústicos

até a realização de movimentos mais complexos.

Segundo CORRÊA & MASSAUD (1999), na criança um dos principais

objetivos para que se consiga um desenvolvimento, em busca de saúde e

equilíbrio, é desenvolver o gosto pela atividade, através de ações lúdicas,

prazerosas, com objetivos claros, dentro de sua capacidade psicomotora.

Enfatizamos que, nessa faixa etária as aulas não devem atingir somente

os objetivos específicos da natação, como a adaptação ao meio líquido e a

aprendizagem dos nados. Devem, também, atingir todas as potencialidades da

criança, compreendendo os domínios afetivo, cognitivo e psicomotor.

Segundo FILHO & MANOEL (2002):

A estrutura do desenvolvimento motor aquático é relacionada à

estrutura da tarefa motora nadar. Herkowitz foi quem primeiro buscou vincular o

desenvolvimento motor e a análise da tarefa motora. Nesse procedimento, são

identificados os fatores que compõem uma tarefa, como a utilização de

instrumentos, características do ambiente físico, a previsibilidade dos eventos

associados à tarefa etc. Esses fatores, também denominados de restrições

(“constraints”) por Newell, exercem forte influência na definição do padrão de

respostas do indivíduo, a ponto de se afirmar que os estágios de

desenvolvimento nada mais seriam que uma consequência da forma como

essas restrições são estabelecidas.

3.3 - Desenvolvimento psicomotor dos bebês de até 3 anos. ● Do 6º ao 8º mês: adaptações intencionais

Segundo ZULIETTI & SOUZA (2002, p.16):

Durante este período a criança começa a manipular o meio externo.

Chora quando sente ou deseja algo. É o período mais interessante para

colocá-la na natação, pois sua imunidade já está mais desenvolvida, sendo a

época ideal, não para aprender os estilos, mas sim para se adaptar ao meio

líquido. Quando a água molha as vias respiratórias externas (boca e nariz) a

respiração do lactente sadio é bloqueada por reflexos.

37

Conforme ZULIETTI & SOUZA apud BREGES (2002, p.16), estes

bloqueios respiratórios que os bebês apresentam, a partir do sexto ao oitavo

mês, são comportamento voluntários. O bebê começa a reter a respiração, o

comportamento involuntário transforma-se em comportamento voluntário. Por

isso, é de maior importância acostumar a criança a mergulhar.

Ela observa o ambiente, movimenta os braços e pernas de forma

semelhante ao engatinhar. Salta da borda e movimenta-se na água com auxílio

do professor; começa a recusar a posição de costas e é capaz de permanecer

flutuando livremente até nove minutos.

Segundo FILHO & MANOEL (2002), a primeira caracterização da

sequência de desenvolvimento aquático foi realizada por Myrtle McGraw, pelo

final da década de 30. McGraw constatou que, ao nascer, os bebês podem

apresentar movimentos coordenados de braços e pernas, para se deslocar na

água desde que eles sejam colocados na posição de decúbito ventral na água.

A automaticidade com que esses movimentos eram efetuados levou McGraw a

denominá-los de ”reflexo de nadar”. A sequência de desenvolvimento da

locomoção aquática foi dividida em três etapas: fase do reflexo de nadar (até

os 4 meses); fase dos movimentos desorganizados (do 4º aos 12 meses); fase

dos movimentos voluntários (dos 12 meses em diante). McGraw procedeu à

descrição do comportamento de locomoção aquática considerando três

elementos: movimentação de braços e pernas, controle postural e controle

respiratório.

O reflexo de nadar consistia de flexões e extensões alternadas dos

membros inferiores e superiores, coordenadas com a flexão e a extensão

lateral do tronco. Esses movimentos apresentam um padrão rítmico que, no

entanto, é perdido gradualmente por volta do 4º mês pós-nascimento. Com

relação ao controle postural, McGraw destacou que os bebês com até quatro

meses de idade tinham comportamento semelhante ao de outros mamíferos

quadrúpedes, mantendo um bom domínio da postura na locomoção, ainda que

fossem incapazes de mudar de decúbito.

Com relação ao período compreendido entre o quarto mês e o primeiro

ano de vida, McGraw identificou uma perda no controle postural. A capacidade

38

de permanecer na posição ventral só reapareceria por volta do segundo ano de

vida.

O terceiro componente observado por McGraw foi o controle respiratório.

Nos primeiros meses de vida, ele é muito eficiente, pois os bebês podiam ficar

períodos prolongados submersos sem ingerir água. Na fase dos movimentos

desorganizados havia perda do controle respiratório, aumentando a

possibilidade de ingestão de água. O controle respiratório ressurgia como um

comportamento voluntário na terceira fase de desenvolvimento aquático.

Segundo McGraw, a manutenção da posição ventral na água é um sinal

crucial de desenvolvimento. O controle postural teria, segundo ela, um papel

importante na produção de padrões coordenados de locomoção aquática.

Pode-se deduzir que o controle postural é realmente relevante, haja vista que

uma simples alteração na introdução do bebê na água poderia gerar padrões

coordenados (no caso da postura em decúbito ventral) ou desordenados

(postura em decúbito dorsal). ● Do 8º ao 12º mês: comportamento instrumental e busca do objeto

desaparecido.

Segundo LIMA (1999) é um período ótimo de desenvolvimento da

natação, pois pode-se relacionar os exercícios aos brinquedos. Antes o

brinquedo era para atrair a atenção da criança e agora o objetivo é de integrá-

lo aos exercícios.

Com doze meses, a criança reconhece o professor (sociabilização), salta

da borda e desloca-se na água sem auxilio e é capaz de ficar em apneia

durante 10 a 20 segundos. Entendem o pedido “soltar bolinhas dentro da

água”. Abre os olhos dentro da água (usa-se muito os brinquedos para buscar

no fundo da piscina). As músicas são utilizadas para a integração entre o

professor – exercício - aluno. A criança tem uma flutuação em decúbito dorsal

autônoma de até 15 minutos, troca posições (dorsal, lateral, ventral) e faz giros.

Até essa idade, a respiração é o reflexo da glote.

FILHO & MANOEL (2002), afirmam que: Dentro de uma abordagem

dinâmica do estudo do desenvolvimento motor, pode-se dizer que o controle

postural consistiria num parâmetro de controle o qual, quando alterado, teria o

39

potencial de desencadear mudanças qualitativas no padrão de locomoção. De

fato, Xavier Filho verificou que o requisito “mudar de direção durante o

deslocamento no meio líquido” foi o fator que mais contribuiu para alterações

nos níveis de desenvolvimento do nadar.

● Do 12º ao 18º mês: reações circulares terciárias,

Segundo ZULIETTI & SOUZA (2002, p.17):

Conforme LIMA (1999), a partir desse período a criança inclui no seu

universo a figura das pessoas que estão com ela esporadicamente, como

professores de natação, tias, avós etc, aumentando seu relacionamento.

Na natação realiza movimentos de pernas semelhantes ao engatinhar e

começa a perceber e a entender melhor o meio ambiente.

Nesta fase aumenta o tempo da apneia para 10 a 30 segundos; explora

mais o meio e abre os olhos, melhorando a curiosidade durante a imersão. O

relacionamento com os brinquedos é realizado através de fantasias e histórias

os quais fazem parte da aula. As fantasias e as músicas são as estratégias

mais importantes, coincidindo com a prontidão neurofisiológica da criança, e os

primeiros sinais de defesa aparecem nessa fase (medo de não colocar os pés

no fundo da piscina).

● Do 18º ao 24º mês: representação do mundo externo, fantasias.

Segundo ZULIETTI & SOUZA (2002, p.17): O relacionamento com o

meio ambiente é concretizado nesse período, aparecendo os primeiros sinais

de medo. Não se deve manifestar o medo na criança da parte mais funda da

piscina, dizendo, por exemplo: “Cuidado, você pode se afogar aí no fundo”;

devemos sempre contornar a situação, podendo trabalhar com a fantasia como

estratégia para essa faixa etária.

Os primeiros movimentos caracterizando os estilos são conduzidos das

pernas, semelhantes aos dos estilos crawl e costas, progressivas contribuições

(estímulos) de coordenação de braços e pernas para deslocamento em

decúbito dorsal, movimentos rudimentares dos braços, somente utilizados

como apoio para respirar (elevar específica dos estilos). Com a melhor

40

sociabilização, atenua-se o receio pela parte mais funda da piscina, com as

primeiras noções de segurança, como entrar e sair da piscina.

A criança realiza mergulhos, percorrendo certa distância sob a água e

buscando a superfície, retornando à borda de origem ou ao professor, e a

respiração é sob forma de imitação.

FILHO & MANOEL (2002), dizem que: Os aspectos do desenvolvimento

motor aquático: aumento da distância percorrida durante o nado; melhora da

capacidade de propulsão com os braços; pernada do nado crawl mais evoluída;

melhora na capacidade de se manter na horizontal e melhora na capacidade de

manter a cabeça no nível da água.

3.4 - Fases da aprendizagem da natação ● Primeira fase, segundo VELASCO (1994):

Não basta que as crianças estejam em segurança, é necessário que se

sintam seguras, e este pressuposto de estabilidade emocional é indispensável

a uma autonomia afetiva antecipadora da autonomia motora, que deve

caracterizar os primeiros passos da aprendizagem num meio estranho, como é

o aquático.

Em termos neuro funcionais, a aprendizagem da natação deve reger-se

pelos mesmos processos cerebrais que presidem a qualquer tipo de

aprendizagem, primeiro as emoções e depois as adaptações, o que em

analogia pressupõe a maturação das estruturas límbicas e posteriormente, a

maturação das estruturas neocorticais (neo motoras).

Concebendo a aprendizagem da natação como uma estimulação

precoce e como um processo holístico facilitador do desenvolvimento neuro-

psicomotor da criança, exige que o mediador (mãe, pai, monitor, professor, etc)

se inteire que a natação é um pretexto para atingir encorajamento, reforço,

41

auto-confiança, numa palavra, adequar o envolvimento e adaptá-lo às

necessidades específicas de desenvolvimento da criança.

Em suma na primeira fase da aprendizagem da natação, o mediador

deve interagir com criança em termos simples e didáticos, ou seja, co-explorar

o meio aquático vestibularmente, tatilmente, cinestesicamente,

proprioceptivamente, visualmente, auditivamente, etc., tendo em atenção a

apropriação de uma imagem do corpo específica na criança, no sentido de

construir nela um processamento sensorial diferenciado, que lhe coloque em

jogo o surgimento de respostas adaptativas às múltiplas condições e situações

do meio aquático, proporcionando o ajustamento do seu corpo e do seu

cérebro na água.

A resposta adaptativa é uma resposta intencional a uma experiência

sensorial, nadar é uma resposta adaptativa formada ao longo de um período

suficientemente vasto, onde o cérebro se desenvolve e se organiza.

A criança que aprende a nadar organiza-se em termos neuro

psicomotores, isto é, obtém significações das sensações proporcionadas pela

motricidade aquática. A criança inicialmente não possui pensamento ou idéias

sobre experiência na água, ela esta mais centrada em sentir a água e sentir o

movimento do seu corpo nela. A sua resposta adaptativa é mais motora que

mental mais emocional que cortical.

A integração sensorial inicial que ocorre na primeira fase de

aprendizagem da natação é semelhante à do jogo, trata-se de um suporte para

uma integração sensorial mais complexa que vai ser necessária para a

flutuação, a respiração e a propulsão na água. Se esta fase de aprendizagem é

bem organizada, a criança terá uma autonomia motora aquática mais facilitada,

mais eficiente, mais satisfatória e mais criativa.

Os deslocamentos exógenos proporcionados e mediados pelos outros,

enriquecem a vivência do corpo agido na água, desta forma os deslocamentos

autógenos e o corpo atuante vão ser explorados posteriormente com mais

prazer. Nesta fase crucial de aprendizagem da natação, o prazer, o conforto, a

segurança, a confiança e a satisfação na água devem ser persistentemente

alcançadas em termos de objetivos pedagógicos. Desfrutar desta experiência

42

sensorial é, nem mais nem menos, promover o desenvolvimento psicomotor da

criança.

● Segunda fase, segundo VELASCO (1994):

Antes que se observem os deslocamentos ativos e autônomos na

criança nadadora, o corpo atuante pode produzir respostas adaptativas desde

que organize as sensações proprioceptivas intrassomáticas e as sensações

exteroceptivas do envolvimento aquático.

A criança só poderá adaptar-se à água se o seu cérebro conhecer que

problemas e situações se colocam quando está nela mergulhada ou submersa.

Quando a criança nada de uma forma adaptativa, sabemos que o seu cérebro

está organizado eficientemente às múltiplas sensações da gravidade, da

impulsão, da respiração, dos membros, do corpo, etc. Se tal resposta não for

expressa, ou se for produzida de forma muito lenta, a criança experimentará

desconforto, insegurança, bloqueios respiratórios, engolirá água, engasgará, e

até pode afogar-se.

O progresso da criança nadadora traduz, por analogia, um progresso de

independência e de segurança na água, antes, porém de equacionar um

processo propulsivo contínuo.

● Terceira fase, segundo VELASCO (1994):

Visa à realização da integração sensorial e a apropriação de um corpo

transformador e prático, que implique a observância de deslocamentos

aquáticos coordenativos e construtivos, isto é, um enriquecimento crescente,

evolutivo e total da criança, onde a dimensão e a profundidade lúdica das

competências aquáticas sejam entendidas como prioritária a uma iniciação

desportiva e a uma plataforma pedagógica e opcional da competição.

Em síntese, a aprendizagem da natação é uma função do sistema

nervoso, consequentemente, a natação, desde que tenha em atenção os

pressupostos do desenvolvimento psicomotor da criança acima abordados,

promove e concretiza a capacidade do seu cérebro para aprender, e este

princípio é em última análise, a primeira finalidade de qualquer aprendizagem.

43

● Estrutura Física

Segundo VELASCO (1994) a estrutura física para a realização desse

trabalho até 3 anos necessitamos de uma piscina com:

- água bem tratada (nível de cloro 1.5 e ph 7.4), se possível também,

análise bacteriológica da água, no mínimo, semestralmente;

- temperatura da água oscilando em: 32ºC no inverno e verão para

crianças até 6 meses, 32ºC no inverno e podendo ser 31ºC no verão para

crianças acima de 7 meses;

- trocadores (para que o bebê seja trocado no ambiente aquecido da

piscina, para não sofrer mudança drástica de temperatura);

- banheiro especial (proporcionar a oportunidade da criança aprender a

controlar suas necessidades esfincterianas e não realizá-las na piscina);

- material adequado a nível de desenvolvimento de cada um. ● Aulas, segundo VELASCO (1994):

Duração

Em todas as fases a duração da aula será de no máximo 30 minutos.

Sendo que para um bebê de até 3 meses, iniciaremos com 10 a 15 minutos de

aula, aumentando, gradativamente, para 30 minutos.

A duração da chamada “aula” para bebês tem vários fatores que

interferem direta e indiretamente no rendimento do trabalho que nos

propusermos a fazer. Poderemos citar alguns:

-temperatura da água, que promove relaxamento;

- densidade da água, que atua na musculatura;

- interesse do bebê, que dependerá do estímulo;

- concentração nas propostas, que necessitará de motivação constante;

Sequência da “aula”

Iniciamos o trabalho com a integração do bebê ao meio líquido e ao

grupo. Depois daremos maior ênfase as movimentações específicas, sendo

que as de segmentos corporais e as de rodas geralmente se realizam com

músicas. Finalizaremos a “aula” com um relaxamento para a volta à calma e

depois as recreações.

44

CAPITULO IV

O BENEFÍCIO DA NATAÇÃO

4.1 - Os benefícios da natação para o desenvolvimento dos

bebês.

A natação pode e deve ser utilizada com o objetivo de melhorar a

qualidade de vida do bebê.

RAMALDES (1999, p.17) diz que:

A natação é a atividade física mais completa que existe; é a harmonia, a

flexibilidade, a potência, o ritmo, a coordenação, em resumo, o grupo de

movimentos em série mais complexos.

Praticando regularmente, permite desenvolver todos os mecanismos

fisiológicos: a capacidade pulmonar e o sistema cardiovascular.

Além dessas vantagens importantes, o meio aquático permite novas

possibilidades de coordenação.

45

A natação possibilita também um excelente método pedagógico, que

permite conhecer melhor a criança muito cedo, e ajudá-la, se necessário, a

resolver problemas particulares em seu meio familiar e social.

Muitos pais recorrem à natação, preocupados com a segurança de seu

filho, já que a natação oferece suporte para evitar acidentes dos pequenos no

meio liquido.

Segundo CORRÊA & MASSAUD (2003, p.122):

Estimular o aprendizado do bloqueio da glote, sempre que o rosto do

bebê entrar em contato com a água, o que é muito importante, no caso de a

criança cair na piscina acidentalmente. O aprendizado desse bloqueio dará ao

responsável tempo hábil para retirar o bebê da água, sem que lhe cause

qualquer dano.

Outro objetivo dos pais ao matriculares seus pequenos na aula de

natação é de melhorar a qualidade do mesmo, a fim de evitar ou tratar os

problemas respiratórios.

Segundo RAMALDES apud JANSSEM (1999, p.17), a sua prática, o

quanto antes, criará toda uma estrutura corporal equilibrada funcional e

prevenindo contra problemas futuros como: desvios de coluna, defeito dos pés,

problemas de circulação e bronquite (principalmente a natação para bebês).

Segundo CORRÊA & MASSAUD (2003, p.123):

Muitos pais acham que a natação vai fazer o “milagre” de curar seus

bebês de problemas respiratórios.

Não existe qualquer afirmação cientifica a esse respeito, afirma Dr.

Flávio José Magalhães, em uma palestra após questionado.

A natação é utilizada também, para beneficiar o desenvolvimento motor

dos bebês de 6 meses a 3 anos de idade, pois dentro da água, onde seus

corpos se encontram muito mais leves, o professor pode levar o aluno a

realizar movimentos semelhantes aos necessários para que o pequeno se

movimente fora da água.

Segundo RAMALDES apud RODRIGUES (1999, p.18), “A natação, além

dos objetivos proporcionados como atividade física, é um dos meios mais

eficazes para prevenção e correção de problemas posturais, principalmente

46

dos desvios de coluna, pois o trabalho simétrico proporcionado pela

movimentação alternada de membros e sua tração sobre a musculatura

vertebral têm extraordinária eficácia na redução de desvios, pelo fato de cerca

de 90% do peso corporal estar apoiado, proporcionando movimentos amplos e

em todos os sentidos, requisitando toda a musculatura. Temos ainda a

motivação como importante vantagem: a atividade no meio líquido é agradável,

proporcionando um bem-estar físico e psíquico”.

Para LIMA (2006, p.36) “Na natação realiza movimentos de pernadas

semelhantes ao do engatinhar e começar a perceber e a entender melhor o

meio ambiente.”.

Segundo CORRÊA & MASSAUD (2003, p.124):

A natação age como um pré-estímulo motor, pois, antes mesmo de a

criança tentar deslocar-se fora da água, já o consegue dentro da água, porque

ela fica muito mais leve, conseguindo, assim, executar movimentos, que muitas

vezes não consegue fora da água.

Após o nascimento, através de condutas cada vez mais ajustadas pela

coordenação dos vários reflexos que traz geneticamente, a criança reage frente

as diversas estimulações impostas pelo meio, numa tentativa de adaptar-se ao

mesmo.

Na base do substrato neuromotor é que se assentarão, pelas sucessivas

experiências, as ações psicomotoras voluntárias da criança.

Por outro lado, as ações psicomotoras vinculam-se à apreensão de

padrões de movimentos ou destrezas, que envolvem a percepção e a

sensação, como uma participação cada vez maior da consciência, à medida

que se processa a maturação, pela atualização do potencial genético.

A aquisição de qualquer habilidade está, por sua vez, fortemente

relacionada com o propósito do ato. Logo, o ato motor não é um processo

isolado, pois sua significação emerge da totalidade da personalidade.

Assim, o esquema corporal, ao refletir o equilíbrio entre as funções

psicomotoras e sua maturidade, dependerá de um conjunto funcional

organizado, através da relação mútua organismo-meio.

47

A natação por dirigir-se ao estabelecimento do movimento, não inibindo

a criatividade, permite à criança a exploração e o manejo do meio, através de

atividades motoras, que contribuem para a estruturação do seu esquema

corporal.

Por sua vez, o esquema corporal, pela prática da natação, como um dos

elementos de ação que traduz a psicomotricidade, converte-se desta maneira

em um elemento indispensável na construção da personalidade da criança.

Segundo DAMASCENO apud LE BOULCH (1997, p.9). Consciente de

suas potencialidades e através das relações interpessoais que o caráter

coletivo de aprendizagem da natação oferece, a criança passa a descobrir-se a

si mesmo e a construir sua personalidade, pouco a pouco, no chamado função

de ajustamento encontrada nos princípios da psicocinética.

Na natação também, são solicitados os canais exteroceptivos,

proprioceptivos e interceptivos, em diversos graus de importância. Estes, por

sua vez, permitem ao indivíduo captar os estímulos advindos do meio

ambiente, bem como definir a posição do corpo no espaço, a posição dos

segmentos em relação a ele, o grau de tensão muscular, o equilíbrio, além de

fornecer informações sobre certas necessidades do corpo.

Tomando-se a definição de esquema corporal, proposta por

DAMASCENO apud LE BOULCH (1997, p.10), como instituição ou

conhecimento imediato do corpo, seja em estado de repouso ou em

movimento, em função da inter-relação das suas partes e, sobretudo, da sua

relação com o espaço, bem como com os objetos circundantes, o próprio corpo

passa a ser o referencial para a organização da percepção do mundo exterior,

representando a sintetização e unificação dos campos perceptivos.

Se por outro lado, a consciência do corpo se alcança através da

percepção do mundo exterior. Da mesma forma, a consciência do mundo

exterior acontece através do corpo e a natação, ao atuar sobre o sistema

sensório-perceptivo, contribui, de forma decisiva, na estruturação do esquema

corporal.

Parece oportuno acrescentar que, ao assumir o pressuposto da

psicomotricidade como educação corporal e ao considerar que toda ação

48

educativa deve se dirigir à personalidade total do indivíduo, as situações

educativas para a estimulação e desenvolvimento psicomotor no meio

aquático, com vistas à estruturação do esquema corporal, ocorrem em função

global da criança.

E ainda, é interessante frisar-se que sem o desenvolvimento da

estruturação do esquema corporal, coordenação, orientação espaço-temporal,

etc, torna-se impossível a aquisição de qualquer habilidade aquática.

Insistindo-se na inter-relação existente entre a natação e o

desenvolvimento psicomotor, através da sua prática, justifica-se a estruturação

do esquema corporal, verificando-se como é sugerido por DAMASCENO apud

PICQ e VAYER (1997, p.13), que o mesmo implica:

Na percepção e controle do próprio corpo;

Num equilíbrio postural econômico;

Numa lateralidade bem definida;

Na independência dos segmentos em relação ao tronco e uns em

relação aos outros; e

No controle e equilíbrio das contrações ou inibições estreitamente

associados ao esquema corporal e ao controle da respiração. (p.21).

Deste modo, ao promover a associação das sensações motoras e

sinestésicas, a natação colabora na passagem progressiva do corpo em

movimento à representação mental, estimulando a criança em sua capacidade

de organização perceptiva.

Segundo DAMASCENO apud LAPIERRE (1997, p.14): A execução de

esquemas de movimentos exige da criança a capacidade de controlar a

coordenação de suas ações globais ou segmentares e adaptar-se às condições

do espaço e do tempo. As bases para a construção do espaço implicam as

noções de direção, situação e orientação, que permitem definir a organização

espaço-temporal de todas as situações estáticas e dinâmicas, bem como

estabelecer referências espaciais e temporais para situar-se e situar os objetos.

As situações de aprendizagem, que acompanham a prática da natação

permitem a criança a vivência das noções perceptivas de intensidade de

grandeza, velocidade, situação, orientação e as relacionais, ao colocar a

49

criança em relação com o mundo exterior, com o espaço, com o tempo, com os

objetos e com outras pessoas.

Segundo ainda DAMASCENO apud PIAGET (1997, p.14): Logo, a

natação contribui de forma significativa para que o indivíduo seja conduzido ao

alcance do último dos períodos de desenvolvimento da inteligência

descritos,como sendo operatório-formal ou lógico-hipotético-dedutivo.

A prática da natação garante então ao indivíduo a plenitude bem como o

equilíbrio no desenvolvimento do seu potencial genético herdado.

Também na natação impõem-se a aprendizagem do comando de

voluntário da respiração, que se organiza em estreita dependência com o

desenvolvimento dos aspectos psicomotores. Na água, o ato respiratório é

objetivado de maneira perfeita, pois quando a criança sopra e faz bolhas pode

ver, ouvir e sentir sua respiração.

E ainda, a respiração conduz à percepção das variações de peso

específico do corpo, que flutua melhor com o pulmão cheio e tende a afundar

com o pulmão vazio.

Para DAMASCENO apud LAPIERRE (1997, p.15), o controle do corpo e

da respiração, é a etapa culminante da construção do esquema corporal.

Segundo ainda DAMASCENO apud WILKE e LEWIN (1997, p.17):

Partindo-se do pressuposto de que se dê uma movimentação descontraída

dentro d’água, sob a forma lúdica, o sujeito pode, por si só, provocar os

estímulos que atuam sobre seu organismo, de um programa sistemático de

aprendizagem de natação regular, pode-se esperar uma multiplicidade de

efeitos.

Na musculatura e no aparelho locomotor: Consegue-se uma melhor

capilarização, isto é, uma melhor irrigação sanguínea da musculatura, que se

verifica em consequência de uma melhor impregnação dos músculos com

sangue circulando nos vasos capilares e, ao mesmo tempo, um aumento da

seção transversal dos músculos.

A alternância rítmica de contração e descontração muscular, observada

durante a prática da natação, fornece também os estímulos necessários para

50

um desenvolvimento geral da musculatura, o que contribui de uma forma

significativa para uma melhor postura do corpo.

No coração e na circulação: A prática da natação promove o

fortalecimento da musculatura, isto é, uma hipertrofia auricular e ventricular.

Bem como um aumento do volume do coração, ou seja, sua dilatação.

Deste modo, a frequência cardíaca é diminuída, a capacidade de

transporte de oxigênio é aumentada e o esforço cardíaco reduzido. Os vasos

sanguíneos ficam mais elásticos.

Assim, esta economia das diversas funções circulatórias alarga as

possibilidades de adaptação do organismo a qualquer esforço.

Sobre o aparelho respiratório: No que diz respeito à absorção de oxigênio e a

expulsão de anidrido carbônico, a natação exige um grande esforço da

respiração.

Como consequência de sua prática, pode-se observar um incremento da

absorção de oxigênio máxima com o aumento do volume de ar que entra para

os pulmões através da inspiração mais profunda, conseguindo através de um

aumento da capacidade vital e do volume cardíaco por minuto, bem como de

uma adaptação em melhores níveis de circulação.

Ainda, para uma melhor adaptação da circulação a um esforço mais

elevado contribuem o aumento da capacidade de difusão do oxigênio, o

aumento da hemoglobina, um melhor aproveitamento do oxigênio, a elevação

da tolerância relativa ao débito de oxigênio, uma melhor irrigação sanguínea da

região muscular envolvida no exercício através de um aumento da

capilarização, etc.

A respiração corretamente praticada, durante a natação. Auxilia também

no combate às doenças do aparelho respiratório, assim como do coração e do

sistema circulatório.

No metabolismo: Já foi referido que o esforço exigido do organismo pela

natação requer a mobilização de uma grande quantidade de energia e, nesta

medida, o sistema metabólico tem de trabalhar com uma enorme economia. De

modo a poder satisfazer as exigências impostas pelo esforço.

51

No sistema nervoso: De uma maneira geral, qualquer atividade física implica

certo esforço do sistema nervoso, já que cada movimento voluntário é

precedido por uma determinada resolução - um ato de vontade.

Portanto, durante o processo de aprendizagem e exercitação dos

movimentos impostos pela natação, é o sistema nervoso central que é

chamado a intervir em primeiro lugar, respondendo aos estímulos específicos

pela criação de novas reações em reflexos condicionados. Pela repetição

desses estímulos, como consequência da prática regular da natação, o corpo

sofre modificações em suas estruturas advindas, principalmente, pela

intervenção do sistema nervoso vegetativo.

Assim, a natação contribui em última instância, para o desenvolvimento

do sistema nervoso global.

CONCLUSÃO

O primeiro contato com o meio líquido deve ser feito de forma gradual.

Segundo RAMALDES (1999, p.18), o primeiro contato do bebê com o meio

líquido deve ser feito através dos pais, que irão proporcionar o bebê o gosto

pela água ou não.

Segundo CORRÊA & MASSAUD (2003, p.130): As primeiras

experiências são decisivas para toda a vida. A adaptação do bebê tem que ser

bem suave e gradativa. Forçar é abandonar um ritmo natural, gerando

insegurança e o medo. O professor tenta a todo o momento estabelecer um

contato de forma gradual com o bebê, conquistando assim sua confiança, e

utilizando para isso todas as formas gradativas possíveis, tanto visuais como

manuais, para chamar a atenção do bebê.

Segundo ZULIETTI & SOUZA apud BRESGES (2002, p.14):

52

Foi possível observar que a natação nessa fase da vida ajuda a melhorar a

saúde do bebê e o seu desenvolvimento.

A natação traz como benefício a melhoria da disposição geral, do sono,

apetite, fortalece o tônus muscular, aumenta o perímetro torácico, melhora a

capacidade cardio-respiratória, aumenta a resistência do organismo.

Desenvolve segurança, confiança, sociabilidade, afetividade, prontidão e

independência.

Quanto maior o número de estímulos a que se expõe uma criança, maior

a capacidade de aprendizado.

O desenvolvimento motor favorece o desenvolvimento afetivo e

cognitivo. Segundo FILHO & MANOEL (2002): A natação colabora na

passagem progressiva do corpo em movimento à representação mental,

estimulando a criança em sua capacidade de organização perceptiva.

Segundo CORRÊA & MASSAUD (2003, p.124): A natação age como um pré-

estímulo motor, pois, antes mesmo de a criança tentar deslocar-se fora da

água, já o consegue dentro da água, porque ela fica muito mais leve,

conseguindo, assim, executar movimentos, que muitas vezes não consegue

fora da água.

A natação por dirigir-se ao estabelecimento do movimento, não inibindo

a criatividade, permite à criança a exploração e o manejo do meio, através de

atividades motoras, que contribuem para a estruturação do seu esquema

corporal.

Por sua vez, o esquema corporal, pela prática da natação, como um dos

elementos de ação que traduz a psicomotricidade, converte-se desta maneira

em um elemento indispensável na construção da personalidade da criança.

Segundo DAMASCENO apud LE BOULCH (1997, p.9). Consciente de

suas potencialidades e através das relações interpessoais que o caráter

coletivo de aprendizagem da natação oferece, a criança passa a descobrir-se a

si mesmo e a construir sua personalidade, pouco a pouco, no chamado função

de ajustamento encontrada nos princípios da psicocinética.

As situações de aprendizagem, que acompanham a prática da natação

permitem a criança a vivência das noções perceptivas de intensidade de

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grandeza, velocidade, situação, orientação e as relacionais, ao colocar a

criança em relação com o mundo exterior, com o espaço, com o tempo, com os

objetos e com outras pessoas.

Segundo ainda DAMASCENO apud PIAGET (1997, p.14): Logo, a

natação contribui de forma significativa para que o indivíduo seja conduzido ao

alcance do último dos períodos de desenvolvimento da inteligência descritos,

como sendo operatório-formal ou lógico-hipotético-dedutivo.

A prática da natação garante então ao indivíduo a plenitude bem como o

equilíbrio no desenvolvimento do seu potencial genético herdado.

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BIBLIOGRAFIA

CORRÊA, Célia Regina, Fernandes, MASSAUD, Marcelo, Garcia, NATAÇÃO

DA INICIAÇÃO AO TREINAMEMTO, Editora Sprint, 2ª ed., 2003.

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PEDAGOGIA DA NATAÇÃO: UM MERGULHO PARA ALÉM DOS QUATRO

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Freire,Marília, Júnior, Orival Andries, LÚDICO E A ÁGUA: uma proposta de

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GAZOLLI, Flávia; PSICOMOTRICIDADE AQUÁTICA, Mundo Educação Física,

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GOMES, Wagner Domingos Fernandes; NATAÇÃO, UMA ALTERNATIVA

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GUTIERRES, Paulo Filho; A PSICOMOTRICIDADE RELACIONAL EM MEIO

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LIMA, Willian Urizzi, ENSINANDO NATAÇÃO, Editora Phorte, 2ª ed., 2006

RAMALDES, Ana Maria; 100 AULAS BEBÊ A PRÉ-ESCOLA; editora Sprint, 2ª

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TAHARA, Alexandre Klein, O ELEMENTO LÚDICO PRESENTE EM ESCOLAS

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ZULIETTI, Luis Fernando, SOUZA, Ive Luciana Ramos; A APRENDIZAGEM

DA NATAÇÃO DO NASCIMENTO AOS 6 ANOS – FASES DE

DESENVOLVIMENTO, Revista UniVap, v.9, n.17, 2002,

56

INDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTOS 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPITULO I - A Psicomotricidade 11

1.1 - Objetivos da Psicomotricidade 12

1.2 - Áreas Psicomotoras 12

CAPITULO II – O Bebê e o Ambiente Aquático 17

2.1 - Propriedades da água 22

2.2 - Características dos bebês 24

2.2.1 – Proposta de trabalho 27

CAPITULO III - O Desenvolvimento psicomotor de bebês 28

3.1 - As etapas do desenvolvimento 29

3.2 - As etapas do desenvolvimento psicomotor em 34

relação ao meio aquático

3.3 - Desenvolvimento psicomotor de bebês de até 3 anos 36

3.4 - Fases da aprendizagem da natação 40

CAPITULO IV - O Benefício da natação para o desenvolvimento 44

psicomotor de bebês

CONCLUSÃO 52

BIBLIOGRAFIA 53

INDICE 55