UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · - IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
POBREZA NO BRASIL PÓS REDEMOCRATIZAÇÃO
(1989 a 2013)
PRINCIPAIS FATORES INTERVENIENTES DO QUADRO DE
POBREZA NO BRASIL NO PERÍODO PÓS
REDEMOCRATIZAÇÃO (1989 a 2013)
Por: Henrique Cordeiro Rocha
Orientador
Prof. Mário Luiz Trindade Rocha
Brasília-DF
2015
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
POBREZA NO BRASIL PÓS REDEMOCRATIZAÇÃO
(1989 a 2013)
PRINCIPAIS FATORES INTERVENIENTES DO QUADRO DE
POBREZA NO BRASIL NO PERÍODO PÓS
REDEMOCRATIZAÇÃO (1989 a 2013)
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Gestão Pública.
Por: Henrique Cordeiro Rocha
3
AGRADECIMENTOS
Aos professores e amigos que
contribuíram para que este trabalho
fosse concluído.
4
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .................................................................................................... 5
CAPÍTULO I - Conceito de pobreza .............................................................. 10
1.1 Evolução do conceito de pobreza .......................................................... 12
CAPÍTULO II - A Pobreza no Brasil e no mundo de 1988 a 2013................ 17
2.1 A Constituição de 1988 e a tentativa de welfere-state a brasileira ...... 21
CAPÍTULO III - Fatores que interferiram no quadro da pobreza ................. 25
3.1 Estabilidade econômica (controle da inflação)........ .............................. 25
3.2 Política de valorização do salário mínimo (SM).... ................................. 26
3.3 Política de distribuição de renda com condicionantes..... .................... 29
3.4 Crescimento do PIB - Produto Interno Bruto.......................................... 30
CONCLUSÃO ................................................................................................... 32 BIBLIOGRAFIA ................................................................................................ 35 ANEXO 1 .......................................................................................................... 38
5
INTRODUÇÃO
Este trabalho surge a partir de indagações sobre o projeto de superação
da pobreza no Brasil que emerge a partir da Constituição Federal de 1988.
Objetiva a análise de um dos principais enfrentamentos ao progresso do país:
a pobreza no Brasil pós redemocratização.
Neste contexto é preciso verificar no período estudado o que
caracterizou o conceito de pobreza. Dai a Importância da discussão do
CAPÍTULO I a ser desenvolvida sobre o uso adequado do conceito de
pobreza e os motivos de se optar pela forma mais pragmática possível, haja
vista as diferentes matizes ideológicas que envolve o caso.
Desenvolvida a questão da conceituação da pobreza e verificado a
maior efetividade da corrente absolutista da conceituação da pobreza, ou seja,
que é preciso adotar como solução inicial uma linha de pobreza mínima
aceitável (renda mínima) que supra as necessidades mais básicas do ser
humano (por exemplo, o mínimo de refeições por dia para se sustentar
biologicamente), mostrar-se extremamente interessante ao propósito deste
trabalho o exercício de investigar as causas que contribuíram para o quadro de
pobreza.
Assim, emerge do trabalho, CAPÍTULO II, o diagnóstico que vem
acompanhando as observações de diversos estudiosos do cotidiano brasileiro
dos tempos mais remotos até a atualidade. E um dos fator decisivo que mais
vem contribuindo para a leniente pobreza brasileira na visão de diferentes
intelectuais brasileiros: a falta de capacidade das instituições brasileiras de
terem uma visão da realidade econômica e social brasileira. E são muitas as
nuances dessa visão. Uma delas, por exemplo, é o capitalismo cartorial
brasileiro, caracterizado nos anos de 1980 pelo ex-ministro da fazenda e
prestigiado professor Mário Henrique Simonsen em trecho de artigo publicado
nos meios de comunicação às vésperas da promulgação da Constituição
brasileira de 1988:
6
"Pedir favores ao governo é um cacoete cultural que
herdamos da Península Ibérica. A História começa com a carta
de Pero Vaz de Caminha, que lá pelas tantas pede emprego
para o genro. Progride com a divisão do Brasil em capitanias
hereditárias. No século passado, o pioneiro da grande empresa
privada nacional, o barão de Mauá, transformado em patrono
da indústria na República, faliu porque não conseguiu
suficientes favores de dom Pedro II. O mesmo aconteceu após
a I Guerra Mundial com o pioneiro da indústria têxtil paulista,
Jorge Street. Não surpreende que, com esse caldo de cultura,
surgisse uma degenerescência do capitalismo brasileiro: a
empresa cartorial, protegida pelo governo com duas mãos. A
mão do cofre, que o garante contra os prejuízos, e a mão do
protecionismo, que o livra da concorrência" (Revista Veja;
1987).
O reflexo mais vivo dessa visão irreal e inexequível de paraíso é
transmitido pelo nosso texto constitucional, por meio de distribuição de
benesses que não atentam para uma mínima base estrutural econômica
prévia.
Ainda no capítulo II, é desenvolvida a ideia de que há que se haver
uma preocupação de se estabelecer comparações estatísticas do Brasil com
diferentes nações do mundo. Seria, essas comparações um primeiro sopro de
realidade.
Ao fazer comparações, cria-se parâmetros para análise tanto dos
acertos como dos erros em políticas públicas de eliminação/diminuição da
pobreza. Com efeito, seria o desejo saudável e continuo que cada indivíduo
ou, no caso em comento, nação, tem de mostrar-se virtuoso.
Para tanto, e de forma emblemática, aproveito para rememorar abaixo o
célebre Braz Cubas - personagem do romancista e cronista Machado de Assis
- falando da rivalidade dos chapeleiros na obra Memórias Póstumas de Braz
Cubas, que tão bem traduziu a urgência das comparações necessárias ao
país:
7
"... Um chapeleiro passa por uma loja de chapéus; é a loja de um rival, que a abriu há dois anos; tinha então duas portas, hoje tem quatro; promete ter seis a oito. Nas vidraças ostentam-se os chapéus do rival; pelas portas entram os fregueses do rival; o chapeleiro compara aquela loja com a sua, que é mais antiga e tem só duas portas, e aqueles chapéus com os seus, menos buscados, ainda que de igual preço. Mortifica-se naturalmente; mas vai andando, concentrado, com os olhos para baixo ou para a frente, a indagar as causas da prosperidade do outro e do seu próprio atraso, quando ele chapeleiro é muito melhor chapeleiro do que o outro chapeleiro... Nesse instante é que os olhos se fixam na ponta do nariz." (ASSIS; MACHADO, 1880, p. 22).
É assim a saudável competição no olhar do que o outro está fazendo,
para que se possa melhor, ou evitar erros."
Por fim, após as devidas conceituações, explicações e da necessidade
de se estabelecer parâmetros, o estudo mostrará no CAPÍTULO III as causas
hipotéticas dos avanços o corridos no Brasil no combate a pobreza, não
obstante termos uma desafio grande pela frente na sua erradicação.
Procurarei ressaltar o decréscimo em seu nível, e fazer uma análise sucinta
dos principais fatores que contribuíram e poderão contribuir ainda mais para
este decréscimo (Estabilidade econômica, Crescimento do PIB - Produto
Interno Bruto, Política de valorização do salário mínimo e Política de
distribuição de renda com condicionantes).
8
METODOLOGIA
O estudo faz uso de uma metodologia descritiva, não experimental, de
dados estatísticos do Brasil em período distintos da trajetória de
redemocratização. Todos coletados em diferentes bancos de dados de sites de
Internet como os sites:
www.worldbank.org - World Bank (Banco Mundial);
www.oecd.org - OCDE - Organisation de Coopération et de Développement Économiques (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico);
www.ibge.gov - IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística;
www.fao.org.br - FAO - Food and Agriculture Organization (Fundação das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura)
www.ipea.gov.br - Ipea - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.
Há o uso de material bibliográfico no sentido de tentar explicar os
principais fatores intervenientes do quadro da pobreza no Brasil pós
redemocratização, bem como no esclarecimento do que se convencionou
chamar por pobreza. A abordagem pretende demonstrar os diversos
diagnósticos de estudiosos do cotidiana da vida econômica, política e social
brasileira no que diz respeito tanto as incongruência da realidade dos fatos
com o apresentado na Constituição e outros normativos, como no que diz
respeito à análise dos fatores de maior interveniência no quadro de pobreza no
Brasil no período pós democratização (1989 a 2013):
Estabilidade econômica (controle da inflação);
Política de valorização do salário mínimo;
Política de distribuição de renda com condicionantes; e
Crescimento do PIB - Produto Interno Bruto.
O método segue uma navegação orientada e uma avaliação dos recursos e
informações disponíveis nos diferentes bancos de dados na Internet e
9
bibliografia. O estudo procura extrair informações da rede mundial de
computadores, inclusive buscando primeiro as grande bibliotecas virtuais,
como o google play books - https://play.google.com/store/books e depois a
bibliografia física de livros, jornais e revistas das bibliotecas públicas do Distrito
Federal (Biblioteca do Banco Central do Brasil e Biblioteca do Fundo Nacional
de Desenvolvimento da Educação).
10
CAPÍTULO I Conceito de pobreza
Na definição do que é a pobreza, antes de conceituá-la e optar pela
forma mais adequada e pragmática, devemos fazer algumas considerações
sobre basicamente duas vertentes ideológicas da atualidade. A primeira é a
visão conceitual absolutista da pobreza que considera a importância de se
encarar a pobreza como um limite material onde a qualidade de vida é
abalada e onde há limites de gozo de padrões básicos de nutrição, saúde,
água e saneamento, moradia e outras necessidades mínimas para a
sobrevivência, bem-estar e participação na sociedade (Sanchs, 2005). A
segunda vertente é a visão conceitual relativista da pobreza onde
preponderantemente considera-se as diferenças de renda entre classes.
Assim, a ênfase encontra-se na diferença de renda entre ricos e pobres na
sociedade. Uma definição muito usada nas comparações internacionais, define
uma pessoa como pobre se ela vive em uma família com menos de metade da
renda mediana do país. Esta é uma definição relativa de pobreza: você é pobre
se você tem uma renda baixa comparado às demais pessoas em seu país
(Krugman; Wells, 2014).
Com Efeito, a opção que mais se adere ao meio institucional brasileiro1
(governos: federal, estaduais e municipais) e entre a maioria dos intelectuais é
conceituar a pobreza como tem sido diagnosticado pela vertente absolutista,
por uma série de fatores. O pragmatismo da condição absoluta é uma delas,
ou seja, o individuo estará fora da pobreza se possuir as condições materiais
para seu sustento e gozo de saúde física e mental. Um outro, seria o fato de
que, em se aderindo ao conceito relativo de pobreza dos simpáticos à corrente
relativista da pobreza, países de indivíduos com condições materiais
igualmente precárias estariam fora da pobreza pois notadamente não haveria
diferenças de condição material. Um caso que esclarece o anacronismo dessa
posição relativista é quando se lê na mídia que o Brasil é um dos países com
1 São instituições que seguem a metodologia de linha de pobreza sugerida pela ONU e Banco Mundial e
considerada uma metodologia de conceituação absolutista da pobreza, ou seja, estabelece como pobreza moderada a extrema quem recebe menos de US$ 2,00 por dia por pessoa.
11
maiores desigualdade sociais, estando entre os país mais desigual do mundo
segundo o Coeficiente de Gini2 (anexo 01). Isto leva a media intelectual da
população a crê que os nossos pobres são mais pobres que países com o
coeficiente GINI melhores que o Brasil (53,09 pontos; ano de 2011) como é o
caso, por exemplo, de Serra Leoa (35,35 pontos ; ano de 2011), Ruanda
(50,82 pontos ; ano de 2011), Bolívia (46,26 pontos ; ano de 2011),e uma parte
da África subsaariana (anexo 01), algo completamente descabido, pois nestas
regiões os indivíduos são em sua maioria igualmente todos pobres, mais
pobres do que a média dos mais pobres do Brasil.
Feito as considerações e enfatizando a análise pragmática adotado
neste estudo, e pelo governo brasileiro e a maioria das organizações mundiais,
a pobreza será conceituada neste estudo em termos absolutos.
Entretanto, vale ressaltar que esta posição não é uma posição ideal,
mas parte de uma posição estratégica de eliminação da pobreza extrema
(Sanchs, 2005) e não tem a pretensão de fazer superar outros tipos de
pobreza conceituadas no amplo espectro intelectual como por exemplo o
conceito de pobreza segundo Amartya Sen3. Tal autor em sua laureada obra
"Desenvolvimento como Liberdade", compartilha uma interessante visão que
tenta denotar a riqueza (ausência de pobreza) como o gozo da liberdade e
bem-estar, não se prendendo as utilidades materiais econômicas (nem em
termos absolutos e nem termos relativistas). Veja trecho extraído de sua obra
que sintetiza parte desse pensamento:
"Interessante para a economia, e para compreender a natureza do desenvolvimento, é a relação entre recursos e realizações, entre bens e potencialidades, entre a nossa riqueza econômica e a capacidade para vivermos como gostaríamos. Como notava Aristóteles em "Ética a Nicómaco", " a riqueza não é manifestamente o bem que buscamos; pois ela é meramente utilitária, em vista de outra coisa". Os ganhos e a riqueza são meios genéricos de perseguirmos o tipo de vida que razoavelmente valorizamos. É tão importante reconhecer o papel central da riqueza na determinação das condições e da qualidade de vida como
2 Coeficiente de Gini é uma medida de desigualdade desenvolvida pelo estatístico italiano Corrado Gini. 3 Amartya Sen é um economista indiano. Recebeu o Prêmio de Ciências Econômicas em Memória de
Alfred Nobel de 1998 (Prêmio Nobel) , pelos suas contribuições à teoria da decisão social e do "welfare-state".
12
compreender a natureza específica e contingente dessa relação. O crescimento econômico não pode ser tratado como um fim em si mesmo. Deve referir-se à promoção da vida que construímos e as liberdades de que usufruímos." (SEN; Amartya, 2000, p. 6)
1.1 Evolução do conceito de pobreza
O conceito original da palavra pobre vem do latim "pauper" que vem de
"pau", significa: pequeno; e "pário", significa: dou a luz. Referia-se a terrenos
agrícolas ou gado que não produzia o desejado. Significa, então, o que produz
pouco (Wikipédia, 2012). Todavia, o sentido aplicado atualmente é o que
possui pouco, ou seja, houve uma transformação conceitual do sentido de
produzir pouco para o sentido de ter pouco.
O sociólogo inglês Benjamin Seebohm Rowntree é notadamente
considerado o pioneiro no estudo da necessidade de se estabelecer uma linha
de pobreza. No seu famoso estudo "Poverty: A Study of Town Life”, publicado
em 1901, Rowntree trabalha em três categorias de necessidades básicas de
trabalhadores na cidade inglesa de Iork: alimentação, aluguel e itens básicos
como calçados, vestuário e combustível, utilizando diferentes métodos para
estabelecer o mínimo necessário em cada categoria (Rocha, 2003).
Em 1963 Mollie Orshansky4 constrói o indicador que, com revisões,
permanece até hoje como medida oficial da pobreza nos EUA (Feres; Villatoro,
2013, p. 22), a ideia era garantir uma renda que forneceria uma alimentação
básica e que seria multiplicado por três. Em janeiro de 1964 os Estados
Unidos, no governo do presidente Lyndon Johnson, aproveitando os estudos
de Orshansky, estabelecem uma linha de pobreza oficial na famosa política da
"guerra contra a pobreza5"
4 Esta pesquisadora definiu a pobreza a partir de requerimentos nutricionais mínimos. Em 1965,
Orshansky publicou o artigo “Contando os Pobres: Outro olhar do perfil da pobreza”, onde fez uso de uma versão mais refinada de suas linhas de pobreza originais, incluindo índices ajustados pelo tamanho da família, do sexo do chefe do domicílio, a quantidade de menores de 18 anos e a área de residência.
5 A guerra contra a pobreza fazia parte de um programa de governo do presidente Johnson que tinha como "slogan":" a grande sociedade". Tal qual a tradição brasileira de se adotar "slogan" como "Brasil, país rico é pais sem pobreza" do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff.
13
Reflexo disso, é que atualmente existem vários métodos ou
classificações utilizadas em diferentes partes do mundo para aferir o quanto os
indivíduos possuem ou não possuem renda para seu sustento e gozo de saúde
física e mental. Por exemplo, nos Estados Unidos em 2010, a linha de pobreza
oficial dependia do tamanho e da composição da família. A linha de pobreza
para um adulto vivendo sozinho era de US$ 11.344,00 anuais, enquanto para
uma família de dois adultos e duas crianças era de US$ 22.113,00 anuais
(Krugman6; Wells, 2014).
Já no Brasil pós redemocratização de 1988, com alguma variação de
metodológicas nas diferentes esferas e até mesmo dentro da mesma esfera
(como será demonstrado mais a frente) adota-se em geral o padrão
internacional estabelecido de linha de pobreza utilizado pelo Banco Mundial e
Organização das Nações Unidas - ONU.
A referencia da ONU que antes era considerada a de US$ 1,00 por
dia por pessoa para condição de miséria e de US$ 1,00 a US$ 2,00 por dia
por pessoa para condição moderada de pobreza (Sanchs, 2005); passou em
2012, a ser a que considerada extremamente pobres as pessoas que vivem
com menos de US$ PPC7 1,25 por dia, ou US$ PPC 38,00 por mês. Em
2012, e a linha de pobreza extrema internacional correspondia a R$ 2,36 por
dia, ou R$ 71,75 por mês (Ipea-SPI/MP; 2014) .
Esta linha de pobreza foi fixado e aceito pelo Brasil em decorrência da
Cimeira do Milênio realizada na sede das Nações Unidas, na cidade de Nova
York, em setembro de 2000, onde foi assinada a Declaração do Milênio que
compromete os países signatários ao cumprimento de 8 Objetivos de
Desenvolvimento do Milênio (ODM) que deverão ser alcançados até 2015. O
objetivo número 1 dos 8 estabelecidos é o de acabar com a pobreza extrema,
reconhecidamente bem cumprido, não só pelo Brasil como pelo resto do
mundo, conforme citação abaixo, extraído do relatório de acompanhamento
dos objetivos de desenvolvimento do milênio governo federal.
6 Paul Robin Krugman é um economista norte-americano, vencedor do Nobel de Economia de 2008. 7 Os chamados fatores de Paridade de Poder de Compra (PPC) são uma taxa de conversão, calculada pelo
Banco Mundial, de quantos reais são necessários para adquirir os mesmos produtos que um dólar americano compraria nos Estados Unidos.
14
"O primeiro Objetivo de Desenvolvimento do Milênio (ODM 1) é acabar com a pobreza extrema e a fome. Segundo o Relatório dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio 2013, elaborado pela Organização das Nações Unidas (ONU), o mundo já alcançou, cinco anos antes do estipulado, a meta de reduzir a pobreza extrema à metade do nível registrado em 1990." (Ipea-SPI/MP; 2014).
Tal constatação se afina com a evolução dos dados estatísticos do
banco mundial e OCDE entre os anos de 1989 a 2013 da tabela 01 e gráfico
01 deste trabalho. Nesses dados estatísticos há a demonstração nítida de que
as melhoras dos indicadores que refletem o nível da pobreza no Brasil (GINI,
PIB e PISA) melhoram seguindo a média mundial, não obstante o salto que o
país obteve em relação ao GINI.
Comparativo % PIB Brasil x % PIB mundo (1989 a 2013)
-5,00
-3,00
-1,00
1,00
3,00
5,00
7,00
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
Brasil
mundo
média Brasil 2,62%
média mundo 2,72%
dados extraídos: World Bank national accounts data, and OECD National Accounts data files
(gráfico 1)
No país os limites de linha de pobreza estão próximas, e em alguns
casos, um pouco mais alto do que o estabelecido pela Organização das
Nações Unidas. É o caso da aplicação metodológica feita pela Secretária de
Assuntos Econômicos do Ministério da Fazenda - SEA/MF - que traçou em
15
2012 um quadro de divisão de renda onde o limite da linha da pobreza foi um
pouco mais elevado do que o que prescreve o Banco Mundial, quer dizer,
foram estabelecidos 3 parâmetros mínimos aceitáveis de pobreza (veja o
gráfico 2 abaixo), além de atribuir mais cinco categoria de classes de renda de
média a alta para a população brasileira (SAE/MF, 2012).
Classes de renda per capita familiar no Brasil - 2012 (SAE)
5,30% < R$ 81,00
9,80%< R$ 162,00
18,60%< R$ 291,00 16,70%
< R$ 441,00
16,90%< R$ 641,00 14,90%
< R$ 1.049,00 13,40%< R$ 2.480,00
4,40%> R$ 2.480,00
extr. pobres pobres vunerável baixa classe média
média classe média
alta classe média
baixa classe alta
alta classe alta
classe baixa classe media classe alta
dados extraídos: Secretaria de Assuntos Econômicos (Secretaria de Assuntos Economicos, 2012)
(gráfico 1)
O interessante nesse diagnóstico é que mostrou um país em 2012 de
população majoritariamente de classe média, 48,5% da população, e que
existia uma parcela da população estimada em 33,7% vivendo abaixo da linha
da pobreza. Essa população viveria teoricamente com uma renda de menos de
R$ 291,008 per capita.
Um outro padrão de linha de pobreza adotado dentro da mesma esfera
federal, até mesmo antes do estudo da SAE, foi o estabelecido pelo Plano
Brasil Sem Miséria que até 2013 foi executado em colaboração com Estados,
8 neste trabalho, foi adotado o critério mais tradicional em uso no País e adotada pela SAE: renda bruta
mensal, normalmente recebida, domiciliar per capita.
16
Distrito Federal, Municípios e com a sociedade. O Brasil Sem Miséria
considerou em extrema pobreza aquela população com renda familiar per
capita mensal de até R$ 70,00 (setenta e sete reais)
Portanto, a SAE adotou um padrão em 2012 de renda no valor per
capita familiar de R$ 81,00 como limite para extrema pobreza, enquanto o
decreto federal nº 7.492,de 2 de julho 2011, que instituiu o Plano Brasil Sem
Miséria, fixou em 2011, e que vigorou todo o ano de 2012 e 2013, uma renda
per capita familiar de R$ 70,00 como limite para extrema pobreza. Este valor
foi alterado somente em 2014 com o decreto federal nº 8.232 que estabeleceu
um novo valor de R$ 77,00 para o limite da pobreza extrema.
A discrepância metodológica, no entanto, não se constituiu em empecilho
para a contribuição da política pública para a diminuição da extrema pobreza,
pois os níveis encontrados de renda nas diversa metodologias encontradas
estiveram quase sempre acima do prescrito pela Organização das Nações
Unidas desde quando foi criado no ano de 2000 (Ipea-SPI/MP; 2014).
17
CAPÍTULO II A Pobreza no Brasil e no mundo pós redemocratização
de 1989 a 2013
O texto constitucional brasileiro promulgado em 5 de outubro de 1988,
assumido como um texto para a cidadania, elenca diversos objetivos como
fundamentais para uma república de cidadãos. Um dos fundamentos
estabelecidos é erradicar a pobreza, a marginalização e reduzir as
desigualdades sociais e regionais:
"Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: [..] III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais" (CF/1988)
O texto constitucional é pródigo em distribuir benesses sem, no entanto,
apontar os meios para atingir os pretendidos fins. O caso da previdência é
emblemático nesse aspecto. Fazendo com que pessoas que não contribuem
para previdência recebam aposentadorias. Resultado, apesar de sermos um
país jovem, temos uma previdência que emprega volumes enormes de
recursos fazendo com que o país tenha um dos maiores gastos do mundo. O
trecho abaixo extraído de um estudo encomendado pelo IPEA em 2007 aos
pesquisadores Marcelo Abi-Ramia Caetano e Rogério Boueri Miranda refletem
essa realidade:
"Em termos absolutos, os gastos brasileiros com
previdência como proporção de tudo aquilo que a nação
produz são indubitavelmente altos[...]. Em uma comparação
entre 113 países, o Brasil ocupa a 14ª posição, situando-se
junto a países europeus com população mais envelhecida e
conhecidos por suas extensas redes de proteção social, tais
como Itália, Alemanha, França, Suíça, Bélgica e Suécia. "
(Ipea; 2007).
18
À época da constituinte alguns intelectuais expressavam uma grande
preocupação com o que haveria de ser a nossa constituição. O ex-ministro da
fazenda Mário Henrique Simonsen9, em artigo excepcionalmente erudito
publicado pela revista Veja no dia 14 de outubro de 1987, intitulado: O risco
de optar pelo atraso: A máquina farisaica, gastadora e irresponsável que
domina o Estado pode levar o país ao colapso, escreveu sobre a
mentalidade das elites envolvidas na confecção da Constituição de 1888, dizia
ele:
É por tentativa e erro que se aprende, e só não erra quem
nada faz. Burrice é repetir erros comprovados, e é essa a
síndrome que parece contaminar hoje as elites dominantes
brasileiras, que, se nunca foram brilhantes, raramente foram
tão criadoras em sua capacidade de fabricar desastres como
neste final dos anos 80. Infelizmente, tudo isso vem sucedendo
num ano em que o Congresso prepara uma nova Constituição,
concebe um novo regime, inventa um novo sistema tributário, e
desenha um novo paraíso. (Simonsen, Mario Henrique; revista
Veja; 1987)
Outro questão muito discutida no passado, e que demonstrou a total
irrealidade e despreparo na confecção da constituição de 1988 foi a norma do
parágrafo 3º do artigo 192 da Constituição, revogada pela Emenda
Constitucional 40/2003, que limitava a taxa de juros reais a 12% ao ano. Ora a
inflação herdada da era Goulart, por exemplo, estava em quase 8% ao mês,
mas a Constituição em seu art. 192 dizia que o limite de juros anuais não
poderiam passar de 12% ao ano.
Estudos que verificam a relação existente entre as variáveis
constitucionais e a performance econômico, dão conta do anacronismo
provocado pela Constituição de 1988. Neubarth e Balbinotto (2008)
comprovaram em seu estudo: ECONOMIA CONSTITUCIONAL: EFEITOS DAS
9 Ministro da Fazenda do Brasil durante o governo de Ernesto Geisel, entre 16 de março de 1974 e 15 de
março de 1979, e Ministro do Planejamento no governo Figueiredo. Antes disso, havia sido Presidente do Banco Central no governo Castelo Branco, nos idos de 1960.
19
VARIAVEIS ´ CONSTITUCIONAIS SOBRE O CRESCIMENTO ECONOMICO,
que países como o Brasil, que preveem os direitos de seguridade social na
Constituição, tendem a crescer menos que aqueles que não fazem isso.
A partir da Constituição de 1988 a arrecadação de impostos subiu de
forma vertiginosa (tabela 01). Para bancar gastos sociais e de sua máquina, o
governo aumentou a carga tributária paulatinamente desde de 1989. Dados
mostram que em 1989 as receitas em % do PIB que eram de 22%, subiram
para 37% no ano de 2007. A Constituição fez saltar os gastos do governo com
a área social em % do PIB de 6,3% em 1991 para 14,2% em 2006.
Reflexo negativo da canalização dessa soma de recurso é que o país
não tem dinheiro para investir em infraestrutura que é um fator de enorme
dinamização e crescimento do Produto Interno Bruto e que portanto produz
resultados muito mais eficientes e duradouros na área social.
Evolução da arrecadação de 1994 a 2013
ANO ARRECADAÇÃO EM R$ IPCA % 1993 1.731.050.000,00 2477,15% 1994 47.031.700.000,00 916,46% 1995 84.005.540.000,00 22,41% 1996 95.096.550.000,00 9,56% 1997 112.172.180.000,00 5,22% 1998 132.403.000.000,00 1,65% 1999 151.516.610.000,00 8,94% 2000 176.070.340.000,00 5,97% 2001 196.709.250.000,00 7,67% 2002 243.005.070.000,00 12,53% 2003 273.349.260.000,00 9,30% 2004 322.566.980.000,00 7,60% 2005 362.694.050.000,00 5,69% 2006 390.286.860.000,00 3,14% 2007 461.940.070.000,00 4,46% 2008 515.786.710.000,00 5,90% 2009 497.617.940.000,00 4,31% 2010 592.910.370.000,00 5,91% 2011 698.304.160.000,00 6,50% 2012 839.381.950.000,00 5,84% 2013 1.138.325.910.000,00 5,91%
fonte: ipeadata (tabela 1)
20
Constata-se, pelos diversos fragmentos espaços no texto constitucional,
que a cidadania em uma república, pressuposto de igualdade em direitos e
deveres, não há de haver em plenitude sem que se elimine a pobreza e haja
um esforço contínuo para a diminuição das desigualdades econômicas.
Tudo muito adequado, senão fosse termos na Carta Magma atual a
repetição de um modelo antigo e viciado. A nossa Constituição pleiteia uma
estrutura de suporte social vasto, no entanto, não considera que temos
instituições sem um pensamento adequado de apreço a estruturas
econômicas de suporte. Como pronuncia Eduardo Giannetti:
" ...nessas circunstâncias, não é surpresa que o liberalismo nunca tenha se tornado parte efetiva das instituições da vida pratica brasileira ou exercido maior autoridade sobre o pensamento do nosso patronato político. A Constituição recentemente promulgada, com sua minúcia normativa labiríntica, concessão de direitos e benefícios fictícios e inexequíveis e descaso pela realidade econômica do País, apenas revela a permanência desse modelo." (GIANNETTI, 1989)
A Constituição de 1988 parece mais uma vez refletir vícios da nossa origem
portuguesa de concepção de modelos de instituições sem atentar para
estruturas básicas prévias, como bem observa os autores Hélio Beltrão,
Raimundo Faoro e Tristão de Athayde, citados por Eduardo Giannetti:
"Desde o primeiro instante, tudo aqui aconteceu de cima para baixo e de trás para diante. Quando Tomé de Souza desembarcou na Bahia em 1549, nomeado Governador Geral pelo regime absolutista e centralizador vigente em Portugal, já trouxe consigo um regimento pronto e acabado elaborado em Lisboa, que representou, na verdade, a primeira Constituição do Brasil. Ainda não havia povo nem sociedade, mas já existia, pré-fabricado e imposto, do alto e de longe, o arcabouço administrativo que deveria amoldar a ambos." (BELTRÃO, 1980, apud GIANNETTI, 1989, p. 7).
''desde o primeiro século de nossa história, a realidade
se faz e se constrói com decretos, alvarás e ordens régias ''. (FAORO, 1975, apud GIANNETTI, 1989, p. 7).
"fomos um País formados às avessas, que teve Coroa
antes de ter povo; parlamentarismo antes de eleições; escolas
21
superiores antes de alfabetização; bancos antes de ter economias." (ATHAYDE, [Alceu Amoroso Lima], 1980, apud GIANNETTI, 1989, p. 7)
A análise das motivações subjetivas que levam o país ao ciclo vicioso
de repetição desse modelo errado foge ao escopo desse trabalho, entretanto o
desejo de alcance de um welfere-state à moda da época de sua promulgação
foi fator decisivo ao irreal texto constitucional brasileiro de 1988. Assim, a
abordagem do contexto que motivou os constituintes da época torna-se
interessante.
2.1. A Constituição de 1988 e a tentativa de welfere-state a brasileira
O estado de bem-estar social "welfere-state" do fim da 2º guerra mundial
até a metade da década de 70 do século passado, foi uma, senão a maior,
contribuição ao que hoje é conhecido como estado gerencial de transparência.
Este estado de bem-estar, que foi mais desenvolvido nos Estados Unidos e
Inglaterra, à época governados respectivamente por Ronald Reagan e
Margaret Thatcher, sofreu com o padrão anacrônico e insustentável da
situação fiscal nesses países (ABRUCIO, 1997), fruto de suas políticas
burocráticas de promoção de bem-estar social combinado com as crises do
petróleo da década de 70 (HOBSBAWN, 1995, apud ABRUCIO, 1997, p. 6).
Tal situação levou a implementação de vários modelos emprestados da
iniciativa privada (ABRUCIO, 1997) fazendo com que a gestão pública inglesa
e americana vivencia-se uma experiência transformadora, levando o foco das
políticas públicas para a efetividade de suas entregas no que ficou conhecido
como "New Public Manengement" (NPM)10. Assim o produto/serviço ofertado
ao cidadão passou a ter a utilidade aferida em consonância com um
planejamento transparente e democrático; passou-se de um modelo onde o
foco era o controle burocrático, com ênfase nos controles de execução
rigorosos, para um modelo onde a ênfase seria na qualidade do
produto/serviço ofertado ao cidadão pela administração de forma transparente.
10 Corrente com enfoque na adaptação e transferência dos conhecimentos gerenciais desenvolvidos no setor privado para o público, pressupondo a redução do tamanho da máquina administrativa, o aumento de sua eficiência e a criação de mecanismos voltados à responsabilização dos atores políticos.
22
No Brasil pós redemocratização, as transformações da gestão pública,
transcorridas de forma mais ou menos lineares e estruturadas nas
democracias centrais do mundo, surgiram confusas, atropeladas e num só
instante.
A Constituição Federal de 1988, conhecida como constituição cidadã,
elencou acertadamente um conjunto de direitos sociais reconhecidamente
modernos, porém, num país com muitas demandas sociais e com uma
essência viciada de gestão pública demasiadamente patrimonialista e
burocrata, o Estado de bem-estar social nunca vigorou, dado essa grandes
dificuldades estruturais.
Não obstante tenha sido o país que mais diminuiu a diferença entre
pobres e ricos no mundo no período pós redemocratização, os desafios
continuam imensos, haja visto o fraco crescimento do padrão educacional, e
um crescimento econômico abaixo da média mundial nos últimos 25 anos
(tabela 02).
23
PIB, GINI e PISA: Brasil, América Latina e Mundo (1989 a 2013)
1989 3,28 3,88 1,34
1990 -4,30 2,86 0,48
1991 1,51 1,28 3,71
1992 -0,47 1,77 2,85
1993 4,67 1,61 3,81
1994 5,33 3,17 4,70
1995 4,42 2,97 0,36
1996 2,15 3,33 3,65
1997 3,37 3,78 5,38
1998 0,04 2,52 2,30
1999 0,26 3,37 0,33
2000 4,31 4,25 4,01
2001 1,31 1,75 0,32
2002 2,66 2,06 0,06
2003 1,15 2,81 1,78
2004 5,71 4,19 5,95
2005 3,16 3,63 4,47
2006 3,96 4,10 5,60
2007 6,10 3,98 5,56
2008 5,17 1,46 3,73
2009 -0,33 -2,09 -1,60
2010 7,53 4,07 5,86
2011 2,73 2,83 4,34
2012 1,03 2,38 2,83
2013 2,49 2,17 2,43
acumulado 93,0 95,39 106,87
World Bank national accounts data, and OECD National Accounts data files
ano / nº de
paisesposição
59,57
59,89
52,67 - 17º mais desigual do mundo última posição
55,93
55,23
54,37
dados inexistentes
56,65
ano
52,67
PISA - OCDE
desigualdade e educação - GINI e PISA
Brasil Am. Latina & Caribe Coef. GINI Brasil
60,12
mundo
53,87
53,09
59,33
58,62
58,01
56,88
2006 / nº 52 última
59,80
59,61
58,99
crescimento - GDP growth (PIB %)
63,3 - mais desigual do mundo
60,49
53,17
2009 / nº 50 última
2012 / nº 57 última
2000 / nº 32 última
2003 / nº 41 40º
(tabela 2)
Assim, constatando a dependência clara do enfretamento da pobreza no
Brasil à situação econômica externa, vem à tona saber como se dá esta
mecânica de enfretamento da pobreza no Brasil. Não é pretensão deste
trabalho estudar o caminho utilizado pelo país para conseguir alcançar
crescimentos de PIB, em média, sempre abaixo do crescimento mundial, mas
expor os fatores relevantes no enfretamento da pobreza, sendo o PIB um deles
24
(Ricardo Paes de Barros; Ricardo Henriques; Rosane Mendonça; 2000)
Portanto, neste período basicamente quatro foram os fatores utilizado nos
governos brasileiros no combate a pobreza: Estabilidade econômica,
crescimento do PIB - Produto Interno Bruto, Política de valorização do salário
mínimo e Política de distribuição de renda com condicionantes. Estudaremos
estes fatores no terceiro e último capítulo deste trabalho.
25
CAPÍTULO III Fatores que interferiram no quadro da pobreza
Desde da Constituição de 1988 o panorama da pobreza extrema e da
pobreza no Brasil sofreu uma alteração considerável como atesta vários
estudos, não obstante possuir uma longa caminhada até sua extinção. Os
motivos que levaram o país a atingir a redução da pobreza foram variados e
considerados por diversos autores mais ou menos influentes na sua redução
para diferentes estudos transcorridos nesse período. Neste capítulo procurarei
fazer um apanhado de fatores que têm sido mais enfatizados com frequência
dentro da temática. São quatro esses fatores que preponderam nas análises
consideradas:
Estabilidade econômica (controle da inflação);
Política de valorização do salário mínimo;
Política de distribuição de renda com condicionantes; e
Crescimento do PIB - Produto Interno Bruto.
É evidente que estes fatores não podem ser tratados de modo separado
e independente um do outro como responsáveis pela diminuição da pobreza,
mas de forma mútua e simultaneamente dependentes. Cada qual tendo uma
ação mais ou menos preponderante em determinado momento e
circunstâncias econômicas vividas no país.
3.1 Estabilidade econômica (controle da inflação)
Fato relevante e frequentemente relatado foi a importância decisiva que
teve a conquista da estabilidade econômica para a redução da pobreza.
segundo Sonia Rocha (1996) julho de 1994 é a data de referência relevante
para examinar a evolução ocorrida após a implantação do Plano Real. Em dois
anos, a partir desse momento, ficou evidente que o plano de estabilização
permitiu uma inequívoca melhoria da renda; em Barros, Henriques e Mendonça
(2000) é enfatizado que as maiores quedas no nível de pobreza nos anos 80 e
90 resultaram dos impactos dos planos Cruzado e Real, este com resultado
26
mais estáveis, fazendo com que a porcentagem de pobres pudesse cair 50%
em 1983 para abaixo dos 30% e 35%, respectivamente.
O controle da inflação permitiu principalmente aos de renda mais baixa
ter o controle e proteção de sua renda permitindo a grande parcela da
população acúmulo de renda induzidas principalmente pela dinâmica do
crescimento econômico, valorização do salário mínimo, e no caso das políticas
de distribuição de renda com condicionantes a inflação de um dígito
possibilitou que a renda repassada não fosse corroída rapidamente dada a
particularidade de a inflação atingir de forma mais grave famílias com rendas
mais baixas como é o caso das que recebem bolsa família. Desta forma
transcrevo trecho de estudo do Departamento Intersindical de Estatística e
Estudos Socioeconômicos (ICV/Dieese) que corrobora tal raciocínio:
"... à dinâmica da inflação na década de 2000, que tendeu para um patamar ao redor de 5% entre 2004 e 2011, que permitiu a preservação do poder de compra dos rendimentos do trabalho e da proteção social estabelecidos pela política pública [...] a preservação dos ganhos de renda é evidenciada pela elevada divergência entre as evoluções do salário mínimo nominal e da inflação média para as famílias com renda de 1 a 3 salários mínimos, mensurada pelo índice de custo de vida do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (ICV/Dieese) para a cidade de São Paulo." (ICV/Dieese; 2015)
3.2 Política de valorização do salário mínimo (SM)
A política de valorização do salário mínimo (SM) é eficaz a partir de
condições de pobreza extrema muito elevada e com um mercado de trabalho
que facilite entrada no trabalho formal, passando a ter uma eficácia diminuta a
medida em que o salário mínimo ultrapassa a linha de pobreza considerada11
(Afonso; Pereda; Giambiagi e Franco, 2011). A proximidade do salário mínimo
com o da linha de pobreza extrema e da pobreza foi retomada várias vezes no
fim da década de 80 e início da década de 90 do século passado quando as
11 Seja um arranjo familiar composto por apenas uma única pessoa, recebedora de um SALÁRIO no valor
de R$ 465. Suponha-se que a linha de pobreza extrema seja de R$ 130 per capita. Se houver um
27
condições econômicas eram oscilantes. Entretanto, como pode ser vista na
tabela 03 abaixo, o avanço do salário mínimo foi muito grande e estável a partir
do plano real (ano de 1994), considerando a Paridade do Poder de Compra
(PPC US$) Tal efeito de valorização do salário mínimo é menos eficaz nos dias
de hoje, mas ainda muito bem vindo pela capacidade desta política aumentar a
massa de renda disponível para o consumo conforme atesta nota técnica nº
162 do DIEESE:
"Em setembro de 2012, no Brasil, eram 10,8 milhões de trabalhadores ativos e 20,3 milhões de beneficiários da Seguridade que recebiam exatamente um SM. Ou seja, em 2012, no total, eram 31,1 milhões de recebedores de um SM. Assim, a elevação do SM, dos salários de base e dos benefícios da Seguridade, aliada à queda expressiva da taxa de desemprego, promoveu um alargamento do mercado consumidor interno." (DIEESE, 2014, p. 9).
Assim, o salário mínimo tem um papel bem mais atuante na diminuição da
desigualdade entre ricos e pobres do que propriamente na diminuição direta da
pobreza extrema e da pobreza.
Porém, fica claro que a política de salário mínimo tem uma ação indireta
na diminuição da pobreza extrema e da pobreza por, em aumentando a
demanda agregada da economia, dinamizar a economia e aumentar também
as possibilidade de trabalho informal (condição da maioria da população em
extrema pobreza e pobreza).
aumento no valor do SM, este incremento de renda não reduz a pobreza extrema.
28
Comparativo SM cresc. real x SM PPC em US$ (1989 a 2013)
ANO SM cresc. real em R$ SM PPC em US$1989 463,77 102,771990 348,18 81,181991 330,15 80,331992 356,84 89,431993 393,54 101,571994 322,58 85,361995 322,41 87,841996 336,30 94,281997 344,84 98,921998 358,71 104,511999 362,02 107,762000 374,42 115,242001 408,44 129,272002 418,86 134,652003 421,78 138,672004 437,48 147,692005 467,94 163,392006 533,71 192,362007 565,97 209,752008 583,38 224,492009 625,51 239,822010 658,74 256,672011 659,32 265,002012 714,87 293,282013 732,45 304,90
fonte: ipeadata (tabela 03)
29
3.3 Política de distribuição de renda com condicionantes
Os programas de distribuição de renda com condicionantes ou
programas de transferência de renda não contributiva começaram a surgir a
partir do ano de 2001. Programas como: o Bolsa Escola, Cartão Alimentação,
Auxílio-Gás, Bolsa Alimentação e Fome Zero (todos criados no período 2001-
2003) foram unificados e deram origem ao Programa Bolsa Família (Lei
federal nº 10.836, de 9 de janeiro de 2004)
No primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff o principal programa
de distribuição de renda com condicionantes foi o Plano Brasil Sem Miséria.
Este plano somado a outro planos de âmbito estadual e municipal consistia
em um conjunto articulado de políticas, programas e ações. O eixo principal
desses planos é a garantia de renda mínima (existem ainda outros dois eixos
de programa o acesso a serviços públicos e a inclusão produtiva)
Como exemplo de mecanismo de atuação desse planos, em 2011 no
Distrito Federal, existia um convênio firmado entre a esfera federal, que
garantia um valor mínimo per capita na família de R$ 70,00 (Lei federal nº
10.836, de 9 de janeiro de 2004, que cria o Programa Bolsa Família) e a esfera
distrital que fazia a suplementação financeira até o valor mínimo per capita na
família de R$ 100,00 a ser transferida às famílias residentes no Distrito Federal
e beneficiárias do Programa Bolsa Família (Lei distrital nº 4.601, de 14 de julho
de 2011, que instituiu o Plano DF sem Miséria).
O papel das políticas de distribuição de renda com condicionantes
(bolsa família) tem efeito muito poderoso na diminuição da pobreza extrema e
pobreza, pois a renda repassada a estas pessoas encontra-se em um nível
capaz de vencer a linha de pobreza extrema e a linha de pobreza. Portanto,
nessas políticas de distribuição de renda os efeitos são muito mais
substanciais que a valorização do salário mínimo pelo simples motivo de que
na maioria das famílias que recebem um salário mínimo esta renda de um
salário mínimo deixa-as na prática fora das linhas de pobreza. Assim, uma
30
família de 4 pessoas que tenha um único assalariado recebendo um salário
mínimo, por exemplo um salário de R$ 545,0012, terá uma renda familiar per
capita de R$ 136,25, portanto fora das linhas de pobreza para o ano de 2011
que teve estabelecida renda familiar mínima de linha de pobreza de R$ 70,0013
per capita mensal.
Assim, na garantia de renda, o esforço governamental em política
pública voltada para redução da extrema pobreza foi suprir a famílias com
renda per capita que superasse os R$ 70,00 - linha de pobreza de 2011. Em
2012 o programa beneficiou 13,8 milhões de famílias e diminuiu a pobreza
extrema de 14% para 3% de 2002 a 2012 (IPEA; 2012). Tal esforço, não
obstante o fato de o país ter um longo caminho a percorrer, pode ser
considerado bem-sucedido haja vista que o país vem conseguindo cumprir as
metas de diminuição de pobreza14.
3.4 Crescimento do PIB - Produto Interno Bruto
Doravante o produto interno bruto - a soma (em valores monetários) de
todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região de um
país - não ser um indicador da melhoria de vida de uma população, ele
potencializar reflexos poderosos na erradicação/diminuição da pobreza. O
crescimento econômico, evidentemente, representa uma via importante,
apesar de lenta, para combater a pobreza. Um crescimento de 3% ao ano na
renda per capita, por exemplo, tende a reduzir a pobreza em aproximadamente
um ponto percentual a cada dois anos (BARROS; HENRIQUES; MEDONÇA,
200, p. 139), ou como os mesmos autores observaram em simulação -
procurando extrair a contribuição das medidas de distribuição de renda e
crescimento econômico para a diminuição da pobreza - entre os anos de 1977
a 1997 o crescimento econômico contribuíra com 84% para diminuição da
pobreza. Portanto, muito da diminuição da pobreza, se não sua maior parte
12 Lei nº 12.382, de 25 de fevereiro de 2011. Dispõe sobre o valor do salário mínimo em 2011. 13 Decreto nº 7.492, de 2 de junho de 2011, instituíu o Plano Brasil Sem Miséria, com a finalidade de
superar a situação de extrema pobreza da população em todo o território nacional, por meio da integração e articulação de políticas, programas e ações,
32
CONCLUSÃO
Considerando o exposto, fica evidente que nesse período estudado de
1989 a 2013, o mais longo período democrático vivido na história republicana
brasileira, com cinco eleições diretas para presidente, a pobreza e a pobreza
extrema caíram. Entretanto estamos longe de conseguirmos a sua erradicação.
Dados da Secretaria de Estudos Econômicos do Ministério da Fazenda -
SEA/MF - dão conta de que até 2012 um terço da população brasileira estava
abaixo da linha de pobreza (gráfico 01).
Cada um desses quatro fatores estudados aqui contribuiu com maior ou
menor intensidade ao seu tempo. A estabilidade econômica ou controle
inflacionário foi importante pois não seria útil, por exemplo, aumentar-se o valor
do salário mínimo e bolsa família em 5% se a inflação de 8% corroia-os. De
forma diferente, mas no mesmo sentido, também não seria útil para os menos
favorecidos ter uma estabilidade econômica sem aumento real de seus
rendimentos. Enfim, há uma relação simbiótica em todos esses fatores
exposto neste trabalho, um dependendo mais ou menos do outro em
momentos distintos.
As razões que levaram a queda da pobreza elencadas neste trabalho
(Estabilidade econômica - controle da inflação -, política de valorização do
salário mínimo, política de distribuição de renda com condicionantes e
crescimento do PIB - Produto Interno Bruto) , nos leva a crê que estamos no
caminho certo, se, e somente se, considerarmos a necessidade de
acelerarmos este processo de queda da pobreza.
Com efeito, este catalisador necessário seria a precisamente educação
da população, o algo a mais para fomentar a erradicação da pobreza absoluta
no país, maximizando os fatores aqui estudados, de forma segura e sem
precipitações. E a experiência internacional mostra-nos isso. Dados aqui
mostrados enfatizam o quanto estamos atrasados em relação a média de
33
desenvolvimento educacional dos países mediamente desenvolvidos
(Programa Internacional de Avaliação de Alunos- PISA, tabela 01).
No entanto, e novamente considerando que temos um longo caminho a
percorrer, poderíamos considerar que já é positivo estarmos nos comparando a
outras nações do mundo. A própria entrada do Brasil no ano de 199915 no
PISA da OCDE16 - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico, órgão internacional composto por 34 países que aceitam os
princípios da democracia representativa e da economia de livre mercado, que
procura fornecer uma plataforma para comparar políticas econômicas,
solucionar problemas comuns e coordenar políticas domésticas e
internacionais, dá conta desse comportamento positivo.
Outro fator extremamente importante a ser combatido é a cultura política
brasileira de desprezo a realidade econômica do país. Essa rejeição,
profundamente enraizada em nossa história política, tem provocado estragos
enormes no enfrentamento da pobreza absoluta no Brasil.
Como não foi o propósito desta monografia abordar a importância de
outros fatores que poderiam maximizar as nossas pretensões de erradicação
da pobreza, sendo a educação o mais elevado dentre todos, resta-nos a
certeza da contribuição dos fatores aqui estudados na batalha de eliminação
da pobreza absoluta e a confirmação de que o Brasil democratizado (período
1989 – 2013) tem encontrado dificuldades:
- Na erradicação da pobreza e até mesmo diminuição da desigualdade;
- Na confirmação de que o País possui estatísticas que denotam uma
problematização em assumir ele mesmo suas responsabilidades de forma
racional, planejada, sem aventuras, considerando a realidade da economia
social; e
15 Com vistas a garantir a qualidade e a efetividade dos referidos instrumentos, bem como dos
procedimentos de campo, foi realizada, em 1999, a pré-teste dos Cadernos de Testes em todos os países participantes do teste PISA realizado no ano de 2000.
16 A maioria dos membros da OCDE é composta por economias com um elevado PIB per capita e Índice de Desenvolvimento Humano e são considerados países desenvolvidos.
34
- Na confirmação de que o Brasil encontra-se numa constante dependência
de fatores econômicos externos e com crescimento econômico sempre
subordinado ao crescimento do resto do mundo, demonstrado no
acompanhamento de diversos indicadores de nível de bem-estar de sua
população (GINI, PISA, PIB).
35
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IPEA; 2007.
Lei federal nº 10.836, de 9 de janeiro de 2004, que cria o Programa Bolsa
Família.
Lei distrital nº 4.601, de 14 de julho de 2011, que instituiu o Plano DF sem
Miséria.
Lei nº 12.382, de 25 de fevereiro de 2011. Dispõe sobre o valor do salário
mínimo em 2011.
Decreto nº 7.492, de 2 de junho de 2011, instituíu o Plano Brasil Sem Miséria,
com a finalidade de superar a situação de extrema pobreza da população em
todo o território nacional, por meio da integração e articulação de políticas,
programas e ações.
37
Webgrafia
www.worldbank.org - World Bank (Banco Mundial);
www.oecd.org - OCDE - Organisation de Coopération et de Développement
Économiques (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico);
www.ibge.gov - IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística;
www.fao.org.br - FAO - Food and Agriculture Organization (Fundação das
Nações Unidas para Alimentação e Agricultura)
www.ipea.gov.br - Ipea - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pobreza - a enciclopédia livre da Web.
38
anexo 01 (GINI de 1989 e 2011)
South Africa 65,02 1ºHonduras 59,49 3º 57,40 2ºColombia 53,59 5º 54,18 3ºBrazil 63,3 1º 53,09 4ºParaguay 52,60 5ºGuatemala 59,6 2º 52,35 6ºPanama 58,91 4º 51,83 7ºChile 50,84 8ºRwanda 50,82 9ºCosta Rica 46,69 8º 48,60 10ºDominican Republic 50,46 7º 47,40 11ºBolivia 46,26 12ºEcuador 46,21 13ºTogo 45,96 14ºPeru 45,67 15ºArgentina 43,57 16ºUruguay 42,37 12º 43,43 17ºChad 43,30 18ºEl Salvador 42,43 19ºGeorgia 41,58 20ºSenegal 40,31 21ºCongo, Rep. 40,17 22ºTurkey 40,04 23ºIndonesia 38,14 24ºChina 37,01 25ºLatvia 36,03 26ºSierra Leone 35,35 27ºBulgaria 23,43 21º 34,28 28ºEthiopia 33,60 29º
1989 2011ano
Country Name
39
Kyrgyz Republic 33,39 30ºPoland 26,89 19º 32,78 31ºEstonia 32,69 32ºLithuania 32,63 33ºCambodia 31,82 34ºArmenia 31,32 35ºNiger 31,16 36ºMoldova 30,63 37ºMontenegro 30,63 38ºPakistan 29,63 39ºHungary 25,05 20º 28,94 40ºRomania 23,31 22º 27,21 41ºSlovak Republic 26,58 42ºBelarus 26,46 43ºCzech Republic 26,39 44ºSlovenia 24,87 45ºMexico 51,99 6ºMalaysia 46,17 9ºUganda 44,36 10ºVenezuela, RB 43,84 11ºGhana 35,99 13ºAustralia 33,15 14ºFrance 33 15ºItaly 32,68 16ºBangladesh 28,85 17ºGermany 28,61 18ºNamibiaZambiaLesothoSwazilandMalawiNigeriaIsraelUnited StatesMadagascarThailand
1989 2011ano
Country Name
fonte: http://databank.worldbank.org/data ( demais países não consta GINI para o ano)