Fases de Construção de um Jogo Virtual para Mensurar a Inovação ...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
UMA DISCUSSÃO SOBRE A SUBUTILIZAÇÃO
DA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO
Por: Anderson Pitanga Louzada
Orientador
Prof. Vera Vergara
Rio de Janeiro
2009
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
UMA DISCUSSÃO SOBRE A SUBUTILIZAÇÃO
DA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO
Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do
Mestre – Universidade Candido Mendes como
requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Gestão de Recursos Humanos.
Por: . Anderson Pitanga Louzada
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus grandes amigos
Bruno Almeida e Kadu Menezes, pelo
incentivo, apoio e nossos longos
questionamentos e debates. Agradeço
ainda minha grande amiga Regina, por
não ter desistido nunca de acreditar em
mim.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho às duas mulheres
mais importantes da minha vida, minha
mãe Leila, responsável pela formação do
ser humano que sou hoje, e minha
adorável esposa Ligia, por seu apoio
incondicional nesta minha jornada.
5
RESUMO
A administração moderna nos mostra que o futuro de qualquer organização
depende das pessoas envolvidas nos processos que vão gerar os resultados
esperados. O desempenho humano torna-se algo valioso, o que desperta a
necessidade de se desenvolver e avaliar este desempenho. Surge então a
Avaliação de Desempenho, uma ferramenta de gestão utilizada exatamente
para mensurar este desempenho. Entretanto, será que as organizações estão
preparadas para utilizar a ferramenta de maneira que se possa usufruir de
todas as suas possibilidades? É fundamental conhecer os propósitos deste
instrumento, bem como suas críticas, com a finalidade de promover contínuas
melhorias. Através de uma pesquisa realizada em uma instituição financeira,
será exposto como são os processos na prática, enfatizando o
comprometimento dos envolvidos no processo, e suas percepções sobre o
instrumento, gerando então uma reflexão sobre a subutilização da ferramenta
e sugestões para que a avaliação de desempenho seja um instrumento valioso
para a organização como um todo.
6
METODOLOGIA
O trabalho que segue foi desenvolvido com base em duas metodologias
complementares com o objetivo de tratar do tema exposto, a Avaliação de
desempenho.
Inicialmente, é apresentado um referencial teórico sobre o assunto,
confrontando e comentando idéias de autores que se destacaram no estudo
desta ferramenta de gestão. Neste primeiro ato, serão apresentados fatores
relevantes sobre o assunto, sua devida importância, pontos positivos, críticas e
funcionalidade da avaliação.
Em seguida, a pesquisa continua com um estudo de caso, realizada em
uma instituição financeira. Tal pesquisa foi realizada utilizando um método
quantitativo, um questionário desenvolvido exclusivamente para esta pesquisa,
onde as perguntas têm por base dois focos que serão desenvolvidos a partir
das respostas obtidas: o comprometimento dos funcionários e a funcionalidade
do instrumento.
O questionário, que consta em Anexos, foi aplicado em três agências
desta instituição, visando obter uma visão mais ampla sobre o assunto,
evitando assim possíveis distorções de resultados ou conclusões
tendenciosas.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I – O Conhecendo conceitos, Propósitos
e Tendências da Avaliação de Desempenho 09
CAPÍTULO II – Aspectos Negativos da Avaliação de Desempenho 20
CAPÍTULO III – Estudo de Caso – O Emprego da ferramenta
em uma Instituição Financeira 26
CONCLUSÃO 36
BIBLIOGRAFIA 36
ANEXOS 39
ÍNDICE 45
FOLHA DE AVALIAÇÃO 47
8
INTRODUÇÃO
Ao analisarmos toda a trajetória das organizações, desde a Revolução
Industrial, passando pelas abordagens clássicas, humanas e atuais,
percebemos que mundo corporativo hoje destaca e resgata a força motriz de
seu sucesso: as pessoas.
E dentro deste novo contexto, as pessoas na organização passam a
ser personagens principais e foco de intensas pesquisas que buscam sinalizar
a importância do fator humano para a sobrevivência e sucesso no mundo
organizacional.
A Avaliação de Desempenho é uma ferramenta de gestão,
relativamente nova, utilizada hoje por muitas empresas com este propósito,
tendo por finalidade prover dados de diferentes naturezas do desempenho,
que se tornarão informações primordiais para ações como desenvolvimento e
capacitação profissional, motivação, treinamento, enfim, investimentos no
capital intelectual.
Entretanto, o processo de Avaliação de Desempenho ainda se
encontra em evolução. Faz-se necessário ainda às empresas, formar gerentes
capazes de absorver toda a funcionalidade desta ferramenta, bem como
conscientizar as pessoas da organização de sua importância neste processo.
9
CAPÍTULO I
CONHECENDO O CONCEITO, PROPÓSITOS E
TENDENCIAS DA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO
1.1 – O propósito da Avaliação de Desempenho
Se olharmos para trás, notaremos que a palavra avaliação sempre
esteve presente em vários momentos da vida. Talvez com significados,
técnicas e métodos diferentes, mas de certa forma, avaliamos e somos
avaliados todo o tempo.
Inserindo este termo num ambiente organizacional, somos remetidos
ao instrumento conhecido por avaliação de desempenho, que tem por
finalidade verificar quanto o profissional se adapta aos objetivos da empresa e
às demandas e exigências do trabalho em si.
Mas a avaliação de desempenho tem um propósito muito maior do que
ser apenas um recurso que auxilia a isolar, observar, mensurar formalizar e
compensar comportamentos e resultados alcançados pelos indivíduos (Reis e
Hipólito, 2002).
Entramos numa era em que a melhoria de desempenho torna-se um
diferencial competitivo, pois segundo Lucena (2004), “são as pessoas que
promovem as mudanças para manter a empresa em ritmo evolutivo”.
McGregor (1999) afirmava que a verdade nua e crua é que estamos
muito longe de compreender todo o potencial representado pelos recursos
humanos. Eis então um grande desafio para a área de RH. Num mercado
competitivo e globalizado, em constante mudança, a empresa que gerenciar
com excelência o desempenho de seu capital intelectual sempre se
sobressairá.
10
1.2 – Conceitos e Evolução
Segundo a enciclopédia virtual Wikipedia, pode-se definir a Avaliação
de Desempenho, num conceito mais amplo, como:
“o modelo mais completo para o acompanhamento do
desempenho dos colaboradores, por abranger o
planejamento, acompanhamento e avaliação do
desempenho, com o intuito de melhorar do trabalho,
objetivando estimular o alcance de metas organizacionais
e a promoção do desenvolvimento dos recursos
humanos.” (Wikipedia.com.br)
Chiavenato (1999), define a ferramenta como “uma apreciação
sistemática do desempenho de cada colaborador, em função das tarefas que
desempenha, das metas e resultados a serem alcançados e do seu potencial
de desenvolvimento”.
Nas duas definições, percebemos que o desenvolvimento do indivíduo
como profissional e o conseqüente acompanhamento deste desenvolvimento,
estarão sempre ligado diretamente às metas e resultados. Evidentemente,
resultado é o que busca qualquer organização, mas não há resultado se não
houver pessoas que estejam num determinado grau de desenvolvimento
profissional.
Reis e Hipólito (2002) afirmam ainda que a avaliação deve ser
interpretada também como um sistema que impõe uma divisão de
responsabilidades pela gestão de pessoas na própria organização e pelo
empenho em aperfeiçoar o desempenho.
Entretanto, tais definições são resultados de profundas modificações
evolutivas do processo avaliatório. Inicialmente, a avaliação tinha por base a
lógica da organização hierárquico-funcional, onde o avaliador é o superior
hierárquico imediato e o foco da avaliação é restrito ao cargo, analisando-se
11
apenas a realização de objetivos e atribuições inerentes ao cargo (Reis e
Hipólito, 2002).
Entretanto, o ambiente organizacional de hoje, onde a hierarquia é
menos evidente e grupos de trabalho tornam-se cada vez mais comuns, exige
que o foco não mais seja o cargo ocupado, e sim o individuo em si. A
consecução dos objetivos de uma organização passa a estar relacionado ao
contínuo desenvolvimento e aprimoramento de todos os indivíduos envolvidos
que fazem parte da estrutura organizacional.
1.3 – Tipos de Avaliação de Desempenho
A evolução da própria Administração como ciência e,
consequentemente, a mudança na maneira de se gerir os recursos humanos
das organizações, fez com que o processo de se avaliar o desempenho dos
profissionais sofresse mudanças de grande relevância.
Tais mudanças sugeriram, segundo Reis e Hipólito (2002), quatros
focos distintos, que devem ser compreendidos em suas diferenças, uma vez
que os conteúdos a serem avaliados, bem como ferramentas utilizadas e
ações decorrentes, serão diretamente impactados pelo tipo de avaliação
selecionada.
As avaliações então podem ter foco na aferição potencial, na analise
comportamental, no desenvolvimento profissional e na realização de metas e
resultados, como veremos a seguir.
12
1.3.1 – Foco na Aferição Potencial
O foco na aferição de potencial consiste em analisar o desempenho do
profissional visando respaldo para promoções, especialmente em níveis
gerenciais (Reis e Hipólito, 2002).
São utilizadas simulações com intuito de aferir o comportamento de um
funcionário quando colocado frente a situações vivenciadas por posições
hierárquicas superiores, e então são analisadas capacidade de decisão,
comunicação oral, iniciativa, etc.
Assim sendo, ao utilizar o foco em aferição de potencial, a organização
consegue mapear capacidades apresentadas pelos profissionais que serão
utilizadas mais tarde numa posição superior.
Além disso, a aferição de potencial pode ser utilizada como uma
ferramenta de preparar funcionários para ocupar cargos superiores, como
explicam Reis e Hipólito:
“A avaliação de pontecial também pode ter foco no longo
prazo, procurando identificar quanto um indivíduo poderá
adaptar-se a uma função gerencial no futuro, após
investimentos maciços em desenvolvimento. Desta forma,
as empresas identificam pessoas de alto potencial (high
potential) que provavelmente ocuparão cargos-chaves em
sua estrutura.” (Reis e Hipólito, 2002, p. 77)
Através desta perspectiva, a ferramenta além de preparar futuros
gerentes, inspira a motivação de seu quadro funcional, buscando soluções
dentro de seus próprios recursos humanos.
13
1.3.2 – Foco na Análise comportamental
Ao focar a análise comportamental, a organização deve inicialmente
identificar o tipo de comportamento de liderança que se pretende estimular,
propagando desta maneira seus objetivos e valores.
Comunicar à equipe os objetivos da companhia a serem atingidos,
fornecer feedback aos membros de sua equipe, buscar a satisfação de clientes
internos e externos, dentre outros, são comportamentos que poderão construir
um inventario de práticas de liderança, segundo Reis e Hipólito (2002).
Através da constituição deste inventário, é possível criar questionários
de avaliação e auto-avaliação utilizados no processo. Reis e Hipólito (2002)
afirmam que ao utilizar este foco, a avaliação frequentemente aplicada a
múltiplas fontes, gerando feedback de diversos componentes do network do
avaliado, tornando o resultado rico em termos de informação.
1.3.3 – Foco no Desenvolvimento Profissional
Quando se resolve focar o desenvolvimento profissional, é quase que
imediato que se compare grau de desenvolvimento de um determinado
profissional ao cargo que este ocupa.
Entretanto, Reis e Hipólito (2002) afirmam que o uso de cargos como
parâmetro principal em gestão de pessoas já está em desuso, visto que as
organizações hoje exigem que as pessoas assumam responsabilidades na
medida em que novas necessidades surgem. Por isso, os autores afirmam
que:
“Quando o assunto é avaliação do desenvolvimento,
portanto, o desafio constante em elaborar ferramentas
capazes de apontar o grau de complexidade do trabalho
14
com que os profissionais conseguem lidar e o conjunto de
capacidades necessárias para a sua realização.” (Reis e
Hipólito, 2002, p. 80)
Um bom exemplo de ferramenta de avaliação de desempenho com
foco em desenvolvimento é a gestão por competências. Tal modelo, permite
avaliar o desenvolvimento das pessoas continuamente, gerando informações
para possíveis ações de capacitação e treinamento, promoções ou
remuneração.
1.3.4 – Foco na Realização de Metas e Resultados
Quando a organização adota um método de avaliação de desempenho
com foco na realização de metas e resultados, a organização deve ter bem
definida suas metas ou resultados esperados tomando por base seu quadro
funcional. A realização destas metas deve ser acompanhada rigorosamente,
considerando-se ainda a existência de fatores externos que possam influenciá-
la (Reis e Hipólito, 2002).
Os resultados esperados devem ser desafiadores, porém, factíveis de
acordo com a atuação dos indivíduos que estão sendo acompanhados. E para
isso, a organização deve conhecer o grau de desenvolvimento de todos os
profissionais envolvidos, uma vez que estes serão os meios principais para o
atingimento das metas estipuladas.
Para isso, o resultado a ser alcançado deve estar bem definido, pois
desta maneira, os esforços estarão direcionados de maneira a atingir o que foi
proposto pela organização.
A organização precisa ainda estar pronta para rever quaisquer metas
ou estratégias traçadas, que venham a ser abaladas por fatores externos, de
maneira a evitar que tais imprevistos interfiram no resultado esperado.
15
Neste caso, onde as metas e os resultados são o ponto chave do
processo, a avaliação de desempenho tende a buscar indicadores
quantitativos para acompanhamento (Reis e Hipólito, 2002).
Logo, o ponto chave neste caso é identificar os indicadores mais
adequados para a construção da ferramenta, com base no resultado ou meta
proposto pela organização.
Lucena (2004) conclui que são os indicadores de resultados que dão
significado às metas estratégicas, setoriais, das unidades e das equipes ou
indivíduos, que deverão estar integradas e convergindo para as metas
estratégicas.
E para que esta convergência com as metas estratégicas possa fluir de
maneira harmoniosa, todo e qualquer participante do corpo funcional da
organização deve estar ciente de que seu papel interfere diretamente nos
indicadores de resultados que foram estabelecidos.
Reis e Hipólito (2002) afiram que os indicadores normalmente são
financeiros.
Entretanto, Lucena (2004) torna a ferramenta mais completa ao
apresentar ainda os indicadores de qualidade/quantidade, de prazo e de custo
como universais. A ferramenta então toma uma dimensão bem mais ampla,
gerando uma gama de informações gerenciais de grande importância para a
análise de todo o processo, das pessoas envolvidas, e da organização como
um todo.
A avaliação final dada pelo avaliador terá por base as avaliações
periódicas dos resultados e os registros do desempenho realizados pelo
avaliador durante o acompanhamento do processo.
16
1.4 – Tendências do processo de avaliação
Algumas tendências relacionadas ao processo de avaliação de
desempenho são mencionadas por Reis e Hipólito (2002), que corroboram
com o propósito principal da ferramenta.
Destaco algumas delas, para uma análise:
“- Avaliação cada vez mais compreendida como um
espaço para negociação e equilíbrio entre expectativas da
empresa e da pessoa, devendo-se balizar decisões que
contribuam para ambas as partes;
- Avaliação seguida de um processo de feedback e
encarada como oportunidade de autoconhecimento.
Nesse sentido, cada vez mais têm-se utilizado auto-
avaliações, contrapondo-as a avaliações de outras fontes;
- Utilização de avaliações com múltiplas fontes (avaliação
360 graus) com feedbacks de chefias, pares,
subordinados e clientes internos e externos;” (Reis e
Hipólito, 2002, p. 83)
Levando em consideração a primeira tendência relacionada no texto
acima, identificamos talvez o ponto crucial na relação funcionário-empresa e a
relação de troca que estes vivenciam. Há um grande esforço em mesclar as
necessidades e expectativas da empresa com as pessoais de cada indivíduo.
A avaliação de desempenho neste caso pode agir como um facilitador
desta negociação. Um resultado de um processo avaliatório deve ser
compreendido como parâmetro de desenvolvimento para ambos os lados,
gerando benefícios ou mesmo oportunidades de desenvolvimento.
A segunda tendência mostra como a avaliação de desempenho é
encarada cada vez mais como uma ferramenta que gera conhecimento para os
envolvidos e para a organização como um todo.
17
Ao mesmo tempo em que realizamos um exercício de subjetividade
durante o período de avaliação, é uma atividade que faz com que percebamos
a nossa posição diante das competências que são apontadas pela
organização. A possibilidade de auto-crítica, comparada a respostas dadas por
outras fontes da avaliação proporciona uma visão pormenorizada e
conseqüentemente mais embasada para analisar determinada competência.
A terceira tendência diz respeito ao tipo de avaliação mais adotada
pelas organizações atualmente. A avaliação de fontes múltiplas, também
conhecida como Avaliação 360º é largamente empregada hoje por oferecer
uma vasta possibilidade de análises, em empresas no Brasil e no mundo
inteiro.
Neste tipo de avaliação, todos avaliam e são avaliados: superiores
hierárquicos, fornecedores (que são um tipo de cliente externo), pares,
subordinados e stakeholders. Conta ainda, com a auto-avaliação, citada
também como tendência ainda há pouco.
Contrastar os feedbacks de todos os envolvidos no processo
avaliatório constitui um aprendizado organizacional de grande valor, gerando
autoconhecimento de todos os profissionais.
Importante ressaltar que apesar de hoje ser uma tendência utilizar
instrumentos de avaliação de desempenho com múltiplas fontes, não se pode
simplesmente implantar uma ferramenta de gestão como esta sem antes ter
conhecimento prévio da cultura organizacional e de como a ferramenta será
adaptada para determinada organização.
O instrumento será válido e seus objetivos serão atingidos a partir do
momento em que todas as suas nuances e particularidades tenham sido
desenvolvidas exclusivamente para a organização que a utilizar.
1.5 – A avaliação de Desempenho hoje
18
Hoje se exigi cada vez mais que o funcionário de uma organização
desenvolva as mais variadas competências, de maneira que este possa estar
apto a assumir responsabilidades, desafios e riscos, e acima de tudo, ser
flexível diante das constantes mudanças que são comuns nestes tempos
globalizados.
A necessidade de se investir no capital intelectual e desenvolver cada
vez mais o profissional dentro da organização são fatores que fazem com que
a avaliação de desempenho se torne uma ferramenta indispensável para as
organizações.
Ao medirmos o desempenho humano, é possível verificar se as
competências definidas para o crescimento do profissional dentro de uma
função determinada, estão apresentando resultado esperado pela organização,
além de identificar até mesmo a necessidade de se criar novas competências,
o que retroalimentará a própria ferramenta.
Lucena (2004) afirma que:
“O grande desafio que se apresenta para as empresas
será desenvolver a qualificação e o potencial de seus
colaboradores para obter em contrapartida alto
desempenho, aceitação de maiores responsabilidades e
comprometimento com os resultados desejados, criando
condições mais favoráveis à inovação, ao aprimoramento
da qualidade, ao intercambio de informações,
internamente com o mercado, e ao relacionamento com
os clientes.” (Lucena, 2004, p. 18)
É preciso desenvolver treinamentos para que os gestores cada vez
mais possam entender o processo de avaliação de desempenho como uma
maneira de desenvolver as competências seus avaliados. De uma maneira
geral, é necessário que todo o quadro funcional da organização consiga
19
contemplar a importância de atribuir conceitos de forma precisa e ética, sem
interferências pessoais.
Hoje se procura desmistificar o fato de que um processo de avaliação
de desempenho é apenas um instrumento burocrático, utilizado com intuito de
gerar promoções, enxugar pessoal ou aumento de salário.
O setor de Recursos Humanos então assume talvez o papel principal
neste processo. Acima de tudo, é preciso disseminar toda a cultura de se
avaliar desempenho humano dentro da organização, preparando profissionais
preparados para avaliar e ser avaliado.
20
CAPÍTULO II
ASPECTOS NEGATIVOS DA AVALIAÇÃO DE
DESEMPENHO
2.1 - Introdução
Ao se implementar um processo de avaliação de desempenho, é
necessário lembrar que o campo da avaliação de pessoas é repleto de
nuances e subjetividade: de forma geral, o mesmo comportamento ou
competência pode ser percebido e interpretado de maneira diversa pelas
pessoas (Reis e Hipólito, 2002).
No decorrer do processo de avaliação, Lucena (2004) destaca alguns
equívocos que podem interferir e até mesmo causar uma distorção nos
resultados da avaliação de desempenho. São eles: O Dia Nacional do
Processo de Gestão de Desempenho; despreparo para gerenciar pessoas; e o
Retorno dos Resultados.
Tais equívocos ainda são heranças das primeiras tentativas de se
avaliar pessoas num ambiente organizacional, com forte influência ainda das
corporações militares.
2.2 – Equívocos da Avaliação de Desempenho
2.2.1 – O Dia Nacional do Processo de Gestão de Desempenho
Este dia, segundo Lucena (2004), é o dia fatal da devolução dos
formulários de avaliação, após o período dedicado ao processo, que
normalmente é de um mês.
21
As percepções pessoais de avaliados e avaliadores neste momento
podem influenciar as respostas, gerando um julgamento carregado de
preconceitos, impressões e até mesmo ressentimentos.
O fato é que a avaliação de desempenho exige um acompanhamento
diário, percorrendo o tempo estipulado para sua execução. Desta maneira, as
informações recolhidas contribuiriam para uma avaliação voltada para o
profissionalismo, evitando as distorções causadas pela pressão do dia da
entrega dos formulários.
2.2.2 – Despreparo para Gerenciar Pessoas
Os recursos humanos de qualquer organização são considerados, nos
dias atuais, o diferencial competitivo de qualquer empresa. Entretanto, o
despreparo para se gerenciar pessoas ainda é facilmente identificado.
Lucena (2004) afirma que a ferramenta de avaliação de desempenho,
como instrumento para administrar os processos e as pessoas, não se detém
apenas no preenchimento de formulários e sua entrega na data prevista. As
informações que serão geradas ao término do processo serão primordiais para
uma análise de toda a estrutura da organização, subsídios para futuras
tomadas de decisão.
A Área de Recursos Humanos tem esta responsabilidade, de promover
a capacitação de toda uma postura gerencial. Ao formarmos gerentes com
uma visão pormenorizada sobre pessoas e sobre os processos de avaliação,
toda uma cultura organizacional será alterada. Com isso, as análises contidas
na avaliação de desempenho terão mais qualidade, refletindo em ações mais
coerentes no desenvolvimento dos recursos humanos da empresa.
22
2.2.3 – Retorno de Resultados
Uma vez que todo o processo se conclua, os dados coletados
precisam ser tabuladas e analisadas, gerando desta maneira informações
vitais para a organização sobre o desempenho de seu capital intelectual.
Entretanto, Lucena (2004) aponta o retorno dos resultados da avaliação de
desempenho como um dos pontos críticos do processo.
Os resultados precisam retornar para a origem, e o tempo nesta
questão se torna um agravante. Tempo este que podemos definir como o
período utilizado para que o conhecimento gerado através dos resultados da
pesquisa se transforme em soluções, sejam elas de desempenho ou
qualificação profissional, para determinado funcionário ou setor da
organização.
Segundo Lucena (2004), evidencia-se claramente que as ações
decorrentes do acompanhamento do desempenho no dia-a-dia de trabalho
deverão esperar uma época do ano para serem implementadas.
Com isso, a ferramenta sofre um desgaste natural por tornar seus
resultados obsoletos em relação à realidade encontrada quando da aplicação
da avaliação aos funcionários.
2.3 – Teoria X e a Avaliação de Desempenho
A Teoria X consiste em um conjunto de pressuposições criadas por
Douglas McGregor, que ainda hoje influenciam ou são utilizadas em muitas
estratégias gerenciais dentro das organizações.
McGregor (1999) afirma cita alguns pressupostos:
“- O ser humano, de modo geral, tem uma aversão
essencial ao trabalho e o evita sempre que possível;
23
- Devido a essa característica humana de aversão ao
trabalho, a maioria das pessoas precisa ser coagida,
controlada, dirigida, ameaçada de punição para que se
esforce no sentido da consecução dos objetivos
organizacionais;
- O ser humano, de modo geral, prefere ser dirigido, quer
evitar responsabilidade, tem relativamente pouca
ambição, e quer garantia acima de tudo.” (McGregor
1999, p. 37-38)
Apesar das mudanças que a Administração vem sofrendo ao longo dos
anos, é possível perceber este tipo de pensamento de que trata a Teoria X
com freqüência em muitas organizações.
A Teoria X se utiliza de uma forma vertical de controle, onde os níveis
mais altos dentro da organização são considerados as engrenagens chaves
para a sobrevivência de qualquer negócio. Cabe a estes profissionais, o dever
de direcionar os recursos humanos da empresa, não há diálogo, e sim
imposição.
Segundo o autor, as pressuposições da Teoria X levam naturalmente a
uma estratégia de dizer às pessoas o que devem fazer, a julgar seu
desempenho, recompensá-las ou puni-las. Desta maneira, a avaliação surge
apenas como um instrumento que tem por finalidade apenas a administração
de salários, promoções, demissões e transferências.
Assim sendo, as críticas de McGregor (1999) à avaliação de
desempenho recaem sobre a forma como a ferramenta é utilizada, levando em
consideração o julgamento dado pelo avaliador ou superior hierárquico.
Mcgregor (1999) aponta ainda o processo de comunicação como um
grande agravante na hora de se fornecer e aceitar feedbacks. A dificuldade em
se transmitir uma crítica neste caso, é aliada a incapacidade de se aceitá-la
como fonte de aprendizado.
24
Tal situação poderia ser facilmente contornada se as relações
interpessoais na organização estivessem bem desenvolvidas, com uma
administração participativa. Faz-se necessário um esforço em prol da
coletividade, incentivar o conhecimento e desenvolver o comprometimento,
unindo as estratégias individuais à estratégia de toda a organização.
Segundo McGregor (1999), “a estratégia de administração participativa
e autocontrole é mais adequada a adultos inteligentes e mais apta a propiciar
crescimento, aprendizagem e melhor desempenho.”
2.4 – A subjetividade e o Instrumento de avaliação
Cada um dos funcionários de uma empresa carrega consigo seus
valores, suas crenças, suas experiências, enfim, tem uma personalidade
definida. Sendo assim, a subjetividade é um fator que deve ser levando em
conta ao se construir ou implantar um instrumento de avaliação de
desempenho.
Reis e Hipólito (2002) lembram que “o campo da avaliação de pessoas
é repleto de nuances e subjetividade: de forma geral, o mesmo comportamento
ou competência pode ser percebido e interpretado de maneira diversa pelas
pessoas.”
Por esta razão, a organização que deseja trabalhar com tal ferramenta
deve se certificar que todos os envolvidos no processo avaliatório tenham
plena consciência da importância de se avaliar determinada competência ou
mesmo o profissional sem se deixar levar por conceitos subjetivos.
Se pararmos para analisar, o próprio processo de avaliação de
desempenho é um exercício subjetivo. Mas na medida em que se tornam bem
definidos os objetivos sugeridos pela organização, mostrando como a
ferramenta será útil na conquista de objetivos propostos, e focando a cultura
organizacional, temos um resultado certamente mais relevante.
25
A tendência então é de se minimizar esta subjetividade e ainda
extinguir o pré-julgamento, para que não haja distorções nos resultados.
Em uma avaliação de desempenho que utiliza fontes múltiplas, por
exemplo, é fundamental que o setor de Recursos Humanos dissemine essa
idéia para todo integrante do corpo funcional, e não se preocupe somente com
o nível gerencial ou intermediário.
Utilizando-se desta estratégia, além de conseguir um resultado
fidedigno de todo o processo avaliatório, haverá um fortalecimento da cultura
organizacional, e conseqüentemente, um desenvolvimento do grau de
profissionalismo da organização como um todo.
26
CAPITULO III
ESTUDO DE CASO:
O EMPREGO DA FERRAMENTA EM
UMA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA
3.1 – Conhecendo a Instituição
A Instituição financeira que serviu de base para o estudo é uma
empresa conceituada neste ramo e que já adota o sistema de avaliação de
desempenho há alguns anos.
Por motivos de sigilo, será adotado o nome de Banco de Avalon
quando houver necessidade de qualquer citação sobre a instituição financeira
estudada.
O Banco de Avalon utiliza uma avaliação de desempenho com foco no
desenvolvimento profissional, onde a ferramenta usada é a avaliação de
desempenho por competências.
Pelo fato de que tal instituição possui inúmeras agências por toda a
extensão do território nacional, o estudo foi delimitado em três destas
agências, todas no Estado do Rio de Janeiro.
3.2 – A ferramenta utilizada pela a instituição
Como dito anteriormente, o Banco de Avalon selecionou a Gestão de
Desempenho por Competências como instrumento de avaliação de
desempenho.
Assim sendo, a instituição tem por objetivos, orientar o processo de
desenvolvimento profissional de seu quadro funcional, contribuir com o plano
de carreiras e facilitar a consecução dos objetivos organizacionais.
27
O desempenho é avaliado a partir de uma comparação com um padrão
proposto pela própria organização com o comportamento observado ao longo
do período avaliatório, emitindo-se então conceitos de acordo com a
aproximação ou distanciamento entre o comportamento observado e o padrão
criado para determinada competência.
O período avaliatório é semestral (janeiro a junho e julho a dezembro),
com o cronograma das etapas do processo sendo disponibilizados para
consulta dos funcionários a qualquer momento.
3.3 – Etapas do processo Avaliatório
As etapas do processo de avaliação compreendem o planejamento,
acompanhamento e encerramento, etapas estas que se sucedem, se
interagem e se complementam.
Na fase de planejamento, são definidos a seleção de avaliados, a
atribuição dos perfis de competências específicas (onde estão agrupadas as
competências específicas pelas quais cada funcionário é avaliado) e o registro
do acordo de equipe (onde são discutidas as competências necessárias para
atingir os resultados esperados pela competência).
A fase de acompanhamento na verdade se faz presente durante todo o
processo avaliatório. Nesta etapa, podem-se registrar anotações para os
avaliados, com base na observação das competências destinadas ao trabalho
ou função. As anotações podem valorizar ou reconhecer determinado
desempenho tanto quanto comentar inadequações ou ausência de
determinada competência, trazendo ainda dicas para aprimoramento.
A última etapa é o encerramento, onde são atribuídos os conceitos a
respeito das competências exercidas pelo avaliado. É de fundamental
importância que os conceitos sejam coerentes com as anotações registradas
durante o período de acompanhamento, validando-as desta maneira.
28
Os conceitos podem ser alterados de acordo com a observância do
avaliador até o prazo determinado no cronograma. Após a data prevista de
encerramento, não há mais a possibilidade de reabertura ou efetivação das
etapas do processo.
3.4 – Realização da pesquisa
A pesquisa foi realizada utilizando-se um questionário (Anexo I),
elaborado pelo autor desta pesquisa, e aplicado para funcionários das
agencias escolhidas, de diferentes níveis hierárquicos e diferentes funções
dentro da instituição.
O questionário foi montado com 07 (sete) perguntas, de múltipla
escolha, com dois objetivos distintos, objetivos estes que não foram divulgados
para aqueles que o responderam.
O primeiro objetivo está ligado ao comprometimento, e engloba as
questões 1 (um), 4 (quatro) e 6 (seis) do questionário. Espera-se compreender
o grau de envolvimento dos funcionários em relação à ferramenta de avaliação
e ao processo avaliatório em si.
Neste ponto, poderão ser identificadas críticas ou sugestões ao modelo
de gestão de desempenho implantado pela instituição, bem como informações
para analisar se a o processo avaliatório está em consonância com as
aspirações da organização.
O segundo objetivo proposto pelo questionário é identificar a
funcionalidade da ferramenta dentro da organização. As questões 2 (dois), 3
(três), 5 (cinco) e 7 (sete) fornecerão dados sobre a visão dos funcionários no
que tange as etapas do processo avaliatório. Aqui, poderá ser analisado se a
ferramenta desenvolvida pela instituição funciona ou não de acordo com o que
foi proposto.
29
As respostas dos questionamentos foram transformadas em gráficos
que serão analisados durante o estudo de caso e podem ser visualizados em
anexos (Anexo 2 – Gráficos p. 40).
3.5 – Analisando o Comprometimento
As perguntas relacionadas ao comprometimento dos funcionários com
a avaliação de desempenho da instituição tinham por finalidade, como foi dito
anteriormente, verificar se os profissionais estão realmente envolvidos no
processo avaliatório.
A primeira pergunta do questionário estava ligada ao dia “D” da
avaliação, ou seja, segundo Lucena (2004), o prazo fatal para a entrega das
respostas. No caso da instituição em questão, a avaliação de desempenho se
dá por meio eletrônico, bastando informar os conceitos e gravar a mesma.
Foi questionado como o funcionário atribui conceitos aos avaliados,
levando em consideração o tempo estipulado para o processo, que no caso em
questão é de seis meses.
De acordo com o gráfico 1 (Anexos, p.32), apenas 20% dos
entrevistados deixam para responder a avaliação no último dia. Outros 40%
informaram que formalizam a avaliação uma semana antes da entrega,
enquanto que o restante, outros 40%, utilizam todo o período do processo
avaliatório para atribuírem seus conceitos.
Sendo assim, percebemos então que as análises deixam de se tornar
imediatistas, ou seja, não ficam concentradas diretamente na última fase, ou
no último dia. Desta maneira, evita-se um resultado baseado em últimas
impressões, ou últimas observações, que podem influenciar negativamente um
período que não foi totalmente comprometido.
Entretanto, há de se fazer um esforço, talvez por informativos
constantes, para se evitar que as pessoas deixem de responder ao
30
questionário de avaliação de desempenho na última semana, e mais ainda, no
último dia, até mesmo num setor tão exigente, estressante e corrido como o
setor financeiro.
A segunda questão relacionada ao comprometimento, ilustrada através
do gráfico 2 (Anexo, p. 32) traz à tona a visão do funcionário sobre o processo,
quando pergunto qual a percepção em relação à Avaliação de Desempenho
implantada pela instituição.
As respostas geram certa preocupação quando analisadas. Uma
minoria de 4% apenas acredita que a ferramenta mostra que a instituição visa
realmente à melhoria de desempenho dos profissionais.
A maior parte dos entrevistados, 64%, enfatiza que é uma ação válida,
mas precisa de ajustes. E os 32% restantes acreditam que a ferramenta é uma
perda de tempo, pois não há aplicabilidade da ferramenta na instituição.
Portanto, nesta segunda pergunta temos uma situação alarmante.
Sabe-se que a ferramenta de avaliação de desempenho ainda encontra-se em
plena evolução, e que precisa ser um exercício constante do setor de Recursos
Humanos da empresa buscar melhorias e novas atualizações da ferramenta.
Cabe aqui uma reflexão: será que os responsáveis pela elaboração da
ferramenta na instituição conhecem todas as esferas da instituição? Um banco
hoje, por menor que seja sua participação no mercado, possui muitas
ramificações, o que pode ser um fator que pode gerar certas alterações ou
distorções na cultura organizacional.
O fato de termos 96% dos entrevistados da pesquisa questionar de
alguma forma a avaliação de desempenho, é um fator indispensável para
rediscutir todo o processo avaliatório, que pode gerar até mesmo a escolha de
uma nova ferramenta para se mensurar o desempenho.
Seria ideal que a instituição revisse a ferramenta escolhida e buscasse
ainda no seu corpo funcional, sugestões, críticas, elogios, enfim, ouvir todos os
31
envolvidos no processo de maneira a entender essa visão que os profissionais
possuem sobre a ferramenta.
Por fim, a última questão traduz diretamente o grau de
comprometimento dos entrevistados, pois foram apresentadas quatro opções
que sugerem mudanças na Avaliação de Desempenho, que podem ser
observadas no Gráfico de número 6 (Anexos, pág. 36) .
Interessante observar que 48% dos entrevistados, quase a metade,
investiriam em treinamento constante para os funcionários e gestores, através
de palestras, informativos, etc. Aliás, esta ação deveria ser colocada em
prática desde a implantação da ferramenta, uma vez que está ligada
diretamente ao desenvolvimento profissional.
Todo o processo de avaliação exige que todos os envolvidos estejam
sempre em constante aprendizado, como em qualquer outro processo da
organização. O ato de se avaliar é algo que exige uma compreensão de
múltiplas esferas de conhecimento, seja ele técnico ou cognitivo.
Ainda nesta questão, 28% dos profissionais afirmaram que mudariam o
processo de resultados, gerando feedback para todos os envolvidos. Aqui
voltamos a nos deparar com a questão do feedback, que também estará
presente na análise do questionário que fala sobre a finalidade da ferramenta.
Temos ainda 12% que transformaria a avaliação em fator fundamental
para aquisição de novos cargos. Esta é uma estratégia utilizada por muitas
empresas para questões de promoções.
Entretanto, em se tratando de uma instituição financeira, onde
números e resultados são de suma importância, esta estratégica não é
suficiente. Portanto, um bom resultado numa avaliação de desempenho pode
apenas servir como um critério de desempate, o que deixa muito aquém se
compararmos a real finalidade do instrumento.
32
E por fim, outros 12% extinguiriam a avaliação de desempenho da
instituição. Apesar de ser um número pequeno, talvez seja este grupo que
mereça maior atenção por parte dos analistas de Recursos Humanos.
É preciso criar estratégias para que se diminua este número o quanto
antes. A avaliação de desempenho é um instrumento gerencial de recursos
humanos que pode gerar um banco de dados extremamente rico para a
organização. Para isto, é imprescindível que tanto a organização, no seu papel
de patrocinador da idéia, quanto os profissionais, que são atores principais
deste processo, estejam cada vez mais envolvidos e cientes do seu papel.
3.5 – Analisando a Funcionalidade da Ferramenta
A segunda parte da pesquisa é constituída de perguntas dentro do
questionário que tem a finalidade de verificar a funcionalidade da avaliação de
desempenho na organização, de acordo com a visão dos funcionários. São
questionamentos sobre observações realizadas durante o processo avaliatório.
Existem várias equipes dentro de uma mesma agência, que atuam em
segmentos diferentes, com funções definidas. Logo, os integrantes das
equipes avaliam-se, além da avaliação do superior hierárquico e a auto-
avaliação. Desta avaliação de pares, surge o primeiro questionamento.
Então, perguntou-se: já ocorreu de se ter que avaliar algum funcionário
com quem não tenha trabalhado diretamente, não tendo assim parâmetros
para julgar de maneira precisa?
O gráfico 2 (Anexos, p. 34) mostra que 60% dos entrevistados afirmam
que sim, que já avaliaram um profissional com quem não trabalhou, enquanto
o restante, 40%, não passou por este fenômeno. Aqui encontramos algo
inusitado. Como pode a maioria das pessoas entrevistadas já ter passado por
tal experiência?
33
O processo de avaliar já é por si só bem complexo. Ao aliarmos a isto
o fato de que ocorre uma avaliação deste tipo, o problema fica bem pior. A
subjetividade neste caso então agrava ainda mais. Provavelmente, um
profissional que precisa avaliar outro sem conhecer suas competências, pode
usar de suas impressões pessoais, ou julgamentos de outrem para formular
sua própria.
As informações coletadas então para a avaliação serão imprecisas,
podendo ainda gerar inverdades sobre o avaliado, baseadas em subjeções, ou
falsas impressões. Sem contar as decisões que poderão ser tomadas em cima
de tais dados, o que pode comprometer totalmente a ferramenta.
O setor de Recursos Humanos então deve ter uma preocupação com a
gerência em especial, responsável por registrar as equipes, preparando-os
para que este tipo de erro não aconteça, expondo a gravidade de uma ação
desta natureza.
A segunda e a terceira pergunta estão mais uma vez ligadas à questão
do feedback. A ferramenta de avaliação de desempenho empregada na
instituição estudada permite que os avaliadores registrem anotações para os
avaliados, durante todo o processo.
Sendo assim, perguntei primeiramente se o entrevistado fornecia
feedback para seus avaliados, durante ou após o término do período
avaliatório, como pode ser visto no gráfico 3 (Anexos, p. 34).
Responderam que sempre recebem feedback apenas 32% dos
profissionais. Disseram que raramente recebem 44%, enquanto que 24%
afirmam que nunca recebem feedback sobre sua avaliação.
A terceira pergunta parece que valida o exposto acima, quando foi
questionado aos entrevistados quem são os avaliadores que fornecem
feedback, conforme o gráfico 5 (Anexos, p. 34). Assim, 40% responderam que
recebem feedback do superior hierárquico; 28% recebem feedback dos pares
e do superior; e 32% afirmam que não recebem feedback.
34
Percebe-se então que o feedback, apesar de ser uma parte
fundamental do processo avaliatório e pouquíssimo explorado pelos
avaliadores.
Entretanto, cabe ressaltar que a pesquisa aponta que os superiores
hierárquicos são os que mais fornecem feedback. O administrador ou gerente
quando utiliza este recurso faz com que aquele que a recebe perceba a
importância, e pode até gerar neste o impulso de também tecer comentários
sobre seus pares e seu superior, dentro das competências julgadas.
Talvez o que esteja realmente faltando seja maiores informações sobre
este recurso. Será que todos os envolvidos no processo avaliatório entendem o
que realmente significa fornecer um feedback? E mais ainda, como aceitar um
feedback, seja ele uma crítica positiva ou negativa?
Entender como este processo pode levar ao desenvolvimento de uma
competência de um profissional, e num sentido mais amplo, desenvolver todo
o capital intelectual da organização é o objetivo principal. E um simples
redirecionamento ou questionamento originado de um feedback pode ser a
chave.
A última questão que fala sobre a funcionalidade da ferramenta, e
ainda última questão da pesquisa fala de um fator crítico da avaliação de
desempenho: a subjetividade.
Sendo assim, a pesquisa indagou os entrevistados se estes já alguma
vez, deixaram de julgar a pessoa, ou seja, as impressões pessoais, colocando
de lado as competências profissionais.
Confesso que esta foi uma questão que particularmente mostrou um
resultado adverso, como mostra o gráfico 7 (Anexo 2, p. 36).
De todos os entrevistados, apenas 24% afirmaram já ter avaliado por
questões pessoais, enquanto a grande maioria, 76%, responderam que
avaliam sempre o profissional.
35
Este resultado mostra claramente que a ferramenta, apesar de todas
as adversidades, funciona com profissionais que entendem a real importância
de não se deixar levar por questões pessoais na hora de atribuir conceitos aos
seus pares e superiores hierárquicos.
Não há dúvidas que mesmo assim, há de se fazer um esforço no
intuito de aumentar essa porcentagem de profissionais que entendem o real
propósito da ferramenta, tornando-os exemplos. Isto mostra que os avaliadores
estão dispostos a investir nas competências de seus avaliados, de fazer com
que haja um desenvolvimento da organização como um todo.
36
CONCLUSÃO
Não há dúvidas que a ferramenta de avaliação de desempenho é de
grande enriquecimento informacional para toda a organização sobre o
desenvolvimento do capital intelectual de uma organização.
Através dele, coletamos dados que servirão como subsídios para uma
possível tomada de decisão, uma estratégia de desenvolvimento profissional,
realocação de pessoal, construção de competências, dentre outras
funcionalidades.
Mas é fato que ainda é uma ferramenta que precisa de muitos ajustes,
o que de maneira alguma deve ser encarado como um fator negativo. Os
ajustes serão sempre no intuito de aprimorar o instrumento, diminuir a
subjetividade e maximizar seus objetivos.
E ao investigar diretamente o processo de avaliação de desempenho
dentro de uma instituição financeira, dentro de duas esferas complementares
que foram objetos da pesquisa, o comprometimento e a finalidade do
instrumento, percebo que a ferramenta realmente ainda precisa de muitos
ajustes.
Em relação ao comprometimento, fica claro que em sua grande
maioria este é um ponto em que a instituição, mais específico o setor de
Recursos Humanos, peca por não estar diretamente ligada as etapas do
processo.
Instituições financeiras como o Banco de Avalon, e tantas outras
instituições financeiras, por serem muitas ramificações (agências e outros
setores) normalmente possui o setor de Recursos Humanos isolado.
É difícil entender como é possível então construir um instrumento sem
um acompanhamento constante sobre o que acontece nestas ramificações,
testando possibilidades, observando as etapas, ouvindo os envolvidos, enfim,
37
mapeando as etapas de modo a promover ajustes para que a ferramenta
possa gerar os resultados estipulados pela organização.
A pesquisa mostra que os funcionários têm a percepção de que a
ferramenta funciona parcialmente, entretanto é nítido que eles acreditam que
seria diferente se algumas alterações fossem providenciadas. Quando se
observa que as etapas se sucedem, sem mudanças nem questionamentos, a
ferramenta começa a ser subutilizada, e até mesmo desacreditada.
No contexto globalizado e extremamente competitivo em que estamos
inseridos hoje, não se pode implantar uma ferramenta de avaliação de
desempenho humano apenas como política de vitrine, ou modismo.
Chamo a atenção ainda para a questão do treinamento e discussão
constante sobre o assunto. Faz-se necessário desenvolver ações voltadas
para o treinamento de gerentes no intuito de discutir maneiras de se tirar mais
proveito dos resultados gerados pela avaliação de desempenho. Promover
ainda uma intensa campanha informacional em todos os ramos da
organização, visando fortalecer a imagem da ferramenta perante os
funcionários.
O propósito da avaliação de desempenho deve se tornar parte
integrante da cultura organizacional da empresa, e todos os envolvidos, do
presidente ou diretor até o funcionário mais simples, precisam ter consciência
da importância de se avaliar de maneira profissional, ética e acima de tudo,
com comprometimento.
38
BIBLIOGRAFIA
REIS, Germano Glufke; HIPÓLITO, José Antonio Monteiro; e outros. As
Pessoas na Organização. São Paulo: Editora Gente, 2002.
LUCENA, Maria Diva da Salete. Planejamento Estratégico e Gestão de
Desempenho para Resultados. São Paulo: Atlas, 2004.
MCGREGOR, Douglas. O Lado Humano da Empresa; Tradução Margarida
Maria C. Oliveira – 3ª Ed. – São Paulo: Martins Fontes, 1999.
CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas; o novo papel dos Recursos
Humanos nas Organizações. Rio de Janeiro: Campus, 1999.
Avaliação de Desempenho – http://pt.wikipedia.org, acessado em 02 de maio
de 2009.
39
ANEXOS
Índice de anexos
Anexo 1 >> Questionário aplicado
Anexo 2 >> Gráficos gerados
40
ANEXO 1
QUESTIONÁRIO
Uma discussão sobre a subutilização da Avaliação de Desempenho A subutilização tem sua culpa atribuída às duas principais partes do processo que poderiam se beneficiar de seus resultados. Por um lado, uma empresa que não investe em treinamentos e estímulos que demonstrem o poder desta ferramenta. Por outro lado, funcionários que apenas sentem-se na obrigação de cumprir os prazos estipulados para a avaliação, e utilizando-se da mesma para de alguma maneira prejudicar terceiros, por motivos meramente pessoais. E a cada ano, a análise do profissionalismo, a possibilidade de obter um feedback produtivo e o crescimento e estímulo da equipe, gerados por um resultado de uma avaliação de desempenho bem aplicada, ficam cada vez mais longe. Este questionário tem a finalidade de analisar alguns destes itens. É necessário que as respostas sejam dadas com extrema sinceridade. Não será necessária identificação. 1 – Como você atribui os conceitos de seus avaliados, levando em consideração o tempo estipulado para o processo? No último dia Uma semana antes da entrega Durante todo o período do processo
avaliatório 2 – Você já teve que analisar algum funcionário com quem não tenha trabalhado diretamente, não tendo assim parâmetros para julgar de maneira precisa? Sim Não 3 – Você fornece feedback para seus avaliados, seja durante ou após o término do período da avaliação de desempenho? Sempre Raramente Nunca
41
4 – Qual a sua percepção em relação à Avaliação de Desempenho implantada pela instituição? É uma ferramenta que mostra que a Instituição visa realmente a melhoria de desempenho. Precisa de ajustes, mas é uma ação válida. Perda de tempo, pois não há aplicabilidade da ferramenta. 5 – Em relação ao feedback você normalmente recebe de quem? Recebo feedback dos meus pares Recebo feedback de meu superior hierárquico Recebo feedback dos meus pares e de meu superior hierárquico Não recebo feedback. 6 – O que você mudaria no processo de Avaliação de Desempenho, com intuito de melhorá-lo? Investiria em treinamento constante para os funcionários e gestores (palestras,
informativos, etc.) Mudaria o processo de resultados, gerando feedback para todos os envolvidos. Transformaria a avaliação em fator fundamental para aquisição de novos cargos. Extinguiria a Avaliação de Desempenho 7 – Você já julgou “a pessoa”, deixando de lado “o profissional”? Sim Não
42
ANEXO 2
GRÁFICOS
- Gráfico 1
- Gráfico 2
43
- Gráfico 3
- Gráfico 4
44
- Gráfico 5
- Gráfico 6
45
- Gráfico 7
46
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO ...................................................................................... 2
AGRADECIMENTO ...................................................................................... 3
DEDICATÓRIA ............................................................................................. 4
RESUMO ...................................................................................................... 5
METODOLOGIA ........................................................................................... 6
SUMÁRIO ..................................................................................................... 7
INTRODUÇÃO ............................................................................................. 8
CAPÍTULO I
CONHECENDO O CONCEITO, PROPÓSITO E
TENDENCIAS DA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO................................... 09
1.1 – O propósito da Avaliação de Desempenho ......................................... 09
1.2 – Conceitos e Evolução .......................................................................... 09
1.3 – Tipos de Avaliação de Desempenho ................................................... 11
1.3.1 – Foco na Aferição de Potencial ....................................................... 12
1.3.2 – Foco na Análise Comportamental .................................................. 13
1.3.3 – Foco no Desenvolvimento Profissional .......................................... 13
1.3.4 – Foco na Realização de Metas e Resultados .................................. 14
1.4 – Tendências do processo de Avaliação ................................................ 16
1.5 – Avaliação de Desempenho hoje .......................................................... 18
CAPÍTULO II
ASPECTOS NEGATIVOS DA AVALIACAO DE DESEMPENHO ................ 20
2.1 – Introdução ........................................................................................... 20
2.2 – Equívocos da Avaliação de Desempenho ........................................... 20
2.2.1 – O Dia Nacional do Processo de Gestão de Desempenho ............. 20
2.2.2 – Despreparo para Gerenciar Pessoas ............................................. 21
2.2.3 – Retorno de Resultados .................................................................. 22
47
2.3 – Teoria X e a Avaliação de Desempenho ............................................. 22
2.4 – A Subjetividade e o Instrumento de Avaliação .................................... 24
CAPÍTULO III
ESTUDO DE CASO: O EMPREGO DA FERRAMENTA EM UMA
INSTITUIÇÃO FINANCEIRA ........................................................................ 26
3.1 – Conhecendo a Instituição .................................................................... 26
3.2 – A ferramenta utilizada pela instituição ................................................. 26
3.3 – Etapas do processo Avaliatório ........................................................... 27
3.4 – Realização da Pesquisa ...................................................................... 28
3.5 – Analisando o Comprometimento ......................................................... 29
3.6 – Analisando a Funcionalidade da Ferramenta ...................................... 32
CONCLUSÃO ............................................................................................... 36
BIBILIOGRAFIA ........................................................................................... 38
ANEXOS ...................................................................................................... 39
ÍNDICE ......................................................................................................... 46
48
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição:
Título da Monografia:
Autor:
Data da entrega:
Avaliado por: Conceito: