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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA A IMPORTÂNCIA DO PROFESSOR NO PROCESSO DE ENSINO- APRENDIZAGEM Por: Cristiane Thaysa Felix Giló Orientador Prof. Mary Sue Niterói 2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A IMPORTÂNCIA DO PROFESSOR NO PROCESSO DE ENSINO-

APRENDIZAGEM

Por: Cristiane Thaysa Felix Giló

Orientador

Prof. Mary Sue

Niterói

2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A IMPORTÂNCIA DO PROFESSOR NO PROCESSO DE ENSINO-

APRENDIZAGEM

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Administração e Supervisão

escolar.

Por: Cristiane Thaysa Felix Giló

3

AGRADECIMENTOS

Ao meu Deus que me sustentou até

aqui, à minha família, amigos e minha

orientadora Mary Sue que me apoiaram

na execução deste trabalho.

4

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à todos os

professores que lutam por um ensino de

qualidade.

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RESUMO

Atualmente, observamos que muitos alunos estão desmotivados em

relação aos estudos, o número de evasão escolar esta aumentando, e alguns

deles que freqüentam a escola, utilizam-se do “método decoreba” para obterem

boas notas e terminarem os estudos. Os professores possuem um dos mais

importantes papeis no processo de ensino-aprendizagem, pois é por ele que

ocorre a transmissão do conhecimento. A proposta deste estudo é levar os

professores a refletir e repensar sobre a sua prática pedagógica. Para isso é

necessário que se busque a compreensão do papel do professor no processo

ensino aprendizagem percebendo que alguns procedimentos como a

construção de uma relação de afeto com o aluno, a contextualização das aulas,

a participação na proposta pedagógica e a formação continuada, são

fundamentais para um aprendizado significativo nos alunos, onde eles se

sentirão motivados e desejosos em aprender, se tornando cidadãos críticos e

atuantes na sociedade.

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METODOLOGIA

A metodologia utilizada destina-se a apoiar os professores, em

especial os do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental, a efetivar o processo

ensino-aprendizagem, já que muitos destes profissionais não estão

interessados em construir o conhecimento, e sim em concluírem mais um dia

de trabalho.

Foi realizadas leituras de livros de grandes autores como Paulo Freire,

um mestre no assunto de educação, pesquisas bibliográficas e de campo, a fim

de descobrir primeiramente o que é ensinar e aprender, e continuando com

estudos sobre o desejo de aprender que se esconde dentro de cada aluno, e

qual é o papel do professor mediante a educação.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - O processo ensino-aprendizagem 10

CAPÍTULO II - O desejo de aprender 18

CAPÍTULO III – O papel do professor 29

CONCLUSÃO 37

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 39

ÍNDICE 42

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INTRODUÇÃO

Atualmente vimos que em algumas instituições educacionais, não está

ocorrendo, de fato o ensino, e sim a apresentação de um conteúdo

programático, onde alguns professores muitas das vezes, chegam à sala de

aula e apresentam o conteúdo sem interesse se este está sendo apreendido,

pensando que cumpriu mais um dia de trabalho, e não mantêm um bom

relacionamento com seu alunos, sendo que, o professor não deve apenas

transmitir o conteúdo e sim ensiná-lo. O professor tem um papel fundamental

no processo de ensino-aprendizagem, quando ele mesmo não está motivado a

ensinar, o aluno também estará desmotivado a aprender e em vez de estarem

envolvidos nas aulas, apenas as suportam, e quando assim fazem.

Quando não há mais motivação pelos estudos, automaticamente os

alunos ficam em sala, mas mentalmente não estão, ou não querem mais ir à

escola, começam a “matar” aula, e até mesmo desistem dos estudos, não

vendo mais a necessidade deles para sua vida, e consequentemente, não

adquirem os conteúdos do currículo oficial, nem tão pouco o currículo oculto,

acarretando evasão escolar, falta de aprendizagem significativa e uma má

formação de caráter, já que a escola é parte integrante e fundamental deste

processo.

Alguns professores acham que os alunos que são os únicos

responsáveis pela motivação de aprender, pelo desejo, o que não é verdade, o

professor te um papel fundamental neste processo, ele não pode ser apenas

um transmissor de conhecimento, em que os alunos aprendem sem

apreenderem, muitas das vezes por “decorebas”, para ser usada em

avaliações, e que logo esquecem quando não mais é necessária a sua

utilização O principal compromisso do professor é preparar os alunos para se

tornarem cidadãos críticos e ativos na sociedade, com valores solidamente

construídos, cabendo a ele a função de criar o desejo pela aprendizagem,

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motivando o aluno, utilizando técnicas, estratégias e contextualizando os

conteúdos que irão lecionar, não apenas introduzindo o aluno na matéria, mas

também fazendo-o questionar, duvidar, pesquisar, para que eles se sintam

motivados a envolver-se e interagir-se nas aulas, ocorrendo assim o processo

de ensino-aprendizagem.

Neste estudo, iremos abordar o papel do professor no processo de

ensino-aprendizagem dos alunos, assim como métodos para instigar o desejo

dos alunos neste processo.

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CAPÍTULO I

O PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM

“Quem ensina aprende ao ensinar, e quem aprende

ensina ao aprender". (FREIRE, 1996, p. 25).

Nas instituições de ensino, usamos frequentemente, as palavras

“ensinar” e “aprender”, e dificilmente há clareza que essas palavras estão

ligadas a um único processo, o de ensino-aprendizagem. E então surgem as

perguntas. O que é ensinar? O que é aprender? Como interligar essas

palavras?

1.1 – Ensinar.

De acordo com a enciclopédia WIKIPÉDIA, “o ensino é uma forma

sistemática de transmissão de conhecimentos utilizada pelos humanos para

instruir e educar seus semelhantes, geralmente em locais conhecidos como

escolas.”

Em uma ótica piagetiana, ensinar seria provocar desequilíbrio cognitivo

no aluno para que ele, procurando o reequilíbrio, se reestruturasse

cognitivamente e aprendesse. O mecanismo de aprender de uma pessoa é sua

capacidade de reestruturar-se mentalmente buscando novo equilíbrio. O ensino

deve ativar este mecanismo. Contudo, esta ativação deve ser compatível com

o nível de desenvolvimento cognitivo do aluno e o desequilíbrio cognitivo por

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ela provocado não deve ser tão grande que leve o estudante a abandonar a

tarefa de aprendizagem ao invés de acomodar.

O professor é o responsável pelo ato “ensinar”, e como disse Freire

(1996), “Ensinar não é apenas transferir conhecimento, mas criar

possibilidades para a sua produção ou a sua construção”, e para o professor

criar essas possibilidades, é necessário que ele demonstre domínio e

conhecimento abrangente sobre os temas que leciona, ou poderá comprometer

o seu ensino.

Um bom ensino acontece quando o professor ensina por e com amor,

amar a profissão é fundamental. O professor deve dedicar-se ao que faz, como

diz Paulo na carta que escreveu aos romanos “...se é ensinar, haja dedicação

ao ensino.” (Romanos 12:7), para que o processo de ensino-aprendizagem

seja prazeroso tanto pra quem ensina quanto pra quem aprende

Ninguém pode dar aquilo que não tem, portanto, o professor não pode

transmitir aquilo que não sabe. O professor precisa dominar o conteúdo e está

sempre contextualizando com a atualidade. O ensino será mais eficiente se o

professor estiver previamente bem preparado. Um dos maiores problemas,

segundo Hendricks é a desmotivação e o despreparo do professor.

“Há muitos professores que vão para a sala de aula

totalmente despreparados ou preparados apenas em

parte. São como mensageiros sem mensagem. Falta-lhes

a energia e o entusiasmo necessários para produzirem os

resultados que, centralizado por direito, devemos esperar

de seu trabalho”. (HENDRICKS, 1991, P.125).

O professor não pode se basear apenas no que aprendeu uma vez na

sua formação, levando isso pra toda sua vida profissional, pois no mundo

ocorrem muitas mudanças, tecnológicas, psíquicas entre outras, segundo

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Wekerlin (2004), precisamos de profissionais mais adaptados às intensas

transformações que se vivem hoje na sociedade, que se ajustem a novas

dinâmicas, e que qualquer metodologia vise à reconstrução do conhecimento,

dando ao aluno, em todos os aspectos, a capacidade de se ajustar às

exigências do mundo moderno. O professor não pode estar alienado a isso, ele

deve buscar a formação continuada e estar atento às diversas mudanças que

ocorrem no nosso dia a dia, os alunos estão atentos e inclusos nestes avanços

e necessariamente, precisarão que seus responsáveis pela transmissão de

ensino, também estejam.

Um dos fatores também importantes no ato de ensinar é saber para

quem estamos ensinando. Qual o nosso público alvo? Em que meio social e

cultural o nosso aluno está inserido? Para que possamos inserir o aluno dentro

do conteúdo e de maneira que ele sinta-se motivado a aprender

1.2 – Aprendizagem.

De acordo com a enciclopédia WIKIPÉDIA “o processo de

aprendizagem ou aprender pode ser definido de forma sintética como o modo

como os seres adquirem novos conhecimentos, desenvolvem competências e

mudam o comportamento. Contudo, a complexidade desse processo

dificilmente pode ser explicada apenas através de recortes do todo. Por outro

lado, qualquer definição está, invariavelmente, impregnada de pressupostos

político-ideológicos, relacionados com a visão de homem, sociedade e saber”.

Há aprendizados que podem ser considerados natos, como o ato de

aprender a falar, a andar, e que necessitam passar pelo processo de

maturação física, psicológica e social. Mas a maioria da aprendizagem se dá

no meio social em que o indivíduo convive. E mesmo que a aprendizagem

aconteça no interior do indivíduo, o processo de aquisição do conhecimento

darse-á na qualidade da transmissão do mesmo, ou seja, o professor deve

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proporcionar um esnino de qualidade para que a aprendizagem por parte dos

alunos seja significativa.

Segundo os PCN`s (1998), “ao professor cabe planejar, implementar e

dirigir as atividades didáticas, com o objetivo de desencadear, apoiar e orientar

o esforço de ação e reflexão do aluno, procurando garantir aprendizagem

efetiva”. Para isso, precisamos atrair os alunos para a aquisição dos conteúdo,

precisamos ganhá-los, é necessário que eles sintam-se interessados e

motivados a aprender, e entender o que, porque e pra que ele está aprendendo

aquele conhecimeto, e aplicá-lo, quando conveniente, na sua vida cotidiana.

Isso se dará com uma aula motivadora, que aguce o desejo pela aprendizagem

para a aquisição do conhecimento, como enfatiza que a teoria da educação de

Novak (1981), “O conhecimento humano é construído; a aprendizagem

significativa subjaz essa construção”.

A aprendizagem tem que ser “significativa” no aluno, Segundo Moreira

"a aprendizagem significativa é um processo por meio do qual uma nova

informação relaciona-se, de maneira substantiva (não-literal) e não-arbitrária, a

um aspecto relevante da estrutura de conhecimento do indivíduo", O proceso

de aprendizagem é pessoal, e no âmbito escolar, todos os alunos não irão

aprender da mesma forma, cada um traz consigo uma bagagem, e

acrescentará os novos conhecimentos aos já construídos anteriormentes em

experiência vividas, num processo de construção, descontrução e reconstrução

de conhecimentos.

Uma das causas do fracasso do ensino é que tradicionalmente, a prática

mais comum era aquela em que o professor apresentava o conteúdo partindo

de definições, exemplos, demonstração de propriedades, seguidos de

exercícios de aprendizagem, fixação e aplicação, pressupondo-se que o aluno

aprendia pela reprodução. E o aluno reproduzindo de forma correta significava

que ocorrera a aprendizagem. Essa prática mostrou-se ineficaz, pois a

reprodução correta poderia ser apenas uma simples indicação de que o aluno

aprendeu a reproduzir, mas não aprendeu o conteúdo.

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Sabemos que o aluno aprendeu o que lhe foi ensinado, quando ele se

torna um ser crítico e ativo em relação ao que lhe é ensinado, tornando um

aluno interessado, questinador e participante das aulas, e não só ouvinte. E o

professor é um dos principais responsáveis por estas motivações dos alunos,

que por sua vez não tem que decorar pra saber as respostas certas nas

perguntas e questões que lhe vier ocorrer, embora muitos não tem nem o

trabalho de decorar, pois utilizam “colas”, mas sim, terem opinião própria,

responder com autonomia, questionar e argumentar. A informação repassada

pode se transformar em conhecimento a medida que ela for compreendida,

poderíamos dizer que a informação é a zona do desenvolvimento proximal e a

medida que ela for compreendida ela se torna o real que é o nosso

conhecimento.

Ensinar não existe sem aprender e aprender não existe sem ensinar, e

foi aprendendo socialmente que, historicamente, mulheres e homens

descobriram que era possível ensinar. Aprender veio antes do ensinar, ou em

outras palavras, ensinar se diluía na experiência realmente fundante de

aprender.

1.3 – Ensino-aprendizagem.

O processo de ensino-aprendizagem une o “ensinar” e o “aprender” em

um único processo, onde é fundamental a interação do professor e aluno, onde

o professor transmite o conhecimento e o aluno adquire o mesmo.

Nós, seres humano nascemos potencialmente inclinado a aprender,

necessitando de estímulos externos e internos para o aprendizado. O professor

deve ser o principal estimulador desta aprendizagem dentro da sala de aula.

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“A verdadeira função do professor é criar condições para

que o aluno aprenda sozinho. Ensinar de fato não é

passar conhecimento, mas estimular o aluno a buscá-lo.

Poderíamos até dizer que ensina melhor quem menos

ensina”. (HENDRICKS, 1991, P.125).

A aprendizagem efetiva, transformadora e impactante só pode

acontecer se envolver o aluno nesse processo, e fazer com que ele aprenda

coisas que façam sentido para ele e lhe sejam relevantes e que pratique as

coisas que aprende de forma a se tornar uma pessoa diferente do que era

antes de possuir o conhecimento teórico e prático. Quanto maior for o

envolvimento do aluno nesse processo maior será o volume de coisas

aprendidas e o processo todo deve ser guiado com vistas à objetivos

específicos e bem delimitados e consistentes, que sejam adequadamente

programados e executados e que sejam efetivos no transformar a vida dos

alunos.

O processo ensino-aprendizagem se faz por vários meios, entre eles

pelas técnicas de ensino, cujo aperfeiçoamento é tema de estudos constantes.

O professor exerce a sua habilidade de mediador das construções de

aprendizagem, e mediar é intervir para promover mudanças. Por isso, a

importância da formação contiunada, como veremos mais adiante. Os desafios

que a educação atualmente busca para o a efetivação do processo de ensino-

aprendizagem, se referem a três aprendizagens básicas: aprender a conhecer,

aprender a fazer, aprender a ser.

O aprender a conhecer - Estamos na era do conhecimento e não apenas

da informação. É necessário que o aluno adquira competência para a

compreensão das informações. A aprendizagem requer assimilação,

interpretação do conteúdo e raciocínio de como aplicar esse conhecimento à

prática da vida cotidiana.

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O professor não deve transmitir aos seus alunos aprendizagem de

saberes inúteis à sua formação e que sobrecarregam currículos sem resultar

numa formação de qualidade. É necessário selecionar as informações que de

fato possam ser contextualizadas com a realidade e com o objetivo do

conteúdo, estando-se sempre atento ao perfil de aluno que se pretende formar

e desenvolvendo habilidades para que ele desconstrua e reconstrua o seu

conhecimento.

O professor deve acreditar que seu aluno é capaz de aprender, como

disse a psicopedagoga Maria Cristina Mantovanini, “...quanto mais o professor

acredita na incapacidade do aluno mais ele acredita na sua incapacidade de

ensinar".

Aprender a fazer - O estudante tem que adquirir habilidade de colocar

em prática seu conhecimento, saber aplicar esse conhecimento à sua realidade

vivida. Esta habilidade não significa apenas saber executar determinada tarefa,

mas também como executá-la utilizando a criatividade, as evidências científicas

e a ética, transformando o progresso do conhecimento em novos

empreendimentos.

Muitos educadores acreditam que o saber fazer é primordial na

educação, ou seja, se o estudante demonstra adequadamente a prática do

conhecimento, pressupõem que o domínio cognitivo também foi alcançado.

Aprender a ser - É essencial para que o aluno adquira uma postura

adequada com a formação que obteve ai então ele terá uma formação integral.

O aprender a ser tem como objetivo principal desenvolver no estudante

atitudes e condutas adequadas a sua profissão, estimulando o pensamento

autônomo e crítico sobre o conhecimento adquirido e as evidências científicas

encontradas. Diante de um conhecimento adquirido e praticado, espera-se que

o aprendiz adquira competência para formar seu próprio juízo de valores,

decidindo, por si mesmo, como agir em diferentes circunstâncias da vida. Por

isso dizemos que educar não é só transmitir conhecimentos, mas também cria

cidadãos críticos e atuantes na sociedade em que vivem.

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Neste sentido, podemos considerar que o processo de ensino-

aprendizagem efetivo, envolve três domínios básicos, cognitivo, psicomotor e

afetivo, que, de forma integrada, podem ser denominados competências na

aprendizagem. Essas competências são as habilidades que o estudante

adquire por meio da assimilação do conteúdo, da aplicação prática deste e da

atitude adotada frente ao conhecimento. A aprendizagem deve estar voltada

para a formação ampla do aluno e não se limitar apenas ao aspecto cognitivo

da aprendizagem.

O professor possui influencia direta no aluno seja para instigá-lo ou

anulá-los. O professor precisa conquistar seus alunos, e fazer surgir neles o

desejo pela aprendizagem, assim haverá interesse pelo conhecimento e

aquisição do mesmo, resultando no sucesso do processo de ensino-

aprendizagem.

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CAPÍTULO II

O DESEJO DE APRENDER

O desejo é o sentimento “querer” em um nível muito mais avançado. É

querer tanto algo, a ponto de não medir esforços para conseguir o que se

deseja, segundo Rudel (2007, .35), “um impulso não satisfeito em tempo leva

ao surgimento de uma tensão - que caracteriza o desejo.” E sempre que a

pessoa pensa no assunto estará criando ou aumentando o desejo de obter tal

coisa, levando-o a procurar meios de satisfazer seu desejo.

Em toda nossa vida surgem diversos desejos, como de querer uma bala

da padaria, de querer comer tijolo na gravidez, de querer um produto na

propaganda da mídia e até mesmo de aprender sobre algo. O primeiro desejo

que a criança tem é o de aprender sobre sexo. A partir do momento que

percebe diferenças sexuais, físicas, externas, a criança tende a procurar

respostas, criando-se aí o desejo de aprender. Para Kupfer (1995, p. 80) a

descoberta da diferença sexual anatômica é o início do desejo de saber, “A

criança descobre diferenças que a angustiam. É essa angústia que a faz querer

saber”. A partir de então, ela buscará respostas para tudo que lhe parecer

estranho, até mesmo para um conteúdo escolar. Para alguns autores, o desejo

de aprender de uma criança é basicamente o mesmo de um cientista. Sendo

assim, ela só buscará respostas para aquilo que lhe despertar curiosidade. E

este é um dos motivos que, muitas vezes, emperram o trabalho dos

professores, pois eles não fazem surgir nos seus alunos o desejo pela

aprendizagem, e muita das vezes, pela falta do desejo de ensinar do próprio

professor.

Para Kupfer (1995, p. 79), “... o processo de aprendizagem depende da

razão que motiva a busca de conhecimento”, ressaltando o porquê da sua

importância. Os alunos precisam ser provocados, instigados e estimulados

19

para que sintam a necessidade de aprender, para quê eles estão aprendendo o

conteúdo que está sendo ensinado e saberem aplicar a este mesmo conteúdo

na sua vida cotidiana.

“Não basta saber ler que Eva viu a uva. É preciso

compreender qual a posição que Eva ocupa no seu

contexto social, quem trabalha para produzir a uva e

quem lucra com esse trabalho.” (Freire, 1991)

Não é papel do professores “despejarem” sobre suas cabeças noções

que, aparentemente, não lhes dizem respeito. O professor deve contextualizar

os conteúdos com a realidade dos alunos, assim haverá mais interesse, e

motivação por parte deles. A forma de apresentar o conteúdo, portanto, pode

agir em sentido contrário, provocando a falta de desejo de aprender que seria,

para os alunos, o distanciamento que se coloca entre o conteúdo e a realidade

de suas vidas. É ai que surge a necessidade do educador buscar novos

conhecimentos sobre como ensinar, afim de que motive seus alunos, surgindo

o desejo de aprender.

2.1 – Motivação e o desejo.

A motivação é a força que impulsiona alguém a satisfazer um desejo,

necessidade ou atingir um objetivo, Howard Hendricks (1991) enfatiza a

questão da motivação como parte imprescindível do processo de ensino-

aprendizagem e revela que geralmente a motivação surge da curiosidade, do

senso de propriedade, de utilidade, de atender as necessidades, desafios,

reconhecimento social e aceitação por parte de outros.

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Não há aprendizagem sem motivação, o aprendizado só será efetivo se

o aluno se achar corretamente motivado para o processo de aprender, um

aluno está motivado quando sente necessidade de aprender o que está sendo

tratado. Por meio dessa necessidade, o aluno se dedica às tarefas inerentes

até se sentir satisfeito. Conforme Bzuneck (2000, p. 9) “a motivação, ou o

motivo, é aquilo que move uma pessoa ou que a põe em ação ou a faz mudar

de curso”. Os alunos devem sentir-se estimulados a aplicar seus esquemas

cognitivos e a refletir sobre suas próprias percepções nos processos

educacionais, de modo que avancem em seus conhecimentos e em suas

formas de pensar e perceber a realidade

A motivação tem um papel fundamental no processo ensino-

aprendizagem, ninguém aprende se não desejar aprender. E entre as causas

da falta de motivação, o planejamento e o desenvolvimento das aulas

realizadas pelo professor são fatores determinantes. O professor deve

fundamentar seu trabalho conforme as necessidades de seus alunos,

considerando sempre o momento emocional e as ansiedades que permeiam a

vida do aluno naquele momento.

“Embora seja possível reconhecer que as pessoas podem

agir, seja movidas por agentes externos, seja

impulsionadas por suas forças interiores, não se pode

confundir esses dois tipos de comportamento, uma vez

que eles são qualitativamente distintos e por isso

merecem explicações diferentes. Quando os

determinantes do comportamento se encontram no meio

ambiente, aquilo que se observa pode ser concebido

como uma simples reação comportamental do indivíduo

ao estímulo de tais fatores [..]. Quando a ação tem como

origem o potencial propulsor, interno à própria pessoa,

aquilo que se observa em termos comportamentais é

21

realmente identificado como motivação”. (Bergamini,

1990, p.25).

Bergamini conceitua a motivação em dois níveis: um extrínseco,

conhecido também como exterior, motivação ambiental ou consciente,

decorrente do ambiente em que se dá o processo de aprendizado; e um

intrínseco, chamado também de pessoal, interior ou inconsciente e representa

o desejo interior de atingir algum objetivo ou satisfazer determinada

necessidade, é a força psíquica que todos nós possuímos, é originado pelo

repertório prévio do indivíduo, suas percepções e relacionamentos. Essa

compreensão se faz necessária para que possamos compreender a

importância da motivação no processo de ensino-aprendizagem.

A motivação extrínseca ativa a intrínseca. Não sabemos quais as reais

necessidades do aluno, os seus interesses. Então temos que ativar a

motivação interior do aluno através da motivação exterior.

2.2 – Motivar o aluno despertando o desejo.

O aluno desmotivado não presta atenção, não participa, não faz tarefas

e se faz, quando faz, está simplesmente preocupado em corresponder à

expectativa do professor, e muitas das vezes utilizam-se de “decorebas”

interessado apenas em tirar notas boas o suficiente para "passar", o aprender

não se reduz à memorização, mas sim ao raciocínio lógico, compreensão e

reflexão.

Quantas vezes o professor pede um trabalho ou uma tarefa, sem o

cuidado em interessar os alunos na aprendizagem dos conteúdos, que seria a

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própria razão de ser do trabalho, assim os alunos ficam preocupados no

cumprimento da tarefa e, não se preocupam com o conhecimento.

Para motivar o aluno a aprender, o professor também precisa estar

motivado a ensinar. É importante citar que professores, mesmo que estejam

sob mesmas condições (de escolas, formação e salários), apresentam uma

diferenciação interessante: alguns não conseguem realizar um bom trabalho,

atrair os seus alunos, despertar o desejo de aprender, enquanto outros

conseguem isto.

O que gera motivação para que alguns realizem suas ações com alegria

e amorosidade e outros não? Alguns fatores interferem neste processo, de

modo decisivo. Aspectos gerais tais como: capacidade de persuasão,

habilidades sócio-comunicacionais, características de personalidade empática,

carisma, competências em facilitar relações interpessoais, capacidade de

fomentar diálogos abertos e criativos, habilidades de gerenciamento de

conflitos, enfim, fatores determinantes sobremaneira para que nossas

intervenções sejam bem sucedidas, pois interferem em nossas potencialidades

de relação e de comunicação motivadora.

Enfatizaremos a relação afetiva professor-aluno e a contextualização

das aulas, pois estas são umas das fundamentais funções do professor no

processo de ensino-aprendizagem.

2.2. 1 – Afetividade entre professor e aluno:

A afetividade pode ser definida segundo diferentes perspectivas, dentre

outras, a pedagógica, o que veremos, tendo em vista a relação educativa que

se estabelece entre professor e aluno em sala de aula.

O professor (enfatizando professores de turmas do Ensino Fundamental

do 1º segmento - 1º ao 5º ano) deve estabelecer um vinculo afetivo nos seus

alunos, pois é na escola que eles passam uma boa parte dos seus dias, cinco

vezes por semana. Na sua prática diária o professor deve adotar algumas

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atitudes que facilitam a aprendizagem como, por exemplo: circular pela sala

observando quais procedimentos os alunos utilizam para realizar uma

determinada atividade, que coloque questões problematizadoras a partir das

informações que possui sobre o que eles sabem. O professor precisa

conquistar seus alunos, pois é com eles que passará também boa parte do seu

dia.

“Para aprender, necessitam-se dois personagens

(ensinante e aprendente) e um vínculo que se estabelece

entre ambos. (...) Não aprendemos de qualquer um,

aprendemos daquele a quem outorgamos confiança e

direito de ensinar”. (Fernández, 1991, p. 47 e 52).

O aluno precisa confiar no professor, saber que ele está ali para ensinar

e ajudá-lo quando houver alguma dúvida ou mesmo para ajudá-lo a satisfazer

sua curiosidade. O professor precisa estar próximo ao aluno, manter diálogo

com a turma, deixar que ele tenha liberdade de se expressar, o aluno precisa e

sentir seguro e tranqüilo diante de uma atividade escolar. Com essas atuações

fica impossível o professor ficar sentado em sua mesa durante o

desenvolvimento de uma atividade, o professor deve circular pela sala

explorando todo seu espaço, ir até a mesa do aluno, dar oportunidade para

tirada de dúvidas, ser um professor questionador, essa mobilização pela sala é

muito importante para a relação entre professor e aluno. Uma pesquisa de

mestrado feita pela Doutora Elvira Tassoni, demonstrou como a relação de

proximidade da professora com os alunos traz um resultado positivo. Segue

alguns relatos da pesquisa:

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Sujeito 2: “__ Aqui na escola, a (nome da professora) ensina. Ela vem perto e

ajuda. Eu nem sei as coisas e eu falo – ah, não sei fazê e desisto. Depois eu

falo – ah, eu sei fazê. Quando ela tá perto eu não desisto.”

Sujeito 3: “__ Gosto quando a (nome da professora) fica perto porque ela é

legal. Ela ajuda, ela conversa do meu trabalho. Isso ajuda, porque ela dá umas

idéias pra gente.”

Sujeito 4: “__ Quando ela fica perto ajuda sim. Eu gosto. Eu faço o trabalho

melhor.”

Sujeito 5: “__ Ela fica perto e vai falando e ajudando. Quando ela tá assim, ela

tá me ajudando.”

Sujeito 10: “__ Quando a gente tá nervosa pra fazer o trabalho ela não fica

brava, senão irrita mais ainda. Quando tá nervosa pra fazer o trabalho, ela vem

perto e fala – A você errou aqui. Aí ela fala onde tá a outra palavra que é o

certo. Aí não fico mais nervosa.”

Sujeito 12: “__ Gosto quando a (nome da professora) fica perto, porque ela me

ajuda. Acho que eu penso muito mais. Porque ela perto me ajuda mais, do que

quando eu penso sozinho.”

Através dos relatos, podemos perceber a professora procurou criar um

vínculo afetivo com os alunos, proporcionando uma reciprocidade muito boa. O

professor precisa incentivar o aluno, assumindo o papel de problematizador,

para que através do conflito, os alunos busquem novas conclusões e respostas

de suas próprias perguntas, para tornar o processo de ensino-aprendizagem

prazeroso para ambos.

O professor carismático fará com que o aluno responda da mesma forma

apresentando atitudes de amor ao próximo para com os professores, colegas e

funcionários da escola. Como querer que o aluno seja feliz sem demonstrar

afeto. E para que possa transmitir afeto é preciso que sinta afeto, que viva o

afeto. Ninguém dá o que não tem. O copo transborda quando está cheio; o

mestre tem de transbordar afeto, cumplicidade, participação no sucesso, na

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conquista de seu aluno. Quando há afetividade, as relações interpessoais

tendem a se estreitarem, o que permite que o aluno tenha mais espaço para se

aproximar do seu professor e fazer as suas colocações desejáveis, e o

professor de se achegar no aluno, tornando suas aulas e uma verdadeira fonte

de idéias criativas.

O professor precisa dominar o conteúdo que leciona, mas também

precisa ter a consciência que ele pode aprender muito com seus alunos, como

Freire (1996) disse, “Quem ensina aprende ao ensinar, e quem aprende ensina

ao aprender", cada aluno traz consigo uma carga de experiências e temos que

dar ouvidos aos seus questionamentos e contribuições, para transformá-los em

uma aprendizagem mútua.

Ao falarmos de afetividade não queremos que o professor permita que

tais sentimentos interfiram no cumprimento ético de seu dever de professor, ou

se torne “coleguinhas” de seus alunos, mas sim alguém que também mantenha

uma relação recíproca de confiabilidade, e use a autoridade e não o

autoritarismo.

“Na verdade, preciso descartar como falsa a separação

radical entre seriedade docente e afetividade. Não é certo,

sobretudo do ponto de vista democrático, que serei tão

melhor professor quanto mais severo, mais frio, mais

distante e “cinzento” me ponha nas minhas relações com

os alunos, no trato dos objetos cognoscíveis que devo

ensinar. O que não posso permitir é que minha afetividade

interfira no cumprimento ético de meu dever de professor

no exercício de minha autoridade”. (FREIRE, 1996, p.159)

Freire descarta a possibilidade de educar sem afeto, a afetividade é

fundamental no processo ensino-aprendizagem, é um elo que une professor e

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aluno. E essa relação entre eles depende, fundamentalmente, do clima

estabelecido pelo professor, da relação empática com seus alunos, de

transmitir ao aluno que ele é capaz, valorizando todas as suas potencialidades

e reforçando sua autoconfiança, de sua capacidade de ouvir, refletir e discutir o

nível de compreensão dos alunos, mantendo sempre uma atitude de

cordialidade e de respeito e da criação das pontes entre o seu conhecimento e

o deles.

2.2. 2 – Contextualização das aulas:

É importante que os alunos encontrem sentido no que fazem na sala de

aula, eles precisam se sentir-se incluídos nesse processo, valorizados os seus

saberes e sendo contribuinte. O professor deve oferecer atividades

significativas, desafiadoras, contextualizadas, levando em conta os

conhecimentos prévios dos alunos e incentivando para o desenvolvimento do

seu potencial.

O aluno é motivado pelo que tem significado para ele. Uma

aprendizagem significativa é aquela que leva o aluno a aprender e

“desaprender” para construir um novo conhecimento, estabelecendo relações

com seu cotidiano, com suas experiências e com o seu conhecimento. O

professor deve descobrir estratégias, recursos, fornecendo estímulos para que

o aluno se sinta motivado e queira aprender. Os conteúdos precisam ser

organizados levando em conta os conhecimentos anteriores do aluno, a

bagagem cultural que vem com ele, proporcionando uma aula, facilitando a

aprendizagem, permitindo que o aluno estabeleça relações dentro de cada

tema e entre os temas, e se sinta incluso neste no processo de ensino-

aprendizagem.

A partir do momento que o professor traz para a sala de aula situações

com as quais os alunos se identificam, consegue uma das condições

fundamentais para o aprendizado: a contextualização e, conseqüentemente, a

27

interação dos alunos em sua aula. E, para isso, é importante que o professor

não apresente o conteúdo apenas de forma expositiva e descritiva, são

imprescindíveis o conhecimento prévio da realidade dos alunos. O tema deve

ser introduzido por alguma atividade em que se resgatem os conhecimentos

prévios e as informações que o aluno traz, criando-se, assim, um contexto que

irá dar um "significado" ao tema em questão, justificando ainda o fato de que

ele será estudado a seguir.

Para autores como Pavanello (1995) e Brousseau (1996) procuram

esclarecer o significado da “contextualização” processo de produção de

conhecimento. Pavanello, baseado em Brousseau, afirma que contextualizar

significa apresentar o conteúdo ao aluno por meio de uma situação

problematizadora, compatível com uma situação real que possua elementos

que dêem significado ao conteúdo.

Problematizar o assunto que irá ser tratado, convidando os alunos à

reflexão. Perguntas bem colocada, sem dúvida, promovem o interesse do

aluno, que se sente desafiado a mobilizar seus conhecimentos para resolvê-las

e, mais importante, estimulado a aprender mais a respeito a fim de construir

explicações satisfatórias. No processo todo, o estudante provavelmente irá

abandonar complementar ou reformular suas hipóteses iniciais, substituindo-as

por outras mais adequadas.

Contextualizar é provocar nos alunos a necessidade de comunicar algo

a alguém, é provocar a necessidade de representar uma situação, discutir

sobre essa situação criada e o que está envolvido nela. O professor, em seu

trabalho de sala de aula, necessita realizar uma recontextualização do saber,

ou seja, procurar situações que dêem sentido aos conhecimentos que devem

ser ensinados. Este trabalho é importante e se faz necessário, uma vez que

possibilita que o conhecimento chegue às pessoas da forma mais simples

possível.

Embora as situações do dia-a-dia tenham grande importância no sentido

de favorecer a construção de significados para muitos conteúdos a serem

estudados, faz-se necessário considerar também a possibilidade de construção

28

de significados a partir de questões internas do próprio conteúdo a ser

estudado, caso contrário, muitos conteúdos seriam descartados por não

fazerem parte da realidade dos alunos.

29

CAPÍTULO III

O PAPEL DO PROFESSOR

"A alma de qualquer instituição de ensino é o professor.

Por mais que se invista na equipagem das escolas, em

laboratórios, bibliotecas, anfiteatros, quadras esportivas,

piscinas, campos de futebol - sem negar a importância de

todo esse instrumental -, tudo isso não se configura mais

do que aspectos materiais se comparados ao papel e à

importância do professor." (Chalita, 2001, p.152)

O professor não é o único responsável pelo sucesso do processo de

ensino-aprendizagem, mas ele é o principal. Em nosso tempo, ser professor

não é uma tarefa fácil. Requer que acreditemos e que lutemos apesar de todas

as adversidades, como, má administração da instituição de ensino onde

leciona, baixo salário, má infraestrutura, entre outros.

Não é fácil a missão do professor, e essa missão não se resume a só

dar aulas, mas sim em reeducar, transformar a sociedade tornando o aluno em

um cidadão ativo nela, ele procura uma luz no fim do túnel, tem esperança que

o pouco ou muito que temos em mãos é fundamental para a formação pessoal

e social de cada um de nossos alunos. Um verdadeiro professor ama e luta

pela sua missão de educar.

“Aos professores, fica o convite para que não descuidem

de sua missão de educar, nem desanimem diante dos

desafios, nem deixem de educar as pessoas para serem

“águias” e não apenas “galinhas”. Pois, se a educação

30

sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco,

a sociedade muda”. (Freire, Verdades da Profissão de

Professor)

O bom professor é um profissional da educação que, nos termos da

atual LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), “zela pela

aprendizagem dos alunos”. É aquele que ama a sua profissão, tem

compromisso, interesse contínuo por aprimoramento e demonstra força de

vontade, interesse e iniciativa em buscar soluções aos problemas que surgem

no seu cotidiano de trabalho. Tem de ter uma boa formação, não apenas a

profissional completa, mas também uma boa formação de conhecimento de leis

e de princípios éticos e morais.

Um bom profissional de educação deve se busca construir conseguindo

de verdade ser um educador, conhecendo o universo dos alunos que estão em

sua sala de aula, tendo um bom senso, permitindo e proporcionando o

desenvolvimento da autonomia dos mesmos. Que tenha entusiasmo, paixão;

que vibre com as conquistas de cada um de seus alunos, não descrimine

ninguém, não se mostre mais próximo de alguns, deixando os outros à deriva.

Que seja politicamente participativo, que suas opiniões possam ter sentido para

os alunos.

O professor precisa acreditar no que diz, ter convicção em seus

ensinamentos para que os alunos sintam confiança e também acreditem e se

sintam motivados a aprender. O preparo das aulas é uma forma de respeito

aos alunos e o próprio ofício. A aula previamente preparada ajuda o professor

a ir no rumo certo e alcançar os objetivos que almeja, embora pode até ocorrer

que ele dê uma aula diferente daquela que planejou, devido à temas que

surgirem diante da intervenção dos alunos, mas isso é enriquecedor, ele não

pode deixar de ouvir o aluno porque tem que cumprir o roteiro de aula que

preparou.

31

Preparação é planejamento. É lamentável que alguns professores façam

o planejamento do início do ano de qualquer maneira, apenas para cumprir

exigências formais. Se o professor investir tempo refletindo bem no seu

planejamento, sem dúvida terá muito menos trabalho durante o ano letivo para

o cumprimento de seus objetivos, porque planejou, e terá sucesso no seu

ensino.

Ninguém se torna um professor perfeito, aliás, aquele que se acha

perfeito, e, portanto nada mais tem a aprender, acaba de transformando num

grande risco para a comunidade educativa. No conhecimento não existe o

ponto estático - ou se está em crescimento, ou em queda. Aquele que se

considera perfeito, como muitos dizem que ensinam o mesmo conteúdo há

anos e não vê a necessidade de se aprimorar, está em queda livre porque é

incapaz de rever seus métodos, de ouvir outras idéias, de tentar melhorar sua

prática de ensino.

Os professores devem conhecer qual o tipo de alunos estará recebendo

em sua sala de aula, sua cultura, classe social, para proporcionar um esnino

dentro da realidade deles, e junto com a equipe gestora definindo qual a melhor

forma de se conduzir o processo de ensino-aprendizagem. Por isso a

importância da participação dos professores na elaboração da proposta

pedagógica.

3.1– Professor e a participação na proposta pedagógica.

Segundo a LDB, o papel do professor está muito além da simples

transmissão de conhecimento. No conceito de uma gestão democrática, ele

participa da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino,

isto é, decide solidariamente com a comunidade educativa o perfil de aluno que

se quer formar, o que fazer e como fazer para alcançar as metas de

aprendizagens, e lhe reserva um papel de agente pró-ativo na construção de

32

autonomia da Escola. E isso não apenas no tocante a sua matéria, mas toda a

proposta pedagógica.

O artigo 13 da LDB sobre a função dos professores:

Artigo 13 - Os docentes incumbir-se-ão de:

I. participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de

ensino;

II. elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do

estabelecimento de ensino;

III. zelar pela aprendizagem dos alunos;

IV. estabelecer estratégias de recuperação dos alunos de menor rendimento;

V. ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar

integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao

desenvolvimento profissional;

VI. colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a

comunidade.

Muitas instituições de ensino, ainda não elaboram a proposta

pedagógica democraticamente, portanto, o professor deve cobrar sua

participação na elaboração da mesma, e estará sendo beneficiado quanto ao

conhecimento do público escolar.

Na proposta pedagógica o professor conhecerá o perfil dos seus alunos,

atuará criticamente na elaboração e execução dos projetos sociais, na

indicação do material pedagógico que é proposto aos alunos, e irá decidir

sobre metodologia na busca da construção do conhecimento em sala de aula,

bem como no uso de outras tecnologias, além de contribuir para uma

aprendizagem de qualidade.

O professor é o responsável pelo conteúdo dado em sala de aula, logo

sua participação é essencial na elaboração da proposta pedagógica, ele tem

33

nas mãos a grande responsabilidade de construir uma educação cidadã.

FREIRE reafirma que:

“[...] só é capaz de comprometer-se com um projeto

político pedagógico quem possa sair de seu contexto,

distanciando-se dele para ficar com ele, capaz de admirá-

lo, para, objetivando-o, transformá-lo, e transformando-o,

saber-se transformado pela sua própria criação [...]”.

(Freire,1979, p.16)

Por mais que o diretor ou o coordenador pedagógico tenham boa

intenção, nenhum projeto será eficiente se não for aceito, abraçado pelos

professores porque é com eles que os alunos têm maior contato. Por isso sua

participação na elaboração proposta pedagógica é tão importante.

A proposta pedagógica além de beneficiar os professores no sentido de

conhecer melhor os alunos da instituição de ensino e ajudar a desenvolver a

melhor forma de se construir o conhecimento, um dos itens que, que se contido

nela, irá favorecer os professores é a proposta para formação contínua em

serviço dos professores, que privilegie a competência técnica e o compromisso

profissional na docência, estabelecendo com os professores relações de

cordialidade e familiaridade no gosto pelo estudo e a reflexão, respeitando a

diversidade, as potencialidades e limitações dos seus colegas como elementos

únicos e constitutivos do grupo, como base para a construção dos saberes

relacionados à comunicação docente e à discussão sobre as condições de

trabalho na educação, de modo que estas ações ocorram em consonância com

os objetivos da relação ensino-aprendizagem, a concepção de educação

presente e as metas a serem alcançadas pela instituição.

A formação continuada é um processo importante para o professor, o

que veremos a diante.

34

3.2 – A formação continuada.

“Entendo que a formação continuada de professores deve

visar ao desenvolvimento das potencialidades profissionais

de cada um, a que não é alheio o desenvolvimento de si

próprio como pessoa. Ocorrendo na continuidade da

formação inicial, deve desenrolar-se em estreita ligação com

o desempenho da prática educativa”. (ALARCÃO, 1998,

p.106)

Um dos focos de atenção e alvos de diversas pesquisas e projetos tem

sido a formação de professores, não apenas a graduação universitária ou a

pós-graduação, que são fatores fundamentais para o professor, mas também a

formação continuada, ampla, as atualizações e os aperfeiçoamentos. Esses

trabalhos visam, em geral, suprir deficiências conceituais e pedagógicas dos

professores e a atualização dos seus conhecimentos. Alarcão (1998) também

define a formação continuada como “o processo dinâmico por meio do qual, ao

longo do tempo, um profissional vai adequando sua formação às exigências de

sua atividade profissional”

Não se deve pretender que a formação inicial ofereça produtos

acabados, onde o professor se forma e esta pronto para toda sua vida docente,

encarando-a antes como uma primeira fase de um longo e diferenciado

processo de desenvolvimento profissional.

A formação continuada é tema que vem sendo implementada na política

de formação do docente (LDBEN 9394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional, no título VI, os artigos 61, 63 e 67). Que revelou

importantes valores no sentido de qualificar o trabalho do professor visando ao

alcance de melhores níveis de aprendizado na escola brasileira. O professor

que está sempre em busca de uma novos conhecimentos, bem como a

35

evolução de suas competências tende a ampliar o seu campo de trabalho,

conhecer novas técnicas de ensino-aprendizagem e proporcionar aos alunos

um conhecimento mais amplo e atualizado.

“A Educação Continuada deve ser entendida como

processo constituído por práticas cotidianas de reflexão

sobre o trabalho que o professor desenvolve, além de

compreender, também, que essa denominação oferece-

nos uma possibilidade mais abrangente para obtermos

visão mais integrada da educação.” (ARAUJO, 2000, p.

34).

O professor só conseguirá fazer com que o aluno aprenda se ele próprio

continuar a aprender. A aprendizagem do aluno é, indiscutivelmente,

diretamente proporcional à capacidade de aprendizado dos professores. Essa

mudança de paradigma faz com que o professor não seja o repassador de

conhecimento, mas orientador, aquele que zela pelo desenvolvimento das

habilidades de seus alunos. Não se admite mais um professor mal formado ou

que pare de estudar.

É importante salientar que, muitas vezes, os professores são

impossibilitados estarem em formação continuada, uma vez que a maioria tem

dupla jornada de trabalho, a fim de atender às suas necessidades mais

elementares (transporte, alimentação etc.), mas vamos pensar na escola como,

também, espaço privilegiado de formação e de socialização entre os

professores, onde se atualizam e se desenvolvem saberes e conhecimentos

docentes e se realizam trocas de experiências entre pares. Desta forma,

concebemos formação contínua em serviço como aquela que ocorre na própria

escola, tendo como elemento mediador a própria dinâmica do currículo escolar,

isto é, o projeto pedagógico Se nas instituições formais de ensino, o professor

realiza sua formação inicial, seja ela em nível médio ou superior, na escola,

36

local de seu trabalho, ele encontra um espaço que promove também sua

formação continuada. Algumas instituições de ensino oferecem aos

professores a formação continuada da sua equipe, principalmente para refletir

sobre a sua prática, o que resulta em uma escola com melhor qualidade de

ensino.

A formação continuada merece ser repensada, no sentido de oferecer

condições de melhorar a vida do professor numa perspectiva de totalidade e

qualitativa, visando torná-la mais humana e comprometida socialmente, ela é

um dever de todo profissional da educação.

37

CONCLUSÃO

Concluimos o trabalho afirmando que o professor tem um papel muito

importante no processo de ensino-aprendizagem, sabendo que ele não é o

único, mas sim o principal. Antes de tudo, ao assumir-se como professor ele

deve gostar e acreditar naquilo que faz, sabendo que o ato ensinar tem um

significado muito maior do que apenas a transmissão de conhecimento, é

preciso ter metas e objetivos, saber sobre o que se vai ensinar, para quem se

está ensinando e é disso que decorre o como realizar. O professor deverá levar

os alunos a acrescentará os novos conhecimentos aos já construídos

anteriormentes em experiência vividas.

É importantíssimo que o professor tenha competência humana, para que

possa valorizar e estimular os alunos, a cada momento do processo ensino-

aprendizagem, levando o aluno a pensar, a questionar e a aprender a ler a

nossa realidade, para que possam construir opiniões próprias, saber o quê e

para quê eles estão aprendendo o conteúdo que está sendo ensinado O

professor deve provocar, motivar e estimular os alunos para que eles sintam o

desejo pela aprendizagem.

A motivação é imprescindível para o desenvolvimento do indivíduo, pois

é através dela que o aluno busca o conhecimento interagindo nas aulas. O

professor deve saber motivar seus alunos oferecendo atividades significativas,

desafiadoras, contextualizadas, levando em conta os conhecimentos prévios

dos alunos para que eles sintam-se incluídos nesse processo e incentivando

para o desenvolvimento do seu potencial através de aulas previamente

planejadas, por isso a importância da participação do professor na proposta

pedagógica, para que ele conheça melhor sua turma e ajude, junto com a

comunidade escolar, na construção de estratégias para proporcionar um

verdadeiro conhecimento.

A boa relação entre professor e aluno deve ser cultivada a cada dia, pois

um depende do outro e assim os dois crescem e caminham juntos. O aluno que

38

sentir confiança em seu professor terá mais liberdade para enriquecer as aulas

com suas contribuições, e por outro lado o professor receberá reciprocidade na

relação conhecendo-os melhor e podendo também aprender mais com seus

alunos.

Um bom professor busca sempre estar em formação para que possa

atualizar seus conhecimentos, evoluir de suas competências, ampliar o seu

campo de trabalho, conhecer novas técnicas de ensino-aprendizagem e

proporcionar aos alunos um conhecimento mais amplo e atualizado, para

fazerem de seus alunos cidadão questionador, críticos e ativos na sociedade.

39

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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42

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

O PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM 10

1.1 – Ensinar 10

1.2 – Aprendizagem 12

1.3 – Ensino-aprendizagem 14

CAPÍTULO II

O DESEJO DE APRENDER 18

2.1 – Motivação e o desejo 19

2.2 – Motivar o aluno despertando o desejo 21

2.2.1 – Afetividade entre professor e aluno 22

2.2.2 - contextualização das aulas 26

CAPÍTULO III

O PAPEL DO PROFESSOR 29

3.1 – Professor e a participação na proposta pedagógica 31

3.2 – A formação continuada 34

CONCLUSÃO 37

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 39

ÍNDICE 42