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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA A contribuição da ação psicomotora no tratamento de dependentes químicos. Por: Luciana de Oliveira Silva Orientador Prof. Ms.Fátima Alves Rio de Janeiro 2012

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A contribuição da ação psicomotora no tratamento de

dependentes químicos.

Por: Luciana de Oliveira Silva

Orientador

Prof. Ms.Fátima Alves

Rio de Janeiro

2012

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A contribuição da ação psicomotora no tratamento de

dependentes químicos.

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em. Psicomotricidade

Por Luciana de Oliveira silva

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AGRADECIMENTOS

Ao meu Deus Todo Poderoso, que me

deu o fôlego da vida e me fortalece a

cada dia.

Aos meus Pais, que me amam do jeito

que eu sou, e que me ensinaram a

perseverar, a nunca desistir diante da

dificuldade.

Ao meu irmão querido por me

aguentar, pricipalmente nas minhas

“mudanças de humor” por contra da

produção deste trabalho.Nado amo

muito você.

As minhas amigas que direta e

indiretamente me apoiaram e me

ajudaram,obrigada meninas pelas

palavras de encorajamento nas horas

alegres e difícies.

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DEDICATÓRIA

Dedico a todos os profissionais

empenhados na causa contra drogas no

nosso país. Aos dependentes químicos

que eles nuncam desanimem de lutar

contra a dependência e que eles possam

acreditar que Deus pode mudar a história

de vida deles.

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EPÍGRAFE

“ Então Jesus disse para os que creram nele: - Se vocês continuarem a

obedecer aos meus ensinamentos,serão, de fato, meus discípulos e

conhecerão a verdade,e a verdade os libertará.”

João 8.31-32

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RESUMO

A partir de visualizações de casos de dependentes químicos no trajeto de São

Gonçalo a Tijuca, aumentou-se o interesse em pesquisar essa temática.

Focando principalmente a questão da dependência química, um assunto que é

muito questionado devido sua complexidade. A pesquisa foi desenvolvida com

o objetivo de analisar a contribuição da psicomotricidade no tratamento a

dependentes químicos, iniciando com o conceito e origem da psicomotricidade

até a sua atuação no tratamento de dependentes químicos. Baseia-se em uma

pesquisa bibliográfica de vários autores como Cury, Fonseca, Laranjeiras,

dentre outros no decorrer do trabalho. Neste contexto pode-se verificar as

abordagens descritas que pela literatura sobre o presente tema e percebe-se

que a psicomotricidade pode trazer um impacto positivo na recuperação

desses indivíduos no que diz respeito ao desenvolvimento biopsicosocial.

Pode-se concluir que as tecnicas psicomotoras poderão ser uma alternativa

para o melhor desempenho do tratamento.

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METODOLOGIA

Para a composição deste trabalho foi necessário uma busca de

literatura para o estudo do tema Psicomotricidade e dependência química.

Consulta a Website e a realização de inúmeras leituras com autores

conceituados no assunto. Apresentando assim uma bibliografia com diversas

abordagens da educação psicomotora.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I -

Conhecendo a psicomotricidade 13

CAPÍTULO II -

Drogas e o Dependente Químicos 34

CAPÍTULO III –

A Contribuição da Psicomotricidade na Dependência Química 39

CONCLUSÃO 50

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 52 ANEXO I 55

ANEXO II 57

ÍNDICE 59

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INTRODUÇÃO

A psicomotricidade trata do desenvolvimento humano no que se refere

ao corpo em movimento. Ela nos fornece instrumentos que nos permite

acompanhar as fases do indivíduo e, quando necessário, interferir

diretamente através de estímulos sensoriais e exercícios corporais com o

objetivo de promover um melhor desempenho do indivíduo frente ao seu

mundo interno e externo.

O consumo das drogas encontra-se na maioria das culturas de forma

diferenciada, respondendo o seu padrão de uso, conforme a especialidade de

cada contexto, o que tangencia é o seu caráter conflitante apresentados nos

seus diversos níveis individuais e sociais.

De acordo com Aquino (1998, p.31), no plano individual, a droga produz

no cérebro efeitos danos que altera a consciência e trazem como ganho

secundário a eterna busca do prazer e da negação constante do sofrimento.

No plano social as drogas diferentes significados que interagem com o

contexto sociocultural. Determinados padrões de emoções, atitudes e

comportamentos ocorre Tanto no subsistema individual quanto na relação do

indivíduo com a família e das famílias com a sociedade, num processo mútuo

de retroalimentação.

Assim sendo esta pesquisa bibliográfica apoiou-se no estudo sobre a

contribuição da ação psicomotora no tratamento de dependentes químicos.

A abordagem do estudo visa analisar como a ação psicomotora pode

contribuir no tratamento de dependentes químicos?

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Para responder esta questão buscou-se fazer uma pesquisa de cunho

qualitativa, no qual tem se por finalidade aprender a partir do resultado da

pesquisa.

A relevância deste trabalho, se dá pela possibilidade de trazer à tona

novos dados que possam contribuir nas formas de tratamentos como

atividades psicomotoras que contemplam aspectos de tonicidade, equilíbrio,

noção de corpo, estruturação espaço-temporal, praxia global e lateralização;

que podem trazer um impacto positivo para a vida desses indivíduos, no que

diz respeito a conhecimento, aprendizado, interesses, ação, domínios

cognitivos, graças a seu desenvolvimento motor, psicológico, social e afetivo.

Através da Psicomotricidade com ênfase na Terapia Psicomotora que

abrange métodos relacionados com a Educação Física, musical, dança,

desenho, pintura e modelação ou educação através da arte; Técnicas de

relaxação e consciencialização corporal, atividades gnoso-práxicas, técnicas

de expressão corporal, atividades lúdicas. Com este background de técnicas

terapêuticas e tendo em conta as necessidades do dependente químico. As

sessões de Terapia Psicomotora podem ser empregues no âmbito de otimizar

as potencialidades e capacidades do dependente, ou aplicadas para reeducar

e/ou reabilitar estruturas e funções psicomotoras necessárias ao

desenvolvimento harmonioso da dependente químico.

Esta monografia se justifica pela importância de se entender alguns

aspectos da situação vivencial de um sujeito com Dependência química, e

então compreender suas principais dificuldades com relação a doença e seu

tratamento atingindo um grau de qualidade de vida mais adequado e

saudável.

Não é o objetivo deste trabalho definir uma causa psíquica para a

problemática do Dependente químico, pensando em termos da doença como

fruto de um conjunto de situações na vida do sujeito, nem também determinar

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um perfil psicológico padrão do dependente em geral, rotulando assim o

grupo estudado. Apenas se utilizará de alguns dados pesquisados sobre

dependentes químicos para hipotetisar sobre tais comportamentos,

compreendendo assim a dinâmica que estabelecem, objetivando como a

ação psicomotora pode ajudar no tratamento de dependentes químicos.

Esta pesquisa tem como objetivo geral aprimorar os tratamentos do

paciente de dependência química nos dias atuais, partindo da ideia de melhor

entender aspectos psíquicos que influenciam o seu comportamento e

consequentemente seu estado físico (psicossomático) e estado emocional.

Em relação à delimitação do estudo, esta pesquisa está restrita à

revisão de literatura realizada de interesse ao objeto investigado. Cujo objeto

são dependentes químicos.

A pesquisa será exposta em três capítulos, com suporte em obra de

diversos autores.

O primeiro capítulo abordará o conceito da psicomotricidade, sua

historia, áreas de atuação da psicomotricidade, elementos psicomotores e o

desenvolvimento psicomotor.

Em seguida o segundo capítulo abordará Compreender alguns traços

característicos do dependente químico como, por exemplo, a dependência

excessiva das drogas e/ou a dificuldade de controlar-se, incluindo o controle

rígido de seu tratamento. Relacionará as drogas mais frequentemente

consumidas, as especialidades mais envolvidas e as consequências

relacionadas ao uso das substâncias a fim de elaborar formas mais eficazes de

convivência com a doença.

Por fim o terceiro capítulo discutirá um tipo de tratamento psicológico

com a contribuição da ação psicomotora para dependentes químicos a fim de

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aprimorá-lo, melhor fundamentá-lo e desenvolver novas técnicas ao

tratamento.

Finalizando esta introdução e abrindo os estudos desta monografia,

deixa-se à contemplação a música. Diga não as drogas do compositor

Alexandre Pires e Cláudio Rosa , 2004 interpretado pelo cantor Alexandre

Pires do albúm Auto falante.

''Diga não às Drogas''

Fuma demais o peito dói

Esta é a história de um bad boy que se foi

Olha o que ela fez com ele. Olha o que ela fez.

Cheira demais a cabeça corrói bate na mãe a família destrói, triste fim

Olha o que ela fez com ele. Olha o que ela fez.

Ecstasy, Raxixe, Craque...

Alucinado não conseguiu dormir

Olha o que ela fez com ele. Olha o que ela fez.

Craque sim mas de futebol

Não seja burrinho diga que não tá afim

Olha o que ela fez com ele. Olha o que ela fez

Refrão:

Crianças cheiram cola e não vão pra escola

O Pai bebendo enquanto o filho pede esmola

No farol ele assalta, brinca, deita e rola

Depois vai na bocada para comprar mais droga

Diga não, diga não, diga não as drogas

Injetou, ficou doidão, viajou na paranóia da alucinação.

Olha o que ela fez com ele. Olha o que ela fez.

Conheceu uma bad girl, se perdeu na transa e olha só no que deu.

Olha o que ela fez com ele. Olha o que ela fez.

Da camisinha não quis saber, e foi premiado com o HIV

Olha o que ela fez com ele. Olha o que ela fez.

Overdose, convulsão, um ataque fulminante parou seu coração.

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CAPÍTULO I

CONHECENDO A PSICOMOTRICIDADE

A história do saber da psicomotricidade representa já um século de esforço

de ação e de pensamento. A sua cientificidade na era da cibernética e da informática, vai-nos permitir certamente, ir mais longe da descrição das

relações mútuas e recíprocas da convivência do corpo com o psíquico. Esta intimidade filogenética e ontogenética representam o triunfo evolutivo da

espécie humana, um longo passado de vários milhões de anos de conquistas psicomotoras. (FONSECA, 1988, p. 99.)

1.1 Historia e conceito da psicomotricidade

Historicamente, o termo psicomotricidade apareceu no início do século

XIX pelo um discurso médico, concluindo através da neurociência nomear

zonas do córtex cerebral situadas na zona motora do cérebro, porém a

neurociência já não podia explicar através de uma parte lesionada do cérebro.

Justamente, as primeiras pesquisas começaram a ocorrer no ano de 1870.

No século XX, a psicomotricidade chegou ao Brasil norteada pela escola

francesa, quando surgiu a necessidades das mulheres trabalharem fora

deixando seus filhos nas escolas, período esse da Segunda Guerra Mundial.

Em 1909, a figura de Dupré, neuropsiquiatra, é de fundamental importância

para o âmbito psicomotor, já que é ele quem afirma a independência da

debilidade motora, antecedente do sintoma psicomotor, de um possível

correlato neurológico. Neste período o tônus axial começava a ser estudado

por André Thomas e Saint-Anné Dargassie.

Segundo o ISPE-GAE (2007, p. 20).

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No Brasil, Antonio Branco Lefévre buscou junto às obras de

Ajuriaguerra e Ozeretski, influenciado por sua formação em Paris, a

organização da primeira escala de avaliação neuromotora para crianças

brasileiras. Dra. Helena Antipoff, assistente de Claparéde, em Genebra, no

Institut Jean-Jacques Rosseau e auxiliar de Binet e Simon em Paris, da escola

experimental "La Maison de Paris", trouxe ao Brasil sua experiência em

deficiência mental, baseada na Pedagogia do interesse, derivada do

conhecimento do sujeito sobre si mesmo, como via de conquista social... Em

1972, a argentina, Dra. Dalila de Costallat, estagiária do Dr. Ajuriaguerra e da

Dra. Soubiran em Paris, é convidada a falar em Brasília às autoridades do

Ministério da Educação, sobre seus trabalhos em deficiência mental e inicia

contatos e trocas permanentes com a Dra. Antipoff no Brasil.

Portanto, a função motora, o desenvolvimento intelectual e o

desenvolvimento afetivo estão intimamente ligados na criança: a

psicomotricidade quer justamente destacar a relação existente entre a

motricidade, a mente e a afetividade e facilitar a abordagem global da criança

por meio de uma técnica. A psimotricidade tem ganhado autonomia.

Encontramos várias definições para a Psicomotricidade. Cada autor

coloca o seu olhar para defini-la. A ISPE-GAE e a SBP definem

respectivamente a Psicomotricidade e o emprego de seu termo como

“psicomotricidade é uma neurociência que transforma o pensamento em ato

motor harmônico. É a sintonia fina que coordena e organiza as ações

gerenciadas pelo cérebro e as manifesta em conhecimento e aprendizado.”

Psicomotricidade é a manifestação corporal do invisível de maneira visível.O

estudo da psicomotricidade é recente, ainda no inicio deste século aborda – se

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o assunto apenas excepcionalmente. Afirmou–se pouco a pouco e evolui em

diversos aspectos que atualmente voltam a se agrupar.

(Em: http://www.webartigos.com/artigos/a-atuacao-psicopedagogica-

frente-a-psicomotricidade/54231/ acesso em:18 de maio de 2012)

“A Psicomotricidade baseia-se em uma concepção unificada da

pessoa, que inclui as interações cognitivas, sensoriomotoras e psíquicas na

compreensão das capacidades de ser e de expressar-se, a partir do

movimento, em um contexto psicossocial. Ela se constitui por um conjunto de

conhecimentos psicológicos, fisiológicos, antropológicos e relacionais que

permitem, utilizando o corpo como mediador, abordar o ato motor humano com

o intento de favorecer a integração deste sujeito consigo e com o mundo dos

objetos e outros sujeitos.” (Costa,2002)

“Em razão de seu próprio objeto de estudo, isto é, o indivíduo humano

e suas relações com o corpo, a Psicomotricidade é uma ciência encruzilhada...

que utiliza as aquisições de numerosas ciências constituídas (biologia,

psicologia, psicanálise, sociologia, lingüística...) Em sua prática empenha-se

em deslocar a problemática cartesiana e reformular as relações entre alma e

corpo: O homem é seu corpo e NÃO - O homem e seu corpo”. (Jean-Claude

Coste, 1981)

(Em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Psicomotricidade acesso em: 18 de

maio de 2012)

1.2 Áreas de Atuação da Psicomotricidade

Varios estudos de pesquisadores recentes, descrevem três aréas de

atuação ou formas de abordagem da psicomotricidade.

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Embora em certos trabalhos esses três níveis de atuação cheguem a

confundir-se, existem características próprias em cada um deles.A seguir as

aréas de atuação e os seus respectivos conceitos:

(Em:<http://www.ciepre.puppin.net/considiniciais.html>. Acesso em:20

de maio de 2012)

Reeducação Psicomotora

A vertente denominada Reeducação Psicomotora destina-se a

crianças que apresentam déficit em seu funcionamento motor. Essa

abordagem tem por finalidade ensinar a criança a reaprender como se

executam ou se desenvolvem determinadas funções. Para isso, avalia-se o

perfil psicomotor da criança, utilizando métodos que consistem na aplicação de

baterias de testes psicomotores. Após o diagnóstico, a criança é submetida a

um programa de sessões que tem como objetivo suprir as dificuldades

aparentes (NEGRINE, 2002).

Esta abordagem tem como base estudos da neuropsiquiatria infantil.

Devido a isso é muito voltada ao aspecto motor e entende o ser humano como

um corpo instrumental, isto é, uma máquina de músculos, que, se não

estiverem funcionando, devem se reparados (LEVIN, 1995).

Le Camus, ao analisar os estudos de Guilmain (1935), explica que a

sessão de reeducação psicomotora destina-se, a três propósitos principais:

reeducar a atividade tônica (com exercícios de atitude, de equilíbrio e de

mímica); melhorar a atividade de relação (com os exercícios de dissociação e

de coordenação motora com apoio lúdico); desenvolver o controle motor (com

exercícios de inibição para os instáveis e de desinibição para os emotivos)

(1986, p. 27).

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Um aspecto importante a destacar é que Guilmain deu início à tentativa

de acoplar a psicologia à educação física, devido ao fato de ter como base

teórica os estudos de Wallon, que relacionam motricidade e caráter. Com isso,

surge um paralelismo entre fenômenos psicológicos e fenômenos motores (LE

CAMUS, 1986).

O início da reeducação psicomotora esteve centrado em uma prática

que só se preocupava com o desempenho da criança frente aos seus

métodos. Tratava-se de uma prática diretiva, mecanicista e dualista, não

levando em consideração que o sujeito de sua prática, a criança, é um ser que

expressa sentimentos e emoções em suas ações.

Aucouturier (1986), em conjunto com outros estudiosos do tema,

começou a sentir a necessidade da evolução de seus ensinamentos e de suas

práticas. O grupo estava preocupado em trabalhar com uma abordagem mais

relacional, mais voltada à globalidade da criança. A respeito disso, Aucouturier

enfatiza dizendo que:

Quando falo de globalidade da criança, falode respeitar seu senso-

motricidade, sua sensorialidade, sua emocionalidade, sua sexualidade, tudo ao

mesmo tempo, falo de respeitar a unidade de funcionamento da atividade

motora, da afetividade e dos processos cognitivos; falo de respeitar o tempo da

criança, sua maneira totalmente original de ser no mundo, de viver, de

descobrir, de conhecê-lo, tudo simultaneamente (1986, p. 17).

A principal mudança na evolução da reeducação psicomotora está na

compreensão do corpo como uma unidade psicossomática e cujo movimento

possui significado. Com isso a postura do reeducador frente à criança toma

outra direção: ele passa a entendê-la como um ser de expressividade

psicomotora. Sua relação com a criança passa a ser de empatia, de escuta, de

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interação e de ajustamento constante (AUCOUTURIER, DARRAULT e

EMPINET, 1986).

Outro aspecto importante que é citado nesta nova fase da reeducação

psicomotora é que a formação do reeducador é composta por uma trilogia

efetuada simultaneamente: a formação pessoal, a formação teórica e a

formação prática, ambas completando e enriquecendo umas às outras

(AUCOUTURIER, DARRAULT e EMPINET, 1986).

A formação pessoal tem como objetivo melhorar a disponibilidade

corporal do adulto a partir de vivências corporais, mobilizando também as

áreas da afetividade, da sexualidade e dos “fantasmas”, proporcionando

mudanças de atitude e de tomadas de consciência. A formação teórica surge

da necessidade que o psicomotricista tem de justificar, analisar e refletir sobre

as principais teorias que baseiam seus procedimentos.E a formação prática

oportuniza a vivência concreta de seus estudos com as crianças

(AUCOUTURIER, DARRAULT e EMPINET, 1986).

Esses mesmos autores determinam que a reeducação psicomotora é

destinada a crianças com idade até oito anos, pois entendem que, após essa

idade, a prática psicomotora passa a uma prática corporal, e que a sessão

psicomotora é composta por três espaços: o espaço sensório-motor, o espaço

da emocionalidade e o espaço do distanciamento.

A evolução que a reeducação psicomotora passou serviu como o

primeiro passo de uma trajetória que a psicomotricidade ainda percorre, isto é,

o desenvolvimento de uma abordagem cada vez mais preocupada com o ser

humano em sua totalidade inserido em um contexto sócio-cultural.

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Terapia Psicomotora

A vertente chamada de Terapia Psicomotora é destinada a crianças

normais ou portadoras de deficiências físicas que apresentam dificuldades de

comunicação, de expressão corporal e de vivência simbólica (NEGRINE,

2002).

Através da avaliação, diagnóstico e tratamento, esta abordagem

possibilita, por meio da relação terapêutica, a compreensão das patologias

psicomotoras e suas conseqüências relacionais, afetivas e cognitivas, tendo

sempre como referência o desenvolvimento psicodinâmico da motricidade da

criança (CARNÉ, 2002).

A terapia psicomotora utiliza várias contribuições da teoria

psicanalítica; exemplos disso são os inúmeros conceitos que são utilizados:

inconsciente, transferência, imagem corporal, etc. Agora os psicomotricistas

estão mais atentos à vida emotiva de seus pacientes, dando “(...) importância à

emoção, à expressão e à afetividade, considerando o corpo, a motricidade e a

emocionalidade como uma globalidade e uma totalidade em si mesmas”

(LEVIN, 1995, p. 41).

Ajuriaguerra (1984 apud LEVIN, 1995) explica que a terapia

psicomotora não se restringe somente a modificar o tônus de base e as

habilidades de posição e rapidez, mas modificar o corpo em seu conjunto, no

modo de perceber e apreender as aferências emocionais.

Segundo Aucouturier e Lapierre (1977), a criança possui problemas,

deficiências e falhas, mas cabe ao terapeuta reconhecer suas potencialidades

e trabalhar com o que há de positivo na criança, partindo daquilo que ela faz

espontaneamente, daquilo que sabe fazer, do que gosta de fazer.

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A formação do terapeuta é composta pela mesma trilogia que foi citada

e explicada na reeducação psicomotora, adicionando-se, ainda, formação

continuada e supervisão permanente, pois estas é que lhe possibilitarão bases

para o desenvolvimento de sua prática (AUCOUTURIER, DARRAULT e

EMPINET, 1986).

Uma característica importante que estes mesmos autores explicam é

que a terapia psicomotora só pode ser realizada em ambiente apropriado, ou

seja, clínica especializada em terapia, hospital psiquiátrico, grupo de ajuda

psicopedagógica ou centro médico pedagógico.

A sessão de terapia psicomotora se desenvolve de forma

individualizada. A relação que o terapeuta estabelece com a criança é de

sintonia, escuta, empatia e o seu corpo é o depósito das emoções da criança,

o tempo da sessão é de acordo com a disponibilidade da criança

(AUCOUTURIER e LAPIERRE, 1977).

Levin ainda complementa: “a terapia psicomotora centra o seu olhar a

partir da comunicação e da expressão do corpo, no intercâmbio e no vínculo

corporal, na relação corporal entre a pessoa do terapeuta e a pessoa do

paciente em diálogo de empatia tônica” (1995, p. 42).

Na forma de pensar de Negrine (2002), o trabalho terapêutico, a partir

da perspectiva lúdica, requer muita disponibilidade corporal do psicomotricista

com a criança portadora de qualquer deficiência, pois ele, através dos

estímulos e intervenções que faz constantemente, tem a possibilidade de criar

atitudes comportamentais na criança. Este nível de intervenção do

psicomotricista é que diferencia a psicomotricidade terapêutica da educativa.

Nesta abordagem cabe ao terapeuta uma constante adaptação à

evolução da criança, um domínio na trilogia da formação, uma forte

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capacidade de escuta e o mais importante, não impor às crianças os seus

desejos e sim ajudá-las na evolução e na criação de seus próprios desejos.

Educação Psicomotora

A vertente denominada Educação Psicomotora tem por finalidade

promover, através de uma ação pedagógica, o desenvolvimento de todas

potencialidades da criança, objetivando o equilíbrio biopsicossocial (NEGRINE,

1986).

Le Boulch (1982 apud NEGRINE, 1986) explica que a Educação

Psicomotora é formadora de uma base indispensável a toda criança, pois tem

como objetivo assegurar o desenvolvimento funcional, levando em conta as

possibilidades da criança, possibilitando, também, através das relações

interpessoais, a expansão e o equilíbrio de sua afetividade.

Para Falkenbach (2002), a finalidade da prática da educação

psicomotora é.

• 1º) promover um meio lúdico-educativo para a criança expressar-se por

intermédio do jogo e do exercício, devendo possibilitar às crianças a

exploração corporal diversa do espaço, dos objetos e dos materiais;

• 2º) facilitar a comunicação das crianças por intermédio da

expressividade motriz;

• 3º) potencializar as atividades grupais e favorecer a liberação das

emoções e conflitos por intermédio do vivenciamento simbólico.

A Educação Psicomotora atualmente se divide em dois eixos: a

Psicomotricidade Funcional e a Psicomotricidade Relacional. Negrine define o

aspecto que diferencia as duas práticas, elucidando-nos que “(...) o ponto

fundamental da passagem da psicomotricidade funcional à relacional é a

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utilização do jogo (brincar da criança) como elemento pedagógico” (1995, p.

74).

l Psicomotricidade Funcional

Para Negrine (2002), a psicomotricidade funcional compreende o

desenvolvimento psicomotriz a partir de bases teóricas de neuroanatomia

funcional, tendo como base concepções sobre a motricidade que acreditam

que o processo de desenvolvimento humano é decorrente dos processos de

maturação.

As capacidades e habilidades motrizes seguiriam um padrão evolutivo

igual em todas as pessoas e poderiam ser avaliadas através de exercícios-

testes padronizados para as diferentes idades. Variáveis como sexo, fatores

culturais, experiências vivenciadas, não eram levadas em conta. Na avaliação

do perfil psicomotor da criança algumas variáveis eram analisadas, como por

exemplo equilíbrio estático e dinâmico, coordenação apendicular, coordenação

visomanual (movimentos finos e delicados), sincinesias, paratonias,

lateralidade e orientação espacial (NEGRINE, 2002).

Este mesmo autor explica que a psicomotricidade funcional se sustenta

em diagnósticos do perfil psicomotriz e na prescrição de exercícios para sanar

possíveis descompassos do desenvolvimento motriz. A estratégia pedagógica

baseia-se na repetição de exercícios funcionais, que são estereótipos criados e

classificados constituindo as famílias de exercícios: exercícios de equilíbrios

estáticos e dinâmicos, exercícios de coordenação, exercícios de flexibilidade, e

exercícios de agilidade e destreza.

Dentro deste eixo da psicomotricidade educativa, Langlade (1974 apud

NEGRINE, 2002) afirma que a educação psicomotriz é uma ação psicológica e

pedagógica que utiliza os meios da Educação Física com a finalidade de

normalizar ou melhorar o comportamento da criança.

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23

Picq e Vayer (1985) explicam que, após a análise dos problemas

encontrados, a psicomotricidade funcional tem a finalidade de educar

sistematicamente as diferentes condutas motoras, permitindo assim uma maior

integração escolar e social.

Em suas primeiras obras sobre a psicomotricidade funcional,

Aucouturier e Lapierre colocam que a “(...) organização espaço gráfica,

necessária para a aquisição da leitura e da escrita, necessitava da prévia

organização do espaço de modo geral e inicialmente corporal” (1985a, p.09),

com isso determinam como objeto de sua prática, crianças com algum grau de

dificuldade de aprendizagem (disléxicos, disgráficos, agitados), traçando o

perfil psicomotor da criança e depois apresentando tabelas de exercícios com

o objetivo de sanar os problemas.

Negrine teve sua formação inicial na psicomotricidade funcional. Seus

estudos e o desenvolvimento das sessões de psicomotricidade eram

destinados a crianças que apresentavam problemas de aprendizagem, mais

especificamente na leitura, na escrita e no cálculo matemático. Este método se

sustenta no discurso de que o desenvolvimento de certas habilidades motrizes

permite a melhora do desempenho nas aprendizagens cognitivas (NEGRINE,

1986).

O desenvolvimento da sessão de psicomotricidade funcional é

estruturado de forma que o aluno imite os modelos de exercícios pré-

programados, que são propostos pelo professor “(...) a criança não tem

escolha, todas ao mesmo tempo devem realizar os exercícios que são

propostos” (NEGRINE, 2002, p.117). O professor utiliza-se de métodos

diretivos, tornando seu aluno dependente de suas ações, não dando espaço

para que a criança realize atividades que permitam explorar o mundo

simbólico, impedindo a exteriorização de sua expressividade motriz.

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Em relação aos métodos diretivos, Negrine (2002) chama a atenção

para o fato de que estes estão relacionados a estratégias pedagógicas

voltadas à correção. O gesto motriz que não é realizado conforme a solicitação

do professor é considerado errado. Deste modo, criam-se inibições e

resistências de exteriorização corporal, e, devido a isso, a avaliação se torna

uma ação puramente quantitativa, só valorizando a correta execução dos

exercícios propostos.

A relação que o psicomotricista funcional tem com a criança é uma

relação de comando “(...) é uma intervenção no corpo de forma mecânica”

(NEGRINE, 1995, p. 56), e o contato corporal entre eles ou com outras

crianças só ocorre se estiver determinado no exercício proposto.

É importante salientar que existem vários autores que estudam e

aplicam a psicomotricidade funcional, tais como: Le Boulch, Picq, Vayer, mas

neste estudo me detive aos que considero principais.

Este eixo da educação psicomotora é seguido por muitos professores

de Educação Física, mas o desenvolvimento dessa prática se assemelha muito

a forma tradicional de uma aula de ginástica.

l Psicomotricidade relacional

A psicomotricidade relacional é uma abordagem psicopedagógicaque

se dá pela via corporal, englobando uma série de estratégias de intervenções e

de ações pedagógicas que servem como meio de ajuda à evolução dos

processos de desenvolvimento e de aprendizagem da criança. Ela compreende

que o desenvolvimento humano é decorrente da inter-relação entre fatores

internos, que correspondem aos processos biológicos, e fatores externos que

dizem respeito ao processo de aprendizagem que se origina nos aspectos

histórico-culturais (NEGRINE, 2002).

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Este mesmo autor explica que a psicomotricidade relacional utiliza-se

da ação do brincar como elemento motivador para provocar a exteriorização

corporal da criança, pois entende que a ação de brincar impulsiona processos

de desenvolvimento e de aprendizagem. Essas estratégias de intervenções

pedagógicas criam, também, condições favoráveis para a construção de um

vocabulário psicomotor amplo e diversificado e servem como meio de melhora

das relações da criança com o adulto, com os iguais, com os objetos e consigo

mesma.

A utilização de métodos não-diretivos permite que a criança manifeste

todo seu interesse, atitudes e valores que retratam as emoções e os

sentimentos de cada momento vivido. Estes métodos também permitem que o

psicomotricista faça interpretações significativas das ações que a criança

experimenta quando se exterioriza, seja através da mímica, dos gestos ou das

produções plásticas. Para isso é necessário que tenha uma atenção maior,

pois deve observar e identificar as crianças que mais necessitam de seu auxílio

(NEGRINE, 2002).

Na forma de pensar de Negrine (2002), a psicomotricidade relacional

está alicerçada em três aspectos, que determinam suas finalidades. O primeiro

diz respeito à experimentação corporal múltipla e variada, no qual o

psicomotricista deve permitir, facilitar e provocar a criança à experimentação

de diversos movimentos com o próprio corpo, com objetos ou com disfarces.

O segundo aspecto é o estímulo à vivência simbólica, isto é, permitir

que a criança realize atividades representativas. Com a realização destas

ações corporais (movimentos, gestos, mímicas) a criança constrói o

conhecimento das coisas e do mundo, amplia seu vocabulário psicomotor,

aciona mecanismos de pensamento representativo. Este, por sua vez, aciona a

fala egocêntrica, exercitando a comunicação oral.

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O terceiro aspecto se refere à comunicação como elemento de

intervenção pedagógica, de socialização e de exteriorização da criança. Isto

quer dizer que a comunicação expressa de diferentes formas - verbal, plástica,

pictórica - serve como instrumental que o psicomotricista utiliza para fazer a

criança evoluir.

No que diz respeito à relação adulto/criança, é fundamental que o

psicomotricista ajude a criança a realizar tudo aquilo que ainda não é capaz de

realizar sozinha; é necessário que ele exerça um papel de mediador, seja para

provocara sua exteriorização, seja para dar segurança, seja para determinar

limites à criança. Na relação do psicomotricista relacional com a criança, o

toque corporal é um forte aliado, pois com ele vínculos afetivos são

estabelecidos, dando segurança e ajuda à criança. “O papel do psicomotricista

relacional é sempre de ajuda, entretanto ele também interage, sugere, propõe,

estimula e escuta a criança” (NEGRINE, 2002, p.124).

Segundo Negrine (2002), a sessão de psicomotricidade relacional

segue uma rotina que se divide em três momentos: 1º) ritual de entrada; 2º)

atividades livres de expressão, construção e comunicação e 3º) ritual de saída,

pois todo o ato pedagógico deve ter início, meio e fim.

No ritual de entrada, o professor e as crianças sentam-se em círculo,

se apresentam de forma que todos possam falar e ser escutados

estabelecendo as combinações (regras de convivência) referentes àquela

sessão, cabe ao psicomotricista neste momento provocar as crianças a

realizarem diversas experimentações.

A segunda parte da sessão é destinada à realização de atividades

livres de expressão, construção e comunicação. No início se dá um estímulo às

crianças e depois elas passam a brincar com o que quiserem. É importante

que o psicomotricista permita a experimentação de diversas atividades e que

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exija o cumprimento das regras de convivência estabelecidas no ritual de

entrada.

O ritual de saída é o momento em que o psicomotricista diz que o jogo

acabou. Com isso as crianças devem interromper as brincadeiras e devem

ajudar a guardar o material que foi utilizado na sessão, pois isto havia sido

combinado no ritual de entrada. Após terem guardado todos os materiais, se

dá início ao encerramento da sessão. Todos devem sentar novamente em

círculo e o psicomotricista deverá provocar a verbalização das crianças ao

grande grupo sobre aquilo que realizaram durante a sessão e sobre o que mais

gostaram de fazer, sempre lembrando que todos terão a oportunidade de falar

e ser escutados.

É importante ressaltar que existem nuances dentro da

psicomotricidade relacional, e que autores que tiveram a mesma formação

inicial, no decorrer de seus estudos acabam, seguindo linhas diferentes, como

por exemplo: Aucouturier, Lapierre e Negrine.

Aucouturier determina que, na sessão, o jogo de pulsão (jogo sensório-

motor – classificação de Piaget)deve ser potencializado, e a prática da

psicomotricidade tem sua função até os oito anos, por outro lado Lapierre

entende que o jogo simbólico é que deve ser potencializado, e que a

psicomotricidade deve se aplicar às crianças, aos adolescentes e também aos

adultos (NEGRINE, 1995).

Uma característica importante a respeito da psicomotricidade relacional

de Aucouturier, que é seguida por diversos psicomotricistas, é que a

organização da sessão segue uma seqüência temporal, isto é, a criança deve

seguir uma determinada ordem para executar os jogos: momento inicial ou

ritual de entrada; jogos de segurança profunda, jogos de prazer sensório-

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motor; jogos simbólicos; narração de história, atividades de representação e

momento final ou ritual de saída (MARTÍNEZ, PEÑALVER e SANCHEZ,2003).

Outro aspecto importante a ressaltar, que é bem diferente do contexto

escolar brasileiro, é que a sessão é realizada somente em ambientes fechados

(sala de psicomotricidade) que possuem materiais fixos (escadas, barra de

equilíbrio, tatames) e diversos materiais complementares (blocos de espuma,

aros, bola grande bichos de pelúcia, cordas, fantasias). Estes ambientes

possuem também mesa com cadeiras e material audiovisual e musical, e o

grupo de criançasé em número bem reduzido (MARTÍNEZ, PEÑALVER e

SANCHEZ,2003).

Os estudos iniciais de Negrine estiveram voltados à prática da

psicomotricidade funcional. Sua formação na Escola de Expressão e

Psicomotricidade da Prefeitura de Barcelona seguiam as orientações de

Bernard Aucouturier, mas a linha pedagógica que ele segue no momento atual

está configurada dentro de uma perspectiva relacional (NEGRINE, 2002).

Um aspecto importante a destacar é que a psicomotricidade relacional

desenvolvida por Negrine se diferencia das demais práticas devido a fatores

que são bem referenciados por Falkenbach (2002, p. 76):

a) o autor se diferencia da maioria dos psicomotricistas pela sua

fundamentação teórica que reconhece as diferentes vertentes da

psicomotricidade e os seus principais autores, bem como as limitações e as

vantagens das práticas que utilizam;

b) oxigena o referencial teórico da psicomotricidade com elementos da

antropologia, da psicopedagogia que contribuem à tradicional visão

psicanalista, que ainda é hegemônica e a enriquecem;

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c) inova com a utilização dos referencias teóricos de Vygotsky, teórico

que contribui para uma mudança na compreensão psicopedagógica do

desenvolvimento e aprendizagem infantil, bem como do significado dos jogos

para a prática da psicomotricidade;

d) estabelece um divisor de águas para a leitura do movimento que faz

a criança. Explica que em um ambiente lúdico a criança faz uma trajetória

denominada de trajetória lúdica e seu movimento flutua entre; a) ser um

movimento técnico, o que significa fazer exercícios; b) brincar de faz-de-conta,

isto é, jogar simbolicamente;

e) desenvolve e estrutura a organização da prática psicomotriz

educativa com grupos de crianças, adequadas para o ensino regular e os

diversos contextos que promovem a movimentação infantil.

Este eixo da psicomotricidade educativa é multifacetado, cabendo ao

professor de Educação Física definir qual será sua proposta de trabalho,

traçando objetivos e tendo como base concepções sobre o desenvolvimento e

aprendizagem infantil.

1.3 Elementos Psicomotores

São várias as classificações e as terminologias utilizadas para

denominar as funções psicomotoras. De qualquer forma, os conceitos são

basicamente os mesmos; o que muda é a forma de classificar e agrupar estes

conceitos. Assim, as terminologias mais utilizadas no Brasil e seus respectivos

conceitos são os seguintes:

1. Esquema corporal – é o saber pré-consciente a respeito do seu

próprio corpo e de suas partes, permitindo que o sujeito se relacione

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com espaços, objetos e pessoas que o circundam. As informações

proprioceptivas ou cinestésicas é que constroem este saber acerca do

corpo e à medida que o corpo cresce, acontecem modificações e

ajustes no esquema corporal.

2. Imagem corporal – é a representação mental inconsciente que

fazemos do nosso próprio corpo, formada a partir do momento em que

este corpo começa a ser desejado e, consequentemente a desejar e a

ser marcado por uma história singular e pelas inscrições materna e

paterna. Um exemplo de como se dá sua construção é o estágio do

espelho que começa aos 6-8 meses de idade, quando a criança já se

reconhece no espelho, sabendo que o que vê é sua imagem refletida. A

imagem, portanto, vem antes do esquema, portanto, sem imagem, não

há esquema corporal.

3. Tônus – é a tensão fisiológica dos músculos que garante equilíbrio

estático e dinâmico, coordenação e postura em qualquer posição

adotada pelo corpo, esteja ele parado ou em movimento.

4. Coordenação global ou motricidade ampla – é a ação simultânea de

diferentes grupos musculares na execução de movimentos voluntários,

amplos e relativamente complexos.

5. Motricidade fina – é a capacidade de realizar movimentos

coordenados utilizando pequenos grupos musculares das extremidades.

Exemplo: escrever, costurar, digitar.

6. Organização espaço-temporal – é a capacidade de orientar-se

adequadamente no espaço e no tempo. Para isso, é preciso ter a noção

de perto, longe, em cima, embaixo, dentro, fora, ao lado de, antes,

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depois. Alguns autores estudam a organização espacial e a organização

temporal separadamente.

7. Ritmo – é a ordenação constante e periódica de um ato motor. Para

ter ritmo é preciso ter organização espacial.

8. Lateralidade – é a capacidade de vivenciar os movimentos utilizando-

se, para isso, os dois lados do corpo, ora o lado direito, ora o lado

esquerdo. Por exemplo: a criança destra, mesmo tendo sua mão direita

ocupada, é capaz de abrir uma porta com a mão esquerda. É diferente

da dominância lateral que é a maior habilidade desenvolvida num dos

lados do corpo devido à dominância cerebral, ou seja, pessoas com

dominância cerebral esquerda, tem maior probabilidade de

desenvolverem mais habilidades do lado direito do corpo e, por isso, são

destros. Com os canhotos, acontece o inverso, já que sua dominância

cerebral é do lado direito.

9. Equilíbrio – é a capacidade de manter-se sobre uma base reduzida

de sustentação do corpo utilizando uma combinação adequada de

ações musculares, parado ou em movimento. Um exemplo de equilíbrio

dinâmico é caminhar sobre uma prancha e de equilíbrio estático é

manter-se sentado corretamente.

(Em:<http://psicomotricidadeeeducacao.blogspot.com.br/2010/03/elementos-

psicomotores.html >.Acesso em: 15 de junho de 2012)

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1.4 Desenvolvimento Psicomotor

( Dados retirados do livro: Psicomotricidade corpo, ação e emoção.

Fátima alves)

O movimento, assim como o exercício, é de fundamental importância

no desenvolvimento físico, intelectual e emocional da criança. Estimula a

respiração e a circulação.Grças ao exercício físico são fortalecidos os

músculos e os ossos.

O movimento permite à criança explorar o mundo exterior através de

experiências concretas sobre as quais são construídas as noçoes básicas para

o desnvolimento intelectual. È importante que a criança viva o concreto.

Cada criança é única. O esquema do desenvolvimento é comum a

todas as crianças,mas as diferenças de caráter, as possibilidades físicas, o

meio e o ambiente familiar explicam que com a mesma idade crianças

perfeitamentes “normais” possam comportar-se de maneiras diferente. A

criança que progrediu inicialmente muito rápido pode reduzir o seu ritmo e ser

alcançada por aquela criança que parecia “atrasada”alguns meses antes.

As fases do desenvolvimento psicomotor não devem ser consideradas

apenas segundo um quadro de maturação neurológica, mas como resulatado

de um processo reacional e relacional complexo. Com isto queremos dizer que,

ao enfocarmos o desenvolvimento psicomotor, levamos em conta as reações

do ser ao ambiente que o cerca e as relaçoes com os demais.

A organização da motricidade passa pelas seguintes fases:

Ø 1ª fase:

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O ser nasce com as condições anátomo-fisiológicas dos reflexos, mas

para que estes se manifestem é indispensável que o meio atue, sob a

forma de estímulos, que irão quebrar o equilíbrio da organização,

provacando a reação reflexa. O reflexo constitui-se em uma modalidade

assimiladora, que se acomoda ao meio, quando se põe em

funcionamento.

Esta fase caracteriza-se pelas seguintes conquistas:

a) Organização das estrutura motora

b) O rganização do tônus de fundo

c) Organização da propriocepção

d) Desaparecimento das reações primitivas

Ø 2ª fase: Organização do plano motor

Durante esta fase há o aperfeiçoamento espaço-temporal das reações.

Evoluem paralelamente as possibilidades de conhecimento e das

relações sociais.

Ø 3ª fase: Automatização do adquirido.

Através da ação do sujeito as aquisições motoras vão sendo

automatizadas.

Ø 4ª fase: Aperfeiçoamento e desenvolvimento de novas habilidades

motoras.

A idade de cinco a sete anos apresenta uma etapa de transição no

desenvolvimento. A criança passa do estágio global e sincrético para o

de diferenciação e análise.

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CAPÍTULO II

As Drogas e o Dependente Químicos

“ Então Jesus disse para os que creram nele: - Se vocês continuarem a

obedecer aos meus ensinamentos,serão, de fato, meus discípulos e

conhecerão a verdade,e a verdade os libertará.”

João 8.31-32

2.1 Histórico

As drogas têm feito parte da história da humanidade. Durante milhares de anos certas plantas têm sido utilizadas para benefício do corpo, da mente e do espírito. O ópio, por exemplo, é usado há muito tempo para o alívio da dor, a cerveja teve sua origem, através da fermentação de certos vegetais, há aproximadamente 6.000 anos.

No decorrer da história as palavras empregadas para descrever droga têm sofrido importantes variações. Na Grécia Antiga a droga, denominada pharmakon, tinha duplo significado: remédio e veneno. Este conceito, ambivalente, mostrava o quanto os gregos tentavam traduzir o poderoso efeito dessas substâncias sobre o corpo e a mente dos indivíduos. Já na Pérsia a palavra droga se origina da palavra demônio. A etimologia mais aceita no meio acadêmico nos explica o seguinte: Drogadicção = Adicção à drogas. A etimologia do vocábulo "adicção" remete ao latim. "Adicto" origina-se no particípio passado do verbo "addico", que significa "adjudicar" ou "designar". Este particípio é "addictum" e quer dizer o "adjudicado" ou "designado" - o "oferecido" ou "oferendado". Nos tempos da República Romana, "addictum" designava o homem que, para pagar uma dívida, se convertia em escravo por não dispor de outros recursos para cumprir o compromisso contraído. O substantivo "adicção" designa, em nossa língua, a inclinação ou o apego de alguém por alguma coisa.

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Em:<http://oassuntoedroga.blogspot.com.br/search/label/Hist%C3%B3ria%20da%20Droga> Acesso em 17 de junho de 2012

O termo drogas tem origem na palavra drogg, proveniente do holandês

antigo e cujo significado é folha seca. Esta denominação é devida ao fato de

antigamente, quase todos os medicamentos utilizarem vegetais em sua

composição. Atualmente, porém, o termo droga, segundo a definição da

Organização Mundial de saúde – OMS, abrange qualquer substância não

produzida pelo organismo que tem a propriedade de atuar sobre um ou mais

de seus sistemas produzindo alterações em seu funcionamento.

Em: <http://www.obid.senad.gov.br/portais/OBID/index.php> Acesso

em 17 de junho de 2012

2.2 Tipos de Drogas

(Dados retirados da cartilha: Tudo o que você pensa que sabe sobre

drogas – Gorveno do Estado do RJ )

Segundo a medicina, droga é qualquer substancia, natural ou sintética,

capaz de alterar a função dos organismos vivos, resultando em mudanças

fisiológicas ou de comportamento.

São classificadas como depressoras,estimulantes ou pertubadoras da

atividade do Sistema Nervosos Central (SNC).

l DEPRESSORAS

As depressoras da atividade do SNC são as que diminuem a atividade do

cérebro, deixando o indivíduo “desligado”, como o álcool, os barbitûricos

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(promovem o sono) e os ansiolíticos (calmantes), inalantes ou solventes (cola,

tintas, removedores).

l ESTIMULANTES

As substancias que aumentam a atividade do cérebro, ou seja, que

estimulam o funcionamento, fazendo com que a pessoa fique “ligada”,

”elétrica”, são as estimulantes do SNC. As principais são as

Anfetaminas, a nicotina e a cocaína.

l PERTURBADORAS

O terceiro grupo é constituído pelas drogas que agem modificando

qualitativamente a atividade do cérebro. As drogas pertubadoras, tais

como a maconha e os anticolinérgicos, fazem com que o cérebro

funcione fora do seu padrão normal.

As drogas acionam um sistema de recompensa do cérebro, uma área

encarregada de receber estímulos de prazer e transmiti essa sensação

ao corpo. Por uma espécie de curto circuito, elas provocam uma ilusão

química de p´razer que pode induzir à repetição compulsivas do seu

uso.

O problema é que com a repetição do consumo, todas as fontes

naturais de prazer perdem o sentido, e só interessa o “barato” imediato

proporcionado pela droga.

A doença que a droga provoca é a dependência. Nada pode ser mais

nocivo para o ser humano do que perder a sua autonomia e

independência...

Os relatos de quem conseguiu se manter longe das drogas falam sempre

de libertação.

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2.3 Identificando um dependente

A Dependência Química se classifica como um estado mental e, muitas

vezes físico que resulta da interação entre um organismo vivo e uma droga

psicoativa. A dependência sempre inclui uma compulsão de usar a droga para

experimentar seu efeito psíquico ou evitar o desconforto provocado por sua

ausência.

Neste contexto devemos observar que existem duas dependências: física e psíquica. A dependência física é um estado de adaptação do corpo manifestado por transtornos físicos quando o uso da substancia é interrompido, um dos indicativos de estar ocorrendo uma dependência física é a manifestação de síndrome de abstinência que surge com a suspensão da substancia no organismo.

A dependência psíquica é constituída pela compulsão ao uso da droga, buscando o individuo a obtenção do prazer ou a diminuição de algum desconforto. Geralmente quando o individuo não obtém a droga experimenta ansiedade, irritação, insônia e um desconforto geral.

Quando a dependência se estabelece é comum perceber os seguintes sintomas:

• Tolerância à droga – doses maiores para se obter o mesmo efeito inicial;

• Redução dos interesses do individuo por questões não relacionadas à

droga, passando o sujeito a dedicar todo seu tempo e energia para localizar,

adquirir e consumir a droga;

• Diminuição da auto-estima - ocorre associada à redução de interesses, a

deterioração dos cuidados consigo mesmo (a isso inclui necessidades

básicas como higiene, alimentação, sono), perda de vínculos sociais (que

não estão relacionados à droga) e envolvimento em atividades criminosas

para obter a droga (pequenos furtos, inclusive);

• Dificuldades em administrar sua vida financeira;

• Perda do auto-respeito;

• Sentimentos de vazio;

• Hostilidade e agressividade excessiva com familiares;

• Apatia;

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• Isolamento;

• Falta de motivação para trabalho, atividades como esportes, estudo e etc;

• Grau de insatisfação muito grande e um espírito crítico acentuado;

• Depressão;

• Vida sexual promíscua – fator importante para a contaminação com DST;

É importante ressaltar que a relação que o individuo tem com a

substancia é de suma importância, a aparição de alguns destes sintomas

não classifica per si um dependente químico. Em todos os casos é sempre

indicado à procura de profissionais qualificados para a avaliação e

tratamento dos mesmos. A dependência química é uma doença

multifacetada e para isso necessita de equipe multidisciplinar como médicos,

psicólogos, assistentes sociais e etc para uma melhor condução e

tratamento.

<http://www.prisioneirosdasdrogas.org.br/PHP/dependente.php>

Acesso em 17 de junho de 2012

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CAPÍTULO III

A Contribuição da Psicomotricidade na Dependência

Química

“A droga seduz e convida maliciosamente para uma aventura perigosa e

execitante e na verdade conduz a um poço profundo e negro, na maioria

das vezes sem volta. A ação criativa estimula a pulsação de vida que cada

um tem dentro de si. E a VIDA é, de fato, a maior e mais completa AÇÂO

CRIATIVA.” (VIBRANOVSKI, 2002, p. 140).

A Psicomotricidade pode contribuir muito na vida que qualquer indivíduo,

sabemos que através da psicomotricidade com ênfase na terapia psicomotora

podemos mediar e estimular a prática corporal e a abordagem relacional do

indivíduo, sempre focando nas potencialidades da pessoa nunca nos seus

fracassos.Podemos auxiliar o dependente químico a elaborar novas estratégias

e soluções próprias para enfrentar os seu problemas, reforçando a confiança

em si mesmo e favorecendo uma melhor atuação na vida diária.A terapia

psicomotora tem como objetivo previnir e superar dificuldades relacionais, de

desenvolvimento e de aprendizagem, assim com favorecer uma estruturação

mais saudável da personalidade.

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3.1 MUSICOTERAPIA

A forma mais eficiênte de espantar a dor e a música. Entre música e a

dor o cérebro prefere a música, como o ditado popular diz: quem canta seu

males espanta. Esse ditado surgiu do fato de muitas pessoas concordarem

que o cantar faz nos sentir melhor, muda nosso estado de humor, e pode até

nos esquecer dos problemas.

A música na vida da gente tem várias funções da mais leve distração

da mais profunda emoção, toca nossa mente, mexe com o nosso corpo,

ninguém e imune a música por isso a musicoterapia e muito eficaz.

Segundo a Federação Mundial de musicoterapia (1996), a

Musicoterapia é a utilização da música e/ou seus elementos (som, ritmo,

melodia e harmonia) por um musicoterapeuta qualificado, com um cliente, ou

grupo, num processo de para facilitar e promover a comunicação, relação,

apredizagem, mobilização, expressão, organização e outros objetivos

terapêuticos relevantes no sentido de alcançar necessidades físicas,

emocionais, mentais sociais e cognitivas.

Ø Como a música age no cérebro

Há vários estudos e teorias, sejam fudamentados ou não, que visam

explicar os efeitos dos sons, ritmos e música como um todo dentro do cérebro

humano.

Schullian e Schoen cita na tese em Artes Musicas de:H.Lloyd Leno

Música – Seus Efeitos Sobre o homem ( Universidade do Arizona, Estados

Unidos).Schullian e Schoen Define que:

“ A Música contorna completamente os centros que envolvem a razão

e a consciência, não depente do cérebro mentre para adentrar pelo corpo (ou

seja, a música não depende das funções superiores do cérebro para entrar no

organismo), ainda pode execitar por meio do tálamo – o posto de

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intercomunicação de todas as emoções, sensações e sentimentos. Uma vez

que um estímulo foi capaz de alcançar o tálamo, o cérebro superior é

automaticamente invalido, e, se o estímulo é mantido por algum tempo, um

contato íntimo entre o cérebro superior e o mundo da realidade pode ser desta

forma estabelicido.”

Isso significa que a música é percebida e entendida por meio da parte

do cérebro que capta estímulos de emoções, sensações e sentimentos, sem,

para isso, ter de passar pelos centros cerebrais responsáveis pela razão e a

inteligência ( Dorothy M. Schulian e Max Schoen, “ Music and Medicina” ( New

York: Henry Schuman, Inc., 1948), pp. 270 e 271.)

Testes reais mostram, que a música tem uma influência direta na taxa

de pulsação, pressão sanguínea, digestão, músculos, glândulas e até no

sistema nervoso. O Doutor Schoen diz em seu livro, The Psychology of music,

que “ a música é feita do material mais estimulante e poderoso conhecido entre

os processos perceptivos. A música opera sobre a faculdade emocional

humana com mais intensidade e rapidez do que qualquer outro ato” pg. 39

Chegamos a conclusão que a música é ouvida e até entendida sem

necessariamente ser interpretada pelos mais altos centros do cérebro, que

envolvem a razão e o discernimento, sendo que, mesmo não prestando

atenção à música, é possível reagir a ela.

Ø Modalidades da musicoterapia

A musicoterapia tem subdivisões que precisam ser respeitadas. Pode-

se dizer que ela subdivide-se em : Musicoterapia, Música como terapia e

Ensino de Música. Estas modalidades precisam ser bem entendidas e

aplicadas para que se tenham bons resultados, sendo:

Musicoterapia: Pode usada de várias formas e tem sempre o objetivo

terapêutico, ou seja, é usada como uma das formas de curar ou controlar

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distrúrbios. Pode-se usar a musicoterapia primitiva, que é a aplicação de son,

ritmos, e harmonia em sessões, onde o paciente pode ser atante ou apenas

receptor. Como atuante, ele próprio poderá criar sons, ritmos e harmonia,

usando diversos instrumentos musicasis ou não, sempre com o

acompanhamento do terapeuta.

A Musicoterapia tecnológica, que faz uso de equipamentos com

funções específicas para medir batimentos cardíacos, atividade muscular,

ondas cerebrais e até condutividade elétrica da pele do paciente, é bem mais

rebuscada e exige muito mais do terapeuta. As sessões ocorrem em local

apropriado, como o paciente geralmente deitado em maca, e é usado um

computadr com um programa que transforma todas as suas “captações” em

notas musicais. Desta forma, estimula ao mesmo tempo os dois hemisférrios

cerebrais com esta ”melodia”.

Música usada como terapia: esta é uma forma mais simples de ser

tratar pacientes com distrúrbios diversos. Trata-se de uma versão da Arte

como terapia, que visa tratar o paciente por meio de sons, geralmente,

melodiosos que, de acordo com sua sequência, irão estimular o cerébro e o

corpo do paciente, conforme sua necessidade. Assim, o terapeuta analisa o

melhor tipo de música ou sequência de sons para o paciente e elabora um

tratamento específico para o caso dele.

O Ensino da Música: Pode ser também considerado terapêtico, mais

isso torna-se equivocado na medida em que o simples fato de tornar-se

equivocado na medida em que o simples fato de tocar ou ouvir um instrumento

pode se relaxante, mas não curativo. O correto é que somente pessoas com

saúde normal, sem nenhuma complicação neuropsicológica, procurem

aprender um instrumento ou o canto ( o canto é considerado como música

porque as cordas vocais são consideradas instrumentoo musical). Qulaquer

pessoa que apresente algum distúrbio, seja em que nível for, poderá até

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aprender música, mas deverá ter acompanhamento terapêtico e nunca

imaginar que somente tocando um instrumento obterá controle ou cura de seus

distrúrbios.

A psicomotricidade nos ajuda a perceber o indivíduo e sua

expressividade através do corpo em movimento. Podemos então pensar que o

trabalho da terapia psicomotora com desenvolvimento em musicoterapia, pode

auxiliar o dependente químico a superar, e melhorar o seu desenvolvimento

biopsicossocial.

3.2 ARTETERAPIA

A Arteterapia utiliza o desenho, a pintura, a escultura, a modelagem, o

teatro, a dança e outros recursos de expressão para o autoconhecimento, a

suavilização de sintomas e tratamentos de problemas e doenças.O tempo de

tratamento varia de acordo com a necessidade de cada um. Ocorre tanto

individualmente como em pequenos grupos. Pode ser usada por qualquer um

que queira se aperfeiçoar e rever problemas como baixa auto-estima,

dificuldades de relacionamentos interpessoal, angústia, estresse, ansiedade,

experiências traumáticas,ajuda a desenvolver recursos físicos,

cognitivos,.emocionais e etc. São infinitas, portanto, as possibilidades,

oferecidades pela arteterapia.

Segundo a AATA – American Association of art Therapy – Associação

americana de Arteterapia: “A arteterapia baseia-se na crença de que o

processo criativo envolvido na atividade artística é terapeutico e enriquecedor

da qualidade de vida das pessoas.”Trabalhar o individuo por intermedio da arte

traz beneficios não só para o indivíduo em si, mais também para toda a

sociedade que o cerca que desfruta do prazer vitalizador da arte.

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Conforme Andrade apud Bernardo ( 2006, p. 112), “ Ao dar livre curso

as expressões das imagens internas, o indivíduo, ao mesmo tempo em que

modela, transforma a si mesmo. Ao conhecer aspectos próprios se recria, se

educa e, sobretudo, pode experimentar inserir-se na realidade de uma maneira

nova.(...) a arteterapia é um instrumental valioso para o indivíduo reorganizar

sua ordem interna, e ao mesmo tempo reconstruir a realidade.

Então por forma pratica, criativa, lúdica e alegre, a arteterapia

proprorciona o dependente químico um processo terapeutico

predominantemente não-verbal, por meio de artes plásticas, que acolhe o

indivíduo com toda a sua complexidade, dinamicidade, diversidade, e auxilia a

encontrar novos “ sentidos” para sua vida, com o objetivo a reinserção e

inclusão social.

3.3 TERAPIA MULTIFOCAL

“A terapia multifocal principia quando começamos a deixar de ser

espectadores da construção de pensamentos e passamos a atuar nos

papéis da memória.” (CURY, 2006 p. 148)

A terapia multifocal foi desenvolvida pelo psiquiatra e psicoterapeuta

Augusto Cury, onde ele estabelece vários princípios, onde tais princípios

poderão ajudar os dependentes a não apenas superar o cárcere das drogas,

mas também o cárcere da emoção gerado por outras doenças psíquicas.

Cury comenta que existe um fenômeno no nosso cérebro chamado RAM,

este faz o registo automático da nossa memória.Todas as esperiências que

construímos na inteligência são registradas e e involuntariamente por esse

fenômeno que prefere registra as experiências com maior carga emocional.

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Se um jovem começa usar continuamente drogas alucinantes, estimulantes

e depressoras do cérebro, é de se esperar que o fenômeno RAM retroalimente

o efeito da droga no inconsciente, produzindo um rombo na liberdade de

pensar e de sentir. Assim quando um dependente inicia um tratamennto, onde

ele critica os pensamentos, emoções e desejos concernentes aos efeitos das

drogas no silêncio da sua mente, ele começa a reescrever a sua história.

A terapia multifocal visa também que o indivíduo aprenda a administrar

as idéias negativas e gerenciar as emoções tensas, com isso ela atua nos

papéis da memória e nos fenômenos que constroem nossa inteligência e

formam a nossa personalidade. Sabemos que ela não compete com as outras

terapias apenas complementa.

Cury também procura evidenciar os motivos da dependencia química e/

ou psiquíca, resaltando os principais causas desse processo destrutivos: A

falta de diálogo familiar, influência social – amigos e sociedades, sentimentos

de rejeição, curiosidade, conflitos interiores, aspectos genéticos, questões

financeiras, e busca de liberdade e prazer.

Ø O resgate da liderança do eu

Segundo Cury, 2006 p. 155. O eu é a vontade consciente. É a consciência

de que pensamos e de que podemos administrar os pensamentos. O eu na

teoria da inteligência multifocal, o eu é a identidade psíquica e social do

homem. É a cosnciência que define quem somos, como estamos, onde

estamos, qual o nosso papel e quais as nossas responsabilidades e

habilidades socias. Representa o centro consciente da personalidade,

representa a motivação consciente do homem de atuar no seu mundo e ser um

agente modificador da usa história.

Augusto Cury enfatisa a importância de analisarmos a situações de

conflitos, de termos pensamentos positivos, e acreditar que nenhum problema

e grande demais, vencendo então o “cárcere da emoção”.

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As substâncias psicoativas atuam no sistema nervoso central produzindo

alterações mentais e de comportamento, entre elas, distúrbios da atividade

psicomotora. Os sujeitos dependentes químicos fazem uso de múltiplas

substâncias em curto período de tempo, muitas vezes, simultaneamente. A

cocaína e o seu subproduto, o crack, têm a propriedade de exercer ação

reforçadora, mantendo o comportamento de uso, com potencial elevado de

dependência (Azevedo, 2000).

Ø O resgate do eu no foco de tensão

Neste caso o autor se refere-se ao gerenciamento das reações

instantâneas ( ansiedades,desespero,medo, impossividade etc.) detonadas

pelo fenômeno do gatilho da memória. Cury, 2006 diz que : “Se o eu estiver

êxito em atuar na tensão, ele não apenas domina o foco de tensão, mas

também administra os territórios de leitura da âncora da memória e,

consequentemente, recicla os pensamentos produzidos pelo fenômeno do

autofluxo, principalmente se estes forem fixos e negativos.” p. 156

Um exemplo claro disso e quando diante de qualquer que seja o foco

de tensão, turbulência emocional, e de pensamentos angustiantes, cabe ao eu

resgatar sua liderança e administrar, discutir, criticar, e traçar um novo sentido

a esse foco de tensão, silenciosamente, no palco da mente, caso isso não

aconteça, ofenômeno do autofluxo dominará a inteligência.

Ø O resgate da liderança do eu fora do foco de tensão: resecrevendo

a história.

Conforme Cury, (2006 p.165) “Reescrever a história inconsciente por

meio do resgate da liderança do eu fora dos focos de tensão é um brinde aá

liberdade. Essa técnica precisa ser feita todos os dias, de segunda a segunda,

por cerca de um a dois anos. É preciso fazê-la com honestidade, inteligência e

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espontaneidade, dentro dos limites da criatividade de cada um, como se o

paciente fosse um engenheiro de idéias.”

“Entre as experiências marcantes, estão as produzidas pelas drogas.

Não é fácil reescrevê-las, pois não sabemos onde elas estão registradas no

córtex cerebral. Não sabemos, nem mesmo, como elas foram arquivadas e

quais as conexões e proximidades que possuem com as experiências

saudáveis. Diante disso, repito a indagação: como reescrevê-las e como

acelerar este processo ? Como resgatar a liderança do EU fora dos focos de

tensão, ou seja, quando tudo está calmo ?

Somente fazer terapia e compreender as causas conscientes da doença,

é insuficiente, do mesmo modo, resgatar a liderança do EU quando o gatilho

da compulsão é detonado, também é pouco. É preciso atingir outros braços da

terapia multifocal, pois não sabemos qual o lócus dessas experiência e não

temos como eliminá-las. A solução alternativa que nos resta é construir idéias

saudáveis, criativas e críticas, dezenas de vezes, tanto a favor da vida como

contra a dependência das drogas, bem como contra a fragilidade e a

passividade do EU." p. 164

“Se alguém quiser ter súde psíquica e expandir os horizontes da sua

inteligência, não há atalhos, não há mágica. Deve decifrar o código da

inteligência, conhecer o funcionamento básico da mente humana, fazer

exercícios, estágio intelectual, educação continuada.” (CURY, 2010. p. 31)

Portanto percebemos que a terapia multifocal e a psicomotricidade

age como aliada no tratamento do dependente químico. E é muito importante

no desenvolvimento global do indivíduo e no seu bem estar psico-afetivo-

emocional. Tendo a conciência que as duas visa melhorar a qualidade do ser

humano.

Entendemos que a psicomotricidade é uma atividade que age através

do corpo e da motricidade corporal, agindo sobre o psíquismo, tanto no plano

mental, quanto afetivo, esses dois pontos, estando estreitamente ligados ao

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nível de inconsciência e facilitar a abordagem global do indivíduo por meio de

uma técnica.

Ø Passos estratégicos para o tratamento da terapia

multifocal.

"Estes passos podem ser usados como metas em qualquer tipo de tratamento

e psicoterapia. Cada passo deve ser vivido, semanalmente, como uma

meta a ser alcançada. Deve ser pensado, refletido e proclamado, no silêncio

da mente, dezenas de vezes por dia, com inteligência e criatividade. Eles

complementam os clássicos passos dos AA (Alcoólicos Anônimos):

1.Declaro que a liberdade e o prazer de viver são meus

direitos, independentemente das intempéries da vida que estou

atravessando. Não preciso do efeito das drogas para ser livre e

feliz.

2.Estou consciente de que a dependência e a mentira são amigos

íntimos. Declaro que fico livre, tanto da dependência como da

mentira. Assim como o Mestre dos Mestres, Jesus Cristo,

declarou com autenticidade que sua alma estava angustiada

antes de morrer, também eu decido falar dos meus sentimentos e

desejos com sinceridade. Viverei a arte da autenticidade.

3.Reconheço a minha doença, mas decido, convictamente, que

não quero ser um doente (farmacodependente, deprimido,

obsessivo, etc.).

4.Enfrento sem medo as minhas dores emocionais

(ansiedade, angústia, frustração, humor deprimido) e as trabalho

com dignidade e sabedoria, pensando antes de reagir.

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5.Estou consciente de que, uma vez dependente, o meu

problema não é mais apenas a droga fora de mim, mas a imagem

dela registrada na minha memória, no meu inconsciente.

Portanto, reescrevo a minha memória a cada momento com

idéias saudáveis e inteligentes.

6.Critico todas as idéias e pensamentos negativos que

povoam o palco da minha mente e que me desanimam de

reconstruir uma nova vida. Transformo os meus invernos em

belas primaveras.

7.Resgato a liderança do EU nos focos de tensão gerados

pelas minhas perdas, dificuldades e frustrações e,

consequentemente, domino o gatilho da memória que produz a

ansiedade, o humor deprimido e a compulsão pelas drogas.

8.Nunca vou desistir de mim. Determino a abstenção completa

das drogas, incluindo o álcool. Todavia, se eu recair, redobrarei o

meu ânimo e recomeçarei imediatamente o meu tratamento, não

me afogarei no sentimento de culpa e de auto-abandono.

9.Posso perder algumas batalhas, mas não perco a guerra

contra a minha doença psíquica. Supero todo fracasso, angústia e

desmotivação. Construo um oásis em cada deserto que

atravesso.

10.Tenho plena convicção de que o autor da existência, DEUS,

me criou para ser livre, alegre e saudável. Por isso, eu O amo

com toda a minha alma, força e inteligência, bem como a vida

que ELE me deu."

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CONCLUSÃO

No intuito de emprender um olhar mais produtivo para o dependente

químico foi escrito essa monografia, na tentativa de comprovar que, a ação

psicomotora pode ajudar, e muito no tratamento de reabilitação dos

dependentes químico. Utilizando a forma da Terapia psicomotora, com ênfase

na musicoterapia, arteterapia e na teoria multifocal.

Na atualidade se vê uma grande preocupação dos profissionais da

saúde e educação a respeito dos dependentes químicos.Vários Projetos visam

abordar a qualidade de vida dos usuários durante a recuperação que é

contínua e também o atendimento as famílias que sofrem com a situação que

muitos se encontra. Nossa sociedade pede urgência no que se diz respeito às

drogas.

O número de pessoas que fazem uso de substancias ilícitas tem se

tornado maior a cada dia que passa, o consumo e o tratamento dos

dependentes químicos deixou de ser caso de polícia e passou a ser caso de

saúde pública.Nunca se ouviu falar tanto, sobre usuários de drogas na mídia.

O aumento da criminalidade, da violência urbana e doméstica e da

desagregação familiar, dentre outros males, é nada mais nada menos que um

reflexo do que se pode chamar de invação das drogas no planeta terra,

levando um rastro a destruição do ser humano.

Como se pôde ser visto no decorrer dessa monografia, identificamos

alguns dos sintomas que uma pessoa com dependencia química apresenta.

Comentamos sobre as classificações dos tipos de drogas como: depressoras,

estimulantes ou pertubadoras da atividade do Sistema Nervosos Central

(SNC).

Buscamos conhecer e compreender o universo do dependente químico

e ajuda-lo a vencer seus obstáculos como bem disse um autor

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desconhecido:” A maior felicidade do ser humano é acreditar que pode

superar todas as fases de sua vida, não encarando como obstáculo e sim

como um desafio.”

Conforme Cury, 2006. Cada pessoa é insubstituível. Nossa capacidade

de lutar pela vida é fantástica. A vida que pulsa em cada um de nós é mais

importante que todo o dinheiro do mundo e mais bela que todas as estrelas do

céu.

Ao concluir este trabalho, sentimos o prazer de ter cumprido com os

objetivos propostos inicialmente e termos conseguido superar os desafios que

nos acompanharam duarante o nosso percurso por caminhos ainda não

trilhados, sobre tudo tendo que estabelecer interconexões entre as áreas do

conhecimento. Esperamos que este monografia possa auxiliar trabalhos já

existentes sobre dependentes químicos, profissionais que trabalham nesta

área, familiares de dependentes,e aos próprios dependentes, para que haja

um novo olhar de esperança enquanto houver fôlego de vida dado por Deus.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ALVES, Fátima. Psicomotricidade: Corpo, Ação e Emoção. RJ: WAK, 2003;

AZEVEDO, R.C.S. Usuários de cocaína e AIDS: um estudo sobre comportamento de risco. 2000. 285f.. Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Médicas, Campinas, 2000. BERNARDO, P. P – Arterapia: a arte a serviço da vida e da cura de todas

as relações .(p. 73 a 116) in: ARCURI, I (org) Arteterapia - um novo campo

do conhecimento. SP: Vetor, 2006.

CURY, Augusto. O código da inteligência e a excelência emocional. 2ª ed.

RJ. Thomas Nelson Brasil,2010.

CURY, Augusto. Superando o Cárcere da Emoção. SP: Academia de

Inteligência,2006.

CURY, Augusto. Você é Insubstituível: auto-estima. RJ: Sextante, 2006

FONSECA, Vitor da. Da filogênese à ontogênese da motricidade. Porto

Alegre: Artes Médicas, 1988.

VIBRANOVSKI, J A arte ajuda? A ação criativa an recuperação do dependente

químico. Revista de Arteterapia Imagens da tranformação. Rio de Janeiro:

n.9 v.9, 2002.

OLIVIER, Lou de. Psicopedagogia e arteterapia: teoria e prática na

aplicação em clínicas e escolas.3. ed. RJ: WAK, 2011

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53

Artigo : VALLADARES, A. C. A. et al. “Arteterapia: criatividade, arte e saúde mentalcom pacientes adictos”. In: JORNADA GOIANA DE ARTETERAPIA, 2., 2008,Goiânia. Anais... Goiânia: FEN/UFG/ABCA, 2008. p.69-85. Cap.9 (ISBN: 978-85-61789-00-8).

Artigo

A ATUAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA FRENTE À PSICOMOTRICIDADE

Giselle Braga Ramos Vieira. Publicado em 09/12/2010

(Em: http://www.webartigos.com/artigos/a-atuacao-psicopedagogica-frente-a-

psicomotricidade/54231/ . Acesso em:18 de maio de 2012)

Centro Interdisciplinar de Estudos e Pesquisa em Psicomotricidade Relacional

(Em:http://www.ciepre.puppin.net/considiniciais.html. Acesso em:20 de maio

de 2012)

FERNANDES R.A, Renata. PSICOMOTRICIDADE E ALFABETIZAÇÃO. (Em:

http://www.lite.fae.unicamp.br/grupos/F.htm. Acesso em 20 de maio de 2012)

(Em: http://pt.scribd.com/doc/11395823/Arteterapia-criatividade-arte-e-saude-

mental-com-pacientes-adictos. Acesso em 16 de julho de 2012) (Em:http://caras.uol.com.br/noticia/o-que-e-a-arteterapia-e-como-ela-pode-

melhorar-a-vida-das-pessoas. Acesso em 16 de julho de 2012)

(Em: http://www.arteterapia-ubatuba.com.br/index.html. Acesso em: 16 de

julho de 2012)

Page 54: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS … · psicomotricidade quer justamente destacar a relação existente entre a motricidade, a mente e a afetividade e facilitar a abordagem global

54

(Em:http://www.musicoterapiabrasil.org/Novo/portal/index.php?option=com_con

tent&task=view&id=13&Itemid=30. Acesso em 18 de julho de 2012)

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ANEXO I

Sites recomendados

l Secretaria Nacional Antidrogas – SENAD

wwww.senad.gov.br

l Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas – OBID

www.obid.senad.gov.br

l Ministério da Saúde - MS

Disque saúde :0800611997

www.saude.gov.br

l Programa Nacional de DST E AIDS

www.aids.gov.br

l Portal da saúde do adolescente

portal.saude.gov.br/saude/cidadao

l Organização Pan-Americana da Saúde – OPAS

www.opas.org.br

l Centro Brasileiro de informações sobre Drogas Psicotrópicas da

universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) – CEBRID

www.cebrid.epm.br

l Programas de Orientação e atendimento a Dependentes –

Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo

(UNIFESP) – PROAD

www.unifesp.br/dpsip/proad

l Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ www.fiocruz.br

l Programa Álcool e drogas (PAD)

do Hospital Israelita Alberrt Einstein

www.einstein.br/alcooledrogas

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56

l Centro Utilitário de Intervenção e Apoio aos Filhos de Dependentes

Químicos – CUIDA

www.cuida.org.br

l Associação Brasileira de Apoio ás Famílias de

Drogasdependentes – ABRAFAM

www.impacto.org/drogas/abrafam.htm

l Alcoólicos anônimos – AA

www.alcoolicosanonimos.org.br

l Comunidade S8

www.comunidades8.org.br

l Narcóticos Anônimos Central – NA

www.na.org.br

l Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS

www.aibiaids.org.br

l ABC da AIDS

www.abcdaids.com.br

l Amor-Exigente ( Para pais e familiares de usuários de drogas)

www.amorexigente.org.br

l Associação Brasileira de Terapia Comunitária – ABRATECOM

wwww.abratecom.org.br

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ANEXO II

FILMES RECOMENDADOS

A corrente do bem, 2000.

Direção: Mini Leder

Bicho de sete cabeça, 2001

Direção:Laís Bodanzky

Cazuza – O tempo Não Pára, 2004.

Direção:Bertrand Tavenier

Despedida em Las Vegas, 1996.

Direção:MIke Figgis

Diário de um adolescente, 1995.

Direção:Scoot Kalvert

kids, 1995

Direção:Larry Clark

O Informante, 1999.

Direção:Michael Mann

Por volta da meia noite, 1996

Direção:Bertrand Tavernier

Quando um homem ama uma mulher, 1994.

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58

Direção:Luis Mandoki

Todos os corações do Mundo, 1995.

Direção:Murillo Salles

Traffic, 2000.

Direção:steven Soderbergh

28 dias, 2000.

Direção:Betty Thomas

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02

AGRADECIMENTO 03

DEDICATÓRIA 04

EPÍGRAFE 05

RESUMO 06

METODOLOGIA 07

SUMÁRIO 08

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I

Conhecendo a Psicomotricidade 13

1.1 - Historia e conceito da psicomotricidade 13

1.2 - Áreas de Atuação da Psicomotricidade 15

1.3 – Elementos Psicomotores 29

1.4 - Desenvolvimento Psicomotor 32

CAPÍTULO II

As Drogas e o Dependente Químico 34

2.1 - Histórico 34

2.2 - Tipos de Drogas 35

2.3 - Identificando um dependente 37

CAPÍTULO III

A Contribuição da Psicomotricidade na Dependência Química 39

3.1 – Musicoterapia 40

3.2 – Arteterapia 43

3.3 - Terapia Multifocal 44

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CONCLUSÃO 50

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 52

ANEXO I 55

ANEXO II 57

ÍNDICE 59