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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS–GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Administração de Capital de Giro
Por: Maria Rita de Souza Batista
Orientador:
Professor Nelsom de Magalhães
Rio de Janeiro Junho/2009
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS–GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Administração de Capital de Giro
Apresentação de monografia ao conjunto Universitário Cândido Mendes como condição prévia para a conclusão do curso de Pós-Graduação em Finanças e Gestão Corporativa. Por: Maria Rita de Souza Batista
Rio de Janeiro Junho/2009
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AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus por ter me projetado no percurso desta jornada. Aos meus familiares pelo apoio incondicional. E, aos meus amigos que me estimularam a prosseguir.
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RESUMO
No Brasil cerca de 46% das empresas formais fecham aproxidamente
um ano após a sua abertura, uma dentre as muitas causas apontadas, é falta
de planejamento prévio. A administração de Capital de Giro é essencial para
empresas que desejam ter um bom planejamento. A administração eficiente
dos recursos da empresa contribui para a maximização do lucro. Este trabalho
tem por objetivo apresentar os modelos para uma eficiente Administração de
Capital de Giro e mostrar como uma empresa poderá obter equilíbrio financeiro
através de um nível satisfatório de Capital de Giro. As ferramentas
apresentadas fornecem informações de extrema importância para o
administrador, pois é possível avaliar o negócio, tomar decisões e detectar
deficiências da empresa. Para tanto, será desenvolvido um conteúdo teórico
que contempla a parte conceitual e explicativa sobre os seguintes tópicos:
Administração de Capital de Giro, Ciclo Financeiro e Operacional, Prazo Médio
de Recebimentos, Idade Média de Estoques, Saldo de Tesouraria, Índice de
Autofinanciamento, Conflito Risco-Retorno, Gestão de Caixa, Equilíbrio
Financeiro, Liquidez e seus índices, Modelo Fleurit, Necessidade de Capital de
Giro e Tesouraria.
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METODOLOGIA
O presente trabalho foi do tipo descritivo bibliográfico, elaborado baseado em
dados bibliográficos relevantes ao assunto, para tanto as fontes utilizadas
foram basicamente, livros, artigos, apostilas e materiais disponíveis na Internet.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 8
CAPÍTULO I
A ADMINISTRAÇÃO DE CAPITAL DE GIRO ............................................................. 10
CAPÍTULO II
INDICADORES DE LIQUIDEZ .................................................................................. 352
CAPÍTULO III
MODELO FLEURIT ................................................................................................... 375
CONCLUSÃO ............................................................................................................. 40
BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................... 42
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INTRODUÇÃO
O termo capital de giro teve origem com os antigos mascates ianques,
que carregavam suas carroças com mercadorias e percorriam suas rotas
vendendo seus artigos. A mercadoria era chamada de capital de giro, pois era
o que o mascate vendia para gerar seus lucros. A carroça e o cavalo eram
financiados com giro, que deveriam ser saldados ao fim de cada viagem para a
continuidade do crédito. Percebe-se que já naquela época o capital de giro
representava um elemento importante para a economia, pois eram destinados
recursos que os mascates necessitavam para financiar suas atividades
operacionais e dar continuidade aos seus negócios. O capital de giro são os
ativos circulantes que sustentam as operações do dia-a-dia das empresas.
O objetivo desta monografia é analisar a importância da administração
para o capital de giro e os ciclos da empresa no encadeamento de um conjunto
de movimentos como a compra, produção e venda de um determinado bem ou
serviço, destinando-se à obtenção de um resultado.
Todas as decisões financeiras que venham a ser tomadas por uma
empresa requerem cuidadosa atenção dos seus elementos circulantes, pois,
são elas que produzem capacidade de sustentação e crescimento dos
negócios. Originário desses elementos circulantes, o capital de giro em
qualquer empresa, seja ela com fins lucrativos ou não, sempre se constituiu a
base da gestão financeira, devendo, portanto, ser gerido de forma eficiente, de
maneira tal, que exista uma certa harmonia entre os financiamentos obtidos e
os concedidos.
Ao longo do trabalho será analisado como o capital de giro ou circulante
é constituído pelo ativo circulante, principalmente pelas disponibilidades,
valores a receber e estoques. O capital de giro demonstra os recursos
necessários da empresa para financiamento de suas atividades operacionais,
desde as aquisições de insumos básicos até o recebimento pela venda da
produção acabada. Um dos grandes problemas do gerenciamento de capital de
giro é a sincronização temporal entre os seus elementos constitutivos.
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O capital de giro está diretamente associado às fontes das quais a
empresa necessita para financiar sua operacionalização e seu crescimento. As
empresas procuram vantagens competitivas especialmente em condições
econômicas desafiantes, o que torna mais evidente a importância de um
gerenciamento eficiente do capital de giro.
O capital de giro representa os recursos investidos no ativo circulante da
empresa, os quais são demandados para financiar suas necessidades
operacionais, que vão desde a aquisição das matérias-primas ou mercadorias
até o recebimento pela venda do produto acabado. O capital de giro precisa de
acompanhamento permanente, pois está continuamente sofrendo o impacto
das diversas mudanças enfrentadas pela empresa, decorrente de forças
advindas dos ambientes interno e externo. De forma geral, quando se fala do
capital de giro (itens circulantes do ativo) estamos nos referindo a recursos de
curto prazo. Às vezes, as empresas encontram em dificuldades em captar
recursos próprios para a aplicação monetária em determinados elementos
patrimoniais. Por intermédio do capital de terceiros, as empresas também
podem optar por alternativas de financiamentos.
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CAPÍTULO I
A ADMINISTRAÇÃO DE CAPITAL DE GIRO
1.1.- Natureza e definições da administração de capital de giro
Os gestores financeiros, em sua maioria, têm como trabalho diário a
administração de ativos permanentes: administração da estrutura de capital
(próprio ou de terceiros) e administração dos recursos de ativos e passivos
circulantes, ou seja, administração de capital de giro.
O sucesso na maioria das empresas não depende apenas de seu bom
desempenho em vendas e prestação de serviços, pode-se incluir como de
extrema relevância o equilíbrio financeiro e administração de capital de giro que
vem sendo reconhecidos como imprescindíveis dentro do campo de
administração financeira.
A administração de capital de giro está diretamente relacionada às
contas de ativo e passivo circulantes, ou seja, administra os recursos de curto
prazo da empresa.
Esta administração de capital de giro envolve não apenas administrar o
caixa, contas a receber e estoques, mas também algumas fontes de recursos
oriundas do passivo, como fornecedores e contas a pagar.
A tarefa dos gestores financeiros não é somente ter conhecimento sobre
a administração de capital de giro, mas identificar a melhor aplicação e
utilização dos recursos da empresa.
A fim de esclarecer o conceito principal apresentam-se algumas
definições de Capital de Giro:
Ross (2000, p.40) expõe o tema com certa amplitude e ressalta que o
termo capital de giro refere-se:
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aos ativos de curto prazo da empresa, tais como caixa, bancos estoques e contas a receber, a os passivos a curto prazo, tais como contas a pagar a fornecedores e enfatiza que: “A administração do capital de giro é uma atividade cotidiana que assegura que os recursos sejam suficientes para continuar a operação, visando evitar interrupções dispendiosas. Isso envolve diversas atividades relacionadas aos recebimentos e desembolsos das empresa.
O capital de giro está associado às fontes as quais a empresa necessita
para financiar sua operacionalização e seu crescimento. Um gerenciamento
eficiente de capital de giro pode trazer à empresa vantagens competitivas.
Assaf Neto & Silva (1995, p.15) apresentam a administração do capital
de giro como:
Diz respeito à administração das contas dos elementos de giro, ou seja, dos ativos e passivos correntes (circulantes), e às inter-relações existentes entre eles. Neste conceito, são estudados fundamentalmente o nível adequado de estoques que a empresa deve manter, seus investimentos em créditos a clientes, critérios de gerenciamento do caixa e a estrutura dos passivos correntes, de forma consistente com os objetivos enunciados pela empresa e tendo por base a manutenção de determinado nível de rentabilidade e liquidez.
A administração do capital de giro se ocupa dos ativos e dos passivos
circulantes de uma empresa. Ativos circulantes que são representados pelas
disponibilidades financeiras, estoques e contas a receber, os passivos
circulantes compreendidos pelas obrigações de curto prazo da empresa.
O Capital Circulante Líquido (CCL) pode ser definido como a diferença
entre ativo circulante e passivo circulante.
Gitman (2001, p.459) apresenta o Capital Circulante Líquido como sendo
“a diferença entre os ativos circulantes e os passivos circulantes da empresa.
Se os ativos circulantes excederem os passivos circulantes, a empresa tem
capital circulante líquido.”
Outra definição de Capital Circulante Líquido (CCL) agora dada por
Groppelli (1998, p.381) é “quantia de dinheiro que sobra após os passivos
circulantes serem subtraídos dos ativos correntes.”
A administração de todo negócio, segundo Sanvicente ( 1987, p.126-8,
apud Albano, 2005) requer a tomada de decisões e na administração de capital
de giro essas têm três dimensões:
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a) Liquidez dos Ativos Correntes da Empresa: prazo de transformação dos
ativos correntes em dinheiro, mediante datas de vencimento das obrigações da
empresa a curto prazo.
b) Conflito Liquidez/Rentabilidade: para melhorar a rentabilidade aplica-se mais
em ativos correntes, visando, também manter a liquidez; ficando portanto, com
menos restos para aplicações com retorno mais atraente;
c) Dilema entre Manutenção de Saldos/Investimentos: na administração dos
ativos correntes o dilema enfrentado entre a manutenção de saldos excessivos
com investimentos e custos mais altos, e vice-versa, com a contrapartida de
riscos maiores.
No site da Fortunecity a Administração do Capital de Giro é definida
como “ a administração dos investimentos da empresa em ativos de curto
prazo no mercado financeiro, contas a receber e estoques.”
De acordo com Assaf Neto e Silva (1997, p. 14) “ uma boa administração
do capital de giro envolve imprimir alta rotação ( giro) ao circulante, tornando
mais dinâmico seu fluxo de operações.” Isto significa que a eficiência da
mesma concerne o aumento da rotatividade dos estoques para melhor
negociar prazos e valores de suas compras e vendas, isto é, otimizar a
dinâmica dos pagamentos, bem como dos recebimentos.
Após as definições pode-se considerar que o conceito de capital
circulante líquido vai revelar o volume de recursos que serão demandados no
longo prazo para gestão dos passivos correntes. A fim de manter um nível de
liquidez compatível é ideal que a diferença entre o ativo e o passivo circulantes
seja positiva, conforme figura 1. Considera-se que quando o capital circulante
líquido é igual a zero, a estrutura da empresa está submetida a certo grau de
risco (figura 2). Quando o capital o circulante líquido é negativo a empresa é
submetida a um grau de risco elevado (figura 3).
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Figura 1 – Estrutura Patrimonial CCL > 1
Ativo Circulante Passivo Circulante
Exigível a Longo PrazoAtivo Permanente
Patrimônio Líquido
Fonte: Elaboração Própria
Figura 2 – Estrutura Patrimonial CCL = 0
Ativo Circulante Passivo Circulante
Exigível a Longo PrazoAtivo Permanente
Patrimônio Líquido
Fonte: Elaboração Própria
Figura 3 – Estrutura Patrimonial CCL < 1
Ativo Circulante Passivo Circulante
Exigível a Longo PrazoAtivo Permanente
Patrimônio Líquido
Fonte: Elaboração Própria
CCL à
ß CCL
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Algumas características inerentes à administração de capital de giro
conforme Assaf Neto & Silva (1995, p.18), são: “curta duração e rápida
conversão de seus elementos em outros do mesmo grupo.” Ou seja, o
administrador deverá fazer com que o fluxo de operações seja mais dinâmico
,pois a administração de capital de giro envolve fazer com que haja alta rotação
(giro) ao circulante. Este incremento vai proporcionar a empresa menor
necessidade de imobilização de capital no ativo circulante e conseqüentemente
incentivo ao aumento da rentabilidade.
1.2.-Índices Financeiros Relacionados
A fim de obter um melhor entendimento sobre o assunto serão
abordados neste tópico alguns índices financeiros que estão diretamente
relacionados à administração de capital de giro. Os índices a serem abordados
são Ciclo Financeiro, Ciclo Operacional, Prazo Médio de Recebimentos, Idade
Média de Estoques, Saldo de Tesouraria e Índice de Auto Financiamento.
Segundo Silva (2005, p. 15) o Ciclo Financeiro ou Ciclo de Caixa
“representa o tempo entre o pagamento a fornecedores e o recebimento das
vendas”, ou seja, é o período durante o qual a empresa financia suas
operações sem a participação dos fornecedores. Este índice é calculado
através da soma entre Prazo Médio de Estoques (PME) e Prazo Médio de
Recebimentos (PMR) e subtraindo-se o Prazo Médio de Pagamentos (PMP).
Então:
Segundo Braga (1989, p.127) “quanto maior o ciclo financeiro, mais
recursos próprios e de terceiros (exceto fornecedores) estarão
temporariamente aplicados nas operações, provocando custos financeiros e
afetando a rentabilidade da empresa.” Desta forma é necessário diminuir o
ciclo financeiro otimizando o uso dos recursos necessários para bancar suas
operações e reduzindo os custos correspondentes.
CF = PME + PMR - PMP
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Baseando-nos na fórmula do Ciclo Financeiro, quanto menor ele for,
maior será o giro de caixa. É aconselhável que a empresa tenha alto giro de
caixa para que reduza a necessidade de capital de giro. (SILVA, 2005, p. 16)
O conceito tradicional de ciclo de caixa leva em consideração o prazo
em que a empresa precisa financiar a parcela complementar do capital de giro.
Contudo, em cada período componente do ciclo operacional, o valor a ser
investido pode sofrer mudanças decorrentes do que for agregado ao processo
produtivo empresarial.
O Ciclo Operacional segundo Lemes Júnior (2002, p.414) é “o período
entre o momento em que a empresa recebe em suas instalações os produtos
ou matérias-primas e o momento em que recebe o dinheiro pela venda.” Este
ciclo é um tempo, normalmente em média de dias, o cálculo é realizado
somando-se o Índice Médio de Estoques (IME) a Prazo Médio de Recebimento
(PMR).
Trata-se, portanto, de um período médio em que são investidos alguns
recursos nas operações sem que ocorram as entradas e caixa
correspondentes. Neste caso, parte deste capital de giro é financiada pelos
fornecedores que concederam prazo para pagamento.
Nas empresas industriais a duração do ciclo operacional depende do
prazo de estocagem de matérias-primas, da extensão do ciclo produtivo, dos
prazos de estocagem de produtos acabados e dos prazos de crédito dado aos
clientes da empresas. ( DOLABELLA, 2005 p. 4)
Dentro da metodologia conceitual de capital de giro, Audoye ( 1970,
apud DOLABELLA, 1995) afirma que
“o capital de giro pode ser definido como o conjunto de valores que são submetidos a mutações cíclicas de curto prazo e cujo destino normal, ao final de cada ciclo operacional ( fora a sua conversão em disponibilidade), é ser reutilizado dentro do ciclo operacional seguinte ( daí a idéia de giro), excluindo, portanto, os valores que transitam pelo caixa da empresa mas cujo destino normal, é exterior ao capital de giro.”
CO = IME + PMR
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O Prazo Médio de Recebimento ou Idade Média do Contas a Receber
segundo Silva (2005, p.28) é “medido pelo espaço de tempo médio que as
vendas levam para se transformar em disponibilidades de caixa e determinar
os investimentos necessários em contas a receber”. Seu cálculo é feito
dividindo o saldo médio do Contas a Receber (CR) pelo volume de Vendas (V),
e multiplicando este resultado pelo número de dias de vendas (d) considerado.
Quanto maior o período de recebimento, maior é o investimento em
Contas a Receber, isto é, isso implica a necessidade de um volume maior de
capital de giro para financiar essa defasagem.
A Idade Média de Estoques (IME) segundo Gitman (2004, p.47) pode ser
“considerado equivalente ao número médio de dias durante os quais um item
permanece no estoque.” Este índice pode ser calculado através da divisão
entre Custo dos Produtos Vendidos (CPV) por Estoques (E), este resultado
deverá dividir pela quantidade de dias num ano geralmente 360. Então:
Segundo Braga (1989, p.102), devido aos padrões de cada ramo de
negócio, estoques com baixa rotação geralmente representam fundos ociosos,
enquanto um giro alto significa otimização dos recursos investidos. Os
estoques representam um meio de investimento de recursos e podem alcançar
uma proporção enorme dos ativos totais. A administração de estoques tem que
estar relacionada com os órgãos da empresa que cuidam do estoque
(produção, almoxarifado ou vendas) e com o órgão de Administração
Financeira. Existem três tipos de estoque: 1. Estoque de matérias-primas (MP);
2. Estoque de materiais em processamento; 3. Estoque de produtos acabados
(PA). As principais técnicas utilizadas na administração de estoques são: 1.
Sistema ABC (Curva de Pareto) – baseia-se no princípio de que maior parte do
investimento está concentrada em um pequeno número de itens 2. Modelo do
PMR = ( CR/ V) * d
IME = 360 / ( CPV/ E)
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lote econômico – serve para determinar a quantidade ótima de estoque para
cada item. Existem três grupos de custos relacionados com a estocagem de
produtos: 1. Custo da emissão de pedidos; 2. Custo de manter estoque; 3.
Custos totais.
1.2.1.- Saldo de Tesouraria
O conjunto das contas de tesouraria mede o risco a curto prazo da
empresa e resulta das decisões tomadas sobre os componentes da
necessidade líquida de capital de giro.
Separando as contas que são de natureza operacional da empresa, as
demais contas do ativo e do passivo circulante são também denominadas de
contas do ativo circulante financeiro e contas do passivo circulante financeiro,
por serem constituídas por elementos essencialmente financeiros, e formam a
tesouraria. Neste contexto, as contas mais comuns do ativo são: caixa, bancos
e aplicações financeiras, as mais comuns do passivo são: empréstimos
bancários, financiamentos, duplicatas descontadas e provisão para imposto de
renda.
O Saldo de Tesouraria (ST) é obtido através da diferença entre ativo
circulante financeiro e passivo circulante financeiro ou, pela diferença entre o
Capital de Giro (CDG) e Necessidade de Capital de Giro (NCG) e revela
(evidencia) a margem de segurança financeira.
Segundo Santi Filho e Olinquevitch (1995, p.25) a variável Tesouraria, é
sem dúvida, aquela que melhor expressa a situação financeira de curto prazo
das empresas. O seu saldo positivo indica uma situação financeira folgada; se
o saldo for negativo, indica a utilização de recursos de terceiros para financiar
as atividades operacionais da empresa.
ST = ACF - PCF
ST = CDG - NCG
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Segundo Olinquevitch (2004, p. 93), o saldo positivo da tesouraria indica
“que as demais contas do ativo circulante, como disponibilidades, aplicações
financeiras e demais valores a receber, apresentam saldo superior às demais
contas do passivo circulante, como as operações financeiras e os demais
valores a pagar”. Assim, entende-se que a tesouraria positiva expressa uma
folga financeira, expressando aplicações financeiras líquidas no curto prazo.
Portanto, para a análise deste resultado, deve-se levar em conta os aspectos
apontados por Olinquevitch (2004, p. 96):
a) sazonalidade de negócios da empresa, que pode ocorrer em períodos
de baixo nível de atividades ou em períodos de pico;
b) estratégia financeira, que pode operar com fontes de financiamento
do negócio centrada em recursos de terceiros;
c) situação de mercados financeiros, onde os mercados disponibilizam
de condições favoráveis para juros baixos, crédito abundante, prazos longos;
d) risco financeiro onde a exposição financeira percentualmente elevada
indica risco financeiro e a folga financeira indica existência de recursos inativos
na empresa.
Para Olinquevitch (2004, p. 93) quando “a realização integral das contas
do ativo circulante, classificadas para compor a tesouraria não é suficiente para
pagar a exigibilidade expressa nas contas do Passivo Circulante, classificadas
para compor a tesouraria”, a tesouraria é negativa e indica que a empresa
utiliza capital de terceiros de curto prazo para financiar a atividade,
apresentando assim uma exposição financeira.
Para obter o resultado da tesouraria positiva ou negativa, é necessário
que se faça o fluxo da tesouraria, ou seja, a relação entre as fontes e as
aplicações, o aumento do ativo corresponde à aplicação, a diminuição do ativo
corresponde a fonte, já o aumento do passivo corresponde a fonte e a
diminuição do passivo corresponde a aplicação.
A patologia da administração do saldo da tesouraria é o efeito tesoura,
ou seja, a conseqüência do descontrole no crescimento da dependência de
empréstimo de curto prazo.
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Quando a empresa financia a maior parte da Necessidade Líquida de
Capital de Giro (NLCDG) através de créditos de curto prazo, não renováveis, o
saldo de Tesouraria é negativo e crescendo, em valor absoluto,
proporcionalmente mais do que a Necessidade de Capital de Giro (NCG).
Nestas condições o índice T/NCG (Saldo de Tesouraria/ Necessidade de
Capital de Giro) indica se permanece crescente com o passar do tempo o efeito
tesoura.
O efeito tesoura pode ocorrer por várias razões, conforme Assaf Neto
(2002, p. 200): “crescimento elevado do nível de atividade empresarial; desvio
de recursos do giro para imobilizações e inflação”. Sugere-se acrescentar
ainda: endividamento com perfil de vencimento muito curto, prejuízos,
distribuição excessiva de dividendos, relação variação NCG/vendas crescendo
a um ritmo muito maior do que a relação autofinanciamento/vendas, altas taxas
de juros.
1.2.2.- Índice de AutoFinanciamento
O índice de autofinanciamento mede a capacidade de a empresa
financiar suas necessidades de capital de giro com o seu próprio capital de
giro. Pode-se definir, a variável índice de autofinanciamento utilizando a
seguinte fórmula:
Esta análise demonstra que, se o capital de giro for maior que a
necessidade líquida de capital de giro, teremos recursos para aplicar no giro
dos negócios. O sucesso de um empreendimento é mediado por sua
capacidade de adicionar riqueza a seus acionistas. O principal indicador de
agregação de riqueza é a criação de valor econômico mediante adoção
eficiente de estratégias financeiras. Assaf Neto (2003, p. 170), afirma que
“as estratégias financeiras assim com o as capacidades diferenciadoras estão voltadas ao objetivo da empresa de criar
IAF = CDG / NLCDG
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valor a seus acionistas. As estratégias são identificadas em três dimensões: operacionais, financiamento e investimento”.
Deste modo, as empresas competitivas vêm priorizando a estratégia de
financiamento. As taxas de juros inferiores ao retorno da aplicação desses
recursos e os benefícios fiscais decorrentes das despesas de juros permitem
muitas vezes que ocorra a alavancagem financeira, aumentando os resultados
e valorizando o preço de mercado das ações. Todavia, as medidas
convencionais de desempenho, como lucro, lucro por ação, crescimento do
lucro e demais indicadores que não levam em consideração o custo de
oportunidade do capital investido têm pouca oportunidade de controle
empresarial.
Assim, “a proposta de investimento é justificada quando a capacidade de
produção e venda de uma empresa for insuficiente para atender à demanda
efetiva de seus produtos” (ASSAF NETO, 2003, p. 276). Portanto, as origens
das propostas de investimento devem partir das formulações estratégicas e
competitivas das empresas. Pois, uma decisão de investimentos de capital
deve ser tratada como uma decisão de longo prazo.
Segundo Assaf Neto (2003, p. 284), para o processo de decisão de
investimento, é fundamental o conhecimento não só de benefícios futuros
expressos em fluxo de caixa, pois não coincidem com o resultado contábil da
empresa apurado pelo regime de competência.
Deste modo, no dimensionamento dos fluxos de caixa, devem ser
estimadas todas as movimentações operacionais efetivas de caixa. Mediante
estes efeitos pode-se medir o potencial efetivo da empresa e implementar suas
decisões financeiras.
Segundo Assaf Neto (2003, p. 473), os ativos de giro cíclicos são
formados basicamente pelas políticas de compra, venda e estocagem adotados
pela empresa na consecução de seus negócios, sendo por isso admitidos
como de caráter essencialmente operacional.
Nesse contexto, a necessidade de investimento em capital de giro
depende fundamentalmente do volume de atividades (produção e vendas) da
empresa e de seu ciclo financeiro, definido pelas características da natureza de
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seus negócios e sazonalidades, que determinam os giros das fases
operacionais e os valores das contas cíclicas.
1.3.- Conflito Risco-Retorno na Administração do Capital de Giro
O risco é a possibilidade da perda financeira. Os ativos considerados
mais arriscados são os que oferecem maiores possibilidades de perda
financeira. Segundo Gitman (2004, p. 184) em termos mais formais, a palavra
risco é usada como sinônimo de incerteza e refere-se à variabilidade de
retornos associados a um ativo. Um título público com valor de face de $1000
que garante a seu portador juros de $100 no prazo de 30 dias não apresenta
risco porque não há variabilidade associada à sua taxa de retorno. Já o
investimento de $1000 em ações ordinárias de uma empresa que no mesmo
prazo pode gerar qualquer resultado entre $0 e $200, contudo é muito
arriscado por causa da grande variabilidade de retorno. Alguns riscos afetam
tanto os administradores financeiros quanto os acionistas. Os riscos
específicos da empresa podem ser descritos como:
A. Risco operacional – a possibilidade de que a empresa não seja capaz
de cobrir seus custos de operação. Seu nível é determinado pela estabilidade
das receitas da empresa (fixos) e pela estrutura de seus custos operacionais
(variáveis).
B. Risco financeiro – a possibilidade de que a empresa não seja capaz
de saldar suas obrigações financeiras. Seu nível é determinado pela
previsibilidade dos fluxos de caixa operacionais da empresa e suas obrigações
financeiras com encargos fixos.
Os riscos específicos dos acionistas são:
A. Risco de taxa de juros - as possibilidades de que as variações da taxa
de juros afetem negativamente o valor de um investimento. A maioria dos
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investimentos perde valor quando a taxa de juros sobe e ganha valor quando
ela cai.
B. Risco de liquidez – a possibilidade de que um ativo não possa ser
liquidado com facilidade a um preço razoável. A liquidez é significativamente
afetada preço, porte e pela profundidade do mercado no qual o ativo é
costumeiramente negociado.
C. Risco de mercado – a possibilidade de que o valor de um ativo caia
por causa de fatores de mercado independentes do ativo (como eventos
econômicos, políticos e sociais). Em geral, quanto mais o valor do ativo reage
ao comportamento do mercado maior é seu risco; quanto menos reage, menor
é seu risco.
Se medirmos o risco com base na variabilidade dos retornos, temos que
saber o que são eles e como medi-los. O retorno é o ganho ou a perda total
sofrido por um investimento num determinado período. É comumente medido
pela soma dos proventos em dinheiro durante o período com a variação de
valor, em termos de percentagem do valor do investimento no início do período.
É importante levar em conta dois aspectos essenciais, pois embora por uma
questão de conveniência discutamos empresas abertas, os conceitos de risco e
retorno aplicam-se a todos os tipos de empresa e a preocupação concentra-se
na riqueza dos acionistas ordinários porque eles são os proprietários residuais
e seus retornos não são especificados a priori.
Em sua maioria, os administradores são avessos ao risco (Gitman, 2004,
p. 187). Para certo aumento de risco exigem aumento de retorno. Geralmente
os gestores são conservadores e não agressivos ao assumir riscos em nome
de suas empresas. Partimos do pressuposto de que o administrador financeiro
tem aversão ao risco e exige retornos maiores para correr riscos mais altos.
De acordo com Silva (2005, p. 48) o risco representa estimar as
chances ou probabilidades de ocorrências sobre as quais não há uma previsão
e, é sobre essa estimativa que todo o processo decisório será fundamentado.
Por um lado há o risco sistemático que afeta largamente a economia e as
empresas. Um exemplo desse risco é a instabilidade na economia que impacta
as empresas. Por outro lado há o risco não sistemático que afeta certa
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empresa ou grupo de empresas, mas não os outros tipos de indústrias. Um
exemplo disto é a barreira que a Argentina impôs ao Brasil em 2004 nas
exportações de aparelhos eletrodomésticos.
Os riscos devem ser administrados pela empresa para não comprometer
os resultados econômicos e financeiros, uma vez que a empresa não pode ficar
alheia aos riscos que envolvem o negócio. Os bancos utilizam modernas
técnicas de gerenciamento de riscos, com a finalidade de salvaguardar os seus
ativos e os de seus clientes.
A gestão de risco é um processo em que são analisadas as decisões de
aceitar ou não os riscos ou de reduzir os efeitos negativos, através de
instrumentos financeiros. Vale à pena mencionar o hedge, um mecanismo que
o mercado financeiro utiliza para proteger-se contra a variação de preços de
ativos e passivos. É um processo em que a empresa tem uma posição diante
do mercado de modo que os resultados financeiros gerados venham a obter o
mesmo valor absoluto nas de sinal inverso anulando os efeitos criados pelos
ativos ou passivos de risco.
As operações de hedge podem manter os ativos e passivos primários
(ações, duplicatas a receber, duplicatas a pagar e empréstimos a pagar),
através de contratos futuros, contratos a termo, contrato de swap e contratos
de opção. Esses contratos são realizados com base nos ativos e passivos
primários e denominam-se derivativos. Os valores dos derivativos dependem
do preço dos ativos primários.
Tratar da estratégia financeira para o crescimento de uma empresa
implica dedicar atenção aos aspectos de risco e de retorno. Para isto é preciso
considerar a estratégia geral de aplicação do capital; tipo de negócio; grau de
crescimento pretendido; medidas de impacto que o nível de crescimento exigirá
da área financeira, especialmente no que diz respeito às necessidades de
capital de giro e à estrutura do capital.
É preciso considerar o tipo de negócio porque cada setor tem um risco
operacional e estratégico específico. Os custos de financiamento de um amplo
programa de expansão, por exemplo, podem ter como conseqüência a
ocorrência de períodos de escassez de dinheiro. Se estas circunstâncias forem
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previsíveis e houver condições de entrar no mercado quando o perfil da
empresa apresentar o melhor aspecto, é provável que os custos de
financiamento venham a ser menores.
Por outro lado o que vai determinar a capacidade de assumir dívidas
será o risco do próprio negócio, e o risco financeiro decorrente do nível de
alavancagem praticado.
As contas circulantes da empresa, ativo e passivo circulantes, fazem
parte da administração do capital de giro. Portanto, o objetivo da administração
de capital de giro é administrar as contas circulantes, para que possa garantir
um nível aceitável de capital circulante líquido. É interessante ressaltar que
toda empresa deve manter um mínimo possível de capital de giro, pois os
ativos circulantes têm que ser capazes de cobrir os passivos circulantes, e é
claro com alguma margem de segurança. Os ativos circulantes que tem mais
destaque são: caixa, títulos negociáveis, duplicatas a receber e estoques. Cada
um desses ativos circulantes deve ser bem administrado para que se possa
garantir a liquidez da empresa.
Em se tratando dos passivos circulantes, os mais importantes são:
duplicatas a pagar, títulos a pagar e despesas provisionadas. É preciso que
seja bem administrado para garantir que cada uma das fontes de financiamento
a curto prazo seja utilizada da melhor maneira possível. A administração do
capital de giro é a atividade mais conhecida da Administração Financeira. A
maior parte do tempo do administrador financeiro se ocupa da administração
dos ativos correntes. O capital constitui o recurso financeiro básico de qualquer
empresa. Existem dois tipos de capital: Capital próprio – é o capital que
pertence aos proprietários ou acionistas da empresa (não-exigível); Capital de
terceiros – são os empréstimos, debêntures e ações preferenciais
(exigibilidades da empresa). Sempre que algum acionista da empresa entra
com algum capital, espera ter um retorno, e corre um determinado risco.
Retorno significa um rendimento maior e risco é uma possibilidade de
perda. Existem, portanto, dois tipos de riscos: operacional e financeiro. Risco
operacional é o risco inerente ao negócio da empresa e o Risco financeiro é o
risco de não obter remuneração do investimento.
25
Pode-se classificar o capital em capital fixo ou capital de giro. O capital
fixo é formado pelos ativos imobilizados e o capital de giro pelos ativos
circulantes. O capital de giro pode ser bruto (ativo circulante) ou líquido (ativo
circulante – passivo circulante). O que temos que ressaltar é que o capital de
giro funciona no curto prazo. A administração do capital de giro tem que levar
em conta três dilemas: 1. Os ativos devem ter uma liquidez compatível; 2. O
dilema entre liquidez e rentabilidade; 3. A administração dos ativos circulantes.
Os ativos circulantes formam o capital da empresa que gira até transformar-se
em dinheiro dentro do chamado ciclo de operações ou ciclo de caixa.
Administração financeira de estoques: Estoque nada mais é do que a
composição física de materiais (matérias-primas, materiais em processo,
materiais semi-acabados, materiais acabados, produtos acabados, etc.) que
não é utilizada em determinado momento na empresa, mas que será utilizada
futuramente. Quanto mais complexo ou diversificado for o produto final, tanto
maior será a diversidade de itens estocados e mais complicada será a
administração dos estoques.
1.4 Gestão do caixa
O Ciclo Financeiro ou Ciclo de Caixa é o período compreendido entre o
pagamento de fornecedores e o recebimento de clientes incluindo no intervalo
vários desembolsos referentes a salários, impostos encargos etc. Assim sendo,
o ciclo financeiro se inicia com o pagamento de mercadorias ou de matérias-
primas e encerra-se com o recebimento das duplicatas originadas pelas vendas
a prazo, ou seja, o período durante o qual a empresa financia suas operações
sem a participação dos fornecedores.
O ciclo operacional financeiro possui todos os componentes da
necessidade de capital de giro como duplicatas a receber, estoques,
fornecedores e impostos.
Os prazos de estocagem e de cobrança afetam significativamente as
necessidades de recursos para financiar o giro das operações. Os prazos para
pagamento concedidos pelos fornecedores suprem parte dessas necessidades.
26
A parcela remanescente deverá ser coberta por outras fontes de recursos,
durante um período correspondente ao ciclo financeiro, caso utilize aportes de
capital próprio ou custos financeiros ou provenientes de capital de terceiros.
Por esta razão, o administrador financeiro deve reduzir o Ciclo
Financeiro para otimizar o uso dos recursos necessários para bancar suas
operações e reduzir os custos correspondentes.
Braga ( 1989,p. 129) propõe as seguintes estratégias para reduzir o
Ciclo Financeiro da empresa:
a) Retardar os pagamentos aos fornecedores, sem comprometer
o conceito creditício que a empresa possui junto aos mesmos.
b) Acelerar o recebimento das duplicatas, sem afastar os clientes
por excesso de rigor na cobrança e, desde que sejam
economicamente justificáveis, oferecer descontos financeiros
para estimular a antecipação de pagamento que facilitarão o
alcance dos objetivos desta estratégia.
c) Elevar o giro dos estoques, reduzindo o prazo médio de
estocagem, até um ponto a partir do qual haveria riscos de
paralização do processo produtivo por falta de materiais e de
perda de vendas por falta de mercadorias.
Cada uma destas estratégias produz um efeito positivo para os
resultados da empresa porque permitem que o ciclo financeiro seja reduzido,
aumentando o Giro de Caixa e reduzindo a necessidade de Caixa Operacional.
No que concerne o equilíbrio financeiro, quanto menor for a necessidade de
Caixa Operacional, mais eficientemente estarão sendo administrados os
recursos da empresa.
A compreensão da influência do ciclo Operacional e do ciclo de Caixa
nos resultados da empresa leva à discussão sobre questões ligadas à
administração dos valores a receber da empresa, suas políticas e os modelos
de análise de concessão de crédito.
27
Ciclo de caixa nada mais é do que o tempo que leva o capital que saiu
do caixa leva para voltar ao caixa. Previsão e controle de gastos: O fluxo de
caixa é o movimento de todas as entradas e saídas de recursos financeiros do
caixa, ou seja, das origens de caixa (fatores que aumentam o caixa da
empresa) e das aplicações de caixa (reduzem o caixa da empresa). O
planejamento financeiro de curto prazo é denominado de planejamento de
caixa ou orçamento de caixa, com este orçamento de caixa permite planejar as
necessidades de caixa à curto prazo, pois proporciona uma visão dos
recebimentos e dos pagamentos previstos que ocorrerão durante um certo
período de tempo. A administração de caixa deve trabalhar num nível ótimo de
caixa para a empresa. Quando as entradas (recebimentos) são maiores que as
saídas (pagamentos) a Liquidez é alta e a Rentabilidade é baixa . Quando as
entradas (recebimentos) são menores que as saídas (pagamentos) a Liquidez
é baixa e a Rentabilidade é alta.
A administração do caixa requer alguns princípios básicos: - retardar ao
máximo o pagamento de duplicatas a pagar; - aproveitar ao máximo qualquer
desconto financeiro nos pagamentos; - girar os estoques com maior liquidez
possível; - obter as duplicatas a receber no menor tempo possível. O fluxo de
caixa é o termômetro do cotidiano da empresa, isto é, como a empresa está se
comportando quanto aos pagamentos e recebimentos das suas operações
diárias.
Os principais ativos circulantes mantidos pela maioria das empresas
são as contas a receber e estoque, ambos formam 80% de todos os ativos
circulantes da maioria das empresas industriais de porte médio. Por isso é
fundamental a administração dos ativos circulantes da empresa. As contas a
receber representam a concessão de créditos em conta corrente aos clientes.
Na verdade, contas a receber existem para conservar atuais clientes e atrair
novos clientes. A administração de contas a receber tem como papel minimizar
o investimento, e em contrapartida, manter um nível de serviço adequado aos
clientes.
Existem três aspectos importantes a ressaltar: 1. políticas de crédito; 2.
condições de crédito; 3. políticas de cobrança. Estes três aspectos devem ser
28
adequados às necessidades da empresa pela administração de contas a
receber.
Os recursos financeiros à disposição da empresa são aplicados em
ativos classificados genericamente como circulantes e não circulantes.
Compreendem os não circulantes aqueles ativos sem perspectivas de
realização em um futuro caracterizado como de curto prazo. Como a
administração do capital de giro se ocupa dos ativos e dos passivos
circulantes. Ativos circulantes são representados principalmente pelas
disponibilidades financeiras, estoques e contas a receber. Já os passivos
circulantes são compreendidos pelas obrigações de curto prazo.
Assim como a apuração da necessidade de capital de giro, o orçamento
de caixa tem como fonte de informação o processo de planejamento
operacional que por sua vez se baseia nas estratégias estabelecidas e no
planejamento de longo prazo concebido para a empresa. É no orçamento de
caixa que se identificam as necessidades totais e pontuais de recursos; tanto
para o giro das operações como para os investimentos de capital. O orçamento
de caixa identifica as necessidades de recursos em datas específicas, facilita a
tomada de decisão no sentido de reduzir o custo de disponibilidades ao mínimo
possível, assegura liquidez na empresa na medida em que se evidencia a
capacidade de pagamento dos compromissos e facilita a negociação com
fornecedores de capitais.
O objetivo básico na Gestão do Caixa é fazer com que o investimento
nesse ativo seja tão pequeno quanto possível sem prejudicar a eficiência e a
eficácia das atividades da empresa. Uma empresa mantém saldos de caixa
para viabilizar suas transações normais. E outra importante razão é a
precaução do gerente financeiro, já que os recebimentos esperados são
confiáveis e os valores diferentes dos pagamentos a realizar.
A magnitude do saldo de caixa a ser mantido por uma empresa depende
do custo que incorrerá em manter tais recursos desaplicados ou em ações com
rentabilidade pouco relevante. Esses custos têm uma dimensão explícita,
contabilizável pela empresa ao remunerar os fornecedores desses recursos,
geralmente instituições financeiras. Outra dimensão desses custos é
29
identificada pela perda de oportunidade que a empresa esta tendo por não
alocá-los em outros ativos conhecidos como custo de oportunidade.
O modelo Baumol e modelo Miller-Orr são dois modelos de transação
que oferecem diretrizes gerais para a determinação do saldo ótimo de caixa.
O modelo Baumol assume que a empresa possui um fluxo de caixa
onde os recebimentos ocorrem em períodos de tempo definidos, mas os
pagamentos ocorrem continuamente e de maneira regular ao longo deste
período. A empresa poderia transformar um fluxo regular de caixa em diversos
fluxos. Para isto, basta aplicar parte do recebimento inicial no mercado
financeiro e, com o tempo saca o recurso em diversas parcelas.
O Modelo de Miller e Orr é um modelo de otimização de saldos de caixa
que lida com entradas e saídas que oscilam aleatoriamente de um dia a outro.
Neste modelo inclui-se tanto entradas quanto saídas de caixa. O modelo supõe
que a distribuição dos fluxos líquidos diários (entradas menos saídas de caixa)
é normal. A cada dia, o fluxo de caixa poderia ser o valor esperado ou algum
valor mais alto ou mais baixo.
O Modelo de Miller-Orr é considerado mais realista e apropriado do que
o modelo de Baumol, apesar de maior dificuldade na sua aplicação por causa
das incertezas. Por parte da empresa, quanto aos fluxos de caixa futuros.
(Ross, 2000,p.557)
Segundo Gitman (1987) caixa e títulos negociáveis compõem os ativos
líquidos da empresa. Dão à empresa a liquidez de que ela necessita para
financiar obrigações financeiras, assim que vencem. O caixa é mantido sob a
forma de uma conta corrente num banco comercial que rende pouco ou
nenhum juro. Há muitas formas de títulos negociáveis, cada uma delas
possuindo diferentes características, apesar de todas renderam algum tipo de
retorno.
30
1.5- Equilíbrio Financeiro
Equilíbrio financeiro é um conceito utilizado em administração e finanças
para análise da estabilidade numa empresa e a rigor, é um ajustamento do
fluxo de caixa. Se a empresa conseguir efetuar esse ajustamento, estará em
condições de, a todo o momento, satisfazer as dívidas que se vencem,
mantendo em simultâneo um certo volume de disponibilidades.
Deste modo, consegue-se o equilíbrio financeiro com uma correta
harmonização entre os tempos de transformação dos ativos em dinheiro e o
ritmo de transformação das dívidas em exigível.
Seguindo este raciocínio, facilmente se compreende a regra do equilíbrio
financeiro mínimo que estabelece que os capitais utilizados por uma empresa
para financiar uma imobilização, uma existência, ou outro ativo, devem
permanecer à sua disposição durante um tempo que corresponda pelo menos
à duração dessa imobilização, existência, ou outro ativo.
Assaf Neto e Silva ( 1995,p.24) ponderam acerca do equilíbrio financeiro
que: “ o entendimento do capital de giro insere-se no contexto das decisões
financeiras de curto prazo, envolvendo a administração de ativos e passivos
circulantes.” Toda empresa precisa buscar um nível satisfatório de capital de
giro para garantir sustentação de sua atividade operacional.
Os ativos totais necessários compõem-se, para cada período de
planejamento, dos recursos sazonais e fixos do capital de giro e o capital
permanente aplicado. Para se manter em equilíbrio financeiro, uma alternativa
da empresa é financiar suas necessidades financeiras permanentes.
Uma forma de evitar desequilíbrios financeiros diz respeito ao fato de
precaver-se à incerteza com uma determinada margem de segurança, se a
empresa souber com certeza quais são seus futuros fluxos de caixa, será
capaz de esquematizar o escalonamento dos vencimentos de suas dívidas de
forma a que eles correspondam exatamente à sua programação de futuros
fluxos de caixa líquidos. Com isso, os lucros são maximizados, pois não haverá
31
necessidade alguma de ficar com ativo líquido de baixo retorno ou de ter mais
financiamento a longo e curto prazo do que o absolutamente necessário.
Contudo, quando os fluxos de caixa estão sujeitos à incerteza, a
situação se modifica. Podem ser feitas previsões de caixa para uma faixa de
possíveis resultados, associando-se uma probabilidade a cada um deles.
Essas informações permitem que a administração avalie a possibilidade de
insolvência técnica e, de acordo com isso, planeje com uma margem de
segurança. Quanto maior a dispersão da distribuição de probabilidades dos
possíveis fluxos de caixa líquidos, maior a margem de segurança que o
administrador desejará ter.
32
CAPÍTULO II
INDICADORES DE LIQUIDEZ
2.1- Liquidez
A liquidez consiste num dos temas mais antigos na teoria das Finanças,
sem perder sua importância, ainda sendo alvo de divergências com questões
pendentes. São dois os princípios campos de interesse quando se pretende
estudar a liquidez: a liquidez das empresas, que está relacionada diretamente à
administração financeira, visando beneficiar a administração da conta caixa e
outros ativos circulantes; e a liquidez dos ativos que está mais ligada à
economia dos mercados financeiros, analisando a liquidez de ativos de curto
prazo, suas causas e conseqüências.
A administração de capital de giro está diretamente relacionada às
decisões estratégicas pois envolve tomadas de decisões em cenários de curto
prazo. Não raras vezes em conjuntura de instabilidade que pressupõe
acentuado grau de risco.
2.2.- Índices de Liquidez
Para Di Agustini( 1996, p.25):
“os indicadores de liquidez medem a capacidade de uma empresa de pagar suas dívidas exigíveis no prazo de até um ano, exceto a liquidez geral que engloba todas as obrigações e ativos conversíveis.”
Uma das formas mais comumente utilizadas para se analisar o grau de
liquidez e risco de uma dada empresa é o seu volume de Capital Circulante
Líquido (CCL). Quanto maior sua magnitude, maior a margem de segurança e
menor o grau de risco.
33
Outros índices bastante utilizados são; liquidez seca, que nada mais é,
que a razão entre o Ativo Circulante, com exceção dos estoques e despesas
antecipadas, e o Passivo Circulante e liquidez corrente que é a razão entre o
Ativo Circulante e o Passivo Circulante, indicando, para cada unidade
monetária de dívida de curto prazo, o quanto a empresa possui em seu ativo
circulante e normal.
O capital de giro ou circulante é constituído pelo ativo circulante,
principalmente pelas disponibilidades, valores e a receber e estoques.
Demonstra os recursos necessários da empresa para financiamento de suas
atividades operacionais, desde as aquisições de insumos básicos até o
recebimento pela venda da produção acabada. Um dos grandes problemas do
gerenciamento de capital de giro é a sincronização temporal entre os seus
elementos constitutivos.
O capital de giro está diretamente associado às fontes das quais a
empresa necessita para financiar sua operacionalização e seu crescimento. As
empresas procuram vantagens competitivas especialmente em condições
econômicas desafiantes, o que torna mais evidente a importância de um
gerenciamento eficiente do capital de giro. Cada real economizado no capital
de giro pode contribuir para uma melhor rentabilidade do investimento.
Na área financeira é evidente que se deve dar enfoque à busca
permanente da eficiência na gestão de recursos, maximizando a rentabilidade
e minimizando os custos. O capital de giro pode ser fixo, que é aquele mínimo
indispensável para que as necessidades operacionais geradoras de dispêndios
sejam atendidas; variável que decorre de fatores adicionais verificados em
determinados períodos podem decorrer de crescimento de vendas,
inadimplência ou atraso de recebimento de clientes, compras imprevistas ou
outras necessidades adicionais com caráter de sazonalidade.
O conceito de capital de giro líquido revela o volume de recursos
demandados no longo prazo para o financiamento dos ativos de curto prazo. O
ideal para a manutenção de um nível de liquidez compatível é que a diferença
entre o ativo e o passivo seja positiva, o que representa uma reserva
financeira. Um Capital Circulante Líquido (CCL) igual a zero submete a
34
estrutura financeira a um certo grau de risco. Por outro lado, um capital de giro
negativo submete a empresa um grau de risco elevado e diretamente
proporcional à magnitude desta insuficiência.
O gestor financeiro deve trabalhar com a incerteza. As fontes de
incerteza concernem a previsão de vendas, os recebimentos, à produção, ao
mercado em si e outras.
Para reduzir a incerteza podem ser preparados diversos planos, um
baseado em uma projeção pessimista e outro com base de ocorrência
provável, e um terceiro baseado em projeções otimistas. A este método se
nomeia “análise de sensitividade. “
Outro modo de reduzir a incerteza é através da análise de simulação,
que permite simular a ocorrência de várias variáveis, como vendas,
recebimentos, custos de produção, e assim por diante. Esse método estatístico
desenvolve uma distribuição probabilística dos fluxos de caixa para um período
determinado de tempo, capacitando o administrador financeiro a determinar as
estratégias necessárias com relação aos excedentes e déficits de caixa.
Pode-se verificar, portanto, que o gerenciamento do capital de giro é um
componente vital para os negócios e, ainda, essencial ao crescimento e à
continuidade das operações. Em cada uma dessas áreas há diferentes
desafios no que tange ao alcance de liquidez necessária, à obtenção do
processo mais eficiente, à alocação de novas tecnologias e à avaliação da
qualidade do capital de giro no balanço patrimonial, remetendo à análise do
ciclo operacional por constituir elementos de curto prazo e envolver o
gerenciamento do capital de giro necessário à manutenção das atividades
operacionais da empresa.
35
CAPÍTULO III
MODELO FLEURIT
3.1.- Conceituação
O modelo de Fleuriet também denominado de análise financeira
dinâmica foi desenvolvido na década de 70 pelo francês Michael Fleuriet
juntamente com profissionais brasileiros. O autor sugere uma abordagem
diferente para análise financeira tradicional, com novos parâmetros na
avaliação de desempenho a curto prazo das organizações, até então
estruturada com base nos indicadores convencionais de liquidez e estrutura
extraídos do balanço.
De acordo com Brasil e Brasil (1997, p.1) o enfoque tradicional da
análise contábil tradicional está centrada em uma visão estática da empresa. A
análise pelo modelo dinâmico inicia-se com a reclassificação das contas do
Balanço em circulante ativo e passivo e permanente.
Para o desenvolvimento do modelo Fleuriet, Kehdy e Blanc (1978)
reclassificaram as contas do balanço patrimonial, levando em consideração a
velocidade com que as mesmas se movimentam. Segundo os autores existem
algumas contas que apresentam uma movimentação tão lenta quando
analisadas isoladamente ou em relação ao conjunto de outras contas que,
numa análise de curto prazo, porém podem ser consideradas como
permanentes ou não cíclicas enquanto outros apresentam um movimento
contínuo e cíclico, ou mesmo descontinuo ou errático.
Para a implementação do modelo, o balanço patrimonial precisa ser
reorganizado de modo a separar seus elementos de curto e longo prazo, assim
como seus itens de curto prazo que se acham ligados às atividades
operacionais (produção e vendas).
36
As contas do grupo circulante ativo e passivo são subdivididas conforme
sua natureza em operacionais e financeiras, a saber: ativo circulante financeiro
(ACF), ativo circulante operacional (ACO), passivo circulante financeiro (PCF) e
passivo circulante operacional (PCO).
O ativo circulante operacional (ACO) é composto por contas que giram
rapidamente em uma empresa e são necessárias para o ritmo das operações,
por isso não podem ser realizadas sob pena de comprometer a continuidade da
empresa tais como estoque, duplicatas a receber e despesas pagas
antecipadas. Enquanto o passivo circulante operacional (PCO) é constituído
por exigibilidades de curto prazo como duplicatas a pagar, impostos, taxas,
contas a pagar diversas, empréstimos e financiamentos, imposto de renda e
contribuição social a recolher.
O ativo circulante financeiro (ACF) tem a natureza errática e é formado
por contas essencialmente financeiras como caixa, bancos, aplicações
financeiras de liquidez imediata e aplicações financeiras de curto prazo.
O passivo circulante financeiro (PCF) comporta de natureza errática
formada por passivo de curto prazo que provocam despesas financeiras como
empréstimos e financiamento com vencimento no curto prazo, duplicatas
descontadas.
Na opinião de Braga (1991) a reclassificação do Balanço Patrimonial
deve levar em consideração o fator curto e longo prazo e os níveis de decisão
empresarial – estratégico, financeiro e operacional. Portanto dividem-se os
itens do ativo e passivo circulante (curto prazo) em operacionais cíclicos e
financeiros (erráticos), enquanto as contas de longo prazo serão classificadas
como permanente (não cíclico). Nessa classificação as diversas contas estão
relacionadas não apenas pela sua relação temporal, mas também pela sua
relação no desenvolvimento das atividades operacionais.
Com base no novo balanço patrimonial proposto por Fleuriet pode-se
identificar algumas variáveis necessárias para uma análise dinâmica do
balanço patrimonial. Essas variáveis são: Necessidade de Capital de Giro
(NCG), Capital de Giro (CDG) Saldo de Tesouraria (ST).
37
3.2. Necessidade de capital de giro
A análise do comportamento da NCG é um elemento importante para
avaliar a situação financeira das organizações, já que ela evidencia as
mudanças ocorridas no negócio. A necessidade de capital de giro (NCG) é não
só um conceito fundamental para a análise da empresa do ponto de vista
financeiro, ou seja, análise de caixa, mas também de estratégias de
financiamento, crescimento e lucratividade. Matarazzo (2003: p.337).
Ela pode ser mensurada em termos de dias ou em termos monetários
através da diferença entre o ativo circulante operacional e passivo circulante
operacional.
O conceito de Necessidade de Capital de Giro segundo Fleuriet, Kedy e
Blanc (1978) decorre da necessidade de caixa, no momento em que, no ciclo
financeiro, as saídas de ocorrem antes das entradas.
Se o saldo for positivo significa que a empresa precisa de capital de giro
para o qual deve encontrar fontes adequadas de financiamento, já quando o
saldo for negativo ela possui recursos excedentes, que podem ser utilizados
para aplicação no mercado financeiro ou para expansão.
Como as contas que fazem parte do circulante cíclico estão vinculadas
ao ciclo operacional da empresa todas as alterações ocorridas tanto em tempo
de volume quanto em tempos de prazos afetam diretamente o montante dos
ativos e passivos cíclicos.
3.3.- Capital de giro
Outra variável importante utilizada pelo Modelo de Fleuriet é o do Capital
de Giro (CDG) obtido através da diferença entre passivo não circulante e ativo
não circulante; ao contrário da visão tradicional denominada de Capital
NCG = ACO - PCO
38
Circulante Líquido (CCL) definido pela diferença entre ativo e passivo
circulante.
Quando o CDG for negativo significa que há recursos de curto prazo
financiando ativos não circulantes, quando o CDG for positivo mostra que os
recursos de longo prazo além de financiar o ativo não circulante financiam
também o ativo circulante.
3.4.- Tesouraria
O Saldo de Tesouraria (ST) é obtido através da diferença entre ativo
circulante financeiro e passivo circulante financeiro ou, pela diferença entre o
CDG e NCG e revela (evidencia) a margem de segurança financeira.
Segundo Santi Filho e Olinquevitch (1995, p.25) a variável Tesouraria, é
sem dúvida, aquela que melhor expressa a situação financeira de curto prazo
das empresas. O seu saldo positivo, indica uma situação financeira folgada; se
o saldo for negativo, indica a utilização de recursos de terceiros para financiar
as atividades operacionais da empresa.
O Ciclo Financeiro é o período compreendido entre o pagamento de
fornecedores e o recebimento de clientes incluindo no intervalo vários
desembolsos referentes a salários, impostos encargos etc.
Já o Ciclo Operacional Financeiro possui todos os componentes da
necessidade de capital de giro como duplicatas a receber, estoques,
fornecedores impostos etc. É obtido a partir da seguinte fórmula.
ST = CDG - NCG
ST = ACF - PCF
CDG = PCN - ANC
39
Termômetro da Situação Financeira - TSF
A relação T – Saldo de Tesouraria dividido pela (NLCDG) Necessidade
Líquida de Capital de Giro é o verdadeiro termômetro da situação de liquidez
da empresa. Santi Filho e Olinquevitch (1995, p.42)
A empresa convive com o Efeito Tesoura quando ela apresenta por
vários exercícios seguidos a Necessidade de Capital de giro superior ao Capital
de Giro Líquido. O efeito tesoura demonstra que a empresa é incapaz de
financiar adequadamente as suas dívidas
Estudar o capital de giro e sua administração é fundamental, uma vez
que a empresa precisa recuperar todos os custos e despesas incorridas
durante o ciclo operacional e obter o lucro desejado, por meio da venda do
produto ou da prestação do serviço. A administração eficiente dos seus
elementos, como o caixa, contribui significativamente para a maximização do
lucro da empresa.
TSF = T / NLCDG
40
CONCLUSÃO
O estudo do capital de giro é fundamental para a administração
financeira, pois a empresa precisa recuperar todos os custos e despesas
incorridas durante o ciclo operacional e obter o lucro esperado, por meio da
venda do produto ou da prestação do serviço. A administração eficiente dos
seus elementos como o caixa contribui para a maximização do lucro.
Portanto, a administração de giro e da liquidez requer um planejamento
estratégico de curto prazo, com o objetivo de produzir resultados positivos para
a saúde financeira da empresa e sua imagem diante do mercado.
É preciso dar importância à gestão do capital de giro da empresa,
através da adoção de alguma política financeira especial para sustentar o
processo de crescimento, considerando-se a manutenção do caixa.
O empresário precisa saber conciliar os interesses de curto prazo com
as perspectivas de longo prazo, numa hierarquia de objetivos. A busca do
crescimento deve ser uma finalidade maior do que os dividendos esperados
pelos acionistas, os salários dos executivos, formas de compensação e
benefícios para os trabalhadores e o pagamento dos fornecedores.
A empresa conseguirá agilizar o processo decisório e garantir maior
visibilidade ao processo de planejamento ao reforçar o papel da administração
financeira. A gestão do capital de giro envolve, entre outros fatores, o
posicionamento com relação ao processo de compras, contratação e
remuneração de mão-de-obra.
Assim como os lucros são necessários para o crescimento da firma, o
crescimento é imprescindível para a manutenção e o aumento dos lucros.
Para haver uma otimização da administração de capital de giro, espera-
se maior esforço de integração, com uma visão abrangente do gerente
financeiro para formar provisões internas que suportem a expectativa de
expansão.
41
O administrador precisa, portanto, do respaldo da administração geral da
empresa, uma vez que o crescimento exige esforço, planejamento e interesse
da parte das organizações voltadas para o mesmo. O planejamento financeiro
é indispensável à manutenção de níveis desejáveis de rentabilidade, eficiência
operacional, endividamento e liquidez, mesmo em períodos de manutenção do
ritmo de atividade.
A função do gestor financeiro é pois, a de criar condições, através do
processo de planejamento, para um bom nível de capital de giro e a
concretização de todas as expectativas de crescimento de uma empresa.
A continuidade das empresas depende basicamente do gerenciamento
de sua liquidez, cabendo à contabilidade, através da demonstração de fluxos
de caixa, procurar identificar e mensurar os fluxos financeiros. A partir da
mensuração e acompanhamento da evolução das necessidades de Capital de
Giro a empresa terá melhores condições de manter seu equilíbrio financeiro
com a estratégia de financiamento mais adequada à própria empresa.
42
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