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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO-SENSU – ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR PROJETO “A VEZ DO MESTRE” JAIR OTÁVIO DOS SANTOS POSSAS A UTILIZAÇÃO DOS JOGOS E BRINCADEIRAS INFANTIS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA Rio de Janeiro 2003

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO-SENSU – ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

PROJETO “A VEZ DO MESTRE”

JAIR OTÁVIO DOS SANTOS POSSAS

A UTILIZAÇÃO DOS JOGOS E

BRINCADEIRAS INFANTIS NAS AULAS DE

EDUCAÇÃO FÍSICA

Rio de Janeiro

2003

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JAIR OTÁVIO DOS SANTOS POSSAS

A UTILIZAÇÃO DOS JOGOS E

BRINCADEIRAS INFANTIS NAS AULAS DE

EDUCAÇÃO FÍSICA

Projeto de monografia apresentado ao Curso de Pós-Graduação Lato-Sensu – Administração Escolar da Universidade Candido Mendes, como requisito parcial para a obtenção do grau de Especialista em Administração Escolar. Orientador: Prof. Ms. Marco Larosa

Rio de Janeiro

2003

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO-SENSU – ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

JAIR OTÁVIO DOS SANTOS POSSAS

A UTILIZAÇÃO DOS JOGOS E

BRINCADEIRAS INFANTIS NAS AULAS DE

EDUCAÇÃO FÍSICA

Data de entrega: _________________________________________________________

Avaliado por: _______________________________________Grau: _______________

Rio de Janeiro, _____ de _______________ de 2003.

Coordenador do Curso

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Dedico este trabalho...

... aos meus pais, José Gabriel Possas e Maria Hilma dos Santos

Possas, responsáveis por tudo que sou. Obrigado por serem como são!

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AGRADECIMENTOS

A Deus pelo Dom da vida e pela eterna companhia;

À amiga Lana Cristina, pelo apoio e incentivo pela conclusão do curso;

Aos amigos Alexandre Cruz e Lúcia Mendes, pelo carinho e boa vontade com que me

ajudaram a desenvolver a minha pesquisa;

Aos meus colegas de turma, pelo companheirismo;

A todos os professores das escolas em que o trabalho foi realizado, por terem permitido

que através de seu testemunho, fossem respondidas as questões que norteavam este

estudo;

Aos professores do Curso de Pós-Graduação Lato-Sensu – Administração Escolar da

Universidade Candido Mendes, pelo compromisso;

Ao prof. Marco Larosa. Por toda sua dedicação, paciência e generosidade.

Deus os abençoe!

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Um dia veio a peste e acabou com

Toda a vida na face da Terra:

Em compensação ficaram as Bibliotecas...

E nelas estava meticulosamente escrito

o nome de todas as coisas!

Mário Quintana, 1989

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RESUMO

A questão que envolve a utilização de atividades alternativas nas aulas de educação física, sempre foi observada, como de extrema necessidade para o aumento de possibilidades curriculares e por conseguinte educacionais. As séries iniciais do Ensino Fundamental (alfabetização à 4ª série) têm sido, um espaço onde a prática da Educação Física nem sempre respeita princípios e necessidades respectivas à realidade deste grupo que é, fundamentalmente, a célula matter da formação do aluno. A partir destes tópicos, a pesquisa procura desenvolver este estudo tentando constatar a utilização nas aulas de Educação Física de um conteúdo considerado, por diversos autores brasileiros e de diversos países, de fundamental importância no processo educacional por diversos aspectos: “Os jogos e brincadeiras infantis”. Por fim, apresenta-se as questões levantadas neste estudo, como também as conclusões alcançadas junto aos professores de Educação Física de escolas públicas e particulares de São Gonçalo. Palavras-chave: Educação Física; Ensino Fundamental; Jogos - Brincadeiras.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...............................................................................................................9 I – A EDUCAÇÃO FÍSICA HOJE..............................................................................14 II – EMBASAMENTO TEÓRICO .............................................................................22 III – CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS........................................................30 IV – CONCLUSÃO.......................................................................................................45 BIBLIOGRAFIA...........................................................................................................51 ANEXOS.........................................................................................................................53

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INTRODUÇÃO

Trata-se de um assunto de profunda importância, pois, qualquer

discussão que aborde o valor pedagógico dos “Jogos e brincadeiras infantis”,

visa contribuir para o resgate cultural de atividades que tem funções

educacionais significativas bem como, o próprio envolvimento sócio-político

proposto em muitas destas atividades que são meios expressos para o

exercício da cidadania. “O jogo é também subtraído do mundo dos homens.

Sem dúvida as regras podem ser tradicionais e até vindas dos adultos, mas

cada partida é feita por um grupo de seres que formam, na espécie humana

uma célula independente”. (CHATEAU, 1987. P.133)

Ao se posicionar dessa forma, Chateau (1987) dimensionou o

jogo como uma ação que mesmo subtraída do mundo dos homens, onde as

regras sociais, econômicas, políticas, etc., existam, as regras dos

participantes assumem a prioridade das ações do grupo, formando um grupo

hermético, porém livre e soberano no exercício de suas possibilidades,

demonstrando o valor educacional e cultural do jogo, na plenitude de sua

prática.

Apesar disso, os “Jogos e brincadeiras infantis”, são atividades

de fácil organização, materiais acessíveis e por possuírem riquíssimas formas

de conhecimentos tradicionais provenientes de nossa cultura, consideramos

que este estudo merece ser desenvolvido com intuito de embasar os

professores e pedagogos no exercício cotidiano de sua práxis. A respeito

dessa situação, Zélia Cavalcante Lima (1993, p. 72) explicita que as

crianças...: “Os jogos com regras, como os de esconder, a cabra cega, lenço

atrás, queimada,(...) se desenvolvem em decorrência de necessidades internas

à criança em desenvolvimento; neste processo as brincadeiras que antecedem

seu interesse pelos jogos com regras explícitas são aquelas em que várias

crianças estão envolvidas e em que a complementaridade de papéis é

fundamental para o desenvolvimento da ação; são os jogos com uma situação

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imaginária de relações sociais onde as crianças se subordinam às regras de

ação latente na função de cada participante”.

Ao salientarmos o valor dos jogos e brincadeiras infantis,

fazemos uma contraposição aos valores culturais impostos pela mídia que

sufocam e inibem os diferentes segmentos sociais de terem acesso a estas

formas importantíssimas de enriquecimento intelectual e cultural existentes

nessas atividades, e portanto, contribuir para o aumento das possibilidades

curriculares relativas ao cotidiano escolar como no caso das próprias aulas

de Educação Física, conteúdo que possui plenas possibilidades de

enriquecimento pedagógico e cultural. Acreditamos que através do resgate de

valores contidos nos jogos e brincadeiras infantis, valores tais como os

sociais, políticos e culturais, emergentes de nossa sociedade/comunidade,

poderão ser trabalhados de forma efetiva e agradável.

Portanto em primeiro lugar, torna-se necessário situar o

fenômeno “jogos e brincadeiras infantis” e suas principais características

com intuito de por evidência os valores intrínsecos e extrínsecos propostos

em cada atividade.

Num segundo momento, o importante é ressaltar a importância

do jogo de forma geral como elemento de valor significativo no

desenvolvimento mental da criança. Por exemplo, Vygotsky (1984, p.118)

observa que: “Sob o ponto de vista do desenvolvimento, a criação de uma

situação imaginária pode ser considerada como um meio para desenvolver o

pensamento abstrato. O desenvolvimento correspondente de regras, conduz a

ações, com base nas quais torna-se possível a divisão entre trabalho e

brinquedo, divisão esta encontrada na idade escolar como um fato

fundamental”.

Considerando este pressuposto relativo ao desenvolvimento

mental da criança seria interessante observar que dentro do jogo a criança

tem vasta possibilidade de explorar um sem número de formas de

desenvolver suas potencialidades. O que é observado por Bettelheim (1988,

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p.183) da seguinte forma: “Quanto mais seriamente as crianças exploram

todas as possibilidades que lhes atraiam [...] mais aptas estarão

posteriormente a decidir o melhor para elas”.

Além disso, torna-se necessário ressaltar o valor sócio-político contido no

jogo o que faz com que em muitos momentos a participação ativa na organização e nos

jogos pode levar o participante a experimentar o exercício futuro de sua cidadania.

Marcellino (1990) destaca que a possibilidade de criar e recriar a cultura no jogo lúdico

permite a vivência de valores externos a ele. “De forma crítica e criativa o jogo lúdico

reproduz papéis sociais vividos no mundo exterior denunciado assim a realidade da

mesma forma que alimenta. Entendido dessa forma. O jogo lúdico é uma vivência

revolucionária”. (MONTANDON, 1992, p.28).

E mais, outros valores podem ser evidenciados na manifestação

da importância do resgate dos jogos e brincadeiras infantis, sendo

fundamental ressaltar o valor cultural de tais jogos em favorecimento da

preservação de nosso patrimônio cultural. Guedes (1991) sugere que sejam

devolvidos às crianças de hoje e de amanhã os jogos das crianças de ontem e

que são parte integrante de sua cultura, ainda que universais, assemelhando-

se quer pelos nomes, quer pelos objetivos e regras que os caracterizam.

Determinando os valores contidos nos jogos e brincadeiras

infantis. O resgate de sua utilização para o cotidiano escolar concorre para o

enriquecimento de informações e estímulos variados que acrescentariam

conhecimentos indispensáveis para a formação do aluno, conforme observa

Marinho(1987, p. 54): “Seguramente, o jogo traduz a mais autêntica

manifestação sócio-pedagógica da educação”. Não seria exagero afirmar que

nossas crianças não possuem alguma liberdade de escolha. No que diz

respeito ao contato com atividades tradicionais e populares.

A própria evolução social e econômica fez com que os

ambientes correspondentes a execução e elaboração de jogos e brincadeiras

fossem modificados. No lugar de ruas, campinhos de futebol em terrenos

vazios, as crianças vindas de classes favorecidas ficam restritas a

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apartamentos, play-grounds e condomínios fechados aonde as situações

tornam-se repetitivas e pouco estimulantes. Não obstante a esta realidade, as

crianças vindas de classes desfavorecidas convivem com a violência urbana e

a insegurança que reprime de forma radical suas possibilidades recreativas.

A alternativa viável para tal situação parece ser a escola, pois a criança

encontra aí, ambiente ideal para a apreensão, utilização e valorização dos

jogos e brincadeiras infantis. Não a escola inflexível que restringe e

submete o aluno a um estado quase vegetativo de observar, concordar,

aceitar e nunca contestar, mas uma escola comprometida em fornecer aos

alunos toda uma gama de estimulações e possibilidades a serem exploradas.

A respeito dessa colocação, Marina C. Moraes Dias (1996,

p.59) posiciona-se da seguinte forma: “Infelizmente, nossas crianças, na

maioria das escolas, recebem regras prontas, não significações. Elas devem

aceitá-las para se transformar num ‘bom adulto’ e o mesmo acontece com os

professores”.

Para que possamos reverter este quadro, faz-se necessário

adquirir o sentido de comprometimento com a mudança, tanto da conduta dos

profissionais de educação, quanto com novas formas de conduzir o aluno a

aquisição de conhecimento.

Na questão relativa a aquisição de conhecimentos pelo aluno,

voltamos a ressaltar a utilização dos jogos e brincadeiras infantis que

encontram-se desaparecidos de nosso cotidiano, mas que contribuem de

diversas formas na aquisição de conhecimento. Este valor pedagógico dos

jogos e brincadeiras infantis é exaltado por diversos autores que só

dignificam a função educacional de tais atividades.Segundo Oakland(1980,

p. 197), ao identificar o valor dos jogos e brincadeira para os terapeutas,

indica também seu profundo valor para o cotidiano escolar, ao afirmar: “Os

jogos não são apenas divertidos e relaxantes; eles ajudam os terapeutas a

conhecer a criança; muitas vezes a ultrapassar a resistência inicial, e

promover uma confiança mútua. Os jogos são particularmente bons nos casos

de crianças que têm dificuldade em se comunicar, e com aquelas que

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precisam de alguma atividade de concentração (...). Quando jogo com uma

criança, grande parte de seu processo, de sua postura na vida, se revela”.

Freud via a brincadeira como meio pelo qual a criança efetua

suas primeiras grandes realizações culturais e psicológicas, e dizia que

através da brincadeira ela expressa a si própria. Para Bettelheim (1988,

p.150), as crianças encontram nas brincadeiras as primeiras formas de

conviver com diferenças sociais: “Assim, brincando, a criança desenvolve

uma estrutura de organização para relações emocionais que lhe dá condições

para o desenvolvimento das relações sociais. Nas brincadeiras que envolvem

outras crianças ajustadas a papéis pré-determinados, ela encontra condições

de aprender a aceitar que as outras tenham uma existência social e emocional

independente”.

Poderíamos utilizar outras citações para enaltecer os jogos e

brincadeiras infantis como elemento pedagógico em nossas escolas, porém

podemos considerar desnecessário devido às inúmeras contribuições

relacionadas a valores sociais, educacionais, políticos e principalmente

culturais, pois, resgatando jogos e brincadeiras tradicionais, estaríamos

resgatando os elementos que serviriam para a mediação do conhecimento

histórico. Indispensável para a formação de indivíduos críticos, verdadeiros

agentes históricos.

Entendendo ser necessário conscientizar os educadores de uma

forma geral, das inúmeras contribuições contidas nos jogos e brincadeiras

infantis para o ambiente escolar como elemento pedagógico significativo

devido ao seu valor para o desenvolvimento da criança.

Porém, como o responsável por este espaço é o professor de Educação

Física, que encontra-se limitado desde sua formação, como vimos e veremos no

decorrer deste estudo e com isso perde a perspectiva de reflexão e acomoda-se, muitas

vezes por falta de interesse para a utilização de outras possibilidades.

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I – A EDUCAÇÃO FÍSICA HOJE

Muitas são as questões que envolvem a Educação Física

atualmente. Como as questões relativas a sua função como disciplina

curricular, sua legitimidade e principalmente relativas ao grau de relevância

de seu currículo.

Como sabemos que não é só a educação que passa por este

momento de discussão de valores, torna-se mais simples entender que

qualquer instituição passa por processos sociais que visam sua transição para

padrões atuais que venham a atender novas demandas que surgem a partir do

desenvolvimento tecnológico, que influi diretamente sobre estes valores.

Partindo desse pressuposto, pretendemos discutir uma questão

restrita a uma das ramificações da Educação Física que é a Educação Física

Escolar e seus conteúdos pedagógicos, observando a utilização ou não de

instrumentos educacionais que, ao nosso ver são de fundamental

importância: os jogos e brincadeiras infantis.

Ao observarmos algumas aulas de Educação Física para turmas

de 1º segmento do primeiro grau, constatamos que cada vez torna-se menos

observável a utilização de jogos e brincadeiras que não possuam interligação

direta ou indireta com o desporto.

Atividades como jogos populares encaram a dificuldade de se

manter em nosso cotidiano graças a diversos empecilhos que surgem tanto à

nível social como institucional, como por exemplo nas escolas.

A respeito dessa situação, Faria Júnior. (1996, p.17) comenta que: “A

devolução dos jogos populares a nossa realidade escolar, não se fará sem

oposição. Primeiro será necessário convencer os educadores da seriedade do

jogo como atividade na escola”.

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Podemos salientar que a não utilização destas atividades pode

ser explicada pelo alto grau de esportivização em que a Educação Física está

envolvida desde a década de 70, super valorizada pela mídia, ferramenta

fundamental do modelo capitalista, que dita as normas de utilização e

valorização de atividades a partir do que as mesmas possam gerar de retorno

para a classe dominante.

Neste momento, a Educação Física serve como momento inicial

de disseminação de padrões super valorizados pela mídia e pelo senso

comum, deixando de lado o que não tem valor para o sistema e estimulando

as massas a cada vez mais a se interessarem por atividades com regras

prontas, que as inibem de exercitar suas capacidades e possibilidades de

adquirir autonomia.

São tantos os exemplos que podemos citar, como o relativo ao

basquetebol, aonde nunca se utilizou tanto material relativo a liga americana

de basquetebol (NBA) como atualmente; são bolas importadas, uniformes e

outros objetos que não tem a mínima identificação com nossos padrões

sociais, porém são consumidos vorazmente pelo mercado.

Não bastasse a mídia fazer a cabeça do público sobre a

utilização de materiais não condizentes com nossa realidade social, o próprio

professor de Educação Física se vê envolvido na situação, tornando-se

ferramenta importante do processo, reproduzindo o que a mídia estabelece

como normas para a prática de atividades físicas e se envolvendo de tal

forma com a questão que muitas vezes, suas aulas de Educação Física

perdem quase que totalmente seus objetivos e principalmente as metas

educacionais.

Torna-se importante ressaltar que a escola nada mais é que um

reflexo da sociedade na qual se encontra inserida, porém isto não significa

que a maior parte da sociedade concorde ou se comporte conforme o que

propõem os meios de comunicação, que normalmente, são manipulados por

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pequenos grupos privilegiados, para disseminar ações que venham de

encontro com seus próprios interesses.

Porém, nada mais justo que buscar formas de fazer da escola

uma instituição preocupada com a igualdade de oportunidades e não como

uma instituição que afasta do grande público a opção de escolha de

atividades condizentes com sua realidade sócio-econômica.

Voltando ao professor de Educação Física e sua conduta

profissional, torna-se importante salientar que este encontra-se envolvido

com a esportivização (COLETIVO DE AUTORES, 1992) desde a sua

formação acadêmica. Nas Universidades, o futuro professor entra sem ter

num primeiro momento, um conceito definido do que seja a Educação Física

(o que é sem dúvida outra questão de fundamental importância, mas que não

pretendemos abordar enfaticamente pela extensão da problemática que

envolve a identidade da Educação Física como um todo), o que por si só,

seria a maior questão da graduação. O sistema de ensino impõe uma extensa

pluralidade de disciplinas no curso e provoca uma dicotomia entre

disciplinas “práticas” e “teóricas” que divide o graduando entre as duas

opções, no lugar de valorizar uma formação aonde uma vem a completar e

alicerçar a outra.

Após o término do curso, o professor de Educação Física faz

sua escolha, tornando-se um “teórico”, ou seja um professor que muitas

vezes está afastado dos espaços onde as atividades físicas ocorrem

especificamente, mantendo-se apenas voltado para referenciais teóricos que

sirvam de embasamento para sua conduta acadêmica, ou um “prático” que em

nosso estudo identificamos como o professor de Educação Física das escolas,

clubes e academias, caracterizado geralmente por uma conduta tecnicista,

com raras exceções.

Este professor (o prático) de Educação Física tende a super

valorizar o esporte coletivo, a performance e a perfeição de movimentos,

fazendo de suas aulas ciclos de treinamento desportivo que sequer vem a

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respeitar, princípios básicos dessa atividade tais como a faixa etária, as

limitações fisiológicas e a individualidade biológica de quem está fazendo

parte do grupo discente para qual são ministradas as atividades.

Não podemos culpar apenas o professor de Educação Física de

todo um processo do qual o mesmo faz parte, entre as muitas que fazem a

manutenção do sistema. Porém, não podemos inocentá-lo de não possuir

uma postura pedagógica definida e um compromisso educacional coerente.

Por essa razão, as aulas de Educação Física, de uma maneira

geral, em qualquer segmento, tem assumido por objetivos principais a

mecanização de movimentos, a competição pela competição e a imposição

de normas de conduta, que afastam do aluno a possibilidade de criar e

recriar, de produzir e experimentar, de buscar formas de conhecer o que é

novo sem as exigências impostas pelo sistema através da mídia.

Esses elementos, como criar e recriar, produzir e experimentar,

fundamentais a serem desenvolvidos nas aulas de Educação Física são

colocados em segundo plano e o aluno passa a fazer de seus momentos nas

aulas de Educação Física, momentos desgastantes onde a repetição de

movimentos e a tentativa de superar limites próprios ou do outro, são a

temática.

Não são poucos os alunos que se sentem marginalizados nas

aulas de Educação Física por não conseguir alcançar tais metas,

considerando-se indivíduos rejeitados ou incapazes, que experimentam

sensações de inferioridade que às vezes os acompanha por toda vida.

Seria este o objetivo das aulas de Educação Física(?):

diferenciar os indivíduos entre capazes e incapazes, ou seria o de

desenvolver suas possibilidades psicomotoras, seu senso de coletividade e

principalmente sua capacidade cognitiva.

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É importante ressaltar que o objetivo deste estudo não reside

em fazer oposição à utilização do desporto nas aulas de Educação Física, por

considerarmos tal conteúdo inerente ao currículo da Educação Física e, por

conseguinte, de extrema relevância em relação a sua utilização em alguns

momentos importantes do desenvolvimento do indivíduo.

Por outro lado, desejamos com este estudo, fazer uma crítica à

utilização exacerbada do desporto nas aulas de Educação Física, que já se

tornou de praxe para a grande maioria dos docentes, por considerarmos que

este não é o único meio pelo qual o professor de Educação Física pode

desenvolver o seu trabalho na escola.

Isto ocorre devido a perda da perspectiva de análise e reflexão

por parte do professor de Educação Física, causada pela lacuna existente na

sua formação acadêmica/profissional, que o submete aos ditames da mídia e

ao que é exigido por aqueles que o vêem de forma estereotipada, afastando-o

da sua meta de educar.

Neste emaranhado de opiniões, idéias e pontos de vista, o

professor de Educação Física não encontra tempo em suas aulas para

desenvolver outra coisa senão o que “agrada aos outros”, fazendo de sua

conduta profissional algo que muitas das vezes está longe até mesmo de seus

anseios e perspectivas iniciais e o afastam do compromisso maior de ser um

educador.

Contudo, como dito anteriormente, esta falta de perspectiva de

reflexão por parte do professor de Educação Física é decorrente de todo um

processo social caracterizado pela ideologia capitalista, onde toda sociedade

possui hábitos e vontades que muitas das vezes não condizem com a

realidade da qual fazem parte.

Não seria diferente no caso da Educação Física pois como foi

dito anteriormente, a escola é reflexo da sociedade em que está inserida e por

conseguinte, reproduz os valores que fazem parte desta sociedade.

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Voltando ao tema esporte, sabemos que este nada mais é que

uma produção histórico-cultural de nosso povo e como parte de uma

sociedade capitalista, está subordinado aos códigos e significados impressos

pela mesma.

Levando em consideração que tal sociedade está caracterizada

por ser uma sociedade de classes cuja temática fundamental está

caracterizada pelas desigualdades sociais, como este esporte condicionado

aos preceitos de uma sociedade capitalista pode levar os indivíduos a

desenvolver virtudes e hábitos que o identifiquem com a coletividade e a

transformação.

Na verdade estamos sujeitos às regras rígidas que padronizam a

forma de lidar com o desporto e afastam possibilidades de modificá-lo para

algo menos seletivo e qualitativo como o sistema exige e fazendo do mesmo,

algo que tenha realmente função educacional e cultural. Um primeiro passo a

ser dado que poderia modificar a realidade que envolve o desporto e sua

utilização na escola, seria: “Desmistificá-lo através da exploração de

conhecimentos que possibilitem ao aluno criticá-lo dentro de um

determinado contexto sócio-econômico-cultural. Esse conhecimento deve

promover, também, a compreensão de que a prática esportiva deve ter o

significado de valores e normas que assegurem o direito à prática do

esporte”. (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p.71)

Abraçando, portanto, o paradigma da cultura corporal para

contrapor nossa proposta a esportivização, que é sem dúvida a mola mestra

no currículo da Educação Física Escolar, e, por conseguinte, elemento chave

da prática profissional do professor de Educação Física, podemos afirmar

que existe espaço para outras atividades nas aulas de Educação Física,

representado pelos jogos e brincadeiras infantis.

Através deste estudo buscar-se-á avaliar o motivo pelo qual os

jogos e brincadeiras infantis que sempre existiram, estão presentes na

graduação do professor de Educação Física e também fazem parte do

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cotidiano das crianças como atividades estimulantes de suas horas de lazer,

não são utilizados nas aulas de Educação Física e explorados como

instrumentos pedagógicos.

Além do resgate cultural de tais atividades como elementos de

formação e ampliação dos conceitos relativos a cultura corporal, a

constatação da utilização ou não de tais jogos pelo professor de Educação

Física, pode configurar uma mudança no comprometimento do mesmo com a

elaboração de um currículo renovado que possibilite ao mesmo acrescentar a

sua disciplina mais um conteúdo relevante.

1.1 – A EDUCAÇÃO BRASILEIRA

Como podemos observar, a crise que envolve a Educação

brasileira, reflete diretamente sobre a Educação Física, pois como um dos

seguimentos do sistema de ensino, a Educação Física Escolar não deixa de

ser como a própria Educação, um reflexo da sociedade em que está inserida e

por conseguinte, está sujeita aos mesmos processos sociais e problemas que

os constituem.

Contudo a Educação Física como qualquer disciplina do

currículo educacional, possui suas questões pessoais que nem sempre

recebem a atenção que deveriam receber, o que muitas das vezes aumenta as

proporções de cada situação problemática, gerando dificuldades e obstáculos

nem sempre vencidos pelos professores de Educação Física.

Observando as aulas de Educação Física em escolas públicas e

particulares, podemos constatar uma destas questões que consideramos de

fundamental importância para o professor de Educação Física e para o

cotidiano escolar em que se encontra inserido: a não utilização de jogos e

brincadeiras infantis nas aulas de Educação Física.

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Levando em consideração que os professores possuem algum

conhecimento relativo a existência e utilização de tais jogos, a partir de sua

formação acadêmica aonde conteve aulas de recreação, psicomotricidade e

etc., voltadas em muitas das vezes para os jogos e brincadeiras infantis

(considerados mola mestra para a aquisição de conteúdos relativos ao

desenvolvimento psicomotor da criança), torna-se interessante a busca da

causa do quase total abandono das atividades propostas em detrimento de

outros conteúdos nem sempre apropriados para faixas etárias diferenciadas.

Torna-se importante, portanto salientar que este estudo parte do

pressuposto de que se utilize os jogos e brincadeiras infantis nas aulas de

Educação Física e busca-se verificar o porque desta não utilização de

atividades cujo valor pedagógico estamos ressaltando no decorrer deste

estudo.

Para tanto faz-se necessário buscar o porque da utilização ou

não dos jogos e brincadeiras infantis pelos professores de Educação Física,

bem como a visão que os mesmos e seus alunos possuem destas atividades

como recreativas e educacionais.

A Educação Física foi vista como meio de preparar a juventude

para a defesa da nação, fortalecer o trabalhador ou buscar novos talentos

esportivos que representassem a pátria internacionalmente.

Hoje, seu reconhecimento como componente curricular da Educação Básica na

Lei de Diretrizes e Bases de 1996 mostra o caráter essencial de sua prática, que é poder

integrar-se com outras disciplinas do Ensino Básico. A Educação Física deve propiciar

uma aprendizagem que mobilize aspectos afetivos, sociais, éticos e da sexualidade. A

proposta é que os alunos sejam capazes de participar de atividades corporais, respeitar o

próximo, repudiar a violência, adotar hábitos saudáveis de higiene e alimentação e ter

espírito crítico em relação à saúde, beleza e estética.

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II – EMBASAMENTO TEÓRICO

A discussão que envolve a utilização de determinadas

atividades para as aulas de Educação Física se confunde com a própria

história da Educação Física, o que de certa forma, caracteriza a dificuldade

de se abordar a utilização de qualquer atividade para o currículo da Educação

Física Escolar. Não obstante a esta questão, podemos observar que a

Educação Física possuiu conteúdos escolares que nada mais eram do que

formas de atender as necessidades sócias e econômicas das classes

dominantes, o que salienta mais uma vez o papel da escola como reprodutora

do sistema sócio-econômica relativo a cada momento histórico específico.

Condizente com o período histórico em que estava inserida, a

Educação Física passou por diversas modificações que fizeram com que a

mesma, com o passar dos anos, tivesse um currículo indefinido, vagando

entre a manutenção da saúde corporal, o aprimoramento de movimentos, a

formação de atletas ou mesmo como formadora de indivíduos crítico-

transformadores.

Segundo a classificação feita por Guiraldelli Júnior, em seu

livro “Educação Física Progressista”, a Educação Física passou pelos

seguintes momentos:

- “Educação Física Higienista” (preocupada com a aquisição de saúde,

1930);

- “Educação Física Militarista” (busca da eugenia, entre 1930 e 1945);

- “Educação Física Pedagogicista” (busca do indivíduo ideal através da

preocupação com o biopsicossocial, 1945 a 1960);

- “Educação Física Competitivista (busca da melhor performance e do

atleta herói, entre as décadas de 60 e 70);

- “Educação Física Popular” (voltada para o movimento operário e a

organização das classes trabalhadoras, década de 70);

- “Educação Física Humanista” (visão holística do homem observado a

partir de sua realidade existencial, final da década de 70 e 80);

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- “Educação Física Transformadora ou Crítico-social dos conteúdos”

(voltada para a discussão crítica dos conteúdos vigentes, buscando

modificá-los para uma valorização da cidadania e do bem estar social).

Atualmente, a Educação Física se encontra entre diversas

correntes ideológicas que em alguns momentos se confundem, impedindo que

o professor desprovido de uma visão pessoal e ideológica de coerência às

suas ações.

Talvez pudéssemos afirmar que o próprio processo histórico

que envolve a Educação Física seria o maior motivo pelo qual o professor

deixa de utilizar todos os meios educacionais possíveis para ministrar suas

aulas.

Quanto a sua formação acadêmica, a postura profissional do

professor de Educação Física deveria ser embasada por um currículo que o

resguardasse e estabelecesse formas coerentes de atuação como educador.

Para Castro (1988, p.34): “O marco conceitual de um currículo de Educação

Física deve responder, inevitavelmente, a que tipo de profissional se pretende

formar, que enfoque educacional traço pedagógico se pretende que ele

desenvolva ao sair da escola e em qual sociedade este profissional vai atuar”.

Infelizmente, esta não é a realidade que observamos nas

faculdades de formação de professores de Educação Física, onde os

conteúdos nem sempre condizem com as aspirações da escola, do próprio

acadêmico e muito menos é compatível com a realidade em que este irá

atuar.

Segundo Pereira (1988, p.150), a questão que envolve a

formação de professores de Educação Física, está diretamente voltada a

situação das instituições de nível superior: “A nível universitário, nas

faculdades de Educação Física, como reflexo da política vigente, ainda se

fazem sentir casos de autoritarismo, de mandonismo, os apadrinhamentos, a

alienação e não competência. E também se observa que até bem pouco

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tempo, o ensino nas ESEF se voltava grandemente para a formação do

treinador, e não para o educador, para o biológico em detrimento do social”.

Além dessa situação contraditória, uma outra questão implica

diretamente na conduta profissional do professor de Educação Física, como

foi dito com extrema coerência por Pereira (1988, p.153): “(...) os

educadores diplomados em escolas de nível superior, disputam o mercado de

trabalho com leigos, ‘interessados’ ou atletas, principalmente em instituições

educacionais particulares ou clubes sociais”.

Somada a esta questão, existe a visão deturpada da prática de atividades

físicas, que tornou tais atividades como meios altamente explorados pela mídia,

privilegiando a manipulação da Educação Física como um meio de consumo, fazendo

do professor de Educação Física uma “marionete” sem conceitos ou posturas pessoais

assumidas, o que demonstra sua falta de uma ideologia educacional e pedagógica.Para

Thomaz (1981, p. 2), esta questão é observada da seguinte forma: “Percebe-se

também que as pessoas são elitistas e exigentes em se tratando de atividades

físicas. Acreditam em que a ginástica consiste em movimentos sofisticados,

perfeitos e sincronizados. Para eles o esporte é sinônimo de competição, ligado

a medição de forças e performances. Essa imagem elitista criada em torno da

prática de atividades físicas , gera uma total dependência, falta de criatividade e

de iniciativa dos seres humanos”.

Esta visão deturpada é compartilhada também pelos professores

de Educação Física, que para agradar ao senso comum e atender a demanda

consumista, abandonando suas metas educacionais, que condizem com o

grupo social em que trabalha, utilizando formas nem sempre recomendáveis

de atuar profissionalmente.

As aulas de educação Física Escolar, desde o 1º seguimento do

1º grau, assumem uma nuança de adestramento, mecanização de movimentos

e aprimoramento dos gestos, o que afasta o aluno da possibilidade de obter

prazer na participação em atividade, e até mesmo de explorar o mínimo que

seja sua capacidade criativa.

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Para Lima (1975, p.12), o ensino da Educação Física precisa ser

reavaliado com o intuito de reverter o quadro desfavorável que se apresenta:

“A idéia de que os alunos compõem uma platéia cativa e receptível é

inaceitável. Com todas as potencialidades que florescem espontaneamente

nas crianças, os professores de Educação Física procuram freiá-las para dar

lugar ao automatismo dos movimentos, através da repetição sistemática.

Claro que é muito difícil programar crianças sedentas de criatividade. Então

vem o fracasso do ensino da Educação Física, que é justificado sobre as

vítimas, os alunos indisciplinados e irresponsáveis, que não podem se quer

argumentar os seus motivos ou rebelar-se contra o péssimo desempenho

docente. Sempre os alunos são os culpados, nunca o professor”.

Reafirmando esta questão, Marinho (1983, p.106) observa que:

“A Educação Física, enquanto educação, não deve reproduzir modelos da

superestrutura. A Educação Física Escolar tem sido a maior vítima dessa

reprodução: uma neurótica luta contra segundos e a favor dos centímetros.

Tudo dentro de uma apurada técnica, com muita disciplina e na mais perfeita

ordem. O rendimento físico e atlético é, sem dúvida, uma preocupação da

Educação Física. Mas não aquele desempenho apoiado num referencial externo,

induzindo todos a chegar ao mesmo lugar, ao mesmo tempo, seguindo o mesmo

caminho. Este é o rendimento máximo, baseado em tabelas e parâmetros que

não respeitam individualidade, retificando o aluno”.

Surge contudo, uma importante questão a ser respondida: como

reverter esta realidade e apresentar formas alternativas para a mudança?

Talvez a resposta esteja na forma pela qual o professor de Educação Física

administre suas aulas e as metas educacionais que pretende atingir,

embasado é claro em um currículo pedagogicamente estabelecido.

A forma como é vista a prática esportiva nas aulas de Educação

Física, por exemplo, seria uma das situações determinantes deste processo a

serem analisadas. Não é novidade para ninguém a supremacia e hegemonia

das atividades esportivas nos diferentes segmentos escolares, fazendo de

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seus conteúdos, elementos essenciais e insubstituíveis em qualquer currículo

da Educação Física Escolar.

Sabemos que o esporte trabalhado, nada mais é que o esporte

competição, imbuído de disseminar a individualidade, a seletividade e a

busca de uma auto-superação incondicional, que afasta esta prática de

valores educacionais condizentes com uma realidade social voltada para a

melhoria da qualidade de vida. Para Bracht (1992, p. 82), a problemática que

envolve a utilização do esporte nas escolas, deve ser encarada de forma

séria e comprometida: “(...) O movimento estereotipado, o gesto típico, a

precisão biomecânica dos exercícios graças aos quais se obtiveram recordes

tão surpreendentes, harmonizam-se dificilmente com a riqueza do movimento

humano, com a expressividade pessoal do gesto e com a rica dimensão do

comportamento do exercício físico. Para este autor, o excesso de técnica ou

o condicionamento da técnica numa atividade cujo maior valor reside na

espontaneidade lúdica, no poder da expressividade da criatividade, da

afirmação da pessoa e do grupo, pode anulá-la”.

Esta afirmação é exaltada no Coletivo de Autores (1992, p. 71),

da seguinte forma: “Os pressupostos para o aprendizado do esporte, tais como

o domínio dos elementos técnico-táticos e as pré-condições fisiológicas para a

sua prática, demonstram claramente que a finalidade a ele atribuída é somente a

vitória na competição, colocando-o como fim em si, mesmo”.

Torna-se importante ressaltar que a crítica que procuramos

tecer neste estudo, não está direcionada a oposição total a prática de

atividades esportivas nas aulas de Educação Física, contudo ao observarmos

as diretrizes contidas na prática esportiva escolar, consideramos que esta não

vem a contribuir educacionalmente para aquisição de conteúdos pedagógicos

que facilmente são atingíveis em atividades menos complexas em sua

organização e desenvolvimento. Atividades ricas em criatividade e que

encontram-se presentes no cotidiano da criança, em momentos de lazer, nas

ruas, condomínios e outras localidades no seu cotidiano.

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A estas atividades que denominamos Jogos e Brincadeiras

Infantis, podemos ressaltar que de uma forma interessante, concorrem com as

aulas de Educação Física em outros horários predispostos para as crianças,

como no recreio, instantes de lazer e muitas vezes se destacam graças a

quase completa simpatia das crianças que participam de forma interessada,

prazerosa e voluntária.

Os piques, as brincadeiras de roda, os brinquedos cantados, bem

como outras atividades como empinar papagaio, jogar bola de gude, peteca,

pular corda, pular elásticos, etc., continuam sendo atividades altamente

presentes no dia à dia das crianças, conquistando sem dúvida maior aceitação

que muitas atividades apresentadas nas aulas de Educação Física.

Interessante afirmar que, alguns professores de Educação

Física, conscientes do caráter lúdico de tais atividades, utilizam como

atividades de animação em festas, shoppings e eventos comunitários com

total êxito e de forma bastante gratificante.

Não podemos, é claro, deixar de lado que a própria

modernização causada pelo desenvolvimento e progresso tecnológico fez

com que muitas destas atividades se perdessem com o passar dos anos, como

visto por Faria Júnior (1996, p. 14-15) com bastante realismo e clareza: “No

Brasil, nos grandes centros, os hábitos de jogos populares infantis e

brinquedos cantados foram sendo perdidos (ou transformados), nos últimos

sessenta anos, possivelmente como conseqüência dos processos de

urbanização e de industrialização, da ação da mídia em geral e da televisão

em especial, dos brinquedos eletrônicos e mais recentemente, da informática

com a introdução dos vídeos games”.

Surge portanto uma questão interessante: Se tais atividades

possuem um valor didático-pedagógico comprovado, contam com a simpatia

e interesse das crianças e muitas vezes são utilizadas de forma não formal

por professores de Educação Física em situações alternativas, porque as

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mesmas não estão sendo utilizadas de forma efetiva nas aulas de Educação

Física?

A resposta desta questão é sem dúvida o maior objetivo deste estudo,

porém mesmo antes de qualquer pesquisa, algumas questões que podem trazer algumas

respostas para esta incógnita são apresentadas por alguns autores. Faria Júnior (1996,

p.17) por exemplo, situa a devolução dos jogos e brincadeiras infantis a realidade

escolar da seguinte forma: “(...) Primeiro será necessário convencer os educadores da

seriedade do jogo como atividade na escola. Depois, convencer do caráter inovador da

reinserção de um elemento educacional que muitos consideram ligados ao passado e de

certa forma ultrapassados pela história. Finalmente caberá equacionar a distribuição do

tempo do jogo pelo tempo de permanência do aluno na escola. Outra dificuldade se

encontra no seio da própria Educação Física, onde setores conservadores

comprometidos com os modelos desportivos dominantes, os impõem como as únicas

formas de cultura valorizados. Assim, tornar-se-á necessário reorganizar o próprio

ensino da Educação Física de modo a poder reinserir os jogos populares no programa”.

A participação do professor de Educação Física em um possível

processo de reinserção dos jogos e brincadeiras infantis no cotidiano escolar,

(especificamente durante as aulas de Educação Física), consta de uma

avaliação prévia das concepções que esses educadores tem sobre tais

atividades, bem como o embasamento necessário para utilização das mesmas.

Segundo Soares (1992, p.66), a participação do professor de

Educação Física no processo de exploração dos jogos e suas peculiaridades é

observado da seguinte forma: “O jogo satisfaz necessidades das crianças,

especialmente a necessidade de ‘ação’. Para entender o avanço da criança em

seu desenvolvimento, o professor deve conhecer quais as motivações,

tendências e incentivos que a colocam em ação”.

Para Soares (1992, p. 67), podemos observar que além de

palpável, um programa composto por Jogos e Brincadeiras Infantis, pode

conduzir o aluno a compreender e adquirir conhecimentos de forma

naturalmente espontânea: “Num programa de jogos para diversas séries, é

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importante que os conteúdos dos mesmos sejam selecionados, considerando a

memória lúdica da comunidade em que o aluno vive e oferecendo ainda o

conhecimento dos jogos das diversas regiões brasileiras e outros países”.

Contudo, mesmo conscientes dos valores educacionais contidos

nos Jogos e Brincadeiras Infantis, torna-se necessário buscar os motivos

pelos quais os professores de Educação Física fazem ou não uso destas

atividades. Devemos constatar com ênfase no que ocorre no cotidiano

escolar, as concepções e opiniões de professores e alunos sobre o que é

trabalhado nas aulas de Educação Física e sobre a aprovação ou não destes

conteúdos.

A pesquisa que processaremos, procura acima de tudo, verificar

junto ao professor de Educação Física Escolar, de que forma os Jogos e

Brincadeiras Infantis poderão contribuir de forma positiva para o

enriquecimento das possibilidades educacionais relativas a Educação Física

Escolar.

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III - CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS

Como base metodológica deste estudo, escolhemos a abordagem

empírico-analítica (Gamboa, 1989) como elemento norteador, e como estratégia o

estudo de caso. Procuramos utilizar um instrumento que ao mesmo tempo agiliza-se o

andamento da pesquisa e contribuísse com o maior número de informações possível

sobre a realidade abordada.

Através destes pareceres procuraremos encontrar subsídios para alcançar

a conclusão de nosso estudo. As informações necessárias serão recolhidas através de um

questionário que procurará ser o mais fidedigno possível com os objetivos traçados pelo

estudo.

3.1 - TESTAGEM DO ESTUDO

O questionário montado para obter os dados do estudo, foi submetido à

testagem para verificar sua fidedignidade e validade de conteúdo.

Devido às falhas ocorridas na organização das questões do primeiro

questionário, ocorreram inconsistências em cerca de 60% das respostas, o que tornou

esse instrumento, insatisfatório para a obtenção das informações necessárias a conclusão

do estudo, sendo portanto, considerado pouco fidedigno.

Um outro problema encontrado, foi que alguns dos entrevistados

apresentaram dificuldade em compreender as diretrizes de algumas questões, o que

gerou respostas desconexas e até mesmo abstenções nas mesmas, demonstrando,

também, pouca validade quanto ao conteúdo.

Com as informações obtidas na testagem, elaborou-se novo instrumento

a ser novamente submetido á testagem, com novo grupamento de professores, que

apresentassem similitude com a população alvo do estudo. Essa nova testagem

demonstrou que as modificações realizadas no questionário facilitaram a compreensão

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dos objetivos de cada questão, bem como tornaram o questionário e suas questões

altamente fidedignas ao estudo.

Torna-se importante salientar que o primeiro questionário foi distribuído a

quinze (15) pessoas, dos quais apenas dez (10) pessoas devolveram o instrumento

respondido. Já o segundo questionário, teve o mesmo número de sujeitos, sendo que,

doze (12) pessoas o responderam, não apresentando qualquer dificuldade ou dúvida para

respondê-lo.

Partindo do pressuposto que o instrumento apresentou plenas condições

para ser utilizado, aplicamos o mesmo na população alvo com intuito de colher as

informações necessárias para embasar a discussão que norteia o tema abordado.

3.2 - COLETA DE DADOS

Neste item apresentaremos os dados referentes ao questionário aplicado

sobre a população alvo, procurando não tecer qualquer comentário sobre as informações

recolhidas.

A análise dos dados e reflexões sobre os mesmos ocorrerá

posteriormente: a partir da apresentação que agora realizaremos, tal análise procurará

ser o mais fidedigna e objetiva possível para o fechamento do estudo.

3.2.1 - APRESENTAÇÃO DOS DADOS.

a) . NÚMERO DE QUESTIONÁRIOS APLICADOS: 20 (VINTE)

b) . NÚMERO DE QUESTIONÁRIOS RECEBIDOS: 18 (DEZOITO)

c) . NÍVEL DE GRADUAÇÃO DOS ENTREVISTADOS:

- Graduação em Educação Física: 12 entrevistados.

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- Especialização em Educação Física: 1 entrevistado.

- Outros (Curso Técnico-Licenciatura Curta-Adicional): 5 entrevistados.

d) . LOCALIDADE ANALISADA: MUNICÍPIO DE SÃO GONÇALO,

ESTADO DO RIO DE JANEIRO.

e) . SEXO DOS ENTREVISTADOS:

- Masculino: 9 entrevistados.

- Feminino: 9 entrevistados.

f) . ESCOLA EM QUE LECIONA:

- Particular: 15 professores.

- Pública: 2 professores.

- Ambas: 1 professor.

g) . QUANTO AO SEGMENTO ABORDADO (1º SEGMENTO DO 1º

GRAU), NÚMERO DE PROFESSORES E SÉRIES EM QUE

MINISTRAM AS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA:

NÍVEIS Pré-escola a 4ª série do 1º grau

1ª a 4ª Séries do 1º grau

Pré-escola a 1ª Série do 1º grau

Alfabetização e 1ª Série do 1º grau

Apenas com a 4ª Série do 1º Grau

NÚMEROS 8 Professores 2 Professores 1 Professor 1 Professor 2 Professores

OBS.: Os níveis não citados entre outras séries do segmento abordado não foram enquadrados por nenhum professor entrevistado.

h) . QUANTO AOS OBJETIVOS PUBLICADOS NAS AULAS DE

EDUCAÇÃO FÍSICA, AS OPÇÕES DOS ENTREVISTADOS FORAM:

OBJETIVOS 1ª PRIORIDADE 2ª PRIORIDADE 3ª PRIORIDADE 4ª PRIORIDADE1 Desenvolvimento

Motor. 11 6 _____________ 1

2 Preparação Desportiva. 1 2 1 1 3 Comportamento

Social. 3 1 7 3

4 Domínio Afetivo. 1 3 4 4 5 Melhoria da Saúde. 1 3 1 4 6 Desenvolvimento

Cognitivo. 1 3 5 5

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OBS.: Por considerarmos não acrescentar informações de maior importância ao estudo, desconsideramos encaixar a 5ª e a 6ª prioridades na quadro acima.

i) . QUANTO AOS CONTEÚDOS RELACIONADOS AS AULAS DE

EDUCAÇÃO FÍSICA, OS TEMAS ABAIXO CITADOS FORAM

ENQUADRADOS NA SEGUINTE ORDEM DE PRIORIDADE:

CONTEÚDOS 1ª PRIORIDADE

2ª PRIORIDADE

3ª PRIORIDADE

4ª PRIORIDADE

5ª PRIORIDADE

6ª PRIORIDADE

Jogos Pré-desportivos

4 4 4 3 1 2

Educativos Técnicos

1 ________ 3 3 4 ________

Jogos e Brincadeiras

Infantis

1 1 1 1 1 4

Contestes e Estafetas

5 7 ________ 4 2 1

Brinquedos Cantados

________ 2 8 4 2 ________

Piques Variados

7 4 2 2 2 ________

Atividades Folclóricas

________ ________ ________ 1 3 4

OBS1.: Os questionários possuíam sete (7) prioridades porém preferimos utilizar no quadro acima apenas seis (6) por considerarmos este número relevante para a análise do conteúdo.

OBS2.: Dos questionários entregues, quatro (4) foram preenchidos, apenas cinco (5) prioridades pelos professores entrevistados e em mais três (3) questionários foram escolhidas apenas quatro prioridades pelos professores entrevistados.

OBS3.: As questões quatro (4) e cinco (5) do questionário referentes a razão da escolha de cada prioridade e sobre o momento em que cada atividade é priorizada no decorrer da aula sucessivamente, serão abordadas em um segundo momento na análise dos resultados.

j) . QUANTO A QUESTÃO RELATIVA A CONTRIBUIÇÃO DOS

CONTEÚDOS: BRINQUEDOS CANTADOS (1), JOGOS E BRINCADEIRAS

INFANTIS (2), ATIVIDADES FOLCLÓRICAS (3), PARA AS AULAS DE

EDUCAÇÃO FÍSICA, FORAM ASSIM DISTRIBUÍDAS AS OPINIÕES DOS

PROFESSORES ENTREVISTADOS:

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CONTRIBUIÇÃO N.º 1 Nº2 Nº3

Recreativa 16 12 5

Lazer 10 10 9

Cultural 4 8 15

Educacional 9 4 11

Psicomotora 10 15 6

Folclórica 5 7 14

Outros. (* com comentários dos entrevistados)

1 Descontração _________________ 1 Social

OBS.: 18 questionários avaliados.

k) . QUANTO AO GRAU DE IMPORTÂNCIA DE CADA ATIVIDADE DAS

TRÊS ABORDADAS NA QUESTÃO ANTERIOR PARA O UNIVERSO

PROFISSIONAL DOS ENTREVISTADOS FORAM ASSIM DISTRIBUÍDAS

AS OPINIÕES:

ATIVIDADES INDISPENSÁVEL MUITO

IMPORTANTE

IMPORTANTE POUCO

IMPORTANTE

Brinquedos Cantados

7 9 4 _____________

Jogos e Brincadeiras Infantis

6 7 3 2

Atividades Folclóricas

3 6 7 2

OBS.: No conteúdo brinquedos cantados alguns professores entrevistados marcaram como indispensável,

muito importante e importante, extrapolando com isso a contagem dos questionários aplicados.

Em relação a questão número oito (8) do questionário, também iremos nos ater a

abordá-la no próximo momento que denominamos “Análise dos Dados”.

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3.2.2 - ANÁLISE DE DADOS

Neste trabalho procuraremos tecer as considerações inerentes aos dados

recolhidos, bem como salientar as questões relevantes ao tema do estudo e suas devidas

implicações.

3.2.2.1 - Observações preliminares

Torna-se importante também salientar que o objetivo do estudo diz

respeito a utilização ou não dos jogos e brincadeiras infantis no dia-a-dia das aulas de

educação física do 1º segmento de nossas escolas, sem nos atermos em um primeiro

momento a formas curriculares inerentes a cada estabelecimento de ensino.

O estudo pressupõe que tais conteúdos (jogos e brincadeiras infantis)

podem ser utilizados nas aulas de educação física, mas tem como objetivo maior

constatar se realmente existem aulas ou momentos nas aulas de educação física

referenciadas, em que estas atividades são utilizadas pelos professores entrevistados.

Em primeiro lugar torna-se necessário citar que todos os dados

recolhidos neste estudo foram coletados com professores de educação física do

município de São Gonçalo, que lecionam em escolas particulares (em sua maioria), em

escolas públicas e em ambas.

Quanto ao nível de graduação dos entrevistados: 12 (doze) são

graduados em nível superior ou estão concluindo seus estudos universitários. 1 (um)

entrevistado possui a especialização em educação física escolar na Universidade Federal

Fluminense e outros 5 (cinco) possuem a licenciatura curta, porque tem apenas a

conclusão de um curso técnico em educação física escolar.

Foram distribuídos 20 (vinte) questionários para 10 (dez) professores do

sexo masculino e 10 (dez) do sexo feminino, sendo devolvidos para computação dos

dados, 9 (nove) masculinos e 9 (nove) femininos, num total de 18 (dezoito), o que de

certa forma manteve o equilíbrio das respostas entre profissionais dos dois sexos.

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A grande maioria dos entrevistados leciona em escolas particulares (um

total de 15 professores) o que ao nosso ver não influi diretamente sobre a objetividade

do estudo, por considerarmos que as aulas de educação física tem maior incidência no

1º segmento das escolas particulares que nas públicas.

Outra questão importante a ser ressaltada, está no fato de haver uma

considerável variação entre os conteúdos específicos ministrados nas turmas que cada

professor entrevistado leciona em suas escolas, concorrendo para uma determinada

divergência de conteúdos, que de qualquer forma não interfere diretamente sobre as

respostas coletadas.

Isto ocorre devido a abordagem central que é a “utilização dos jogos e

brincadeiras infantis no 1º grau”, que não caracteriza tais atividades como específicas de

uma ou duas série deste segmento, porém tais atividades possuem tal variedade e

abrangência que podem estar presentes em qualquer série do segmento abordado com

maior ou menor freqüência.

3.2.2.2 - Opções de objetivos dos professores de educação física

entrevistados.

a) Conforme exposto no item 1.8 do item Coleta de Dados os objetivos para o 1º

segmento do 1º grau indicados aos professores de educação física

entrevistados foram: desenvolvimento motor, preparação desportiva,

comportamento social, domínio afetivo, melhoria da saúde e desenvolvimento

cognitivo.

Segundo o mesmo quadro (1.8), a prioridade indicada pelos professores

quanto à classificação dos objetivos, foi a seguinte:

• Desenvolvimento motor: foi o objetivo que recebeu o maior número de votos com 1ª

prioridade nas aulas de educação física para o 1º segmento do 1º grau. Um total de 11

professores que consideraram este objetivo como o mais importante nas aulas de

educação física deste segmento.

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Outros 6 (seis) professores escolheram este objetivo como 2ª prioridade e

1 (um) professor o escolheu como prioridade número 4 (quatro) não havendo nenhum

voto para 3ª prioridade.

Podemos salientar que através deste resultado o objetivo das aulas de

educação física para o segmento abordado é o desenvolvimento motor das crianças a

que possibilidades de levantarmos a questão a ser respondida posteriormente, sobre que

conteúdos atingiram com eficiência este objetivo.

• Preparação desportiva: apesar de algumas contradições encontradas nos

questionários, este objetivo foi menos votado pelos professores entrevistado, sendo

votado como 1ª prioridade por apenas 1 (um) entrevistado, como 2ª prioridade por 2

(dois) entrevistados, como 3ª prioridade por 1 (um) e como 4ª prioridade por mais 1

(um) entrevistado.

Isto de certa forma evidencia a falta de coerência por parte de alguns

professores que como veremos em um segundo momento na análise dos dados

referentes aos conteúdos mais freqüentes nas aulas do 1º segmento do 1º grau,

salientaram os jogos pré-desportivos como atividades de maior freqüência nas aulas de

educação física, porém deixaremos esta discussão para um momento mais oportuno.

• Comportamento social: um dos objetivos mais votados pelos professores

entrevistados, este objetivo foi considerado por 3 (três) professores como 1ª

prioridade, fazendo do comportamento social a segunda preocupação dos professores

entrevistados nas aulas de educação física de alfabetização à quarta série do 1ª grau,

perdendo apenas para o desenvolvimento motor que já foi comentado anteriormente.

Além dos 3 (três) professores que consideraram este objetivo como 1ª prioridade,

mais 1 (um) o considerou como 2ª prioridade de 7 (sete) professores o consideraram

como a terceira prioridade como objetivo e mais 3 (três) como 4ª prioridade.

A questão que podemos salientar neste ponto é de que forma as atividades

ministradas para o segmento proposto podem facilitar o atendimento deste objetivo e

para tanto que postura o professor adquire para facilitar este processo. Mais uma vez a

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questão é fazer do aluno um ser limitado em suas ações e submisso as normas

extrínsecas a sua vontade.

• Domínio afetivo: quarto objetivo priorizado pelos professor entrevistado, só foi

votado por 1 (um) professor com 1ª prioridade, por 3 (três) como 2ª prioridade,

porém foi votado como 3ª e 4ª prioridade por 4 (quatro) professores cada,

respectivamente.

Assim como no objetivo anteriormente citado, a questão do controle das

ações, vontades e até mesmo sentimentos. É uma preocupação constante dos professores

de educação física nas escolas.

• Melhoria da saúde: pela ordem de votos, este objetivo ficou em 5ª lugar (penúltimo)

para os professores entrevistados, mais mesmo assim teve significativa votação,

tendo 1 (um) professor escolhido este objetivo como 1ª prioridade, 3 (três) como 2 ª

prioridade, 1 (um) com 3ª prioridade e mais 4 (quatro) com 4ª prioridade, o que

revela a preocupação com a melhoria da saúde através das aulas de educação física,

continua sendo um objetivo de considerável relevância nas aulas de educação física

escolares.

• Desenvolvimento cognitivo: enquadrado como 3º objetivo na preferência dos

professores entrevistados, este objetivo foi considerado como prioridade 1 (um) para

1 (um) professor, como 2ª prioridade por 3 (três) professores, como 3ª prioridade por

5 (cinco) entrevistados e como 4ª prioridade por mais 5 (cinco) professores o que

evidencia que o domínio cognitivo ainda possui papel relevante como objetivo

educacional das aulas de educação física, que é claro pode ser bastante satisfatório s

este objetivo pode ser atingido com eficácia através das atividade propostas para o

segmento abordado.

b) Quanto a prioridade de conteúdos escolhidos pelos professores entrevistados,

podemos observar que alguns conteúdos obtiveram plena supremacia sobre

outros relacionados. Vejamos, então, como ficou distribuída a escolha dos

conteúdos quanto a preferência dos entrevistados:

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- Como atividade que conseguiu ser escolhido como conteúdo de 1ª prioridade para as

aulas no 1º segmento do 1º grau dos professores entrevistados, os piques variados

conseguiram um total de 7 (sete) votos, ficando 2 (dois) votos à frente do segundo

conteúdo mais votado, os contestes e estafetas e 1 (um) voto à frente do terceiro

mais votado, os jogos pré-desportivos, ficando os jogos e brincadeiras infantis e

os educativos técnicos com apenas 1 (um) voto como prioridade primeira para o

segmento abordado e os brinquedos cantados e atividades folclóricas sem

nenhum voto nesta colocação.

Com esta distribuição de conteúdos se evidencia que a questão levantada

anteriormente sobre os objetivos das aulas de Educação Física para o segmento

abordado realmente são vistos de forma coerente pelos professores entrevistados, que

salientam o desenvolvimento motor como principal objetivo de suas aulas e primaram

por conteúdos significativamente voltados para o “desenvolvimento motor” de seus

alunos.

A nível de mais escolhidas como 2ª prioridade como conteúdo para as

aulas de Educação Física do 1º segmento do 1º grau, os contestes e estafetas obtiveram

um total de 7 (sete) votos, deixando os jogos pré-desportivos e os piques variados em

segundo lugar como os mais votados com 4 (quatro) votos, os brinquedos cantados,

que não obtiveram nenhum voto como 1ª prioridade em terceiro lugar com 2 (dois) e

surpreendentemente em 4º lugar os jogos e brincadeiras infantis recebendo um voto e

ficando a frente dos educativos técnicos e das atividades folclóricas sem nenhum voto.

Por incrível que possa parecer, depois da supremacia de atividades

voltadas quase que essencialmente para o desenvolvimento motor, surge como 1º

colocado como 3ª prioridade os brinquedos cantados com 8 (oito) votos, deixando os

jogos pré-desportivos em segundo lugar com 4 (quatro) votos e seqüencialmente os

educativos técnicos em terceiro lugar 3 (três) votos, os piques variados e quarto lugar

com 2 (dois) votos e novamente os jogos e brincadeiras infantis com 1 (um) voto na

quinta colocação. Os contestes e estafetas não receberam voto, bem como as atividades

folclóricas mais uma vez desprezadas pelos professores entrevistados.

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- Como 4ª prioridade, um empate entre os contestes e estafetas e os brinquedos

cantados na primeira colocação com 4 (quatro) votos cada, seguidos por mais um

empate na Segunda colocação desta prioridade entre jogos pré desportivos e

educativos técnicos com 3 (três) votos cada, os piques variados em 3º lugar com 2

(dois) votos e em 4º lugar com 1 (um) voto os jogos e brincadeiras infantis e

finalmente lembradas as atividades folclóricas.

- Como 5ª prioridade, os educativos técnicos obtiveram 4 (quatro) votos

assumindo a 1ª colocação nesta prioridade e deixando empatados com 2 (dois) cada os

contestes e estafetas, os brinquedos cantados e os piques variados em terceiro lugar,

atrás do surpreendente segundo lugar das atividades folclóricas, que pela primeira vez

assumem uma colocação relativa a 3 (três) votos. Para não perder o hábito, os jogos e

brincadeiras infantis recebem um único voto, assumindo a última posição nesta

prioridade.

- Finalizando a análise relativa aos conteúdos, resolvemos conclui-la na

6ª prioridade, observando algo que podemos considerar como irônico, pois, assumem a

primeira colocação as duas atividades menos votadas em toda esta área da pesquisa: os

jogos e brincadeiras infantis e as atividades folclóricas, ambas com 4 (quatro) cada,

deixando os jogos pré-desportivos em segundo lugar com 2 (dois) votos e os contestes

e estafetas em terceiro lugar com 1 (um) cada. Os educativos técnicos, os brinquedos

cantados e os piques variados não foram votados nesta prioridade.

Torna-se importante salientar que esta análise demonstra a fidedignidade

dos professores entrevistados em relação a sua prioridade de conteúdos em detrimento

dos objetivos escolhidos na questão analisada anteriormente.

Realmente os conteúdos mais votados em quase todas as prioridades

primam pelo desenvolvimento motor, ficando os conteúdos, como jogos pré-

desportivos, os contestes e estafetas e os piques variados, atividades essencialmente

motoras com 12 (doze) ou mais votos apenas entre as três primeiras prioridades e os

demais conteúdos com pontuações mais altas a partir da 4ª prioridade, com exceção dos

brinquedos cantados que atingiram maior votação a partir da 3ª prioridade.

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c) Vejamos agora como estes dados ficam distribuídos na análise,

especificamente: os brinquedos cantados (1), as atividades folclóricas (3) e os

jogos e brincadeiras infantis (2) para as aulas de educação física.

Brinquedos cantados:

- Considerados pelos professores entrevistados como conteúdo

essencialmente recreativo (16 votos), contribuindo para as aulas de Educação Física

escolares em um segundo momento como lazer e desenvolvimento psicomotor (10

votos cada), e educacional em um terceiro momento. Este conteúdo recebeu votos como

contribuidor no sentido folclórico (5 votos) e cultural (4 votos) o que nos leva a buscar

o porque de brinquedos cantados, elementos historicamente vinculados ao folclore e a

cultura de nosso país, bem como de países que de alguma forma concorreram para o

enriquecimento de nossa cultura foram tão pouco votados para estes contribuições.

Talvez uma questão sobre o aprofundamento teórico e didático seria interessante a ser

levantada, mas este não seria ainda o momento para entrar nestas particularidades.

Importante também, ressaltar a posição de entrevistado que enquadrou

este conteúdo como contribuição para a descontração dos alunos.

Jogos e brincadeiras infantis:

- O conteúdo escolhido como tema de nosso estudo recebeu 15 votos

como contribuição para o desenvolvimento psicomotor, mostrando que tais atividades

são vistas, mesmo de maneira informal como importantes conteúdos para a formação

psicomotora de nossos alunos. Também foram bem votadas as contribuições recreativa

(12 votos) e lazer (10 votos), caracterizando um alto grau de informalidade no trato com

estes conteúdos, vistos pelos professores entrevistados como alternativas de

descontração acima de conteúdo cultural (8 votos), folclórica (7 votos), e

principalmente educacional (apenas 4 votos).

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Atividades folclóricas:

- Este conteúdo recebe a devida valorização neste momento como

contribuição cultural para as aulas de Educação Física do 1º segmento do 1º grau com

15 votos e é claro sendo muito bem votada em sua própria especificação (folclórica)

com 14 votos. Subseqüentemente as atividades folclóricas recebem 11 votos como

contribuidora para a formação psicomotora dos alunos e 5 votos como contribuição

recreativa, recebendo ainda 1 voto como contribuidora de cunho social para as aulas de

Educação Física escolares.

Seria também, importante ressaltar que esses três conteúdos foram

destacados dos demais com intuito de analisar a aceitação dos mesmos em relação a seu

valor cultural e educacional nas aulas de Educação Física, bem como as demais

contribuições, pois, podemos afirmar que através do que foi observado no decorrer da

pesquisa, estes conteúdos não possuem em relação aos demais propostos, a mesma

significância e ênfase nas aulas de Educação Física, o que através de uma abordagem

mais aprofundada poderia ser revisto.

d) Análise dos três conteúdos acima abordados frente ao universo profissional

dos professores de Educação Física entrevistados.

Neste momento, podemos dizer que algumas contradições vieram a tona

e mostraram que falta, talvez uma disposição prática mais condizente com o discurso de

muitos profissionais de Educação Física. A questão não está diretamente voltada a

postura ideológica dos professores de Educação Física em geral, mas sim a falta de

embasamento teórico relativo a conteúdos de fundamental importância para nossos

alunos, que muitos de nossos professores assim os consideram, porém desconhecem-nos

aprofundadamente para deles fazer o devido uso em seu dia-a-dia no cotidiano escolar.

Ao observarmos os conteúdos abaixo relacionados podemos verificar que

existe o reconhecimento de sua importância, porém como visto anteriormente, diversos

fatores entre os históricos, acadêmicos e até mesmo ideológicos concorrem para seu

quase total abandono.

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- Brinquedos cantados: visto como muito importante por 9 (nove)

professores entrevistados e como indispensável para mais 7 (sete) votantes, observamos

que mesmo assim este conteúdo não é muito priorizado nas aulas de Educação Física

para o segmento abordado, acontecendo nesta questão até mesmo a votação de mais 4

(quatro) votos para importante, o que significa 2 (dois) votos a mais do que o número de

professores entrevistados (18 entrevistados no total). Isto pode significar que dois destes

professores consideram que o conteúdo brinquedos cantados merece mais que uma

significação em seu universo profissional.

- Jogos e brincadeiras infantis: o tema de nosso estudo recebeu 7 (sete)

votos para conteúdo muito importante no universo de nossos professores e 6 (seis) votos

como indispensável, o que mostra um total de 13 (treze) votos entre muito importante e

indispensável para um conteúdo que não atingiu nenhuma significância como prioridade

nas aulas de Educação Física. Três entrevistados consideraram os Jogos e brincadeiras

infantis como conteúdos importantes para seu universo profissional, ficando apenas dois

entrevistados com a postura mais condizente com os dados levantados e analisados

anteriormente de classificar este conteúdo como pouco importante em seu universo

profissional.

- Atividades folclóricas: consideradas como importantes para 7 (sete)

professores entrevistados e muito importante para mais 6 (seis) professores, as

atividades folclóricas foram consideradas como indispensáveis para mais três

professores entrevistados e de pouca importância para o universo profissional de mais

dois professores entrevistados.

Estes dados demonstram que a visão de muitos professores sobre os

conteúdos relativos às aulas de Educação Física concorre para desvio de algumas

atividades pelo simples desconhecimento das funções das mesmas no caso da utilização

de algumas atividades. Simplesmente em momentos esporádicos ou mesmo estanques

das aulas.

Entendemos que mediante a faixa etária trabalhada, modifica-se os

objetivos e conseqüentemente as prioridades, porém, consideramos inconcebível a

simples não utilização de qualquer conteúdo que venha a contribuir para a formação de

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nossos alunos pela falta de aprofundamento teórico do profissional com maior contato

com os conteúdos descritos neste estudo.

Portanto procuraremos neste momento nos posicionarmos criticamente

em prol do esclarecimento desta realidade contraditória que pode de alguma forma ser

fundamental para uma melhor instrumentação e fortalecimento de nossas aulas de

Educação Física para um segmento que demanda profunda atenção e comprometimento.

Assim poderemos analisar com relativo grau de realismo o cotidiano

destas aulas de Educação Física para o segmento abordado.

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IV – CONCLUSÃO

Gostaríamos, mais uma vez, de ressaltar que este estudo se propôs a

investigar a utilização dos jogos e brincadeiras infantis nas aulas de Educação Física,

identificando as razões para a não utilização destas atividades, o que procuraremos fazer

agora, bem como discutir esta questão à luz do paradigma da cultura corporal,

paradigma este que serviu de referencial de análise que escolhemos utilizar para melhor

avaliar as questões aqui apresentadas.

Não obstante a estes objetivos, sabemos que em alguns momento,

algumas questões de extrema importância aparecem e se apresentam como questões a

serem discutidas com tanta ou até mais urgência que as acima apresentadas. Porém, faz-

se necessário neste momento nos ater-mos ao tema proposto, deixando para um futuro

próximo o aprofundamento e destrinchamento de outras realidades que mostram-se

direta ou indiretamente ligadas ao estudo proposto e suas diferentes facetas.

A partir do que foi constatado podemos salientar a extrema supremacia

de conteúdos relacionados ao desenvolvimento motor, a refinação e movimentos,

automatização do gesto técnico e da melhora da performance sobre o desenvolvimento e

aquisição de potencialidades cognitivas, formação do caráter social e afetivo e da

aquisição e enriquecimento cultural e educacional.

Porém, não podemos desprezar a demonstração por parte de vários

entrevistados, do conhecimentos dos jogos e brincadeiras infantis e de sua importância

como conteúdo pedagógico, que acaba ficando suprimida pela extrema valorização dos

conteúdos desportivos e dos contestes e estafetas.

O discurso de vários professores acaba mostrando-se um pouco diferente de

sua prática, e isto fica evidente quando observarmos a discrepância nas informações

existentes nos quadros apresentados anteriormente, o que denota uma questão que a de

ser analisada.

Com certeza, os professores conhecem ou tem noção da importância dos

jogos e brincadeiras infantis em âmbito geral ou mesmo de forma restrita, assim como

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dos brinquedos cantados e das atividades folclóricas, porém este conhecimento acaba se

perdendo nas diferentes demandas que surgem em seu cotidiano.

Conteúdos anteriormente comentados, como o esporte por exemplo,

surgem desta demanda cuja competitividade presente no meio social torna-se quase um

senso comum, propulsionando este conteúdo como elemento muitas vezes insubstituível

na prática profissional dos professores de Educação Física.

Lima (1975. P.19), utilizando uma citação de Mc Luhen, observa esta

questão da seguinte forma: “A competição (resultante da especialização e da

estandardização) tornou-se a motivação da educação, tanto das massas quanto da

sociedade”.

Portanto para discutirmos a influência da demanda social sobre a escolha

feita pelos professores de Educação Física, não podemos desconsiderar que a questão

atinge maiores proporções, pois, está presente como uma determinante direta vinda do

próprio meio educacional.

Contudo não podemos cruzar os braços e ver aulas de Educação Física

pobres em conteúdos de caráter pedagógico por simples comodismo ou falta de

iniciativa do professor que a administra.

O Ministério de Educação e Cultura mostrou-se preocupado com esta

realidade, e ressaltou através dos Parâmetros Curriculares Nacionais (1997, p.59) o

valor de atividades de cunho cultural no cotidiano escolar e podemos observar esta

preocupação no trecho abaixo: “Cabe a escola trabalhar com repertório cultural local,

partindo de experiências vividas, mas também garantir o acesso a experiências que não

teriam fora da escola. Essa diversidade de experiências precisa ser considerada pelo

professor quando organiza atividades, toma decisões sobre encaminhamentos

individuais e coletivos e avalia, procurando ajustar sua prática às reais necessidades de

aprendizagem dos alunos”.

Esta questão traz também a preocupação por parte do MEC sobre

elementos presentes em nossa cultura que tem origem tradicional ou vem da vivência

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cotidiana de nossas crianças (o que já foi abordado anteriormente neste estudo), por

prescindirmos a importância que nossas crianças dão a atividades presentes em seu

meio, em seus momentos de recreio ou intervalos entre aulas.

Sobre esta afirmação encontramos nos Parâmetros Curriculares

Nacionais da Educação Física (1997, p.61) uma citação apropriada: “Todas

as crianças sabem pelo menos uma brincadeira ou um jogo que envolva

movimentos. Esse repertório de manifestações culturais pode vir de fontes

como família, amigos, televisão entre outros, e é algo que pode ser

compartilhado na escola”.

Esta nova demanda que surge, cria oportunidades interessantes de

resgate destas atividades (jogos e brincadeiras infantis) que como observamos não

recebe o devido valor e muitas vezes são desconsideradas em sua utilização para o 1º

segmento do 1º grau.

Mesmo assim, encontramos profissionais da Educação Física

preocupados em salientar esta importância, como por exemplo, podemos citar a Escola

Municipal Henfil, em Recife, Pernambuco, onde os professores de Educação Física

estimulam as crianças a pesquisar atividades que podem ser por elas vivenciadas em

suas aulas.

Esta informação, recolhida da revista Nova Escola (1997, p.42), mostra

que mesmo em casos isolados existem a preocupação em resgatar os jogos e

brincadeiras infantis e dar valor aos mesmos como conteúdo para as aulas de Educação

Física, o que neste caso ocorre da seguinte forma: “As crianças pesquisam brincadeiras,

danças, jogos que os pais e avós praticavam quando eram pequenos, anotam tudo e na

aula seguinte, apresentam as descobertas para a turma. Verificam que algumas

brincadeiras desapareceram e outras permanecem. Em seguida, escolhem as que podem

por em prática”.

A partir desta experiência podemos nos questionar sobre uma realidade:

se existem elementos de nossa formação acadêmica que propiciam um acesso a este

conhecimento, sua história, origem e existência, tanto das brincadeiras quanto dos jogos

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de forma geral, este processo poderia e deveria ser valorizado pelos professores de

Educação Física um maior número de vezes e não em situações isoladas como

apresentada anteriormente.

Podemos também observar a presença constante de trabalhos

apresentados em congressos e simpósios, onde a Educação Física escolar é o contexto

abordado, evidenciando a preocupação por parte de alguns professores com as questões

por nós abordadas.

Entre alguns destes trabalhos, ressaltamos um estudo publicado na

revista Motrivivência (1993), escrito por Marisa de Oliveira Dias e Neide Gomes de

Souza, intitulado “Brincadeiras de ontem e hoje: os jogos populares no espaço e no

tempo ao redor do mundo”, resultado de um projeto realizado em Recife, onde todas as

atividades levantadas na região passaram a fazer parte de um livro adotado pelos

professores de Educação Física de várias escolas municipais, como elementos do

conteúdo de suas aulas.

Não queremos, contudo enfatizar ou estabelecer os jogos e brincadeiras

infantis como único ou maior conteúdo das aulas do 1º segmento do 1º grau, porém

gostaríamos que estas atividades fossem tratadas como qualquer outro conteúdo

relevante para as aulas de Educação Física relativas as faixas etárias compreendidas no

segmento proposto.

Sabemos que, naturalmente ocorrem transformações socioculturais

originadas do progresso tecnológico e com isso discutir a questão dos valores, torna-se

sem dúvida uma questão complicada, pois como observado por Lovisolo (1995, p. 43):

“Os valores, as crenças, e as representações mudam como qualquer outro elemento da

sociedade e da natureza”.

Este pressuposto torna importante a justificativa de escolha do

Paradigma da Cultura Corporal como prisma de abordagem de nossa proposta, pois

consideramos o currículo ampliado, proposto neste Paradigma, como referencial para a

aplicabilidade dos jogos e brincadeiras infantis no 1º segmento do 1º grau.

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Como algumas das principais qualidades dos conteúdos propostos são

trabalhar vivências que enriqueçam e dêem possibilidades de melhorias nas relações

sociais tanto em sua comunidade quanto nos demais meios em que o indivíduo está

inserido, vemos alguns fatores de plena conveniência para sua utilização como conteúdo

curricular entre elas destacam-se alguns princípios como “a relevância social do

conteúdo” e “adequação às possibilidades sócio-cognoscitivas do aluno” que como

princípios curriculares deste Paradigma, denotam conteúdos condizentes com a

realidade e as limitações de cada aluno.

Não obstante a estas questões, consideramos também importante

ressaltar outros valores privilegiados pelo Coletivo de Autores (1992) como “a

ludicidade e a criatividade” que são para o 1º segmento do 1º grau, grandes elementos

de valorização da infância e principalmente formas de respeitar as diferentes etapas do

desenvolvimento cognitivo e psicomotor de nossas crianças.

Para tanto deveríamos salientar a preocupação defendida pelos autores

(1992, p.105) de questionamentos relativos ao cotidiano escolar como por exemplo:

“Reconsideração do papel da escola enquanto “celeiro de talentos esportivos”, que tem

condicionado a avaliação a detectar talentos. Reconsiderar também o princípio do

rendimento: “mais alto”, “mais forte”, e “mais veloz”, passando-se a privilegiar os

princípios da ludicidade e da criatividade”.

Esta preocupação com a mudança das finalidades curriculares da

Educação Física, privilegiaria sua ampliação e por conseguinte a estruturação de uma

Educação Física mais consciente de sua importância pedagógica e menos preocupada

com velhos valores como a seletividade, a performance e a refinação de gestos técnicos.

Seria esta a Educação Física abordada pelo paradigma da cultura corporal

e é a partir desta visão que consideramos fundamental, conduzir nossos professores de

educação Física a descobrir ou mesmo valorizar alternativas diferenciadas que venham

a qualificar as aulas de Educação Física no âmbito escolar e sem dúvida a utilização do

lúdico presente nos jogos e brincadeiras infantis torna esse processo mais fácil de

realizar.

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Para Henriete Porciúncula Rocha (1997, p.108): “Na vida urbana atual,

a falta de espaço físico e de disponibilidade de tempo por parte dos pais,

deixa a cargo do professor a tarefa (a responsabilidade) de preencher essas

lacunas, estimulando e propiciando o lúdico”.

Este caráter lúdico dos conteúdos propostos seria mais uma determinante

importante para a valorização dos mesmos nas aulas de Educação Física, mas para que

todo este quadro de desconhecimento e muitas vezes desprezo por sua utilização seja

revertido, faz-se necessário reverter este “senso comum” de que não há lugar para

outros conteúdos, a não ser os de cunho desportivo e motores em geral nas aulas de

Educação Física.

Para tanto é necessário também desenvolver em nossos professores o que

chamaríamos de “bom senso”, calcados em Antônio Gramsci, o que seria o núcleo sadio

do senso comum, e que permitiria aos professores de Educação Física ter uma

consciência crítica da visão de mundo existente, que em muitos momentos restringe e

dita uma conduta alienada.

Segundo Gramsci (1981, p.160): “Este é o núcleo sadio do senso comum

o que poderia ser chamado de bom senso, merecendo ser desenvolvido e transformado

em algo unitário e coerente”.

Partindo deste bom senso, nós professores de educação Física, teríamos

plenas possibilidades de divergir quanto a escolha dos conteúdos e montagem de um

currículo ampliado, que possa enriquecer de conhecimentos socioculturais, nossos

alunos, principalmente os que fazem parte do 1º segmento do 1º grau, por ser este o

primeiro momento formal de aquisição de informações válidas para toda a vida destas

crianças, e sem dúvida este seria um espaço propício para a utilização dos jogos e

brincadeiras infantis fortalecendo nossos laços culturais e nossa formação como

cidadãos.

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A N E X O S

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PRÉ-QUESTIONÁRIO PARA TESTAGEM DO INSTRUMENTO Amigo integrante da turma de Especialização em Educação Física Escolar. Este questionário que está em suas mãos, bem como o prefácio que o acompanha, fazem parte de um estudo, servindo de instrumento para o levantamento de informações importante a conclusão do mesmo. Com a sua contribuição, preenchendo cada questão de forma natural e descomprometida, estaremos realizando a testagem de cada conteúdo do questionário. Caso você encontre dificuldade de responder as questões ou entender o enunciado (do prefácio e as questões), anote as dúvidas ao lado de cada questão. Sua contribuição e inestimável! Portanto, tenha toda a liberdade para posicionar-se e colocar qualquer informação que considere necessária. Nossos sinceros agradecimentos por sua boa vontade e atenção dispensada. Grato: Jair Otávio dos Santos Possas

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Amigo Professor,

Gostaríamos de através deste pequeno prefácio, instruí-lo sobre a importância se sua opinião no preenchimento deste questionário: - Em primeiro lugar, achamos necessário ressaltar que este estudo, tem como maior objetivo, buscar através de levantamento de dados (informações), um leque de atividades que venham possibilitar uma melhora qualitativa em seu trabalho com o 1º segmento do 1º grau, nas aulas de Educação Física. - Em segundo lugar, torna-se importante evidenciar que as opiniões de cada entrevistado serão primordiais para o estudo, sendo que o sigilo relativo a identificação fica resguardado a critério do mesmo, sendo respeitadas quaisquer críticas ou abstenções. - Enfim, gostaríamos de agradecer desde já por sua participação em nossa pesquisa, pela atenção dispensada e pela colaboração inestimável para a busca de dados inerentes a nosso estudo. Atenciosamente: Jair Otávio dos Santos Possas

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Q U E S T I O N Á R I O

Identificação: Sexo: ( ) feminino ( ) masculino Formação: ( ) graduação ( ) especialização ( ) mestrado ( ) outros Idade:_______ anos Trabalha em escola: ( )pública ( ) particular ( ) ambas 1ª- Séries em que trabalha no segmento do 1º segmento do 1º grau: ( ) pré-escola ( ) 2ª série ( ) alfabetização ( )3ª série ( )1ª série ( ) 4ª série 2ª- Quais são os objetivos que predominam em suas aulas de Educação Física? Enumere-os, conforme sua prioridade: ( ) desenvolvimento motor ( ) domínio afetivo ( ) preparação desportiva ( ) melhoria da saúde ( ) comportamento social ( ) desenvolvimento cognitivo 3ª- Quais os conteúdos mais presentes em suas aulas de Ed. Física? Enumere, em ordem

de prioridade e deixe em branco os que considera dispensáveis: ( ) jogos pré-desportivos ( ) brinquedos cantados ( ) estafetas ( ) piques ( ) educativos técnicos ( ) atividades folclóricas ( ) contestes ( ) jogos e brincadeiras infantis

(pular corda, soltar pipa, etc.) 4ª- Justifique brevemente, com base na prioridade estabelecida, as razões pelas opções feitas: Prioridade1:____________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Prioridade2:____________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Prioridade3:____________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Prioridade4:____________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Prioridade5:____________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Prioridade6:____________________________________________________________ ______________________________________________________________________

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5ª- Ainda de acordo com o que foi respondido na 3ª questão, indique qual o momento da aula em que você utiliza cada uma das opções priorizadas:

Opção 1 → ( ) aquecimento ( ) desenvolvimento ( ) volta à calma Opção 2 → ( ) aquecimento ( ) desenvolvimento ( ) volta à calma Opção 3 → ( ) aquecimento ( ) desenvolvimento ( ) volta à calma Opção 4 → ( ) aquecimento ( ) desenvolvimento ( ) volta à calma Opção 5 → ( ) aquecimento ( ) desenvolvimento ( ) volta à calma Opção 6 → ( ) aquecimento ( ) desenvolvimento ( ) volta à calma Opção 7 → ( ) aquecimento ( ) desenvolvimento ( ) volta à calma 6ª- Foi colocado na questão n.º 3, alguns conteúdos considerados alternativos para as aulas de Ed. Física, tais como: brinquedos cantados (1); jogos e brincadeiras infantis (2); atividades folclóricas (3). Como você percebe a contribuição desses conteúdos para as aulas de Ed. Física?

Coloque um X no espaço correspondente ao conteúdo (1,2 ou 3) conforme a contribuição que você acredita que possam gerar:

1 ( ) 2 ( ) 3( ) - recreativa 1 ( ) 2 ( ) 3( ) - lazer 1 ( ) 2 ( ) 3( ) - cultural 1 ( ) 2 ( ) 3( ) - educacional 1 ( ) 2 ( ) 3( ) - psicomotora 1 ( ) 2 ( ) 3( ) - folclórica 1 ( ) 2 ( ) 3( ) - outros: ___________________________ 7º- Dentre as 3 opções relacionadas na questão anterior, indique o grau de importância que cada uma apresenta dentro de seu universo profissional: Opção 1: ( ) indispensável ( ) muito importante ( )importante ( ) pouco importante Opção 2: ( ) indispensável ( ) muito importante ( )importante ( ) pouco importante Opção 3: ( ) indispensável ( ) muito importante ( )importante ( ) pouco importante

Obs.: Opção 1 - Opção 2 - Opção 3 -

Brinquedos cantados jogos e brincadeiras infantis atividades folclóricas

8º- Caso considere necessário fazer alguma colocação ou observação, utilize este

espaço: ______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________.

(Obs.: Aos alunos do 5º curso de especialização em Ed. Física Escolar, utilizar este espaço, bem como ao

lado de cada questão ou prefácio.)

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QUESTIONÁRIO DEFINITIVO DO ESTUDO

Amigo Professor,

Gostaríamos de através deste pequeno prefácio, instruí-lo sobre a importância se sua opinião no preenchimento deste questionário: - Em primeiro lugar, achamos necessário ressaltar que este estudo, tem como maior objetivo, buscar através de levantamento de dados (informações), um leque de atividades que venham possibilitar uma melhora qualitativa em seu trabalho com o 1º segmento do 1º grau, nas aulas de Educação Física. - Em segundo lugar, torna-se importante evidenciar que as opiniões de cada entrevistado serão primordiais para o estudo, sendo que o sigilo relativo a identificação fica resguardado a critério do mesmo, sendo respeitadas quaisquer críticas ou abstenções. - Enfim, gostaríamos de agradecer desde já por sua participação em nossa pesquisa, pela atenção dispensada e pela colaboração inestimável para a busca de dados inerentes a nosso estudo. Atenciosamente: Jair Otávio dos Santos Possas

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Q U E S T I O N Á R I O

Identificação: Sexo: ( ) feminino ( ) masculino Formação: ( ) graduação ( ) especialização ( ) mestrado ( ) outros Idade:_______ anos Trabalha em escola: ( )pública ( ) particular ( ) ambas 1ª- Séries em que trabalha no segmento do 1º segmento do 1º grau: ( ) pré-escola ( ) 2ª série ( ) alfabetização ( )3ª série ( )1ª série ( ) 4ª série 2ª- Quais são os objetivos que predominam em suas aulas de Educação Física? Enumere-os de 1 a 6, conforme sua prioridade: ( ) desenvolvimento motor ( ) domínio afetivo ( ) preparação desportiva ( ) melhoria da saúde ( ) comportamento social ( ) desenvolvimento cognitivo 3ª- Quais os conteúdos mais presentes em suas aulas de Ed. Física? Enumere de 1 a 7,

em ordem de prioridade e deixe em branco os que considera dispensáveis: ( ) jogos pré-desportivos (queimado, câmbio,

bandeirinha, etc.) ( ) Brinquedos cantados (atirei o pau no

gato, ciranda cirandinha, etc.) ( ) educativos técnicos (passes, chutes,

arremessos, conduções de bola, etc. ( ) piques (pique cola, pique tá, pique ajuda,

pique corrente, etc.) ( ) jogos e brincadeiras infantis (peteca,

rodar pião, soltar pipa, bilboquê, etc.) ( ) Atividades folclóricas (quadrilha, pau de

fita, capoeira, etc.) ( ) contestes, estafetas, etc. 4ª- Justifique brevemente, com base na prioridade estabelecida na 3ª questão, as razões

pelas opções feitas: Prioridade1:____________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Prioridade2:____________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Prioridade3:____________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Prioridade4:____________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Prioridade5:____________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Prioridade6:__________________________________________________________________________________________________________________________________

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5ª- Ainda de acordo com o que foi respondido na 3ª questão, indique qual o momento da aula em que você utiliza cada uma das opções priorizadas:

Opção 1 → ( ) aquecimento ( ) desenvolvimento ( ) volta à calma Opção 2 → ( ) aquecimento ( ) desenvolvimento ( ) volta à calma Opção 3 → ( ) aquecimento ( ) desenvolvimento ( ) volta à calma Opção 4 → ( ) aquecimento ( ) desenvolvimento ( ) volta à calma Opção 5 → ( ) aquecimento ( ) desenvolvimento ( ) volta à calma Opção 6 → ( ) aquecimento ( ) desenvolvimento ( ) volta à calma Opção 7 → ( ) aquecimento ( ) desenvolvimento ( ) volta à calma 6ª- Foi colocado na questão n.º 3, alguns conteúdos considerados alternativos para as

aulas de Ed. Física, tais como: brinquedos cantados (1); jogos e brincadeiras infantis (2); atividades folclóricas (3). Como você percebe a contribuição desses conteúdos para as aulas de Ed. Física?

Coloque um X no espaço correspondente ao conteúdo (1,2 ou 3) conforme a contribuição que você acredita que possam gerar:

1 ( ) 2 ( ) 3( ) - recreativa 1 ( ) 2 ( ) 3( ) - lazer 1 ( ) 2 ( ) 3( ) - cultural 1 ( ) 2 ( ) 3( ) - educacional 1 ( ) 2 ( ) 3( ) - psicomotora 1 ( ) 2 ( ) 3( ) - folclórica 1 ( ) 2 ( ) 3( ) - outros: ___________________________ 7º- Dentre as 3 opções relacionadas na questão anterior, indique o grau de importância

que cada uma apresenta dentro de seu universo profissional: Opção 1: ( ) indispensável ( ) muito importante ( )importante ( ) pouco importante Opção 2: ( ) indispensável ( ) muito importante ( )importante ( ) pouco importante Opção 3: ( ) indispensável ( ) muito importante ( )importante ( ) pouco importante

Obs.: Opção 1 - Opção 2 - Opção 3 -

Brinquedos cantados jogos e brincadeiras infantis atividades folclóricas

8º- Caso considere necessário fazer alguma colocação ou observação, sobre as

atividades que você colocou como prioridade em suas aulas para o primeiro segmento do primeiro grau, utilize este espaço:

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

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