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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA A PSICOMOTRICIDADE NAS BRINCADEIRAS INFANTIS POPULARES Por: Anice Carneiro da Silva Orientador Profa. Ms Fátima Alves Rio de Janeiro 2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A PSICOMOTRICIDADE NAS BRINCADEIRAS INFANTIS POPULARES

Por: Anice Carneiro da Silva

Orientador

Profa. Ms Fátima Alves

Rio de Janeiro

2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A PSICOMOTRICIDADE NAS BRINCADEIRAS INFANTIS

POPULARES

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Psicomotricidade

Por: Anice Carneiro da Silva

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a todas as Marias da minha vida,

meus amigos e as crianças que já passaram e passarão

pela minha vida.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a Deus e a todos que acreditam na

minha luta de vida na educação.

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RESUMO

Esta pesquisa vem afirmar a grande importância da Psicomotricidade nas brincadeiras infantis populares, pois é na infância o momento em que a criança amplia os seus conhecimentos através das trocas vivenciadas entre os espaços físicos e sociais. As brincadeiras são necessárias para o desenvolvimento cognitivo, motor e interpessoal do indivíduo, é nessa fase que ele começa a se descobrir e se estruturar emocionalmente. As brincadeiras infantis populares têm função primordial no processo educacional, pois são elas que preservam e mantém a cultura viva e é a partir delas que preservamos e transmitimos o conhecimento da cultura de um povo.

Palavras chaves: Brincadeiras infantis/ Preservação/ Cultura/ Desenvolvimento.

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METODOLOGIA

Os métodos utilizados para a realização desta pesquisa foram: a

utilização de artigos, revistas, sites,livros. A fundamentação teórica está

baseada em: Jean Le Boulch, Jean Piaget, Henri Wallon, Tizuko Morchida

Kisshimoto, Fátima Alves, Vitor da Fonseca, e outros.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I - UM BREVE HISTÓRICO DA PSICOMOTRICIDADE 9

CAPÍTULO II - O QUE SÃO BRINCADEIRAS INFANTIS POPULARES 14

CAPÍTULO III – PRESERVAÇÃO DA IDENTIDADE DE UM POVO

ATRAVÉS DAS SUAS BRINCADEIRAS 20

CONCLUSÃO 27

BIBLIOGRAFIA 29

ÍNDICE 31

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INTRODUÇÃO

Este trabalho traz uma ampla visão da importância da Psicomotricidade

nas brincadeiras infantis no processo de formação do indivíduo como um

cidadão.

As brincadeiras infantis populares têm a função primordial de resgatar a

cultura do povo, pois através dela podem ser passados valores, costumes e a

história. Portanto mostrar para a criança como é bom brincar, criar relações e

conhecer o mundo em que vivemos. A brincadeira é a melhor forma de propor

para a criança uma aprendizagem mais lúdica, pois a assimilação e a

acomodação dos conhecimentos se dão através das experiências vivenciadas

no cotidiano infantil, propiciam o seu desenvolvimento físico, psíquico e social.

A pesquisa pretende constatar a relevância da Psicomotricidade como

importante pilar na aprendizagem e na valorização da cultura. A preservação

destas brincadeiras favorece a formação da identidade do sujeito através da

Psicomotricidade.

O resgate e o incentivo das brincadeiras populares se faz necessário

para manter a chama acesa da cultura de um povo.

Assim a linguagem corporal possibilita a estruturação do espaço temporal e o

conhecimento da troca de experiência através dos movimentos.

Esta pesquisa será de cunho bibliográfico, sua fundamentação teórica

estará baseada em: LE BOULCH (1982), Wallon (1995), Piaget (1980) e

ALVES (2003). Também serão utilizados revistas, artigos e sites da internet.

A apresentação desta monografia será descrita através de três capítulos.

O primeiro capítulo será fundamentado através de um breve histórico da

Psicomotricidade. O segundo capítulo demonstrará as brincadeiras infantis

populares. No terceiro capítulo será descrito pela importância do resgate e da

preservação da identidade de um povo através das brincadeiras.

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CAPÍTULO I

UM BREVE HISTÓRICO DA PSICOMOTRICIDADE

“Psicomotricidade significa a associação estreita entre o desenvolvimento da

motricidade, inteligência e da afetividade”

(Heuyer, 1948)

1.1 O que é psicomotricidade?

Para compreender a importância da Psicomotricidade precisamos

entender exatamente o que esta ciência quer nos orientar.

“Psicomotricidade é: Integração das funções motoras e psíquicas em

consequência da maturidade do sistema nervoso”. (Dicionário Houaiss da

Língua Portuguesa, 2001)

A ideia sobre a Psicomotricidade surgiu na antiguidade a partir do

reconhecimento do corpo humano como um destaque de esplendor físico.

“Fizeram do corpo um lugar de transição da existência no mundo, de uma alma

imortal.” (NICOLA, 2003, p.23)

A dicotomia entre a Psicomotricidade, para os filósofos da época, criou

um duelo entre a alma e o corpo que mexe com o princípio da beleza e a saúde

corporal.

Apesar de todo lirismo da época houveram muitos choques de

pensamento, valorizando os exercícios para aprimorar o corpo e a mente do

ser.

Esta ciência passa por várias fragmentações com base no dualismo

cartesiano que se baseia em separar corpo e alma.

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“Descartes (1979 apud Levin, 1995), diz que o corpo é apenas uma coisa externa que não pensa, e que a alma não participa de nada daquilo que pertence ao corpo. Posteriormente, passou-se a considerá-lo em sua totalidade, isto é, o corpo começa a ser visto como a unidade que expressa sentimentos e emoções que movem suas ações”.(Falkenbach, 2002)

Ao longo dos tempos o romantismo do movimento humanista e a

psicanálise começam a modificar o pensamento da ginástica psicomotora. São

atividades e técnicas de ginástica que tem a função de harmonizar o corpo e o

espírito.

Esse processo tem um ponto crucial a transformação do homem e do

grupo social, através da educação física.

A Psicomotricidade surgiu na França no final do século XIX e no início

do século XX. Os estudos originaram-se a partir da neuropsiquiatria infantil

exposta por Dupré (1909). Esses estudos são voltados para a síndrome de

debilidade motriz e mental, tendo uma prática psicomotora mais voltada para o

modelo racionalista e dualista, dando atenção mais aos aspectos motores do

movimento humano.

A década de 30 iniciou a junção de outras linhas de pesquisa no campo

da psicologia e da psicanálise. As contribuições vinham de encontro ao

interesse da função motora, esquema corporal, imagem do corpo, afetividade,

consciência corporal e a relação tônus-emoção. A importância deste estudo foi

definir a identidade do corpo perante o outro.

Em 1935 Edouard Guilmain , incentivado pela linha de pensamento de

Wallon iniciou a praxis psicomotora através da reeducação psicomotora, que

são exercícios para reeducar a atividade motriz que controle o corpo físico e

emocional.

Esse trabalho era feito com crianças que tinham dificuldades no

funcionamento motor e que não controlavam seus corpos. Passavam por vários

testes e a partir dessa avaliação a criança era encaminhada para a terapia

psicomotora e prognóstica.

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Wallon afirma que “é sempre a ação motriz que regula o aparecimento e

desenvolvimento das formações mentais.” (op. cit, p. 17)

Para Wallon, o conhecimento e o desenvolvimento integral do indivíduo

estão ligados diretamente à emoção. Desta forma, ele apresentou a relação

entre motricidade e o caráter no qual o afeto, a emoção, o meio ambiente e os

hábitos das crianças estão interligados.

“No final da década de 40, a Psicomotricidade começou a se diferenciar

de outras ciências, adquirindo sua própria especificidade e autonomia” (LEVIN,

2004, p.26).

Estas transformações foram acontecendo devido o aparecimento de

novas técnicas de reeducação vinculadas aos distúrbios psicomotores

sugeridos por Julian de Ajuriaguerra (1947/48 apud FONSECA,1988).

Ajuriaguerra afirma: ”É pela motricidade e pela visão que a criança

descobre o mundo dos objetos, e é manipulando-os que ela redescobre o

mundo;...”(1980,p.210)

Ajuriaguerra (1947/48) atualizou o conceito de Psicomotricidade

centralizando no corpo e sua relação com o meio, conseguindo assim quebrar

a hegemonia neurológica.

Segundo Oliveira (2007) se faz necessário destacar as grandes

contribuições de Jean Piaget por considerá-las pilares fundamentais na

construção teórica no campo da motricidade.

Piaget (1960) destacou em seu estudo as inter-relações entre a

motricidade e a percepção, utilizando a experimentação motora como base.

“Quando uma criança percebe os estímulos do meio através de seus sentidos, suas sensações e seus sentimentos e quando age sobre o mundo e sobre os objetos que o compõe através do movimento do seu corpo, está “experienciando”, ampliando e desenvolvendo suas funções intelectuais...”(Brandão,1984,p.61)

Segundo Valentim (p 29, 2004), mais tarde, próximo da década de 70,

autores como Le Boulch, Lapierre, Aucouturier, Defrontainé, entre outros,

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defendiam a ideia de que a educação psicomotora poderiam auxiliar as

crianças com dificuldade de adaptação no meio escolar para desenvolver suas

habilidades. A partir daí a Psicomotricidade passa a ser vista como motricidade

de relação, tendo assim uma postura reeducativa e terapêutica, reforçando a

relação afetiva e o emocional.

Assim André Lapierre (1986) acrescentou o termo relacional à

Psicomotricidade, para diferenciar suas concepções e práticas existentes.

“A passagem da terapia à clinica psicomotora implica ocupar-se do sujeito e não mais da pessoa; ocupar-se da transferência e não mais da empatia; ocupar-se da vertente simbólica e não da expressiva.... A clínica psicomotora é aquela no qual o eixo é a transferência e nela, o corpo real, imaginário e simbólico é dado a ver o olhar do psicomotricista.” ( LEVIN p.29, 2007) .

Com isso, percebemos que a participação da psicanálise na clínica

psicomotora surgiu com outra visão sobre o sujeito, seu corpo, a sua

motricidade e inserido no seu meio social.

” A educação psicomotora é formadora de uma base indispensável a toda criança, pois tem como objetivo assegurar o desenvolvimento funcional, levando em conta as possibilidades da criança, possibilitando também, através das relações interpessoais a expansão e o equilíbrio de sua afetividade.” LE BOULCH (1982 apud NEGRINE, 1986).

A prática psicomotora deve ter: meio lúdico bem expressivo, explorar o

meio em sua volta, facilitar a comunicação entre os indivíduos e favorecer um

ambiente em grupo bem dinâmico.

A educação psicomotora nos dias de hoje se divide em dois eixos: A

Psicomotricidade Funcional e a Psicomotricidade Relacional. Negrine define a

diferença na prática das duas (...), o ponto fundamental da passagem da

Psicomotricidade funcional à relacional é a utilização do jogo(brincar da

criança) como elemento pedagógico(1995, p.74).

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A Psicomotricidade historicamente sempre esteve em movimento, pois

os autores apresentaram diferentes pensamentos sobre a prática psicomotora.

Os principais autores da reeducação psicomotora são: Guilmain,

Durrault e Empinet, enquanto que na terapia psicomotora são os autores

Ajuriaguerra e Levin. Na educação psicomotora funcional, os autores Le

Boulche, Picq e Vayer. Na educação relacional destacam-se Aucoulturier,

Lapierre e Negrine.

A Psicomotricidade tem uma grande importância no desenvolvimento

infantil, ela oferece à criança o conhecimento do seu corpo apoiando-se no

desenvolvimento motor, cognitivo. A partir daí a criança cria sua própria

imagem, o esquema corporal, melhora a sua comunicação e expressão do

meio em que vive.

O homem é sociável por condição, é produto e produtor de suas

interações com o seu meio.

“Todo ser humano é singular e particular, pois vem ao mundo com qualidades, características inatas, que o acompanham por toda a vida. Quando nasce depara-se com um meio já construído por outros indivíduos, portanto dotado de uma realidade social objetiva, que deverá dominar e com a qual deverá se familiarizar para, em sua atividade prática, comprovar por si mesmo a autenticidade ou inautenticidade dessa realidade: ”muitos olhares, vários caminhos e um grande desafio”. HELLER (1991).

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CAPÍTULO II

O QUE SÃO BRINCADEIRAS INFANTIS POPULARES

“É no brincar, e talvez apenas no brincar, que a criança ou adulto fruem sua liberdade

de criação” (WINNICOTT, D. W.:1975)

2.1 O Brincar é:

• A forma de expressar-se e comunicar-se.

• Atividades livres e espontâneas.

• Um ato voluntário.

• Um momento de autoconhecimento e exploração do meio em que

vivemos.

• Desenvolvimento integral do ser.

• Uma forma de aprender e entender a vida.

” O brincar como uma área intermediária de experimentação para a qual

contribuem a realidade interna e externa.” (WINNICOTT, 1965).

Desta forma a criança passa a se relacionar com a realidade e o seu

imaginário e a partir daí torna-se mais fácil a interação do ser no mundo.

Piaget (1951) classificou o brincar em:

Ø Brincar prático ou sensório motor > que se caracteriza pela repetição de

uma ação pelo prazer que ela proporciona e é uma das primeiras

atividades lúdicas do bebê.

Ø Brincar simbólico abrange > o faz – de - conta, a fantasia do mundo real

e a manipulação de objetos com atribuição de significados diferentes do

habitual.

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Ø Brincar de regras > é o que exige que os participantes cumpram normas

e passem a considerar outros fatores que influenciam no resultado como

atenção, concentração, raciocínio e sorte.

Ø Brincar de construção > nele a atividade principal é construir e manipular

diversos objetos para montar alguma coisa. Assim a criança adapta a

realidade para seu próprio desejo.

Para Corinne Hutt (1979), que defende o brincar epistêmico, as crianças

exploram todas as possibilidades básicas dos materiais propostos e retém

conhecimentos, habilidades e entendimentos da utilização do mesmo.

A principal característica lúdica do brincar está inserida na forma de

como nos incluímos no contexto do brincar de faz-de-conta, os momentos

criativos que vêm através da oportunidade de vivenciarmos a comunicação e a

expressão através da prática habitual.

O brincar por meio de jogos acontece em níveis gradativos de

dificuldades e de limitações proporcionadas por regras, enigmas e jogos

numéricos, até o senso de justiça começa a ser estabelecido, surgindo assim a

competição.

Para Holt (1991) o maior atributo do brincar são as chances que temos

de aprendermos a viver com o não saber, pois todos os nossos conhecimentos

vem de tentativas de acertos ou erros e o brincar é uma forma não ameaçadora

de manipularmos novas aprendizagens mantendo tempo para nossa

autoestima e autoimagem.

Para entendermos melhor as necessidades de a aprendizagem no

brincar partimos com base nas noções de Vigotsky (1978) e Brunner (1978)

que criam a relação de “Zona de desenvolvimento proximal”, a partir da qual o

“scaffolding” acontece através do apoio dado à criança, ajudando-a a entender

os ensinamentos da realidade em que vive.

Brunner , como Vygotsky, relaciona a cultura e o uso de ferramentas ao

desenvolvimento da inteligência. “O lúdico, ao processar-se em ambiente sem

pressões, produz flexibilidade que prestigia a busca de ferramentas...”

(BRUNNER, 1972)

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Froebel (1911), considerado como psicólogo infantil quando utilizou o

brincar para educar e desenvolver a criança. Froebel introduziu o brincar como

uma atividade livre e espontânea, que proporciona o desenvolvimento físico,

cognitivo e social do ser.

“Brincar é muito importante; enquanto estimula o desenvolvimento intelectual da criança, também ensina sem que ela perceba, os hábitos necessários a esse crescimento.” Bettelhem(1988)

2.2 - A importância da brincadeira infantil:

A brincadeira tem um importante papel no desenvolvimento do ser

humano, pois é na infância que o divertimento típico infantil envolve um

comportamento espontâneo e prazeroso. A ludicidade na opinião de

Santos(2000, p. 18), como Piaget, como Wallon, Vigotsky e outros, atribuíram

ao brincar como um processo fundamental para o desenvolvimento do ser, a

maturação e aprendizagem , através destas evoluções a criança começa a

afirmar o seu “eu”.

O brincar é usado em brincadeiras e jogos para formar e desenvolver a

capacidade de manter a criança ativa e participante, e assim criar relações

cotidianas, construir a sua identidade e a sua imagem perante o mundo que a

cerca.

Para Nylse Helena da Silva Cunha (1994), brincando a criança

desenvolve as suas potencialidades. São a partir dos enigmas e regras das

brincadeiras que fazem com que a criança raciocine e chegue ao resultado

esperado do desafio proposto. “As crianças tem prazer em todas as

experiências de brincadeiras física e emocional.” ( WINNICOTT 1976).

O brincar prepara a criança para aprender conceitos, reter informações e

um desenvolvimento saudável, a partir de uma vivência lúdica, ativa e

espontânea. Assim esta criança será amanhã um adulto bem mais equilibrado

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e resolvido emocionalmente, devido à superação e ao entendimento da vida.

Pois a vivência das experiências alegres e prazerosas sempre ficou na vida

desta criança. A partir daí conseguirá resolver os problemas do dia-a-dia, com

ajuda das experiências vividas no passado. Já o indivíduo que não vive o

mundo enriquecedor da ludicidade, se priva e fica com traumas de falta de

vivência.

“...A brincadeira é a atividade espiritual mais pura do homem neste estágio e, ao mesmo tempo, típica da vida humana enquanto um todo- da vida natural interna no homem e de todas as coisas. Ela dá alegria, liberdade, contentamento, descanso externo e interno, paz com o mundo...A criança que brinca sempre, com determinação auto ativa, perseverando, esquecendo sua fadiga física, pode certamente tornar-se um homem determinado, capaz de auto sacrifício para a promoção do seu bem e de outros...“Como sempre indicamos o brincar em qualquer tempo não é trivial, é altamente sério e de profunda significação.” (FROEBEL, 1912 p. 55).

O brincar na infância é uma atividade do dia-a-dia. A criança deve estar

sempre em busca de novas experiências imaginárias e sempre

experimentando novas possibilidades. Quando a criança brinca, vive novas

experiências, provoca o funcionamento do intelecto, desenvolve a

sociabilidade, aguça a sensibilidade e o emocional. Desta forma, o medo e o

estresse, não chegam a afetar este indivíduo que teve uma infância bem vivida.

Toda a aprendizagem adquirida na realidade lúdica forma um cidadão

mais habilidoso. A brincadeira é passada para a criança através de seus

próprios familiares, de uma geração para outra ou aprendida de forma empírica

e espontânea.

Segundo Cunha (2001, p.14), atualmente as crianças não têm um pátio

para brincar. Adoram os videogames, televisão e computador, não conhecem a

grande importância do brincar ou de recriar o mundo em que vive. Desta forma

a criança criada distante do lúdico passa a ser adultos em miniatura onde só é

importante estudar.

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A brincadeira é coisa séria, ela ajuda o desenvolvimento, promove a

socialização e a descoberta do mundo.

Conforme Setubal (1987) afirma, podemos identificar o brincar em dois

momentos:

1) Nas brincadeiras tradicionais, momento em que o indivíduo se insere na

memória coletiva.

2) Na história de vida própria do individuo que recorre às suas experiências

no momento de brincar.

Brincar é a forma que o indivíduo tem de fazer uma ligação do passado

com o presente, pois as brincadeiras perpassam através dos tempos, para

manter vivo o sentido do mundo em que vivemos. Então o brincar é um ato de

necessidade interna que o indivíduo apresenta para se desenvolver e vivenciar

novas experiências.

O brincar na nossa vida é tão importante quanto estudar, pois nos

possibilita esquecermos os momentos difíceis do nosso dia-a-dia. Quando

estamos brincando utilizamos todo o nosso corpo, o cognitivo, e o nosso

emocional, pois é nesse momento que encontramos respostas para nossos

questionamentos, dificuldades de aprendizagem e interagimos com os nossos

semelhantes. Além de tudo, o brincar deixa qualquer ser feliz.

“Se a alegria da saúde do corpo, a pureza e a serenidade da alma, se o conhecimento exato e o bom uso dos seus membros, se o cumprimento de seus deveres é para a infância e para o homem fonte de alegria, a construção e a ordem da casa que eles habitam em família terão grande influência sobre sua felicidade.” (FROEBEL, 1982)

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2.3 O folclore nas brincadeiras infantis:

As brincadeiras infantis populares surgiram a partir do folclore infantil e

servem como meio de elementos de transmissão culturais. A cultura infantil é

formada de elementos folclóricos aprendidos na rua e que vem da cultura do

adulto. O folclore infantil sofre mudanças através dos tempos, a partir do tempo

e do ambiente social.

Os elementos essenciais das atividades lúdicas mantêm valores e

regras das mesmas, para assegurar a continuidade e tradição da cultura

infantil.

Segundo Kishimoto (1998), a produção da cultura lúdica existe a partir

da participação ativa dos sujeitos nela envolvidos produzida por um duplo

movimento interno e externo. A criança adquire a cultura lúdica brincando.

É no contexto da zona de desenvolvimento proximal que a criança

amplia as suas experiências do brincar, que enriquece o seu potencial na

transformação do simbólico em concreto.

Com base nas afirmativas, citaremos algumas brincadeiras infantis

populares:

Ø Brincadeiras de roda

Ø Pega pega

Ø Batata frita um dois três

Ø Carniça

Ø Garrafão

Ø Salada mista

Ø Pique tá

Ø Pique bandeira

Ø Pula corda

Ø Chicotinho queimado

Ø Queimado

Ø Etc.

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CAPÍTULO III

PRESERVAÇÃO DA IDENTIDADE DE UM POVO

ATRAVÉS DAS SUAS BRINCADEIRAS

“No folclore encontramos tudo que é necessário como alimento ao espírito da criança.” (Gabriela Mestral)

3.1 O que é folclore:

O folclore surgiu de uma necessidade da filosofia positivista de Augusto Comte, do evolucionismo inglês de Darulin e Spencer e de uma necessidade histórica da burguesia, sugerindo um problema pragmático: definir a sabedoria popular, a partir de elementos materiais e não materiais que formaram a sua cultura.

“ ... a cultura do popular tonada normativa pela tradição. A carta de folclore brasileiro (1951) estabelece-o como integrante as ciências antropológicas e culturais. As maneiras de pensar, sentir e agir de um povo, preservadas pela tradição popular e pela imitação..., constituem o fato folclórico...” (BRANDÃO, apud CASCUDO, 1982, p.24)

Os folcloristas definem que os objetos do folclore seriam “a ciência do

saber popular” e “aqueles valores considerados sobrevivências”. A transmissão

acontece através de processos informais, pela troca no cotidiano, na educação

sistemática, no pensamento científico.

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O folclore se apresenta como essencialmente popular, anônimo,

dinâmico, criativo. O homem cria, recria, recupera o antigo e transforma o velho

em novo. Os folcloristas se preocupam em manter a tradição cultural de um

povo, pois existe uma grande pressão política da classe dominante a favor de

inovações na nossa cultura popular.

O folclore é “popular, anônimo, coletivizado, tradicional e persistente, funcional à sua cultura e passível de modificações. Esses indicadores são considerados nos contextos sociais onde existe e se reproduz a criação popular”.(BRANDÃO, 1982, p.42)

O folclore é cultura ativa que se apresenta através de expressões e

símbolos que demonstram o modo de vida de um povo a partir da sua

identidade, valorizando as tradições para manter viva a troca de saber entre as

gerações vigentes.

Os elementos folclóricos servem como elo entre o passado e o presente

e agem com uma certa persistência social para que os valores sociais sejam

preservados dentro do seu meio social.

Segundo Vianna (2004), a preocupação com a cultura surgiu a partir da

ameaça de desaparecimento das tradições e identidades culturais e pelo

reconhecimento da cultura popular como interesse nacional.

“A maturidade do homem significa ter adquirido novamente a seriedade que a gente tinha como criança quando brincávamos.” (Friedrich Nietzsche)

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3.2 As brincadeiras populares influenciam a formação de um

povo:

O folclore infantil é uma parte bem expressiva da nossa cultura, pois se

apresenta de forma bem simples e natural. Desenvolve-se através de

potencialidades físicas, corporais, motoras, intelectuais, emocionais e sociais.

As brincadeiras tradicionais infantis são manifestações culturais de um

povo, pois suas marcas e registros interagem com o domínio vigente sobre

diferentes grupos sociais.

“As brincadeiras são, então, um meio para se chegar ao coletivo geral da humanidade; nelas a criança trabalha questões importantes da essência do ser humano: medo, fantasias, faz-de-conta, além de experimentar relações sociais presentes em determinado coletivo (grupo social a que pertence) como cooperação, competição, ganhar, perder, comandar, subordinar-se, etc”. (SILVA, 1989,p.75)

Segundo Brougére (2001), as brincadeiras infantis tem a função de

socializar as relações, assim a criança começa a aprender a brincar por quem

cuida dela e não sozinha.

“A brincadeira pressupõe uma aprendizagem social, aprende-se a brincar .”

(Brougére , 2001, p. 97)

A brincadeira é um caminho para a criança conviver com a cultura que a

cerca. A cultura é algo natural que vem da história de um povo.

“A brincadeira é a entrada na cultura, numa cultura particular tal como ela existe num dado momento, mas com todo seu peso histórico.”

(Brougére , 2001, p. 77)

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Segundo Trópia (1998), as brincadeiras e brinquedos tradicionais

compõe a cultura popular, estas manifestações são chamadas de folclore

lúdico e é o primeiro contato do ser humano com a cultura do seu povo.

Para Saul Martins, o folclore é tudo aquilo que vem do povo ou que este

recebeu como seu. O folclore apresenta-se como a maneira de pensar, sentir e

agir de um povo na sociedade.

“Folclore é a ciência antropológica responsável pelo estudo das manifestações culturais, populares e tradicionais, cuja transmissão se dá espontaneamente pelo convívio social.”

(Martins, 2004, p.17)

Desta forma, as brincadeiras são os principais elementos para criarem

vínculo coletivo de espontaneidade e descontração. As brincadeiras tem a

função de recuperar os hábitos, costumes, tradições, modos de vida,

experiências, histórias e a cultura social de um povo.

Para Edward Thompson (1998), o termo cultural passou a ser

polissêmico, assim com esse prisma a cultura apresenta o conceito em que

todas as classes são portadoras e produtoras do seu modo de vida,

principalmente os anônimos e as classes populares.

O patrimônio cultural vem proteger e conservar obras, histórias de um

povo e a diversidade cultural vigente através de qualquer expressão cultural,

respeitando sempre a tradição, o valor simbólico e o significado da expressão

cultural.

As brincadeiras e os brinquedos tradicionais estão incluídos na bagagem

cultural através da transmissão das suas técnicas e regras, que se expressam

pela oralidade e por gestos.

Segundo Friedmann (1992), as brincadeiras tem origem anônima e

sempre estão em transformação e se adéquam à realidade vigente.

As brincadeiras infantis são produções culturais de um povo que tem

costumes, tradições, que fazem parte do patrimônio cultural.

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...”esse patrimônio se constitui de um conjunto de formas de cultura tradicional e popular ou folclórica, ou seja, as “obras coletivas” que emanam de uma cultura e se fundamentam nas tradições transmitidas oralmente ou a partir de expressões gestuais que podem sofrer modificações no decorrer do tempo por meio de processos de recriação coletiva”. (PELEGRINI; FUNARI, 2008, p.62)

“A memória, onde cresce a história, que por sua vez alimenta, procura salvar o passado para servir o presente e o futuro.”

(Legoff, 1996)

3.3 Preservação da identidade de um povo através da cultura

infantil:

Na preservação dos bens culturais, especialmente as brincadeiras, é

indispensável considerar a ligação entre patrimônio cultural e a memória.

Segundo Cascudo(1984), a cultura popular brasileira tem a sua base na

oralidade, para ele a cultura popular está arrumada na memória coletiva e é

passada para o outro oralmente. A preservação da memória do indivíduo só

acontece com a ligação da memória individual e coletiva, isto é, quando a

pessoa passa a ter uma identidade junto ao seu grupo social. Então a

conservação das brincadeiras infantis pede que a memória seja sempre

preservada respeitando assim a identidade cultural da sociedade. O patrimônio

cultural é um elemento principal para a formação de um povo, pois a memória

faz o homem relembrar acontecimentos vividos que foram marcantes na sua

vida em um determinado período.

Para Le Golf (1996), o entendimento da memória tem de acontecer para

permitir a sobrevivência do passado de forma espontânea e verdadeira.

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Percebemos que as brincadeiras transmitidas de geração para geração

vem diminuindo gradualmente. Hoje as crianças estão se afastando da

oportunidade de brincar com as brincadeiras tradicionais que seus pais, tios,

avós brincaram. Hoje as brincadeiras predominantes são a televisão, o

videogame, o computador e os brinquedos industrializados que são

manipulados em ambientes fechados e de forma individualizada. “Sendo

assim, as crianças da modernidade estão perdendo a rua, o quintal, a praça, os

terrenos baldios e os matos.” (Silva, 2010, p.236).

Para Ana Meira (2003), a memória de brincar atualmente está apagada

devido a grande rede de aparelhos virtuais que invadiram a vida das crianças e

as tornaram meros robôs sem expressões corporais e pensamentos.

As principais mudanças para estar ocorrendo este distanciamento das

brincadeiras tradicionais são: a falta de espaço para brincar devido a crescente

urbanização, a violência, redução do tempo, a televisão que influencia o

consumismo.

Então, para Silva (2010), isso acontece devido as novas tecnologias,

tendo a máquina como amigo nas brincadeiras, levando a criança a vivenciar

outras formas de brincar.

“A dinâmica das culturas, no entanto, nos leva a pensar a história como processo de construção de saberes, de fazeres, de estruturas materiais e simbólicas, de sentidos e de representações da realidade.” (Menezes, 2009, p.30)

Desta forma, entendo que o patrimônio cultural é a herança histórica que

está em constante transformação.

A cultura da brincadeira infantil é definida em cada região ou localidade,

pois elas possuem várias origens.

Segundo Friedmann (1992), na Antiguidade as brincadeiras eram um

fenômeno social dos participantes. O Brasil é um país de uma vasta

diversidade cultural e de variados movimentos cultural. A formação da nossa

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cultura infantil sofreu influências de europeus, africanos e indígenas, através

dessa mistura surgiram novos brinquedos, brincadeiras e novas palavras.

A partir da referência de novos hábitos e costumes, surgiram novas

atividades lúdicas que absorveram estas influências das diversas culturas,

ampliando assim o mundo dos brinquedos e das brincadeiras.

As brincadeiras de rua juntavam todas as crianças para participar e criar

novas brincadeiras. Assim este contato com diversas faixas etárias criavam o

vínculo em grupo e proporcionavam laços de afetividade através das relações

estabelecidas por causa das brincadeiras que mutuamente se comparam com

uma identificação própria e também com um modo de organização típico, que

uma brincadeira tradicional se mantém e é repassada.

As brincadeiras tradicionais infantis vêm perdendo seu espaço para

novas atividades ligadas à tecnologia, pois estas se apresentam com várias

mudanças e novidades.

Às vezes ocorre um processo de cruzamento sócio-cultural em que o

tradicional e o moderno se entrelaçam com as novas tecnologias, ocorrendo

assim um elo entre o passado e o presente, com uma presença mais

significativa da modernidade.

Devido a esse novo movimento, temos de proteger, divulgar e resgatar o

nosso patrimônio cultural, no meio infantil para dar continuidade à nossa

história e para manter viva a tradição de um povo através das brincadeiras

tradicionais.

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CONCLUSÃO

Em decorrência da pesquisa que realizamos sobre a Psicomotricidade

nas Brincadeiras Infantis Populares, concluímos que a psicomotricidade está

presente em todos os gestos e nas nossas atividades do dia-a-dia. A partir

dessa premissa entendemos que a motricidade infantil visa sempre o domínio,

o desenvolvimento global, afetivo e a autoconfiança da criança.

Através das brincadeiras infantis populares fica fácil estruturar a

Educação Psicomotora baseando-se na aprendizagem inata do ser. Assim, as

brincadeiras populares propõe para a criança uma aprendizagem mais

prazerosa, pois a compreensão e a interação dos conhecimentos vividos

através das experiências do cotidiano infantil se fazem naturalmente. As

brincadeiras têm a função de resgatar e mostrar para a criança como é bom

brincar, criar relações e conhecer o mundo em que vivemos.

O brincar leva o indivíduo a ter uma boa formação emocional e de ser

firme nas suas decisões, pois as regras da boa convivência social são bem

praticadas na criança através das brincadeiras infantis populares.

As Brincadeiras Infantis Populares levam ao desenvolvimento do

imaginário, à socialização e facilitam a compreensão do mundo, pois as

brincadeiras são geralmente criadas ou recriadas a partir de uma situação do

dia-a-dia, desta forma a facilidade de relação com o mundo é bem mais prática.

Este elemento cultural é o primeiro elo que temos com o mundo, desta

forma são transmitidos de geração para geração mantendo valores, estrutura e

respeitando sempre sua origem.

Assim se faz necessário o resgate das brincadeiras Infantis Populares,

pois é esta chama da nossa cultura que dá o ponta pé inicial para que as

tradições não se percam e caiam no esquecimento. São brincadeiras que

trazem e levam o indivíduo do presente ao passado até ao passado, ou seja,

aos velhos tempos.

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Preservar as Brincadeiras Infantis Populares é manter sempre viva a

crença, os valores culturais, formação de um povo que tenha alma, corpo e

emoção.

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BIBLIOGRAFIA

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atividades lúdicas, expressão corporal e brincadeiras infantis. RJ.WAK – 2006.

_ ALVES, Fátima. Psicomotricidade: corpo, ação e emoção. / RJ.: WAK, 2007

_ FRIEDMANN, Adriana. Brincar: crescer e aprender – O resgate do jogo

infantil. Ed. Moderna / SP, 1996.

_ MALUF, Angela Cristina M. _ Brincar: prazer e aprendizado – Petrópolis, RJ,

Ed. Vozes, 2003, 2ª Edição.

_ MOYLES, Janet R... [ET. AL.]; Trad. Maria Adriana Veronese – A Excelência

do brincar – Porto Alegre: Ed. Artmed, 2006.

_ ______________ - Só brincar? O papel do brincar na Educação Infantil. Ed

Artmed – Porto Alegre, 2002.

_ NICOLA, Mônica. – Psicomotricidade – Manual Básico. Rio de Janeiro. – Ed:

Reventer, 2003.

_ OLIVEIRA, Gislene de Campos. – A Psicomotricidade: Educação e

Reeducação num enfoque psicopedagógico – Petrópolis, RJ. Ed Vozes, 1997.

_ TIZUKO, Morchida kishimoto.(Organizadora) - O brincar e suas teorias- São

Paulo – Editora: Pioneira,1998

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FONTES:

_ WWW.ipride.org.br - 2014/2012 – Acesso: 20/04/2012. 21:15 – A

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_ www.artigonal.com>educação – Acesso: 20/04/2012, 21:45 – Uma visão

histórica da psicomotricidade: Da reeducação à clinica psicomotora.

_ www.ciesprepuppin.net / Acesso: 01/05/2012, 18:58 – Considerações Iniciais.

_ www.snh2011.anpuh.org/1312923290 - Arquivo Brincadeiras - Acesso:

05/07/2012, 05:53. Vamos brincar de preservar? As brincadeiras infantis como

patrimônio imaterial.

_ Revista Nova Escola – Ed Especial/Jogos e brincadeiras. P. 6,7 e 9, Ed.

ABRIL, São Paulo. SP.

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ÍNDICE

Folha de rosto 2

Agradecimentos 3

Dedicatória 4

Resumo 5

Metodologia 6

Sumário 7

Introdução 8

I Capítulo – Breve Histórico da Psicomotricidade 9

1.1O que é psicomotricidade? 9

II Capítulo – O que são brincadeiras infantis populares? 14

2.1 O que é Brincar? 14

2.2 A importância da Brincadeira Infantil 16

2.3 O Folclore nas Brincadeiras Infantis 19

III Capítulo – Preservação da identidade de um povo através das suas

brincadeiras infantis populares 20

3.1 O que é folclore? 20

3.2 As brincadeiras populares influenciam a formação de um povo 22

3.3 Preservação da identidade de um povo através da cultura Infantil 24

Conclusão 27

Bibliografia 29

Índice 31

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