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UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO PROGRAMA DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO ROSEANE DO SOCORRO BRABO DA SILVA GESTÃO DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA: POSSIBILIDADES E DESAFIOS NA ADOÇÃO DE AÇÕES INTERSETORIAIS BELÉM-PA 2013

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UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO

PROGRAMA DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

ROSEANE DO SOCORRO BRABO DA SILVA

GESTÃO DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA:

POSSIBILIDADES E DESAFIOS NA ADOÇÃO DE AÇÕES INTERSETORIAIS

BELÉM-PA

2013

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ROSEANE DO SOCORRO BRABO DA SILVA

GESTÃO DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA:

POSSIBILIDADES E DESAFIOS NA ADOÇÃO DE AÇÕES INTERSETORIAIS

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em

Administração da Universidade da Amazônia como

requisito para obtenção do título de Mestre em

Administração.

Área de concentração: Gestão do Desenvolvimento.

Orientadora: Profª. Drª. Ana Maria de Albuquerque

Vasconcellos.

BELÉM-PA

2013

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

320.6

S586g Silva, Roseane do Socorro Brabo da.

Gestão do Programa Bolsa Família: possibilidades e desafios na

adoção de ações intersetoriais / Roseane do Socorro Brabo da Silva. –

Belém, 2013.

96 f.: il.; 21 x 30 cm.

Dissertação (Mestrado) – Universidade da Amazônia, Programa

de Pós- Graduação em Administração, 2013

Orientadora: Drª. Ana Maria de Albuquerque Vasconcellos.

1. Políticas públicas – gestão – Programa Bolsa Família. 2.

Programa Bolsa Família – estrutura – viabilização de ações. 3.

Programa Bolsa Família – Abaetetuba/Pa – ação intersetorial. 4.

Programa de renda mínima – combate a pobreza. I. Vasconcellos,

Ana Maria de Albuquerque. II. Título.

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ROSEANE DO SOCORRO BRABO DA SILVA

GESTÃO DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA:

POSSIBILIDADES E DESAFIOS NA ADOÇÃO DE AÇÕES INTERSETORIAIS

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em

Administração da Universidade da Amazônia como

requisito para obtenção do título de Mestre em

Administração.

Área de concentração: Gestão do Desenvolvimento.

Orientadora: Profª. Drª. Ana Maria de Albuquerque

Vasconcellos.

Banca Examinadora:

Apresentado em: 27/01/2014.

_________________________________________ Profª. Drª Ana Maria de Albuquerque Vasconcellos Orientadora

__________________________________________ Prof. Dr. Sérgio Castro Gomes / Unama

__________________________________________ Prof. Dr. Reinaldo Nobre Pontes / Ufpa

Conceito: 9,0

BELÉM-PA

2013

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A Deus, em primeiro lugar.

À minha querida tia Iracema Brabo da Silva

(in memorian) pelo amor infinito dedicado a

mim.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pela vida , inspiração e bênçãos alcançadas.

Em especial, à minha mãe, Rita, por sua dedicação e amor, que como mãe e professora sempre me

incentivou nos estudos.

Ao meu pai, Raimundo, pelo incentivo.

Aos meus irmãos Nazareno, Rosana, Emílio, Washington, Jorge e Wellington, pelo apoio e

confiança.

Aos meus familiares, especialmente aos meus sobrinhos, pelo carinho e apoio.

Aos meus animais de estimação pelo estímulo e amor dedicados nessa etapa de estudos, me

fazendo companhia nas madrugadas.

À minha Orientadora Profª. Dra. Ana Vasconcellos, pela atenção e carinho em todos os momentos

do curso, além de sua contribuição no meu crescimento acadêmico, profissional e pessoal.

Ao Prof. Dr. Mário Vasconcellos, pela contribuição nas diversas etapas da pesquisa.

Aos professores: Prof. Dr. Milton Farias, Prof. Dr. Emílio Arruda Filho, Profa. Dra. Eugênia

Cabral, Profa. Dra. Cláudia Drouvot, Prof. Dr. Marco Antônio Lima e Prof. Dr. Fabrício Borges,

Prof. Dr. Sérgio Castro Gomes, Prof. Dr. José Otávio P ires, Prof. Dr. Hubert Drouvot, pela

inspiração e dedicação.

Aos colegas da turma de 2012 que contribuíram para meu crescimento acadêmic o, pelas

constantes trocas de experiência e apoio.

Aos meus colegas de trabalho do Instituto Federal do Pará, pelo apoio e compreensão.

A toda equipe técnica da Prefeitura Municipal de Abaetetuba, pelo apoio.

Aos queridos André Franzini e sua esposa Regina, pelo acolhimento durante a pesquisa de campo.

A todos que contribuíram de forma direta e indireta para elaboração desta dissertação.

Muito obrigada!

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“A pobreza não é um acidente. Assim

como a escravização e o Apartheid, a

pobreza foi criada pelo homem e pode

ser removida pelas ações dos seres

humanos.”

Nelson Mandela

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RESUMO

O presente trabalho tem como foco analisar a gestão do Programa Bolsa Família:

possibilidades e desafios na adoção de ações intersetoriais. Propõe-se identificar a estrutura de

funcionamento do Programa Bolsa Família na esfera federal e sua operacionalização na esfera

municipal, visando identificar as condicionalidades do Programa e as ações para sua

governança na esfera local. O problema de pesquisa é analisar até que ponto a gestão

municipal tem seguido as condicionalidades do programa e viabilizado ações intersetoriais em

nível macro-micro da gestão do programa no município. A metodologia aplicada à pesquisa

incide em um estudo de caso único, procurando-se identificar as variáveis dos setores

educação, saúde e assistência social como fundamentais para analisar as condicionalidades e

ações intersetoriais no município de Abaetetuba no Estado do Pará. A partir da abordagem

qualitativa propõe-se avaliar a gestão do programa e seu nível de governança nas estruturas

macro e micro do município estudado, e de que forma estão inter-relacionadas. Embora, a

abordagem qualitativa seja importante para analisar a percepção dos gestores através de

entrevistas semiestruturadas, procurou-se utilizar, também, a abordagem quantitativa, sendo

necessário fazer um levantamento das informações do programa Bolsa Família no banco de

dados do Cadastro Único do município e de outras fontes estatísticas oficiais.

Palavras-chave: Gestão Social. Governança participativa. Ações Intersetoriais. Programa

Bolsa Família.

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ABSTRACT

This study aims to analyze the management of the Bolsa Família Program: possibilities and

challenges in the adoption of intersectoral actions. It is proposed to identify the operational

structure of the Bolsa Família Program at the federal level and its operation at the municipal

level in order to identify the conditionalities of the program and actions for governance at the

local level. The research problem is to analyze the extent to which municipal management has

followed the conditionalities of Program and made viable intersectoral action on macro-micro

level of program management in the municipality. The methodology applied to research

focuses on a a single case study, in order to identify the variables of the sectors education,

health and social assistance as fundamental to analyze the conditionalities and intersectoral

actions in the municipality of Abaetetuba in Pará The qualitative approach is proposed to

assess the management of the program and its level of governance in the macro and micro

structures and how they are inter-related. Although the approach qualitative is important to

analyze the perception of managers through semi-structured interviews will be sought, too,

use the quantitative approach is necessary to make a survey of the Bolsa Família program

information in the database of the Single Registry from the municipality and other official

statistics sources.

Keywords: Social Management. Participatory governance. Intersectoral actions. Bolsa

Familia Program.

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

APAE Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais

AMIA Associação de Moradores das Ilhas de Abaetetuba

AABB Associação Atlética Banco do Brasil

ACS Agentes Comunitários de Saúde

BPC Benefício de Prestação Continuada

BVJ Benefício Variável Jovem

BVN Benefício Variável Nutriz

BVG Benefício Variável Gestante

BSP Benefício de Superação da Extrema Pobreza

CadÚnico Cadastro Único

CMAS Conselho Municipal de Assistência Social

CRAS Centro de Referência de Assistência Social

CREAS Centro de Referência Especializado de Assistência Social

CIT Comissão Intergestora Tripartite

CIB Comissões Intergestoras Bipartites

CONGEMAS Colegiado Nacional de Gestores da Assistência Social

CREAM Centro de Referência Especializado da Assistência Social de Atendimento à

Mulher

CUT Central Única dos Trabalhadores

DF Distrito Federal

FHC Fernando Henrique Cardoso

FONSEAS Fórum dos Secretários Estaduais de Assistência Social

FMAS Fundo Municipal de Assistência Social

IGD Índice de Gestão Descentralizada

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDH Índice de Desenvolvimento Humano

ICS Instâncias de Controle Social

INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

LA Liberdade Assistida

LOAS Lei Orgânica da Assistência Social

MDS Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome

MS Ministério da Saúde

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MSI Modelo de Substituição de Importações

MST Movimento dos Trabalhadores Sem Terra

MEC Ministério da Educação

PBF Programa Bolsa Família

PPA Plano Plurianual

PPAD Programa de Pós-Graduação em Administração

PGRM Programas Brasileiros de Garantia de Renda Mínima

PPP Parcerias Público-Privado

PT Partido dos Trabalhadores

PETI Programa de Erradicação do Trabalho Infantil

PIB Produto Interno Bruto

PAIF Programa de Atenção Integral à Família

PNAS Política Nacional de Assistência Social

PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

PSC Prestação de Serviço à Comunidade

SMS Secretaria Municipal de Saúde

SEMAS Secretaria Municipal de Assistência Social

SEMED Secretaria Municipal de Educação

SENARC Secretaria Nacional de Renda e Cidadania

SP São Paulo

SNAS Secretaria Nacional de Assistência Social

SEAS Secretaria Estadual de Assistência Social

SUAS Sistema Único de Assistência Social

SUS Sistema Único de Saúde

SICON Sistema de Condicionalidades

TAFE Taxa de Acompanhamento de Frequência Escolar

TAAS Taxa de Acompanhamento de Agenda de Saúde

TCQC Taxa de Cobertura Qualificada de Cadastros

TAC Taxa de Atualização Cadastral

UNAMA Universidade da Amazônia

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Políticas setoriais e transversais da política social brasileira – 2010. 30

Figura 2 - Organograma do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à

Fome.

36

Figura 3 - Organograma da Secretaria Nacional de Renda e Cidadania. 37

Figura 4 - Fluxo Condicionalidade de Educação. 40

Figura 5 - Fluxo Condicionalidade de Saúde. 40

Figura 6 - Ação Intersetorial na Gestão de Condicionalidades. 51

Figura 7 - Mapa do Município de Abaetetuba. 52

Figura 8 - Ação Governamental “Caravana da Vontade Popular”. 76

Figura 9 - Atendimento no CadÚnico/ PBF. 77

Figura 10 - Atendimento a Saúde. 77

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Condicionalidades do PBF, público beneficiário e período de

acompanhamento.

38

Quadro 2 - Efeitos para a família com crianças ou adolescentes até 15 anos, diante

do descumprimento das condicionalidades no Programa.

39

Quadro 3 - Efeitos para a família com adolescentes de 16 e 17 anos, diante do

descumprimento das condicionalidades no Programa.

39

Quadro 4 - Responsabilidade dos gestores do PBF no âmbito da União, Estados e

Municípios.

42

Quadro 5 –

Rede de Proteção Social Municipal da Área de Assistência Social,

Entidades Não Governamentais.

66

Quadro 6 - Rede de Proteção Social Municipal da Área de Assistência Social,

Entidades Governamentais.

67

Quadro 7 - Serviços Ofertados pela Secretaria Municipal de Assistência Social por

níveis de Proteção Social.

69

Quadro 8 - Tipos de Benefícios do Programa Bolsa Família. 70

Quadro 9 - Quantitativo de Famílias com características específicas cadastradas no

sistema CadÚnico e beneficiárias do Programa Bolsa Família.

71

Quadro 10 - Acompanhamento do público de beneficiários com perfil educação com

idades de 6 a 15 anos e beneficiários com perfil educação de 16 e 17

anos, total de famílias com perfil saúde com crianças até 7 anos e

mulheres de 14 a 44 anos.

72

Quadro 11 - Resultados do Acompanhamento do público de beneficiários

acompanhados pela educação com idades de 6 a 15 anos 16 e 17 anos e

famílias acompanhadas pela saúde.

72

Quadro 12 - Repercussões por descumprimento de condicionalidades. 73

Quadro 13 - Recursos online. 74

Quadro 14 - Índice de Gestão Descentralizada. 75

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Participação dos setores econômicos no Produto Interno Bruto do

Município em 2010.

53

Gráfico 2 - Taxa de analfabetismo de pessoas com 10 anos ou mais – 2010. 54

Gráfico 3 - Proporção da população em extrema pobreza frequentando a escola ou

creche por faixa etária.

55

Gráfico 4 - Percentual de crianças não atendidas na rede educacional segundo faixa

etária – 2010.

56

Gráfico 5 - Taxa de distorção idade-série no Ensino Fundamental e Ensino Médio –

2012.

56

Gráfico 6 - Percentual de crianças atendidas na rede educacional, por faixa etária –

2010.

57

Gráfico 7 - Distribuição das 5 (cinco) principais causas de morbidade hospitalar do

município – 2012.

57

Gráfico 8 - Distribuição das 3 (três) principais causas externas do óbito, por tipo de

causa – 2005 e 2010.

58

Gráfico 9 - Percentual de cobertura de equipes da Atenção Básica – 2008 a 2012. 59

Gráfico 10 - Distribuição percentual da população extremanente pobre por faixa

etária.

60

Gráfico 11 - Evolução da quantidade de registro no Cadastro Único e de beneficiários

do Programa Bolsa Família – 2006 a 2013.

61

Gráfico 12 - Evolução da quantidade de beneficiários do Benefício de Prestação

Continuada (BPC), por tipo de beneficiário – 2004 a 2013.

62

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 16

2 GESTÃO SOCIAL E GOVERNANÇA 21

2.1 POLÍTICAS PÚBLICAS E POLÍTICAS SOCIAIS: A CRIAÇÃO DOS

PROGRAMAS DE TRANSFERÊNCIA DE RENDA MÍNIMA NO

COMBATE A POBREZA NO BRASIL

26

2.2 GESTÃO PÚBLICA E OS PROGRAMAS DE TRANSFERÊNCIA DE

RENDA MÍNIMA NO BRASIL NO CONTEXTO DA

DESCENTRALIZAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS

30

2.3 O PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA E O COMBATE A POBREZA 32

2.3.1 Breve histórico 32

2.3.2 O Programa Bolsa Família e sua funcionalidade macro 34

2.3.3 As condicionalidades do Programa Bolsa Família 37

2.3.4 A gestão de condicionalidades 41

2.3.5 O Cadastro Único 43

2.3.6 O Cadastro Único e a Gestão Municipal 43

2.3.7 Controle Social e o Programa Bolsa Família 44

2.3.8 O Índice de Gestão Descentralizada – IGD como fator de eficiência 45

2.3.9 A intersetorialidade governamental e sua importância para o Programa

Bolsa Família

47

2.3.10 Intersetorialidade e condicionalidades: a importância do trabalho em

rede

48

3 O PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA E O ACOMPANHAMENTO DE

SUAS CONDICIONALIDADES NO MUNICÍPIO DE ABAETETUBA

52

3.1 CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE ABAETETUBA – PA 52

3.2 CENÁRIOS DA EDUCAÇÃO, SAÚDE E ASSISTÊNCIA SOCIAL NO

MUNICÍPIO DE ABAETETUBA COMO FATORES RELEVANTES NO

CONTEXTO DO PBF

54

3.2.1 Educação 54

3.2.2 Saúde 57

3.2.3 Assistência Social 59

3.3 O PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA NO CONTEXTO LOCAL 62

3.3.1 Organização da gestão local 62

3.3.2 Rede de proteção social municipal da área da assistência social como

apoio nas ações intersetoriais do Programa Bolsa Família

65

3.3.3 O Cadastro Único e o acompanhamento das condicionalidades do

Programa Bolsa Família em Abaetetuba

70

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3.3.4 Ações intersetoriais: possibilidades e desafios na gestão do Programa

Bolsa Família

76

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 85

REFERÊNCIAS 89

APÊNDICE - ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA 95

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16

1 INTRODUÇÃO

O Município de Abaetetuba, escolhido como estudo de caso, está localizado na

mesorregião do nordeste paraense. Possui uma população de 141.100 habitantes (IBGE,

2010), apresenta um IDH de 0,71% (IBGE, 2000). É geograficamente estruturado em três

realidades distintas: a zona urbana, a zona rural ribeirinha e a zona rural estradas. Em todas

essas áreas ocorrem situações vulneráveis específicas a sua população como a violência,

crescimento desordenado da cidade e outros (zona urbana); dificuldade de acesso aos serviços

básicos de saúde, educação (zona rural ribeirinha); dificuldades de acesso aos serviços sociais

públicos, além de disparidades culturais (zona rural estradas). Como um município

tipicamente amazônico, enfrenta inúmeros problemas no acesso às polít icas públicas sociais

de sua população, tanto nos aspectos de gestão local, como também nos seus aspectos

geográficos, logísticos e culturais.

A rede de proteção social do município ainda é considerada insuficiente para atender

as diversas demandas sociais, marcadas pelo desemprego, analfabetismo dentre outros

indicadores que desafiam a gestão local. Dentre os grandes desafios da gestão municipal,

destaca-se a gestão do Programa Bolsa Família-PBF, uma vez que o município possui mais de

100 mil pessoas no Cadastro Único (CadÚnico) em situação de pobreza e extrema pobreza,

sendo 20.653 famílias beneficiárias do PBF até 2013. Diante desse quadro e considerando os

aspectos das políticas sociais brasileira para inclusão das demandas sociais, a gestão do PBF

constitui-se um grande desafio no que refere as possibilidades de ações intersetoriais.

Portanto, o foco desta dissertação é na gestão do PBF, suas possibilidades e desafios

na adoção de ações intersetoriais, no município de Abaetetuba, Estado do Pará. Propõe-se

identificar a estrutura de funcionamento do PBF na esfera federal (nível macro) e sua

operacionalização na esfera municipal (nível micro), visando identificar as condicionalidades

do programa e as ações intersetoriais em sua governança na esfera local. A presente

dissertação está em consonância com a linha de pesquisa Gestão do Desenvolvimento, do

programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Administração da Universidade da Amazônia.

Tem como objetivos específicos: (01) descrever a estrutura de funcionamento do

Programa Bolsa Família na esfera federal de governo e avaliar a gestão do Programa Bolsa

Família no município e suas ações intersetoriais nos níveis macro e micro; (02) identificar as

condicionalidades do programa e a viabilização de ações intersetoriais em nível macro-micro

da gestão do programa no município, com ênfase nas possibilidades e desafios de ações

intersetoriais.

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17

O problema de pesquisa é verificar até que ponto a gestão municipal tem seguido as

condicionalidades do programa e viabilizado ações intersetoriais em nível macro-micro da

gestão do programa no município. Como será abordado mais adiante, no capítulo 2, as

condicionalidades são as exigências do programa com relação ao cumprimento para as

famílias beneficiárias se manterem no programa, as quais são baseadas nas evidências

empíricas que apontam a relação entre pobreza e indicadores de saúde e educação.

O estudo da gestão do PBF em nível local centra atenção nos espaços de diálogo dos

gestores municipais envolvidos no processo de participação social no Programa.

O interesse pelo tema proposto deu-se por uma série de ações promovidas por meio do

projeto “Município Sustentável: Benevides em Foco”, coordenado pela Universidade da

Amazônia – UNAMA, no período de 2010 a 2012, em parceria com a Prefeitura Municipal de

Benevides. A realização do diagnóstico social do município, no fim do projeto em 2012,

possibilitou a identificação de problemáticas que permitem o aprofundamento de estudos e

pesquisas nos diversos âmbitos do conhecimento. Com o início dos trabalhos em Abaetetuba,

segundo município a fazer parte do projeto, direcionou-se esta dissertação, despertando assim

o interesse em analisar gestão do PBF no município de Abaetetuba, no período de 2009 a

2012.

O método aplicado à pesquisa incide em um estudo de caso único, que segundo Yin

(2005, p.20) “(...) permite uma investigação para se preservar as características holísticas e

significativas dos acontecimentos da vida real – tais como, mudanças ocorridas em regiões

urbanas”, tendo o município de Abaetetuba, como o mais apropriado para servir de lócus da

pesquisa. O caminho metodológico percorreu a análise das condicionantes do PBF no

município e o seu nível de governança nas estruturas macro e micro em suas formas

intersetoriais. Identificaram-se os setores educação, saúde e assistência social como

fundamentais para analisar as condicionalidades e ações intersetoriais por meio da

identificação das variáveis relevantes de cada setor.

Utilizou-se a pesquisa qualitativa como a mais apropriada para analisar a categoria

gestão social e governança do PBF no município de Abaetetuba no Estado do Pará, e suas

articulações intersetoriais em sua implementação, por acreditar que esse método possibilitará

captar a subjetividade dos sujeitos, como: percepções, atitudes, opiniões, expectativas e

aspirações acerca do objeto estudado, pois segundo Minayo (2005, p.21-22). A pesquisa

qualitativa responde a questões muito particulares, por preocupar-se com um nível de

realidade que não pode ser quantificado, ou seja, o universo de significados, motivos,

aspirações, crenças, valores e atitudes correspondem a um espaço mais profundo das relações,

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dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de

variáveis. Para poder entender o comportamento das áreas relacionadas às condicionalidades,

utilizou dados estatísticos de fontes oficiais para maior confiabilidade das informações.

A pesquisa reuniu um vasto material documental disponibilizado por gestores do

município e nos sites do Ministério de Desenvolvimento Social-MDS sobre normas, portarias,

dispositivos legais e demais registros oficiais nos âmbitos federal, estadual e municipal em

torno do PBF. Esta etapa foi sendo atualizada durante todo o período da avaliação, que iniciou

em março de 2012 e foi concluído em dezembro de 2013.

A partir da abordagem qualitativa, analisou-se a gestão do programa e seu nível de

governança nas estruturas macro e micro e de que forma estão inter-relacionadas. Como

procedimento de realização da pesquisa, escolheu-se a entrevista semiestruturada para ser

direcionada aos gestores municipais das políticas de Assistência Social, Saúde, Educação e

representante do Conselho Municipal de Assistência Social.

As entrevistas semiestruturadas tiveram como foco a análise da gestão do Programa no

acompanhamento de suas condicionalidades e sua governança na esfera local (gestão do

programa, processo de cadastramento, participação social dos gestores, intersetorialidade,

relação com outros níveis de governo e avaliação do programa).

As entrevistas com os gestores do Programa realizaram-se no local de trabalho de cada

profissional, onde foi possível gerar arquivos que foram transcritos para poster ior análise.

Durante a transcrição, foram preservados os direitos de confidencialidade das informações.

Ao todo, foram realizadas 04 entrevistas: com os gestores da Secretaria Municipal de

Assistência Social; da Secretaria Municipal de Saúde; da Secretaria Municipal de Educação e

representante do Conselho Municipal de Assistência Social, os quais atuam no âmbito do

Programa. A análise das entrevistas buscou contribuir na formação de uma visão geral do

processo gestão do PBF. A elaboração do roteiro das entrevistas obedeceu um comando único

no que tange as secretarias municipais, exceto o roteiro aplicado ao representante do Conselho

Municipal de Assistência Social. Seguem em apêndice, os roteiros das entrevistas.

A abordagem qualitativa foi importante para captar a percepção dos gestores através

de entrevistas semiestruturadas, mas, utilizou-se, também, o levantamento das informações do

PBF no banco de dados do CadÚnico, no qual colheu-se informações sobre o comportamento

das variáveis dos setores educação, saúde e assistência social como fundamentais para

analisar as condicionalidades e ações intersetoriais no município estudado e como estão

relacionadas às configurações do Programa enquanto política pública que articula com os

estados e municípios.

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19

O CadÚnico (banco de dados) foi importante por apresentar ao longo do trabalho as

variáveis fundamentais, de relação intersetorial (assistência social, educação e saúde) ao

estudo, onde foram identificados e analisados, a partir do referido banco de dados do

município. Onde foram colhidas informações do período compreendido de 2009 a 2012, haja

vista ser um recorte temporal significativo para a análise da gestão municipal anterior.

Particularmente, trabalhou-se os indicadores diretamente relacionados às políticas setoriais

como a saúde, sendo observado o número de crianças vacinadas, número de gestantes

acompanhadas, dentre outros. Na educação foi observada a frequência escolar dos

beneficiários com as faixas etárias de 6 a 15 anos e 16 e 17 anos, além de outros dados

relevantes. Referente à Assistência Social foi observada a capacidade de inclusão de famílias

no CadÚnico, em seu aspecto quantitativo, além das principais ações referentes à inclusão

social em programas sociais dentre outros.

O levantamento documental foi, também, útil no acesso de registro de programas,

planos e relatórios de gestão, PPA (Plano Plurianual), Diagnóstico Social e de outros

documentos tais como: registros fotográficos, mapas, pesquisas aplicadas, Leis e Decretos que

tratem a cerca do PBF em âmbito federal, estadual e municipal e relatório geral da gestão

municipal. Na articulação junto aos Órgãos Oficiais foram enviados ofícios, com devolutiva,

informando sobre a necessidade da entrevista com seu representante.

A sistematização dos dados obedeceu às seguintes etapas:

- Mapeamento do contexto local da gestão do PBF;

- Transcrição das entrevistas dos gestores envolvidos na pesquisa, em que teve

destaque, trechos das entrevistas mais significativas da forma como os gestores entendem e

atuam na gestão do PBF;

- Mapeamento das ações intertesetoriais na esfera local da gestão do PBF na

perspectiva de suas possibilidades e desafios.

- Mapeamento das observações realizadas durante as visitas técnicas no município,

onde foi possível vivenciar o cotidiano das ações que envolvem a gestão do Programa,

inclusive a ação de governo denominada “Caravana da Vontade Popular”, considerada uma

das mais importantes ações no âmbito da intersetorialidade local.

Esta dissertação está organizada em quatro capítulos, além desta introdução e

considerações finais. O primeiro capítulo trata do percurso metodológico da pesquisa. Tomou-

se a decisão de iniciar a dissertação dessa forma para possibilitar ao leitor o entendimento do

contexto e construção do trabalho, desde a formulação do problema de pesquisa até os

métodos utilizados para sua investigação. Além disso, justifica-se a utilização de métodos e os

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critérios para a seleção da área de estudo e do objeto estudado. Procurou-se assim oferecer

base para o entendimento mais geral dos capítulos posteriores.

O segundo capítulo adentra na discussão por meio de um olhar sobre os conceitos

norteadores da gestão social e governança participativa. Identifica-se na literatura os desafios

que permeiam as ações intersetoriais na gestão do PBF e aplica na análise de participação da

gestão local do Programa, tomando por base as representatividades governamentais e do

controle social. São apresentados e discutidos os formatos e estruturas das políticas públicas

sociais brasileiras para o desenho do PBF e a sua operacionalidade nas esferas de governo

federal e municipal.

O terceiro capítulo analisa o PBF e o acompanhamento de suas condicionalidades no

município de Abaetetuba –Pa, suas possibilidades e desafios na adoção de ações intersetoriais,

para tanto, são apresentadas as principais características do município, além do levantamento

de dados referentes aos setores de educação, saúde e assistência social como forma de análise

da gestão local do Programa.

Por fim, nas considerações, demonstra-se o entendimento final dos cenários das ações

intersetoriais analisadas, bem como o entendimento do histórico, das ações, influências e

interesses dos atores sociais envolvidos na gestão de políticas públicas para o

desenvolvimento local. Destaca-se as principais percepções da autora sobre ações

intersetoriais, por via da análise das ações em nível local, enfatizando o processo de

governança participativa da gestão do PBF.

O método de estudo de caso foi de fundamental importância para esta análise, uma vez

que possibilitou compreender de forma mais concreta e profunda de como são seguidas as

condicionalidades do PBF em seu nível local para o nível macro. Foi possível entender que,

embora possa existir toda uma organização ou uma estrutura do PBF em sua forma macro de

gestão, verificou-se alguns entraves nessa esfera tanto na forma intersetorial como

intergovernamental, o que na prática reflete nas gestões locais. Um dos entraves em nível

macro que se pode destacar é a fragmentação nas ações conjuntas entre ministérios. No nível

intergovernamental, verificou-se pouco diálogo das estruturas federais com as estaduais,

sendo que estas tem um papel fundamental no apoio ao acompanhamento e no cumprimento

das condicionalidades nos municípios.

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2 GESTÃO SOCIAL E GOVERNANÇA

A pesquisa fundamentou-se teórica e metodologicamente nas literaturas sobre gestão

social e governança participativa para analisar o PBF, enquanto política pública de governo.

Buscou-se, assim, conhecer e compreender a forma como é operacionalizado o PBF, enquanto

proposta de política pública no município de Abaetetuba, estado do Pará, no período de 2009

a 2012, ou seja, de que forma as ações do Programa se concretizam nesse município

considerando a sua realidade local, seus aspectos geopolíticos, econômicos, culturais e

sociais, e a relação dos gestores municipais, enquanto participantes dessa política. Nessa

perspectiva foram abordadas algumas categorias, consideradas importantes e que fazem

relação ao tema proposto como: políticas públicas, políticas sociais, pobreza e

intersetorialidade.

O termo gestão social encontra-se ainda em processo de construção (RAMOS et al,

2009; JUNQUEIRA et al, 2009). Para Tenório (2008a, p.54) “a gestão social é um processo

gerencial decisório deliberativo que procura atender as necessidades de uma dada região

território ou sistema social específico”. Para este autor, gestão social pode ser compreendida

ainda como um processo de diálogo no qual o poder de decisão é partilhado entre todos os

participantes de uma ação, independente do sistema social, seja este público, privado ou

organizações não governamentais (TENÓRIO, 2008a).

Segundo Cançado e Ferreira (2011), a abordagem de Tenório (2008a, 2008b), parte de

uma inquietação relacionada ao status quo da administração como área de conhecimento,

despertada segundo o autor pela leitura da obra de Guerreiro Ramos, também usado como

referência por França Filho (2008) e Fischer (2002), dentre outros. Segundo Tenório, a gestão

social poderia ser considerada como uma “linha de fuga” em relação à hegemonia da tradição

positivista centrada na racionalidade utilitária do pensamento administrativo, que “[...] não

tem permitido que os agentes do processo, administradores e administrados, desenvolvam

suas ações de forma emancipadora” (TENÓRIO, 2008a, p. 31). O autor, baseado em

Guerreiro Ramos e na Escola de Frankfurt (Horkheimer, Marcuse, Adorno) e, posteriormente,

na “segunda geração” com Jürgen Habermas, constrói seu conceito de gestão social.

A construção do conceito acontece, inicialmente, pela análise dos pares de palavras

Estado-sociedade e capital- trabalho, que são invertidas na sua ordem para sociedade-Estado e

trabalho-capital, ressaltando a importância da sociedade e do trabalho como protago nistas

destas relações (CANÇADO; FERREIRA, 2011). Ampliando a discussão, insere-se o par de

palavras sociedade-mercado, que representa o processo de interação da sociedade civil

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organizada com o mercado, onde também a sociedade deve ser protagonista (TENÓRIO,

2008a, 2008b).

Tenório (1998), enfatiza que a gestão social se contrapõe à gestão estratégica em sua

proposta de substituição da gestão tecnoburocrática, sem diálogo. A gestão social busca um

gerenciamento mais participativo, dialógico, no qual o processo decisório é um exercício feito

por vários atores sociais. Nesse entendimento, as ações serão frutos de relações dialógicas e

não de relações monológicas. O consenso é elaborado pelo diálogo entre atores e deve visar o

bem comum de todos.

Desta forma, Tenório (2005), acentua que a compreensão de gestão social não deve ser

atrelada às especificidades de políticas públicas direcionadas a questões de carência social ou

de gestão de organizações do denominado terceiro setor, mas como uma possibilidade de

gestão democrática na qual o imperativo categórico não é apenas o eleitor e/ou contribuinte,

mas igualmente o cidadão deliberativo; não é só a economia de mercado, mas também a

economia social; não é o cálculo utilitário, mas o consenso solidário; não é o assalariado

como mercadoria, mas o trabalhador como sujeito; não é somente a produção como valor de

troca, mas igualmente como valor de uso; não é tão somente a responsabilidade técnica, mas,

além disso, a responsabilidade social; não é a responsabilidade privada, mas sim a

responsabilidade pública; não é o monólogo, mas, ao contrário, o diálogo.

A gestão social pode ser apresentada como a tomada de decisão coletiva, sem coerção,

baseada na inteligibilidade da linguagem, na dialogicidade e no entendimento esclarecido

como processo, na transparência como pressuposto e na emancipação enquanto fim último

(CANÇADO; FERREIRA, 2011).

A gestão social é uma alternativa teórica e prática ao pensamento organizacional

hegemônico. Na percepção dos autores que debatem o tema principalmente nas duas últimas

décadas, a gestão social é antitética a gestão estratégica, uma vez que a sua preocupação é

com o envolvimento de todos os concernidos nos processo de tomada de decisão contrária,

portanto, a gestão estratégica cujo arcabouço conceitual e instrumental não potencializa

processos decisórios participativos, mas sim mecanismos decisórios hierarquizados

acentuando, cada vez mais, a luta de classes no interior das organizações e destas com a

sociedade. A visão social de mundo da gestão social tem como o seu determinante a

sociedade, enquanto o enfoque adotado pela gestão estratégica é o mercado (CANÇADO;

FERREIRA, 2011).

Bava (2000), chama a atenção para a necessidade da educação para a democracia que

se caracteriza como um movimento educacional político que possibilite enfrentar os

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problemas de descrédito, desinteresse, egoísmo político e desencanto com a própria ideia de

democracia, possibilitando ao cidadão participar de forma efetiva e consciente da construção

de políticas públicas que são de seu interesse.

A gestão social no contexto das políticas públicas brasileira possui uma dimensão

profunda que exige um esforço conjunto no âmbito do exercício da democracia e da cidadania

tornando o processo cada vez mais desafiador. O referido conceito será aplicado a pesquisa na

perspectiva de compreender como se dá essa gestão social na operacionalização e articulação

do programa Bolsa Família.

O termo “governança” surgiu no âmbito de reflexões conduzidas principalmente pelo

Banco Mundial, tendo em vista aprofundar o conhecimento sobre as condições que fazem um

governo eficaz (GONÇALVES, 2005). O termo vem sofrendo uma reformulação ao longo

dos anos: de uma associação direta com autoridade estatal a uma acepção mais ampla

designando processos interativos entre governos e sociedade, e frequentemente utilizado por

agências internacionais como sinônimo de “bom governo”.

Frey (2007), observa que a ampliação do uso deste termo se dá num contexto de

retração do Estado. O autor registra duas linhas de debate principais em torno do termo: uma

linha que foca na eficiência e efetividade governamental e outra linha cuja ênfase recai sobre

o potencial democrático e emancipatório da noção de governança.

Azevedo (1999, p.66) argumenta que, para além das questões político institucionais de

tomada de decisões, o termo “(...) envolveria, também, o sistema de intermediação de

interesses, especialmente no que diz respeito às formas de participação dos grupos

organizados da sociedade no processo de definição, acompanhamento e implementação de

políticas públicas”. Melo (1995, p.30), por sua vez, faz uma distinção do termo “governança”

em relação ao termo “governabilidade”: “(...) enquanto a governabilidade se refere às

condições do exercício da autoridade política, governança qualifica o modo de uso dessa

autoridade”.

As experiências de governança urbana em Salvador e Belo Horizonte, Boschi (1999,

p.2), usa o termo como “formatos de gestão pública que, fundados na interação

público/privado, tenderiam a assegurar transparência na formulação e eficácia na

implementação de políticas”. Alguns pontos levantados pelo autor merecem ser destacados:

- A ausência de uma teoria consistente da mudança institucional ex ante que explicite

de maneira precisa os resultados almejados de determinados desenhos institucionais,

colocando a necessidade de se relativizar a avaliação do sucesso de diferentes experiências de

governança (BOSCHI, 1999, p.2);

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- Se relações clientelistas são mais prevalecentes do que se supõe (sendo

frequentemente encontradas mesmo em contextos modernos regidos por instituições

democráticas), uma questão relevante é “(...) saber como operam mecanismos capazes de

neutralizar a tendência à instauração desse tipo de relações” (BOSCHI, 1999, p.3);

- Não há uma associação automática entre accountability e “(...) práticas de

governança que simplesmente ensejam o contato entre o público e o privado ou estimulam

processos de democracia direta”. Torna-se necessário que esta relação público/privado seja

filtrada por estruturas que favoreçam a horizontalização das relações. “Tal horizontalização

seria viabilizada por formatos de representação política cuja eficácia dependeria da densidade

e da qualidade da representação”. (BOSCHI, 1999, p.3);

- Uma perspectiva de cunho mais sociológico é importante para se “(...) entender

como, nas relações Estado/sociedade, a tendência seria estabelecer um equilíbrio entre

esforços para autonomia, por parte dos decisores, e para aproximação e penetração, por parte

de clientelas”. Este equilíbrio, pontua o autor, seria expresso diferentemente na literatura:

como “bases de apoio”; “coalizões” ou como “autonomia circunscrita ou ‘balizada’

(embedded autonomy)” (BOSCHI, 1999, p.3).

Para Bandeira (2000), as abordagens focalizadas na ação de governo, que viam na

atuação do setor público o motor do processo de desenvolvimento, predominavam até a

década de 70. Na década de 80 passou a estar focalizada na administração do

desenvolvimento, incorporando a avaliação da capacidade do estado para interagir e liderar o

conjunto da sociedade. Sendo que na década de 90, a abordagem passou a ser focalizada na

capacidade tanto do estado quanto da iniciativa privada e da sociedade civil como atores do

desenvolvimento. Neste sentido, governança pode ser vista para Bandeira (2000), como o

exercício da autoridade econômica, política e administrativa, compreendem os mecanismos,

processos e instituições por meio dos quais os cidadãos e grupos articulam seus interesses,

cumprem com suas obrigações, mediam suas diferenças e exercitam seus direitos legais.

Entende-se como governança, o estabelecimento de práticas democráticas locais, por

meio da intervenção e participação de diferentes categorias ou atores: Estado, empresas

privadas locais, cidadãos e trabalhadores, organizações não governamentais e outros, nos

processos de decisão local (IACONO; NAGANO, 2007). Para estes autores, as ações de

governança devem estar voltadas à promoção de cooperação apoiada em graus elevados de

confiança, são formas de cooperação das relações existentes no s istema de inovação, conjunto

de instituições que individualmente ou não contribuem para o desenvolvimento e difusão de

tecnologias, visando o aprendizado contínuo, a criatividade e conseguinte inovação.

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Na perspectiva de Villela e Pinto (2009), a governança se dá por uma liderança e não

mais por um governo, passando a ser uma gestão que promove o compartilhamento de seus

processos decisórios, na busca de um consenso negociado nas deliberações tomadas no

interior de uma rede, com objetivo de facilitar os projetos de desenvolvimento construídos

pelos participantes da rede. A governança participativa visa a fomentar em seu potencial o

desenvolvimento local de forma sustentável e referencial, dependendo para isto da criação de

espaços propositivos e dialógicos nas tomadas de decisão participativa e deliberativa.

Para Fischer (1996, p.19), governança é um conceito plural, que compreende não

apenas a substância da gestão, mas a relação entre os agentes envolvidos, construção de

espaços e os vários papéis desempenhados pelos agentes do processo. Segundo Tenório

(2007, p.19), a definição de governança destaca o papel da cidadania:

A terminologia contemporânea [...] reflete essas mudanças e começa a conotar

conceitos como governança, que enfatiza o papel dos cidadãos – individuais ou

organizados de formas associativas – no processo político, partindo da identificação

dos problemas, a formulação, instituição e avaliação dos resultados. A aproximação

da governança com a democracia traz alguns problemas de leg itimidade ou de

pluralismo e enfat iza a necessidade de gerenciar o setor público de modo

transparente, participativo, criativo e responsável.

A governança, quando participativa e deliberativa, pode-se aproximar-se do conceito

de gestão social. A fundamentação da gestão social aproxima-se do preconizado por

Habermas de democracia deliberativa, a partir da participação de todos os atores sociais

envolvidos na questão de forma direta ou indireta. Em programas de desenvolvimento local,

os atores a se envolver – Estado, sociedade e mercado – são potenciais protagonistas do

processo, na discussão democrática de seus interesses buscando o entendimento. Portanto no

contexto da gestão social, os atores, ao fazerem proposta, não podem impor suas pretensões

de validade sem que haja um acordo alcançado comunicativamente no qual todos os

participantes exponham suas argumentações (TENÓRIO, 2004, p.26).

É nesse contexto que buscar-se-á identificar a aplicabilidade do conceito de

governança para compreender como se dá a dinâmica de participação e deliberação dos

gestores municipais na gestão do programa Bolsa Família em suas esferas macro e micro de

organização.

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2.1 POLÍTICAS PÚBLICAS E POLÍTICAS SOCIAIS: A CRIAÇÃO DOS PROGRAMAS

DE TRANSFERÊNCIA DE RENDA MÍNIMA NO COMBATE A POBREZA NO

BRASIL

Após a Segunda Guerra Mundial, consolidou-se o chamado Estado de Bem-Estar

Social ou Welfare State1 e posteriormente o neoliberalismo2. As recentes transformações que

vêm se operando no interior das economias mundiais, com o crescimento do desemprego e a

aparição de novas formas de pobreza, associados à crise do Welfare State, têm trazido à tona o

debate acerca dos limites dos tradicionais programas sociais em responder às crescentes

demandas sociais, impondo, assim, novos dilemas para a intervenção pública (BURLANDY

et al, 2007).

Ao entrar no debate sobre gestão e governança participativa do PBF, torna-se

necessário destacar alguns aspectos referentes à política social brasileira, marcada por

avanços e retrocessos. Faleiros (1991, p.28) afirma que nos chamados países pobres e

dependentes da América Latina, especialmente no Brasil, nunca ocorreu a garantia do bem-

estar da população por meio da universalização de direitos e serviços públicos de qualidade.

Nesse sentido Castro (2012) destaca que a política social no Brasil, apesar da atual amplitude,

ainda é marcada por políticas específicas com baixa coordenação entre elas e grandes desafios

em termos de abrangência (universalidade e integralidade) e qualidade dos bens e serviços

oferecidos. Nesse sentido, é que se percebe a dificuldade de pensar a política social brasileira

na perspectiva da idéia do Welfare State ou mesmo discutir a validade de tal conceito para

enquadrar os esquemas vigentes atualmente. A própria literatura nacional da área reflete a

realidade atual da política social, uma vez que ela é também bastante setorial, tratando de

políticas específicas e com predominância, em termos metodológicos, da análise voltada para

descrição dos estágios alcançados e/ou deficiências reveladas.

O Brasil foi o último país da América Latina a implementar um projeto neoliberal. Tal

fato deveu-se, de um lado, à dificuldade de soldar os distintos interesses das diversas frações

1 O ideário do Estado de Bem-Estar Social ou Welfare State é proposto pela teoria keynesiana em países da Europa e nos

Estados Unidos da América que tinha como princípio de ação o pleno emprego e a menor desigualdade social entre os cidadãos. É erigido pela concepção de que os governos são responsáveis pela garantia de um mínimo padrão de vida para

todos os cidadãos, como direito social. É baseado no mercado, contudo com ampla interferência do Estado que deve regular

a economia de mercado de modo a assegurar o pleno emprego, a criação de serviços sociais de consumo coletivo, como a

educação, saúde e assistência social para atender a casos de extrema necessidade e minimizar a pobreza. 2 O Neoliberalismo, como arcabouço teórico e ideológico não é algo novo. Nasce com o combate implacável, no início da década de 1940, às teses keynesianas e ao ideário do Estado de Bem-Estar, sobretudo aos direitos sociais e aos ganhos de

produtividade da classe trabalhadora. Seu postulado fundamental é de que o mercado é a lei social soberana. Friederich

Hayek, teórico principal.

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do capital, até então presentes no moribundo Modelo de Substituição de Importações (MSI)

(FILGUEIRAS, 2001) e, de outro, à intensa atividade política desenvolvida pelas classes

trabalhadoras na década de 1980 – que se expressou, entre outros eventos, na constituição do

Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), na criação da Central Única dos

Trabalhadores (CUT) e do Partido dos Trabalhadores (PT) e na realização de cinco greves

gerais entre 1983 e 1989.

Filgueiras (2001) afirma que esse processo, de implantação e evolução do projeto

neoliberal, passou por, pelo menos, três momentos distintos, desde o início da década de

1990, quais sejam: uma fase inicial, bastante turbulenta, de ruptura com o MSI e implantação

das primeiras ações concretas de natureza neoliberal (Governo Collor); uma fase de

ampliação e consolidação da nova ordem econômico-social neoliberal (primeiro Governo

Fernando Henrique Cardoso - FHC); e, por último, uma fase de aperfeiçoamento e ajuste do

novo modelo, na qual amplia-se e consolida-se a hegemonia do capital financeiro no interior

do bloco dominante (segundo Governo FHC e Governo Lula).

Filgueiras (2010) destaca ainda que o Governo Lula deu prosseguimento (radicalizando)

à política econômica implementada pelo segundo Governo FHC, a partir da crise cambial de

janeiro de 1999: metas de inflação reduzidas, perseguidas por meio da fixação de taxas de

juros elevadíssimas; regime de câmbio flutuante e superávits fiscais acima de 4,25% do PIB

nacional. Adicionalmente, recolocou na ordem do dia a continuação das reformas neoliberais

implementando uma reforma da previdência dos servidores públicos e sinalizando para uma

reforma sindical e das leis trabalhistas, além de alterar a Constituição para facilitar o

encaminhamento, posterior, da proposta de independência do Banco Central e dar seqüência a

uma nova fase das privatizações, com a aprovação das chamadas Parce rias Público-Privado

(PPP), no intuito de melhorar a infraestrutura do país uma vez que a política de superávits

primários reduz drasticamente a capacidade de investir do Estado. Por fim, completando o

quadro, reforçou as políticas sociais focalizadas (assistencialistas).

No Brasil, o tema da pobreza e destituição social vem assumindo lugar de destaque na

agenda pública nas últimas décadas, não só em face do número alarmante de pobres como

também pela centralidade adquirida pela discussão em torno da capacidade estatal em

promover maiores níveis de equidade e justiça social. Inflexões no padrão clássico das

políticas sociais brasileiras se fazem sentir a partir de meados da década de 1980, no contexto

de redemocratização do país. É nesse momento que ganham fôlego as críticas ao caráter

altamente centralizado, burocratizado, fragmentado, privativista, excludente e de baixas

eficácia e eficiência social que tem marcado as intervenções públicas neste campo. Dois

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traços característicos da política social brasileira vêm se destacando enquanto questões-chave

a serem enfrentadas: a) os segmentos pobres são os que tradicionalmente têm maiores

dificuldades de acessar os bens e serviços sociais, contribuindo para a persistência da

desigualdade social; e b) a falta de interação entre os diferentes setores de governo, entre

governo e sociedade e a consequente dificuldade de coordenação das ações desenvolvidas.

(BURLANDY et al, 2007).

Ainda de acordo com Burlandy et al (2007), na década de 1990, são adotadas

estratégias institucionais destinadas a garantir que os programas sociais atinjam os segmentos

mais vulneráveis. No campo das políticas de combate à pobreza strictu senso, algumas

inflexões vêm sendo produzidas, e é nesse contexto que os programas de transferência de

renda para famílias pobres têm despertado grande interesse analítico. As origens de tais

programas remontam a iniciativas locais, sobretudo no Distrito Federal e em municípios como

Vitória (no Espírito Santo), Campinas e Ribeirão Preto (em São Paulo), objetivando combater

a pobreza, sobretudo através da eliminação do trabalho infantil e do aumento do nível de

escolaridade de crianças e adolescentes. Trata-se de experiências bastante diversas no que se

refere a critérios de seleção, valor do benefício e formas de operação, entre outros,

compartilhando uma grande riqueza em termos de inovações institucionais (DRAIBE et al,

1998). Influenciado por essas experiências, o governo federal adotou, a partir de 2001,

programas de transferência de renda para famílias pobres, como o Bolsa Escola, vinculados ao

Ministério da Educação e o Bolsa Alimentação, do Ministério da Saúde. Tais programas

consistiam na complementação de renda às famílias, que, em contrapartida, assumiam uma

agenda de compromissos, tais como a garantia de frequência escolar mínima das crianças

atendidas e a participação em determinadas ações de saúde pública.

Algumas avaliações a respeito dos programas brasileiros de garantia de renda mínima

(PGRM) apontam a vantagem da transferência monetária direta na diminuição dos custos

administrativos do programa e na redução da incidência de fraudes e desvios de recursos,

além de permitir a liberdade de escolha dos produtos por parte dos beneficiários, quando

comparada à clássica modalidade de distribuição do benefício in natura (LAVINAS, 2000).

Ao mesmo tempo, os PGRMs têm como proposta promover a articulação com outras políticas

e programas sociais, criando a possibilidade de, em tese, romper com a fragmentação típica

das políticas sociais brasileiras e facilitar a adoção de ações intersetoriais. Cabe lembrar que

desde o período da transição democrática a agenda de debate no campo da política social

brasileira comporta uma série de temas que tratam das reformas necessárias à construção de

uma nova institucionalidade pública, focando principalmente os desafios relativos à

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formulação e ações de políticas e programas sociais. Nesse processo, a aposta fundamental é

inovar tanto na formulação dos programas quanto na definição de estratégias capazes, assim,

de provocar melhores resultados e maiores impactos sobre a pobreza e desigualdade social.

(BURLANDY et al, 2007).

Souza (2011) enfatiza que o Brasil possui um sistema de política social bastante amplo

e complexo, que envolve diversos atores, instituições e programas. Este sistema, estabelecido

a partir da Constituição de 1988 com a pretensão de atendimento universal às necessidades e

aspirações da população, se coloca em constante tensão com as limitações orçamentárias,

gerenciais e legais do setor público. Se, por um lado, os sistemas públicos previdenciários, de

saúde, de educação e de políticas de proteção social alcançaram níveis de atendime nto quase

universais da população de interesse nas últimas duas décadas, por outro lado, convivem com

baixos níveis de qualidade e de eficiência e produtividade na provisão desses serviços. Nesse

contexto foi produzida uma tecnologia de políticas públicas, pautada na garantia de uma renda

mínima aos indivíduos e suas famílias baseadas em transferência direta de renda, a qual

representa um grande avanço na forma de tratar a questão da pobreza (COBO, 2012, p. 39)

para o acesso da maioria da população brasileira, particularmente aos mais pobres, porém que

ainda não satisfaz as expectativas em qualidade e eficiência. O desafio consiste em aproveitar

esta tecnologia para aumentar a eficácia e a eficiência das políticas sociais de forma a excluir

consistentemente as múltiplas dimensões de pobreza.

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Figura 1- Políticas setoriais e transversais da política social brasileira - 2010

Fonte: Ipea (2010) e Castro (2012).

A ilustração acima demonstra como se dão as relações das políticas setoriais e

transversais no contexto da política social brasileira.

2.2 GESTÃO PÚBLICA E OS PROGRAMAS DE TRANSFERÊNCIA DE RENDA

MÍNIMA NO BRASIL NO CONTEXTO DA DESCENTRALIZAÇÃO DE POLÍTICAS

PÚBLICAS

Souza (2007) destaca que a procura de alternativas para a modernização da gestão

pública, tem sido fortemente influenciada por ideias de participação e descentralização devido

à necessidade de repassar deveres e obrigações dos níveis superiores de governo para os

níveis inferiores. Dessa forma, Bresser Pereira e Spink (2006) sinalizam que o fenômeno da

descentralização tem sido verificado no Brasil desde o final do ano de 1970, quando ocorreu a

crise do Estado e da burocracia, e no início do ano de 1980, com uma grande revolução na

administração pública dos países centrais rumo a uma administração pública gerencial. A

descentralização se concretiza, portanto, com a Constituição Federal de 1988, em que ocorreu

a redefinição dos papéis tanto do Governo Federal, como Estadual e Municipal.

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Para Souza (2007), o processo de descentralização tem sido conhecido como uma das

formas para melhorar eficiência alocativa do setor público, pois, aproxima a gestão pública

dos cidadãos, concorrendo para o incremento da democracia, da cidadania, da

responsabilidade social, do atendimento às necessidades da população, bem como contribuir

para introduzir concorrência na provisão de serviços públicos locais, com significativo

impacto sobre a gestão pública.

Nessa perspectiva, Bresser Pereira (2006), apresenta a descentralização como

estratégia de incentivo à criatividade e à inovação. Segundo a demonstração de Przeworski

(2006), os argumentos a favor da descentralização baseiam-se basicamente na observação de

que a provisão local de serviços públicos favorece a responsabilização do governo, porque

aproxima da população que ele serve.

Com a proposta da descentralização político administrativa no Brasil, coube a

coordenação e as normas gerais à esfera federal, assim como a participação da população na

formulação de políticas e controle das ações em todos os níveis (ARNS, 2005).

São inúmeros os motivos para a descentralização: a d imensão continental do país, as

diferenças regionais e uma grande quantidade de municípios existentes (mais de 5.500), sendo

a maioria de pequeno porte (ORTIZ, 2002).

Para Sousa (2006), a implementação descentralizada dos programas do Ministério do

Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) pressupõe sua articulação ou mesmo

integração ao nível de família, da comunidade e do território. Isso significa que a gestão e a

operacionalização dos programas dependem da coordenação não só entre setores dentro de

um nível de governo, mas entre seus vários níveis governamentais – União, Estados e

Municípios.

Desde a criação do PBF, em 2003, até o ano de 2005, sua gestão era realizada pela

Secretaria Nacional de Renda e Cidadania (SENARC). A partir de 2005, o MDS promoveu a

descentralização da Gestão de Benefícios do PBF, permitindo aos gestores municipais do

programa administrar, em seu próprio município, a transferência de renda às famílias

beneficiárias pelo programa. Mediante essa ação, os municípios ganharam maiores

responsabilidades passaram a lograr de recursos humanos técnicos e qualificados, para o novo

esboço de atividade na gestão do programa (MONTEIRO et al, 2013). Ainda de acordo com

os autores, o Gestor Municipal do PBF tem como principais funções: assumir a interlocução

política entre a prefeitura, o MDS e o estado para a implementação do PBF e do CadÚnico;

coordenar a relação entre as secretarias de assistência social, educação e saúde para o

acompanhamento dos beneficiários do PBF e a verificação das condicionalidades; coordenar a

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execução dos recursos transferidos pelo governo federal para o PBF nos municípios;

coordenar a interlocução com as outras secretarias e órgãos vinculados ao próprio governo

Municipal, Estadual e Federal e, ainda, com entidades não governamentais (O PAPEL do

gestor..., [20--]). Com a transferência da administração para os gestores municipais, ocorreu o

processo de descentralização das decisões e da delegação das funções, criando, portanto, o

IGD (Índice de Gestão Descentralizada), que mede a eficiência e a qualidade dessa gestão.

2.3 O PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA E O COMBATE A POBREZA

2.3.1 Breve histórico

A pobreza se institui como questão social a partir do surgimento das grandes cidades,

quando as condições extremamente precárias das populações recém-chegadas no campo

inspiravam preocupação e receio, suscitando intervenções do setor público em prol da

instituição de uma nova ordem social (LAVINAS, 2002, p.26). Considerando os diferentes

graus de urbanização dos países, o debate sobre a pobreza e suas formas de regulação surge

primeiramente na Europa para, depois, alcançar os países de desenvo lvimento tardio (COBO,

2012, p.69).

No Brasil, a temática dos programas de transferência de renda, denominados,

inicialmente, de Programas de Renda Mínima ou Programas Bolsa Escola e outras

denominações, tem seu desenvolvimento histórico sistematizado em cinco momentos: o

primeiro momento, iniciado em 1991, quando senador Eduardo Suplicy (PT/SP) aprese ntou o

Projeto Lei n. 80/1991, instituindo o Programa de Garantia de Renda Mínima para todo

brasileiro a partir de 25 anos de idade, o qual foi aprovado no Senado, permanecendo, com

parecer favorável, para aprovação da Câmara Federal. (SILVA; LIMA, 2010).

Silva e Lima (2010), destacam o segundo momento, estendendo-se de 1991 a 1993,

quando Camargo (1991; 1993; 1995) propõe uma transferência monetária a famílias que

tivessem crianças de 5 a 16 anos em escolas públicas, introduzindo duas inovações no debate:

a família como beneficiária, no lugar do indivíduo, bem como a articulação da transferência

monetária com a obrigatoriedade de crianças e adolescentes frequentarem a escola. O objetivo

seria articular uma política compensatória a uma estruturante, como co ndição de

enfrentamento da pobreza.

O terceiro momento, de acordo com Silva e Lima (2010), foi iniciado em 1995,

quando começou a implementação das experiências pioneiras nas cidades de Campinas (SP),

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33

Ribeirão Preto (SP), Santos (SP) e em Brasília (DF), concretizando, então, a possibilidade da

adoção de políticas públicas de transferência de renda no contexto do Sistema de Proteção

Social brasileiro.

Silva e Lima (2010) destacam que o quarto momento foi iniciado em 2001, durante o

segundo mandato de FHC (1999-2003), foi marcado por significativa expansão dos

programas federais criados em 1996 (Benefício de Prestação Continuada; Programa de

Erradicação do Trabalho Infantil) e criação de outros programas de iniciativa do governo

federal (Bolsa Escola; Bolsa Alimentação, Bolsa Renda, Vale Gás, entre outros). Nesse quarto

momento, registrou-se ainda a ampliação do debate com a introdução da ideia de uma Renda

de Cidadania para todos os brasileiros, conforme preconiza o senador Suplicy (SUPLICY,

2002), também autor do projeto de Lei n. 266, de 2001, que propõe a instituição de uma renda

básica incondicional ou a renda de cidadania para todos os brasileiros.

O quinto momento, conforme Silva e Lima (2010), foi iniciado em 2003 com o

governo de Luiz Inácio Lula da Silva, foi marcado, desde o início, pelo Fome Zero, principal

estratégia de enfrentamento da fome e da pobreza no Brasil, cujo principal programa é o PBF,

criado em 2003, já implementado em todos os municípios brasileiros e nos Distrito Federal

desde 2006, cuja proposta é a unificação dos inúmeros programas de transferência de renda

criados no Brasil por iniciativa de governos municipais, estaduais e do governo federal. Nesse

momento é também sancionada, pelo Presidente da República, a Renda de Cidadania proposta

pelo senador Suplicy com a indicação de que seria implementada com o atendimento inicial

dos mais pobres; é criado, em janeiro de 2004, o Ministério de Desenvolvimento Social e

Combate à Fome em substituição ao Ministério da Assistência Social e o Ministério

Extraordinário de Segurança Alimentar e Combate à Fome, verificando-se também

crescimento significativo no orçamento anual destinado aos programas de transferência de

renda.

Silva e Lima (2010), entendem que análises e avaliações sobre o PBF demandam que

sejam pontuados alguns aspectos conceituais considerados referências para o

desenvolvimento da reflexão. Sendo que a transferência de renda é concebida como uma

transferência monetária direta a indivíduos ou famílias. No caso brasileiro e de vár ias

experiências da América Latina, são programas focalizados em segmentos pobres da

população e têm sua prestação condicionada a determinadas exigências que devem ser

cumpridas pelos indivíduos ou pela família, principalmente no campo da educação, da saúde e

do trabalho. Em relação à educação, a principal condicionalidade é a exigência de matrícula e

frequência escolar de crianças e adolescentes; no campo da saúde é destacado o cumprimento

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de medidas básicas, como vacinação de crianças e pré-natal de mulheres grávidas e no

trabalho as condicionalidades são geralmente relativas à capacitação profissional e à inserção

no mercado de trabalho.

Enquanto programa focalizado na pobreza e condicionados ao cumprimento de

determinadas exigências, três pressupostos os orientam: a) a transferência monetária

direcionada a famílias pobres possibilita a complementação de renda dessas famílias

permitindo a retirada de crianças e adolescentes da rua e de trabalhos precoces e penosos, para

encaminhá- los à escola, o que contribui para interromper o ciclo vicioso de reprodução da

pobreza; b) a articulação de uma transferência monetária com políticas e programas

estruturantes (educação, saúde e trabalho), direcionados às famílias pobres, constitui-se numa

política de enfrentamento à pobreza e as desigualdades sociais e econômicas; c) as

condicionalidades são consideradas contrapartidas sociais que devem ser cumpridas pelo

núcleo familiar, visando certificar o compromisso e a responsabilidade das famílias atendidas

e representando o exercício de direitos para que as famílias possam alcançar sua autonomia e

inclusão social sustentável (SILVA; LIMA, 2010).

Silva e Lima (2010), afirmam que a questão da pobreza assume centralidade nos

programas de transferência de renda. Nesse sentido, ressaltam a existência de diferentes

concepções de pobreza, sob a orientação de diferentes valores, fundamentando a formulação e

o desenvolvimento de políticas, programas e ações para intervenção social. As autoras

consideram a concepção de pobreza enquanto fenômeno complexo e multidimensional, com

destaque a sua determinação estrutural. Assim, a pobreza é concebida para além da

insuficiência de renda; é produto da exploração do trabalho; é desigualdade na distribuição de

riqueza socialmente produzida; significa o não acesso à serviços sociais básicos, à

informação, ao trabalho e à renda digna, é não participação social e política.

2.3.2 O Programa Bolsa Família e sua funcionalidade macro

O Programa de Transferência de Renda Bolsa Família (PBF) foi instituído em outubro

de 2003, através da Medida Provisória nº 132, sendo um programa de transferência direta de

renda condicionada, a nível nacional, destinado às famílias pobres e extremamente pobres. O

PBF surge a partir da unificação de quatro programas federais de transferência de renda

(Bolsa Escola, Bolsa Alimentação, Cartão Alimentação e Vale Gás), com o objetivo de

melhorar a gestão e maximizar o gasto social do governo federal, utilizando como critério de

inclusão a renda per capita familiar. Além de transferir recursos diretamente aos beneficiários

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35

para alívio da pobreza, o programa atua na promoção do acesso aos serviços básicos de

educação e saúde para as famílias beneficiadas, contribuindo para o rompimento do ciclo

intergeracional da pobreza (BRASIL, 2007).

O modelo de gestão do PBF conjuga esforços dos três níveis de governo por meio da

criação de uma rede intergovernamental responsável pela sua implementação, viabilizando

uma estrutura de coordenação articulada com diferentes políticas sociais, de modo a respeitar

a autonomia dos entes federados e a interdependência entre eles. (LICIO; MESQUITA;

CURRALERO, 2011, p. 463).

O PBF atualmente integra o Plano Brasil Sem Miséria, que tem como foco de atuação

os 16 milhões de brasileiros com renda familiar per capita inferior a R$ 70 mensais e está

baseada na garantia de renda, inclusão produtiva e no acesso aos serviços públicos. O PBF

possui três eixos principais: a transferência de renda promove o alívio imediato da pobreza; as

condicionalidades reforçam o acesso aos direitos sociais básicos nas áreas de educação, saúde

e assistência social; e as ações e programas complementares objetivam o desenvolvimento das

famílias, de modo que os beneficiários consigam superar a situação de vulnerabilidade

(BRASIL, [20--]h).

O Programa prioriza famílias com renda mensal per capita de até R$140,00 para o

recebimento da transferência monetária, por meio da sua inclusão na base de dados do

CadÚnico. Conforme a composição familiar e respectiva renda per capita, os benefícios

podem variar de R$ 32,00 a R$ 242,00. Atualmente, 50,9% dos beneficiários residem no

nordeste, 24,7%, no sudeste, 5,8%, no centro-oeste, 8%, no sul e 10,6%, no norte do país.

(LICIO; MESQUITA; CURRALERO, 2011, p. 463).

Todos os meses, o governo federal deposita uma quantia para as famílias que fazem

parte do programa. O saque é feito com cartão magnético, emitido preferencialmente em

nome da mulher. O valor repassado depende do tamanho da família, da idade dos seus

membros e da renda. Há benefícios específicos para famílias com crianças, jovens até 17

anos, gestantes e mães que amamentam. A gestão do programa instituído pela Lei

10.836/2004 e regulamentado pelo Decreto nº 5.209/2004, é descentralizada e compartilhada

entre a União, estados, Distrito Federal e municípios. Os entes federados trabalham em

conjunto para aperfeiçoar, ampliar e fiscalizar a execução (BRASIL, [20--]k).

A seleção das famílias para o PBF é feita com base nas informações registradas pelo

município no CadÚnico para Programas Sociais do Governo Federal, instrumento de coleta e

gestão de dados que tem como objetivo identificar todas as famílias de baixa renda existentes

no Brasil. Com base nesses dados, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à

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Fome (MDS) com o apoio do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e do Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), seleciona, de forma automatizada, as famílias

que serão incluídas para receber o benefício. No entanto, o cadastramento não implica e

entrada imediata das famílias no programa e o recebimento do benefício (BRASIL, [20--]b).

Figura 2 - Organograma do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

Fonte: BRASIL (2011).

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37

Figura 3 - Organograma da Secretaria Nacional de Renda e Cidadania.

Fonte: BRASIL (2011).

Os organogramas do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (Fig.

2) e da Secretaria Nacional de Renda e Cidadania (Fig. 3), ilustram a forma de como são

gerenciados a política de assistência social no país, bem como os Programas Sociais do

Governo Federal vinculados ao CadÚnico, demonstrando um grau de complexidade elevado

em sua operacionalidade.

2.3.3 As condicionalidades do Programa Bolsa Família

As Condicionalidades do PBF, no contexto das políticas públicas universais, são

compromissos assumidos tanto pelas famílias beneficiárias do PBF quanto pelo poder público

para ampliar o acesso dessas famílias a seus direitos sociais básicos. Por um lado, as famílias

devem assumir e cumprir esses compromissos para continuar recebendo o benefício. Por

outro, as condicionalidades responsabilizam o poder público pela oferta dos serviços públicos

de saúde, educação e assistência social (BRASIL, [20--]c).

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Quadro 1 - Condicionalidades do PBF, público beneficiário e período de acompanhamento.

Secretaria

Condicionalidades

Público beneficiário

Acompanhamento

Educação

Matrícula e Freqüência escolar mensal

mínima de 85 %

Crianças de 6 a15 anos

Bimestral

Matrícula e Freqüência escolar mensal

mínima de 75 %

Adolescentes 16 e 17 anos

Saúde

Acompanhamento do crescimento e

desenvolvimento

Crianças de 0 a 7 anos

Semestral

Cumprimento do calendário de vacinas

Crianças de 0 a 7 anos

Acompanhamento do Pré-Natal

Gestantes

Atividades educativas sobre

aleitamento materno e alimentação

saudável

Gestantes e Nutrizes

Assistência

Social

Serviços sócio educativos e serviços

de convivência e fortalecimento de

vínculos (SCFV) do PETI com

frequência mensal mínima de 85%

Famílias com crianças e

adolescentes de até 15 anos em risco

ou retiradas do trabalho infantil pelo

Programa de Erradicação do

Trabalho Infantil (PETI)

Mensal

Fonte: BRASIL (2004).

As condicionalidades dos setores da Educação, Saúde e Assistência Social e suas

especificidades, conforme explicitado no quadro 1, foram estruturadas ainda com base no

Decreto nº 5.209, de 17 de setembro de 2004 (Programa Bolsa Família) e nas Portarias

Interministeriais 3.789, DOU de 18 de novembro de 2004 (Frequência Escolar), 2.509, DOU

de 22 de novembro de 2004 (Ações de Saúde) e 321, DOU de 29 de setembro de 2008

(Gestão de Condicionalidades).

O poder público deve fazer o acompanhamento gerencial para identificar os motivos

do não cumprimento das condicionalidades. A partir daí, são implementadas ações de

acompanhamento das famílias em descumprimento, consideradas em situação de maior

vulnerabilidade social. A família que encontra dificuldades em cumprir as condicionalidades

deve, além de buscar orientações com o gestor municipal do PBF, procurar o Centro de

Referência de Assistência Social (CRAS), o Centro de Referência Especializada de

Assistência Social (CREAS) ou a equipe de assistência social do município. O objetivo é

auxiliar a família a superar as dificuldades enfrentadas. Esgotadas as chances de reverter o

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descumprimento das condicionalidades, a família pode ter o benefício do PBF bloqueado,

suspenso ou até mesmo cancelado (BRASIL, [20--]b).

Quadro 2 - Efeitos para a família com crianças ou adolescentes até 15 anos, diante do descumprimento das condicionalidades no Programa.

Descumprimento

Efeito

Situação do Benefício

1º Registro Advertência Família passa a ser considerada em situação de

descumprimento, mas continua recendo o

benefício.

2º Registro

Bloqueio 30 dias

Uma parcela do beneficio fica ret ida por 30 dias e

após 30 dias a família volta a receber o beneficio

normalmente com o valor acumulado do mês

anterior.

3º e 4º Registros

Suspensão 60 d ias

A família fica sem receber o beneficio por 60 d ias.

Após 60 dias a família volta a receber o beneficio

normalmente, mas as duas parcelas relativas ao

período de suspensão não são pagas à família.

5º Registro

Cancelamento

Parcelas do beneficio que ainda não foram sacadas

pela família são canceladas; Parcelas do beneficio

que seriam pagas à família nos meses seguintes

são interrompidas e a família é desligada.

Fonte: BRASIL (2008).

No quadro 2, os efeitos para a família com crianças ou adolescentes até 15 anos, diante

do descumprimento das condicionalidades no Programa varia desde uma advertência até o

cancelamento do benefício.

Quadro 3 - Efeitos para a família com adolescentes de 16 e 17 anos, diante do descumprimento das condicionalidades no Programa.

Descumprimento

Efeito

Situação do Benefício

1º Registro

Advertência Não há efeito sobre o beneficio

2º Registro 60 dias de suspensão O beneficio é suspenso por 60 dias. Não recebe as

parcelas suspensas

3º Registro

Cancelamento O benefício é cancelado

Fonte: BRASIL (2008).

No quadro 3, são indicados os efeitos para a família com adolescentes de 16 e 17 anos,

diante do descumprimento das condicionalidades no Programa, podendo ser aplicada uma

suspensão de 60 dias até o cancelamento do benefício.

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40

Figura 4 - Fluxo Condicionalidade de Educação.

Fonte: (BRASIL, [20--]c).

No fluxo acima, observamos a dinâmica no envio das informações referentes a

frequência escolar, a qual envolve ações intergovernamentais e intersetoriais, especificamente

entre União e Município, em que a atualização de dados e o acompanhamento familiar se

fazem necessários para garantir o cumprimento da condicionalidade educação.

Figura 5 - Fluxo Condicionalidade de Saúde.

Fonte: (BRASIL, [20--]c).

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No fluxo da condicionalidade saúde, são evidenciadas ações sistematizadas no envio

de informações entre União e Município, em que a gestão do PBF tem o papel de acompanhar

as famílias em descumprimento das condicionalidades, além de articulações intersetoriais e

intergovernamentais.

2.3.4 A gestão de condicionalidades

O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) faz o

acompanhamento das condicionalidades do PBF de forma articulada com os Ministérios da

Educação e da Saúde. Nos municípios, o acompanhamento deve ser feito intersetorialmente

entre as áreas de saúde, educação e assistência social (BRASIL, [20--]c). Conforme o MDS

(BRASIL, [20--]c), os objetivos do acompanhamento das condicionalidades são:

- Monitorar o cumprimento dos compromissos pelas famílias beneficiárias, como

determina a legislação do programa;

- Responsabilizar o poder público pela garantia de acesso aos serviços e pela busca

ativa das famílias mais vulneráveis;

- Identificar, nos casos de não cumprimento, as famílias em situação de maior

vulnerabilidade e orientar ações do poder público para o acompanhamento dessas famílias.

O acompanhamento das condicionalidades acontece de acordo com calendários

previamente acordados pelas áreas envolvidas. Os calendários definem os períodos em que os

municípios devem realizar o acompanhamento das famílias e os registros das informações

relativas a cada condicionalidade. Todas as informações devem cons tar em seus respectivos

sistemas informatizados. O objetivo não é punir, e sim responsabilizar as famílias e o poder

público pelo compromisso assumido e pela oferta dos serviços, respectivamente (MDS,

2013).

A gestão das condicionalidades, segundo o MDS (BRASIL, [20--]c), refere-se ainda a

um conjunto de ações que os municípios devem executar no sentido de acompanhar

periodicamente as famílias beneficiárias do Programa, realizar o registro dessas informações

nos sistemas disponibilizados pelo MDS, MEC, MS e propiciar que as famílias beneficiárias

tenham condições de cumprir as condicionalidades. Desta forma, o êxito no acompanhamento

das condicionalidades depende de uma gestão compartilhada entre as secretarias envolvidas

nos diferentes níveis governamentais (quadro 4). Assim, cada instância governamental

assumiu uma série de atribuições, ficando sob responsabilidade de todos, informarem as

famílias sobre os seus direitos e suas obrigações. Caso algum município não realize os

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procedimentos da gestão das condicionalidades, o MDS poderá invalidar o acordo de adesão

ao PBF.

Quadro 4 - Responsabilidade dos gestores do PBF no âmbito da União, Estados e Municípios.

Instância Governamental

Responsabilidades

SENARC

Promover a articu lação intersetorial, a fim de assegurar o registro periódico nos sistemas

de informação e estimular o acompanhamento das condicionalidades;

Supervisionar a coleta de informações e de registro nos sistemas de informações;

Gerar e fornecer ao MEC, ao MS e à SNAS a base de dados com informações sobre as

famílias acompanhadas;

Analisar os dados sobre as condicionalidades e realizar a aplicação dos efeitos

decorrentes do seu descumprimento.

SNAS

Realizar o reg istro periódico das informações referentes à condicionalidade;

Informar e mobilizar os gestores municipais da assistência social sobre os

descumprimentos de condicionalidades, com vistas a garantir a oferta local de serviços e

ações de proteção básica e/ou proteção especial da assistência social, direcionada às

famílias;

Incentivar o acompanhamento das famílias beneficiárias do PBF em situação de

descumprimento de condicionalidades.

Estados

Realizar art iculações com os gestores das políticas setoriais específicas para que seja

realizado o registro das condicionalidades previstas no Programa quando o acesso ao

serviço se realizar em estabelecimento estadual;

Atuar em cooperação com os municípios para garantir o registro das informações sobre

as condicionalidades;

Elaborar planejamento anual intersetorial, em parceria com as áreas de assistência

social, saúde e educação, para o desenvolvimento das ações de gestão de

condicionalidades do PBF.

Municípios

Atuar em cooperação com os responsáveis pelo registro do acompanhamento das

condicionalidades nas áreas de saúde, educação e assistência social, para garantir a

coleta das informações de acordo com os calendários definidos;

Notificar formalmente o responsável pela Unidade Familiar nos casos de

descumprimento de condicionalidades;

Analisar as informações sobre não cumprimento de condicionalidades e encaminhar as

famílias beneficiárias do PBF, em situação de descumprimento, às áreas responsáveis

pelo acompanhamento familiar e oferta dos serviços sócio-assistenciais;

Elaborar p lanejamento anual intersetorial do municíp io, em parceria com as áreas de

assistência social, saúde e educação, para o desenvolvimento das ações de gestão de

condicionalidades do PBF.

Fonte: BRASIL (2008).

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O quadro 4 explicita detalhadamente as responsabilidades dos gestores do PBF no

âmbito governamental envolvendo os estados, municípios e união.

2.3.5 O Cadastro Único

O CadÚnico para Programas Sociais do Governo Federal é um instrumento que

identifica e caracteriza as famílias de baixa renda, entendidas como aquelas que têm, segundo

o MDS (2013): renda mensal de até meio salário mínimo por pessoa; ou renda mensal total de

até três salários mínimos.

O CadÚnico permite conhecer a realidade socioeconômica dessas famílias, trazendo

informações de todo o núcleo familiar, das características do domicílio, das formas de acesso

a serviços públicos essenciais e, também, dados de cada um dos componentes da família. O

Governo Federal, por meio de um sistema informatizado, consolida os dados coletados no

CadÚnico. A partir daí, o poder público pode formular e implementar políticas específicas,

que contribuem para a redução das vulnerabilidades sociais a que essas famílias estão

expostas (MDS, 2013).

O CadÚnico é coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à

Fome (MDS), devendo ser obrigatoriamente utilizado para seleção de beneficiários de

programas sociais do Governo Federal, como o PBF. Suas informações são regulamentadas

pelo Decreto nº 6.135/07, pelas Portarias nº 177, de 16 de junho de 2011, e nº 274, de 10 de

outubro de 2011, e Instruções Normativas nº 1 e nº 2, de 26 de agosto de 2011, e as Instruções

Normativas nº 3 e nº 4, de 14 de outubro de 2011, e podem também ser utilizadas pelos

governos estaduais e municipais para obter o diagnóstico socioeconômico das famílias

cadastradas, possibilitando o desenvolvimento de políticas sociais locais. Famílias com renda

superior a meio salário mínimo também podem ser cadastradas, desde que sua inserção esteja

vinculada à inclusão e/ou permanência em programas sociais implementados pelo poder

público nas três esferas do Governo (BRASIL, [20--]d).

2.3.6 O Cadastro Único e a Gestão Municipal

As principais atividades de gestão do CadÚnico são: o cadastramento das famílias de

baixa renda, o registro dessas informações no Sistema de CadÚnico e a atualização dos dados

a cada dois anos. Para isso, é necessário que o município possua uma equipe de

entrevistadores, responsável por preencher os formulários de cadastramento, e uma equipe de

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operadores do sistema, responsável por digitar os dados no Sistema. Antes de realizar o

cadastramento, é importante que o município crie mecanismos para identificar as famílias que

devem ser cadastradas, ou seja, aquelas que compõem o público do CadÚnico. Além disso, o

município deve capacitar os entrevistadores para que a coleta de dados e a entrevista com a

família sejam realizadas com uma abordagem adequada e preferencialmente na casa das

famílias. A atualização dos dados cadastrais deve ser feita, no máximo, a cada dois anos,

contados da data da inclusão ou da última atualização dos dados da família. As informações

também devem ser atualizadas sempre que houver mudanças na composição familiar, no

endereço ou nas condições socioeconômicas das famílias (BRASIL, [20--]d).

2.3.7 Controle Social e o Programa Bolsa Família

O controle social é a participação do cidadão na gestão pública, na fiscalização, no

monitoramento e no controle das ações da administração pública no acompanhamento das

políticas, um importante mecanismo de fortalecimento da cidadania. O Controle Social do

PBF é realizado por meio das Instâncias de Controle Social (ICS), instituídas formalmente

pelos municípios no ato de adesão ao Programa, garantindo aos cidadãos espaço para o seu

acompanhamento e buscando assegurar os interesses da sociedade. É uma parceria e ntre

Estado e sociedade que possibilita compartilhar responsabilidades e proporciona transparência

às ações do poder público, buscando garantir o acesso das famílias mais pobres à política de

transferência de renda (BRASIL, [20--]e).

As ICS do PBF devem atuar no acompanhamento de todos os componentes do

Programa e do CadÚnico para Programas Sociais, a Gestão de Benefícios, as

Condicionalidades, a Fiscalização e as oportunidades de desenvolvimento das capacidades das

famílias desenvolvidas ou articuladas pelo município e os Programas Complementares.

O MDS desenvolve documentos com informações sobre a estruturação, o funcionamento e a

atuação das ICS, buscando subsidiar de ferramentas a gestão municipal. Elabora também

capacitações para gestores e conselheiros, que podem ser acessadas na parte de Capacitação,

com o objetivo de fortalecer e melhorar a atuação destes relevantes espaços de articulação

entre o governo e a sociedade, no acompanhamento do Programa Bolsa Família (BRASIL,

[20--]e).

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2.3.8 O Índice de Gestão Descentralizada – IGD como fator de eficiência

Em 2006, com o intuito de mensurar os resultados de gestão e apoiar os municípios

nas atividades do programa, o Governo Federal regulamentou o apoio financeiro aos

municípios para a Gestão do PBF. O apoio financeiro transferido mensalmente se baseia no

desempenho de cada município na gestão do PBF. Assim, os municípios que alcançarem os

melhores resultados na gestão do Programa receberão mais recursos (MONTEIRO et al, 2013,

p.184).

O IGD é um indicador que mostra a qualidade da gestão descentralizada do PBF,

além de refletir os compromissos assumidos pelos estados e municípios na sua adesão ao

Programa, como a gestão do CadÚnico e das condicionalidades. O índice varia entre (0) zero

e (1) um. Quanto mais próximo de 1, melhor a avaliação da gestão desses processos. Com

base nesse indicador, o MDS repassa recursos a estados e municípios para a realização da

gestão do PBF. Quanto maior o valor do IGD, maior será também o valor dos recursos a

serem repassados (BRASIL, [20--]f).

O IGD tem como propósito mensurar a eficiência e qualidade da gestão do PBF. É um

índice sintético, criado por meio da Portaria GM/ MDS nº 148, de 2006, que tem como

contrapartida governamental o apoio financeiro aos municípios do PBF, em razão do

desempenho destes. O índice é composto pela média aritmética do Indicador do CadÚnico e

do Indicador de condicionalidades, conforme destacado na Equação

1 (BRASIL, [20--]c).

IGD = (ICadÚnico + ICondicionalidades) (1)

2

Em que, IGD = Índice de Gestão Descentralizada;

Indicador do CadÚnico = média entre a taxa de validação de cadastros e a taxa de atualização

cadastral; e Indicador de Condicionalidades = média entre a taxa de crianças com informações

de frequência escolar e a taxa de famílias com acompanhamento da agenda de saúde.

Para receber os recursos financeiros do IGD, o município deve cumprir três condições:

ter aderido ao PBF, nos termos da Portaria GM/ MDS nº 246/05; ser habilitado na gestão da

Assistência Social; e atingir, pelo menos, 0,4 no valor do IGD.

Os recursos transferidos no mês para apoio à gestão resultam da multiplicação do IGD

do município (calculado segundo as quatro variáveis anteriormente apresentadas) pelo valor

de referência de R$ 2,50 (dois reais e cinquenta centavos) e, desse produto, pelo número de

beneficiários do PBF no município. Isso significa que os municípios com IGD igual a “1”

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46

recebem R$ 2,50 por família beneficiária, a cada mês. Além disso, o valor é calculado em

dobro para até 200 famílias em cada município, em forma a favorecer os pequenos

municípios. Os valores transferidos serão calculados, portanto, de acordo com a seguinte

equação:

Repasse mensal = [IGDx R$ 2,50x 200x2] + [IGDx R$ 2,50x (nº de Famílias-200)]

Ressalta-se que quanto maior o valor do IGD maior será o valor do recurso transferido

para o município. Por meio da construção do IGD, o MDS incentiva o aprimoramento da

qualidade da gestão do PBF em nível local e contribui para que os municípios executem as

ações que estão sob sua responsabilidade (ENTENDA melhor..., [20--]).

De acordo com a Portaria nº 148, artigo 2º, os recursos transferidos devem ser

utilizados nas seguintes atividades: gestão de condicionalidades; gestão de benefícios;

acompanhamento das famílias beneficiárias; cadastramento de novas famílias, atualização e

revisão dos dados contidos no CadÚnico; atendimento às demandas relacionadas à

fiscalização do PBF; e implementação de programas complementares ao PBF nas seguintes

áreas: a) alfabetização e educação de jovens e adultos; b) capacitação profissional; c) geração

de trabalho e renda; d) acesso ao microcrédito produtivo orientado; e) desenvolvimento

comunitário e territorial, dentre outras (MONTEIRO et al, 2013, p.192).

Por meio do IGD, o MDS espera incentivar o aprimoramento da qualidade da gestão

local do Programa e contribuir para que estados e municípios executem as ações que estão sob

sua responsabilidade. A prestação de contas desses recursos devem ser registrados pelo gestor

no SuasWeb, no qual também o respectivo Conselho de Assistência Social registra o resultado

de sua apreciação sobre essas contas (MDS, 2007).

A avaliação do resultado da gestão do PBF é realizada mediante acompanhamento do

CadÚnico e das Condicionalidades em educação e saúde, pois, estas estão diretamente

atreladas à eficiência e à qualidade do programa e possuem parâmetros para avaliar a gestão

do mesmo. (MONTEIRO et al, 2013, p.184). Nessa direção e visando mensurar o

desempenho das administrações municipais no cumprimento das metas institucionais

regulamentadoras do programa, foi criado o Índice de Gestão Descentralizada (IGD) do PBF.

O IGD é um Índice de eficiência da gestão, que combina a integridade, a qualidade e a

atualização das informações constantes no CadÚnico, bem como as informações sobre o

cumprimento das condicionalidades da área de educação e de saúde (GOVERNO Federal...,

[20--]).

No entanto, por ser um instrumento criado pelo próprio Governo Federal, este índice

pode atribuir um viés, pois, o município pode se posicionar contrário ao programa ou à forma

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como é implementado, deliberadamente, o que necessariamente criaria condicionantes

contrários ao que o IGD indicaria como gestão eficiente. (MONTEIRO et al, p. 184-185:

2013).

2.3.9 A intersetorialidade governamental e sua importância para o Programa Bolsa

Família

A gestão do PBF vem sendo construída com base em um elevado grau de interface

entre União e municípios. Enquanto a União financia e regulamenta o Programa, grande parte

da execução está localizada no nível municipal. As famílias beneficiárias estão em todos os

5.565 municípios e no Distrito Federal, devendo ser atendidas e acompanhadas pelos órgãos

locais. O cadastramento e a gestão de benefícios, assim como a prestação dos serviços básicos

de saúde, educação e assistência social e articulação de programas complementares, ocorrem

nos municípios, com base na oferta do poder local (LICIO; MESQUITA; CURRALERO,

2011, p. 463).

A interface com os governos estaduais é mais restrita. Os estados participam da gestão

do PBF com a função de apoiar os municípios, principalmente os menores e menos

estruturados, com suporte tecnológico e capacitação. Embora não atuem diretamente na

execução do Programa, a vocação dos governos estaduais para mobilização dos municípios

que estão no seu território, bem como para o monitoramento das ações que são realizadas, tem

colocado esse nível de governo como um ator de grande relevância para o PBF, na medida em

que apoia o trabalho de coordenação a cargo da União (LICIO; MESQUITA; CURRALERO,

2011, p. 463).

A gestão local do PBF é realizada pelo secretário da área onde está localizado o

Programa (assistência social, educação, saúde, planejamento e outros). Desse modo, o gestor

municipal do PBF assume a interação política entre a prefeitura, o Governo Estadual e o

Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) para que haja

implementação do Programa e do CadÚnico. Portanto, é necessário que o gestor tenha poder

de decisão, de mobilização de outras instituições e de articulação e coordenação entre as áreas

de assistência social, educação e saúde, pois estas estão envolvidas na operação do PBF e

garantem o acompanhamento dos beneficiários e a verificação das condicionalidades exigidas

para a participação no programa (O PAPEL do gestor..., [20--]).

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48

2.3.10 Intersetorialidade e condicionalidades: a importância do trabalho em rede

A concepção do PBF como uma política de combate à pobreza torna-o

inequivocamente intersetorial, sobre na gestão de condicionalidades e na oferta de programas

complementares. As redes criadas para implementação dessas dimensões vem sendo

utilizadas de maneira diferenciada na condução das negociações com os entes federados.

Entender essas diferenças é importante, tendo em vista que os padrões adotados na relação

intersetorial entre os Ministérios responsáveis por levarem adiante as ações do PBF em nível

federal orientam as relações internas nos outros níveis de governo (LICIO; MESQUITA;

CURRALERO, 2011, p.464).

De acordo com Licio, Mesquita e Curralero (2011, p.464), nas condicionalidades,

evidenciam-se interfaces entre o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome

(MDS), Saúde (MS) e Educação (MEC), os quais são corresponsáveis por essa dimensão do

PBF e precisam sensibilizar, pactuar e mobilizar seus sistemas de políticas públicas para

tanto. Isso vem reforçando o vínculo entre essas políticas setoriais e o público mais pobre,

alvo de possíveis dificuldades para acessar tais serviços. O que permeia essa concepção são a

construção e a valorização do princípio da equidade em políticas públicas de caráter universal.

O acompanhamento dos beneficiários em descumprimento de condicionalidades pelos

serviços socioassistenciais, por sua vez, possibilita um atendimento integral a essas famílias,

ao viabilizar a superação de suas vulnerabilidades. A oferta conjugada do benefício financeiro

e dos serviços sociais básicos evidencia, portanto, o papel do PBF como política articuladora

no âmbito do nosso sistema de proteção social.

Em termos de coordenação, a intersetorialidade na gestão de condicionalidades é

facilitada pelo mandato explícito da legislação federal para os Ministérios envolvidos. Avalia-

se que o fato de envolver políticas universais estruturadas nacionalmente, que contam com

arenas próprias e institucionalizadas de negociação intergovernamental, facilita a promoção

da complementaridade entre as ações dessas políticas e do PBF, favorecendo a convergência

de interesses e a construção de uma agenda comum. Há, inclusive, certo consenso em torno

do princípio de que a transferência de renda potencializa e dá sinergia às ações desenvolvidas

pelas áreas de saúde (combate à desnutrição, mortalidade infantil e mortalidade materna;

promoção da saúde da mulher), de educação no combate à evasão e ao abandono escolar,

maior participação dos pais na vida escolar dos filhos e de assistência social com a redução

das vulnerabilidades e fortalecimento de vínculos e promoção social (LICIO; MESQUITA;

CURRALERO, 2011, p.464).

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Cabe destacar a forte interface entre o PBF e a assistência social. Essa relação é ainda

mais imediata do que com a saúde e educação, visto estarem sob o mesmo Ministério, no

âmbito federal, e dividirem o lócus institucional de gestão em todos os estados e na maior

parte dos municípios. Além disso, o PBF utiliza estruturas do Sistema Único de Assistência

Social (SUAS), como a Comissão Intergestora Tripartite (CIT), Comissões Intergestoras

Bipartites (CIB), ou espaços como o Colegiado Nacional de Gestores da Assistência Social

(Congemas) e o Fórum dos Secretários Estaduais de Assistência Social (Fonseas), para

negociar com os demais níveis de governo a regulamentação de novos processos. Outra

importante interface refere-se à forma de repasse financeiro para apoio à gestão

descentralizada do PBF para estados e municípios, por meio dos respectivos fundos de

assistência social (LICIO; MESQUITA; CURRALERO, 2011, p. 464).

No caso da oferta dos programas complementares para famílias beneficiárias do PBF,

o MDS desenvolve estratégias de articulação com diversos órgãos dos três níveis de governo,

para atender necessidades das famílias em áreas como inclusão produtiva, alfabetização e

qualificação profissional. Essa articulação leva em conta o perfil das famílias atendidas, suas

vulnerabilidades e potencialidades, assim como ações já existentes em face das

potencialidades econômicas, culturais e naturais específicas de cada localidade. Entretanto, a

despeito da existência de programas complementares em diferentes áreas governamentais,

verifica-se que ainda não está clara uma real convergência dessas ações para as famílias

beneficiárias do PBF, inclusive no nível federal, carecendo de melhor definição de como e por

que ela deva ocorrer. (LICIO; MESQUITA; CURRALERO, 2011, p.464). Ainda segundo

estes autores, dados sobre o atendimento de famílias do PBF nesses programas, após início

das articulações nesse sentido, ilustram a sua baixa capacidade em fazer frente à grande

demanda materializada pelas famílias do PBF. Em 2008, 268 mil beneficiários do PBF foram

atendidos pelo Programa Brasil Alfabetizado. Até 2010, apenas 1.491 beneficiários do PBF

tinham sido atendidos pelo Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado do

Ministério do Trabalho. Em 2010, cerca de 256 mil famílias do PBF foram beneficiadas pelos

programas de microcrédito Agroamigo (23 mil) e Crediamigo (233 mil) do Banco do

Nordeste (BRASIL, 2011). Tais resultados evidenciam a fragmentação desses programas, que

operam na casa dos “milhares” de beneficiários, enquanto o PBF opera na casa dos “milhões”,

destacam os autores.

A coordenação intersetorial pode assumir complexidades diferenciadas na articulação

de programas complementares, sobretudo quando a transferência de renda não é incorporada

como um recurso que pode potencializar outras ações e permitir que seus beneficiários

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tornem-se alvo prioritário de uma série de ações integradas. Verifica-se um grande desafio no

sentido de pautar e priorizar o público atendido pelo PBF de modo a abrir novos espaços de

inclusão e ampliar espaços já existentes. Isso não é tarefa fácil, visto que alguns programas

não estão acostumados a trabalhar com as famílias mais pobres e têm dificuldade para

distinguir os beneficiários do PBF como público prioritário de suas ações. De fato, em 2010, a

proporção de beneficiários do PBF atendidos pelo Programa Agroamigo foi de apenas 11,3%,

e do Crediamigo, 34,6%. Já a média do Brasil Alfabetizado é de apenas 20% por ano.

Portanto na avaliação de Licio, Mesquita e Curralero (2011, p.465), trabalhar com essas

famílias significa um esforço de comunicação e identificação de necessidades individuais e

resgate da autoestima que vão além do que boa parte desses programas tradicionalmente

executa.

Verifica-se, ainda, uma limitação evidente no papel do MDS para essa articulação,

pois não é um órgão transversal com autoridade sobre os outros ministérios responsáveis

pelos programas articulados. Embora seja de grande valia o apoio prestado pela Casa Civil da

Presidência da República, isso nem sempre tem sido suficiente, tendo em vista a fragmentação

e concorrência de ações nos três níveis de governo (LICIO; MESQUITA; CURRALERO,

2011, p.465). Os autores destacam que esses modelos diferenciados de coordenação

intersetorial no acompanhamento das condicionalidades e na articulação de programas

complementares possuem rebatimento na coordenação intergovernamental.

Nesse sentido, destaca-se a distinção entre políticas federais e nacionais elaborada por

Sano (2008), a qual ajuda a entender as interações federativas na gestão de políticas públicas.

Para o autor, as políticas nacionais envolvem as três esferas de governo, no que se refere às

arenas de decisão; à normatividade legal; às formas de financiamento; aos mecanismos de

colaboração e aos instrumentos de definição dos conflitos. Já as políticas federais são aquelas

elaboradas pela União, as quais, embora também tenham abrangência em todo o território

nacional, resultam exclusivamente de decisões da União. Além disso, sua implementação

depende, geralmente, da adesão dos demais níveis de governo, mas sem que tenham poder

legítimo de interferir no desenho da política. Essa distinção permite identificar a

complexidade da gestão do PBF como estratégia central de combate à pobreza, pois, apesar de

ser uma política federal, com participação de estados e munic ípios regulada por meio de

adesão, atua em articulação com políticas nacionais descentralizadas, estruturadas em

sistemas/redes com arenas próprias de negociação intergovernamental.

Avalia-se que a diferença fundamental entre ambos os padrões de coordenação refere-

se à abrangência das políticas articuladas. No caso das condicionalidades, as políticas

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nacionais de saúde, educação e assistência social contam com, pelo menos, alguma estrutura

de funcionamento descentralizado. Há, portanto, uma base para a negociação, tanto do ponto

de vista de espaços institucionalizados quanto de ações estruturadas e coordenadas nos três

níveis de governo. Por um lado, o amplo espectro que abriga os programas complementares

ao PBF faz com que sua articulação obtenha resultados mais frágeis, não só por questões de

escala e fragmentação em diversos órgãos, mas também pela ausência de instrumentos que

priorizem, de fato, as famílias mais pobres (LICIO; MESQUITA; CURRALERO, 2011, p.

465).

Figura 6 - Ação Intersetorial na Gestão de Condicionalidades.

Fonte: (BRASIL, [20--]c).

No modelo de ação intersetorial na gestão de condicionalidades ilustrado (figura 6), o

MDS destaca o papel fundamental do gestor municipal do PBF na articulação com os diversos

setores envolvidos, bem como com as políticas públicas locais de atendimento as famílias

beneficiárias do programa e o controle social.

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3 O PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA E O ACOMPANHAMENTO DE SUAS

CONDICIONALIDADES NO MUNICÍPIO DE ABAETETUBA

Este capítulo tem como objetivo identificar as condicionalidades do programa e a

viabilização de ações intersetoriais em nível local, com ênfase nas possibilidades e desafios.

Para isso, foi necessário inicialmente identificar as características básicas do município como:

sua localização, características territoriais e demográficas, seus aspectos econômicos, o

cenário da saúde, educação e assistência social; além de identificar a gestão do programa em

nível local, a rede de proteção social municipal, o desempenho no acompanhamento das

condicionalidades do programa e as ações intersetorias, o que possibilitou uma avaliação

crítica a cerca dos desafios do programa no município.

3.1 CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE ABAETETUBA – PA

O município de Abaetetuba, escolhido como estudo de caso, está localizado na

Mesorregião do Nordeste Paraense, com uma distância de aproximadamente 100 km da

capital do estado (Belém). Possui uma área de 1.611 km2 que se divide em três áreas distintas,

sendo elas a zona urbana (cidade) ilhas, estradas e ramais (Campo). O município está dividido

em 17 bairros, 72 ilhas, 34 colônias agrícolas (distrito de Beja, estradas e ramais) tendo como

vias de acesso, o transporte rodoviário e o marítimo (IDESP, 2013).

Figura 7 - Mapa do Município de Abaetetuba.

Fonte: Google maps (2013).

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As características territoriais do município são fundamentais para entender as

dificuldades e desafios da gestão municipal. Por ser um município banhado pelo rio Pará, faz

limite com os municípios de Muaná e Ponta de Pedra. A rede hidrográfica é constituída por

rios e igarapés que permite o tráfego de embarcações de diversos portes, se tornando o

principal meio de transporte entre os municípios do Baixo Tocantins e a capital do Estado

(IDESP, 2013).

O município possui uma população de 141.100 habitantes (IBGE, 2010) com uma

estimativa de 147.267 habitantes para 2013. A densidade demográfica do município é de

86,79 habitantes por Km2, a taxa de crescimento demográfico anual situa-se em 2,77%,

possuindo o Índice de Desenvolvimento Humano – IDH em 0,71% (IBGE, 2000).

Quanto aos aspectos econômicos, entre 2006 e 2010, segundo o IBGE (2010), o

Produto Interno Bruto (PIB) do município cresceu 66,1%, passando de R$ 321,6 milhões para

R$ 534,3 milhões. O crescimento percentual foi inferior ao verificado no Estado que foi de

75,5%. A participação do PIB do município na composição do PIB estadual diminuiu de

0,72% para 0,69% no período de 2006 a 2010.

Gráfico 1 - Participação dos setores econômicos no Produto Interno Bruto do Município de Abaetetuba, 2012.

Fonte: IBGE. Censo Demográfico (2010).

A estrutura econômica municipal demonstrava participação expressiva do setor de

Serviços, o qual responde por 76,3% do PIB municipal. Cabe destacar o setor secundário ou

industrial, cuja participação no PIB era de 10,8% em 2010 contra 11,3% em 2006.

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54

3.2 CENÁRIOS DA EDUCAÇÃO, SAÚDE E ASSISTÊNCIA SOCIAL NO MUNICÍPIO

DE ABAETETUBA COMO FATORES RELEVANTES NO CONTEXTO DO PBF

Para análise da gestão do PBF na perspectiva do cumprimento das suas

condicionalidades e sua governança na esfera local, tornou-se necessário observar e

compreender algumas informações e indicadores importantes geradas de fontes de pesquisa

oficiais do governo, sendo observados os setores da educação, saúde e assistência social, os

quais são os setores diretamente ligados ao PBF.

3.2.1 Educação

Na educação, conforme dados do último Censo Demográfico em 2010, a taxa de

analfabetismo das pessoas de 10 anos ou mais era de 12,7%. Na área urbana, a taxa era de

9,1% e na zona rural era de 18,1%. Entre adolescentes de 10 a 14 anos, a taxa de

analfabetismo era de 6,7%.

Gráfico 2 – Taxa de analfabetismo de pessoas com 10 anos ou mais, Abaetetuba, 2010.

Fonte: IBGE. Censo Demográfico (2010).

Comparando a taxa de analfabetismo das pessoas de 10 anos ou mais no município, é

maior que a taxa do Estado.

Das pessoas com mais de 15 anos em extrema pobreza, 2.690 não sabiam ler ou

escrever, o que representa 17,2% dos extremamente pobres nessa faixa etária. Dentre eles,

1.394 eram chefes de domicílio (IBGE, 2010).

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55

No município havia 2.861 crianças de 0 a 3 anos na extrema pobreza não frequentando

creche, o que representa 94,9% das crianças extremamente pobres nessa faixa etária. Entre

aquelas de 4 a 5 anos, havia 207 crianças fora da escola (14,7% das crianças extremamente

pobres nessa faixa etária) e, no grupo de 6 a 14 anos, eram 203 (2,9%). Por fim, entre os

jovens de 15 a 17 anos na extrema pobreza, 382 estavam fora da escola sendo 17,5% dos

jovens extremamente pobres nessa faixa etária (IBGE, 2010).

Gráfico 3 – Proporção da população em extrema pobreza frequentando a escola ou creche por faixa etária, Abaetetuba, 2010.

Fonte: IBGE (2010).

Conforme ilustração gráfica, a proporção da população em extrema pobreza

frequentando a escola ou creche por faixa etária é evidenciado nos grupos de 0 a 3 anos, 6 a

14 anos e 15 a 17 anos.

No que tange à taxa de atendimento da rede educacional do município, os dados do

Censo foram calculados por faixa etária, conforme gráfico abaixo:

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Gráfico 4 – Percentual de crianças não atendidas na rede educacional segundo faixa etária, Abaetetuba, 2010.

Fonte: Brasil. Ministério da Educação (2010).

Observa-se que há uma carência acentuada no atendimento às crianças de 0 a 3 anos

na rede educacional do município.

De acordo com os dados do INEP, em 2012, a taxa de distorção idade-série no ensino

fundamental foi de 28,3% do 1º ao 5º ano e de 45,1% do 6º ao 9º ano. A taxa de distorção

idade-série no ensino fundamental municipal foi maior, quando comparada às taxas da Região

Norte, menor que a do estado e maior que a do Brasil. A taxa de distorção idade-série no

ensino médio do município foi maior que a taxa do Brasil, maior que a da região e menor que

a do estado.

Gráfico 5 – Taxa de distorção Idade-série no Ensino Fundamental e Ensino Médio, Abaetetuba, 2012.

Fonte: INEP (2012).

Observou no município uma distorção idade série maior no ensino médio em

comparação ao ensino fundamental.

No que concerne à taxa de atendimento da rede educacional do município, os dados do

Censo foram calculados por faixa etária, conforme se observa no gráfico abaixo:

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Gráfico 6 – Percentual de crianças atendidas na rede educacional, por faixa etária, Abaetetuba, 2010.

Fonte: Brasil. Ministério da Educação (2010).

Observou um maior percentual de crianças atendidas na faixa etária de 6 a 14 anos de

idade.

3.2.2 Saúde

No que refere à saúde, no que tange à mortalidade infantil, o número de óbitos infantis

foi de 52 (14,26) crianças, ao passo que no Estado o número de óbitos infantis foi de 2.409

crianças e a taxa de mortalidade infantil foi de 17,07 crianças a cada mil (1.000) nascimentos.

No município, 39,7% dos nascidos vivos em 2011 tiveram suas mães com 7 ou mais consultas

de pré-natal (IBGE, 2010).

No que refere à morbidade hospitalar, as 5 (cinco) principais causas de internação são

as indicadas no gráfico abaixo:

Gráfico 7 – Distribuição das 5 (cinco) principais causas de morbidade hospitalar , Abaetetuba, 2012.

Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde (2010).

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Além das cinco principais causas de morbidade hospitalar do município. Observou que

a causa identificada como “outros” obtém um número elevado, na qual diz respeito às demais

formas que não estejam relacionadas diretamente a questões de saúde/doença, como por

exemplo mortes por acidentes de transporte, por agressões, dentre outras.

No município, as 3 (três) principais causas externas de óbito dos indivíduos na faixa

etária de 15 a 29 anos são, de acordo com dados do Ministério da Saúde, as que seguem no

gráfico abaixo, tomando por base os anos de 2005 e 2010:

Gráfico 8 – Distribuição das 3 (três) principais causas externas de óbito, por tipo de causa, Abaetetuba, 2005 e 2010.

Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde (2010).

De acordo coma a ilustração do gráfico 8, observa-se o elevado número atribuído à

agressão como uma das principais causas externas de óbito, estando está na liderança

absoluta, o que pode remeter uma realidade de violência considerada elevada.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, ocorreu um aumento na cobertura

populacional estimada pelas equipes de atenção básica no município. Em 2008, a cobertura

era de 35,5% e aumentou para 39,9% em 2012.

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Gráfico 9 - Percentual de Cobertura de Equipes da Atenção Básica, Abaetetuba, 2008 a 2012.

Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde (2010).

O aumento na cobertura populacional pelas equipes de atenção básica no município foi

significativo, mas vale destacar na ilustração gráfica que em 2010 essa atenção foi maior

(45,1%), sendo que ocorreu em 2011 uma queda considerada para 21,3%, e em 2012, essa

cobertura melhorou retomando para 39,9%. Essa queda em 2011 pode está associada a um

período de descredenciamento das equipes de saúde pelo Departamento de Regulação da

Secretaria Municipal de Saúde do Município de Abaetetuba, o qual atua junto a um Sistema

Nacional de Informação do Ministério da Saúde, pois este realiza também a atualização de

dados de todas as equipes do município, número de profissionais, números de famílias

cadastradas, dentre outros, porém, considerando a população municipal e as condições

geográficas, esse atendimento ainda pode ser considerado deficitário.

3.2.3 Assistência Social

Conforme dados do Censo IBGE 2010, a população total do município era de 141.100

residentes, dos quais 27.764 encontravam-se em situação de extrema pobreza, ou seja, com

renda domiciliar per capita abaixo de R$ 70,00. Isto significa que 19,7% da população

municipal viviam nesta situação. Do total de extremamente pobres, 18.677 (67,3%) viviam no

meio rural e 9.086 (32,7%) no meio urbano. (IBGE, 2010).

No município havia 3.013 crianças na extrema pobreza na faixa de 0 a 3 anos e 1.411

na faixa entre 4 e 5 anos. O grupo de 6 a 14 anos, por sua vez, totalizou 6.946 indivíduos na

extrema pobreza, enquanto no grupo de 15 a 17 anos, havia 2.187 jovens nessa situação.

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60

Foram registradas 441 pessoas com mais de 65 anos na extrema pobreza. 48,9% dos

extremamente pobres do município têm de zero a 17 anos (IBGE, 2010).

Tabela 1 – População em situação de extrema pobreza por faixa etária, Abaetetuba, 2010.

Fonte: IBGE (2010).

Na tabela 1, observamos que a faixa etária entre 18 a 39 anos aparece em maior

número na condição de população em situação de extrema pobreza.

Gráfico 10 – Distribuição percentual da população extremanente pobre por faixa etária, Abaetetuba, 2010.

Fonte: IBGE (2010).

No gráfico 10, observamos que a faixa etária acima dos 60 anos aparece com o menor

percentual na distribuição da população extremamente pobre.

No acompanhamento do Plano Brasil Sem Miséria, o Ministério do Desenvolvimento

Social e Combate à Fome (MDS) utiliza as informações do Cadastro Único para Programas

Sociais do Governo Federal. Ele provê dados individualizados, atualizados no máximo a cada

dois anos, sobre os brasileiros com renda familiar de até meio salário mínimo per capita,

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permitindo saber quem são, onde moram, o perfil de cada um dos membros das famílias e as

características dos seus domicílios (MDS, 2013).

De acordo com os registros de março de 2013, do Cadastro Único e com a folha de

pagamentos de abril de 2013 do PBF, o município conta com 28.382 famílias registradas no

Cadastro Único e 20.600 famílias beneficiárias do PBF (72,58% do total de cadastrados). O

gráfico mostra a evolução desses cadastros para o município:

Gráfico 11 – Evolução da quantidade de registros no Cadastro Único e de beneficiários do Programa Bolsa Família , Abaetetuba, 2006 a 2013.

Fonte: BRASIL ([20--]j).

No gráfico 11, observou a aproximação e o afastamento da trajetória na quantidade de

registros no CadÚnico e de beneficiários do PBF, em que a elevação no quantitativo de

cadastros influencia também na elevação no quantitativo de beneficiários. O que pode ser

entendido que nos momentos de elevação no quantitativo de beneficiários, as famílias tem

cumprido as condicionalidades do programa, considerando ainda a qualidade no

acompanhamento dos cadastros. De modo contrário o afastamento das linhas cadastro e

beneficiário, pode se dá pela hipótese das famílias não atenderem as condicionalidades.

O município apresenta uma cobertura cadastral que supera as estimativas oficiais, de

maneira que a gestão municipal do CadÚnico deve concentrar esforços na qualificação das

informações registradas e na atualização dos dados familiares. Com isso, o município poderá

abrir espaço para incluir no PBF as famílias em extrema pobreza já cadastradas e que a inda

não recebem os benefícios (BRASIL ([20--]j).

De junho de 2011 a janeiro de 2013, o município inscreveu no CadÚnico e incluiu no

PBF 746 famílias em situação de extrema pobreza.

O Benefício de Prestação Continuada (BPC) constitui uma das mais importantes

ferramentas de distribuição de renda no âmbito da assistência social, tendo sido instituído

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ainda na Constituição Federal de 1988. No município, o gráfico abaixo confere informações

acerca da quantidade de beneficiários de BPC considerando o período de 2004 a 2013, por

tipo de beneficiário:

Gráfico 12 – Evolução da quantidade de beneficiários do Benefício de Prestação Continuada (BPC), por tipo de beneficiário, Abaetetuba, 2004 a 2013.

Fonte: BRASIL ([20--]j).

Conforme ilustração do gráfico 12 é possível observar que no período de 2004 a 2013,

o BPC para pessoas com deficiência possui uma quantidade maior em beneficiários que para

pessoas idosas.

Ao avaliar as informações das áreas de educação, saúde e assistência social é possível

compreender os desafios para gestão local no que refere o acompanhamento das

condicionalidades do PBF em seus respectivos setores, uma vez que estas precisam atuar de

forma conjunta com ações estratégicas na busca da efetividade do programa, contando para

isso com a participação e mobilização da rede socioassistencial do município, além das

representações do controle social, que são importantes nos debates e proposições no

gerenciamento local do programa.

3. 3 O PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA NO CONTEXTO LOCAL

3.3.1 Organização da gestão local

A Gestão do PBF está diretamente relacionada à Secretaria Municipal de Assistência

Social, órgão da Administração direta da Prefeitura Municipal de Abaetetuba, que foi criada

pela Lei 097/97, de 06/03/97 e regulamentada pela Lei 108/1997 de 10/11/1997, para ser

responsável pela formulação, coordenação e execução da Política de Assistência Social, a

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qual é responsável pela elaboração do Plano Municipal de Assistência Social em sintonia com

a Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS (nº 8.742/ 1993). Neste plano, que explicita em

seu artigo 1° que:

A Assistência Social, direito do cidadão e dever do Estado, é política de seguridade social, não contributiva, que prevê os mínimos sociais, realizada, através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade para garantir o atendimento às necessidades básicas. (LOAS, Nº

8.742/1993).

Essas premissas estão em consonância com a nova Política Nacional de Assistência

Social - PNAS e Sistema Único de Assistência Social – SUAS, que preceitua a sua

centralidade na família, ampliando a coberturas dos Serviços, Programas, Projetos e

Benefícios de Assistência Social a indivíduos e/ou famílias em situação de vulnerabilidade. A

prioridade da assistência é para famílias expostas à fatores de risco, abandono, negligência

e/ou exclusão social, identificados na comunidade e/ou por demanda espontânea, visando o

pleno desenvolvimento da cidadania, através da realização de ações integradas com órgãos e

entidades governamentais e não governamentais (PREFEITURA, 2009).

O desenvolvimento da Política Nacional de Assistência Social - PNAS, segundo

Sistema Único de Assistência Social – SUAS, em uma região que possui uma imensa

diversidade territorial prescinde de reflexões acerca de como se constrói estratégias de

operacionalização e se encontra alternativas para superar a dicotomia que existe na execução

das políticas públicas, tendo como espaços de atuação, o território amazônico (SEMAS,

2013).

O fortalecimento da Política de Assistência Social aponta a necessidade e o desafio de

democratizar as relações entre poder público e sociedade civil, otimizando o acesso aos

direitos sociais, para minimizar as desigualdades socioterritoriais, sem excluir as

singularidades e diversidades locais. As diretrizes da PNAS indicam a necessidade de

considerar o território, além de um espaço geográfico, que guarda características sociais,

culturais e identitárias de sua população, mas também, como um conjunto de elementos que

mostram e revelam a complexidade da dinâmica social e econômica das cidades que, por

vezes, representam as desigualdades existentes nas regiões brasileiras (SEMAS, 2013).

Nesse contexto, o conhecimento da dinâmica do território enquanto espaço social

possibilita a identificação de elementos e informações que poderão facilitar a definição de

investimentos públicos no combate à exclusão. Nesta perspectiva as informações acerca das

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especificidades geográficas dos territórios de atuação da Política de Assistência Social

também são fundamentais na definição de estratégias eficazes de intervenção (SEMAS,

2013).

Seguindo estas orientações, esta dissertação tem como foco a análise do PBF em um

determinado território, no caso de Abaetetuba, que com suas peculiaridades podem influenciar

negativamente ou positivamente no desempenho do programa.

O município de Abaetetuba é geograficamente estruturado em três realidades distintas:

A zona urbana, que possui dezessete bairros, onde há maior cobertura da política

(Proteção Social Básica e Especial de Média e Alta Complexidade) e onde é possível

visualizar com mais intensidade, os bolsões de pobreza. Uma realidade marcada pelo

crescimento desordenado decorrente da migração e do êxodo rural, pela violência e demais

formas de expressões das mazelas sociais, onde reside aproximadamente 58,82% da

população do município (IBGE 2010).

A zona rural ribeirinha, constituída por um arquipélago de setenta e duas ilhas,

entrecortadas por rios, furos e igarapés. Onde a rua é o rio e a natureza é quem determina a

localização, os dias e os horários das atividades dos técnicos dos CRAS Ribeirinhos; e,

A zona rural estradas, que tem sua área territorial dividida em quarenta e nove

colônias e uma vila. Território entre cortado por caminhos e ramais, que na época das chuvas

se tornam de difícil acesso, recebe a menor cobertura da Política de Assistência e demais

políticas públicas, e recentemente foi ampliado com a reorganização territorial do Estado, sem

um processo de discussão dos impactos sob a vida da população residente nas localidades

envolvida.

Independentemente de no período mais recente o Brasil vir apresentando uma

melhoria significativa de determinados indicadores sociais – como saúde, educação e

assistência social, o desafio de se reequacionar a questão social do país ainda continua em

aberto, tanto em termos conceituais quanto em termos da conformação de um conjunto de

políticas sociais que desenhem uma rede de proteção social que efetivamente enfrente os

brutais patamares de pobreza e de desigualdade vigentes. No território amazônico o desafio se

torna mais complexo, seja pela amplitude territorial, enquanto espaço geográfico, ou pela

dificuldade de atuar em um território cuja realidade é historicamente marcada pela (re)

produção das desigualdades sociais, que via de regra se expressa de forma diferenciada

territorialmente. Neste sentido, compreender o enredamento de tais processos é fundamental

na intervenção junto às necessidades sociais da população usuária (SEMAS, 2013).

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3.3.2 Rede de proteção social municipal da área da assistência social como apoio nas

ações intersetoriais do Programa Bolsa Família

A Secretaria de Assistência Social oferta serviços com base nos níveis de proteção

social como a básica, a especial de média complexidade e a especial de alta complexidade,

tais serviços, programas, projetos e ações funcionam como forma de combater qualquer tipo

de exploração e no combate à pobreza, na perspectiva da diminuição das desigualdades

sociais, tendo como base para tais ações o diagnóstico e indicadores sociais do município.

Nesse contexto, o PBF conta com a rede de proteção e serviços, conforme quadros abaixo:

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Quadro 5 - Rede de Proteção Social Municipal da Área de Assistência Social, Entidades Não Governamentais.

Instituição Modalidade de Atendimento Nível de Atendimento

APAE

Criança de 0 a 6 anos

Básico/ Especial

Crianças e adolescentes de 7 a 14 anos

Adolescentes de 15 a 17 anos

Jovem de 18 a 24 anos

Pessoas com deficiência

Adultos de 25 a 59 anos

AMIA Adultos de 25 a 59 anos Básico

PASTORAL DA CRIANÇA Criança de 0 a 6 anos Básico

AABB Crianças e adolescentes de 7 a 14 anos Especial

PASTORAL DO MENOR

Crianças e adolescentes de 7 a 14 anos

Básico

Família

Adolescentes de 15 a 17 anos-Jovem de 18 a

24 anos

Adultos de 25 a 59 anos-Pessoas Idosas (60

ou mais anos)

Família

Adultos de 25 a 59 anos

Pessoas com deficiência

Crianças e adolescentes de 7 a 14 anos

População de rua

Crianças e adolescentes de 7 a 14 anos

Família

Adultos de 25 a 59 anos

Pessoas Idosas (60 ou mais anos)

Pessoas com deficiência

PASTORAL DO IDOSO Pessoas Idosas (60 ou mais anos) Básico

Fonte: PREFEITURA MUNICIPAL DE ABAETETUBA (2009).

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Quadro 6 - Rede de Proteção Social Municipal da Área de Assistência Social, Entidades Governamentais.

Instituição Modalidade de Atendimento Nível de Atendimento

CORPO DE BOMBEIROS Crianças e adolescentes de 7 a 14 anos Especial

CRAS

Crianças e adolescentes de 7 a 14 anos

Básico

Adolescentes de 15 a 17 anos-Jovem de 18 a

24 anos

Adultos de 25 a 59 anos-Pessoas Idosas (60

ou mais anos)

Família

CREAS

Adolescentes de 15 a 17 anos

Especial

Adultos de 25 a 59 anos

Pessoas com deficiência

Crianças e adolescentes de 7 a 14 anos

População de rua

ESPAÇO DE

ACOLHIMENTO

Criança de 0 a 6 anos

Especial

Crianças e adolescentes de 7 a 14 anos

CENTRO DE

REFERÊNCIA DE

ATENDIMENTO À MULHER

MARIA DO PARÁ

Jovem de 18 a 24 anos

Especial

Família

Adultos de 25 a 59 anos

Pessoas Idosas (60 ou mais anos)

Pessoas com deficiência

Fonte: PREFEITURA MUNICIPAL DE ABAETETUBA (2009).

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Os quadros 5 e 6 demonstram basicamente os serviços sócios assistenciais ofertados

ao público em situação e risco e de vulnerabilidade social, no qual são observados os

atendimentos realizados por faixa e etária e níveis de proteção, compreendendo ainda ações

de níveis governamentais locais em parceria com instituições não governamentais e

instituições estaduais. Dentre os serviços destaca-se os CRAS que estão diretamente ligados

aos serviços de Proteção Básica de Assistência Social do município, possuindo um papel

importante para os demais serviços, uma vez que tem como uma de suas competências

articularem a rede de atendimento, fazendo ponte com os serviços de proteção social especial.

Além do que, os CRAS tem a responsabilidade de acompanhar e direcionar serviços, projetos

e ações para as famílias do PBF.

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Quadro 7 - Serviços Ofertados pela Secretaria Municipal de Assistência Social por níveis de Proteção Social. Proteção Social Básica Proteção Social Es pecial de

Média Complexidade

Proteção Social Es pecial de Alta

Complexidade

Serviço de Proteção Integral a

Família – PAIF

Centro de Referência

Especializado de Assistência

Social - CREAS

Espaço de Acolhimento

Institucional para Crianças e

Adolescentes

Serviço de Convivência e

Fortalecimento de Vínculos para

Crianças até 06 anos

Serviço de Proteção e Atendimento

Especializado a Famílias e

Indivíduos – PAEFI

Projeto Vida (Atendimento à

Gestante)

Centro de Referência

Especializado – CREAS Vitória

Régia

Serviço de Convivência e

Fortalecimento de Vínculos para

Crianças e Adolescentes de 06 a 15

anos (Programa de Errad icação do

Trabalho Infantil – PETI)

Serviço de Proteção Social à

Adolescentes em Cumprimento de

Medida Socioeducativa de L.A

(Liberdade Assistida) e P.S.C

(Prestação de Serviço à

Comunidade)

Serviço de Convivência e

Fortalecimento de Vínculos para

Adolescentes e Jovens de 15 a 17

anos (Projovem Adolescente)

Centro de Referência

Especializado da Assistência

Social de Atendimento à Mulher -

CREAM

Atendimento à Pessoa Idosa

Programa de Promoção e

Integração ao Mundo do Trabalho

Atendimento no CadÚnico

Programa Bolsa Família

Fonte: SEMAS (2009).

No quadro 7 destacam-se os Serviço de Proteção Integral à Família – PAIF e o Serviço

de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, que atendem famílias e grupos de todas as

faixas etárias, de forma preventiva, ambos no apoio ao acompanhamento das famílias nas

condicionalidades do PBF.

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O município de Abaetetuba, por meio da SEMAS, dispõe de 08 Centros de Referência

de Assistência Social – CRAS, onde são realizados e ofertados diversos serviços e ações de

nível básico de proteção social, essencialmente ao atendimento dos beneficiários do PBF e

realização do CadÚnico. Sendo estes localizados nas áreas: urbana (CRAS Algodoal, CRAS

São Lourenço, São Sebastião e CRAS Angélica); rural/ilhas (CRAS Pólo 4 e CRAS Pólo 7);

rural/estrada (CRAS Beja); e rural/ilhas/estradas (CRAS Quilombola).

3.3.3 O Cadastro Único e o acompanhamento das condicionalidades do Programa

Bolsa Família em Abaetetuba

No município, as estimativas de famílias de baixa renda com perfil do CadÚnico era

de 21.210 e 17.028, de famílias pobres no perfil Bolsa Família, em 2010 (IBGE, 2010).

São apresentados abaixo números e as diversas situações das famílias cadastradas no

CadÚnico e beneficiárias do PBF, as mesmas possuem como fonte o site do MDS, em que foi

possível verificar por meio dos Relatórios das Informações Sociais, uma visão panorâmica da

Gestão do Programa no Município no ano de 2013 (parcialmente).

Até maio de 2013, foram cadastradas 29. 698 famílias no CadÚnico, com o total de

103.648 pessoas. Até novembro de 2013 a quantidade de famílias beneficiárias do PBF era de

20.653, sendo repassado como valor total de recursos financeiros pagos em benefícios às

famílias R$ 4.521.732,00 (BRASIL, [20--]k).

Quadro 8 - Tipos de Benefícios do Programa Bolsa Família. Tipo de Benefícios Nº Mês/ Ano

Benefício Básico 20.585 09/2013

Benefícios Variáveis 30.895 09/2013

Benefício Variável Jovem - BVJ 6.512 09/2013

Benefício Variável Nutriz - BVN 133 09/2013

Benefício Variável Gestante - BVG 446 09/2013

Benefício de Superação da Extrema Pobreza - BSP 16.280 09/2013

Fonte: BRASIL ([20--]k).

O quadro 8 destaca os tipos de benefícios do PBF e demonstra o quantitativo de

benefícios, por beneficiário, até o período de setembro de 2013.

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Quadro 9 - Quantitativo de Famílias com características específicas cadastradas no sistema CadÚnico e beneficiárias do Programa Bolsa Família. Famílias CadÚnico PBF

Famílias quilombolas 2.440 1.974

Famílias extrativ istas 7 5

Famílias de pescadores artesanais 16 12

Famílias indígenas 13 11

Famílias em situação de rua 1 1

Famílias de catadores de material reciclável 1 0

Famílias pertencentes à comunidades de terreiro 1 1

Famílias ribeirinhas 45 30

Famílias de agricultores familiares 27 17

Fonte: BRASIL ([20--]k).

No quadro 9 observa-se que até maio de 2013, dentre as famílias de características

específicas destaca-se as famílias quilombolas com 2.440 cadastros no CadÚnico, sendo

atendidas pelo PBF 1.974, considerado um número expressivo no atendimento desta

demanda.

Com relação às demandas de famílias com características específicas, não foram

registrados no CadÚnico famílias nas seguintes condições: famílias com componente

resgatado do trabalho; famílias ciganas; famílias assentadas da reforma agrária; famílias de

beneficiárias do Programa Nacional de Crédito Fundiário; famílias acampadas; famílias

atingidas por empreendimentos de infraestrutura; e famílias com pessoa presa no sistema

carcerário (MDS, 2013).

Os quadros a seguir apresentam os resultados do acompanhamento de forma parcial e

quantificada das condicionalidades da saúde e educação e suas variáveis, as repercussões do

descumprimento às condicionalidades do PBF, bem como informações dos recursos referentes

ao IGD no ano ainda vigente (2013).

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Quadro 10 - Acompanhamento do público de beneficiários com perfil educação com idades de 6 a 15 anos e beneficiários com perfil educação de 16 e 17 anos, total de famílias com perfil saúde com crianças até 7 anos e mulheres de 14 a 44 anos. Total de beneficiários com perfil educação (6 a 15 anos) 23.030 05/2013

Total de beneficiários com perfil educação (16 e 17 anos) 5.305 05/2013

Total de famílias com perfil saúde (com crianças até 7 anos e mulheres de 14 a 44 anos) 18.572 06/2013

Fonte: BRASIL ([20--]k).

No quadro 10 observa-se um número expressivo referente ao acompanhamento aos

beneficiários com perfil educação na faixa etária de 6 a 15 anos comparada à faixa etária de

16 e 17 anos.

Quadro 11 - Resultados do Acompanhamento do público de beneficiários acompanhados pela educação com idades de 6 a 15 anos 16 e 17 anos e famílias acompanhadas pela saúde. Total de beneficiários acompanhados pela educação (6 a 15 anos) 21.578 05/2013

Total de beneficiários acompanhados pela educação (16 a 17 anos) 5.154 05/2013

Total de beneficiários acompanhados com frequência acima da exigida (6 a 15 anos -

85%)

22.097 05/2013

Total de beneficiários acompanhados com frequência abaixo da exigida (6 a 15 anos-

85%)

2 05/2013

Total de beneficiários com frequência acima da exigida (16 a 17 anos - 75%) 1.848 05/2013

Total de Beneficiários com frequência abaixo da exigida (16 a 17 anos - 75%) 9 05/2013

Total de beneficiários sem informação de frequência escolar (6 a 15 anos) 1.408 05/2013

Total de beneficiários sem informação de frequência escolar (16 a 17 anos) 3.179 05/2013

Total de famílias acompanhadas pela saúde 14.656 06/2013

Total de gestantes acompanhadas 443 06/2013

Total de gestantes com pré-natal em dia 442 06/2013

Total de crianças acompanhadas 7.411 06/2013

Total de crianças com vacinação em dia 7.406 06/2013

Total de crianças com dados nutricionais 7.082 06/2013

Total de famílias não acompanhadas pela saúde 3.916 06/2013

Fonte: BRASIL ([20--]k).

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73

No quadro 11 no que refere aos beneficiários acompanhados pela educação nas faixas

de 6 a 15 anos e 16 e 17 anos, observamos que os beneficiários na faixa de 6 a 15 anos

apresentam um quantitativo positivo no que tange à frequência escolar acima da exigida

(85%), porém na faixa de 16 e 17 anos esse número relativo à frequência é menor. No que

refere ainda os beneficiários sem informação de frequência escolar, os beneficiários na faixa

de 16 e 17 anos apresentam um quantitativo praticamente triplicado comparado à faixa de 6 a

15 anos. No que refere as famílias acompanhadas pela saúde, o número de gestantes com pré-

natal em dia é considerado positivo comparado ao número de gestantes acompanhadas. No

número de crianças com vacinação em dia comparada ao número de crianças acompanhadas,

também é considerado positivo. Porém, o número de famílias não acompanhadas pela saúde

ainda é expressivo.

Quadro 12 - Repercussões por descumprimento de condicionalidades. Total de repercussões por descumprimento das condicionalidades (PBF saúde e

educação)

12 07/2013

Total de advertência 8 07/2013

Total de bloqueio 4 07/2013

Total de Suspensão Reiterada (Port. 251/12) 0 07/2013

Total de cancelamentos 0 07/2013

Total de repercussões por descumprimento de condicionalidades (BVJ) 1 07/2013

Total de Advertência 1 07/2013

Total de suspensão 0 07/2013

Total de cancelamento 0 07/2013

Total de bloqueio 0 07/2013

Fonte: BRASIL ([20--]c).

De acordo com o quadro 12, o total de repercussões por descumprimento das

condicionalidades do PBF tanto na saúde como na educação, apresentam um número

insignificante, tendo no máximo bloqueios do benefício.

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74

Quadro 13 - Recursos OnLine. Total de recursos cadastrados e avaliados 0 05/2013

Total de famílias com recursos avaliados e deferidos 0 05/2013

Total de famílias com recursos avaliados e indeferidos 0 05/2013

Total de famílias com recursos não avaliados 0 05/2013

Fonte: BRASIL ([20--]b).

O quadro 13 indica que no período de maio de 2013 não ocorreu registro de recursos

online.

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Quadro 14 - Índice de Gestão Descentralizada. 1 - Crianças e adolescentes das famílias do PBF com frequência escolar informada 23.954 06/2013

2 - Total de crianças e adolescentes das famílias do PBF no município 28.541 06/2013

3 - TAFE - Taxa de Acompanhamento de Frequência Escolar ( item 1 / item 2 ) 0,84 06/2013

4 - Famílias do PBF com condicionalidade de Saúde informada 14.239 06/2013

5 - Total de famílias com perfil Saúde no município 19.015 06/2013

6 - TAAS - Taxa de Acompanhamento de Agenda de Saúde ( item 4 / item 5 ) 0,75 06/2013

7 - Cadastros válidos de Famílias com Perfil CadÚnico no município 26.215 06/2013

8 - Estimativa de famílias no município – perfil CadÚnico (Censo 2010) 21.210 06/2013

9 - TCQC - Taxa de Cobertura Qualificada de Cadastros ( item 7 / item 8 ) 1,00 06/2013

10 - Atualizações de cadastros válidos no município - perfil CadÚnico 15.420 06/2013

11 - Cadastros válidos de Famílias no município com perfil CadÚnico 23.905 06/2013

12 - TAC - Taxa de Atualização Cadastral ( item 10 / item 11 ) 0,65 06/2013

13 - Fator 1: Operação (média aritmética de TAFE, TAAS, TCQC e TAC) 0,81 06/2013

14 - Fator 2: Adesão ao SUAS 1 06/2013

15 - Fator 3: Comprovação de Gastos pelo FMAS 1 06/2013

16 - Fator 4: Aprovação da Comprovação de Gastos pelo CMAS 1 06/2013

17 - IGD-M ( Fator 1 x Fator 2 x Fator 3 x Fator 4 ) 0,81 06/2013

18 - Estimativa total de famílias de baixa renda no município - perfil CadÚnico 21.210 06/2013

19 - Quantidade de famílias consideradas para cálculo do repasse 15.420 06/2013

20 - Valor de Repasse sem Incentivos ( item 17 x R$ 3,25 x item 19 ) 40.593,15 06/2013

21 - Incetivo 1 - Proporção de famílias em descumprimento de condicionalidades

acompanhadas

1.217,79 06/2013

22 - Incetivo 2 - Demandas de fiscalização atendidas no prazo 0 06/2013

23 - Incetivo 3 - Dados da gestão municipal no SIGPBF atualizados há menos de 1 ano 811,86 06/2013

24 - Incetivo 4 - Efetividade da entrega de cartões 0,00 06/2013

25 - Valor Total de Incentivos ( item 21 + item 22 + item 23 + item 24 ) 2.029,65 06/2013

26 - Valor a ser repassado ( Item 20 + Item 25 ) 42.622,80 06/2013

27 - Teto de repasse do IGD-M 75.825,75 06/2013

28 - Valor repassado no mês 42.622,80 06/2013

Motivo(s) que impede(m) o repasse 06/2013

Fonte: BRASIL ([20--]f).

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76

No geral, o quadro 14 indica que o município apresenta um índice de gestão

descentralizada satisfatória, por meio de sua cobertura cadastral de maneira que a gestão

municipal do CadÚnico deve concentrar esforços na qualificação das informações registradas

e na atualização dos dados familiares.

3.3.4 Ações intersetoriais: possibilidades e desafios na gestão do Programa Bolsa

Família

As condicionalidades do PBF no município de Abaetetuba têm sido seguidas de

acordo com o que preconiza as normativas e legislações do Governo Federal enquanto forma

macro de gestão do Programa. Na forma micro de gestão, os setores envolvidos têm criado

estratégias de caráter intersetorial com objetivo de incluir e acompanhar as demandas com o

perfil do CadÚnico e do PBF, por meio de ações complementares que possam promover

oportunidades de mudança em suas condições socioeconômicas.

Dentre as ações intersetoriais o desenvolvimento do Projeto Caravana da Vontade

Popular é o mais representativo. De acordo com a SEMAS (2013), a caravana é uma

importante estratégia adotada pela administração municipal, que consiste no deslocamento de

toda equipe de governo para uma localidade que integra um dos territórios dos CRAS

ribeirinhos e rurais, durante os finais de semana.

Figura 8 - Ação Governamental “Caravana da Vontade Popular”.

Fonte: Da autora (2013).

A figura 8 mostra a realização da ação governamental na Escola Estadual de Ensino

Fundamental e Médio do Campo Profª Benedita Lima Araújo, na área rural de Murutinga, em

outubro de 2013.

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Figura 9 - Atendimento no CadÚnico/ PBF.

Fonte: Da autora (2013).

O atendimento no CadÚnico, configura-se uma das principais ações dentro da

proposta governamental, o qual visa o cadastro e a atualização dos mesmos. O serviço é

ofertado pela Secretaria Municipal de Assistência Social.

Figura 10 - Atendimento a Saúde.

Fonte: Da autora (2013).

A foto acima mostra a oferta do serviço da Secretaria Municipal de Saúde sobre

orientação nutricional às mulheres gestantes e a importância do acompanhamento de saúde,

além de orientação sobre amamentação.

A ação é realizada a cada dois meses, em que são realizadas ações de cidadania

(emissão de documentos, casamento comunitário, inclusão e atualização do CadÚnico), de

saúde, educação, preservação do meio ambiente, inclusão produtiva, dentre outras. O projeto

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destaca-se na atualidade com uma alternativa de levar os serviços às comunidades mais

distantes e também como forma da gestão municipal conhecer de perto as demandas e

necessidades das populações rurais.

“Durante as caravanas a prefeita e os secretários municipais, além de levar os serviços

às comunidades têm a oportunidade de ouvir lideranças, visitar os equipamentos sociais

existentes nos territórios, bem como discutir prioridades com a população atendida” (SEMAS,

2013).

Conforme os dados observados no gráfico11, no que tange a evolução da quantidade

de registros no CadÚnico e de beneficiários do Programa no período de 2006 a 2013, a gestão

municipal do CadÚnico deve concentrar esforços na qualificação das informações registradas

e na atualização dos dados familiares. Dessa forma, o município poderá abrir espaço para

incluir no PBF as famílias em extrema pobreza já cadastradas e que ainda não recebem os

benefícios. No período de junho de 2011 a janeiro de 2013, o município inscreveu no

CadÚnico e incluiu no PBF 746 famílias em situação de extrema pobreza.

Conforme os registros de março de 2013 do CadÚnico e a folha de pagamentos de

abril de 2013 do PBF, o município conta com 28.382 famílias registradas no CadÚnico e

20.600 famílias beneficiárias do PBF (72,58% do total de cadastrados). Isto significa que

existe uma considerável capacidade da gestão na operacionalidade no CadÚnico. Todavia,

vários problemas se apresentam para gestão do Programa no âmbito da intersetorialidade e na

estrutura intergovernamental.

Com base nas entrevistas realizadas com os gestores municipais diretamente

envolvidos na gestão do PBF, foi possível identificar alguns anseios relativos à forma de

entendimento do Programa ao público beneficiário e algumas dificuldades de cunho

estratégico e operacional.

A Secretária Municipal de Assistência Social de Abaetetuba é gestora do PBF, tendo o

mesmo uma coordenação específica. O Programa no município foi implementado em 2003.

Em entrevista concedida em 25 de outubro de 2013, a gestora do programa pontuou situações

relevantes no âmbito do funcionamento do Programa:

A gestão tentou descentralizar o Cadastro das famílias para os CRAS, mas esbarrou

na questão da internet, pois há dificuldade de sinal nas áreas rurais e região das

ilhas, além do mais ocorreram proble mas “polít icos” em que houve indícios do uso

da senha do CadÚnico por uma liderança política local, possibilitando risco de

cadastro paralelo, o que levou a gestão realizar a alimentação dos dados no sistema

somente na base de dados da SEMAS, sendo que os Cras realizam seus cadastros

apenas manualmente. (Gestora do Programa Bolsa Família).

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É possível verificar que há correlação de forças no âmbito político, bem como

vulnerabilidade no uso das ferramentas e equipamentos para operacionalidade do Programa,

fator que pode impactar negativamente na expansão do mesmo, além de comprometer a

governança na esfera local.

No que refere o atendimento das condicionalidades, a gestora do Programa enfatizou a

lacuna intergovernamental do governo do estado no acompanhamento da educação e destacou

alguns aspectos da condicionalidade saúde no município:

Há o atendimento das 3 condicionalidades por meio da frequência escolar, o

acompanhamento de saúde, e da criança em situação de trabalho infantil. A

frequência municipal é 100% acompanhada, já a frequência estadual tem falha, pois

quando as crianças saem do município para a rede estadual esta não realiza

acompanhamento de frequência, daí vai constar que a família não esta cumprindo as

condicionalidades.

Com relação ao IGD, a gestão decidiu dividir10% do valor total para saúde e para

educação, sendo 5% para cada uma secretaria. Na saúde o recurso seria utilizado

para compra de balanças, banner, materiais. Para educação para compra de materiais

pedagógicos, principalmente nas ações de final do ano. Tal div isão dos recursos foi

apreciado e aprovado pelo Conselho Municipal de Assistência Social. O Conselho

concedeu 5% para educação e 5% para saúde. (Gestora do Programa Bolsa Família).

Nas duas falas da gestora do PBF é possível verificar questões intergovernamentais e

intersetoriais, sendo que na primeira, é observável o quanto a gestão do programa na esfera

estadual ainda não se faz presente de forma ativa, uma vez que, não monitora ou utiliza o

sistema de acompanhamento da frequência escolar, comprometendo a condicionalidade

educação. Na segunda, verifica-se que os setores saúde e educação ainda dependem de

recursos de fora do seu orçamento para poder participar de forma mais efetiva nas ações

intersetoriais, conforme expressa a gestora do Programa. Por um lado, a intervenção do

controle social se faz presente por meio do Conselho Municipal de Assistência Social, em que

este se posiciona no sentido de decidir e garantir o atendimento ao público de famílias no

perfil do Programa, porém, de forma ainda sutil.

Quanto à participação social dos beneficiários no Programa, a gestora destacou que

não há um mecanismo específico de participação, existe apenas, um estímulo para maior

representatividade no controle social para a próxima gestão do conselho.

As ações realizadas no campo da saúde, educação e assistência social junto à

comunidade como apoio a participação desta no programa são ações preventivas como

orientação nutricional, dentre outros. Na educação, os CRAS organizam ações também de

cunho preventivo e educativo, existindo uma ação sistematizada para o desenvolvimento das

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atividades de forma integrada, sendo que cada CRAS tem sua autonomia e seu planejamento

para realização de suas ações nas escolas, as quais são mais frequentes que com os Agentes

Comunitários de Saúde, sendo, porém, que em algumas áreas essa parceria é muito mais forte

com a saúde.

Em nível governamental a parceria da SEMAS com a esfera estadual para o

desenvolvimento de ações do programa é mais forte com a Secretaria Estadual de Assistência

Social - SEAS que realiza o monitoramento do sistema. Não havendo uma relação com a

Secretaria Estadual de Saúde, até por motivo, segundo a gestora do PBF, da saúde ser

municipalizada.

A forma adotada para captação das famílias para sua inserção no CadÚnico se dá por

meio dos CRAS que atendem, em dias específicos, mas é realizada também através dos

mutirões nos seus territórios e realizam programações para isso. Outra estratégia é busca

ativa, mutirões, atuação nas caravanas (política de governo que só ocorre nas áreas ribeirinhas

rural). Na SEMAS são realizados os atendimentos nas terças e quintas, já na sexta ocorre a

alimentação dos dados na base, porém, ocorre acúmulo de cadastros manuais, sendo devido as

demandas dos CRAS.

As dificuldades na operacionalidade do CadÚnico são: a dificuldade no uso da internet

nas áreas rurais, o número reduzido de operadores, o horário em que o sistema está disponível

encerra às 21h, se houvesse um outro horário ou 24h no ar, teria melhora no atendimento, há

dificuldade dos técnicos que atendem e atuam com essa demanda.

A gestora do PBF enfatiza que o maior desafio do Programa seria fortalecer a

autonomia das famílias, pois a bolsa seria apenas um momento na vida delas, na perspectiva

de mudança e não de dependência.

Nesse aspecto, existe a “suspensão voluntária” (procedimento), quando a família

consegue autossuficiência e supera as condições as quais permitiram sua entrada no programa,

porém, até então, não houve nenhum caso. A gestora do PBF relata que há casos que a pessoa

não precisa do benefício, mas se utiliza de fraude para entrar no CadÚnico, porém uma das

medidas da gestão é não cadastrar “renda zero”, pois possibilita a atuação de fraudulentos.

Nessa mesma perspectiva de verificar e avaliar as ações intersetoriais, suas

possibilidades e desafios para gestão do programa, o gestor municipal de educação nos

concedeu entrevista, realizada no dia 26 de outubro de 2013, no município de Abaetetuba. O

mesmo evidenciou as ações intersetoriais voltadas ao programa e sua importância para o

fortalecimento do mesmo.

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O contra turno escolar prio riza os egressos do Programa Bolsa Família. Atividades

educativas e culturais são desenvolvidas como o balé. Não é fácil trabalhar a

intersetorialidade, pois existe uma demanda muito grande, temos creche com quase

90% de egressos do Bolsa Família, embora não seja fácil t rabalhar, existe uma

exigência da gestão municipal na intersetorialidade (Gestor Municipal de Educação).

Diante dessas colocações, verifica-se uma preocupação no sentido da promoção de

ações complementares que possam atender a demanda educacional, além do obrigatório, tal

qual é a frequência escolar. Sendo que o gestor municipal de educação destaca que há

dificuldade na alimentação das informações no sistema, pois teriam outros 3 procedimentos

para realização do mesmo. Daí cria-se certa dificuldade na mensuração da efetividade do

programa relacionado à frequência escolar, considerando que segundo qual a SEMED, o

município cobre 96% em média da frequência escolar, não chegando aos 100%, pois os 4%

caberia às escolas do estado, que por sua vez não possui gerência sobre esse

acompanhamento.

Tem uma técnica da SEMED lotada na Secretaria de Assistência para atender essa

demanda (...). O acompanhamento se dá através da busca ativa da equipe

psicossocial da educação, mas quando a demanda é grande solicita o apoio da

assistência (Gestor Municipal de Educação).

O gestor municipal de educação destaca que embora ocorram dificuldades, a

condicionalidade frequência escolar é cumprida por parte da gestão e enfatiza o que seria o

maior desafio do programa com relação à educação.

A condicionalidade frequência é cumprida, mas o desafio é fazer com que os

próprios pais mostrem aos filhos o valor da escola, que busquem ter maior

participação e um maior envolvimento da família, o que pode fazer com que esse

aluno tenha rendimento escolar, boas notas, pois se isso for de maneira forçada torna

a escola um aprisionamento e não um espaço prazeroso (Gestor Municipal de

Educação).

No tocante, as colocações expressam um desafio da gestão nas ações junto às famílias,

uma vez que, os entendimentos das ações promovidas junto às estas, talvez não tenham

alcançado, por diversas situações, o entendimento propositivo do programa. Embora, a análise

do nosso estudo não seja a participação do usuário, mas a participação da gestão, entre os

gestores que fazem o programa acontecer em nível de gestão local, essa variável é essencial

para compreender a dinâmica e a dimensão do que seja o PBF.

Sobre a participação da Secretaria Municipal de Saúde na Gestão do PBF, no que

refere as ações da condicionalidade saúde e das ações intersetoriais, foi concedida entrevista

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da gestora municipal de saúde no dia 29 de outubro de 2013, em que foi possível compreender

de forma mais próxima como se dá a dinâmica das ações desse setor no âmbito local.

As ações voltadas ao PBF na área de saúde são realizadas por meio de

acompanhamento dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), além do acompanhamento feito

da Coordenação de Vigilância Alimentar e Nutricional. São realizadas capacitações, palestras

e orientações para os ACS, aonde eles vão levar conhecimento e informação para os

beneficiados no que diz respeito à importância da vacinação, do pré-natal precoce para as

gestantes e sobre vários outros temas como alimentação saudável, hipertensão, diabetes,

dentre outros.

Com relação às ações intersetoriais voltados ao PBF, até então, a Secretaria Municipal

de Saúde não conseguiu realizar nenhum tipo de ação ou não ocorrem ações sistematizadas

com as demais secretarias municipais, mas existe uma parceria com a Secretaria Municipal de

Assistência Social aos assuntos relacionados ao PBF. Dentre as ações de parceria ocorrem

palestras e orientações voltadas aos beneficiários, no que diz a vários temas voltados a saúde e

em algumas áreas descobertas é feito ação para fazer esse acompanhamento.

A gestora municipal de saúde destaca um fator interessante quanto à dificuldade no

cumprimento da condicionalidade saúde por parte dos beneficiários do PBF e revela:

Há dificu ldade por parte dos beneficiários, uma vez que muitos não têm o

conhecimento ou interesse na condicionalidade da saúde, o que leva algumas

pessoas a não fazer o acompanhamento por achar que se fizer ou não, tanto faz. Mas

a Coordenação e os ACS orientam a importância de se fazer esse acompanhamento.

É um trabalho difícil convencer esses beneficiários, uma vez que a condicionalidade

da saúde é a que menos penaliza, é muito difícil, ou melhor, é raro um bloqueio por

conta de descumprimento de condicionalidade, com isso fica difícil o trabalho com

essas pessoas. (Gestora Municipal de Saúde).

O controle e acompanhamento dessas ações são feitas através de fiscalização da

Coordenação de Vigilância Alimentar e Nutricional e a Coordenação de Atenção Básica.

A efetividade da condicionalidade “saúde” no programa é rea lizada pelas equipes de

saúde, principalmente por meio dos Agentes Comunitários de Saúde - ACS. Os compromissos

das condicionalidades em saúde são o acompanhamento do calendário vacinal, do

crescimento e desenvolvimento das crianças menores de sete anos e acompanhamento de

gestantes e nutrizes. A gestora municipal de saúde destaca que o trabalho é feito com a

entrega das planilhas do PBF para os ACS na abertura da vigência, onde são tiradas as

dúvidas por meio de orientações e conversas em relação ao Programa, em que é dado um

prazo para a devolução do mesmo, para que se possam inserir os dados no sistema.

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A gestora Municipal de Saúde aponta alguns resultados importantes na atuação e

acompanhamento da condicionalidade saúde, tanto positivo, como negativo, como exemplo as

cadernetas de vacinação da maioria das crianças estão completas, uma vez que é uma

condicionalidade obrigatória da saúde; mulheres iniciando precocemente o pré-natal, em

virtude do Programa e principalmente do Bolsa Variável à Gestante, que é um valor a mais

que vai ser incluído com o valor do benefício.

Como um ponto negativo a gestora Municipal de Saúde destaca que existem algumas

áreas, que ainda não tem ACS, o que acaba por dificultar o total acompanhamento dos

beneficiários, e consequentemente não consegue alcançar a cobertura esperada. A mesma

considera que o grande desafio da Secretaria Municipal de Saúde é colocar ACS nessas áreas,

para que todos os beneficiários do município de Abaetetuba sejam acompanhados, e a

cobertura seja completa.

O PBF por se tratar de um programa eminentemente intersetorial e que atende a

milhões de brasileiros, traz em seu bojo, a necessidade de um controle social maior, no caso

específico do município de Abaetetuba, foi identificado que o Conselho Municipal de

Assistência Social – CMAS é quem assume esse importante papel. Visando conhecer a

participação do CMAS no controle das ações do Programa, foi concedida entrevista com a

Presidente do Conselho Municipal de Assistência Social no dia 30 de outubro de 2013, no

município de Abaetetuba.

O CMAS é composto por 12 representantes, sendo 06 representantes do governo

municipal e 06 da sociedade civil, tendo 12 suplentes. A Secretaria Municipal de Assistência

Social, por ser o órgão gestor responsável execução da política de assistência social no

município, possui 02 representantes no aludido Conselho, cujas reuniões são mensais. No que

refere ao controle das ações do PBF, a participação do CMAS se dá de forma limitada, sendo

este tratado de forma genérica, não tendo um papel específico nesse controle.

A contribuição do CMAS no PBF, enquanto controle social dá-se por meio dos

relatórios de gestão, onde são apontadas as demandas reprimidas no conjunto de atendimento

das políticas de assistência social do município. A Presidente do CMAS destaca que o PBF é

uma responsabilidade compartilhada, inclusive pelas próprias famílias, pois são penalizadas

quando descumprem as condicionalidades do Programa. A mesma enfatiza que o maior

desafio do CMAS relativo ao PBF é estar mais próximo da gestão do Programa, falta mais

participação dos conselheiros, maior presença no dia a dia, pois todos tem seu trabalho, então

a falta de tempo, faz com que não ocorra uma participação efetiva do CMAS no Programa.

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Embora, seja relatado durante a entrevista que ocorre uma participação considerada do

CMAS nas reuniões mensais e extraordinárias para tratar do controle das políticas de

assistência social do município, fica claro um determinado distanciamento do PBF, o que

pode ser considerado como um entrave na questão do controle, considerando que não há ações

específicas voltadas tão somente a este, pois a própria estrutura operacional e hierarquizada

concebida pelo MDS, faz com que esses atores a exemplo o CMAS não tenham gerência

sobre o Programa no âmbito efetivo do controle, embora seja relevante.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A proposta desta dissertação foi realizar um estudo voltado à participação da gestão do

PBF em nível local, especificamente nas ações intersetoriais como forma de possibilitar a

efetividade das condicionalidades do PBF nos setores da educação, saúde e assistência social.

Além disso, objetivou-se enfatizar os principais desafios na gestão do programa no município

de Abaetetuba, sendo necessária a abordagem da gestão do programa no seu contexto macro

para o contexto micro, ou seja, para se analisar a forma como esse programa de nível federal

interage e se consolida em nível local ou municipal.

A relevância do tema é evidenciada, uma vez que o PBF é o maior programa de

transferência de renda mínima do Brasil, vale destacar o histórico dos programas sociais de

transferência de renda mínima para as famílias em estado de vulnerabilidade social e como

isso tem rebatido nas gestões locais, pois a gestão descentralizada do mesmo seria um fator

essencial para autonomia de sua gestão.

O PBF foi implantado pelo Governo Federal brasileiro em outubro de 2003, com a

perspectiva de combater a pobreza e a fome no país e promover inovações no padrão histórico

de intervenção pública na área social, e tem sido objeto de análise para muitos estudiosos que

debatem sua gestão nos seus mais diversos aspectos.

As condicionalidades do programa são a essência do mesmo e exige o envolvimento

das políticas setoriais como saúde, educação e assistência social. A literatura a cerca do tema

tem demonstrado inúmeros problemas na gestão do programa, mais especificamente com

relação à expansão e o controle desordenado sobre o mesmo. A ausência da participação

social de forma integrada entre os gestores, conselhos e beneficiários e outros atores sociais,

tem se mostrado como um entrave na gestão do programa, o que põe em risco sua go vernança

principalmente em nível local.

Os municípios brasileiros, enquanto lócus dessa operacionalidade passaram a obter,

teoricamente, maior autonomia no planejamento e controle de suas ações, tendo que para isso

acionar toda uma rede de proteção social, incluindo todos os entes interessados como: o

governo, a sociedade civil, a iniciativa privada e as organizações não governamentais, porém,

este é um grande desafio, pois as experiências demonstradas ao longo do trabalho mostram

que há grandes dificuldades para o seu efetivo controle e acompanhamento.

O município de Abaetetuba, estado do Pará, que é considerado um município de

grande porte, de características peculiares, enfrenta desafios substanciais para a gestão do

PBF sob vários aspectos, embora tenha um IDH considerado positivo aos parâmetros do

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Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), apresenta um nível de

pobreza de sua população considerada alta, pois cerca de mais de 100 mil pessoas estão no

CadÚnico, estando estas na condição de baixa renda e parte desta em extrema pobreza.

Um grande desafio na consolidação das ações intersetoriais e cobertura destas se dão

também por questões geográficas, pois o município é constituído por um grande número de

ilhas, sendo nestas áreas e regiões rurais que se encontram a população em extrema pobreza,

conforme os dados oficiais expostos durante a apresentação deste trabalho.

Embora o PBF no município de Abaetetuba, por meio do cumprimento das

condicionalidades demonstradas no CadÚnico tenham apresentado números satisfatórios em

termos de capacidade operacional, muitas questões precisam ser minimizadas tanto em nível

estrutural no ponto de vista das políticas públicas locais, como operacional como o aumento

do número de operadores e profissionais, além de mais qualificação das equipes intersetoriais

que compõem a rede de atendimento aos beneficiários.

Na relação intergovernamental, é possível destacar uma relação ainda tímida com as

gestões estaduais, tornando uma lacuna na integração do Programa, pois estas que tem o papel

de apoiar as ações do mesmo acabam não cumprindo com o seu papel, conforme é

demonstrada durante este trabalho, essa lacuna é prejudicial, uma vez que as políticas locais

possuem uma grande necessidade de apoio, numa perspectiva de relação recíproca, no que

tange o desenvolvimento das políticas regionais centradas nas gestões estaduais de governo. E

nesse aspecto comprometem negativamente o cumprimento das condicionalidades do PBF,

vale destacar que isso está relacionado tanto a questões políticas, tanto econômicas, pois os

interesses particulares ainda persistem, fazendo com que políticas sociais voltadas à

população não sejam concretizadas.

Na relação intersetorial envolvendo as secretarias municipais de saúde, educação e

assistência social, é possível observar um esforço por parte destas em cumprir com as

condicionalidades do Programa, porém ocorrem algumas limitações, tanto na questão

orçamentária, e também devido a grande demanda do programa. No entanto, identifica-se

algumas falhas das políticas públicas na carência e disponibilidades de alguns serviços,

principalmente nas áreas rurais e de ilhas, em que a gestão acaba criando estratégias para

promoção desses atendimentos que se dão por ações pontuais de governo. É válido ressaltar

que tal situação se dá pela própria fragilidade do atendimento em nível nacional, como no

caso, por exemplo, o acesso aos serviços de saúde.

No que refere aos beneficiários do programa é possível verificar que ainda se faz

necessário um trabalho mais acentuado da gestão local no sentido de atentar para os objetivos

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do mesmo, pois ainda se tem a idéia de dependência do recurso transferido, ou o “medo” de se

perder o benefício. Mas, é necessário o fortalecimento das redes municipais e estaduais na

formulação de ações efetivas de inclusão produtiva, ou seja, um envolvimento dos diversos

setores do governo em seus níveis e esferas de governo. Nesse aspecto é válido ressaltar a

importância da sociedade civil por meio do controle social, o qual referente ao programa,

especificamente no município, tem se mostrado de forma tímida, em que o próprio sistema

hierarquizado não possibilita a este uma ação mais efetiva.

Alguns desafios na condicionalidade educação merecem ser destacados com base nos

dados apresentados, pois foi observado que a faixa etária dos beneficiários de 16 e 17 anos

possui baixa frequência escolar, assim como existe um número considerado alto nesta faixa

etária que se encontram na condição de “sem informação de frequência escolar”. É válido

destacar a importância de se trabalhar a participação da família nesse aspecto, pois além dos

aspectos operacionais limitados do programa quanto ao acompanhamento desta faixa etária

específica, tanto pela gestão local, como a gestão estadual de educação; outros problemas

sociais podem está relacionados a essa situação como a questão do trabalho infanto-juvenil, a

drogadição, dentre outros que “fogem” ao alcance governamental e sua capacidade

operacional.

Na condicionalidade saúde, também pode-se destacar desafios, pois o número de

famílias não acompanhadas ainda é expressivo, necessitando de uma cobertura maior, além do

que, há necessidade de se trabalhar de forma preventiva e educativa a importância da

participação familiar nas ações, pois embora o acompanhamento destas sejam semestrais, são

necessárias ações mais efetivas do ponto de vista do cotidiano, ou seja, ações paralelas que

envolva os outros setores.

Quanto à assistência social, verifica-se um desafio maior, por esta ter o papel de

coordenar as ações do PBF em sua totalidade e sob seus vários aspectos. Verifica-se a

necessidade na melhoria de sua estrutura, que seja capaz de atender esse público de forma a

minimizar questões que envolvem não somente aspectos operacionais, mas situações que

percorrem os mais diversos níveis de complexidade de vulnerabilidades sociais existentes,

tendo que estar em sintonia com as demais políticas setoriais não só em níveis locais, mas

intergovernamentais, o que exige uma qualificação contínua e uma intensificação no número

dos profissionais que trabalham com o SUAS, objetivando centralidade das ações na família.

Considerando todas as colocações relativas ao contexto de participação social da

gestão na estrutura micro e as ações intersetoriais, de forma geral, é possível verificar que

existe inúmeros problemas para efetivação do Programa, em sua real proposta, enquanto

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política de inclusão social, uma vez que ainda não há um direcionamento concreto para que as

gestões impulsionem e garantam de certa forma a “porta de saída” do programa, uma vez que

os números de atendimento e inclusão no programa não garantem o acesso to tal dos direitos

sociais básicos como saúde, educação, emprego, moradia e assistência social.

Embora a proposta de descentralização juntamente com novos mecanismos de

participação social tenham sido fomentados pela Constituição Federal de 1988, sendo este um

marco na política social brasileira, formas inflexíveis e centralizadoras de gestão ainda são

presentes. Um grande exemplo é o próprio recurso do PBF que fica nas mãos do Governo

Federal, o que retira do município qualquer forma de autonomia, sendo este, incluído em

ações macro, mas de maneira pontual, pois a infraestrutura e todos os aspectos do município

como econômicos, sociais, geográficos, poderão favorecer ou não para um desempenho da

gestão do programa em nível local. E não se pode incorrer no erro de se desconectar essa

realidade, pois o PBF não é um fim em si mesmo, mas deve ser considerado como um

momento na vida dos que dele necessita.

É possível observar que as propostas de participação ainda não incorporaram os níveis

de gestão tanto intersetorial, como intergovernamental, pois não se tem um entendimento

consensual nos processos de efetivação da política como um todo. Interesses particulares

(econômicos) e partidários se fazem presentes. Sendo que o público beneficiário, por sua vez,

não alcançou um nível de educação voltado ao processo de comunicação que possibilite um

diálogo de forma emancipada para as reflexões, discussões e deliberações das políticas

implementadas e propostas pelo estado. Porém, não se pode esquecer o papel fundamental do

capital, uma vez que ele permeia todas as formas de relações sociais, não pode ndo ficar de

fora desse diálogo, haja vista que a política social do país é orientada por este de forma a

evidenciar que o maior interesse do estado como um todo seria na minimização de tensão e

conflitos com a sociedade, por meio de políticas focalizadas compensatórias, que engessa de

certa forma a própria participação e o desenvolvimento social desta.

Por fim, acredita-se que embora ocorram muitos esforços por parte da gestão local, o

PBF, enquanto política pública na forma de combate à pobreza e a extrema pobreza, ainda é

um grande desafio. Considera-se que o PBF depende de uma ação compartilhada de todos os

seus entes que envolva a todos, de forma que faça valer o exercício e a participação cidadã no

acesso aos direitos fundamentais.

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APÊNDICE - ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA

LÓCUS: MUNICÍPIO DE ABAETETUBA – PA

PERÍODO: Outubro de 2013.

1. Gestores Municipais de Assistência Social, Saúde e Educação.

1.2 Sobre a Participação das Secretarias Municipais na Gestão do Programa Bolsa Família:

a) Quais as ações que a secretaria realiza voltadas ao programa?

b) As ações são realizadas de forma sistematizadas e integradas com as outras secretarias?

De que forma? Há alguma dificuldade neste aspecto?

c) Existem ações voltadas ao público do programa, além do que este preconiza? Se sim,

quais e como são realizadas?

d) Há dificuldade para o cumprimento das condicionalidades por parte da gestão e por parte

do público beneficiário do programa? Se sim, quais seriam?

e) Como é feito o controle e o acompanhamento das ações?

f) Como é mensurada a efetividade da condicionalidade no programa?

g) É possível apontar alguns resultados do programa até então? Impactos positivos e

negativos? Se sim, quais seriam?

h) Há parceria da secretaria em nível local com a esfera estadual de governo para o

desenvolvimento de ações voltadas ao programa? Se sim, de que forma?

i) Os Conselhos Municipais participam da gestão do programa sob algum aspecto? Se sim,

de que forma?

j) Em âmbito geral, qual seria o maior desafio do programa no município? E

especificamente para esta secretaria?

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2. Conselho Municipal de Assistência Social

2.1 Sobre o Controle Social do Programa Bolsa Família:

a) O Conselho participa da Gestão do Programa Bolsa Família, se sim, de que forma e desde

quando?

b) Quais as principais ações que o Conselho desenvolve referente ao Programa?

c) Existe alguma dificuldade para a participação do Conselho na Gestão do Programa? Se

sim, qual ou quais?

d) O Conselho contribui em ações integradas junto ao Programa? Se sim, de que forma?

e) Qual a contribuição do Conselho referente às Condicionalidades do Programa junto à

comunidade?

f) O Conselho Municipal participa de alguma estratégia que envolva os Conselhos: Estadual

e Nacional referente ao Programa?

g) Qual seria o maior desafio do Conselho relativo ao Programa?