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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO
FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PERNAMBUCO
MESTRADO EM HEBIATRIA
AMANDA PACHECO DE CARVALHO
ASSOCIAÇÃO ENTRE CONSUMO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS E
VIOLÊNCIA FÍSICA ENTRE ADOLESCENTES
CAMARAGIBE 2016
1
AMANDA PACHECO DE CARVALHO
ASSOCIAÇÃO ENTRE CONSUMO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS E
VIOLÊNCIA FÍSICA ENTRE ADOLESCENTES
Orientadora: Profa Dra Valdenice Aparecida de Menezes
Co-Orientadora: Carolina da Franca Bandeira Ferreira Santos
Dissertação apresentada ao programa de
mestrado em Hebiatria da Universidade de
Pernambuco como requisito parcial para
obtenção do título de mestre em Hebiatria.
Linha de pesquisa: comportamentos
relacionados à saúde na adolescência.
2
Aos meus queridos avós Pacheco e Helena, que estiveram presentes em
todas as minhas conquistas e hoje acompanham mais esta do céu.
3
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus, presente em todas as horas e a força maior
que me faz seguir sempre em frente.
Ás joias da minha vida, meus pais Marcelo e Lúcia e meus irmãos Thiago,
Marcelle e Isla. Sem vocês, nada disso seria possível. Obrigada por estarem
sempre ao meu lado me incentivando e cuidando de mim em todos os
momentos.
Ao meu amor e amigo Gabriel, a face da paciência nesses últimos anos.
Obrigada por todo apoio e por não ter me deixado desistir.
A minha orientadora Professora Valdenice Menezes, cuja sabedoria foi
inspiradora e sua dedicação e paciência foram inestimáveis para a
concretização deste trabalho. Foi um prazer ser sua orientanda.
A minha coorientadora Professora Carolina da Franca, que dedicou horas do
seu tempo do seu conhecimento sempre visando o sucesso de todo o Grupo
de Condutas, meu muito obrigada.
A Professora Paula Valença, a dona do maior coração que já tive o prazer de
conhecer. Seus conselhos e ensinamentos levarei para a vida, porque além de
mestre você se mostrou uma valorosa amiga.
Aos meus colegas de turma que cresceram comigo durante essa caminhada e
que se tornaram bons amigos, em especial ao grupo condutas do bem pelas
horas de trabalho e aprendizado compartilhados demonstrando que juntos
somos mais fortes.
A amiga Fernanda Soares que não hesitou em ajudar quando precisei e
compartilhou seus conhecimentos de forma tão gentil.
Às flores que alegram minha vida diariamente, Lorraine, Aline, Cecylia e
Aninha. Vocês são a definição de amizade sincera e com vocês sei que
qualquer jornada se torna mais fácil.
Aos amigos que fiz no Grupo de Gestão e Avaliação em Saúde – IMIP que me
fizeram crescer como profissional e sempre torceram muito pelo meu sucesso.
A todos que, de alguma forma, fizeram esse sonho possível,
4
DISSERTAÇÃO DE (MESTRADO) 2016 Universidade de Pernambuco,
Camaragibe, PE, 2016. CARVALHO, A.P.
RESUMO
Introdução: O consumo de bebidas alcoólicas é um comportamento comum
na adolescência e pode representar um comportamento preditor de outra
conduta com repercussão importante na saúde desses indivídiuos, como a
violência física. Objetivo: determinar a prevalência da violência física entre
adolescentes e sua associação , com condutas relacionadas ao consumo de
bebidas alcoólicas e fatores associados. Métodos: Trata-se de um estudo
transversal de base escolar. A amostra foi composta por estudantes de ambos
os sexos com idades entre 13 e 19 anos, matriculados em escolas públicas
estaduais de Olinda, Pernambuco. Para o cálculo amostral considerou-se os
seguintes parâmetros: nível de confiança de 95%, um poder (β) de 80%,
frequência para os desfechos de 50%, razões de chance de 1.5, efeito de
delineamento de 1.2 resultando em uma amostra de 979 indivíduos ao qual se
acrescentou 10% para minimizar possíveis perdas, por fim a amostra contou
com 1057 adolescentes. Optou-se por uma amostragem probabilística por
conglomerados em duas etapas, sendo a primeira o sorteio das escolas e na
segunda, os das turmas. Os dados foram coletados por meio do Youth Risk
Behavior Survey, validado para o Brasil. Foram investigados dados referentes
ao consumo de álcool como: idade do primeiro consumo, consumo atual e
binge drinking e condutas para violência física como: porte de arma,
envolvimento em brigas e envolvimento em brigas com necessidade de
tratamento médico. Foi realizada a análise descritiva dos dados, através da
distribuição de frequências. Para a análise inferencial utilizou-se o teste do Qui-
quadrado e análise de regressão logística para estimar razões de chances
(odds) admitindo-se níveis de significância de 5% e intervalos de confiança (IC)
de 95%. As variáveis que apresentaram valores de p < 0,20 na análise
bivariada, ou plausibilidade na literatura, foram incluídas na análise
multivariada. Foi utilizado o programa estatístico Statiscal Package for the
Social Science (SPSS), versão 21. Resultados: Do total de adolescentes
investigados, 30,6 % consumiram álcool nos últimos 30 dias e 23,8% se
5
envolveram em brigas. A violência esteve associada ao consumo de álcool
tanto para meninas como para meninos. Conclusões: adolescentes que
consomem álcool apresentam maior chance de se envolverem em situações
de violência do que aqueles que não consomem.
Descritores: Adolescentes, consumo de bebidas alcoólicas e violência.
6
ABSTRACT
Introduction: The alcohol drinking is a common behavior in adolescence and
may represent a behavior predictor of other conduct with significant impact on
the health of these indivídiuos as physical violence. Objective: To determine
the prevalence of physical violence among adolescents and its association with
behaviors related to alcohol consumption and associated factors. Methods:
This is a cross-sectional study of school-based. The sample consisted of
students of both sexes aged between 13 and 19 years enrolled in public schools
in Olinda, Pernambuco. For the sample calculation considered the following
parameters: 95% confidence level, a power (β) of 80%, often to the outcomes
of 50%, 1.5 odds ratio, 1.2 design effect resulting in a sample 979 individuals to
which was added 10% to minimize possible losses, finally the sample included
1057 adolescents. We chose a random cluster sampling in two stages, the first
being the draw for the schools and in the second, those of classes. Data were
collected through the Youth Risk Behavior Survey, validated for Brazil. We
investigated data on the consumption of alcohol as age of first use, current
consumption and binge drinking and behaviors to physical violence as weapon
possession, involvement in fights and involvement in fights in need of medical
treatment. Descriptive analysis was performed through the distribution of
frequencies. For the inferential analysis used the chi-square test and logistic
regression analysis to estimate odds ratios (odds) assuming a significance level
of 5% and confidence intervals (CI) of 95%. The variables with p values <0.20
in the bivariate analysis or plausibility in the literature, were included in the
multivariate analysis. We used the statistical program Statiscal Package for
Social Sciences (SPSS), version 21. Results: Of the teenagers surveyed,
30.6% consumed alcohol in the last 30 days and 23.8% were involved in fights.
Violence was associated with alcohol consumption both for girls and for boys.
Conclusions: Teens who use alcohol have a greater chance of being involved
in situations of violence than those who do not consume.
Keywords: Adolescent; alcohol drinking; violence
7
LISTA DE FIGURAS
Procedimentos metodológicos
Figura 1.Olinda - Regiões Político Administrativas. Fonte: Secretaria de Saúde. Núcleo de Geoprocessamento. .......................................................... 33
8
LISTA DE QUADROS
Procedimentos metodológicos
Quadro 1 – Recategorização das variáveis de estudo..................................36
9
LISTA DE TABELAS
Artigo I: Consumo de álcool e violência física entre adolescentes: quem é o
preditor?
Tabela 1. Descrição dos estudos transversais que abordam o adolescente
como vítima de violência física, 2015. ............................................................ 19
Tabela 2.Descrição dos estudos transversais que abordam o adolescente como
perpetrador da violência física, 2015. ............................................................. 20
Tabela 3.Estudos Longitudinais que abordam a associação entre consumo de
álcool e violência física entre adolescentes, 2015. ......................................... 21
Artigo II: Violencia física e consumo de álcool entre adolescentes: um estudo
piloto
Tabela 1.Consumo de bebidas alcoólicas entre os adolescentes participantes
do estudo piloto estratificadas por sexo. Olinda, 2016. .................................. 43
Tabela 2. Fatores relacionados ao consumo de álcool associados com o
envolvimento em situações de violência nos últimos 12 meses. Olinda, 2016.
....................................................................................................................... 44
Tabela 3.Consumo de bebidas alcoólicas e envolvimento em violência física,
segundo a escolaridade materna. Olinda, 2014. ............................................ 44
Artigo III: Associação entre o consumo de álcool e a violência física entre
adolescentes escolares.
Tabela 1.Consumo de álcool e situações de violência entre os adolescentes
participantes do estudo estratificadas por sexo. Olinda, 2014. ...................... 53
Tabela 2. Regressão logística binária das variáveis associadas ao porte de
arma nos últimos 30 dias, estratificado por sexo. ........................................... 54
Tabela 3.Regressão logística binária das variáveis associadas ao envolvimento
em briga, estratificado por sexo. .................................................................... 55
Tabela 4.Regressão logística binária das variáveis associadas ao envolvimento
em briga com necessidade de atendimento médico, estratificado por sexo. . 56
10
Sumário 1.INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 11
2. REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................ 13
2.1 Artigo de revisão de literatura .................................................................................... 13
3.PROPOSIÇÃO ..................................................................................................................... 32
3.1 Objetivo Geral ............................................................................................................... 32
3.2 Objetivos específicos .................................................................................................. 32
4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ...................................................................... 33
4.1. Delineamento do estudo ............................................................................................ 33
4.2 Local do estudo ............................................................................................................ 33
4.3 População de Estudo .................................................................................................. 34
4.4 Amostra ......................................................................................................................... 34
4.4.1 Cálculo Amostral ................................................................................................... 34
4.4.2 Seleção da amostra ............................................................................................. 34
4.4.3 Critérios de Inclusão ............................................................................................ 35
4.4.4 Critérios de Exclusão ........................................................................................... 35
4.5 Coleta de dados ........................................................................................................... 35
4.6 Análise dos dados ....................................................................................................... 36
4.7 Definição das variáveis ............................................................................................... 36
4.8 Categorização das variáveis ...................................................................................... 37
5. CONSIDERAÇÕES ÉTICAS ............................................................................................ 38
6. RESULTADOS ................................................................................................................... 39
6.1 Estudo Piloto ................................................................................................................. 39
6.2 Artigo Final .................................................................................................................... 50
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 61
8. REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 62
9. ANEXOS ............................................................................................................................. 67
ANEXO A – PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA COM SERES
HUMANOS .......................................................................................................................... 67
ANEXO B – CARTA DE ANUÊNCIA DA GERENCIA REGIONAL DE EDUCAÇÃO
– METROPOLITANA NORTE .......................................................................................... 68
ANEXO C – QUESTIONÁRIO YOUTH RISK BEHAVIOR SURVEY (YRBS) BRASIL
E PeNSE (módulos saúde bucal e uso dos serviços de saúde) ............................................... 69
11
1.INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas, a sociedade brasileira se deparou com o crescente
impacto social da violência, que se tornou um problema de saúde pública
devido a sua magnitude, gravidade e capacidade de vulnerabilizar a saúde
individual e coletiva (MALTA et al., 2010).
A organização Mundial da Saúde (OMS) conceitua violência como o uso
da força física ou do poder real ou em ameaça, contra si próprio, contra outra
pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade, que resulte ou tenha qualquer
possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de
desenvolvimento ou privação (OMS, 2002). No Brasil, desde 2001 foi
implementada a Política Nacional de Redução de Morbimortalidade por
Acidentes e Violências. Nela, o abuso físico ou maus-tratos físicos são
definidos como o uso da força física capaz de produzir uma injúria, ferida, dor
ou incapacidade (BRASIL, 2001). Essa definição, deixa clara a necessidade da
força capaz de infligir dano e evidencia que esse dano é perpetrado por
diferentes agentes, em diversos contextos e espaços sociais.
A violência é a principal causa de morbimortalidade entre adolescentes
e jovens no Brasil. Segundo o Mapa da Violência 2013: Homicídios e Juventude
no Brasil, entre 1980 e 2011, as mortes não naturais e violentas de jovens –
como acidentes, homicídio ou suicídio – cresceram 207,9%. No estado de
Pernambuco 67,5 % das mortes de adolescentes e jovens ocorridas neste
período foram por causas violentas (WAISELFISZ, 2014). Esses números são
alarmantes e contraditórios, uma vez que no Brasil está em vigor desde 1990 o
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que assegura que nenhuma
criança ou adolescente deve ser objeto de discriminação, negligência,
exploração, violência, crueldade ou agressão dentro ou fora da família
(BRASIL, 1990).
Mesmo protegidos pela lei, os jovens e adolescentes ainda são
indivíduos vulneráveis. Além da violência física outros fatores de risco são
inerentes a essa população, como a exposição e contato com drogas,
incidência de suicídio, além da temática da prevenção de DST/ AIDS (BRASIL,
2006). No ano de 2005, com a realização do II Levantamento Domiciliar no
Brasil, foi constatado que o uso, pelo menos uma vez na vida, de álcool por
12
jovens de 12-17 anos e de 18-24 anos foi de, respectivamente, 54,3% e 78,6%
(CARLINI, 2005). Essas altas prevalências representam, um risco em potencial
na vida desses indivíduos. Segundo a OMS, 320 mil pessoas entre 15 e 29
anos de idade morrem ao redor do mundo anualmente de causas relacionadas
ao consumo do álcool. No Brasil, o álcool esteve associado a 63% e 60% dos
índices de cirrose hepática e a 18% e 5% dos acidentes de trânsito entre
homens e mulheres em 2012, respectivamente. Além das consequências na
morbimortalidade da população, o consumo de álcool também traz
consequências sociais direta e indiretamente, potencializando os custos em
hospitais e outros dispositivos do sistema de saúde, sistema judiciário,
previdenciário, perda de produtividade do trabalho, absenteísmo, desemprego,
entre outros. Ainda, em todo o mundo, nota-se que as faixas etárias mais jovens
(20-49 anos) são as principais afetadas em relação a mortes associadas ao uso
do álcool, traduzindo como uma maior perda de pessoas economicamente
ativas (OMS, 2014).
Tendo em vista o impacto que o consumo de bebida alcoólica e a
violência têm individualmente na saúde dos adolescentes, o objetivo desse
estudo é conhecer como esses dois comportamentos se relacionam e analisar
a influência do consumo de álcool sobre o envolvimento em situações de
violência.
13
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Artigo de revisão de literatura
CONSUMO DE ÁLCOOL E VIOLÊNCIA FÍSICA ENTRE ADOLESCENTES:
QUEM É O PREDITOR?1
ALCOHOL DRINKING AND PHYSICAL VIOLENCE AMONG
ADOLESCENTS: WHAT IS THE PREDICTOR?
Amanda Pacheco de Carvalho¹
Thaís Carine da Silva²
Paula Andrea de Melo Valença3
Carolina da Franca Bandeira Ferreira Santos 4
Viviane Colares 5
Valdenice Aparecida de Menezes 6
¹ Cirurgiã-dentista. Mestranda em Hebiatria pela Faculdade de Odontologia da Universidade de Pernambuco (FOP/UPE). Camaragibe, PE, Brasil e-mail: [email protected] ²Cirurgiã-dentista. Mestranda em Hebiatria pela Faculdade de Odontologia da Universidade de Pernambuco (FOP/UPE). Camaragibe, PE, Brasil e-mail: [email protected]
3 Cirurgiã-dentista, Doutora em Saúde da Criança e do Adolescente, Bolsista PNPD do Programa de Hebiatria da Faculdade de Odontologia da Universidade de Pernambuco (FOP/UPE). Camaragibe, PE, Brasil e-mail: [email protected]
4Cirurgiã-dentista, Doutora em Odontopediatria, Coordenadora do Programa de Hebiatria da Faculdade de Odontologia da Universidade de Pernambuco (FOP/UPE). Camaragibe, PE, Brasil e-mail: [email protected]
5Cirurgiã-dentista. Doutora em Odontopediatria, Professora Adjunta do Programa de Hebiatria da Faculdade de Odontologia da Universidade de Pernambuco (FOP/UPE). Camaragibe, PE, Brasil e-mail: [email protected]
1 Artigo aceito para publicação na revista Ciência e Saúde Coletiva
14
6Cirurgiã-dentista, Doutora em Odontopediatria, Vice - coordenadora do Programa de Hebiatria da Faculdade de Odontologia da Universidade de Pernambuco (FOP/UPE). Camaragibe, PE, Brasil e-mail: [email protected]
2.1.1 Resumo
O objetivo desta revisão integrativa foi investigar na literatura a associação
entre consumo de bebidas alcoólicas e violência física, com ênfase em
identificar o preditor entre eles. Foram realizadas buscas nas bases de dados
LILACS, MEDLINE e SCIELO, adotando como descritores “violence”, “alcohool
drinking” e “adolescent”. Foram incluídos artigos publicados entre 2005 e 2014
e que analisassem a associação entre o consumo de álcool e a violência física
usando análise multivariada. Do total de 1667 artigos, 29 se enquadravam nos
critérios de inclusão. O consumo de álcool foi a variável mais investigada como
preditora do envolvimento em violência física quando o adolescente é o
perpetrador ou a vítima da violência, com associação significativa em 19
estudos. No entanto, quando a vitimização foi investigada como preditora (7
estudos), na maioria destes (6) houve associação significativa com a ingestão
de bebidas alcoólicas. O consumo de bebida alcoólica se mostrou preditor da
violência física tanto para o adolescente perpetrador quanto para o adolescente
vítima da violência. Entretanto, ter sido vítima de violência na infância e na
adolescência também pode levar o adolescente ao consumo do álcool.
Descritores: Violência; Consumo de bebidas alcoólicas; Adolescente
2.1.2 Introdução
O álcool é a droga mais consumida entre os adolescentes e representa um
grave problema de saúde pública mundial1,2. Estudos demonstram que a
15
prevalência do consumo de álcool entre essa população pode variar entre 15%
e 51% nas Américas 2 e entre 2,6% e 15,6% na Ásia3. No Brasil, apesar de
proibida a venda de bebidas alcoólicas para menores de 18 anos o consumo
de álcool pelos jovens é uma prática comum e que se inicia cada vez mais
cedo4.
O uso de álcool pode causar danos ao organismo quando ingerido por tempo
prolongado. Além das consequências diretas da intoxicação, existem aquelas
a longo prazo que podem interferir na vida do adolescente como no
aprendizado, na perspectiva de emprego, em comportamentos de risco no
trânsito5, situações de violência, como envolvimento em brigas, violência sexual
e doméstica, dentre outras1,6,7.
Estudar a relação entre violência e o consumo de bebidas alcoólicas envolve
uma séries de complexidades pois as interligações são múltiplas e variadas,
todavia estudos apontam que o consumo de álcool é, no mínimo, um importante
fomentador de situações violentas, tanto sob o ponto de vista do agressor como
da vítima8.
Em estudos epidemiológicos, a violência física aparece em posição de
destaque no que se refere à saúde dos adolescentes, com maior prevalência
no sexo masculino1,3,5,9,10, podendo estar relacionada ao ambiente doméstico
ou escolar 11. Existe maior vulnerabilidade do indivíduo a outros fatores de risco
quando a violência doméstica é frequente e quando há vitimização durante a
infância12 .
A associação entre o consumo de bebidas alcoólicas e a violência física é
documentada na literatura2,3,6, entretanto, afim de traçar estratégias de
16
prevenção voltadas para esses fatores de risco e para que essas estratégias
sejam mais efetivas, é importante saber como essa relação acontece,
identificando o preditor do problema. Então, seria a vitimização na infância,
preditora do consumo de álcool ou o consumo de álcool favorece o
envolvimento em episódios de violência entre os adolescentes? O objetivo
deste estudo foi investigar na literatura se o consumo do álcool é preditor ou
desfecho da violência física.
2.1.3 Método
Esta revisão integrativa da literatura procurou identificar artigos publicados nos
últimos dez anos (2005 a 2014) na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) do Centro
Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde, também
conhecido pelo seu nome original, BIREME e na US National Library of
Medicine National Institutes of Health (PUBMED). As bases de dados
consultadas nessas bibliotecas foram: LILACS, MEDLINE E SCIELO.
Durante as etapas de seleção foram adotados como critérios de inclusão
estudos com adolescentes entre 10 e 19 anos, que tratassem da associação
entre a violência física e o consumo de álcool através de análise multivariada,
que destacassem os pontos de corte e como as questões foram apresentadas
nos questionários de coleta. Na análise dos dados nos estudos, entendeu-se
como variável preditora, a variável independente ou explicativa.
Os critérios de exclusão foram os estudos de revisão de literatura e que não
disponibilizassem o resumo nas bases de dados pesquisadas. A seleção dos
artigos foi realizada em seis etapas: cruzamento dos descritores (1.667 artigos);
aplicação dos filtros (968 artigos); leitura dos títulos (401 artigos); leitura dos
17
resumos (197 arquivos); exclusão dos repetidos (52) e leitura integral dos
artigos (29). A seleção dos artigos foi conduzida por dois revisores
individualmente e os casos divergentes foram analizados em conjunto
baseando-se nos critérios de inclusão e exclusão até se chegar num consenso.
A busca foi conduzida em inglês utilizando os descritores: “adolescence”,
“adolescent”, “violence” e “alcohol drinking”. Os filtros aplicados diziam respeito
ao ano de publicação (2005 até 2014) e idioma da publicação (inglês, português
e espanhol).
A extração dos dados dos artigos selecionados ocorreu a partir do método
utilizado pelos autores. As variáveis de estudo relacionadas ao consumo de
álcool e envolvimeto em situações de violência foram classificadas como
dependentes ou independentes. A seguir, os valores correspondentes às
razões de prevalência (RP), Odds Ratio (OR), beta (β) e os seus respectivos
intervalos de confiança foram extraídos dos resultados e analisados como
significativos ou não.
2.1.4 Resultados
Dos 29 artigos, 72,4% (n=21) foram estudos transversais e 27,6% (n=8) são
estudos longitudinais. Nos estudos transversais o consumo de álcool foi o mais
investigado como variável independente (n=19). Quando a violência foi
investigada como variável indepentende, os resultados também encontraram
associação significativa. Já nos estudos longitudinais a violência foi mais
investigada como preditora (variável independente).
18
Nos estudos transversais, abordou-se o envolvimento do adolescente em
violência física sob duas perspectivas diferentes: o adolescente como vítima e
como perpetrador da violência física.
Dos estudos transversais que abordaram o adolescente como vítima da
violência física (n=11), quatro não encontraram associação significativa entre o
consumo álcool (variável independente) e a violência física 4,6,13,14. Seis artigos
apontaram o consumo de álcool como preditor da violência física (OR entre
1,31 e 10,25)2,13,15–18 . Em dois estudos, os resultados demonstraram que ser
vítima de violência física na infância leva o indivíduo ao consumo de álcool
quando adolescente (OR entre 1,23 e 3,36 12,13) (Tabela 1).
Dos 16 estudos que abordaram o adolescente como perpetrador da violência
física, todos adotaram a violência como variável dependente. Destes, 11 artigos
encontraram associação significativa para o consumo de bebidas alcoólicas
como preditor (variável independente) para o envolvimento em violência
física1,2,5,6,14,15,19–23. O OR variou de 1,5 a 6,89 (Tabela 2). Nos estudos
longitudinais (n=8), o tempo de acompanhamento dos sujeitos envolvidos, no
geral, variou de 1 a 14 anos, exceto o estudo de Green (2011) que acompanhou
indivíduos por 36 anos. A vitimização como variável independente foi adotada
por 05 autores 9,11,25–27 (Tabela 3). Em seu estudo, White28 optou por analisar
os dois sentidos dessa associação usando como variável independente tanto o
consumo de álcool como a violência física e encontrou associação significativa
para ambos. Dentre esses estudos, a maioria concluiu que ser vítima de
violência física em algum determinado momento anterior da vida é preditor para
o consumo de álcool entre os adolescentes9,11,25,27,28. Apenas dois estudos
19
apontaram o consumo anterior de bebidas alcoó licas como preditor do
envolvimento em situações de violência física7,28.
Tabela 1. Descrição dos estudos transversais que abordam o adolescente como vítima de violência física, 2015.
Autor/Ano Faixa etária
Variável Independente Variável dependente OR/RP (IC)
Shepherd JP, Sutherland I,
Newcombe RG./ 2006
11 – 16 anos
Consumo de álcool nos últimos 30 dias
Vítima de violência física no último ano
OR =2.94 (2.19–3.95)
Ter ficado bêbado no último ano
OR =4.01 (3.17–5.08
Ramisetty-Mikle S et al / 2006
13 – 19 anos
Binge drinking nos últimos 30 dias
Vítima de violência física nos últimos 12 meses.
OR = 1.2 (0.5-2.5)
Primeiro contato com bebida alcoólica na pré-adolescencia
OR = 2.2 (1.3-3.8)
Consumo de álcool nos últimos 30 dias
OR =1.0 (0.4-2.6)
Frederiksen ML, Helweg K, Larsen
HB. / 2007
15 – 17 anos
Consumo diário de álcool
Vítima de violência física no último ano
Masculino: 4.1 (1.8–9.1)
Consumo Semanal de álcool Masculino: 1.4 (0.8–2.5)
Hamburger ME, Leeb RT, Swahn
MH./ 2008 -
Vítima de violência física na infância, por familiares
Consumo de álcool na vida
OR = 1.90 (1.56-2.30)
Primeiro contato com bebida alcoólica na pré-
adolescencia
OR = 2.10 (1.69-2.63)
Binge drinking no último ano
OR = 1.22 (0.98-1.51)
Yen CF et al / 2008 13 – 18 anos
Vítima de violência física na infância, por familiares
Consumo de álcool nos últimos 30 dias
OR = 3.360 (2.389–4.725)
Swahn MH, Bossarte RM,
Sullivent, EE./ 2008
12 – 16 anos
Primeiro contato com bebida alcoólica na pré-adolescencia
Vítima de violência física no último ano
OR = 1.20 (0.84–1.73)
Yan FA et al/ 2010
13 – 18
anos
Consumo de álcool no último ano Vítima de violência física
no último ano
OR = 10.25 (4.96-21.15)
Binge drinking no último ano
OR =13.54 (6.21-29.51)
Chaveepojnkamjorn W, Pichainarong N./
2011
15 - 17 anos
Consumo de álcool nos últimos 30 dias
Foi ameaçado ou agredido com uma arma
nos últimos 30 dias
OR = 1.14 (0.53-2.46)
Whiteside LK et al/ 2013
14 -18 anos
Uso indevido do álcool no último ano*
Agressor e vítima de violência no último ano
OR = 0.99 (0.60 -1.62)
Pierobon M et al/ 2014
13 -15 anos
Consumo de álcool nos últimos 30 dias
Vítima de violência física no último ano
OR = 2,32 (1,63-3,31)
Russell M. et al/ 2014 - Binge drinking nos últimos 3
meses Vítima de violência física
nos últimos 3 meses
Feminino OR = 1.31
(1.10–1.57) *Obtido através do POSIT (Problem Oriented Screening Instrument for Teenagers), utiliza uma escala até 17 pontos para avaliar situações de consumo indevido de álcool como faltar à escola, envolvimento em acidentes de carro após ingestão de álcool, dentre outros.
20
Tabela 2.Descrição dos estudos transversais que abordam o adolescente como perpetrador da violência física, 2015.
Autor/Ano Faixa etária Variável Independente Variável dependente OR/RP (IC)
Shahn M, Donovan J. 2005
12 – 21 anos
Binge drinking nos últimos 30 dias Envolvimento em violência física
por estar bêbado no último ano
OR = 2,63 (1,72 - 4,02)
Consumo de álcool nos últimos 30 dias
OR = 2.18 (1.17 – 4.03)
Shepherd JP, Sutherland I,
Newcombe RG./ 20067
11 – 16 anos
Ter ficado bêbado no último ano Consumo de álcool nos últimos
30 dias
Perpetrador de violência física no último ano no último ano
OR = 2.10 (1.84–2.41)
OR =6.89 (5.00–9.49)
Stafström M/ 200715
-
Binge drinking uma vez ao mês ou com maior frequência
Envolvimento em brigas relacionadas ao Consumo de
álcool (alguma vez na vida)
OR =1.5 (1.05 – 2.09)
Ingestão de cerveja duas vezes ao mês ou com maior
frequências
OR = 1.4 (0.98 – 2.00)
Ingestão de bebidas destiladas duas vezes ao mês ou com
maior frequência
OR =1.7 (1.16 – 2.35)
Volume usual de cerveja excedeu 1,5l
OR =1.6 (1.14 – 2.14)
Rudatsikira E. et al/ 20082
15 – 17 anos
Uso de substâncias (álcool, maconha e tabaco)
Perpetrador de violência física no último ano no último ano
Feminino: 1.82
(1.47-2.26) Masculino: 2.22 (1.80-
2.74) Swahn MH, Bossarte RM, Sullivent, EE./
200816 12 – 16
anos Primeiro contato com bebidas alcoólicas na pré-adolescencia
Perpetrador de violência física no último ano no último ano
OR = 1.34 (0,91–1.96)
Walton MA/ 200914
14 – 18 anos
Binge drinking no último ano Perpetrador de violência física
no último ano
OR = 1.72 (1.06, 2.81)
Chaveepojnkamjorn W, Pichainarong N./
201111
15 - 17 anos
Consumo de álcool nos últimos 30 dias
Perpetrador de violência física nos últimos 30 dias
OR =3.06 (1.99-4.70)
Andrade SSCA et al/20121
13 – 15 anos
Consumo de álcool nos últimos 30 dias
Perpetrador de violência física nos últimos 30 dias
Feminino 1,30 (0,62-
2,61) Masculino
2,21 (1,12-4,39)
Donath C et al / 201212
12 – 17 anos
Binge drinking nos últimos 30 dias
Envolvimento em violência física na escola
OR =0.987 (0.972 -1.003)
Wahl S et al/20139 Média 15,6 anos
Consumo de álcool nos últimos 30 dias
Perpetrador de violência física no último ano
OR = 1,14 ( 0,52 – 2,48 )
Whiteside LK et al/ 201317
14 – 18 anos
Uso indevido do álcool no último ano*
Agressor e vitima de violência física no último ano
OR =1.94 (1.26 - 3.00)
Stickley A et al. / 201313
13 – 17 anos
Binge drinking nos últimos 30 dias
Perpetrador de violência física no último ano
Feminino: 6.1 (3.9–9.3) Masculino 4.0 (2.2–7.4)
Manickam MA et al / 201410
12 – 17 anos
Consumo de álcool nos últimos 30 dias
Perpetrador de violência física no último ano
OR =1.36 (1.15 - 1.61)
Mat Hussin SF, Abd Aziz NS, Hasim H, Sahril N./ 20148
12 – 17 anos
Consumo de álcool nos últimos 30 dias
Perpetrador de violência física no último ano
OR =1.42 (1.24 - 1.63)
Pierobon M et al/ 20146
13 – 15 anos
Consumo de álcool nos últimos 30 dias
Perpetrador de violência física no último ano
OR = 2,35 (1,53-3,60)
Salas-Wright C P et al / 20145
12 – 14 anos
Consumo de álcool nos últimos 30 dias
Perpetrador de violência física no último ano
OR = 2.35 (1.45–3.79)
*Obtido através do POSIT (Problem Oriented Screening Instrument for Teenagers), utiliza uma escala até 17
pontos para avaliar situações de consumo indevido de álcool como faltar à escola, envolvimento em acidentes de carro após ingestão de álcool, dentre outros.
21
Tabela 3.Estudos Longitudinais que abordam a associação entre consumo de álcool e violência física entre adolescentes, 2015.
Autor/Ano
Tempo de
acompanha
mento
Variável
Independente Variável dependente
OR, RP ou β
(IC)
Pinchevsky GM,
Wright EM, Fagan
AA / 201318
3 anos
Vítima de Violência
no último ano ( aos
12 anos de idade)
Nº de dias em que consumiu álcool
(aos 15 anos)
RP Masculino:
0,13 (p>0,05)
Feminino:
0,11 p>0,05
Nº de dias em que bebeu em
binge (aos 15 anos)
RP
Masculino:
0,11 (p>0,05)
Feminino:
0,58 (p<0,01)
White HR et
al/201319
14 anos
Aumento do
consumo de álcool
(entre 13 e 18 anos
de idade)
Aumento do comportamento
violento (entre 13 e 18 anos de
idade)
β = 0,51
(p<0,05)
Aumento do
comportamento
violento (entre 13 e
18 anos de idade)
Aumento do consumo de
álcool(entre 13 e 18 anos de idade)
β = 0,04
(p < 0.01)
Cisler JM et al/
20123 5 anos
Soma das vezes em
que sofreu violência
física, sexual ou
testemunhou cenas
de violência. (coleta
1)
Binge drinking no último ano
(coleta 2)
β = 0,08
(p<0,01)
Green KM/
201120 36 anos
Consumo de álcool
aos 16 anos
Perpetrador de violência aos 32
anos
OR = 1.23
[0.79, 1.90]
Perpetrador de violência aos 42
anos
OR = 1.10
[0.54, 2.24]
Swahn MH,
Donovan JE./
200521
1 ano
Consumo de álcool
nos últimos 30 dias
(coleta 1)
Envolvimento em briga
relacionada ao consumo de álcool
no último ano (coleta 2)
OR = 2.18
(1.17–4.03)
Binge drinking
(coleta 1)
OR = 2.63
(1.72–4.02)
Mills R, Alati R,
Strathearn L,
Najman JM. /
20144
14 anos
Vítima de violência
na infância (aos 5
anos de idade)
Consumo de álcool uma vez na
vida (aos 14 anos de idade)
OR = 1.11
(0.45, 2.71)
Binge drinking na vida ou
Consumo de álcool nos últimos 30
dias (aos 14 anos de idade)
OR = 0.61
(0.08, 4.58)
Shin SH, Miller
DP, Teicher MH. /
201322
7 anos
Vítima de violência
física na vida (coleta
3)
Consumo de álcool no último ano
(coletas 1)
β = -0,21
(P<0,01)
Binge drinking no último ano
(coletas 1)
β = 0,08
(p<0,001)
Shin SH, Edwards
EM, Heeren T. /
200923
7 anos
Vítima de violência
física na vida (coleta
3)
Binge drinking no último ano
(coletas 1, 2 e 3)
OR = 1.34
(1.02, 1.76)
22
2.1.5 Discussão
A maioria (65,5%) dos estudos incluídos nessa revisão apresentou
delineamento transversal e indicou que o consumo de bebida alcoólica foi
analisado como preditor para o envolvimento em situações de violência na
adolescência. Para os estudos que abordaram o adolescente como vítima, os
que consumiram álcool nos últimos 30 dias apresentaram, em média, duas
vezes mais chances de serem vítimas de violência do que adolescentes que
não o consumiram2,15. Essa chance aumenta em até 13 vezes à medida que a
quantidade de álcool ingerida também aumenta. Como também ocorre
aumento da chance de vitimização nos casos de binge drinking (consumo de 5
ou mais doses de bebida alcoólica num determinado momento), de alcoolemia
e de consumo diário de álcool15,16,18. Os estudos que adotaram o binge drinking
como ponto de corte, encontraram associação positiva em maior frequência do
que os que adotaram outros pontos de corte para o consumo do álcool4,5,21–23.
Outro aspecto que se pode destacar, foi a idade em que ocorreu o primeiro
contato do adolescente com a bebida alcoólica. Beber em idade precoce (<12
anos) dobra o risco de ser uma vítima de violência em comparação com aqueles
que nunca beberam13. Esse início precoce também aparece relacionado com
posterior abuso de álcool e dependência na adolescência 19.
Em contrapartida, dois estudos transversais que delinearam o consumo de
álcool como variável dependente expuseram que a violência física pode ser
preditora para o consumo de álcool. Indivíduos que sofreram maus-tratos na
infância, em geral por familiares, apresentaram maiores chances de se
tornarem consumidores de bebidas alcoólicas na adolescência12,19. Em seu
estudo, Hamburger, Leeb e Swahn sugerem, como justificativa, que a infância
23
é um período do desenvolvimento em que os pais exercem grandes influencias
sobre as crianças, sendo assim, maus tratos nessa fase da vida pode trazer
consequências no futuro, como o desenvolvimento de condutas de risco à
saúde, a exemplo da ingestão de substâncias tóxicas como o álcool19.
Quando o adolescente sai da posição de vítima e passa a ser analisado nos
estudos como o perpetrador da violência, a associação significativa entre o
álcool e o comportamento violento foi verificada em grande parte dos estudos
1–3,10,14,15,20,21,23,24. Isso pode ocorrer pelo fato dos adolescentes, sob efeito da
bebida, perderem o senso crítico e se tornarem agressivos10.
No estudo de Swahn e Donovan (2005), os autores verificaram que no ato da
violência física o indivíduo se encontrava sob efeito de bebida alcoólica,
caracterizando a coocorrência destes comportamentos de risco. Este foi o único
estudo que permitiu essa avaliação de forma direta, onde o álcool e a violência
estavam presentes ao mesmo tempo no evento descrito7.
Outro aspecto avaliado foi a relação de gêneros, quando o adolescente é o
perpetrador da violência. Os meninos apresentam maiores chances de se
envolverem em situações de violência quando consomem bebidas alcoólicas
do que as meninas1,21,23,24. Isso ocorre, provavelmente, pelas alterações
comportamentais causadas por substâncias psicoativas, como o álcool e pela
maior frequência de consumo de álcool e de envolvimento em violência pelos
meninos, em relação às meninas.1
O beber em binge, que representa o consumo de 4 ou mais doses de bebidas
alcoólica para meninas e 5 ou mais doses para os meninos, também aparece
associado à perpetração da violência entre adolescentes, com Odds Ratio
24
semelhantes ao do consumo atual de álcool. Entretanto, nenhum dos estudos
que adotou o beber em binge como variável independente fez a distinção
correspondente ao sexo e adotou como beber em binge o consumo de 5 ou
mais doses para ambos. Esse fato pode representar uma subestimativa para o
beber em binge entre as meninas e justificar os achados de Stickley et al.
(2013), em que as meninas apresentaram mais chance de se envolver em
violência física após beber em binge do que os meninos.21
Já nos estudos longitudinais, observou-se que a violência na infância foi um
preditor para o consumo do álcool com maiores chances para o sexo feminino.
Os responsáveis apontados como perpetradores da violência nesses casos,
são os pais demonstrando a vulnerabilidade desses adolescentes no seio
familiar.9,11,25,27,28
Um ponto que chama a atenção é que a maioria dos estudos longitudinais
consideraram a violência como variável explicativa para o consumo do álcool
com associação significante. Além disso, observou-se que os adolescentes que
foram vítima de violência tendem a ingerir um volume maior de álcool em um
curto intervalo de tempo 7,9,25,27. Na contramão, o estudo de Mills et al 2014 foi
o único dos longitudinais que não encontrou associação entre beber em binge
e se envolver em violência física, uma vez que aferiu o beber em binge de forma
diferente aos demais agrupando à variável o consumo de 3 ou mais doses com
frequência mensal.26
Os achados de White observaram que com o passar do tempo quando o
indivíduo aumenta a ingestão de bebidas alcoólicas também há o aumento no
envolvimento em situações de violência. Este fato demonstra que mudanças
no padrão de ingestão de bebidas alcoólicas ao longo da vida adulta podem ser
25
reflexo dos comportamentos agressivos que o indivíduo possuía na
adolescência28.
Algumas observações devem ser feitas quanto aos pontos de corte adotados
por alguns estudos. Uma delas diz respeito à padronização do tempo anterior
ao evento estudado. A violência avaliada pelos entrevistados nos últimos 12
meses foi relacionada ao consumo de álcool nos últimos 30 dias. Adotar essa
variação na referência pode trazer comprometimento à análise dos estudos,
uma vez que as relações temporais são diferentes e expõem os indivíduos ao
viés de memória, visto que os estudos que consideraram os eventos nos
últimos 12 meses encontraram menos associação significativa do que os que
consideraram entre 1 e 3 meses2,14,15,18,20, 23,21,3,10. Alguns autores optaram por
agrupar algumas variáveis estudadas. Isso pode influenciar nos resultados
encontrados. Por exemplo, Rudatsikira et al2 agrupou as variáveis consumo de
álcool, tabaco e maconha numa única variável (uso de substâncias), o que
impossibilita fazer conclusões sobre a influência do consumo de álcool
isoladamente 24. Já o estudo de Cisler et al3 agrupou a violência física com a
violência sexual e o testemunho de episódios violentos. Isto aponta que não só
a violência física como outros tipos de violência podem estar associadas ao
beber em binge11. Também no estudo de Mills et al 4, não houve associação
para a violência física isoladamente, mas quando esta foi incorporada a outros
tipos de violência numa única variável, houve associação significativa. Os maus
tratos, de qualquer tipo seja ele sexual, físico ou emocional, juntos, podem ser
preditores para o consumo de álcool e para o binge drinking26.
2.1.6 Considerações finais
26
O consumo de álcool foi considerado como variável explicativa na maioria dos
estudos transversais entre adolescentes, sendo esses vítimas ou agressores,
ao contrário dos achados em estudos longitudinais, evidenciando que a relação
entre consumo do álcool e violência fisica ainda não se encontra claramente
definida e que os diferentes métodos e tipos de estudo podem esclarecer
melhor essa relação.
É importante salientar que alguns estudos avaliaram a associação entre álcool
e violência com diferenças nas relações temporais, ou que agruparam variáveis
ou ainda associaram tipos de violência, por exemplo violência física e sexual.
Estas metodologias, em face da multiplicidade das referências impossibilitam
chegar a conclusão sobre o consumo de álcool isoladamente em relação à
violência.
Visto que essa revisão integrativa não identificou nenhum estudo em que o
adolescente agressor fosse preditor para o consumo de álcool, seria
interessante a realização de estudos nessa perspectiva, para elucidar de forma
mais muninciosa como a violência física está relacionada ao consumo de
álcool.
2.1.7 Referências
1. Andrade SSCDA, Yokota RTDC, Sá NNB De, Silva MMA Da, Araújo WN
De, Mascarenhas MDM, et al. Relação entre violência física, consumo de
álcool e outras drogas e bullying entre adolescentes escolares brasileiros.
Cad Saude Publica. 2012;28(9):1725–36.
27
2. Pierobon M, Barak M, Hazrati S, Jacobsen KH. Alcohol consumption and
violence among Argentine adolescents. J Pediatr (Rio J).
2013;89(1):100–7.
3. Manickam M a., Abdul Mutalip MHB, Hamid H a. B a., Bt Kamaruddin R,
Sabtu MYB. Prevalence, Comorbidities, and Cofactors Associated With
Alcohol Consumption Among School-Going Adolescents in Malaysia.
Asia-Pacific J Public Heal [Internet]. 2014;26(5 Suppl):91S – 99S.
4. Swahn MH, Bossarte RM, Sullivent EE. Age of alcohol use initiation,
suicidal behavior, and peer and dating violence victimization and
perpetration among high-risk, seventh-grade adolescents. Pediatrics.
2008;121(2):297–305.
5. Donath C, Graessel E, Baier D, Pfeiffer C, Bleich S, Hillemacher T.
Predictors of binge drinking in adolescents: ultimate and distal factors - a
representative study. BMC Public Health [Internet]. BioMed Central Ltd;
2012;12(1):263.
6. Chaveepojnkamjorn W, Pichainarong N. Current drinking and health-risk
behaviors among male high school students in central Thailand. BMC
Public Health [Internet]. BioMed Central Ltd; 2011;11(1):233.
7. Swahn MH, Donovan JE. Predictors of fighting attributed to alcohol use
among adolescent drinkers. Addict Behav. 2005;30(7):1317–34.
8. Duailibi S, Laranjeira R. Políticas públicas relacionadas às bebidas
alcoólicas. Rev Saude Publica. 2007;41(5):839–48.
9. Shin SH, Miller DP, Teicher MH. Exposure to childhood neglect and
physical abuse and developmental trajectories of heavy episodic drinking
28
from early adolescence into young adulthood. Drug Alcohol Depend.
2013;127(1-3):31–8.
10. Mat Hussin SF, Abd Aziz NS, Hasim H, Sahril N. Prevalence and Factors
Associated With Physical Fighting Among Malaysian Adolescents. Asia-
Pacific J Public Heal [Internet]. 2014;26(5 Suppl):108S – 115S.
11. Cisler JM, Begle AM, Amstadter AB, Resnick HS, Danielson CK,
Saunders BE, et al. Exposure to interpersonal violence and risk for PTSD,
depression, delinquency, and binge drinking among adolescents: Data
from the NSA-R. J Trauma Stress. 2012;25(1):33–40.
12. Yen CF, Yang MS, Chen CC, Yang MJ, Su YC, Wang MH, et al. Effects
of childhood physical abuse on depression, problem drinking and
perceived poor health status in adolescents living in rural Taiwan.
Psychiatry Clin Neurosci. 2008;62(5):575–83.
13. Ramisetty-Mikler S, Goebert D, Nishimura S, Caetano R. Dating violence
victimization: Associated drinking and sexual risk behaviors of Asian,
native Hawaiian, and caucasian high school students in Hawaii. Journal
of School Health. 2006. p. 423–9.
14. Whiteside LK, Ranney ML, Chermack ST, Zimmerman M a, Cunningham
RM, Walton M a. The overlap of youth violence among aggressive
adolescents with past-year alcohol use-A latent class analysis:
aggression and victimization in peer and dating violence in an inner city
emergency department sample. J Stud Alcohol Drugs [Internet].
2013;74(1):125–35.
29
15. Shepherd JP, Sutherland I, Newcombe RG. Relations between alcohol,
violence and victimization in adolescence. J Adolesc. 2006;29(4):539–53.
16. Yan F a, Howard DE, Beck KH, Shattuck T, Hallmark-Kerr M.
Psychosocial correlates of physical dating violence victimization among
Latino early adolescents. J Interpers Violence. 2010;25(5):808–31.
17. Russell M, Cupp PK, Jewkes RK, Gevers A, Mathews C, LeFleur-
Bellerose C, et al. Intimate partner violence among adolescents in Cape
Town, South Africa. Prev Sci [Internet]. 2014;15(3):283–95.
18. Frederiksen ML, Helweg-Larsen K, Larsen HB. Self-reported violence
amongst adolescents in Denmark: Is alcohol a serious risk factor? Acta
Paediatr Int J Paediatr. 2008;97(5):636–40.
19. Hamburger ME, Leeb RT, Swahn MH. Childhood maltreatment and early
alcohol use among high-risk adolescents. J Stud Alcohol Drugs.
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20. Salas-Wright CP, Hernandez L, R. Maynard B, Y. Saltzman L, Vaughn
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An Examination of Behavioral Risk and Protective Profiles. Subst Use
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21. Stickley A, Koyanagi A, Koposov R, Razvodovsky Y, Ruchkin V.
Adolescent binge drinking and risky health behaviours: Findings from
northern Russia. Drug Alcohol Depend [Internet]. Elsevier Ireland Ltd;
2013;133(3):838–44.
22. Walton MA, Cunningham RM, Goldstein AL, Chermack ST, Zimmerman
MA, Bingham CR, et al. Rates and Correlates of Violent Behaviors Among
30
Adolescents Treated in an Urban Emergency Department. J Adolesc
Heal. 2009;45(1):77–83.
23. Stafström M. Kick back and destroy the ride: alcohol-related violence and
associations with drinking patterns and delinquency in adolescence.
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24. Rudatsikira E, Mataya RH, Siziya S, Muula AS. Association between
bullying victimization and physical fighting among Filipino adolescents:
Results from the global school-based health survey. Indian J Pediatr.
2008;75(12):1243–7.
25. Pinchevsky GM, Wright EM, Fagan A a. Gender differences in the effects
of exposure to violence on adolescent substance use. Violence Vict
[Internet]. 2013;28(1):122–44.
26. Mills R, Alati R, Strathearn L, Najman JM. Alcohol and tobacco use among
maltreated and non-maltreated adolescents in a birth cohort. Addiction.
2014;109(4):672–80.
27. Shin SH, Edwards EM, Heeren T. Child abuse and neglect: Relations to
adolescent binge drinking in the national longitudinal study of Adolescent
Health (AddHealth) Study. Addict Behav. 2009;34(3):277–80.
28. White HR, Fite P, Pardini D, Mun EY, Loeber R. Moderators of the
dynamic link between alcohol use and aggressive behavior among
adolescent males. J Abnorm Child Psychol. 2013;41(2):211–22.
29. Wahl S, Sonntag T, Roehrig J, Kriston L, Berner MM. Characteristics of
predrinking and associated risks: A survey in a sample of German high
school students. Int J Public Health. 2013;58(2):197–205.
31
30. Green KM, Doherty EE, Zebrak K a, Ensminger ME. Association between
adolescent drinking and adult violence: evidence from a longitudinal study
of urban african americans. J Stud Alcohol Drugs. 2011;72(5):701–10.
32
3.PROPOSIÇÃO
3.1 Objetivo Geral
Determinar a prevalência do consumo de bebidas alcoólicas,
envolvimento em violência física e fatores associados em adolescentes
escolares do município de Olinda- PE.
3.2 Objetivos específicos
Descrever a população de adolescentes escolares de Olinda com
relação às características demográficas e socioeconômicas.
Estimar a prevalência do consumo de bebidas alcoólicas entre os
adolescentes.
Estimar a prevalência do envolvimento em violência física entre os
adolescentes.
Investigar se existe associação entre consumo de álcool e violência
física e os fatores associados.
33
4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
4.1. Delineamento do estudo
Trata-se de um estudo de corte transversal, de caráter descritivo e
analítico e que utiliza dados secundários provenientes de um projeto maior, que
tem por título “Atenção à saúde do adolescente nos serviços públicos de
Olinda” no qual se avalia diferentes condutas de saúde entre os adolescentes.
4.2 Local do estudo
Olinda é uma cidade localizada no estado de Pernambuco, nordeste
brasileiro. Possui uma área de 41,681 km², com população estimada em
377,779 no ano de 2014. Aproximadamente 16% da população (62.025) é
composta de adolescentes com idade entre 10 e 19 anos. A densidade
demográfica é de 9.063,58 habitantes por quilometro quadrado e possui índice
de desenvolvimento humano municipal (IDHM) de 0,735. (IBGE, 2010).
Figura 1.Olinda - Regiões Político Administrativas. Fonte: Secretaria de Saúde. Núcleo de Geoprocessamento.
O estado de Pernambuco é divido em 18 Gerências Regionais de
Educação (GRE). Olinda está localizada na GRE Recife Norte. Existem 32
escolas públicas estaduais com ensino médio na cidade. O ensino médio pode
ser regular (com aulas apenas em um turno), semi-integral (com aulas em dois
turnos em alguns dias da semana) e integral (com aulas em dois turnos todos
os dias úteis da semana). (SIEPE, 2013).
34
4.3 População de Estudo
A população de estudo foi de estudantes do ensino médio de ambos os
sexos com idades entre 14 e 19 anos. Segundo o Censo 2010, Olinda possui
62.025 adolescentes entre 10 e 19 anos. Aproximadamente 10% desses
adolescentes (6.641) encontravam-se matriculados no Ensino Médio Regular
ou Integral no ano de 2014.
4.4 Amostra
4.4.1 Cálculo Amostral
O software estatístico Epidemiologic Open Source Statistics for Public
Health (OpenEpi 3.02) foi usado para calcular o tamanho da amostra e seguiu
os seguintes parâmetros: 95% de intervalo de confiança, poder (ß) de 80%,
frequência de 50% e odds ratio de 1,5. A quantidade mínima de indivíduos
necessária para atingir os objetivos foi estimada em 816 indivíduos. Um efeito
de delineamento de 1,2 foi adotado para aumentar a precisão (n=979). Para
minimizar perdas durante a coleta de dados a amostra foi aumentada em 10%
chegando a um total de 1057 indivíduos. Para essa amostra, foi calculado o
poder para estudos transversais referente às variáveis de estudo. O poder da
amostra foi de 100%.
4.4.2 Seleção da amostra
Através de uma amostragem probabilística por conglomerado, o
planejamento amostral foi realizado em duas etapas. A primeira etapa utilizou
a escola segundo a modalidade do ensino (médio regular, semi-integral ou
integral) como unidade primária de amostragem. A segunda etapa utilizou a
série (1º, 2º ou 3º) e o turno (manhã ou tarde) como unidades de amostragem
secundárias. Na primeira etapa, 22 escolas foram sorteadas e na segunda
etapa 60 turmas foram sorteadas aleatoriamente. Todos os estudantes do
conglomerado que estavam na faixa etária da pesquisa fizeram parte da
amostra. Após a coleta a amostra final contou com 1.068 estudantes.
35
4.4.3 Critérios de Inclusão
Estudantes adolescentes na faixa etária de 14 a 19 anos 11 meses e 29
dias no dia da pesquisa, de ambos os sexos e regularmente matriculados no
ensino médio das escolas estaduais de Olinda-PE.
4.4.4 Critérios de Exclusão
Foram excluidos os questionários em que os adolescentes não
responderam a questão referente ao sexo e que não responderam ao mínimo
20% das perguntas do questionário.
4.5 Coleta de dados
O instrumento utilizado foi o Youth Risk Behavior Survey (YRBS),
validado para adolescentes brasileiros. O questionário foi desenvolvido pelo
Centers for Disease Control and Prevention (CDC), nos Estados Unidos para
monitorar comportamentos de risco que contribuem para o aumento das causas
de morbi-mortalidade entre jovens americanos. O questionário é auto-
administrado e envolve 87 questões agrupadas em blocos temáticos. Para este
estudo serão utilizadas as questões referentes aos blocos informações
socioeconômicas, consumo de bebidas alcoólicas e violência.
O questionário foi aplicado em sala de aula por duas pesquisadoras
previamente treinadas e sem a presença do professor na sala. Responderam
ao formulário os alunos que estavam presentes em sala de aula que não
trouxeram o termo de consentimento negativo e que assinaram o termo de
assentimento. Os alunos foram informados sobre os objetivos da pesquisa,
sobre o sigilo das informações e que elas seriam usadas apenas para os fins
da pesquisa. O tempo de preenchimento do formulário variou entre 30 e 60
minutos.
Foi realizado um estudo piloto, com 175 participantes, em cinco escolas
da rede pública estadual localizada na Cidade de Olinda – PE. O objetivo foi
verificar o grau de compreensão dos escolares sobre as questões formuladas.
Esta etapa permitiu testar a aplicabilidade dos instrumentos e identificar
aspectos e dificuldades relacionadas à abordagem do avaliador para com os
participantes.
36
4.6 Análise dos dados
Os dados foram tabulados em dupla entrada usando o software Epidata,
versão 3.1. Os dados serão analisados utilizando o Statistical Package for
Social Sciences (SPSS para Windows, versão 21.0) através de distribuição de
frequências e testes associativos. A significância estatística entre os
comportamentos de risco relacionados ao consumo de álcool e a violência
física e as variáveis independentes na análise bivariada serão determinadas
usando o teste Qui-Quadrado de Pearson (p<0,05). Para avaliar a força das
associações nos cruzamentos das variáveis categóricas, foi utilizada regressão
logística binária. Para entrar no modelo de regressão foram consideradas as
variáveis independentes com p<0,20. Do modelo foram obtidos os valores do
OR e respectivos intervalos de confiança e valores da significância. A margem
de erro utilizada nas decisões dos testes estatísticos será de 5% e os intervalos
obtidos com 95,0% de confiança.
4.7 Definição das variáveis
Para analisar os comportamentos relacionados à violência física foram
adotadas como variáveis dependentes o porte de armas, o envolvimento em
briga nos últimos 12 meses e o envolvimento em brigas com necessidade de
tratamento médico, nos últimos 12 meses. Para analisar os comportamentos
relacionados ao consumo de bebidas alcoólicas foram adotadas as variáveis
Idade em que ingeriu a primeira dose de bebida alcoólica, consumo do álcool
nos últimos 30 dias e binge drinking nos últimos 30 dias como variáveis
independentes. A análise foi estratificada por sexo e ajustada para idade e
escolaridade materna
37
4.8 Categorização das variáveis
Quadro 1 – Recategorização das variáveis de estudo.
Variável Categoria Coletada Categoria de Análise
Envolvimento em Luta corporal
Durante os últimos 12 meses, quantas vezes você se envolveu em uma luta corporal? (A) Nenhuma vez; (B) 1 vez; (C) 2 ou 3 vezes; (D) 4 ou 5 vezes; (E) 6 ou 7 vezes; (F) 8 ou 9 vezes; (G) 10 ou 11 vezes; (H) 12 ou mais vezes
Não – (A) Nenhuma vez Sim – (B) 1 vez; (C) 2 ou 3 vezes; (D) 4 ou 5 vezes; (E) 6 ou 7 vezes; (F) 8 ou 9 vezes; (G) 10 ou 11 vezes; (H) 12 ou mais vezes
Envolvimento em luta corporal com necessidade de atendimento médico
Durante os últimos 12 meses, quantas vezes você se envolveu em uma luta corporal na qual você se machucou e teve que receber cuidados de médico ou enfermeiro? (A) Nenhuma vez; (B) 1 vez; (C) 2 ou 3 vezes; (D) 4 ou 5 vezes; (E) 6 ou 7 vezes; (F) 8 ou 9 vezes; (G) 10 ou 11 vezes; (H) 12 ou mais vezes
Não – (A) Nenhuma vez Sim – (B) 1 vez; (C) 2 ou 3 vezes; (D) 4 ou 5 vezes; (E) 6 ou 7 vezes; (F) 8 ou 9 vezes; (G) 10 ou 11 vezes; (H) 12 ou mais vezes
Porte de armas
Durante os últimos 30 dias, em quantos dias você carregou uma arma, como faca, revolver ou cassetete? (A) Nenhum dia; (B) 1 dia; (C) 2 ou 3 dias; (D) 4 ou 5 dias; (E) 6 ou mais dias
Não - (A) Nenhum Sim - (B) 1 dia; (C) 2 ou 3 dias; (D) 4 ou 5 dias; (E) 6 ou mais dias
Primeiro contato com bebida alcoólica
Que idade você tinha quando tomou a primeira dose de bebida alcoólica? (A) Eu nunca tomei uma dose de bebida alcoólica (B) 8 anos ou menos; (C) 9 ou 10 anos; (D) 11 ou 12 anos; (E) 13 ou 14 anos; (F) 15 ou 16 anos; (G) 17 anos ou mais
Nunca ingeriu bebida alcoólica: (A) Eu nunca tomei uma dose de bebida alcoólica Até 12 anos de idade: (B) 8 anos ou menos; (C) 9 ou 10 anos; (D) 11 ou 12 anos Mais de 12 anos de idade: (E) 13 ou 14 anos; (F) 15 ou 16 anos; (G) 17 anos ou mais
Consumo atual de álcool
Durante os últimos 30 dias, em quantos dias você tomou pelo menos uma dose de bebida alcoólica? (A) Nenhum dia; (B) 1 ou 2 dias; (C) 3 a 5 dias; (D) 6 a 9 dias; (E) 10 a 19 dias; (F) 20 a 29 dias; (G) Todos os 30 dias
Não - (A) Nenhum dia; Sim - (B) 1 ou 2 dias; (C) 3 a 5 dias; (D) 6 a 9 dias; (E) 10 a 19 dias; (F) 20 a 29 dias; (G) Todos os 30 dias
Binge drinking
Durante os últimos 30 dias, em quantos dias você tomou 5 ou mais doses de bebida alcoólica em uma mesma ocasião? (A) Nenhum dia; (B) 1 dia; (C) 2 dias; (D) 3 a 5 dias; (E) 6 a 9 dias dias; (F) 10 a 19 dias; (G) 20 dias ou mais
Não - (A) Nenhum dia; Sim - (B) 1 dia; (C) 2 dias; (D) 3 a 5 dias; (E) 6 a 9 dias dias; (F) 10 a 19 dias; (G) 20 dias ou mais
38
5. CONSIDERAÇÕES ÉTICAS
O presente projeto de pesquisa representa parte de um projeto maior
intitulado Atenção à saúde do adolescente nos serviços públicos de Olinda,
Pernambuco, o qual foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da Universidade de Pernambuco, CAEE 13800813.7.0000.5207
(Anexo A)
Foi solicitado, previamente, anuência à Gerência Regional de Educação
Metropolitana Norte para realização do trabalho de campo (Anexo B).
Somente foram incluídos no estudo os estudantes que concordaram em
participar assinando o Termo de Assentimento (Apêndice A), e que não
devolveram o Termo de negativa de participação (Apêndice C). Os alunos
maiores de 18 anos assinaram também o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE) (Apêndice B). Aqueles que possuírem idade inferior a 18
anos receberam o termo de negativa de participação, para serem assinado
pelos pais ou responsáveis, onde foram explicados os objetivos da pesquisa,
riscos e benefícios, a questão do anonimato e a possibilidade de desistência
da pesquisa a qualquer momento, caso assim o queira.
39
6. RESULTADOS
6.1 Estudo Piloto
VIOLENCIA FÍSICA E CONSUMO DE ÁLCOOL ENTRE ADOLESCENTES:
UM ESTUDO PILOTO
PHYSICAL VIOLENCE AND ALCOHOL DRINKING AMONG
ADOLESCENTS: A PILOT STUDY
RESUMO
Objetivos: O objetivo deste estudo foi investigar a existência de associação
entre o consumo de bebidas alcoólicas e envolvimento em situações de
violência física entre adolescentes escolares do município de Olinda, PE.
Método: Trata-se de um estudo piloto, do tipo transversal, realizado com
adolescentes matriculados no ensino médio. O questionário Youth Risk
Behavior Survey foi aplicado em sala de aula e foram adotadas questões
referentes aos módulos consumo de bebidas alcoólicas, violência e dados
socioeconômicos. Para análise de associação foi utilizado o teste Qui-quadrado
de Pearson ou o teste de Exato de Fisher quando os parâmetros de utilização
do Qui-quadrado não eram atendidos. Resultados: O envolvimento em luta
corporal esteve associado ao sexo masculino (p=0,001), ao consumo de álcool
nos últimos trinta dias (p=0,019), ao binge drinking (p=0,022) e a maior
escolaridade materna (p=0,037). Conclusões: Houve associação entre o
consumo de bebidas alcoólicas por adolescentes e a violência física. Esses
resultados são um indício da vulnerabilidade a qual a esta população está
exposta e faz um alerta à necessidade de estudos que aprofundem a temática
abordada.
Descritores: Consumo de bebidas alcoólicas; Violência; Adolescente
ABSTRACT
Objectives: The aim of this study was to investigate the existence of
association between alcohol drinking and involvement in physical violence
40
among adolescent students in the city of Olinda, PE. Method: This is a pilot
study, cross-sectional, conducted with adolescents enrolled in high school. The
Youth Risk Behavior Survey questionnaire was applied in the classroom and
questions were taked from the modules of alcohol consumption, violence and
socioeconomic data. Association analysis was performed using the chi-square
test or Fisher's exact test, when the Chi-square parameters were not met.
Results: Involvement in wrestling was associated with male gender (p=0,001),
alcohol consumption in the last thirty days (p=0,019), to binge drinking (p=0,022)
and higher maternal education (p=0,037). Conclusions: There was an
association between the consumption of alcohol by adolescents and physical
violence. These results are an indication of vulnerability to which this population
is exposed and is a warning to the need for studies to further investigate the
issue addressed.
Descritors: Alcohol drinking; Violence; Adolescent
6.1.2 Introdução
A adolescência é um período de transição, compreendido entre a
infância e a vida adulta marcada por alterações biológicas, psicológicas e
sociais.1 Essas alterações caracterizam as situações de vulnerabilidade as
quais esses indivíduos estão expostos2.
A violência interpessoal é considerada um problema de saúde pública.
Ela é definida como o uso de força física ou poder sobre outro indivíduo e pode
resultar em injùria, morte, dano psicológico e problemas de desenvolvimento.3
Uma das formas de manifestação da violência interpessoal é a briga.4 Na
América do Norte e na Europa, a prevalência do envolvimento em brigas entre
adolescentes varia de 37% a 69% para os meninos e de 13 a 32% para as
meninas5. No Brasil esses percentuais podem variar entre 17% e 32% para os
meninos e 8,9% e 13% entre as meninas 6,7. Alguns fatores podem ser
considerados determinantes ao envolvimento desses adolescentes em
situações de violência, como o consumo de bebidas alcoólicas e de outras
drogas 8.
A prevalência do consumo de álcool nos últimos trinta dias entre
adolescentes brasileiros é alta, variando entre 19% e 26%.6 Esse percentual
41
chega a 66,6% quando referido ao consumo de álcool pelo menos uma vez na
vida5–7. Tendo em vista que o álcool é a droga mais consumida pelos
adolescentes e as agressões físicas são a principal causa de mortalidade por
fatores externos em adolescentes brasileiros, o objetivo deste estudo é
investigar a existência de associação entre o consumo de bebidas alcoólicas e
as situações de violência física entre os adolescentes.
6.1.3 Método
Tratou-se de um estudo piloto, do tipo transversal, que faz parte do
projeto maior intitulado "Atenção Integral à saúde dos adolescentes nos
serviços públicos de Olinda". Esse estudo recebeu aprovação do Comitê de
Ética da Universidade de Pernambuco sob o parecer de nº 568.996.
A seleção da amostra foi realizada de forma aleatória, utilizando dois
estágios estratificados: no primeiro estágio, as escolas foram sorteadas e no
segundo, as turmas. Foram selecionadas cinco escolas e doze turmas para
este estudo, visando garantir uma maior heterogeneidade dos dados. O sorteio
das escolas e turmas foi realizado através do programa Randomizer.
Para o cálculo amostral do projeto maior, foram considerados: um
intervalo de confiança de 95%, um poder de 80%, Odds Ratio de 1.5, um efeito
de delineamento de 1.2 e frequência de 50% em decorrência das diversas
variáveis de condutas de risco envolvidas e, acrescido o valor de 10% para as
perdas, resultando numa amostra final de 1.057 adolescentes. Após o sorteio
das escolas e turmas, a amostra do estudo piloto representou 16% da amostra
total do estudo.
A coleta de dados foi realizada em abril de 2014 através da aplicação
coletiva em sala de aula da versão validada do Youth Risk Behavior Survey 9.
Os questionários foram aplicados por pesquisadores previamente treinados e
os participantes foram orientados a responderem por escrito e individualmente,
com a garantia do anonimato das respostas e sigilo das informações. O tempo
de aplicação do questionário foi entre 30 e 60 minutos, e ocorreu sem a
presença do professor.
O consumo de álcool foi analisado a partir das questões referentes à
idade em que consumiu a primeira dose de bebida alcoólica, o consumo de
álcool nos últimos 30 dias e o binge drinking, definido como o ato de ingerir
cinco ou mais doses de bebida alcoólica numa mesma ocasião. Segundo o V
42
Levantamento nacional sobre o consumo de drogas psicotrópicas entre
estudantes do ensino fundamental e médio da rede pública de ensino nas 27
capitais brasileiras 2004, a idade média de início de consumo do álcool está
próxima aos 12 anos, por isso este foi o ponto de corte adotado para essa
variável.10
Já o envolvimento em situações de violência foi analisado a partir das
questões referentes ao porte de arma nos últimos 30 dias, envolvimento em
luta corporal nos últimos 12 meses e envolvimento em luta corporal com injúria
séria (necessidade de atendimento de saúde) nos últimos 12 meses.
Os dados foram tabulados com dupla entrada utilizando o software
Epidata 3.1. Foi realizada análise estatística descritiva e inferencial. Para
análise de associação foi utilizado o teste Qui-quadrado de Pearson ou o teste
de Exato de Fisher quando os parametros de utilização do Qui-quadrado não
eram atendidos. Para ambos os testes foi considerada significância para os
valores de p<0,05. A análise dos dados foi realizada utilizando o programa
Statistical Package for the Social Sciences (SPSS para Windows versão 19.0).
6.1.4 Resultados
Para este estudo piloto, a amostra contou com 175 adolescentes
regularmente matriculados no ensino médio da rede estadual de ensino, no
município de Olinda – PE. A maioria dos adolescentes estava matriculada em
escolas do tipo regular (80,7%), estava na faixa etária de 14 a 17 anos (71,9%),
possuía renda familiar de até dois salários mínimos (59,1%) e era do sexo
feminino (57,0%).
Em relação ao sexo, não se observou diferença estatística entre o
consumo de bebidas alcoólicas apesar dos meninos apresentarem o percentual
de consumo maior do que as meninas. Para o envolvimento em situações de
violência, o sexo masculino esteve associado ao porte de arma (p = 0,02) e ao
envolvimento em luta corporal nos últimos 12 meses (p = 0,001). (Tabela 1)
43
Tabela 1.Consumo de bebidas alcoólicas entre os adolescentes participantes do estudo piloto
estratificadas por sexo. Olinda, 2016.
(n = 175) Total (%) Masculino %) Feminino (%) Valor de p
Consumo de Álcool
Consumo atual de álcool 27,9 31,1 25,5 0,420
Binge drinking 19,9 21,9 18,4 0,565
Idade do 1º consumo 0,312
Antes dos 12 anos 24,5 29,5 29,5
Após os 12 anos 75,5 70,5 79
Situações de Violência
Porte de arma nos últimos
30 dias
5,8 10,9 2,1 0,020
Envolvimento em Luta
corporal
23,3 35,2 14,3 0,001
Envolvimento em luta
corporal com injúria séria
3,5 5,5 4,1 0,701
Teste Qui-quadrado de Pearson
Considerando a análise de consumo de álcool e situações de violência,
observou-se que os adolescentes que consumiram álcool nos últimos 30 dias
ou consumiram em binge drinking apresentaram quase o dobro da prevalência
de envolvimento em luta corporal comparada a dos adolescentes que não
consumiram álcool (Tabela 2).
44
Tabela 2. Fatores relacionados ao consumo de álcool associados com o envolvimento em situações de
violência nos últimos 12 meses. Olinda, 2016.
Variáveis (n = 175)
Porte de arma Envolvimento em
luta corporal
Envolvimento em luta corporal com
injúria séria
% p % p % P
Consumo atual de álcool 8,3 0,468 35,4 0,019 6,2 0,350
Binge drinking 5,9 0,992 38,2 0,022 8,8 0,094
1º Consumo antes dos 12 anos 7,7 0,634 34,6 0,281 3,8 1,000
Teste Qui-quadrado de Pearson e Exato de Fisher
Dos adolescentes cujas mães possuem maior nível de escolaridade,
39,1 % daqueles que consumiram álcool nos últimos 30 dias se envolveram em
luta corporal, o que representa uma associação significativa (p=0,037). Apesar
do percentual semelhante para os que a escolaridade materna foi menor
(34,8%), essa associação não foi encontrada. (Tabela 3).
Tabela 3.Consumo de bebidas alcoólicas e envolvimento em violência física, segundo a escolaridade
materna. Olinda, 2014.
Envolvimento em luta corporal nos últimos 12 meses
n (%) Valor de p
Menor escolaridade materna (até 8 anos de estudo) n=85
Consumo atual (n= 23) 8 34,8 0,257
Binge Drinking (n=13) 6 46,2 0,080
Maior escolaridade materna (mais de 8 anos de estudo)
n= 74
Consumo atual (n=23) 9 39,1 0,037
Binge Drinking (n=18) 7 38,9 0,104
45
6.1.5 Discussão
De um modo geral, o consumo de álcool nos últimos 30 dias e o beber
em binge estão associados ao envolvimento em brigas entre adolescentes.
O consumo de álcool entre adolescentes de Olinda pode ser considerado
elevado (27,9%) e foi maior entre os meninos (31,1%) embora sem significância
estatística (p=0,420). Esses percentuais estão de acordo com os achados da
Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNSE), onde 25,4% dos adolescentes
escolares da cidade do Recife havia consumido bebidas alcoólicas nos últimos
30 dias e os percentuais entre os sexos masculino e feminino foram de 26% e
24,9%, respectivamente5.
O consumo do binge drinking não se mostrou associado ao sexo,
demonstrando que quantidades elevadas de bebida alcoólica são consumidas
tanto por meninas quanto por meninos. No presente estudo um em cada cinco
adolescentes relatou ter consumido álcool em binge, menos da metade do
encontrado por Donath num estudo com adolescentes alemães onde um em
cada dois já haviam bebido em binge11. Já para adolescentes australianos, o
percentual do consumo em binge foi bem mais baixo, em torno de 4,8% 12.
Essa constatação é alarmante, uma vez que o consumo em maior quantidade
pode levar a episódios de embriagues, que aumentam as chances dos
adolescentes se envolverem em situações de risco, como problemas
comportamentais com família, escola e amigos13.
Apesar de no Brasil o álcool ser uma substância proibida a menores de
18 anos, 61,6% dos adolescentes deste estudo já tiveram o primeiro contato
com a bebida alcoólica, sendo que 24,5% consumiram antes dos doze anos de
idade. Esse resultado demonstra que a experiência com o consumo de álcool
está ocorrendo mais cedo do que o observado no I Levantamento Nacional
sobre os Padrões de Consumo de Álcool na População Brasileira que constatou
encontrou uma média de 13,6 anos de idade para o primeiro contato 14. Os
adolescentes estão consumindo álcool precocemente e a faixa etária entre 10
e 13 anos de idade tem se mostrado a mais comum para a primeira experiência
com a bebida15.
Para estimar a ocorrência de violência física entre os pesquisados foram
adotadas duas situações. O porte de arma, que relata uma situação que incita
46
a violência e a agressão física, que representa o ato violento em si. A
prevalência do porte de arma esteve associada ao sexo masculino, onde 10,9%
dos meninos relataram portar arma nos últimos 30 dias. Segundo a PeNSE
(2012), 6,4% dos adolescentes brasileiros estiveram envolvidos em uma
situação violenta onde uma das pessoas portava uma arma de fogo e 7,3%
uma arma branca5. Esses dados ressaltam a vulnerabilidade a que esses
adolescentes estão expostos, uma vez que os homicídios representam um
percentual importante na morbimortalidade deste grupo.
O envolvimento em brigas também foi uma situação associada ao sexo
masculino e corroborada pelos achados do estudo de Coutinho et al (2013)7.
Os meninos possuem, aproximadamente, duas vezes mais chances de se
envolverem em brigas com agressões físicas do que as meninas8.
A associação entre o consumo de bebidas alcoólicas e o envolvimento
em brigas também foi encontrada nos estudos realizados na América do Sul2,7–
9. Consumir álcool pode desencadear o comportamento violento entre
adolescentes, aumentando o risco do envolvimento em situações de violência.2
Adolescentes que consomem álcool tem em média 2 vezes mais chances de
se envolverem em briga do que aqueles que não consomem3,16. Entre os
adolescentes que não consumiram álcool no último mês, 18,5% se envolveram
em brigas. Já entre os que consumiram álcool esse percentual foi
aproximadamente o dobro (35,4%) e essa relação foi significante (p=0,019).
Percentuais semelhantes foram encontrados em estudo com adolescentes da
Malásia, onde 40,8% dos que consumiram álcool se envolveram em briga
enquanto entre os que não beberam o percentual foi de 25,7%3.
Os padrões de consumo de bebidas alcoólicas e do envolvimento em
situações de violência sofrem influência de fatores socioeconômicos. No
presente estudo, a associação entre envolvimento em briga e consumo do
álcool foi significante para os adolescentes cujas mães possuíam mais anos de
estudo. Historicamente, adolescentes meninos, negros e com baixo nível
socioeconômico são os mais vulneráveis aos comportamentos de risco
relacionados à violência3. Entretanto, estudos já mostram uma mudança nesse
padrão, onde o consumo de álcool é elevado em todos os estratos sociais e
apresenta associação significativa com a violência entre jovens e adolescentes
de classe média-alta12, 13.
47
6.1.6 Conclusão
Os resultados deste estudo demostraram a existência de associação
entre consumo de álcool e violência física caracterizando um indício da
vulnerabilidade a qual os adolescentes estão expostos quando adotam
comportamentos de risco. Diante da complexidade dessa associação, é
necessária a realização de estudos epidemiológicos que investiguem o
consumo de álcool relacionado à violência física e os fatores que podem
influenciar essa associação no contexto de saúde e sociedade para a
população adolescente.
6.1.7 Referências
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Prevalência e fatores associados a porte de arma e envolvimento em
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16. Pierobon M, Barak M, Hazrati S, Jacobsen KH. Alcohol consumption and
violence among Argentine adolescents. J Pediatr (Rio J).
2013;89(1):100–7.
50
6.2 Artigo Final
ASSOCIAÇÃO ENTRE O CONSUMO DE ÁLCOOL E A VIOLÊNCIA FÍSICA
ENTRE ADOLESCENTES ESCOLARES
ASSOCIATION BETWEEN ALCOHOL DRINKING AND PHYSICAL
VIOLENCE AMONG SCHOOL ADOLESCENTS
6.2.1 Introdução
A violência representa uma preocupação cotidiana na atual organização
de nossa vida social. Ela têm-se convertido em uma das principais
preocupações de saúde pública não só no Brasil, como também nas Américas
e no mundo todo1.
Entre os adolescentes, a violência representa uma das principais causas
de morbi-mortalidade e é fundamental para a saúde pública, conseguir
informações sobre os padrões e fatores associados às situações de violência2,3.
Sendo a adolescência uma fase de transformações, os indivíduos acabam
sendo expostos a comportamentos de riscos que podem refletir na sua saúde
como tabagismo, alimentação inadequada e experimentação de álcool e outras
drogas4.
As bebidas alcoólicas são as substâncias psicotrópicas mais
consumidas pelos adolescentes. No Brasil, um estudo realizado com
adolescentes escolares apontou que 27,3% consomem bebidas alcoólicas de
forma regular e que 75% já consumiram álcool ao menos uma vez na vida4,5
Considerando que a violência e o consumo de álcool são situações com
impacto na saúde do adolescente, o objetivo deste estudo foi avaliar a
existência de associação entre consumo de bebidas alcoólicas e violência física
e investigar seus fatores associados.
6.2.3 Método
Trata-se de um estudo do tipo epidemiológico transversal que verificou
a associação entre consumo de álcool e violência física entre os adolescentes
51
estudantes do ensino médio da rede pública estadual de Olinda/PE no ano de
2014. A população alvo desse estudo foi composta por adolescentes na faixa
etária de 13 a 19 anos, de ambos os gêneros, matriculados e cursando o ensino
médio da rede pública estadual da Cidade de Olinda/PE.
Para calcular o tamanho da amostra necessária foi utilizado o software
estatístico on-line Open Source Epidemiologic Statistics for Public Health
(OpenEpi 3.02) com os seguintes parâmetros: um intervalo de confiança de
95%, um poder de 80%, uma frequência de 50% em decorrência das diversas
variáveis de condutas de risco à saúde envolvidas e Odds Ratio de 1,5. O
tamanho mínimo da amostra foi estimada em 816 indivíduos. Um efeito de
delineamento de 1.2 foi aplicado para aumentar a precisão (n = 979). E para
minimizar as perdas poteciais durante a coleta de dados, a amostra foi
aumentada em 10%. Assim, o dimensionamento amostral final resultou em um
total de 1.077 adolescentes.
A amostra foi selecionada aleatoriamente, utilizando dois estágios
estratificados com abordagem de amostragem por conglomerado. No primeiro
estágio foi realizado o sorteio de 22 escolas e no segundo estágio houve a
seleção aleatória de 60 turmas. Todos os estudantes regularmente
matriculados nas turmas sorteadas e que estavam presentes na sala de aula
no dia da coleta de dados foram convidados a participar do estudo. O sorteio
das escolas e turmas foi realizado através do programa Randomizer.
Os dados foram analisados utilizando o Statistical Package for Social
Sciences (SPSS para Windows, versão 21.0) através de distribuição de
frequências e testes associativos. A significância estatística entre os
comportamentos de risco relacionados ao consumo de álcool e a violência
física e as demais variáveis independentes na análise bivariada foram
determinadas usando o teste Qui-Quadrado de Pearson (p<0,05). Para avaliar
a força das associações nos cruzamentos das variáveis categóricas, foi
utilizada regressão logística binária. Para entrar no modelo de regressão foram
consideradas as variáveis independentes com p<0,20. Do modelo foram
obtidos os valores do Odds Ratio (OR) e respectivos intervalos de confiança e
valores da significância. A margem de erro utilizada nas decisões dos testes
estatísticos foi de 5% e os intervalos obtidos com 95,0% de confiança.
52
Para analisar os comportamentos relacionados à violência física foi
adotada como variável dependente o porte de armas, o envolvimento em
brigas nos últimos 12 meses e o envolvimento em brigas com necessidade de
tratamento médico nos últimos 12 meses. Para os comportamentos
relacionados ao consumo de bebidas alcoólicas foram adotadas as variáveis
Idade em que ingeriu a primeira dose de bebida alcoólica, consumo do álcool
nos últimos 30 dias e binge drinking nos últimos 30 dias como variáveis
independentes. A análise foi estratificada por sexo e ajustada para idade e
escolaridade materna.
6.2.4 Resultados
A análise descritiva demonstrou que a maioria dos adolescentes
pesquisados (72,7 %) possuíam mais de 15 anos de idade; eram do sexo
feminino (53,4 %) e tinha mães com escolaridade superior a 8 anos de estudo
(52,6%). A prevalência do consumo de álcool nos últimos 30 dias foi de 30,6%
e do hábito de beber em binge foi de 23,9%. Para 17,8% dos adolescentes
pesquisados, o primeiro consumo de bebida alcoólica ocorreu antes dos 13
anos de idade. A prevalência do envolvimento em brigas foi de 23,8%. (Tabela
1) Já o envolvimento em brigas com necessidade de tratamento médico e o
porte de armas foi menor, com 3,3% e 6,2% respectivamente. Dentre as
associações entre consumo de álcool e violência física, a única que não
apresentou associação significativa pelo teste Qui-quadrado foi o consumo
atual e o envolvimento em briga com necessidade de tratamento médico, para
o sexo masculino. A idade e a escolaridade materna dos estudantes envolvidos
na pesquisa não apresentaram associação significativa com nenhuma das
variáveis dependentes, entretanto, essas variáveis foram adotadas como ajuste
na regressão logística binária devido ao seu uso comum como ajuste na
literatura.
Com relação ao porte de arma, independentemente da idade e da
escolaridade materna, adolescentes que consumiram álcool nos últimos 30 dias
e que beberam em binge tiveram mais chances de terem portado armas nos
últimos 30 dias do que aqueles que não beberam. Com relação a idade em
que ingeriu álcool pela primeira vez, as meninas que o fizeram após os 13 anos
de idade tem 5,56 mais chances de portarem armas do que as que nunca
53
beberam. Já entre os meninos, a chance é maior (OR = 4,85) para aqueles que
ingeriram a primeira dose de bebida com menos de 13 anos (Tabela 2).
Tabela 1.Consumo de álcool e situações de violência entre os adolescentes participantes do estudo estratificadas por sexo. Olinda, 2014.
(n = 1057) Total (%) Masculino %)
Feminino (%)
Valor de p
Consumo de Álcool
Consumo atual de
álcool
30,6 30,2 30,9 0,825
Binge drinking 23,9 23,1 24,5 0,598
Idade do 1º consumo 0,448
Antes dos 13 anos 17,8 18,3 17,4
Após os 13 anos 45,3 18,3 17,4
Situações de Violência
Porte de arma nos
últimos 30 dias
6,02 9,7 3,02 <0,001
Envolvimento em Luta
corporal
23,8 31,4 17,2 <0,001
Envolvimento em luta
corporal com injúria
séria
3,3 4,7 2,1 0,022
Teste Qui-quadrado de Pearson
54
Tabela 2. Regressão logística binária das variáveis associadas ao porte de arma nos últimos 30 dias, estratificado por sexo.
VARIÁVEIS
PORTE DE ARMA
Modelo bruto Modelo Ajustado *
FEMININO MASCULINO FEMININO MASCULINO
OR (95% I.C) p OR (95% I.C) p OR (95% I.C) p OR (95% I.C) p
Idade que iniciou o consumo de bebida
Nunca consumiu 1 1 1 1
Mais de 12 anos 6,00 (1,34-26,89) 0,019 2,16 (0,94-4,97) 0,071 5,56 (1,19-26,00) 0,029 1,94 (0,67-5,63) 0,222
Até 12 anos 3,41 (0,56-20,74) 0,183 4,77 (1,97-11,56) 0,001 2,09 (0,28-15,32) 0,469 4,85 (1,60-14,75) 0,005
Consumo atual de álcool
Nenhum dia 1 0,002
1 <0,001
1 0,023
1 0,026
1 ou mais dias 4,72 (1,74-12,78) 3,40 (1,85-6,25) 3,48 (1,19-10,18) 2,38 (1,11-5,11)
Hábito de beber em binge
Nenhum dia 1 0,004
1 <0,001
1 0,022
1 0,005
1 ou mais dias 4,06 (1,57-10,51) 3,94 (2,14-7,27) 3,45 (1,20-9,91) 3,02 (1,39-6,56)
* Modelo Ajustado por idade e escolaridade materna
A Tabela 3 nos traz as variáveis associadas ao envolvimento em brigas.
Meninas que começaram a beber antes dos 12 anos de idade tem quase a
mesma chance (OR = 2,3) de se envolverem em brigas do que meninas que
começaram a beber depois dos 12 anos de idade (OR=2,4), quando
comparadas as que nunca beberam. Para os meninos, a chance de se envolver
em briga é maior para aqueles que começaram a ingerir bebida alcoólica antes
dos 13 anos de idade (OR=3,6).
A chance das meninas que consumiram bebida alcoólica nos últimos 30
dias de se envolverem em brigas foi 3,3 vezes maior do que para as meninas
que não beberam. Essa chance foi um pouco menor para os meninos, sendo
de 2,6. Já as meninas que beberam em binge, apresentaram 4 vezes mais
chances de se envolverem em brigas, enquanto os meninos apresentaram 3
vezes mais em relação aos que não beberam.
55
Tabela 3.Regressão logística binária das variáveis associadas ao envolvimento em briga, estratificado por sexo.
VARIÁVEIS
ENVOLVIMENTO EM BRIGA
REGRESSÃO BRUTA REGRESSÃO AJUSTADA
FEMININO MASCULINO FEMININO MASCULINO
OR (95% I.C) p OR (95% I.C) p OR (95% I.C) p OR (95% I.C) p
Idade que iniciou o consumo de bebida
Nunca consumiu 1 1 1 1
Mais de 12 anos 2,05 (1,22-2,43) 0,007 1,75 (1,11-2,77) 0,016 2,28 (1,24-4,22) 0,008 1,88 (1,07-3,30) 0,027
Até 12 anos 1,98 (1,04-3,77) 0,038 3,39 (1,92-5,79) <0,001 2,37 (1,14-4,95) 0,021 3,57 (1,84-6,91) <0,001
Consumo atual de álcool
Nenhum dia 1 <0,001
1 <0,001
1 <0,001
1 <0,001
1 ou mais dias 3,44 (2,20-5,40) 2,94 (1,96-4,41) 3,32 (1,98-5,56) 2,64 (1,63-4,25)
Hábito de beber em binge
Nenhum dia 1 <0,001
1 <0,001
1 <0,001
1 <0,001
1 ou mais dias 3,67 (2,32-5,80 3,21 (2,08-4,95) 4,05 (2,40-6,81) 3,17 (1,89-5,33)
* Modelo Ajustado por idade e escolaridade materna
Para o envolvimento em briga com necessidade de atendimento médico,
meninas que começaram a beber até os 12 anos de idade possuem
aproximadamente 11 vezes mais chances de se envolverem em brigas e
precisarem de atendimento médico do que as meninas que nunca beberam.
Para os meninos, a associação encontrada no teste Qui-quadrado foi perdida
após o cálculo da regressão.
Em relação ao envolvimento em brigas com necessidade de atendimento
médico, as meninas apresentaram os maiores valores para OR. Meninas que
consumiram álcool nos últimos 30 dias tem aproximadamente 8 vezes mais
chances de se envolverem em brigas em que se faz necessário o atendimento
médico do que aquelas que não consumiram. Para o hábito de beber em binge,
as meninas possuem mais chances de se envolverem em brigas com
necessidade de tratamento médico (OR=10,8) do que os meninos (OR=4,13),
em relação aos adolescentes que não beberam em binge (Tabela 4).
56
Tabela 44. Regressão logística binária das variáveis associadas ao envolvimento em briga com necessidade
de atendimento médico, estratificado por sexo.
VARIÁVEIS
ENVOLVIMENTO EM BRIGA COM NECESSIDADE DE ATENDIMENTO MÉDICO
REGRESSÃO BRUTA REGRESSÃO BRUTA
FEMININO MASCULINO FEMININO MASCULINO
OR (95% I.C) P OR (95% I.C) P OR (95% I.C) P OR (95% I.C) P
Idade que iniciou o consumo de bebida
Nunca consumiu álcool
1 1 1 1
Com mais 12 anos 4,46 (0,52-38,50) 0,174 2,69 (0,87-8,33) 0,086 2,56 (0,26-24,94) 0,420 2,00 (0,52-7,72) 0,314
Até 12 anos 14,09 (1,67-118,66) 0,015 2,46 (0,64-9,38) 0,189 11,18 (1,28-97,66) 0,029 2,99 (0,64-14,05) 0,166
Consumo atual de álcool
Nenhum dia 1 0,013
1 0,01
1 0,009
1 0,118
1 ou mais dias 4,67 (1,39-15,71) 3,18 (1,36-7,43) 8,39 (1,71-41,27) 2,26 (0,81-6,29)
Hábito de beber em binge
Nenhum dia 1 0,003
1 <0,001
1 0,003
1 0,007
1 ou mais dias 6,51 (1,93-21,97) 4,74 (2,02-11,12) 10,78 (2,20-52,89) 4,13 (1,47-11,62)
* Modelo Ajustado por idade e escolaridade materna
6.2.5 Discussão
A prevalência do consumo de álcool entre adolescentes brasileiros se
mostra bastante elevada e associada significativamente à violência física.
Meninos e meninas compartilham perfis semelhantes de fatores de risco para
o consumo de bebidas alcoólicas e envolvimento em situações de violência.
O porte de arma pode ser considerado um indicador da violência visto
que o homicídio é uma das principais causas de mortalidade na população
adolescente3. No geral, a prevalência de porte de armas na população
adolescente pode variar entre 5% e 34% e os meninos apresentam cerca de 3
vezes mais chances de portarem armas do que as meninas. O consumo de
álcool foi considerado um fator de risco para o porte de armas e no presente
estudo, para ambos os sexos, o consumo de álcool esteve associado ao porte
de armas6
O envolvimento em briga está associado aos três padrões de consumo
de álcool adotados por esse estudo, para ambos os sexos e
independentemente da idade e da escolaridade materna. O primeiro padrão é
57
a idade em que o adolescente consumiu a primeira dose de bebida alcoólica.
Segundo o I Levantamento Nacional sobre os padrões de consumo de álcool,
os adolescentes estão iniciando seu consumo de álcool cada vez mais cedo e
de forma regular7. Para as meninas, as chances de se envolverem em brigas
são semelhantes para as duas faixas etárias de início de consumo de álcool.
Já para os meninos os que consumiram álcool pela primeira vez antes dos 12
anos tem mais chances de se envolverem em brigas do que os que começaram
a beber após os 12 anos, o que já pode ser um reflexo desse consumo regular
precoce, uma vez que é um fator de risco atuando no comportamento dos
adolescentes cada vez mais cedo7
Os adolescentes brasileiros que beberam nos últimos 30 dias tinham
mais chances de se envolverem em brigas do que aqueles que não beberam.
Esse resultado também foi encontrado para adolescentes argentinos, norte-
americanos, ingleses, malaios, filipinos e tailandeses 8–13. Isso demonstra um
pouco do dimensionamento global do álcool como fator de risco para a
violência. Para a análise segundo o sexo, no Brasil as chances foram
semelhantes para meninas e meninos, consoante com os adolescentes
argentinos (OR Meninos = 2,32; OR Meninas = 2,35). Já para os adolescentes
filipinos, a chance para os meninos é maior (OR meninos = 2,22; OR meninas
= 1,82) 11,14.
Quando a quantidade de álcool ingerida aumentou, observamos que as
chances de se envolverem em brigas também aumentaram, tanto para as
meninas como para os meninos, como demonstram os resultados encontrados
para a variável relacionada ao binge drinking. Além da consequência
relacionada à violência, o binge drinking é um padrão de consumo que constitui
uma trajetória de alto risco e que pode acabar resultando em problemas
associados ao abuso de álcool, dependência alcoólica e até mesmo levar à
morte15.
Um reflexo das consequências do consumo de álcool pode ser visto nos
serviços de saúde. A faixa etária entre 10 e 19 anos está entre as mais
prevalentes nos atendimentos de emergência por violência notificados no
Sistema de Serviços Sentinelas de Vigilância de Violências e Acidentes (Viva)2.
No presente estudo, as meninas que consumiram álcool tiveram maiores
58
chances de se envolverem em brigas com necessidade de tratamento médico.
Entre os meninos, essa associação foi significativa apenas para o binge
drinking, demonstrando que, para eles, a quantidade de álcool ingerida pode
ser um fator agravante da situação. O estudo de Manickam et al não fez a
análise estratificada por sexo e encontrou que adolescentes que consumiram
álcool tem 23% de chance a mais de se envolverem em brigas com injúrias
mais sérias do que os que não beberam. Já estudos com adolescentes
tailandeses e americanos não encontraram associação entre essas
variáveis8,9,12.
6.2.6 Conclusão
Existe associação entre o consumo de bebidas alcóolicas pelos
adolescentes e o envolvimento em situação de violência, onde o álcool é um
fator de risco importante para os sexos masculino e feminino. A frequência do
consumo de álcool foi maior entre as meninas e a prevalência do envolvimento
em situações de violência foi maior entre os meninos. Independentemente da
idade e da escolaridade materna, as razões de chances foram semelhantes
entre os sexos com exceção à variável relacionada ao envolvimento em brigas
com necessidade de atendimento médico, onde para os meninos só houve
associação com o binge drinking. Estas informações são importantes para o
desenvolvimento e a implementação de políticas públicas que possam abordar
esses comportamentos de risco de forma associada.
A frequência do consumo de álcool por adolescentes é fator de risco
importante para o envolvimento em situação de violência, independentemente
do sexo, da idade e da escolaridade materna, com exceção à variável
relacionada ao envolvimento em brigas com necessidade de atendimento
médico, que para os meninos só houve associação com o binge drinking. Estas
informações são importantes para o desenvolvimento e a implementação de
políticas públicas que possam abordar esses comportamentos de risco de
forma associada.
59
6.2.7 Referências
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VIOLÊNCIA 2015 Adolesc 16 e 17 anos do Bras. 2015;1:72.
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substance abuse outcomes. Journal of Consulting and Clinical
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61
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste estudo comprovou-se a associação entre o consumo de bebidas
alcoólicas e o envolvimento em violência física. Independente da escolaridade
materna e da idade os adolescentes expostos ao álcool possuem um risco
aumentado de se envolverem em condutas violentas.
Embora uma atenção especial seja corretamente direcionada aos
adolescentes do sexo masculino em virtude da alta prevalência no Brasil e no
mundo, o resultado do presente estudo demonstra que as meninas também
estão vulneráveis à violência e a condutas de risco como ingestão de bebida
alcoólica.
Ressalta-se ainda a necessidade de políticas públicas direcionadas à
população adolescente e para isso novas pesquisas são necessárias.
Diferentes delineamentos e variáveis de controle e amostras de escolares
provenientes de escolas públicas e privadas, podem trazer um retrato mais fiel
das condutas de risco envolvendo adolescentes e podem auxiliar no processo
de elaboração dessas políticas.
62
8. REFERÊNCIAS
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67
9. ANEXOS
ANEXO A – PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA COM
SERES HUMANOS
68
ANEXO B – CARTA DE ANUÊNCIA DA GERENCIA REGIONAL DE
EDUCAÇÃO – METROPOLITANA NORTE
69
ANEXO C – QUESTIONÁRIO YOUTH RISK BEHAVIOR SURVEY (YRBS)
BRASIL E PeNSE (módulos saúde bucal e uso dos serviços de saúde)
Youth Risk Behavior Survey (YRBS) BRASIL
Este questionário é sobre os comportamentos para a saúde. Está sendo aplicado para investigar os comportamentos que podem afetar a sua saúde. As informações que você nos apresentar deverão ser utilizadas para formular a educação para a saúde de jovens como você. Não escreva seu nome em qualquer parte deste questionário. As respostas que você nos der deverão ser mantidas em total sigilo. Ninguém deverá saber o que você respondeu. Nenhum nome deverá ser revelado. As respostas das questões deverão ser baseadas no que você realmente faz. As respostas das questões não deverão afetar o seu desempenho na escola. Leia com atenção cada questão. Não deixe questões em branco, sem preenchimento. Quando você terminar de responder todas as questões, entregue o questionário ao aplicador e siga as instruções dele. Não preencha as questões 3 e 4 sobre altura e peso. No final do preenchimento do questionário os pesquisadores irão medir sua altura e verificar seu peso na balança.
Muito obrigado pela sua ajuda.
Assinale um X em apenas um dos itens das questões abaixo
Qual a sua religião?(A)Católica (B)Evangélica (C)Espírita (D)Afro-brasileira
(E)Nenhuma (F)Outra
Qual seu estado conjugal?(A)Solteiro (B)Casado (C)União estável (D)Separado
(E)Viúvo
Possui filhos? (A)Sim (B)Não
Grau de instrução
(escolaridade) dos pais (Assinale UM X no item
correspondente da coluna mãe e
outro X no item da coluna pai)
MÃE PAI
Soma do rendimento familiar
mensal em SM
SM = salário mínimo (Assinale UM X no item correspondente
da coluna SM)
SM
Analfabeto ou Fundamental
incompleto
Até 1 SM (até R$724,00)
Fundamental completo Mais de 1 a 2 SM (entre
R$725,00 – R$1.448,00)
Médio incompleto Mais de 2 a 3 SM (entre
R$1.448,00 – R$2.172,00)
Médio completo ou Superior
incompleto
Mais de 3 a 5 SM (entre
R$2.173,00 – R$3.620,00)
Superior Completo Mais de 5 SM ( mais de
R$3.621,00)
Não sei informar Não sei informar
1 – Qual é a sua idade?
(A) 12 anos ou menos
(B) 13 anos
(C) 14 anos
(D) 15 anos
(E) 16 anos
(F) 17 anos
(G) 18 anos ou mais
2 – Qual é o seu sexo?
(A) Feminino (B) Masculino
3 – Quanto você tem de altura (m)?
_____________
70
4 – Quanto você pesa (peso corporal – kg)?
_________
5 – Em que série/ano você estuda?
(A) 7º ano do ensino fundamental
(B) 8º ano do ensino fundamental
(C) 9º ano/8ª série do ensino fundamental
(D) 1º ano do ensino médio
(E) 2º ano do ensino médio
(F) 3º ano do ensino médio
6 – Como você identifica sua etnia / cor?
(A) Branca
(B) Preta
(C) Parda
(D) Amarela
(E) Indígena
As próximas 4 questões referem-se a segurança pessoal.
7 – Quando você andou de motocicleta nos
últimos 12 meses, com que frequência você
usou capacete?
(A)Eu não andei de motocicleta nos
últimos 12 meses
(B)Nunca usei capacete
(C)Raramente usei capacete
(D)Algumas vezes usei capacete
(E)Na maioria das vezes usei capacete
(F)Sempre usei capacete
8 – Com que frequência você usa cinto de
segurança quando está em um carro dirigido
por outra pessoa?
(A) Nunca (D) A maioria das
vezes
(B) Raramente (E) Sempre
(C) Algumas vezes
9 – Durante os últimos 30 dias, quantas
vezes você andou em um carro ou outro
veículo dirigido por outra pessoa que tinha
ingerido bebida alcoólica?
(A) Nenhuma vez (D) 4 ou 5
vezes
(B) 1 vez (E) 6 ou mais
vezes
(C) 2 ou 3 vezes
10– Durante os últimos 30 dias, quantas
vezes você dirigiu um carro ou outro
veículo quando você tinha ingerido bebida
alcoólica?
(A) Nenhuma vez (D) 4 ou 5
vezes
(B) 1 vez (E) 6 ou mais
vezes
(C) 2 ou 3 vezes
As próximas 11 questões referem-se aos comportamentos relacionados à violência.
11 – Durante os últimos 30 dias, em
quantos dias você carregou uma arma,
como faca, revólver ou cassetete?
(A) Nenhum dia (D) 4 ou 5 dias
(B) 1 dia (E) 6 ou mais dias
(C) 2 ou 3 dias
12 – Durante os últimos 30 dias, em
quantos dias você carregou um revólver?
(A) Nenhum dia (D) 4 ou 5 dias
(B) 1 dia (E) 6 ou mais dias
(C) 2 ou 3 dias
13 – Durante os últimos 30 dias, em
quantos dias você carregou uma arma,
como faca, revólver ou cassetete, na
escola?
(A) Nenhum dia (D) 4 ou 5 dias
(B) 1 dia (E) 6 ou mais dias
(C) 2 ou 3 dias
14 – Durante os últimos 30 dias, em
quantos dias você não foi à escola porque
você não se sentiu seguro na escola ou no
caminho para a escola?
(A) Nenhum dia (D) 4 ou 5 dias
71
(B) 1 dia (E) 6 ou mais dias
(C) 2 ou 3 dias
15 – Durante os últimos 12 meses, quantas
vezes você foi ameaçado ou agredido com
uma arma, como faca, revólver ou cassetete,
na escola?
(A) Nenhuma vez (E) 6 ou 7 vezes
(B) 1 vez (F) 8 ou 9 vezes
(C) 2 ou 3 vezes (G) 10 ou 11
vezes
(D) 4 ou 5 vezes (H) 12 ou mais
vezes
16 – Durante os últimos 12 meses, quantas
vezes você foi roubado ou teve algo de sua
propriedade danificado de propósito, como
carro, motocicleta, bicicleta, patins, skate,
roupas, tênis, livros, relógios, celular, cd,
mp4, etc., na escola?
(A) Nenhuma vez (E) 6 ou 7 vezes
(B) 1 vez (F) 8 ou 9 vezes
(C) 2 ou 3 vezes (G) 10 ou 11
vezes
(D) 4 ou 5 vezes (H) 12 ou mais
vezes
17 – Durante os últimos 12 meses, quantas
vezes você se envolveu em uma luta
corporal?
(A) Nenhuma vez (E) 6 ou 7 vezes
(B) 1 vez (F) 8 ou 9 vezes
(C) 2 ou 3 vezes (G) 10 ou 11
vezes
(D) 4 ou 5 vezes (H) 12 ou mais
vezes
18 – Durante os últimos 12 meses, quantas
vezes você se envolveu em luta corporal na
qual você se machucou e teve que receber
cuidados de médico ou enfermeiro?
(A) Nenhuma vez (D) 4 ou 5 vezes
(B) 1 vez (E) 6 ou mais
vezes
(C) 2 ou 3 vezes
19 – Durante os últimos 12 meses, quantas
vezes você se envolveu em uma luta
corporal, na escola?
(A) Nenhuma vez (E) 6 ou 7 vezes
(B) 1 vez (F) 8 ou 9 vezes
(C) 2 ou 3 vezes (G) 10 ou 11
vezes
(D) 4 ou 5 vezes (H) 12 ou mais
vezes
20 – Durante os últimos 12 meses, seu
namorado ou namorada lhe agrediu
fisicamente com tapas, socos ou pontapés?
(A) Não tenho namorado(a)
(B) Sim
(C) Não
21 – Você tem sido forçado (a) fisicamente
a ter relação sexual quando você não quer?
(A) Sim (B) Não
As próximas 5 questões referem-se aos sentimentos de tristeza e intenção de suicídio
22 – Durante os últimos 12 meses, você
sentiu-se excessivamente triste ou sem
esperanças em quase todos os dias de um
período de 2 ou mais semanas, levando você
a interromper suas atividades normais?
(A) Sim (B) Não
23 – Durante os últimos 12 meses, você em
algum momento pensou seriamente em
cometer suicídio (se matar)?
(A) Sim (B)Não
24– Durante os últimos 12 meses, você já
planejou como cometer um suicídio?
(A) Sim (B) Não
72
25 – Durante os últimos 12 meses, quantas
vezes você efetivamente tentou suicídio?
(A) Nenhuma vez (D) 4 ou 5 vezes
(B) 1 vez (E) 6 ou mais
vezes
(C) 2 ou 3 vezes
26 – Se você tentou suicídio durante os
últimos 12 meses, esta tentativa
resultou em alguma lesão,
envenenamento, ou overdose que teve
que ser tratada por um médico ou
enfermeiro?
(A) Eu não tentei suicídio durante os
últimos 12 meses
(B)Sim
(C)Não
As próximas 11 questões referem-se ao uso de tabaco.
27 – Você já tentou fumar cigarro, até uma
ou duas tragadas?
(A) Sim (B) Não
28 – Que idade você tinha quando fumou
um cigarro inteiro pela primeira vez?
(A) Eu nunca fumei um cigarro inteiro
(B) 8 anos ou menos
(C) 9 ou 10 anos
(D) 11 ou 12 anos
(E) 13 ou 14 anos
(F) 15 ou 16 anos
(G)17 anos ou mais
29 – Durante os últimos 30 dias, em
quantos dias você fumou cigarros?
(A) Nenhum dia (E) 10 a 19
dias
(B) 1 ou 2 dias (F) 20 a 29
dias
(C) 3 a 5 dias (G) Todos os
dias
(D) 6 a 9 dias
30 – Durante os últimos 30 dias, nos dias
em que fumou, quantos cigarros você
fumou por dia?
(A) Eu não fumei cigarros durante os
últimos 30 dias
(B) Menos que 1 cigarro por dia
(C) 1 cigarro por dia
(D) 2 a 5 cigarros por dia
(E) 6 a 10 cigarros por dia
(F) 11 a 20 cigarros por dia
(G) Mais que 20 cigarros por dia
31 – Durante os últimos 30 dias, na maioria
das vezes, de que maneira você obteve os
cigarros que fumou? (Selecione somente
uma resposta).
(A) Eu não fumei cigarros nos últimos 30
dias
(B) Eu comprei em loja de conveniência,
bar, supermercado ou posto de gasolina
(C) Eu comprei em máquinas que vendem
cigarros
(D) Eu dei dinheiro para alguém comprar
para mim
(E) Eu emprestei cigarros de alguém
próximo a mim
(F) Uma pessoa com 18 anos ou mais deu
o cigarro para mim
(G) Eu peguei em casa com alguém da
minha família
73
(H) Eu consegui de outra maneira
32 – Durante os últimos 30 dias, em
quantos dias você fumou cigarros na
escola?
(A) Nenhum dia (E) 10 a 19
dias
(B) 1 ou 2 dias (F) 20 a 29
dias
(C) 3 a 5 dias (G) Todos os
dias
(D) 6 a 9 dias
33 – Você tem fumado cigarros
diariamente, isto é, pelo menos 1 cigarro a
cada dia por 30 dias?
(A) Sim (B) Não
34 – Durante os últimos 12 meses, você
tentou parar de fumar cigarros? (Selecione
apenas uma resposta) (A) Eu não fumei durante os últimos 12
meses
(B) Sim
(C) Não
35 – Durante os últimos 30 dias, em
quantos dias você mastigou fumo, fumou
cachimbo ou fumo de corda?
(A) Nenhum dia (E) 10 a 19
dias
(B) 1 ou 2 dias (F) 20 a 29
dias
(C) 3 a 5 dias (G) Todos os
dias
(D) 6 a 9 dias
36 – Durante os últimos 30 dias, em
quantos dias você mastigou fumo, fumou
cachimbo ou fumo de corda na escola?
(A) Nenhum dia (E) 10 a 19
dias
(B) 1 ou 2 dias (F) 20 a 29
dias
(C) 3 a 5 dias (G) Todos os
dias
(D) 6 a 9 dias
37 – Durante os últimos 30 dias, em
quantos dias você fumou pequenos
cigarros?
(A) Nenhum dia (E) 10 a 19
dias
(B) 1 ou 2 dias (F) 20 a 29
dias
(C) 3 a 5 dias (G) Todos os
dias
(D) 6 a 9 dias
As próximas 6 questões referem-se ao consumo de bebidas alcoólicas. Isto inclui bebidas
como cerveja, vinho, pinga, cachaça, champagne, conhaque, licor, rum, gim, vodka ou
uísque.
Considerar como dose: Cerveja - meia garrafa ou 1 lata. Vinho, champagne - 1 cálice
(90ml). Bebidas destiladas (cachaça, uísque, licor, vodka, etc): 1 dose (30ml).
38 – Durante sua vida, em quantos dias
você bebeu pelo menos uma dose de bebida
alcoólica?
(A) Nenhum dia (E) 20 a 39
dias
(B) 1 ou 2 dias (F) 40 a 99
dias
(C) 3 a 9 dias (G) 100 ou
mais dias
(D) 10 a 19 dias
39 – Que idade você tinha quando tomou a
primeira dose de bebida alcoólica?
(A) Eu nunca tomei uma dose de bebida
alcoólica
(B) 8 anos ou menos
74
(C) 9 ou 10 anos
(D) 11 ou 12 anos
(E) 13 ou 14 anos
(F) 15 ou 16 anos
(G) 17 anos ou mais
40 – Durante os últimos 30 dias, em
quantos dias você tomou pelo menos uma
dose de bebida alcoólica?
(A) Nenhum dia (E) 10 a 19
dias
(B) 1 ou 2 dias (F) 20 a 29
dias
(C) 3 a 5 dias (G) Todos os
30 dias
(D) 6 a 9 dias
41 – Durante os últimos 30 dias, em
quantos dias você tomou 5 ou mais doses
de bebida alcoólica em uma mesma
ocasião?
(A) Nenhum dia (E) 6 a 9 dias
(B) 1 dia (F) 10 a 19
dias
(C) 2 dias (G) 20 dias
ou mais
(D) 3 a 5 dias
42 – Durante os últimos 30 dias, na maioria
das vezes, de que maneira você obteve a
bebida alcoólica que tomou? (Selecionar
apenas uma resposta)
(A) Eu não tomei bebida alcoólica nos
últimos 30 dias
(B) Eu comprei em uma loja de
conveniência, supermercado, ou posto de
gasolina
(C) Eu comprei em um restaurante, bar ou
clube
(D) Eu comprei em um evento público,
como festas, shows ou evento esportivo
(E) Eu dei dinheiro para alguém comprar
para mim
(F) Alguém me deu
(G) Eu peguei em casa com alguém da
minha família
(H) Eu consegui de outra maneira
43 – Durante os últimos 30 dias, em
quantos dias você tomou pelo menos uma
dose de bebida alcoólica na escola?
(A) Nenhum dia (E) 10 a 19
dias
(B) 1 ou 2 dias (F) 20 a 29
dias
(C) 3 a 5 dias (G) Todos os
30 dias
(D) 6 a 9 dias
As próximas 4 questões referem-se ao uso de maconha.
44 – Durante sua vida, quantas vezes você
usou maconha?
(A) Nenhum dia (E) 20 a 39
dias
(B) 1 ou 2 dias (F) 40 a 99
dias
(C) 3 a 9 dias (G) 100 ou
mais dias
(D) 10 a 19 dias
45 – Que idade você tinha quando usou
maconha pela primeira vez?
(A) Eu nunca fumei maconha
(B) 8 anos ou menos
(C) 9 ou 10 anos
(D) 11 ou 12 anos
(E) 13 ou 14 anos
(F) 15 ou 16 anos
(G) 17 anos ou mais
46 – Durante os últimos 30 dias, quantas
vezes você usou maconha?
(A) Nenhuma vez (D) 10 a 19
vezes
(B) 1 ou 2 vezes (E) 20 a 39
vezes
(C) 3 a 9 vezes (F) 40 vezes
ou mais
47 – Durante os últimos 30 dias, quantas
vezes você usou maconha na escola?
1
(A) Nenhuma vez (D) 10 a 19
vezes
(B) 1 ou 2 vezes (E) 20 a 39
vezes
(C) 3 a 9 vezes (F) 40 vezes ou
mais
As próximas 9 questões referem-se ao uso de outras drogas.
48 – Durante sua vida, quantas vezes você
usou qualquer forma de cocaína, incluindo
pó, pedra ou pasta?
(A) Nenhuma vez (D) 10 a 19
vezes
(B) 1 ou 2 vezes (E) 20 a 39
vezes
(C) 3 a 9 vezes (F) 40 vezes ou
mais
49 – Durante os últimos 30 dias, quantas
vezes você usou qualquer forma de cocaína,
incluindo pó, pedra ou pasta?
(A) Nenhuma vez (D) 10 a 19
vezes
(B) 1 ou 2 vezes (E) 20 a 39
vezes
(C) 3 a 9 vezes (F) 40 vezes ou
mais
50 – Durante sua vida, em quantas vezes
você cheirou cola, respirou conteúdos de
spray aerossol (lança perfume), ou inalou
tinta ou spray que deixa “ligado”?
(A) Nenhuma vez (D) 10 a 19
vezes
(B) 1 ou 2 vezes (E) 20 a 39
vezes
(C) 3 a 9 vezes (F) 40 vezes ou
mais
51 – Durante sua vida, quantas vezes você
usou heroína?
(A) Nenhuma vez (D) 10 a 19
vezes
(B) 1 ou 2 vezes (E) 20 a 39
vezes
(C) 3 a 9 vezes (F) 40 vezes ou
mais
52 – Durante sua vida, quantas vezes você
usou crack?
(A) Nenhuma vez (D) 10 a 19
vezes
(B) 1 ou 2 vezes (E) 20 a 39
vezes
(C) 3 a 9 vezes (F) 40 vezes ou
mais
53 – Durante sua vida, quantas vezes você
usou êxtase (também chamada de “droga do
amor”)?
(A) Nenhuma vez (D) 10 a 19
vezes
(B) 1 ou 2 vezes (E) 20 a 39
vezes
(C) 3 a 9 vezes (F) 40 vezes ou
mais
54 – Durante sua vida, quantas vezes você
tomou anabolizantes (“bomba”) sem
prescrição médica?
(A) Nenhuma vez (D) 10 a 19
vezes
(B) 1 ou 2 vezes (E) 20 a 39
vezes
(C) 3 a 9 vezes (F) 40 vezes ou
mais
55 – Durante sua vida, quantas vezes você
usou uma agulha para injetar qualquer
droga ilegal em seu corpo?
(A) Nenhuma vez (C) 2 ou mais
vezes
(B) 1 vez
56 – Durante os últimos 12 meses, alguém
ofereceu, vendeu ou deu de graça alguma
droga ilegal para você na escola?
(A) Sim (B) Não
2
As próximas 8 questões referem-se ao comportamento sexual.
57 – Você já teve relacionamento sexual?
(A) Sim (B) Não
58 – Durante sua vida, qual foi o sexo do
parceiro que você teve alguma relação
sexual?
(A) Não tive relação sexual
(B) Homem
(C) Mulher
(D) Homem e mulher
59 – Que idade você tinha quando teve uma
relação sexual pela primeira vez?
(A) Eu nunca tive uma relação sexual
(B) 11 anos ou menos
(C) 12 anos
(D) 13 anos
(E) 14 anos
(F) 15 anos
(G) 16 anos
(H) 17 anos ou mais
60 – Durante sua vida, com quantas
pessoas diferentes você teve alguma relação
sexual?
(A) Eu nunca tive relação sexual
(B) 1 pessoa
(C) 2 pessoas
(D) 3 pessoas
(E) 4 pessoas
(F) 5 pessoas
(G) 6 ou mais pessoas
61 – Durante os últimos 3 meses, com
quantas pessoas diferentes você teve
relação sexual?
(A) Eu nunca tive relação sexual
(B) Eu já tive relação sexual, mas não
durante os últimos 3 meses
(C) 1 pessoa
(D) 2 pessoas
(E) 3 pessoas
(F) 4 pessoas
(G) 5 pessoas
(H) 6 ou mais pessoas
62 – Você tomou algum tipo de bebida
alcoólica ou usou droga antes de ter relação
sexual na última vez?
(A) Eu nunca tive relação sexual
(B) Sim
(C) Não
63 – Na última vez que você teve relação
sexual, você ou seu parceiro usou
preservativo (camisinha)?
(A) Eu nunca tive relação sexual
(B) Sim
(C) Não
64 – Na última vez que você teve relação
sexual, qual método você ou seu
parceiro/parceira usou para evitar gravidez?
(Selecione somente uma resposta). (A) Eu nunca tive relação sexual
(B) Nenhum método foi usado para evitar
gravidez
(C) Pílula anticoncepcional
(D) Preservativo (camisinha)
(E) Anticoncepcional injetável
(F) Coito interrompido (“tira na hora H”)
(G) Algum outro método
(H) Anticoncepcional e preservativo
(camisinha)
As próximas 7 questões referem-se ao seu peso corporal.
65 – Como você descreve o seu peso
corporal?
(A) Muito abaixo do que eu espero
(B) Um pouco abaixo do que eu espero
(C) No peso que eu espero
(D) Um pouco acima do que eu espero
(E) Muito acima do que eu espero
66 – Você já tentou alguma iniciativa para
mudar o seu peso corporal? (Selecione
somente uma resposta). (A) Perder peso corporal
(B) Ganhar peso corporal
(C) Manter peso corporal
(D) Eu não tomei iniciativa para mudar o
meu peso corporal
3
67 – Durante os últimos 30 dias, você fez
algum tipo de exercício físico para perder
peso corporal ou para não aumentar o seu
peso corporal?
(A)Sim (B)Não
68 – Durante os últimos 30 dias, você
comeu menos, cortou calorias ou evitou
alimentos gordurosos para perder peso
corporal ou para não aumentar o seu peso
corporal?
(A) Sim (B) Não
69 – Durante os últimos 30 dias, você ficou
sem comer por 24 horas ou mais para
perder peso corporal ou para não
aumentar o seu peso corporal?
(A) Sim (B) Não
70 – Durante os últimos 30 dias, você
tomou algum remédio, pó ou líquido, sem
indicação médica para perder peso
corporal ou para não aumentar o seu peso
corporal?
(A) Sim (B) Não
71 – Durante os últimos 30 dias, você
vomitou ou tomou laxantes para perder
peso corporal ou para não aumentar o seu
peso corporal?
(A) Sim (B) Não
As próximas 5 questões referem-se a atividade física.
72 – Durante os últimos 7 dias, em quantos
dias você foi ativo fisicamente por pelo
menos 60 minutos por dia? (Considere o
tempo que você gastou em qualquer tipo de
atividade física que aumentou sua
frequência cardíaca e fez com que sua
respiração ficasse mais rápida por algum
tempo).
(A) Nenhum dia (E) 4 dias
(B) 1 dia (F) 5 dias
(C) 2 dias (G) 6 dias
(D) 3 dias (H) 7 dias
73 – Em um dia que você vai para a escola,
quantas horas você assiste TV?
(A) Eu não assisto TV nos dias em que vou
para escola
(B) Menos que 1 hora por dia
(C) 1 hora por dia
(D) 2 horas por dia
(E) 3 horas por dia
(F) 4 horas por dia
(G) 5 ou mais horas por dia
74 – Em um dia que você vai para a escola,
quantas horas você joga videogame ou usa
o computador, tablet, smartphone para
alguma atividade que não seja trabalho
escolar? (incluir atividades como
PlayStation, games no computador e
Internet).
(A) Eu não jogo videogame ou uso o
computador que não seja para os trabalhos
escolares.
(B) Menos que 1 hora por dia
(C) 1 hora por dia
(D) 2 horas por dia
(E) 3 horas por dia
(F) 4 horas por dia
(G) 5 ou mais horas por dia
75 – Em uma semana que você vai à escola,
em quantos dias você tem aula de educação
física?
(A) Nenhum dia (D) 3 dias
(B) 1 dia (E) 4 dias
(C) 2 dias (F) 5 dias
76 – Durante os últimos 12 meses, em
quantas equipes de esporte você jogou?
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(incluir equipes da escola, do clube ou do
bairro).
(A) Nenhuma equipe (C) 2 equipes
(B) 1equipe (D) 3 ou mais
equipes
As próximas 10 questões referem-se a outros tópicos relacionados à saúde.
77 – Você tem recebido informações sobre
AIDS ou HIV na escola?
(A) Sim (C) Não sei
(B) Não
78 – Você tem recebido informações sobre
doenças sexualmente transmissíveis (DST)
na escola?
(A) Sim (C) Não sei
(B) Não
79 - Nos últimos 30 dias, quantas vezes por
dia você usualmente escovou os dentes?
(A) Não escovei meus dentes nos últimos 30
dias
(B) Uma vez por dia
(C) Duas vezes por dia
(D) Três vezes por dia
(E) Quatro ou mais vezes por dia
(F) Não escovei meus dentes diariamente
80 - Nos últimos 6 meses, você teve dor de
dente? (excluir dor de dente causada por
uso de aparelho)
(A) Sim
(B) Não
(C) Não sei / não me lembro
81 - Nos últimos 12 meses quantas vezes
você foi ao dentista?
(A) Nenhuma vez
(B) 1 vez
(C) 2 vezes
(D) 3 ou mais vezes
82 - Nos últimos 12 meses você procurou
algum serviço ou profissional de saúde para
atendimento relacionado à própria saúde?
(A) Sim
(B) Não
83 - Nos últimos 12 meses, quantas vezes
você procurou por algum Posto de Saúde
(Unidade Básica de Saúde)?
(A) Nenhuma vez (D) 6 a 9 vezes
(B) 1 ou 2 vezes (E) 10 ou mais
vezes
(C) 3 a 5 vezes
84- Você foi atendido, na última vez que
procurou algum Posto de Saúde (Unidade
Básica de Saúde), nos últimos 12 meses?
(A) Sim
(B) Não
(C) Eu não fui ao Posto de Saúde nos
últimos 12 mese
85 - Nos últimos 12 meses, qual serviço de
saúde você procurou mais
frequentemente?(Selecione somente uma
resposta). (A) Posto de Saúde (Unidade Básica de
Saúde)
(B) Consultório médico particular
(C) Consultório odontológico
(D) Consultório de outro profissional de
saúde (fonoaudiólogo, psicólogo, etc.)
(E) Serviço de especialidades médicas ou
Policlínica
(F) Pronto-socorro ou emergência
(G) Hospital
(H) Laboratório ou clínica para exames
complementares
(I) Serviço de atendimento domiciliar
(J) Farmácia
(K) Outro
ESTE É O FIM DO QUESTIONÁRIO,
MUITO OBRIGADO POR SUA
AJUDA
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