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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PERNAMBUCO MESTRADO EM HEBIATRIA AMANDA PACHECO DE CARVALHO ASSOCIAÇÃO ENTRE CONSUMO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS E VIOLÊNCIA FÍSICA ENTRE ADOLESCENTES CAMARAGIBE 2016

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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO

FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PERNAMBUCO

MESTRADO EM HEBIATRIA

AMANDA PACHECO DE CARVALHO

ASSOCIAÇÃO ENTRE CONSUMO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS E

VIOLÊNCIA FÍSICA ENTRE ADOLESCENTES

CAMARAGIBE 2016

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AMANDA PACHECO DE CARVALHO

ASSOCIAÇÃO ENTRE CONSUMO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS E

VIOLÊNCIA FÍSICA ENTRE ADOLESCENTES

Orientadora: Profa Dra Valdenice Aparecida de Menezes

Co-Orientadora: Carolina da Franca Bandeira Ferreira Santos

Dissertação apresentada ao programa de

mestrado em Hebiatria da Universidade de

Pernambuco como requisito parcial para

obtenção do título de mestre em Hebiatria.

Linha de pesquisa: comportamentos

relacionados à saúde na adolescência.

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Aos meus queridos avós Pacheco e Helena, que estiveram presentes em

todas as minhas conquistas e hoje acompanham mais esta do céu.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus, presente em todas as horas e a força maior

que me faz seguir sempre em frente.

Ás joias da minha vida, meus pais Marcelo e Lúcia e meus irmãos Thiago,

Marcelle e Isla. Sem vocês, nada disso seria possível. Obrigada por estarem

sempre ao meu lado me incentivando e cuidando de mim em todos os

momentos.

Ao meu amor e amigo Gabriel, a face da paciência nesses últimos anos.

Obrigada por todo apoio e por não ter me deixado desistir.

A minha orientadora Professora Valdenice Menezes, cuja sabedoria foi

inspiradora e sua dedicação e paciência foram inestimáveis para a

concretização deste trabalho. Foi um prazer ser sua orientanda.

A minha coorientadora Professora Carolina da Franca, que dedicou horas do

seu tempo do seu conhecimento sempre visando o sucesso de todo o Grupo

de Condutas, meu muito obrigada.

A Professora Paula Valença, a dona do maior coração que já tive o prazer de

conhecer. Seus conselhos e ensinamentos levarei para a vida, porque além de

mestre você se mostrou uma valorosa amiga.

Aos meus colegas de turma que cresceram comigo durante essa caminhada e

que se tornaram bons amigos, em especial ao grupo condutas do bem pelas

horas de trabalho e aprendizado compartilhados demonstrando que juntos

somos mais fortes.

A amiga Fernanda Soares que não hesitou em ajudar quando precisei e

compartilhou seus conhecimentos de forma tão gentil.

Às flores que alegram minha vida diariamente, Lorraine, Aline, Cecylia e

Aninha. Vocês são a definição de amizade sincera e com vocês sei que

qualquer jornada se torna mais fácil.

Aos amigos que fiz no Grupo de Gestão e Avaliação em Saúde – IMIP que me

fizeram crescer como profissional e sempre torceram muito pelo meu sucesso.

A todos que, de alguma forma, fizeram esse sonho possível,

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DISSERTAÇÃO DE (MESTRADO) 2016 Universidade de Pernambuco,

Camaragibe, PE, 2016. CARVALHO, A.P.

RESUMO

Introdução: O consumo de bebidas alcoólicas é um comportamento comum

na adolescência e pode representar um comportamento preditor de outra

conduta com repercussão importante na saúde desses indivídiuos, como a

violência física. Objetivo: determinar a prevalência da violência física entre

adolescentes e sua associação , com condutas relacionadas ao consumo de

bebidas alcoólicas e fatores associados. Métodos: Trata-se de um estudo

transversal de base escolar. A amostra foi composta por estudantes de ambos

os sexos com idades entre 13 e 19 anos, matriculados em escolas públicas

estaduais de Olinda, Pernambuco. Para o cálculo amostral considerou-se os

seguintes parâmetros: nível de confiança de 95%, um poder (β) de 80%,

frequência para os desfechos de 50%, razões de chance de 1.5, efeito de

delineamento de 1.2 resultando em uma amostra de 979 indivíduos ao qual se

acrescentou 10% para minimizar possíveis perdas, por fim a amostra contou

com 1057 adolescentes. Optou-se por uma amostragem probabilística por

conglomerados em duas etapas, sendo a primeira o sorteio das escolas e na

segunda, os das turmas. Os dados foram coletados por meio do Youth Risk

Behavior Survey, validado para o Brasil. Foram investigados dados referentes

ao consumo de álcool como: idade do primeiro consumo, consumo atual e

binge drinking e condutas para violência física como: porte de arma,

envolvimento em brigas e envolvimento em brigas com necessidade de

tratamento médico. Foi realizada a análise descritiva dos dados, através da

distribuição de frequências. Para a análise inferencial utilizou-se o teste do Qui-

quadrado e análise de regressão logística para estimar razões de chances

(odds) admitindo-se níveis de significância de 5% e intervalos de confiança (IC)

de 95%. As variáveis que apresentaram valores de p < 0,20 na análise

bivariada, ou plausibilidade na literatura, foram incluídas na análise

multivariada. Foi utilizado o programa estatístico Statiscal Package for the

Social Science (SPSS), versão 21. Resultados: Do total de adolescentes

investigados, 30,6 % consumiram álcool nos últimos 30 dias e 23,8% se

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envolveram em brigas. A violência esteve associada ao consumo de álcool

tanto para meninas como para meninos. Conclusões: adolescentes que

consomem álcool apresentam maior chance de se envolverem em situações

de violência do que aqueles que não consomem.

Descritores: Adolescentes, consumo de bebidas alcoólicas e violência.

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ABSTRACT

Introduction: The alcohol drinking is a common behavior in adolescence and

may represent a behavior predictor of other conduct with significant impact on

the health of these indivídiuos as physical violence. Objective: To determine

the prevalence of physical violence among adolescents and its association with

behaviors related to alcohol consumption and associated factors. Methods:

This is a cross-sectional study of school-based. The sample consisted of

students of both sexes aged between 13 and 19 years enrolled in public schools

in Olinda, Pernambuco. For the sample calculation considered the following

parameters: 95% confidence level, a power (β) of 80%, often to the outcomes

of 50%, 1.5 odds ratio, 1.2 design effect resulting in a sample 979 individuals to

which was added 10% to minimize possible losses, finally the sample included

1057 adolescents. We chose a random cluster sampling in two stages, the first

being the draw for the schools and in the second, those of classes. Data were

collected through the Youth Risk Behavior Survey, validated for Brazil. We

investigated data on the consumption of alcohol as age of first use, current

consumption and binge drinking and behaviors to physical violence as weapon

possession, involvement in fights and involvement in fights in need of medical

treatment. Descriptive analysis was performed through the distribution of

frequencies. For the inferential analysis used the chi-square test and logistic

regression analysis to estimate odds ratios (odds) assuming a significance level

of 5% and confidence intervals (CI) of 95%. The variables with p values <0.20

in the bivariate analysis or plausibility in the literature, were included in the

multivariate analysis. We used the statistical program Statiscal Package for

Social Sciences (SPSS), version 21. Results: Of the teenagers surveyed,

30.6% consumed alcohol in the last 30 days and 23.8% were involved in fights.

Violence was associated with alcohol consumption both for girls and for boys.

Conclusions: Teens who use alcohol have a greater chance of being involved

in situations of violence than those who do not consume.

Keywords: Adolescent; alcohol drinking; violence

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LISTA DE FIGURAS

Procedimentos metodológicos

Figura 1.Olinda - Regiões Político Administrativas. Fonte: Secretaria de Saúde. Núcleo de Geoprocessamento. .......................................................... 33

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LISTA DE QUADROS

Procedimentos metodológicos

Quadro 1 – Recategorização das variáveis de estudo..................................36

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LISTA DE TABELAS

Artigo I: Consumo de álcool e violência física entre adolescentes: quem é o

preditor?

Tabela 1. Descrição dos estudos transversais que abordam o adolescente

como vítima de violência física, 2015. ............................................................ 19

Tabela 2.Descrição dos estudos transversais que abordam o adolescente como

perpetrador da violência física, 2015. ............................................................. 20

Tabela 3.Estudos Longitudinais que abordam a associação entre consumo de

álcool e violência física entre adolescentes, 2015. ......................................... 21

Artigo II: Violencia física e consumo de álcool entre adolescentes: um estudo

piloto

Tabela 1.Consumo de bebidas alcoólicas entre os adolescentes participantes

do estudo piloto estratificadas por sexo. Olinda, 2016. .................................. 43

Tabela 2. Fatores relacionados ao consumo de álcool associados com o

envolvimento em situações de violência nos últimos 12 meses. Olinda, 2016.

....................................................................................................................... 44

Tabela 3.Consumo de bebidas alcoólicas e envolvimento em violência física,

segundo a escolaridade materna. Olinda, 2014. ............................................ 44

Artigo III: Associação entre o consumo de álcool e a violência física entre

adolescentes escolares.

Tabela 1.Consumo de álcool e situações de violência entre os adolescentes

participantes do estudo estratificadas por sexo. Olinda, 2014. ...................... 53

Tabela 2. Regressão logística binária das variáveis associadas ao porte de

arma nos últimos 30 dias, estratificado por sexo. ........................................... 54

Tabela 3.Regressão logística binária das variáveis associadas ao envolvimento

em briga, estratificado por sexo. .................................................................... 55

Tabela 4.Regressão logística binária das variáveis associadas ao envolvimento

em briga com necessidade de atendimento médico, estratificado por sexo. . 56

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Sumário 1.INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 11

2. REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................ 13

2.1 Artigo de revisão de literatura .................................................................................... 13

3.PROPOSIÇÃO ..................................................................................................................... 32

3.1 Objetivo Geral ............................................................................................................... 32

3.2 Objetivos específicos .................................................................................................. 32

4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ...................................................................... 33

4.1. Delineamento do estudo ............................................................................................ 33

4.2 Local do estudo ............................................................................................................ 33

4.3 População de Estudo .................................................................................................. 34

4.4 Amostra ......................................................................................................................... 34

4.4.1 Cálculo Amostral ................................................................................................... 34

4.4.2 Seleção da amostra ............................................................................................. 34

4.4.3 Critérios de Inclusão ............................................................................................ 35

4.4.4 Critérios de Exclusão ........................................................................................... 35

4.5 Coleta de dados ........................................................................................................... 35

4.6 Análise dos dados ....................................................................................................... 36

4.7 Definição das variáveis ............................................................................................... 36

4.8 Categorização das variáveis ...................................................................................... 37

5. CONSIDERAÇÕES ÉTICAS ............................................................................................ 38

6. RESULTADOS ................................................................................................................... 39

6.1 Estudo Piloto ................................................................................................................. 39

6.2 Artigo Final .................................................................................................................... 50

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 61

8. REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 62

9. ANEXOS ............................................................................................................................. 67

ANEXO A – PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA COM SERES

HUMANOS .......................................................................................................................... 67

ANEXO B – CARTA DE ANUÊNCIA DA GERENCIA REGIONAL DE EDUCAÇÃO

– METROPOLITANA NORTE .......................................................................................... 68

ANEXO C – QUESTIONÁRIO YOUTH RISK BEHAVIOR SURVEY (YRBS) BRASIL

E PeNSE (módulos saúde bucal e uso dos serviços de saúde) ............................................... 69

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1.INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, a sociedade brasileira se deparou com o crescente

impacto social da violência, que se tornou um problema de saúde pública

devido a sua magnitude, gravidade e capacidade de vulnerabilizar a saúde

individual e coletiva (MALTA et al., 2010).

A organização Mundial da Saúde (OMS) conceitua violência como o uso

da força física ou do poder real ou em ameaça, contra si próprio, contra outra

pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade, que resulte ou tenha qualquer

possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de

desenvolvimento ou privação (OMS, 2002). No Brasil, desde 2001 foi

implementada a Política Nacional de Redução de Morbimortalidade por

Acidentes e Violências. Nela, o abuso físico ou maus-tratos físicos são

definidos como o uso da força física capaz de produzir uma injúria, ferida, dor

ou incapacidade (BRASIL, 2001). Essa definição, deixa clara a necessidade da

força capaz de infligir dano e evidencia que esse dano é perpetrado por

diferentes agentes, em diversos contextos e espaços sociais.

A violência é a principal causa de morbimortalidade entre adolescentes

e jovens no Brasil. Segundo o Mapa da Violência 2013: Homicídios e Juventude

no Brasil, entre 1980 e 2011, as mortes não naturais e violentas de jovens –

como acidentes, homicídio ou suicídio – cresceram 207,9%. No estado de

Pernambuco 67,5 % das mortes de adolescentes e jovens ocorridas neste

período foram por causas violentas (WAISELFISZ, 2014). Esses números são

alarmantes e contraditórios, uma vez que no Brasil está em vigor desde 1990 o

Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que assegura que nenhuma

criança ou adolescente deve ser objeto de discriminação, negligência,

exploração, violência, crueldade ou agressão dentro ou fora da família

(BRASIL, 1990).

Mesmo protegidos pela lei, os jovens e adolescentes ainda são

indivíduos vulneráveis. Além da violência física outros fatores de risco são

inerentes a essa população, como a exposição e contato com drogas,

incidência de suicídio, além da temática da prevenção de DST/ AIDS (BRASIL,

2006). No ano de 2005, com a realização do II Levantamento Domiciliar no

Brasil, foi constatado que o uso, pelo menos uma vez na vida, de álcool por

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jovens de 12-17 anos e de 18-24 anos foi de, respectivamente, 54,3% e 78,6%

(CARLINI, 2005). Essas altas prevalências representam, um risco em potencial

na vida desses indivíduos. Segundo a OMS, 320 mil pessoas entre 15 e 29

anos de idade morrem ao redor do mundo anualmente de causas relacionadas

ao consumo do álcool. No Brasil, o álcool esteve associado a 63% e 60% dos

índices de cirrose hepática e a 18% e 5% dos acidentes de trânsito entre

homens e mulheres em 2012, respectivamente. Além das consequências na

morbimortalidade da população, o consumo de álcool também traz

consequências sociais direta e indiretamente, potencializando os custos em

hospitais e outros dispositivos do sistema de saúde, sistema judiciário,

previdenciário, perda de produtividade do trabalho, absenteísmo, desemprego,

entre outros. Ainda, em todo o mundo, nota-se que as faixas etárias mais jovens

(20-49 anos) são as principais afetadas em relação a mortes associadas ao uso

do álcool, traduzindo como uma maior perda de pessoas economicamente

ativas (OMS, 2014).

Tendo em vista o impacto que o consumo de bebida alcoólica e a

violência têm individualmente na saúde dos adolescentes, o objetivo desse

estudo é conhecer como esses dois comportamentos se relacionam e analisar

a influência do consumo de álcool sobre o envolvimento em situações de

violência.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Artigo de revisão de literatura

CONSUMO DE ÁLCOOL E VIOLÊNCIA FÍSICA ENTRE ADOLESCENTES:

QUEM É O PREDITOR?1

ALCOHOL DRINKING AND PHYSICAL VIOLENCE AMONG

ADOLESCENTS: WHAT IS THE PREDICTOR?

Amanda Pacheco de Carvalho¹

Thaís Carine da Silva²

Paula Andrea de Melo Valença3

Carolina da Franca Bandeira Ferreira Santos 4

Viviane Colares 5

Valdenice Aparecida de Menezes 6

¹ Cirurgiã-dentista. Mestranda em Hebiatria pela Faculdade de Odontologia da Universidade de Pernambuco (FOP/UPE). Camaragibe, PE, Brasil e-mail: [email protected] ²Cirurgiã-dentista. Mestranda em Hebiatria pela Faculdade de Odontologia da Universidade de Pernambuco (FOP/UPE). Camaragibe, PE, Brasil e-mail: [email protected]

3 Cirurgiã-dentista, Doutora em Saúde da Criança e do Adolescente, Bolsista PNPD do Programa de Hebiatria da Faculdade de Odontologia da Universidade de Pernambuco (FOP/UPE). Camaragibe, PE, Brasil e-mail: [email protected]

4Cirurgiã-dentista, Doutora em Odontopediatria, Coordenadora do Programa de Hebiatria da Faculdade de Odontologia da Universidade de Pernambuco (FOP/UPE). Camaragibe, PE, Brasil e-mail: [email protected]

5Cirurgiã-dentista. Doutora em Odontopediatria, Professora Adjunta do Programa de Hebiatria da Faculdade de Odontologia da Universidade de Pernambuco (FOP/UPE). Camaragibe, PE, Brasil e-mail: [email protected]

1 Artigo aceito para publicação na revista Ciência e Saúde Coletiva

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6Cirurgiã-dentista, Doutora em Odontopediatria, Vice - coordenadora do Programa de Hebiatria da Faculdade de Odontologia da Universidade de Pernambuco (FOP/UPE). Camaragibe, PE, Brasil e-mail: [email protected]

2.1.1 Resumo

O objetivo desta revisão integrativa foi investigar na literatura a associação

entre consumo de bebidas alcoólicas e violência física, com ênfase em

identificar o preditor entre eles. Foram realizadas buscas nas bases de dados

LILACS, MEDLINE e SCIELO, adotando como descritores “violence”, “alcohool

drinking” e “adolescent”. Foram incluídos artigos publicados entre 2005 e 2014

e que analisassem a associação entre o consumo de álcool e a violência física

usando análise multivariada. Do total de 1667 artigos, 29 se enquadravam nos

critérios de inclusão. O consumo de álcool foi a variável mais investigada como

preditora do envolvimento em violência física quando o adolescente é o

perpetrador ou a vítima da violência, com associação significativa em 19

estudos. No entanto, quando a vitimização foi investigada como preditora (7

estudos), na maioria destes (6) houve associação significativa com a ingestão

de bebidas alcoólicas. O consumo de bebida alcoólica se mostrou preditor da

violência física tanto para o adolescente perpetrador quanto para o adolescente

vítima da violência. Entretanto, ter sido vítima de violência na infância e na

adolescência também pode levar o adolescente ao consumo do álcool.

Descritores: Violência; Consumo de bebidas alcoólicas; Adolescente

2.1.2 Introdução

O álcool é a droga mais consumida entre os adolescentes e representa um

grave problema de saúde pública mundial1,2. Estudos demonstram que a

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prevalência do consumo de álcool entre essa população pode variar entre 15%

e 51% nas Américas 2 e entre 2,6% e 15,6% na Ásia3. No Brasil, apesar de

proibida a venda de bebidas alcoólicas para menores de 18 anos o consumo

de álcool pelos jovens é uma prática comum e que se inicia cada vez mais

cedo4.

O uso de álcool pode causar danos ao organismo quando ingerido por tempo

prolongado. Além das consequências diretas da intoxicação, existem aquelas

a longo prazo que podem interferir na vida do adolescente como no

aprendizado, na perspectiva de emprego, em comportamentos de risco no

trânsito5, situações de violência, como envolvimento em brigas, violência sexual

e doméstica, dentre outras1,6,7.

Estudar a relação entre violência e o consumo de bebidas alcoólicas envolve

uma séries de complexidades pois as interligações são múltiplas e variadas,

todavia estudos apontam que o consumo de álcool é, no mínimo, um importante

fomentador de situações violentas, tanto sob o ponto de vista do agressor como

da vítima8.

Em estudos epidemiológicos, a violência física aparece em posição de

destaque no que se refere à saúde dos adolescentes, com maior prevalência

no sexo masculino1,3,5,9,10, podendo estar relacionada ao ambiente doméstico

ou escolar 11. Existe maior vulnerabilidade do indivíduo a outros fatores de risco

quando a violência doméstica é frequente e quando há vitimização durante a

infância12 .

A associação entre o consumo de bebidas alcoólicas e a violência física é

documentada na literatura2,3,6, entretanto, afim de traçar estratégias de

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prevenção voltadas para esses fatores de risco e para que essas estratégias

sejam mais efetivas, é importante saber como essa relação acontece,

identificando o preditor do problema. Então, seria a vitimização na infância,

preditora do consumo de álcool ou o consumo de álcool favorece o

envolvimento em episódios de violência entre os adolescentes? O objetivo

deste estudo foi investigar na literatura se o consumo do álcool é preditor ou

desfecho da violência física.

2.1.3 Método

Esta revisão integrativa da literatura procurou identificar artigos publicados nos

últimos dez anos (2005 a 2014) na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) do Centro

Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde, também

conhecido pelo seu nome original, BIREME e na US National Library of

Medicine National Institutes of Health (PUBMED). As bases de dados

consultadas nessas bibliotecas foram: LILACS, MEDLINE E SCIELO.

Durante as etapas de seleção foram adotados como critérios de inclusão

estudos com adolescentes entre 10 e 19 anos, que tratassem da associação

entre a violência física e o consumo de álcool através de análise multivariada,

que destacassem os pontos de corte e como as questões foram apresentadas

nos questionários de coleta. Na análise dos dados nos estudos, entendeu-se

como variável preditora, a variável independente ou explicativa.

Os critérios de exclusão foram os estudos de revisão de literatura e que não

disponibilizassem o resumo nas bases de dados pesquisadas. A seleção dos

artigos foi realizada em seis etapas: cruzamento dos descritores (1.667 artigos);

aplicação dos filtros (968 artigos); leitura dos títulos (401 artigos); leitura dos

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resumos (197 arquivos); exclusão dos repetidos (52) e leitura integral dos

artigos (29). A seleção dos artigos foi conduzida por dois revisores

individualmente e os casos divergentes foram analizados em conjunto

baseando-se nos critérios de inclusão e exclusão até se chegar num consenso.

A busca foi conduzida em inglês utilizando os descritores: “adolescence”,

“adolescent”, “violence” e “alcohol drinking”. Os filtros aplicados diziam respeito

ao ano de publicação (2005 até 2014) e idioma da publicação (inglês, português

e espanhol).

A extração dos dados dos artigos selecionados ocorreu a partir do método

utilizado pelos autores. As variáveis de estudo relacionadas ao consumo de

álcool e envolvimeto em situações de violência foram classificadas como

dependentes ou independentes. A seguir, os valores correspondentes às

razões de prevalência (RP), Odds Ratio (OR), beta (β) e os seus respectivos

intervalos de confiança foram extraídos dos resultados e analisados como

significativos ou não.

2.1.4 Resultados

Dos 29 artigos, 72,4% (n=21) foram estudos transversais e 27,6% (n=8) são

estudos longitudinais. Nos estudos transversais o consumo de álcool foi o mais

investigado como variável independente (n=19). Quando a violência foi

investigada como variável indepentende, os resultados também encontraram

associação significativa. Já nos estudos longitudinais a violência foi mais

investigada como preditora (variável independente).

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Nos estudos transversais, abordou-se o envolvimento do adolescente em

violência física sob duas perspectivas diferentes: o adolescente como vítima e

como perpetrador da violência física.

Dos estudos transversais que abordaram o adolescente como vítima da

violência física (n=11), quatro não encontraram associação significativa entre o

consumo álcool (variável independente) e a violência física 4,6,13,14. Seis artigos

apontaram o consumo de álcool como preditor da violência física (OR entre

1,31 e 10,25)2,13,15–18 . Em dois estudos, os resultados demonstraram que ser

vítima de violência física na infância leva o indivíduo ao consumo de álcool

quando adolescente (OR entre 1,23 e 3,36 12,13) (Tabela 1).

Dos 16 estudos que abordaram o adolescente como perpetrador da violência

física, todos adotaram a violência como variável dependente. Destes, 11 artigos

encontraram associação significativa para o consumo de bebidas alcoólicas

como preditor (variável independente) para o envolvimento em violência

física1,2,5,6,14,15,19–23. O OR variou de 1,5 a 6,89 (Tabela 2). Nos estudos

longitudinais (n=8), o tempo de acompanhamento dos sujeitos envolvidos, no

geral, variou de 1 a 14 anos, exceto o estudo de Green (2011) que acompanhou

indivíduos por 36 anos. A vitimização como variável independente foi adotada

por 05 autores 9,11,25–27 (Tabela 3). Em seu estudo, White28 optou por analisar

os dois sentidos dessa associação usando como variável independente tanto o

consumo de álcool como a violência física e encontrou associação significativa

para ambos. Dentre esses estudos, a maioria concluiu que ser vítima de

violência física em algum determinado momento anterior da vida é preditor para

o consumo de álcool entre os adolescentes9,11,25,27,28. Apenas dois estudos

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apontaram o consumo anterior de bebidas alcoó licas como preditor do

envolvimento em situações de violência física7,28.

Tabela 1. Descrição dos estudos transversais que abordam o adolescente como vítima de violência física, 2015.

Autor/Ano Faixa etária

Variável Independente Variável dependente OR/RP (IC)

Shepherd JP, Sutherland I,

Newcombe RG./ 2006

11 – 16 anos

Consumo de álcool nos últimos 30 dias

Vítima de violência física no último ano

OR =2.94 (2.19–3.95)

Ter ficado bêbado no último ano

OR =4.01 (3.17–5.08

Ramisetty-Mikle S et al / 2006

13 – 19 anos

Binge drinking nos últimos 30 dias

Vítima de violência física nos últimos 12 meses.

OR = 1.2 (0.5-2.5)

Primeiro contato com bebida alcoólica na pré-adolescencia

OR = 2.2 (1.3-3.8)

Consumo de álcool nos últimos 30 dias

OR =1.0 (0.4-2.6)

Frederiksen ML, Helweg K, Larsen

HB. / 2007

15 – 17 anos

Consumo diário de álcool

Vítima de violência física no último ano

Masculino: 4.1 (1.8–9.1)

Consumo Semanal de álcool Masculino: 1.4 (0.8–2.5)

Hamburger ME, Leeb RT, Swahn

MH./ 2008 -

Vítima de violência física na infância, por familiares

Consumo de álcool na vida

OR = 1.90 (1.56-2.30)

Primeiro contato com bebida alcoólica na pré-

adolescencia

OR = 2.10 (1.69-2.63)

Binge drinking no último ano

OR = 1.22 (0.98-1.51)

Yen CF et al / 2008 13 – 18 anos

Vítima de violência física na infância, por familiares

Consumo de álcool nos últimos 30 dias

OR = 3.360 (2.389–4.725)

Swahn MH, Bossarte RM,

Sullivent, EE./ 2008

12 – 16 anos

Primeiro contato com bebida alcoólica na pré-adolescencia

Vítima de violência física no último ano

OR = 1.20 (0.84–1.73)

Yan FA et al/ 2010

13 – 18

anos

Consumo de álcool no último ano Vítima de violência física

no último ano

OR = 10.25 (4.96-21.15)

Binge drinking no último ano

OR =13.54 (6.21-29.51)

Chaveepojnkamjorn W, Pichainarong N./

2011

15 - 17 anos

Consumo de álcool nos últimos 30 dias

Foi ameaçado ou agredido com uma arma

nos últimos 30 dias

OR = 1.14 (0.53-2.46)

Whiteside LK et al/ 2013

14 -18 anos

Uso indevido do álcool no último ano*

Agressor e vítima de violência no último ano

OR = 0.99 (0.60 -1.62)

Pierobon M et al/ 2014

13 -15 anos

Consumo de álcool nos últimos 30 dias

Vítima de violência física no último ano

OR = 2,32 (1,63-3,31)

Russell M. et al/ 2014 - Binge drinking nos últimos 3

meses Vítima de violência física

nos últimos 3 meses

Feminino OR = 1.31

(1.10–1.57) *Obtido através do POSIT (Problem Oriented Screening Instrument for Teenagers), utiliza uma escala até 17 pontos para avaliar situações de consumo indevido de álcool como faltar à escola, envolvimento em acidentes de carro após ingestão de álcool, dentre outros.

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20

Tabela 2.Descrição dos estudos transversais que abordam o adolescente como perpetrador da violência física, 2015.

Autor/Ano Faixa etária Variável Independente Variável dependente OR/RP (IC)

Shahn M, Donovan J. 2005

12 – 21 anos

Binge drinking nos últimos 30 dias Envolvimento em violência física

por estar bêbado no último ano

OR = 2,63 (1,72 - 4,02)

Consumo de álcool nos últimos 30 dias

OR = 2.18 (1.17 – 4.03)

Shepherd JP, Sutherland I,

Newcombe RG./ 20067

11 – 16 anos

Ter ficado bêbado no último ano Consumo de álcool nos últimos

30 dias

Perpetrador de violência física no último ano no último ano

OR = 2.10 (1.84–2.41)

OR =6.89 (5.00–9.49)

Stafström M/ 200715

-

Binge drinking uma vez ao mês ou com maior frequência

Envolvimento em brigas relacionadas ao Consumo de

álcool (alguma vez na vida)

OR =1.5 (1.05 – 2.09)

Ingestão de cerveja duas vezes ao mês ou com maior

frequências

OR = 1.4 (0.98 – 2.00)

Ingestão de bebidas destiladas duas vezes ao mês ou com

maior frequência

OR =1.7 (1.16 – 2.35)

Volume usual de cerveja excedeu 1,5l

OR =1.6 (1.14 – 2.14)

Rudatsikira E. et al/ 20082

15 – 17 anos

Uso de substâncias (álcool, maconha e tabaco)

Perpetrador de violência física no último ano no último ano

Feminino: 1.82

(1.47-2.26) Masculino: 2.22 (1.80-

2.74) Swahn MH, Bossarte RM, Sullivent, EE./

200816 12 – 16

anos Primeiro contato com bebidas alcoólicas na pré-adolescencia

Perpetrador de violência física no último ano no último ano

OR = 1.34 (0,91–1.96)

Walton MA/ 200914

14 – 18 anos

Binge drinking no último ano Perpetrador de violência física

no último ano

OR = 1.72 (1.06, 2.81)

Chaveepojnkamjorn W, Pichainarong N./

201111

15 - 17 anos

Consumo de álcool nos últimos 30 dias

Perpetrador de violência física nos últimos 30 dias

OR =3.06 (1.99-4.70)

Andrade SSCA et al/20121

13 – 15 anos

Consumo de álcool nos últimos 30 dias

Perpetrador de violência física nos últimos 30 dias

Feminino 1,30 (0,62-

2,61) Masculino

2,21 (1,12-4,39)

Donath C et al / 201212

12 – 17 anos

Binge drinking nos últimos 30 dias

Envolvimento em violência física na escola

OR =0.987 (0.972 -1.003)

Wahl S et al/20139 Média 15,6 anos

Consumo de álcool nos últimos 30 dias

Perpetrador de violência física no último ano

OR = 1,14 ( 0,52 – 2,48 )

Whiteside LK et al/ 201317

14 – 18 anos

Uso indevido do álcool no último ano*

Agressor e vitima de violência física no último ano

OR =1.94 (1.26 - 3.00)

Stickley A et al. / 201313

13 – 17 anos

Binge drinking nos últimos 30 dias

Perpetrador de violência física no último ano

Feminino: 6.1 (3.9–9.3) Masculino 4.0 (2.2–7.4)

Manickam MA et al / 201410

12 – 17 anos

Consumo de álcool nos últimos 30 dias

Perpetrador de violência física no último ano

OR =1.36 (1.15 - 1.61)

Mat Hussin SF, Abd Aziz NS, Hasim H, Sahril N./ 20148

12 – 17 anos

Consumo de álcool nos últimos 30 dias

Perpetrador de violência física no último ano

OR =1.42 (1.24 - 1.63)

Pierobon M et al/ 20146

13 – 15 anos

Consumo de álcool nos últimos 30 dias

Perpetrador de violência física no último ano

OR = 2,35 (1,53-3,60)

Salas-Wright C P et al / 20145

12 – 14 anos

Consumo de álcool nos últimos 30 dias

Perpetrador de violência física no último ano

OR = 2.35 (1.45–3.79)

*Obtido através do POSIT (Problem Oriented Screening Instrument for Teenagers), utiliza uma escala até 17

pontos para avaliar situações de consumo indevido de álcool como faltar à escola, envolvimento em acidentes de carro após ingestão de álcool, dentre outros.

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21

Tabela 3.Estudos Longitudinais que abordam a associação entre consumo de álcool e violência física entre adolescentes, 2015.

Autor/Ano

Tempo de

acompanha

mento

Variável

Independente Variável dependente

OR, RP ou β

(IC)

Pinchevsky GM,

Wright EM, Fagan

AA / 201318

3 anos

Vítima de Violência

no último ano ( aos

12 anos de idade)

Nº de dias em que consumiu álcool

(aos 15 anos)

RP Masculino:

0,13 (p>0,05)

Feminino:

0,11 p>0,05

Nº de dias em que bebeu em

binge (aos 15 anos)

RP

Masculino:

0,11 (p>0,05)

Feminino:

0,58 (p<0,01)

White HR et

al/201319

14 anos

Aumento do

consumo de álcool

(entre 13 e 18 anos

de idade)

Aumento do comportamento

violento (entre 13 e 18 anos de

idade)

β = 0,51

(p<0,05)

Aumento do

comportamento

violento (entre 13 e

18 anos de idade)

Aumento do consumo de

álcool(entre 13 e 18 anos de idade)

β = 0,04

(p < 0.01)

Cisler JM et al/

20123 5 anos

Soma das vezes em

que sofreu violência

física, sexual ou

testemunhou cenas

de violência. (coleta

1)

Binge drinking no último ano

(coleta 2)

β = 0,08

(p<0,01)

Green KM/

201120 36 anos

Consumo de álcool

aos 16 anos

Perpetrador de violência aos 32

anos

OR = 1.23

[0.79, 1.90]

Perpetrador de violência aos 42

anos

OR = 1.10

[0.54, 2.24]

Swahn MH,

Donovan JE./

200521

1 ano

Consumo de álcool

nos últimos 30 dias

(coleta 1)

Envolvimento em briga

relacionada ao consumo de álcool

no último ano (coleta 2)

OR = 2.18

(1.17–4.03)

Binge drinking

(coleta 1)

OR = 2.63

(1.72–4.02)

Mills R, Alati R,

Strathearn L,

Najman JM. /

20144

14 anos

Vítima de violência

na infância (aos 5

anos de idade)

Consumo de álcool uma vez na

vida (aos 14 anos de idade)

OR = 1.11

(0.45, 2.71)

Binge drinking na vida ou

Consumo de álcool nos últimos 30

dias (aos 14 anos de idade)

OR = 0.61

(0.08, 4.58)

Shin SH, Miller

DP, Teicher MH. /

201322

7 anos

Vítima de violência

física na vida (coleta

3)

Consumo de álcool no último ano

(coletas 1)

β = -0,21

(P<0,01)

Binge drinking no último ano

(coletas 1)

β = 0,08

(p<0,001)

Shin SH, Edwards

EM, Heeren T. /

200923

7 anos

Vítima de violência

física na vida (coleta

3)

Binge drinking no último ano

(coletas 1, 2 e 3)

OR = 1.34

(1.02, 1.76)

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22

2.1.5 Discussão

A maioria (65,5%) dos estudos incluídos nessa revisão apresentou

delineamento transversal e indicou que o consumo de bebida alcoólica foi

analisado como preditor para o envolvimento em situações de violência na

adolescência. Para os estudos que abordaram o adolescente como vítima, os

que consumiram álcool nos últimos 30 dias apresentaram, em média, duas

vezes mais chances de serem vítimas de violência do que adolescentes que

não o consumiram2,15. Essa chance aumenta em até 13 vezes à medida que a

quantidade de álcool ingerida também aumenta. Como também ocorre

aumento da chance de vitimização nos casos de binge drinking (consumo de 5

ou mais doses de bebida alcoólica num determinado momento), de alcoolemia

e de consumo diário de álcool15,16,18. Os estudos que adotaram o binge drinking

como ponto de corte, encontraram associação positiva em maior frequência do

que os que adotaram outros pontos de corte para o consumo do álcool4,5,21–23.

Outro aspecto que se pode destacar, foi a idade em que ocorreu o primeiro

contato do adolescente com a bebida alcoólica. Beber em idade precoce (<12

anos) dobra o risco de ser uma vítima de violência em comparação com aqueles

que nunca beberam13. Esse início precoce também aparece relacionado com

posterior abuso de álcool e dependência na adolescência 19.

Em contrapartida, dois estudos transversais que delinearam o consumo de

álcool como variável dependente expuseram que a violência física pode ser

preditora para o consumo de álcool. Indivíduos que sofreram maus-tratos na

infância, em geral por familiares, apresentaram maiores chances de se

tornarem consumidores de bebidas alcoólicas na adolescência12,19. Em seu

estudo, Hamburger, Leeb e Swahn sugerem, como justificativa, que a infância

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23

é um período do desenvolvimento em que os pais exercem grandes influencias

sobre as crianças, sendo assim, maus tratos nessa fase da vida pode trazer

consequências no futuro, como o desenvolvimento de condutas de risco à

saúde, a exemplo da ingestão de substâncias tóxicas como o álcool19.

Quando o adolescente sai da posição de vítima e passa a ser analisado nos

estudos como o perpetrador da violência, a associação significativa entre o

álcool e o comportamento violento foi verificada em grande parte dos estudos

1–3,10,14,15,20,21,23,24. Isso pode ocorrer pelo fato dos adolescentes, sob efeito da

bebida, perderem o senso crítico e se tornarem agressivos10.

No estudo de Swahn e Donovan (2005), os autores verificaram que no ato da

violência física o indivíduo se encontrava sob efeito de bebida alcoólica,

caracterizando a coocorrência destes comportamentos de risco. Este foi o único

estudo que permitiu essa avaliação de forma direta, onde o álcool e a violência

estavam presentes ao mesmo tempo no evento descrito7.

Outro aspecto avaliado foi a relação de gêneros, quando o adolescente é o

perpetrador da violência. Os meninos apresentam maiores chances de se

envolverem em situações de violência quando consomem bebidas alcoólicas

do que as meninas1,21,23,24. Isso ocorre, provavelmente, pelas alterações

comportamentais causadas por substâncias psicoativas, como o álcool e pela

maior frequência de consumo de álcool e de envolvimento em violência pelos

meninos, em relação às meninas.1

O beber em binge, que representa o consumo de 4 ou mais doses de bebidas

alcoólica para meninas e 5 ou mais doses para os meninos, também aparece

associado à perpetração da violência entre adolescentes, com Odds Ratio

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24

semelhantes ao do consumo atual de álcool. Entretanto, nenhum dos estudos

que adotou o beber em binge como variável independente fez a distinção

correspondente ao sexo e adotou como beber em binge o consumo de 5 ou

mais doses para ambos. Esse fato pode representar uma subestimativa para o

beber em binge entre as meninas e justificar os achados de Stickley et al.

(2013), em que as meninas apresentaram mais chance de se envolver em

violência física após beber em binge do que os meninos.21

Já nos estudos longitudinais, observou-se que a violência na infância foi um

preditor para o consumo do álcool com maiores chances para o sexo feminino.

Os responsáveis apontados como perpetradores da violência nesses casos,

são os pais demonstrando a vulnerabilidade desses adolescentes no seio

familiar.9,11,25,27,28

Um ponto que chama a atenção é que a maioria dos estudos longitudinais

consideraram a violência como variável explicativa para o consumo do álcool

com associação significante. Além disso, observou-se que os adolescentes que

foram vítima de violência tendem a ingerir um volume maior de álcool em um

curto intervalo de tempo 7,9,25,27. Na contramão, o estudo de Mills et al 2014 foi

o único dos longitudinais que não encontrou associação entre beber em binge

e se envolver em violência física, uma vez que aferiu o beber em binge de forma

diferente aos demais agrupando à variável o consumo de 3 ou mais doses com

frequência mensal.26

Os achados de White observaram que com o passar do tempo quando o

indivíduo aumenta a ingestão de bebidas alcoólicas também há o aumento no

envolvimento em situações de violência. Este fato demonstra que mudanças

no padrão de ingestão de bebidas alcoólicas ao longo da vida adulta podem ser

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25

reflexo dos comportamentos agressivos que o indivíduo possuía na

adolescência28.

Algumas observações devem ser feitas quanto aos pontos de corte adotados

por alguns estudos. Uma delas diz respeito à padronização do tempo anterior

ao evento estudado. A violência avaliada pelos entrevistados nos últimos 12

meses foi relacionada ao consumo de álcool nos últimos 30 dias. Adotar essa

variação na referência pode trazer comprometimento à análise dos estudos,

uma vez que as relações temporais são diferentes e expõem os indivíduos ao

viés de memória, visto que os estudos que consideraram os eventos nos

últimos 12 meses encontraram menos associação significativa do que os que

consideraram entre 1 e 3 meses2,14,15,18,20, 23,21,3,10. Alguns autores optaram por

agrupar algumas variáveis estudadas. Isso pode influenciar nos resultados

encontrados. Por exemplo, Rudatsikira et al2 agrupou as variáveis consumo de

álcool, tabaco e maconha numa única variável (uso de substâncias), o que

impossibilita fazer conclusões sobre a influência do consumo de álcool

isoladamente 24. Já o estudo de Cisler et al3 agrupou a violência física com a

violência sexual e o testemunho de episódios violentos. Isto aponta que não só

a violência física como outros tipos de violência podem estar associadas ao

beber em binge11. Também no estudo de Mills et al 4, não houve associação

para a violência física isoladamente, mas quando esta foi incorporada a outros

tipos de violência numa única variável, houve associação significativa. Os maus

tratos, de qualquer tipo seja ele sexual, físico ou emocional, juntos, podem ser

preditores para o consumo de álcool e para o binge drinking26.

2.1.6 Considerações finais

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26

O consumo de álcool foi considerado como variável explicativa na maioria dos

estudos transversais entre adolescentes, sendo esses vítimas ou agressores,

ao contrário dos achados em estudos longitudinais, evidenciando que a relação

entre consumo do álcool e violência fisica ainda não se encontra claramente

definida e que os diferentes métodos e tipos de estudo podem esclarecer

melhor essa relação.

É importante salientar que alguns estudos avaliaram a associação entre álcool

e violência com diferenças nas relações temporais, ou que agruparam variáveis

ou ainda associaram tipos de violência, por exemplo violência física e sexual.

Estas metodologias, em face da multiplicidade das referências impossibilitam

chegar a conclusão sobre o consumo de álcool isoladamente em relação à

violência.

Visto que essa revisão integrativa não identificou nenhum estudo em que o

adolescente agressor fosse preditor para o consumo de álcool, seria

interessante a realização de estudos nessa perspectiva, para elucidar de forma

mais muninciosa como a violência física está relacionada ao consumo de

álcool.

2.1.7 Referências

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26. Mills R, Alati R, Strathearn L, Najman JM. Alcohol and tobacco use among

maltreated and non-maltreated adolescents in a birth cohort. Addiction.

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27. Shin SH, Edwards EM, Heeren T. Child abuse and neglect: Relations to

adolescent binge drinking in the national longitudinal study of Adolescent

Health (AddHealth) Study. Addict Behav. 2009;34(3):277–80.

28. White HR, Fite P, Pardini D, Mun EY, Loeber R. Moderators of the

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29. Wahl S, Sonntag T, Roehrig J, Kriston L, Berner MM. Characteristics of

predrinking and associated risks: A survey in a sample of German high

school students. Int J Public Health. 2013;58(2):197–205.

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31

30. Green KM, Doherty EE, Zebrak K a, Ensminger ME. Association between

adolescent drinking and adult violence: evidence from a longitudinal study

of urban african americans. J Stud Alcohol Drugs. 2011;72(5):701–10.

Page 33: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO FACULDADE DE …FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PERNAMBUCO MESTRADO EM HEBIATRIA ... Tabela 1.Consumo de álcool e situações de violência entre os adolescentes

32

3.PROPOSIÇÃO

3.1 Objetivo Geral

Determinar a prevalência do consumo de bebidas alcoólicas,

envolvimento em violência física e fatores associados em adolescentes

escolares do município de Olinda- PE.

3.2 Objetivos específicos

Descrever a população de adolescentes escolares de Olinda com

relação às características demográficas e socioeconômicas.

Estimar a prevalência do consumo de bebidas alcoólicas entre os

adolescentes.

Estimar a prevalência do envolvimento em violência física entre os

adolescentes.

Investigar se existe associação entre consumo de álcool e violência

física e os fatores associados.

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33

4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

4.1. Delineamento do estudo

Trata-se de um estudo de corte transversal, de caráter descritivo e

analítico e que utiliza dados secundários provenientes de um projeto maior, que

tem por título “Atenção à saúde do adolescente nos serviços públicos de

Olinda” no qual se avalia diferentes condutas de saúde entre os adolescentes.

4.2 Local do estudo

Olinda é uma cidade localizada no estado de Pernambuco, nordeste

brasileiro. Possui uma área de 41,681 km², com população estimada em

377,779 no ano de 2014. Aproximadamente 16% da população (62.025) é

composta de adolescentes com idade entre 10 e 19 anos. A densidade

demográfica é de 9.063,58 habitantes por quilometro quadrado e possui índice

de desenvolvimento humano municipal (IDHM) de 0,735. (IBGE, 2010).

Figura 1.Olinda - Regiões Político Administrativas. Fonte: Secretaria de Saúde. Núcleo de Geoprocessamento.

O estado de Pernambuco é divido em 18 Gerências Regionais de

Educação (GRE). Olinda está localizada na GRE Recife Norte. Existem 32

escolas públicas estaduais com ensino médio na cidade. O ensino médio pode

ser regular (com aulas apenas em um turno), semi-integral (com aulas em dois

turnos em alguns dias da semana) e integral (com aulas em dois turnos todos

os dias úteis da semana). (SIEPE, 2013).

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34

4.3 População de Estudo

A população de estudo foi de estudantes do ensino médio de ambos os

sexos com idades entre 14 e 19 anos. Segundo o Censo 2010, Olinda possui

62.025 adolescentes entre 10 e 19 anos. Aproximadamente 10% desses

adolescentes (6.641) encontravam-se matriculados no Ensino Médio Regular

ou Integral no ano de 2014.

4.4 Amostra

4.4.1 Cálculo Amostral

O software estatístico Epidemiologic Open Source Statistics for Public

Health (OpenEpi 3.02) foi usado para calcular o tamanho da amostra e seguiu

os seguintes parâmetros: 95% de intervalo de confiança, poder (ß) de 80%,

frequência de 50% e odds ratio de 1,5. A quantidade mínima de indivíduos

necessária para atingir os objetivos foi estimada em 816 indivíduos. Um efeito

de delineamento de 1,2 foi adotado para aumentar a precisão (n=979). Para

minimizar perdas durante a coleta de dados a amostra foi aumentada em 10%

chegando a um total de 1057 indivíduos. Para essa amostra, foi calculado o

poder para estudos transversais referente às variáveis de estudo. O poder da

amostra foi de 100%.

4.4.2 Seleção da amostra

Através de uma amostragem probabilística por conglomerado, o

planejamento amostral foi realizado em duas etapas. A primeira etapa utilizou

a escola segundo a modalidade do ensino (médio regular, semi-integral ou

integral) como unidade primária de amostragem. A segunda etapa utilizou a

série (1º, 2º ou 3º) e o turno (manhã ou tarde) como unidades de amostragem

secundárias. Na primeira etapa, 22 escolas foram sorteadas e na segunda

etapa 60 turmas foram sorteadas aleatoriamente. Todos os estudantes do

conglomerado que estavam na faixa etária da pesquisa fizeram parte da

amostra. Após a coleta a amostra final contou com 1.068 estudantes.

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35

4.4.3 Critérios de Inclusão

Estudantes adolescentes na faixa etária de 14 a 19 anos 11 meses e 29

dias no dia da pesquisa, de ambos os sexos e regularmente matriculados no

ensino médio das escolas estaduais de Olinda-PE.

4.4.4 Critérios de Exclusão

Foram excluidos os questionários em que os adolescentes não

responderam a questão referente ao sexo e que não responderam ao mínimo

20% das perguntas do questionário.

4.5 Coleta de dados

O instrumento utilizado foi o Youth Risk Behavior Survey (YRBS),

validado para adolescentes brasileiros. O questionário foi desenvolvido pelo

Centers for Disease Control and Prevention (CDC), nos Estados Unidos para

monitorar comportamentos de risco que contribuem para o aumento das causas

de morbi-mortalidade entre jovens americanos. O questionário é auto-

administrado e envolve 87 questões agrupadas em blocos temáticos. Para este

estudo serão utilizadas as questões referentes aos blocos informações

socioeconômicas, consumo de bebidas alcoólicas e violência.

O questionário foi aplicado em sala de aula por duas pesquisadoras

previamente treinadas e sem a presença do professor na sala. Responderam

ao formulário os alunos que estavam presentes em sala de aula que não

trouxeram o termo de consentimento negativo e que assinaram o termo de

assentimento. Os alunos foram informados sobre os objetivos da pesquisa,

sobre o sigilo das informações e que elas seriam usadas apenas para os fins

da pesquisa. O tempo de preenchimento do formulário variou entre 30 e 60

minutos.

Foi realizado um estudo piloto, com 175 participantes, em cinco escolas

da rede pública estadual localizada na Cidade de Olinda – PE. O objetivo foi

verificar o grau de compreensão dos escolares sobre as questões formuladas.

Esta etapa permitiu testar a aplicabilidade dos instrumentos e identificar

aspectos e dificuldades relacionadas à abordagem do avaliador para com os

participantes.

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36

4.6 Análise dos dados

Os dados foram tabulados em dupla entrada usando o software Epidata,

versão 3.1. Os dados serão analisados utilizando o Statistical Package for

Social Sciences (SPSS para Windows, versão 21.0) através de distribuição de

frequências e testes associativos. A significância estatística entre os

comportamentos de risco relacionados ao consumo de álcool e a violência

física e as variáveis independentes na análise bivariada serão determinadas

usando o teste Qui-Quadrado de Pearson (p<0,05). Para avaliar a força das

associações nos cruzamentos das variáveis categóricas, foi utilizada regressão

logística binária. Para entrar no modelo de regressão foram consideradas as

variáveis independentes com p<0,20. Do modelo foram obtidos os valores do

OR e respectivos intervalos de confiança e valores da significância. A margem

de erro utilizada nas decisões dos testes estatísticos será de 5% e os intervalos

obtidos com 95,0% de confiança.

4.7 Definição das variáveis

Para analisar os comportamentos relacionados à violência física foram

adotadas como variáveis dependentes o porte de armas, o envolvimento em

briga nos últimos 12 meses e o envolvimento em brigas com necessidade de

tratamento médico, nos últimos 12 meses. Para analisar os comportamentos

relacionados ao consumo de bebidas alcoólicas foram adotadas as variáveis

Idade em que ingeriu a primeira dose de bebida alcoólica, consumo do álcool

nos últimos 30 dias e binge drinking nos últimos 30 dias como variáveis

independentes. A análise foi estratificada por sexo e ajustada para idade e

escolaridade materna

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37

4.8 Categorização das variáveis

Quadro 1 – Recategorização das variáveis de estudo.

Variável Categoria Coletada Categoria de Análise

Envolvimento em Luta corporal

Durante os últimos 12 meses, quantas vezes você se envolveu em uma luta corporal? (A) Nenhuma vez; (B) 1 vez; (C) 2 ou 3 vezes; (D) 4 ou 5 vezes; (E) 6 ou 7 vezes; (F) 8 ou 9 vezes; (G) 10 ou 11 vezes; (H) 12 ou mais vezes

Não – (A) Nenhuma vez Sim – (B) 1 vez; (C) 2 ou 3 vezes; (D) 4 ou 5 vezes; (E) 6 ou 7 vezes; (F) 8 ou 9 vezes; (G) 10 ou 11 vezes; (H) 12 ou mais vezes

Envolvimento em luta corporal com necessidade de atendimento médico

Durante os últimos 12 meses, quantas vezes você se envolveu em uma luta corporal na qual você se machucou e teve que receber cuidados de médico ou enfermeiro? (A) Nenhuma vez; (B) 1 vez; (C) 2 ou 3 vezes; (D) 4 ou 5 vezes; (E) 6 ou 7 vezes; (F) 8 ou 9 vezes; (G) 10 ou 11 vezes; (H) 12 ou mais vezes

Não – (A) Nenhuma vez Sim – (B) 1 vez; (C) 2 ou 3 vezes; (D) 4 ou 5 vezes; (E) 6 ou 7 vezes; (F) 8 ou 9 vezes; (G) 10 ou 11 vezes; (H) 12 ou mais vezes

Porte de armas

Durante os últimos 30 dias, em quantos dias você carregou uma arma, como faca, revolver ou cassetete? (A) Nenhum dia; (B) 1 dia; (C) 2 ou 3 dias; (D) 4 ou 5 dias; (E) 6 ou mais dias

Não - (A) Nenhum Sim - (B) 1 dia; (C) 2 ou 3 dias; (D) 4 ou 5 dias; (E) 6 ou mais dias

Primeiro contato com bebida alcoólica

Que idade você tinha quando tomou a primeira dose de bebida alcoólica? (A) Eu nunca tomei uma dose de bebida alcoólica (B) 8 anos ou menos; (C) 9 ou 10 anos; (D) 11 ou 12 anos; (E) 13 ou 14 anos; (F) 15 ou 16 anos; (G) 17 anos ou mais

Nunca ingeriu bebida alcoólica: (A) Eu nunca tomei uma dose de bebida alcoólica Até 12 anos de idade: (B) 8 anos ou menos; (C) 9 ou 10 anos; (D) 11 ou 12 anos Mais de 12 anos de idade: (E) 13 ou 14 anos; (F) 15 ou 16 anos; (G) 17 anos ou mais

Consumo atual de álcool

Durante os últimos 30 dias, em quantos dias você tomou pelo menos uma dose de bebida alcoólica? (A) Nenhum dia; (B) 1 ou 2 dias; (C) 3 a 5 dias; (D) 6 a 9 dias; (E) 10 a 19 dias; (F) 20 a 29 dias; (G) Todos os 30 dias

Não - (A) Nenhum dia; Sim - (B) 1 ou 2 dias; (C) 3 a 5 dias; (D) 6 a 9 dias; (E) 10 a 19 dias; (F) 20 a 29 dias; (G) Todos os 30 dias

Binge drinking

Durante os últimos 30 dias, em quantos dias você tomou 5 ou mais doses de bebida alcoólica em uma mesma ocasião? (A) Nenhum dia; (B) 1 dia; (C) 2 dias; (D) 3 a 5 dias; (E) 6 a 9 dias dias; (F) 10 a 19 dias; (G) 20 dias ou mais

Não - (A) Nenhum dia; Sim - (B) 1 dia; (C) 2 dias; (D) 3 a 5 dias; (E) 6 a 9 dias dias; (F) 10 a 19 dias; (G) 20 dias ou mais

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38

5. CONSIDERAÇÕES ÉTICAS

O presente projeto de pesquisa representa parte de um projeto maior

intitulado Atenção à saúde do adolescente nos serviços públicos de Olinda,

Pernambuco, o qual foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em

Pesquisa da Universidade de Pernambuco, CAEE 13800813.7.0000.5207

(Anexo A)

Foi solicitado, previamente, anuência à Gerência Regional de Educação

Metropolitana Norte para realização do trabalho de campo (Anexo B).

Somente foram incluídos no estudo os estudantes que concordaram em

participar assinando o Termo de Assentimento (Apêndice A), e que não

devolveram o Termo de negativa de participação (Apêndice C). Os alunos

maiores de 18 anos assinaram também o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE) (Apêndice B). Aqueles que possuírem idade inferior a 18

anos receberam o termo de negativa de participação, para serem assinado

pelos pais ou responsáveis, onde foram explicados os objetivos da pesquisa,

riscos e benefícios, a questão do anonimato e a possibilidade de desistência

da pesquisa a qualquer momento, caso assim o queira.

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39

6. RESULTADOS

6.1 Estudo Piloto

VIOLENCIA FÍSICA E CONSUMO DE ÁLCOOL ENTRE ADOLESCENTES:

UM ESTUDO PILOTO

PHYSICAL VIOLENCE AND ALCOHOL DRINKING AMONG

ADOLESCENTS: A PILOT STUDY

RESUMO

Objetivos: O objetivo deste estudo foi investigar a existência de associação

entre o consumo de bebidas alcoólicas e envolvimento em situações de

violência física entre adolescentes escolares do município de Olinda, PE.

Método: Trata-se de um estudo piloto, do tipo transversal, realizado com

adolescentes matriculados no ensino médio. O questionário Youth Risk

Behavior Survey foi aplicado em sala de aula e foram adotadas questões

referentes aos módulos consumo de bebidas alcoólicas, violência e dados

socioeconômicos. Para análise de associação foi utilizado o teste Qui-quadrado

de Pearson ou o teste de Exato de Fisher quando os parâmetros de utilização

do Qui-quadrado não eram atendidos. Resultados: O envolvimento em luta

corporal esteve associado ao sexo masculino (p=0,001), ao consumo de álcool

nos últimos trinta dias (p=0,019), ao binge drinking (p=0,022) e a maior

escolaridade materna (p=0,037). Conclusões: Houve associação entre o

consumo de bebidas alcoólicas por adolescentes e a violência física. Esses

resultados são um indício da vulnerabilidade a qual a esta população está

exposta e faz um alerta à necessidade de estudos que aprofundem a temática

abordada.

Descritores: Consumo de bebidas alcoólicas; Violência; Adolescente

ABSTRACT

Objectives: The aim of this study was to investigate the existence of

association between alcohol drinking and involvement in physical violence

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40

among adolescent students in the city of Olinda, PE. Method: This is a pilot

study, cross-sectional, conducted with adolescents enrolled in high school. The

Youth Risk Behavior Survey questionnaire was applied in the classroom and

questions were taked from the modules of alcohol consumption, violence and

socioeconomic data. Association analysis was performed using the chi-square

test or Fisher's exact test, when the Chi-square parameters were not met.

Results: Involvement in wrestling was associated with male gender (p=0,001),

alcohol consumption in the last thirty days (p=0,019), to binge drinking (p=0,022)

and higher maternal education (p=0,037). Conclusions: There was an

association between the consumption of alcohol by adolescents and physical

violence. These results are an indication of vulnerability to which this population

is exposed and is a warning to the need for studies to further investigate the

issue addressed.

Descritors: Alcohol drinking; Violence; Adolescent

6.1.2 Introdução

A adolescência é um período de transição, compreendido entre a

infância e a vida adulta marcada por alterações biológicas, psicológicas e

sociais.1 Essas alterações caracterizam as situações de vulnerabilidade as

quais esses indivíduos estão expostos2.

A violência interpessoal é considerada um problema de saúde pública.

Ela é definida como o uso de força física ou poder sobre outro indivíduo e pode

resultar em injùria, morte, dano psicológico e problemas de desenvolvimento.3

Uma das formas de manifestação da violência interpessoal é a briga.4 Na

América do Norte e na Europa, a prevalência do envolvimento em brigas entre

adolescentes varia de 37% a 69% para os meninos e de 13 a 32% para as

meninas5. No Brasil esses percentuais podem variar entre 17% e 32% para os

meninos e 8,9% e 13% entre as meninas 6,7. Alguns fatores podem ser

considerados determinantes ao envolvimento desses adolescentes em

situações de violência, como o consumo de bebidas alcoólicas e de outras

drogas 8.

A prevalência do consumo de álcool nos últimos trinta dias entre

adolescentes brasileiros é alta, variando entre 19% e 26%.6 Esse percentual

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41

chega a 66,6% quando referido ao consumo de álcool pelo menos uma vez na

vida5–7. Tendo em vista que o álcool é a droga mais consumida pelos

adolescentes e as agressões físicas são a principal causa de mortalidade por

fatores externos em adolescentes brasileiros, o objetivo deste estudo é

investigar a existência de associação entre o consumo de bebidas alcoólicas e

as situações de violência física entre os adolescentes.

6.1.3 Método

Tratou-se de um estudo piloto, do tipo transversal, que faz parte do

projeto maior intitulado "Atenção Integral à saúde dos adolescentes nos

serviços públicos de Olinda". Esse estudo recebeu aprovação do Comitê de

Ética da Universidade de Pernambuco sob o parecer de nº 568.996.

A seleção da amostra foi realizada de forma aleatória, utilizando dois

estágios estratificados: no primeiro estágio, as escolas foram sorteadas e no

segundo, as turmas. Foram selecionadas cinco escolas e doze turmas para

este estudo, visando garantir uma maior heterogeneidade dos dados. O sorteio

das escolas e turmas foi realizado através do programa Randomizer.

Para o cálculo amostral do projeto maior, foram considerados: um

intervalo de confiança de 95%, um poder de 80%, Odds Ratio de 1.5, um efeito

de delineamento de 1.2 e frequência de 50% em decorrência das diversas

variáveis de condutas de risco envolvidas e, acrescido o valor de 10% para as

perdas, resultando numa amostra final de 1.057 adolescentes. Após o sorteio

das escolas e turmas, a amostra do estudo piloto representou 16% da amostra

total do estudo.

A coleta de dados foi realizada em abril de 2014 através da aplicação

coletiva em sala de aula da versão validada do Youth Risk Behavior Survey 9.

Os questionários foram aplicados por pesquisadores previamente treinados e

os participantes foram orientados a responderem por escrito e individualmente,

com a garantia do anonimato das respostas e sigilo das informações. O tempo

de aplicação do questionário foi entre 30 e 60 minutos, e ocorreu sem a

presença do professor.

O consumo de álcool foi analisado a partir das questões referentes à

idade em que consumiu a primeira dose de bebida alcoólica, o consumo de

álcool nos últimos 30 dias e o binge drinking, definido como o ato de ingerir

cinco ou mais doses de bebida alcoólica numa mesma ocasião. Segundo o V

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42

Levantamento nacional sobre o consumo de drogas psicotrópicas entre

estudantes do ensino fundamental e médio da rede pública de ensino nas 27

capitais brasileiras 2004, a idade média de início de consumo do álcool está

próxima aos 12 anos, por isso este foi o ponto de corte adotado para essa

variável.10

Já o envolvimento em situações de violência foi analisado a partir das

questões referentes ao porte de arma nos últimos 30 dias, envolvimento em

luta corporal nos últimos 12 meses e envolvimento em luta corporal com injúria

séria (necessidade de atendimento de saúde) nos últimos 12 meses.

Os dados foram tabulados com dupla entrada utilizando o software

Epidata 3.1. Foi realizada análise estatística descritiva e inferencial. Para

análise de associação foi utilizado o teste Qui-quadrado de Pearson ou o teste

de Exato de Fisher quando os parametros de utilização do Qui-quadrado não

eram atendidos. Para ambos os testes foi considerada significância para os

valores de p<0,05. A análise dos dados foi realizada utilizando o programa

Statistical Package for the Social Sciences (SPSS para Windows versão 19.0).

6.1.4 Resultados

Para este estudo piloto, a amostra contou com 175 adolescentes

regularmente matriculados no ensino médio da rede estadual de ensino, no

município de Olinda – PE. A maioria dos adolescentes estava matriculada em

escolas do tipo regular (80,7%), estava na faixa etária de 14 a 17 anos (71,9%),

possuía renda familiar de até dois salários mínimos (59,1%) e era do sexo

feminino (57,0%).

Em relação ao sexo, não se observou diferença estatística entre o

consumo de bebidas alcoólicas apesar dos meninos apresentarem o percentual

de consumo maior do que as meninas. Para o envolvimento em situações de

violência, o sexo masculino esteve associado ao porte de arma (p = 0,02) e ao

envolvimento em luta corporal nos últimos 12 meses (p = 0,001). (Tabela 1)

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43

Tabela 1.Consumo de bebidas alcoólicas entre os adolescentes participantes do estudo piloto

estratificadas por sexo. Olinda, 2016.

(n = 175) Total (%) Masculino %) Feminino (%) Valor de p

Consumo de Álcool

Consumo atual de álcool 27,9 31,1 25,5 0,420

Binge drinking 19,9 21,9 18,4 0,565

Idade do 1º consumo 0,312

Antes dos 12 anos 24,5 29,5 29,5

Após os 12 anos 75,5 70,5 79

Situações de Violência

Porte de arma nos últimos

30 dias

5,8 10,9 2,1 0,020

Envolvimento em Luta

corporal

23,3 35,2 14,3 0,001

Envolvimento em luta

corporal com injúria séria

3,5 5,5 4,1 0,701

Teste Qui-quadrado de Pearson

Considerando a análise de consumo de álcool e situações de violência,

observou-se que os adolescentes que consumiram álcool nos últimos 30 dias

ou consumiram em binge drinking apresentaram quase o dobro da prevalência

de envolvimento em luta corporal comparada a dos adolescentes que não

consumiram álcool (Tabela 2).

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44

Tabela 2. Fatores relacionados ao consumo de álcool associados com o envolvimento em situações de

violência nos últimos 12 meses. Olinda, 2016.

Variáveis (n = 175)

Porte de arma Envolvimento em

luta corporal

Envolvimento em luta corporal com

injúria séria

% p % p % P

Consumo atual de álcool 8,3 0,468 35,4 0,019 6,2 0,350

Binge drinking 5,9 0,992 38,2 0,022 8,8 0,094

1º Consumo antes dos 12 anos 7,7 0,634 34,6 0,281 3,8 1,000

Teste Qui-quadrado de Pearson e Exato de Fisher

Dos adolescentes cujas mães possuem maior nível de escolaridade,

39,1 % daqueles que consumiram álcool nos últimos 30 dias se envolveram em

luta corporal, o que representa uma associação significativa (p=0,037). Apesar

do percentual semelhante para os que a escolaridade materna foi menor

(34,8%), essa associação não foi encontrada. (Tabela 3).

Tabela 3.Consumo de bebidas alcoólicas e envolvimento em violência física, segundo a escolaridade

materna. Olinda, 2014.

Envolvimento em luta corporal nos últimos 12 meses

n (%) Valor de p

Menor escolaridade materna (até 8 anos de estudo) n=85

Consumo atual (n= 23) 8 34,8 0,257

Binge Drinking (n=13) 6 46,2 0,080

Maior escolaridade materna (mais de 8 anos de estudo)

n= 74

Consumo atual (n=23) 9 39,1 0,037

Binge Drinking (n=18) 7 38,9 0,104

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45

6.1.5 Discussão

De um modo geral, o consumo de álcool nos últimos 30 dias e o beber

em binge estão associados ao envolvimento em brigas entre adolescentes.

O consumo de álcool entre adolescentes de Olinda pode ser considerado

elevado (27,9%) e foi maior entre os meninos (31,1%) embora sem significância

estatística (p=0,420). Esses percentuais estão de acordo com os achados da

Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNSE), onde 25,4% dos adolescentes

escolares da cidade do Recife havia consumido bebidas alcoólicas nos últimos

30 dias e os percentuais entre os sexos masculino e feminino foram de 26% e

24,9%, respectivamente5.

O consumo do binge drinking não se mostrou associado ao sexo,

demonstrando que quantidades elevadas de bebida alcoólica são consumidas

tanto por meninas quanto por meninos. No presente estudo um em cada cinco

adolescentes relatou ter consumido álcool em binge, menos da metade do

encontrado por Donath num estudo com adolescentes alemães onde um em

cada dois já haviam bebido em binge11. Já para adolescentes australianos, o

percentual do consumo em binge foi bem mais baixo, em torno de 4,8% 12.

Essa constatação é alarmante, uma vez que o consumo em maior quantidade

pode levar a episódios de embriagues, que aumentam as chances dos

adolescentes se envolverem em situações de risco, como problemas

comportamentais com família, escola e amigos13.

Apesar de no Brasil o álcool ser uma substância proibida a menores de

18 anos, 61,6% dos adolescentes deste estudo já tiveram o primeiro contato

com a bebida alcoólica, sendo que 24,5% consumiram antes dos doze anos de

idade. Esse resultado demonstra que a experiência com o consumo de álcool

está ocorrendo mais cedo do que o observado no I Levantamento Nacional

sobre os Padrões de Consumo de Álcool na População Brasileira que constatou

encontrou uma média de 13,6 anos de idade para o primeiro contato 14. Os

adolescentes estão consumindo álcool precocemente e a faixa etária entre 10

e 13 anos de idade tem se mostrado a mais comum para a primeira experiência

com a bebida15.

Para estimar a ocorrência de violência física entre os pesquisados foram

adotadas duas situações. O porte de arma, que relata uma situação que incita

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46

a violência e a agressão física, que representa o ato violento em si. A

prevalência do porte de arma esteve associada ao sexo masculino, onde 10,9%

dos meninos relataram portar arma nos últimos 30 dias. Segundo a PeNSE

(2012), 6,4% dos adolescentes brasileiros estiveram envolvidos em uma

situação violenta onde uma das pessoas portava uma arma de fogo e 7,3%

uma arma branca5. Esses dados ressaltam a vulnerabilidade a que esses

adolescentes estão expostos, uma vez que os homicídios representam um

percentual importante na morbimortalidade deste grupo.

O envolvimento em brigas também foi uma situação associada ao sexo

masculino e corroborada pelos achados do estudo de Coutinho et al (2013)7.

Os meninos possuem, aproximadamente, duas vezes mais chances de se

envolverem em brigas com agressões físicas do que as meninas8.

A associação entre o consumo de bebidas alcoólicas e o envolvimento

em brigas também foi encontrada nos estudos realizados na América do Sul2,7–

9. Consumir álcool pode desencadear o comportamento violento entre

adolescentes, aumentando o risco do envolvimento em situações de violência.2

Adolescentes que consomem álcool tem em média 2 vezes mais chances de

se envolverem em briga do que aqueles que não consomem3,16. Entre os

adolescentes que não consumiram álcool no último mês, 18,5% se envolveram

em brigas. Já entre os que consumiram álcool esse percentual foi

aproximadamente o dobro (35,4%) e essa relação foi significante (p=0,019).

Percentuais semelhantes foram encontrados em estudo com adolescentes da

Malásia, onde 40,8% dos que consumiram álcool se envolveram em briga

enquanto entre os que não beberam o percentual foi de 25,7%3.

Os padrões de consumo de bebidas alcoólicas e do envolvimento em

situações de violência sofrem influência de fatores socioeconômicos. No

presente estudo, a associação entre envolvimento em briga e consumo do

álcool foi significante para os adolescentes cujas mães possuíam mais anos de

estudo. Historicamente, adolescentes meninos, negros e com baixo nível

socioeconômico são os mais vulneráveis aos comportamentos de risco

relacionados à violência3. Entretanto, estudos já mostram uma mudança nesse

padrão, onde o consumo de álcool é elevado em todos os estratos sociais e

apresenta associação significativa com a violência entre jovens e adolescentes

de classe média-alta12, 13.

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47

6.1.6 Conclusão

Os resultados deste estudo demostraram a existência de associação

entre consumo de álcool e violência física caracterizando um indício da

vulnerabilidade a qual os adolescentes estão expostos quando adotam

comportamentos de risco. Diante da complexidade dessa associação, é

necessária a realização de estudos epidemiológicos que investiguem o

consumo de álcool relacionado à violência física e os fatores que podem

influenciar essa associação no contexto de saúde e sociedade para a

população adolescente.

6.1.7 Referências

1. Schoen-Ferreira TH, Aznar-Farias M, Silvares EFDM. Adolescência

através dos Séculos. Psicol Teor e Pesqui [Internet]. 2010;26:227–34.

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2. Martins CDS, Godoy CB De. Violência entre vulnerabilidades

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Determinants of Adolescent Injury. Pediatrics [Internet].

2005;116(6):e855–63. Available from:

http://pediatrics.aappublications.org/cgi/doi/10.1542/peds.2005-0607

6. Malta DC, Souza ER De, Silva MMA Da, Silva CDS, Andreazzi MAR De,

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48

Crespo C, et al. Vivência de violência entre escolares brasileiros:

resultados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE). Cien

Saude Colet. 2010;15:3053–63.

7. Silva RA Da, Jansen K, Godoy RV, Souza LDM, Horta BL, Pinheiro RT.

Prevalência e fatores associados a porte de arma e envolvimento em

agressão física entre adolescentes de 15 a 18 anos: estudo de base

populacional. Cad Saude Publica. 2009;25(12):2737–45.

8. Cannon L, Serra A. Saúde e desenvolvimento da juventude brasileira:

construindo uma agenda nacional [Internet]. Brasília; 1999 [cited 2014

Oct 20]. Available from: http://bases.bireme.br/cgi-

bin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.xis&src=google&base=LIL

ACS&lang=p&nextAction=lnk&exprSearch=247263&indexSearch=ID

9. Guedes DP, Lopes CC. Validação da versão brasileira do Youth Risk

Behavior Survey 2007. Rev Saude Publica. 2010;44(5):840–50.

10. Galdurós JCF, Noto AR, CArlini AMF. V LEVANTAMENTO NACIONAL

SOBRE O CONSUMO DE DROGAS PSICOTRÓPICAS ENTRE

ESTUDANTES DO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO DA REDE

PÚBLICA DE ENSINO NAS 27 CAPITAIS BRASILEIRAS 2004. Centro

Brasileiro de Informações sobre drogas psicotrópicas. 2004.

11. Donath C, Graessel E, Baier D, Pfeiffer C, Bleich S, Hillemacher T.

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representative study. BMC Public Health [Internet]. BioMed Central Ltd;

2012;12(1):263. Available from: http://www.biomedcentral.com/1471-

2458/12/263

12. Mills R, Alati R, Strathearn L, Najman JM. Alcohol and tobacco use among

maltreated and non-maltreated adolescents in a birth cohort. Addiction.

2014;109(4):672–80.

13. Malta DC, Mascarenhas MDM, Porto DL, Duarte EA, Sardinha LM,

Barreto SM, et al. Prevalência do consumo de álcool e drogas entre

adolescentes: análise dos dados da Pesquisa Nacional de Saúde

Escolar. Rev Bras Epidemiol. 2011;14(1):136–46.

Page 50: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO FACULDADE DE …FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PERNAMBUCO MESTRADO EM HEBIATRIA ... Tabela 1.Consumo de álcool e situações de violência entre os adolescentes

49

14. Laranjeira R, Pinsky I, Zaleski M, Caetano R. I Levantamento Nacional

Sobre Os Padrões De Consumo De Álcool. Secretaria Nacional de

Políticas sobre drogas. 2007. 76 p.

15. Maruschi MC, Bazon MR. Risco e proteção para o engajamento de

adolescentes em práticas de atos infracionarios. J Hum growth Dev.

2012;22(3):348–57.

16. Pierobon M, Barak M, Hazrati S, Jacobsen KH. Alcohol consumption and

violence among Argentine adolescents. J Pediatr (Rio J).

2013;89(1):100–7.

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50

6.2 Artigo Final

ASSOCIAÇÃO ENTRE O CONSUMO DE ÁLCOOL E A VIOLÊNCIA FÍSICA

ENTRE ADOLESCENTES ESCOLARES

ASSOCIATION BETWEEN ALCOHOL DRINKING AND PHYSICAL

VIOLENCE AMONG SCHOOL ADOLESCENTS

6.2.1 Introdução

A violência representa uma preocupação cotidiana na atual organização

de nossa vida social. Ela têm-se convertido em uma das principais

preocupações de saúde pública não só no Brasil, como também nas Américas

e no mundo todo1.

Entre os adolescentes, a violência representa uma das principais causas

de morbi-mortalidade e é fundamental para a saúde pública, conseguir

informações sobre os padrões e fatores associados às situações de violência2,3.

Sendo a adolescência uma fase de transformações, os indivíduos acabam

sendo expostos a comportamentos de riscos que podem refletir na sua saúde

como tabagismo, alimentação inadequada e experimentação de álcool e outras

drogas4.

As bebidas alcoólicas são as substâncias psicotrópicas mais

consumidas pelos adolescentes. No Brasil, um estudo realizado com

adolescentes escolares apontou que 27,3% consomem bebidas alcoólicas de

forma regular e que 75% já consumiram álcool ao menos uma vez na vida4,5

Considerando que a violência e o consumo de álcool são situações com

impacto na saúde do adolescente, o objetivo deste estudo foi avaliar a

existência de associação entre consumo de bebidas alcoólicas e violência física

e investigar seus fatores associados.

6.2.3 Método

Trata-se de um estudo do tipo epidemiológico transversal que verificou

a associação entre consumo de álcool e violência física entre os adolescentes

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51

estudantes do ensino médio da rede pública estadual de Olinda/PE no ano de

2014. A população alvo desse estudo foi composta por adolescentes na faixa

etária de 13 a 19 anos, de ambos os gêneros, matriculados e cursando o ensino

médio da rede pública estadual da Cidade de Olinda/PE.

Para calcular o tamanho da amostra necessária foi utilizado o software

estatístico on-line Open Source Epidemiologic Statistics for Public Health

(OpenEpi 3.02) com os seguintes parâmetros: um intervalo de confiança de

95%, um poder de 80%, uma frequência de 50% em decorrência das diversas

variáveis de condutas de risco à saúde envolvidas e Odds Ratio de 1,5. O

tamanho mínimo da amostra foi estimada em 816 indivíduos. Um efeito de

delineamento de 1.2 foi aplicado para aumentar a precisão (n = 979). E para

minimizar as perdas poteciais durante a coleta de dados, a amostra foi

aumentada em 10%. Assim, o dimensionamento amostral final resultou em um

total de 1.077 adolescentes.

A amostra foi selecionada aleatoriamente, utilizando dois estágios

estratificados com abordagem de amostragem por conglomerado. No primeiro

estágio foi realizado o sorteio de 22 escolas e no segundo estágio houve a

seleção aleatória de 60 turmas. Todos os estudantes regularmente

matriculados nas turmas sorteadas e que estavam presentes na sala de aula

no dia da coleta de dados foram convidados a participar do estudo. O sorteio

das escolas e turmas foi realizado através do programa Randomizer.

Os dados foram analisados utilizando o Statistical Package for Social

Sciences (SPSS para Windows, versão 21.0) através de distribuição de

frequências e testes associativos. A significância estatística entre os

comportamentos de risco relacionados ao consumo de álcool e a violência

física e as demais variáveis independentes na análise bivariada foram

determinadas usando o teste Qui-Quadrado de Pearson (p<0,05). Para avaliar

a força das associações nos cruzamentos das variáveis categóricas, foi

utilizada regressão logística binária. Para entrar no modelo de regressão foram

consideradas as variáveis independentes com p<0,20. Do modelo foram

obtidos os valores do Odds Ratio (OR) e respectivos intervalos de confiança e

valores da significância. A margem de erro utilizada nas decisões dos testes

estatísticos foi de 5% e os intervalos obtidos com 95,0% de confiança.

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52

Para analisar os comportamentos relacionados à violência física foi

adotada como variável dependente o porte de armas, o envolvimento em

brigas nos últimos 12 meses e o envolvimento em brigas com necessidade de

tratamento médico nos últimos 12 meses. Para os comportamentos

relacionados ao consumo de bebidas alcoólicas foram adotadas as variáveis

Idade em que ingeriu a primeira dose de bebida alcoólica, consumo do álcool

nos últimos 30 dias e binge drinking nos últimos 30 dias como variáveis

independentes. A análise foi estratificada por sexo e ajustada para idade e

escolaridade materna.

6.2.4 Resultados

A análise descritiva demonstrou que a maioria dos adolescentes

pesquisados (72,7 %) possuíam mais de 15 anos de idade; eram do sexo

feminino (53,4 %) e tinha mães com escolaridade superior a 8 anos de estudo

(52,6%). A prevalência do consumo de álcool nos últimos 30 dias foi de 30,6%

e do hábito de beber em binge foi de 23,9%. Para 17,8% dos adolescentes

pesquisados, o primeiro consumo de bebida alcoólica ocorreu antes dos 13

anos de idade. A prevalência do envolvimento em brigas foi de 23,8%. (Tabela

1) Já o envolvimento em brigas com necessidade de tratamento médico e o

porte de armas foi menor, com 3,3% e 6,2% respectivamente. Dentre as

associações entre consumo de álcool e violência física, a única que não

apresentou associação significativa pelo teste Qui-quadrado foi o consumo

atual e o envolvimento em briga com necessidade de tratamento médico, para

o sexo masculino. A idade e a escolaridade materna dos estudantes envolvidos

na pesquisa não apresentaram associação significativa com nenhuma das

variáveis dependentes, entretanto, essas variáveis foram adotadas como ajuste

na regressão logística binária devido ao seu uso comum como ajuste na

literatura.

Com relação ao porte de arma, independentemente da idade e da

escolaridade materna, adolescentes que consumiram álcool nos últimos 30 dias

e que beberam em binge tiveram mais chances de terem portado armas nos

últimos 30 dias do que aqueles que não beberam. Com relação a idade em

que ingeriu álcool pela primeira vez, as meninas que o fizeram após os 13 anos

de idade tem 5,56 mais chances de portarem armas do que as que nunca

Page 54: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO FACULDADE DE …FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PERNAMBUCO MESTRADO EM HEBIATRIA ... Tabela 1.Consumo de álcool e situações de violência entre os adolescentes

53

beberam. Já entre os meninos, a chance é maior (OR = 4,85) para aqueles que

ingeriram a primeira dose de bebida com menos de 13 anos (Tabela 2).

Tabela 1.Consumo de álcool e situações de violência entre os adolescentes participantes do estudo estratificadas por sexo. Olinda, 2014.

(n = 1057) Total (%) Masculino %)

Feminino (%)

Valor de p

Consumo de Álcool

Consumo atual de

álcool

30,6 30,2 30,9 0,825

Binge drinking 23,9 23,1 24,5 0,598

Idade do 1º consumo 0,448

Antes dos 13 anos 17,8 18,3 17,4

Após os 13 anos 45,3 18,3 17,4

Situações de Violência

Porte de arma nos

últimos 30 dias

6,02 9,7 3,02 <0,001

Envolvimento em Luta

corporal

23,8 31,4 17,2 <0,001

Envolvimento em luta

corporal com injúria

séria

3,3 4,7 2,1 0,022

Teste Qui-quadrado de Pearson

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54

Tabela 2. Regressão logística binária das variáveis associadas ao porte de arma nos últimos 30 dias, estratificado por sexo.

VARIÁVEIS

PORTE DE ARMA

Modelo bruto Modelo Ajustado *

FEMININO MASCULINO FEMININO MASCULINO

OR (95% I.C) p OR (95% I.C) p OR (95% I.C) p OR (95% I.C) p

Idade que iniciou o consumo de bebida

Nunca consumiu 1 1 1 1

Mais de 12 anos 6,00 (1,34-26,89) 0,019 2,16 (0,94-4,97) 0,071 5,56 (1,19-26,00) 0,029 1,94 (0,67-5,63) 0,222

Até 12 anos 3,41 (0,56-20,74) 0,183 4,77 (1,97-11,56) 0,001 2,09 (0,28-15,32) 0,469 4,85 (1,60-14,75) 0,005

Consumo atual de álcool

Nenhum dia 1 0,002

1 <0,001

1 0,023

1 0,026

1 ou mais dias 4,72 (1,74-12,78) 3,40 (1,85-6,25) 3,48 (1,19-10,18) 2,38 (1,11-5,11)

Hábito de beber em binge

Nenhum dia 1 0,004

1 <0,001

1 0,022

1 0,005

1 ou mais dias 4,06 (1,57-10,51) 3,94 (2,14-7,27) 3,45 (1,20-9,91) 3,02 (1,39-6,56)

* Modelo Ajustado por idade e escolaridade materna

A Tabela 3 nos traz as variáveis associadas ao envolvimento em brigas.

Meninas que começaram a beber antes dos 12 anos de idade tem quase a

mesma chance (OR = 2,3) de se envolverem em brigas do que meninas que

começaram a beber depois dos 12 anos de idade (OR=2,4), quando

comparadas as que nunca beberam. Para os meninos, a chance de se envolver

em briga é maior para aqueles que começaram a ingerir bebida alcoólica antes

dos 13 anos de idade (OR=3,6).

A chance das meninas que consumiram bebida alcoólica nos últimos 30

dias de se envolverem em brigas foi 3,3 vezes maior do que para as meninas

que não beberam. Essa chance foi um pouco menor para os meninos, sendo

de 2,6. Já as meninas que beberam em binge, apresentaram 4 vezes mais

chances de se envolverem em brigas, enquanto os meninos apresentaram 3

vezes mais em relação aos que não beberam.

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55

Tabela 3.Regressão logística binária das variáveis associadas ao envolvimento em briga, estratificado por sexo.

VARIÁVEIS

ENVOLVIMENTO EM BRIGA

REGRESSÃO BRUTA REGRESSÃO AJUSTADA

FEMININO MASCULINO FEMININO MASCULINO

OR (95% I.C) p OR (95% I.C) p OR (95% I.C) p OR (95% I.C) p

Idade que iniciou o consumo de bebida

Nunca consumiu 1 1 1 1

Mais de 12 anos 2,05 (1,22-2,43) 0,007 1,75 (1,11-2,77) 0,016 2,28 (1,24-4,22) 0,008 1,88 (1,07-3,30) 0,027

Até 12 anos 1,98 (1,04-3,77) 0,038 3,39 (1,92-5,79) <0,001 2,37 (1,14-4,95) 0,021 3,57 (1,84-6,91) <0,001

Consumo atual de álcool

Nenhum dia 1 <0,001

1 <0,001

1 <0,001

1 <0,001

1 ou mais dias 3,44 (2,20-5,40) 2,94 (1,96-4,41) 3,32 (1,98-5,56) 2,64 (1,63-4,25)

Hábito de beber em binge

Nenhum dia 1 <0,001

1 <0,001

1 <0,001

1 <0,001

1 ou mais dias 3,67 (2,32-5,80 3,21 (2,08-4,95) 4,05 (2,40-6,81) 3,17 (1,89-5,33)

* Modelo Ajustado por idade e escolaridade materna

Para o envolvimento em briga com necessidade de atendimento médico,

meninas que começaram a beber até os 12 anos de idade possuem

aproximadamente 11 vezes mais chances de se envolverem em brigas e

precisarem de atendimento médico do que as meninas que nunca beberam.

Para os meninos, a associação encontrada no teste Qui-quadrado foi perdida

após o cálculo da regressão.

Em relação ao envolvimento em brigas com necessidade de atendimento

médico, as meninas apresentaram os maiores valores para OR. Meninas que

consumiram álcool nos últimos 30 dias tem aproximadamente 8 vezes mais

chances de se envolverem em brigas em que se faz necessário o atendimento

médico do que aquelas que não consumiram. Para o hábito de beber em binge,

as meninas possuem mais chances de se envolverem em brigas com

necessidade de tratamento médico (OR=10,8) do que os meninos (OR=4,13),

em relação aos adolescentes que não beberam em binge (Tabela 4).

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56

Tabela 44. Regressão logística binária das variáveis associadas ao envolvimento em briga com necessidade

de atendimento médico, estratificado por sexo.

VARIÁVEIS

ENVOLVIMENTO EM BRIGA COM NECESSIDADE DE ATENDIMENTO MÉDICO

REGRESSÃO BRUTA REGRESSÃO BRUTA

FEMININO MASCULINO FEMININO MASCULINO

OR (95% I.C) P OR (95% I.C) P OR (95% I.C) P OR (95% I.C) P

Idade que iniciou o consumo de bebida

Nunca consumiu álcool

1 1 1 1

Com mais 12 anos 4,46 (0,52-38,50) 0,174 2,69 (0,87-8,33) 0,086 2,56 (0,26-24,94) 0,420 2,00 (0,52-7,72) 0,314

Até 12 anos 14,09 (1,67-118,66) 0,015 2,46 (0,64-9,38) 0,189 11,18 (1,28-97,66) 0,029 2,99 (0,64-14,05) 0,166

Consumo atual de álcool

Nenhum dia 1 0,013

1 0,01

1 0,009

1 0,118

1 ou mais dias 4,67 (1,39-15,71) 3,18 (1,36-7,43) 8,39 (1,71-41,27) 2,26 (0,81-6,29)

Hábito de beber em binge

Nenhum dia 1 0,003

1 <0,001

1 0,003

1 0,007

1 ou mais dias 6,51 (1,93-21,97) 4,74 (2,02-11,12) 10,78 (2,20-52,89) 4,13 (1,47-11,62)

* Modelo Ajustado por idade e escolaridade materna

6.2.5 Discussão

A prevalência do consumo de álcool entre adolescentes brasileiros se

mostra bastante elevada e associada significativamente à violência física.

Meninos e meninas compartilham perfis semelhantes de fatores de risco para

o consumo de bebidas alcoólicas e envolvimento em situações de violência.

O porte de arma pode ser considerado um indicador da violência visto

que o homicídio é uma das principais causas de mortalidade na população

adolescente3. No geral, a prevalência de porte de armas na população

adolescente pode variar entre 5% e 34% e os meninos apresentam cerca de 3

vezes mais chances de portarem armas do que as meninas. O consumo de

álcool foi considerado um fator de risco para o porte de armas e no presente

estudo, para ambos os sexos, o consumo de álcool esteve associado ao porte

de armas6

O envolvimento em briga está associado aos três padrões de consumo

de álcool adotados por esse estudo, para ambos os sexos e

independentemente da idade e da escolaridade materna. O primeiro padrão é

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57

a idade em que o adolescente consumiu a primeira dose de bebida alcoólica.

Segundo o I Levantamento Nacional sobre os padrões de consumo de álcool,

os adolescentes estão iniciando seu consumo de álcool cada vez mais cedo e

de forma regular7. Para as meninas, as chances de se envolverem em brigas

são semelhantes para as duas faixas etárias de início de consumo de álcool.

Já para os meninos os que consumiram álcool pela primeira vez antes dos 12

anos tem mais chances de se envolverem em brigas do que os que começaram

a beber após os 12 anos, o que já pode ser um reflexo desse consumo regular

precoce, uma vez que é um fator de risco atuando no comportamento dos

adolescentes cada vez mais cedo7

Os adolescentes brasileiros que beberam nos últimos 30 dias tinham

mais chances de se envolverem em brigas do que aqueles que não beberam.

Esse resultado também foi encontrado para adolescentes argentinos, norte-

americanos, ingleses, malaios, filipinos e tailandeses 8–13. Isso demonstra um

pouco do dimensionamento global do álcool como fator de risco para a

violência. Para a análise segundo o sexo, no Brasil as chances foram

semelhantes para meninas e meninos, consoante com os adolescentes

argentinos (OR Meninos = 2,32; OR Meninas = 2,35). Já para os adolescentes

filipinos, a chance para os meninos é maior (OR meninos = 2,22; OR meninas

= 1,82) 11,14.

Quando a quantidade de álcool ingerida aumentou, observamos que as

chances de se envolverem em brigas também aumentaram, tanto para as

meninas como para os meninos, como demonstram os resultados encontrados

para a variável relacionada ao binge drinking. Além da consequência

relacionada à violência, o binge drinking é um padrão de consumo que constitui

uma trajetória de alto risco e que pode acabar resultando em problemas

associados ao abuso de álcool, dependência alcoólica e até mesmo levar à

morte15.

Um reflexo das consequências do consumo de álcool pode ser visto nos

serviços de saúde. A faixa etária entre 10 e 19 anos está entre as mais

prevalentes nos atendimentos de emergência por violência notificados no

Sistema de Serviços Sentinelas de Vigilância de Violências e Acidentes (Viva)2.

No presente estudo, as meninas que consumiram álcool tiveram maiores

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58

chances de se envolverem em brigas com necessidade de tratamento médico.

Entre os meninos, essa associação foi significativa apenas para o binge

drinking, demonstrando que, para eles, a quantidade de álcool ingerida pode

ser um fator agravante da situação. O estudo de Manickam et al não fez a

análise estratificada por sexo e encontrou que adolescentes que consumiram

álcool tem 23% de chance a mais de se envolverem em brigas com injúrias

mais sérias do que os que não beberam. Já estudos com adolescentes

tailandeses e americanos não encontraram associação entre essas

variáveis8,9,12.

6.2.6 Conclusão

Existe associação entre o consumo de bebidas alcóolicas pelos

adolescentes e o envolvimento em situação de violência, onde o álcool é um

fator de risco importante para os sexos masculino e feminino. A frequência do

consumo de álcool foi maior entre as meninas e a prevalência do envolvimento

em situações de violência foi maior entre os meninos. Independentemente da

idade e da escolaridade materna, as razões de chances foram semelhantes

entre os sexos com exceção à variável relacionada ao envolvimento em brigas

com necessidade de atendimento médico, onde para os meninos só houve

associação com o binge drinking. Estas informações são importantes para o

desenvolvimento e a implementação de políticas públicas que possam abordar

esses comportamentos de risco de forma associada.

A frequência do consumo de álcool por adolescentes é fator de risco

importante para o envolvimento em situação de violência, independentemente

do sexo, da idade e da escolaridade materna, com exceção à variável

relacionada ao envolvimento em brigas com necessidade de atendimento

médico, que para os meninos só houve associação com o binge drinking. Estas

informações são importantes para o desenvolvimento e a implementação de

políticas públicas que possam abordar esses comportamentos de risco de

forma associada.

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59

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61

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste estudo comprovou-se a associação entre o consumo de bebidas

alcoólicas e o envolvimento em violência física. Independente da escolaridade

materna e da idade os adolescentes expostos ao álcool possuem um risco

aumentado de se envolverem em condutas violentas.

Embora uma atenção especial seja corretamente direcionada aos

adolescentes do sexo masculino em virtude da alta prevalência no Brasil e no

mundo, o resultado do presente estudo demonstra que as meninas também

estão vulneráveis à violência e a condutas de risco como ingestão de bebida

alcoólica.

Ressalta-se ainda a necessidade de políticas públicas direcionadas à

população adolescente e para isso novas pesquisas são necessárias.

Diferentes delineamentos e variáveis de controle e amostras de escolares

provenientes de escolas públicas e privadas, podem trazer um retrato mais fiel

das condutas de risco envolvendo adolescentes e podem auxiliar no processo

de elaboração dessas políticas.

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67

9. ANEXOS

ANEXO A – PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA COM

SERES HUMANOS

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68

ANEXO B – CARTA DE ANUÊNCIA DA GERENCIA REGIONAL DE

EDUCAÇÃO – METROPOLITANA NORTE

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69

ANEXO C – QUESTIONÁRIO YOUTH RISK BEHAVIOR SURVEY (YRBS)

BRASIL E PeNSE (módulos saúde bucal e uso dos serviços de saúde)

Youth Risk Behavior Survey (YRBS) BRASIL

Este questionário é sobre os comportamentos para a saúde. Está sendo aplicado para investigar os comportamentos que podem afetar a sua saúde. As informações que você nos apresentar deverão ser utilizadas para formular a educação para a saúde de jovens como você. Não escreva seu nome em qualquer parte deste questionário. As respostas que você nos der deverão ser mantidas em total sigilo. Ninguém deverá saber o que você respondeu. Nenhum nome deverá ser revelado. As respostas das questões deverão ser baseadas no que você realmente faz. As respostas das questões não deverão afetar o seu desempenho na escola. Leia com atenção cada questão. Não deixe questões em branco, sem preenchimento. Quando você terminar de responder todas as questões, entregue o questionário ao aplicador e siga as instruções dele. Não preencha as questões 3 e 4 sobre altura e peso. No final do preenchimento do questionário os pesquisadores irão medir sua altura e verificar seu peso na balança.

Muito obrigado pela sua ajuda.

Assinale um X em apenas um dos itens das questões abaixo

Qual a sua religião?(A)Católica (B)Evangélica (C)Espírita (D)Afro-brasileira

(E)Nenhuma (F)Outra

Qual seu estado conjugal?(A)Solteiro (B)Casado (C)União estável (D)Separado

(E)Viúvo

Possui filhos? (A)Sim (B)Não

Grau de instrução

(escolaridade) dos pais (Assinale UM X no item

correspondente da coluna mãe e

outro X no item da coluna pai)

MÃE PAI

Soma do rendimento familiar

mensal em SM

SM = salário mínimo (Assinale UM X no item correspondente

da coluna SM)

SM

Analfabeto ou Fundamental

incompleto

Até 1 SM (até R$724,00)

Fundamental completo Mais de 1 a 2 SM (entre

R$725,00 – R$1.448,00)

Médio incompleto Mais de 2 a 3 SM (entre

R$1.448,00 – R$2.172,00)

Médio completo ou Superior

incompleto

Mais de 3 a 5 SM (entre

R$2.173,00 – R$3.620,00)

Superior Completo Mais de 5 SM ( mais de

R$3.621,00)

Não sei informar Não sei informar

1 – Qual é a sua idade?

(A) 12 anos ou menos

(B) 13 anos

(C) 14 anos

(D) 15 anos

(E) 16 anos

(F) 17 anos

(G) 18 anos ou mais

2 – Qual é o seu sexo?

(A) Feminino (B) Masculino

3 – Quanto você tem de altura (m)?

_____________

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70

4 – Quanto você pesa (peso corporal – kg)?

_________

5 – Em que série/ano você estuda?

(A) 7º ano do ensino fundamental

(B) 8º ano do ensino fundamental

(C) 9º ano/8ª série do ensino fundamental

(D) 1º ano do ensino médio

(E) 2º ano do ensino médio

(F) 3º ano do ensino médio

6 – Como você identifica sua etnia / cor?

(A) Branca

(B) Preta

(C) Parda

(D) Amarela

(E) Indígena

As próximas 4 questões referem-se a segurança pessoal.

7 – Quando você andou de motocicleta nos

últimos 12 meses, com que frequência você

usou capacete?

(A)Eu não andei de motocicleta nos

últimos 12 meses

(B)Nunca usei capacete

(C)Raramente usei capacete

(D)Algumas vezes usei capacete

(E)Na maioria das vezes usei capacete

(F)Sempre usei capacete

8 – Com que frequência você usa cinto de

segurança quando está em um carro dirigido

por outra pessoa?

(A) Nunca (D) A maioria das

vezes

(B) Raramente (E) Sempre

(C) Algumas vezes

9 – Durante os últimos 30 dias, quantas

vezes você andou em um carro ou outro

veículo dirigido por outra pessoa que tinha

ingerido bebida alcoólica?

(A) Nenhuma vez (D) 4 ou 5

vezes

(B) 1 vez (E) 6 ou mais

vezes

(C) 2 ou 3 vezes

10– Durante os últimos 30 dias, quantas

vezes você dirigiu um carro ou outro

veículo quando você tinha ingerido bebida

alcoólica?

(A) Nenhuma vez (D) 4 ou 5

vezes

(B) 1 vez (E) 6 ou mais

vezes

(C) 2 ou 3 vezes

As próximas 11 questões referem-se aos comportamentos relacionados à violência.

11 – Durante os últimos 30 dias, em

quantos dias você carregou uma arma,

como faca, revólver ou cassetete?

(A) Nenhum dia (D) 4 ou 5 dias

(B) 1 dia (E) 6 ou mais dias

(C) 2 ou 3 dias

12 – Durante os últimos 30 dias, em

quantos dias você carregou um revólver?

(A) Nenhum dia (D) 4 ou 5 dias

(B) 1 dia (E) 6 ou mais dias

(C) 2 ou 3 dias

13 – Durante os últimos 30 dias, em

quantos dias você carregou uma arma,

como faca, revólver ou cassetete, na

escola?

(A) Nenhum dia (D) 4 ou 5 dias

(B) 1 dia (E) 6 ou mais dias

(C) 2 ou 3 dias

14 – Durante os últimos 30 dias, em

quantos dias você não foi à escola porque

você não se sentiu seguro na escola ou no

caminho para a escola?

(A) Nenhum dia (D) 4 ou 5 dias

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71

(B) 1 dia (E) 6 ou mais dias

(C) 2 ou 3 dias

15 – Durante os últimos 12 meses, quantas

vezes você foi ameaçado ou agredido com

uma arma, como faca, revólver ou cassetete,

na escola?

(A) Nenhuma vez (E) 6 ou 7 vezes

(B) 1 vez (F) 8 ou 9 vezes

(C) 2 ou 3 vezes (G) 10 ou 11

vezes

(D) 4 ou 5 vezes (H) 12 ou mais

vezes

16 – Durante os últimos 12 meses, quantas

vezes você foi roubado ou teve algo de sua

propriedade danificado de propósito, como

carro, motocicleta, bicicleta, patins, skate,

roupas, tênis, livros, relógios, celular, cd,

mp4, etc., na escola?

(A) Nenhuma vez (E) 6 ou 7 vezes

(B) 1 vez (F) 8 ou 9 vezes

(C) 2 ou 3 vezes (G) 10 ou 11

vezes

(D) 4 ou 5 vezes (H) 12 ou mais

vezes

17 – Durante os últimos 12 meses, quantas

vezes você se envolveu em uma luta

corporal?

(A) Nenhuma vez (E) 6 ou 7 vezes

(B) 1 vez (F) 8 ou 9 vezes

(C) 2 ou 3 vezes (G) 10 ou 11

vezes

(D) 4 ou 5 vezes (H) 12 ou mais

vezes

18 – Durante os últimos 12 meses, quantas

vezes você se envolveu em luta corporal na

qual você se machucou e teve que receber

cuidados de médico ou enfermeiro?

(A) Nenhuma vez (D) 4 ou 5 vezes

(B) 1 vez (E) 6 ou mais

vezes

(C) 2 ou 3 vezes

19 – Durante os últimos 12 meses, quantas

vezes você se envolveu em uma luta

corporal, na escola?

(A) Nenhuma vez (E) 6 ou 7 vezes

(B) 1 vez (F) 8 ou 9 vezes

(C) 2 ou 3 vezes (G) 10 ou 11

vezes

(D) 4 ou 5 vezes (H) 12 ou mais

vezes

20 – Durante os últimos 12 meses, seu

namorado ou namorada lhe agrediu

fisicamente com tapas, socos ou pontapés?

(A) Não tenho namorado(a)

(B) Sim

(C) Não

21 – Você tem sido forçado (a) fisicamente

a ter relação sexual quando você não quer?

(A) Sim (B) Não

As próximas 5 questões referem-se aos sentimentos de tristeza e intenção de suicídio

22 – Durante os últimos 12 meses, você

sentiu-se excessivamente triste ou sem

esperanças em quase todos os dias de um

período de 2 ou mais semanas, levando você

a interromper suas atividades normais?

(A) Sim (B) Não

23 – Durante os últimos 12 meses, você em

algum momento pensou seriamente em

cometer suicídio (se matar)?

(A) Sim (B)Não

24– Durante os últimos 12 meses, você já

planejou como cometer um suicídio?

(A) Sim (B) Não

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72

25 – Durante os últimos 12 meses, quantas

vezes você efetivamente tentou suicídio?

(A) Nenhuma vez (D) 4 ou 5 vezes

(B) 1 vez (E) 6 ou mais

vezes

(C) 2 ou 3 vezes

26 – Se você tentou suicídio durante os

últimos 12 meses, esta tentativa

resultou em alguma lesão,

envenenamento, ou overdose que teve

que ser tratada por um médico ou

enfermeiro?

(A) Eu não tentei suicídio durante os

últimos 12 meses

(B)Sim

(C)Não

As próximas 11 questões referem-se ao uso de tabaco.

27 – Você já tentou fumar cigarro, até uma

ou duas tragadas?

(A) Sim (B) Não

28 – Que idade você tinha quando fumou

um cigarro inteiro pela primeira vez?

(A) Eu nunca fumei um cigarro inteiro

(B) 8 anos ou menos

(C) 9 ou 10 anos

(D) 11 ou 12 anos

(E) 13 ou 14 anos

(F) 15 ou 16 anos

(G)17 anos ou mais

29 – Durante os últimos 30 dias, em

quantos dias você fumou cigarros?

(A) Nenhum dia (E) 10 a 19

dias

(B) 1 ou 2 dias (F) 20 a 29

dias

(C) 3 a 5 dias (G) Todos os

dias

(D) 6 a 9 dias

30 – Durante os últimos 30 dias, nos dias

em que fumou, quantos cigarros você

fumou por dia?

(A) Eu não fumei cigarros durante os

últimos 30 dias

(B) Menos que 1 cigarro por dia

(C) 1 cigarro por dia

(D) 2 a 5 cigarros por dia

(E) 6 a 10 cigarros por dia

(F) 11 a 20 cigarros por dia

(G) Mais que 20 cigarros por dia

31 – Durante os últimos 30 dias, na maioria

das vezes, de que maneira você obteve os

cigarros que fumou? (Selecione somente

uma resposta).

(A) Eu não fumei cigarros nos últimos 30

dias

(B) Eu comprei em loja de conveniência,

bar, supermercado ou posto de gasolina

(C) Eu comprei em máquinas que vendem

cigarros

(D) Eu dei dinheiro para alguém comprar

para mim

(E) Eu emprestei cigarros de alguém

próximo a mim

(F) Uma pessoa com 18 anos ou mais deu

o cigarro para mim

(G) Eu peguei em casa com alguém da

minha família

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73

(H) Eu consegui de outra maneira

32 – Durante os últimos 30 dias, em

quantos dias você fumou cigarros na

escola?

(A) Nenhum dia (E) 10 a 19

dias

(B) 1 ou 2 dias (F) 20 a 29

dias

(C) 3 a 5 dias (G) Todos os

dias

(D) 6 a 9 dias

33 – Você tem fumado cigarros

diariamente, isto é, pelo menos 1 cigarro a

cada dia por 30 dias?

(A) Sim (B) Não

34 – Durante os últimos 12 meses, você

tentou parar de fumar cigarros? (Selecione

apenas uma resposta) (A) Eu não fumei durante os últimos 12

meses

(B) Sim

(C) Não

35 – Durante os últimos 30 dias, em

quantos dias você mastigou fumo, fumou

cachimbo ou fumo de corda?

(A) Nenhum dia (E) 10 a 19

dias

(B) 1 ou 2 dias (F) 20 a 29

dias

(C) 3 a 5 dias (G) Todos os

dias

(D) 6 a 9 dias

36 – Durante os últimos 30 dias, em

quantos dias você mastigou fumo, fumou

cachimbo ou fumo de corda na escola?

(A) Nenhum dia (E) 10 a 19

dias

(B) 1 ou 2 dias (F) 20 a 29

dias

(C) 3 a 5 dias (G) Todos os

dias

(D) 6 a 9 dias

37 – Durante os últimos 30 dias, em

quantos dias você fumou pequenos

cigarros?

(A) Nenhum dia (E) 10 a 19

dias

(B) 1 ou 2 dias (F) 20 a 29

dias

(C) 3 a 5 dias (G) Todos os

dias

(D) 6 a 9 dias

As próximas 6 questões referem-se ao consumo de bebidas alcoólicas. Isto inclui bebidas

como cerveja, vinho, pinga, cachaça, champagne, conhaque, licor, rum, gim, vodka ou

uísque.

Considerar como dose: Cerveja - meia garrafa ou 1 lata. Vinho, champagne - 1 cálice

(90ml). Bebidas destiladas (cachaça, uísque, licor, vodka, etc): 1 dose (30ml).

38 – Durante sua vida, em quantos dias

você bebeu pelo menos uma dose de bebida

alcoólica?

(A) Nenhum dia (E) 20 a 39

dias

(B) 1 ou 2 dias (F) 40 a 99

dias

(C) 3 a 9 dias (G) 100 ou

mais dias

(D) 10 a 19 dias

39 – Que idade você tinha quando tomou a

primeira dose de bebida alcoólica?

(A) Eu nunca tomei uma dose de bebida

alcoólica

(B) 8 anos ou menos

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(C) 9 ou 10 anos

(D) 11 ou 12 anos

(E) 13 ou 14 anos

(F) 15 ou 16 anos

(G) 17 anos ou mais

40 – Durante os últimos 30 dias, em

quantos dias você tomou pelo menos uma

dose de bebida alcoólica?

(A) Nenhum dia (E) 10 a 19

dias

(B) 1 ou 2 dias (F) 20 a 29

dias

(C) 3 a 5 dias (G) Todos os

30 dias

(D) 6 a 9 dias

41 – Durante os últimos 30 dias, em

quantos dias você tomou 5 ou mais doses

de bebida alcoólica em uma mesma

ocasião?

(A) Nenhum dia (E) 6 a 9 dias

(B) 1 dia (F) 10 a 19

dias

(C) 2 dias (G) 20 dias

ou mais

(D) 3 a 5 dias

42 – Durante os últimos 30 dias, na maioria

das vezes, de que maneira você obteve a

bebida alcoólica que tomou? (Selecionar

apenas uma resposta)

(A) Eu não tomei bebida alcoólica nos

últimos 30 dias

(B) Eu comprei em uma loja de

conveniência, supermercado, ou posto de

gasolina

(C) Eu comprei em um restaurante, bar ou

clube

(D) Eu comprei em um evento público,

como festas, shows ou evento esportivo

(E) Eu dei dinheiro para alguém comprar

para mim

(F) Alguém me deu

(G) Eu peguei em casa com alguém da

minha família

(H) Eu consegui de outra maneira

43 – Durante os últimos 30 dias, em

quantos dias você tomou pelo menos uma

dose de bebida alcoólica na escola?

(A) Nenhum dia (E) 10 a 19

dias

(B) 1 ou 2 dias (F) 20 a 29

dias

(C) 3 a 5 dias (G) Todos os

30 dias

(D) 6 a 9 dias

As próximas 4 questões referem-se ao uso de maconha.

44 – Durante sua vida, quantas vezes você

usou maconha?

(A) Nenhum dia (E) 20 a 39

dias

(B) 1 ou 2 dias (F) 40 a 99

dias

(C) 3 a 9 dias (G) 100 ou

mais dias

(D) 10 a 19 dias

45 – Que idade você tinha quando usou

maconha pela primeira vez?

(A) Eu nunca fumei maconha

(B) 8 anos ou menos

(C) 9 ou 10 anos

(D) 11 ou 12 anos

(E) 13 ou 14 anos

(F) 15 ou 16 anos

(G) 17 anos ou mais

46 – Durante os últimos 30 dias, quantas

vezes você usou maconha?

(A) Nenhuma vez (D) 10 a 19

vezes

(B) 1 ou 2 vezes (E) 20 a 39

vezes

(C) 3 a 9 vezes (F) 40 vezes

ou mais

47 – Durante os últimos 30 dias, quantas

vezes você usou maconha na escola?

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1

(A) Nenhuma vez (D) 10 a 19

vezes

(B) 1 ou 2 vezes (E) 20 a 39

vezes

(C) 3 a 9 vezes (F) 40 vezes ou

mais

As próximas 9 questões referem-se ao uso de outras drogas.

48 – Durante sua vida, quantas vezes você

usou qualquer forma de cocaína, incluindo

pó, pedra ou pasta?

(A) Nenhuma vez (D) 10 a 19

vezes

(B) 1 ou 2 vezes (E) 20 a 39

vezes

(C) 3 a 9 vezes (F) 40 vezes ou

mais

49 – Durante os últimos 30 dias, quantas

vezes você usou qualquer forma de cocaína,

incluindo pó, pedra ou pasta?

(A) Nenhuma vez (D) 10 a 19

vezes

(B) 1 ou 2 vezes (E) 20 a 39

vezes

(C) 3 a 9 vezes (F) 40 vezes ou

mais

50 – Durante sua vida, em quantas vezes

você cheirou cola, respirou conteúdos de

spray aerossol (lança perfume), ou inalou

tinta ou spray que deixa “ligado”?

(A) Nenhuma vez (D) 10 a 19

vezes

(B) 1 ou 2 vezes (E) 20 a 39

vezes

(C) 3 a 9 vezes (F) 40 vezes ou

mais

51 – Durante sua vida, quantas vezes você

usou heroína?

(A) Nenhuma vez (D) 10 a 19

vezes

(B) 1 ou 2 vezes (E) 20 a 39

vezes

(C) 3 a 9 vezes (F) 40 vezes ou

mais

52 – Durante sua vida, quantas vezes você

usou crack?

(A) Nenhuma vez (D) 10 a 19

vezes

(B) 1 ou 2 vezes (E) 20 a 39

vezes

(C) 3 a 9 vezes (F) 40 vezes ou

mais

53 – Durante sua vida, quantas vezes você

usou êxtase (também chamada de “droga do

amor”)?

(A) Nenhuma vez (D) 10 a 19

vezes

(B) 1 ou 2 vezes (E) 20 a 39

vezes

(C) 3 a 9 vezes (F) 40 vezes ou

mais

54 – Durante sua vida, quantas vezes você

tomou anabolizantes (“bomba”) sem

prescrição médica?

(A) Nenhuma vez (D) 10 a 19

vezes

(B) 1 ou 2 vezes (E) 20 a 39

vezes

(C) 3 a 9 vezes (F) 40 vezes ou

mais

55 – Durante sua vida, quantas vezes você

usou uma agulha para injetar qualquer

droga ilegal em seu corpo?

(A) Nenhuma vez (C) 2 ou mais

vezes

(B) 1 vez

56 – Durante os últimos 12 meses, alguém

ofereceu, vendeu ou deu de graça alguma

droga ilegal para você na escola?

(A) Sim (B) Não

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2

As próximas 8 questões referem-se ao comportamento sexual.

57 – Você já teve relacionamento sexual?

(A) Sim (B) Não

58 – Durante sua vida, qual foi o sexo do

parceiro que você teve alguma relação

sexual?

(A) Não tive relação sexual

(B) Homem

(C) Mulher

(D) Homem e mulher

59 – Que idade você tinha quando teve uma

relação sexual pela primeira vez?

(A) Eu nunca tive uma relação sexual

(B) 11 anos ou menos

(C) 12 anos

(D) 13 anos

(E) 14 anos

(F) 15 anos

(G) 16 anos

(H) 17 anos ou mais

60 – Durante sua vida, com quantas

pessoas diferentes você teve alguma relação

sexual?

(A) Eu nunca tive relação sexual

(B) 1 pessoa

(C) 2 pessoas

(D) 3 pessoas

(E) 4 pessoas

(F) 5 pessoas

(G) 6 ou mais pessoas

61 – Durante os últimos 3 meses, com

quantas pessoas diferentes você teve

relação sexual?

(A) Eu nunca tive relação sexual

(B) Eu já tive relação sexual, mas não

durante os últimos 3 meses

(C) 1 pessoa

(D) 2 pessoas

(E) 3 pessoas

(F) 4 pessoas

(G) 5 pessoas

(H) 6 ou mais pessoas

62 – Você tomou algum tipo de bebida

alcoólica ou usou droga antes de ter relação

sexual na última vez?

(A) Eu nunca tive relação sexual

(B) Sim

(C) Não

63 – Na última vez que você teve relação

sexual, você ou seu parceiro usou

preservativo (camisinha)?

(A) Eu nunca tive relação sexual

(B) Sim

(C) Não

64 – Na última vez que você teve relação

sexual, qual método você ou seu

parceiro/parceira usou para evitar gravidez?

(Selecione somente uma resposta). (A) Eu nunca tive relação sexual

(B) Nenhum método foi usado para evitar

gravidez

(C) Pílula anticoncepcional

(D) Preservativo (camisinha)

(E) Anticoncepcional injetável

(F) Coito interrompido (“tira na hora H”)

(G) Algum outro método

(H) Anticoncepcional e preservativo

(camisinha)

As próximas 7 questões referem-se ao seu peso corporal.

65 – Como você descreve o seu peso

corporal?

(A) Muito abaixo do que eu espero

(B) Um pouco abaixo do que eu espero

(C) No peso que eu espero

(D) Um pouco acima do que eu espero

(E) Muito acima do que eu espero

66 – Você já tentou alguma iniciativa para

mudar o seu peso corporal? (Selecione

somente uma resposta). (A) Perder peso corporal

(B) Ganhar peso corporal

(C) Manter peso corporal

(D) Eu não tomei iniciativa para mudar o

meu peso corporal

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3

67 – Durante os últimos 30 dias, você fez

algum tipo de exercício físico para perder

peso corporal ou para não aumentar o seu

peso corporal?

(A)Sim (B)Não

68 – Durante os últimos 30 dias, você

comeu menos, cortou calorias ou evitou

alimentos gordurosos para perder peso

corporal ou para não aumentar o seu peso

corporal?

(A) Sim (B) Não

69 – Durante os últimos 30 dias, você ficou

sem comer por 24 horas ou mais para

perder peso corporal ou para não

aumentar o seu peso corporal?

(A) Sim (B) Não

70 – Durante os últimos 30 dias, você

tomou algum remédio, pó ou líquido, sem

indicação médica para perder peso

corporal ou para não aumentar o seu peso

corporal?

(A) Sim (B) Não

71 – Durante os últimos 30 dias, você

vomitou ou tomou laxantes para perder

peso corporal ou para não aumentar o seu

peso corporal?

(A) Sim (B) Não

As próximas 5 questões referem-se a atividade física.

72 – Durante os últimos 7 dias, em quantos

dias você foi ativo fisicamente por pelo

menos 60 minutos por dia? (Considere o

tempo que você gastou em qualquer tipo de

atividade física que aumentou sua

frequência cardíaca e fez com que sua

respiração ficasse mais rápida por algum

tempo).

(A) Nenhum dia (E) 4 dias

(B) 1 dia (F) 5 dias

(C) 2 dias (G) 6 dias

(D) 3 dias (H) 7 dias

73 – Em um dia que você vai para a escola,

quantas horas você assiste TV?

(A) Eu não assisto TV nos dias em que vou

para escola

(B) Menos que 1 hora por dia

(C) 1 hora por dia

(D) 2 horas por dia

(E) 3 horas por dia

(F) 4 horas por dia

(G) 5 ou mais horas por dia

74 – Em um dia que você vai para a escola,

quantas horas você joga videogame ou usa

o computador, tablet, smartphone para

alguma atividade que não seja trabalho

escolar? (incluir atividades como

PlayStation, games no computador e

Internet).

(A) Eu não jogo videogame ou uso o

computador que não seja para os trabalhos

escolares.

(B) Menos que 1 hora por dia

(C) 1 hora por dia

(D) 2 horas por dia

(E) 3 horas por dia

(F) 4 horas por dia

(G) 5 ou mais horas por dia

75 – Em uma semana que você vai à escola,

em quantos dias você tem aula de educação

física?

(A) Nenhum dia (D) 3 dias

(B) 1 dia (E) 4 dias

(C) 2 dias (F) 5 dias

76 – Durante os últimos 12 meses, em

quantas equipes de esporte você jogou?

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(incluir equipes da escola, do clube ou do

bairro).

(A) Nenhuma equipe (C) 2 equipes

(B) 1equipe (D) 3 ou mais

equipes

As próximas 10 questões referem-se a outros tópicos relacionados à saúde.

77 – Você tem recebido informações sobre

AIDS ou HIV na escola?

(A) Sim (C) Não sei

(B) Não

78 – Você tem recebido informações sobre

doenças sexualmente transmissíveis (DST)

na escola?

(A) Sim (C) Não sei

(B) Não

79 - Nos últimos 30 dias, quantas vezes por

dia você usualmente escovou os dentes?

(A) Não escovei meus dentes nos últimos 30

dias

(B) Uma vez por dia

(C) Duas vezes por dia

(D) Três vezes por dia

(E) Quatro ou mais vezes por dia

(F) Não escovei meus dentes diariamente

80 - Nos últimos 6 meses, você teve dor de

dente? (excluir dor de dente causada por

uso de aparelho)

(A) Sim

(B) Não

(C) Não sei / não me lembro

81 - Nos últimos 12 meses quantas vezes

você foi ao dentista?

(A) Nenhuma vez

(B) 1 vez

(C) 2 vezes

(D) 3 ou mais vezes

82 - Nos últimos 12 meses você procurou

algum serviço ou profissional de saúde para

atendimento relacionado à própria saúde?

(A) Sim

(B) Não

83 - Nos últimos 12 meses, quantas vezes

você procurou por algum Posto de Saúde

(Unidade Básica de Saúde)?

(A) Nenhuma vez (D) 6 a 9 vezes

(B) 1 ou 2 vezes (E) 10 ou mais

vezes

(C) 3 a 5 vezes

84- Você foi atendido, na última vez que

procurou algum Posto de Saúde (Unidade

Básica de Saúde), nos últimos 12 meses?

(A) Sim

(B) Não

(C) Eu não fui ao Posto de Saúde nos

últimos 12 mese

85 - Nos últimos 12 meses, qual serviço de

saúde você procurou mais

frequentemente?(Selecione somente uma

resposta). (A) Posto de Saúde (Unidade Básica de

Saúde)

(B) Consultório médico particular

(C) Consultório odontológico

(D) Consultório de outro profissional de

saúde (fonoaudiólogo, psicólogo, etc.)

(E) Serviço de especialidades médicas ou

Policlínica

(F) Pronto-socorro ou emergência

(G) Hospital

(H) Laboratório ou clínica para exames

complementares

(I) Serviço de atendimento domiciliar

(J) Farmácia

(K) Outro

ESTE É O FIM DO QUESTIONÁRIO,

MUITO OBRIGADO POR SUA

AJUDA

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