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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UPE FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PERNAMBUCO - FOP PROGRAMA DE MESTRADO EM HEBIATRIA HÍTALO ANDRADE DA SILVA Prevalência dos Sintomas de Ansiedade, Depressão e Estresse e sua Associação com Dor na Cintura Escapular e Região Cervical em Atletas Adolescentes CAMARAGIBE PE 2016

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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UPE

FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PERNAMBUCO - FOP

PROGRAMA DE MESTRADO EM HEBIATRIA

HÍTALO ANDRADE DA SILVA

Prevalência dos Sintomas de Ansiedade, Depressão e Estresse e sua

Associação com Dor na Cintura Escapular e Região Cervical em

Atletas Adolescentes

CAMARAGIBE – PE

2016

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HÍTALO ANDRADE DA SILVA

Prevalência dos Sintomas de Ansiedade, Depressão e Estresse e sua

Associação com Dor na Cintura Escapular e Região Cervical em

Atletas Adolescentes

CAMARAGIBE – PE

2016

Projeto apresentado ao Programa de Mestrado

em Hebiatria da Faculdade de Odontologia de

Pernambuco da Universidade de Pernambuco,

como requisito para defesa.

Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Cappato de

Araújo

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AGRADECIMENTOS

Os agradecimentos, sem dúvidas, são as partes mais importantes da dissertação

porque neles ficam refletidos que todo o processo do mestrado que levou dois anos e

resulta nesse material (que vai muito além dessas folhas de papel), não é possível sem a

contribuição, ajuda e auxilio de diversas pessoas para a sua concretização. Agradeço

muito a todas essas pessoas que tiveram cada uma, um papel indispensável e que não

vai ser com palavras que eu vou conseguir expressar toda a minha gratidão.

Agradeço a Deus que por intermédio da minha família me deu toda uma base e

que não mede esforços para que eu possa realizar as coisas que almejo, além de estarem

sempre torcendo por mim. Principalmente aos meus pais, Isabel e Cícero, que são meus

maiores exemplos e a quem eu sempre me espelho pra crescer em todos os sentidos da

vida. Ainda em especial a minha mãe que é meu orgulho e minha inspiração por ser

uma pessoa que faz tudo que pode pela família e amigos e que acredita que nunca é

tarde demais pra fazer as coisas que se acredita e tem vontade.

Agradeço a minha irmã Lorena que é minha parceira pra todos os momentos, é

quem faz mais coisas por mim do que pra ela mesma, e quem eu nunca preciso pedir

nada, porque antes mesmo de pensar em pedir ela já está fazendo. No primeiro ano do

mestrado que tive que morar sozinho, ela foi de extrema importância pra mim e sem a

paciência e a ajuda dela em me ensinar a fazer todas as tarefas domésticas como

cozinhar e limpar casa, as coisas não teriam sido fáceis. Te amo ―Nenena‖.

Ao meu orientador, professor Rodrigo Cappato, a quem desde a graduação

admirava por ser um dos melhores profissionais fisioterapeutas e um

professor/pesquisador completo e que sempre inspira todos os seus alunos a ser ao

menos um pouquinho do quão bom ele é no que faz. Por vários motivos, lá no início da

minha graduação, entre eles o meu nervosismo, não fui selecionado pra fazer iniciação

científica com o professor Rodrigo, e desde então nunca passou pela minha cabeça que

depois de muitos anos teria novamente essa oportunidade. Agradeço muito professor

pela paciência e por tudo que aprendi e evoluí nesses dois anos no que pretendo fazer

por muitos anos da minha vida e também o quanto ainda preciso melhorar.

Agradeço a professora Ana Carolina por toda colaboração e por ser uma

professora que no convívio do laboratório está sempre pronta para ajudar a todos, e

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principalmente porque sei que exerceu toda sua influência no professor Rodrigo para ele

ter me selecionado.

Agradeço a Valéria que exerceu nesses dois anos muito mais que o papel de uma

amiga-irmã, mas também de minha co-orientadora não oficial, e a quem todo mundo no

laboratório admira e quer está sempre perto para absorver a sua incrível capacidade e

desenvoltura para realizar tudo tão bem. Meu orgulho!!

Agradeço a todos os meus amigos feitos durante todo o mestrado e os que já

estão comigo desde sempre me apoiando, em especial a Aline, que também é minha

irmãzinha de coração e a quem eu posso sempre compartilhar todas as coisa boas da

vida, mas também os receios, as dúvidas e os medos que são imprevisíveis. Minha

parceira de ―apê‖, foi muito importante ter morado com você, valeu baby por tudo.

Agradeço ainda a Muana com quem eu compartilhei muitas novidades durante

principalmente o segundo ano do mestrado, aprendendo juntos a pelo menos ―tentar‖

orientar os alunos de iniciação científica, a preparar aulas, a fazer, aplicar e corrigir

provas, a fazer muito café pra manter o professor sempre feliz com a gente, enfim valeu

―Muananosa‖, você fez todo esse processo ficar mais legal e fácil.

Agradeço a todos os outros membros do LABSED, tanto os que estão aqui

sempre perto ―Biel‖, Mayra, Vinicius, Samara, Jéssica, Alaine, ―Ysla‖, ―Bina‖, ―Rafa‖,

―Pri‖, Michele, Fernanda e Ingrid, quanto os que por força maior não estão sempre

perto, mas que sempre estão prontamente a postos para ajudar em tudo que podem como

Natália e André. Agradeço a todos vocês, que provam o quanto um convívio frequente

possibilita sempre o enriquecimento do aprendizado.

Agradecer aos meus companheiros de turma da Hebiatria, ―Eli‖, ―Bruninha‖,

Fábio, Jamile e Amanda, a turma que não era nem a de 2014 e nem de 2015, mas deu

tudo certo, nos misturamos com todo mundo e foi mais enriquecedor ainda.

Agradecimento especial as duas amizades que foram muito importantes durante e minha

estadia em Recife, que foram ―Carolzinha‖ e ―Prima‖ (Marília), pessoas que eu sei que

sempre vou poder contar.

Agradeço a UPE e todos os professores do Programa de Pós-Graduação em

Hebiatria que compartilharam todos os seus conhecimentos e que contribuíram para o

meu aprendizado e me apresentaram pensamentos e ideais que vou levar durante todo o

meu processo de formação. Agradeço ainda a CAPES pelo importantíssimo auxilio

financeiro.

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Agradeço aos membros da banca, professora Marina e professora Ana Carolina

por aceitarem o convite e pelas importantes contribuições.

Por último e não menos importante agradeço aos professores e diretores que

permitiram o nosso acesso as escolas da cidade de Petrolina-PE e principalmente aos

adolescentes que interromperam seus treinos e tiveram paciência, possibilitando o

desenvolvimento dessa pesquisa.

Muito Obrigado!

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SUMÁRIO

1. CONTEXTUALIZAÇÃO ....................................................................................................7

2. REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................................9

3. OBJETIVO.........................................................................................................................14

3.1. OBJETIVO GERAL ........................................................................................................14

3.2. OBJETIVOS ESPECIFICOS .............................................................................................14

4. PROPOSTA DA ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ......................................................15

5. ARTIGO 01........................................................................................................................16

RESUMO .................................................................................................................................16

CONTEXTUALIZAÇÃO ..............................................................................................................17

MÉTODOS ...............................................................................................................................18

RESULTADOS ..........................................................................................................................21

DISCUSSÃO .............................................................................................................................28

CONCLUSÃO ...........................................................................................................................32

REFERÊNCIAS ..........................................................................................................................33

6. ARTIGO 02........................................................................................................................36

RESUMO .................................................................................................................................36

CONTEXTUALIZAÇÃO ..............................................................................................................37

MÉTODOS ...............................................................................................................................38

DISCUSSÃO .............................................................................................................................45

CONCLUSÃO ...........................................................................................................................49

REFERÊNCIAS ..........................................................................................................................50

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................53

8. REFERÊNCIAS (CONTEXTUALIZAÇÃO E REFERENCIAL TEÓRICO) ...................54

9. ANEXOS E APÊNDICES .................................................................................................57

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1. CONTEXTUALIZAÇÃO

A adolescência é constantemente tratada como um período saudável da vida, livre

das doenças infecto-contagiosas típicas da infância e das doenças crônicas associadas

aos idosos (SOUZA; SILVA-ABRÃO; OLIVEIRA-ALMEIDA, 2011). No entanto, a

adolescência não pode ser limitada a esse contexto, pois trata-se de um período de

acentuadas mudanças biológicas e hormonais, que proporcionam muitas vezes, dúvidas,

inquietações e mudanças de comportamento (BAPTISTA; BAPTISTA; DIAS, 2001).

Portanto, mais que uma faixa etária compreendida entre os 10 e os 19 anos (WORLD

HEALTH ORGANIZATION, 2014), a adolescência é uma fase marcada por

transformações físicas, psicológicas e sociais, que podem ser recebidas e percebidas de

diferentes formas (SOUZA; SILVA-ABRÃO; OLIVEIRA-ALMEIDA, 2011).

Os transtornos de humor podem se apresentar de diversas maneiras dependendo

da idade em que eles se manifestam. Na adolescência eles constituem um grupo de

condições clínicas caracterizadas pela perda do senso de controle e uma experiência

subjetiva de grande sofrimento (BAPTISTA; BAPTISTA; DIAS, 2001). Podendo-se

observar perda de energia e interesse; humor deprimido; diminuição do desejo em

realizar tarefas que antes causavam prazer; problemas relacionados ao sono; perda de

energia ou fadiga constante; dificuldade de concentração e diminuição na habilidade de

pensar, além de dificuldades em tomar decisões; perda de apetite; baixa auto-estima;

sentimentos de inutilidade ou culpa e pensamentos sobre morte e suicídio (ARGIMON

et al., 2013; BAPTISTA; BAPTISTA; DIAS, 2001).

A prevalência das desordens psicológicas entre as crianças e os adolescentes de

seis países da América Latina variou de 15 % a 20 % (DUARTE et al., 2003), mais

especificamente no Brasil, na cidade do Recife-PE a prevalência foi de 15,4% de

sintomas depressivos (DE ARAÚJO VERAS et al., 2016). A presença desses

transtornos como depressão, ansiedade e estresse na adolescência é uma questão de

alerta, pois muitos deles dão seu início justamente durante esta fase, podendo levar a

doenças mentais graves na idade adulta, especialmente se os jovens não recebem

tratamento devido (JOHNSON; TALIAFERRO, 2011).

A causa desses transtornos de humor é heterogênea e de diversidade clínica, e em

adolescentes ela se torna um desafio maior ainda. Vários fatores de risco interagem para

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aumentar os riscos dos adolescentes apresentarem esses distúrbios psicológicos

(THAPAR et al., 2012). É sabido que a dor é um dos principais fatores que podem

aumentar em até duas vezes as chances de a pessoa ter qualquer transtorno de humor

quando comparada com a população em geral (MCWILLIAMS; COX; ENNS, 2003).

Do mesmo modo, se observa que a depressão e a ansiedade co-ocorrem em pacientes

com transtornos de dor musculoesquelética (BAIR et al., 2008).

Várias teorias têm como objetivos explicar essa relação, apresentado uma

recíproca provável, a dor nociceptiva pode ser alterada por doenças afetivas, enquanto a

dor também pode induzir ou exacerbar um estado afetivo (KORFF; SIMON, 1996). Nos

adolescentes a dor musculoesquelética na cintura escapular e na região cervical estaria

mais associada a fatores psicossomáticos do que mesmo nociceptivos (VIKAT et al.,

2000), sendo verificada uma associação positiva com sintomas depressivos

(DIEPENMAAT et al., 2006; MYRTVEIT et al., 2014).

A dor na cintura escapular e região cervical é mais frequente nas pessoas que

constantemente fazem movimentos repetitivos e utilizam o membro superior nas suas

ocupações ou em atividades esportivas (BRUMITT, 2006). A participação crescente de

crianças e adolescentes em esportes (PATE et al., 2000) contribuiu para o aumento nos

riscos de lesões e consequentemente de dor (MONROE et al., 2011) nesses locais. Os

motivos variam entre à alta sobrecarga imposta, os treinamentos altamente

especializados e a intensa concorrência esportiva (CAINE; HARMER; SCHIFF, 2010).

Os estudos que propõe responder a existência ou não da associação dessa dor

musculoesquelética com sintomas de depressão, ansiedade e estresse nos adolescentes

são limitados quando abordam a população atleta nessa faixa etária.

Além disso, a qualidade metodológica dos estudos passa pela utilização de

ferramentas adequadas para a medição do que se propõe a medir. As principais formas

de se averiguar a real validade das ferramentas são realizando testes que assegurem o

seu uso (AARAST et al., 1996). No entanto, a maior parte dos estudos que se propõe

avaliar a versão reduzida da Escala de Ansiedade Depressão e Stress-21 (EADS-21)

predomina na população adulta, dificultando a extrapolação da eficiência dos itens da

escala em identificar os seus respectivos sintomas psicológicos nos adolescentes. Testar

a consistência interna, a validade de construto e a reprodutibilidade são formas de

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precisar a escala como ferramenta adequada para a população adolescente (AARAST et

al., 1996; SZABÓ, 2010; VIGNOLA; TUCCI, 2014).

Portanto o presente estudo propõe com essa lacuna verificar a validade e a

confiabilidade da EADS-21 e a relação entre a dor na cintura escapular e região cervical

com sintomas de ansiedade, depressão e estresse em adolescentes atletas que utilizam

no esporte o membro superior com maior ênfase.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. Sintomas Afetivos e a dor

As pessoas que apresentam dor crônica são duas vezes mais propensas a ter

qualquer transtorno de humor ou ansiedade em comparação com a população em geral

(MCWILLIAMS; COX; ENNS, 2003). Além disso, a depressão e a ansiedade co-

ocorrem em pacientes com transtornos de dor musculoesquelética (BAIR et al., 2008).

Revisões sistemáticas apontam que variáveis psicossociais, como depressão, estresse,

ansiedade e angústia estão significativamente associados com dor na região cervical e

nas costas e que esses fatores influenciam o aparecimento da dor e da transição de

aguda para crônica (LINTON, 2000; PINCUS et al., 2002).

Depressão e ansiedade não são apenas comuns em pacientes com dor

musculoesquelética, mas estão associadas também com o tratamento, com o número de

locais de dor, além da duração e da intensidade da dor (BAIR et al., 2008; PINCUS et

al., 2013). No estudo de Bair, et al. (2008) com 500 pacientes com dor

musculoesquelética crônica na região lombar, quadril e joelho, a presença de depressão

e ansiedade estava associada ao aumento da intensidade da dor. Os indivíduos com os

sintomas de depressão e ansiedade apresentaram maior intensidade de dor do que

aqueles com apenas a dor ou com dor e ansiedade ou com dor e depressão (BAIR et al.,

2008).

Além do impacto da depressão e ansiedade na gravidade da dor, os pacientes com

esses sintomas psicológicos também apresentaram maior comprometimento das

atividades de vida diária (BAIR et al., 2008) e pior status funcional (GEORGE et al.,

10

2011). Os sintomas depressivos foram associados com a redução funcional da região

cervical e lombar em pacientes com dor musculoesquelética crônica, enquanto que os

sintomas de ansiedade apresentaram relação como impacto negativo sobre a função

física em pacientes com dor crônica na região lombar, quadril e joelho (BAIR et al.,

2008).

No estudo de Christensen, et al. (2015), realizado com 766 pacientes com dor

lombar, foi observado uma associação significativa entre a dor e os transtornos de

ansiedade e depressão. Em um estudo no Irã com 14.384 funcionários de uma empresa

automobilística, a ansiedade foi associada com a prevalência de dor na cintura escapular

e região cervical nos homens (ALIPOUR et al., 2008). No estudo de Cotchett, et al.

(2015), foi apresentada uma associação significativa entre o estresse e a dor e a

disfunção de auto-relato no pé, sendo consistente com outros estudos que também

encontraram o estresse associado com a dor e a incapacidade em participantes com dor

musculoesquelética na região lombar e pélvica (BRAGE; SANDANGER; NYGÅRD,

2007; ULLRICH et al., 2005).

Vários fatores biológicos, cognitivos, comportamentais, sociais e ambientais são

propostos para explicar a ligação entre ansiedade, depressão, estresse e dor crônica

(BAIR et al., 2013). Esses fatores ajudam a explicar por que e como sintomas

psicológicos frequentemente coexistem e intensificam a experiência de dor em um

indivíduo (BAIR et al., 2013). Aqueles com ansiedade muitas vezes apresentam uma

maior preocupação com a doença, acreditam que sua dor é especialmente prejudicial, e

a interpretam mais negativamente do que pessoas sem ansiedade (ARNTZ;

DREESSEN; DE JONG, 1994; BAIR et al., 2013). Porém os transtornos de humor

podem apresentar características diferentes e se manifestar de diversas formas

dependendo da idade.

2.2. Sintomas Afetivos e a dor em adolescentes

A adolescência sendo uma fase de extrema importância do desenvolvimento

humano faz da presença de doenças como depressão, ansiedade e estresse neste período

da vida uma questão de muita preocupação. Porém os estudos que retratam a

interferência dos sintomas afetivos com a dor nas atividades sociais dos adolescentes

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são escassos, mesmo com as altas prevalências dessas desordens afetivas. Nos

adolescentes americanos as prevalências foram de 14,3% e 31,9% para depressão e

ansiedade respectivamente, e entre os adolescentes afetados, 50% dos distúrbios tiveram

seu início aos seis anos para os transtornos de ansiedade e 13 anos para os transtornos

de depressão (MERIKANGAS et al., 2010).

O estudo de Härmä, et al. (2002) apresentou associação entre os sintomas de

depressão e dor em uma amostra de adolescentes escolares de 14-16 anos. A prevalência

de depressão foi maior entre os adolescentes tanto do sexo feminino quanto do

masculino com sintomas de dor recorrente na cabeça, no estômago, na região lombar e

na cintura escapular. No estudo de Diepenmaat, et al. (2006) os sintomas depressivos e

de estresse foram associados com aumento na prevalência de dor na região lombar,

cervical e na cintura escapular. Em um estudo recente na Noruega, Myrtveit, at al.

(2014) realizaram a pesquisa com 8990 adolescentes entre 17 e 19 anos, no qual 20%

apresentaram queixas dolorosas na cintura escapular e região cervical, e esses mesmos

adolescentes também relatavam mais sintomas de depressão.

As queixas musculoesqueléticas podem ser associadas com psicopatologia pré-

existentes que contribuem para o seu desenvolvimento, ou, em alternativa, podem

ocorrer lesões levando a problemas emocionais subsequente. Independentemente da

ordem, o sofrimento psíquico está associado ao sofrimento musculoesquelético

(DEGEN et al., 2016). A partir dessas constatações as lesões musculoesqueléticas

possuem causa multifatorial e a prática de esporte é uma das principais formas entre os

adolescente de aumentar as chances de lesões (MAFFULLI et al., 2010).

2.3. Prática de esporte e dor em adolescente

A atividade física é muito importante para o bem-estar físico e emocional dos

adolescentes(MAFFULLI et al., 2010). Nos Estados Unidos a participação em esportes

tem aumentado nos últimos 15 a 20 anos na população jovem, com beneficio de auto-

estima, confiança, condicionamento físico, agilidade e força (MAFFULLI et al., 2010).

Além da taxa de crescimento constante da participação de atletas jovens nos Estados

Unidos, a prevalência da especialização em um único esporte também está se tornando

cada vez mais popular (HILL; ANDREWS, 2011; JAYANTHI et al., 2013). Estes

jovens atletas de um único esporte participam de competições durante todo o ano com

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períodos de descanso inexistentes entre as temporadas, que quando combinados à

imaturidade óssea e ao treinamento e condicionamento inadequado, levam a um

aumento das chances de lesões (HILL; ANDREWS, 2011).

A ausência de variedade esportiva associada com a especialização em um único

esporte pode estar associada ao estresse repetitivo e carga sobre o esqueleto crescente,

gerando assim a dor (DALTON, 1992) que é a principal queixa referida pelos atletas

(BURKHART; MORGAN; KIBLER, 2000). Portanto, o gesto motor e a localização

dessas lesões em cada esporte devem ser conhecidos pelos profissionais de saúde. Além

de levar em conta a idade biológica, física e psicológica dos participantes, e da completa

compreensão dos aspectos de cada esporte, incluindo duração, intensidade, frequência e

recuperação (MAFFULLI et al., 2010).

Nesta perspectiva, um estudo (EJNISMAN et al., 2001) conduzido com 119

atletas adolescentes e adultos que praticavam modalidades com exigência constante do

membro superior, tais como artes marciais, basquete, vôlei e handebol, realizou o

acompanhamento do momento da consulta com queixas na região da cintura escapular

até o retorno ou não ao esporte, e constataram que 72,3% desses atletas referiram como

principal sintoma a dor. Em outro estudo (MOHSENI-BANDPEI; BAGHERI-

NESAMI, 2007) realizado no Irã com atletas de modalidades como vôlei, remo,

handebol, basquete, luta e natação, a prevalência de dor na cintura escapular nos atletas

com menos de 20 anos foi de 37,2%.

A dor na cintura escapular em outros esportes como o beisebol, também são bem

representativas, como foi observado em um estudo (LYMAN et al., 2002) que

acompanhou 476 jogadores com idade entre nove e 14 anos ao longo de uma temporada

e descobriram que 50% de todos os jogadores sentiram dor na cintura escapular ou no

cotovelo em algum momento durante o ano. Apesar de a literatura referenciar o beisebol

como um dos principais causadores de lesões no membro superior (GRANTHAM et al.,

2015; HATTA et al., 2015; LEE et al., 2015), ele não é muito praticado no Brasil,

porém outras modalidades como o tênis, voleibol e handebol, por exemplo, necessitam

também de grande demanda biomecânica da cintura escapular e região cervical (SILVA,

2010) e possuem mais adesão dos brasileiros. No vôlei as lesões na cintura escapular

são responsáveis pelo maior tempo de afastamento em atletas de alto rendimento

(VERHAGEN, 2004), já em adolescentes, um estudo longitudinal com uma equipe de

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vôlei com idades variando de 14 a 17 anos apresentou frequência de queixas

osteomusculares referentes a região da cintura escapular em 52,2% (ANZA; DENIS;

SILVA, 2013).

Na natação, atletas de alto rendimento apresentaram uma prevalência de dor na

cintura escapular de 91% (SEIN et al., 2010), e, mais especificamente no Brasil um

estudo (VENÂNCIO; TACANI; DELIBERATO, 2012), com 71 atletas de natação,

observou-se que 74,6% apresentavam queixas dolorosas, sendo a região da cintura

escapular a principal acometida com 39,6% dos casos. No estudo de Tate, et al. (2012)

com população exclusiva de adolescentes com idade entre 8 e 14 anos que praticavam

natação, 18,6% a 22,6% deles apresentaram queixas dolorosas na cintura escapular. Em

outro estudo com 102 adolescente de 13 a 18 anos, 63% dos nadadores relataram usar

medicamentos para o alivio da dor na cintura escapular (HIBBERD; MYERS, 2013).

A identificação do perfil epidemiológico do adolescente praticante de esportes é

importante para que haja um maior conhecimento sobre a presença de dor nesses atletas

e verificar a sua relação com os sintomas afetivos a fim de ajudar na elaboração de

planos de tratamentos interdisciplinar e de métodos de prevenção, que podem contribuir

para diminuir a exposição dos atletas aos fatores de riscos.

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3. OBJETIVO

3.1. OBJETIVO GERAL

Determinar a prevalência dos sintomas de ansiedade, depressão e estresse e verificar

a sua associação com a dor na cintura escapular e região cervical em adolescentes

atletas amadores.

3.2. OBJETIVOS ESPECIFICOS

Identificar a prevalência de dor na cintura escapular e região cervical nos

adolescentes atletas que praticam diferentes modalidades que exigem o uso do

membro superior;

Avaliar se existe associação entre as características pessoais e esportivas do

adolescente atleta (idade, sexo, massa corporal, estatura, índice de massa

corporal, carga horária da sessão de treinamento, tempo de prática esportiva,

frequência da prática esportiva) e sintomas de depressão, ansiedade e stress;

Avaliar a validade e confiabilidade da Escala de Ansiedade, Depressão e Stress

(EADS-21) aplicado a adolescentes.

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4. PROPOSTA DA ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

Trata-se de uma dissertação estruturada em dois artigos de investigação original

que foram submetidos para publicação e que contemplam o objetivo geral e os objetivos

específicos citados.

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5. ARTIGO 01

Short Version of the Depression Anxiety Stress Scale

(DASS-21): Is it Valid for Brazilian Adolescents?

Versão Reduzida da Escala de Ansiedade Depressão e Stress (EADS-21):

É Válida para os Adolescentes Brasileiros?

RESUMO

Objetivo: Avaliar a reprodutibilidade interdias, a concordância e a validade do

construto da versão reduzida da Escala de Ansiedade Depressão e Stress aplicado a

adolescentes. Métodos: A amostra foi composta por adolescentes de ambos os sexos,

com idades entre 10 e 19 anos, que foram recrutados de escolas e centros esportivos. Foi

utilizada a versão reduzida da Escala de Ansiedade Depressão e Stress. A validade de

construto foi realizada por análise fatorial exploratória e a confiabilidade foi calculada

para cada construto por meio do Coeficiente de Correlação Intraclasse, Erro Padrão de

Medida e a Mudança Mínima Detectável. Resultados: A análise fatorial combinando os

itens correspondentes a ansiedade e estresse em um único fator e depressão em um

segundo fator, apresentou uma melhor adequação de todos os 21 itens, com cargas

fatoriais mais altas em seus respectivos construtos. Os valores de reprodutibilidade para

a depressão foram Coeficiente de Correlação Intraclasse: 0,86; Erro Padrão de Medida:

0,80 e Mudança Mínima Detectável: 2,22 e para a ansiedade/estresse foram Coeficiente

de Correlação Intraclasse: 0,82; Erro Padrão de Medida: 1,80 e Mudança Mínima

Detectável: 4,99. Conclusão: A versão reduzida da Escala de Ansiedade Depressão e

Stress apresentou excelentes valores de confiabilidade e também uma forte consistência

interna. O modelo de dois fatores com a condensação dos construtos ansiedade e

estresse em um único fator foi o mais aceitável para a população adolescente

Palavras-chave: Sintomas Afetivos; Questionários; Reprodutibilidade dos Resultados;

Adolescentes; Estudos de Validação

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CONTEXTUALIZAÇÃO

A versão curta da Escala de Ansiedade Depressão e Stress (EADS-21) foi

desenvolvida para fornecer uma medida de auto-relato de sinais de ansiedade, depressão

e estresse. No seu processo de criação ficou estabelecido que os principais sintomas da

depressão incluem a baixa autoestima, a desesperança, a desvalorização da vida, a

autodepreciação e a inércia; e para a ansiedade o principal sintoma é a excitação

fisiológica. O construto estresse, na escala surgiu empiricamente durante o

desenvolvimento das escalas de depressão e ansiedade, através de uma agregação de

itens tais como dificuldade em relaxar, tensão, impaciência, irritabilidade e agitação

(SZABÓ; LOVIBOND, 2006).

Na literatura existem inúmeros estudos validando e traduzindo a EADS-21 em

diversas línguas e grupos étnicos diferentes (APÓSTOLO; MENDES; AZEREDO,

2006; BOTTESI et al., 2015; DAZA et al., 2002; OEI et al., 2013; OSMAN et al., 2014;

SINCLAIR et al., 2012; TONSING, 2014; VIGNOLA; TUCCI, 2014), tornando-a

amplamente utilizada para avaliar os sintomas de sofrimento psíquico em amostras

clínicas e não-clínicas de adultos (ABOALSHAMAT; HOU; STRODL, 2015;

BRUTTO et al., 2014; GOLDHAGEN et al., 2015; HAAN; EGBERTS; HEERDINK,

2015; HMWE et al., 2014; RAYMOND; LOVELL, 2015). Na população adolescente é

crescente a quantidade de estudos utilizando a EADS-21 como instrumento para a

identificação de sinais de ansiedade, depressão e estresse, e a busca de associações

desses sinais com outros fatores cada vez mais frequentes na adolescência, como os

distúrbios alimentares (TAJIK et al., 2015), a qualidade do sono (KATHY et al., 2015),

a ideação suicida (IBRAHIM; AMIT; SUEN, 2014), entre outros (BEITER et al., 2015;

ESHKEVARI et al., 2012; REES; ANDERSON; FINLAY-JONES, 2015).

A maior parte dos estudos que propõe a validação de construto da EADS-21

predomina na população adulta, o que dificulta a extrapolação da eficiência dos itens da

escala em identificar os seus respectivos sintomas psicológicos nos adolescentes. As

propriedades psicométricas da EADS-21 em populações mais jovens do que 18 anos de

idade, sugerem que os sintomas centrais da depressão e ansiedade são semelhantes com

os adultos, porém para a definição e a avaliação do estresse em adolescentes ainda

requer um maior aprimoramento (SZABÓ, 2010). Para a língua portuguesa ainda não

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foi realizado nenhum estudo com a intenção de validação de construto da EADS-21 na

população adolescente, reforçando a necessidade da utilização de métodos como a

análise fatorial exploratória, por permitir que os dados falem por si mesmos, ou seja,

deixem a estrutura que é projetada pelos dados sugerirem o modelo fatorial mais

adequado de forma independente (LAROS, 2012).

Além da validade, é preciso ser testada a confiabilidade da EADS-21,

principalmente em adolescentes, que podem ainda não ter experimentado estes três

estados emocionais específicos ou não podem ser capazes de relatá-los usando os itens

que compõem a escala (SZABÓ, 2010). A falta de estudos que verificam a

reprodutibilidade teste-reteste da EADS-21 limita a inferência da capacidade do

instrumento de executar uma função sob condições estabelecidas e por um determinado

período de tempo, ou seja, à precisão em que os resultados da medida obtida pelo

instrumento se aproximam dos verdadeiros valores, livres de erros (AARAST et al.,

1996).

Para uma melhor compreensão da natureza, causa e tratamento da ansiedade,

depressão e estresse em diferentes idades, é necessário que as pesquisas sejam bem

sucedidas, e as ferramentas de medição que se propõem avaliar esses sintomas sejam

válidas e confiáveis, portanto o presente estudo teve como objetivo avaliar a

reprodutibilidade interdias, a concordância e a validade de construto da Escala de

Ansiedade, Depressão e Stress (EADS-21) aplicada a adolescentes.

MÉTODOS

Amostra

Foram incluídos no estudo adolescentes entre 10 a 19 anos, de ambos os sexos,

de escolas particulares, públicas e de centros esportivos da cidade de Petrolina –

Pernambuco em 2015. Sobre o tamanho mínimo de uma amostra para análise fatorial,

indicam como regra geral usar 10 sujeitos por item, com no mínimo de 100 sujeitos na

amostra total (LAROS, 2012). Especificamente para a análise de reprodutibilidade foi

utilizado o programa Gpower 3.1.7 para realização do cálculo amostral (SHOUKRI;

ASYALI; DONNER, 2004), considerando um α = 0,05; β = 0,10 (poder 90%);

proporção de correlação para hipótese nula (ρ H0) = 0,40, proporção de correlação para

19

hipótese alternativa (ρ H1) = 0,80 e uma perda de 20%, chegou-se a uma amostra

mínima necessária de 31 sujeitos.

A EADS-21 foi aplicada por avaliadores previamente treinados a sanar possíveis

dúvidas dos adolescentes sem interferir nas suas respostas. A entrega da escala foi

realizada após o recolhimento do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

e do Termo de Assentimento devidamente assinado e datado, os adolescentes

responderam a escala de forma individual. O critério de exclusão recaiu sobre não

preenchimento completo da escala. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e

Pesquisa da Universidade de Pernambuco (UPE), sob o protocolo: CCAE

38321114.0.0.0000.5207.

Instrumento

A versão brasileira da EADS-21 validada e traduzida para a língua portuguesa

(VIGNOLA; TUCCI, 2014) é uma medida de auto-relato que contém três sub-escalas,

compostas cada uma por sete itens que avaliam os estados emocionais de depressão,

ansiedade e estresse na última semana. Cada item recebe uma pontuação que varia de

zero a três pontos, sendo zero quando "discorda totalmente" e três quando "concorda

totalmente". Para calcular o resultado final de cada construto da EADS-21 é necessário

realizar a soma dos escores dos sete itens que correspondem ao construto e multiplicar

por dois. Os resultados variam de normal a extremamente grave (VIGNOLA; TUCCI,

2014). Os itens que compões a EADS-21 e seus respectivos construtos estão descritos

no Quadro 1.

20

Quadro 1. Itens da Escala de Ansiedade, Depressão e Stress (EADS-21) com os seus

respectivos construtos.

Item Questão Construto

01 Tive dificuldade em me acalmar Stress

02 Senti a boca seca Ansiedade

03 Não senti nenhum pensamento positivo Depressão

04 Senti dificuldades em respirar Ansiedade

05 Tive dificuldade em tomar iniciativa Depressão

06 Tive tendência em reagir em demasia em determinadas situações Stress

07 Senti tremores Ansiedade

08 Senti que estava a utilizar muita energia Stress

09 Preocupei-me com situações em que poderia entrar em pânico e

fazer figura ridícula Ansiedade

10 Senti que não tinha nada a esperar do futuro Depressão

11 Dei por mim ficar agitado Stress

12 Senti dificuldade em relaxar Stress

13 Senti-me desanimado e melancólico Depressão

14 Estive intolerante em relação a qualquer coisa que me impedisse de

terminar o que estava a fazer Stress

15 Senti-me quase a entrar em pânico Ansiedade

16 Não fui capaz de ter entusiasmo para nada Depressão

17 Senti que não tinha valor enquanto pessoa Depressão

18 Senti que por vezes estava sensível Stress

19 Senti alterações no meu coração, sem fazer exercício físico Ansiedade

20 Senti-me demasiado assustado sem ter nenhuma razão para isso Ansiedade

21 Senti que a vida não tinha sentido Depressão

Análise estatística

Para a análise da reprodutibilidade interdias, foi realizado o cálculo do Coeficiente

de Correlação Intraclasse (CCI) com seu respectivo intervalo de confiança estabelecido

em 95% (IC 95%), os valores de CCI acima de 0,75 foram considerados de excelente

confiabilidade, valores compreendidos entre 0,40 e 0,74 representam boa confiabilidade

e valores inferiores a 0,40 indicam pobre confiabilidade (FLEISS, 1986). O Erro Padrão

da Medida (EPM) foi calculado para estimar a variação de cada escore e a Mínima

Mudança Detectável (MMD) também foi avaliada para determinar a menor mudança

que pode ser considerada clinicamente significante. A presença de erro do tipo

sistemático foi calculada pelo teste t para amostras únicas, com base na média da

diferença entre o teste e reteste e aceitando o nível de significância menor que 0,05. Na

análise de concordância absoluta entra a primeira e a segunda avaliação, foi plotado

para cada construto um gráfico de Bland-Altman, a partir do gráfico de dispersão entre a

21

diferença das duas avaliações e a média das duas avaliações. Dessa forma, é possível

visualizar o viés, o erro, os limites de concordância, os outliers e as tendências.

A validade de construto foi feita através de análise fatorial exploratória de

componentes principais com rotação ortogonal varimax. Baseado no tamanho da

amostra de 310 participantes foi considerado como forte carga fatorial os valores

maiores que 0,30 (FIELD, 2009). Para análise da consistência interna foi calculado o

alfa de Cronbach separadamente para cada construto, os valores entre 0,70 e 0,80

indicam uma escala confiável, apesar de que valores abaixo de 0,70 são aceitáveis

quando se trata de construtos psicológicos (FIELD, 2009). Também foi realizada a

correlação dos itens com o escore total de cada construto. Esta é uma analise para

indicar a validade estrutural da escala, indicando que o item mensura o construto da

qual faz parte e não outro. Uma boa validade do item mostrará que a correlação do item

com o construto a que pertence é mais elevada do que a correlação do item com o

construto a que não pertence (VIGNOLA; TUCCI, 2014).

Os procedimentos foram conduzidos por meio dos pacotes estatísticos Statistical

Package for Social Sciences (SPSS) versão 20.0 e GraphPad Prism versão 5.03.

RESULTADOS

Características da Amostra

O estudo foi realizado com 310 adolescentes, sendo 131 (42,3%) do sexo

feminino e 179 (57,7%) do sexo masculino, com idade média geral de 14,16 (± 2,12)

anos. Para a análise da reprodutibilidade interdias foram recrutados 31 adolescentes para

uma reavaliação, porém em decorrência do abandono de seis participantes a amostra

total foi composta por 25 adolescentes (14 meninas e 11 meninos), refletindo em um

poder estatístico final de 89,64%. O intervalo entre as avaliações foi de uma semana, e

os sujeitos reavaliados apresentaram uma mediana de 18 anos com amplitude

interquartil de quatro anos.

22

Reprodutibilidade Interdias

A EADS-21 apresentou valores de CCI de excelente confiabilidade, a descrição

dos resultados com seus respectivos intervalos de confiança a 95%, EPM e MMD para

cada constructo da EADS-21estão apresentados na Tabela 1. A análise de concordância

entre as medidas das duas avaliações para cada construto pode ser observada por meio

da Figura 1. A presença de diferença estatística no teste t para amostras únicas nos

escores de todos os construtos indica a presença de erro do tipo sistemático. A partir dos

gráficos dos construtos é possível inferir que este erro ocorreu em menor magnitude,

tendo em vista que o viés da média das diferenças foi próximo ao valor zero. É possível

observar, tendências dos escores nos construtos ansiedade e estresse e

consequentemente nos escores da união dos dois construtos, com uma distribuição da

maior parte dos indivíduos acima do zero, porém ainda dentro dos limites superiores e

inferiores do intervalo de confiança de 95%. Além disso, ocorreu uma presença de

outliers nos escores de depressão, estresse e ansiedade/estresse, porém nos três casos os

pontos estão próximos ao intervalo-limite.

Tabela 1. Valores do coeficiente de correlação intraclasse (CCI), intervalo de confiança

de 95% (IC95%), erro padrão da medida (EPM) e mínima mudança detectável (MMD)

por construto da Escala de Ansiedade, Depressão e Stress (EADS-21).

Construto CCI (IC95%) EPM MMD

Ansiedade 0.80 (0.54 – 0.91) 0,88 2,44

Depressão 0.86 (0.68 – 0.94) 0,80 2,22

Stress

Ansiedade/Stress

0.82 (0.57 – 0.92)

0.82 (0.59 – 0.92)

1,14

1,80

3,16

4,99

23

Figura 1. Gráficos de Bland-Altman para a diferença dos escores na avaliação e

reavaliação e da média dos escores de cada construto individual e da união entre a

ansiedade e o stress da Escala de Ansiedade, Depressão e Stress (EADS-21).

Consistência Interna e Validade do Construto

A EADS-21 revelou forte consistência interna, com valores de alfa de Cronbach

de 0,80 para a ansiedade, 0,80 para a depressão, 0,77 para o estresse e para o total foi de

0,88. O alfa de Cronbach para a união dos construtos ansiedade e stress também

apresentou uma forte consistência interna com um valor de 0,85. Os valores de

correlação dos itens com o escore total de cada construto a que pertence teoricamente

foram de 0,77 para ansiedade, 0,78 para depressão e 0,80 para o estresse. A correlação

entre os construtos ansiedade e depressão foi de 0,57, entre a ansiedade e o estresse foi

de 0,70 e entre a depressão e o estresse foi de 0,60. A medida de adequação da amostra

de Kaiser-Meyer-Olki (KMO = 0,885) e o Teste de esfericidade de Bartlett (χ2

aproximado de 2106.950 com p = 0.000) permitem confirmar a possibilidade do método

de análise fatorial para o tratamento dos dados e que a adequação do modelo foi ótima

(FIELD, 2009).

Na análise de construto da EADS-21 para três fatores, todos os itens

correspondentes aos construtos ansiedade e depressão obtiveram suas maiores cargas

fatoriais nos seus respectivos construtos, exceções aconteceram para o estresse, como

24

pode ser observado na Tabela 2. Os itens 08, 06 e 11 do construto estresse

apresentaram seus maiores valores de carga fatorial no seu construto de origem, já os

itens 14 e 18, apesar de possuírem suas cargas fatoriais maiores para o estresse, 0,48 e

0,47 respectivamente, eles também aparecem com uma carga fatorial alta para o

construto ansiedade com 0,43 e 0,45 respectivamente. Os itens mais problemáticos são

o 01 e 12, que apresentaram carga fatorial maior para o construto ansiedade, apesar de

pertencerem originalmente ao estresse. Considerando os três construtos, ansiedade,

depressão e estresse, calculou-se a correlação dos itens com o escore total de cada

construto, todos os 21 itens apresentaram correlação mais elevada com os escores dos

construtos a que pertenciam. A correlação oscilou entre 0,54 e 0,69 para a ansiedade,

entre 0,56 e 0,75 para a depressão e entre 0,57 e 0,68 para o estresse. Os itens 15, 20, 07

e 09 da Ansiedade, os itens 14, 18, 01 e 12 do Estresse e o item 13 da Depressão

apresentaram a diferença entre as correlações menor que 0,20, o que evidencia uma não

discriminação dos itens nos fatores propostos na escala original (APÓSTOLO;

MENDES; AZEREDO, 2006).

25

Tabela 2. Matriz de componentes principais após rotação varimax forçado para três

fatores e matriz da correlação dos itens por construto da Escala de Ansiedade,

Depressão e Stress (EADS-21). (n=310)

Medida de Adequação da Amostra Kaiser-Meyer-Olkin: 0,885

Teste de esfericidade de Bartlett - Qui-quadrado aproximado: 2106.950; p = 0.000

Item Carga Fatorial Correlação

Ansiedade Depressão Stress Ansiedade Depressão Stress

A15 0,75 0,20 0,01 0,57 0,41 0,41

A20 0,69 0,22 0,14 0,60 0,43 0,49

A07 0,66 0,06 0,13 0,54 0,23 0,35

A09 0,61 0,15 0,24 0,61 0,37 0,50

A19 0,52 0,12 0,28 0,69 0,31 0,46

A04 0,47 0,16 0,21 0,66 0,28 0,41

A02 0,40 0,05 0,28 0,54 0,23 0,33

D17 0,24 0,76 0,03 0,44 0,70 0,38

D21 0,26 0,75 0,05 0,43 0,75 0,42

D10 0,13 0,70 0,03 0,30 0,69 0,34

D03 0,09 0,63 0,18 0,23 0,61 0,26

D05 0,06 0,57 0,33 0,32 0,56 0,35

D13 0,34 0,57 0,27 0,54 0,71 0,57

D16 0,29 0,51 0,03 0,37 0,62 0,36

S08 0,08 0,01 0,82 0,34 0,26 0,57

S11 0,26 0,18 0,69 0,43 0,39 0,68

S06 0,29 0,13 0,58 0,38 0,35 0,60

S14 0,43 0,16 0,48 0,45 0,38 0,62

S18 0,45 0,19 0,47 0,48 0,40 0,63

S01 0,42 0,20 0,34 0,49 0,32 0,64

S12 0,44 0,21 0,40 0,48 0,40 0,64

% Variância Explicada

(Total: 46,45)

17,82 15,70 12,93

26

A EADS-21 tem uma sustentação trifatorial que foi proposta pelo autor original,

porém com a presença de itens com carga fatorial semelhante ou até maior fora dos seus

construtos originais no modelo de três fatores, foi necessário realizar uma análise

ortogonal varimax para dois fatores (Tabela 3), unindo os itens correspondentes à

ansiedade e ao stress em um único fator e à depressão em um segundo fator. Observou-

se então uma melhor adequação de todos os 21 itens, com cargas fatoriais maiores em

seus respectivos construtos. Apenas o item 13 da depressão apresentou saturação em

ambos os fatores, porém ainda assim, teve sua carga fatorial maior no seu respectivo

construto. Também foi realizada a correlação dos itens com o escore total, considerando

apenas os dois grupos (ansiedade/stress e depressão), a correlação variou entre 0,46 e

0,62 para a ansiedade/stress e entre 0,56 e 0,75 para a depressão. O modelo com dois

fatores também apresentou itens com a diferença entre as correlações menor que 0,20,

porem em menor quantidade, sendo observado nos itens 20, 06 e 15 da ansiedade/stress

e o item 05 da depressão.

27

Tabela 3. Matriz de componentes principais após rotação varimax para dois fatores e

matriz da correlação dos itens por construto da Escala de Ansiedade, Depressão e Stress

(EADS-21). (n=310)

Medida de Adequação da Amostra Kaiser-Meyer-Olkin: 0,885

Teste de esfericidade de Bartlett - Qui-quadrado aproximado: 2106.950; p = 0.000

Item Carga Fatorial Correlação

Ansiedade/Stress Depressão Ansiedade/Stress Depressão

S18 0,64 0,20 0,60 0,40

S11 0,63 0,19 0,61 0,39

S14 0,63 0,18 0,59 0,38

A09 0,62 0,18 0,60 0,37

A20 0,62 0,25 0,59 0,43

A07 0,60 - 0,03 0,47 0,22

S06 0,59 0,14 0,54 0,35

S12 0,58 0,23 0,61 0,40

A15 0,57 0,24 0,53 0,41

S08 0,57 0,01 0,50 0,25

A19 0,57 0,14 0,62 0,31

S01 0,53 0,22 0,61 0,32

A04 0,49 0,18 0,57 0,28

A02 0,47 0,06 0,46 0,23

D17 0,18 0,77 0,44 0,70

D21 0,21 0,77 0,46 0,75

D10 0,10 0,71 0,35 0,69

D03 0,02 0,62 0,27 0,61

D13 0,41 0,58 0,36 0,56

D05 0,14 0,57 0,60 0,71

D16 0,23 0,52 0,39 0,62

% Variância Explicada

(Total: 40,44)

30,92 9,52

28

DISCUSSÃO

No presente estudo constatou-se uma boa qualidade da EADS-21, apresentando

valores excelentes de confiabilidade, revelando também uma forte consistência interna.

Embora pequeno, é presente o erro do tipo sistemático em todos os construtos, o que

reforça a importância de se conhecer os valores de EPM e MMD para sua aplicação

clínica. O modelo de dois fatores com a condensação dos construtos ansiedade e

estresse em um único fator apresentou-se mais adequado para a população adolescente.

São necessárias ferramentas que assegurem a confiabilidade de uma escala em

diferentes populações, no entanto apenas um estudo se propôs a avaliar a

reprodutibilidade interdias da EADS-21, e este estudo não utilizou o melhor teste

estatístico para essa finalidade, os valores encontrados por Bottesi et al. (2015) foram

r=0,64 para ansiedade, r=0,75 para depressão e r=0,64 para o estresse, demonstrando

uma correlação moderada e positiva, porém os resultados do coeficiente de correlação

de Pearson mensura efetivamente a relação entre os dados teste-reteste, e não a

concordância entre eles (LARSSON et al., 2003). Um dos testes mais indicado para essa

finalidade é o ICC, que nesse estudo apresentou ótimos valores, demonstrando o quanto

a EADS-21 é confiável quando aplicada aos adolescentes.

Juntamente com os resultados do ICC é importante também calcular o EPM e a

MMD que auxiliam ainda mais no teste de reprodutibilidade, quantificando o erro

absoluto existente em cada medição e a diferença mínima que deverá ocorrer para que

essa diferença não corresponda a um erro. No estudo os valores de EPM foram

pequenos, o que indica uma baixa probabilidade de erro aleatório e sistemático. Porém

esse erro ficou visível quando foi realizado o teste t e plotado os gráficos de Bland-

Altman para cada construto. A problemática encontrada principalmente no construto

estresse foi retransmitida para a análise da união dos construtos ansiedade/estresse. Os

valores menores na reavaliação podem significar uma maior clareza das perguntas em

um segundo momento, devido ao conhecimento prévio das questões na releitura. Já os

valores de MMD indicaram a mudança mínima que deve ocorrer no escore do

adolescente em cada construto para que uma mudança real seja detectada, o que a torna

um bom indicativo de referência para estudos de intervenção. No entanto assim como os

demais valores de reprodutibilidade, a MMD não foi calculada nos estudos que

validaram a EADS-21.

29

Uma vez que a EADS-21 possui vários itens, torna-se indicado calcular o alfa de

Cronbach separadamente para cada construto. Para esse estudo, a escala foi considerada

confiável e os valores foram comparáveis com o de outros estudos, realizados

recentemente (BOTTESI et al., 2015; OEI et al., 2013; OSMAN et al., 2012;

SINCLAIR et al., 2012; SZABÓ, 2010; TONSING, 2014; VASCONCELOS-RAPOSO;

FERNANDES; TEIXEIRA, 2013; VIGNOLA; TUCCI, 2014), variando entre 0,74 a

0,86 para ansiedade, 0,77 a 0,92 para depressão e 0,70 a 0,90 para o estresse. O alfa de

Cronbach do escore total das escalas foi testado em três estudos (BOTTESI et al., 2015;

OEI et al., 2013; VASCONCELOS-RAPOSO; FERNANDES; TEIXEIRA, 2013) com

valores respectivamente de 0,90, 0,91 e 0,92. Os valores do alfa de Cronbach

observados no presente estudo demonstram uma consistência interna aceitável com

resultados que não indicam redundância nas suas questões e sim uma independência dos

itens que compõe a escala (FIELD, 2009). Na análise da junção dos construtos

ansiedade e estresse, o valor do alfa de Cronbach apresentou um aumento, o que

possivelmente reforça a presença de itens que podem ter uma maior interação.

As intercorrelações entre os construtos da EADS-21 nesse estudo apresentaram

valores altos e positivos. A correlação entre a Ansiedade e o Estresse foi a mais alta,

corroborando outros estudos (BOTTESI et al., 2015; SINCLAIR et al., 2012; SZABÓ,

2010). Já a correlação entre Ansiedade e a Depressão (VASCONCELOS-RAPOSO;

FERNANDES; TEIXEIRA, 2013) e entre a Depressão e o Estresse (OSMAN et al.,

2012; PATRICK; DYCK; BRAMSTON, 2010; TONSING, 2014) apresentaram em

alguns estudos seus valores mais altos, diferindo da presente pesquisa. Estes valores

altos entre os construtos reforçam a presença de aspectos comuns entre os itens da

escala, podendo apresentar questões que podem evidenciar sinais de ansiedade, de

depressão e de estresse concomitante. Isso possivelmente pode explicar a não clareza

total dos resultados para a análise de construto baseado em três fatores como é proposto

na escala original (LOVIBOND; LOVIBOND, 1995).

Estruturalmente a solução para três fatores revela falhas, como a saturação de

itens em mais de um construto e também itens com altas cargas fatoriais em construtos

da qual não fazem parte. Os itens 05 e 13 apesar de pertencerem ao construto

Depressão, também saturam respectivamente para o Estresse e a Ansiedade. O mesmo

ocorreu para os itens 14 e 18 que também saturam para Ansiedade, apesar de serem

originalmente alocadas no construto Estresse. O problema maior aconteceu com os itens

30

01 e 12, pertencentes ao construto Estresse, que apresentaram suas cargas fatoriais

maiores para a Ansiedade.

Os resultados do presente estudo não diferem do encontrado em outros estudos

(OEI et al., 2013; SINCLAIR et al., 2012; TONSING, 2014; VIGNOLA; TUCCI, 2014)

com a EADS-21, porém eles ainda assim suportam uma estrutura de três fatores. No

estudo de Vignola and Tucci (2014) que valida a escala para o Brasil, os pesquisadores

defendem a estruturação original de três fatores. Nesse estudo é possível observar vários

itens saturando em mais de um fator, porém os autores apenas ressaltam a presença do

item 18 o qual possui sua maior carga fatorial na Depressão apesar de pertencer ao

construto Estresse, e a possível explicação seria por fatores culturais a respeito do

conceito de sensibilidade. No estudo de Oei et al (2013) é sustentado o modelo de três

fatores com a ressalva de que para uma melhor adequação foi preciso analisar a escala

com a retirada de três itens do construto Estresse que tinham cargas fatoriais maiores na

Depressão. Ainda assim é possível observar vários itens com cargas fatoriais altas em

mais de um fator. Outros estudos (SINCLAIR et al., 2012; TONSING, 2014;

VASCONCELOS-RAPOSO; FERNANDES; TEIXEIRA, 2013) defendem o modelo de

três fatores, porém não apresentam dados suficientes para reforçar esse modelo ou não

discutem as problemáticas encontradas.

As dificuldades estruturais encontradas no presente estudo também foram

observadas em outros estudos que realizaram a análise fatorial exploratória da EADS-21

tanto na população adulta (APÓSTOLO; MENDES; AZEREDO, 2006; BOTTESI et

al., 2015; OSMAN et al., 2012) quanto com os adolescentes (WILLEMSEN et al.,

2011), sendo esses problemas da estruturação trifatorial da EADS os principais motivos

para a realização de novas análises, testando outros modelos que melhor se adaptariam.

No estudo de Apóstolo et al. (2006) foram detectadas falhas no modelo original através

da análise fatorial exploratória e como alternativa, sugerem um novo modelo com dois

fatores, condensando a ansiedade e o estresse em um único fator. Os autores observaram

uma melhor adequação e concluíram que diferente do modelo original, os itens da

ansiedade e do estresse se ajustam melhor em um só fator.

A maior parte dos estudos que se propuseram a validar a EADS-21 na sua língua e

grupos étnicos utilizou a população adulta como amostra, poucas foram as pesquisas

que aplicaram a escala em uma população adolescente com a finalidade de validá-la em

31

indivíduos mais jovens, visto a possibilidade da amostra nessa faixa etária ter

dificuldades em diferenciar os aspectos que compõe a escala. Os cinco estudos

(DUFFY; CUNNINGHAM; MOORE, 2005; PATRICK; DYCK; BRAMSTON, 2010;

SZABÓ, 2010; TULLY; ZAJAC; VENNING, 2009; WILLEMSEN et al., 2011) que

utilizaram uma amostra de adolescentes divergem em relação à definição de qual seria o

melhor modelo para ser usado nessa população. Alguns estudos (DUFFY;

CUNNINGHAM; MOORE, 2005; PATRICK; DYCK; BRAMSTON, 2010; SZABÓ,

2010) dão ênfase à alta correlação entre os construtos, contribuindo ainda mais para

indicar que os fatores não são distinguíveis empiricamente, principalmente entre os

adolescentes.

Na população adolescente, a maior parte dos estudos indicou como melhor

modelo para essa amostra, o de dois fatores, porém com ressalvas, Tully et al. (2009) e

Willemsen et al. (2011) defendem um modelo de dois fatores alternativo, os construtos

ansiedade e depressão permanecem, e é formando um novo com os três construtos

condensados em um único fator, denominado Afetos Negativos. Esse modelo diante dos

que foram testados foi o que melhor se adaptou Duffy et al. (2005), também defendem

um modelo de dois fatores, porém eles criam novos fatores, um de excitação fisiológica

composto por quatro itens (2, 4, 7, 19) do construto ansiedade e outro de negatividade

generalizada englobando todos os itens restantes da escala.

No estudo de Patrick et al. (2010), os autores utilizam a justificativa da alta

correlação entre os construtos, para apresentar como melhor modelo o de um fator,

afirmando a idéia de que o adolescente não consegue diferenciar as três dimensões, e

que a escala, na verdade, faz uma avaliação de uma única dimensão, não sendo possível

inferir que esta dimensão esteja mais ou menos relacionada com um único construto. Já

no estudo de Szabó (2010) a autora também apresenta uma alta correlação entre os

construtos, defende o modelo de três fatores, porém conclui que embora a ansiedade e a

depressão sejam similares tanto na população adulta quando na adolescente, o estresse é

questionável nessa faixa etária.

Para uma melhor adequação das pesquisas subsequentes é necessária a indicação

das limitações a cerca do presente estudo. Uma limitação importante foi a não

consideração do nível de escolaridades dos adolescentes, essa informação não foi

colhida como dado pessoal. O fato da população do estudo apresentar uma grande

32

variação da idade (10-19 anos) acarreta também em uma grande variação no grau

escolar e consequentemente no grau de instrução de cada adolescente, recaindo na

efetividade da leitura e da compreensão das perguntas que compõe a escala. Outra

limitação foi a não realização da análise fatorial confirmatória, porém vista a quantidade

de estudos na literatura que indicam diferentes modelos fatoriais, a análise exploratória

deixa mais livre a escolha do melhor modelo e do mais indicado a ser imposto na

população estudada.

Frente ao crescente aumento da utilização da EADS-21 em estudos com a

população adolescente, torna-se indispensável à reformulação de alguns dos itens,

principalmente do construto estresse, para que haja uma melhor adaptação diante das

possíveis interpretações equivocadas dos adolescentes ao responderem a escala. Assim

EADS-21 poderá como ferramenta, identificar de forma independente e clara os sinais

dos três estados psicológicos que a compõe na população adolescente. Faz-se necessário

também a realização de novos estudos que busquem analisar a confiabilidade da escala

em todas as populações para uma discussão ainda mais consistente dos valores

encontrados.

CONCLUSÃO

As implicações observadas no presente estudo atestam a boa qualidade da EADS-

21, apresentando valores excelentes de confiabilidade, revelando também uma forte

consistência interna. Na análise da concordância foi possível inferir, embora pequeno, a

presença de erro do tipo sistemático em todos os construtos, o que reforça a importância

de se conhecer os valores de EPM e MMD para sua aplicação clínica. Por fim, o modelo

de dois fatores com a condensação dos construtos ansiedade e estresse em um único

fator apresentou-se mais aceitável para a população adolescente.

33

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36

6. ARTIGO 02

Prevalence of Anxiety, Depression and Stress Symptoms and

its Association with Neck/Shoulder Pain in Adolescent

Athletes

Prevalência dos Sintomas de Ansiedade, Depressão e Estresse e sua

Associação com Dor na Cintura Escapular e Região Cervical em Atletas

Adolescentes

RESUMO

Objetivo: Verificar a prevalência e associação entre a presença de ansiedade/estresse e

depressão com a dor na cintura escapular e cervical em adolescentes atletas. Métodos:

A amostra foi composta por adolescentes entre 10-19 anos praticantes de modalidades

esportivas que enfatizam o uso dos membros superiores. Utilizou-se diagrama corporal

para localização da dor e a versão brasileira da Escala reduzida de Ansiedade,

Depressão e Stress para a identificação dos sintomas psicológicos. Foram realizados os

testes t independente, qui-quadrado e a regressão logística múltipla. Resultados: Foram

analisados 310 adolescentes atletas amadores de ambos os sexos, com média de 14,16

anos. O sexo feminino apresentou maior prevalência de ansiedade/estresse (62%

p=0,02). As variáveis associadas à ansiedade/estresse foram sexo feminino (OR = 2,16),

idade de 15 a 19 anos (OR = 2,39) e modalidade individual (OR = 1,88). As variáveis

associadas à depressão foram idade de 15 a 19 anos (OR = 1,74), modalidade individual

(OR = 1,84) e dor na cintura escapular e cervical (OR = 2,33). Conclusão: As

desordens psicológicas e a sintomatologia dolorosa apresentaram altos índices nos

adolescentes. O sexo feminino, idade de 15 a 19 anos e modalidade individual

indicaram maiores chances de apresentar sintomas de ansiedade/estresse. Idade de 15 a

19 anos, modalidades individuais e dor na cervical e cintura escapular obtiveram mais

chances de apresentar sintomas de depressão.

Palavras-chave: Sintomas afetivos; Dor de ombro; Psicologia do Esporte;

Comportamento do Adolescente

37

CONTEXTUALIZAÇÃO

A adolescência é fase crucial do desenvolvimento humano, e a presença de

doenças como depressão, ansiedade e estresse nesta fase da vida é questão de alerta. As

prevalências dessas desordens mentais nos adolescentes americanos foram de 31,9%

para ansiedade e 14,3% para depressão (MERIKANGAS et al., 2010), valor semelhante

ao encontrado no estudo brasileiro realizado com 1379 adolescentes, de 10 a 17 anos,

moradores da cidade do Recife-PE que apresentou prevalência de 15,4% de sintomas

depressivos (DE ARAÚJO VERAS et al., 2016).

A depressão estabelece nos indivíduos a presença de humor negativo, condições

somáticas e vulnerabilidade cognitiva, o que a caracteriza como fenômeno complexo e

que, sobretudo interfere em suas relações sociais (NKANSAH-AMANKRA; TETTEY,

2015). A ansiedade e o estresse podem adquirir várias formas em resposta a diferentes

estressores ou situações específicas percebidas como ameaçadoras ou perigosas. Todas

estas formas levam a reações emocionais como ativação nervosa simpática, apreensão,

nervosismo e preocupação (CABRAS, 2015).

É amplamente aceito que os fatores psicológicos são predominantes em pacientes

com dor musculoesquelética crônica (BAIR et al., 2003, 2008, 2013; KROENKE et al.,

2007, 2011; POLESHUCK et al., 2009), e que os sintomas depressivos e de estresse

estão associados com aumento na prevalência de dor na região lombar, cervical e na

cintura escapular (DIEPENMAAT et al., 2006; MYRTVEIT et al., 2014). Além disso,

os indivíduos com essas desordens psicológicas também apresentam maior interferência

da dor nas atividades de vida diária e esportiva (BAIR et al., 2008) comprometendo o

status funcional (GEORGE et al., 2011).

A participação de adolescentes em esportes cresceu consideravelmente nos

últimos 15 a 20 anos, e essa tem sido associada a muitos benefícios, tanto em nível

fisiológico como condicionamento físico, agilidade e força, quanto em nível psicológico

como a melhora da autoestima e confiança (FRANKLIN; WEISS, 2012; MAFFULLI et

al., 2010). Contudo, a participação maciça dos adolescentes em esportes também resulta

em aumento nos riscos de lesões (MONROE et al., 2011), como na cintura escapular

que são consideradas difíceis de analisar (MANSKE; ELLENBECKER, 2013) e

possuem causa multifatorial. O sofrimento psicológico juntamente com as

38

características anatômicas, fatores estruturais, genéticos e a falta de condicionamento

estão entre as principais causas do surgimento ou agravamento dos sintomas álgicos em

jovens praticantes de esportes (VIKAT et al., 2000).

Os estudos que propõe responder a existência ou não da associação de sintomas

de depressão, ansiedade e estresse com a dor nos adolescentes são limitados e os que

abordam a população atleta nessa faixa etária também são escassos. Portanto, o presente

estudo propõe verificar a prevalência dos sintomas de ansiedade, depressão e estresse e

sua associação com a dor na cintura escapular e região cervical em adolescentes, porém

com foco nos jovens atletas que utilizam o membro superior com mais intensidade nos

seus esportes. Permitindo assim, maior entendimento e esclarecimento acerca desse

tema, com o intuito de subsidiar intervenções multiprofissionais que contemplem os

aspectos físicos e emocionais.

MÉTODOS

Amostra

Trata-se de um estudo descritivo observacional e correlacional de corte

transversal. A população do estudo foi formada por adolescentes atletas amadores do

sexo masculino e feminino, com idades entre 10 e 19 anos e que praticavam uma das

cinco modalidades esportivas que envolviam com mais ênfase os membros superiores

(voleibol, handebol, basquete, natação e judô) por pelo menos um ano, da cidade de

Petrolina – Pernambuco, em 2014. Após levantamento realizado em escolas e centros

esportivos chegou-se a uma população de 521 adolescentes atletas amadores que

praticavam essas modalidades.

O tamanho da amostra foi quantificado por meio do programa WinPepi

(ABRAMSON, 2004), utilizando os seguintes critérios: população estimada de 521

atletas amadores; intervalo de confiança de 95%; erro amostral de cinco pontos

percentuais; prevalência estimada dos sintomas psicológicos em 50%, perda amostral de

10% e efeito de delineamento amostral estabelecido em 1.2 vezes o tamanho da

amostra, chegando a amostra mínima de 296 adolescentes.

39

Os critérios de exclusão recaíram no preenchimento incompleto dos

questionários e na recusa em realizar alguma das medidas antropométricas. A seleção

dos adolescentes em cada modalidade foi realizada de forma aleatória simples. O estudo

foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade de Pernambuco (UPE),

sob o protocolo: CCAE 38321114.0.0.0000.5207.

Instrumentos

Foi elaborado um questionário estruturado contendo informações sobre os dados

pessoais e esportivos do participante (idade, sexo, modalidade esportiva, tempo total de

prática esportiva, frequência de treinamento em dias por semana e duração da sessão do

treinamento em horas por dia).

A localização da dor foi realizada por meio do diagrama do corpo de Corlett, o qual

consiste em um mapa corporal dividido em segmentos onde o participante marca os

locais específicos com sintomatologia dolorosa, podendo diferenciar a presença da

dor/desconforto entre hemicorpo direito e esquerdo. Os participantes que assinalaram

sentir dor em pelo menos um dos seguintes locais: pescoço, região cervical, ombro

direito, ombro esquerdo ou costas superior foram categorizados com presença de dor na

cintura escapular e região cervical.

Os dados referentes aos sintomas de ansiedade, depressão e estresse foram obtidos

utilizando a versão brasileira da Escala de Ansiedade, Depressão e Stress reduzida com

21 questões (EADS-21). Essa versão foi validada e traduzida para a língua portuguesa

(VIGNOLA; TUCCI, 2014) e trata-se de medida de auto-relato que contém três sub-

escalas, compostas cada uma por sete itens que avaliam os estados emocionais de

depressão, ansiedade e estresse na última semana. Cada item recebe uma pontuação que

varia de zero a três pontos, sendo zero quando "discorda totalmente" e três quando

"concorda totalmente". Para calcular o resultado final de cada construto da EADS-21 é

necessário realizar a soma dos escores dos sete itens que correspondem ao construto e

multiplicar por dois. Os resultados variam de normal a extremamente grave. No

presente estudo os resultados foram reorganizados em uma variável dicotômica:

presença ou a ausência dos sintomas. As subescalas ansiedade e estresse foram

analisadas de forma conjunta com base em uma análise fatorial exploratória dos itens da

escala,onde foi observado que na população adolescente esse dois construtos

apresentaram questões com fortes cargas fatoriais para ambos, dificultando a

40

diferenciação entre eles, permitindo inferir melhor análise dos dados com apenas dois

construtos: depressão e ansiedade/estresse.

Para mensuração da massa corporal foi utilizada uma balança mecânica

devidamente aferida (Welmy, São Paulo, Brasil). A estatura foi determinada utilizando

estadiômetro científico portátil (Welmy, São Paulo, Brasil) considerando-se a distância

entre a plataforma do estadiômetro e o vértex da cabeça. Os sujeitos realizaram a

inspiração, seguida de um bloqueio respiratório para a realização da mensuração. Foi

calculado o índice de massa corporal (IMC) e para a classificação de eutrófico e

sobrepeso foram utilizados os critérios sugeridos pela International Obesity Task Force

– IOTF (COLE, 2000).

Análise dos Dados

Os dados foram tabulados no programa Microsoft Excel e a análise dos dados foi

realizada por meio do Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 20.

Na análise descritiva das variáveis categóricas foi realizada a distribuição de

frequências (relativa e absoluta) e das variáveis numéricas foram apresentadas através

de valores de tendência central e dispersão de acordo com a distribuição dos dados que

foi verificada por meio do teste Kolmogorov-Smirnov.

Também foi realizado o teste t independente para estabelecer se as médias das

características pessoais dos adolescentes estratificadas por sexos diferem de forma

significativa. Para o estudo de associação entre duas variáveis foi realizado o teste

estatístico do qui-quadrado. Foram avaliadas as variáveis que entraram no modelo, os

possíveis fatores de confusão e a necessidade de ajustamento estatístico das análises.

Foi realizada a regressão logística múltipla por meio da estimativa da razão de chances

(odds ratio = OR) através do método de entrada passo a passo para trás (backward

stepwise) e intervalos de confiança de 95%, para expressar o grau de associação entre as

variáveis. Neste modelo, após a obtenção das variáveis preditivas, foi verificada a

ocorrência de interação. Para entrada no modelo final múltiplo foram selecionadas as

variáveis cuja significância do p foi menor que 0,20 na regressão bivariada. Além disso,

foi aplicado os testes de Omnibus e de Hosmer-Lemeshow para descrever a validade e o

poder explicativo do modelo final. Em todos os testes aplicados foi considerado um

nível de significância de 5%.

41

RESULTADOS

No estudo foram avaliados 317 adolescentes, porém sete deles foram excluídos

por preenchimento incompleto dos questionários, resultando em um total de 310

adolescentes analisados, sendo 131 meninas e 179 meninos, entre 10 e 19 anos. As

características pessoais desses adolescentes estão descritas na tabela 1 com suas

respectivas médias e desvio padrão da amostra total e estratificada por sexo. É possível

observar que os meninos apresentaram maiores médias de idade, massa corporal e

estatura quando comparados às meninas.

Quanto às características esportivas dos adolescentes, as cinco modalidades

utilizadas no estudo foram categorizadas em individual ou coletiva e juntamente com as

características relacionadas à prática esportiva e ao tempo de treinamento estão descritas

na tabela 2, também na sua totalidade e estratificada por sexo. Nenhuma das

características esportivas apresentou diferença estatisticamente significante entre os

sexos.

Tabela 1. Características pessoais da amostra total e estratificada por sexo (n = 310).

Características Pessoais

Total

(Média/DP)

Masculino

(Média/DP)

Feminino

(Média/DP)

p

Idade 14,16 (2,12) 14,59 (2,15) 13,58 (1,95) < 0,001*

Massa Corporal (kg) 58,92 (14,88) 63,35 (15,55) 52,79 (11,37) < 0,001*

Estatura (m) 1,65 (0,12) 1,70 (0,12) 1,59 (0,08) < 0,001*

Índice de Massa Corporal

(kg/m2)

21,29 (3,77) 21,62 (3,93) 20,82 (3,49) 0,06

DP: Desvio Padrão

*Diferença estatística significante

42

Tabela 2. Características esportivas da amostra total e estratificada por sexo (n=310).

Características Esportivas

Total

(n / %)

Masculino

(n / %)

Feminino

(n / %)

p

Modalidade

Individual

Coletiva

76 (24,5)

234 (75,5)

50 (27,8)

130 (72,2)

26 (20)

104 (80)

0,10

Tempo de prática

Há 1 ano

Mais de 1 ano

69 (22,3)

241 (77,7)

42 (23,3)

138 (76,7)

27 (20,8)

103 (79,2)

0,66

Frequência de treinamento Até 3 vezes/semana

Mais de 3 vezes/semana

234 (75,5)

76 (24,5)

136 (75,6)

44 (24,4)

98 (75,4)

32 (24,6)

0,97

Duração da sessão de treinamento

Até 1 hora/dia

Mais de 1 hora/dia

49 (15,8)

261 (84,2)

30 (16,7)

150 (83,3)

19 (14,6)

111 (85,4)

0,59

* Diferença estatística significante

A prevalência dos sintomas de ansiedade/estresse foi contabilizada com o atingir

da pontuação mínima para indicar a presença de algum sintoma em pelo menos um dos

dois construtos. Os valores estão apresentados na tabela 3 juntamente com a prevalência

da depressão e da presença de dor na cintura escapular e região cervical, representadas

em frequências absolutas e relativas na sua totalidade e estratificadas por sexo, além da

comparação das médias. O sexo feminino apresentou maior prevalência de

ansiedade/estresse em relação ao sexo masculino, já para a depressão e dor na cintura

escapular e região cervical não foi observada diferença significativa.

43

Tabela 3. Prevalência de dor e dos sinais de depressão e ansiedade/estresse da amostra

total e estratificada por sexo (n = 310).

Prevalência dos Sintomas Psicológicos e de Dor

Total

(n / %)

Feminino

(n / %)

Masculino

(n / %)

p

Ansiedade/Estresse

Com sintomas 124 (40) 62 (47,3) 62 (34,6) 0,02*

Sem sintomas 186 (60) 69 (52,7) 117 (65,4)

Depressão

Com sintomas 84 (27,1) 36 (27,5) 48 (26,8) 0,90

Sem sintomas 226 (72,9) 95 (72,5) 131 (73,2)

Cintura escapular e Região Cervical

Com dor 197 (63,5) 89 (67,9) 108 (60,3) 0,17

Sem dor 113 (36,5) 42 (32,1) 71 (39,7)

* Diferença estatística significante

O modelo da regressão logística múltipla das variáveis pessoais e esportivas dos

adolescentes, além da presença e ausência de dor na região cervical e cintura escapular

com a presença ou não dos sintomas de ansiedade/estresse então descritos na tabela 4.

As variáveis que permaneceram no modelo final retratando associação significativa com

a presença de sintomas de ansiedade/estresse foram o sexo feminino (p = 0,003), os

adolescentes com 15 a 19 anos (p = 0,001) e a modalidade individual (p = 0,036). A

validade do modelo foi confirmada pelo Omnibus test com p < 0,001 e apresentou um

alto poder explicativo com o valor de 0,98 no teste de aderência de Hosmer Lemeshow.

44

Tabela 4. Associação das variáveis independentes com a presença de sintomas de

ansiedade/estresse em adolescentes atletas amadores. (n=310)

Variáveis

Independentes

Presença de

Sintomas

n (%)

Ausência de

Sintomas

n (%)

OR

[IC 95%]

OR

Ajustado [IC95%]

Sexo

Feminino

Masculino

62 (47,3)

62 (34,6)

69 (52,7)

117 (65,4)

1,70

1

[1,07 – 2,69]

2,16 [1,31 – 3,57]

Idade

10 a 14 anos

15 a 19 anos

55 (33,7)

69 (46,9)

108 (66,3)

78 (53,1)

1

1,74

[1,10 – 2,75]

2,39 [1,42 – 4,01]

Índice de Massa

Corporal

Acima do peso

Eutrófico

36 (43,4)

88 (38,8)

47 (56,6)

139 (61,2)

1

0,83

[0,50 – 1,38]

Modalidade

Individual

Coletiva

39 (51,3)

85 (36,3)

37 (48,7)

149 (63,7)

1,85

1

[1,09 – 3,12]

1,88 [1,04 – 3,39]

Tempo de prática

Há 1 ano

Mais de 1 ano

23 (32,9)

101 (42,1)

47 (67,1)

139 (57,9)

0,67

1

[0,38 – 1,18]

Frequência de

treinamento

Até 3 vezes/semana

Mais de 3

vezes/semana

92 (39,3)

32 (42,1)

142 (60,7)

44 (57,9)

0,90

1

[0,53 – 1,51]

Duração da sessão

Até 1 hora

Acima de 1 hora

Cintura escapular e

Região Cervical

Com dor

Sem dor

25 (51)

99 (37,9)

88 (44,7)

36 (31,9)

24 (49)

162 (62,1)

109 (55,3)

77 (68,1)

1,70

1

1,73

1

[0,92 – 3,15]

[1,06 – 2,80]

No segundo modelo da regressão logística múltipla foi considerada como variável

dependente a presença ou ausência de sintomas de depressão e está exposto na tabela 5.

As variáveis que permaneceram no modelo final com associação significativa foram a

faixa etária de 15 a 19 anos (p = 0,037), a modalidade individual (p = 0,040) e a

presença de dor na cintura escapular e região cervical (p = 0,005). O modelo também

demonstrou ser valido com o Omnibus test de p < 0,001e um alto poder explicativo

(Hosmer Lemeshow de 0,99).

45

Tabela 5. Associação das variáveis independentes com a presença de sintomas de

depressão em adolescentes atletas amadores. (n=310)

Variáveis

Independentes

Presença de

Sintomas

n (%)

Ausência de

Sintomas

n (%)

OR

[IC 95%]

OR

Ajustado [IC95%]

Sexo

Feminino

Masculino

36 (27,5)

48 (26,8)

95 (72,5)

131 (73,2)

1,03

1

[0,62 – 1,71]

Idade

10 a 14 anos

15 a 19 anos

36 (22,1)

48 (32,7)

127 (77,9)

99 (67,3)

1

1,71

[1,03 – 2,84]

1,74 [1,03 – 2,95]

Índice de Massa

Corporal

Acima do peso

Eutrófico

22 (26,5)

62 (27,3)

61 (73,5)

165 (72,7)

0,96

1

[0,54 – 1,70]

Modalidade

Individual

Coletiva

27 (35,5)

57 (24,4)

49 (64,5)

177 (75,6)

1,71

1

[0,98 – 2,98]

1,84 [1,03 – 3,28]

Tempo de prática

Há 1 ano

Mais de 1 ano

15 (21,4)

69 (28,8)

55 (78,6)

171 (71,2)

0,68

1

[0,36 – 1,28]

Frequência de

treinamento

Até 3 vezes/semana

Mais de

3vezes/semana

68 (29,1)

16 (21,1)

166 (70,9)

60 (78,9)

1

0,65

[0,35 – 1,21]

Duração da sessão

Até 1 hora

Acima de 1 hora

Cintura escapular e

Região Cervical

Com dor

Sem dor

17 (34,7)

67 (25,7)

65 (33,0)

19 (16,8)

32 (65,3)

194 (74,3)

132 (67,0)

94 (83,2)

1

0,65

2,44

1

[0,34 – 1,25]

[1,37 – 4,33]

2,33 [1,30 – 4,19]

DISCUSSÃO

No presente estudo as desordens psicológicas apontaram altos índices de

prevalência. Quase metade das meninas (47,3%) e um terço dos meninos apresentaram

sintomas de ansiedade/estresse, e um quarto tantos das meninas quanto dos meninos

manifestou sintomas de depressão. Quanto à sintomatologia dolorosa na região cervical

e cintura escapular, mais de 60% dos adolescentes foram acometidos. Os adolescentes

entre 15 e 19 anos e os que praticavam modalidades individuais apresentaram

associação com a presença de sintomas de ansiedade/estresse e de depressão. As

meninas obtiveram mais chances de apresentar sintomas de ansiedade/estresse e os

46

adolescentes com dor na região cervical e na cintura escapular tinham mais chances de

apresentar sintomas de depressão.

A prevalência das desordens psicológicas nos adolescentes concorda com

levantamentos epidemiológicos que demonstram um padrão de prevalência crescente

desses sintomas, principalmente entre as meninas (KESSLER; AVENEVOLI; RIES

MERIKANGAS, 2001). A utilização de escalas e questionários para a coleta desses

dados pode ser a explicação dessa elevada prevalência, devido ao sobrerregistro de

transtornos de humor leves e momentâneos, que em uma avaliação mais específica não

seriam considerados. Mesmo assim os autorrelatos são importantes por informar a

percepção única do indivíduo sobre aspectos de seu próprio comportamento

(KOHLSDORF; JUNIOR, 2009).

A ansiedade/estresse foi o sintoma mais relatado pelos adolescentes, sendo que as

meninas obtiveram maior prevalência quando comparado aos meninos. Os estudos com

adolescentes em que se enfatizam as diferenças encontradas entre os sexos são cruciais

para melhores esclarecimentos das diferenças encontradas nas taxas de transtornos

mentais entre os sexos na idade adulta. É possível afirmar que muitos dos transtornos

encontrados nos adultos foram desenvolvidos em idades bem jovens (WARNER;

BOTT, 2010). No presente estudo isso pôde ser observado ao constatar que as meninas

tinham mais chances de apresentar sintomas de ansiedade, o que corrobora as taxas mais

altas de ansiedade em mulheres na idade adulta (KINRYS; WYGANT, 2005).

A ansiedade não só é a desordem mais comum entre os adolescentes americanos

(MERIKANGAS et al., 2010), como também são as meninas as mais acometidas (JIN

et al., 2014; MERIKANGAS et al., 2010; YAO et al., 2015). As diferenças da ansiedade

entre os sexos vão além da prevalência, existem diferenças também na apresentação

clínica e nas suas características. O sexo feminino tende a relatar maior gravidade dos

sintomas e referir com mais frequência comorbidades quando comparadas ao masculino

que tende a ter maior resistência a expressar seus sintomas psicológicos. Sugere-se

também que os fatores genéticos e os hormônios sexuais também podem desempenhar

papéis importantes na expressão dessas diferenças entre os sexos (KINRYS;

WYGANT, 2005).

Outro fator que mostrou-se associado com as desordens psicológicas foi a idade,

tanto para a ansiedade/estresse quanto para a depressão. Evidenciou-se chances maiores

47

dos adolescentes mais velhos, entre 15 e 19 anos, apresentarem sintomas de

ansiedade/estresse e depressão. A adolescência sendo fase de transição e de constantes

mudanças físicas e psicológicas, propícia aos adolescentes mais chances de apresentar

esses sintomas, portanto, a forma como a adolescência é vivenciada pode influenciar em

alterações na idade adulta (ARGIMON et al., 2013).

Nossos achados corroboram o estudo de Jin et, al (2014) que também encontrou

uma relação diretamente proporcional, aumentando a prevalência da ansiedade de

acordo com o aumento do nível escolar, o que indicaria que com a ascensão de grau na

escola, consequentemente da idade, o estresse desses adolescentes intensifica em dois

aspectos principais, tanto na pressão da aprendizagem, quanto no aumento das relações

interpessoais. Já para a depressão um estudo de meta-análise (TWENGE; NOLEN-

HOEKSEMA, 2002) buscou avaliar a influencia de vários fatores sociodemográficos na

sua prevalência, entre eles a idade. Foi observado que a prevalência da depressão nas

meninas ficavam estáveis até os 12 anos e depois aumentavam com o passar da idade. A

explicação estaria também na influência do sexo, as meninas - de forma mais breve que

os meninos - entre 12 e 16 anos estão na puberdade e devido a ação hormonal

apresentam mais sintomas de depressão.

A atividade física é considerada um fator de proteção, diminuindo as chances dos

indivíduos apresentarem sintomas de desordens psicológicas, principalmente de

depressão em mulheres (DUGAN et al., 2015). A prática de algum esporte durante a

adolescência foi associada com menores escores de sintomas de depressão na idade

adulta. A explicação para isso foi que a atividade física em um contexto de esporte

organizado favorece a saúde mental positiva, além de fornecer oportunidades para a

interação social e a conectividade (BRUNET et al., 2013). No estudo de Jewett et al

(2014) foi verificado que a participação dos adolescentes em esportes na escola foi

associada com a diminuição de sintomas tanto de depressão quanto de estresse,

destacando a importância de fatores sociais que liga a participação esportiva com a

saúde mental durante a adolescência e o início da idade adulta.

No presente estudo toda a amostra praticava atividades esportivas, dentro dessa

prática, os esportes do tipo coletivo foram considerados fator de proteção para a

presença de desordens psicológicas. Os adolescentes das modalidades esportivas

individuais obtiveram mais chances de apresentar sintomas de ansiedade/estresse e

48

depressão. Não há estudos longitudinais demonstrando a ligação entre a natureza da

participação com sintomas de desordens psicológicas. É possível que a participação de

esportes envolvendo pessoas competindo umas contra as outras para objetivo pessoal

(modalidade individual) seja menos protetora do que a participação em esportes

envolvendo um grupo de pessoas trabalhando juntas para um objetivo compartilhado

(modalidade coletiva) devido principalmente a natureza social (EIME et al., 2013).

A dor na região cervical é a quarta desordem mais comum, para os anos vividos

com incapacidade, na população global (VOS et al., 2012), e juntamente com a dor no

ombro apresentou uma alta prevalência nas últimas décadas entre os adolescentes e com

tendência a continuar elevando-se (HAKALA et al., 2002). No presente estudo os

adolescentes com dor na região cervical e cintura escapular apresentaram uma alta

prevalência. Demonstrando ser um problema comum e crescente nessa fase da vida

(VIKAT et al., 2000), e sugerindo ser um problema nos adultos do futuro.

Baseado na teoria da reciprocidade entre a dor e a depressão, em que a dor

nociceptiva pode ter seu limiar tanto reduzido pelo sofrimento psicológico como

também pode ser a consequência (VIKAT et al., 2000), vários estudos (DIEPENMAAT

et al., 2006; HÄRMÄ et al., 2002; MYRTVEIT et al., 2014; STÅHL et al., 2008)

entraram em conformidade com a presente pesquisa, indicando que os adolescentes com

dores na região cervical e na cintura escapular possuíam mais chances de apresentar

sintomas depressivos. A afetividade negativa em resposta a um estímulo nocivo, leva ao

medo, a evitar movimentos específicos, ao desuso e a incapacidade. Por sua vez, isso

pode aumentar a experiência da dor, porque se trata de associação bidirecional

(COTCHETT; MUNTEANU; LANDORF, 2016).

O estudo de Richards et al, (2016) não avaliou a associação da dor na região

cervical com a depressão, porém ele observou que de quatro tipos de posturas comuns

aos adolescente, a postura de hipercifose e cabeça anteriorizada foi a que teve mais

chances de apresentar sintomas depressivos. Sugerindo que adolescentes com esse tipo

de postura podem com o tempo adquirir disfunções nessa região que consequentemente

ocasionam sintomas álgicos. A dor pode tanto ser alterada por doenças afetivas, quanto

induzir ou exacerbar um estado afetivo disfórico (KORFF; SIMON, 1996). Os fatores

psicossociais ampliam a experiência da dor e assim perpetuam um círculo vicioso de

nocicepção, dor, angústia e incapacidade (GATCHEL et al., 2007). Como a depressão e

49

a dor compartilham de uma via química comum e ambos estão influenciados pelos

níveis de serotonina e norepinefrina, as duas devem ser tratadas em conjunto

(TRIVEDI, 2004). Indicando que a melhora dos sintomas físicos melhoraria os sintomas

de depressão e sugerindo que a o inverso também é possível.

Os dados apresentados reforçam a necessidade de pesquisas futuras que

demonstrem a implicação do acompanhamento de profissionais como fisioterapeutas,

psicólogos e educadores físicos nas escolas, além de estudos que busquem evidenciar a

efetividade de intervenções que integram terapias físicas e psicossociais para o alivio da

dor, principalmente para os adolescentes que estão ultrapassando uma fase sensível de

mudanças repentinas e frequentes, com reações diretas na idade adulta. A limitação do

estudo concentrou-se na utilização de um instrumento de autorrelato, não podendo

inferir categoricamente que os adolescentes apresentavam essas desordens com base

apenas nos escores da escala.

CONCLUSÃO

Pode ser observado no presente estudo que as desordens psicológicas e a

sintomatologia dolorosa apresentaram altos índices nos adolescentes, principalmente no

sexo feminino. Os adolescentes mais velhos e que praticavam modalidades individuais

apontaram mais chances de apresentar sintomas de ansiedade/estresse e de depressão.

As meninas obtiveram mais chances de apresentar sintomas de ansiedade/estresse e os

adolescentes com dor na região cervical e na cintura escapular tinham mais chances de

apresentar sintomas de depressão.

50

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53

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As implicações observadas na presente dissertação atestam a boa qualidade da

EADS-21, apresentando valores excelentes de confiabilidade, revelando também uma

forte consistência interna. Na análise da concordância foi possível inferir, embora

pequeno, a presença de erro do tipo sistemático em todos os construtos, o que reforça a

importância de se conhecer os valores de EPM e MMD para sua aplicação clínica. O

modelo de dois fatores com a condensação dos construtos ansiedade e estresse em um

único fator apresentou-se mais aceitável para a população adolescente. Os resultados

também apontam para altos índices de prevalência das desordens psicológicas e da

sintomatologia dolorosa na região cervical e cintura escapular. Os adolescentes com dor

nesses locais obtiveram mais chances de apresentar sintomas de depressão. O sexo

feminino além de evidenciar maior prevalência de sintomas de ansiedade/estresse,

também obteve mais chances de relatar tais sintomas. Por fim os adolescentes mais

velhos e que praticavam modalidades individuais obtiveram mais chances de apresentar

sintomas de ansiedade/estresse e também de depressão.

54

8. REFERÊNCIAS (CONTEXTUALIZAÇÃO E REFERENCIAL

TEÓRICO)

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second chance in the second decade, 2014. (Nota técnica).

57

9. ANEXOS E APÊNDICES

PARECER CEP

58

CARTA DE ANUÊNCIA

59

TERMO DE ASSENTIMENTO

Elaborado com base na resolução 466/2012 – CNS/CONEP

Você está sendo convidado a participar da pesquisa intitulada Prevalência de

dor no ombro em adolescentes atletas e fatores associados sob responsabilidade das

pesquisadoras Valéria Mayaly Alves de Oliveira, Mayra Ruana de Alencar Gomes e

Alaine Souza Lima e do orientador Professor Rodrigo Cappato de Araújo cujo objetivo

é determinar a prevalência sintomas de dor no ombro entre atletas adolescentes e

verificar quais possíveis fatores estão associados a esta dor.

Para realização deste trabalho usaremos os seguintes métodos: questionários que

avaliam as suas características individuais, esportivas, de dor e funcionalidade do

ombro, além de questionários sobre ansiedade, depressão e qualidade do sono bem

como a realização de testes que verificam as variáveis de desempenho funcional do

ombro.

Seu nome assim como todos os dados que lhe identifiquem serão mantidos sob

sigilo absoluto, antes, durante e após o término do estudo.

Quanto aos riscos e desconfortos, você poderá sentir dor no ombro e/ou cansaço

físico durante a realização de alguns testes.

Caso você venha a sentir algo dentro desses padrões, comunique ao pesquisador

para que sejam tomadas as devidas providenciais: em casos de dor, o teste será

interrompido e você receberá informações sobre como aliviar sua dor; em casos de

cansaço físico, será determinado um prazo de descanso entre os testes para evitar tais

desconfortos.

Os benefícios esperados com o resultado desta pesquisa são: determinar com o

resultado dos questionários e testes se você tem lesão no ombro e como está a função do

mesmo, dessa forma pretende-se verificar como a saúde do seu ombro pode afetar o seu

rendimento esportivo.

No curso da pesquisa você tem os seguintes direitos: a) garantia de

esclarecimento e resposta a qualquer pergunta; b) liberdade de abandonar a pesquisa a

qualquer momento, mesmo que seu pai ou responsável tenha consentido sua

participação, sem prejuízo para si; c) garantia de que caso haja algum dano a sua pessoa,

60

os prejuízos serão assumidos pelos pesquisadores ou pela instituição responsável

inclusive acompanhamento médico e hospitalar (se for o caso). Caso haja gastos

adicionais, os mesmos serão absorvidos pelo pesquisador.

Nos casos de dúvidas você deverá falar com o responsável, para que procure os

pesquisadores, a fim de resolver seu problema: Rodrigo Cappato de Araújo - Br 203

Km02 S/N, Cidade Universitária – Petrolina-PE ou pelo telefone (87) 9633-4858;

Valéria Mayaly Alves de Oliveira – Br 203 Km02 S/N, Cidade Universitária –

Petrolina-PE ou pelo telefone (87) 9952-4987.

Assentimento Livre e Esclarecido

Eu, _________________________________________________________, após

ter recebido todos os esclarecimentos e assinado o TCLE, confirmo que o(a) menor

___________________________________________________________, recebeu

todos os esclarecimentos necessários, e concorda em participar desta pesquisa. Desta

forma, assino este termo, juntamente com o pesquisador, em duas vias de igual teor,

ficando uma via sob meu poder e outra em poder do pesquisador.

Petrolina, _____ de _________________ de 20___

Assinatura do responsável

________________________________________________________________

Assinatura do pesquisador

________________________________________________________________

61

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Elaborado com base na resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde do

Ministério da Saúde, publicada no Diário Oficial em 12 de dezembro de 2012.

Convidamos V.Sa. a participar da pesquisa Prevalência de dor no ombro em

adolescentes atletas e fatores associadossob responsabilidade dos pesquisadores

Rodrigo Cappato de Araújo e Valéria Mayaly Alves de Oliveira que tem por objetivo

verificar a presença de dor no ombro entre atletas adolescentes e se os possíveis fatores

individuais, esportivas e funcionais do ombro podem contribuir para o risco de dor nas

diferentes modalidades esportivas.

Para realização deste trabalho, será utilizado o seguinte método: após a

assinatura do termo de consentimento, você responderá seis questionários, com questões

sobre a prática esportiva, a presença de queixas de dor no ombro, suas habilidades para

fazer certas atividades e questionamentos sobre ansiedade, depressão e qualidade do

sono. Sendo então submetido a exame para medição do peso e da altura. Além disso,

você será submetido à realização de testes que irão verificar a saúde do seu ombro.

Todos os procedimentos serão realizados por avaliadores devidamente treinados para a

realização destas tarefas. Esclarecemos ainda que após a conclusão da pesquisa todo

material a ela relacionado será destruído, não restando nada que venha a comprometer o

anonimato de sua participação agora ou futuramente.

Quanto aos riscos e desconfortos, a presente pesquisa oferece não prejuízos à

saúde do participante. Considera-se nesta pesquisa o risco de alguns participantes

sentirem dor ou desconforto no ombro e cansaço físico durante a coleta de dados,

portanto pretendemos reduzir estes riscos realizando intervalos de descanso entre os

testes e orientações de alívio da dor no ombro. Além de assegurar sobre a

confidencialidade dos dados e das informações coletadas, e garantidos de que os

resultados serão obtidos apenas para alcançar os objetivos da pesquisa, incluindo a sua

publicação na literatura científica especializada. Como possíveis benefícios,esta

pesquisa contribui para verificar a prevalência de dor no ombro e os possíveis fatores

associados à esta dor bem como avaliar à saúde do ombro dos adolescentes

atletas.Dessa forma, os possíveis fatores de risco informarão o comprometimento no

desempenho esportivo e as implicações sociais e econômicas para os mesmos e o

62

Estado. De tal maneira a gerar dados que sirvam de subsídio para minimizar os

possíveis riscos de dor e lesão no ombro.

O (A) senhor (a) terá os seguintes direitos: a garantia de esclarecimento e

resposta a qualquer pergunta; a liberdade de abandonar a pesquisa a qualquer momento

sem prejuízo para si ou para seu tratamento (se for o caso); a garantia de privacidade à

sua identidade e do sigilo de suas informações; a garantia de que caso haja algum dano a

sua pessoa (ou o dependente), os prejuízos serão assumidos pelos pesquisadores ou pela

instituição responsável inclusive acompanhamento médico e hospitalar. Caso haja

gastos adicionais, os mesmos serão absorvidos pelo pesquisador.

Nos casos de dúvidas e esclarecimentos o (a) senhor (a) deve procurar os

pesquisadores: Rodrigo Cappato de Araújo - Br 203 Km02 S/N, Cidade Universitária –

Petrolina-PE ou pelo telefone (87) 9633-4858; Valéria Mayaly Alves de Oliveira – Br

203 Km02 S/N, Cidade Universitária – Petrolina-PE ou pelo telefone (87) 9952-4987.

Caso suas dúvidas não sejam resolvidas pelos pesquisadores ou seus direitos sejam

negados, favor recorrer ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de

Pernambuco, localizado à Av. Agamenon Magalhães, S/N, Santo Amaro, Recife-PE ou

pelo telefone 81-3183.3775 ou através do e-mail comitê[email protected]

Eu ______________________________________, após ter recebido todos os

esclarecimentos e ciente dos meus direitos, concordo em participar desta pesquisa, bem

como autorizo a divulgação e a publicação de toda informação por mim transmitida em

publicações e eventos de caráter científico. Desta forma, assino este termo, juntamente

com o pesquisador, em duas vias de igual teor, ficando uma via sob meu poder e outra

em poder dos pesquisadores.

Local: __________________________ Data:

____/____/____

Assinatura do aluno:___________________________________________________

Assinatura do

Responsável:_____________________________________________

Assinatura do

Pesquisador:______________________________________________

63

QUESTIONÁRIO ESTRUTURADO

1. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino

2. Data de nascimento: _____/______/______

3. Idade: _______

4. Modalidade esportiva

( ) Vôleibol

( ) Handebol

( ) Basquete

( ) Natação

( ) Judô

5. Há quanto tempo você pratica esse esporte? ___________________

6. Quantas vezes na semana você treina? _______________________

7. Quantas horas por semana você treina? ___________________________

64

LOCALIZAÇÃO DA DOR

Assinale no mapa corporal a região do membro superior que você sente dor. Em

seguida, assinale a intensidade da dor da região em questão.

65

ESCALA DE ANSIEDADE, DEPRESSÃO E STRESS - 21 (EADS-21)