UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE...
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA
GABRIEL COSTA BLANCO
Teste da viabilidade da utilização do efluente da Escola de Engenharia de
Lorena para cultivo da microalga Chlorella vulgaris em reator batelada
visando o acúmulo de lipídeos e o tratamento da água.
Lorena
2017
GABRIEL COSTA BLANCO
Teste da viabilidade da utilização do efluente da Escola de Engenharia de
Lorena para cultivo da microalga Chlorella vulgaris em reator batelada para
produção de biocombustível e tratamento da água
Monografia apresentada à Escola de
Engenharia de Lorena - Universidade de
São Paulo como requisito parcial para
conclusão da Graduação do curso de
Engenharia Ambiental.
Orientador: Profa. Dra. Daniela Helena
Pelegrine Guimarães
Lorena
2017
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIOCONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE
Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Automatizadoda Escola de Engenharia de Lorena,
com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)
Blanco, Gabriel Costa Teste da viabilidade da utilização do efluente daEscola de Engenharia de Lorena para cultivo damicroalga Chlorella vulgaris em reator bateladavisando o acúmulo de lipídeos e o tratamento da água/ Gabriel Costa Blanco; orientadora Daniela HelenaPelegrine Guimarães. - Lorena, 2017. 49 p.
Monografia apresentada como requisito parcialpara a conclusão de Graduação do Curso de EngenhariaAmbiental - Escola de Engenharia de Lorena daUniversidade de São Paulo. 2017Orientadora: Daniela Helena Pelegrine Guimarães
1. Microalgas. 2. Chlorella vulgaris. 3.Biocombustível. 4. Tratamento de água. I. Título. II.Guimarães, Daniela Helena Pelegrine, orient.
AGRADECIMENTOS
À minha família, obrigado pelo apoio e incentivo na concretização desse
sonho.
À Profa. Dra. Daniela Helena Pelegrine Guimarães, pela orientação, apoio e
empenho na execução desse trabalho.
Ao Prof. Gerônimo Tagliaferro, pelo auxílio e suporte no laboratório durante
execução da parte experimental desse trabalho.
À todas as amizades que criei durante a graduação, a República Balako e
aos docentes que atuaram na minha formação, por cada momento compartilhado
e por me apoiarem independentemente da situação.
“A mente que se abre a uma nova ideia,
jamais voltará ao seu tamanho original.”
Albert Einstein
RESUMO
BLANCO, G. C. Teste da viabilidade da utilização do efluente da Escola de
Engenharia de Lorena para cultivo da microalga Chlorella vulgaris em reator
batelada para produção de biocombustível e tratamento da água. 2017. 49 p.
Monografia (Graduação em Engenharia Ambiental) – Escola de Engenharia de
Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena, 2017.
A sociedade vem se conscientizando da necessidade de aliar o crescimento
econômico com as condições ambientais. Diversos estudos estão sendo realizados
para o desenvolvimento de medidas sustentáveis para a produção de energia. Diante
disso, novas matérias primas têm sido testadas. As microalgas têm se mostrado como
uma alternativa ambiental adequada, pois além de acumularem lipídeos, capturam o
CO2 presente na atmosfera e absorvem contaminantes presentes nos meios
aquáticos. O presente projeto utilizou a microalga Chlorella vulgaris, cultivada no
efluente da Escola de Engenharia de Lorena em reator batelada para avaliar o
melhoramento da qualidade da água após o cultivo e a viabilidade da extração de
lipídeos para a produção de biocombustível. Os testes foram realizados com efluentes
coletados em 3 dias diferentes devido a variação da sua concentração ao longo da
semana. A Chlorella vulgaris apresentou uma boa adaptação aos efluentes,
chegando a atingir densidade celular máxima de 1,915.107 células/mL e
concentração de biomassa seca de 1,74 g/L. Obteve-se concentrações de lipídeos
por grama de biomassa seca satisfatórias variando entre 0,095 mg/g e 0,164 mg/g
dependendo da concentração do efluente. Além disso promoveu taxas de remoção
de nitrato entre 54% e 78,74%, e redução da DQO entre 17,73% e 36,13%. O cultivo
da microalga Chlorella vulgaris em efluentes se mostrou uma boa alternativa para
promover o acumulo de lipídeos sem gastos com a compra de insumos e também
para o melhoramento da qualidade da água.
Palavras chaves: Microalgas. Chlorella vulgaris. Biocombustível. Tratamento de
água.
ABSTRACT
BLANCO, G. C. Viability test of the effluent from the School of Engineering of
Lorena for cultivation of the microalga Chlorella vulgaris in a batch reactor for
the production of biofuel and water treatment. 2017. 49 p. Monograph
(Graduação em Engenharia Ambiental) – Escola de Engenharia de Lorena,
Universidade de São Paulo, Lorena, 2017.
Society has become aware of the need to combine economic growth with
environmental conditions. Several studies are being carried out to develop
sustainable measures for energy production. In view of this, new raw materials have
been tested. Microalgae have been shown to be an adequate environmental
alternative because, in addition to accumulating lipids, they capture CO2 present in
the atmosphere and absorb contaminants present in aquatic environments. This
project uses the microalga of the species Chlorella vulgaris, grown in the effluent of
the Lorena School of Engineering in a batch reactor to evaluate the quality of water
after cultivation and the viability of lipid extraction for the production of biofuels. The
tests were carried out with effluents collected on 3 different days due to the variation
of their concentration during the week. Chlorella vulgaris presented a good
adaptation to the university effluent, reaching a maximum cell density of 1,915 . 107
cells/mL and a dry biomass concentration of 1.74 g/L. It obtained satisfactory
concentrations of lipids per gram of biomass ranging from 0,095 mg/g to 0,164 mg/g
depending on the concentration of the effluent. In addition it promotes nitrate
removal rates between 54% and 78.74%, and COD reduction between 17.73% and
36.13%. The cultivation of the microalgae Chlorella vulgaris in effluents proved to
be a good alternative to promote the accumulation of lipids without expenses with
the purchase of reagents and the improvement of water quality.
Palavras chaves: Microalgae. Chlorella vulgaris. Biofuel. Water treatment.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Chlorella vulgaris ........................................................................................... 20
Figura 2 – Autodepuração de um curso d'água .......................................................... 25
Figura 3 – Estação de tratamento de efluentes .......................................................... 27
Figura 4 – Efluente da Escola de Engenharia de Lorena .......................................... 28
Figura 5 – Cepário ........................................................................................................... 28
Figura 6 – Cultivo da microalga Chlorella vulgaris em meio contendo efluente em
fotobiorreator batelada .................................................................................................... 30
Figura 7 – Floculação da biomassa após a etapa de cultivo no reator ................... 31
Figura 8 – a) biomassa seca e filtrada; b) biomassa moída ..................................... 32
Figura 9 – Homogeneização da mistura através de ultrassom ................................ 32
Figura 10 – Sistema bifásico composto de clorofórmio, lipídeos, água e metanol 33
Figura 11 – a) extração dos lipídeos; b) lipídeos extraídos....................................... 33
Figura 12 – Espectrofotômetro Jenway 7305 .............................................................. 34
Figura 13 – Curva analítica de DQO ............................................................................. 36
Figura 14 – Curva analítica do nitrato ........................................................................... 37
Figura 15 – Curva de crescimento Chlorella vulgaris nos efluentes........................ 37
Figura 16 – Curva analítica de crescimento da biomassa da microalga Chlorella
vulgaris ............................................................................................................................... 38
Figura 17 – Concentração de biomassa nos cultivos contendo efluentes. ............ 39
Figura 18 – Perfil de consumo de nitrato ..................................................................... 40
Figura 19 – Comparação da densidade celular com o padrão BBM ....................... 41
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Quantidade de lipídeos em biomassa seca, produzidos em média
conforme cada espécie de alga ..................................................................................... 21
Tabela 2 – Composição do Meio Bold Basal (BBM) .................................................. 29
Tabela 3 – Caracterização dos parâmetros DQO e nitrato das amostras de efluente
na entrada do reator ........................................................................................................ 36
Tabela 4 – Concentração de biomassa seca acumulada.......................................... 41
Tabela 5 – Concentração de lipídeos extraído e razão lipídeos por grama de biomassa
seca .................................................................................................................................... 41
Tabela 6 – Caracterização das amostras de efluente na saída do reator .............. 42
Tabela 7 – Produtividade de biomassa dos cultivos utilizando efluentes ............... 43
Tabela 8 – Produtividade de lipídeos dos cultivos utilizando efluentes .................. 43
LISTA DE ABREVIATURAS
BBM Meio Bold Basal
DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio
DQO Demanda Química de Oxigênio
OD Oxigênio Dissolvido
N-NH3 Nitrogênio Amoniacal
N-org Nitrogênio Orgânico
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 17
1.1 Justificativa ............................................................................................................... 18
1.2 Objetivo geral ........................................................................................................... 18
1.3 Objetivos específicos ............................................................................................. 18
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................................... 19
2.1 Algas ........................................................................................................................... 19
2.2 Chlorella vulgaris .................................................................................................... 20
2.3 Uso de efluentes como meio de cultivo ............................................................ 21
2.4 Biocombustível ........................................................................................................ 22
2.5 Controle do processo............................................................................................. 24
2.5.1 Demanda Química de Oxigênio (DQO) .............................................................. 24
2.5.2 Concentração de nitrato ........................................................................................ 24
2.5.3 Contagem de células ............................................................................................. 26
2.5.4 Extração de lipídeos .............................................................................................. 26
3 MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................................... 27
3.1 Microalgas ................................................................................................................. 27
3.2 Caracterização da ETE........................................................................................... 27
3.3 Inóculo........................................................................................................................ 28
3.4 Fotobiorreator batelada ......................................................................................... 29
3.5 Contagem celular .................................................................................................... 30
3.6 Floculação ................................................................................................................. 31
3.7 Extração dos lipídeos pelo método Bligh-Dyer modificado ........................ 32
3.8 Caracterização do efluente ................................................................................... 34
3.8.1 Nitrato ....................................................................................................................... 34
3.8.2 DQO ......................................................................................................................... 35
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................. 36
4.1 Caracterização do efluente na entrada do reator ........................................... 36
4.2 Densidade celular (número de células) ............................................................. 37
4.3 Curva de crescimento (massa seca) .................................................................. 38
4.4 Perfil de consumo de nitrato ................................................................................ 39
4.5 Comparação da densidade celular e da biomassa resultante dos cultivos
empregando efluente e somente na presença do padrão BBM ........................ 40
4.6 Comparação da concentração de lipídeos com o padrão BBM ................. 41
4.7 Caracterização do efluente na saída do reator ............................................... 42
4.8 Produtividade da biomassa e dos lipídeos ...................................................... 43
5 CONCLUSÃO ............................................................................................................... 44
6 TRABALHOS FUTUROS............................................................................................ 45
REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 46
17
1 INTRODUÇÃO
Devido ao crescimento populacional e industrial acelerado nos últimos anos,
os recursos naturais foram extremamente explorados sem avaliar os impactos
provocados ao meio ambiente. Atualmente a maior parte da demanda energética
mundial é suprida pela utilização de combustíveis fósseis (REN21, 2015). Com o
passar do tempo, analisando os cenários, criou-se a necessidade da geração de
energia por fontes renováveis, como a produção de biocombustíveis. Um método
que tem sido bastante estudado pelos pesquisadores é a produção de lipídeos por
microalgas, em que os lipídeos acumulados são extraídos e convertidos a biodiesel
via transesterificação (KNOTHE et al., 2006).
Um dos principais desafios é a elaboração de reatores que sejam
economicamente viáveis e possibilitem o cultivo das microalgas em larga escala. O
alto custo para a construção e operação de fotobiorreatores aliado a necessidade
de grandes quantidades de nutrientes limitam a utilização comercial. Nesse
contexto visando à redução dos custos diversos tipos de efluentes têm sido
testados como fontes de água e nutrientes para o cultivo (LAM et al., 2017).
Além da capacidade de geração energética, as microalgas possuem
capacidade de absorção e remoção de contaminantes presentes na água
(VIDOTTI; ROLLEMBERG, 2004). Esse trabalho visou avaliar a viabilidade de
integrar a geração de biocombustíveis com o tratamento de água através do cultivo
da espécie Chlorella vulgaris no efluente da Escola de Engenharia de Lorena.
O tratamento da água é outra questão ambiental que vem se destacando,
uma vez que para o desenvolvimento de diversas atividades humanas utiliza-se a
água. É um recurso renovável, ainda presente em grande quantidade no planeta,
com uma ampla variedade de aplicações, fácil obtenção e custo consideravelmente
baixo (MIHELCIC; ZIMMERMAN, 2012). Apesar da abundância deve ser utilizado
de maneira consciente para garantir a preservação dos ecossistemas. As
tecnologias de tratamento de água evoluíram consideravelmente, podendo-se dizer
que qualquer água pode ser tratada e destinada ao consumo embora custos e
riscos envolvidos possam ser extremamente elevados (DI BERNARDO; DANTAS,
2005).
18
1.1 Justificativa
Com o visível esgotamento dos recursos disponíveis no planeta, novas
formas de geração de energia vêm sendo desenvolvidas na tentativa de minimizar
os impactos provocados pelos meios de geração energética tradicionais. Esse
estudo teve como finalidade avaliar a viabilidade de se realizar o cultivo de
microalgas da espécie Chlorella vulgaris em reator batelada no efluente gerado pela
universidade visando à melhoria da qualidade da água e a produção de
biocombustíveis através dos lipídeos acumulados pelas algas. Os ensaios foram
realizados no Laboratório de Engenharia de Microalgas do Departamento de
Engenharia Química da Escola de Engenharia de Lorena.
1.2 Objetivo geral
Testar a viabilidade do cultivo da microalga Chlorella vulgaris, no efluente
gerado pela estação de tratamento de esgoto da Escola de Engenharia de Lorena.
Avaliar a razão de óleo/biomassa desta espécie cultivada nesse meio e o
melhoramento da qualidade da água residual após o cultivo.
1.3 Objetivos específicos
Avaliação do crescimento da microalga Chlorella vulgaris no efluente da
estação de tratamento de esgoto da Escola de Engenharia de Lorena;
Construção de um fotobiorreator batelada visando o aproveitamento da
água residual;
Determinação da razão óleo/biomassa no fotobiorreator batelada;
Avaliação da concentração de nitrato e da DQO na saída do fotobiorreator
batelada.
19
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Algas
As algas constituem um grupo de organismos eucariontes que possuem
clorofila, hábitos aquáticos, além de serem fotossintetizantes e talófitos. Podem ser
encontradas em diferentes formas unicelulares, pluricelulares, coloniais e
cenocíticas (OLAIZOLA, 2003). Possuem crescimento equilibrado de acordo com
as condições do meio, como a temperatura e a quantidade de nutrientes disponíveis
(TREVISAN et al., 2014). Consequentemente quando ocorre alguma mudança
brusca nas condições do meio, o crescimento das algas fica desordenado
provocando efeitos como a eutrofização do ecossistema
São divididas de acordo com a morfologia, sendo classificadas em
microalgas e macroalgas. Microalgas muitas vezes são unicelulares, com
dimensões microscópicas, e as macroalgas, são algas que apresentam múltiplas
células e dimensões macroscópicas (FOGAÇA, 2014). Nesse trabalho foram
utilizadas microalgas da espécie Chlorella vulgaris.
As microalgas por meio de fotossíntese convertem água, dióxido de carbono
e luz em oxigênio e biomassa (COSTA; MORAIS, 2011), sendo a energia
armazenada na forma de óleo, carboidrato e proteína (DEMIRBAS, 2011), podendo
algumas espécies apresentar elevado teor de lipídeos em sua massa seca (CAI;
PARK; LI, 2013).
Microalgas são resistentes tendo condições de se desenvolver em
temperaturas e pH variados, se adaptam com facilidade a diferentes condições do
meio como água doce, salgada e salobra. A simplicidade na estrutura desses
organismos permite um crescimento acelerado, despertando o interesse dos
pesquisadores em desenvolver aplicações biotecnológicas (BAICHA et al., 2016).
Existem inúmeros tipos de espécies de algas, cada espécie reage de uma
maneira diferente. Essas diferenças podem ser compreendidas por meio do exame
de características especificas dos organismos, que avalia funções como sua
capacidade de adquirir nutrientes em diferentes formas químicas, sua amplitude de
deslocamento pela coluna d’água ou mesmo diferenças na capacidade de absorver
luz (VIDOTTI; ROLLEMBERG, 2004).
20
A análise das respostas das espécies geralmente necessita da realização de
experimentos controlados, onde cada espécie estudada deve ser na maioria dos
casos separados das demais. Tais experimentos originam em cultivos de
microalgas. Recebe essa definição de cultivo populações de organismos, que tem
a capacidade de sobreviver em condições artificiais e controladas de
desenvolvimento, com diferentes objetivos, desde a manutenção dos organismos
vivos até o aproveitamento financeiro da biomassa extraída (LOURENÇO, 2006).
2.2 Chlorella vulgaris
A espécie Chlorella vulgaris é uma célula microscópica esférica com 2 a 10
μm de diâmetro, possui parede celular resistente e elementos estruturais
semelhantes às plantas. É composta por proteínas, lipídeos, carboidratos,
vitaminas e minerais (SAFIA et al., 2014). A Figura 1 apresenta a Chlorella vulgaris.
Figura 1 – Chlorella vulgaris
Fonte: Lúcio (2014).
Esta microalga tem uma taxa de crescimento rápida (ROGERS, 2011).
Realiza reprodução assexuada, na qual cada célula haplóide divide-se
mitoticamente duas ou três vezes para originar quatro ou oito células não-móveis
(RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2007). Ideal para a produção pelo fato de ser
extremamente resistente há condições adversas e contaminantes, além disso não
necessita de grandes quantidades de nutrientes e possui uma alta produtividade de
biomassa (YEH; CHANG, 2012). Pode ser cultivada em meios autotróficos,
heterotróficos e mixotróficos (BAICHA et al., 2016).
21
A Chlorella vulgaris apresenta diversos tipos de aplicações como a produção
de biocombustível através da extração dos lipídeos, nutrição humana, alimentação
animal, tratamento de efluentes e produção de biofertilizantes (SAFIA et al., 2014).
Na Tabela 1 é possível observar a quantidade de lipídeos produzidos em média por
cada espécie.
Tabela 1 – Quantidade de lipídeos em biomassa seca, produzidos em média conforme cada espécie de alga
Algas Lipídeos em g/g de
biomassa
Chlorella pyrenoidosa 0,37
Chlorella vulgaris 0,40
Dunaliella salina 0,47
Monalanthus salina 0,70
Neochloris oleoabundans 0,35-0,54
Ochromonas danica 0,39-0,71
Scenedesmus dimorphus 0,16-0,40
Scedesmus obliquus 0,49
Fonte: Aquarone et al. (2001).
2.3 Uso de efluentes como meio de cultivo
Cada efluente irá apresentar características físicas e químicas diferentes de
acordo com a operação, matéria-prima e atividades envolvidas nos processos (DI
BERNARDO; DANTAS, 2005). As águas residuárias, nesse caso esgotos
produzidos pela universidade, são compostas de matéria orgânica e inorgânica.
Possuem excrementos humanos sólidos e líquidos, restos de alimento, produtos de
limpeza e reagentes químicos utilizados nos laboratórios.
Segundo Von Sperling (1996) os principais constituintes orgânicos presentes
nos efluentes são: proteínas, açúcares, óleos e gorduras, microrganismos, sais
orgânicos e componentes dos produtos saneantes. Os principais constituintes
inorgânicos são sais formados de ânions (cloretos, sulfatos, nitratos, fosfatos) e
cátions (sódio, cálcio, potássio, ferro e magnésio).
Grandes investimentos têm sido feitos visando o tratamento de efluentes
através de processos biológicos. As microalgas têm chamado atenção dos
22
pesquisadores pela grande variedade de aplicações biotecnológicas envolvendo
tratamento de efluentes, devido a sua capacidade de retenção e imobilização de
metais (LAM et al., 2017).
Com o aumento da fiscalização, as empresas vêm buscando se enquadrar
aos parâmetros de lançamento de efluentes especificados segundo a Resolução
N° 357 do CONAMA, de 18 de março de 2005 (BRASIL, 2005).
2.4 Biocombustível
O biocombustível é biodegradável e os gases que são emitidos por esse
combustível são novamente capturados pelas microalgas diferentemente dos
combustíveis fosseis comumente utilizados pela maioria dos países (BAICHA et al.,
2016). Nesse trabalho será estudada a síntese de lipídeos por via microbiana,
voltada para produção de energia. As microalgas possuem óleo microbiano,
podendo assim gerar biocombustível. Essa técnica de obtenção de lipídeos para
geração de energia através de microalgas já é conhecida há algum tempo, os
estudos tem se intensificado devido a necessidade mundial de encontrar fontes de
energia renováveis. Essa é apenas uma das aplicações desse processo, a
biotecnologia de lipídeos, pode ser utilizada também para outros usos industriais,
como interesterificação e obtenção de esteróis (BAICHA et al., 2016).
Segundo Aquarone et al. (2001) a fração celular de maior importância de
determinadas algas depois das proteínas, são os lipídeos. Tanto o conteúdo quanto
a composição dessas substâncias, são de extrema importância na determinação
da qualidade de uma biomassa microbiana (AQUARONE et al., 2001).
Componentes do suco celular, os lipídeos podem ser sintetizados por
microrganismos, sejam procariotos ou eucariotos. Os procariotos são organismos
que não apresentam membrana ao redor do núcleo, esse grupo representa as
bactérias. No caso dos organismos eucariotos, são caracterizados por possuírem
núcleo definido e separado do citoplasma por uma carioteca. Nesse projeto serão
utilizadas algas da espécie Chlorella vulgaris que são organismos eucarióticos
(SAFIA et al., 2014).
Grande parte da produção dos lipídeos nas algas é encontrada como
componente da estrutura das membranas fotossintéticas, ou seja, a composição
lipídica das algas possui certa similaridade com a dos lipídeos de tecidos
23
fotossintéticos das plantas superiores. Como os lipídeos produzidos pelas algas
são caracterizados como lipídeos vegetais, é possível observar a importância da
fotossíntese na sua biossíntese nas algas cultivadas em fotoautotrofia (RAVEN;
EVERT; EICHHORN, 2007).
A diferença na biossíntese dos ácidos graxos realizada pelas algas ocorre
não apenas entre organismos taxonomicamente diferentes, mas também entre
grupos que compartilham semelhanças de uma mesma espécie. Ou seja, para a
biossíntese de lipídeos por microalgas, aparenta serem mais importantes as
condições adequadas de cultivos do que as espécies a que pertencem (BECKER,
1994).
Caso as microalgas sejam colocadas em condições diferentes do habitual,
como por exemplo, ao fornecer uma quantidade grande de luz e concentrações
baixas de nitrogênio, irá promover um acumulo de lipídeos de reserva. Em
situações que o meio apresenta concentrações elevadas de nitrogênio a formação
de lipídeos de reserva é baixa. Ou seja, o acúmulo de lipídeos está relacionado
com a concentração de carbono e nitrogênio presentes no meio, portanto as
condições de crescimento devem ser levadas em consideração (ZHU; RONG;
ZONG, 2013).
O óleo microbiano acumulado pelas algas pode ser convertido a
biocombustível via transesterificação (KNOTHE et al., 2006). Segundo Knothe et
al. (2006) a transesterificação nos gera produtos comumente chamados de
biodiesel, que são os ésteres alquilicos de óleos e gorduras. Os ésteres mais
utilizados nesse processo são os ésteres metílicos pelo fato do metanol ser o álcool
mais barato. O principal motivo para que óleos microbianos devam ser convertidos
em alquil e ésteres é a viscosidade cinemática. A alta viscosidade de óleos não
transesterificados provoca problemas operacionais nos motores como o acumulo
em diversas partes do motor. Apesar de alguns motores e sistemas de injeção
utilizarem os óleos vegetais não transesterificados, atualmente, os fabricantes tem
exigido combustíveis com viscosidade mais baixa que a dos óleos vegetais
(KNOTHE et al., 2006).
24
2.5 Controle do processo
Nesse trabalho os seguintes parâmetros serão analisados: DQO,
concentração de nitrato, contagem de células e porcentagem óleo/biomassa,
visando avaliar a qualidade da água após o cultivo, além do perfil de crescimento e
acúmulo de lipídeos pelas microalgas.
2.5.1 Demanda Química de Oxigênio (DQO)
Segundo a CETESB (2009), a demanda química de oxigênio é uma técnica
analítica utilizada para avaliar a quantidade de oxigênio que irá ser consumido para
oxidação química não apenas da matéria orgânica biodegradável, mas também das
substâncias recalcitrantes presente no meio. A oxidação nessa análise ocorre
através da adição do reagente químico Dicromato de Potássio(K2Cr2O7). O poder
de oxidação do reagente é maior que o poder de oxidação dos microrganismos, ou
seja, o valor da DQO será maior que a DBO.
Essa avaliação é fundamental para a caracterização físico-química de
efluentes industriais e esgotos sanitários. Esse parâmetro é ainda mais
representativo quando utilizado em conjunto com o valor da DBO, pois através da
razão entre esses resultados é possível determinarmos se o efluente é ou não
biodegradável, ou seja, com qual facilidade o efluente irá se degradar no meio
ambiente. Outro uso importante da DQO é auxiliar na determinação da diluição que
irá ser feita na DBO (CETESB, 2009).
2.5.2 Concentração de nitrato
Segundo a CETESB (2009), os compostos de nitrogênio são vitais para os
processos biológicos e classificados como macronutrientes, pois após o carbono,
são os elementos mais requisitados pelas células vivas. Quando descartado nos
ecossistemas aquáticos junto com o fósforo, provocam um enriquecimento
acelerado de nutrientes no meio, tornando-o eutrofizado, devido a proliferação
exagerada das algas.
O nitrogênio presente na atmosfera é incorporado por bactérias e algas
presentes nos corpos hídricos através de mecanismos como a biofixação, que
25
aderem o nitrogênio atmosférico em seus tecidos colaborando para o aumento do
nível de nitrogênio orgânico nas águas. Existe uma série de fontes de nitrogênio
nas águas naturais, uma das mais significativas é o descarte de esgotos sanitários,
esses tipos de efluentes possuem grandes concentrações de nitrogênio orgânico
(N-org) devido a presença de proteínas, e nitrogênio amoniacal (N-NH3), pela
hidrólise da uréia na água. Efluentes industriais também contribuem para o
aumento da concentração desses parâmetros nas águas (CETESB, 2009).
Esse elemento pode ser encontrado nas águas nas formas reduzidas de
nitrogênio orgânico, nitrogênio amoniacal e nas formas oxidadas de nitrato e nitrito.
É possível visualizar as etapas de degradação da contaminação orgânica através
da relação entre as formas de nitrogênio nas zonas de autodepuração do rio. Na
Figura 2 é possível observar que predomina-se as presenças de nitrogênio orgânico
na zona de degradação, o nitrogênio amoniacal na zona de decomposição ativa, os
nitritos na zona de recuperação e por fim os nitratos na zona de aguas limpas
(CETESB, 2009).
Figura 2 – Autodepuração de um curso d'água
Fonte: Mota (1995).
26
2.5.3 Contagem de células
Segundo Lourenço (2006) para realizar a quantificação da densidade das
culturas de microalgas é necessário quantificar o número de células por volume.
Essa quantificação é realizada por contagem de organismos em um volume
conhecido com uso de câmaras de contagem e microscópio.
Existem diversos tipos de câmaras, normalmente possuem superfície
quadriculada com dimensões conhecidas para facilitara determinação do número
de células por volume. Através da medição desses parâmetros deve-se traçar um
perfil de crescimento relacionando número de células com o tempo, verificando o
desempenho e a adaptação da espécie ao meio de cultivo (LOURENÇO, 2006).
2.5.4 Extração de lipídeos
Avaliar a proporção de lipídeos produzidos por grama de biomassa, através
da extração dos lipídeos das microalgas pelo método de Bligh and Dyer (ZORN,
2017).
De acordo com Halim, Danquah e Webley (2012), este processo é divido em
5 etapas:
1- Solvente orgânico penetra através da membrana celular no citoplasma;
2- Solvente interagem com os lipídios neutros com forças similares a de van
der Waals;
3- Formação de um complexo solvente orgânico lipídio;
4- Este complexo é conduzido através de um gradiente de concentração
pela membrana celular;
5- Os lipídios neutros são extraídos da célula e permanecem dissolvidos no
solvente orgânico.
Segundo Vieira (2014) esse método apresenta inúmeras vantagens em
relação à extração quente, pois extraem todas as classes de lipídeos inclusive os
polares, não possuindo a necessidade de aquecimento e podendo ser usado em
amostras com alto teor de umidade, além de amostras secas.
27
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Microalgas
Para realizar o estudo de viabilidade da produção de biocombustível e
tratamento da água, foi utilizada a microalga da espécie Chlorella vulgaris fornecida
pelo Prof. Dr. Frederico P. Brandini do Banco de Microorganismos Aidar & Kutner
do Instituto Oceanógrafo da USP com a cepa clone BMAK D1.
3.2 Caracterização da ETE.
A ETE da Escola de Engenharia de Lorena localiza-se na cidade de Lorena
na Estrada municipal do campinho. O nível de tratamento instalado foi secundário,
utilizando reator biológico e decantador, porém não realizando desinfecção Figura
3. A ETE tem capacidade de tratar o volume de efluente produzido por
aproximadamente 2500 alunos.
Figura 3 – Estação de tratamento de efluentes
Fonte: próprio autor.
O efluente produzido pela universidade foi basicamente composto por
esgoto doméstico e pequenas concentrações de metais utilizadas nos laboratórios.
A concentração do efluente produzido varia conforme a frequência dos alunos na
universidade. A Figura 4 apresenta o efluente coletado.
28
Figura 4 – Efluente da Escola de Engenharia de Lorena
Fonte: próprio autor.
3.3 Inóculo
O inóculo utilizado foi mantido no Meio Bold Basal (BBM) de cultivo descrito
na Tabela 2. Para manutenção do inóculo no cepário (Figura 5) este meio foi
preparado em Erlenmeyers de 250 mL e então autoclavados para esterilização.
Segundo Lourenço (2006) os nutrientes presentes no meio constituem a estrutura de
biomoléculas das membranas, e do meio celular dos organismos, além de participar
de processos de troca de energia e regular a atividade enzimática das microalgas.
Figura 5 – Cepário
Fonte: próprio autor.
29
Tabela 2 – Composição do Meio Bold Basal (BBM)
Reagentes Concentração final
(g/L) Solução estoque
(g/L) Volume adicionado
(mL/L)
NaNO3 0,075 25 30
K2HPO4 0,075 7,5 10
KH2PO4 0,175 17,5 10
NaHCO3 0,075 2,5 10
CaCl2•2H2O 0,013 2,5 5
MgSO4•7H2O 0,05 10 5
EDTA 0,05 25 2
FeCl3•6H2O 0,004 2 2
H3BO3 0,004 2 2
ZnSO4•7H2O 0,0015 0,75 2
MnCl2•4H2O 0,00024 0,12 2
CuSO4•5H2O 0,00024 0,12 2
CoCl2•6H2O 0,00006 0,03 2
Na2MoO4•2H2O 0,0002 0,10 2
Fonte: Lourenço (2006).
Visando adaptação do inóculo ao efluente, foram usadas garrafas pet de 2
L na qual serão adicionados 1,7 L de efluente. O método descrito por Kawachi e
Noel (2005) será utilizado para esterilização do efluente, ao adicionar de 0,3 a 0,5
mL/L de hipoclorito de sódio (LOURENÇO, 2006). Em seguida, foi realizado a
neutralização com o tiossulfato de sódio, adicionando aproximadamente 30mg/L
ao efluente. Por fim, após a neutralização o efluente foi inoculado (LOURENÇO,
2006).
3.4 Fotobiorreator batelada
Como fotobiorreator batelada foi utilizado um recipiente de
aproximadamente 5 L com fonte luminosa artificial constante composta de
lâmpadas fluorescentes conforme Figura 6. Foi utilizado também um compressor
de ar para agitação e solubilização de oxigênio e gás carbônico no efluente.
30
Figura 6 – Cultivo da microalga Chlorella vulgaris em meio contendo efluente em fotobiorreator batelada
Fonte: próprio autor.
O efluente foi neutralizado com o tiossulfato de sódio e preparado da mesma
forma exemplificada acima e, então, inoculado com o inoculo já adaptado. Após a
inoculação, realizar a leitura da amostra no espectrofotômetro em busca de uma
absorbância entre 0,250 a 0,300.
Retirou-se a absorbância e realizou-se a contagem celular a cada 24 horas
visando traçar o perfil de crescimento da microalga. A leitura foi realizada no
comprimento de onda de 680 ηm.
Foi utilizado filtros de membrana com porosidade 0,22 μm para remoção das
microalgas e coleta de amostras de efluente á cada 3 dias, para realização das
análises de caracterização do efluente.
3.5 Contagem celular
A contagem celular das microalgas foi feita durante os cultivos utilizando
microscópio optico em conjunto da câmara de Neubauer do Laboratório de
31
Engenharia de Microalgas. Posteriormente foi traçada a curva de crescimento dos
cultivos.
3.6 Floculação
A floculação foi realizada com o efluente na saída do reator, adicionando o
reagente químico de Sulfato de Alumínio (1 Eq/L) em uma proporção de
aproximadamente 3 mL/L para decantação da biomassa (Figura 7).
Figura 7 – Floculação da biomassa após a etapa de cultivo no reator
Fonte: próprio autor.
Após alguns minutos em repouso a biomassa sedimentada no fundo do
recipiente foi filtrada, seca na mufla a temperatura de 60 °C, e moída para redução
dos grãos e aumento da superfície de contato (Figura 8). Por fim foi realizada a
etapa de extração, na qual foi realizado o cálculo da razão biomassa/óleo.
32
Figura 8 – a) biomassa seca e filtrada; b) biomassa moída
Fonte: próprio autor.
3.7 Extração dos lipídeos pelo método Bligh-Dyer modificado
Após triturar a biomassa seca aumentando a superfície de contato das
células, a mesma ficou em formato de pó. Em 2 Erlenmeyers foi pesado 1 g de
biomassa em cada um. A biomassa seca foi umedecida até que a massa de água
representasse a porcentagem desejada. Em seguida foi hidratada, adicionando-se
9,7 mL de clorofórmio e 10,2 mL de metanol em cada Erlenmeyer, sendo levado
para o ultrassom novamente para homogeneização da mistura água/biomassa
Figura 9.
Figura 9 – Homogeneização da mistura através de ultrassom
Fonte: próprio autor.
A B
33
Em seguida, foram adicionados mais clorofórmio e água levando a formação
de um sistema bifásico, uma fase composta de clorofórmio contendo lipídeos, e a
outra com metanol e água contendo substâncias não-lipídicas (Figura 10).
Figura 10 – Sistema bifásico composto de clorofórmio, lipídeos, água e metanol
Fonte: próprio autor.
Após a separação das fases a fase do clorofórmio com os lipídeos foi
submetida a evaporação do clorofórmio e a quantidade de lipídeos por grama de
biomassa foi determinada (Figura 11) (BRUM; ARRUDA; REGITANO-D’ARCE,
2009).
Figura 11 – a) extração dos lipídeos; b) lipídeos extraídos
Fonte: próprio autor.
A B
34
3.8 Caracterização do efluente
Para avaliação da eficiência do processo foi realizada a comparação os
parâmetros de qualidade da água na entrada e na saída do reator, através da
caracterização do efluente utilizando as análises de DQO e Nitratos. As análises de
DQO e Nitratos foram realizadas utilizando a metodologia descrita no Standard
Methods.
3.8.1 Nitrato
Foi realizada a análise da concentração de nitrato á cada 3 dias até o fim do
cultivo, para determinação do perfil de consumo de nitrato da Chlorella vulgaris no
efluente. Caracterizar os efluentes na entrada e na saída do reator. As análises
foram feitas através do espectrofotômetro Jenway 7305 do DEBIQ (Figura 12).
Figura 12 – Espectrofotômetro Jenway 7305
Fonte: próprio autor.
Inicialmente foram preparadas as diluições de uma amostra de nitrato para
obtenção da curva de calibração do espectrofotômetro.
Foi feita a leitura da amostra no comprimento de onda de 220 nm que
representa a quantidade total de nitrogênio da amostra. Porém foi necessário ainda
descontar a quantidade de nitrogênio orgânico produzido pelas microalgas durante
35
seu crescimento. O nitrogênio orgânico foi determinado através da leitura da
amostra no comprimento de onda de 275 nm. Por fim descontou-se a concentração
do nitrogênio orgânico do nitrogênio total para obtenção da quantidade de
nitrogênio inorgânico absorvido.
3.8.2 DQO
Foi feita a análise da DQO no início e ao término do cultivo por
espectrofotometria para verificação da quantidade de matéria orgânica removida
do efluente. Essa análise foi realizada no Laboratório de Meio Ambiente da Escola
de Engenharia de Lorena.
Em seguida foram feitas as diluições e preparou-se a curva de calibração.
Posteriormente foi feita a conversão da absorbância em concentração de oxigênio
dissolvido consumido por litro.
36
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O efluente gerado pela estação de tratamento de efluentes da universidade
apresentou variações em sua composição conforme a frequência dos alunos
durante a semana. Portanto, foi realizado o cultivo das microalgas e a
caracterização do efluente em três datas diferentes, 28 de Julho de 2017, 4 de
Agosto de 2017 e 19 de Agosto de 2017, respectivamente.
4.1 Caracterização do efluente na entrada do reator
Os valores apresentados na Tabela 3 correspondem aos parâmetros
analisados na água residual tratada da ETE da Escola de Engenharia de Lorena na
entrada dos reatores.
Tabela 3 – Caracterização dos parâmetros DQO e nitrato das amostras de efluente na entrada do reator
Parâmetro Concentração
ETE 28/07
Concentração
ETE 04/08
Concentração
ETE 19/08
DQO (mgO2/L) 251, 537 127,24 88,36
Nitrato (mg/L) 23,23 15,735 10,875
Fonte: próprio autor.
Para determinação da concentração de oxigênio dissolvido que foi
consumido pelo Dicromato de Potássio na DQO através da absorbância, foi
necessária a preparação da curva analítica mostrada na Figura 13.
Figura 13 – Curva analítica de DQO
Fonte: próprio autor.
y = -0,00203x - 0,02141R = -0,99705
-0,500
-0,450
-0,400
-0,350
-0,300
-0,250
-0,200
-0,150
-0,100
-0,050
0,000
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
Ab
sorb
ânci
a
Concentração de Oxigênio (mgO2/L)
37
Para determinação da concentração de nitrato presente no efluente através
da absorbância, foi necessária a preparação da curva de calibração do nitrato
indicada na Figura 14.
Figura 14 – Curva analítica do nitrato
Fonte: Próprio autor.
4.2 Densidade celular (número de células)
A densidade celular da Chlorella vulgaris durante os cultivos nos efluentes
pode ser visualizada na Figura 15 através do gráfico de densidade celular que
relaciona o número de células com o tempo. Cada experimento apresentou um
determinado tempo de cultivo, de acordo com a concentração do efluente. Os
cultivos foram realizados até alcançarem a estabilização do número de células.
Figura 15 – Curva de crescimento Chlorella vulgaris nos efluentes
Fonte: próprio autor.
y = 0,3995x + 0,0109R² = 0,9993
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
0 0,5 1 1,5 2 2,5
Ab
sorb
ânci
a
Concentração de nitrato (mg/L)
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1,8
2
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
De
nsi
dad
e c
elu
lar
(.1
0 7
cé
lula
s/m
L)
Tempo (Dias)
Efluente 15,74 mg/L
Efluente 10,88 mg/L
Efluente 23,23 mg/L
38
A Chorella vulgaris apresentou uma maior taxa de crescimento no efluente
coletado no dia 04/08 atingindo 1,915.107 células/mL enquanto nos efluentes
coletados nos dias 28 de Julho e 19 de Agosto o desenvolvimento do cultivo ocorreu
até atingir 1,340.107 células/mL e 1,002.107 células/mL, respectivamente.
Comparando a Figura 15 com a Tabela 3 é possível observar que devido ao
excesso de nitrato presente no efluente do dia 28/07, a Chlorella vulgaris apresentou
dificuldades no processo de assimilação dos nitratos, consequentemente apesar de
possuir a maior concentração de nitrato não apresentou a maior densidade celular.
Enquanto o cultivo realizado no efluente do dia 04/08 que possuía uma quantidade
de nitrato intermediaria obteve o maior número de células.
É possível verificar também que o cultivo feito no efluente do dia 19/08
alcançou a estabilização do crescimento mais rapidamente, pelo fato de apresentar
a menor quantidade de nitrato, consequentemente ocorrendo o esgotamento dos
nutrientes de forma mais acelerada.
4.3 Curva de crescimento (massa seca)
O crescimento das microalgas é avaliado também através da concentração
da biomassa presente no efluente. As concentrações foram determinadas
utilizando a curva analítica indicada na Figura 16. A curva foi elaborada através das
diluições de uma amostra do cultivo com concentração conhecida.
Figura 16 – Curva analítica de crescimento da biomassa da microalga Chlorella vulgaris
Fonte: próprio autor.
y = 598,6x - 41,8R² = 0,9839
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
Bio
mas
sa (
g/L)
Absorbância
39
Após realizar as medições da absorbância do cultivo, converteram-se os
valores da absorbância para concentração em g/L para construção do gráfico de
concentração de biomassa do efluente por tempo conforme a Figura 17.
Figura 17 – Concentração de biomassa nos cultivos contendo efluentes.
Fonte: próprio autor.
A Chlorella vulgaris apresentou uma maior concentração de biomassa no
efluente coletado no dia 04/08 atingindo uma concentração de 1,74 g/L enquanto
nos efluentes coletados no dia 28/07 e 19/08 obteve-se uma concentração de 0,68
g/L e 0,62 g/L, respectivamente.
Comparando a Figura 17 com a Tabela 3 é possível observar que apesar do
efluente do dia 28/07 possuir a maior concentração de nitrato, quem apresentou a
maior concentração de biomassa foi o cultivo realizado no efluente do dia 04/08. O
excesso de nitrato dificultou a assimilação dos nutrientes pelas células, reduzindo
o desempenho do cultivo (MELO, 2014).
4.4 Perfil de consumo de nitrato
Realizou-se as medições no espectro e determinou-se o perfil de consumo
de nitrato da Chlorella vulgaris ilustrado na Figura 18.
40
Figura 18 – Perfil de consumo de nitrato
Fonte: próprio autor.
Analisando o gráfico da Figura 18 é possível observar que houveram taxas
de remoção de nitrato extremamente elevadas em todos os cultivos utilizando
efluente.
De acordo com Shaw, Menchenic e Klessig (2004), quantidades de nitrato
que excedam 0,3 mg/L em corpos de água já são suficientes para proporcionar a
proliferação de algas. Ou seja, a quantidade inicial presente no efluente coletado
no dia 28/07 era muito elevada, o que pode ter interferido no processo de
assimilação dos nutrientes e desenvolvimento do cultivo (MELO, 2014).
4.5 Comparação da densidade celular e da biomassa resultante dos cultivos
empregando efluente e somente na presença do padrão BBM
Para melhor avaliação do desempenho da microalga no efluente da Escola
de Engenharia de Lorena, foi feita a comparação entre a densidade celular e a
concentração de biomassa seca acumulada durante os cultivos nos efluentes e no
meio padrão BBM.
41
Figura 19 – Comparação da densidade celular com o padrão BBM
Fonte: próprio autor.
Tabela 4 – Concentração de biomassa seca acumulada
Parâmetro Efluente
28/07 Efluente
04/08 Efluente
19/08 Padrão BBM
Biomassa (g/L) 0,69 1,74 0,61 0,96
Fonte: próprio autor.
Analisando a Tabela 4 e a Figura 19 observa-se que o cultivo realizado com
o efluente do dia 04/08 apresentou densidade celular e concentração de biomassa
superior ao do padrão BBM.
Os cultivos realizados nos efluentes 28/07 e 19/08, não obtiveram
desempenho tão bom quanto o que foi feito com o efluente do dia 04/08, porém as
concentrações de biomassa e densidade celular não foram muito inferiores à do
cultivo realizado no padrão BBM.
4.6 Comparação da concentração de lipídeos com o padrão BBM
Foi feita a extração dos lipídeos de cada cultivo para avaliação e comparação
da capacidade de acumulação de lipídeos entre os cultivos Tabela 5.
Tabela 5 – Concentração de lipídeos extraído e razão lipídeos por grama de biomassa seca
Parâmetro Efluente
28/07
Efluente
04/08
Efluente
19/08 Padrão BBM
Lipídeos (mg/g) 0,095 0,124 0,164 0,122
Razão lipídeos por grama (%) 9,5 12,4 16,4 12,2
Fonte: próprio autor.
42
O cultivo que obteve o maior acúmulo de lipídeos foi realizado com o efluente
19/08 apresentando uma razão de lipídeos por grama de 16,4%. Comparando a
Tabela 5 com a Tabela 3 é possível observar que meios de cultivo com
concentrações baixas de nitrogênio, irão promover um maior acumulo de lipídeos
de reserva. Já no caso de cultivos em que o meio apresenta altas concentrações
de nitrogênio a formação de lipídeos de reserva é baixa. Ou seja, o acúmulo de
lipídeos está relacionado com a concentração de carbono e nitrogênio presentes
no meio. (AQUARONE et al., 2001).
É possível verificar também que a Chlorella vulgaris apresentou um acúmulo
de lipídeos satisfatório comparado com o padrão BBM, pois a porcentagem de
lipídeos só foi inferior no efluente em que a concentração de nitrato era muito
elevada.
4.7 Caracterização do efluente na saída do reator
Os valores apresentados na Tabela 6 correspondem aos parâmetros
analisados na água residual tratada da ETE da Escola de Engenharia de Lorena na
saída dos reatores, após o término do cultivo.
Tabela 6 – Caracterização das amostras de efluente na saída do reator
Parâmetro Concentração
ETE 28/07
Concentração
ETE 04/08
Concentração
ETE 19/08
DQO (mgO2/L) 206,92 81,26 64,57
Nitrato (mg/L) 10,685 3,345 2,765
Fonte: próprio autor.
O primeiro cultivo realizado no efluente 28/07 apresentou uma taxa de
remoção de 17,73% da DQO e de 54% da concentração de nitrato do efluente. O
segundo cultivo realizado no efluente 04/08 apresentou uma taxa de remoção de
36,13% da DQO e de 78,74% da concentração de nitrato do efluente. Por fim o
terceiro cultivo apresentou uma taxa de remoção de 26,92% da DQO e de 74,57%
da concentração de nitrato do efluente.
É possível observar que o excesso de nitrato do efluente 28/07 interferiu no
processo de assimilação dos nutrientes pelas células apresentando a menor taxa
de remoção de nitrato entre os cultivos (MELO, 2014). Enquanto as que
43
apresentaram concentrações um pouco mais baixas obtiveram uma maior taxa de
remoção de nitratos. Entretanto todos os cultivos apresentaram um excelente
potencial de remoção de nitrato do efluente e uma redução na concentração de
matéria orgânica considerável.
4.8 Produtividade da biomassa e dos lipídeos
Após obter as concentrações de biomassa e de lipídeos dos cultivos foi
calculada a produtividade da biomassa e dos lipídeos dos ensaios através da
fórmula abaixo, obtendo a Tabela 7 e a Tabela 8.
𝑃 =∆𝑥
∆𝑡
Onde:
Δx - Variação da concentração de lipídeos ou de biomassa
Δt – Variação do tempo
Tabela 7 – Produtividade de biomassa dos cultivos utilizando efluentes
Efluente (mg/L) 23,23 15,74 10,88
Produtividade de biomassa (mg.L-1.h-1) 1,6 4 2,3
Fonte: próprio autor.
Tabela 8 – Produtividade de lipídeos dos cultivos utilizando efluentes
Efluente (mg/L) 23,23 15,74 10,88
Produtividade de lipídeos (mg.L-1.h-1) 7,6.10-5 8,07.10-5 2,13.10-4
Fonte: próprio autor.
44
5 CONCLUSÃO
O efluente da Escola de Engenharia de Lorena é uma boa alternativa para
cultivar a microalga Chlorella vulgaris. Os cultivos realizados em efluentes
apresentaram um bom desenvolvimento atingindo densidades celulares e
concentrações de biomassa seca superiores ou semelhantes ao cultivo feito
utilizando o meio padrão BBM.
A quantidade de lipídeos acumulados pela Chlorella vulgaris nos cultivos
utilizando efluentes também apresentaram um bom resultado uma vez que a
concentração de lipídeos por grama de biomassa só foi inferior ao padrão BBM no
cultivo em que o efluente possuía concentrações de nitrato muito elevadas.
Além disso, a Chlorella vulgaris mostrou-se como uma alternativa
interessante para o tratamento da água, pelo fato de apresentar altas taxas de
remoção de nitrato e de matéria orgânica que são parâmetros que alteram a
qualidade da água provocando impactos ao meio ambiente como a eutrofização de
corpos d’água. Ou seja, após o cultivo no fotobiorreator batelada o efluente retorna
ao meio ambiente com qualidade superior ao do efluente na entrada.
Por fim realizar o cultivo da Chlorella vulgaris em efluentes ao invés de
utilizar o meio padrão BBM, elimina a necessidade de preparo de soluções e
consumo de reagentes proporcionando a redução de gastos com a compra de
nutrientes.
45
6 TRABALHOS FUTUROS
Caracterização de mais parâmetros de qualidade da água como a DBO, a
concentração de metais pesados e a concentração de fósforo, assim permitindo
uma avaliação mais detalhada do potencial de tratamento da água da Chlorella
vulgaris. Aumentar a escala projetando um reator contínuo.
Promover uma etapa de stress ao fim dos cultivos visando um maior
acúmulo de lipídeos.
46
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