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UNIVERSIDADE DE SÂO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA – EEL USP SIMULAÇÃO E ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DOS PARÂMETROS DO PROCESSO DE OBTENÇÃO DO GÁS DE SÍNTESE PARA A PRODUÇÃO DE OLEFINAS A PARTIR DO GÁS NATURAL ELIAS SANT’ANNA RAMOS LORENA – SP 2015

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UNIVERSIDADE DE SÂO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA – EEL USP

SIMULAÇÃO E ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DOS PARÂMETROS DO PROCESSO DE

OBTENÇÃO DO GÁS DE SÍNTESE PARA A PRODUÇÃO DE OLEFINAS A PARTIR DO GÁS

NATURAL

ELIAS SANT’ANNA RAMOS

LORENA – SP

2015

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Departamento de Engenharia Química

SIMULAÇÃO E ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DOS PARÂMETROS DO PROCESSO DE

OBTENÇÃO DO GÁS DE SÍNTESE PARA A PRODUÇÃO DE OLEFINAS A PARTIR DO GÁS

NATURAL

Monografia de conclusão de curso apresentada à Escola

de Engenharia de Lorena da Universidade de São Paulo

como requisito para obtenção do título de Engenheiro

Industrial Químico.

Área de concentração: Engenharia química

Orientador: Prof. Dr. Felix Monteiro Pereira

LORENA – SP

2015

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO

CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE

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Dedico este trabalho a minha mãe Darcy

Laura Ramos por não desistir de mim

quando muitos desistiram e ao Engenheiro

Químico Estevão Sant’Anna Ramos, meu

irmão, amigo e mestre que me mostrou e

guiou pelo caminho da engenharia, sempre

apoiando cada um dos meus passos.

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Agradecimentos

Agradeço a Deus por segurar a minha mão em todos os momentos da minha

vida.

A minha família pela ajuda em minha trajetória acadêmica.

Aos professores e funcionários da EEL por contribuírem de alguma forma para a

minha formação técnica e pessoal.

A Família Auer, por terem feito da minha estadia em Lorena, um momento

inesquecível.

Aos meus amigos da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro,

especialmente do 534. A Loriane, Karine e Marilia por me proporcionarem bons

momentos em Seropédica.

A Patota, por ser a minha família em todos os dias da minha vida.

Ao meus irmãos Lucas e Douglas por estarem sempre me apoiando,

aconselhando e fazendo o que sabem fazer de melhor: Sendo pessoas incríveis.

A Luana pela paciência, amor, carinho, alegria e por estar ao meu lado em todos

os momentos.

Ao Enilson Toledo pelos sábios conselhos enquanto estive na B.A.S.F.

Ao Herlem e Jovenil por fazerem do meu dia-a-dia na Procter & Gamble minha

segunda faculdade.

As pessoas que se foram, mas que sei que torcem por mim, não importa onde

estejam.

A todos, um muito obrigado.

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RESUMO

ELIAS, S. Ramos. Simulação e análise da influência dos parâmetros do processo de obtenção do gás de síntese para a produção de olefinas a partir do gás natural 2015. . Monografia (Trabalho de conclusão de curso de Engenharia Industrial Química) – Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, 2015.

O gás natural ganhou importância no cenário mundial depois de maciços

investimentos na área e por ser considerado um combustível fóssil mais limpo que

o petróleo. Podem-se citar como principais rotas para a utilização do gás natural: o

GNL (processo de liquefação do gás natural), GTL (Gas-to-liquid - conversão do

gás em combustíveis líquidos), DME (processo via metanol para a produção de

dimetiléter) e o GTO (Gas-to-olefins, conversão do gás em olefinas). No presente

trabalho foi utilizado o software de simulação de processos Aspen Hysys v 8.0 para

verificar a influência dos parâmetros: razão vapor/metano; temperatura e pressão

na etapa do processo de reforma a vapor, que consiste na etapa de obtenção do

gás de síntese a ser utilizado na produção de oleofinas. A planta foi construída no

simulador e os resultados obtidos indicam que, sob pressão e temperatura

constantes, uma maior quantidade de vapor é necessária no processo de reforma

a vapor para prever a formação de coque e inibir os catalisadores usados na

reação. Altos valores na razão vapor/metano, altas temperaturas e baixas pressões

favorecem a máxima conversão do gás natural.

Palavras chave: GTO, Gás Natural, Hysys, Simulação, reforma a vapor.

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ABSTRACT

Natural gas gained importance on the world stage after massive investments in the

area and because it is considered cleaner fossil fuel than oil. Can be cited as major

routes for the use of natural gas: LNG (liquefaction process for natural gas), GTL

(Gas-to-Liquid - conversion of gas into liquid fuels), DME (procedure via methanol

to produce dimethylether) and the GTO (Gas-to olefins, gas conversion to olefins).In

the present study we used the Aspen Hysys v 8.0 process simulation software to

check the influence of parameters: ratio steam / methane; temperature and pressure

in the step of steam reforming process, consisting in the step of synthesis gas to be

used in the production of olefins.The plant was built in the simulator and the results

indicate that under constant pressure and temperature, a larger amount of steam is

required in the steam reforming process to provide coke formation and inhibit the

catalysts used in the reaction.High values in vapor / methane, high temperatures

and low pressures favor the maximum conversion of natural gas

Keywords: GTO, Natural gas, Hysys, Simulation, Steam reforming.

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Sumário

Siglas...................................................................................................................................10

Lista de figuras....................................................................................................................11

Lista de tabelas....................................................................................................................12

1. Introdução.......................................................................................................................13

1.1 Justificativa.............................................................................................................13

1.2 Objetivos.................................................................................................................14

2. Revisão Bibliográfica.......................................................................................................15

2.1 Gás Natural..............................................................................................................15

2.1.1 Definição e Característica.................................................................................15

2.1.2 Obtenção do Gás Natural..................................................................................16

2.1.3 Composição......................................................................................................16

2.1.4 Rotas para o uso do gás natural........................................................................17

2.2 Processo GTO..........................................................................................................17

2.2.1 Gás de síntese...................................................................................................18

2.2.1.1 Reforma a vapor........................................................................................19

2.2.1.2 Oxidação Parcial........................................................................................21

2.2.1.3 Reforma Autotérmica...............................................................................22

2.2.1.4 Reforma a seco..........................................................................................23

2.2.2 Fischer-Tropsch.....................................................................................................24

2.2.3 Metanol para Olefina (MTO).................................................................................25

2.3 Simulador Aspen Hysys............................................................................................26

2.3.1 Diagrama de fluxo de processo......................................................................26

2.3.2 Fluido termodinâmico....................................................................................27

2.3.3 Componentes do HYSYS.................................................................................27

3 Metodologia.....................................................................................................................27

4 Resultados e Discussão.................... ................................................................................31

4.1 Influência da temperatura...................................................................................31

4.2 Influência Vapor/Carbono...................................................................................32

4.3 Influência da pressão...........................................................................................32

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4.4 Tabela de dados...................................................................................................33

5 Conclusão.........................................................................................................................35

6 Revisão Bibliográfica........................................................................................................36

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Siglas

MTO - Methanol-to-olefin

GTO - Gas-to-olefin

GA - Gás Associado

PFD -Process Flow Diagram

GNA - Gás não associado

GNL -Gás natural líquido

GTL -Gas-to-liquid

DME -Dimethyl Ether

∆𝑯 -Entalpia

∆𝑮 -Energia de gibbs

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Lista de figuras

Figura 2.1 Poço de petróleo e gás……………………………………………….………………………………..15

Figura 2.2 Rota química para o gás natural………………………………………….…………………….…17

Figura 2.3 Processo GTO………………………………………………………………………………….............18

Figura 2.4 Rotas para produção do gás de síntese…………………………………..…………………….19

Figura 2.5 Processo de reforma a vapor………………………………………………….………………...…20

Figura 2.6 Reator Autotérmica….............…………………………………………………………….…...…23

Figura 2.7 Conversão do metanol em olefina...……………………………………….………………...…25

Figura 2.8 Exemplo de uma planta de conversão de gás..………………………..………………...…26

Figura 3.1 Reator de equilíbrio............…………………………………………………….……………...….28

Figura 3.2 Dados do Gás Natural................................................................................….28

Figura 3.3 Dados do Vapor d’água..................................................................................29

Figura 3.4 Reator de Combustão..........…………………………………………………….……………....…29

Figura 3.5 Planta de produção do gás de síntese.……………………………………..……………....…30

Figura 4.1 Conversão de metano x temperatura na pressão de 30 bar....………….…….....…31

Figura 4.2 Conversão de metano x razão Vapor/metano a temperatura de 800°C..…….…32

Figura 4.3 Conversão de metano x Pressão..............................................………………....…33

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Lista de Tabelas

Tabela 1 - Composição do Gás Natural na Bacia de Campos e Santos............................16

Tabela 2 - Principais reações da síntese de Fischer-Tropsch..........................................24

Tabela 3 - Conversão do metano X temperatura para cada razão Vapor/Metano .........33

Tabela 4 - Conversão do metano X pressão para cada razão Vapor/Metano ................34

Tabela 5 - Razão de H2/CO nas correntes de gás...........................................................34

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1. Introdução

O eteno e o propeno são, hoje, as matérias-primas mais importantes da

indústria química. São produzidos normalmente pela recuperação de gases das

refinarias, craqueamento térmico de hidrocarbonetos leves, em sua grande maioria

etano e propano, ou então uma combinação destes dois processos (MOHAMMED,

2012).

Devido ao crescimento da taxa de consumo de olefinas e a baixa qualidade da

Nafta nacional, em poucos anos não será possível atender a demanda de olefinas

no mercado interno (PEREIRA, 2007).

Hoje, existe uma real necessidade de se investir em novas tecnologias visando

melhorar a produção de Olefinas e a utilização de novas matérias-primas para o

processamento. O Processo GTO (gas-to-olefin) se mostrou muito eficaz na

produção de eteno e propeno e por isso está recebendo grandes investimentos na

área.

1.1 Justificativa

O que levou a realização do trabalho foi a utilização do gás natural como

matéria-prima e a alta demanda de olefinas, principalmente eteno e propeno.

O processo GTO (gas-to-olefin) se baseia na utilização do gás natural para

produção de olefinas. O gás natural é uma matéria-prima mais limpa que o petróleo

e que atingirá um nível de produção maior que a do petróleo em alguns anos,

portanto, a utilização dessa tecnologia se tornou de interesse para a indústria

petroquímica (PETROBRÁS, 2014).

Na simulação foi observado como a temperatura, pressão e a razão

Vapor/Carbono afeta na conversão do metano para a produção do gás de síntese

além da razão H2/CO ideal para a síntese de Fischer-Tropsch.

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1.2 Objetivos

O objetivo deste trabalho de conclusão de curso é a modelagem e simulação de

uma planta de produção de gás de síntese para atender a produção de olefinas

pelo processo GTO.

Foi verificado por meio da simulação, as melhores condições para a produção

de gás de síntese pela reforma a vapor.

A fim de atingir o objetivo principal foram propostos os seguintes objetivos

específicos:

- Realização de uma revisão bibliográfica sobre o processo GTO (Gas-to-

Olefin);

-Treinamento no software Aspen Hysys 8.0 para a simulação e otimização dos

parâmetros;

- Proceder com a simulação do processo;

- Verificação do processo visando a obtenção dos melhores parâmetros.

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2 Revisão Bibliográfica

2.1 Gás Natural

O gás natural consiste em uma mistura de compostos inorgânicos,

hidrocarbonetos, em sua maioria metano e algumas impurezas. Pode ser

encontrado em acúmulos nos poros das rochas no subsolo, normalmente, juntos

ao petróleo (ANGÉLICA, 2001).

2.1.1 Definição e Característica

O gás natural, assim como o petróleo, é encontrado no subsolo em rochas

porosas, isoladas do exterior por rochas impermeáveis podendo ser classificado

em duas categorias: associado (GA) e não associado (GNA). O gás natural

associado é o gás que, em reservatórios, está dissolvido no óleo na forma de uma

capa de gás e precisa ser separado do óleo antes de sua distribuição. O não

associado é o gás que está livre ou na presença de baixas concentração de óleo e

por isso sua comercialização é facilitada, uma vez que não será necessário nenhum

tipo de processo posterior afim de separar os componentes encontrados nesse tipo

de gás (ANGÉLICA, 2001).

Figura 2.1 Poço de petróleo e gás

Fonte: BAHIAGÁS, 2014.

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2.1.2 Obtenção do Gás Natural

De acordo com Paula (2007), na extração do gás natural ocorre uma

descompressão seguida de uma diminuição da sua temperatura. Assim, acontece

a condensação de hidrocarbonetos de cinco a vinte carbonos. A fase líquida é

separada do gás em unidades no campo de produção, estes são chamados de

condensado. A próxima etapa do processamento consiste na compressão a fim de

melhorar o transporte no sistema de gasodutos. Durante essa fase, acontece a

liquefação de outra fração de hidrocarbonetos que posteriormente são separados

do gás.

2.1.3 Composição

Existe variação na composição de gás dependendo da origem do campo de

extração e se ele está associado ou não ao óleo. Composto principalmente de

etano, propano e outros hidrocarbonetos com peso molecular mais elevado.

Geralmente, apresenta baixa concentração de contaminantes como o nitrogênio,

dióxido de carbono, água e compostos sulfurosos (MEDEIROS, 1999 apud

ANGELICA, 2001, p.13).

Dentre os compostos do gás natural, apresentado na tabela 1, o mais

abundante é o metano. (TN PETRÓLEO, 2014).

Tabela 1- Composição do Gás Natural na Bacia de Campos e Santos.

Componente (%volume) Campos Santos

Metano 89,35 88,32

Etano 8,03 6,06

Propano 0,78 3,07

Isso-Butano 0,04 0,44

N-Butano 0,03 0,7

Pentano 0,01 0,27

Hexano - 0,08

Dióxido de Carbono 0,48 0,15

Nitrogênio 1,28 0,068

Fonte: TN PETRÓLEO, 2014

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2.1.4 Rotas para o uso do gás natural

A figura 2.2 mostra o fluxograma das possíveis rotas de produção química a partir

do gás natural. Como o metano é muito estável, esses processos requerem

extremas condições de reações. Assim, a maioria dos processos não obteve

sucesso comercial, exceto com o processo de reforma a vapor para produzir gás

de síntese que foi o nosso objeto de estudo (ZAMAN, 1998 apud PAULA, 2007,

p.19).

Figura 2.2 Rota química para o gás natural

Fonte: ZAMAN, 1998 apud PAULA, 2007, p.18.

2.2 Processo GTO

O processo GTO tem como finalidade produzir olefinas a partir do gás natural e

tem três principais fases, conforme descrito na figura 2.3. A primeira etapa é a

produção de gás de síntese, uma mistura de monóxido de carbono (CO) e

hidrogênio (H2), produzido principalmente pelo processo de oxidação parcial ou

reforma a vapor. O gás de síntese pode ser produzido a partir de praticamente

qualquer fonte de carbono, tais como gás natural, óleos pesados, carvão e até

biomassa, porém, a principal matéria-prima é o gás natural (MOHAMMED, 2012).

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O próximo estágio é a produção de metanol através do processo de Fischer-

Tropsch. Essa etapa é utilizada para converter o gás de síntese em hidrocarbonetos

alifáticos, e a sua principal reação é a hidrogenação do monóxido de carbono em

catalisador, geralmente de ferro, cobalto ou níquel (MOHAMMED, 2012).

No processo MTO, o metanol é convertido em olefinas de forma controlada em

uma peneira molecular sintética porosa composta por óxidos de silicone, alumínio

e fósforo (CUNNUNHGAM, 2004 apud PAULA, 2007, 23).

Figura 2.3 Processo GTO

Fonte: Própria

2.2.1 Gás de síntese

O gás de síntese é uma mistura de monóxido de carbono e hidrogênio com

uma proporção de 1:2. Existem diversos processos para a obtenção do gás de

síntese como pode ser observado na figura 2.4, mas apenas quatro são

considerados viáveis: reforma a vapor, oxidação parcial, reforma autotérmica e

reforma a seco. Cada um desses processos apresentam vantagens e

desvantagens, por isso a escolha do melhor processo é feita sempre levando em

consideração fatores como: preço do gás natural, disponibilidade de água,

capacidade, localização da planta e energia (MOHAMMED, 2012).

Em nenhum processo de obtenção do gás de síntese, o rendimento é de 100%,

podendo-se, então, encontrar metano não reagido, vapor de água e dióxido de

carbono (GEROSA, 2007).

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Figura 2.4 Rotas para produção do gás de síntese

Fonte: Própia

Todas as tecnologias vem sendo aprimoradas afim de garantir uma razão H2/CO

igual a 2, que é a razão ideal para otimizar o processo de conversão por Fischer-

Tropsch (VASCONCELOS, 2006).

2.2.1.1 Reforma a vapor

Esse processo é o mais usual para a conversão do gás natural em gás de

síntese, que consiste na reação do metano por reforma a vapor d’agua para a

obtenção de CO e H2 (gás de síntese) a temperaturas de 750°C a 900°C e

pressões de 10 a 50 bar, como mostra a reação 1. A figura 2.5 representa o

esquema de reforma a vapor (MOHAMMED, 2012).

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Figura 2.5 Processo de reforma a vapor.

Fonte: EAJV, 2015 (adaptado pelo autor)

Usualmente é utilizado um catalisador de níquel em um suporte de alumina. A

carga de hidrocarbonetos leves é alimentada para o reator de reforma a vapor, que

consiste essencialmente de tubos cheios de catalisador que passam através de um

forno. A alimentação é aquecida a 540-580ºC, passando pela seção de conversão

do forno, e convertida para gás de síntese. A relação molar de vapor para carbono

fica entre 2,5 e 5 para se reduzir a formação de coque sobre o catalisador e

aumentar a conversão de carbono. Quanto menor for a razão entre o vapor e o

carbono, menor será o tamanho dos equipamentos e maior a eficiência energética

(MOHAMMED, 2012).

Quando acontece o resfriamento da mistura gasosa, uma reação conhecida

como “Water Shift Gas” ou “shift gas conversion” ocorre, apresentada na reação 2.

Esta reação acontece em reformadores específicos (GEROSA, 2007).

As principais reações de equilíbrio são:

𝐶𝐻4 + 𝐻2𝑂 ↔ 𝐶𝑂 + 3𝐻2, (1)

∆𝐻 = +206 𝐾𝐽/𝑀𝑜𝑙, ∆𝐺298 = 58,096 𝐾𝐽/𝑀𝑜𝑙

𝐶𝑂 + 𝐻2𝑂 ↔ 𝐶𝑂2 + 𝐻2, (2)

∆𝐻 = −41 𝐾𝐽/𝑀𝑜𝑙, ∆𝐺298 = −28,606 𝐾𝐽/𝑀𝑜𝑙

A reação química 1 é altamente endotérmica (∆𝐻° = 206𝐾𝐽), enquanto que a

conversão de monóxido de carbono é exotérmica (∆𝐻° = −41𝐾𝐽) . Para

hidrocarbonetos leves diferentes do metano, a reação de reforma é representada

pela reação 3.

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𝐶𝑛𝐻𝑚 + 𝑛𝐻2𝑂 ↔ 𝑛𝐶𝑂 + (𝑚+2𝑛

2)𝐻2 , (3)

Onde n é o número médio de carbono e (m) é o número médio de átomos de

hidrogênio dos produtos de hidrocarbonetos (MOHAMMED, 2012).

A vantagem do processo de reforma a vapor é que esta não necessita de uma

planta auxiliar para o fornecimento de oxigênio, o que resulta em uma redução nos

custos e no espação destinado à instalação da planta. Apesar dessa vantagem,

este processo apresenta problemas como o consumo de energia, o custo de

construção e a obtenção do gás de síntese relativamente rico em hidrogênio, com

uma razão de entre 3 e 5, que é alta em relação a razão ideal necessária para a

síntese Fischer-Tropsch (SANTOS, 2013).

O processo de reforma a vapor pode ser seguido por reações paralelas e

indesejáveis, como a reação de Boudouard, reação (4) e a reação de

decomposição direta do metano, reação (5).

2𝐶𝑂 ↔ 𝐶 + 𝐶𝑂2(4)

∆𝐻 = −172,4 𝐾𝐽/𝑀𝑜𝑙

𝐶𝐻4 ↔ 𝐶 + 2𝐻2 (5)

∆𝐻 = 74,9𝐾𝐽/𝑀𝑜𝑙

2.2.1.2 Oxidação Parcial

No processo de oxidação parcial, o metano que é misturado com vapor é

oxidado dentro do reator, produzindo dióxido de carbono, este reage com o metano

produzindo assim, monóxido de carbono e hidrogênio. No mesmo reator, porém em

uma escala bem menor, o metano reage com vapor d'água de acordo com a reação

1 (SANTOS, 2013).

As reações do processo de Oxidação Parcial podem ser representadas pela

reação 1, 6 e 7 ou pela reação global 8.

𝐶𝐻4 + 2𝑂2

⇒ 𝐶𝑂2 + 2𝐻2𝑂, (6)

∆𝐻 = −889 𝐾𝐽/𝑀𝑜𝑙

𝐶𝐻4 + 𝐶𝑂2

⇒ 2𝐶𝑂 + 2𝐻2,(7)

∆𝐻 = +247 𝐾𝐽/𝑀𝑜𝑙

𝐶𝐻4 +1

2𝑂2

⇒ 𝐶𝑂 + 2𝐻2, (8)

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∆𝐻 = −58 𝐾𝐽/𝑀𝑜𝑙

O processo de oxidação parcial pode ser na presença ou não de um catalisador a

base de níquel.

Em unidades não catalíticas, ocorre a reação com compostos sulforosos de

acordo com a reação 9 e a temperatura de saída do gás de síntese tende a ser alta.

É necessário um tratamento para remoção de CO2 e compostos sulfurosos antes

do envio do gás de síntese para as unidades de produção de metanol. Em reatores

de oxidação parcial catalíticos, a entrada deve ser isenta de compostos sulfurosos,

já que estes danificam o catalisadores. A presença do catalisador faz com que a

temperatura do processo seja mais baixa, assim, a temperatura de saída do gás de

síntese é de aproximadamente 1000°C (GEROSA, 2007).

𝐻2𝑆 + 𝐶𝑂2 ↔ 𝐶𝑂𝑆 + 𝐻2𝑂 (9)

Mesmo com a possibilidade de se alterar, dentro de certos limites, a

composição do gás de síntese obtido na oxidação parcial, a necessidade de uma

razão de H2/CO de aproximadamente 2 para a síntese de Fischer-Tropsch não

permite uma utilização do processo de oxidação parcial de uma maneira

satisfatória.

2.2.1.3 Reforma Autotérmica

O processo de reforma autotérmica do metano é a junção dos dois

processos, o de reforma a vapor e oxidação parcial. O gás natural reage com o

vapor e oxigênio, sendo queimado em uma câmara. A combinação envolve baixa

energia devido a contribuição da oxidação exotérmica do metano e da reforma a

vapor endotérmica. De acordo com Knoechelmann (2011), a combinação destas

reações pode melhorar o controle de temperatura do reator e reduzir a formação

de pontos quentes, evitando a desativação do catalisador por sinterização ou por

deposição do carbono.

A vantagem da reforma autotérmica está no fato de que a razão de H2/CO

no gás de síntese obtido é facilmente ajustada através da reação CH4/O2/H2O na

alimentação, fazendo assim com que exista um redirecionamento para a obtenção

do produto desejado. Para aplicações que utilizam a síntese de Fischer-Tropsch, a

reforma autotérmica é ideal, uma vez que podemos obter um gás de síntese com

razão H2/CO aproximadamente igual a dois (VASCONCELOS, 2006).

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Figura 2.6 Reator autotérmica.

Fonte: Topsoe, 2015.(adaptado pelo autor)

É chamado autotérmica por que o calor gerado pela reação de combustão

(oxidação parcial) é utilizado pela reação de reforma a vapor em contraste com os

reatores convencionais que utilizam combustão externa. Existe a possibilidade de

uma combinação de reatores de reforma e oxidação parcial na mesma planta

química, esse tipo é chamado de reforma combinada (SANTOS, 2013).

2.2.1.4 Reforma seca

Devido à alta disponibilidade do CO2, se tornou atrativo reagir CO2 e metano

afim de produzir CO e H2de acordo com a reação 7.

A reforma a seco é um processo endotérmico, produzindo uma razão

H2/ CO igual a 1, por isso ela é adequada a produção de compostos oxigenados e

monóxidos de carbono com alta pureza. Porém, existe sérios problemas devido a

purificação do CO2 obtido. Existe um grande risco de depósito de carbono tanto

sobre o suporte quanto da fase ativa quando comparado a reforma a vapor

(Vasconcelos,2006),

Foram testados catalisadores de diversos tipos de metais (Ru, Rh,Pr,Pd,Ir,

Ni, Co) para a sua utilização no processo de reforma a seco, obtendo sucesso na

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tentativa de inibição de formação de coque e conversão de 𝐶𝑂2 em até 85% nas

condições reacionais de 1 bar e 800°C ( ALQUINO, 2008).

2.2.2 Fischer-Tropsch

O gás de síntese é convertido em uma mistura de hidrocarbonetos composta

principalmente por hidrocarbonetos parafínicos saturados e α-olefinas de diferentes

tamanhos de cadeia, podendo gerar inclusive álcoois. Esta reação que é catalisada

por metais é altamente exotérmica (SOUZA, 2008).

A síntese de Fischer-Tropsch pode ser resumida pelas reações 9 e 10, a

reação 11 representa a obtenção do Metanol. A reação 8 corresponde à formação

de parafinas saturadas e a reação 9 de olefinas, sendo a única diferença entre elas

a molécula de hidrogênio. Onde n é o número médio de carbono (SOUZA, 2008).

(2𝑛 + 1)𝐻2 + 𝐶𝑂 → 𝐶𝑛𝐻2𝑛+2 + 𝑛𝐻2𝑂, (9)

(2𝑛)𝐻2 + 𝑛𝐶𝑂 → 𝐶𝑛𝐻2𝑛 + 𝑛𝐻2𝑂, (10)

2𝐻2 + 𝐶𝑂 → 𝐶𝐻3𝑂𝐻, (11)

Tabela 2 - Principais reações da síntese de Fischer-Tropsch

Produto Reação

𝐶𝐻4 3𝐻2 + 𝐶𝑂 → 𝐶𝐻4 + 𝐻2𝑂,

𝐶𝐻4 5𝐻2 + 2𝐶𝑂 → 𝐶2𝐻6 + 2𝐻2𝑂,

Alcanos (2𝑛 + 1)𝐻2 + 𝑛𝐶𝑂 → 𝐶𝑛𝐻(2𝑛+2) + 𝑛𝐻2𝑂,

Alcanos 2𝑛𝐻2 + 𝑛𝐶𝑂 → 𝐶𝑛𝐻2𝑛 + 𝑛𝐻2𝑂,

Alcoois 2𝑛𝐻2 + 𝑛𝐶𝑂 → 𝐶𝑛𝐻(2𝑛+1)𝑂𝐻 + (𝑛 − 1)𝐻2𝑂

Fonte: LEE, 2010. (adaptado pelo autor)

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2.2.3 Metanol para Olefina (MTO)

O processo MTO é baseado na conversão do metanol em olefinas,

principalmente eteno e propeno de acordo com a seguinte reação 12 (PAULA,

2007).

5𝐶𝐻3𝑂𝐻

→ 𝐶𝐻2𝐶𝐻2 + 𝐶3𝐻6 + 5𝐻2𝑂 (12)

De acordo com Gregory (2013), o processo MTO apresenta uma eficiência de

80 %, com base no metanol utilizado permitindo uma produção de eteno e propeno

em proporções que variam de 0,75: 1 a 1,5: 1, levando em conta o tipo de reator.

Figura 2.7 Conversão do metanol em olefina.

.

Fonte: UOP Honeywell, 2007 apud PAULA, 2007. (Adaptado pelo autor)

Em 1990, foi criado um catalisador denominado SAPO-34 (Sílica, Alumina e

Fosfato) que permitiu a obtenção de grande quantidade de olefinas. A empresa

UOP e HYDRO desenvolveram o processo de conversão do metanol para Olefinas

chamado de UOP/HYDRO MTO. De acordo com a empresa, está é uma forma

econômica e viável de converter metanol em olefinas. A recomendação é que a

planta estejam próximas ao campos produtores de gás, ou onde o acesso ao gás

natural tenha baixo custo de transporte (PAULA, 2007)

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2.3 Simulador Aspen Hysys

Aspen Hysys é um simulador de processos muito utilizado na indústria de óleo

e gás e refinarias. No simulador é possível criar modelos dinâmicos e estáticos,

melhorias de processos, monitoramento de performance, melhorias operacionais,

plano de negócios e gerenciamento de ativos.

Utilizando a interface interativa do HYSYS, é possível manipular variáveis de

processo e unidades operacionais. O software possui uma condução gráfica do

projeto, com esquemas de processo, os quais incluem os equipamentos, as linhas

de fluxo material e energia e os painéis de controle e monitoramento (Universidade

Autonoma de Madrid, 2015).

2.3.1 Diagrama de fluxo de processo

O diagrama de fluxo de processo (PFD) é a primeira tela observada no

simulador. O PDF prove a melhor representação do processo como um todo.

Usando o PDF é possível obter referência do progresso da atual simulação como

correntes de entrada e as unidades operacionais instaladas, conectividade e

condição dos objetos (Universidade Autonoma de Madrid, 2015)

Figura 2.8 Exemplo de uma planta de conversão de gás.

Fonte: Universidade de Alberta, 2015

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2.3.2 Fluido termodinâmico

O Fluid package contém os componentes e métodos que serão usados pelo

HYSYS em seus cálculos. Dentro desse pacote existem informações como a

caracterização do fluido do petróleo ou de uma reação cinética. No presente

trabalho Peng Robinson foi escolhido como fluid package por se tratar de um

modelo ideal para cálculos de equilíbrio líquido-vapor assim como para o cálculo

de massas específicas de líquidos em sistemas de hidrocarbonetos (Universidade

Autonoma de Madrid, 2015)

2.3.3 Componentes do HYSYS

O HYSYS fornece uma grande variedade de componentes para que seja criado

um ambiente mais real possível. Nele, podemos adicionar correntes de material ou

de calor, bombas, misturadores, válvulas, reatores entre outros componentes

através da palheta de componentes.

3 Metodologia

Neste trabalho, utilizou-se o software Aspen Hysys para a simulação do reator

de reforma a vapor e de oxidação parcial. Após o treinamento no software, o PFD

do processo foi construído para verificar a influência da pressão, temperatura e

relação vapor/carbono no reator de reforma a vapor na produção do gás de síntese

e que posteriormente será a alimentação do combustor (reator de oxidação parcial).

Será observado a razão 𝐻2/CO após os 2 reatores e os melhores parâmetros para

conversão do metano.

A primeira etapa para a obtenção dos resultados consistiu na criação do PFD

no software Aspen Hysys.

Para o reator de reforma a vapor, foi criado um reator de equilíbrio como mostra

a figura 4.1. A reação 1 foi adicionada ao Set de reações da própria livraria de

equações do Hysys.

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Figura 3.1 Reator de equilíbrio

Fonte: Própia

Na entrada do reator de reforma a vapor, teremos duas correntes, uma de

gás natural e outra de vapor d’água, as figuras 4.2 e 4.3 mostram os dados

referentes a corrente de gás e vapor respectivamente. Foi utilizado o

componente SET para garantir que a pressão da corrente do vapor d’água e de

oxigênio sejam iguais a corrente do gás natural. Na simulação a composição do

gás natural será 100% metano e o vapor d’água será 100% água.

Figura 3.2. Dados do Gás Natural

Fonte: Própria

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29

Figura 3.3. Dados do Vapor d’água

Fonte: Própria.

A corrente de saída do reformador irá ser a alimentação do combustor. Para o

reator de combustão onde acorrerá a oxidação parcial, foi escolhido um reator de

conversão onde ocorrerá a reação 6 como mostra a figura 4.4.

A reação 1 e a reação 6 foram criadas no “Reactions tab”, a reação 1 foi

adicionado no reator de reforma a vapor e a reação 6 no reator de oxidação parcial.

Figura 3.4 Reator de Combustão

Fonte: Própria.

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A corrente de saída do combustor será o gás de síntese final. A figura 4.5 mostra

a planta de produção de gás de síntese criado no formato de reforma combinada.

Figura 3.5 Planta de produção de gás de síntese.

Fonte: Própria

Será utilizado o Databook do Hysys para variar os parâmetros de processo.

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4 Resultados e discussão

A influência da temperatura, pressão e razão vapor/metano foram testadas para

mostrar a conversão do metano no reator de reforma a vapor.

4.1 Influência da Temperatura

A figura 4.6 mostra que a pressão de 30 bar e razão vapor/metano de 1, a

conversão do metano é 9,6 na temperatura de 600°C. A conversões de 14.5%,

20.9%, 38.03%, 57.71%, e 74.48% na temperatura de 700°C, 900°C e 1000°C

respectivamente. Quando a razão vapor/metano é 2, as conversões de metano são

13.9%, 30.05%, 53.33%, 77.36% e 92.53% nas temperaturas de 600°C, 700°C,

900°C e 1000°C respectivamente. O mesmo efeito foi observado em outras

pressões.

Figura 4.1 Conversão do metano X temperatura na pressão de 30 bar

Fonte: Própria

Observa-se, na Figura 4.6 que, para o intervalo simulado, a conversão do

metano é maior para maiores valores de temperatura e maiores razões

vapor/metano.

0

20

40

60

80

100

120

6 0 0 6 5 0 7 0 0 7 5 0 8 0 0 8 5 0 9 0 0 9 5 0 1 0 0 0

CO

NV

ERSÃ

O M

ETA

NO

TEMPERATURA

CONVERSÃO X TEMPERATURA (30BAR)

Vapor/Metano 01:01

Vapor/Metano 02:01

Vapor/Metano 03:01

Vapor/Metano 04:01

Vapor/Metano 05:01

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4.2 Influência Vapor/Carbono

Da figura 4.7 pode ser visto que mantendo a temperatura de 800°C e pressão

10 bar constantes, a conversão do metano é 57.75% na razão vapor/metano igual

a 1. As Conversões do metano são 77.40%, 86.98%, 92.04% e 94.88% para razão

vapor/carbono iguais a 2, 3, 4 e 5 respectivamente. Quando a pressão for 30 bar,

a conversão do metano é 37.81% na razão vapor/metano igual a 1. As Conversões

do metano são 53.05%, 63.08%, 71.84% e 77.97% nas razões vapor/metano iguais

a 2, 3, 4 e 5 respectivamente.

Figura 4.2 Conversão Metano x Razão Vapor/Metano a temperatura de 800°C

Fonte: Própria

A figura 4.7 indica que, considerando a faixa simulada, a conversão de metano

aumenta com o aumento da razão vapor/metano para qualquer valor de pressão.

4.3 Influência da pressão

Na figura 4.8 observa-se que mantendo a temperatura de 800°C e razão

vapor/metano igual a 1 constantes a conversão de metano é 57.75% na pressão

de 10 bar. As conversões de metano são 44.74%, 37.81%, 33.35%, e 30.16% na

pressão de 20 bar, 30 bar, 40 bar e 50 bar, respectivamente. Quando a razão

vapor/metano é 2, a conversão do metano é 77.40% na pressão de 10 bar. As

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

1 2 3 4 5

Co

nve

rsão

Vapor/Carbono

Conversão x Razão Vapor/Metano

10 Bar

20 Bar

30 Bar

40 Bar

50 Bar

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conversões do Metano são 61.99%, 53.05%, 47.10% e 42.78% nas pressões de 20

bar, 30 bar, 40 bar e 50 bar respectivamente.

Figura 4.3 Conversão metano x pressão

Fonte: Própria.

A figura 4.8 indica que a conversão do metano foi maior para menores valores

de pressão, considerando a faixa simulada.

4.4 Tabela de dados

A seguir, são apresentadas as tabelas 3 e 4, que contém os valores simulados

utilizados na elaboração dos gráficos, já apresentados, nas figuras 4.1, 4.2 e 4.3.

Tabela 3 – Conversão do metano X temperatura para cada razão

Vapor/Metano

Razão Temperatura °C

Vapor/Metano 600,0 650,0 700,0 750,0 800,0 850,0 900,0 950,0 1000,0

1/1 9,6 14,6 21,0 28,9 38,0 47,9 57,7 66,8 74,5 2/1 13,9 21,0 30,1 41,0 53,3 65,9 77,4 86,4 92,5 3/1 17,6 26,4 37,4 50,4 64,1 76,9 86,9 93,4 96,8 4/1 21,0 31,1 43,7 58,0 72,1 84,0 92,0 96,3 98,4 5/1 24,0 35,5 49,3 64,3 78,3 88,7 94,9 97,8 99,0

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

1 0 B A R 2 0 B A R 3 0 B A R 4 0 B A R 5 0 B A R

CO

NV

ERSÃ

O M

ETA

NO

PRESSÃO

CONVERSÃO X PRESSÃO (800°C)

Vapor/Metano 01:01

Vapor/Metano 02:01

Vapor/Metano 03:01

Vapor/Metano 04:01

Vapor/Metano 05:01

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Tabela 4 – Conversão do metano X pressão para cada razão Vapor/Metano

Razão Pressão ( bar)

Vapor/Metano 10 20 30 40 50

1 57,8 44,7 37,8 33,4 30,2

2 77,4 62,0 53,1 47,1 42,8

3 87,0 73,1 63,8 57,3 52,4

4 92,0 80,7 71,8 65,2 60,1

5 94,9 85,9 78,0 71,6 66,5

Tabela 5 - Razão de H2/CO nas correntes de gás.

Posição Razão

H2/CO

Gás Natural 0

Alimentação Combustor 3

Gás de Síntese 2,288

Os resultados apresentados nas Tabelas 3 e 4 e nas figuras 4.6, 4.7 e 4.8

mostram que, a pressão e temperatura constantes, uma maior quantidade de vapor

é necessário no processo de reforma a vapor para prever a formação de coque e

inibir os catalisadores usados na reação. Altos valores na razão vapor/metano, altas

temperaturas e baixas pressões favorecem a máxima conversão do gás natural.

Porém, deve-se ressaltar que uma baixa razão vapor/metano reduz a corrente

mássica da planta industrial necessitando assim de equipamentos com menor

tamanho, gerando sistemas energeticamente mais eficientes e com custo de

operação mais baixo, como mostra a análise do artigo de Ali (2005). Os resultados

da tabela 5 mostram que a razão de 𝐻2/CO ficam acima do valor ideal para a

síntese de Fischer-Tropsch após o reator de reforma a vapor e chega próximo a 2

no gás de síntese final, logo após o reator de oxidação parcial, gerando assim um

gás de síntese com razão de 𝐻2/CO ideal para a síntese de Fischer-Tropsch.

Os resultados obtidos e apresentados nas figuras e tabelas apresentadas nesse

trabalho indicam que foi obtido sucesso com a criação do PFD no software ASPEN-

HYSYS 8.0. Isso possibilitou a análise apresentada nesse trabalho de conclusão

de curso. Cabe, porém ressaltar, que a análise realizada foi qualitativa, uma vez

que foi realizada em um simulador de processos que, mesmo sendo confiável, pode

diferir em termos quantitativos do processo real.

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5 Conclusão

A partir dos resultados obtidos na simulação da planta de produção de gás de

síntese pode-se concluir que:

A pressão e temperatura constantes, a conversão de metano aumenta com

o aumento da razão vapor/metano. Porém, uma baixa razão vapor/metano

reduz a corrente mássica da planta industrial necessitando assim de

equipamentos com menor tamanho, gerando sistemas energeticamente

mais eficientes e com custo de operação mais baixo;

A pressão e razão vapor/metano constantes, a conversão do metano

aumenta com o aumento da temperatura;

Mantendo a temperatura e a razão vapor/metano constantes, a conversão

do metano diminuiu com o aumento da pressão;

Foi obtido sucesso com a criação do PFD obtido a partir do treinamento no

software ASPEN-HYSYS. Isso possibilitou a análise apresentada nesse

trabalho de conclusão de curso;

Devido a razão de H2/CO do gás de síntese produzido no reator de reforma

a vapor ser muito alta, a sua utilização sem nenhum tipo de tratamento

posterior mostrou-se inadequada para ser usado no processo de Fischer-

Tropsch;

A razão H2/CO no processo de reforma combinada se mostrou ideal com

razão próximo de 2.

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