UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE...

103
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA LEANDRO MAITAN DE CASTRO LEANDRO Aplicação de SMED e DCO para a redução de setup em uma indústria de laminados de PVC: avaliação e projeto Lorena, 2012

Transcript of UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE...

Page 1: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

LEANDRO MAITAN DE CASTRO LEANDRO

Aplicação de SMED e DCO para a redução de setup em uma indústria de laminados

de PVC: avaliação e projeto

Lorena, 2012

Page 2: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

LEANDRO MAITAN DE CASTRO LEANDRO

Aplicação de SMED e DCO para a redução de setup em uma indústria de laminados

de PVC: avaliação e projeto

Monografia apresentada como requisito

parcial para a conclusão de curso de

Graduação em Engenharia Industrial

Química.

Orientador: Prof. Dr. Marco Antonio Carvalho

Pereira

Lorena, 2012

Page 3: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE

TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS

DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO

Assessoria de Documentação e Informação

Escola de Engenharia de Lorena

Leandro, Leandro Maitan de Castro

Aplicação de SMED e DCO para a Redução de Setup em uma Indústria

de Laminados de PVC: Avaliação e Projeto / Leandro Maitan de Castro

Leandro; orientador Prof. Dr. Marco Antonio Carvalho Pereira — Lorena,

2012.

Monografia apresentada como requisito parcial para a conclusão de

Graduação do Curso de Engenharia Industrial Química. Escola de Engenharia

de Lorena da Universidade de São Paulo

1. Redução de tempo de setup: Produção I. Leandro, Leandro Maitan de

Castro II. Título. III. Prof. Dr. Marco Antonio Carvalho Pereira, Orient.

Page 4: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

Agradecimentos

Sou eternamente grato a Deus por me proporcionar o presente de Sua presença,

por poder contemplar a perfeição de Sua obra na pequena caminhada que trilhei, e por

cada pessoa que passou e permanece na minha vida.

Agradeço aos meus pais e à minha irmã pelo singelo ato de amar. Por eles

passaram e permeiam todos os meus sonhos, sejam os conquistados ou em construção.

Agradeço à minha amada esposa Priscila Leite Gonçalves, minha força e direção,

cúmplice eterna da caminhada da vida, sem a qual meus sonhos não passariam de

devaneio ou esboço da realidade.

Agradeço ao professor e amigo Marco Antonio Carvalho Pereira, maestro em

sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar momentos

memoráveis.

Ao amigo Vitor Marcondes pela amizade sincera, pura e simples, pela motivação,

pelos ensinamentos e pela dedicação admirável.

Agradeço a todos os envolvidos no presente trabalho, seja direta ou

indiretamente, especialmente aos que compartilharam desafios na empresa estudada.

Reitero minha especial gratidão ao sr. Daniel, a quem devo imensa admiração pelas

vivências, pela sensibilidade, e por todas as oportunidades proporcionadas.

Aos companheiros do campus de Lorena da Universidade de São Paulo, que

devotaram grande parte dos seus dias para nos preparar e nos ensinar o descomedido

valor da humildade, do equilíbrio e da empatia.

Page 5: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

Resumo

Com a busca por novas vantagens competitivas para aprimorar a sobrevivência

das empresas no mercado consumidor, a preocupação com a variável tempo e com a

redução de seu desperdício nos processos produtivos tem crescido a cada dia. O

presente trabalho objetivou estudar e implementar a redução de tempo de setup em um

processo de impressão de uma indústria de laminados de PVC, buscando reduzir o lead

time através da reordenação do fluxo de valor. Para isso, foi realizada uma pesquisa-

ação que utilizou as metodologias SMED (Single-minute Exchange of Die) e DCO

(Design for Changeover) para sistematização do setup e análise de operações, com a

obtenção dos dados por cronoanálise. No viés dos conceitos de lean manufacturing e de

redução de variabilidade do processo (cultura Seis Sigma), foi realizada a avaliação do

estado inicial do processo, e foram realizadas propostas de melhoria para o estado

futuro, que resultaram em um sistema puxado de produção com o uso do sistema

kanban. O estado inicial indicou tempo de setup em torno de três horas e vinte e um

minutos, resultando no tempo improdutivo diário de 95,24%. A redução estimada

atingida foi de cerca de três horas de setup, reduzindo o desperdício de tempo entre

70% e 80%. Ao final das etapas, ganhos de produtividade, redução de lead time e de

custo foram previstos, viabilizando o uso da metodologia e confirmando sua eficácia.

Palavras-chave: Redução de setup. SMED. Lean manufacturing. DCO.

Page 6: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

Abstract

With the search for new competitive advantages to enhance the survival of

businesses in the consumer market, the concern about the variable time and waste

reducing in their production processes has grown every day. The present study aimed to

investigate and implement the reduction of setup time in a printing process of a laminated

PVC industry, seeking to reduce the lead time by reordering the value stream. Thereunto,

a research-action was realized and used the methodologies SMED (Single-minute

Exchange of Die) and DCO (Design for Changeover) for setup systematization and

operations analysis, obtaining data for chronoanalysis. Bias the concepts of lean

manufacturing and reduction of process variability (Six Sigma culture), was evaluated the

process initial state, and proposals were made for the future state improvement, which

resulted in a production pull system with the use of kanban system. The initial state

indicated setup time in about three hours and twenty one minutes, resulting in 95.24%

unproductive daily time. The achieved estimated reduction was about three hours setup,

reducing waste of time between 70% and 80%. At the end of the stages, productivity

gains, reduced lead time and cost were foreseen, enabling the methodology use and

confirming its efficacy.

Keywords: Setup reduction. SMED. Lean manufacturing. DCO.

Page 7: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 2.1. Principais processos de transformação do PVC (Fonte: NUNES et al.,

2006) .................................................................................................................................. 14

Figura 2.2. Reação de produção do gás cloro por eletrólise da salmoura. (Fonte: NUNES

et al., 2006) ....................................................................................................................... 18

Figura 2.3. Rota não oxidativa de cloração do eteno, formando o EDC, intermediário do

PVC (Fonte: NUNES et al., 2006).................................................................................... 18

Figura 2.4. Rota oxidativa para a formação do EDC, intermediário do PVC (Fonte:

NUNES et al., 2006) ......................................................................................................... 19

Figura 2.5. Formação do MVC, monômero do PVC (Extraído de: NUNES et al., 2006)

............................................................................................................................................. 19

Figura 2.6. Reação global e fluxograma geral de produção do MVC (Extraído de:

NUNES et al., 2006) ......................................................................................................... 20

Figura 2.7. Misturador intensivo com pás cisalhantes para homogeneização de aditivos

no pré-polímero de PVC (Fonte: TITOW, 1984, apud NUNES et al., 2006) ................. 21

Figura 2.8. Misturador intensivo com resfriador vertical (Fonte: TITOW, 1984, apud

NUNES et al., 2006) ......................................................................................................... 22

Figura 2.9. Ribbon Blender (Fonte: TITOW, 1984, apud NUNES et al., 2006) ............ 22

Figura 2.10. Representação de uma extrusora de rosca simples (Fonte: NUNES et al.,

2006) .................................................................................................................................. 24

Figura 2.11. Representação construtiva de uma rosca de um estágio, usada em

extrusoras de rosca simples (Fonte: NUNES et al., 2006) ............................................. 25

Figura 2.12. Representação construtiva de um cabeçote de extrusão (Fonte: NUNES et

al., 2006)............................................................................................................................ 26

Figura 2.13. Representação de uma coluna de impressão por rotogravura (Fonte:

BIRKENSHAW, 1999 apud SOLYON, 2009) .................................................................. 28

Figura 2.14. Representação do polimento antes da gravação, à esquerda, e da gravação

de cilindros, à direita (Fonte: NIIR, 2003) ........................................................................ 30

Figura 2.15. Etapas gerais de conversão de setup externo na metodologia SMED

(Fonte: SHINGO, 2001, apud. SUGAI; McINTOSH; NOVASKI, 2007) .......................... 39

Figura 2.16. Modelo de Kano (Fonte: ROOS; SARTORI; GODOY, 2009) .................... 45

Page 8: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

Figura 2.17. Simbologia usada na elaboração do VSM (Fonte: MAIA et al., 2010) ....... 46

Figura 3.1. Impressora para laminados poliméricos de PVC (Fonte: MANUALE [...],

2003). ................................................................................................................................. 54

Figura 3.2. Foto da vista geral da impressora (Fonte: MANUALE [...], 2003) .............. 55

Figura 3.3. Fluxograma planejado para a execução da metodologia SMED (Fonte:

CONCEIÇÃO et al., 2006) ................................................................................................ 57

Figura 3.4. Desdobramento das perdas de tempo (desperdício) desconsideradas por

Shingo na metodologia SMED (Fonte: McINTOSH et al., 2001, apud SUGAI,

McINTOSH; NOVASKI, 2007) ........................................................................................... 59

Figura 4.1. Levantamento dos CTQs e elaboração do modelo de Kano para o cliente

externo. ................................................................................................................................ 61

Figura 4.2. Levantamento dos CTQs e elaboração do modelo de Kano para o cliente

interno. ................................................................................................................................. 62

Figura 4.3. Mapeamento do fluxo de valor (VSM) do estado inicial. ............................... 64

Figura 4.4. Distribuição do número de ocorrências por atividade no setup. ..................... 69

Figura 4.5. Estratificação dos tempos padrão por atividade no setup. ............................. 70

Figura 4.6. Teste de normalidade para os tempos médios de setup diário, para o mês de

Janeiro de 2012. ................................................................................................................. 72

Figura 4.7. Carta de controle e avaliação da capacidade de processo do estado inicial

para os tempos médios de setup diário. ............................................................................. 75

Figura 4.8. Avaliação do nível sigma para os tempos médios de setup diário. ................ 76

Figura 5.1. Mapeamento do fluxo de valor (VSM) do estado futuro. ............................... 80

Figura 5.2. Dimensão da redução de setup na primeira fase do projeto. ......................... 82

Figura 6.1. Croqui do pino com grampo funcional de molas. ............................................ 87

Figura 6.2. Configuração original no estado inicial do fluxo da tinta pelas calhas dos

cabeçotes de impressão e envernizamento da impressora de produção (Fonte:

MANUALE [...], 2003). ..................................................................................................... 91

Figura 6.3. Croqui das calhas de armazenamento de tintas e vernizes no estado futuro.

............................................................................................................................................. 91

Figura 6.4. Dimensão da redução de setup após a segunda fase do projeto. ................. 94

Page 9: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 2.1 - Etapas gerais de implantação da metodologia SMED (Fonte: SHINGO,

2001, apud. SUGAI; McINTOSH; NOVASKI, 2007) ........................................................ 39

Tabela 4.1 – Exemplo de arranjo das atividades de setup para o operador 1

(desbobinador) no estado inicial. ....................................................................................... 66

Tabela 4.2 – Exemplo de arranjo das atividades de setup para o líder de turno no estado

inicial. ................................................................................................................................... 66

Tabela 4.3 – Exemplo de arranjo das atividades de setup para o operador 2

(rebobinador) no estado inicial. .......................................................................................... 67

Tabela 4.4 – Resumo obtido da cronoanálise, elucidando as atividades e sua

distribuição. .......................................................................................................................... 68

Tabela 5.1 – Resultados da primeira fase de alteração da ordem das atividades........... 82

Tabela 5.2 – Exemplo de rearranjo das atividades de setup para o operador 1

(desbobinador) para o estado futuro. ................................................................................. 83

Tabela 5.3 – Exemplo de rearranjo das atividades de setup para o líder de turno para o

estado futuro. ....................................................................................................................... 83

Tabela 5.4 – Exemplo de rearranjo das atividades de setup para o operador 2

(rebobinador) para o estado futuro..................................................................................... 84

Page 10: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

SUMÁRIO

RESUMO. 4

ABSTRACT. 5

1 - INTRODUÇÃO 11

1.1 – CONTEXTO E JUSTIFICATIVA 13

1.2 – OBJETIVOS DO TRABALHO 13

2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 13

2.1 - CAMPO DE APLICAÇÃO DA INDÚSTRIA ESTUDADA – EXTRUSÃO E IMPRESSÃO DE PVC 13

2.1.1) IMPORTÂNCIA DO MERCADO DE PVC NO MUNDO: 13

2.1.2) BREVE HISTÓRICO DA PRODUÇÃO DE RESINAS DE PVC: 14

2.1.3) ROTAS DE PRODUÇÃO DO PVC: 16

2.1.4) EXTRUSÃO DO PVC: 23

2.1.5) ORIGENS DO PROCESSO DE IMPRESSÃO POR ROTOGRAVURA: 26

2.1.6) PROCESSO DE IMPRESSÃO ROTOGRÁFICA: 29

2.2 – ORIGEM DA METODOLOGIA SMED 34

2.3 – ORIGENS DO DESIGN FOR CHANGEOVER (DCO) 40

2.4 – LEAN SEIS SIGMA E SEUS DESDOBRAMENTOS 42

2.4.1) LEAN SEIS SIGMA E OS CRITICALS TO QUALITY (CTQS): 42

2.4.2) O MODELO DE KANO: 44

2.4.3) A FILOSOFIA KAIZEN: 47

2.4.4) O SISTEMA KANBAN: 47

2.4.5) TESTE DE NORMALIDADE DE ANDERSON-DARLING: 49

2.4.6) ÍNDICES DE CAPACIDADE DE PROCESSO (CP E CPK) E O NÍVEL SIGMA: 50

3 - METODOLOGIA 52

3.1 – PESQUISA-AÇÃO E O CONTEXTO DE SEU USO PARA A EMPRESA: 52

3.2 - A EMPRESA: 53

3.3 - CARACTERÍSTICAS DO PROCESSO PRODUTIVO: 55

3.4 - METODOLOGIA PROPOSTA E COLETA DE DADOS: 55

3.5 - ANÁLISE DOS DADOS OBTIDOS: 55

4 – O ESTÁGIO INICIAL 60

4.1 – LEVANTAMENTO DA IMPORTÂNCIA DA PROBLEMÁTICA: 60

4.2 – COLETA E ESTRATIFICAÇÃO DOS DADOS: 655

4.3 – LEVANTAMENTO DA DIMENSÃO DA PROBLEMÁTICA: 55

4.4 – FRONTEIRAS E LIMITES DA APLICAÇÃO: 55

4.5 – OBJETIVOS ESTABELECIDOS APÓS O LEVANTAMENTO DO ESTADO INICIAL: 55

Page 11: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

5 – A APLICAÇÃO DE SMED 79

5.1 – ESTABELECIMENTO DA ESTRUTURA NECESSÁRIA PARA A IMPLANTAÇÃO DO SMED: 55

5.2 – A APLICAÇÃO DA METODOLOGIA SMED: 55

6 – PROJETO DE MELHORIA ATRAVÉS DE SMED E DCO 85

6.1 – RACIONALIZAÇÃO DO SMED: 55

6.2 – PROJETO DE DCO: 55

7 – CONCLUSÕES 96

REFERÊNCIAS 98

Page 12: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

11

1 - Introdução

1.1 – Contexto e justificativa:

A redução do tempo de setup é um assunto recorrente na última década, visto o

mesmo estar diretamente relacionado com o aumento de ocupação de um processo

(REIS; ALVES, 2010). O tratamento do assunto como relevante para o desempenho de

um processo vai de encontro com o conceito de manufatura enxuta (lean

manufacturing), que busca eliminar os interferentes produtivos e despender todo o tempo

factível para a operação do processo. Há duas principais vertentes conceituais utilizadas

para a redução do lead time de máquina e consequentemente de setup. A primeira é a

metodologia Single-minute Exchange of Die (SMED), devido à sua implementação ser

relativamente simples e não exigir grandes investimentos por basear-se em mudanças

organizacionais. A extensão de seus conceitos originou a segunda vertente conceitual,

conhecida como Design for Changeover (DCO), a qual busca a melhoria no projeto dos

equipamentos, exigindo, portanto, maiores investimentos (SUGAI; McINTOSH;

NOVASKI, 2007).

Há relatos de algumas vantagens notórias da aplicação do SMED e do DCO

relacionadas à busca pelo atendimento à demanda de produção. Dentre elas estão a

redução da necessidade de aquisição de novas máquinas para o processo, a

possibilidade de implantação de menores lotes de produção e consequente redução de

estoque, a redução dos custos operacionais e promoção do aumento de rendimento de

processo e a dinamização da ocupação das horas-homem de trabalho, gerando ao

Page 13: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

12

mesmo tempo economia de processo e aumento de ocupação e rendimento (REIS;

ALVES, 2010). Ressalta-se ser a produtividade e sua análise um assunto

frequentemente pautado sob a ótica das ferramentas da qualidade, de modo que,

atualmente, a linha divisória entre os conceitos de qualidade e produção é sutil e tênue.

Por muitos anos a ferramenta SMED foi confundida com mais uma ferramenta de

qualidade, sendo, no entanto, uma ferramenta de produção muito eficaz, segundo

demonstram estudos como, por exemplo, os de Fogliatto e Fagundes (2003).

1.2 – Objetivos do trabalho:

-Avaliar a aplicação do SMED e do DCO em um processo produtivo a fim de

quantificar ganhos de tempo e redução de custo operacional.

-Buscar a redução dos desperdícios para o fortalecimento da competitividade de

uma indústria de perfis laminados de PVC, realizando concomitantemente a avaliação

das metodologias SMED e DCO quanto à sua aplicabilidade no segmento gráfico.

-Avaliar a importância genérica das metodologias SMED e DCO nas áreas da

Engenharia Industrial ou Produtiva.

Page 14: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

13

2 - Revisão Bibliográfica

2.1 - Campo de aplicação da indústria estudada – Extrusão e impressão de PVC

2.1.1) Importância do mercado de PVC no mundo:

Segundo Nunes et al (2006), o policloreto de vinila (PVC) é o segundo

termoplástico de maior volume de consumo no mundo. Estima-se que seu consumo seja

superior a 36 milhões de toneladas, sendo o Brasil responsável por cerca de 2% do

consumo dessa resina, enquanto que os EUA, maior consumidor mundial, perfazem

cerca de 21% do mercado consumidor, seguidos pela China, com cerca de 20% do

consumo. Consumia-se no Brasil, em 2006, uma média per capita de 4Kg de PVC por

ano, valor superior ao consumido pela média dos países da América do Sul, que avulta a

casa dos 3Kg per capita por ano, ambos bastante inferiores aos EUA, de consumo per

capita superior aos 20Kg por ano. No Brasil, em 2006, cerca de 60% do mercado de

PVC destinava-se à construção civil, aproximadamente 15% destinava-se ao setor

calçadista, 10% ao setor de embalagens, e os restantes 15% aos demais setores, como

o médico-hospitalar, agrícola, moveleiro, de brinquedos, entre outros.

No Brasil, segundo Nunes et al (2006), o setor no qual há maior potencial de

crescimento para a aplicação do PVC como matéria-prima é o setor de perfis ou

perfilados, o qual engloba chapas rígidas, revestimentos internos e externos, esquadrias

e perfis de acabamento, no qual a indústria considerada no presente trabalho se

enquadra.

Page 15: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

14

Dentre os processos produtivos de transformação do PVC para uso final ou

intermediário, o que largamente é mais empregado no Brasil é a extrusão. Embora seja

possível realizar a aditivação do PVC para melhoria de característica a intemperismos,

para diversas aplicações se utiliza de filmes protetores para melhorar ou prolongar

atributos estáticos do PVC. A figura 2.1, extraída de Nunes et al (2006), evidencia a

distribuição percentual dos processos de transformação do PVC, os quais utilizam

normalmente energia térmica ou atrito para promover as conformações necessárias à

moldagem da massa de resina.

Figura 2.1. Principais processos de transformação do PVC (Fonte: NUNES et al.,

2006)

2.1.2) Breve histórico da produção de resinas de PVC:

Nunes et al (2006), afirma que em 1835, Justus von Liebig reagiu dicloroetileno

com hidróxido de potássio em solução alcoólica, resultando em um gás, o cloreto de

Page 16: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

15

vinila (MVC), que quando armazenado e exposto à luz, depositava um pó branco na

superfície do recipiente. O pó depositado, que na época pensava-se ser o polímero do

cloreto de vinila (PVC), era na realidade policloreto de vinilideno. Em 1872, segundo os

mesmos princípios, Baumann detalhou a obtenção do PVC a partir da exposição do MVC

à radiação luminosa induzida. Em 1912, o alemão Fritz Klatte, na indústria onde

trabalhava, descobriu uma nova rota de produção do MVC e polimerização a PVC a

partir de acetileno (proveniente de carbureto de cálcio) excedente da iluminação pública

e ácido clorídrico gasoso (cloreto de hidrogênio). A rota é largamente empregada até

hoje, é chamada de rota do acetileno, e consiste em uma reação radicalar iniciada por

peróxidos orgânicos, no entanto, não foi possível na época desenvolver equipamentos

para processar o PVC em escala industrial por essa rota. Desse modo, foi aberta a

oportunidade de patentear o PVC em um processo industrial, o que ocorreu somente em

1926, quando na empresa B. F. Goodrich, o pesquisador Semon descobriu que

misturando ao meio reacional tricresil fosfato ou dibutil ftalato, atualmente conhecidos

como substâncias plastificantes, formava-se uma massa borrachosa e facilmente

moldável, produzindo o primeiro elastômero termoplástico que posteriormente á crise da

borracha, durante a segunda guerra mundial, foi amplamente empregado no

recobrimento de fios e cabos elétricos. Anos mais tarde, em 1936, um pesquisador da

B. F. Goodrich chamado Greshan descobriu, após exaustivas tentativas com milhares de

compostos, que o di-2-etil-hexil-ftalato e o dioctil ftalato (os mais empregados até hoje)

exerciam atividade plastificante mais vantajosa. Anos mais tarde, com a aditivação do

Page 17: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

16

PVC com compostos organometálicos, como sais de chumbo, bário, cádmio, zinco,

estanho e cálcio, foi solucionado o problema da baixa estabilidade ao calor. A aplicação

comercial do PVC ocorreu inicialmente nos EUA, em 1920, que foram sucedidos pelos

alemães, em 1930. No Brasil, a primeira planta industrial de produção de PVC data de

1954, em uma associação da B. F. Goodrich com as Indústrias Químicas Matarazzo, e

atualmente é uma das unidades da Braskem (NUNES et al., 2006).

2.1.3) Rotas de produção do PVC:

Por característica, o PVC é dentre os polímeros o mais versátil de todos, tendo

sua resina a propriedade de ser atóxica e quimicamente estável, o que possibilita a

fabricação de produtos médico-hospitalares, de brinquedos e de embalagens para

alimentos (NUNES et al., 2006). Essa versatilidade deve-se à necessidade de

aditivação do mesmo para processamento e para a composição das características

variadas da ampla diversidade de seus produtos para consumo final. Conhece-se na

atualidade uma amplitude superior a 30 aditivos que, balanceados entre si, conferem

características capazes de permitir que o PVC seja processado por todos os processos

de conformação conhecidos, como, por exemplo, por injeção, calandragem, extrusão,

espalmagem, entre outros, o que permite a elaboração de produtos que abrangem desde

tubos de PVC rígido a embalagens e brinquedos de PVC extremamente flexível (NUNES

et al., 2006). Dentre os atributos dos polímeros de PVC, o custo-benefício é o atrativo

mais significativo e contribuinte para a substituição de outros materiais como madeira e

Page 18: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

17

metais. Isso decorre de o PVC possuir quesitos amplamente desejáveis a um material de

engenharia, tais como comportamento antichama, isolamento térmico e acústico, alta

resistência a intemperismos, alta blindagem química e baixa reatividade após

conformado, baixa densidade e fácil instalação, excelente acabamento superficial

(estético) e opacidade controlável (NUNES et al., 2006).

A resina de PVC é elaborada pela reação radicalar, em cadeia, do mono cloreto

de vinila (MVC). Economicamente o MVC pode ser obtido por duas rotas principais para

a sua síntese prioritária, ambas dispondo do eteno. Através da incorporação do cloro

gasoso nas insaturações do eteno (etileno) por cloração térmica, seguindo rota oxidativa

ou não oxidativa (ou seja, com ou sem a presença do oxigênio) de produção do

intermediário 1,2-dicloroetano (ou simplesmente dicloroetano, conhecido como EDC),

seguida de eliminação endotérmica de ácido clorídrico. O ácido clorídrico atua como

catalisador da via oxidativa da produção final do MVC, enquanto que na via não

oxidativa sua formação ocorre como subproduto reacional da produção de MVC. No

entanto, existem três rotas alternativas cuja viabilidade econômica é menos expressiva

(NUNES et al., 2006).

Para a viabilidade das rotas, a produção do cloro é feita por meio da eletrólise do

cloreto de sódio (sal comum) em meio aquoso, ou seja, na forma de salmoura altamente

saturada. Nesse processo, o gás cloro é liberado no anodo da célula eletrolítica,

enquanto o hidróxido de sódio (soda cáustica) e o gás hidrogênio são produzidos no

catodo, segundo a reação elucidada pela figura 2.2.

Page 19: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

18

Figura 2.2. Reação de produção do gás cloro por eletrólise da salmoura. (Fonte:

NUNES et al., 2006)

Segundo Nunes et al. (2006), o eteno ou etileno é obtido por meio de

processos convencionais de craqueamento petroquímico, ou através do gás natural ou

etanol. Frações dessas matérias-primas são ricas em hidrocarbonetos leves,

particularmente etano, propano e butano, os quais são convertidos em eteno e propeno

por processos de desidrogenação e craqueamento térmico das saturações de

hidrocarbonetos mais extensos.

A primeira rota produtiva consiste na cloração não oxidativa da insaturação

(ligação dupla) do eteno na presença de gás cloro. O processo baseia-se na produção

do intermediário dicloroetano (EDC), seguida da produção prioritária em distribuição de

massa molecular do MVC (NUNES et al., 2006). A síntese do EDC a partir do gás

cloro e do eteno (comercialmente conhecido como etileno) é elucidada pela figura 2.3.

Figura 2.3. Rota não oxidativa de cloração do eteno, formando o EDC,

intermediário do PVC (Fonte: NUNES et al., 2006)

Page 20: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

19

A segunda rota de produção do EDC consiste na cloração da insaturação do

eteno na presença de oxigênio, gerando água como subproduto, segundo a reação

demonstrada pela figura 2.4.

Figura 2.4. Rota oxidativa para a formação do EDC, intermediário do PVC

(Fonte: NUNES et al., 2006)

Ambas as correntes das distintas rotas de produção de EDC convergem para a

reação de eliminação térmica de HCl, na qual são obtidos MVC e cloreto de hidrogênio,

conforme mostrado pela figura 2.5. Essa reação é realizada em fornalhas, sob

temperaturas na faixa de 470 a 540ºC (NUNES et al., 2006).

Figura 2.5. Formação do MVC, monômero do PVC (Extraído de: NUNES et al.,

2006)

Page 21: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

20

A reação global é representada, bem como o fluxograma geral do processo de

obtenção do monômero de cloreto de vinila (MVC), pela figura 2.6.

Figura 2.6. Reação global e fluxograma geral de produção do MVC (Extraído de:

NUNES et al., 2006)

Com o MVC convertido, o pré-polímero de PVC é aditivado em extrusoras com

aditivos específicos para as diversas aplicações, ocorrendo o aumento inicial na

distribuição de peso molecular do PVC após aditivação. Segundo Nunes et al. (2006),

a aditivação do pré-polímero exige a elevação da temperatura a níveis superiores à

Page 22: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

21

temperatura de amolecimento do PVC (denominada Vicat), a cerca de 120ºC, para que

aconteça a homogeneização e incorporação de aditivos líquidos ou pastosos à massa

sólida da resina. Para a homogeneização, visto a alta viscosidade da massa fundida de

pré-polímero, é necessário o uso de agitação vigorosa, provocada por misturadores

intensivos capazes de desempenhar grandes velocidades, e dotados de agitadores

altamente cisalhantes, como evidenciado pela figura 2.7.

Figura 2.7. Misturador intensivo com pás cisalhantes para homogeneização de

aditivos no pré-polímero de PVC (Fonte: TITOW, 1984, apud NUNES et al., 2006)

Dependendo da estabilidade térmica dos aditivos ou do calor de dissolução e

agitação, pode-se fazer necessário o resfriamento rápido da massa do pré-polímero para

não degradar os aditivos incorporados. O resfriamento pode ocorrer em associação a um

Page 23: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

22

misturador intensivo em reservatório vertical ou horizontal, sendo que a configuração

horizontal é chamada de Ribbon Blender. A figura 2.8 descreve um misturador-resfriador

vertical, e a figura 2.9 descreve um misturador-resfriador tipo Ribbon Blender (NUNES

et al., 2006).

Figura 2.8. Misturador intensivo com resfriador vertical (Fonte: TITOW, 1984,

apud NUNES et al., 2006)

Figura 2.9. Ribbon Blender (Fonte: TITOW, 1984, apud NUNES et al., 2006)

O pré-polímero de PVC aditivado, formado pela mistura é denominado de

composto ou dry blend. O dry blend é comercializado em diversos estados

Page 24: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

23

granulométricos distintos, que abrangem desde particulados finos na forma de pós, até

grânulos de diâmetro grosseiro, chamados de pellets. O tipo adequado de granulometria

depende da aplicação, sendo comum haver aplicações que utilizam indistintamente todas

as granulometrias de composto. Entretanto, nem todos os aditivos são incorporados com

homogeneidade no dry blend apenas através da mistura. Aditivos pastosos, como

pigmentos organometálicos, por exemplo, apresentam difusão lenta na massa viscosa

fundida de PVC, sendo necessária a realização da extrusão para homogeneização no

processo de incorporação de aditivos. A extrusão realizada com finalidade de

homogeneizar aditivos é denominada compostagem, e o material resultante pode ser

novamente extrudado, gerando produtos homogêneos em propriedades (isotrópicos) e

em atributos.

2.1.4) Extrusão do PVC:

O principal processo de transformação do PVC consiste na conformação térmica

por extrusão. Levantamentos indicam que mais de 50% dos produtos fabricados com

PVC são processados por extrusão, e os produtos resultantes desse processo são os

mais variados possíveis, abrangendo desde filmes finos para embalagens a tubos

condutores de água (NUNES et al., 2006). O princípio fundamental da extrusão se

baseia em promover modificações reológicas no polímero através do aquecimento da

massa sólida do material, a qual é forçada à passagem por uma câmara aquecida (por

resistências elétricas) e é impelida ao cisalhamento por uma rosca sem fim, que em

Page 25: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

24

associação ao aquecimento, promove a fusão e homogeneização do material. A figura

2.10 mostra a representação esquemática de uma extrusora de rosca simples, ou seja,

equipada com uma rosca de extrusão, e seus principais componentes.

Figura 2.10. Representação de uma extrusora de rosca simples (Fonte: NUNES

et al., 2006)

Observa-se que tanto os grânulos quanto o pó do dry blend arrastam ar à câmara

de extrusão, e o aquecimento do pré-polímero volatiliza aditivos e resíduos de cloro do

próprio PVC, sendo a área de degasagem observada na figura 2.10 opcional à

fabricação das extrusoras, nem sempre as incorporando. Porém, é uma região muito

importante, com a finalidade de remoção de gases residuais (clorados) visando extrudar

um produto isento de bolhas.

O pré-polímero sofre modificações reológicas e à medida que vai progredindo

pela rosca, a cinética de aumento do peso molecular do polímero se intensifica,

Page 26: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

25

provocando a formação do polímero consolidado, com cadeias longas e amorfas (com

grau de cristalinidade irrisório). O grau de plastificação do PVC, assim como de outros

polímeros, é dimensionado pela razão entre o comprimento da rosca e seu diâmetro

máximo. A rosca é projetada para exercer funções específicas no PVC ao longo de seu

comprimento, como o cisalhamento sob compressão, para que a mistura seja favorecida,

ou a dosagem de material, para que haja continuidade no material produzido. A figura

2.11 elucida um modelo de rosca, evidenciando suas zonas e a variação construtiva de

seu diâmetro e fios de rosca.

Figura 2.11. Representação construtiva de uma rosca de um estágio, usada em

extrusoras de rosca simples (Fonte: NUNES et al., 2006)

Essencial para a formação do perfil extrudado é o cabeçote de extrusão, o qual

tem a função de moldar a peça produzida através da resistência ao fluxo do PVC fundido

proveniente da câmara de extrusão. A figura 2.12 apresenta os elementos essenciais do

cabeçote e como é o fluxo de material fundido, que antes de deixar a extrusora, passa

por uma tela para a remoção de possíveis grânulos ou pedaços mal formados de PVC.

Page 27: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

26

Figura 2.12. Representação construtiva de um cabeçote de extrusão (Fonte:

NUNES et al., 2006)

2.1.5) Origens do processo de impressão por rotogravura:

O termo rotogravura provém da intersecção dos termos da língua inglesa rotative

e gravure, ou seja, gravura rotativa, também conhecida somente por gravure. É um dos

processos mais antigos e comumente usados na indústria gráfica, tanto de larga escala

quanto de pequenas produções, e é o mais usado recentemente (NIIR, 2003). Foi um

dos processos mais importantes para o desenvolvimento e difusão da imprensa escrita,

sendo responsável por expandir as fronteiras da divulgação da informação em

proporções internacionais e intercontinentais anteriormente ao advento da internet (NIIR,

2003). Surgiu como uma variação dos processos encavográficos utilizados na Itália

durante a Renascença, nos séculos XII e XIII. No entanto, segundo Martins (2001) o

responsável por seu desenvolvimento, tido como pai da rotogravura é o austríaco Karl

Klietsch, que em 1875, em seu atelier na Inglaterra, gravou desenhos em uma superfície

plana de cobre sobre a qual vertia tinta e a aplicava sob pressão, ou seja, a imprimia em

Page 28: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

27

superfícies absorvedoras, como o papel (NIIR, 2003). O processo foi chamado de

fotogravura, e com o desenvolvimento de sua técnica, em 1879 passou a ser chamada

de heliogravura. Por volta de 1894, teve a idéia de gravar informações em cilindros de

cobre, ao invés dos pratos planos utilizados até então (NIIR, 2003). Com isso, pôde

adicionar movimento aos cilindros, minimizando o esforço empregado na impressão,

devido ao movimento do cilindro sobre a superfície absorvedora, dando origem ao

processo chamado de rotogravura direta (por empregar tinta diretamente no substrato,

no caso o papel) (NIIR, 2003). A tinta era depositada em uma cuba, chamada de

tinteiro, e frequentemente era arrastada uma quantidade excedente de tinta para o

substrato, borrando a imagem. Para solucionar o problema, Karl Klietsch criou um

sistema de raspagem com “facas” da tinta excedente, chamando-o de sistema de doctor

blade ou sistema de facas raspadoras (NIIR, 2003). Com a dispersão da tecnologia

inventada, de 1920 a 1950, o processo foi aprimorado, e mais cilindros com outras

cores de tinta nos tinteiros foram adicionados ao processo, de modo que cada cilindro

imprimia uma parte da imagem respectiva à cor de tinta que estivesse em seu tinteiro.

Aos cilindros foram adicionados motores e o processo ganhou velocidade, provocando a

necessidade do uso de outro cilindro, chamado de cilindro de pressor ou sujeitador, para

que o substrato não escapasse ou deslizasse lateralmente pelo cilindro de impressão.

No entanto, o cilindro pressor, sendo metálico, amassava o substrato, normalmente

papel. O problema foi resolvido com o uso de borracha (inicialmente natural e

posteriormente sintética, nitrílica) como revestimento do cilindro pressor. Foi então

Page 29: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

28

possível imprimir imagens coloridas e realizar composições diversas e com imagens de

resolução mais refinada, revolucionando a imprensa. Na época considerada, diversas

indústrias se interessaram pelo processo, aplicando-o à confecção de cartões postais,

revistas, livros, calendários, embalagens, entre outros usos (NIIR, 2003). A figura 2.13

exemplifica a impressão em papel em uma coluna de impressão rotográfica.

Figura 2.13. Representação de uma coluna de impressão por rotogravura (Fonte:

BIRKENSHAW, 1999 apud SOLYON, 2009)

O problema inicial do processo foi a sensibilidade do cobre às impressões, uma

vez que o mesmo é um metal relativamente mole. O problema foi solucionado através da

reformulação da configuração construtiva dos cilindros realizando a deposição de uma

película finíssima de um material mais duro do que o cobre, como o cromo.

Page 30: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

29

No cenário de pós-guerra, a rotogravura foi usada como importante mecanismo

de difusão de informações da guerra e de ideologias durante a guerra fria. Observando a

importância da rotogravura no contexto mundial, os EUA criaram a Gravure Education

Foundation (GEF), que se responsabilizou por difundir pelas universidades norte-

americanas o ensino da rotogravura enquanto ciência e tecnologia. Percebendo a

carência de referências formais, nos anos 80 a GEF e a Gravure Association of America

(GAA), em colaboração, lançaram em 1991 o livro Gravure – Process and Technology,

um compêndio que foi a base do primeiro referencial acadêmico no assunto

(FOGLIATTO; STEINSTRASSER, 2011). O livro abordou o uso da rotogravura para a

produção de uma gama bastante grande de produtos, tais como livros, revistas,

embalagens, selos, jornais, fotos, revestimentos de móveis, revestimentos de parede,

entre outros produtos, abrindo campo de estudo para outras aplicações.

2.1.6) Processo de impressão rotográfica:

Segundo os pesquisadores do instituto indiano NIIR (2003), há três classes de

produtos tradicionalmente produzidos por rotogravura, as quais são as embalagens, os

papéis de impressão e as impressões especiais. A área de embalagens inclui a

impressão de caixas de papelão, de rótulos, de sacos, de laminados plásticos, de

conjugados poliméricos-metálicos para alimentos, chamados de blister, de conjugados

metálicos-cartonados, também usados para embalagens de alimentos, entre outros

(NIIR, 2003). A área de papéis de impressão perfazem as tiragens de revistas, jornais,

Page 31: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

30

livros, painéis, papéis para revestimento de móveis, catálogos e a grande maioria de

formatos impressos de uso para leitura (NIIR, 2003). A terceira área envolve a área de

impressões especiais, tais como papéis de parede, laminados para revestimento de

móveis, laminados para revestimento de pisos, e tecidos para decoração e vestuário

(NIIR, 2003).

O processo de gravação de cilindros pode ocorrer por quatro meios principais, o

entalhamento direto, o entalhamento por ação de ácido, a gravação eletromecânica e a

gravação a laser, sendo os dois últimos métodos os mais usuais (NIIR, 2003). A

construção do cilindro é realizada com uma base de aço, revestida por uma primeira

camada espessa de cobre duro, seguido de uma camada fina de cobre mole, que é

gravada e recoberta por uma camada fina de cromo. A deposição das camadas de cobre

e de cromo é realizada por eletrólise. Depois de depositadas as duas camadas de cobre,

é feito o polimento da superfície do cilindro, que é gravado por uma ferramenta de

diamante, conforme a figura 2.14.

Figura 2.14. Representação do polimento antes da gravação, à esquerda, e da

gravação de cilindros, à direita (Fonte: NIIR, 2003)

Page 32: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

31

A impressão rotográfica baseia-se em fenômenos de deposição superficial de

tintas viscosas em substratos através de compressão seguida de espalhamento e

atuação de forças de tensão superficial. Ao preencher as retículas do cilindro gravado,

quando este é embebido de tinta ao passar pelo tinteiro, a tinta é inicialmente arrastada

através da força centrípeta devida à velocidade de rotação do cilindro. Devido à baixa

rugosidade do cilindro metálico, há baixa energia superficial capaz de aderir a tinta às

retículas, e quando o cilindro é pressionado contra o substrato, acontece um pequeno

espalhamento da tinta sobre a superfície do substrato, que se tiver energia superficial

suficiente (provocada pela porosidade, rugosidade, polaridade ou afinidade química),

arranca a tinta dos retículos do cilindro, formando a imagem por deposição. A deposição

pode ser feita diretamente sobre o substrato, caracterizando o processo como

rotogravura direta, ou indiretamente, através da transferência da tinta para um cilindro

transferidor, geralmente de borracha sintética, o qual é utilizado quando o substrato é

suficientemente “duro” e irregular, a ponto de não se deformar elasticamente para

receber toda a tinta do cilindro, gerando pontos de “vazios” (ausência) de tinta. A tinta é

então seca ou curada, formando ligações reticuladas, dando origem a uma película. No

caso da impressão de PVC, devido à baixa porosidade em relação ao papel, não ocorre

a permeação capilar da tinta, de modo que a tinta fica suportada na superfície,

distribuída pelas pequenas irregularidades (chamadas de rugosidade) da superfície do

PVC. A energia necessária para a formação do filme de tinta depositada sobre o PVC é

fornecida através da excitação dos polímeros fotossensíveis da tinta através de radiação

Page 33: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

32

ultravioleta (UV), obtida do funcionamento de lâmpadas, de modo que a tinta é curada,

formando um filme (FAZENDA, 2005). A composição da tinta envolve a presença de

fotoiniciadores, que são compostos usados para iniciar a reação radicalar em cadeia que

promove a formação do filme, os quais são excitados por radiação de comprimentos de

onda entre 200 e 400nm (FAZENDA, 2005). Segundo Fazenda et al. (2005), um

sistema de cura por UV é composto, além dos fotoiniciadores, por veículos (que são

resinas ou oligômeros), pigmentos (geralmente organometálicos), cargas (normalmente

silicatos fosqueantes ou aditivos diversos) e solventes (monômeros), formando um

material com aproximadamente 95% de massa líquida viscosa ou sólida não volátil, que

após curado, apresenta-se sólido, seco, insolúvel e infusível (FAZENDA, 2005).

Normalmente utiliza-se uma mistura de resinas e monômeros diferentes, para causar o

efeito desejado nas propriedades, formando um blend polimérico. A cura ocorre muito

rapidamente, pois a etapa de propagação da reação é muito rápida, sendo

frequentemente necessário adicionar à formulação da tinta compostos inibidores ou

retardantes de reação, para que a película forme reticulações ao longo de toda a sua

espessura (FAZENDA, 2005). De um modo geral, os filmes fotocuráveis por U.V. são

compostos por uma mistura de resinas acrílicas, vinílicas, poliésteres, epoxídicas, entre

outras, com proporção variada, e por uma mistura de aditivos, como fotoiniciadores

(derivados da acetofenona, do benzil acetal, de fosfinas ou do tipo cetonas aromáticas),

promotores de aderência (monômeros derivados de ácidos vinílicos), fosqueantes

(silicatos) e pigmentos (normalmente organometálicos ou inorgânicos), por exemplo,

Page 34: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

33

que a aplicação de camadas sucessivas é bastante estável e reprodutível (FAZENDA,

2005). Além das lâmpadas emissoras de UV, há necessidade da concentração da

radiação para que a cura ocorra mesmo com a velocidade de passagem do substrato, o

que é promovido com o uso de calhas espelhadas na forma de parábolas (FAZENDA,

2005). Para que a radiação não escape do sistema e permita a ocorrência de efeitos

danosos aos operadores, o sistema é fechado e blindado em um cabeçote, que pode ser

dotado de resfriamento ou não. O resfriamento pode ser necessário, pois as lâmpadas

de UV emitem cerca de 60% da radiação na forma de calor (ou radiação infravermelha,

IR), e pode ocorrer por ventilação forçada ou por passagem de líquido refrigerante

(FAZENDA, 2005). O produto impresso normalmente passa por diversas colunas, onde

recebe a impressão das cores, e por uma coluna onde é impresso o verniz de proteção.

O produto pronto pode ser cortado na forma de perfis lineares, ou pode ser enrolado na

forma de bobinas ou rolos, e distribuído ao consumidor (NIIR, 2003).

Segundo os pesquisadores do instituto indiano NIIR (2003), as principais

vantagens do processo de rotogravura estão relacionadas à grande velocidade e à alta

qualidade de impressão, que permite produção em larga escala e com fidelidade de

imagem, reduzindo o custo. O processo é consideravelmente estável, facilmente

reprodutível e gera baixas quantidades de resíduos em comparação com outros

processos. Outra grande vantagem é a durabilidade dos cilindros, que permite a

impressão de milhares de cópias sem grandes desgastes. As principais desvantagens

residem nos fatos de que a aquisição de cilindros gravados é consideravelmente cara

Page 35: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

34

devido à sensibilidade dos processos de obtenção das imagens gravadas, bem como

dos materiais, além do fato de que a confecção dos cilindros demanda tempo da ordem

de meses, seu transporte é muito sensível, pois a gravação pode ser facilmente

danificada e, para garantia da preservação da imagem, o armazenamento exige bastante

espaço (NIIR, 2003).

No Brasil, segundo dados do site da Associação Brasileira das Indústrias Gráficas

(ABIGRAF), em 2011 o setor gráfico somou 23 anos de contribuições ao

desenvolvimento nacional, participando de 0,34% do Produto Interno Bruto (PIB) de

2011, cuja produção movimentou o equivalente a 29,9 bilhões de reais em 20.007

empresas, gerando 221.937 empregos diretos.

2.2 - Origem da metodologia SMED

Nos processos produtivos, até a década de 50, as variáveis habitualmente

analisadas eram os volumes de produção e o fluxo de caixa gerado por eles, de modo

que as operações necessárias para a realização de cada etapa do processo como um

todo eram deixadas de lado. Os primeiros estudos relativos à mensuração de cada

operação estabeleceram ser o tempo uma variável de suma importância, o qual deveria

ser exclusivamente dedicado à operação de transformação das matérias-primas em

produtos em detrimento dos grandes desperdícios observados na época. Os primórdios

dos estudos da relação entre o tempo das atividades e a produtividade remetem aos

estudos de Frederick Taylor e Frank Gilbreth, cientistas que alavancaram o

Page 36: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

35

desenvolvimento da Administração Científica (OLIVEIRA, 2009). Na busca pelo

aprimoramento da produtividade por operário, Taylor observou que a movimentação de

materiais e pessoas demandava tempo, de modo que se minorava a capacidade de

realização das tarefas produtivas. Taylor iniciou seus trabalhos pela otimização da

movimentação dos materiais e das pessoas (OLIVEIRA, 2009), percebendo nesse

contexto que era necessário mensurar o resultado das melhorias, usando a escala de

tempo como escala apropriada para a mensuração. Taylor observou a racionalização das

atividades dos operadores e iniciou a mensuração dos tempos buscando a redução da

ociosidade, da movimentação desnecessária e da fadiga ocupacional, observando e

cronometrando seus movimentos. Desse modo, estabeleceu a padronização das

atividades dos operadores através do estabelecimento de um tempo padrão para a

execução de cada atividade, lançando as bases fundamentais para o advento de

técnicas de análise de tempos e movimentos (OLIVEIRA, 2009). Frank Gilbreth, por

sua vez, realizou a cronometragem dos tempos com o objetivo principal de reduzir a

fadiga dos operadores, buscando que não ocorresse a interferência da fadiga no ritmo e

na eficiência de produção por operador. Obteve a continuidade do ritmo produtivo,

cadenciado pela ausência do desgaste provocado pelo esforço repetitivo e

desnecessário. Dos seus estudos, resultou o advento de tabelas com valores e símbolos

para os movimentos realizados (OLIVEIRA, 2009), iniciando o estudo de métodos e da

ergonomia do trabalho. Das pesquisas empíricas realizadas posteriormente, as técnicas

foram aprimoradas, incluindo o estudo dos materiais e equipamentos no estudo dos

Page 37: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

36

tempos e métodos (OLIVEIRA, 2009). No entanto, tanto para Gilbreth quanto para

Taylor, foi lançado o uso da cronometragem como ferramenta para mensuração da

importância do tempo, que está intimamente relacionado com desperdícios, que por sua

vez se relacionam com custos. No entanto, era necessária a padronização de quantas

medições eram requeridas para a confiabilidade nos dados cronometrados, bem como de

qual a tolerância percentual para cada atividade. Da análise envolvendo a confiabilidade

dos dados cronometrados visando a redução de desperdícios, foi dado o nome de

cronoanálise. A cronoanálise consiste não somente na cronometragem dos tempos de

cada atividade operacional, mas na consideração de quantas medições são necessárias

para a confiabilidade de que o tempo se reproduz e de tolerâncias de tempo para

necessidades fisiológicas, quebra de maquinário ou outras atividades, promovendo a

redução da fadiga operacional (OLIVEIRA, 2009). Dessa forma, foi possível a

realização de uma análise confiável, estruturada e padronizada dos tempos, cujo produto

que se objetiva é a redução do tempo operacional (OLIVEIRA, 2009).

O uso sistemático de metodologias com a finalidade específica de redução do

tempo de setup data de 1950, quando a empresa norte-americana Danly Machine

desenvolveu uma metodologia que permitiu medir e reduzir tempos e setup em uma linha

de prensas mecânicas. Em 1959, uma equipe da Toyota Motors Company foi enviada à

Danly em Chicago para aprender essa metodologia. No intento de reduzir tempo de

setup, a Toyota contratou o consultor Shigeo Shingo que cerca de dez anos mais tarde

postulou as três etapas para o desenvolvimento da metodologia revolucionária que

Page 38: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

37

reduziu o tempo de setup das prensas da Toyota de quatro horas para três minutos. A

metodologia foi então batizada de SMED (Single-minute Exchange of Die), pois busca a

redução do tempo para a casa do dígito único, ou seja, para a ordem inferior à dezena

(dez minutos). No ocidente, tal metodologia foi publicada primeiramente em 1985,

inserida no livro "SMED - revolution in manufacturing", de autoria do próprio Shingo. No

entanto, antes mesmo dessa publicação chegar ao ocidente, muitas outras haviam

repercutido no oriente, e muitas indústrias já se utilizavam desses conceitos (SUGAI;

McINTOSH; NOVASKI, 2007), que levaram 19 anos para que Shingo os

fundamentasse e os solidificasse. Shingo definiu setup e diferenciou setup interno de

setup externo, de forma a organizar como o setup se desenvolve com o passar do

tempo. A definição de setup, segundo Shingo (1996), pode ser resumida como o tempo

gasto entre a conclusão da produção de um produto bom e o início produtivo de um

produto especificado e de qualidade (o que muitas vezes exige que o processo se

estabilize). Setup externo é definido como o setup realizado com a máquina em

operação, enquanto que setup interno é o setup que só pode ser realizado com o

equipamento parado (Shingo, 1996). A grande idéia de Shingo foi tentar converter

setup interno em setup externo.

A metodologia de Shingo foi largamente difundida em virtude dos conceitos de

lean manufacturing desenvolvidos na Toyota, e como ambos os conceitos caminham

pelo mesmo delineamento, e ambos se encaminham para um ciclo de melhoria contínua,

de modo que a maioria das indústrias aplica-os conjuntamente até hoje. Outras

Page 39: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

38

metodologias paralelas para a avaliação de tempos foram desenvolvidas e algumas

foram adaptadas, como é o caso da teoria das restrições, que avalia sistematicamente

as restrições de um processo e cria um ciclo de melhorias. Recentemente foi verificado

que a metodologia de Shingo possui lacunas. Visando suprir essas lacunas foi

desenvolvido o conceito de que a modificação estrutural do projeto dos equipamentos,

geralmente na primeira etapa de implantação do SMED, gerava resultados melhores,

pois reduzia os ciclos de melhoria necessários até que se chegasse a perceber a

necessidade da modificação do projeto de máquinas para atingir o tempo abaixo dos dez

minutos.

A metodologia SMED baseia-se em três etapas, as quais foram desenvolvidas ao

longo dos 19 anos, pelos quais Shingo observou os processos de diversas empresas

nas quais ele implantou projetos. As três etapas básicas da metodologia envolvem a

distinção entre setup interno e setup externo na primeira etapa, a conversão de setup

interno em externo na segunda etapa e a racionalização e avaliação de todos os

aspectos de setup para reinício ao ciclo de melhorias na terceira etapa. A tabela 2.1

descreve as principais atividades desenvolvidas e propostas em cada uma das etapas.

Page 40: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

39

Tabela 2.1 - Etapas gerais de implantação da metodologia SMED (Fonte: SHINGO,

2001, apud. SUGAI; McINTOSH; NOVASKI, 2007)

A figura 2.15 evidencia distinção e a conversão do tempo de setup interno em

setup externo, visando a redução do setup interno.

Figura 2.15. Etapas gerais de conversão de setup externo na metodologia SMED

(Fonte: SHINGO, 2001, apud. SUGAI; McINTOSH; NOVASKI, 2007)

Fonte: Shingo (2001)

Page 41: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

40

A redução de setup esperada com a implantação de todas as etapas da

metodologia SMED vai de encontro com o ideal de redução de desperdícios buscados

pela cultura do lean manufacturing, ou manufatura enxuta, que prevê a redução dos

desperdícios como principal causa para a competitividade e liderança das empresas no

mercado (SHINGO, 1996). Shingo (1996) afirma que a redução dos desperdícios, a

saber, superprodução, transporte excessivo, processos inadequados, esperas,

inventários desnecessários, movimentações desnecessárias e produtos defeituosos, além

do desperdício de talento, (SILVA; GANGA; SILVA, 2003) são a causa principal dos

problemas organizacionais, os quais afetam diretamente o lead time. Scarpeta (2005)

afirma que lead time é o intervalo de tempo que compreende desde a entrada do pedido

do cliente na empresa até a expedição e entrega do produto acabado ao cliente.

Segundo Scarpeta (2005), pesquisas indicam que a média de lead time nacional está

no intervalo entre 45 a 60 dias, podendo atingir 120 dias. Observa-se que o setup pode

ser uma das fontes de lead times altos, e que a redução de setups implica na redução

de lead time, o que condiz com a proposta de redução de desperdícios da manufatura

enxuta.

2.3 – Origens do Design for Changeover (DCO)

O conceito de Shingo passou por uma evolução incremental, e percebeu-se que

não bastava armazenar o conjunto de ferramentas montadas aguardando para serem

substituídas, mas que era necessário replanejar de início, gerando o conceito chamado

Page 42: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

41

de Design for Changeover (DCO), que atualmente é o conceito mais recorrente e

avaliado a respeito de redução de setup (SUGAI; McINTOSH; NOVASKI, 2007). Em

seu livro, Shingo (2001) afirma que a técnica do SMED é uma metodologia científica

que pode ser aplicada a qualquer fábrica ou equipamento. Entretanto, Sugai, MacIntosh

e Novaski (2007) afirmam que não trabalho não há o devido tratamento estatístico dos

dados usados, não havendo também a quantificação de qual percentual de redução de

setup foi devido a cada técnica da metodologia, gerando margem para a dúvida da

veracidade dos resultados. Acresce-se a isso o fato de que há trabalhos indicando

insucesso na aplicação da técnica SMED, indicando a possibilidade de implantação não

ser factível a todos os casos por razões técnicas, econômicas ou organizacionais

(SUGAI; McINTOSH; NOVASKI, 2007). Um caso típico da impossibilidade de aplicação

a todos os tipos de indústria é relatado por Sugai, McIntosh e Novaski (2007), que ao

realizarem trabalhos de redução de setup em uma indústria farmacêutica da região de

Campinas, observaram que alguns procedimentos de limpeza de instrumentos e

equipamentos, regulamentados por agências de vigilância sanitária, consumiam tempo

superior a dez minutos, limitando a aplicação da metodologia. Em contrapartida, há

também indícios de aplicações com resultados satisfatórios, realizadas em ordem

diferente da ordem proposta por Shingo (SUGAI; McINTOSH; NOVASKI, 2007). Sugai,

McIntosh e Novaski (2007) alertam que a execução de atividades que não apresentam

similaridade em sequência umas das outras pode promover variações nos tempos de

realização do setup, provocando variação nos dados, e que é adequado separar as

Page 43: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

42

atividades em classes de similaridade para minimizar esses efeitos, fato que não foi

considerado por Shingo. Acresce-se a isso o fato de que a produção nem sempre

estabiliza suas perdas a partir da produção da primeira peça boa, conforme a definição

de Shingo descreve (SUGAI; McINTOSH; NOVASKI, 2007).

Visando sanar as dificuldades expostas, Sugai, McIntosh e Novaski (2007)

apontam que melhorias no projeto das máquinas podem melhorar a atividade de redução

de tempos de setup, pela simplificação das atividades e eliminação de ajustes, embora

exijam maiores investimentos. Os autores Sugai, McIntosh e Novaski (2007) afirmam

que a realização de projetos para a troca rápida, que são conhecidos como designs for

changeover (DCO), frequentemente reduzem a restrição no período de aceleração

(chamado também de run-up) da produção e conferem maior estabilidade aos tempos

de setup em longo prazo. Assim também ocorre com a desaceleração (conhecida

também como run-down) do processo, que pode ser minimizado com o uso de técnicas

de projeto, segundo Sugai, McIntosh e Novaski (2007).

2.4 – Lean Seis Sigma e seus desdobramentos

2.4.1 - Lean Seis Sigma e os Criticals to Quality (CTQs):

O pensamento estatístico e o uso de suas ferramentas são formas concretas,

baseadas em dados, de suportar observações dos processos, de tomar decisões e

avaliar o estado futuro dos mesmos (SANTOS; ANTONELLI, 2011). A conjunção dos

Page 44: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

43

ideais de lean manufacturing, que visam a redução dos desperdícios e de Seis Sigma,

que visam redução da variação em um processo, com a incorporação dos conceitos de

lean Seis Sigma pelas empresas, causam impactos mais significativos e respostas mais

rápidas que a aplicação dos ideais em separado. A integração dos ideais, pautados na

melhoria dos processos e na satisfação do cliente, provocam melhorias no processo de

negócio com consequente redução do custo e tempo, e melhoria da qualidade de

produtos e serviços (SANTOS; ANTONELLI, 2011). Na atualidade, para atingir

resultados impactantes para a corporação garantindo a competitividade, é necessário

realizar avaliações integradas, sob a ótica de redução de desperdícios e de variabilidade,

buscando resultados conjuntos e potencializados. Nesse âmbito, se justifica a avaliação

da empresa como um todo, em suas relações entre as áreas através dos caminhos de

geração de valor de seus produtos. O primeiro passo da integração entre lean

manufacturing e Seis Sigma para integrar esforços das diversas áreas da empresa

perfaz o conhecimento amplo dos requisitos do cliente. Para se assegurar adequada

alocação de recursos nos projetos lean Seis Sigma, Fernandes e Turrioni (2007)

afirmam que é necessário conhecer os reais requisitos críticos para a qualidade

percebida pelo cliente para atingir o objetivo a que se propõe o projeto. O

reconhecimento do que é crítico para o cliente é denominado de Critical to Quality

(CTQ) (FERNANDES; TURRIONI, 2007), e tais fatores estão intimamente relacionados

com a percepção de valor para o cliente. Os fatores que são críticos para a percepção

de qualidade do cliente se originam de uma necessidade percebida, a qual direciona a

Page 45: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

44

fatores que, senão estiverem presentes no produto ou serviço, comprometem o

sentimento de atendimento à qualidade requerida pelo cliente. Em suma, a necessidade

do cliente é levada por fatores direcionadores aos CTQs, que para o cliente são

requisitos inegociáveis de desempenho (MARTINS; MERGULHÃO; LEAL, 2006).

2.4.2 - O Modelo de Kano:

Outra importante ferramenta para a compreensão dos requisitos imprescindíveis

aos clientes é o Modelo de Kano. Segundo Roos, Sartori e Godoy (2009), o aumento

de desempenho de um atributo da qualidade nem sempre está atrelado ao aumento de

satisfação do cliente, podendo ocorrer que um pequeno aumento do desempenho de um

atributo seja responsável por um grande impacto na satisfação do cliente, bem como

pode ocorrer que um grande aumento de desempenho em um atributo desencadeie

descontentamento ou não interfira na satisfação do cliente. Para conhecer a relação da

satisfação do cliente com a melhoria do desempenho de um atributo, N. Kano propôs

que os atributos podem ser: atrativos (A) quando a satisfação cresce muito com o

aumento do desempenho; unidimensionais (U), quando a satisfação cresce linearmente

com o aumento do desempenho; neutro (N), quando o cliente não percebe efeito na

satisfação; obrigatório (O), quando o cliente só percebe a insatisfação quando o atributo

não está presente e reverso (R), quando a satisfação diminui com o aumento do

Page 46: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

45

desempenho (ROOS; SARTORI; GODOY, 2009). A figura 2.16 indica as condições de

satisfação ou insatisfação do cliente propostas pelo modelo de Kano.

Figura 2.16. Modelo de Kano (Fonte: ROOS; SARTORI; GODOY, 2009)

Para Moreira e Fernandes (2001), os princípios básicos do pensamento enxuto

(lean thinking) são: Valor, Cadeia de Valor, Fluxo, Produção Puxada e Perfeição. No

contexto do pensamento enxuto, e para integrar a geração de valor desejada pelo cliente

por toda a empresa, é necessário avaliar a cadeia pela qual o produto adquire de valor

para o cliente, visando atender seus CTQs. A avaliação da geração de valor de um

produto normalmente é realizada por uma ferramenta chamada Value Stream Mapping

(VSM), ou Mapeamento do Fluxo de Valor, que consiste em um método para a

visualização macro-funcional do fluxo de produção (MAIA et al., 2010). Maia et at.

(2010) afirmam que os princípios da técnica não são novos, são simples de aplicar, e

Page 47: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

46

em diversos trabalhos remontam grandes melhorias realizadas devido à observação de

etapas que não agregam valor. A observação dos desperdícios em uma linha de

produção pela simples observação do estado inicial da empresa estudada e identificação

de quais etapas não agregam valor, permite a projeção de um estado futuro melhorado

devido à simplificação dos processos e integração da responsabilidade de todos os

processos enquanto geradores de valor ao cliente (MAIA et al., 2010). Permite também

o encaminhamento das informações no sentido contrário à movimentação de materiais,

pela solicitação dos materiais de uma forma puxada, gerando um fluxo puxado de

produção, segundo os princípios do pensamento enxuto, produzindo apenas o que o

cliente necessita, quando ele necessitar (MAIA et al., 2010). A figura 2.17 mostra

alguns dos símbolos usados na elaboração do VSM.

Figura 2.17. Simbologia usada na elaboração do VSM (Fonte: MAIA et al., 2010)

Page 48: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

47

Ressalta-se que apenas a realização do mapeamento proposto pelo VSM não

permite a modificação do estado inicial da empresa, sendo necessário implementar as

modificações propostas por ele (MAIA et al., 2010). A realização do VSM só se torna

adequada quando o máximo de atividades possível ocorra de forma simultânea. A

realização simultânea de atividades é uma situação amplamente desejável para a

sincronização dos processos e redução dos desperdícios, e segundo Shingo (1996) é

denominada de sistema Nagara.

2.4.3. - A filosofia Kaizen:

Segundo Scarpeta (2005), para que as melhorias promovidas se perpetuem e

se propaguem, é necessário que nunca parem de ocorrer. O meio mais eficaz para a

garantia da ocorrência continuada de melhorias e a adoção da filosofia kaizen, que

segundo Scarpeta (2005), significa melhoria sem gastar muito dinheiro, envolvendo

todos, através de sugestões, avaliações das sugestões dadas e implantação das

sugestões possíveis de se aplicar.

2.4.4 - O sistema Kanban:

Shingo também afirma que outra importante técnica usada para cadenciar

processos é o sistema kanban, o qual pode ser apropriadamente considerado durante a

Page 49: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

48

realização do VSM do estado futuro. Torna-se oportuno realizar a avaliação e

adequação do consumo de matérias-primas e ferramental durante a realização do VSM,

uma vez que a dinamização do fluxo de aquisição de valor depende do fornecimento

ininterrupto de materiais. O sistema kanban baseia-se na alimentação fixa de um

pequeno estoque intermediário a dois processos, e uma vez que o processo cliente

consome um ítem, o processo fornecedor repõe o ítem ao pequeno estoque, apenas na

quantidade que foi consumido, gerando o chamado “pedido de substituição” (SHINGO,

1996). Dessa maneira, apenas o que foi consumido é reposto, de modo que quando

não houver consumo do material, o mesmo não é movimentado ou produzido, não

gerando dispêndio de tempo e aumento de estoques desnecessariamente, e promovendo

o sistema puxado de produção e reposição de peças (SHINGO, 1996). O pedido de

materiais é feito através de dois tipos de cartões ou rótulos, que além de identificarem o

material a todo o momento, exercem as funções de solicitar a movimentação de

materiais que foram consumidos do pequeno estoque ou de solicitar a produção dos

materiais para o pequeno estoque. kanbans de movimentação são deixados quando o

processo cliente retira a peça a ser usada, os quais servem como pedido para a

movimentação de mais peças ao estoque. Uma vez que não haja mais peças a

movimentar para o pequeno estoque, um kanban de produção substitui o kanban de

movimentação de material, solicitando que mais peças sejam produzidas, para então

serem movimentadas ao estoque (SHINGO, 1996). Desse modo, um processo vai

Page 50: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

49

puxando o fluxo de produção do outro, dinamizando a produção da empresa como um

todo.

2.4.5 - Teste de hipótese de Anderson-Darling:

O emprego de testes de hipótese é bastante usual na avaliação da consistência

estatística de dados. Na atualidade, testes de hipótese são amplamente empregados

quando se deseja conhecer se as causas de variação de um processo são comuns ou

especiais, apresentando comportamento aleatório ou sob uma tendência determinada.

Ramos (2000) observa que um processo só é capaz de atender as especificações se o

mesmo apresentar distribuição normal (ou binomial) dos dados, ou seja, se o processo

não for sujeito a variações especiais, de causa tendenciosa. Ramos (2000) indica que

a medição da capacidade do processo visa avaliar se os produtos processados

conseguem ou não atender as especificações solicitadas pelos clientes. O teste de

normalidade resume-se a um teste de hipótese, no qual são calculadas as

probabilidades do conjunto de dados do processo se distribuir sob uma curva binomial. A

hipótese desejada, ou seja, de que o conjunto de dados se encontre sob normalidade

estatística é chamada de hipótese nula e representada por H0. A hipótese indesejada, ou

seja, a variação significativa e sob causas especiais, é chamada de hipótese alternativa

ou H1. O teste de hipótese de normalidade mais comumente utilizado é chamado de

teste de Anderson-Darling, e consiste no cálculo resumido das tendências de variação

Page 51: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

50

do processo, expresso pela grandeza A*, a partir da qual se obtém o p-valor, a qual é

dependente da quantidade total de dados, n. O cálculo pode ser feito através de

softwares, como o Minitab ®, e caso seja desejável o conhecimento de como é realizado

o cálculo, sugere-se a leitura de Ramos (2000). Ramos (2000) afirma que valores de

A* superiores a 0,752 (nível de significância de 5%) indicam que a distribuição não se

adequa a uma distribuição normal.

2.4.6 – Índices de Capacidade de Processo (Cp e Cpk) e Nível Sigma:

Ramos (2000) indica também que os índices de capacidade, conhecidos como

Cp e Cpk, referem-se à tendência do processo a permanecer em estado de controle,

dentro de seus limites inferior e superior de especificação. Segundo Ramos (2000), Cp

indica a dispersão total do processo, e compara a variação total permitida pela

especificação com a variação sofrida pelo processo. Valores de Cp maiores que 1

indicam que o processo é capaz de atender à especificação (RAMOS, 2000), sendo

considerado absolutamente capaz com valores acima de 1,33 (COLLIN; PAMPLONA,

1997). No entanto, o índice Cp realiza comparação da variação total permitida com a

sofrida pelo processo, sem fazer qualquer consideração com relação à média. O índice

Cpk, todavia, avalia a distância da média do processo aos limites de especificação,

indicando se o processo está deslocado para as proximidades do limite superior de

especificação, se está deslocado para as proximidades da média ou se o processo se

Page 52: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

51

encontra deslocado para as proximidades do limite inferior de especificação (RAMOS,

2000). Valores de Cpk superiores a 1 indicam que o processo está centrado, e

portanto, será capaz de atender as especificações (RAMOS, 2000). Considera-se, no

entanto, que para valores acima de 1,2, o processo é absolutamente capaz, e para

valores inferiores a 0,5, o processo é dito absolutamente incapaz. Os cálculos podem

ser realizados através de softwares, como o Minitab ®. Para maiores informações acerca

dos cálculos dos índices, sugere-se a leitura de Ramos (2000).

Outra forma de avaliação e comparação de desempenho de um processo é a

avaliação do nível sigma, que indica o nível de variação dos resultados de um processo

descritos pelo seu desvio padrão em torno da média do processo. O desvio padrão de

um processo é calculado de diversas formas, sendo as mais usuais através do cálculo

pela variância do processo, do cálculo dos defeitos por milhão de oportunidades seguido

de consulta em tabelas, o cálculo através da estatística Z, que está relacionada a tabelas

de distribuição normal e o cálculo através do rendimento do processo. É representado

pela letra S ou pela letra grega sigma, σ.

Page 53: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

52

3 - Metodologia

3.1 – Pesquisa-ação e o contexto de seu uso para a empresa:

Para o presente trabalho, a metodologia adotada foi, dentro da análise

quantitativa, a pesquisa-ação em sua subdivisão projeto-ação, devido ao seu

alinhamento à natureza empírica e metodológica da problemática estudada, que possui

caráter de projeto. Por característica, segundo Tripp (2005), “é uma forma de

investigação-ação que utiliza técnicas de pesquisa consagradas para informar a ação

que se decide tomar para melhorar a prática”. Tripp (2005) indica que a pesquisa-ação

se desenvolve ciclicamente, passando da investigação à ação através das etapas de

avaliar, planejar, agir e descrever o fenômeno prático observado. Para que ocorra a

transformação cíclica da investigação em ação, a pesquisa-ação tem como característica

a participação ativa do pesquisador em cada etapa de atuação sobre o fenômeno

estudado. No entanto, Tripp (2005) salienta que, embora a pesquisa-ação tenda a ser

pragmática por seu caráter cíclico, ela se distingue claramente tanto da prática, quanto

da pesquisa acadêmica pura, conjuntamente por alterar o que está sendo estudado e por

ser cerceada pelo contexto e ética da prática, oscilando suavemente entre a prática e a

pesquisa. Desse modo, Tripp (2005) evidencia que a pesquisa-ação tende a ser

inovadora, contínua, participativa, intervencionista, documentada e delimitada pelo

contexto em estudo. O fenômeno estudado pelo projeto-ação foi a redução de

desperdício de tempo na execução de setups, e o contexto considerado foi a atualidade

Page 54: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

53

do mercado de indústrias gráficas voltadas ao setor moveleiro, com o objetivo de indicar

um caminho viável (e não único) para a redução de setups. O projeto-ação considerado

utilizou como ferramenta exploratória o levantamento de dados temporais por

cronoanálise, sendo os dados submetidos a tratamentos estatísticos para priorizar (por

estratificação) as ações e avaliar a dimensão da problemática proposta (através da

análise de capacidade do processo e seu nível sigma).

3.2 - A empresa:

Este projeto-ação foi realizado em uma indústria de laminados decorativos de

PVC para uso moveleiro. Esta empresa, denominada ao longo deste trabalho como

empresa X, a fim de preservar a sua identidade, se localiza no Vale do Paraíba, possui

fácil acesso e se localiza próxima a rodovias, ferrovias e portos, em um polo industrial

entre o Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.

Na conjuntura diária da indústria considerada, a capacidade de ocupação da

máquina impressora de laminados poliméricos encontra-se limitada pela disponibilidade

de setup de ferramental e de acerto de cores (colorimetria). Ambos os procedimentos

geram dispêndio de tempo de processo, o que reduz a disponibilidade do equipamento

para execução de sua função, a produção de bobinas impressas. Atualmente, entre a

finalização de um produto de qualidade aceitável e o início da produção posterior de

qualidade especificada, há uma demanda de um tempo médio de cerca três horas e

trinta e um minutos, demandando a ocupação de três operadores por turno. Estima-se

Page 55: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

54

que a ocupação inicial de processo se aproxima de 15% de sua capacidade total, o que

denota o sub-aproveitamento da capacidade produtiva instalada. Objetivando aumentar o

tempo útil de processo e aprimorar o uso da capacidade instalada, propõe-se aplicar a

metodologia SMED para a redução de tempo nas limpezas, ajustes e no

desenvolvimento e acerto de cor das tintas, e a metodologia DCO para a redução de

tempo do acerto de cor nos parâmetros de processo, em máquina. A figura 3.1

representa um diagrama esquemático da impressora por rotogravura indireta.

Figura 3.1. Impressora para laminados poliméricos de PVC (Fonte: MANUALE [...],

2003).

Vista superior

Vista lateral

Perspectiva

Page 56: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

55

A figura 3.2 representa uma foto da vista geral da impressora.

Figura 3.2. Foto da vista geral da impressora (Fonte: MANUALE [...], 2003)

No estado inicial do processo, busca-se realizar operações conjuntas e

simultâneas de produção e setup, sendo as principais operações realizadas o acerto de

cor fora de máquina e a preparação de ferramental para troca de produções.

3.3 - Características do processo produtivo:

A empresa X realiza a extrusão de laminados vinílicos com o objetivo de

promover a decoração pelo processo de impressão por rotogravura indireta, para

aplicação em recobrimento de móveis. Em um produto impresso simples, há aplicação

de uma camada base de tinta (chamada de base) que recobre toda a superfície da

lâmina de PVC, e uma ou mais camadas de tinta formadoras de um desenho (chamado

Page 57: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

56

de veio). Em produtos mais elaborados, há necessidade de aplicação de dois ou mais

veios, sendo que após cada impressão, em ambos os casos, o produto passa por túneis

de radiação U.V., onde ocorre a formação das películas das tintas e vernizes para

recobrimento por U.V. (FAZENDA, 2005).

Estudos prévios indicaram que o desperdício do tempo está mais intimamente

relacionado à execução desordenada das atividades (operações), as quais são

executadas sem uma estrutura definida, causando movimentação excessiva e má

distribuição da carga de trabalho entre os operadores. Para a contemplação dos

objetivos, o projeto prevê a adequação conjunta das operações, através da organização

e fixação do fluxo de trabalho dos operadores. A proposta de projeto de DCO envolve a

adequação do projeto do equipamento através de sistemas facilmente sacáveis,

permitindo que a limpeza se realize fora de máquina, além da avaliação de um

equipamento piloto, primando pela separação entre produções e desenvolvimentos, que

na atualidade se realizam na linha industrial. Segundo Shingo (1996), outro fato que

justifica a modificação do equipamento de produção é que as empresas fabricantes

projetam os equipamentos para o uso genérico, não específico para o caso de uma

empresa, de modo que os mecanismos são passíveis de ajustes variados, os quais são

necessários e consomem tempo considerável para a execução do setup. Propõe-se que

os ajustes, principalmente de cor das tintas, não ocorram ou sejam fixos e definidos em

produção, realizados externamente à impressora de produção, em ambiente de

desenvolvimento.

Page 58: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

57

3.4 - Metodologia proposta e coleta de dados:

A metodologia de aplicação de SMED segue três estágios conceituais, a saber, o

estágio de separação de setup nas modalidades “interno” e “externo”, a conversão de

setup interno em externo e o estágio de racionalização e simplificação dos aspectos

envolvidos no setup. Os tempos foram coletados através de cronoanálise, utilizando-se

de um cronômetro digital marca Cronobio, modelo SW2018 e permitiram a separação do

setup interno e do setup externo, bem como o projeto das atividades e das adequações

do equipamento. A figura 3.3 descreve a etapa de SMED, considerando a realização da

padronização do local das ferramentas e indicação visual das posições de cada material.

Figura 3.3. Fluxograma planejado para a execução da metodologia SMED (Fonte:

CONCEIÇÃO et al., 2006)

Monitoramento da

Equipe Piloto

Sim

Não

Page 59: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

58

Conjuntamente à realização do SMED, foram utilizadas ferramentas

complementares como o uso de kanbans para fornecimento de materiais e setup puxado,

bem como a utilização de kaizen para captar possíveis pontos de melhoria operacional

com os operadores do processo, além das ferramentas habituais da metodologia SMED,

que fazem uso de planilhas de check-list de condições de processo considerando

aspectos de 5S, segurança e meio ambiente, de cronômetro e de planilhas de registro

de tempo de cada operação, de planilhas de avaliação de relacionamento entre as áreas

e prestação de serviço interno (entre as áreas envolvidas).

3.5 - Análise dos dados obtidos:

Foi realizada a avaliação conjunta com o SMED dos tempos de aceleração e

desaceleração de processo, segundo o enunciado na figura 3.4, através da contagem

conjunta da metragem do produto que esteja de acordo com as especificações de

qualidade.

Page 60: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

59

Figura 3.4. Desdobramento das perdas de tempo (desperdício) desconsideradas por

Shingo na metodologia SMED (Fonte: McINTOSH et al., 2001, apud SUGAI;

McINTOSH; NOVASKI, 2007)

Foi realizada a avaliação do estado inicial através do mapeamento da geração de

valor do produto e da operação aos clientes e à corporação, bem como foi efetuada a

estratificação dos dados de tempo, possibilitando a avaliação do sistema de medição.

Para a definição de qual é a relevância dos problemas no estado inicial, e se eles

direcionam a causas comuns e controláveis, foi empregado o teste de normalidade de

Anderson-Darling ao presente trabalho. O horizonte amostral foi obtido do histórico diário

de produção do mês de referência janeiro de 2012, o qual foi submetido ao uso do

software Minitab ®, em sua 15ª versão, para a avaliação dos resultados. A avaliação da

agregação de valor pelo mapeamento do fluxo de valor (Value Stream Mapping - VSM)

foi realizada com o auxílio do software Microsoft Visio, versão 2007.

Page 61: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

60

4 – O Estágio Inicial

4.1 – Levantamento da importância da problemática:

A compreensão ampla e clara do estado inicial da problemática define e direciona

os projetos de melhoria para o estado futuro desejado de uma empresa. No viés da

agregação de valor ao cliente, buscando conhecer quais são os requisitos desejados

pelos clientes interno e externo, foi realizado o levantamento dos quesitos que interferem

na satisfação e na percepção da qualidade do produto pelos clientes. Como cliente

interno foi considerada a área Comercial da própria empresa, a qual solicita as ordens

de produção recebidas dos pedidos dos clientes externos, que perfazem um horizonte

amostral distinto, as revendas e as indústrias. As revendas de perfis de borda laminados

são empresas que realizam a distribuição dos produtos localmente, comercializando

produtos distintos (além dos perfis de borda), como chapas de MDF, MDP ou BP

decoradas, materiais para marcenaria e, frequentemente, materiais para construção.

Consomem quantidades relativamente pequenas, mas de variado número de produtos

(chamados de padrões) e seus principais clientes são os marceneiros, as lojas de

móveis planejados ou as construtoras locais. Já as indústrias, figuram como clientes de

consumo praticamente fixo, de grandes quantidades, mas de pouca variedade de

produtos (padrões) diferentes, distribuindo seus produtos por diversas regiões do país,

sobretudo para lojas de departamento. Portanto, para o devido entendimento dos

requisitos dos clientes, foi realizado o levantamento dos parâmetros críticos para

aceitação dos produtos pelos clientes, conhecidos como CTQs (Criticals to Quality) para

Page 62: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

61

o cliente externo, o consumidor final distinto em duas modalidades, a saber, indústrias e

revendas moveleiras, e para o cliente interno direto, constituído pela área Comercial da

empresa. Juntamente com a avaliação dos CTQs, foi realizada uma avaliação de como

os CTQs agregaram valor ao cliente e quais foram os efeitos e a dimensão do impacto

dos mesmos na decisão da compra, através do modelo de Kano. A figura 4.1 evidenciou

tanto quais foram os CTQs e seus desmembramentos quanto à agregação de valor no

sentido amplo, quanto qual foi o impacto na decisão de compra do cliente externo

através do modelo de Kano.

Figura 4.1. Levantamento dos CTQs e elaboração do modelo de Kano para o cliente

externo.

De maneira análoga, a figura 4.2 evidenciou quais são os CTQs para o cliente

interno direto, bem como categorizou a geração de valor para a tomada de decisão do

cliente interno através do modelo de Kano.

Page 63: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

62

Figura 4.2. Levantamento dos CTQs e elaboração do modelo de Kano para o

cliente interno.

Foi observado através das figuras 4.1 e 4.2 que tanto para os clientes externos

(afetando itens dos direcionadores “pronta entrega” e “pequenos lotes”), quanto

principalmente para o cliente interno (afetando todos os itens dos direcionadores

“operação” e “equipamento”), a redução dos tempos de setup e a simplificação das

trocas de produções foram considerados como pontos cruciais para o atendimento das

expectativas, e consequentemente para a manutenção dos clientes externos cativos,

Page 64: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

63

para a captação de novos clientes e, de modo mais amplo, para a sobrevivência do

negócio. Percebeu-se que para o caso específico da problemática da necessidade de

redução de tempos de setup, o estado inicial dificultou a inserção da empresa no

mercado e inviabiliza a sua competitividade em um médio prazo. O atendimento dos

prazos dos clientes externos foi o objetivo buscado no tocante ao valor agregado ao

cliente, bem como a redução de desperdício de tempo e de seu custo (com a

consequente sistematização das trocas de produções e padronização das atividades)

foram os objetivos buscados no âmbito do valor agregado ao negócio, motivos pelos

quais se justificou o projeto.

Visando observar a integração das áreas internas da empresa no compromisso

de atingir a redução dos tempos de setup, e consequentemente a redução do lead time,

foi realizada a avaliação de como as diferentes áreas se interagem e em qual proporção

contribuíram para o estado inicial do lead time, bem como foi realizada a avaliação de

quais etapas agregavam o valor esperado pelo cliente, observado pelo levantamento dos

CTQs e do modelo de Kano. Para esse fim, foi realizada a avaliação do fluxo de geração

de valor, chamada de VSM (Value Stream Mapping), para o estado inicial, e a figura 4.3

evidenciou o mapeamento para o estado inicial.

Page 65: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

64

Figura 4.3. Mapeamento do fluxo de valor (VSM) do estado inicial.

A agregação de valor se demonstrou limitada pelo fluxo inicial devido à grande

quantidade de estoques e inventários. Ás limitações observadas, acresce-se o fluxo

desordenado de informações, a troca excessiva das informações necessárias e a

realização de atividades exclusivamente sequenciadas uma após a outra, e não

concomitantes (uma ao mesmo tempo da outra).

Page 66: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

65

4.2 – Coleta e estratificação dos dados:

Estabelecidos os diagnósticos dos requisitos dos clientes e do mapa do fluxo de

valor, foi percebida a importância da redução de tempos de setup e seus impactos

diretos e indiretos no atendimento dos clientes. Inicialmente, para conhecimento do

desperdício de tempo nos setups, foi efetuado o levantamento do tempo e da ordem de

cada atividade. A impressora em estudo utilizou o trabalho de três operadores para a

realização das atividades de produção, sendo o primeiro operador responsável pela

etapa de desbobinamento (entrada das bobinas na impressora), o segundo operador

responsável pela etapa de rebobinamento (recolhimento do produto pronto) e o líder de

turno responsável por realizar as avaliações, propor correções e coordenar as atividades

da equipe. Para a estratificação das operações realizadas, a coleta dos tempos das

atividades dos três operadores, por cronoanálise, permitiu o levantamento do estado

inicial da sequência de operações praticada sem planejamento. Para a avaliação da

cronoanálise, foram utilizadas tabelas nas quais foi registrada a ordem das atividades e o

tempo necessário para a sua execução, usando abreviaturas das atividades e partes do

equipamento para melhor visualização. Juntamente com os tempos e a ordem das

atividades, foram realizados registros de movimentação dos operadores, visando a

totalização da distância percorrida por produção, outro indício de desperdício. As tabelas

4.1, 4.2 e 4.3 apresentaram parte dos resultados obtidos da cronoanálise e do registro

de movimentação. A unidade utilizada foi a escala horária, subdividida em horas,

minutos e segundos no formato horas:minutos:segundos (por exemplo, XX:YY:ZZ, sendo

Page 67: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

66

XX horas, YY minutos e ZZ segundos) ou horas:minutos,segundos (por exemplo,

XX:YY,ZZ, sendo XX horas, YY minutos e ZZ segundos).

Tabela 4.1 – Exemplo de arranjo das atividades de setup para o operador 1

(desbobinador) no estado inicial.

Tabela 4.2 – Exemplo de arranjo das atividades de setup para o líder de turno no estado

inicial.

Page 68: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

67

Tabela 4.3 – Exemplo de arranjo das atividades de setup para o operador 2

(rebobinador) no estado inicial.

Observou-se grande movimentação durante o setup, sendo o deslocamento da

ordem de 649m para o operador 1, 859m para o operador 2 e 905m para o líder de

impressão. Tal fato indicou a operação desordenada e a ausência de estabelecimento de

uma estação de trabalho efetiva para cada operador. Observou-se que o excedente de

movimentação, além de promover o dispêndio de tempo, promoveu o desgaste físico dos

operadores.

As médias de tempo observadas para a realização de cada atividade permitiram o

estabelecimento do tempo padrão para cada uma das atividades. Foi considerado um

setup padrão de produção, que permitiu a elaboração da tabela 4.4, a qual foi um

resumo do levantamento realizado nas planilhas de cronometragem das atividades,

evidenciadas em exemplo. Observa-se que muitas atividades, realizadas durante o setup

aconteceram ao mesmo tempo entre os três operadores considerados, resultando na

tabela 4.4, que resumiu os tempos-padrão e a distribuição das operações, indicando

Page 69: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

68

setup total de 03:20:50 (três horas, vinte minutos e cinquenta segundos), com tempo

produtivo de 00:10:00 (dez minutos), resultando no tempo total de 03:30:50 (três

horas, trinta minutos e cinquenta segundos) de setup conjunto com produção. Da divisão

do setup em interno e externo, observou-se que apenas o correspondente a 29% das

atividades foram realizadas com a máquina em funcionamento (setup externo) e 71%

das atividades foram executadas com a máquina parada (setup interno), principal fonte

de desperdício de tempo e ineficiência operacional.

Tabela 4.4 – Resumo obtido da cronoanálise, elucidando as atividades e sua

distribuição.

Page 70: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

69

Para observação ordenada dos resultados, visando a compreensão da

contribuição da ocorrência de cada atividade no setup, a estratificação dos dados foi feita

com o uso de histogramas de ocorrência, evidenciados pela figura 4.4, a qual descreveu

a distribuição de atividades e de suas frequências médias por setup.

Figura 4.4. Distribuição do número de ocorrências por atividade no setup.

A maior contribuição observada foi da atividade acionamento ou desacionamento

da contrapressão dos raspadores, com aproximadamente 40 ocorrencias, seguida pela

substituição da bobina ou rolo, com aproximadamente 20 ocorrências, além de outras

atividades que se situaram no patamar próximo às 20 ocorrências, de modo que houve

indicativos de realizações desnecessárias de atividades.

Page 71: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

70

A estratificação dos tempos para cada atividade, de igual importância, foi

representada através de histogramas temporais, observados pela figura 4.5.

Figura 4.5. Estratificação dos tempos padrão por atividade no setup.

Observou-se que a atividade mais significativa em contribuição foi a substituição

do primer, seguida de sua limpeza, com grande diferença das demais atividades,

indicando não haver grandes discrepância em seus tempos de execução.

Dispondo dos dados das atividades, pôde-se observar que a realização das

atividades não demandou tempo discrepante (excetuando-se a substituição e limpeza do

primer), sendo que o problema esteve mais atrelado à execução desnecessária de

Page 72: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

71

atividades, evidenciada pela demasiada quantidade de atividades, que foram executadas

enquanto o equipamento se encontrou parado (setup interno).

Para a compreensão da dimensão da problemática, realizou-se a avaliação da

capacidade do processo objetivado verificar se o estado atual do processo pode ser

controlado e atender o cliente. Sendo a capacidade alta, há garantias de que o processo

é capaz de ser controlado e suprir a demanda do cliente no devido tempo e de que o

processo não é um gargalo de desempenho da empresa. Sendo a capacidade baixa, há

indícios de que o processo não é capaz de atender a demanda do cliente no devido

tempo e se constitui como um gargalo de desempenho na empresa. Entretanto, a

avaliação da capacidade está condicionada à condição de normalidade estatística dos

dados, ou seja, se os dados se encontrarem em uma distribuição normal (ou binomial),

há a possibilidade do cálculo da capacidade do processo. No entanto, se o conjunto de

dados não se encontrar em condições de normalidade estatística, devido à grande

dispersão dos valores, não é possível calcular a capacidade do processo com confiança

estatística, o que indica que o processo é incapaz de ser controlado. Desse modo, fez-

se necessário avaliar se os dados obtidos se encontravam em condição de normalidade

estatística. Dos dados diários obtidos para o tempo médio de setup do mês de referência

janeiro de 2012 (melhor histórico em relação ao último semestre), com o uso do Minitab

® foi realizado o teste de normalidade dos dados, e a figura 4.6 mostrou os resultados

do teste de hipótese.

Page 73: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

72

250200150100500

99

95

90

80

70

60

50

40

30

20

10

5

1

Tempo

Percent

Mean 116,4

StDev 47,86

N 27

AD 0,525

P-Value 0,165

Teste de Normalidade para a variável TempoNormal

Figura 4.6. Teste de normalidade para os tempos médios de setup diário, para o mês de

Janeiro de 2012.

A medição da normalidade do processo esteve atrelada a um índice chamado de

p-valor (“valor de probabilidade” de Anderson-Darling), que avaliou se a hipótese

testada – normalidade dos dados – foi válida estatisticamente. Usualmente, para um p-

valor maior que 0,05, não há evidências estatísticas para descartar a hipótese, ou seja,

ela deve ser considerada. Se o p-valor for zero, há evidências estatísticas de que os

dados não foram normais (alta dispersão) e a hipótese deve ser descartada. Obteve-se

o p-valor de 0,165, de modo que a hipótese testada (normalidade dos dados) não pôde

ser descartada estatisticamente, havendo a possibilidade de que a distribuição foi

normal, fato importante para a avaliação do controle do processo.

Page 74: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

73

4.3 – Levantamento da dimensão da problemática:

Estabelecidos os motivos pelos quais a problemática se justifica, foi necessário

avaliar a profundidade da problemática no contexto da empresa, ou seja, a dimensão

das ameaças que o estado inicial impôs à competitividade da empresa. Foram realizados

tratamentos estatísticos nos dados para evidenciar a capacidade do processo em atender

os requisitos de competitividade da empresa, e para determinar o quanto o processo é

passível de variação através do nível sigma. As avaliações estatísticas de capacidade de

processo determinaram qual o nível de variação do processo em relação ao aceitável

pela diretoria da empresa, que estabeleceu que para a subsistência no mercado

moveleiro, o limite inferior de especificação de tempo foi nulo (ou seja, setup

instantâneo) e o limite superior de especificação de tempo foi de 01:30:00 (uma hora e

trinta minutos), sendo o praticado pelas empresas atuantes no mesmo ramo de

atividade. Os índices de capacidade de processo podem ser indicados de diversas

formas, sendo as mais usuais o uso dos índices Cp, que mede a amplitude de dispersão

dos dados, o índice Cpk, que mede o quanto os dados se deslocaram da média, e o

nível sigma, que mede a proporção de defeitos ou não atingimentos em relação ao valor

tido como aceitável. Para medições usando Cp e Cpk, que são índices complementares

entre si, quanto menor for o índice Cp, maior é a amplitude da dispersão dos dados (e

maior a tendência dos dados de estarem fora do especificado), e quanto menor o valor

de Cpk, mais deslocalizado estão os dados em relação à média aceitável do processo.

Valores de Cp menores que 1,0 indicam incapacidade de controle do processo e

Page 75: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

74

proporção de não atingimento de expectativas superior a 0,27%. Valores de Cp entre

1,0 e 1,33 indicam aceitabilidade de controle do processo e não atingimento das

expectativas inferior a 0,27%. Valores de Cp superiores a 1,33 indicam capacidade

plena do processo. No tocante à localização em relação à média do processo, valores de

Cpk inferiores a 0,5 indicam muita variação nos dados e difícil atingimento das

expectativas do cliente, o que ocorre em processos com nível sigma entre zero e dois.

Valores de Cpk entre 0,5 e 1,2 indicam variação moderada, e nível sigma entre três e

cinco. Já valores de Cpk acima de 1,2 indicam variação muito baixa, o que ocorre em

processos com nível sigma seis ou superior. Para a avaliação da capacidade inicial do

processo da variável tempo médio de setup, medido em segundos, foi elaborada uma

carta de controle de estado inicial com o uso do Minitab ®, mostrada pela figura 4.7, a

qual indicou situação de incapacidade de controle do processo devido à alta variabilidade

dos dados, evidenciada pelos baixos valores de Cp e Cpk, respectivamente 0,60 e

0,27.

Page 76: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

75

252219161310741

200

100

0Individual Value

_X=116,4

UCL=241,3

LCL=-8,50

150

252219161310741

160

80

0

Moving Range

__MR=47,0

UCL=153,4

LCL=0

252015105

200

100

0

Observation

Values

200150100500

LSL USL

LS L 0

U S L 150

S pecifications

3002001000

Within

O v era ll

S pecs

S tD ev 41,6326

C p 0,6

C pk 0,27

Within

S tD ev 47,8589

P p 0,52

P pk 0,23

C pm *

O v era ll

Capacidade do processo de impressão para a variável tempo de Setup

I Chart

Moving Range Char t

Last 25 Observations

Capability H istogram

Normal P rob P lotA D : 0,525, P : 0,165

Capability P lot

Figura 4.7. Carta de controle e avaliação da capacidade de processo do estado inicial

para os tempos médios de setup diário.

Realizou-se a avaliação do nível sigma do processo atual, o qual indicou um nível

entre 1,6 e 1,7 sigma, conforme a figura 4.8 e a consulta a tabelas de nível sigma, o

que foi esperado para o processo considerado, que está fora de controle. Através da

figura 4.10 também foi possível observar a deslocalização da curva aproximadamente

normal do processo. A curva encontrou-se deslocada para as proximidades do limite

superior de especificação, excedendo-o, e indicando grave tendência à ocorrência de

setups com tempo superior ao limite permissível máximo de viabilidade do processo.

Page 77: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

76

200150100500

LSL USL

LSL 0

Target *

USL 150

Sample Mean 116,37

Sample N 27

StDev (Within) 41,6326

StDev (O v erall) 47,8589

Process Data

Z.Bench 0,80

Z.LSL 2,80

Z.USL 0,81

C pk 0,27

Z.Bench 0,68

Z.LSL 2,43

Z.USL 0,70

Ppk 0,23

C pm *

O v erall C apability

Potential (Within) C apability

% < LSL 0,00

% > USL 18,52

% Total 18,52

O bserv ed Performance

% < LSL 0,26

% > USL 20,96

% Total 21,22

Exp. Within Performance

% < LSL 0,75

% > USL 24,11

% Total 24,86

Exp. O v erall Performance

Within

Overall

Nivel Sigma

Figura 4.8. Avaliação do nível sigma para os tempos médios de setup diário.

4.4 - Fronteiras e limites da aplicação:

Os principais problemas previstos consistem na necessidade de mudança na

cultura operacional através de treinamento tático e afixação de um diagrama de

atividades aos operadores, o qual passará a fazer parte da cultura lean desejada para a

empresa. Para a implantação da etapa de SMED do trabalho, prevê-se a necessidade

de disponibilização de tempo de máquina para implantação das adequações e para o

treinamento in loco das etapas de operação.

LSE-média 33,63 dividido pelo desvio padrão 0,702690618 Z-bench do gráfico C controle 0,788145 Rendimento 0,553822097 Rendimento percentual (%) 55,38220968 Comparação com tabela 1,6 a 1,7 sigma

Page 78: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

77

Para a implantação da fase de DCO, é prevista a necessidade de investimento da

ordem R$ 110000,00 para aquisição de impressora piloto (cerca de R$ 80000,00,

como recurso opcional) e de equipamentos sacáveis e carrinhos de limpeza para a troca

rápida (cerca de R$ 30000,00). Observa-se que os valores propostos são todos

estimados.

4.5 – Objetivos estabelecidos após o levantamento do estado inicial:

Os objetivos de redução de tempo de setup estipulados para o presente trabalho

foram estabelecidos após o levantamento do estado inicial, uma vez que a empresa

desconhecia a dimensão possível ou factível das reduções. Os principais ganhos

quantificáveis que foram previstos remeteram à redução do tempo de setup e acerto de

cor em aproximadamente 60%, ou cerca de 02:20:00 (duas horas e vinte minutos) de

economia de tempo para processo, considerando-se planejamento contínuo para

desenvolvimento combinado. Segundo estimativas realizadas, o tempo de

processamento diário é de 07:20:00 (sete horas e vinte minutos), 30% das 24:00:00

(vinte e quatro horas) de operação em três turnos da empresa. Estimou-se um ganho de

tempo diário mínimo de 06:40:00 (seis horas e quarenta minutos), o que elevaria o

tempo útil em produção para 14:00:00 (quatorze horas, aproximadamente 58% total de

ocupação de processo, praticamente o dobro do atual). Sob uma estimativa de gastos

da ordem de R$ 200,00 por hora operada, a redução mínima de custo esperada e do

lead time gasto em operação improdutiva é da ordem diária de R$ 1250,00 e 2 dias de

Page 79: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

78

redução de lead time respectivamente. Observa-se que os valores previstos foram todos

estimados com base em históricos de produção.

Page 80: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

79

5 – A Aplicação de SMED

5.1 – Estabelecimento da estrutura necessária para implantação do SMED:

Considerando que a problemática dos altos tempos de setup é o principal gargalo

interferente na ocupação da capacidade do processo interno mais fundamental da

empresa, a produção, consequentemente a área produtiva figura como o processo

interno que é o principal gargalo de desempenho da empresa. No entanto, a

problemática não se restringe à área produtiva, desmembrando-se em relações de

clientes internos por toda a empresa. No presente capítulo, foi proposta a realização do

projeto do estado futuro, resultante da aplicação de SMED, praticamente sem

investimentos necessários, restringido-o a etapas conceituais da metodologia que

apenas envolvem a modificação da ordem das atividades. Para o projeto do estado

futuro, foi considerado que o fluxo de agregação de valor aos produtos não ocorria de

forma adequada, de modo que a reestruturação do fluxo de valor foi necessariamente

considerada. Para tal, o mapeamento do fluxo de valor evidenciado pela figura 5.1, em

primeiro plano, perfez uma etapa tanto útil quanto necessária, pois além integrar os

processos internos da empresa, permitiu o suporte necessário à conversão de setup

interno em setup externo. Consolidou sistematicamente um fluxo direcionado das

informações, contrário ao fluxo de processamento dos materiais. Permitiu também

eliminar estoques, inventários, promover atividades concomitantes e conferindo à

produção a responsabilidade exclusiva de beneficiamento do produto, de maneira

Page 81: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

80

ordenada e repetitiva. O VSM elaborado contemplou a utilização de kanbans de

produção e transporte, apresentados detalhadamente no capítulo 6 (por se tratar de uma

proposta não implementada até a execução do presente trabalho).

Figura 5.1. Mapeamento do fluxo de valor (VSM) do estado futuro.

Page 82: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

81

Para viabilizar a manutenção futura após a aplicação do SMED e a perpetuação

de melhorias nos trabalhos referentes ao processo, foi implementada a estrutura do

sistema de kaizen, através do registro de sugestões para melhorias contínuas ao

processo, realizadas em quadro de kaizen (kaizen board) dentro da célula de produção,

e da avaliação estruturada (de impacto, da urgência e da simplicidade de implantação)

das idéias, em reuniões periódicas (semanais ou quinzenais).

5.2 – Aplicação da metodologia SMED:

Com a aplicação das três fases da metodologia SMED, que consistiu na

separação do setup interno do setup externo sem investimentos de projeto (com os

mesmos recursos atuais) apenas pela reorganização das atividades de setup, foi

atingido o estado de redução de tempo da ordem de 67,49%, conforme observado na

figura 5.2, equivalentes a 02:12:19 (duas horas, doze minutos e dezenove segundos)

de redução de tempo, resultando no setup total com produção de 01:18:32 (uma hora,

dezoito minutos e trinta e dois segundos), o que corresponderia a 01:08:32 (uma hora,

oito minutos e trinta e dois segundos) de setup puro e dez minutos de produção por lote

médio (proveniente de históricos de produção), conforme evidenciado pela tabela 5.1.

Page 83: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

82

Tabela 5.1 – Resultados da primeira fase de alteração da ordem das atividades.

Depois da aplicação do SMED

Tempo Setup Interno Tempo Setup Externo

00:56:55 00:11:37

27,00% 05,51%

% do tempo em relação ao estado inicial

Tempo Setup Total (Interno + Externo)

01:08:32

Tempo Setup total reduzido do estado inicial

02:12:19

Observa-se que a redução de setup interno e também externo foi considerável,

passando a contribuir no estado futuro com 32,51% do tempo que era considerado como

gasto no estado inicial e resultando na economia de 67,49% do tempo, conforme

evidenciado pela figura 5.2.

Figura 5.2. Dimensão da redução de setup na primeira fase do projeto.

Page 84: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

83

As tabelas 5.2, 5.3 e 5.4 exemplificam fragmentos do rearranjo da ordem das

atividades de setup e do processamento para uma ordem de produção padrão,

respectivamente para o operador 1 (desbobinador), para o líder de turno e para o

operador 2 (rebobinador), as atividades e sua distribuição ao longo do setup.

Tabela 5.2 – Exemplo de rearranjo das atividades de setup para o operador 1

(desbobinador) para o estado futuro.

Tabela 5.3 – Exemplo de rearranjo das atividades de setup para o líder de turno para o

estado futuro.

Page 85: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

84

Tabela 5.4 – Exemplo de rearranjo das atividades de setup para o operador 2

(rebobinador) para o estado futuro.

O rearranjo do fluxo de valor, juntamente com a redução do tempo de setup,

permitiu a redução do lead time estimado em aproximadamente 54%, com o aumento da

ocupação produtiva de cerca de 40%.

Outra importante redução de desperdícios ocorreu com a movimentação dos

operadores que, após o rearranjo inicial das atividades, apresentaram a movimentação

de 683m para o operador 1 (desbobinador), 504m para o líder de turno e 652m para o

operador 2 (rebobinador), o que correspondeu ao aumento de 4,98% para o operador 1

(desbobinador), mas à expressiva redução de 44,31% para o líder de turno e 24,10%

para o operador 2 (rebobinador).

Page 86: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

85

6 – Projeto de Melhoria Através de SMED e DCO

6.1 – Racionalização do SMED:

Inicialmente, as propostas de melhoria consideradas no presente capítulo

abordam a organização do fluxo de produção através da interação puxada entre as

diversas áreas internas da empresa, para que sejam eficientes as propostas de

modificação do equipamento, que serão feitas em seguida. Para amortecer o efeito das

preparações e temporizar suas atividades na cadeia produtiva, propõe-se a utilização de

um sistema de kanbans para a alimentação puxada dos materiais utilizados em

produção. Inicialmente, a área de revisão e embalagem recebe a programação de

produção, gerando a necessidade de material para revisão, e emitindo uma listagem de

kanbans de movimentação dos produtos que serão revisados para a área de corte e

refilo. A área de corte e refilo, por sua vez, envia um kanban de produção à área de

produção de laminados impressos, a qual armazena os kanbans em local definido. Os

kanbans de produção geram a necessidade de kanbans de movimentação de peças e

matérias primas, que são distribuídos à área de preparação intermediária de setups.

Para ordenar a distribuição dos materiais, junto às colunas de impressão e junto ao

desbobinador e rebobinador são adicionados tapetes demarcados, que serão os espaços

para a colocação de peças ou matérias-primas a serem utilizadas naquele local. Uma

vez abastecidas as peças, quando essas são instaladas na impressora ou quando as

matérias-primas são consumidas pelo processo produtivo, uma placa de kanban de

Page 87: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

86

movimentação é afixada em uma área de pedidos no local de preparação intermediária

de setups (na área anteriormente chamada de buffer de produção). O colaborador

responsável pela preparação de pallets destinados ao setup retira a peça ou a matéria-

prima do estoque apropriado e afixa uma placa de kanban de produção junto à área de

compras, a qual acumula os pedidos até que se atinja o ponto de pedido, e realiza o

pedido junto aos fornecedores. Desse modo, o suprimento das etapas finais e

intermediária puxam os pedidos, e a dinâmica segue um fluxo automático, sem

necessidade de inventários intermediários, cuja realização é semanal no estado inicial,

reduzindo por consequência o desperdício de tempo. Desse modo, antes de cada

produção, os pallets de material já estão entregues nos locais de uso para o setup e

para o início da produção, sem espera ou necessidade de deslocamento e geração de

setup interno para a montagem dos pallets, como no estado inicial. A entrega ao local de

uso das peças e matérias-primas economiza o tempo de movimentação estimado de

seis a oito minutos, que no estado inicial é gasto em setup interno, reduzindo o tempo

dos setups para o intervalo entre 01:02:32 (uma hora, dois minutos e trinta e dois

segundos) a 01:00:32 (uma hora e trinta e dois segundos).

Propõe-se também a utilização de fixadores funcionais para afixação dos cilindros

de impressão e textura, e sugere-se como mais adequado o pino com grampos

funcionais de molas, conforme indicado pela figura 6.1.

Page 88: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

87

Figura 6.1. Croqui do pino com grampo funcional de molas.

Como última etapa da metodologia SMED, com a instalação dos fixadores

funcionais apresentados, estima-se que a redução de tempo do aperto de parafusos

para todas as colunas de impressão e textura do equipamento seja da ordem de dois a

cinco minutos. Com a instalação dos fixadores funcionais, estima-se que o setup externo

de afixação e troca dos cilindros se reduza, proporcionando uma possível redução do

tempo de setup no intervalo de 01:00:32 (uma hora e trinta e dois segundos) a

00:55:32 (cinquenta e cinco minutos e trinta e dois segundos).

Page 89: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

88

6.2 – Projeto de DCO:

No capítulo 5, referente à aplicação de SMED, durante a reestruturação das

atividades do setup, foi considerado tempo suficiente para o desenvolvimento conjunto

com produção, prática muito frequente, mas que figura como uma situação bastante

desfavorável à subsistência e à competitividade da empresa no mercado. Com o

aumento da ocupação do processo, a redução diária do tempo desperdiçado foi de

aproximadamente 12,5 horas, o que equivale ao número mínimo de 16 produções diárias

contra as atuais sete produções diárias máximas. Estima-se que a redução diária de

custo direto da improdutividade foi da ordem de R$ 2500,00, equivalente ao dobro do

objetivo inicial do projeto. No horizonte de um mês e meio, com a primeira etapa do

projeto, seria possível reduzir o custo do desperdício em aproximadamente R$

82000,00, possibilitando realizar a aquisição de uma impressora específica para

desenvolvimentos, cujo investimento necessário estimado é de R$ 80000,00. A

aquisição de uma impressora para desenvolvimentos que utilize o mesmo ferramental de

cilindros e as mesmas ou proporcionais condições operacionais, proporciona, além da

separação da finalidade da operação do equipamento de produção, a redução do tempo

de ajustes e correções, sobretudo de tintas, o que reduz o setup consideravelmente.

Com a separação dos desenvolvimentos, a linha de produção pode assumir o objetivo de

reproduzir as condições já definidas pelo lote piloto de desenvolvimento e aprovadas

pelo cliente final, assumindo como foco a dinamização das atividades, não mais

empregando esforços nas condições necessárias para a fidelização do produto.

Page 90: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

89

Na etapa do emprego de DCO (design for changeover), a qual envolve o projeto

de equipamentos para a troca rápida, foi proposta a aquisição de um equipamento para

lotes piloto de produtos de desenvolvimento, que até o estado inicial eram produzidos

em equipamento de produção, com capacidade para larga escala, a qual sofre

ociosidade de ocupação pela demora de desenvolvimentos. Apenas pela aquisição da

impressora de desenvolvimentos, seria possível a redução de 16 a 20 minutos de setup,

o que reduziria o tempo para o intervalo entre 00:44:32 (quarenta e quatro minutos e

trinta e dois segundos) e 00:35:32 (trinta e cinco minutos e trinta e dois segundos).

Uma vez adquirida a impressora de desenvolvimentos, a maior parte do trabalho de

acerto de cor e preparação de tintas poderá ocorrer durante o desenvolvimento, gerando

ociosidade para as atividades de um colaborador atuante na área de preparação de

tintas, cujo tempo se disponibiliza para a execução de outras atividades.

Propõe-se a aquisição de carrinhos para a limpeza de cilindros e calhas, os quais

seriam usados para a simples troca de ferramental da máquina, sem a execução da

limpeza ainda em máquina, atividade que consome tempo de setup interno. Os carrinhos

de limpeza são dotados de suportes para as calhas e cilindros, de aspersores e de uma

bomba, que quando conectada à energia elétrica na área específica de limpeza de

peças, promove a recirculação do solvente acetato, aspergindo-o pelas peças a serem

limpas. O solvente recircula por um recipiente interno ao carrinho e ao final da limpeza é

esgotado para um container, onde é devidamente armazenado e posteriormente segue

para recuperação do acetato em empresa terceirizada. A operação necessita da

Page 91: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

90

dedicação parcial de um colaborador, que se propõe que realize atividades dedicadas ao

setup externo (como a limpeza de peças, a montagem de pallets de kanbans de

produção) e ao auxílio do processo de preparação de tintas e acerto de cor fora de

máquina, ao invés de realizar atividades exclusivas de acerto de cor e preparação de

tintas. Com a realização das limpezas fora da máquina, estima-se que a redução do

setup interno e consequentemente do setup total seja da ordem de 15 a 17 minutos, o

que reduziria o tempo de setup total para o intervalo entre 00:26:32 (vinte e seis

minutos e trinta e dois minutos) a 00:18:32 (dezoito minutos e trinta e dois segundos).

No tocante às calhas de armazenamento e recirculação, para o estado inicial, a

configuração das mesmas segue o exposto pela figura 6.2. Foi proposta a modificação

da recirculação da tinta pela própria calha, segundo o diagrama apresentado pela figura

6.3, que prevê o armazenamento da tinta na própria calha, e não em baldes,

dinamizando o tempo de homogeneização e recirculação do coating e reduzindo o

volume mínimo nas tubulações para recirculação no sistema, o que reduz as sobras do

sistema e minimiza o estoque de tintas de reuso, reaproveitadas de uma produção para

outra. Propõe-se também a instalação de guias para acoplamento e desacoplamento

facilitado das calhas, o que reduz o tempo necessário para troca do conjunto inteiro.

Page 92: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

91

-Vista superior -Vista lateral

Filtro Válvula

Anilhas circulares de passagem

Bocais de saída (engate rápido)

Haste de retirada do Filtro

Filtro

Bocais de saída (engate rápido)

Haste de retirada do Filtro

Figura 6.2. Configuração original no estado inicial do fluxo da tinta pelas calhas

dos cabeçotes de impressão e envernizamento da impressora de produção (Fonte:

MANUALE [...], 2003).

Figura 6.3. Croqui das calhas de armazenamento de tintas e vernizes no estado

futuro.

O estoque de tintas de reuso foi implantado com a finalidade de reduzir o tempo

de preparação das tintas para a próxima produção do mesmo produto, bem como de

Page 93: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

92

minimizar as perdas de processo, reaproveitando o residual de tinta que era perdida. No

entanto, como todo estoque, o investimento realizado em material estocado é alto, e a

minimização do estoque de tintas de reuso tem o efeito consequente da minimização do

custo marginal do estoque, o qual é de difícil mensuração direta, uma vez que o

consumo de cada padrão é sazonal.

Considerando o tempo gasto com a máquina parada (setup interno) na troca de

cilindros, foi proposta a instalação de um suporte rotativo para mais um eixo no qual os

cilindros sejam instalados em uma posição de espera, dispondo de um motor adicional

para a rotação do cilindro adicional e um motor para a rotação do conjunto em 180

graus. Dessa maneira enquanto um cilindro estiver em uso durante a produção, o cilindro

da produção anterior pode ser descarregado e o cilindro que será utilizado na próxima

produção pode ser carregado no equipamento. Uma vez realizada a troca dos cilindros

na posição de espera com a máquina em funcionamento, nenhum tempo adicional de

máquina parada é gasto na realização da troca. Ao final da produção, somente seria

realizada a retirada do excesso de tinta do cilindro usado, o afastamento do cilindro

aplicador (de borracha) e o simples acionamento de uma chave (interruptor) promoveria

a rotação do conjunto de cilindros, posicionando o cilindro a ser usado na próxima

produção em posição de produção e o cilindro da produção que acabou de ser concluída

na posição de espera, bastando apenas realizar a aproximação do cilindro aplicador.

Estima-se que o investimento necessário seja da ordem de R$ 200000,00, o que

promoveria a redução dos tempos de setup em aproximadamente 12 minutos e 12

Page 94: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

93

segundos, reduzindo o setup total para o intervalo de tempo entre 00:17:20 (dezessete

minutos e vinte segundos) a 00:06:20 (seis minutos e vinte segundos), de modo que o

setup possa se enquadrar no intervalo da metodologia SMED, ou seja, de dígito único

(abaixo de dez minutos). Deve-se notar que o investimento necessário é bastante alto,

de modo que a etapa proposta pode ser considerada ou como opcional, ou como etapa

para implantação de longo prazo.

Abarcando todas as etapas de redução de tempos de setup, a redução máxima

proporcionada considera a redução de tempo de 03:14:30 (três horas, quatorze minutos

e trinta segundos), equivalente a 96,85%. Considerando a redução mínima esperada,

de modo a contemplar todas as etapas de projeto de DCO e da aplicação de SMED, a

redução de tempo proporcionada equivale a 03:03:30 (três horas, três minutos e trinta

segundos), o que corresponde a 91,37% do tempo gasto atualmente. A figura 6.4

evidencia a dimensão das reduções estimadas de tempo propostas pelo projeto. Com a

considerável redução de tempo obtida através da execução de todas as etapas do

projeto de SMED e DCO, possivelmente faz-se necessário a disponibilização de mais

um ou dois operadores para realizar as atividades de preparação para o setup, durante o

tempo produtivo do equipamento, causando um incremento de custo de

aproximadamente R$ 11,00 por hora trabalhada.

Com a aplicação de SMED conjuntamente com DCO, estimativas conservadoras

indicam a possibilidade de realização diária da quantia entre 30 e 60 setups

acompanhados de produção, o que proporciona uma diferença considerável de

Page 95: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

94

disponibilidade do equipamento, que atualmente realiza uma média diária de sete setups

com produção. Tal disponibilidade seria responsável pela ocupação de, pelo menos, 18

horas diárias atualmente desperdiçadas com atividades que não agregam valor ao

produto, ao cliente ou ao negócio. Estima-se que a ocupação da capacidade do

processo, com a conclusão da segunda fase do projeto, possa chegar a valores entre

70% e 80% de ocupação.

No tocante à redução do custo operacional, considerando o custo horário médio

de R$200,00, estima-se que a redução mínima de desperdício com custos referentes

ao setup seria da ordem diária de R$ 3600,00, que somariam o montante mensal de

R$ 79200,00 de economia de custo com valor não agregado.

Figura 6.4. Dimensão da redução de setup após a segunda fase do projeto.

Page 96: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

95

A empresa em estudo aplicou as metodologias propostas à medida da

disponibilidade de investimento, do alinhamento dos investimentos necessários com seus

objetivos estratégicos e da disponibilidade do equipamento para a execução das

propostas, sendo que muitas delas não foram aplicadas em virtude da indisponibilidade

de investimentos no momento da execução do presente trabalho.

Page 97: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

96

7 – Conclusões

A partir da avaliação do estado inicial, foi possível realizar o projeto futuro, que

atingiu como consequência não apenas os objetivos diretos como a redução de setups

de produção, mas proporcionou melhorias indiretas como o aumento da ocupação

produtiva, a integração de um sistema puxado de produção, a redução de lead time, a

padronização das atividades, a redução de esforços e desgaste físico operacional, o

aumento do sentimento da realização das equipes e consequente motivação.

Considerando a redução de custos frente aos investimentos necessários para o projeto

de SMED e de DCO, infere-se ser atrativa a implantação completa do projeto, uma vez

que a redução dos custos, em médio prazo, apresenta tendência a amortizar os

investimentos necessários.

Com a aplicação da metodologia SMED houve a maior redução do desperdício de

tempo (cerca de 65%). Pôde-se observar que o principal dispêndio de tempo estava

atrelado ao trabalho desordenado, o que pôde ser corrigido sem necessidade de

investimentos, através do treinamento operacional, havendo indícios de que esse foi o

principal problema do processo (em concordância com a literatura referente ao tema).

Pôde-se também observar que ainda na aplicação do SMED, foi atingido o retorno

esperado em redução de tempo, da ordem de 02:12:19 (duas horas, doze minutos e

dezenove segundos), e em aumento da ocupação produtiva, para cerca de 40%,

atingindo os objetivos iniciais do trabalho logo na primeira etapa.

Page 98: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

97

Resultante das propostas de SMED e DCO pôde-se observar o atingimento de

setups com tempos de um dígito, ou seja, inferiores a dez minutos, os quais acarretaram

na redução de cerca de três horas de tempo improdutivo por setup, atingindo a finalidade

das metodologias. No tocante à ocupação da capacidade do processo, gargalo para a

área produtiva e consequentemente para toda a empresa, projetou-se o atingimento de

patamares entre 70% e 80%, favorecendo consideravelmente a competitividade da

empresa considerada.

Dos resultados obtidos, pode-se concluir que o presente trabalho obteve

atingimento satisfatório, visto que a aplicação das metodologias SMED e DCO

apresentaram resultados superiores aos esperados inicialmente, contribuindo não apenas

para a competitividade da indústria em questão, mas também para o fortalecimento da

cultura lean (com a redução dos desperdícios), da redução da variabilidade do processo

(objetivo da cultura Seis Sigma) e da importância das metodologias de Shigeo Shingo

para a Engenharia Industrial ou Produtiva.

Page 99: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

98

1De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6023.

Referências1

ABIGRAF, Associação Brasileira das Indústrias Gráficas, disponível em: <http:

//www.abigraf.org.br>. Acesso em: 14 set. 2012.

CONCEIÇÃO, S. V. et al. Desenvolvimento e Implementação de um Método de

Redução de Tempo de Preparação de Máquina em Ambientes de Manufatura

Contratada, Fortaleza: XXVI ENEGEP – Encontro Nacional de Engenharia de Produção,

2006.

COSTA, P.; ALVES, A.; SOUZA, R. Implementação da Metodologia Quick Changeover

Numa Linha de Montagem Final de Auto-rádios: Para Além da Técnica SMED,

Maputo, Moçambique: 5º Congresso Luso-Moçambicano de Engenharia, 2008.

FAGUNDES, P. R. M. Sistemática para Redução de Tempo de Setup na Indústria

Moveleira, Porto Alegre, 2002. Dissertação de Mestrado Profissionalizante de

Engenharia de Produção – Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

FAZENDA, J. M. R. (Coord.) Tintas e Vernizes: Ciência e Tecnologia, Editora Edgard

Blücher, 3ª ed, São Paulo, 2005.

FERNANDES, M. M.; TURRIONI, J. B. Seleção de Projetos Seis Sigma: Aplicação em

uma Indústria do Setor Automobilístico, Revista Produção, V.17, n.3, p.579-591, São

Paulo, 2007.

Page 100: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

99

FOGLIATTO, F. S.; FAGUNDES, P. R. M. Troca Rápida de Ferramentas: Proposta

Metodológica e Estudo de Caso, Revista Gestão e Produção, V.10, n.2, p.163-181,

2003.

FOGLIATTO, F. S.; STEINSTRASSER, I. Método para Otimização do Polimento de

Cobre de uma Matriz de Rotogravura, Belo Horizonte: XXXI ENEGEP – Encontro

Nacional de Engenharia de Produção, 2011.

MAIA, R. D. A. et al. O Value Stream Mapping e sua Relação com os Princípios da

Abordagem Enxuta: Proposição de uma Sistemática Expandida para a Gestão do

Lead Time, São Carlos: XXVI ENEGEP – Encontro Nacional de Engenharia de

Produção, 2010.

MANUALE uso e manutenzione Smartprint (Sorbini – Cefla), Pesaro, Itália, [sn],

2003.

MARTINS, G. (Coord.) Tecnologia Moderna de Impressão por Rotogravura, Instituto

Avançado do Plástico, material de treinamento, São Paulo, 2001.

MARTINS, R. A.; MERGULHÃO, R. C.; LEAL, J. B. S. O papel dinâmico da medição

de desempenho nos projetos Seis Sigma: Um estudo de caso, Fortaleza: XXVI

ENEGEP – Encontro Nacional de Engenharia de Produção, 2006.

MOREIRA, M. P.; FERNANDES, F. C. F. Avaliação do Mapeamento do Fluxo de Valor

como Ferramenta da Produção Enxuta por Meio de um Estudo de Caso, Salvador:

XXVI ENEGEP – Encontro Nacional de Engenharia de Produção, 2001.

Page 101: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

100

NIIR Board of Researchers. The Complete Book on Printing Technology, Asia Pacific

Business Press Inc., Nova Delhi, India, 2003.

NUNES, L. R. et al. Tecnologia do PVC, Proeditores Associados Ltda./Braskem, São

Paulo, 2006.

OLIVEIRA, C. L. P. A. Análise e Controle da Produção em Empresa Têxtil, Através da

Cronoanálise, Formiga, 2009. Monografia de conclusão de curso de Bacharelado em

Engenharia de Produção – Centro Universitário de Formiga (UNIFOR-MG).

PEREIRA, M. A. Estudo de Caso da Metodologia SMED: Questões Operacionais para

Implantação em Tornos CNC, Rio de Janeiro: XXVIII ENEGEP – Encontro Nacional de

Engenharia de Produção, 2008.

RAMOS, A. W. CEP para Processos Contínuos e em Batelada, Editora Edgard

Blücher, São Paulo, 2000.

REIS, M. E. P.; ALVES, J. M. Um Método para Cálculo do Benefício Econômico e

Definição da Estratégia em Trabalhos de Redução de Tempo de Setup, Revista

Gestão e Produção, V.17, n.3, p.579-588, São Carlos, 2010.

ROOS, C.; SARTORI S.; GODOY, L. P. Modelo de Kano para a Identificação de

Atributos Capazes de Superar as Expectativas do Cliente, Revista Produção On Line,

V.09, n.3, p.536-550, Santa Catarina, 2009.

Page 102: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

101

SANTOS, A. B.; ANTONELLI, S. C. Aplicação da Abordagem Estatística no contexto

da Gestão da Qualidade: um Survey com Indústrias de Alimentos de São Paulo,

Revista Gestão e Produção, V.18, n.3, p.509-524, São Carlos, 2011.

SCARPETA, E. A. Como Diminuir o Setup na Impressão: Offset, Rotogravura e

Flexografia, Editora Scortecci, São Paulo, 2005.

SHINGO, S. O Sistema Toyota de Produção do ponto de vista da Engenharia de

Produção, Editora Bookman, Porto Alegre, 1996.

SHINGO, S. Sistema de Troca Rápida de Ferramenta: uma revolução nos sistemas

produtivos, Editora Bookman, Porto Alegre, 2001.

SILVA, G. G. M. P. et al. Manufatura Enxuta, Gemba Kaizen e TRF: Um Aplicação

Prática no Setor Têxtil, Rio de Janeiro: XXVIII ENEGEP – Encontro Nacional de

Engenharia de Produção, 2008.

SILVA, A. L.; GANGA, G. M. D. ; SILVA, V. C. O. S. A Integração da Produção Enxuta

e as Ferramentas de Análise e Melhoria de Desempenho: TQM, BSC, Bauru: X

Simpósio de Engenharia de Produção, 2003.

SOLYON, G. J. P. Minimização e Reaproveitamento de Resíduos de uma Indústria de

Tintas e Impressão de Papéis Decorativos, Curitiba, 2009. Dissertação de Mestrado

em Engenharia Ambiental – Universidade Federal do Paraná.

Page 103: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12012.pdf · sabedoria e exemplo de vida, com o qual tive o prazer de compartilhar

102

SUGAI, M.; McINTOSH R. I.; NOVASKI O. Metodologia de Shigeo Shingo (SMED):

Análise Crítica e Estudo de Caso, Revista Gestão e Produção, V.14, n.2, p.323-335,

São Carlos, 2007.

TRIPP, D. Pesquisa-ação: uma introdução metodológica, Revista Educação e

Pesquisa, V.31, n.3, p. 443-466, São Paulo, 2005.